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A Blank Space






CAPÍTULO 1


“Ain't it funny? Rumors fly, and I know you heard about me… Got a long list of ex-lovers, they’ll tell you I'm insane


nunca fora fácil, muito menos consigo mesma. Gostava de desafios. Sempre queria a nota máxima na escola; mantinha seu quarto na perfeita ordem; e principalmente: não se deixava levar pelo amor. Durante sua adolescência tivera, sim, suas experiências. Ia a encontros, sempre muito disputada pelos garotos, com toda a sua beleza. Ainda assim, nenhum deles foi capaz de fazê-la sentir diferente. Nenhum deles lhe proporcionou as borboletas no estômago, ou o suor frio ao se arrumar. Ela, por si só, se considerava com um coração frio. Afinal, enquanto todas as garotas se derretiam por garotos que ela tinha na palma da mão, ela mesma não aguentava mais de uma semana com nenhum deles. O que ela tinha de errado, afinal?
Acordou em uma manhã de segunda-feira preparada para sua rotina. Diretora do departamento de finanças na empresa , podia se considerar uma das mulheres mais poderosas. Tinha tudo o que queria e não media esforços para isso. Chegou no prédio ao ritmo do seu salto alto. A saia preta que, apesar de ser na altura do joelho, era justa, chamando a a atenção de qualquer homem a sua volta, loucos por suas curvas. Sua blusa azul, de seda, combinava perfeitamente com seus cabelos pretos, e a pele branca, quase transparente.
- Bom dia! - cumprimentou sua secretária, que respondeu-a cordialmente, apesar de estar se matando de inveja por dentro.
- Bom dia, senhorita ! Sua mãe ligou, pediu para que a senhorita entrasse em contato assim que possível, mencionou alguma reunião familiar.
- Ah sim, o aniversário de meu primo está chegando, deve ser alguma coisa sobre isso. - assentiu enquanto caminhava em direção à sua sala.
- E o senhor virá ao departamento hoje, ele quer saber pessoalmente como andam as coisas. - sorriu de lado com o comentário de Catherine, sua assistente.
Sempre tivera vontade de conhecer o tão famoso . Dono da empresa. Sua fama com mulheres chegou até ela. E, curiosa como sempre, estava esperando a oportunidade perfeita para conhecê-lo, e parece que o destino lhe deu uma ajudinha.
- Ótimo, tenho alguns assuntos para tratar com ele realmente, assim que ele chegar, me avise. - disse e entrou em sua sala, fechando a porta, sem dar a mínima chance de Catherine dizer alguma coisa.
Nunca fora má, mas não tinha paciência com pessoas interesseiras, e sua assistente era uma delas. não suportava toda a bajulação vinda dela. Só não havia a demitido porque sabia que ela precisava do emprego para bancar sua família, e trabalhava bem para atender as necessidades de sua chefe. não era hipócrita.
Adiantou a papelada da semana, procurando evitar qualquer problema inesperado e logo seu telefone tocou, sendo a presença de anunciada.
- Senhor , é um prazer finalmente conhecê-lo - levantou de sua cadeira ao ver o jovem homem entrar em sua sala.
- Eu é quem digo isso, senhorita . Devo dizer que estava um tanto quanto curioso para conhecer a mulher que tem dado tanto lucro para minha empresa. - disse com um sorriso, relativamente, malicioso para a situação. arqueou uma de suas sombrancelhas, identificando imediatamente o tipo de homem que era. Mas não o deixaria saber disso.
- Bem, espero ter atingido suas expectativas - sorriu, se fazendo de desentendida quanto ao flerte que acabara de receber de . Voltou a sentar em sua cadeira enquanto o homem a sua frente sentava-se em um dos sofá de frente para a mesa dela. - Mas diga-me, a que devo a honra de sua visita? - pôde sentir um leve sarcasmo junto a formalidade de .
- Certamente, devo admitir, que estava interessado em saber suas estratégias para este departamento, o principal da empresa.
- Queria conhecer minhas estratégias? Acho que não tenho nada a declarar. Sabe como é, talento é talento - disse com uma risada gostosa logo depois. poderia ouvi-la rir o quanto quisesse.
- Parece que é verdade o que dizem. é realmente segura de si, não? - perguntou, ainda galanteador e curioso por tanto mistério vindo da mulher que acabara de conhecer.
- Você nem imagina - piscou. - Mas se não se importa, para fazer essa empresa funcionar, não posso desperdiçar meu precioso tempo. - Levantou-se novamente, indicando a que ele fosse embora.
- Ora, ora. Realmente ousada, sabe que você é a subordinada a mim aqui, não? - perguntou, na tentativa de, em meio ao flerte subliminar, mostrar quem é que manda.
- Claro, senhor - mordeu os lábios. - Mas tenho certeza que por isso mesmo vai querer que eu trabalhe. Ou prefere que eu passe o tempo todo flertando com o senhor? - juntou as duas mãos, e com os braços, colocou-as para trás de seu próprio corpo. achou aquela sala quente demais para os dois. Não é a toa que todos os homens de sua assessoria falaram que ele não esqueceria após conhecê-la.
- Certo, senhorita , podemos deixar o flerte para o nosso jantar hoje à noite. Passo para te buscar às 20h. - Beijou a mão de e deixou a sala. Aproveitou que, como presidente e dono da empresa, tinha acesso às informações de todos os funcionários, podendo então ter o endereço dela.
, logo após ter fechado a porta, sorriu confiante. Sabia do seu poder com os homens, mas não podia negar que era, sim, o mais bonito do todos os que já conhecera. Rolou os olhos e voltou ao trabalho. Não antes de ligar para sua mãe e confirmar presença na festa de aniversário de Mike, seu primo. Não saiu do trabalho mais cedo, como pensou que ela faria. Sim, ele estava observando o saguão de saída da empresa. Pelo contrário, ela saiu no horário normal, às seis e meia. Para ela, tempo mais que suficiente para se arrumar e sair com .



