Escrita por: Ana Beatriz
Betada por: Ana;




Ela acordou e sentiu a luz incomodar seus olhos. Maldita mania de dormir com as cortinas abertas. Esfregou as mãos no rosto, na tentativa falha de se manter acordada. Colocou os pés para fora da cama e, por um momento, desejou que não precisasse mais se esforçar para se manter erguida quando tudo à sua volta parecia desmoronar aos poucos. Sorriu ao perceber que apenas dependia de si mesma para que isso acontecesse. Se ao menos fosse fácil sair daquele mundo, ela o faria. Uma vez dentro dele, só existe uma única saída. Balançando a cabeça, espantando seus pensamentos inúteis, a garota se dirigiu calmamente ao banheiro. Ao se fitar no espelho, algumas lembranças voltaram à tona como um flash rápido, fazendo-a levar sua mão rapidamente até seus cabelos. Deixou um riso irônico escapar ao notar seus fios que antes foram sedosos e brilhosos agora eram apagados, totalmente sem vida.
Afinal, qual fora a última vez em que se sentiu viva?
Seguindo seu caminho com as mãos, parou-as no seu rosto, passando-as por ele, notando as tão conhecidas olheiras. Abaixou seu olhar, agora fitando seu corpo. Respirou fundo, jogando todas as coisas que antes se encontravam na pia do banheiro no chão. Deixou um grito agudo escapar dentre seus lábios, tirando a única peça do seu corpo. Entrou no box, ligando o chuveiro, deixando que a água corresse pelo seu corpo, fechando os olhos e desejando profundamente que tudo isso acabasse algum momento. Apoiando suas duas mãos na parede, sentiu lágrimas escorrerem por todo seu rosto. Sem perceber, murros já estavam sendo dados na parede com brutalidade. Suas mãos latejavam, mas, por um momento, sua dor física a fazia esquecer sua dor emocional. Escorregou encostada à porta de vidro do box até estar sentada no chão, com suas pernas junto ao seu rosto, despejando toda aquela confusão interior em lágrimas.
Ela escutava uma melodia. Escutava vozes. Escutava passos. Escutava barulho. Mas não conseguia se ouvir. Sua voz ficava presa toda vez que ousava por para fora essa dor. E, quando ela finalmente se desse conta, perceberia que tudo isso é apenas um teste. Um teste de até onde ela conseguiria resistir a si mesma.
E o coração dela está quebrando pela dor que sente.
Levantou-se devagar, indo em direção à porta, fitando pequenas lâminas do lado da pia.
Não! Ela não poderia fazer isso. Ela prometeu.
E então, no segundo seguinte, sua mente a levou para dois anos atrás.

Flashback. Três anos atrás.

andava calmamente pelo corredor da escola, sentindo sua franjar a incomodar, sempre caindo nos seus olhos. Apertou com força sua mochila ao notar algumas garotas cochichando coisas, enquanto a fitavam de cima a baixo. Respirou fundo, tentando ignorar. Apressou os passos, quando consequentemente bateu em alguém, fazendo com que desse um passo para trás com o impacto.
– Opa – o garoto falou, segurando nos seus ombros na tentativa de se certificar de que estava tudo bem. – Melhor olhar para frente enquanto anda, .
– Olhe, você não sabe de nada, então... – franziu o cenho, parando de falar ao notar que o garoto estranho sabia seu nome. Espere aí. Ele sabia o seu nome? – Como você sabe o meu nome?
– Não é tão difícil descobrir – disse apenas.
– Estou falando sério, idiota – revirou os olhos e o garoto à sua frente sorriu.
– Mas eu também estou – continuou com aquele maldito sorriso, fazendo-a se irritar mais ainda.
– Não sei por que ainda perco o meu tempo – ajeitou a bolsa no seu ombro, pronta para se retirar do local.
– Eu costumo saber mais sobre as pessoas que me interessam.
Ouviu a voz rouca do estranho, fazendo com que prendesse a respiração, fitando-o.
