A Fila Anda


Escrita por: Nathy Abreu
Betada por: Vivian Rezende







Capítulo Único
” Dedicada a todas as mulheres de atitude!" - Rashid (A Fila Anda)

New York, Sábado, 01h36 am

null estava deitada em sua cama, o notebook em seu colo aberto numa página de estudo e o celular no seu ouvido direito. Era a quinta vez que ligava para null. Era a quinta vez que chamava até cair na caixa postal. Ela estava cansada daquilo, daquela relação. O que adiantava ela doar-se inteiramente para um cara que não fazia nem metade? A garota de cabelos longos e castanhos lembrava-se do início do namoro.
Conhecera null null um ano e seis meses antes, no corredor da Faculdade, e logo se encantou pelos seus olhos intensos e sorriso encantador. Fora rápido o envolvimento, quando menos pensou já estava apaixonada e enfrentando o julgamento da melhor amiga e da mãe, estava pronta para enfrentar quem quer que fosse contra o seu relacionamento com null. Ela estava perdidamente apaixonada. E ele mostrava-se igual à ela. Perdidos num amor tórrido. Três meses depois veio o pedido e estavam oficialmente juntos. Cinco meses depois passaram a dividir um apartamento. Mas, três meses depois o príncipe tornou-se o sapo. Irônico, não? null percebeu que não existem contos de fadas na vida real, e no fundo, ela sempre esperou que ele mudasse. Sempre soube que null era um conquistador, mas lutou e acreditou de verdade que ele mudaria por ela.
Não, não, não. Era a mesma coisa dia após dia. De segunda à quinta, null era o melhor e mais prestativo namorado. Sexta, sábado e domingo, ele desaparecia e só voltava para a casa deles quando o sol já estava nascendo. Eles brigavam, ele pedia perdão e ela o aceitava. null não aguentava mais. A morena nunca foi covarde, desde o início de sua vida quando decidiu mudar de cidade sem os pais ou quando assumiu o namoro com null null, ela foi corajosa.
Por que tinha um mantra, e que seguia com todas as suas forças: "Pra viver nunca é tarde. Então, viva intensamente. Viva como se não existisse o amanhã."
Levantou-se da cama, caminhou lentamente até o espelho encostado ao lado do armário e observou seu corpo coberto por um pijama leve. Era bonita, forte e determinada, não era? Merecia mesmo aguentar os erros do namorado desse jeito? A humilhação? Sabia que era traída. E sabia não só por causa do seu instinto de mulher, e sim porque ouvia as piadinhas e risadinhas das pessoas, em maioria mulheres, pelos corredores da Universidade. Quantas vezes ela havia chorado dentro do banheiro por conta disso? Por culpa dele? Respirou fundo, voltou até o notebook e o desligou. Em seguida, já estava em frente à mesa com um papel rosa e lilás e uma caneta em mãos.

"Cometemos erros, sem isso a vida não teria graça"

New York, Sábado, 06h11 am.

null abriu a porta do apartamento aos tropeços. A cabeça estava à milhão, o corpo mole e os olhos quase se fechando. O moreno agradeceu quando notou que estava tudo silencioso, isso significava que null estava dormindo e não iria gritar com ele durante horas seguidas. Trancou a porta e foi em direção ao quarto quase caindo no chão, retirou a camisa preta que usava e jogou ao chão, abriu o zíper e o botão da calça quando já estava em frente à porta do seu quarto. Respirou fundo e abriu o mais devagar possível, não queria acordar sua namorada. Não queria começar a 3° Guerra Mundial naquele momento. Mas surpreendeu-se quando não a encontrou enrolada nos lençóis azuis, dormindo com uma expressão preocupada. O moreno estava tão cansado e a dor de cabeça aumentava tanto a cada segundo que limitou-se a jogar os sapatos e calça para longe e se jogar na cama. Talvez null tivesse ido dormir na casa de null, dois quarteirões dali e quando acordasse ela estaria ali do seu lado, para brigarem e se reconciliarem novamente.

