A escrita foi inspirada na música Two Pieces - Demi Lovato e contém a letra e tradução da mesma. Ouvir a música lendo esta história não é essencial, mas ajudaria.
Eram apenas duas crianças. Duas pobres crianças que procuravam a felicidade em um local errado. Mas talvez nem tão errado assim. Dois corações. Duas dores que com o tempo foram se transformando em apenas uma. Eles procuravam desesperadamente um local, uma casa, um lar. Procuravam pessoas que pudessem fazer de seus corações um lugar melhor. Encontraram-se um ao outro a felicidade que julgaram perdida. Dois pedaços como um quebra cabeça, como se fossem feito um para o outro.
Mas talvez encontrar o caminho de casa não seja tão fácil assim. Mesmo tendo um ao outro, não podiam deixar de se sentirem sozinhos. Era como se existissem apenas eles em um mundo extremamente cruel.
Mas como um golpe horrível do destino, o quebra cabeça se desfez e a peça mais importante sumiu. O Amor. Depois de crescerem e aprenderem, depois de viverem do céu ao inferno, puderam perceber que pertenciam um ao outro.
Mas talvez eles tenham percebido tarde demais.
Talvez eles já se perderam.
Talvez, quando se encontrassem novamente, seria no céu.
Ou no inferno.
Two pieces of a broken heart.
Orfanato Santa Claus, 10 de julho de 2000.
A garotinha entrou no grande salão enfeitado de azul e branco, sentindo-se deslocada. Ela só queria sua mãe, seu pai e seu irmão novamente. A irmã Amy chamou-a com um sorriso, lhe direcionando um olhar calmo, um pedido silencioso. Fique forte. O garoto com seus recém completados seis anos adentrou no salão, secando as pequenas lágrimas. A memória dos seus pais o dizendo que o amava ainda era fresca. E sua irmã mais velha? Quem iria lhe empurrar da escada todo dia? Irmã Amy lhe lançou o mesmo olhar piedoso, engolindo seco. Fique forte. Eram disso que eles precisavam.
Orfanato Santa Claus, 11 de julho de 2000.
Com um cupcake em suas mãos, ela soprou a única velinha. Seis anos. Dois dias depois da morte dos seus pais. O que seria dela? Com as mãos trêmulas, ela largou o pequeno doce em cima da mesinha, observando a paisagem por fora de sua janela. O balanço, onde as crianças brincavam animadamente. Como poderiam estar felizes sabendo que as suas famílias estavam morta? Ela balançou a cabeça freneticamente, sentindo as grossas lágrimas caírem. Não sabia como suportar. Não sem eles.
Observou o menino de sua idade sentar-se sozinho no chão, brincando com um urso de pelúcia. Ele aparentava estar arrasado. Ela o entendia. Também estava sofrendo, senão mais!
There's a boy, lost his way, looking for someone to play Há um menino, que perdeu o caminho, procurando alguém para brincar
There's a girl in the window tears rolling down her face Há uma garota na janela, lágrimas rolando em seu rosto
We're only lost children, trying to find a friend Somos apenas crianças perdidas tentando encontrar um amigo
Trying to find our way back home Tentando encontrar o nosso caminho de volta pra casa
mordeu o lábio inferior, impedindo as lágrimas teimosas. Callum, seu urso desde pequeno, parecia estar com um semblante triste, também. Respirou fundo e juntou os joelhos, colocando sua cabeça entre eles. Sentiu passos se aproximando, mas não se importou em verificar quem era. Até ouvir sua voz soar doce e calma.
- Oi - disse ela, tímida. levantou os olhos, observando a garotinha envergonhada a sua frente. Seu vestidinho era rosa e batia em seus joelhos, embora ela estivesse o segurando desajeitadamente. Os cabelos pretos e lisos caíam por seu rosto pálido. Ela também estava triste. - Me chamo e você?
- , mas prefiro que me chame de - respondeu o menino, estreitando os olhos para enxergá-la melhor. Ela sorriu e ele se perguntou como uma pessoa em um orfanato conseguia sorrir daquela forma. Tão doce e calma.