– Como? – perguntou, ainda um pouco confusa pelo que acabara de ouvir.
– Não se faça de desentendida. Não é possível que você não tenha notado um estranho a observando em praticamente todos os intervalos.
– Hum, não? – continuou com uma expressão confusa.
– Tudo bem. Vamos começar de novo – respirou fundo, colocando as mãos no cabelo. Ele era tão adorável. E muito bonito, por sinal. Mas por que diabos um garoto tão bonito como aquele estaria falando com uma garota estranha como ela? E ele não parecia tão estranho assim. – Sou . Prazer.
Não pode ser. Claro que ela o conhecia. Ele fazia parte do time de futebol. Era um dos melhores amigos do rapaz mais popular da escola.
– Por que você está falando comigo? – perguntou, fazendo o garoto franzir o cenho. – É algum tipo de brincadeira?
– Você é meio louca – afirmou, olhando-a, ainda sem entender. – Mas também é linda – voltou com o maldito sorriso.
– Pare com isso – fez uma expressão confusa, sem entender a garota à sua frente.
– Parar com o quê?
– Esse sorriso aí – apontou para a sua boca, bufando. – Já pode parar.
alargou o sorriso, agora tendo absoluta certeza de que teria essa garota para si.


Flashback. Dois anos atrás.

, abra a porta para mim.
Do outro lado do cômodo, a garota estava escolhida com sua cabeça sobre as pernas, enquanto seus braços abraçavam a si mesma. Ela estava tão perdida. Algumas lágrimas insistiam em cair, fazendo-a soluçar mais alto do que imaginava. Suas mãos tremiam e ela sentia uma pequena ardência no pulso esquerdo. Por que não simplesmente acabava com isso logo de uma vez, afinal?
– Amor, por favor, só abra a porta.
E esse era o motivo. O único e maior motivo para que ela continuasse com a cabeça erguida quando tudo desmoronasse era ele que matinha um sorriso no rosto da garota. Era o rapaz que a protegia de todo o mal que o mundo lá fora carregava. Era sempre ele e apenas ele.
– Olha só, eu... Eu estou desesperando. Ok? Eu não sei o porquê de você está aí dentro, muito menos porque ainda não abriu a porta para mim ou sequer deu um sinal de vida. Só quero que você abra a porta e me deixe entender. Que me deixe abraçá-la e dizer o quanto eu a amo. Por favor, , abra essa porta – o garoto matinha suas mãos apoiadas na porta branca cheia de rabiscos. Deixou um suspiro quase inaudível escapar, batendo sua testa contra a entrada. Ele estava desesperado. Quando o mais velho iria tentar novamente fazê-la abrir aquela maldita porta, ouviu o giro da chave, realizando que finalmente estava aberta. Respirou em alívio, empurrando-a devagar, logo fitando sua namorada sentada no chão frio e com sua cabeça abaixada.
O que diabos estava acontecendo?
caminhou vagarosamente até onde sua garota estava, sentando-se ao seu lado. Levou suas mãos ao rosto da menina, fazendo com que erguesse o seu rosto para fitá-lo. O garoto franziu o cenho, perguntando-se o porquê disso tudo. Ainda com as mãos no rosto dela, ele alisou calmamente sua bochecha, olhando atentamente para cada traço da garota, certificando-se de que nada estava errado.
– Por que, ? – perguntou, quase num sussurro. – Apenas me faça entender isso tudo.
– Eu não sei – disse, ainda fitando os olhos do namorado. – Simplesmente não sei.
– Como assim você não sabe? – aumentou a voz, tirando sua mão do rosto da garota. – Olhe para o seu estado e me diga: , que merda está acontecendo?
– Não grite comigo – a garota abaixou o olhar, fitando seus pés. – Não me odeie, por favor. Não me odeie – a garota repetia, balançando a cabeça negativamente. – Eu não suportaria isso.
