Around Here

Autora: Stone
Beta: Abby

14 de outubro de 2013 - 20h30min

Era segunda-feira, e a universidade que frequentava havia adiantado o feriado em comemoração ao Dia dos Professores, sendo assim, ela não poderia reclamar daquele começo de semana. As coisas poderiam ser melhores se ela não tivesse passado a tarde aturando gente chata no estágio, mas fazer o quê? Enquanto não se ganha na mega-sena, se trabalha. Naquele dia, em vez de caminhar para a direita quando desceu na estação de trem, ela seguiu reto, caminhando aproximadamente vinte minutos até chegar à sua caixinha de fósforo – também conhecida como sua casa. Tomou banho, jantou e decidiu ignorar a louça suja e a bagunça pela mesa, e em seu armário, aquilo poderia ser resolvido na terça, na quarta... ou qualquer dia que fosse. Morava sozinha e não recebia muitas visitas. Organizava a casa quando podia e queria. Era a única garota dentre oito apartamentos, então estar sempre trancada (para esconder a bagunça) era algo visto como normal pelos vizinhos.
Ouviu batidinhas na porta e levantou-se, provavelmente era o Sr. Antônio (o avô de todos ali) lhe trazendo algum prato de churrasco ou algo do tipo. Errou. Errou feio. Quem apareceu na sua frente era muito melhor que um prato de comida e uns 30 anos mais novo que o “vovô” do condomínio.
- Oi! Será que você pode me emprestar uma toalha? - o moreno de estatura mediana perguntou, enquanto a garota olhava-o sem exibir muita reação.
- Ah...aham – respondeu, deixando a porta entreaberta enquanto dirigia-se até seu armário, onde a única toalha que encontrou foi sua toalha de banho rosa com bordado branco. - Só tem uma rosa, pode ser? - o ouviu concordar, e foi ao seu encontro.
- Semana passada foi muito agitada e eu me esqueci de ir até a lavanderia... Mas sexta-feira eu te devolvo... - ele explicava e ela se dividia entre ouvi-lo, encarar seus olhos brilhantes ou prestar atenção na tatuagem que ele exibia no braço esquerdo.
- Sem problemas – sorriu. Despediram-se e ela trancou a porta, caindo na cadeira enquanto tapava a boca com as mãos para não gritar, tamanha era a vontade que sentia de rir. Arrependeu-se de não ter ajeitado a casa, mas agora já era tarde demais para chorar sobre a bagunça que ele já havia visto. A primeira coisa que fez foi enviar uma mensagem para sua amiga , que veio com piadinhas do tipo “a toalha é apenas uma desculpa, ele quer seu corpo nu”. apenas ria e dizia que ela estava viajando, um gatinho daqueles nunca daria mole para uma garota como ela. Sem contar que... se ele realmente quisesse algo, ele não deveria pedir uma xícara de açúcar ou algo do gênero? “Ou, vai ver, ele quis inovar, sei lá”, pensou. Surtou mais um pouco e foi dormir, já que voltaria à rotina normal no dia seguinte.

15 de outubro de 2013 - 23h30min

Ao chegar da faculdade às dez e meia da noite, deu de cara com o vizinho bonitinho no corredor.
- Boa noite! - sorriu - Posso te devolver a toalha na sexta-feira? Eu lavo e te trago limpinha... - ele falou, meio enrolado, e ela mordeu a língua para não responder “Ontem eu já disse que pode”. Em vez disso, apenas concordou e, mais uma vez, disse que não havia problema algum. Entrou em seu apartamento e fez o mesmo ritual de sempre: comeu, tomou banho, colocou seu pijama de ursinhos e conectou-se ao Skype para falar com os pais.
- Puta que pariu! - exclamou, irritada. Já fazia alguns minutos desde que ela estava ouvindo o vizinho bonitinho do apartamento 05 socar a parede, e ela se controlando para não gritar, mandando-o parar com aquilo. Concordava que o ronco do vizinho do 06 incomodava, mas quase derrubar a parede não adiantaria nada, além de piorar a situação. Pouco tempo depois, o barulho cessou e ela pôde ouvir os passos do vizinho até o carro dele, que era sempre estacionado em frente à sua janela. Ele fez o trajeto duas vezes, e na volta da segunda, ela ouviu batidinhas em sua porta.
- Oi - ele a cumprimentou sorrindo e foi retribuído da mesma maneira. - Qual é seu nome?
- . E você é...?
- - estendendo a mão para ela, apertando-a gentilmente.
- O prazer é todo seu - respondeu com seu humor típico, tentando esconder que, dentro de seu peito, seu coração batia acelerado, e ela se controlava para não se trancar em casa de tanta vergonha.
- Com certeza. - Lembrou-se do que havia falado na noite anterior com o ocorrido da toalha e mordeu o lábio inferior para não rir.
- Então, vizinha... será que posso te levar para jantar como forma de pagamento pelo empréstimo da toalha?
- E você acha que um jantar é suficiente para isso? - o encarou com apenas uma sobrancelha levantada, mas logo caiu na risada, o fazendo rir junto. - Eu aceito.
- Amanhã à noite eu passo aqui para te buscar - brincou.
- Cuidado para não se perder no caminho! - gritou, fechando a porta, e agradecendo por não ter aula nas quartas-feiras, assim como nas sextas.