chegou em casa, tomou um banho rápido e vestiu seu vestido favorito, da Channel. Seu trabalho lhe rendia dinheiro suficiente para bancar seus luxos de menininha, e ela adorava isso. O vestido era preto, justo até a cintura e rodado na saia. Não queria nada sexy. Apesar de seu jeito no mundo amoroso, sua personalidade ainda era sempre do estilo romântico. Calçou os inseparáveis saltos pretos, dessa vez alguns centímetros mais altos do que os que ela usa para trabalhar, e passou seu batom vermelho favorito, sua marca registrada para encontros. Colocou seus brincos de pérola e penteou os cabelos, deixando-os soltos. Logo o interfone tocou, avisando que um homem a esperava na portaria. Oito horas em ponto. Estaria ele ansioso? Sorriu de leve. Talvez ele pudesse ser uma boa distração para tanto trabalho. Pegou sua bolsa e saiu do apartamento. Os onze andares que faltavam até chegar no térreo permitiram se apreciar no espelho. Devia admitir que estava, particularmente, radiante. Pena que não conseguia amar, pensou, talvez pudesse fazer alguém feliz algum dia.
Ao sair do prédio, avistou o carro preto de , e ele mesmo apoiado nele, que sorriu, sem mostrar os dentes, quando viu se aproximar.
- Você está linda - elogiou após dar um leve beijo na bochecha.
- Você também não está nada mal. - Disse após analisar o estilo um pouco mais casual dele. Vestia uma calça jeans preta, sapato social preto, uma camisa social e um terno aveludado. Pelo menos não era uma roupa parecida com a do trabalho. abriu a porta do carro para que entrasse.
Já depois de ter dado partida no carro, tentou puxar assunto.
- Devo confessar que você é ainda mais misteriosa pessoalmente. Pelo menos, é mais do que me disseram que seria.
- Posso dizer que tenho uma longa lista de, digamos assim, admiradores. Eles provavelmente vão te dizer que sou insana ou coisas do tipo. - deu uma leve risada. Foi exatamente isso que haviam lhe dito.
- Acho que tenho que descobrir por mim mesmo, então. - sorriu ao ouvir isso.
O jantar, na opinião de , foi um sucesso. Já achou tudo muito comum, nada que não tenha passado antes. Manteve, porém, sua postura sedutora. Enquanto dirigia novamente seu carro, para levar para casa, ambos conversaram mais um pouco.
- Essa é a minha deixa - sorriu ao chegarem em frente ao seu apartamento.
- Eu te acompanho até a porta - disse , cavalheiro, saindo do carro e abrindo a porta para que saísse. - Gostei muito do nosso jantar - parou de andar, fazendo parar também.
- Digo o mesmo - mordeu o lábio
- Quem sabe, poderíamos repetir a dose um dia desses - perguntou incerto, não sabia ainda decifrar os olhares e gestos de , coisa que não estava acostumado, pois sempre sabia o que as mulheres com que saía queriam.
- Eu adoraria, poderia te mostrar coisas incríveis - mordeu o lábio inferior novamente, e não perdeu tempo, roubando um beijo da mulher a sua frente. Depois de alguns minutos, separou os dois.
- Boa noite, senhor . - e virou as costas, deixando um desnorteado, gamado e intrigado para trás.

