A pequena Aimee estava nervosa aquele dia. Tinha acordado horas mais cedo e importunado a mãe até as duas começarem a se arrumar. Então tinha colocado sua roupa favorita, quase não conseguindo passar a cabeça pela blusa e trocando os pares de tênis. Mas agora, se encontrava na fila de alunos que aguardavam para entrar no pequeno palco do auditório da escola “primária”.
Olhava ansiosamente para a plateia, tentando encontrar o pai no meio da multidão. Sua mãe lhe prometera que ele viria, ontem à noite, e ela estava tão ansiosa para vê-lo pela primeira vez que nem lembrava da apresentação que faria.
Seus olhos encontraram a mãe, conversando e rindo com a mãe de uma amiga sua. Mas o pai não estava ao lado dela. A menina se sentiu frustrada, mas não parou de procura-lo pelos outros lugares, inclusive os mais cheios, já que ele poderia estar perdido. Até que a professora veio até a fila em que estava.
- Prontos para entrar, pequenos? – perguntou a professora, sorrindo reconfortantemente para eles. Mas o nervosismo de Aimee apenas aumentou. Onde estava seu pai, afinal? – Vocês se lembram de seus passos, certo?
Todos os alunos assentiram e sorriram, felizes por finalmente estarem prestes a se apresentar aos seus pais. Mas Aimee não estava se sentindo feliz. Por que seu pai não chegara ainda? Ele já deveria estar aqui uma hora dessas, não devia?
- Vamos entrar, então – disse a professora, entrando no palco e chamando os alunos.
Todos a seguiram, e quando chegou a vez de Aimee entrar no palco, ela parou. Não podia se apresentar sem que o pai chegasse. Ele devia estar no meio do caminho, já devia estar chegando. Era só esperar mais alguns minutinhos.
- Venha, Aimee, não precisa sentir medo – disse a professora, tomando sua mãe e trazendo-a para o seu lugar no palco.
Com os olhos brilhando com as lágrimas, Aimee olhou para a mãe, sorridente na plateia. A mãe encontrou seu olhar e seu sorriso aumentou ainda mais. Ela acenou para Aimee e estendeu a câmera para bater uma foto. E no exato momento, a garota abaixou o olhar. Por que não via seu pai em lugar nenhum?
A música começou a tocar nos alto falantes da escola e os alunos começaram a dançar conforme o ensaiado. Aimee se juntou a eles, cantando a música como tinha sido instruída a fazer. Mas os olhos não paravam de se movimentar pela plateia, procurando o pai que sabia que estava ali, vendo-a.
Sua mãe chorou e gritou seu nome no final da apresentação. Aimee sorriu, mas não era verdadeiro. Correu até a mãe, quando todas as crianças fizeram o mesmo, e assim que a mãe a pegou no colo, perguntou, a voz embargada de choro.
- Cadê o papai? Ele me viu?
E o sorriso da mãe vacilou, mas ela nem ao menos percebeu, já que ainda olhava ao redor, procurando-o no meio da multidão.
- Ele não pôde vir, querida – disse a mãe, beijando sua bochecha e sorrindo o mais feliz que pode. – Mas você estava tão linda! Foi a que dançou melhor!
Aimee olhou confusa para a mãe, e não entendeu porque via lágrimas ali. Seu pai não estava ali? Porque ele não viera vê-la dançar para ele? Seus ombros caíram e ela se sentiu triste como nunca. E quando ia começar a chorar, a mãe prometeu leva-la para tomar sorvete. Mas Aimee não queria sorvete. Queria o pai.
~*~*~
Era seu aniversário de 16 anos, e Aimee estava linda. Naquela noite, ela não parecia mais uma menininha, e estava decidida a não ser mais uma. Aquele era o momento de crescer, e se tornar uma mulher de verdade. Mas, no fundo de seu ser, ela ainda era uma menininha, e esperava ver o pai na hora da valsa.
O dia havia sido lotado para ela, que acordara cedo para ir ao salão de beleza, e lá, não fizera apenas a maquiagem e o cabelo, mas também todo o restante da produção necessária. Estava sorridente, bela e alegre desde que acordara, apesar de odiar acordar cedo e não ter um momento sequer em paz.
