Hells e Jess já estavam ajudando minha mãe desde o meio-dia com os preparativos para as festas de fim de ano. Conseguia ouvir claramente a risada alta de Jess bem como Hells rindo de toda piada sem graça e sem noção da minha mãe. Hells era fofa demais e boa demais para estar no mesmo mundo que nós, às vezes eu tinha plena certeza que ela era de Nárnia ou algum lugar parecido. A casa da minha vó em Ilha Bela estava lotada e bagunçada, e eu odiava isso. Queria passar meu Ano Novo sozinha no meu quarto.
Não foi nada fácil entrar naquele avião e ver do lado de fora encostado no vidro sem ao menos vir até mim para se despedir. Eu pedi espaço porque não conseguia compreender de jeito algum o nosso término, e voltando agora para o Brasil tudo fazia menos sentido ainda. Tinha uma sensação de que eu odiava tudo aqui! Não era mais a mesma coisa, não era meu quarto, meu cheiro, e acho que nem minha cachorra parecia mais me reconhecer. Era um universo diferente, um mundo diferente. Era o Brasil e não mais a Inglaterra. Era Ilha Bela e não Londres.
Lá estava eu, deitada na cama, brincando com a luz do meu abajur. Parecia a Holly em Ps I love you, porém não estava com uma roupa tão bonita quanto a dela e nem meu marido estava morto me mandando cartas do além; na verdade eu ia adorar se me mandasse uma carta, embora fizesse menos de 24 horas que eu cheguei ao Brasil e acho difícil uma carta chegar em tão pouco tempo. Eu estava com uma saia preta de pregas bem curtinha para os meus parâmetros, a camiseta que eu havia ganho da Lary de Natal – uma do Pearl Jam com o stickman vermelho na frente, cor preta – olhos delineados com lápis preto, cabelos lisos. Se alguém me visse com certeza pensaria que eu sou uma gótica fugitiva de algum ritual satânico de algum cemitério ao redor. Era Ano Novo, era para eu estar toda de branco como uma fadinha, mas resolvi colocar uma roupa que retratava meu humor. NEGRO! Preto como a porra do céu que estava agora; ia chover. Óbvio que ia, toda porra de ano chove, diferente de Londres, onde neva. Branquinha, fofa, gelada. E NÃO CHUVA. NO FIM DO ANO! Bosta!
- ?
Nem me dei ao trabalho de perguntar quem era, a voz de Jess era inconfundível. Jess era minha prima distante de quase quinto grau, mas nós crescemos juntas então dividíamos uma amizade longa. Embora não fôssemos muito próximas e nos víssemos apenas em datas especiais – aniversários, natal e Ano Novo – durante o ano trocávamos mensagens no Facebook e no Twitter. Desde que fui pra Londres perdemos totalmente o contato, já que ela não é nada fã de One Direction e arrasta uma asa pelo Fletcher, assim como eu. Quando ela viu que eu estava próxima dos meninos e não tinha falado nada pra ela, nossa pouca amizade se tornou em uma grande inimizade e cortamos relações. Mas então ela foi com minha mãe me buscar no aeroporto, viu minha cara de enterro e ficou com pena de mim, voltamos às boas. Jess era uma fofa e eu era apaixonada pelo seu estilo musical e visual; fã apaixonada de rock, cabelos longos e vermelhos, olhos bem desenhados de preto, unhas pretas e não estava nem aí para que o mundo pensasse dela. Começamos a amar juntas McFly, dividimos o mesmo homem – Tom – e adorávamos falar mal da Giovanna (embora hoje eu ache isso muito horrendo, Gio é uma fofa e falar mal da namorada do ídolo se tornou algo meio traumatizante pra mim). Ela pode não gostar de One Direction nem ao menos saber quem é , mas sua irmã Hells sabe, e muito bem.
Hells era linda, mas quando o assunto é One Direction ela vira uma fera, talvez seja porque ela fosse mais fã de The Wanted. Quando os meninos brigaram por Twitter – assunto esse que eu me neguei a discutir com porque achei babaca e infantil demais, e nós na verdade brigamos por isso – sempre via a Hells no Twitter defendendo o The Wanted e mandando mil asneiras para os meninos da One Direction. Na verdade, minha briga com começou a partir daí, porque ele disse que eu não o estava defendendo, afinal das contas mandei ele pra merda e mentalmente mandei todos os fandoms do mundo pra merda. Na verdade, a atitude de Hells me espantou e muito, geralmente ela é uma pessoa muito doce, mas acho que como mexeram com o queridinho dela – que eu honestamente nem sei o nome – a menina ficou uma fera e mandou todo mundo para os quatro cantos do inferno. Nunca fui muito próxima de Hells por ela ser mais nova que eu e Jess, mas sempre nos demos bem, e como ela também gostava de McFly, tínhamos de vez em quando assuntos em comum. Agora nosso assunto em comum são duas boybands e, se eu abrir a boca pra falar no , começaremos uma briga sem fim.