CAPÍTULO 2


“Cherry lips, crystal skies, I could show you incredible things, stolen kisses …”


No dia seguinte, ao chegar no escritório, recebeu um buquê de rosas brancas. Deu um leve sorriso, de tudo o que estava acostumada a receber após encontros, não se lembrava de ter recebido flores. Pegou o cartão e confirmou que era um mimo vindo de .

“Mal posso esperar para ver você me mostrar coisas incríveis. O que acha de tirarmos o dia de folga? Se aceitar meu convite, me encontre em meia hora no Central Park. Esperando ansiosamente que você vá,


achou fofa todo a atenção de . Não tinha o costume de sair novamente com caras como ele, mas, já que era seu chefe e lhe oferecia um dia de folga, que ela queria mais do que qualquer coisa, decidiu aceitar o convite. Não teria tempo de passar em casa para mudar de roupa, e como o Central Park era relativamente longe dali, por causa do trânsito, decidiu ir com a roupa que estava mesmo. Usava uma saia, para sua felicidade, mais confortável do que a do dia anterior. Era levemente solta, preta, e vestia uma blusa rosa bebê, por dentro da saia, com seu blaser preto.
Pegou um táxi e depois de mais ou menos 20 minutos, chegou ao seu destino. Não foi tão difícil achar como pensou que seria. Seu chefe a esperava parado em frente a uma limousine.
- Fico feliz que tenha aceitado meu convite, senhorita - disse sorridente, esticando a mão para segurar na sua, logo indicando que entrasse na limousine.
- Sabe como é, tudo por um dia de folga - disse risonha, arrancando gargalhadas de , que sentou ao lado dela. - Para onde vamos? - perguntou, curiosa.
- Ah, é uma surpresa.
- Não costumo gostar de surpresas, espero que essa seja das boas, ham? - disse divertida.
- Tenho certeza que dessa você vai gostar!
Depois de alguns olhares trocados e risadas aleatórias, chegaram ao porto.
- Vamos andar de barco? - perguntou sorridente enquanto assentia. - Parece que você acertou mesmo em tentar me surpreender. - Sorriu, sincera.
reservou seu iate particular para aquele dia. Ajudou-a a subir, e logo já viam Nova Iorque ficar distante.
- Me diga, , uma curiosidade sobre você - entregava uma taça de champanhe para ela, e bebia um gole de sua própria. admirou a vista que tinha, sentada naquele sofá no deck do iate.
- Se você se envolver comigo terá duas opções: Ou eu te deixo completamente sem ar ou com uma cicatriz profunda. - riu
- Vou pagar para ver.
- Me diga depois se valeu a pena - piscou e ele riu.
- Eu falo sério, , homens querem um amor que os torture! Depois não me diga que não avisei! - riu junto a ele.
- Mas sério, , me conta alguma coisa diferente sobre você!
- Acho que uma das coisas que acho diferente em mim é a sinceridade. Muitas pessoas são falsas visando os próprios interesses, eu busco ser eu mesma, e foi assim que consegui tudo o que tenho. Gosto de confiar em alguém e pode ser eu mesma. Sem ter que me preocupar com o que a pessoa está achando ou pensando sobre mim. - disse, sincera, sem pensar em encontros ou em estar falando com , seu chefe.
- Não achei que isso fosse possível, mas a cada segundo eu fico mais fascinado por você! - e dessa vez foi quem roubou o beijo.
Depois de mais algum tempo se divertindo, quando o pôr do sol começou a ser visível no céu, colocou uma música para tocar.
- Me daria a honra desta dança? - estendeu a mão, que logo segurou. Começaram a dançar no ritmo perfeito, um em sincronia com o outro.
- , me diz, por que você tem tanto efeito sobre mim?
- Eu não sei, talvez eu seja um pesadelo vestido como um sonho. - sussurrou próximo a seus lábios.
- Meu melhor pesadelo.



