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Última atualização: 27/11/2016

Capítulo 1

No I would not sleep in this bed of lies

- Preciso contar uma coisa a vocês. – puxou suas amigas pelo braço até um canto vazio da biblioteca.
- O que foi que aconteceu? – pergunta uma delas. suspirou pesadamente e fechou os olhos. Não havia mais nada a se fazer a não ser contar a verdade. Precisava revelar o que havia acabado de descobrir na noite passada e as melhores pessoas para compartilhar eram suas duas melhores amigas, e .
- , você está me assuntando.
- Eu... – ela mordeu o lábio. – Eu estou grávida.
Os olhos das duas garotas quase saltaram para fora da órbita.
- O QUÊ?
- Desde quando você tem um namorado?
- Desde quando você não é virgem?
- Quem é o pai?
- Por favor, falem baixo. Por favor. – seus olhos lacrimejaram, mas ela tratou logo de esconder as lágrimas. – Não contem a ninguém. Ninguém mesmo. É uma coisa muito importante e eu estou compartilhando porque vocês são as minhas melhores amigas, então...
- Por que você não nos contou antes?
- Eu não sabia, até a noite passada, quando fiz o teste.
- Quem é o pai? – hesitou. e seriam as últimas pessoas a julgá-la, mas ela mesma não queria admitir para si mesma quem era o pai de seu bebê.
Seu pequeno feijão...
- Hein? Fala, . Quem é o pai? – neste momento o sinal tocou anunciando o final do intervalo. Aquela revelação teria que ficar pra outra hora.
- Depois terminamos de conversar.
- O quê? Como assim? Você ficou louca? Vai nos contar agora!
- Eu não posso, gente. Sério. Tenho aula de matemática agora e o professor não vai me deixar entrar atrasada na sala. – com isso ela deu meia volta e foi embora.
Grande, . Maravilhoso. Fuja, sua covarde. Não vai conseguir se esconder para sempre, ela pensou, enquanto corria para sala.
- Quase, Srta. Mitchell. Mais três segundos e você não entraria mais.
- Sinto muito, Sr. Gabsy. – ela se dirigiu para o fundo da sala e sentou segurando estômago que revirava. Nas últimas semanas estava sentindo muita dor no abdômen e enjoo em quase tudo que chegava perto. Esse foi o grande motivo dela comprar um teste de gravidez na farmácia e o fazer no banheiro de casa enquanto rezava silenciosamente para que desse negativo. Infelizmente, pareceu que Deus não ouviu sua oração e a abandonou com um filho.
Deus não obrigou você a transar.
- Bom dia, gatinha. – uma voz muito petulante e reconhecida a chamou ao lado. tentou ignorar com todas as forças aquela voz, mas ele insistiu. – Você não vai falar comigo?
- O que você quer? – ela respondeu com um suspiro, sem se virar.
- Quero que você me responda normalmente.
- Estou respondendo.
- Não parece.
- Me deixa em paz, .
- O que eu fiz pra você? – respirou fundo e ignorou a voz dele. Começou a se concentrar em outros sons. O professor explicando algo no quadro, sua respiração, as conversas ao redor da sala, tudo, menos aquela voz. – ...
- Professor! – colocou a mão na boca. – Eu não estou me sentindo bem, posso ir ao banheiro.
- Claro, Srta. Mitchell. – ela saiu correndo para quase colocar os órgãos pra fora no banheiro.

Duas horas e meia depois ela estava sentada no banco da frente de seu carro com suas duas melhores amigas de frente pra ela.
- Você não tem mais saída.
- Diz quem o pai do seu filho.
- Eu...
- , você sabe que nós te amamos. – tocou suas mãos cruzadas em cima do colo. – Você não está sozinha. Independente de qualquer coisa, somos suas amigas e vamos estar do seu lado. Em qualquer situação. Boa ou ruim.
- Não vamos abandoná-la. Jamais. Agora somos eu, você, a e o pequenino dentro de você.
- Ou pequenina. – completou com um sorrisinho de lado.
- O pai do meu bebê é... – altas conversas, gritos e risadas interromperam a fala de .
Melinda Oliver, líder de torcida e vadia mor da escola, passou acompanhada de seu namorado, e o resto de seu grupinho popular. Ela estava pendurada no ombro dele rindo e falando alto, como se quisesse ser ouvida a 100 metros de distância. Vadia.
suspirou derrotada. Era inevitável.
- Eu... Eu estou grávida de .


Capítulo 2

So toss me out and turn in


(Dois meses e sete dias antes)

- , tô saindo.
- Pra onde, mocinha? – revirou os olhos e deu um beijo no rosto de seu melhor amigo, aquele com quem ela não apenas dividia o apartamento, mas também a vida. Os pais de haviam morrido há muito tempo e ela foi morar com a família de seu melhor amigo, que quando faleceu deixou um apartamento no centro da cidade, para onde os dois se mudaram. Era incrível o laço que os dois compartilhavam. Muitas pessoas dizem que um homem e uma mulher não podem ser amigos sem romance ou interesse sexual envolvido, de uma, ou ambas as parte, mas aquele era o exemplo de que isso poderia acontecer sim. e eram como irmãos e qualquer um podia ver isso pela forma afetuosa que um tratava o outro. era quatro anos mais velho e estava na faculdade, também trabalhava como barman e tocava em uma banda. trabalhava no mesmo bar, mas em dias alternados, como bartender, tendo aprendido suas técnicas em casa, com garrafas vazias de Jack Daniels que levava do bar.
- Festa. No .
- Desde quando você gosta de festas?
- Desde quando eu perdi uma aposta com a . – sorriu com a revelação.
- Espero que aproveite. Quero você em casa antes das 3h, ok?
- Ok, papai. – ela piscou e desceu até o estacionamento do prédio para pegar seu carro, um Mustang 98 que lhe valia a vida.
Chegando na casa de , popular fullback, namorado de Lila Roberts, melhor amigo de e paixão de desde o oitavo ano, correu para dentro encontrando pessoas vomitando, se beijando, bebendo e rindo no gramado em frente a casa.
- Hey! Você veio! – e estavam perto da porta da casa e cada uma deu um abraço em .
- Você está muito gostosa, cara! – fez com que desse uma rodadinha e soltou um assovio sonoro com o que viu. vestia seu jeans skinny favorito, que era de cintura baixa e abraçava sua bunda e suas coxas com perfeição. Vestia também uma blusa com de vinho decotada atrás, deixando suas costas nuas e tinha um belo decote, no pé, sapatos de matar que gritavam “Me fodam!”.
- A está certa. Você está muito gostosa. Se eu gostasse de mulher, te pegaria. – mostrou a língua pra ela e as três riram, enquanto andavam até o bar armado em um dos cantos da casa.
- Eu quero um Cosmopolitan! – gritou para o barman.
- Eu quero uma Margarita! E você, ?
- Quero apenas uma coca.
- ! Você tem que se soltar mais! Dançar! Mexer os quadris! Beber! Pegar alguém! Você é tão santa que entraria num convento facilmente.
- A coca está bom pra mim, meninas.
- Desafio você a beber algo mais forte. – soltou uma risada.
- Desista, . Não vai funcionar. Não vou cair em mais um dos seus desafios. Da última vez que fiz isso acabei perdendo uma aposta e vindo parar aqui!
- Até parece que você não gostou. E, sim, você vai beber. Se não pedir, deixa que eu peço. Pra nossa amiga, eu quero um...
- Tudo bem, tudo bem. Você venceu. – apoiou as mãos em cima do balcão e impulsionou seu corpo pra cima, fazendo seus peitos parecem quase pular da blusa. – Eu quero um Martini.
- Uhhhh! A garota se rebelou. – quando as bebidas chegaram as três garotas tomaram grandes goles para perderem a inibição e foram para a pista de dança.
Quatro músicas, dois Martinis e um Cosmopolitan e meio depois, estava suada, ofegante e seus pés pareciam ter andado sobre brasas. Uma música quase lenta e sensual começou a tocar. Ela movimentou seu corpo suavemente, mexendo os quadris com o ritmo da batida. Ela colocou o cabelo solto e um pouco molhado de suor para apenas um lado e fechou os olhos, deixando a música tomar conta dela.
Alguns minutos depois grandes mãos seguraram sua cintura e um corpo quente e firme se aproximou por trás dela. inspirou a colônia amadeirada que tomou conta de seus sentidos. As mãos apertaram ainda mais sua cintura e o corpo começou a deslizar junto ao dela. As batidas da música aumentaram, fazendo os dois corpos colidirem ainda mais. Uma respiração pesada e entrecortada bateu contra o pescoço de , fazendo-a se arrepiar. Sua cabeça ainda estava avoada, por causa das bebidas fortes que havia tomado.
Ela se virou para o dono daquele corpo e daquelas mãos. Ainda com os olhos fechados ela encostou o testa contra a do estranho. Uma perna dele estava no meio das suas, apertando o joelho contra o núcleo dela, fazendo-a gemer e se contorcer contra ele. Sua calçinha estava encharcada naquele momento. As duas respirações se misturaram e ela ouviu um gemido baixo. Abrindo os olhos, devagar, encarando um par de olhos azuis. Os olhos azuis mais lindos que ela já havia visto em todo mundo. Mas, infelizmente, os olhos mais conhecidos também.
- Você está louco?! – se afastou rapidamente, sua mente ficando sóbria novamente. – qual o problema com você.
- O que- O que foi?
- O que foi?! Você... Você tem namorada e... E você estava... – ela começou a gaguejar.
- Nos só estávamos dançando. – arregalou os olhos e mesmo com a mente embaçada pela luxúria, do jeito que estava, saiu da pista de dança o mais rápido que pode. Deixando um atordoado e confuso para trás.
chegou ao bar ofegante e pediu mais duas bebidas, deixando o álcool entrar em seu sistema rapidamente. Pediu mais uma e bebeu tudo de uma vez, ficando tonta.
Ela tropeçou em seus próprios sapatos quando subiu as escadas para o andar de cima da casa. Vários casais se agarrando no corredor onde havia várias portas.
abriu uma, mas achou um casal em um estado já avançado de amassos. No próximo no foi diferente e no próximo também. Depois de muito flagrar cenas constrangedoras, ela achou um quarto vazio e entrou, suspirando enquanto sentava na cama macia.
Ela tirou os sapatos e soltou um suspiro alto e muito bêbado. Nesse instante a porta se abriu e revelou um cambaleante.
- O que você está fazendo aqui?
- Eu vim te ver. Você tinha fugido de mim.
- Eu não estava fugindo de você. Apenas... Não queria mais dançar. – os olhos dos dois se encontraram e desviou rapidamente. Ele foi capaz de ler a mentira em seu olhar.
- Nós sabemos que não é verdade.
- O que você quer, ? – se aproximou e sentou ao lado dela na cama.
- Você. – ele sussurrou.
- O quê?
- Eu quero você. – ele segurou o rosto dela com as duas mãos e aproximou o seu.
A mente de estava embaçada e confusa. A bebida difundiu seus sentidos, porque ela se viu correspondendo o beijo, quando colocou seus lábios sobre os dela.
O beijo no início foi suave e lento. O toque de seus lábios eram macios e hesitantes. Mas logo foi ganhando força, quando ele prendeu suas mãos na nuca dela, puxando sua cabeça para trás, dando mais acesso à sua boca. Ele passou a língua pela costura fechada de seus lábios, pedindo passagem, o que lhe foi cedido de bom grado. segurou os cabeços de com uma certa urgência enquanto ele colocava a língua dentro da boca dela. Seu estômago fez uma coisa engraçada, enquanto ele aproximava ainda mais os corpos.
O beijo era perfeito. Nem devagar nem rápido, nem leve nem áspero, era perfeito. Ele fez um barulho, semelhante á um ronronar, vindo diretamente da garganta, quando ela desceu suas mãos até as costas dele, sentindo os músculos cobertos pela camisa sob seus dedos.
Seu cérebro entrou em convulsão quando ele colocou as mãos na cintura dela e explorou ainda mais sua boca com a língua. Ele mordeu o lábio inferior de e a beijou de novo.
afastou as bocas e colocou sua testa contra a dela. Os dois estavam ofegantes e podia apostar que os lábios de ambos estavam vermelhos e inchados, por causa do beijo alucinante.
Mas isso não parece ser suficiente, porque começou a beijá-la de novo, de uma maneira mais urgente e carente. Era como se ela fosse uma viciada e ele sua droga. Matando a sua fome e a sua sede, fazendo com que ela fosse cheia novamente. nunca tinha tido aquela sensação com ninguém. a estava fazendo ficar louca e cada vez mais ansiar por seu toque.
Ele colocou as mãos dentro da blusa dela, subindo por sua barriga, rodeando seu umbigo com o dedo calejado, causando arrepios na pele dela, depois tocou o seio esquerdo por cima do sutiã. Sua mão rodeou o seio e começou a massageá-lo, fazendo gemer e respirar ainda mais dificilmente. abaixou os beijos para o colo dela, descendo e descendo, tirando a camisa dela e beijando por cima do sutiã.
- Tão linda... – ele murmurou manejando habilidosamente o feixe do sutiã, abrindo e o jogando em qualquer canto do quarto. Seus mamilos já inchados e friccionados ficaram expostos, arrancando um olhar de admiração de . Ele suspirou e abaixou sua boca até um deles chupando e sugando como se aquilo fosse sua fonte de água cristalina e pura. Enquanto chupava um ele massageava o outro. Ele mudou a atenção de um seio para outro chupando com a mesma urgência.
Os olhos de reviraram quando desceu seus beijos pela barriga dela passando língua pelo seu umbigo. Ele agarrou seus jeans e o baixou, depois de abrir o botão e o zíper. Ele deu um beijo em cima da calcinha dela e a abaixou junto com o jeans.
- Meu Deus, você é linda demais. – ele agarrou a bunda dela e a levantou do cochão fazendo sua umidade encontrar sua boca. chupou e tomou tudo que ela tinha para dar bebendo e saciando a ambos. já havia sido provada antes por outros garotos, mas tinha uma boca talentosa. Seus dedos abriram seus lábios vaginais revelando um clitóris inchado e pulsante que necessitava do toque de sua língua. E foi o que ele fez. Lambeu e lambeu, fazendo com que sua explosão fosse tão forte que ela gozou gritando seu nome tão alto que todos na casa poderia ter ouvido. Ele bebeu tudo que ela liberou, bebendo sua excitação e os vestígios do prazer intenso que deu a ela.
provou sua própria excitação nos lábios de quando ele a beijou.
- Se eu não estiver dentro de você agora... Acho que vou explodir. – agarrou o botão da calça de e desceu o zíper libertando o furioso pênis que estava quase rasgando a cueca boxer preta dele. Ela abaixou a cueca junto e ele chutou a calça jeans para fora do caminho e se posicionou na entra dele.
Seu glorioso pênis era grande e duro, com as veias alteradas, no pico de sua excitação.
- Você é tão bonito... – ele a beijou novamente e ela gritou quando começou a penetrá-la devagarzinho. Ele deveria estar muito bêbado, pois não percebeu os olhos da garota cheios de água enquanto a dor da perda de sua virgindade chegou.
Ela engasgou com um soluço e hesitou. Por um momento ela achou que ele havia percebido, mas então ele se retirou e começou a entrar novamente, dessa vez por completo. A dor deu lugar ao prazer e gemeu alto o nome de , enquanto ele se movia devagar para dentro e fora dela.
- Mais... Mais rápido, .
- É isso que você quer?
- Sim. Eu quero que você seja brusco. – quem desejaria isso para sua primeira vez? Mas estava tão bêbada e a sensação de preenchimento era tão boa, que ela não ligava se ele fosse mais forte. Contanto que o prazer aumentasse e aquela sensação maravilhosa e única não acabasse.
- ... – ela colocou as pernas ao redor da cintura dele e o prendeu ainda mais apertado contra ela. começou a se movimentar mais rápido, ganhando ritmo e batendo contra ela cada vez mais. Suas estocadas ganharam um ritmo certo e os dois começaram a se movimentar juntos como uma dança coreografada e extremamente sensual.
sentiu seu orgasmo chegando e pelos gemidos altos que dava, o dele também estava perto.
- ... Eu quero que você goze junto comigo. Quero gozar com o pau dentro de você.
Ele estocou mais uma vez, então os dois estremeceram e gozaram ao mesmo tempo, de uma maneira alucinante, gritando um o nome do outro. O gozo de escorreu para dentro e para fora de , deslizando por suas coxas tremulas como gelatina. Ele caiu pesadamente em cima dela e beijou sua testa. Uma fina camada de suor cobria os dois corpos cansados.
- Esse foi o melhor sexo que eu já tive em minha vida.