16 de outubro de 2013 - 11hh58min

- Fala, vaca! - atendeu ao telefone com seu jeito meigo de ser.
- Muuuuuu! - brincou e ambas riram. - Adivinha só?
- O vizinho veio pedir para você secar ele? - a amiga perguntou, em tom de voz malicioso.
- Não! Mas me chamou para jantar - sorriu, embora não pudesse ver.
- AAAAAAAAH, EU DISSE QUE ELE QUERIA SEU CORPO NU! EU DISSE! - precisou afastar o aparelho do ouvido por um instante.
- Calma, criatura. Respira! – pediu, rindo, e ouviu alguns xingamentos, mas isso já era algo costumeiro na amizade delas.
- Você vai ter que me contar detalhe por detalhe, até quantas vezes ele piscou. Promete? - rolou os olhos, mas concordou.
- Ok, te conto tudo. Agora vou desligar, que meu trem está chegando. Bye, bye! - desligou o celular e conectou os fones de ouvido. Passou o trajeto inteiro cantarolando baixinho e sorrindo à toa.

16 de outubro de 2013 - 19h03min

Finalmente em casa.
Ansiosa por natureza, havia passado o dia ainda mais inquieta. Já havia algum tempo desde seu último encontro - e este não havia sido nada bom. O cara era legal, bom de papo, mas de beijo, era horrível. “Nem eu quando perdi o bv era tão ruim assim, e olha que eu era ruim, hein” foi o comentário que fez às amigas quando voltou. Torcia para que fosse bom em tudo.
Durante o banho, ficou pensando no que vestiria, e como não sabia para onde iriam, optou pelo look básico que serve para qualquer lugar: camiseta social, calça jeans e sapatilha nos pés. Batendo seu recorde, conseguiu arrumar-se em uma hora e meia. Quando ouviu batendo, murmurou “Um minutinho” apenas para jogar suas coisas dentro da bolsa e correr até a porta.
- Oi, que bom que achou a casa - riu, enquanto ele depositava um beijo em seu rosto.
- Tive que ligar o GPS, mas deu tudo certo. - sorriu e ela teve vontade de pular o jantar e partir logo para a parte dos amassos, mas controlou esse desejo. - Vamos? - perguntou, estendendo-lhe a mão. Guiou-a até seu carro, onde começaram um assunto qualquer referente ao prédio e a vizinhança, e assim foi até chegarem ao restaurante italiano escolhido por ele.
- Espero que goste de massa.
- Amo! Vou confessar que macarrão virou minha especialidade depois que passei a morar sozinha. Primeiro só cozinhava miojo, mas agora eu já sei fazer algo mais elaborado - ela confessou.
- Ah, que universitário morando sozinho nunca passou pela grande fase do miojo, né? - ele deu de ombros e sorriu amarelo, confessando que também já vivera a mesma coisa. - Achei que você não ia aceitar o convite - o olhar intenso dele mirava os olhos dela.
- Por acaso você é assaltante, traficante, tarado ou algo do tipo? - o viu negar, rindo. - Então não vejo problemas - levantou as sobrancelhas. - Mas por que achou que eu fosse recusar? - agora era o momento de saciar boa parte de sua curiosidade.
- Você nem me olhava direito nas vezes em que nos cruzamos no corredor.
- Não olhava por que você também não olhava! - riram. - Aliás, por que isso? - perguntou na lata, estava cansada de passar a vida mordendo a língua para não falar exatamente o que lhe vinha à mente.
- Não acredito que você vai conseguir arrancar a verdade de mim, mas vamos lá. Você meio que - ele ponderou por um segundo, mas logo continuou -... me intimidava. Digo, achei que iria me ignorar porque eu conversava bastante com o Ryan quando ele morava no mesmo prédio, e é óbvio que eu sabia do rolo de vocês... - deixou a frase no ar, sentindo-se sem graça por estar falando isso logo no primeiro encontro.
- Demora até criança entender que focinho de porco não é tomada, né? Sério, , uma coisa não tem nada a ver com a outra. Eu não te ignoraria por isso, passado é passado. - tomou um gole de sua bebida enquanto esperava o pedido chegar.
- Que bom - ele sorriu - E você é estudante de...?
- Turismo. E não, não sou turista - fingiu uma carranca.
- Ah, sempre rolam essas piadinhas idiotas, normal. Já sabe qual área vai querer seguir? - o interesse que ele demonstrava pela vida dela apenas fazia babar nele ainda mais.
- Confesso que entrei na faculdade querendo Hotelaria, só que agora já não tenho mais tanta certeza. Minha visão do mercado de trabalho era bem limitada no início, e agora, a cada dia que passa, aparece uma oportunidade nova, e eu quase não sou indecisa, sabe? - riram - Até o final do curso, eu descubro - tomou mais um gole antes de prosseguir. - E você, faz o quê?
- Sou formado em Letras há dois anos e trabalho como professor em uma escola de inglês - Ela comemorou internamente. Aquela pastinha preta que todo professor carrega não enganava , que já desconfiava que essa fosse a profissão dele.
- Que legal! Eu até considerei cursar Letras, mas o Turismo falou mais alto.
Ao terminar a frase, o garçom aproximou-se da mesa deles, trazendo consigo o que eles haviam pedido.