– Não, não. Por Deus, eu jamais a odiaria – levou seus braços ao corpo frágil da namorada, apertando-a com força. – Eu a amo demais para que isso algum dia acontecesse – beijou o topo da sua cabeça. – Só me diga o que está acontecendo – soltando-se do abraço do namorado, respirou fundo, levando suas pequenas mãos às mangas do seu casaco. Puxando com certo receio, levantou rapidamente, levando seu olhar para qualquer local do banheiro, sem coragem de ver a feição do garoto à sua frente.
O mais velho prendeu a respiração ao notar as cicatrizes e os pequenos cortes ainda abertos. Como ele nunca notou que sua garota se automutilava? Hesitando, ele levou sua mão até o pulso esquerdo da namorada, sentindo-a puxar em um ato involuntário. Segurando com firmeza, ele o puxou de volta, levando-o calmamente até seus lábios, depositando ali um singelo beijo.
– Não precisa fingir que está tudo bem – então ouviu a voz calma da garota ainda encolhida à sua frente. – Eu entendo.
– É, eu também entendo – disse, ainda segurando o seu braço. – Eu entendo que você não está bem o tempo todo. Não precisa esconder as coisas de mim, . Sou seu namorado. E os namorados se apoiam não importa as circunstâncias, não é? Então não tente ocultar sua dor de mim. Isso não vai mudar o que sinto por você. Só quero entender o porquê disso aqui – perguntou, voltando sua atenção para o pulso marcado da garota.
– Pode parecer estranho, mas essa é a única forma que eu tenho de controlar a dor que sinto por dentro.
Silêncio.
– Desde quando?
– Faz um tempo. Antes mesmo de eu conhecer você.
– Eu simplesmente não consigo imaginá-la se machucando desta forma. Não consigo. E o pior disso tudo é que eu fui o maldito idiota que não percebeu nem quando sua própria namorada está acabando com sua vida – ele se levantou com brutalidade, levando suas mãos até o cabelo, puxando-os com força. – Eu sou um namorado de merda!
, faça o favor de calar a porra dessa boca – o seguiu, pondo-se à sua frente. – Não ache que faço isso por sua causa. Eu faço por MINHA causa. Sinto que não pertenço a essa mundo e muito menos que tenha algum propósito. É difícil acordar todos os dias e ter que lidar com o mundo lá fora, onde sou julgada até pelo jeito de andar. É difícil ter que lidar com a ausência dos pais, mesmo tendo consciência de que ambos estão mortos. É difícil se olhar no espelho, e não achar nada interessante ali. É difícil tentar seguir com essa dor sem fazer nada. E eu sinto muito se não sou o tipo de pessoa que sabe lidar com dificuldades.
– Agora você faça o favor de calar a porra da boca – falou ironicamente, tentando não se atingir pelo pequeno discurso proferido pela namorada alguns segundos atrás. Ele não poderia parecer fraco. – Você pertence, sim, a essa mundo. E eu não dou a mínima se não consegue achar um propósito para sua vida, sendo que eu já o achei há muito tempo. Você é a pessoa mais maravilhosa que eu conheço. Chegou à minha vida de um jeito bizarro, mas eu não trocaria bizarrice nenhuma pela nossa. E, enquanto eu estiver aqui, ao seu lado, pode ter certeza de que ninguém ousará pô-la pra baixo, porque eu a amo e não há nada que você possa fazer para mudar isso. Pode parecer difícil ter que lidar com isso. Eu entendo, mas vou cuidar de você e amá-la de todas as formas possíveis. Assim como eu sei que seus pais gostariam. E, bom, sobre essa parte, acho difícil imaginar você se olhando no espelho e não achando nada interessante ali, porque você é gostosa pra caralho – ele pôde notar um pequeno sorriso escapar dentre os lábios da namorada, fazendo-o sorrir. – E, se você não acha, ou quem for, não me importo, porque cada pedacinho de você é perfeito para mim – respirou fundo, dando um passo adiante, segurando o rosto da mais nova com as duas mãos, fitando seus olhos com intensidade. – Bem, eu sentiria muito, caso você não tivesse alguém para lidar com todas essas dificuldades. Ainda bem que você tem a mim. Certo? – enxugou pequenas lágrimas que escaparam do rosto da garota, beijando-a logo em seguida. sorriu entre o beijo, colando suas testas.