Capítulo 3

And there'll be no rest for these tired eyes


- Você já contou pro ? – roeu a unha do polegar olhando para fora da janela.
Ela, e estavam sentadas na sala da casa de comendo Doritos e assistindo Gossip Girl com um pote de Ben e Jerry entre elas.
- Estou esperando até hoje à noite. Queria primeiro saber a reação de vocês.
- O ama você, querida. A reação dele não seria tão diferente da nossa.
- Só pela diferença dele querer desmembrar o , arrancar o saco dele com as próprias mãos e fazê-lo engolir. – quis rir, mas estava sem humor.
- Ele não pode culpa só o . É preciso dois para dançar tango.
- Você já marcou uma consulta no médico?
- , eu descobri que estava grávida ontem, você quer que eu já tenha comprado o enxoval e construído o quarto? – as três ficaram em silêncio por alguns momentos. – Acho melhor ir pra casa. O vai chegar mais cedo hoje e nós precisamos conversar.
- Eu vou pegar uma carona com você. – disse e as duas se despediram de .
- Você sabe o quanto eu te amo, não é? Não importa o que aconteça. A amizade acima de tudo, lembra? – a amiga disse no ouvido de quando se abraçaram.
- Também amo você, desculpa.
- Sem problemas. - entrou no carro de e as duas se dirigiram para o caminho de casa.
- Você pode parara na farmácia, rapidinho? Meu xampu acabou eu preciso reabastecer meu estoque. – parou na farmácia e aproveitou para comprar algumas coisas que faltavam em casa.
Desodorante do . Ok. Xampu de baunilha. Ok. Xampu anti-caspa pro . Ok. Cera de depilação. Ok. Barbeador descartável. Ok.
Com a cestinha cheia de produtos de higiene, se dirigiu ao caixa quando se bateu com alguém, derrubando todos os produtos.
- Merda! – ela começou a catar seus pertences, quando uma mão começou a ajuda-la.
- Desculpa, eu.... ? – ela percebeu quem era.
- Dupla merda.
- ? O que foi? – ela fez uma careta e retirou seus produtos que estavam nas mãos dele.
- Nada.
- Nada? Você tá... Estranha. – Você não imagina quanto.
- , você ta bem? – ouviu uma voz atrás de si e percebeu quem era. . Tripla merda.
- Tô sim. Eu só... me esbarrei com o e... – , pela primeira vez, tomou conhecimento da presença de no recinto.
- O que ele está fazendo aqui? – falou “ele” como se fosse uma praga ou algum tão ruim quanto.
- , está tudo bem. A farmácia é um lugar público. – respondeu, com a voz baixa. Sua cabeça estava começando a doer. Era muito drama para um dia só.
- Espera, o que eu fiz?
- Você deveria saber muito bem, idiota. – os olhos de eram assassinos. Ela poderia transformar o deserto do Saara em um rinque de patinação com aquele olhar.
- Ei, qual o problema com a sua amiguinha?
- Não dirige a palavra a ela.
- , para. – o olhar de era confuso e desesperado. Ele olhava para urgente, esperando uma explicação da parte dela. – Vamos embora.
- Qual o problema com você, sua louca?
- Louca?! Eu sou louca? Você é o louco, seu maldito! Maldito! Fodido! Como você pode? Você...
- ! Por favor! Para! – os olhos de estavam lacrimejando quando ela gritou com , mas ela não iria chorar. Não na frente de . Na frente do pai de seu filho. Ou filha. – Vamos embora.
- Tudo bem. – as duas passaram pelo caixa rapidamente e saíram do estabelecimento em tempo recorde. – Você precisa contar a ele.
- O quê?
- Você precisa contar ao que ele é o pai. Você precisa, .
- Não! Não! Eu não vou fazer isso, . Ele está muito bem desconhecendo esse fato.
- O quê? Claro que não. Não é justo com ele. Ele precisa saber que é pai de uma criança.
- Não é justo com ele? Não é justo com ele? , olha pra mim! Eu tenho dezessete anos e estou grávida! Eu nem terminei o ensino médio ainda! Estou grávida de um garoto que tem namorada. Você acha que ele vai largar a namorada dele por mim? Você acha que vamos nos casar, criar nosso bebê juntos e viver felizes para sempre? As coisas não acontecem assim, . Eu fui estúpida e agora eu vou sofrer as consequências disso. Sozinha.
- Droga, . Deixa de ser cabeça oca! Ele pode não largar a namorada dele por você, mas ele precisa saber o que ele fez. ! É um filho! E uma coisa importante. Você precisa contar a ele.
- Eu...
- Se você não contar eu conto.
- O QUÊ? Tá louca?!
- Estou falando sério. Se você não contar, eu conto. E conto ainda hoje.
- Você não se atreveria... – olhou pra ela com uma sobrancelha levantada. É claro que ela se atreveria. suspirou. – Tudo bem, eu conto.
- Amanhã.
- Mas...
- Ou você conta amanhã ou eu conto.
- Tudo bem. Tudo bem. Mas, por favor, deixa isso comigo. Eu vou contar a ele, mas antes... Preciso me preparar.
deixou em casa e se dirigiu para casa. Com um copo de suco de laranja nas mãos trêmulas ela esperou chegar em casa.
- Querida, cheguei. – se seu estômago não estivesse não revirado e sua boca não ficasse tão seca e com gosto de papel até riria. – ?
- Oi...
- O-O que aconteceu? – se ajoelhou em frente a ela, no sofá.
- ... Desculpa. Desculpa. Por favor, me perdoa. – o rosto de assumiu uma expressão confusa e assustada.
- , me diz o que aconteceu. Por favor, estou ficando assustado. – começou a chorar e abraçou , molhando sua camisa com suas lágrimas.
- Eu... eu estou grávida. – segurou pelos ombros e a puxou para longe.
- O quê? Eu ouvi direito?
- Me desculpa, por favor.
- O que... . Por que você está pedindo desculpas?
- Porque a culpa foi toda minha. Eu fui incompetente e irresponsável e agora... – ela voltou a chorar e a segurou apertado, limpando suas lágrimas com as mãos.
- Tudo bem, . Vai ficar tudo bem. Não chora. – a segurou pelos ombros e respirou fundo. – Me diz quando isso aconteceu, .
- Naquela... Festa que eu fui com as meninas por causa da aposta. – suspirou. Se a tivesse impedido... Mas não tinha e eles não podiam mudar o passado.
- Com quem foi? – essa era a parte mais dolorosa para . Claro que ficaria do lado dela na situação da gravidez, mas sobre o pai do bebê...
- . – ela sussurrou.
- O QUÊ?
- . – rangeu os dentes e fechou as mãos em punho do lado do corpo. Ele se levantou e jogou um jarro de vidro contra a parede, o que fez chorar ainda mais.
- Porra! Puta que pariu! ? ?! Como isso?! Aquele desgraçado, doente, como ele pode fazer isso com você...? Eu vou matar aquele fodido filho da puta!
- ... – gemeu segurando o estômago.
- ...? Você está bem? – as lágrimas escorriam livres pelo rosto dela.
- A culpa não foi só dele, . Estávamos bêbados. Não faríamos isso se tivéssemos sãs e...
- Ele é homem, porra! Será que ele não conhece camisinha? Mas que porra!
- Por favor, . Fica calma.
- Calma? Uma porra pra calma. Você ta grávida. Mas não só isso, você ta grávida do ! – o rosto de estava vermelho e inchado de raiva. O ódio era visível em seus olhos.
- Desculpa, ... – os olhos do homem amoleceram quando ele olhou para a garota que considerava uma irmã, encolhida no sofá com lágrimas no rosto.
- Não peça desculpas, . – ele a colocou no colo e ela escondeu o rosto em seu peito. – Eu estou com você e nunca vou te deixar. Nem por isso e nem por nada. Eu e você contra o mundo, lembra? – ela acenou com a cabeça, ainda encolhida.
- Eu te amo, .
- Eu te amo também, linda. – ele beijou o topo da cabeça dela.
***

