What Goes Around

“O mal da grandeza, é quando ela separa a consciência do poder.”
(William Shakespeare)



- Cale a boca, -eu-sou-o-cara-mais-gostoso-do-mundo. Você sabe que eu sou capaz!
- Há-há. Quer saber a verdade? Eu duvido mesmo. - dei o melhor sorriso possível e freei o carro.
- Jura que vai duvidar de mim, querido ? – mordi o lábio, do jeito que ele se molhava todo. E eu sabia bem como era. – Sério mesmo? – fiz o lance com o lábio mais uma vez. Ele ficou com uma expressão tensa, oh, Deus, alguém aqui querendo minha mão... Pena que vou usá-la para mostrá-lo do que sou capaz.
- Por que você fica fazendo essa porra com a língua? – apontou pro lábio dele, nervoso. – Você sabe como eu fico...
- Isso? – mordi o lábio novamente, dessa vez tentando fazer o mais sexy possível. – É, ? Isso mesmo? – fiz de novo. – Não é com a língua, é com o dente e o lábio, bobinho - Ah, ele não estava bem... Ou talvez perto de ficar bem demais.
- Um dia você ainda vai me matar. – ele tirou seu cinto com facilidade e avançou em cima de mim, beijando e mordendo meus ombros nus, sentando em cima de mim, com uma perna de cada lado. Eu já podia sentir o volume em sua calça, a tática da mordida de lábios era infalível. – Tenho certeza que você pode me mostrar sua capacidade depois... Agora eu quero outra coisa. – ele praticamente rasgou a própria calça, abrindo os botões, nada calmamente.
Estávamos no meio da estrada e a qualquer momento alguém poderia nos pegar, fazendo uma coisa não muito lícita. Eu mordi o lábio mais uma vez e invadi sua boxer com minhas mãos. Eu o conhecia bem demais para saber os tipos de movimentos que ele gostava e a velocidade certa. Sempre que fazíamos isso era silencioso. Até porque os sons eram abafados por nossas bocas, porque enquanto eu fazia o trabalho dentro na cueca dele, ele beijava minha boca com agressividade.
- Vocês podem sair do carro? – ouvimos uma voz grossa e decidida. Ops, fudeu. Ele ainda não tinha nos visto, pois aquele carro era especial. Além de ser todo blindado, tinha um fumê muito escuro. O problema era o que tinha no porta-malas.
- Porra! – murmurou, com os lábios contra minha pele. Droga, tínhamos que dar um jeito... Percebi que o pior não era nem o que tinha no porta-malas, mas o estado que se encontrava. – Não acredito nisso. – a raiva dele era tanta que era capaz de sair do carro e atirar na cabeça daquele guarda filho da puta. Impediu um orgasmo.
- Está tudo bem, . – beijei seu pescoço e tirei meu cinto, indo para o banco de motorista. – Eu cuido disso. – pisquei e liguei o carro. Ouvimos mais um “Saiam do carro, é a polícia” e eu acelerei com tudo, usando a mão esquerda para dirigir e a mão direita ainda dentro da boxer dele.
A estrada estava boa, sem muitos carros e buracos. Isso foi ruim por um lado, pois não demorou muito para escutarmos a sirene do carro de polícia bem atrás de nós. Ele estava adorando o que eu estava fazendo, porque eu fazia bem. O carro da polícia estava chegando perto, hora de botar pra fuder. Liguei o botão de velocidade máxima e pisei fundo no acelerador. Se antes eu estava na velocidade normal, para mamãe que vai buscar o filho na escola, agora estava digna de Velozes e Furiosos. Liguei o piloto automático, para continuar na mesma velocidade e furei o banco com minha faca pessoal, para pegar nossos brinquedinhos. Abri a janela de e fui para o banco dele, ficando de joelhos em seu colo. Continuei com a mão direita dentro da boxer dele e com a esquerda comecei a atirar no carro que nos seguia. Logo os policiais começaram a reagir, mas não a tempo, pois mirei nos dois pneus da frente, o que fez o carro capotar, pela velocidade que estava. Assoprei a ponta do cano do revólver, para poder guardar-lo dentro do banco e voltei para o banco de motorista, tirando o piloto automático, mas continuando na mesma velocidade, pois pretendíamos chegar logo a Las Vegas. E o mais importante, molhou minha mão. Quem duvida que não seja capaz de mais alguma coisa?
Adentramos Vegas com a mesma velocidade, mas paramos em um desmanche de carros do amigo de . Era um galpão enorme, vários homens andavam de um lado para o outro, uns resolvendo detalhes, outros com peças de carros usados, talvez roubados. Por precaução, prendi minha arma no cinto, antes de sair do carro.
- . – um homem bonito trocou um breve abraço com . Devia ser o dono do desmanche. Usava calças jeans surradas, uma blusa Tommy Hilfiger e sapatos da Nike. Muito bonito e parecia ter dinheiro. – Hm, vejo que trouxe a namorada... – sorri para ele, quase esquecendo de consertá-lo.
- Ela não é minha namorada. É uma... – olhei para , esperando ele continuar. Não me martirize por ter tido curiosidade. – Amiga... – ele continuou, trocando um sorriso comigo. Tecnicamente falando, éramos parceiros. – , esse é , , essa é... – interrompi-o.
- , prazer. – estendi a mão e ele a beijou, sibilando apenas um “encantado”. Deu para ver como ficou nervoso. Ele estava com ciúmes?
- Vamos ao ponto. – a expressão de ficou séria e inabalável. Ah, eu conhecia aquelas feições. Dizia “chega de distrações”. Olhou profundamente para , como se falasse tudo com um olhar. – Precisamos de uma placa nova, creio que você poderá arrumar rápido, não é? – levantou uma sobrancelha, o que fazia quando estava no poder.