A mãe estava ao seu lado todo instante, fazendo-a rir ainda mais. E Aimee não podia estar mais feliz. No começo da festa, ela estava radiante, e a cada convidado que chegava, seu sorriso apenas crescia. Ela tentava fingir que não, mas guardava o melhor sorriso da noite para seu pai. Ansiava por sua chegada, e cada vez que a porta do salão se abria, ela se virava esperançosa. Mas nunca era seu pai que entrava por ela.
Todos comeram e conversaram e enrolaram um pouco. E quando não dava para adiar mais nenhum minuto, Aimee entrou em seu camarim para trocar de roupa para a cerimônia. Dizia para si mesma que o pai estava querendo fazer uma surpresa, e apareceria quando ela fosse ter sua valsa com ele.
Então ela terminou de se trocar, e avisou a mãe, que avisou o DJ, que começou a cerimônia. A primeira a entrar foi sua mãe, com seu padrasto. Depois, suas amigas e seus pares. E, sem que ela sequer visse o tempo passar, era a vez dela.
Com as pernas trêmulas e as mãos suando, ela deu um passo para entrar no salão cheio de convidados. E todo mundo gritou, saudando-a. E ela sorriu, maravilhada com tudo aquilo. Mas, exatamente como costumava fazer antes, seus olhos procuravam o pai em cada rosto que via. E não o encontrara em lugar nenhum.
- Viva a estrela da noite! – disse o DJ no microfone, chamando-a para o centro do salão.
Ela se pôs ao lado da mãe e do padrasto, e sorriu para todos os convidados. Sentia-se a pessoa mais amada e a mais triste do mundo, ao mesmo tempo. Mas não deixou que ninguém visse isso.
- E agora, convido-os a assistir a tão esperada valsa do Pai e da Filha.
E os olhos de Aimee brilharam, ao ouvir aquilo. E imediatamente procuraram o pai pela multidão.
Mas quem pegou sua mão e levou-a para a pista de dança foi seu padrasto.
E quando as mãos dele foram para sua cintura, e as dela para o pescoço dele, e eles começaram a dançar, Aimee sentiu as lágrimas nos olhos. Colocou o rosto no ombro do padrasto, e chorou silenciosamente, esperando que ninguém reparasse. Mas Paul apagou suas costas, o que significava que todos haviam percebido.
Quando a dança terminou e eles se separaram, Paul sorriu para ela e afagou sua bochecha, como o pai que nunca conhecera. E Aimee sorriu para ele, e antes de deixa-lo ir, abraçou-o de novo.
- Obrigada, Paul – sussurrou para ele. – Por ser o melhor pai do mundo.
Então deixou-o ir e seu príncipe conduzi-la a uma nova dança. Porém captou os olhos da mãe, pouco depois de Paul chegar ao seu lado, e eles estavam tão vermelhos quanto os dela deviam estar. E as palavras que ela sussurrou apenas fizeram Aimee apertar seu príncipe ainda mais.
- Ele te ama, você sabe.
O pior de tudo, é que, no final da noite que fora a melhor de sua vida, Aimee apenas se sentia esgotada. Tanto pela festa quanto pelo descaso do pai. Apesar do que a mãe lhe falara, ela tinha certeza de que ele não a amava. E foi naquele dia que ela decidiu nunca mais pensar nele.
~*~*~
Assim que abrira os olhos naquela manhã, Aimee se sentira bem. Thayer estava ao seu lado e ela podia sentir o peso do braço dele em sua cintura. E apenas aquilo a fez sorrir.
- Bom dia, amor – disse ao se virar na cama e beijar o maxilar de Thayer.
Então ele sorriu para ela, com os olhos ainda fechados, e Aimee não pode segurar o impulso de beijá-lo. Quando abriu novamente os olhos, ali estavam os de Thayer, encarando-a. E, novamente ela se sentiu mais feliz que nunca.
- Vamos acabar nos atrasando se ficarmos aqui – disse ele, a mão acariciando sua barriga. – É melhor levantarmos.
Mas apesar de falar isso, Thayer continuou no mesmo lugar, encarando-a. Então Aimee sorriu e levantou-se. Andou pelo quarto do namorado e recolheu suas roupas no chão, seguindo para o banheiro.
- É bom estar quase pronto quando eu sair desse banheiro, querido – disse ela, sorrindo antes de fechar a porta do banheiro comum da casa.
E, enquanto se despia para entrar no banho, fingiu que não ouviu ele gritar uma resposta. Se banhou, arrumou o cabelo e, quando saiu do banheiro, já estava pronta com o vestido bonito que comprara para a ocasião.
