Eu nunca fui a mais popular do colégio, mas tinha minha melhor amiga que sempre foi como uma irmã para mim. Contava e compartilhava tudo com ela. E uma das coisas que reinavam entre os nossos papos era ele: um loser super irritante que estudava comigo e nunca me deixava em paz. O nome dele? . Porém, sempre o chamava de loser ou só de . Não gostava de citar o nome dele.

O menino até que era bonito... Está bom. Eu confesso: ele era um ga-to, porém isso não faz dele o garoto dos meus sonhos. Até parece. Eu... Gostando de um loser! Não. Definitivamente não. O que eu sentia por ele, além do ódio, admito... Era um tipo de atração, mas só carnal. Digamos que o corpo dele não era de se jogar fora. Venhamos e convenhamos, né? Não sou de ferro, porém, ainda assim, continuo o odiando.

Segunda-feira – o pior dia para uma aluna que cursava a faculdade de Jornalismo. Acho que para qualquer aluno, né?! Ainda mais eu, que tenho que me encontrar com... Você sabe quem. Cheguei lá e já fui me encontrar com . Fomos para a sala, que o sinal já havia batido.

– Saco. Aquele loser não falta nunca!
– Calma, . Não preste atenção nele. Temos uma prova agora. Concentre-se – falou , tentando me distrair.
– É, você tem razão. Ainda bem que “estudei” – fiz aspas com os dedos. – Está pronta para colar?
– Seeeeempre, hahahahaha – disse ela.

Durante a prova, ele não parava de me olhar. Qual o problema dele? Será que o menino quer que eu lhe passe cola? Ah, tá! Vá esperando, bonitinho. Se fosse por mim, você repetia de ano.
Entreguei minha prova e, quando estava saindo, vi-o entregando a dele também. Hã, só espero que ele não vá pra casa, já que é o mesmo caminho. Sim, o cara mora perto de mim, para piorar a minha situação. E, como eu NÃO queria, o garoto estava indo para casa. Droga, droga, droga.

– Ei, quem diria?! A rabugenta terminou a prova cedo hoje – o rapaz falou num tom de deboche. Argh... Um tom que me dá raiva!
– O que você quis dizer com isso? Que eu sou burra, é?
– Talvez. Não sei. Diga você mesma.
– Haha, olhe quem fala, . Você também terminou a prova cedo!
– Mas diferentemente de você, eu estudo. Sou inteligente (N/A: Ai, desculpe, gente. Tive que fazer uma dessas piadinhas baratas com ele).
– Hahahahahahahahahaha. Essa piada foi boa, estrume! – e saí andando, rindo de cabeça erguida, orgulhosa por ter saído por cima da situação. Eu sou tão infantil!

Cheguei a casa. Minha mãe estava fazendo o almoço e, quando ela notou que eu tinha chegado, me chamou:
– Filha, nós temos um jantar hoje. Vamos eu e seu pai e queremos que você vá também.
– Jantar onde, mãe? – eles nunca saíam de casa. Até estranhei. Fiquei super curiosa para saber.
– Na casa dos s. Eles nos convidaram para jantar e nós vamos. O filho deles é uma gracinha. Você vai adorar conhecê-lo.
– Quem? O ? Já o conheço. Ele estuda comigo e é um chato repugnante. É por isso que resolvo não ir – AI, MEU DEUS! Gracinha? De onde ela tirou isso? O podia ser qualquer coisa, menos uma gracinha. Não vou a esse lugar nunca. Aquela casa é um lugar proibido para mim!
– Você vai, sim! Já resolvemos e sem discussões. Esteja pronta às oito. Pretendemos chegar lá cedo. Não queremos ser desagradáveis. E seja muito bem educada, mocinha. Não nos faça passar vergonha!

Fui para o meu quarto bufando de raiva e, quando cheguei lá, bati a porta com tanta força que mais um pouco eu chegaria a quebrar a casa toda! Quis gritar de tanta raiva que estava da minha mãe! Saco. Eu não quero ir. A minha vida é uma desgraça e ponto final.

Eram sete horas e eu tinha que começar a me arrumar. Tomei meu banho e fui em busca de uma roupa pra vestir. Não fazia questão de me vestir bem, então coloquei a primeira peça que eu vi no meu armário. Uma blusa branca folgada em corte V, onde realçava os seios, um short jeans esgarçado e o meu inseparável All Star preto todo sujo, porque All Star limpo não tem história para contar, né?! O meu cabelo estava em um coque folgado e não usava nenhuma maquiagem.