- Claro... – o amigo engoliu em seco e sorriu nervoso. – O mais rápido possível. – sorriu para mim e saiu, para falar ao telefone. Depois de algum tempo de espera, ele voltou com uma placa. – Essa placa não tem multas e os números são parecidos com a sua anterior. – entregou-a na mão de , que logo arrancou a placa velha com as mãos e colocou a nova, usando os mesmos pregos. O filho da mãe tinha uma força fenomenal e experiência. Prática diz tudo. – , esse é meu telefone. Estou disponível a qualquer hora pra você – entregou-me um cartão, com o nome “ ” escrito e um número de telefone. – Posso esperar a ligação? – a voz era extremamente sexy e rouca.
- Vamos. – abraçou e lançou-me o olhar de “está na hora”, entrando no carro em seguida, mas desta vez no banco de motorista.
- Tenho que ir. – beijei a bochecha de , como uma pessoa normal faria e sussurrei em seu ouvido “Eu vou ligar”. Na mesma hora, ativou o conversível do carro e me lançou o olhar mais uma vez.
- O que eu faço com essa placa? – ele perguntou, olhando para a placa antiga jogada no chão. Eu entrei no carro por cima, sem abrir a porta, já que o conversível estava ativado.
- Vende, queima, guarda, manda pra puta que pariu. Faz o que quiser. – disse e colocou seu óculos de sol.
- Como quiser. – olhou-me sorrindo, antes de acelerar o carro. O silêncio dominou o carro por completo durante o caminho para o hotel.
- Ele não é tão bom quanto parece – levei algum tempo para perceber que estava falando de . – Digo, tem uma ficha criminal da pesada... – Olhou-me de soslaio, esperando minha reação. – Você vai sair com ele hoje?
- O que você acha? – peguei meu batom no porta malas do carro e comecei a passar em meus lábios. – Que vou ficar dormindo enquanto você sai com suas raparigas e gasta energia toda a noite? – falei com uma voz afetada. – Ainda preciso responder? – sorri, poderosamente.
- Vai pro inferno. – murmurou e parou o carro na porta do hotel, saindo e dando a chave para o manobrista, na rapidez e agilidade de sempre. Saltei do carro e o acompanhei. Ele parou na recepção do hotel de luxo e eu abracei-o por trás. “É só sexo, , não tem nada a ver com a ficha do cara”, sussurrei. – Espero que o faça gritar seu nome de prazer. O mesmo que eu farei com minhas raparigas.
- Você ainda duvida que eu vou fazer isso? – mordi o lábio daquele jeito. – Acontece com todos os homens que eu durmo, querido. Ele não vai ser uma exceção. – beijei seu pescoço e pressionei com minha língua. – Não se esqueça do que tem na mala do carro. – dei um último beijo e puxei a chave da mão do recepcionista, indo em direção ao quarto 1069.
Entrei no quarto e fui diretamente pegar a champagne de cortesia do hotel, dentro do frigobar. Abri e dei um gole rápido. Tirei minha roupa e entrei no banheiro, ligando a água da banheira. Liguei o som e tomei mais um gole da champagne. Quando a banheira já estava cheia, despejei o líquido que faria espumas e entrei, cantarolando alguma música e tomando bons goles.
- Que porra você tá fazendo? – entrou no banheiro, como um foguete.
- Preciso responder? – ele ficava puto quando eu falava isso. E eu sempre falava.
- Nós temos um refém no quarto e você deixa a porra da sua arma jogada no chão – suspirei e me levantei, deixando a água escorrer por meu corpo e um babando.
- Pode me dar a toalha? – pedi com uma voz fraca, porém sedutora. Ele saiu do transe e rolou os olhos, pegando a toalha pendurada perto da pia e caminhando em minha direção. Ele a abriu e me enrolou.
- Você é tão sexy. – mordeu meu lábio inferior e lambeu minha boca.
- Eu sei disso... – deixei que sua língua entrasse em contato com a minha. – Estou com fome, . – avisei, por fim.
- Posso matá-la? – sorriu malicioso e imitou uma arma com a mão.
- Quero comida de verdade. Não você – segredei em seu ouvido. – Mas antes, ainda tenho que mostrar que sou capaz, não é?
- Estou esperando no quarto. Ansiosamente. - falou e colocou minha bolsa em cima do balcão da pia. E eu nem sabia que ele tinha se lembrado de trazer. Peguei minha lingerie preta de renda e uma blusa de botões listrada. Vesti a lingerie e a blusa, mas sem abotoar. Penteei meu cabelo e saí do banheiro. , nosso refém, estava na cadeira, preso com algemas e uma fita na boca.
- Uau, você é mais bonito do que eu pensava, ponto para mim! – dei pulinhos de alegria e olhei para , que sentou na cama, apoiado nos próprios braços, só esperando o show começar. Parei na frente do refém e tirei a fita de sua boca. – Fale algo. – pedi.
- O que vocês querem de mim? – sua respiração estava descompassada, sua voz saiu como se choramingasse.
- Desculpe-me, não posso dizer o que queremos de você, mas posso dizer o que quero.
- Diga. – falou entre dentes.
- Antes... – levantei o dedo indicador, como se fosse impor uma condição. – Você tem que dizer se eu sou bonita e que me deseja. – sentei em seu colo, esperando. Ele começou a chorar, a soluçar, na verdade.
- Você está brincando? – bufei. – Diga – imitei ele com o mesmo tom de voz e entre dentes.
- Não. – quase gritou. Uma atitude impressionante pra quem estava quase se mijando nas calças. – Não. – repetiu.
- Filhinho da puta. – saí de seu colo e peguei minha arma em cima bancada. – Se você não achar isso, tudo bem, mas se você me acha e tá calado, eu vou estourar a porra da sua cabeça só com um tiro, tá me entendendo? – gritei.
- Sim-m-m – gaguejou, com os lábios trêmulos. Sentei na cama, olhando-o com a expressão de “estou esperando”. – Você é muito bonita.