Thayer já a esperava na sala quando ela saiu. Ele também já havia tomado banho e vestia seu smoking mais bonito. Quando o viu, Aimee teve certeza de que nunca iria se acostumar a vê-lo arrumado. Ele ficava tão lindo que poderia se passar por um modelo de revista.
- Pronta? – perguntou ele, levantando-se e estendendo a mão para ela. – Preparei um dia especial para nós, hoje.
Quando Aimee colocou sua mão na dele, o sorriso de Thayer se expandiu até parecer que iria rasgar sua cara. E os dois não podiam estar mais felizes.
Durante o dia inteiro, eles ficaram juntos. Primeiro, almoçaram num restaurante chique no centro da cidade. Depois, foram para a recepção da formatura deles, que durou a tarde inteira. Eles ficaram lá, conversando e se divertindo com os antigos colegas de escola até o sol descer no horizonte e desaparecer. Então, a formatura começou.
Eles tiveram que se separar, e Aimee foi com suas amigas até uma sala feminina. Lá, colocou a beca por cima do vestido chique que usava, e AQUELE CHAPEU. Então ela e as amigas tiraram fotos com as roupas de formatura no jardim do local, até que os meninos chegaram, todos vestidos com as mesmas roupas, e tão felizes quanto elas.
Naquele momento, Aimee se sentia quase completa. Quase, porque na metade do dia, lembrara-se do pai, e agora não parava de desejar que ele viesse. Tentou tirar isso da cabeça, mas esses pensamentos tomavam cada vez uma parte maior dela. E Thayer percebeu isso quando encontrou-a nas cadeiras, enquanto esperavam o diretor começar a cerimônia.
- O que aconteceu, amor? – perguntou ele, pegando a mão dela nas suas. – Está com um sorriso morto e um olhar vago desde que voltou do salão com as garotas.
- Eu só estou um pouco indisposta – mentiu ela, tirando sua mão das dele e fingindo pegar alguma coisa na bolsa. – Acho que alguma coisa na comida do restaurante não em fez bem... vou tomar um remédio e já volto.
Com essa desculpa, ela se levantou e andou até o jardim. Observou as famílias mais atrasadas chegarem à cerimônia e enxergou a mãe conversando baixinho com o padrasto algumas cadeiras atrás de onde estivera sentada com Thayer. Sua mãe parecia preocupada, olhando ao redor, e por um tempo, Aimee considerou a ideia de que talvez ela estivesse procurando seu pai.
Enfim decidiu parar de esperar pelo pai, sabendo que ele não viria, e voltou ao seu lugar, acenando para a mãe no caminho.
- Está se sentindo melhor? – sussurrou Thayer para ela assim que ela se sentou ao seu lado.
O diretor já começara a falar e alguns dos alunos já recebiam seus diplomas, então estavam todos calados. Aimee olhou para Thayer e sorriu para ele, tentando parecer convincente.
- Estou sim – mentiu. – Estou muito melhor, querido.
Não demorou e Thayer foi chamado para receber seu diploma e Aimee ficou sozinha ali. Ela se sentia triste e vazia do mesmo jeito que costumava se sentir quando era mais nova. Por isso se forçou a sorrir e parecer mais madura quando seu nome foi chamado e ela caminhou até seu diploma.
Percebeu que o que tentava fazer era impossível quando olhou, sem querer, para os convidados da formatura. Lá estava sua mãe e seu padrasto. Estavam lá também toda a família de Thayer, inclusive sua irmã mais velha, que trouxera os filhos pequenos. Eles pareciam tão felizes e sorridentes, e assim que pegaram Aimee olhando para eles, a irmã de Thayer se virou para o pai e sussurrou algo em seu ouvido. E a intimidade entre eles fez com que os joelhos de Aimee ficassem moles.
Ela apenas sorriu forçadamente para o diretor e pegou seu diploma. Mostrou-o a todos, como era indicado que fizesse, e desceu do palanque, sentindo-se enjoada. Mal ouviu Thayer falar com ela, sentado nas cadeiras guardadas para os formandos; apenas seguiu para o jardim com as pernas tremendo.
Seus joelhos cederam assim que ela chegou ao estacionamento. Ela apenas não caiu porque Thayer estava ali, e sustentava-a. E nem percebeu que chorava até que abraçou o namorado tão apertado que sentia o coração dele batendo contra o seu. Chorou tanto que soluçava e tremia, e tinha certeza que a maquiagem estava horrenda naquele instante.