Na manhã seguinte parecia estar mais doente do que o normal. Havia vomitado três vezes e sua cabeça explodia. O cheiro do bacon e ovos mexidos a fazia ficar enjoada, por isso não tomou café. Estava mais emocional, também. Qualquer coisa a fazia ficar com lágrimas nos olhos, o que era uma merda.
O dia também parecia não querer colaborar. Estava chuvoso do lado de fora com uma garoa fina. vestia um jeans escuro, uma bata branca, um casaco grosso e um gorro com desenhos tribais marrons e verdes escuros.
e compreenderam seu temperamento emocional e não decidiram falar nada, mas pelo olhar de ela não havia esquecido o que havia prometido.
- Qual o problema com a sua amiga? – foi encurralada dentro do banheiro feminino no meio da terceira aula do dia. Ela ainda não havia se sentido bem durante a aula e havia ido ao banheiro com o estômago agitado.
- Esse é o banheiro feminino, .
- Eu não vou deixar você sair até falar o que está acontecendo com você e as suas amigas.
- Olha, eu não estou com humor pra isso. Apenas... Saia.
- Não!
- , sai! Estou falando sério. – a segurou pelos ombros e a sacudiu.
- Fala, droga!
- Não!
- Fala agora!
- Não posso! Desculpa.
- Fala! Agora!
- EU ESTOU GRÁVIDA! – toda cor do rosto de foi embora e os braços que uma vez seguravam , agora estavam caídos ao lado do seu corpo. Sua boca formou um “O” perfeito e seus olhos quase pularam das órbitas.
Ótimo...
- O-O quê?
- NÃO ERA A VERDADE QUE VOCÊ QUERIA OUVIR! ESTÃO AQUI ESTÁ A VERDADE! EU ESTOU GRÁVIDA.
- É meu? – sem pensar duas vezes a mão de foi de encontro ao rosto de , deixando uma marca rosa, no lugar do tapa.
levou a mão ao rosto e pisco atônico.
- Claro, seu idiota!
- Mas... Como?
- Como se engravida?
- Não... Não pode ser.
- Mas é! Aconteceu! E agora...
- E agora nada! Eu não posso ser pai! Eu tenho 18 anos! As coisas não podem ser assim.
- Olha, eu não ia te contar nada. Eu não to pedida não, só queria que você soubesse e...
- Você falou com alguém? – a voz de era assustadora, quando sua face ficou escura e ele encarou .
- Não... – ela sussurrou.
- E você não irá contar a ninguém, ouviu?! Ninguém pode saber que esse filho é meu, ENTENDEU?
- Tudo bem... – os olhos de se encherão de água.
- Eu estou falando sério, . Ninguém pode saber disso. Você não irá gostar das consequências se isso acontecer.
- Você está me ameaçando?
- Eu estou te dando um aviso. Você sabe o que isso poderia causar a minha reputação? A imagem da minha família?
- Eu...
- E a Melinda? Meu Deus... – ele passou a mão pelo cabelo, de maneira frustrada. – Eu não vou terminar com a minha namorada por causa de você.
- , eu nunca pedi que você fizesse nada. – mas a interrompeu antes que ela pudesse pronunciar mais alguma coisa.
- Nenhuma palavra, está ouvido? Isso não pode chegar no ouvido da minha namorada e nem de ninguém. Se você acha que pode me chantagear com esse filho, está muito enganada. O golpe da barriga é muito velho, , e você não irá fazer isso comigo. – foi como se uma faca tivesse sido atirada em seu coração e retorcida. segurou, com todas as forças, as lágrimas que queriam cair por seu rosto, enquanto a acusava de coisas horrorosas. Não se permitiria chorar na frente daquele imbecil.
- Eu não quero você perto do meu filho. Não quero que você nunca mais dirija a palavra a mim, está ouvindo? Pode ficar tranquilo, não vou contar a ninguém sobre essa gravidez. Você é macho na hora de fazer o filho, mas na hora de assumir é um maricas. Eu odeio você, .
saiu correndo, pegando seus livros na sala e pedindo um passe a diretora. Ela correu para fora do colégio, enquanto, finalmente, deixou as lágrimas caírem. Chegou em casa ofegante e cansada. Tanto fisicamente quanto emocionalmente. Jogou na banheira com água quente enquanto chorava ainda mais. Depois de todas suas lágrimas terem sido eliminadas e sua pele já está enrugada, ela prendeu o cabelo com um pauzinho chinês, vestiu uma boxer de e uma camisa velha do Bom Jovi, também de . Deitou na cama e fechou os olhos, encolhida em uma posição fetal.
O dia não podia piorar. Em poucos dias sua vida havia virado de cabeça para baixo. Descobrira que estava grávida, fora insultada, estava emocionalmente ferida e o pai do seu filho a achava uma vadia.
Que maravilha...
Não havia maneira melhor que terminar uma semana. Queria ter por perto, mas ele chegava tarde nos dias de sexta-feira. Estaria sozinha com seus pensamentos e a culpa. Enrolou os braços em volta da barriga, levemente inchara. Agora era ela e o filho. Mesmo sendo indesejado ela nunca iria abandonar seu pequeno bebê.
- Meu pequeno feijão...
Esse foi seu último pensamento antes de cair no sono.


Capítulo 4

I'm marking it down to learning. I am.