- Óh, finalmente... – fingi um bocejo – Você me deseja, ?
- Qual o homem que não lhe deseja? – conseguiu dar um sorriso.
- Resposta inteligente, meu caro. – sentei em seu colo novamente. – Agora, você vai ver o paraíso, graças a seu bom gosto. – Me abaixei lentamente e abri os botões de sua calça. Ele arregalou os olhos, com as possíveis possibilidades. – Não tenha medo... – usei a voz mais vulnerável possível. – Eu não vou arrancar seu amiguinho, . – fiz um biquinho ao falar o nome dele. Ele estava apavorado. – Você vai gostar disso. – falei e tirei a boxer dele. – Cinco, quatro, três, dois... – aproximei meu rosto do membro dele. – Um. – Abocanhei-o, suavemente, e comecei fazendo movimentos lentos, porém fortes. Não demorou muito para ele começar soltar gemidos indômitos. Continuei por dez minutos, com a mesma velocidade e intensidade. Ele não sabia se chorava, por estar sendo ‘sequestrado’ ou se gemia. Mesmo sem querer, seu inconsciente o obrigava a fazer.
- Por favor, você pode ir mais rápido? – quase suplicou.
- Por que você não pede pra uma daquelas putinhas fazer isso? – perguntei, surpreendendo-o. Percebi que ele ficou tenso. – Você não se lembra? – tirei o membro dele da minha boca e fiquei de joelhos, com o olhar na mesma altura que ele. – Não se lembra?
- Do que você está falando? – sua respiração estava descompassada. A pausa o fez baixar a guarda.
- Alguns anos atrás, que você estava naquela porra de esquina, vendendo drogas com umas putinhas no seu encalço. Um cliente chegou para comprar, mas você já tava muito chapado. Ao invés de vender aquela merda, pegou uma briga com o cara. Seus capangas chegaram e vocês destroçaram o cara. E agora, tá lembrado? – segurei o queixo dele com força.
- Então é isso? – falou fracamente. – Tudo por vingança?
- Sou boa nisso – confessei, dando de ombros.
- Deixa eu entender, ele – olhou para – foi levou uma surra de meus amigos três anos atrás. Então, chamou uma mulher qualquer, para enfrentar o perigo. – a arrogância era presente. – E você – olhou para mim – é ela. Estou certo? – fechou os olhos, ah, ele estava precisando de mais. Estava sendo torturado. Eu não respondi, apenas deixei-o continuar. – Você não se valoriza? – perguntou entre dentes, quase cuspindo na minha cara.
- Vai se fuder. – empurrei a cadeira, fazendo-o ficar com a cabeça no chão e peguei minha arma. Cravei as unhas em sua perna encostei a arma em sua parte genital. – Fale mais alguma coisa sobre mim, que enfio essa merda na sua bunda e aperto o gatilho. – ele realmente conseguiu me estressar. – Está entendido? – ele balbuciou um “sim” qualquer. – Ótimo! – abotoei minha camisa e entrei no banheiro. Fiz questão de não olhar para nem uma só vez, mas sabia que o filho da puta estava se divertindo. Parei em frente ao espelho e respirei fundo. Quem aquele merda pensava que era para fazer eu me sentir daquele jeito? Desvalorizada... Como se fosse uma qualquer. Não. Tenho que tirar isso da cabeça. Eu sou e consigo tudo o que quero . Fiz meu mantra pessoal e molhei meu rosto. Coloquei um short jeans surrado e saí do banheiro.
- O show já acabou? – perguntou, rindo de mim.
- Quero que você vá comprar algo para comermos agora. E não vou deixar você me comer hoje. – falei, deitando na cama e com uma voz decidida.
- Okay – ele levantou as duas mãos, como se rendesse-se. – Cuide dele. Volto logo. – beijou o topo de minha cabeça e saiu porta afora. Eu desliguei todas as luzes, esquecendo que também estava ali e entrei embaixo do edredom. Lágrimas silenciosas escorreram de meus olhos. O que estava acontecendo comigo? Fazia muito tempo que eu não chorava. Puta merda. Havia algo errado. Muito errado. E com esse pensamento, me entreguei às profundezas do sono.
Abri os olhos vagarosamente e esfreguei-os com a mão. Levantei-me da cama de casal e vi uma bandeja em cima da mesinha. Tinha uma macarronada deliciosa e uma lata de coca-cola. Ao lado, um bilhete.
Fui resolver umas coisas, .
Imagino o que ele tinha ido resolver... Acendi todas as luzes e fui ao banheiro, lavar o rosto e prender o cabelo num coque desajeitado. Sentei na cama com a bandeja em cima das pernas e comecei a comer. Estava deliciosa. Olhei para o lado e vi um me observando.
- O que você tá olhando? – perguntei, com ignorância.
- Você... – resposta um tanto inesperada, admito. – É muito bonita.
- Você já disse isso. – falei, com um meio sorriso. Ele estava com fome, na verdade. Pude ouvi-lo respirar fundo. Tudo bem que iria matá-lo, mas custava nada dar um pouco de comida, não é mesmo? Peguei uma cadeira, coloquei na frente da que ele estava preso e sentei, continuando a comer.
- Desculpe-me se o que eu te disse te magoou. – suspirou. Soou cauteloso e verdadeiro.
- Nada me magoa, nada me machuca. – enrolei o macarrão no garfo e o aproximei da boca dele, que abriu-a. Ah, com certeza ele estava com fome. Ele mastigou de olhos fechados, como se fosse a última refeição, com uma vontade extrema e bonita de se ver. Encantadora. Quando engoliu, disse:
- Você é tão vulnerável quanto eu estou agora. – os olhos dele passavam a imagem de cansaço. Ele me olhava como se lesse meus pensamentos. – Mas não se preocupe, não vou contar a ninguém. – fiquei sem reação. Ele me desafiava como ninguém. Como eu nunca fui desafiada. – Me responde só uma coisa, por que você faz tudo o que ele manda?
- Ele é meu parceiro. Não existe quem manda mais ou menos. Isso se chama equipe.