Falei para a do jantar e o que foi que ela disse? “Boa sorte!”, e riu da minha cara. Olhe que amiga legal que tenho, pessoal!
Eram oito horas. Meus pais estavam me chamando para descermos e irmos. Desci as escadas com a mínima vontade de ir, totalmente desanimada.

– Nossa filha, melhore essa cara – minha mãe disse.
– É, filha. Com essa cara você vai acabar deprimindo todo mundo lá – meu pai acrescentou.
– É... Mas é a única que tenho. Vamos logo para o inferno para a gente voltar logo.

E fomos. Apesar da casa ser perto, fomos de carro. Era uma distância do tipo perto para ir de carro e longe para ir a pé. Chegamos lá e a senhora nos recepcionou com uma cara super feliz.
– Olá! Bem-vindos – ela falou com um enorme sorriso estampado na cara. Um sorriso que eu até poderia falar... Muito parecido com o do .

Logo depois, o senhor veio nos cumprimentar com beijos e abraços apertados.
– Oh! Bem-vindos! E que linda filha vocês têm, hein?! – ele disse, olhando para mim em um gesto de aprovação.
– Ah! Obrigado, senhor ! Deu certo trabalho para gerar isso! – meu pai e seu jeito de me deixar sem graça na frente dos outros. Argh...
– Vou chamar o ! – essa frase me assustou completamente!
querido, desça. Os convidados já chegaram.

E fomos para a sala de estar. Sentamo-nos em um belo sofá branco confortável e começaram a falar coisas que eu, sinceramente, não estava nem um pouco a fim de prestar atenção. Eles simplesmente esqueceram o fato de eu estar ali, então subi para ver o que o estrume do fazia que até agora que não tinha descido.
Fui procurando até achar uma porta semiaberta, de onde saía um som de violão e uma voz belíssima. Rouca, mas linda demais de se ouvir. Abri devagar para ninguém notar e vi que era o tocando seu violão, cantando qualquer música. Quando ele percebeu que tinha alguém o vigiando, parou, olhou para trás e me viu. Ai, droga. Não deveria ter saído daquele bendito sofá.
– Desculpe. Eu estava procurando o... – dei uma pausa para pensar em uma desculpa. – ...Banheiro – que desculpa mais esfarrapada. Essa é mais antiga que a minha vó.
– Anda espionando as pessoas? Saiba que isso é feio, deselegante e muito desagradável da sua parte – e se virou, continuando a tocar o seu violão.
– Posso ficar aqui? É que lá embaixo não está muito interessante, sabe? – de onde tirei a ideia de que ficar com o era melhor que ficar numa sala, ouvindo os meus pais falarem um monte de baboseiras?
– Isso quer dizer que sou mais interessante? – ele me olhou num ar de superioridade e malícia.
– Bem... É que vi você tocar violão. E eu gosto de violão. Só isso.
– Tudo bem. Mas, se você se sentir irritada, não esqueça que a opção foi sua – e se virou novamente.

Entrei e me sentei na sua cama, em que o rapaz estava tocando. Ele começou a cantar de novo, cara! Que voz! Nunca pensei que esse estrume pudesse ser útil em alguma coisa.
– Que úusica é essa?
– “You’ve Got a Friend”, do James Taylor. Conhece?
– Noop!
– Hã! É logico que não. Você não tem bom gosto para nada. Vem jantar na casa dos outros e olha como está vestida!
– Pois saiba que eu não fazia questão de vir. Na verdade, nem queria vir.
– Então por que veio?
– Porque meus pais me obrigaram.
– Hum, sei!

Ficamos lá por um tempo e depois os pais do nos chamaram para comer.
– Venham, garotos. O jantar está na mesa – falou a senhora .

Sentamo-nos na mesa, eu de frente para ele. Saco... Até para jantar tenho que ficar olhando para aquela cara de sonso. Aff!