16 de outubro de 2013 - 22h43min

- Dessa vez nem precisei usar o GPS - comentou, rindo, quando estacionou o carro.
- Garoto esperto - sorriu, tirando o cinto e caminhando até a frente de sua caixinha de fósforo.
- Tudo isso é pressa para se livrar de mim? - ele perguntou, caminhando em sua direção.
- Não! - exclamou, arrependida da atitude - É só mania de sair apressada mesmo, estou sempre atrasada... - riu fraco e passou a encará-lo.
- Menos mal – sorriu. - Acho que apenas o jantar realmente não é o suficiente para pagar o empréstimo da toalha – falou, olhando fixamente para a boca dela.
- Hmm... é? - murmurou, sentindo seu coração bater mais forte, fazendo-a morder o lábio inferior. Com apenas um passo, ficou extremamente próximo dela, apoiou as mãos em seu quadril, acabando com a mínima distância que existia entre seus corpos e colou suas bocas. Apesar de toda a atração física que ambos sentiam, o primeiro beijo deles era calmo. Ele fazia um carinho delicado e gostoso na bochecha dela, enquanto fazia carinho nos cabelos e na nuca dele. Um tempinho depois, o ar começou a faltar e ela quebrou o beijo, mas não se afastou, encostou as testas e sorriu ao perceber que sua vizinha estava corada. Quando percebeu qual era o motivo que o fazia sorrir, ela aproximou-se e mordeu o lábio dele, cuja reação foi suspirar e apertar os quadris dela. Iniciaram mais um beijo, dessa vez mais intenso. No momento em que o negócio ia esquentar, eles foram interrompidos pela porta do apartamento 06 sendo aberta. não sabia onde enfiar a cara, enquanto achava graça da situação. Cumprimentaram o vizinho roncador, e assim que ele saiu, a garota começou a rir, demonstrando um de seus sinais de nervosismo.
- Ele não tinha hora melhor pra sair, não? - perguntou. - Vamos virar fofoca no condomínio - fez uma careta em desaprovação.
- Apenas ignore. Se ficarem te incomodando, me avisa, que eu dou uma lição nesses fofoqueiros - ele falou sério e ela riu.
- Obrigada. E obrigada pelo jantar também - deu um selinho nele, encaixando a chave na fechadura. - Até mais, vizinho.
- Até, vizinha - enlaçou o corpo dela por trás, depositando um beijo em seu pescoço.
deitou-se às 23h, porém sabia que aquela seria uma noite difícil para pegar no sono. Antes de saírem, ela tinha medo de não ter o que conversar com ele, mas o que aconteceu foi bem ao contrário. A conversa fluiu naturalmente durante a noite inteira, sendo interrompida apenas enquanto eles se deliciavam com macarrão e vinho. E o beijo, ah, o beijo! Simplesmente maravilhoso. Desejou que o açúcar na casa do vizinho acabasse e ele tivesse de vir lhe pedir mais emprestado, assim ela poderia repetir a dose.