- Eu vi você da minha janela. - Ela apontou para a janela pintada de marrom. acompanhou seu olhar, assentindo em seguida. - Você parece triste.
- Você também - retrucou, arrependendo-se em seguida. Ela se encolheu, sentando ao seu lado. - Me desculpe.
- Não, tudo bem - sorriu mais uma vez, balançando seus cabelos pretos. - O que aconteceu?
- O quê?
- Para você vir para cá. Alguma coisa aconteceu com sua família. - Ela fechou o sorriso, o olhando atentamente.
- Morreram em um incêndio. - suspirou, abaixando a cabeça. Levou seus dedos até a grama verde, fazendo desenhos abstratos. - Em minha casa. Eu estava na escola. Fui o único a sobreviver. E você?
- Em um acidente - respondeu , suspirando triste. Observou ele desenhar coisas sem sentidos na grama, piscando em seguida. - Fui a única a sobreviver também.
- Não gosto de falar disso - ele comentou, dando de ombros. Parou seus movimentos para encará-la, dando um sorriso fraco em seguida. - Você parece um... ursinho.
- O quê? - ela soltou uma pequena gargalhada, fazendo-o sorrir em resposta.
- Seus olhos são tão... doces. E, bem, você também é fofa. Vou te chamar de Bo - ele afirmou, assentindo para si mesmo. - Isso aí, Bo.
- Mas meu nome é ! - exclamou ela, indignada. Não que estivesse incomodada, pelo contrário, achava fofo.
- Não é mais. Pelo menos para mim. - sorriu ao vê-la rir mais uma vez.
We don't know where to go Nós não sabemos para onde ir
So I'll just get lost with you Então eu vou me perder com você
We'll never fall apart Nós nunca desmoronaremos
'Cause we fit together right, we fit together right Porque nos encaixamos direito
Orfanato Santa Claus; 3 de agosto de 2000.
- e ! - A voz de irmã Grace se fez presente. Eles saíram correndo em disparada, ignorando os chamados apelativos da irmã.
- Anda, Bo! Vamos! - ela a apressou, vendo que ela estava mais lenta que ele, devido ao seu ataque de risadas. ... Ou melhor, Bo, era bastante risonha.
- Eu estou indo – avisou, assim que conseguiu parar de rir. Esforçou-se ao máximo para conseguir acompanhar o amigo e, assim que o fez, levou as mãos ao joelho, arfando.
- Deixa de ser fraca - zombou , sorrindo largamente. revirou os olhos, se recompondo em seguida.
- Oh, me desculpe - sorriu, irônica, respirando fundo. Ela sofria de uma doença grave no pulmão portanto não deveria correr.
Não deveria.
Fechou os olhos, tentando respirar o máximo possível. Com sua empolgação em fazer algo diferente por ali a fez esquecer-se de sua doença. Sem correr, sem subir escadas correndo, sem brincar. Ela não poderia chamar aquilo de infância, então.
- ... - murmurou, engolindo seco disfarçadamente - Eu não... posso correr...
- O quê? - ele a olhou confuso, vendo-a quase desfalecer. Arregalou seus olhos, segurando com força seu braço - Bo?! Você está bem?
Bo não teve chance de responder. Seu corpo ficou pesado e as suas pupilas se dilataram. Fechou os olhos quase que imediatamente, causando uma sessão de gritos em torno de si.
Orfanato Santa Claus; 4 de agosto de 2000.
colocou sua cabeça para dentro do quarto, encarando o pequeno corpo imóvel na cama. Mordeu o lábio, entrando por completo. Ficando nas pontas do pé, ele fechou a porta, andando calmo até .
- Ei, Bo - ele fungou, subindo na cama desajeitadamente. - Você se lembra quando eu te dei esse apelido? Você ficou furiosa... Para falar verdade, eu nem sei como você ficou. Acho que confusa, certo?
Ele olhou para a garotinha desacordada, suspirando em seguida. - Então... Eu não gosto de conversar sozinho, é como se eu estivesse sozinho no mundo. O que, na verdade, eu tô. Mas...
molhou os lábios, interrompendo sua fala. Ele se sentia quase que patético ali, sentado ao lado de sua melhor amiga.