Alguns meses se passaram. não tinha certeza de como as coisas foram evoluindo entre os dois. Não sabia explicar aquele sentimento novo e estranho para ela. Estava apenas se deixando levar. era sempre atencioso com ela, marcando encontros em que os dois se divertiam muito. Talvez não fosse como ela pensara, afinal. Estaria ela apaixonada? Pela primeira vez? Só em pensar nisso, suou frio e balançou a cabeça, como tentando espantar esses pensamentos que pareceram querer assombrá-la logo agora.
Olhou-se no espelho. chegaria para buscá-la em alguns minutos. Vestia um vestido azul escuro, com mangas de renda e um leve decote, a saia era mais comprida e levemente rodada, dando a ela um ar de leveza. Optou por um olho escuro que contrastava com seu batom vermelho. Não estava demais, mas definitivamente não estava de menos.
Pela primeira vez, os onze andares até o térreo estavam demorando demais. Ao sair de seu prédio, avistou sorrindo, com seus lindos e brancos dentes, que pareciam quase brilhar. Analisou-o e sorriu. Caminhou até seu chefe, depositando um leve beijo em sua bochecha para que não ficasse a marca de seu batom vermelho.
- Boa noite, , você está magnífica!
- Boa noite, , você também não está nada mal - riu por sempre usar esse comentário após receber um elogio.
- Aonde vamos essa noite?
- Ah, sabe como é, adoro surpresas. - os dois sorriram e seguiram o caminho no carro de .
Depois de algum tempo, pararam em um prédio. estranhou, nunca ouviu de ter um restaurante ali. Pegaram o elevador, para o último andar, e depois subiram dois lances de escada. Quando já não tinha ideia do que estava aprontando, chegaram na cobertura. Podiam ver toda a Nova Iorque dali.
- Uau! - exclamou . - Isso é incrível!
- Gostou? - perguntou , feliz por ter agradado.
- Eu amei! - deu pulinhos de felicidade e abraçou . Ele já havia conhecido, nos últimos dois meses em que saíram, o lado fofo, carinhoso e pessoal de . Não que ele não gostasse do lado sedutor, mas achava bom ela ter sido ela em todos os aspectos.
No canto da cobertura, com uma vista melhor ainda, havia uma mesa de jantar, devidamente servida. Ambos desfrutaram da refeição, ainda sob o encantamento que estava com todo aquele cuidado de . Depois de terminarem, apoiaram-se na sacada.
- Obrigada, . Por tudo. Tudo o que você tem feito por mim nos últimos meses, estar com você, foi tudo maravilhoso. – Sorriu, sincera.
- Juro que estava curioso no início, por tanto me falarem sobre você. Mas acabei descobrindo muito mais. , eu estou perdidamente apaixonado por você. Não me importa nada do que ninguém diz, porque eu amo o que eu descobri de você, e não o que me contaram! Eu amo quando você fica preocupada com alguma notícia no jornal, amo quando você usa roupas mais delicadas nos nossos passeios ao ar livre assim como amo quando você se arruma toda para jantar comigo! Amo seu jeito sexy de ser, e seu jeito meigo de falar quando é espontânea sem perceber. Eu amo você! E tudo o que você me faz sentir! , você aceita namorar comigo?
De todas as surpresas, essa certamente pegou de jeito. Não esperaria isso de , dois meses atrás. Não esperaria estar nessa situação ela mesma. Como sempre achou que não era capaz de amar, não prolongava relacionamentos e muito menos com homens como . Homens ricos e poderosos. Mas por que com ele foi diferente? A resposta veio quando sentiu borboletas no estômago e se emocionou com a declaração de .
- Eu amo você! - foi tudo o que disse, e o beijou, à luz da lua. Ele foi quem a mostrou coisas incríveis, afinal, ele a mostrou como era amar.