Uma batida insistente na porta tirou de seu sono. Ela estava muito cansada, mas a batida era tão alta que penetrava em sua névoa de sono.
- Mas que diabos... – e ficava cada vez mais alta.
Quem bateria na sua porta às...
Ela olhou o relógio.
Três horas da manhã?!
- Droga... – a batida continuou. – Já vou! Já vou!
destrancou a porta e a abriu, encarando um bêbado com os olhos vermelhos.
- O que você está fazendo aqui? – sua voz adquiriu um tom seco e raivoso.
- ...
- Qual a parte do “Nunca mais quero que você se dirija a palavra e nunca mais olhe para mim” você não entendeu?
- Você não vai me convidar para entrar?
- Como descobriu onde eu moro?
- Vai me deixar entrar?
- Não. O que você está fazendo aqui?
- ... Me desculpa. Eu sou um idiota. – cruzou os braços em cima do peito.
- Quando vai começar a contar uma novidade?
- Por favor... – sua voz estava quebrada. Seus olhos demonstraram estar cansados e mareados, ao seu redor estava vermelho, indicando a presença de lágrimas. Seu cabelo estava desgrenhado, não de um jeito bom e suas roupas estavam tortas. Ele fedia a uísque e a vodca.
- O que você quer? – ele deu um passo cambaleante para dentro e fechou a porta depois que ele entrou.
se jogou contra a parede e escondeu a cabeça entre os joelhos. Soluços e gemidos baixinhos vieram dele.
Ele estava... Chorando?
sentou no sofá e abraçou os joelhos contra o peito. O que estava fazendo ali numa hora daquelas? Por que ele estava pedindo desculpas? Será que ele estava... Arrependido?
- O que você está fazendo aqui? – ela perguntou, mas ele continuou soluçando baixo. – O que você está fazendo aqui? – repetiu.
- Eu-Eu queria me desculpar. – ele se levantou e foi até ela, se ajoelhando em sua frente. – E que... Eu apenas pirei. Quer dizer, eu tenho dezoito anos, quem está preparado para ser pai aos dezoito anos?
- E você acha que eu estou preparada para ser mãe? Você acha que isso foi planejado? Você acha que eu sou aquela menina que você falou? Você acha que eu fiz de propósito? – lutou contra as lágrimas que começaram a pinicar em seus olhos e engoliu em seco.
- Eu sei que você não é esse tipo de garota, eu sei. Eu sinto muito por tudo que eu disse. Eu estava em choque e...
- , você está bêbado. Seu hálito está me deixando enjoada. Não diga nada que irá se arrepender amanhã. Acho melhor você ir embora e quando estiver sóbrio nós conversamos.
- Mas...
- Sem mas. Você deveria ir para casa.
- Eu não tenho como ir. Estou sem carro e duvido que iremos achar um táxi uma hora dessas.
- Como você chegou aqui?
- Andando.
- Aqui não tem nenhum bar perto. Quando você andou?
- Quase atravessei a cidade até aqui. – ele deu um sorriso bêbado. suspirou. Era inevitável. Aquele cara só trazia problemas pra sua vida. Apenas problemas.
- Tudo bem, você pode ficar. Mas vai dormir no sofá. – ela foi até o guarda roupa e tirou um edredom e um travesseiro reserva. – Aqui.
- ...
- O quê?
- Obrigada.
- Sem problema. E eu não iria deixar o pai do meu filho dormir na rua, mesmo. – ele não notou o sarcasmo. Ao contrário disso ele começou a encarar sua barriga de uma maneira engraçada. Mas logo a maneira engraçada passou a se transformar em uma careta. – O quê? – ele balançou a cabeça, saindo do transe.
- É só que... Falando assim parece tão real.
- Vou te falar uma coisa, cara. Isso é muito real.
- Nós vamos ter um bebê. – ela riu, como se fosse a piada mais engraçada do mundo.
- Não.Nós não vamos ter nada. Eu vou ter um bebê.
- Como assim você? Esse bebê é de nós dois.
- Não é não! Ele é meu! Você nem queria ele, pra início de conversa.
- Você não fez esse bebê sozinha, lembra? – ela lembrava e gostaria de voltar ao passado e desfazer tudo que havia feito, mas isso era impossível, por tanto teria que suportar as consequências.
- Olha, . Você está bêbado e eu estou cansada. Amanhã terminaremos essa conversa e... – um ronco suave veio de e ela percebeu que ele estava dormindo.
suspirou.
Dormindo, parecia mais jovem, mais pacífico, mais... calmo.
Um pouco hesitante, estendeu a mão e tirou uma mecha de cabelo caída na testa. era tão lindo... Suas maçãs do rosto altas, seus cílios tão grossos e grandes que fazia uma sombra sem sua bochecha enquanto dormia. Sua respiração estava ritmada e alta.
Ela tirou a mão e desviou o olhar. Com outro suspiro ela levantou e colocou os pés dele em cima do sofá. Tirou os tênis, as meias e o cobriu com o cobertor extra que tinha pegado.
Ao invés de ir deitar na cama, ela foi para a grande e alta janela que ia de mais da metade da parede até o teto. Na parte de dentro havia um pequeno acolchoado para reclinar os braços, mas era grande o suficiente para sentar. Ela colocou os braços ao redor das pernas e encostou a cabeça no vidro frio. A janela oferecia uma grande vista da cidade, por causa da localização do prédio e sua altura.
Londres a noite era uma das coisas mais lindas que ela já tinha visto. Todas as luzes acesas na cidade. Era de tirar o fôlego. Acordar todos os dias com aquela vista era mágico e tinha que agradecer muito ao por causa daquele privilégio. Na verdade ela tinha que agradecer muitas coisas ao . Ele foi a família que ela nunca teve, ele foi tudo quando ela não tinha nada. E mesmo com as decepções que ela trazia para ele, ele nunca deu as costas pra ela, ele nunca a havia abandonado e seria grata pra sempre por aquilo.
***

A cabeça de zumbia quando ele acordou. Ele nunca foi de beber muito, mas quando bebia sempre se arrependia no dia seguinte e naquele dia não seria diferente.
Demorou alguns segundos para se situar e no momento que fez soltou uma maldição. Todos os acontecimentos da noite passada voltaram como uma enxurrada. Ele bêbado. Ele andando sozinha pela cidade. . Choro. Discussão. Sono.
- Maldição... – ele levantou do sofá e olhou pela sala. Uma forma pequena estava deitada na beirada da janela. Olhando mais de perto, descobriu que se tratava de .
Ela estava encolhida em uma posição fetal, com o rosto virado de lado e o cabelo caindo na testa. Seus braços finos estavam enrolados em volta dela mesma, como se quisesse passar proteção.
O coração de deu uma trovejada no peito com aquela cena. Ela havia dormido ali, a noite toda. Ela havia aberto a porta e o acolhido, mesmo ele não merecendo, mas ela fez.
colocou um braço em seus ombros e outro na dobra do joelho, suspendendo-a no ar, próxima ao seu corpo. Ela instantaneamente se encolheu mais contra ele, descansando a cabeça em seu ombro. Não demorou muito para ele achar o quarto dela. Era bem parecido com .
Ele a colocou numa cama com lençóis roxos e brancos e cobriu com seu edredom. Ela soltou uma respiração e voltou a se encolher na cama.
Seus lábios estavam entreabertos, permitindo que a respiração saísse, ela não roncava, mas soltava um leve ronronar a cada respiração.
Tão linda...
Sua pele era suave e cremosa, parecia feita de porcelana. De olhos fechados parecia ainda mais jovem e pacífica. Poucas vezes a viu irritada ou com raiva, além do dia que o contou que estava grávida.
Grávida...
Ela estava grávida de um filho dele. Ele nunca duvidara que o filho era dele. Foi um momento de surpresa total quando ela o contou que estava grávida e tudo que ele disse para ela foi da boca pra fora, mesmo que ela não acreditasse. Ele sabia que o filho era dele, conhecia o suficiente para saber que ela não era esse tipo de garota. Muito ao contrário de sua namorada...
Namorada...
Por muito tempo havia esquecido que tinha uma namorada. Ele nunca amou Melinda e acreditava que jamais iria amar. Ela não era mulher para amar. Ela só servia para sexo e status. Nunca acreditou que tinha um futuro com ela, por isso sempre a traiu com outras. Com ...
Ele colocou a cabeça entre as mãos.
O que ia fazer? O que ia contar a família? Como iria criar aquele filho?
Filho...
Ele iria ser pai... Deus! Que responsabilidade. Sem pensar ele colocou a mão em cima da barriga de , coberta por uma camisa que parecia caber duas dela dentro. Ele traçou o polegar por debaixo da camisa, pela barriga ainda lisa dela. Em pensar que em alguns meses iria ficar tão grande como uma bola. Ele sorriu com a imagem dela redonda e cheia. Como ela ficaria adorável... Mais bonita do que já era.
- Pare com isso, está pirando a minha cabeça só olhando pra você. – ele pulou com a voz de . Ele não tinha percebido que ela estava acordada.
- O quê?
- Você. Posso ouvir daqui sua mente pensando em como sair dessa.
- Mas eu...
- Eu não sou idiota, . Eu sei o que acontece quando há uma gravidez indesejada dentro de uma família tão importante. Eu não quero nada seu, . Não quero seu dinheiro, nem sua pena, muito menos sua fama. Não quero nada do seu lado. Não quero nem o seu sobrenome para o meu filho. Só te contei que estava grávida, porque todo mundo deve saber que vai ser pai. Então pode parar de se preocupar em vão. Eu tenho condições financeiras e psicológicas para criar um filho sozinha. Não precisa da sua ajuda. – estava, no mínimo, surpreso. Ela não queria a ajuda dele. Não queria que ele fosse o pai do filho dela, em todos os sentidos.
- , o que você está falando? É claro que eu vou ajudar de todas as maneiras que eu puder. Esse filho também é meu e eu vou ser o pai que ele precisa. – ela ficou de pé também.
- Ele não precisa de você. Ele não precisa de alguém que não gosta dele. Esse filho é meu e só meu!
- Você não está em seu juízo perfeito. Eu já pedi desculpas por tudo que eu disse e vou assumir meu papel de pai a partir de hoj... ? – a cara dela estava meio verde. – Você está bem...?
- Oh, Deus... – ela saiu correndo para o que parecia ser o banheiro. Ele foi correndo atrás dela a tempo de ver ela se jogando no chão e colocando a cabeça dentro do vaso sanitário já aberto.
Ele prendeu o cabelo dela com uma mãe, enquanto ela colocava seus órgãos pra fora. Depois do que parecia ser uma década, ela a apoiou a testa no braço e riu sem graça.
- A parte não tão glamorosa da gravidez.
- ...
- Você pode sair?
- Por quê? – ele perguntou, debilmente.
- Eu preciso tomar banho e escovar os dentes.
- Ah, tudo bem. Estou te esperando do lado de fora, quando você acabar.
- Acho melhor você ir pra casa. Conversamos tudo o que deveríamos conversar. E logo o vai estar em casa. – congelou.
- Quem é ?
Quem era ? O namorado dela? Ela tinha um namorado? Ele sabia que ela estava grávida? Grávida de outro homem? Por que ela tinha nunca tinha mencionado o namorado antes? Que espécie de namorado era esse que deixava a namorada sozinha à noite? Esse apartamento era dele? Eles moram juntos?
As perguntas giravam na cabeça de em uma velocidade anormal. Um estranho sentimento surgiu dele. Com ela tinha coragem de ficar com um homem que não era o pai do seu filho?
- Ninguém que você deva saber. Você pode ir agora? Por favor? – saiu do banheiro e bateu a porta atrás dele. Calçou o sapato e foi embora do lugar. Precisava espairecer.


Capítulo 5

Don't think that I can take another empty moment

A segunda-feira começou mal para . O problema com o enjoo começou a piorar e ela estava se sentindo super quente. Mesmo com o clima pouco ensolarado, ela sentia como se tivesse em um forno. havia insistido que ela faltasse na escola, mas ela preferiu não. Teria sorte, porque seu bebê nasceria quando o ano letivo tivesse acabado, mas ainda sim faltaria quase 4 meses na escola antes do nascimento.
Ela havia ligado para o obstetra e marcado uma consulta, ainda para aquela semana.
se jogou numa cadeira, no fundo da sala e abaixou a cabeça, tomando várias respirações profundas. Pelo que leu na internet, fortes náuseas eram normais nos primeiros meses de gravidez.
Levantando a cabeça, rapidamente, ela se deparou com uma cena não muito boa. estava quase comendo a cabeça da namorada dele na porta da sala e não se importava com toda a atenção que estava atraindo.
Mentiroso.
Aquela era a prova real de que ele não iria levar sua gravidez a sério. Que ele não seria um pai bom e presente.
Ela não queria colocar seu filho na posição de fardo para ele.
Seus olhos se encheram de lágrimas, mas logo ela as afastou. Tinha muitas coisas pra se importar mais importantes, do que a vida amorosa de .
Assim que o sinal bateu, saiu correndo da sala, quando viu vindo em sua direção. Ela iria adiar o tanto quanto possível uma conversa direta – ou indireta – com ele.
Suas outras aulas terminaram do mesmo jeito que a primeira. Na hora do almoço, ela se trancou em um banheiro, segurando o estômago.
- ? Você está aí dentro? – ela ouviu a voz de , chamar do lado de fora do cubículo. – Você está bem?
- Sim, só um pouco enjoada. – respondeu.
- Você pode sair daí? Precisamos conversar. – ela abriu a porta e saiu, para encarar suas duas melhores amigas.
- Por que você não foi comer?
- Eu estou muito enjoada para comer.
- Mas você precisa de alimentar. Seu bebê precisa ficar saudável.
- Quando chegar em casa eu como alguma coisa. O vai estar em casa hoje à noite, ele vai fazer o jantar. – as duas levaram para tomar um pouco de ar.
- Você marcou a consulta com o obstetra?
- Sim, será depois de amanhã.
- E quem vai com você? – perguntou. – Podemos ir? Por favor, por favorzinho?
- Desculpa, gente, mas acho melhor ir sozinha. Na segunda consulta vocês podem ir, ok?
- Tem certeza? – ela acenou com a cabeça e as três soltaram para suas aulas.
***