- Isso se chama amor. – ele sibilou, com uma voz vazia e fria.
- Amor um cacete. Eu não o amo. – me exaltei e aumentei meu tom de voz.
- Se não é amor, o que é? – ele sorriu, ainda friamente.
- PARCERIA! – gritei, fazendo-o se assustar ao jogar o prato de macarrão no chão.
- Que seja... – sibilou, firme. – É até melhor, porque ele não aparece mais lá no meu beco pra ficar zoando minhas meninas. – Espera. O que ele disse?
- O quê você tá dizendo, seu psicopata imbecil?
- Você não sabe? – riu, sem humor. – Não sabe o motivo da briga? – neguei com a cabeça e esperei-o continuar. – Ele estava tentando arrumar uma qualquer para passar a noite. A menina disse que não, porque já tinha namorado e não era uma vagabunda. Que não trabalhava naquela esquina. E sabe o que ele fez? Tentou tê-la, sem seu consentimento. Sabe o que é estupro? Isso mesmo. E então, chegou o namorado da menina – apontou para si mesmo. – E eu só tentei defender o que é meu. Algum problema nisso? – ia se exaltando de acordo com que falava. – Fiz algo de errado para estar aqui agora? Não. E não pense que foi fácil dar uma surra nele, foi preciso todos meus capangas. E dois morreram. E agora? Ainda acha que sou o vilão?
- Não, esse papel é meu! – levantei-me e fui ao banheiro, vesti minha calça e um sapato. Prendi meu cabelo num rabo de cavalo e maquiei meu rosto. Tudo em cinco minutos. A cada dia que se passava eu ficava mais eficiente.
Saí do banheiro em passos rápidos e peguei a chave da algema de em meu pescoço.
- O que você vai fazer comigo? – perguntou com uma voz assustada.
- mentiu para mim, disse que naquela noite estava dando um fim em uma pessoa que havíamos combinado e na volta esbarrou com vocês. Foi comprar drogas, mas estavam drogados e bateram nele do nada. Mas não é bem assim... O seu ponto de venda de drogas é muito movimentado. Não demora muito para as meninas entrarem no carro, estou certa? – ele afirmou com a cabeça. – Então, as horas não batem. Se estava dando o fim em Debra, não seria tão rápido assim para ter tempo de ir para o ponto. E ele sabe bem dos horários. Portanto, ele mentiu.
- E daí que ele mentiu? – percebi seu coração batendo mais forte enquanto eu abria as algemas.
- E daí que isso muda tudo. – falei, antes de libertá-lo e golpeá-lo na cabeça, em um lugar onde quando ele se acordaria, pensaria que tudo tinha sido um mero sonho. Isso muda tudo.
- ? – falei ao celular. era um tipo de chefe. Sempre que ele queria dar um fim em alguém, ele ligava para um de nós. E também era bom na cama, preciso acrescentar. Várias vezes eu já dormi com ele, só pra nos divertirmos. Ele era uma máquina sexual.
- Olá, bonita. Como vai? – sua voz arrepiava qualquer ser do sexo feminino.
- Estou um pouco apressada... Você pode me fazer um favor?
- Hum, acho que eu te devo... O que é?
- Preciso que você mande um carro aqui pro Vegas Palace e que localize pelo GPS do carro dele. Creio que não será difícil, não é mesmo?
- Claro que não. É pra já. Problemas com ?
- Aquele filho da puta tá zoando comigo. – falei, simplesmente.
- Quer ajuda? – Óh, se eu não conhecesse bem pensaria que era prestativo... Quando na verdade iria querer sexo em troca.
- Eu posso cuidar disso. – usei minha voz mais confiante e destemida.
- Eu sei que pode. – eu não escapava de seus flertes nem por celular? – Achei . Está na Roodrover com a quinta avenida. – Bingo! Cassino Fleurt.
- Obrigada, , te vejo por aí. – falei e desliguei o telefone.
Meus passos eram rápidos, logo cheguei na porta do hotel. E adivinha? O carro já estava lá. Sim, agora era eu que devia para e não seria nada desagradável pagar o favor. A Ferrari preta estava aberta, com a chave na ignição e um buquê de rosas vermelhas no banco de carona. “Te vejo por aí”, escrito no cartão. Cheguei ao Cassino em dez minutos. Ferrari eficiente aquela... Estacionei o carro atrás do Fleurt, pois não chegaria dando mole com uma Ferrari tão bonita. Seria estupidez. Saí do veículo e coloquei a chave no bolso. Merda, tinha esquecido minha arma no hotel. Abri a mala do carro e voilá. Dentro do pneu reserva, como sempre, tinha armas. E não eram armas pequenas e pouco visíveis como as nossas. Eram enormes. Peguei duas delas e coloquei na calça, apoiada no cinto, pois a blusa cobria. Andei até a porta do Cassino e o segurança perguntou meu nome. Porra, qual era o nome que usávamos mesmo?
- Agente Diana, FBI. – minha sorte foi que minha carteira estava no bolso da calça. O distintivo falso também. Ele deu um meio sorriso e abriu passagem. Andei com passos curtos e observei o lugar. Tudo fora da lei. Os maridos traindo as esposas, bebida sendo distribuída para riquinhos mimados, menores de idade. Prostitutas andando e dando em cima de qualquer um. E bebendo no bar. Com uma mulher.
Peguei uma arma com cada mão e comecei a atirar para cima. Não deu meio minuto e as pessoas já corriam apavoradas para o outro lado do estabelecimento, algumas para fora. As pessoas não podiam fazer muita confusão, porque a maioria ali tinha dívidas com a polícia. Seriam presas na hora.
- O que porra você tá fazendo, sua idiota? – se levantou e começou a se aproximar, ficando uns quinze metros longe de mim.
- Vai se fuder, ou melhor, vai fuder sua amiguinha. – olhei para uma menina apavorada. E então a reconheci. O cabelo estava diferente, estava mais magra, mas eu a reconheci.