Horas depois...

null null era um amor de pessoa. Calmo e pacífico. Odiava brigar. Era contra todo e qualquer tipo de violência. Somente quando as pessoas respeitavam o seu espaço e não ficavam tocando a campainha do seu apartamento de segundo em segundo. Nessas horas, null null tornava-se a pior pessoa do mundo. Poderia até ser violento, mas não tão literal assim.
Ele abriu os olhos revoltados e com ódio no peito, quem ousava acordá-lo aquela hora? O relógio marcava 13h04pm. Ele queria gritar com quem quer que fosse. Olhou ao seu redor e nenhum sinal dela, andou devagar até a porta e abriu. Uma garota de olhos bem azuis, os cabelos curtos e loiros e uma careta de desgosto no rosto estava parada à sua frente junto com um garoto de cabelos claros e olhos tão azuis quanto os da garota. null e null, namorados e melhores amigos de null. null olhou para seu corpo tão descoberto e fez sinal para que eles entrassem enquanto voltava ao quarto, pegou no chão do corredor a camisa da noite anterior e notou a marca de batom no colarinho e o cheiro de algum perfume enjoativo de alguma das garotas com quem ficou na noite passada. Era um idiota, só não conseguia se importar. Vestiu-se depressa, mas ainda pôde notar um papel ao lado do criado mudo. Achou aquilo estranho e o segurou em mãos, levando para sala. Leria depois. Quando voltou à sala, null andava de um lado para o outro e null sentado tentava inutilmente acalmá-la.

- Qual o motivo da visita? - null disse ironicamente, sentando-se na poltrona.
- Você é um idiota, null null. - null apontou seu dedo indicador para o moreno, os olhos em chamas. - Cadê ela? O que você fez? Não, nem me diga... Eu já sei. Mas cadê a null? - ela deu um passo para frente furiosa, null colocou-se em pé perdido.
- Ela não está contigo? - ele perguntou inocentemente e null gargalhou.
- Claro, espera... Deixa eu olhar se eu a guardei no meu bolso. - ela fingiu olhar no bolso do seu moletom. - Você é retardado, garoto? Ela não está comigo, não está aqui e não está em lugar algum. E por que será que eu sinto que isso é culpa sua? - null parou a centímetros do corpo de null.
- Ela não dormiu... Na sua casa? - ele tentou outra vez e null ia retrucar, ele a interrompeu. - Droga! Droga, droga, droga. Eu não... Sei. Eu cheguei... - ele respirou fundo, sentindo a culpa e o medo tomar seu corpo. - Cheguei de manhã e ela não estava... Pensei que ela estivesse com você. - ele suspirou e caiu sentado no sofá, as mãos nos cabelos.
- Ela foi embora, null. - null ouviu a voz sofrida e triste de null que se dirigia ao seu namorado.
- Como você tem essa certeza, pequena? - o namorado disse calmo, segurando as mãos de sua namorada.
- Como é que é? - null olhou para a loira e perguntou confuso. Desacreditado.
- Eu sei, null. Ela disse que não aguentava mais e que era... Era a última vez que ela ia aceitar ele fazer isso com ela. - null respondia, olhava e conversava com null, não importava-se com que null sentia ou pensava. Ele era culpado de tudo.
- null! - o moreno ficou em pé e gritou com a garota, mesmo com sua cabeça latejando, e ela o olhou assustada e nervosa. - O que você está dizendo?
- Isso mesmo que você ouviu, null. - ela apontou novamente para ele. - A null estava cansada de você. null, você só traiu a mulher, nunca demonstrou amor... Amor de verdade. Todo fim de semana era a mesma coisa, a null me ligava chorando e falando que outra vez você tinha saído para beber com seus amigos, voltava de manhã bêbado e com cheiro de outras mulheres. Marcas de outras mulheres no seu corpo. - ela falava com tanto ódio. - Mas sabe o que é engraçado? Mesmo que você junte todas essas mulheres que você ficou, não dará nem metade do que a null é. - ela gargalhou e ele a fitou com raiva, olhou para suas mãos fechadas em punho e então seu olhar seu fixou no papel rosa e lilás que encontrara no quarto.