17 de outubro de 2013 - 18h:22min

- Desembucha tudo - disse quando a amiga sentou-se à sua frente, na mesa do refeitório da faculdade.
- Estou morta de fome, acalma a curiosidade - riu da cara de indignação que a outra fez.
- Vou roubar seu lanche e só devolverei depois que me contar os babados.
- Você não ousaria! - abriu a boca numa expressão de choque - Ele me levou num restaurante italiano, já começou acertando em cheio, né? - fez “joinha” para ela. - E é professor de inglês numa escola de idiomas.
- Ele pode te ensinar várias coisas... – sorriu, maliciosa, para , que de tanto rir, engasgou-se.
- Quer me matar, maluca? Não te conto mais nada - fez beicinho.
- Conta, sim, ou eu vou comer seu pastel! - a outra fez cara de malvada em vão, já que as duas caíram na risada.
- Continuando... nós conversamos muito durante todo o jantar, ele é muito divertido e inteligente. E gato - suspirou, pegando um polígrafo da aula para se abanar.
- Poupe-me dos detalhes sórdidos - rolou os olhos.
- Ué, mas não era você que queria todos os detalhes? Agora aguenta - fez o famoso “beijinho no ombro”. - Não rolou nada demais, só uns beijos.
- Own, que fofo! Eu disse que ele te queria, nunca duvide das minhas palavras.
- Ok, mãe Dinah. Podemos ir pra sala? Não quero me atrasar - juntou suas coisas e caminhou em direção à saída do local.
- Me espera! - saiu andando apressada atrás da amiga.

18 de outubro de 2013 - 7h00min

“Bom dia!
Acabei pegando no sono ontem e não ouvi você chegando em casa.
À noite te devolverei a toalha, mas talvez eu precise de mais alguma coisa.
Vizinho do 05”

- Respira, . Respira! - repetia para si mesma com o bilhete em suas mãos, tentando normalizar os batimentos cardíacos. - Ele é muito cara de pau! - pensou alto, rindo. “Mas eu gosto”, completou mentalmente. Tomou o café da manhã e correu para a aula, desejando que o tempo voasse. Adorava a diversificação dos seus horários de aula, já que isso a possibilitaria de ver à noite.