FLASHBACK ON -

- Nós temos que matá-la. – falei o óbvio. Ele mexeu no cabelo, nervosamente.
- Nós podemos conversar com ela... Chegar a um acordo... – ele afundou o rosto nas mãos. – Não podemos fazer isso com ela, .
- Nós temos.
- Ela é parte de nossa família...
- Ela nos traiu – o interrompi. – Ela não merece perdão nem pena. Ela mentiu.
- Mas...
- Mas nada. Se você não quiser fazer isso, eu faço. Não tem problema... – alisei seus cabelos.
- Não. Você não vai fazer – eu já ia interrompê-lo. – Eu vou.

- FLASHBACK OFF

Debra Goulart. Bem à nossa frente. A morta-viva que um dia foi minha melhor amiga. Foi nossa parceira. Que nos traiu, sem nem hesitar. Aquela que devia executar. Mas ela estava ali. Sã e salva. Em carne e osso.
- Hey, . – a voz dela quase não saiu de tão fraca. Era evidente que estava com medo. Estava com medo de mim. Apontei uma arma para ela e outra para .

’s POV


FLASHBACK ON -

Três anos antes

Eu não poderia fazer aquilo. E também não deixaria a fazer.
- Debra, você precisar sair do país. – toquei em seus lábios e beijei sua mão. – Eu preciso que você fique viva.
- Não posso, . Quero ficar aqui. Com vocês.
- não vai aceitar isso. Ela quer a sua morte.
- Mas eu posso tentar. Se eu contar o quanto estou arrependida...
- Na primeira oportunidade ela vai atirar em você, Debra. Não corra esse risco. Vá. Eu já comprei as passagens com sua identidade falsa. O vôo sai em uma hora. Você ainda tem tempo de ir arrumar suas coisas e ir para o aeroporto. Faça isso.
- , eu te amo. – foi totalmente inesperado. – Venha comigo.
- Não posso. – abaixei o olhar. – Ela precisa de mim.
- Eu disse que te amo, porra. – tocou em meu queixo de um jeito nem um pouco delicado e nossos olhares se encontraram. – nunca vai lhe amar. Ela só ama a si mesma. Eu. Te. Amo.
- Eu não posso. – tirei a mão dela de meu rosto e beijei sua bochecha. – Eu também preciso dela, Deb. – entreguei a ela a passagem e dei as costas.
- Ela. Nunca. Vai. Te. Amar. – virei, quando estava já a uns dez metros de distância e encarei-a. – Você disse que precisa de mim. E eu te amo. Qual é o problema com você, porra? – Respirei fundo e respondi, claramente, para ela nunca mais me perguntar:
- O problema é que eu preciso mais dela do que de você. – e continuei a andar. A rua estava escurecendo e a chuva começava a cair. Fechei os botões de meu sobretudo preto e coloquei as mãos no bolso. Eu entraria no primeiro bar que aparecesse, porque o que eu precisava era de uma bebida bem forte. Beberia e arrumaria alguém para passar a noite. Esses eram meus planos.

- FLASHBACK OFF

Debra voltou do Canadá e ligou para mim. Comprei a comida de e a deixei em cima da mesa. Ela estava dormindo; tão linda e calma. apenas me observava. Aquele filhinho de papai iria pagar por ter tirado sangue de mim. Ah, se iria. Caminhei até e beijei seu rosto cautelosamente, para ela não acordar e saí do quarto. Mesmo dormindo ela conseguia mexer comigo. Fazer algo disparar dentro de meu peito. Peguei o carro e fui para o Cassino Fleurt. Aquele lugar lembrava nossa adolescência. Quando éramos amigos inseparáveis. Eu, , Debra e . E depois, viramos parceiros. Fazíamos tudo juntos. Matávamos juntos, roubávamos juntos. Era o quarteto perfeito e intocável.