Pegou da mesinha e abriu. Os seus olhos encontraram a letra cursiva e bem delicada de null. Sua namorada. A mulher que ele mais amou e mais fez sofrer na vida. Respirou fundo, voltando a se sentar e começando a ler o que ela escreveu ali.

"null.
Eu pensei em te escrever uma carta bem grande e jogar sobre você todas as minhas dores e raiva.
Mas vou simplificar tudo.
Cansei desse nosso relacionamento que estava fadado ao fracasso desde o início. Cansei de você com seus joguinhos e traições. Cansei de me entregar ao máximo e você não dar a miníma. C-A-N-S-E-I!
Você não deu valor à mim e ao meu amor. Não há nada pior nesse mundo do que sentir que o cara que você ama está contigo por comodismo, como se fosse um favor estar contigo.
Eu não preciso disso, eu preciso de sentimento. Amor, null.
Eu quero ser amada, não pisada.
Um dia você me disse essa frase: "Nada é mais gelado que um abraço sem amor".
Hoje, eu uso as suas palavras contra você mesmo... Esses últimos cinco meses foi como eu me senti... Eu era tocada, abraçada e beijada por você, mas não sentia mais você me amar.
O que quero dizer com tudo isso é que... Eu estou indo embora.
O nosso curso acabou. O nosso relacionamento foi junto. Acabou!
Adeus,

null null."

null parou de respirar. Era como se todo o oxigênio que tivesse ali naquele ambiente tivesse ido embora junto com ela. Junto com null. null e null olhavam atônitos e perdidos a reação de null, não sabiam o que estava escrito ali, mas tinha certeza que era a despedida de null. O moreno levantou-se e correu até o quarto, pegou seu celular e discou desesperado o número já decorado de null. Ela precisava atendê-lo, ouvi-lo. Ela não podia deixá-lo. Dez chamadas, todas perdidas. Ele abriu o guarda-roupa e não havia nada. Nenhum pedaço de pano deixado para trás, nada que lhe desse esperança de volta. Ouviu a porta da sala ser aberta e logo depois fechada.
Estava sozinho novamente.
Sozinho como escolheu ser desde o momento que passou a trair e não dar valor à ela.

"Errar é humano, persistir no erro é burrice,
Mas persistir na burrice é pedir pra ser vice"

New York, Sábado, 14h45 pm.

null desceu do táxi, a mochila no ombro direito e uma mala pequena em sua mão esquerda, e observou a estação de trem à sua frente. Caminhou lentamente até a bilheteria e comprou uma passagem sem volta para Los Angeles, iria voltar para sua cidade natal, sorriu para o atendente e sentou num banco esperando a hora do embarque. A consciência estava limpa, o coração leve. Sempre teve paciência, mas todo mundo sabe que paciência tem limite. A gente aguentava um, duas, até três vezes, mas tem uma hora... E quando essa hora chega, não tem amor, não tem nada nem ninguém que nos faça voltar atrás. null sabia que amava muito null e que ele sempre seria alguém importante na sua vida, mas jogaria as más lembranças no lixo e seguiria a vida. Nenhum idiota, como ele fora, pode deixá-la no chão. Sofreu muito por ele, agora ele que sofra por ela... Se ele sofrer, foi o que a morena pensou. Tinha acabado de ligar para sua melhor amiga, com uma dorzinha no peito se despediu assim mesmo da loira e de null, pediu perdão e fez um convite para que fossem visitá-la em Los Angeles. Rapidamente seus melhores amigos aceitaram. Estava bem, afinal.
Depois de quinze minutos ouviu uma voz chamá-la. Uma voz extremamente conhecida e marcante. Não podia ser, podia? Levantou-se e olhou para trás, e surpreendeu-se quando viu null correndo em sua direção todo atrapalhado. Os olhos estavam avermelhados e o sorriso havia desaparecido dos seus lábios. Era uma cena péssima para se ver, era um cena péssima para ser a última que ela teria dele. O homem parou na frente da morena, os olhos perdidos e angustiados, a mão dele retirou do bolso do moletom surrado uma carta amassada. A sua carta. Ela o olhou confusa e ele balbuciou algo incompreensível. Será que ainda estava tão bêbado assim?