- Você não pode ir embora - murmurou baixinho, abaixando o olhar. - Eu... não tenho ninguém além de você. Você foi a única pessoa que conseguiu minha amizade... E sempre foi a única que teve meu coração. - sorriu, balançando a cabeça. Olhou para os lados, certificando-se que não havia ninguém por ali, nem uma viva alma. Sorriu sem graça, tentando tirar essa ideia da cabeça, porém, não conseguiu. Então em um movimento rápido, se abaixou ficando frente a frente com ela. Sorriu nervoso, inclinando sobre ela e colando seus lábios em um rápido selinho.
acordou em um pulo, abrindo os olhos, assustada.
- ?
- Hum, oi - ele disse, se distanciando dela. - Você acordou.
- Não precisa ficar assim - ela admitiu, mexendo-se desconfortável. - Eu, de certa forma, gostei.
Orfanato Santa Claus; 11 de dezembro de 2000.
Chovia. Chovia como nunca havia chovido antes. Talvez o destino estivesse se manifestando. Talvez fossem as lágrimas de . Talvez fosse a dor de . Eles sabiam que isso iria acontecer um dia, porém nunca imaginaram que seria tão rápido. Estavam em um orfanato e em um orfanato pessoas adotavam crianças.
E uma dessas crianças foi escolhida como um presente de natal. .
O Natal, a data que nomeava o grande orfanato. Eles pensaram que poderia passar o primeiro natal juntos, o primeiro de muitos. Mas como sempre, o destino pregou mais uma peça neles.
Não bastavam eles terem perdido os pais em acidentes horríveis. Não bastavam as dores e angustias dos dois. Não bastava nada.
Eles tinham que perder tudo. Inclusive o amor.
terminou de fechar sua mochila rosa, soltando um suspiro indesejado. A porta do quarto rangeu indicando uma visita. Ela virou seu rosto, encontrando os olhos tristes de .
- Eu vim te entregar isso. - Ele estendeu Callum para ela, sorrindo fraquinho - Deve ficar com você.
- Mas, ! - exclamou, surpresa.
- Sem mas, Bo. Ele merece ficar com você. Uma única lembrança de mim.
- Ele está com você desde de pequeno, - disse Bo, tristinha, mas pegando o ursinho mesmo assim. - Eu não deveria aceitar.
- Só fique com ele - deu de ombros, fitando o chão. - Você... Você já sabe quem vai te adotar?
- Não. Eu só sei que é fora do país.
- Não é no Brasil? Mas... - aumentou seu tom de voz, arrependendo-se em seguida. - Me desculpe.
- Não tem problema - ela riu fraquinho, lembrando-se do dia em que se conheceram. Ele também havia levantando a voz para ela. E também havia se desculpado. - Reino Unido. Londres.
deixou sua boca entreabrir, espantado. Depois, seus lábios se curvaram em um doce sorriso. - É o seu sonho.
- Sim - sussurrou em resposta, respirando fundo. - Eu vou sentir sua falta.
- Eu também - respondeu no mesmo tom, encarando-a. Ficaram assim por alguns segundos, escutando a chuva cair dolorosamente lá fora. Por fim, se abraçaram forte. colocou a cabeça no ombro de , em uma tentativa falha de impedir as lágrimas. Em poucos segundos, elas escorreram, mas não sozinhas. Os dois apertavam-se mais a cada lágrima que caía. Eles queriam se fundir. Tornar um só.
Uma batida na porta despertou os dois, fazendo-os separarem rapidamente. A voz da irmã Amy se fez presente, sempre calma e piedosa.
- Vamos, , eles estão te esperando - disse Amy, chorosa, olhando-a carinhosamente. A mensagem sempre no olhar dela.
Fique forte. Segundos depois, ela sentiu dois bracinhos enroscarem em sua perna, em um abraço desajeitado. Sorriu maternal, agachando-se na altura da menininha.