CAPÍTULO 3


“Cause you know I love the players, and you love the game!”



Os cinco meses seguintes não poderiam ter sido melhores para . Sentia-se cada vez mais amada por e ficou feliz por ter se apaixonado por ele, e não por qualquer outro. Esse amor a deixava sem ar, e com os pulmões cheios dele, ao mesmo tempo.
- Bom dia, meu amor! - entrava no escritório de seu namorado, que não tinha a melhor das expressões naquele dia. Provavelmente estava de mau humor.
- Bom dia, . – suspirou, cansado.
- O que houve? - perguntou, preocupada.
- Alguns de nossos melhores investidores estão querendo cortar o contato com a nossa empresa. Aparentemente não estão satisfeitos com o lucro das ações. Hoje tenho uma reunião com eles, você participará, inclusive, já que é a diretora do setor de finanças. - ele parecia cansado.
- Fica tranquilo, tenho certeza que vai ficar tudo bem. Vou trazer os relatórios dos últimos meses e mostrar pra eles que é uma questão de fase! Vai dar tudo certo, não se preocupe. - deu um selinho em .
- Ai, meu amor, não sei o que seria sem você! - disse, ainda cansado, porém esperançoso.
Algumas horas se passaram e finalmente estavam na reunião. Os investidores, aparentemente emburrados e sem paciência, estavam determinados a recusar qualquer proposta vinda de . Depois de várias quase discussões, com já estressado, resolveu se pronunciar.
- Sabe, senhores, acho que tudo isso não passa de influência da concorrência. Tenho meus contatos e soube que a empresa Collins ofereceu uma proposta para trocarem a filial em que vocês investem o dinheiro das ações. Se me permitem dizer, isso é pura inveja. - todos arregalaram os olhos, inclusive - Sei que eles nunca ofereceram nada para os senhores antes. Não parece muito suspeito fazerem isso logo no mês em que tivemos diminuição no percentual da verba total? É o único pretexto plausível para tentarem tirar vocês dessa empresa. Com todo o respeito, posso afirmar que nunca ganhariam a mesma quantidade de dinheiro como ganham aqui. Mas a decisão de investir no lugar errado ou certo não cabe a mim. Os dados indicam que esta empresa só tende a crescer, já a Collins, precisa de investidores porque está prestes a falir. Aguardaremos a decisão de vocês até amanhã. Por hoje, a reunião está encerrada. - sorriu cordialmente e se levantou, sendo seguida por um sem graça e sem entender o que ela estava fazendo.
Depois de os investidores terem ido embora, já com a resposta de que ficariam na empresa, para o alívio de , veio parabenizá-la. Os dois conversaram um pouco até que ficou tarde.
- Amor, vamos pra casa? Estou morrendo de sono! - disse, bocejando.
- Hoje eu não posso, tenho que resolver algumas coisas aqui no trabalho. Eu te encontro lá. - disse e beijou a testa de .
Ela estranhou. nunca precisou ficar até tarde no trabalho até porque ele era dono da empresa, mas concluiu que seria por causa de todas as coisas que deixou de fazer, estando preocupado com a reunião que teve naquele dia. Desde que mudou para casa de , passou a ter ainda mais luxo do que antes. Ele, que morava em uma mansão, tinha a impecável decoração, os melhores tecidos para as cortinas e roupa de cama. Era tudo no estilo dele, até chegar e acabar trazendo um pouco da sua personalidade para o local. Alguns vasos com flores, a cor das almofadas. Pequenos detalhes que ela considerou importantes e aconchegantes, não podia negar.
Deitada na cama, pela primeira vez sem , pôde refletir em como as coisas mudaram naquele ano. Em pouco tempo se apaixonou, coisa que nunca havia conseguido em sua vida inteira! E foi, certamente, a melhor coisa que lhe aconteceu. Tanto carinho dele pra ela, tantas risadas e tantos momentos! Os beijos roubados e o jogo que foi o amor. Ele, verdadeiramente, amava esse jogo, e ela? Ah, ela com certeza amava o jogador.