- , abre a porta? Por favor?
Ah sim, Jess estava aqui.
- Tá aberta, Jess – respondi, falando pela primeira vez desde que desci daquele avião.
- Credo, tá escuro demais aqui e fedendo mofo – ela abriu as persianas da minha janela, acendeu a luz (já que estava escuro devido ao tempo chuvoso) e sentou-se ao meu lado na cama. Dei uma olhada de soslaio para ela e constatei que até mesmo ELA estava de branco pro Ano Novo. Ótimo, serei a única esquisita. – Trouxe seu presente de Natal atrasado – ela sorriu.
- Não precisava – respondi. – Não te comprei nada.
- Sei disso, na verdade eu comprei o seu ontem, sua cara de Mortiça começou a me deixar preocupada, e como você não comeu ou falou nada desde que chegou, presumi que estava entrando em um estado de choque no estilo ‘Silêncio de Melinda’, então, antes que você morra e ninguém saiba, te trouxe um presente – ela riu e me entregou um pacote prata bem pequeno. – Não conheço seu gosto, achei que isso fosse te trazer lembranças boas.
- Obrigada – falei erguendo-me na cama e pegando o pacote. Quando abri dei de cara com um chaveiro bem pequeno do London Eye. Meus olhos se encheram de lágrimas... Justamente o London Eye, não tinha como você acertar mais em cheio, Jess. – É lindo! Simplesmente perfeito – respondi com a voz embargada. – Valeu.
- Sabia que ia gostar, vi suas fotos do London Eye e achei bem sua cara – Jess sorria, não via ninguém sorrir pra mim há um bom tempo. – Você tá chorando?
- Não sei se vou conseguir parar de chorar – funguei e limpei meus olhos, sentindo a grossa camada de lápis sair. – Não sei se você vai entender se eu começar a falar.
- Posso não saber quem é seu namorado, mas se você tá sofrendo assim é porque ele valia a pena – ela deu de ombros. – Desculpa, sou péssma em conselhos.
- Queria que você o conhecesse, eu tinha tantos preconceitos com respeito a ele!
- Ele é melhor que o Tom?
- Ninguém é melhor que Thomas Fletcher – eu falei começando a rir. Ah Deus, eu ainda podia rir. – Quer saber de algumas fofocas sobre o universo McFly?
- QUERO! – Ela riu. – Mas, primeiro, o que você acha de levantar, tomar um banho e tirar essa roupa horrorosa? Sério, , não estamos mais no Halloween.
- Não estou com ânimo para desejar feliz Ano Novo para ninguém, meu novo ano não vai ser nada alegre.
- É claro que vai – ela deu um tapa na minha perna. – , temos a mesma idade e você conseguiu apenas tudo o que eu almejo pra mim nos próximos dez anos. Essa sua experiência vai contar no seu currículo, na sua carreira...
- Jess – eu a interrompi. – Sabia que tem coisa mais legal do que simplesmente uma carreira?
- Garotos? – Ela arregalou os olhos. – SUPERA! Você nunca foi assim, nunca foi de ficar chorando pelos cantos por culpa de alguém, e desde que te conheço seu sonho é entrar de cabeça no ramo da fotografia e agora você conseguiu. Esquece essa bandinha e foca no seu futuro.
- Não é a banda – fiz manha. – Jess, é muito mais que isso!
- HELP ME BABY, I GOTTA GET OVER YOOOU! – Ela berrou e nós começamos a rir como duas babacas. – Lembra do Fred? Lembra de como você ficou devastada por ele? De como você jurou que não ia ficar chorando por mais nenhum menino?
- Tá querendo comparar o babaca do Fred com ?
- To querendo comparar a situação – ela explicou. – Ficamos cantando McFly durante dias, você finalmente o esqueceu e depois se entregou de cabeça no trabalho, tudo bem que era no colegial, mas mesmo assim esqueceu do mundo e ficou igual a Salmon do filme “Um olhar do Paraíso”, tirando foto até do chão.
- Eu tirei foto do chão de Londres – ri sem graça.
- SABIA! – Jess gargalhou. Ficamos nos encarando por um tempo e depois ela terminou sua linha de raciocínio. – Por favor, , não se entrega não. Foi ele quem terminou com você pelo seu trabalho, porque ele gosta muito de ti e quer seu melhor. Ele não foi um babaca igual o Fred, ele foi alguém maduro que te ama – ela fez careta. – Nem acredito que eu disse isso.
- Mas ele me ama – eu ri. – E eu também o amo.
- Supera esse amor, pelo menos por hoje! Toma um banho, eu te ajudo a escolher uma roupa branca, fechado?
- Jess...
- FECHADO?
- Ai, tá bom – bufei. – Só vou desejar feliz Ano Novo pra você.
- E pra minha irmã?