- Acalme-se, Aimee – dizia Thayer, tentando confortá-la, segurando-a firme nos braços. – Acalme-se.
E, apesar de ter Thayer ali com ela, ele não podia acalma-la como o pai faria. Aos poucos, os soluços foram parando e a tremedeira se foi junto. Então o choro cessou e Aimee encarou os olhos aterrorizados de Thayer com os seus vermelhos e inchados.
Mas, em vez de ficar horrorizado, Thayer apenas limpou as lágrimas do rosto de Aimee com as pontas dos dedos e seus olhos se acalmaram, transmitindo apenas uma imensa ternura que ele sempre tivera.
- Está melhor agora? – perguntou ele delicadamente, ainda envolvendo-a nos braços. – E eu digo realmente melhor.
- Sim – murmurou Aimee, encostando a cabeça no ombro do namorado. – Podemos conversar sobre isso em outro lugar?
Quando Thayer concordou, eles foram até o carro e Aimee ligou para seus pais e para a família do namorado, dizendo que os encontraria em uma churrascaria daqui a uma hora, para comemorarem. Inventou uma desculpa fajuta apenas para não desconfiarem da saída repentina dos dois, e todos pareceram concordar. Por fim, acabaram indo para o apartamento de Thayer, e lá sentaram-se na cama, enquanto Aimee se preparava para começar a falar.
- Nunca conheci meu pai – disse ela, finalmente. Thayer não aguentou a distancia entre eles, e a trouxe para perto de si, embrulhando-a com os braços. E Aimee se deixou ser aninhada por ele. – Minha mãe o conheceu em um verão e eles ficaram juntos por dois anos, até que ele decidiu se tornar aviador. Quando foi embora, disse para minha mãe que voltaria um mês depois. Mas conforme os dias passavam, ele revelou que não voltaria em menos de um ano. Então minha mãe descobriu que estava grávida. Quando contou para ele, ele voltou para vê-la.
“E ele ficou por aqui por uns meses, até ter que voltar para o trabalho. E desde então nunca mais apareceu. Ele nunca veio em nenhuma peça de teatro, nenhuma apresentação de dia dos pais. Nunca mandou um presente, ou ligou para mim. No começo, mandava cartas todas as semanas para minha mãe, mas elas ficaram cada vez menos frequentes, e eventualmente, cada um seguiu seu caminho.”
Thayer fazia círculos com as pontas de seus dedos no braço de Aimee, e ela podia sentir seu peito subir e descer com a sua respiração. Mas ele não disse nada até que a primeira lágrima escorreu até molhar sua camisa.
- Está tudo bem, Aimee – ele disse carinhosamente, beijando sua testa. – Eu nunca vou te deixar. Sempre vai me ter com você.
- Eu sempre esperei por ele, sabe... – disse ela, finalmente se libertando do peso que carregara desde pequena. – Sempre olhava para todos os lugares nas ruas, pensando se ele iria aparecer e me pegar no colo e dizer que me amava. Então eu percebi que ele não ia fazer isso. E eu não pensava mais nele com tanta frequência. Mas hoje... estavam todos lá, Thayer. Todos, menos ele.
Os braços de Thayer apertaram-se ao redor da namorada e ele fechou os olhos ao respirar fundo. Ela já chorava novamente, e seus soluços cortavam o coração dele.
- Aimee, escute-me bem – murmurou ele, os olhos ainda fechados, a respiração ainda pesada. – Eu não sei o que você sente e nunca vou sentir. Mas juro que farei tudo que posso para que você não sinta isso. Porque te ver desse jeito é a pior coisa do mundo. Nunca irei te deixar, amor, e você sabe disso. Não vou ser como seu pai. Não vou te abandonar. Vou sempre estar aqui, para o que você quiser.
Aimee fungou e se aninhou ainda mais a Thayer, gostando da sensação de tê-lo ali com ela. E, pela primeira vez em sua vida inteira, ela não se sentiu tão vazia. Tinha Thayer e isso era quase o suficiente. Quase.
~*~*~
Era o dia de seu casamento e Aimee nunca esteve tão nervosa. Alisava seu vestido a cada cinco segundos e suas mãos soavam tanto que ela tinha medo de acabar manchando-o. Faltando pouco tempo para sair de casa, ela sentia como se tudo estivesse errado.