– Eu não sei o que seria de mim sem você – disse calmamente. – Desculpe-me. Eu amo você. Ok?
sorriu.
– Apenas me prometa... – falou, verificando se sua garota estava mesmo disposta a cumprir tal promessa. – Faça o que quiser, mas, por favor, amor, não se corte.
apenas sorriu com os lábios fechados, colocando suas mãos na nunca do garoto, sussurrando logo em seguida:
– Eu prometo.
Deixando um largo sorriso escapar, o mais velho segurou com firmeza a cintura da garota, puxando-a para si com brutalidade. apenas espalmou suas mãos no peitoral do menino, enquanto levava uma de suas mãos para o cabelo da mais nova, puxando-os com força, fazendo-a arfar. Sorrindo, ele traçou vários beijos desde sua testa até o colo descoberto da garota. Ainda depositando inúmeros beijos por ali, logo tratou de colar suas bocas. Eles se beijavam com volúpia, sentindo cada parte de ambos corpos estremecer com cada toque. Sem saber onde parar com as mãos, a garota decidiu repousá-las no seu local preferido: os cabelos. Puxando-os com força, ela sentiu seu namorado descer sua mão até sua bunda, apertando-a com força. Sem pensar muito, ela logo tratou de enlaçar suas pernas na cintura do mais velho, depositando chupões pelo seu pescoço. andou apressadamente até estar totalmente fora do banheiro, e sim no quarto. Caminhou em seguida até a cama, depositando a namorada nela com delicadeza. Beijou demoradamente seus lábios, antes de começar a puxar sem pressa sua blusa. Até que notou algo.
– Essa é a minha blusa? – sorriu maroto.
– Essa era a sua blusa – corrigiu-o, puxando-o para perto novamente. – Agora é minha.
Dito isso, a garota o puxou, beijando-o. Terminado de tirar a blusa, jogando-a em qualquer canto do quarto, logo tratou de puxar sua camiseta para longe, assim como ele acabara de fazer com a sua. Levou suas mãos para o abdômen do namorado, deslizando suas unhas – não tão grandes pelo local, fazendo-o contrair a barriga. repousou suas mãos no fecho do sutiã cheio de renda da mais nova, arremessando-o longe assim que conseguiu tirá-lo. Sem esperar para ver sua reação, ele logo levou seus lábios para um dos seus seios, enquanto uma de suas mãos acariciava o outro. deixou um gemido escapar, puxando seus cabelos com mais força. Ele, ao terminar seu ato, levantou um pouco a cabeça, podendo fitar melhor a namorada perfeita que tinha. Ela sentiu seu rosto esquentar ao perceber que estava sendo fitada por muito tempo.
– Eu já disse o quanto você é gostosa? – disse, vendo-a revirar os olhos. – Você é gostosa pra caralho – respondeu sua própria pergunta, adorando ver o jeito com que ela correspondia a seus elogios sujos. – Mas eu também já disse o quanto eu a amo?
– Tenho uma leve impressão de que sim, mas confesso ser meio vaga – a garota disse, entrando no seu joguinho.
– Eu amo muito você – selou seus lábios. – Amo muito mesmo, pirralha – disse novamente, agora com seus lábios colados.
– Eu também amo você.
já estava com sua mão no zíper da calça jeans que o namorado usava, abaixando-o rapidamente, vendo o próprio retirá-la por completo. Sorriu ao perceber o volume que se encontrava ali. Ambos só estavam com peças intimidas, já que a garota só se encontrava com um blusão que era dele, a propósito, mas logo levou uma das mãos a calcinha da namorada, vendo-a contrair um pouco a barriga. Sem delongas, puxou-a para baixo, jogando-a no chão. O mais velho, mesmo depois de tanto tempo, se perguntava como essa pequena garota exercia tanto poder sobre si. Era incrível como apenas seu olhar o fazia estremecer. Como só ela o proporcionava tamanhas sensações. já estava com a mão nos cós de sua cueca, puxando-a devagar, ainda mantendo contato visual. Quando já estava na metade de sua perna, a retirou por completo. O mais velho pegou o pulso esquerdo da namorada, depositando vários selinhos no mesmo, percebendo sua garota sorrir sem jeito. sorriu largamente, beijando-o com todo amor que existia dentro de si. E, no segundo seguinte, ambos se tornaram um só.