CAPÍTULO 4


“Wait, the worst is yet to come, screaming, crying, perfect storms … I get drunk on jealousy… You can tell me when it's over If the high was worth the pain


Algumas semanas depois, e foram convidados para uma festa de gala em homenagem a uma parceria de empresas. não podia estar mais contente! estava esplêndida! Vestia um vestido longo preto, com um detalhe prateado abaixo do busto, e seus saltos pretos. Colocou sua gargantilha de ouro branco e pulseiras de prata com detalhas de brilhante. também estava muito elegante com seu smoking. Penteou de uma maneira clássica seus cabelos castanhos e seus olhos pareciam mais azuis naquele dia. Vestidos adequadamente para a ocasião, o casal logo chegou ao evento. Várias pessoas vieram falar com eles e elogiaram o sucesso da empresa de . Alguns homens elogiaram e disseram que era muito sortido por tê-la como namorada. Depois desse período de cumprimentos, puxou pela mão, levando-o até a pista de dança. Dançaram juntos desde músicas agitadas até as lentas, que puderam dançar bem pertinho um do outro. Sussurrando uma ou duas palavras no ouvido de , foi buscar mais duas taças de champanhe.
- Já volto, - depositou um breve beijo em seus lábios.
dançou a próxima música sozinha. “Provavelmente está uma fila no bar”, pensou. Depois de mais duas músicas sem ter voltado, resolver ir ver o que estava acontecendo. Andou em meio a multidão da pista de dança e passou pelo longo corredor, luxuoso, que ia em direção ao bar. Avistou . Sim. Mas não pôde conter a fúria que tomou conta de seu corpo ao ver uma loira qualquer segurando nos ombros do seu namorado. Praticamente beijando-o ali mesmo. Na frente de todos. Não podia aceitar isso. A situação só piorou quando ele tomou a iniciativa de beijar a tal loira! Não queria fazer um escândalo na frente de todos ali na festa. Teria sua própria vingança, mas seria em casa.
Voltou para a pista de dança, esperando , como se nada tivesse acontecido. Quando ele, finalmente, voltou.
- Aqui, amor, demorei? - disse, apreensivo por se lembrar de ter deixado sozinha por mais tempo do que deveria.
- Não, nem percebi que estava longe! - riu de maneira falsa, fingindo estar brincando. Sua vontade era de esbofetear ali mesmo, mas tinha classe suficiente para deixar para fazer isso em outro lugar. Não aguentaria conviver o resto da noite com ele assim. Precisava levá-lo pra casa.
Na primeira oportunidade dançar uma música sedutora, passou a caprichar em seus movimentos, chamando atenção de e de outros homens da festa também. Segurou no pescoço dele, juntando seus corpos.
- O que acha de irmos pra casa, querido? - sussurrou o mais sexy que pode apesar de estar ardendo em lágrimas por dentro. Ele apenas sorriu malicioso, puxando-a pela mão até o carro.
Quando finalmente chegaram em casa, ele já todo animada achando que teria aquela noite, disse que estava com sede. Bebeu água, mesmo com ele beijando seu ombro, até que ela foi direto ao assunto.
- Precisamos conversar.
- Ah, , conversamos amanhã!