Seu cabelo estava alto demais? Sua roupa, muito chamativa? E aquele véu, não era coisa de velho? Deus, parecia que sua cabeça ia explodir.
Aimee decidiu então, que precisava respirar, se acalmar, e, em vez de entrar no carro, ela se sentou no balanço na frente de sua casa. Costumava ficar ali quando era menor, tentando alcançar o céu, ou conversando com as amigas, ela se lembrava. Mas ela nunca ficara ali para pensar na vida, o que fazia agora.
Estava certa de que o certo era se casar. E não havia nada impedindo-a de fazê-lo. Ninguém estava lhe falando que aquilo era errado. Então porque tudo parecia tão fora do lugar?
Aimee suspirou e olhou para o vale que via todos os dias. Aquela casa, no meio do campo, era de seu pai. Seu pai havia dado para a mãe, anos atrás, e agora ela morava aqui com o novo marido. A casa era enorme e tinha até mesmo um hangar nos fundos. Aimee nunca gostara muito daqui, já que era longe demais da escola, e tinha que pegar o ônibus todo dia de manhã. Mas agora, não sentia nada em relação a ela.
Foi então que ela descobriu o que estava tão errado naquela história toda. Ela não sentia falta do pai. Sempre, em todas as ocasiões importantes de sua vida, Aimee sentira falta do pai ao seu lado. Mas agora, nada. Quer dizer, agora que pensara nele, sentia falta de tê-lo por perto, confortando-a naquele instante e fazendo-a ter certeza de que tudo aquilo era realmente o certo.
Aimee suspirou e deixou seus ombros afundarem no balanço. Sentia-se terrivelmente vazia agora e não sabia o que fazer. Queria ter Thayer aqui, dizendo-a que aquilo não era errado.
Então começou a ouvir um zumbido estranho. Não deu atenção a ele, no começo, mas quando ele ficou cada vez mais alto, ela percebeu que devia ser algo importante. Olhou para trás, e ficou confusa ao ver um avião estacionar no velho hangar que ninguém nunca usava. Por fim, decidiu ir até lá para ver quem estava chegando.
Não disse para mãe, que a esperava dentro do carro onde estava indo, nem a melhor amiga, que era sua madrinha e buzinava que nem louca do carro. Apenas caminhou até o hangar, com seu vestido enorme de noiva. Sequer pensou em como aquelas portas estavam abertas, ou como aquele avião tinha conseguido entrar no hangar de sua mãe; apenas entrou.
E parou no instante que viu um homem saindo do avião. Ele devia ter uns quarenta, quarenta e cinco anos, no máximo. Tinha uma barba de um dia no rosto e olhos incrivelmente azuis, o que chamou a atenção de Aimee. Aqueles olhos... eram iguais aos seus.
- Quem... é você? – perguntou a garota, sentindo-se sem fôlego. E não era pela caminhada até ali.
Era ele, com certeza, e Aimee tinha certeza disso. Mas não pode deixar de perguntar. Queria ouvi-lo dizer aquilo. Queria saber se era realmente verdade que ele tinha voltado por ela, no dia de seu casamento. Aquilo era tão, mas tão surreal, que lágrimas surgiram nos olhos de Aimee.
- Olá, querida – disse o homem, a voz grossa totalmente diferente do que ela sempre imaginara. Na verdade, ele inteiro era diferente do que ela imaginava. – Não sabe o prazer que é finalmente te conhecer.
Aimee estava estática em seu lugar. Não acreditava naquilo. Logo no dia em que ela não esperava por ele, ele veio. E, tudo que pode fazer foi chorar. Não se mexeu, não correu até ele. Apenas ficou parada no lugar, chorando.
E então seu pai foi até ele e abraçou-a, inseguro no começo, mas confiante quando ela o abraçou de volta. E Aimee apoiou seu rosto no ombro do pai, do jeito que sempre quis apoiar. E poder fazer aquilo era muito melhor do que ela imaginara.
- Eu te amo, filha – disse ele, a voz parecendo emocionada. – Sinto muito por não ter vindo antes... mas é que eu estava a caminho.
Aimee fungou e sorriu no ombro do pai ao perceber o que acontecia ali. Porque, depois de tanto tempo, finalmente, se sentia totalmente completa.
Nota da Beta: Erros? Avise por email ou Facebook. Contato com a autora? Através de email ou Twitter. Obrigada. Xx, Amy Moore.