- Se ela vier falar de The Wanted comigo, eu não vou desejar um feliz Ano Novo pra ela não – eu ri. – To brincando.
- Ela vai falar...
- Deeeeeeeeeeeeeus!
Tomei banho e coloquei um vestido branco e leve que Jess havia escolhido pra mim. Como estávamos na praia, não passei maquiagem alguma, deixei meus cabelos molhados secarem ao natural e, nos pés, apenas chinelos. Era o Brasil, então não precisava de muita frescura.
Todos os meus parentes estavam no andar debaixo, TODOS! Avós, tios, pai, mãe, primos, tias fofoqueiras, primas mais fofoqueiras ainda... E assim que cheguei ao andar de baixo, todos os olhares foram para a minha pessoa. Minhas tias começaram a cochichar, minhas primas trocaram risadinhas maldosas e fizeram questão de mostrar que estava passando o DVD Up All Night Tour na Nick – malditas! Minha mãe veio ao meu encontro puxando a minha saia mais pra baixo, dizendo que estava curta demais, mandando eu pentear o cabelo, mandando eu colocar um cor no meu rosto e para eu sorrir. A coisa mais difícil que eu conseguia no momento era sorrir, ainda mais com esses rostos estranhos me encarando e falando de mim. Pensei que já tivesse superado essa fase.
- ! – Uma Hells um pouco mais alta do que da última vez que a tinha visto veio correndo até mim e me abraçou. – Ai que saudades suas, pensei que fosse te ver só ano que vem – ela gargalhou. Aquelas piadas que todo mundo faz no dia 31 de dezembro tipo ‘ahhh nossa amanhã é ano que vem’, Hells fazia isso. Eu disse que ela era de Nárnia.
- Agradeça a sua irmã por me tirar do meu antro de depressão – apontei pra Jess enquanto dava outro abraço nela. – Mas, menina, como você cresceu?
- , já tenho quinze anos completos! QUINZE! A última vez que você me viu eu tinha catorze, tipo, muuuuuuuuito tempo atrás – ela jogou a franja longa e castanha pra trás e eu comecei a rir. Jess e Hells eram parecidas na aparência: ambas lindas, com o mesmo corpão e com gostos musicais totalmente opostos.
- Sim, com certeza faz muito tempo que não te vejo, Hells – sorri. – Me dá outro abraço, por favor – a agarrei e aproveitei que eu ainda era mais alta e podia cuidar daquela pequena por mais um tempo.
- Vai lá fora no posto de segurança – Hells cochichou no meu ouvido.
- Que? – Eu a olhei assustada. – Hells, que foi?
- Vai lá fora – ela sorriu. – Agora.
- Por quê? Que você aprontou?
- Eu nada, eu juro – ela riu. – Só vai, por favor.
- Hells?
- Vai, ! – Ela riu e me empurrou.
Olhei pra Jess, que parecia saber muito bem o que estava acontecendo e sorriu pra mim também. Minha mãe agora estava preocupada demais em organizar a mesa para a ceia que se aproximava, minhas primas malditas soltavam gritinhos cada vez que aparecia na TV e fazia questão de falar ‘ele tá solteiroooooooo’, claramente para eu ouvir, meus tios bêbados e meu pai no meio. Apesar dos cinco minutos que eu tive com esse povo me encarando, agora eu parecia ser mais uma na multidão. Consegui sair da casa da minha vó sem chamar a atenção de ninguém e caminhei rápido na direção da praia. A casa da minha vó ficava de frente para o mar, menos de cinco passos e meus pés já tocavam a areia macia e gelada das praias de Ilha Bela, por mais que eu estivesse sentindo saudades de Londres, devo dizer que eu sentia saudade de uma boa praia brasileira.
- Seu Gerônimo?
O meu grande amigo e guarda da casa da minha vó estava sentado em um banquinho do quiosque na praia. Ele devia ter mais ou menos uns setenta anos, e me conhecia desde que eu era uma criança de três. Seu Gerônimo era o tipo de avô da galera, como o meu vô não dava muito a mínima para o que eu fazia ou deixava de fazer, Seu Gerônimo acabou me adotando; me ensinou a pescar, colocar minhoca no anzol, a pular ondas, pegar água-viva sem me queimar, comer carangueijo, essas coisas que o pessoal que vive na praia acaba fazendo. Ele sempre dizia que eu merecia um bom namorado ao meu lado, mas que eu nunca o encontraria aqui, que minhas ambições eram grandes demais pro Brasil e que o garoto que me entenderia encontrava-se em outro continente. Sempre que ele falava isso eu só gargalhava, porém ele nunca esteve tão certo em toda sua vida. Será que dessa vez ele tinha mais alguma predição pra minha vida?
- ... Pequena ? – Seu sorriso de sempre, tão cheio de poucos dentes (TADINHO!), mas que demonstrava tanta sinceridade, apareceu, a única coisa que eu soube fazer foi começar a chorar e dar um abraço de urso nele. – Mas, menina, de onde você surgiu?