Estávamos todos na mesa. Quando fui pegar meu copo de refrigerante (Zero, porque estou numa dieta e não quero parar no meio do processo), senti algo passando na minha perna. Era ele passando o pé dele em mim. O MENINO ESTAVA SE ESFREGANDO EM MIM! Acabei deixando cair todo o meu refrigerante. AAAAAAAHHHHHHH! COMO EU O ODEIO!
Meus pais começaram a me olhar, quase espumando de raiva e vermelhos de vergonha. Minha mãe estava ao meu lado. Ela me puxou para mais perto de si e falou baixo no meu ouvido:
– Nós conversamos mais tarde em casa – cara, você sabe o que isso significa? Provavelmente 99,9% de chance de eu ficar de castigo, sem meu computador ou sem sair para as minhas festas de sábado. , SEU FILHO DA PUTA!
– Não. Está tudo bem. Isso acontece. Sem problemas. Limparemos isso aqui e vamos para a sala de novo. Sem problemas – a senhora falava, calmamente limpando tudo.
Quando olhei para ele cheia de raiva, o menino estava quase explodindo de tanto rir. Argh... Vou bater nesse garoto. Segurem-me! E, ainda por cima, eu me molhei toda de refri.
querida, lá em cima tem o banheiro. Vá lá se limpar. Está toda suja – a senhora falou atenciosamente. Ela era bem diferente do filho. Era agradável, educada, elegante e meiga. De quem aquele crápula puxou tanta ignorância?

Subi, procurando o banheiro. Eram tantas portas que quase me perdi, mas felizmente achei. Estava limpando minha blusa, quando a pessoa que eu menos queria ver chegou.
– E aí? Está conseguindo tirar a mancha? – ele falou, ainda rindo da minha cara. – Saia daqui, . Por que você fez aquilo?
– Porque quis. Pensei que seria engraçado... E foi – e começou a ter um ataque de risos de novo.
Não dava pra eu ir embora naquele estado. Minha blusa estava totalmente encharcada e manchada.
– Quer uma blusa minha emprestada? Depois você me devolve.
– Não. Obrigada. Tenho nojo de você – falei, sem me importar muito com o que estava dizendo. Minha atenção estava toda virada para a minha blusa, uma das que eu mais gostava.
– Ok. Então fique aí com essa toda manchada.
Quando o garoto estava se virando para sair, chamei-o. Não poderia sair na rua assim. Era sexta-feira. A essa hora, ainda tinha muita gente na rua. E, mesmo que eu estivesse de carro, não iria sair daquele jeito.
– Espere. Eu aceito.
Ele simplesmente saiu falando:
– Venha comigo.
Meus pais estavam lá na sala, conversando e rindo. Nem se importaram com a minha falta. Entrei no quarto dele. O menino estava de frente ao guarda-roupa dele, escolhendo uma blusa qualquer. Sentei-me na cama dele, esperando a blusa.
– Aqui! Veja se esta serve. Peguei uma que não se parecesse tanto com uma de homem.
– Ok. Obrigada – e saí até o banheiro.
Até que a camisa dele ficou bem em mim. Afinal, tudo fica bem na gostosa aqui, haha.
Saí de lá e, quando estava no corredor, indo para descer as escadas, escutei de novo aquela voz encantadora e que acabou me levando a voltar e ir paro quarto dele. Cheguei lá, o rapaz estava tocando seu violão e cantando aquela mesma música.
– Você gosta mesmo de cantar, não é? – falei.
– Você gosta mesmo de entrar sem bater na porta antes, não é?
Entrei e me sentei ao lado dele.
– Posso? – perguntei, pedindo permissão para pegar o violão.
– O quê? O violão? Você sabe tocar? – ele me olhou com uma cara de espanto, do tipo que não acreditava que eu soubesse tocar um mísero violão.
– Sei, sim.