- Não, precisamos conversar agora! - ele suspirou.
- O que foi?
- , seja sincero, está tudo bem?
- Tudo ótimo, e você? - disse, sarcástico, não entendendo o rumo da conversa.
- Eu me refiro a nós dois, .
- Claro que está, por que não estaria? – perguntou, desatando o nó de sua gravata.
- Talvez porque você tenha beijado outra mulher na festa hoje a noite, na frente de todos que quisessem ver! - disse , completamente alterada.
- Meu amor, eu posso explicar! Não é nada do que você está pensando!
- Não é? Eu não precisei pensar! Eu vi! Eu vi, ! Por que você fez isso? Eu sabia que você era um canalha quando a gente se conheceu. Que era desejado por todas as mulheres. Mas não sabia que era covarde ao ponto de trair! Se não queria um relacionamento, se queria um caso de uma noite, deveria ter falado!
- E o que você queria? Ficar com você foi bom, mas faltava alguma coisa diferente. Às vezes eu me pergunto quem é você, porque não parece nada com a mulher de seis meses atrás! A mulher sedutora passou a ser mais meiga do que outra coisa! Eu queria aquele mulher misteriosa de antes!
- , você melhor do que ninguém sabe que eu nunca tinha me apaixonado antes! Tudo é muito novo para mim! Eu sempre ouvi as pessoas dizendo que a pior parte de se apaixonar era a dor da perda depois. Quando eu me apaixonei por você não achei que fosse verdade. Tudo o que eu via era um futuro. Mas eu devia ter percebido. Eu conhecia o seu tipo e mesmo assim deixei você tomar liberdade e roubar meu coração. - Chorava ao concluir seu raciocínio.
- Por favor, . Isso não passa de uma coisa que qualquer vadia diria. Afinal, com quantos caras você já ficou? - ele disse não aceitando ser rejeitado.
- Eu não acredito que você me chamou de vadia! Seu idiota! Imbecil! - começou a bater em . Não que a força dela, comparada aos fortes músculos dele, fizessem alguma diferença. - Acho que fui eu quem tive que escolher uma cicatriz profunda nessa relação!
- Eu deveria ter ouvido quando me falaram sobre você! Mas não, eu me deixei levar por você! Deixei você torturar meu coração! E aí você ficou toda estranha! Você mudou, !
- Homens só querem amor se tiver tortura, não é mesmo? Eu te avisei isso. Talvez eu não seja a mulher pra você. Talvez, por sermos jovens e imprudentes, tenhamos ido longe demais! Parece que eu fiz o jogo virar. A tempestade perfeita. Me diga, . Os bons momentos valeram a dor? Eu espero que sim, porque você tinha preenchido esse espaço em branco que era meu coração, mas eu faço questão de riscar seu nome eu mesma! - disse com uma última lágrima escorrendo em seu rosto. Pegou sua bolsa no sofá e saiu dali. Saiu dali se arrependendo de um dia ter se apaixonado. Deveria ter continuado com a sua frieza. Tudo o que ela fez para tentar agradar não foi o suficiente. Ela havia ficado realmente bêbada de ciúmes, mas, para ela, valeu a pena? Seria ela forte o suficiente par aguentar as consequências desse jogo que é o amor?

CAPÍTULO 5


“But you'll come back each time you leave, ‘cause, darling, I'm a nightmare dressed like a daydream