FLASHBACK ON -

Quatro anos antes

Cheguei ao hotel que estava hospedado e descobri que tinha dormido lá. Com ele. Eu ficava puto quando isso acontecia, mas tinha de aceitar. Ela não era minha namorada, não era nada além de amiga. E também era meu amigo.
- Hey , hey . – acenei ao entrar e fechei a porta. Eles acenaram de volta e voltaram a trocar beijos. estava sentado na poltrona e estava no colo dele, com as mãos envolvendo seu pescoço. – Estou aqui. – balancei a mão na frente dos dois, que pareceram sair do transe e se desgrudaram. se levantou e acendeu seu cigarro.
- Quer um drink? – ele perguntou, indo até a mesa e se servindo uísque.
- Só um. – ele colocou para mim e se sentou na cama, degustando o cigarro.
- quer falar algo. – falou, sorrindo para mim. – Eu fiz de tudo para ele me contar, mas ele disse que só ia falar quando todos tivessem aqui. – fez uma pausa. – Onde está Debra?
- Está chegando. Falei com ela antes de sair do hotel. – todos nós tínhamos um hotel fixo, em que ficávamos. Nada de apartamento. Nada de papelada com nome. Lidar com o mundo do crime não é tão fácil quanto parece. Nós sempre temos que abdicar coisas que poderiam ser significativas. – Contato com a família. Casamento. Namoro. Filhos. Casa. Sempre foi uma vida limitada nesse aspecto. Poder ter tudo o que quiser, mas não poder desfrutar disso por muito tempo. Sempre mudando de cidade, sem deixar marcas. Apenas fazendo o trabalho sujo e limpando cuidadosamente no fim. Depois de alguns minutos de conversa, Debra entrou no quarto, sorrindo. Sorrisos que fariam falta um ano depois.
- E aí, tigrão? O que quer falar conosco? – Ela beijou nossos rostos e sentou ao meu lado, esperando prosseguir. Debra também tinha um caso .
- Recebi uma proposta de emprego. E necessito aceitar. – nossos rostos ficaram tensos. Como assim emprego? – Vou deixar essa vida. Não posso mais com isso. – o silêncio se estabeleceu até ele quebrar. – Sinto muito, mas táticas de luta e saber descodificar algo não são coisas que me darão dinheiro no futuro... E essa vida... Eu não quero mais.
- FLASHBACK OFF

viajou para trabalhar na América do Sul, deixando apenas eu, e Debra. Tudo mudou. Amadurecemos, ficamos mais frios. Nada de risos verdadeiros, nada de lágrimas. Apenas carcaças de pessoas que não se importavam em acabar com a vida de alguma pessoa. Seja ela pai de família, filho ou esposo de alguém. A prioridade era fazer o trabalho certo. Apenas essa. Sem restrições. Depois de algum tempo, descobrimos que Deb estava nos traindo, dormindo com um agente da CIA. E isso era completamente proibido. Se nós saímos com alguém do outro lado e traímos nossa equipe merecemos ser mortos, certo? Isso era o que pensava. Ela disse que Debra sabia muito sobre nós, que não podíamos só expulsar-la da equipe. E ela decidiu o que eu temia. Teríamos que matá-la. E me surpreendeu o modo como disse isso, porque elas eram melhores amigas. E melhor amiga não mata melhor amiga.
Dei o nome falso no cassino e entrei, abobado com as lembranças vindas à tona. Debra já me esperava, sentada no bar.
- Hey, Deb. – sentei ao seu lado. – Por que você voltou?
- – tocou meu rosto. – Senti sua falta.
- Por que você voltou? – refiz a pergunta, com um tom rude. Ela engoliu em seco.
- Preciso de vocês. – mas quase não deu para escutar, porque coçamos a ouvir barulho de tiros. E era .
- O que porra você tá fazendo, sua idiota? – me levantei e caminhei em sua direção, ainda ficando um pouco afastado, caso ela decidisse se rebelar. era doente mental e eu não sabia? Disparar tiros em um lugar como esse era tentativa de suicídio!
- Vai se foder. Ou melhor. Vai foder sua amiguinha. – ela falou entre dentes, o sarcasmo era totalmente explícito. Mas quando ela pousou o olhar em Debra, suas feições mudaram. Agora estava apavorada.
- Hey . – Debra conseguiu balbuciar com precaução. E agora? era forte o bastante para atirar em nós. E eu não tinha dúvida que se falássemos alguma besteira, ela faria. Agora tudo tinha que ser cuidadoso. Principalmente quando ela abaixou a arma a mirou em nós. A arma da mão direita mirada em mim, a da esquerda em Deb. Ferrou tudo.
- Sabe... – sua voz ecoou pelo cassino. – Nós tínhamos regras. Ela quebrou tudo. Mentiu e nos traiu – soltou uma risada sem humor nenhum. – E você fez o mesmo, . E isso é engraçado... Porque você sabe as consequências.
- Você vai me matar? – tentei usar um tom despreocupado.
- Não – quase me aliviei. – Vou matar os dois.