O cara me deu o violão e eu comecei a tocar. Eu cantava bem até. Não cantava profissionalmente, mas, quando tinha festas para ir, sempre dava o meu showzinho. Tocava desde os meus onze anos, então se pode dizer que eu tocava melhor do que cantava. Porém, nada que os outros não pudessem ouvir. Cantei “Wish You Were Here “, da Avril Lavigne. Sempre gostei dessa música.
– Você até que tem uma voz boa, mas acho a minha bem melhor – ele falou, todo se gabando.
– Aff. Feche-se, garoto.
– Não é nada demais. É que Avril nunca foi uma das minhas preferidas. Prefiro rock mais antigo, tipo... Queen ou The Beatles. Conhece?
– Hum, conheço, mas não faz meu estilo.
– Você tem estilo?
Argh... Aquilo com certeza me deixou com raiva. Saí dali, bufando de ódio, se é que dá para ter mais ódio dele. Desci e fiquei lá embaixo com os meus pais, escutando-o falar de como a vida no mercado de trabalho está difícil hoje em dia. Melhor do que ficar lá com aquele estrume.
Passaram-se alguns minutos e minha mãe recebeu uma ligação. Ela estava com uma cara assustada e triste ao mesmo tempo. Começava a chorar e meu pai perguntava o que estava acontecendo. A mulher simplesmente desligou o celular e deitou a cabeça no ombro dele. Fui correndo até ela. Fiquei super preocupada. Minha mãe não era de chorar nem de demonstrar suas emoções.
– Mãe, o que aconteceu? – perguntei, olhando-a fixamente.
– A sua avó... Filha... Ela não... Ela... – e desabou a chorar de novo.
Entendi tudo na hora. Minha avó tinha morrido. Minha mãe a amava muito. Quando era criança, o pai dela, meu avô, as abandonou e ela a criou sozinha. Com muita dificuldade, mas criou. Então comecei a chorar também. Sentiria muito a falta dela, dos biscoitos que a mulher fazia quando íamos lá visitá-la, do sorriso fraco por causa da idade que dava ao nos ver chegando. Como eu a amava. Estava completamente acabada.
O senhor e a senhora estavam a amparando com consolos e pensamentos positivos de que tudo ia dar certo e ficar bem. Meu pai também. Eu simplesmente me sentei no sofá e chorei, com as mãos escondendo meu rosto para ninguém perceber. Em vão.
– Eu sinto muito – ele disse numa voz serena que eu nunca tinha escutado antes. Era sempre em tom de deboche, ou de desprezo, ou superioridade. Levantei meu rosto com um pouco de vergonha, porque esse devia estar vermelho e inchado de tanto chorar, e o menino só me olhava com pena. AI, EU DETESTO QUE SINTAM PENA DE MIM!
– Tudo bem – e abaixei o rosto de novo. O garoto me envolveu com seus braços, abraçando-me, e suas mãos estavam afagando meus cabelos. Nunca pensei que ele tivesse sentimentos, ainda mais comigo.
– Filha, eu e seu pai estamos indo para o hospital. Fique e durma aqui. Já conversei com o senhor e a senhora .
– Mas, mãe, tenho direito de ver a minha vó uma última vez!
– Filha, não queremos que passe mais sofrimento. Fique! É para o seu próprio bem. É tristeza demais ver alguém que você ama muito ir embora para sempre. É muito para uma menina da sua idade.
Menina da minha idade? Como assim? Pai, eu não tenho mais quinze anos, não. Tá?!
– Prometemos deixar você ir ao velório. Está bem assim? – meu pai disse.
– Tudo bem. Eu fico – disse por fim. Afinal, realmente, era muito sofrimento. Não só para minha mãe. Eu a amava muito mesmo e não posso discutir com eles. São os meus pais!
Não tenho idade para ir ao hospital ver minha vó morta, mas posso ir ao velório? Aff. Nunca vou entender esses meus pais. Mas pelo menos vou ao velório. Isso é o que importa.