Três dias depois, estava suando por todos os poros na sala de espera do consultório médico.
- ? É você? – a secretária chamou e apertou a bolsa para mais perto de sei. Seu dente dilacerava o lábio inferior de tanto nervosismo.
- Sim. – ela apresentou o RG á secretária e foi para a sala. A enfermeira lhe deu uma bata de hospital para se trocar e depois esperar a médica.
- Olá, querida. Você é a ? – a médica era uma senhora de meia idade, com o cabelo alvo cortado curto e um sorriso simpático. acenou, ficando mais nervosa a cada passo. – Você pode se deitar aqui. – ela apontou para a cadeira reclinável e se deitou com os olhos fechados.
Aquilo estava sendo mais difícil do que ela achava que seria. A cada segundo que passava se arrependia de não ter concordado com o quando ele havia pedido para acompanha-la. Seria melhor ter a mão dele para apertar e sentir que o seu desespero iria ser compartilhado com outra pessoa.
- Pelos seus registros, você parece ter quase três meses. Vamos ter a data exata com a ultrassonografia. Se tudo estiver ok com o seu bebê, vou marcar uma consulta para o próximo mês. O sexo do bebê só vai ser possível ser visto no quinto mês, mas em algumas gestações, o bebê é muito desenvolvido e dá pra ver antes. Vamos checar se esse é o seu caso, ok? – acenou com a cabeça. – Não precisa ficar com medo. Não vai doer nada. Eu vou passar um gel um pouco gelado na sua barriga e vamos visualizar o seu bebê na tela.
Ela levantou a bata e passou um líquido melequento e frio na barriga da garota. A doutora pegou uma pequena máquina e pôs em cima do gel. Ela mexeu um pouco, até parecer achar o local exato.
- E lá está ele ou ela. – olhou para a tela que a doutora apontou e seus olhos instantaneamente se encheram de água. Estava ali. Seu bebê. Seu pequeno feijão. – Aqui está a cabeça... E uma das mãos... Consegue visualizar?
- S-Sim. – as lágrimas começaram a molhar suas bochechas e ela sentiu um caroço na garganta. A imagem em preto e branco começou a entrar em foco e ela enxergou as partes do bebê.
- Já está bem grandinho. Acho que com quatro meses e meio já vamos poder ver sexo. Está tudo bem com você e o bebê. Nenhuma complicação aparente. Por causa do tamanho dele, os enjoos durante o dia podem ser piores, mas isso é normal em primeiras gravidezes. – seu cérebro não parecia estar compreendendo o que ela estava falando. ainda estava emocionada demais para falar, ouvir, ou até pensar alguma coisa. Seu coração estava batendo acelerado e ela não conseguia parar as lágrimas.
Tão pequeno...
E eu já o amava tanto...

- Você precisa se recuperar um pouco. Eu vou imprimir as fotos do ultrassom e colocar as imagens em um DVD. Você pode se trocar e aqui estão os lenços para limpar o gel. Volto em um instante. – ela saiu do local e enxuguou as lágrimas com as costas da mão.
se trocou e pegou toda a papelada do pré-natal. tinha achado aquela médica, porque ela era conhecida por ser a melhor da cidade. Ele havia falado que queria o melhor para e para o bebê.
sentou em um banco na praça em frente ao consultório. Tirou as fotos do ultrassom de dentro da pasta e segurou. Ela ficou emocionada novamente por lembrar-se o tinha aquilo dentro dela. Uma criança. Uma vida.
Nunca tinha pensado sobre a ideia de ser mãe. Seu futuro sempre havia sido incerto, mas agora, depois de toda a agitação inicial, até me sentia bem com aquilo tudo. Se sentia... feliz por saber que nunca estaria sozinha no futuro. Mesmo se todos a deixassem, ela ainda teria alguém.
Em prantos, discou o número de e o esperou atender.
- ? – ela soluçou. – ? O que está acontecendo?
- Você está muito ocupado? – sua voz soou chorosa. Ela não conseguia parar de se sentir daquele jeito.
- O que aconteceu?
- Será que você pode vim até a praça que fica em frente ao consultório da minha consulta? Tô precisando de você.
- Tudo bem. Chego aí em cinco minutos. Não sai do lugar. – como prometido, cinco minutos depois, estacionou no acostamento e correu até ela, no banco. – O que há de errado? Aconteceu alguma coisa? O bebê tá bem? – acenou com a cabeça e passou as fotos que segurava para ele. – O que é isso?
- O bebê. – ele virou um pouco as imagens, tentando achar o foco e ela riu com seu embaraço. Pegou as fotos e começou a apontar os lugares. – Aqui está a cabeça e os braços. Consegue ver? – quando achou o que procurava, sua boca se abriu um pouco.
- Nossa.
- Maravilhoso, não é?
- ... Isso é... Demais. – outras lágrimas voltaram a cair e não pôde se impedir de sorrir. – É por isso que você está chorando? – ela deu de ombros, ainda chorando e rindo.
- Eu não posso evitar. Estou muito sentimental. É a gravidez.
- Meu Deus. Meu bebê está esperando um bebê. – ela riu e deu um soco no braço dele.
- Ei! Eu não sou um bebê.
- É claro que você é. Sempre será o meu bebê. – ele a abraçou e beijou sua bochecha. – Ok, chega dessa depressão. Quer tomar sorvete? – concordou, entusiasmada.
- Pensei que você nunca fosse falar!


Capítulo 6

Don't think that I can fake another

Assim que chegou à escola, encontrou e com sorrisos gigantes no rosto. Os olhos das garotas brilhavam de tanta expectativa.
- Então? Onde está? – fez uma cara de confusão fingida.
- O quê?
- Você quer nos matar de ansiedade, não é? – pegou pelo braço e a levou até um canto, onde as duas encaram a garota.
- Vamos lá! Eu quero ver a primeira imagem do meu afilhado ou afilhada.
- Você já sabe o sexo? – revirou os olhos, enquanto caçava as fotos da ultrassonografia dentro da mochila.
- O bebê ainda está muito pequeno para vermos o sexo. A médica disse que talvez na próxima consigamos. – bateu palmas, animada.
- Isso é tão...
- Excitante?
- Legal?
- Muito, muito, muito maneiro?
- Gente, é só um bebê, não uma Ferrari.
- Não é apenas um bebê. É o seu bebê. achou as imagens impressas pela médica e antes de levar para o par, as duas garotas tomaram as fotos e achou que as amigas poderiam chorar de felicidade.
- Owwwn, como ele é lindo!
- Ele? Eu aposto que é uma garota.
- Por quê? Um garoto seria muito legal também.
- Mas uma garota é mais fofa.
- Olha que lindinho.
- Que pezinhos fofos.
- Não é uma gracinha?
- Tudo bem, garotas. Eu acho que já chega, certo? Temos que ir pra aula.
- Será que você tem copias? Eu queria muito colocar no meu mural. – acrescentou um Por favor, por favor, por favorzinho e não podia dizer que não.
- Eu também quero!
- Ok. Eu trago uma cópia para cada uma, agora, por favor, vamos para aula. Não quero chegar atrasada e chamar atenção.
As três foram para a aula e sentou, como sempre, no fundo. Estava fazendo um esforço um pouco maior para prestar atenção, já que sua mente não saiba daqueles delicados traços no papel que estava em sua mochila.
As coisas pareciam um pouco irreais.
Ela seria mãe.
Uma responsabilidade maior. Um novo desafio.
Agora não era apenas responsável por uma vida, mas por duas. A sua e a do seu filho.
Ou filha.

Ela ficou pensando em como havia ficado viciado no vídeo da ultrassom. Como ele ficava apertando o replay toda hora que o vídeo acabava. No meio da noite, foi atacar a geladeira e o encontrou assistindo o vídeo mais uma vez. Ela chamou ele pra ir dormir, mas ele disse que já ia. Quando ela acordou, na manhã seguinte, o encontrou dormindo no sofá e o vídeo ainda passando na TV.
Aquela cena arrancou lágrimas dos olhos dela. Não havia dúvidas do quanto amava aquela criança e não iria manter esforços para antes os dois, a mãe e o bebê, a salvo.
Quase no final da aula, percebeu uma bola de papel jogada em sua mês,a entre seus cadernos. Mesmo sem abrir ela já sabia de quem era.
Será que podemos conversar?
Ela virou pra trás e encontrou a encarando intensamente.
Bolinhas de papéis são infantis.
Ela amassou o papel e passou a cadeira de trás, onde estava sentado. Alguns segundos depois, recebeu a resposta.
Responda a minha pergunta.
Ela fez um som de tsc tsc e começou a escrever.
Não tenho nada pra falar com você.
A resposta foi imediata.
Eu acho que tem sim.
jogou a bolinha de papel dentro da mochila, deixando bem claro que ela não queria mais conversa com ele. Mas não parecia intimidado. Ele fez outra bolinha e jogou em cima da mesa de .
Encontre-me no corredor a direita da biblioteca. No horário do almoço. Vou te esperar. Tenho algumas coisas muito importantes para falar com você.
Ela queria se levantar e enfiar a bolinha goela abaixo nele, mas se conteve.
Quem ele pensava que era?
O pai do seu filho, sua consciência respondeu, mas ela decidiu ignorar. Mesmo sabendo que era verdade.
A dura verdade.
***