18 de outubro de 2013 - 19h34min

De banho tomado e vestindo uma roupa decente, em vez de seu pijama de ursinhos, se encontrava sentada no sofá, ansiando pela hora em que bateria em sua porta, o que não demorou muito para acontecer.
- Obrigada pelo empréstimo - ele sorriu, estendendo a toalha para ela.
- De nada, quando precisar... - deixou a frase morrer no ar. Talvez a cara de pau dele era contagiosa, e ela acabou sendo infectada quando eles se beijaram.
- Pode deixar - piscou e, mais uma vez, ela quis agarrá-lo. - O que eu preciso no momento é de açúcar no meu sangue. Topa?
- Eu nunca recuso um convite quando tem comida envolvida - riu. - Só vou pegar minha bolsa - entrou em seu apartamento, rindo sozinha pela questão do “açúcar”. Aproveitou que estava no quarto para dar uma ajeitada no cabelo e destacar a boca com um batom rosa.
- Achei que tinha pulado a janela para fugir - comentou quando ela apareceu na porta outra vez.
- Eu bem que considerei fazer isso, mesmo - retrucou, fazendo cara de desprezo.
- Depois dessa, acho que vou voltar pra casa - forçou um beicinho.
- Não vai, não! Agora você me deve um doce - mostrou a língua, coisa típica de criança birrenta.
- Sabe o que dizem: quem mostra a língua, pede beijo - ele disse como quem não quer nada.
- Você precisa arranjar desculpas para me beijar? Tô ficando ofen...- não teve tempo de completar a frase, pois no segundo seguinte sua boca havia sido calada pela boca de .
- Ainda quero doce - ela falou quando partiram o beijo, e ele riu.
- Vamos lá, formiga - entrelaçou suas mãos, seguindo em direção ao portão.
- Aqui está - a garçonete depositou dois pedaços de torta sobre a mesa. “Duas delícias na minha frente é covardia”, foi o que passou pelos pensamentos de . Desde quando ela havia se tornado tão tarada?
- Atenção, planeta Terra chamando! - voltou de seus devaneios ao ouvir a voz firme de .
- Desculpa – pediu, envergonhada, e deu uma garfada em seu doce. - Que delícia!
- Está boa mesmo, né? Esse lugar é da mãe de um amigo meu, a mulher tem mãos de anjo - ela fez sinal de concordância com a cabeça, já que sua boca estava ocupada. Viram um casal sair do local com um bolo temático do e entraram no assunto de futebol, descobrindo que ambos torcem pelo mesmo time.
- Por isso você nunca reclamou das minhas gritarias em dias de jogo - concluiu.
- Eu nunca reclamaria de uma vizinha como você – sorriu, sapeca –, sou bem controlado acompanhando futebol.
- Você é uma criatura rara, então. Eu xingo mesmo! - bateu o garfo levemente no prato, querendo passar a imagem de “má”.
- Pois é, eu ouvi - riram.
Terminaram de comer e fizeram o caminho de volta ao condomínio, que ficava cerca de 10 minutos dali. A cada minuto que passava, eles percebiam como tinham afinidade, aumentando ainda mais a atração física. Novamente pararam em frente ao apartamento 04, nenhum querendo que a noite acabasse ali, e decidiu se jogar com tudo.
- Será que você não gostaria de entrar para tomar uma xícara de café? - perguntou, parafraseando Dona Florinda.
- Não seria muito incômodo? - retribuiu, entrando na brincadeira e no personagem do Professor Girafales.
- Oh, mas é claro que não! - destrancou a porta, dando espaço para que ele entrasse e dessa vez não precisou se preocupar já que a casa estava limpa e organizada.
- Fique à vontade - ela disse, apontando para o sofá, e foi para a cozinha beber água. Estava dando o último gole quando foi surpreendida pelas mãos do homem em sua cintura. Ficou parada, apenas aproveitando as sensações causadas pelos lábios dele na pele de seu pescoço, porém não aguentou a provocação por muito tempo, logo girou o corpo para ficar de frente para ele. Inclinou a cabeça como se fosse beijá-lo, e quando fechou os olhos, ela mudou a direção para o lóbulo da orelha dele, ouvindo-o suspirar e apertar ainda mais sua cintura. Uma mão dele subiu até a nuca dela, puxando seus cabelos e fazendo os rostos se encontrarem. Dessa vez, o tesão que sentiam um pelo outro foi totalmente exposto no beijo, passava as unhas levemente sobre toda a extensão das costas de , enquanto este acariciava sua cintura por baixo da blusa e depositava beijos em seu colo. O homem prensou-a na pia e, dessa vez, quem não conseguiu prender um suspiro alto foi ela, que posicionou suas mãos nos bolsos traseiros da calça dele, apertando ainda mais seus corpos. Como num filme, o momento foi interrompido pela voz de Marina Diamandis, o que indicava que o celular de estava tocando. Ela grunhiu, frustrada, caminhando até seu quarto para atender o aparelho. Era sua mãe, apenas preocupada com o sumiço da filha. “No mínimo ela sentiu que eu estava fazendo safadeza e resolveu intervir”, riu mais alto do que deveria e percebeu que deveria parar de falar consigo mesma, antes que o boy da toalha resolvesse fugir.
Retornou à sala, encontrando sentado no sofá assistindo a um episódio de Friends, sua série favorita de todos os tempos.
- DOESN’T SHARE FOOD! - imitou o que Joey acabara de dizer, fazendo o vizinho rir.
- Vem cá - sorriu e apontou o lugar ao seu lado, para onde ela logo se dirigiu e foi envolvida no abraço dele.
- Foi mal - disse, ainda querendo jogar o celular contra a parede.
- Relaxa - ele depositou um beijo nos cabelos dela, e se acomodou de maneira mais confortável nos braços do homem. Na metade do segundo episódio eles pegaram no sono, acordando cerca de uma hora depois, quando o volume da televisão aumentou sozinho.
- Ai, minhas costas - ela resmungou, com os olhos fechados. - Vem - enlaçou seu dedo indicador no dele, guiando-o até o quarto. Mesmo bêbada de sono, estava consciente de que ela estava levando um homem para sua cama. Grande mudança para a senhorita certinha!