- Lembra-se do que eu te disse? - Amy perguntou, secando as lágrimas teimosas de . - Não importa o que aconteça: fique forte e encare seus problemas de cabeça erguida.
assentiu, passando seus braços pelo pescoço de Amy, fungando em seguida. - Eu ficarei bem, graças a vocês.
fungou também, desviando o olhar. se soltou, pegando a mochila rosa e andando melancólica até a porta.
- Você não vem? - perguntou a , confusa. Ele negou com a cabeça em uma resposta silenciosa.
É muito doloroso para mim. Ela sorriu triste antes de acenar desanimada. Com a ajuda de Amy ela desceu as escadas, chegando no hall logo depois. Ao encontrar o Sr. e Sra. Foster, ela sorriu doce, como sempre.
Ela só precisava ter fé.
Os Foster a abraçaram forte, dizendo palavras acolhedoras. Ela se sentiu confortável por alguns segundos, sorrindo um pouco mais largo. Saíram juntos de mãos dadas, exatamente como uma família feliz.
Antes de entrar no carro, olhou para cima, encontrando o par de olhos já tão conhecidos. Sorriu triste pela última vez antes de entrar no carro, direto para o seu novo lar.
O carro arrancou, levando consigo uma lágrima do pequeno garotinho.
- Eu te amo, Bo.
fechou os olhos, abraçando Callum o mais apertado que pôde.
- Eu te amo, .
These dark clouds over me Estas nuvens escuras sobre mim
Rain down and roll away Chovem e rolam para longe
We'll never fall apart Nós nunca desmoronaremos
'Cause we fit together like Porque nos encaixamos como
Two pieces of a broken heart Dois pedaços de um coração partido
Hyde Park, 11 de dezembro de 2013
Seus pés afundaram na neve fofinha, lhe causando um pequeno desconforto. Não que não gostasse de neve, muito pelo contrário. tirou os cabelos rebeldes do rosto, colocando-os por trás da orelha. Deu um sorriso ao ver crianças brincando no parque. Andando calmamente, seu olhar se fixou em um garoto e uma menininha, provavelmente da mesma idade. Seu sorriso se dissipou, dando lugar a uma feição melancólica. Soltou um suspiro forte, sentindo seus olhos umedecerem.
Treze anos. Ela já não tinha esperança. Sua fé já tinha se dissipado á tempos.
Ela apertou os passos, colocando seu capuz e abaixando a cabeça em seguida. Ignorou a onda de calafrio que sentiu ao passar por um rapaz apressado, quase a derrubando.
Ela só precisava de sua casa, seu lar. O seu finalmente lar.
I know where we could go and never feel let down again Eu sei onde poderíamos ir e nunca nos sentirmos decepcionados novamente
We could build sandcastles, I'll be the queen, you'll be my king Podemos construir castelos de areia, eu vou ser sua rainha e você vai ser meu rei
We're only lost children, trying to find a friend Somos apenas crianças perdidas tentando encontrar um amigo
Trying to find our way back home Tentando encontrar o nosso caminho de volta para casa
O garoto não parou ao esbarrar na garota, estava mais preocupado em terminar logo com isso. Terminar logo com seu sofrimento.
adentrou na floresta quase morta, cheia de galhos pretos e cobertos por neve. Desviando-se dos galhos no chão, ele ergueu a cabeça pela primeira vez. Ele surpreendeu-se por alguns segundos, boquiaberto com a paisagem... morta.
Assim como ele, para falar a verdade. Tudo o que ele queria era encontrá-la e dizer o quanto a ama, o quanto sente sua falta. Desde quando ela foi embora para longe, para a um oceano de distancia, as palavras ficaram entaladas em sua garganta. Ás três malditas palavras que até hoje não foram dita diretamente para ela. Tudo o que ele realmente queria ela poder desabafar e ter mais uma vez o abraço e sorriso acolhedor de .
Suas penas obedeceram sua mente, forçando-se a caminhar mais rapidamente pela floresta adentro.
Ele já tinha vivenciado demais. Tinha vivido demais.