- Não... Não vai embora, null. - ele apertou os lábios. - Por favor, eu não posso te perder. - ele respirou fundo, mas o ar não voltava. Ele era um completo idiota. O ar não voltaria. Não voltaria porque o seu ar era ela, era a sua null. E ele fora idiota o bastante por perdê-la.
- Não, null. Eu vou embora. - ela disse firme, a voz calma e decidida. - Porque você já me perdeu há muito tempo. - ela suspirou e abriu um sorriso triste.
- Não, null. - ele segurou as mãos quentes dela entre as suas mãos frias. - Nós podemos recomeçar. Eu vou mudar, eu vou ser melhor por você, pra você. - os olhos de ambos encheram-se de lágrimas, null olhou para o lado, respirando fundo.
- Você não deu valor enquanto me tinha, você não mudou enquanto eu estava do seu lado... Por que mudaria agora? - ela o olhou raivosa. - Você me perdeu, null null. Eu mando na minha vida e agora eu escolho o que é melhor para mim. Adeus. - ela disse calmamente, aproximou seus rostos e deu um selinho cheio de sentimento, e principalmente de significados no moreno, antes de se virar e andar em direção ao trem que a esperava.

À vida que lhe esperava. Não olhou para trás, continuava leve e decidida. Nenhuma dúvida lhe tiraria a determinação que estava em seu ser. Enquanto isso, null deixou que as suas vergonhosas e derrotadas lágrimas rolassem por seu rosto másculo. Estava vendo a mulher que ama indo embora por culpa dos seus próprios erros e atitudes. Queria correr atrás dela, impedi-la e mostrar que ele seria melhor. Mas ele sabia que a tinha perdido. Era o fim.
null acomodou-se em sua poltrona do lado da janela, respirou fundo e conseguiu ver pela última vez o homem que amou tanto em sua vida, surpreendeu-se com o tanto de lágrima que ele deixava cair de seus olhos. Ela abriu um pequeno sorriso triste e fechou os olhos.

"Porque ela já sofreu demais por você, agora é sua vez!"
A fila anda! Vê seu amor indo embora
Não deu valor? Perdeu! Corre atrás porque agora
Ela manda e desmanda na própria vida
Hoje quer escolher, cansou de ser escolhida"



FIM



Nota da autora: (06.08.2014): Olá, como vão? EU entrei ontem aqui no FFOBS e vi que teria um Especial com Tema Livre, e na hora, pensei em enviar essa minha shortfic. Eu a escrevi faz um tempo, inspirada completamente na música "A Fila Anda" do Rashid (escutem, é muito boa, eu aprovo! - e sim, eu escuto Rap, porque eu gosto, kk). Enfim, eu estava linda e bela arrumando a casa ouvindo essa música quando pensei na estória e notei que eu NUNCA tinha escrito algo em que os principais não ficam juntos no final, muahá! Então, tcharãn, minha primeira shortfic em que o casal não termina junto, porque o principal é um tremendo idiota que traía a principal mais do que tudo. Enfim, eu espero que gostem, porque essa é dedicada à todas as mulheres, para que nós não deixarmos que nenhum homem pisem em nossos corações, e principalmente, sejamos determinadas.

Comentem, critiquem (ou não!), me mandem mensagens fofas (ou não) aqui na caixinha ou no meu twitter. E se quiserem ler mais estórias, entrem aqui. Também tem o meu grupo de fanfics onde podemos conversar bastante.

Minhas fanfics que estão hospedadas no FFOBS:
I Can Love You More Than This - One Direction/Em Andamento
We Danced All Night - One Direction/Finalizadas
Black Dress, Miss (Continuação da Fanfic acima) - One Direction/Finalizadas
Amor de Verão - One Direction/Finalizadas
Beijos,
Nathy xx




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