19 de outubro de 2013 - 10h02min

Abriu os olhos lentamente, percebendo que havia algo diferente. E esse diferente era o braço esquerdo de envolvendo seu corpo. Num estalo, arregalou os olhos, ela não poderia ter bebido todas e dormido com o vizinho sem se lembrar de nada. Obviamente não, já que ela não era muito de beber, e as roupas da noite anterior encontravam-se em seu corpo. Foi despertando e lembrou-se de que eles estavam assistindo e pegaram no sono, depois vieram para o quarto. Estava cada vez mais surpreendida com as atitudes do homem em sua cama, afinal, ele realmente havia apenas deitado com ela, sem tentar nada. Sorriu, lembrando-se de tudo que havia acontecido durante a semana, e sentiu se mexer.
- Bom dia! - virou-se, agora ficando de frente para ele.
- Bom dia, linda - deu um selinho rápido nela. - Quais são seus planos pra hoje?
- Vou almoçar com as colegas de faculdade e à tarde vou a um chá de panela - disse em meio a um bocejo. - E você?
- Vou jogar futebol - ele riu, ao que ela replicou com “Que novidade”.
- Vê se joga bem, hein - ela deu um cutucão nas costelas dele.
- Sou o melhor atacante daquele time.
- Será mesmo? - perguntou com desdém.
- Então a senhorita está duvidando de mim? - começou a fazer cócegas na barriga dela, que se contorcia e pedia para ele parar.
- Por favor! - ela pediu em meio a risadas. - Eu admito que você é o melhor jogador da cidade!
- Assim está melhor! - abraçou-a, dando uma mordidinha leve no lábio dela. costumava odiar amassos matinais, achava-os nojentos. Mas com ele era diferente, ele era diferente.

19 de outubro de 2013 - 20h14min

Meia hora havia passado desde que ela ouvira o carro de seu querido vizinho ser estacionado. O chuveiro já havia sido desligado, e tudo que ela ouvia eram os ruídos da televisão dele. Maldita hora em que ele havia resolvido se engraçar para ela. Agora, tudo o que queria quando estava em casa era ter a companhia dele. Grande parte disso poderia ser efeito dos longos nove meses morando sozinha numa cidade diferente e bem distante de seus pais. Um pouco de carência, um pouco de desejo e a sensação de bem-estar causada por . Decidiu procurá-lo.
- Boa noite, vizinho. Você tem uma xícara de açúcar para me emprestar? - perguntou, desviando o olhar do dele. Ela era daquelas que raramente tomava a atitude, sempre esperava o cara vir atrás, então a situação em que se encontrava era um pouco desconfortável.
- Acho que você vai ter que entrar aqui para me ajudar a procurar onde está o pote... - puxou-a para dentro, iniciando um beijo demorado. - Pensei que você fosse sair - ele admitiu.
- Hoje é dia de , não posso! - riu.
- Ah, é! Confesso que tinha até esquecido. Tudo por culpa de uma vizinha... - sorriu para a garota a sua frente, que se aproximou e beijou-o. - Então hoje eu vou ouvir você xingando os jogadores e o árbitro de pertinho?
- Se não for muito incômodo - ela repetiu o que ele havia dito na noite anterior.
- Você sabe que não - fez carinho na bochecha dela. - O jogo vai começar daqui a pouco, vamos pedir algo para comer.
Optaram por pizza, que chegou quando a partida se encontrava nos 15 minutos do primeiro tempo. já se estava louca com o jogo, enquanto só ria.
- Puta merda! Até eu fazia esse gol! - esbravejou.
- Tenho que concordar, qualquer perna de pau marcaria esse - o homem caçoou.
- Só não te bato pelo comentário porque eu realmente sou ruim, mas não a ponto de errar esse gol ridículo.
- Sabe que é só pra te incomodar - aproximou seus lábios num selinho rápido.
Os noventa minutos de jogo se passaram em meio a várias fatias de pizza, xingamentos por parte da garota, risadas e beijos no intervalo. Aos 43 minutos do segundo tempo, quando ambos haviam perdido a esperança de vitória do time, foram surpreendidos. O perna de pau - que no começo havia errado - acertou um belo chute no ângulo esquerdo da goleira.
- FEITOOOOOOOOOOOOOOOO - berrava, pulando e batendo palmas na frente de , que não conseguiu resistir a alegria dela e entrou na comemoração.
“Falta perigosa na área de defesa do ...”, ouviram o narrador anunciar e voltaram a sentar no sofá, dessa vez entrelaçando as mãos. Enquanto o jogador adversário ajeitava a bola para a cobrança, a garota apertava a mão de . Por sorte, o jogador do outro time conseguia ser pior que o atacante deles. Os cinco minutos restantes foram de puro sufoco e ambos suspiraram aliviados quando o árbitro deu o apito final.
- Essa vitória merece uma comemoração especial - ele sussurrou no ouvido de , fazendo todos os pelos de seu corpo se arrepiarem. Ela não disse nada, apenas colou seus lábios no dele, procurando sua língua com urgência. As mãos dele voaram para sua cintura, apertando-a. Sem quebrar o contato físico, a guiou até seu quarto, onde essa partida finalmente sairia do 0 x 0.