Depois de alguns minutos, meus pais se despediram de nós e foram para o hospital. E tive que ficar com aquele insolente!
– Pare de chorar, garota. Daqui a pouco alaga minha casa. Sua avó se foi, mas a vida continua. Falou?! – ele falou num tom impaciente. Deu-me tanta raiva que quase voei no pescoço dele.
Olhei pra cara dele, sem levantar muito a cabeça, encarando-o com uma cara de killer. O menino revirou os olhos e saiu. Bufei, enxuguei as lágrimas e fui ao banheiro ver a desgraça que estava a minha cara. Cheguei lá, minha face estava inchada e vermelha como imaginei. Lavei o rosto, respirei fundo e fui para a sala. Encontrei-me com os e perguntei:
– Onde posso dormir? – disfarçando e imitando ser uma pessoa educada.
– Você vai ficar no quarto de hóspedes. Já arrumamos tudo. Se precisar de algo, é só chamar – a senhora falou atenciosa, como sempre.
– Obrigada – disse e fui para o que eu chamaria de “meu quarto” por uma noite (a pior de todas que já tive).

Cheguei lá. Era até aconchegante. As paredes eram beges, assim como o guarda-roupa. A cômoda era branca, tal como a cama. Fazia um estilo de quarto moderno. Até que curti. Abri a cama e me deitei. Demorei para dormir, porém, quando estava pegando no sono, bateram na porta. Xinguei mentalmente e juro que iria bater no primeiro que aparecesse. Quando fui ver, já estava dentro do quarto, sentado em minha cama ao meu lado.
– O que está fazendo aqui, retardado? – nunca senti tanta raiva dele. Espere... Já, sim.
– Você está realmente mal, não é?
– Ainda pergunta? Minha vó morreu, idiota. O que você esperava? Que eu estivesse pulando de alegria e dançando Macarena em cima da cama?
– Calma, estressadinha. Só quero conversar!
– Agora? Estou tentando dormir, se você não percebeu! – deitei-me de novo e me cobri até a cabeça.
– Eu sei como é perder alguém que ama.
– Ah! Pare de se fazer de coitado. Você não sabe a dor que sinto.
– Sei, sim.
– Quem você perdeu de tão importante na sua vida? O seu cachorrinho de estimação, foi?!
– Não... – ele fez uma pausa para pensar e depois continuou. – Também (N/A: Eu tinha que zoar. Foi mal, gente!)!
– Aff. Não encha, ! – eu estava quase indo para socar a cara dele, quando o garoto se deitou do meu lado na cama, cobriu-se e me abraçou. Fiquei estática, sem palavras, sem reação, mas tinha que fazer alguma coisa. Quem ele pensa que é?
– O que pensa que está fazendo? – perguntei por fim.
– Deitando-me com você – falou como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Ele começou a me acariciar com delicadeza o braço. Virei o meu rosto para o rapaz e disse:
– Você não faz ideia do porquê a irrito tanto, né, ? – fiquei calada. Não, eu não sabia o porquê dessa implicância toda e não fazia questão de saber. Só queria saber onde aquilo tudo ia dar. O menino passou a mão por debaixo do meu pijama. Opa! Aonde o senhor pensa que vai?
– Vou repetir a pergunta: o que você pensa que está fazendo? – o cara estava ficando louco. Só pode!
Ele não falou nada. Só continuou o seu caminho, acariciando a minha barriga por debaixo dos panos. Foi subindo cada vez mais e, não sei como, aquilo estava me deixando sem jeito. Não. Estava me deixando louca mesmo. COMO?! EU ESTAVA GOSTANDO MESMO DAQUILO?! COMO ASSIM?!
– Pare com isso, ! – falei entre gemidos fracos.

Ele subiu a mão até meus seios e começou a massageá-los. Minha respiração estava descompassada. Meu coração estava sem ritmo nenhum. Não sabia o que fazer. Só sabia de uma coisa... Eu estava gostando.
Foi quando o garoto subiu em cima de mim e me beijou. Comecei a brincar com seu cabelo, enquanto ele se decidia entre minhas coxas e meus seios. Tirou minha blusa mais rápido que a velocidade da luz e eu, a dele. Aquele quarto estava ficando quente demais para o meu gosto.
Quando nos demos conta, nossas roupas já estavam longe em algum lugar no chão daquele quarto. E o resto é história. Uma historia que não preciso nem contar para vocês saberem o que aconteceu, né? Se é que me entendes!

Amanheceu e, quando acordei, estava deitada em seu peito. Só escutava o som de seu coração batendo. Aquele som...! Fazia-me tão bem. Tentei me levantar sem acordá-lo, mas foi em vão. Quando vi, seus olhos azuis como o céu ensolarado e brilhante já estavam abertos, olhando para mim como se eu fosse algum tipo de obra-prima a ser admirada por especialistas na área. Dei um sorriso amarelo, pois estava de manhã, e ele devolveu. Meu Deus! Que sorriso foi aquele? Como é que nunca reparei nisso? Era o mais lindo que já vi. Aquilo me deu até mais animação para começar o dia bem... Mas como assim? Não estava entendendo! Eu estava me... Apaixonando por... ELE?!
Fechei a cara na hora e acho que o menino percebeu, pois fechou a dele também. Saí da cama rápido e fui direto pro banheiro. Tranquei a porta e fiquei me olhando na criatura que se encontrava naquele espelho. Lavei o rosto e fiz minha higiene matinal. Quando saí de lá, voltei para o quarto e ele não se encontrava mais lá. Troquei-me e desci para a cozinha para o café da manhã. Afinal, já eram dez horas.