- Ai vô – falei chorosa aninhando-me mais ao seu peito. – Meu Deus, você é a última pessoa que eu esperava encontrar a essa hora na praia, o que o senhor está fazendo aqui?
- Minha ronda de sempre pequena, noite de Ano Novo, sabe como essas crianças ficam, sempre temos que manter um olho aberto e outro também – ele riu apontando para seus olhos, sorri sincera. – Mas, quando você chegou? Não te vejo há um bom tempo.
- O senhor ficou sabendo que eu fui pra Londres, não ficou?
- Londres? A terra da rainha? – Seus olhos brilharam, Seu Gerônimo era tão simples e tão livre de ambição, era quase que uma criatura mágica.
- Essa mesma – eu sorri. – Voltei ontem no fim da noite.
- E como que ninguém me avisa? Minha princesa volta de terras longes e eu só descubro porque, graças a Deus, você resolveu dar uma volta na praia sozinha à noite, olha só! – Seu Gerônimo ia começar a chorar, oh meu Deus!
- Ah, por favor, vô – Eu sorri e fiz carinho em se rosto. – Me desculpe, eu também não ando muito social desde que voltei pro Brasil – dei de ombros.
- Mas o que se passa?
- Coração partido – eu ri. – Lembra que você sempre me dizia que meu amor estaria bem longe daqui? Então, eu o encontrei, mas infelizmente não demos certo.
- Ele te magoou?
- Seu erro foi me amar demais – suspirei e controlei o choro. – Mas, vamos indo.
- Sinto muito pequena, sempre achei que você teria seu final feliz longe daqui.
- Eu tive um começo feliz – sorri. – Já está bom, não está? Eu nunca tive nem cinco segundos felizes.
- Está excelente – Seu Gerônimo fez carinho em meus cabelos. – Me responda, o que você faz essa hora da noite na praia? Daqui a pouco dá meia noite e você não vai estar com sua família para desejar feliz Ano Novo.
- Não estou no clima de Ano Novo – fiz careta. – Na verdade a Hells, lembra dela?
- A pequena notável?
- A própria – nós rimos. – Ela me mandou vir pra cá, digo, pro posto de segurança da praia.
- Ah sim... Eu realmente achei que aquele moço não estava lá à toa, na verdade ele nem é da vizinhança. O jeitão dele, na hora pensei que era gringo – minha garganta se fechou! Não podia ser...
- Gringo? Moço? – Titubeei. – Seu Gerônimo, você... Você tentou falar com ele? – Pergunta estúpida, eu sei.
- Menina, eu mal sei falar português – ele riu. – Sei que ele tentou se comunicar, é nome de gringo... Charlie, Steve...
- ? – Já perguntei sentindo meu coração sair pela boca e meu estômago dar mil voltas. Se ele confirmasse o nome eu não sei o que...
- ISSO! – Ele riu. – Como você adivinhou?
- Tem certeza? – Eu tremia. – , mais alto que eu... – comecei a descrevê-lo lembrando de cada detalhe do seu rosto e corpo, Seu Gerônimo concordou com absolutamente tudo. – Ai, Deus!
- Tá tudo bem, menina?
- É ele – eu não sabia se ria ou começava a chorar. – É ele, é ele o menino que eu conheci em Londres, Seu Gerônimo! – Optei por rir e chorar ao mesmo tempo, igual uma doida.
- Poxa – ele gargalhou. – Então eu sempre estive certo, a pessoa certa pra você estava mesmo longe daqui. Menina, vem aqui – ele me abraçou e me levou para perto do mar, a brisa balançou meus cabelos de leve e eu parecia mais feliz do que nunca, mas eu precisava vê-lo. – Consegue ver a imensidão desse oceano?
- Sim – respondo trêmula.
- Ele atravessou tudo isso pra te ver – Seu Gerônimo apertou de leve meus ombros e eu o ouvi fungar. – Só por você, pequena.
- Sim – sorri. – Vô, eu de verdade...
- Vai lá – ele me abraçou. – Feliz Ano Novo, pequena.
- Pro senhor também – dei um beijo demorado em seu rosto e corri para o posto policial, que não ficava muito longe de onde estávamos.
Corri uns quinhentos metros até chegar ao posto, e quando eu vi quem me esperava, uma alegria insana se apossou de mim. Parei de frente já sentindo as lágrimas serem levadas pelo vento praiano, e sentindo meu corpo vibrar por inteiro. estava ali, não era uma miragem, era ele, ERA ELE! Seus cabelos dançavam conforme o vento, seu rosto estava com as bochechas vermelhas devido ao frio e seus lábios mais convidativos do que nunca. Usava uma camisa branca e uma calça jeans clara, estava encostado na grade de madeira olhando para o oceano e com as mãos cruzadas na frente do corpo. Vendo essa imagem eu só conseguia lembrar de Renato Russo em Tempo Perdido:
“Então me abraça forte
E diz mais uma vez que já estamos
Distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo...