20 de outubro de 2013 - 9h37min

- Bom dia, vizinha - o homem lhe deu um selinho assim que ela abriu os olhos.
- Buenos días, muchacho - levantou-se e caminhou em direção ao banheiro, onde colocou um pouco de creme dental na boca para poder dar um beijo decente em . Tá certo que ela poderia ir até sua casa, mas sair de perto dele estava fora de questão. Voltou para o quarto e foi surpreendida com uma bandeja cheia de guloseimas.
- Wow! - exclamou, rindo.
- Desculpa por não fazer como nos filmes, onde existe uma enorme variedade de coisas gostosas e saudáveis, mas é isso que eu posso oferecer no momento.
- Está mais do que bom - aproximou-se, jogando os braços ao redor do pescoço dele e beijando-o. Ele havia inovado no pedido quando bateu na porta dela pedindo uma toalha de banho emprestada, mas agora havia apelado para o clichê, pois sabia que isso agradaria a garota.

13 de dezembro de 2013 - 17h14min

“Estou te esperando aqui fora :)” era o que estava escrito na sms que enviara. Receber carona para voltar do trabalho era algo que estava virando rotineiro, assim como dormir no apartamento dele e vice-versa.
Dezesseis minutos depois, abria a porta do carro dele, cumprimentando-o com um selinho.
- Que cansaço! - disse, colocando o cinto enquanto ele dava a partida no carro. Admirou-o, achava sexy até o jeito como ele dirigia. - Como foi seu dia? - perguntou, fazendo carinho na nuca dele.
- Foi bom, já comecei a ganhar chocolate e alguns bilhetes também.
- Vish, pelo visto, vou ter que dar um jeito em algumas pirralhas... - ela comentou, provocando riso nele.
A garota ligou o rádio em sua estação favorita, que no momento tocava “Teenage Dream” da Katy Perry. O homem já não reclamava mais de ter que ouvir música pop quando saíam, estava até começando a achar aceitável e, por mais que tentasse negar, havia aprendido o refrão de algumas.