queria falar com , desde o momento que entrou na sala de aula e a viu conversando e rindo com as amigas.
Seu dia não havia sido muito bom, mas olhar para o sorriso dela fazia algo diferente acontecer dentro dele.
Em primeiro lugar, seus pais o estavam pressionando para a escolha da faculdade. Depois Melinda, com seu jeito grudento e melado de ser, o exibindo mais como um troféu do que como namorado. Ela gostava de sempre estar acima de todas as garotas e sabia que não iria conseguir o status de popularidade que tinha sem ele.
Os dois haviam se conhecido no primeiro dia do primeiro ano do ensino médio. Ela já tinha uma fama e ele era conhecido como o garoto de ouro. Atleta, lindo, rico e com os amigos certos. Ela era líder de torcida e a garota que todas as outras queriam invejar. Os dois juntos formavam a fórmula perfeita da popularidade.
A inevitável traição com o passar dos anos. Melinda nunca havia sido um exemplo de mulher fiel e mesmo com todos os agrados que ela dava a ele na cama, nunca havia sido suficiente. Ele começou a buscar em outras mulheres o que nunca havia achado na namorada. Sendo honesto como ele mesmo, nunca havia encontrado aquilo com mais ninguém.
A não ser com , naquela única noite.
Ele queria contestar consigo mesmo e se convencer de que era uma mentira, mas não era. o afetava de uma maneira que nenhuma outra havia afetado. Ela era diferente com ele e depois da última conversa que os dois haviam tipo, ele provara seus ponto.
Foi baixo da parte dele afirmar tantas coisas horríveis com relação a ela. Foi covarde e errado. E ele estava muito arrependido.
Seria muito difícil para perdoá-lo, mas ela teria que fazê-lo. Ele era o pai do bebê dela, droga! Não poderia ficar com raiva pra sempre.
A técnica da bolinha de papel poderia ser infantil, mas era infalível! Ele sempre conseguia o que queria e com ela não seria diferente.
Na hora do almoço, ele não perdeu tempo. Foi correndo ao corredor da biblioteca onde tinha marcado encontrá-la. Estava vazio e silêncio, porque quase ninguém conhecia aquele canto.
Vários minutos se passaram e estava convencido de que não iria aparecer. Ele já tinha perdido as esperanças e já ia embora, quando seu rabo de cavalo apareceu, acompanhado de sua figura magra e baixa. Ela usava uma camisa folgada, uma jaqueta preta e calça jeans. Comia uma barra de cereal.
- Sinto muito a demora, mas tinha que comer primeiro. Você sabe, por causa do bebê. – o peito de se contorceu. Aquele friozinho na barriga que sempre sentia quando ela falava sobre aquele assunto. – O que você queria falar comigo que era tão importante? – ela se encostou na parede, de frente pra ele, com os tornozelos cruzados, dando mais atenção a barra de cereal coberta de chocolate do que a ele.
- Será que você pode prestar atenção mim? – levantou uma sobrancelha pra ele, como se perguntasse mentalmente “É mesmo?”
- Eu já estou aqui, não estou? Vai ficar perdendo tempo ou o quê?
- Tudo bem. Eu queria pedir desculpas mais uma vez pelo mal entendido...
- Espera, espera. Mal entendido? – ela se desencostou da parede. Pela expressão em seu rosto, ela não estava nada feliz com o que ele havia falando.
E lá vamos nós...
- Mal entendido o cacete! Você basicamente me chamou de vadia, perguntando se o filho era realmente seu, me acusou de estar dando o golpe da barriga por causa do seu dinheiro e da sua fama, que pra mim não faz diferença nenhuma. Você me forçou a deixar entrar na minha casa, você passou a noite toda e na manhã seguinte ainda queria “conversar” sobre a possibilidade absurda de eu deixá-lo participar da vida do meu filho e agora diz que a história toda foi um “mal entendido’’? Eu quero que você pegue toda a sua fama, todo o seu dinheiro, toda a sua família de merda e todo seu discurso de “quero ser um pai presente” e vá pra puta que pariu. Eu odeio você e quero deixe a mim e a essa criança em paz.
Ela tinha os olhos arregalados, o rosto vermelho e respirava dificilmente.
sentiu um bolo em sua garganta. O que ele iria responder perante aquilo? Tudo que ela havia falado – gritado e jogado em sua cara – era verdade. Ele havia sido um idiota e a havia machucado muito.
Mas estava querendo consertar os erros e não iria desistir.
- Eu sei, . Eu sei e eu sinto muito mesmo. Eu fui um idiota muito grande e não medi minhas palavras. A verdade é que dês do começo eu sabia que esse filho era meu e que você nunca seria capaz de aramar pra cima de mim, mas eu estava com medo, ok? Eu estava assustado e surpreso. Eu podia estar bêbado na noite em que ficamos juntos, mas eu nunca faria uma coisa que eu não queria. Eu fiquei com você porque eu quis. E essa criança foi fruto do que aconteceu, não posso virar as costas pra isso. Não posso virar as costas para as consequências dos meus atos. – sentiu como se libertando. Nunca havia sido tão honesto com ninguém e nem consigo mesmo. Ela tinha que levar em conta toda a sinceridade dele.
- Eu não me importo se você está arrependido ou não. Eu não me importo com o que aconteceu. Eu só quero que você me deixe em paz. Não preciso da sua ajuda pra cuidar desse bebê. Vamos ficar bem sozinhos. Não quero que conte sobre isso a ninguém, pois não é seu segredo pra contar. Eu vou arcar as consequências e não estou pedindo a sua companhia para nada. De uma vez por todas, . Volte pra sua vidinha perfeita, com a sua família perfeita e sua namorada perfeita. Não quero que meu filho seja “bastardo” ou “indesejado” de ninguém. – seus olhos se encheram de lágrimas e ela se virou para ir embora.
E ele quase a deixou ir.
Quase.
segurou a alça da mochila de e ela se virou para ele, encarando seus olhos. Neles ela podia ver uma súplica silenciosa para que ficasse e acreditasse nele.
Para que deixasse participar daquilo tudo, mas ela negou com a cabeça, soltou a alça da mochila das mãos dele. O movimento brusco fez com que um pedaço de papel caísse no chão. Antes que ele a chamasse para devolvê-la, ela saiu correndo.
pegou o papel do chão. A imagem dobrada quase o fez cair de joelhos no chão.
Demorou um pouco para ele situar o preto e branco da imagem, mas logo seus olhos entraram em foco e ele arquejou.
Era um ultrassom.
Um ultrassom do seu filho.


Capítulo 7

Hollow smile.


demorou mais um pouco olhando aquela imagem em suas mãos. Tudo parecia mais real. Sentiu-se um imbecil maior ainda por ter falado tudo aquilo para . Ele estava confuso e surpreso pela notícia, mas sabia que ela estava tão chocada quanto ele. Com aquela imagem nas mãos ele tomou uma decisão. Ele participaria da vida do filho – ou filha – dele. Mesmo contra a vontade de . Mesmo ela estando chateada pelo que ele havia dito. Não era justo. Ele também merecia ver o seu filho. Doeu saber que ela estava disposta a esconder aquela ultrassom dele. Mas aquilo não ficaria daquele jeito. Ele conquistaria o perdão de e também conquistaria um espaço na vida da criança que ela carregava.
foi correndo atrás de e a achou conversando com as amigas.
- Você pode me explicar o que é isso? – ele levantou a imagem e viu os olhos dela se arregalarem.
- Onde você achou isso?
- Então quer dizer que você iria esconder isso de mim?
- Ei! Ei! Ei! Calma aí, mocinho. – uma das amigas de se colocou entre ele e ela. – Você não tem nenhum direito de exigir alguma coisa depois de tudo que disse.
- Eu já pedi desculpas por tudo o que disse. E sim, eu tenho todo o direito de participar da vida dessa criança.
- Já mandei você me esquecer e esquecer esse filho.
- , não quero que sejamos inimigos, mas se você se recusar a me deixar a participar, irá virar uma questão de tribunal. E você sabe muito bem que eu tenho mais chance de ganhar essa briga do que você. – os olhos da garota se arregalaram com a possibilidade de perder seu bebê.
- Você não faria isso...
- Você quer pagar pra ver?
- , ele tem razão. – a outra amiga, mais condescendente, falou. – Ele é pai, portanto tem direito. Um briga no tribunal não irá fazer nada bem para o bebê. E nem para você. – suspirou.
- Tudo bem. O que você quer? – deu um sorriso vitorioso.
- Primeiro, quero conversar sobre o estado do bebê. Podemos conversar enquanto te dou uma carona pra casa. O que acha? – começou a contestar, mas pareceu pensar direito e assentiu.
- Vejo vocês amanhã, garotas. – deu um beijo em cada uma das amigas e o seguiu para o estacionamento.
***

tentou ignorar os olhares que a acompanhavam enquanto ela seguia até o estacionamento. Ela podia ouvir os sussurros de todos.
Quando chegaram ao estacionamento, abriu a porta do passageiro do seu conversível pra que ela pudesse entrar. Quando ele fez o movimento para fechar a porta sua namorada apareceu.
- O que está acontecendo aqui?
- Melinda, agora não.
- Como assim agora não?
- Eu estou resolvendo uma coisa muito importante e preferia que você ficasse fora do meu caminho. – a loira oxigenada cruzou os braços em cima dos seios, evidenciando seu volume na camisa decotada e deu um olhar para dentro do carro.
- Com ela? – suspirou, já se arrependendo da decisão que havia tomado. Deixar participar da gravidez fora a pior decisão que poderia ter tomado. A segunda, já que a primeira fora deixá-lo dá-la uma carona para casa. Se descobrisse isso, iria esfolá-lo vivo.
- Melinda, já mandei ficar fora do caminho. – ele caminhou, rapidamente, para o outro lado e entrou no carro, dando a partida e deixando Melinda para trás comendo poeira.
- Está certo de que realmente quer fazer isso?
- Se eu quero participar da vida do meu filho? Claro que sim.
- Tudo bem, mas vamos deixar algumas regras claras aqui. Nada de contar sobre essa gravidez a ninguém. NIN-GUÉM, entendeu? Nem à sua família, nem aos seus amigos e muito menos à sua namorada. Ser acusada de dar o golpe da barriga uma vez já é suficiente.
- Já pedi desculpas.
- E eu já disse que não me importo. Só não conte a ninguém, ok?
- E como vou ajudar se não posso contar aos meus pais?
- Na hora certa você vai contar. – a conversa morreu ali, mas claramente estava incomodado.
- Você vai me deixar sofrendo, ou vai por um fim na minha tortura e me contar como está o bebê? – ele deu um sorriso tímida na direção de e ela tentou ignorar seu coração acelerando.
- Bom, com o bebê está tudo bem. A médica passou algumas vitaminas para auxiliar no desenvolvimento dele.
- E... Foi possível ver o sexo?
- Você está achando que o bebê é um mutante que cresce rápido assim? Claro que não! Só podemos ver o sexo com quatro meses.
E, por incrível de pareça, a conversa continuou a fluir normal. fazia todos os tipos de perguntas possíveis e tentava ser menos grossa possível com toda a ignorância dele naquele assunto.
Logo eles já estavam no prédio onde morava.
parou o carro, mas não fez nenhum movimento para destravar as portas.
- Então, você vai me deixar sair ou o qêe? – ele destravou as portas, mas começou a falar antes dela sair.
- Gostaria de perguntar uma coisa, mas, por favor, não fique muito brava comigo por estar me intrometendo nesse assunto.
- O que é?
- O seu... – ele pigarreou. – O seu... O que seu namorado achou disso? Quer dizer, o que ele achou da gravidez? – apertou os lábios para não rir.
- Por meu namorado, você está falando sobre , certo? – ele assentiu e não conseguiu segurar a risada. olhou pra ela confuso e ela continuou a rir.
- O que é tão engraçado?
- não é meu namorado, . Ele é como um irmão pra mim e se você quer saber o que ele achou, saiba que ele quer te queimar vivo, arrancar suas bolas e te alimentar com elas, enquanto arranca cada um de seus dedos. Então é melhor você ficar afastado. – com isso, saiu do carro, deixando com os olhos assustados.
Aquilo seria melhor do que ela esperava.