O que foi escondido é o que se escondeu
E o que foi prometido, ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido
Somos tão jovens
Tão jovens
Tão jovens...”
Eu só queria abraçá-lo, queria ficar distante de tudo e todos e parar o momento agora! Não queria que chegasse o Ano Novo porque esse ano foi exatamente tudo o que eu sempre sonhei, o que eu sempre quis pra minha vida, tinha medo do novo! Eu não queria o novo, queria permanecer no velho. Mas novamente Renato Russo dizia pra mim que nada do que vivemos foi tempo perdido e que ainda éramos jovens, tinha muito nessa vida para viver, para aproveitar, para conhecer. Eu só queria que desviasse seu olhar do mar e me visse, provasse logo que eu não estava ficando doida e que ele estava lá. Olha pra mim, olha pra mim.
- Oi – ele olhou.
Aquele sorriso sacana no canto de seus lábios apareceu e a frase clichê e que eu particularmente detesto ‘baby you light up my world like nobody else’ fez todo o sentido pra mim. Vi descer as escadas do posto, eu não conseguia me mover, acho que só conseguia respirar porque isso era uma ação involuntária. Ele estava descalso e eu tive que olhar na areia para ver se havia marcas dos seus passos pra eu ter plena certeza DE que eu não estava doida e que isso era real, aqueles passos eram reais, ou era novamente uma brincadeira de mal gosto do meu cérebro. O vento trouxe seu perfume até mim e eu comecei a chorar de novo, isso é real? Abri meus olhos e o vi sorrindo, como se fosse divertido me ver daquele jeito, em um estado de total torpor por sua pessoa, como ele fazia isso? Meu corpo dava choques e espasmos a cada segundo e a cada passo parecia mais real, eu não podia estar sonhando. Pensei em falar alguma coisa quando ele ficou mais próximo, mas não pude falar nada porque fui envolvida por seus braços, que estavam gelados, e senti o doce choque dos seus lábios nos meus. Eu sei que uma voz dizia para eu me entregar, mas eu não conseguia parar de chorar. Nervosa eu coloquei minhas mãos em seus ombros e o puxei mais pra perto de mim, aprofundando o beijo em meio as minhas lágrimas, apenas pra ter certeza DE que ele estava ali. Eu não o via desde o Natal, eu não o beijava desde o Natal, nós não éramos mais ‘ e ’ desde o Natal.
- É você – suspirei quando paramos o beijo. – De verdade, é você?
- Sou eu – ele riu e me deu um selinho. – Cansado, sofrendo de uma fadiga foda de viagem, mas sou eu.
- Ah, meu Deus! – Joguei meus braços ao redor do seu pescoço e ali fiquei, nem me importando se estava chorando demais ou não. – , você... Você...
- É, eu sei, foi loucura!
- Você nem disse tchau pra mim no aeroporto, como deu tempo de pegar um avião e vir pra cá? Na verdade, como você descobriu que eu estava aqui?
- “Como que você conseguiu esse número?” – ele disse rindo e eu não entendi direito, não estávamos falando de telefone. – Essa foi a primeira coisa que você me perguntou quando eu consegui o número do seu quarto na escola, lembra?
- Ai, Deus – eu ri. – Você se lembra disso?
- Eu lembro de cada detalhe que passei com você – ele deu de ombros. – Seu problema é que sempre quer saber como eu consigo as coisas, como que eu sempre chego até você.
- Sério que sendo meu namorado por quase um ano esse foi o único problema que detectou em mim? – Eu ri e o abracei de novo. – Caralho, que saudade!
- Eu sei, eu também – senti-o suspirar durante o abraço. – Eu ainda não estava preparado pra te dizer adeus.
- Mas e aquele papo todo de eu ter que seguir minha vida, ter que aprender sem você e aquele sermão todo natalino?
- Precisava arrumar um jeito de te tirar de Londres, pelo menos eu consegui – ele sorriu com culpa. – E eu também vim porque, bom, queria conhecer sua família e saber se você estaria bem aqui no Brasil. E eu também sempre quis visitar o Brasil.
- As fãs sabem que você está aqui?
- Claro que sabem, não viu o Paul ali no fundo? – Ela apontou para atrás do posto policial e lá estava Paul.
- Ah, oi Paul – acenei de longe e ele fez o mesmo, permanecendo com a postura séria de segurança, séria só por fora. – Como que foi?
- Tumultuado – ele deu de ombros. – Tive que escapar pela própria pista no aeroporto que eu não lembro o nome em São Paulo, era muita menina, muita gente!
- Não parou pra falar com ninguém?