E já não existia mais nada além dos dois nesse mundo impenetrável.


Flashback. Um ano atrás.

Algumas horas haviam se passado desde que acordou até que a garota ouviu sua companhia tocar, fazendo-a sorrir abertamente. Ele estava aqui. Correu apressadamente até a porta, abrindo-a em seguida, jogando-se nos braços do garoto que agora a abraçava com força.
– Como eu senti a sua falta – sussurrou, apertando-o com mais força.
– Assim você me mata, pirralha.
A garota se desvencilhou do abraço aconchegante do namorado, mostrando-lhe a língua.
– Não é como se você fosse anos mais velho que eu, só para esclarecer – falou com os braços cruzados e uma expressão irritada. Ele sorriu.
– Pelo menos eu ainda não estou na escola – disse, deixando um sorriso de lado escapar. – Aliás, por que a senhorita ainda se encontra aqui?
Ela o olhou por alguns segundos, odiando a distância entre eles.
– Aliás, por que você ainda não me beijou?
O garoto soltou uma risada, balançando a cabeça logo em seguida. Até parece que não conhece a namorada que tem. Andou dois passos, agora a puxando pela cintura, beijando-a com volúpia no momento seguinte. A mão da garota se deslocou rapidamente até a sua nuca, puxando seus cabelos com força. Enquanto uma das mãos do mais velho apertava a cintura dela com força, e a outra segurava seu rosto com delicadeza. Ele foi parando o beijo com incontáveis selinhos por toda extensão do seu rosto, fazendo-a sorrir.
– Eu também senti sua falta, pirralha.
Ambos continuaram abraçados, apenas ouvindo suas respirações. A garota mais uma vez se soltou dos seus braços, puxando-o para o sofá. Sentaram-se nele, enquanto o garoto zapeava os canais da TV, esperando que estivesse passando algo agradável. Ele virou seu rosto, fitando-a.
– Por que está com casaco?
– Frio – respondeu, prontamente.
– Está fazendo o maior calor, . Conte outra.
– Mas eu não. Tive febre hoje quando acordei. Por isso não fui para a escola – disse, sem olhá-lo.
– Está melhor? – perguntou preocupado. Ela apenas assentiu, sentindo-o beijar o topo da sua cabeça.
A menina se aconchegou nos seus braços mais uma vez, podendo ouvir a batida do seu coração. Deixou um sorriso escapar ao notar que estava acelerado.
– Posso saber o motivo do sorriso? – perguntou, virando-se para observar seu rosto melhor. O sorriso continuava no rosto da garota que apenas deu de ombros. – Não vai me contar? – perguntou novamente, agora arqueando as sobrancelhas. – Não me diga que achou outro cara e está pensando em uma maneira legal de me dar um pé na bunda. Se é que existe um jeito legal para isso, certo? – a menina apenas continuava o escutando calada. – Mas eu sou muito gostoso para ser trocado. Não sou? – silêncio. – Tudo bem. Você não me ama mais. Eu consigo lidar com isso – tirou seu braço de cima da garota, colocando-o na cabeça, puxando os cabelos com força. “Sempre tão dramático”, pensou. – Fale alguma coisa, porra!
– Você é patético – disse apenas, ainda com o sorriso no rosto.
– Como? – sua expressão indignada estava deixando tudo mais divertido.
– Cale a boca – falou antes de puxá-lo com força, selando seus lábios com urgência. – Eu amo você, idiota – sussurrou, ainda com seus lábios colados. – Jamais pense o contrário.