/’s POV


- Não. Vou matar os dois. - eu podia até falar, mas eu teria coragem de apertar o gatilho?
- Quer saber? Aperta essa porra logo. Me manda pro inferno! – se exaltou.
- Não faça isso, .
- Quem é você pra falar o que eu faço ou deixo de fazer, sua vadia imbecil?
- Eu não quero brigar, . – sempre se fazendo de santa. Sempre fazendo os outros terem pena dela.
- Foda-se! - e sem querer, apertei o gatilho. Foi uma coisa repentina, uma espécie de reflexo.
Joguei a arma no chão e corri até ela. O tiro atravessou a barriga. Perto do baço, mas provavelmente não tinha tocado em nenhum órgão. Ela sentou-se no chão e começou a perder a consciência.
- Leve-me para um hospital, . O tiro não foi certeiro... Mas vou perder muito sangue. – ela falava pausadamente e com uma expressão de dor terrível.
- Sinto muito. – lágrimas começaram a me fazer desmoronar. – Sinto muito, Deb. – escutei um barulho de arma sendo destravada. Olhei para trás e estava segurando a arma. Apontando para mim. Me desesperei. Debra precisando de uma ambulância e prestes a me matar.
- Ele não vai te matar... – Debra falou, o tom foi quase inaudível. Um sussurro baixo. – Ele te ama. – fechou os olhos e desmaiou. Oh meu Deus. Ela devia estar delirando. me amar? Impossible. O que porra é amor quando se vive contra ele?
- Levante-se! – ele ordenou. – Pegue sua arma. – chutou uma das armas para mim. – PEGUE! – eu a peguei, respirando descompassada e apontei para ele.
E ficamos nos dois, um apontando a arma para o outro. Ou mata ou morre.
Fui me afastando mais e mais, até me esconder atrás de uma máquina de jogo. Havia um idoso lá, que quase teve um ataque cardíaco quando me viu. “Shiuuu” fiz barulho para ele ficar calado e dei mais alguns passos. Percebi que se aproximava pelo espelho da máquina. E então começou a troca de tiros. Nos protegíamos atrás das máquinas e atirávamos um no outro. Andei para trás, atirando e acabei por entrar numa sala escura. Era a área VIP do cassino. Apenas mesas de jogos e bares. Mas todas as luzes estavam desligadas. Me escondi dentro do bar, esperando ele chegar para poder atirar. Escutei seus passos se aproximando. Ele ligou a luz da área.
- Eu sei que você está aqui, ... – dava passos lentos. – Matar ou morrer, já fez sua escolha?
- Matar. – me levantei, distribuindo tiros. Mas ele foi mais rápido e se escondeu atrás da mesa de sinuca. – Puta que pariu, , você é bom. – saí de trás do balcão e comecei a caminhar em sua direção. Foda-se se eu matasse ou fosse morta, daria no mesmo: nada. Cheguei perto da mesa e joguei minha arma no chão.
- A cada dia que passa, fica mais corajosa. – ele se levantou e apontou a arma para minha cabeça.
- Aprendi com você. – falei e chutei sua arma, fazendo-a parar no chão. Ele chutou de volta, mas eu segurei sua perna e o rodei, fazendo-o se desequilibrar e cair. Avancei em cima dele, que estava caído no chão, mas ele me surpreendeu, conseguindo pegar sua arma e se levantar rápido, prensando-me contra a mesa de sinuca. Encostou a arma na minha cabeça e me olhou profundamente.
- Debra disse que você não me mataria. – eu estava com a metade do corpo em cima da mesa, deitada, e as pernas fora.
- Por que ela disse isso? – deu uma risada abafada. Uma risada maldosa.
- Ela disse que você me ama. – e então o silêncio pairou mais uma vez. A face de ódio desapareceu. Meu coração enlouqueceu. Minha boca virou um ímã, onde a outra metade era a boca dele. Ele aproximou o rosto do meu e colocou a arma na mesa.
- E você acreditou? – beijou meu pescoço.
- Quem realmente é você, ? – poderia soar estranho, mas era o que eu mais queria saber. O que eu conhecia não se apaixonaria, nunca. E também não mentiria. Não por pena.
Ele ia pegar a arma de novo, mas eu fui mais rápida e selei nossos lábios. Cravei minhas unhas em suas costas com força, enquanto ele abriu os botões de minha camisa. Lê-se: Rasgou-a. Empurrou-me um pouco mais para cima da mesa e as bolas de sinuca caíram no chão, fazendo um barulho imenso, por conta do piso de madeira. Ele prensou minhas pernas contra as suas com força, fazendo uma dor terrível me tomar. Livrou-se de sua blusa e selou nossos lábios novamente. Sua língua entrava em minha boca sem permissão. Ferozmente, como o leão ataca à presa. Eu chutei seu tórax com força, fazendo-o gemer de dor e avançar em cima de mim com brutalidade. Deu fim em nossas calças, com nem um pouquinho de delicadeza. Envolvi as pernas em torno da barriga dele e o girei, fazendo-o deitar na mesa de sinuca. Ele ia me chutar, mas fui mais rápida e soquei seu rosto. Ele nos girou com força, ficando por cima novamente e tirando minha calcinha. Puxei-o pelo pescoço passei a língua com força, tendo certeza que no outro dia ficaria a marca. Ele tirou a própria boxer e distribuiu mordidas por todo meus glúteos. E também sem permissão, me penetrou, com grosseria. Se eu dissesse que não gostei seria a maior mentira de minha vida, porque eu nunca tinha me sentido daquele jeito. Tão espetacular.
Os movimentos eram rudes e prazerosos. Com suas mãos pesadas e fortes ele percorria todo meu corpo, como se fosse arrancar minha pele. Nossas respirações estavam irregulares. Nossos corpos estavam queimando. Depois de algum tempo, meu líquido saiu, seguido o dele. Nossos corpos cansados se sustentaram na mesa. Juntei nossos lábios, num beijo calmo e relaxei, vendo minha respiração voltar ao normal. Percebi se levantando, mas não mantive meus olhos fechados. Depois de algum tempo, percebi estar sozinha na área. E sirenes começaram a se aproximar. Vesti minha roupa rapidamente, peguei minha arma e corri até o salão principal. Debra não estava mais lá, devia tê-la levado. Logo a polícia entraria lá. Procurei a saída de incêndio no fundo e atirei na porta. Não, eu não deixaria tantas evidencias. Peguei duas garrafas de vodka e derramei por um caminho da tomada até o bar. Atirei no álcool e o fogo começou a se espalhar. O alarme de incêndio disparou, fazendo várias pessoas que estavam escondidas correrem para a saída de incêndio. Me infiltrei no grupo que saia e vi a tomada elétrica explodir, alastrando o fogo para mais lugares. E então, a polícia entrar.
Entrei na Ferrari e acelerei.