- Algumas conseguiram chegar perto e eu tirei poucas fotos, mas estava tão cansado e com medo de não chegar a tempo, mas, olha – ele se virou de costas pra mim e levantou a camisa, podia ver claramente arranhões recentes que não eram meus.
- Sempre disse que as fãs brasileiras são doidas – eu ri e passei meus dedos por cima tentando ser gentil. – Tá doendo?
- Valeu a pena – ele voltou a me encarar e sorriu. – Só estou com medo de ir embora.
- E quando você vai?
- Depois de passar o Ano Novo com você, meu vôo sai amanhã na madrugada, acho difícil ter alguma fã por lá.
- , acredite – eu ri. – Vai ter.
- Droga – ele riu e fez careta. – Tem como você ir comigo?
- Acho meio difícil – sorri. – E, primeiro, meu amor, você precisa passar pela avaliação da família , e, acredite, não vai ser nada fácil.
- Sua mãe já me ama pelo skype.
- Minha mãe me ama pelo skype, pessoalmente é bem diferente. Sem falar no meu pai, nos meus tios, nas minhas primas irritantes...
- São fãs de One Direction?
- São SUAS fãs, o que torna tudo mais difícil.
- Ah, entendi – ele mordeu os lábios. – As que eu conheci pareciam bem legais.
- Jess e Hells? Ah, a propósito, como que tudo isso aconteceu bem diante do meu nariz?
- De novo, – ele beijou meu rosto e depois minha boca. – Perguntas demais.
- Idiota – eu bufei.
- Vem, vamos dar uma volta pra matar a saudade... Quanto tempo falta pra meia noite?
- Quase uma hora – suspirei. – Já é Ano Novo na Inglaterra, né?
- Sim, os meninos já me mandaram mensagem e ligaram, se você estivesse com seu celular por perto, teria com certeza visto que eles também te ligaram.
- Me desliguei do mundo desde que cheguei aqui.
- É sobre isso que quero conversar com você, vamos – e pegou minha mão, começando a caminhar na praia comigo ao seu lado. – Paul?
- Logo atrás, , logo atrás – ouvi a voz tão conhecida de Paul e por um segundo me senti em Londres de novo.
Caminhamos pouco, queria saber mais da minha família para não dar bola fora com eles daqui a pouco, e eu tentava novamente ensiná-lo a como falar algumas frases práticas em português. Mas foi tudo em vão, o mais bonitinho foi ver o Feliz Ano Novo se transformar em um ‘Filix Anhu Novu’, foi o que ele conseguiu. Ele estava nervoso e tímido e eu nunca o vi desse jeito. Eu estava nervosa e triste, porque sabia que ele iria embora no dia seguinte, queria saber porque ele veio até aqui e porque ele ia conhecer minha família sendo que não iríamos ficar juntos mais, pelo menos não até eu terminar meu período de experiência aqui no Brasil.
- Me explica de novo por que você está aqui? – Eu parei de andar fiquei na sua frente com os braços cruzados, ele havia tentando de todas as maneiras mudar de assunto, mas isso ficava martelando em minha cabeça sem parar. – , não tem futuro.
- Fecha os olhos – ele me pediu, com um sorriso lateral.
- Hein?
- Fecha, os, olhos – ele falou pausado e passou de leve os dedos por cima de meus olhos os fechando.
- E agora?
- O que você vê?
- Nada?
- Ah, eu esqueci de mandar você imaginar uma coisa antes – ele riu e eu acabei rindo junto, de vez em quando ele conseguia ser muito lerdo.
- Lerdo!
- Tá, me dá um desconto, estou sem dormir há quase vinte horas!
- – abri meus olhos pra dar uma bronca, mas ele fez sinal para eu os fechar novamente. – Ok, ok.
- Enfim, onde você se vê daqui cinco anos? Profissionalmente, eu quero dizer.
- Não sei – suspirei. Depois da experiência em Paris eu realmente gostei de fotografar modelos, mas é um mundo traiçoeiro demais. Eu gosto da National Geographic, mas será que eu daria conta de ficar no meio do nada cercada por animais ferozes procurando por um bom ângulo e tirar a foto do século? Gosto de fotos urbanas, já tive umas experiências legais em São Paulo, mas tem também a fotografia infantil que é simplesmente fofa ao último nível... – Eu de verdade não faço ideia.
- Foca em alguma coisa que te dê prazer, realização pessoal.
- Ok – suspirei de novo. Realização pessoal, então tira a moda. Crianças crescem, urbanismo eu acho em qualquer lugar, África? – National Geographic – respondi e comecei a rir igual uma louca. – Aposto que você não estava esperando por isso.
- Eu lembro de você tirar fotos do Marvin achando que ele era um tigre na casa do Tom, então não foi assim uma surpresa tamanha – ouvi-o dizer. – Mas, e a fotografia infantil? Você vai trabalhar com uma das melhores em poucas semanas.