Trabalhar foi a coisa mais complicada para na semana seguinte. Aparentemente precisava ter uma reunião toda hora com ela. Ele tentava sempre tocar no assunto do relacionamento deles, mas ela só tratava de tudo o que fosse relacionado à empresa, até que um dia não deixou ela escapar.
- ! Eu sou louco por você! Lembra que uma vez você me disse que era um pesadelo vestido de sonho? Isso é verdade! Você me faz querer voltar para você a cada segundo! Eu não posso ficar longe! Sim, é verdade, eu preciso que esse amor me torture pra que eu valorize! Por favor, me aceita de volta!
não sabia o que fazer. Era, sim, a primeira vez que se apaixonava, que sofria por amor e que ficava na dúvida se fazia as pazes ou não. Como deveria agir? Como a insana que tanto falavam que era ou deveria dar uma chance ao amor?
- , eu preciso de um tempo. Um tempo para tomar uma decisão, está bem?
Saiu dali durante o período de trabalho mesmo. Caminhou confusa pelo prédio da empresa. Estranhamente não sentia que precisava voltar com . Poderia o amor sumir? Estava completamente sem saber o que fazer, e isso era novo para ela, que estava acostumada a comandar qualquer situação.
Pegou o elevador e quando o mesmo estava prestes a fechar, um homem apressado colocou a mão entre as portas. quase ficou sem ar perante tanta beleza! Talvez tivesse, sim, superado . Como saberia se não tentasse algo com outra pessoa, certo? Ela esperava que a resposta fosse sim.
- Olá! Por onde você esteve que eu nunca te vi por aqui? - disse, risonha, para o homem a sua frente, que sorriu envergonhado com o elogio.
- Bem, sou novo na empresa. Estou na contabilidade. - sorriu.
- Ora ora, acho que nos veremos mais vezes! Sou , diretora do setor de finanças!
- Ah, minha chefe, ham? - riu da situação - Sou Eric Shelton, é um prazer conhecê-la! Está de saída? - perguntou vendo que também havia apertado o botão do térreo.
- Sim, e pelo visto você também. – Sorriu.
- O que acha de tomarmos um café? – Perguntou, esperançoso.
- Eu adoraria, Eric - sorriu, sedutora como de costume.
Talvez seu destino não fosse amar alguém. De qualquer forma, ela iria descobrir.
Tinha, sim, se aproximado de Eric, mas sentia que o ciclo estava se repetindo. Não queria sofrer por amor novamente. Definitivamente não. Estava decidida a fazer tudo voltar a ser como antes. Seu lance com ele, Eric, não passou de uma semana, como estava acostumada. Era a estranha a sensação de ter perdido algo. O que seria? Nunca havia se sentido assim antes. Mesmo.
Em mais um dia da sua rotina de trabalho, decidiu, por impulso, falar com . Não sabia por que queria isso, mas só se deu conta quando estava no escritório dele, sem ser ao menos anunciada antes.
- ! – Exclamou, surpreso. Tinha ouvido a respeito dos boatos dela com Eric, e não podia estar mais triste.
- . - Cumprimentou com a cabeça, singelamente. - Posso falar com você?
- Claro, sente-se! – Disse, ainda envolto pela surpresa de tê-la ali, na sala dele, sem ser um sonho.
- Eu queria saber se você sente a minha falta. - Falou, sincera, e ele suspirou, parando para pensar na sua vida.
- , eu era sim um canalha. Um sem coração, galanteador e galinha. Mas aí eu conheci você. Seu jeito sedutor e meigo ao mesmo tempo me deixou maluco! Literalmente louco. Eu só conseguia pensar em o que fazer para te agradar! Todos os meus pensamentos incluíam você. Você é a protagonista dos meus sonhos a noite. Eu não tenho medo de me arriscar com você, , porque foi você quem me fez ver o mundo com outros olhos.
- , eu te amo. Como, literalmente, nunca amei ninguém! Eu quero você na minha vida. Quero levar isso adiante. Mas preciso que você seja sempre honesto comigo. E que por favor, não me faça de idiota e me traia na primeira oportunidade!
- ! Eu quero ir longe demais nesse amor! Quero as cicatrizes que você tanto fala, quero que o seu amor me torture, quero que seja pra sempre! Porque eu sei que vai valer a pena! Estar com você vale a pena! Amar, ser amado, ficar sem ar só por você chegar perto de mim, é tudo o que eu mais quero! Então, por favor, eu peço que você me deixa ficar na sua vida! Porque eu nunca, nunca, nunca vou te deixar! Eu te amo, , e você é o meu melhor pesadelo.

“I've got a blank space, and I'll write your name”




FIM



Nota da autora: 06.04.2015

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