Quando cheguei lá, vi e seus pais sentados à mesa.
– Bom dia, minha querida! – disse a senhora , sorridente como sempre. Gostava dela. Parecia ser muito amável com seu filho e o marido.
– Bom dia! – respondi com a melhor cara que podia.
– Bom dia, senhorita – disse o senhor com um tom de humor como nunca. Ele me parecia legal também, do tipo de pai que brinca com tudo e com todos.
– Bom dia, senhor – respondi de volta.
– Por favor, chame-me só de Raul e a minha mulher de Heloisa. Simplesmente – disse simpático.
– Ok. Assim o farei então, senhor Raul – e todos riram.

Tomamos nosso café e só me olhava de vez em quando, para os seus pais não desconfiarem de nada. Não olhava de volta, mas percebia seu olhar em mim. Assim que terminamos o café, liguei para a minha mãe para ter notícias de minha avó.
– Mãe?
– Oi, filha! Estou aqui no hospital ainda com seu pai. Daqui a pouco vamos ao velório. Aí, sim, você poderá vir.
– Ok. Ligue quando estiver vindo. Assim terei tempo de me arrumar.
– Tudo bem, amor. Dormiu bem?
– Dormi muito bem – e dei um sorriso para a pessoa que estava ao meu lado ouvindo. Já sabem quem, né?! E ele deu um sorriso de volta.
– Que bom. Tenho que ir, minha linda. O médico está nos chamando. Beijos!
– Beijos, mamãe! – despedi-me dela e desliguei meu celular.
– E então, como está lá? – perguntou. Parecia preocupado!
– Ah, ela falou que está tudo bem com eles, que daqui a pouco vão ao velório e que poderei ir.
– Quer que eu vá junto?
– Para quê? – perguntei, estranhando sua pergunta.
– Para lhe fazer companhia e lhe dar apoio! – ele pressionou os lábios um no outro e encolheu os ombros num ato de indiferença.
– Não precisa. Ficarei bem!
– Tem certeza? Porque não tenho nada para...
– Tenho, sim. Ficarei bem mesmo. Não se preocupe – falei, interrompendo-o. Não queria tocar mais naquele assunto. Aquilo me entristecia demais.
Ele concordou. Foi para o quarto e eu fui para o meu. Estranhei que até agora ainda não tínhamos nem tocado no assunto do que aconteceu ontem à noite, então fui para o seu cômodo. Seus pais tinham saído. Sua mãe, às compras, e seu pai, num encontro com os amigos. Estávamos sozinhos então não precisávamos ter medo de sermos escutados.
Bati na porta, escutei um resmungo de dentro e me atrevi a entrar.
– Posso entrar? – perguntei receosa.
– Pode. É claro.
– O que está fazendo?
– Tocando – estava respondendo o estritamente necessário e aquilo não me deixava feliz.
– Hum... Então... Amm... Sobre ontem à noite... – comecei até ser interrompida.
– O que tem ontem à noite? Não gostou? Porque pareceu que sim! – ele disse sem pausas e grossamente.
– O quê? Não! Eu não disse que não gostei! Por que está falando assim comigo? O que fiz de errado? – perguntei, já me estressando. Não deveria ter entrado lá!
– Olhe... Esqueça o que aconteceu ontem. Tá?! Aquilo NÃO aconteceu!
– NÃO! AQUILO ACONTECEU, SIM! – comecei a berrar, quase chorando. – POR QUE ESTÁ TENTANDO SE ESCONDER?! POR QUE ESTÁ TENTANDO DISFARÇAR?! POR QUE ESTÁ FINGINDO QUE NADA ACONTECEU?! – falei irritada, berrando, nem me importei com vizinhos e pessoas que passavam na rua, pois com certeza dava para escutar aquilo de longe.
– Dá para parar de gritar? Eu não estou gritando com você – ele disse calmo. E aquilo estava me deixando louca!
– Então me responda! Por que está fingindo que tudo aquilo não aconteceu?
– Porque simplesmente não aconteceu! Aquilo foi um momento fraco meu. Estava com pena de você e pensei que desse jeito iria ficar melhor.
Ahhhh, ele não disse aquilo! Dei um tapa bem dado na cara dele e saí andando. Bati a porta com tanta força que acho que mais um pouquinho e ela quebrava em mil pedacinhos!
Entrei no meu quarto e minha mãe me ligou.
– Oi, mãe! – disse, tentando disfarçar a minha raiva.
– Oi, filha. Já estamos saindo daqui e indo buscá-la. Vá se arrumar.
– Ok. Beijos.
– Beijos!
Desliguei o celular e fui arrumar minhas coisas mais que depressa. Não via a hora de sair daquele lugar e ficar um bom tempo sem ver aquele maldito rosto lindo!
Depois de uns dez minutos, meus pais chegaram e fui embora sem nem me despedir.
Fui ao velório. Depois de sei lá quanto tempo, fui embora pra casa, tomei um banho, fiz umas lições, já que não tinha ido à escola hoje, comi alguma coisa que encontrei na geladeira e fui dormir.