- É um desafio que eu quero pra mim, acho o máximo, mas não que eu vá focar minha carreira nessa área. É só mais um trabalho que quero ter em meu currículo.
- Então, você não pretende seguir essa área?
- Não.
- E você quer ir pra África?
- Eu não falei África, falei? – Eu não falei, eu só pensei, né?
- National Geographic me lembra África – ele riu. – Não sei bem dessas coisas.
- Eu podia viajar pra lá, fazer umas fotos bacanas e usar o visual para trabalhar essa essência no urbanismo, seria como, juntar minhas duas paixões!
- Eu estou nesse futuro? – Senti se aproximar, sua respiração bateu em meu rosto, sorri sem ao menos querer. – ?
- Não no meio da África comigo, mas está me esperando em meu estúdio que eu vou abrir em Londres – sorri. – Por quê? – desisti de ficar com olhos fechados.
- Porque se você continuar imaginando o seu futuro, mas eu ainda vou estar nele, então esse aqui – ele apontou pra nós dois. – Não é nosso fim.
- Você me pediu pra imaginar cinco anos, . Vamos ficar juntos daqui a cinco anos?
- Esperei quase vinte pra te achar, esperar mais cinco não é tão difícil assim – ele fungou e seu nariz enrugou de leve. Poucas vezes o vi assim. – Não sei quanto mais preciso fazer pra provar que você é amor da minha vida, e eu espero por você o quanto for necessário...
- Te tenho com a certeza de que você pode ir, te amo com a certeza de que irá voltar pra gente ser feliz – comecei a cantarolar em português com me olhando com aquela cara de quem não está entendendo nada, mas continuei. – Você surgiu e juntos conseguimos ir mais longe, você dividiu comigo a sua história, e me ajudou a construir a minha – embarguei a voz, mal ele sabia o que essa música significava e o quanto ela combinava com nós dois. – Hoje mais do que nunca somos dois, a nossa liberdade é o que nos prende...
- Não entendi uma palavra sequer que você acabou de cantar – ele riu e me abraçou pela cintura. – Mas, pelo visto, essa música significa demais pra você.
- Ela fala de um casal que se ama, construíram muitas coisas juntos, mas ao fim eles precisam se separar. Porém ele vai esperar por ela o tempo que for para ficarem juntos de novo, na verdade o nome da música é ‘Mais Uma Vez’, porque o refrão é mais ou menos assim – fiz careta. – Vou traduzi-lo pro inglês.
- Boa sorte – ele riu.
- Eu espero por você o tempo que for, pra ficarmos juntos, mais uma vez – não cantei, apenas declamei em inglês, entendeu. – Achei que combinava com nossa atual situação.
- Você espera? – Ele riu. – O tempo que for?
- Vai ser difícil, porque eu não sei mais ficar sem você – coloquei meus braços em seu pescoço. – Mas vamos ficar juntos de novo, não vamos?
não me respondeu, aproveitou que estávamos mais juntos e me puxou para um beijo, que parecia responder bem a pergunta que havia feito. A cada beijo eu tinha a sensação que era o último, pelo menos o último desse ano que nós estávamos, de repente a sensação de desespero bateu no meu estômago e eu apertei mais ao meu corpo e parei de beijá-lo, só fiquei com a boca encostada na dele. Ele se assustou, mas não disse nada, especialmente quando abriu os olhos e deve ter visto os meus arregalados e assustados. Eu acho que ia explodir a qualquer momento...
- ?
- Tá tudo bem – funguei e passei a mão em seu rosto e seu cabelo. – Tudo bem.
- Comigo está, e com você?
- Vai ficar – suspirei. – Vamos voltar? Quero pegar meu celular e ver se algum dos meninos me ligou.
- Amor – esse apelido miserável... – Vai dar meia noite – ele sorriu. – Olha aqui.
- O QUÊ? – Segurei seu pulso e vi que faltavam cinco minutos. – Puta merda, não chegamos em casa em cinco minutos nem a pau, minha mãe vai me matar.
- Um tempo atrás você nem queria comemorar Ano Novo, e agora tá preocupada que sua mãe vai te matar?
- Temos todo um ritual de Ano Novo, . Comer lentilhas, damasco, pular sete ondas, ai que droga.
- E você... Não pode fazer isso, comigo? – Era o brilho da lua ou o começo dos fogos de artifício que o deixavam mais irresistível?
- Não... Eu não...
- Nós tivemos um ano incrível, e eu queria começar o meu próximo ano com você. Mesmo que, não vamos ficar tão juntos, mas...
- Eu aceito – sorri.
- Três minutos – ele olhou de novo no relógio. – Eu nunca tive um beijo perfeito de fim de ano e começo de ano.
- Tá brincando? – Arregalei os olhos e gargalhei. – Como que nunca fez a coisinha mais clichê de todo fim de ano?
- Vai dizer que você já fez?