– Sabe que eu odeio quando você fica pensativa por muito tempo e depois um sorriso surge nos seus lábios. Não consigo desvendar o que se passa dentro de você.
– Vá por mim. Não queira saber. Só vai encontrar confusão – olhou para o lado, respirando fundo. – Aqui fora tudo é melhor – sorriu, depositando um selinho rápido nos seus lábios.
– Você parou?
– Parei com o quê?
Ela sabia muito bem do que se tratava, mas não gostava nada do rumo que essa conversa tomaria.
– Você sabe, , então apenas me responda.
– Eu cumpro o que falo. Tudo bem? Esqueça isso. Vamos assistir – desviou o olhar, voltando sua atenção para o filme que passava.
O garoto pegou sua mão e colocou em sua cabeça, tentando abraça-la, mas seu toque apenas a fez recuar. Antes de pensar em puxá-la novamente, as cicatrizes que marcavam profundamente seu pulso chamaram sua atenção. Puxou seus braços com brutalidade, afastado as mangas do casaco que usava.
– Frio. Certo? – disse ironicamente. – Porra, . Você prometeu! – ele se levantou do sofá, colocando suas mãos na cabeça, tentando se acalmar. – Por que continua fazendo isso consigo mesma? Você prometeu. Lembra? Prometeu por mim. Por nós.
A garota continuava calada no sofá, fitando seus pulsos marcados. Lágrimas ameaçaram cair, mas ela apenas respirou fundo, levantando-se do sofá com brutalidade.
– Desculpe-me. Ok?! – gritou. – Certo, eu prometi. Mas falhei, . O que posso fazer? Eu simplesmente falhei, como sempre venho fazendo.
– Não, você não falhou! – gritou com mais força, vendo-a fechar os olhos com força. – Será que você não entende? Vê-la assim me mata – andou até ela, segurando seu rosto com as duas mãos. – Vê-la assim está me matando, .
– Desculpe-me – o seu soluço fez apertá-la com mais força contra si.
– Por favor, amor, não se corte.
– Eu vou parar – sussurrou contra seus lábios. – Eu prometo.
– Não prometa para mim. Prometa para você.
– Não – disse. – Primeiro vou tentar por você e quem sabe eu finalmente tente por mim?
– Eu amo você – o garoto alisou a maçã do seu rosto, sorrindo. – Eu amo muito você, pirralha.
– Eu também amo você.


Fim de flashbacks.

Ela falhou na primeira vez. Por que não falhar na segunda?
Sua cabeça girou algumas vezes, então caminhou até encontrar seu celular. Hesitou algumas vezes, não conseguindo mais segurar o choro preso na garganta. Seu olhar parou em um porta-retratos em que estava ela e ele. Ela e seu namorado. A única pessoa que amou perdida e profundamente. A única pessoa que a fez sorrir nos piores e nos melhores momentos.
Pegando seu celular, a garota escreveu a única coisa que veio em sua mente, sendo tão sincera quanto seus sentimentos por ele. Apertou o aparelho com força, antes de deixá-lo cair no chão. Sem pensar muito, dirigiu-se ao banheiro, pegando a tão conhecida amiga, pensando com ela própria que não quebraria a promessa novamente.
– Perdoe-me, .
Um corte. Dois cortes. Três cortes. Quatro cortes.
E então o sangue começou a escorrer do seu braço para o chão. Ainda com os olhos abertos, sua respiração começou a falhar e um pequeno sorriso surgiu dentre seus lábios rosados. Sentindo cada parte do seu corpo leve, ouviu apenas mais uma gota tocar o chão antes dos seus olhos fecharem automaticamente.
Não muito longe dali, seu namorado sentiu uma sensação no estômago que o incomodou. Uma sensação que o incomodava não só ali, como também no coração. Sem pensar no que fazia, discou os números que já tanto conhecia. Nada.
Respirou fundo antes de sair apressadamente da sua casa. Pegou a chave que havia feito pare ele há um ano. Correu para o banheiro ao escutar a água correr, invadindo o local, sentindo seu coração acelerar.