Horas depois

Tomei mais um gole da Tequila. Já estava na banheira do hotel, diferente do primeiro, tomando um delicioso banho de espuma. As sacolas de compras estavam espalhadas pelo quarto. Eu perguntei a quem ele era realmente, mas quem sou eu? Como posso dizer uma definição se o mundo muda a toda hora? Tudo muda, as definições mudam.
Levantei e me troquei, pronta para pegar minhas coisas no hotel de . Quando cheguei, fui logo subindo. Torcendo para que ele não estivesse lá, porque não sabia qual seria nossa reação no reencontro. Por sorte, consegui pegar minha mochila sem vê-lo.
- Onde está , ? – ouvi sua voz ao meu lado, quando passava pelo saguão do hotel.
- Livre como um pássaro. Assim como Debra.
- Você sabe que foi o certo fazer isso com ela. – ele ficou frente a frente comigo, me olhando nos olhos.
- Você sabe que foi certo fazer isso com ele. – dei um meio sorriso, carregado de sarcasmo.
- Uma guerra começa aqui?
- Não, . Estou fora. – falei do modo mais claro possível. Ele ia falar algo, mas eu o impedi. – Estou. Fora. – beijei sua bochecha, dei as costas e saí andando em direção a saída.
- Você não pode fazer o que ele fez. – virei e ele endureceu as feições – Somos uma equipe.
- Sinto muito... – repeti as palavras de . Ele ficou parado, estático. – É como falam, . O que vai, volta. – falei e mordi o lábio daquele jeito, dando as costas em seguida e entrando na Ferrari. acharia uma mulher para continuar meu serviço. Ah, droga, preciso parar de pensar nele. Se deixou essa vida, eu também poderia deixar. E naquela hora, liguei para o número do cartão que descansava em minha carteira.
- . – ele atendeu.
- Oi, . Aqui é a .
- Estava louco esperando sua ligação. E aí, você ainda quer sair hoje?
- Por isso eu liguei. Estou precisando de companhia no hotel.
- Ah! – sabia que ele estava sorrindo. – Só me dá o endereço, que estou aí em cinco minutos.
- Bom para você. Comprei lingeries novas.
- Muito bom... – riu.
- Por que você está rindo? – perguntei, num tom sapeca.
- Não é qualquer mulher bonita que me liga e é tão direta...
- Eu não sou qualquer uma, . – falei, na minha voz convencida.
- E quem é você, ?
- A versão feminina do James Bond – respondi e rimos juntos.


Nota da Bia: Antes de começar a escrever, quero dedicar essa fiction à That, minha co-autora. WGA começou com nossa conversa no MSN, quando eu disse que ia escrever uma fic em que a personagem principal fosse ‘poderosa’. Deixe-me explicar melhor, sabe aqueles filmes americanos, em que aqueles espiões do governo (geralmente homens) conseguem combater dez caras ao mesmo tempo? E ainda saem da luta sem nenhum arranhão? Isso mesmo. Foi essa a ideia. Fazer uma personagem desinibida, que soubesse atirar tão bem quanto espiões americanos. E acho que consegui o que queria. Quem não gosta de se sentir poderosa? De ter tudo o que quiser, a qualquer hora, em qualquer lugar? Talvez uma ou outra menina afirme que apóia a vulnerabilidade da mulher, que somos fracas e sensíveis. Na verdade, podemos até ser fracas e sensíveis, mas merecemos ser desmerecidas em relação aos homens? Somos submissas a eles? Não, é a resposta.
Nós não somos o lado frágil do ser humano, somos mulheres. Somos tão fortes quanto os homens em vários aspectos. Podemos sentir a dor inimaginável do parto e ainda assim sorrir. Podemos sangrar todo o mês e ver isso com naturalidade. Podemos ser decididas, focadas, animadas, bem-humoradas e principalmente, significar algo para o mundo. Nunca se sinta desanimada em relação a você mesma, porque como toda mulher, você é poderosa. Sinto-me poderosa agora, vendo todo o futuro pela frente, você não?
“I can't believe it's ending this way
Just so confused about it(uh)
Feeling the blues about it(yeah)
I just can't do without ya
Tell me is this fair”

Acho que por hoje é só, meninas. E não esqueçam que são lindas e poderosas. Para sempre. Obrigada pela leitura, espero que tenham gostado tanto quanto eu. Beijos, Bia Guimarães.
PS- A música inspiradora foi What Goes Around... Comes Around, do Justin Timberlake.
PS²- Já tenho várias ideias pra WGA- 2 e estou animadíssima. Logo, logo, no FFOBS para vocês!

Nota da That: Eu lembro bem do dia que pedi uma fic para a Bia, eu não estava nos meus melhores dias, então pedi uma restrita e digo: É uma estranha. Você lê algo assim, tão tenso como essa fic e pensar que ela foi escrita pra você, inspirada em você, pensada para você. Mas eu não me arrependo, nem um pouco!
Quando a Bia começou a me mandar os trechos pelo msn, eu confesso que fiquei meio grilada, muito nervosa, queria logo lê-la toda, ficava apressando, pedindo, pertubando e só sosseguei quando recebi o e-mail com WGA completa. Eu pirei, é lógico!
A Bia escreve super, hiper, mega bem, a minha 'co-autoria' se dá em alguns detalhes, algumas cenas ou ideias para a construção da história, mas não há um só 'a' de minha autoria, ela é toda e completa da mente fértil da Bia. Ah! O nome também foi ideia minha, porque eu simplesmente AMO essa música, e o Justin é puro charme.
Não vou me prolongar, espero que vocês tenham gostado e quando vocês menos esperarem, WGA II estará na atualização e quando isso acontecer, quero todo mundo correndo para ler, ok?
Beijos da That.


Nota da That, agora como Beta: Qualquer erro nessa atualização é meu, só meu. Reclamações por e-mail ou pelo twitter, nada de e-mails para o site, ok?
Ah! Visite a caixinha abaixo, não custa nada e faz uma autora muito feliz.



Qualquer erro nessa atualização é meu, só meu. Reclamações por e-mail ou pelo twitter.



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