- Óbvio que não, mas eu não sou sua pessoa, já se olhou no espelho?
- E lá vamos nós de novo...
- Sério!
- Você quer começar o Ano Novo brigando comigo sobre isso de novo ou...?
- Eu não queria começar o Ano Novo, eu queria simplesmente ficar parada no ano em que estamos porque foi perfeito e eu nunca teria que dizer adeus, nunca.
- Dois minutos.
- Para, !
- , temos dois minutos pra chegarmos a um acordo e: ou terminamos esse ano de um jeito especial ou eu viro as costas e vou embora, começamos o ano separados e vai saber Deus quando vamos ficar juntos de novo.
- Você torna as coisas mais difíceis.
- Sabia que você adora começar uma briga de uma conversa que até cinco minutos atrás estava agradável? É sempre você que começa a brigar.
- EU?
- Acho que eu disse que queria um beijo especial no fim do ano e você começou a falar e olha onde estamos agora.
- Então a briga começou quando eu comecei a falar?
- !
- Sabe, acho que vai ser mesmo uma ótima ideia não ficarmos mais juntos e você voltar pra Londres, pelo que eu vejo eu simplesmente começo brigas do nada e isso claramente te deixa nervoso, irritado...
- Um minuto.
- CALA A BOCA!
- Uau! Essas vão ser suas últimas palavras do ano, pra mim?
Parei de falar e respirei. Essa era nossa dinâmica! Ele falava algo idiota, eu respondia e começávamos uma briga que eu nem ia lembrar porque começou, algumas vezes ela ia terminar de forma séria, com um de nós falando coisas que não deveríamos, eu iria pro apartamento e ele ia aparecer de manhã com muffins e Starbucks dizendo que nós éramos idiotas, mas ele não queria brigar com mais ninguém, só comigo. Ou então eu ia ignorá-lo por três dias e depois me martirizar porque eu perdi três dias que eu podia ter passado com ele e não passei porque fui burra. Mas éramos nós, isso era simplesmente NÓS.
- A contagem regressiva vai começar daqui a pouco.
- Dessa vez não tem como eu correr e você aparecer amanhã com muffins e Starbucks, tem? – Eu ri. – Você quer começar o ano comigo sabendo que vai passar um bom tempo sem mim?
- Quem disse que eu vou passar sem você?
- ! – Eu tombei a cabeça pro lado e ele sorriu.
- Skype, Facebook, Twitter, cartas, mensagens... Tem tanta coisa que podemos usar ao nosso favor, .
- – peguei em sua mão e sorri. – Isso nunca vai mudar, não é?
- Nós? – Ele beijou minhas mãos. – Nunca.
Escutei ao fundo uma gritaria, a contagem regressiva começava. Dez segundos nos separavam de um Ano Novo. Um ano que eu não queria começar, que eu estava morrendo de medo, que eu iria estar sem ele por pelo menos uns três meses.
- Dez...
- Nove...
- Eu amo você.
- Oito...
- Sete...
- Eu também te amo.
- Seis...
- Cinco...
- Nós ainda vamos ficar juntos.
- Quatro...
- Três...
- Me beija, .
- Dois...
- Feliz Ano Novo, .
E com um beijo perfeito, nós terminamos e começamos um ano.
n/a: FELIZ ANO NOVO LEITORAS! Olha que especial mais lindo esse do FFOBS! Um especial pro natal e um especial de Ano Novo, como lidar com tanta fofura? Bom, o ano de 2012 foi inesquecível pra mim, conheci tanta gente PERFEITA com essa fanfic, então só desejo mais felicidade para todo mundo que sempre foi tão fofa comigo ao longo desses sete meses. Desde agora eu desejo um LIIINDO Ano Novo para todas, com tudo o que vocês mais desejam, e torcendo para que cinco bundas brancas britânicas apareçam em nosso país o mais rápido possível – aka ONE DIRECTION!
E bom, essa parte também é um extrato da 500 days in London Original, ou seja, esse pequeno trecho do Ano Novo vai estar presente na fanfic. Eu acho que todo mundo deve estar um pouco confuso agora, mas calma que nos próximos meses tudo fica claro. Vocês estão lendo um mega SPOILER do que vai acontecer ao final da fanfic, mas aposto que ninguém imaginava que o boy ia pro Brasil, fofinho, né? Enfim, aguardem pelos próximos capítulos, enquanto isso, aproveitem o Ano Novo, sonhem com os meninos, com Londres e sejam boazinhas com todas (especialmente para as leitoras chatas e mal educadas que têm aparecido por aqui).
Beijos pra Isadora, Máfia 500 days, Grupo 500 days e a linda companheira GABBIE, minha beta. Feliz Ano Novo, time. Much love, Gi x
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Nota da Beta:NÃO SOU A AUTORA DA FIC, mas em caso de erros, falem comigo pelo @AbbyCJ ou por email. xxo Abby