Capítulo 8

It's not enough just to be lonely

Os dias começaram a passar cada vez mais rápido e logo, duas semanas tinham ido embora. As provas finais já iriam começar e teve que conversar com a diretora sobre o seu estado delicado. As aulas acabariam com no sétimo mês de gravidez, por isso, ficou resolvido que a garota só estudaria até o sexto, deixando-a com um período maior de férias. A diretora também tentou convencê-la a procurar a psicóloga da escola, para ajuda pessoal, mas garantiu que já tinha todo o apoio do mundo em casa, o que não deixava de ser verdade. havia trocado alguns horários do trabalho para ficar com ela em casa. Ele ainda não havia descoberto que estava participando de uma maneira efetiva da gravidez, o que era um alívio, porque se não as coisas iriam ficar bem mais complicadas.
Na escola, tentava evitar o máximo que ela podia. Sempre andava rodeada por suas amigas e evitava ficar nos mesmos ambientes que ele e a namorava. Ele tentava conversar com ela na saída ou tentava aparecer na casa dela, mas, por conta da presença ameaçadora de , ele dava meia volta e ia embora.
Até que um dia, estava preparando o jantar, enquanto colocava a mesa, quando bateram na porta.
- Deixa que eu atendo. - ela foi até a porta e congelou ao ver do outro lado. - O que você está fazendo aqui?
- , quem é? - gritou da cozinha.
- Eu não aguento mais essa situação, nós temos que dar um...
- O que esse filho da puta está fazendo aqui?
- , por favor... - tentou impediu de chegar até , mas ela era bem mais baixa e mais leve, não tinha nenhuma chance. segurou pela camisa e desferiu vários murros contra o rosto do garoto. - , pelo amor de Deus, deixa ele em paz. Solta ele! - começou a chorar, desesperada. Ela tentou tirar de cima de , que agora se encontrava no chão, protegendo o rosto, contra os chutes de . começou a gritar, até que sentiu algo descendo entre suas pernas.
Sangue.
- ! - ela gritou com um tom de voz diferente, fazendo olhar na direção dela e encontrar sua calça legging cinza suja de sangue. esqueceu-se do garoto caído no chão e correu até a garota.
- Oh meu Deus! - pegou a chave do carro colocou no bolso, a bolsa de e carregou a garota, ainda sangrando, descendo, rapidamente, pelas escadas. Mesmo quebrado e dolorido, ficou de pé, com dificuldade, e foi atrás dos dois. - Está fazendo o que aqui, ainda seu filho da puta?
- Você pode reclamar o quanto quiser, mas é do meu filho que estamos falando. - não tinha tempo para reclamar, gemia de dor. Ele a colocou no banco de trás, com a cabeça apoiada em um arregaçado e que lutava para não gemer de dor também, devido as contusões que tinha espalhada pelo corpo.
dirigiu o mais rápido que podia até o hospital e carregou quase desmaiada, com seguindo atrás. A garota foi colocada em uma maca e levada para ser atendida, durante todo tempo, andava de um lado para o outro orando para que nada acontecesse nem a , nem ao bebê. Só Deus sabia o quanto os dois significavam para ele. Mesmo o bebê ainda pequeninho do jeito que era.
tinha recusado tratar dos ferimentos, enquanto esperava por notícias. Com toda a preocupação, acabou se esquecendo de sua dor e se concentrando apenas em e no filho deles.
O que parecia ser horas depois, um médico velho chamou pelos parentes de para dar as notícias.
- Como ela está, doutor?
- A paciente está bem. E comum no início da gravidez acontecer alguns sangramentos devido a algumas emoções fortes, mas ela está bem. Está descansando agora.
- E o... bebê? - perguntou, hesitante. Por mais indesejado que aquela criança pudesse parecer, ele não queria perdê-la. Por incrível que parecesse, havia começado a se acostumar com a ideia de ser pai.
- O bebê está bem. Fizemos uma ultrassom para conferir e ele está bem. Com um pouco mais de 11 semanas.
- Podemos vê-la?
- A paciente está acordada, mas pede apenas que seu irmão, , vá vê-la.
- Mas eu sou...
- Filho, a paciente pediu que apenas o irmão vá vê-la. Se me permite, aconselho que vá cuidar desses ferimentos, que estão assustando algumas pessoas ao redor. - olhou de maneira feia para o médico e foi procurar uma enfermeira para ajudá-lo.
***

- Você nos deu um belo susto, mocinha. – falou, alisando os cabelos de , que estava deitada, um pouco sonolenta na cama do hospital.
- Eu também tomei um susto muito grande, mas o médico disse que eu estou bem. Ele me deu uma medicação e passou uma lista de vitamina para que eu tomasse.
- ... Eu sei que não deveria tocar nesse assunto enquanto você ainda está nessa situação, mas... O que o estava fazendo lá? – mordeu o lábio inferior, receosa. Odiava decepcionar . Primeiro a gravidez, agora escondendo dele.
- , nós não podemos evitar. é tão parte dessa criança quanto eu ou você. Ele não estava sozinho. Eu também quis e foi uma decisão tomada conscientemente. Ok, talvez um pouco influenciada pelo álcool, mas sabíamos o que estávamos fazendo. Não posso deixar esse bebê crescer sem um pai. Eu sei que ele, ou ela, terá você como uma presença masculina, mas, querendo ou não, você nunca será o pai dela, ou dele. Eu sei que ele pisou na bola, até eu fiquei chateada com ele, mas... Poxa, . Ele está se esforçando. Não quero que ele esteja cem por cento por perto, mas... Não posso deixa-lo longe. – pareceu ponderar um pouco, mas suspirou.
- Eu sempre vou fazer tudo por você, princesa. Não há nada, nada mesmo, nesse mundo que eu não faça por você. Se você acha que ter o na vida dessa criança é o melhor, então eu não posso discordar. Eu te amo muito e apenas quero o seu bem. O seu e desse bebê que você carrega. – sem perceber, estava chorando, abraçada a .
- Malditos hormônios da gravidez.
- Te amo, pequena.
- Também te amo, ogro. Agora, será que você pode me falar como o está? – , desviou o olhar, um pouco envergonhado.
- Ele está... Cuidando os ferimentos. – fez uma careta.
- Será que a situação está tão péssima?
- Não queria nem saber...


Capítulo 9

Don't think that I could take another talk about it


Depois de ficar algumas horas em observação, conseguiu receber alta e ir pra casa. a levou e a carregou durante todo o caminho, até o quarto dela.
- , eu sinto muito, mas acabei ficando com o turno da noite hoje. Será que eu preciso chamar alguma das suas amigas pra ficar com você?
- Não, . Eu estou cansada, vou dormir um pouco. Qualquer coisa eu ligo pra você.
- Tudo bem, eu... – uma batida na porta interrompeu a fala de . Ele se levantou pra atender e pensou ter ouvido ele falar alguma coisa sobre “filho da puta” e “era muito bom pra ser verdade”. Alguns segundos, depois de ter ido abrir a porta, entrou no quarto.
- Oi, . Como você está? – a aparência de não era nada boa. Seu olho estava arroxeado, tinha gazes cobrindo uma parte da testa, um band AID no nariz e no queixo. Seu lábio inferior estava bem inchado, e podia apostar que se ele levantasse a camisa hematomas estariam cobrindo toda sua pele.
- Você deveria estar mais preocupado como você está. – entrou no quarto, com uma cara nada boa. – Você pode ir trabalhar, . Vou ficar bem.
- Com ele aqui? Nem sonhando. Posso atrasar um pouco. – rolou os olhos.
- . – resmungou. – Já disse que vou ficar bem. Eu e precisamos conversar. Nós dois sabemos que você não pode chegar atrasado. Vá trabalhar, pra voltar mais cedo e ficar comigo. Não se preocupe. Eu sei me cuidar. – O garoto não parecia acreditar muito da palavra da melhor amiga, mas, mesmo assim, decidiu aceitar. Já havia dado um bom trato em e ele saberia o que iria acontecer se magoasse , mesmo um pouquinho.
- Tudo bem. – Ele cedeu. – Estou indo, mas, qualquer coisa, não hesite em ligar.
- Eu não vou. – Os dois se despediram e foi trabalhar, mas não sem antes lançar um olhar para que dizia “Nem tente nada”.
- Então, “irmão”, né? – Foi a primeira coisa que falou.
- Eu e fomos criados juntos. Ele é a coisa mais próxima de família que eu tenho.
- Você não negou quando eu disse que ele era seu namorado.
- E perder a chance de fazer você de babaca e rir nas suas costas? Nunca. – deu um sorriso presunçoso.
- Eu sinto muito pelo que aconteceu, . Eu sei que seu sangramento foi devido às fortes emoções dessa tarde. Eu nunca deveria ter vindo aqui sem falar com você.
- ...
- Não, me deixe terminar. Eu sei que fui um cuzão falando todas aquelas coisas pra você e já pedi desculpas. Mas também peço desculpas por hoje e por todas as coisas idiotas que estou fazendo ao longo desses dias. Se não está sendo fácil pra mim, imagine pra você. Sei que não sou a melhor pessoa do mundo, mas, juntos, podemos fazer isso dar certo. Não precisamos estar juntos para cuidar desse bebê. Precisamos apenas... Amá-lo. E vamos fazer isso.
- Eu acredito que possamos fazer isso. – O rosto de explodiu com um sorriso, mas ele logo o retirou por causa da dor no lábio.
- Obrigada pelo voto de confiança.
- Ótimo. Agora, será que você poderia me ajudar ir até o banheiro. Preciso muito fazer xixi e tomar um banho.
- Ah, ok. Tudo bem. – não pôde carregar , por causa das dores que sentia, mas apoiou o corpo dela no seu até o banheiro. Foi impossível deixar de sentir o cheiro floral que vinha do seu cabelo. Ele queria enterrar seu nariz no cabelo dela e inspirar profundamente o cheiro maravilhoso, mas reprimiu o impulso absurdo.
Ele a deixou no banheiro e foi até a cozinha procurar alguma coisa pra ela comer.
Será que ela me achará muito intrometido por estar mexendo em sua cozinha? E se ela se aborrecer e me colocar pra fora? E, pior, se ela se aborrecer e começar a sangrar de novo?, os pensamento atordoavam a cabeça de e ele não sabia o que fazer.
O garoto se sentou em uma das cadeiras da cozinha e colocou a cabeça entre as mãos.
Que belo pai ele era. Não conseguia cuidar do filho enquanto estava na barriga de , imagina quando a criança nascesse.
sacou o celular e colocou no Google “O que grávidas gostam de comer”, achou uma série de sites sobre como quando uma mulher estava grávida gostava de comer chocolate, sorvete, doces variados e outras milhares de coisas.
esperou que ela chamasse por ele e foi buscá-la.
- Será que você está com desejo de algum sorvete ou chocolate? – o olhou, confusa.
- O quê?
- Você sabe... Desejos de grávida. Chocolate, pizza, essas coisas.
- Não sei, mas agora estou com um desejo imenso de dormir.
- Será que eu posso... Você sabe... Ficar aqui? Enquanto você dorme? Não sou nenhum tipo de serial killer, ou psicopata, ou até maníaco que vai ficar te olhando dormir, ou roubar coisas da sua casa nem nada. É que... Vai ser muito difícil explicar a minha mãe como eu consegui esses hematomas. É muito mais fácil mandar uma mensagem dizendo que vou passar a noite na casa da Melinda. – tentou ignorar a menção da namorada de , mas não conseguiu.