Fechando a porta em um estrondo, escorregou pela porta, só parando quando chegou ao chão. Ás lágrimas que estavam escondidas voltaram com mais intensidade, não deixando escolha a não ser chorar e lamentar. já não era mais a mesma. Certo, ela fora adotada por uma família britânica, rica, bem reconhecida. Mas ela não tinha o que mais lhe interessava: Amor. A família Peterson não sabia o que era o amor. Queria os Foster de volta. Os meigos Foster, empregados da família. Por mais que tivesse um respeito enorme por eles, ela não conseguia mais viver naquela família cercada por falsidade. Por dinheiro. Por infelicidade. Era um choque de realidade. Quase seis anos vivendo em uma família tão unida e amável que, quando percebeu a verdadeira realidade, se assustou.
reprimiu um soluço, proibindo-se mentalmente de se martirizar. Não fora ela quem havia escolhido se afastar de , pelo contrário; se pudesse, ficaria ao seu lado para sempre. Suas forças se esvaindo aos poucos, ela se levantou cambaleante, abrindo os braços e passando por cima da mesa, derrubando todos os porta-retratos ali presentes. Em seu braço havia cortados por todos os lados, mas ela não se sentia incomodada, aliás, ela nem sentia dor. Repetiu o processo com todos os porta-retratos, os vendo vivarem mil no chão.
Aquilo não a ajudou, muito pelo contrário; só piorou.
We don't know where to go Nós não sabemos para onde ir
So I'll just get lost with you Então eu vou me perder com você
We'll never fall apart Nós nunca desmoronaremos
'Cause we fit together right, we fit together right Porque nos encaixamos direito
limpava as lágrimas teimosas que caíam copiosamente por seu rosto pálido. Voltar no tempo era sempre uma coisa que o deixava tenso, triste... humilhado. Se teve sorte de ficar com uma família rica, ele ficara com uma completamente diferente. Um ano depois da partida de Bo, ele foi adotado. A família parecia feliz, contente por ter mais um filho para sua coleção. Mas claro, tudo ilusão. Assim que chegou a sua nova casa, - por falta de palavra melhor - ele teve noção de onde se metera. Em uma família extremamente pobre, que fazia de tudo - exatamente tudo - para se sustentarem. Ele, o único responsável dos seus "irmãos", conseguiu subir na vida sozinho, sem precisar fazer algo sujo para ter dinheiro. E, assim, ele saiu de casa e foi viver em Berlim, Alemanha. Anos depois, ele lembrou-se de Londres. Lembrou-se de como Bo contava que achava a cidade maravilhosa, lembrou-se de como ela ficava feliz ao contar sobre tal cidade. Uma súbita ideia, ele se mudou para Londres, onde ficou por um ano. Infelizmente, nada encontrou. A não ser o local para onde estava indo. Parecia que o destino havia planejado aquilo tudo.
Maldito destino. Maldita hora em que foi acreditar no amor.
Os armários foram abertos com força, se confundindo com o baque da porta se fechando fortemente. Duas mãos delicadas reviraram o conteúdo, tirando o fundo falso. Fundos falsos sempre são tão úteis. sorriu fraquinho ao ver seu “estoque” de remédios. Remédios para dormir, faixa preta, remédios para depressão profunda. Respirando fundo, ela pegou um frasco amarelo, não se importando em ler o que estava escrito, mas de uma coisa ela sabia: Aquilo a manteria dopada por um bom tempo.
These dark clouds over me Estas nuvens escuras sobre mim
Rain down and roll away Chovem e correm para longe
We'll never fall apart Nós nunca desmoronaremos
'Cause we fit together like Porque nos encaixamos como
Two pieces of a broken heart Dois pedaços de um coração partido
Assim que chegou no local, ele se sentou sobre a pedra. Olhou para baixo, vendo o rio passar furiosamente. Sua mente doía, suas mãos suavam devido ao nervosismo. Talvez Bo já tivesse feito aquilo, talvez ela já tenha desistido de tudo e fora embora para longe, o que custava ele acabar com aquilo de uma vez? Era pro seu próprio bem.