No dia seguinte... Aula! Droga. Não queria ir para a escola e encontrar você-sabe-quem. Não estava nem um pouco a fim de me estressar. Ainda mais com ele.
Levantei-me sonolenta, sem a mínima vontade de sair da cama. Fiz minha higiene matinal, troquei-me e fui tomar café. Quando cheguei à cozinha, fui ver a hora. Atrasada, como sempre. Peguei uma torrada e uma maçã correndo e fui embora.
Cheguei à escola, o sinal tinha acabado de bater. Fui para a sala e encontrei . Então me sentei ao lado dela e lá seguiram as horas mais entediantes do meu dia. Quando bateu o horário para a segunda aula, você-sabe-quem chegou.
– Com licença, professora – o menino disse ofegante, pois tinha corrido muito para chegar aqui. Isso era óbvio.
O olhar dele percorreu a sala toda até cair em mim e, num movimento rápido, desviou o olhar, sentou-se em sua mesa e ficou calado.
Bateu o sinal para o intervalo e saí com a minha amiga. Sentamo-nos numa mesa qualquer e começamos a conversar.
– E então? Como está depois da morte da sua vózinha? – disse .
– Ah! Estou levando, né?! Tenho que seguir em frente. Ainda continuo um pouco triste, mas sei que vai passar – disse com o rosto abaixado.
– Você foi vê-la no hospital?
– Não. Minha mãe não deixou! Tive que ficar na casa do... – parei e olhei para “ele”.
– Do...?
– Apontei para o dito cujo e ela seguiu meu dedo, arregalou os olhos e...
– O QUÊ?! – a garota não aguentou. Teve que dar um siricutico!
– Fale baixo, ô, escandalosa! – disse, morrendo de raiva do chilique dela.
– Desculpe! Mas e aí? Como foi?
Contei tudo a ela. Desde quando cheguei lá até o que aconteceu com a gente. E depois quando brigamos.
– Não acredito que você e o ... – a menina nem terminou a frase. Estava boquiaberta, sem palavras, e eu a entendia. Sabia como era. Nem eu conseguia acreditar às vezes, quando me lembrava daquilo.
– Pois é! Idiota! – disse, olhando-o com raiva. Estava lá, conversando com os seus amigos, rindo de alguma piada que eles contaram, fingindo como se nada tivesse acontecido. Argh, eu o odeio!
Bateu o sinal para todos retornarem às salas e fui para a minha um pouco mais alegre. realmente me fazia bem e era por isso que era a minha MELHOR amiga!
Alguns minutos passaram e pedi para ir ao banheiro. Saí e, quando cheguei, a luz apagou sozinha. Fiquei com medo, quando senti uma respiração ofegante no pé do meu ouvido e mãos na minha cintura. E eu conhecia bem aquelas mãos. Ah, se conhecia.
– O que está fazendo aqui, ? Não sabe que é banheiro para GAROTAS?! – disse ríspida.
Ele não disse nada. Simplesmente me virou de frente para si e me beijou. Beijou-me com intensidade. Pediu permissão com a sua língua pra que eu abrisse mais e desse passagem para um beijo ainda melhor, só que não o fiz. Cortei o beijo de imediato fui até a porta. Destranquei-a e disse:
– Não me procure mais, ! – e saí. Não queria aquilo, mas ele me forçava a fazer. Depois do que disse aquele dia para mim, eu me magoei muito. Então quer dizer que aquilo não tinha sido nada pra ele, que eu não significava nada para o garoto? Será que fui apenas outro fantasma em sua cama?
No caminho, comecei a chorar, até sentir um braço me puxando.
, espere! – era o menino que estava ali. Ele tinha ido atrás de mim!
– Eu disse para não me procurar mais, ! Deixe-me – disse, disfarçando. Não queria que me visse chorando, mas foi em vão.
– Por favor, não chore! Fui um imbecil ontem. Desculpe-me. Não queria ter falado aquelas coisas para você e...
– Então por que disse? – interrompi-o.
– E-eu... Eu-u am.. – ele abria e fechava a boca várias vezes, tentando falar, porém nada saía de sua boca.
– Tudo bem. Já entendi!
O rapaz me puxou de novo e me abraçou. Um abraço quente, reconfortante, aconchegante. O garoto acariciava minha cabeça, afagando meus cabelos. Afastei-me um pouco.
– Diga-me por que falou aquilo, !
– Eu tinha ficado com raiva.
– Raiva do quê? – assustei-me. Não tinha feito nada para ele ficar com raiva de mim!
– Raiva porque me ofereci pra ir ao enterro da sua avó com você e nem sequer me ouviu direito. Foi logo negando, como se não precisasse de mim para nada. Pensei que aquela noite não tinha significado nada para você. Por isso disse aquelas coisas. Desculpe-me, , por favor! – só faltou se ajoelhar e me implorar por perdão.
– Eu não acredito nisso! Não acredito que você ficou com raiva disso! – comecei a rir loucamente, mas lembrei que estava no corredor da escola e parei. – Não foi nada disso, ! Aquela noite significou, sim, algo para mim. Foi diferente de tudo que já fiz. Neguei que fosse ao velório comigo porque queria ficar um pouco só. Tanto que lá fiquei longe de todo mundo! Foi só por isso! Mas não que eu não tenha gostado de... – parei por ali. Ele tinha entendido, pois estava com um sorriso de ponta a ponta para mim. Amava aquele sorriso. Era tão lindo, tão alegre!
– Mesmo? – disse desconfiado!
– Mesmo!
Abraçamo-nos. Ficamos ali por alguns minutos até lembrarmos que precisávamos voltar para, a sala.
– Temos que voltar – disse por fim, separando-me dele.
– Ok! – ele disse meio triste.
– Vou primeiro. Depois vai você.
– Tudo bem.
Assim que virei de costas para voltar para a sala, o menino pegou em meu braço de novo e me puxou para mais perto, dando-me um beijo forte, quente, intenso, longo, cheio de paixão. Depois de um tempo, soltou-me.
– Eu amo você, . Sempre amei. Irritava-a porque queria chamar sua atenção. Além de você parecer extremamente sexy toda irritadinha! – disse num sorriso malicioso. – Awn, ! Que fofo! Isso foi tão gay! – e comecei a rir, até lembrar que PRECISAVA voltar para a sala. – É melhor eu ir ou vão pensar que fugi da escola junto com outro louco.
– Que outro louco? – disse, estranhando.
– Você – disse por fim, achando engraçada a cara dele de espantado.
– Um louco que você adora, né?!
– Não!
– Não?!
– Não! – disse calmamente. – Um louco que eu amo! – dei um selinho rápido, deixando-o completamente bobo, e saí depressa até a sala.