Um grito escapou da sua garganta ao fitar aquela cena. Ele pôs o braço dela em volta do seu ombro, tentando incliná-la para cima.
! – gritando seu nome, ele tentava colocá-la para fora do box. – Por favor, ! Não me deixe!
Sentindo seu mundo ser atingindo por uma avalanche, gritava tão fortemente que suas veias soltavam para fora.
– Não, não, não – abraçando-a com força, as lágrimas desciam descontroladamente pelo seu rosto. – ALGUÉM! ALGUÉM CHAME A ABUMLÂNCIA!
O corpo da garota tremia e o garoto não parava de pensar por que diabos ela não parou com isso. As lágrimas continuaram a descer pelo seu rosto quando ouviu passos correndo pela escada, finalmente se dando conta de que a menina já não estava nos seus braços, e sim sendo levada nos do vizinho para o hospital.
Chegando ao hospital, os paramédicos a apressaram, levando-a para a emergência. Sentiu suas pernas fraquejarem, caindo ajoelhado no chão gelado daquele hospital, olhando para sua garota sendo levada toda suja de sangue. Não. Ela não poderia deixá-lo.
Após uma hora de espera, o médico voltou até onde o garoto se encontrava. Com uma expressão séria, proferiu as palavras que fizeram o mundo do mais velho desmoronar.
– Desculpe-me pelas palavras que estou prestes a dizer: eu sinto muito pela sua perda.
O garoto colocou suas mãos na boca, tentando impedir os gritos que queriam sair sem controle. Seus soluços fizeram o médico respirar fundo, antes de pedir para que alguém o ajudasse.
– ELA NÃO SE FOI! NÃO PODE TER ME DEIXADO! POR FAVOR, DIGA QUE ISSO É MENTIRA! – duas enfermeiras tentavam acalmá-lo, mas a sua visão estava turva e seu coração parecia está parando aos poucos. – Por favor, tragam-na de volta para mim – sua voz estava cada vez mais fraca. – Ela é minha vida.
Seu próprio mundo, sua própria garota simplesmente se foi. Dizendo a si mesmo, o garoto se culpava.
– Foi minha culpa – seus olhos estavam vermelhos e as enfermeiras já não tentavam acalmá-lo. – Isso tudo foi culpa minha.
Colocando as mãos na cabeça, ele se lembrou do celular no seu bolso, pegando-o logo em seguida. Deixou mais um soluço escapar ao ler aquela maldita mensagem novamente.
"Eu o amo com meu corpo, alma e coração, até a morte."
Se ele não fosse tão burro ao notar o porquê desta mensagem, talvez ela ainda estivesse aqui. Nos seus braços.
Secou com suas mãos o seu rosto coberto por lágrimas, caminhando sem pensar até a sala de emergência. Hesitou antes de entrar, mas, ao fazer, seu mundo finalmente pareceu desmoronar de vez. Sua garota estava deitada naquela maca. Sua garota não poderia tê-lo deixado.
Apertando sua mão com força, alisou seu rosto, agora pálido, com a outra mão.
– Pensei que você tinha prometido que não iria mais se cortar – sorriu, sentindo seus olhos arderem. – Mais uma promessa quebrada, pirralha.


FIM



Nota da autora: Antes de tudo: eu ainda não acredito que finalmente tomei coragem para postar alguma fanfic. Mas cá estou eu, compartilhando com vocês essa short que particularmente amei escrever. Por mais que trate de um assunto delicado, é a realidade de alguns infelizmente. Essa fic é originalmente baseada em uma música que fala sobre esse assunto, que tem o mesmo título da fic. Bom, também agradeço à minha amiga, Marcela, por ter insistido tanto para que eu de fato criasse coragem para compartilhar o que escrevo com vocês. Espero que gostem e comentem sobre o que acharam. Isso realmente me deixaria feliz. Então é isso. Beijos e até a próxima! Xx

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