, sentindo as vistas escurecerem, ligou o chuveiro colocando o tampão na banheira. Jogou tudo o que tinha de direito lá dentro, incluindo sais de banho, sabonetes, hidratantes...
Sua mente trabalhava a mil por hora, causando pequenas dores. Seu corpo já estava reagindo ao efeito do remédio ingerido em alta quantidade. Sua cabeça girava, mas ela ainda conseguiu pegar ás cordas e amarrá-las na pequena abertura da grande banheira. Sorriu debilmente ao ver seu recém-completo trabalho, agora só precisava por em prática no qual, em sua opinião, era bem mais fácil.
Now I can lay my head down and fall asleep Agora eu posso descansar minha cabeça e cair no sono
Oh, but I don't have to fall asleep to see my dreams Oh, mas eu não tenho que adormecer para ver meus sonhos
'Cause right there in front of me (right there in front of me) Porque está bem na minha frente (Bem na minha frente)
There's a boy, lost his way, looking for someone to play Há um menino, que perdeu seu caminho procurando alguém para brincar
tirou sua mochila das costas, jogando-a no chão segundos depois. Tirou a sua blusa de frio também, ficando somente com sua camiseta polo. Agachou-se e abriu o primeiro fecho da mochila, revirando-a em seguida. Assim que achou o que queria, olhou carinhosamente a foto já velha. O sorriso doce e calmo de Bo, a felicidade estampada no olhar. Ela estava tão feliz... Pena que não sabia o que viria a seguir.
Largando a foto por cima da mochila, andou até a beirada, esticando os braços em seguida e murmurando:
- Me leve até ela.
tirou o casaco de moletom, jogando de qualquer maneira no chão. Entrou na banheira já cheia de água logo depois de tirar seu chinelo. Em um movimento rápido, ela começou a amarrar as cordas em seu tornozelo, certificando se estavam bem presas. Depois de ter certeza, voltou a atenção ao seu pulso, onde teve um pouco mais de dificuldade. No entanto, ela sabia que seria fácil por conta de sua doença. Um minuto debaixo d'agua seria suficiente. Ou talvez fosse questão de segundos. Respirou fundo, fechando os olhos e mergulhando, mas não antes de dizer:
- Me leve até ele, por favor.
We don't know where to go Nós não sabemos para onde ir
So I'll just get lost with you Então eu vou me perder com você
We'll never fall apart Nós nunca desmoronaremos
'Cause we fit together right, we fit together right Porque nos encaixamos direito
These dark clouds over me Estas nuvens escuras sobre mim
Rain down and roll away Chovem e correm para longe
We'll never fall apart Nós nunca desmoronaremos
'Cause we fit together like Porque nos encaixamos como
Two pieces of a broken heart Dois pedaços de um coração partido
sentiu seu pulmão queimar, clamar por ar. Portanto ela nada fez. Apenas fechou os olhos e prendeu a respiração ainda mais, facilitando seu processo.
Em questão de segundos, mergulhou mais uma vez.
Só que, desta vez, na escuridão eterna.
There's a boy, lost his way, looking for someone Há um menino, que perdeu o seu caminho procurando por alguém...
Ás lágrimas rolavam livremente enquanto sentia um enorme aperto em seu coração. Porém não hesitou um só segundo. Deu mais um passo e então começou a cair... Cair para longe do sofrimento. Sentiu seu corpo se chocar fortemente com a água e, logo em seguida, afundar. Ele não sabia o que sentir, não sabia o que pensar. Só queria logo acabar com aquilo. E seu desejo estava sendo cumprido com sucesso.
Segundos depois, ele mergulhava novamente na escuridão profunda.
Na escuridão sem fim.
Onde não existe mais saída... A não ser sofrer.
Mas claro, ele iria se lembrar. Lembrar-se de como foi feliz um dia... De como amou um dia.
Tem memórias que não se apagarão.
Nada nem ninguém irá os separar totalmente.
Nem mesmo a morte.
...to play ...Para brincar
Fim
Nota da Beta: Erros? Avise por email ou Facebook. Contato com a autora? Através de email ou Twitter. Obrigada. Xx, Amy Moore.