Cheguei lá e me sentei na minha mesa com um sorriso nada discreto. Fazer o quê? Eu não conseguia disfarçar, tamanha a minha alegria.
– O que foi? Encontrou um passarinho rosa ou o quê? – disse .
– Não! Encontrei o amor.

Ela me olhou estranha até virar para porta e vê-lo entrando com o mesmo sorriso que o meu. Depois de pensar um pouquinho, a menina percebeu. Olhou para mim espantada e abriu a boca, de tão impressionada. Encolhi meus ombros num gesto de tipo “o que posso fazer?” e olhei de volta para o professor.
Seguimos as aulas todas nos entreolhando e dando sorrisinhos. Bateu o sinal para irmos embora. Cheguei ao portão de saída, quando uma mão conhecida pegou meu braço de novo.
– Ei, aonde pensa que a senhorita vai sem mim? – perguntou ele.
– Ei! Estava procurando você.
Demos um selinho e fomos embora.
– Posso lhe contar um segredo? – perguntei como quem não quer nada.
– Hum...?
– Estou apaixonada por uma pessoa!
– Sério? Contou para ele?
– Aham!
– E o que o cara disse?
– “Sério? Contou para ele?” – repeti as mesmas palavras que o rapaz disse.
O garoto parou na minha frente, em frente a um parque, e disse:
– Eu amo você!
– Eu também amo você!
Demos outro beijo, mais forte e mais intenso, e fomos embora.


Fim






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