Let's go all the way tonight (Vamos percorrer todo o caminho esta noite)
No regrets, just love (Sem arrependimentos, apenas amor)
We can dance until we die (Nós podemos dançar até morrermos)
You and I, we'll be young forever (Você e eu seremos jovens para sempre)

acompanhava a música, sorrindo, aproveitando o vento que batia em seu rosto e bagunçava seus cabelos. Uma grande parte da razão para não brigar pelas estações de rádio era que ele achava encantador o jeito como a garota ao seu lado ficava ao cantar essas “músicas de mulherzinha”, como ele dizia no começo. Era impossível não sorrir junto dela e não ser contagiado pelo seu bom humor.
- Ei! Para onde estamos indo? - perguntou quando percebeu que o carro fazia o caminho contrário do bairro deles.
- É surpresa, formiguinha! - ele respondeu fazendo carinho no joelho dela.
Cerca de 20 minutos depois, o carro era estacionado em frente a um dos mais charmosos hotéis da cidade, de onde se podia ver perfeitamente a Arena .
- Não ‘tô entendendo nada - confessou, olhando para em busca de alguma explicação.
- É exatamente o que você está pensando. Nós vamos passar a noite aqui - sorriu, depositando um beijo na palma da mão dela.
- Você precisa parar com isso - ela mordeu o braço dele por pura mania, logo se desculpando com um beijo caloroso.
Abriram a porta do apartamento 504, e ficou maravilhada com o cômodo que viu, não era à toa que um de seus desejos - comentado com - seria passar uma noite ou, quem sabe, até mesmo trabalhar ali.
- Podemos morar aqui? - seus olhos brilhavam de animação.
- Assim que ganharmos na mega-sena, mas enquanto isso não acontece, vamos aproveitar a noite. - Que tal um banho antes do jantar? - um sorriso safado havia se formado no rosto dele.
- Espera! Você não avisou nada, obviamente eu não trouxe roupa nem... - foi interrompida por ele, que apontava para o baú. Uma mala pequena estava ali, junto com algumas roupas e outros pertentes dela. sorriu e tirou a camiseta, jogando-a para . Caminhou rebolando até o banheiro, onde logo a figura do homem se fez presente, tornando aquele banho muito mais demorado e gostoso, atrasando um pouco o jantar.

13 de dezembro de 2013 - 20h48min

- Imagina ter essa vista todo dia - disse enquanto esperavam o elevador.
- Quem sabe um dia? - a abraçou por trás, não conseguindo controlar o nervosismo que sentia pelo que estava prestes a acontecer.
abriu a porta, deixando que ela entrasse primeiro. Pétalas de rosas vermelhas enfeitavam o caminho desde o primeiro passo para dentro do quarto e seguiam até a cama. Olhou surpresa para o homem atrás de si, que apenas sorriu largamente e indicou que ela seguisse até onde as pétalas acabavam. tirou o salto alto, queria aproveitar a sensação do carpete fofo e das rosas debaixo de seus pés. Na beirada da cama havia uma toalha dobrada envolvida em um laço e um bilhete escrito “estenda-me”. Desenrolou o laço, abrindo a toalha devagar, estendeu toda ela sobre a cama e leu a frase bordada ali: “Quer namorar comigo?”.
Seu coração batia acelerado, nunca havia sentido tanta felicidade como naquele instante. Virou-se, caminhando em direção a com um sorriso que quase rasgava seu rosto. Contornou o pescoço dele com os braços, colando suas testas e exclamando “Sim!”. Ele pegou-a no colo, como fazem os maridos recém-casados, caminhando até a cama. Ele havia batido na porta dela por uma toalha de banho e havia voltado de lá com o mais bonito dos sentimentos: o amor.

Fim



Nota da autora: Nem acredito que consegui escrever uma fanfic pra um especial do FFOBS, wow! Isso tudo graças à minha amiga Lu, que conhece minha história e disse “você precisa participar!”, então aqui está uma shortfic baseada em minha vida. Sim, o vizinho do 05 realmente bateu à minha porta para pedir uma toalha de banho e estamos juntos há dois meses ;) Agradecimento especial a: Bruh, Cherry, Sam e Jéjé, que me aturam quando eu invento de querer escrever uma fanfic e também me aturam falando do boy da toalha hahaha <3 Claro, não pode faltar a Abby linda, que aceitou ser minha beta mesmo eu devendo uma fanfic pra ela, oops! ♥ E, claro, muito obrigada a você que leu essa história. Espero que tenha gostado :)


Nota da Beta: Erros? Envie diretamente para mim pelo email awfulhurricano@gmail.com ou através de um tweet para @AbbyCJ (lembrando que eu NÃO sou a autora da fic). Não use a caixinha de comentários, por favor. xx Abby


comments powered by Disqus

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AO SITE FANFIC OBSESSION.