A namorada dele.
A garota que ele traiu com você.
A garota que deveria estar grávida dele.
Você está grávida dele.
Não a namorada.


engoliu as lágrimas e se deitou, depois de deixar dormir no quarto de hóspedes, ao lado do seu.
Mesmo muito cansada, ela demorou de dormir. Ficou olhando para a parede, ao lado da sua cama, imaginando como seria o futuro. Como seria quando contasse aos seus pais que tinha engravidado uma garota. E que essa garota não era nem sua namorada. Quando contasse a Melinda que seria pai. Quando a barriga começasse a crescer e todo mundo começasse a descobrir e sua vida virasse um inferno. Quando Melinda descobrisse que a garota que havia engravidado era ela. Quando o bebê nascesse e tivesse que cuidar dele em tempo integral.
Tantos ”quando”. Tantas possibilidades que ela se viu afogada por uma onda de angústia. Era tão grande que ela começou a chorar de desespero. O que seria da vida dela a partir daquele momento?
- ? – A porta foi aberta e a luz do corredor iluminou o quarto. A garota tentou, inutilmente, limpar as lágrimas, mas já tinha visto seu rosto. – O que está acontecendo? Eu ouvi o seu choro e...
- Nada. – Ela falou, com a voz quebrada.
- ... – Ele se aproximou da cama e sentou ao lado dela. – O que foi?
- Eu... Eu não sei. É tanta coisa. Estou tão desesperada. Quer dizer, droga, eu vou ser mãe. Isso é uma criança. Um ser humano de verdade. Eu ainda nem acabei a escola. Como vou cuidar dessa criança se nem consigo cuidar de mim? Como vou conseguir encarar todo mundo, depois que descobrirem que estou grávida? E ainda por cima, de você. A minha vida está virando de ponta cabeça e a culpa é toda minha. – Ela tomou um fôlego, começando a chorar alto e desesperadamente. a puxou para ele e a abraçou, colocando-a em seu colo, delicadamente, por causa de sua costela fraturada pelas cantadas de . – Eu amo tanto esse bebê, mas eu estou com tanto medo. Tudo parece está se fechando a minha volta e eu me sinto tão... Sufocada.
- , você não está sozinha. – Ele a abraçou ainda mais apertado. – Você tem a mim, ao e até àquelas suas amigas malucas. Todos nós estamos com você. Temos que levar uma coisa de cada vez. Resolver um problema de cada vez.
- Mas... Parece que tudo nunca vai melhorar.
- Mas vai. Ainda é cedo. Temos tempo.
- Você acredita mesmo nisso?
- Eu tenho que acreditar. Se não, não me sobra mais nada. – continuou chorando contra o peito de , molhando sua camisa. Os dois ficaram abraçados, até a exaustão os vencer e ambos caírem no sono. Tão entrelaçados, que, se alguém visse, não saberia onde um começava e o outro terminava.


Capítulo 10

Just like me you got needs

Na manhã seguinte, acordou com os olhos inchados e cabeça doendo. O lugar na cama, ao seu lado, estava vazio. Ela tentou não ficar ofendida, nem se importar com isso, mas foi impossível. Uma parte dela queria que estivesse ao seu lado quando ela acordasse.
Quando ela estava levantando-se da cama para ir ao banheiro, a porta do quarto foi aberta de supetão.
- Aonde pensa que vai, mocinha? Repouso absoluto, lembra? – seu interior encheu-se de alegria e seu coração inchou, com a imagem de andando em sua direção com uma bandeja de café da manhã nas mãos. Estava tão lindo como quanto na noite passada, com o cabelo desalinhado e o sorriso brilhante. mordeu um sorriso de satisfação. Ele tinha ficado.
- O bebê não liga para isso. Ele fica dando cambalhotas em cima da minha bexiga. Preciso ir ao banheiro de 5 em 5 minutos. – riu docemente e colocou a bandeja em cima da cômoda e ajudou a descer da cama.
- Deixa que eu te ajudo.
- Não precisa. – ela tentou se desvencilhar dele, mas o garoto tinha o aperto cerrado. – , eu sei ir ao banheiro sozinha.
- O médico disse que você precisa de observação.
- Para sair e não para ir ao banheiro. Pelo amor de Deus, pare de ser tão neurótico.
- Tudo bem. É que eu apenas... Eu quero cuidar de você e da nossa bebê.
- Nossa? – ele passou a mão pelo cabelo e soltou um riso nervoso.
- É, sobre isso, eu tive esse sonho maluco em que o bebê era uma garotinha de cabelos pretos e olhos azuis, foi incrível e eu apenas sinto que é uma menina. – não conseguia resistir e abraçou apertado, beijando sua bochecha.
- Obrigada. – o garoto ficou confuso, mas ela apenas entrou no banheiro e fechou a porta.
, encostou-se na porta fechada e tocou o peito do lado esquerdo, onde seu coração batia disparado. Aquele gesto de fizera com que ela pensasse no futuro de ambos juntos. Como seria se ficasse com ela. Com ela e o bebê. Mesmo a noite anterior sendo assustadora em muitos graus, mesmo com a terrível possiblidade de perder seu bebê e mesmo namorando com outra pessoa que não fosse ela, ainda havia esperança.
Ela sabia que tinha para qualquer decisão, ele estaria com ela, mas estar do seu lado era muito diferente. Ele era o pai do bebê e estava aceitando aquele compromisso. De ser um pai.
Depois de um banho demorado, ficou um tempo, apenas de calcinha e sutiã se encarando no grande espelho do banheiro. Seu corpo ainda era magro e franzino. Sua barriga tinha um leve sobressalto, mas só o pensamento de vê-la crescendo e um bebê sendo formado ali dentro, trouxe lágrimas aos olhos da garota. Seu corpo passaria por uma transformação imensa e aquela expectativa era um motivo de felicidade enorme para ela. Tanta quanto ela nem tinha imaginado ser possível.
- , desculpa entrar assim, é que você estava demorando demais e eu... – a garota levou um susto, encarando do outro lado do banheiro. Ele interrompeu o que estava falando e passou a observá-la. Seus olhos passaram por todo seu corpo, de cima abaixo, demorando em sua barriga pontuda. sentiu seu rosto corar violentamente.
- ... – ele se aproximou lentamente e sua respiração começou a ficar entrecortada. O garoto fechou perto dela, sem tirar os olhos do seu corpo. Sua mão esquerda se levantou e ele começou a acariciar sua bochecha. virou sua cabeça na direção do carrinho e fechou os olhos, apreciando o corinho, até que a mão de começou a descer por seu pescoço, esfregando seu maxilar com o polegar. desligou todos os pensamentos sobre qualquer outra coisa, apenas se concentrando no toque dele em sua pele.
- ... – ele continuou descendo o carinha por seus ombros, seios e até a barriga, onde ele parou, esparramando a mão em toda a área. queria chorar de emoção, mas não seria tão idiota ponto.
- Sim? – perguntou, trêmula. aproximou os lábios da orelha dela e depositou um beijo na ponta, que fez com que a garota se arrepiasse dos pés a cabeça. Ele continuava fazendo carinho em cima barriga de maneira suave e leve, como se não quisesse machucá-la, mas aquele carinho poderia fazer tudo, menos machucá-la. Seus lábios passaram por sua bochecha até o canto de sua boca, onde ele deu um beijo cálido.
Era besteira da parte dela, mas ela queria aquele carinho. Ela gostava daquele carinho. Queria que ele desejasse ela e ficasse ao lado dela, como homem ao invés de amigo. Dentro do mais profundo do seu coração, ela queria. E aquele sentimento a estava sufocando.
Desde muito nova, sabia que não seria aquele tipo de garota apaixonada e boba que fica se remoendo pelos cantos. Até chegar. Depois que eles transaram, uma esperança cresceu no peito de , com a perspectiva de ele querer alguma coisa com ela, mas na segunda-feira seguinte, enquanto ela estava se preparando para ir falar com ele, apareceu grudado na namorada. Na frente de toda a escola, para selar a volta do casal épico, eles se beijaram de maneira tão obscena que foram quase expulsos do corredor por alguns professores. Aquele era o sinal claro do que ele queria na noite anterior. Apenas usá-la para aliviar as necessidades e, de quebra, fazer ciúmes na namorada. Infelizmente, nada havia saído como nenhum dos dois tinha planejado.
- . – colocou as mãos nos ombros dele e o empurrou, antes que ele fizesse qualquer outra coisa. Não iria ser idiota de novo. Um erro a havia colocado naquela situação e isso não iria se repetir. Agora ela estava super consciente do que estava fazendo e não tinha nenhum pouco de bebida em seu sistema. – Eu preciso terminar de me vestir. – ela desviou o olhar, para não encarar os olhos azuis de , que sempre pareciam conseguir ler sua alma.
- ...
- Por favor. Vá. – disse, irredutível. Ele acenou com a cabeça e saiu, fechando a porta atrás dele.
caiu, sentada no chão de azulejo frio do banheiro e começou a chorar, encolhida em uma bola. Como pôde ser tão otária e achar que não ficaria abalada pela presença constante de em sua vida? Há alguns meses ela tinha descoberto que estava apaixonada por ele, agora precisava esquecer aquele sentimento esmagador que só faria com que ela sofresse. Nem ela e nem seu bebê não mereciam isso. Uma mãe amargurada pela rejeição de alguém.
Ficou no chão chorando até chegar, horas depois. Assim que a viu, ele ficou assustador, pegando no colo e a depositando na cama. Logo depois a preocupação deu lugar a raiva.
- O que aquele idiota fez? Fala! – sua voz era entrecortada e raivosa. conseguia ver seu rosto vermelho e inchado.
- Nada. Eu só estou um pouco emocional por causa da gravidez. A médica disse que é normal. – o garoto não parecia 100% convencido das palavras dela, mas resolveu deixar pra lá. Da próxima vez que visse , iria confrontá-lo e perguntar o que estava acontecendo.

Nos dias que se seguiram, os enjoos voltaram. tentava ser muito discreta na escola para que ninguém percebesse seus constantes mal-estares, por isso contava com a proteção das amigas, que sempre sabiam o que fazer para esconder o fato dela estar grávida.
Mas todo esse cuidado não foi suficiente para Melinda Oliver que a esperava do lado de fora das cabines do banheiro, com um olhar desafiador no rosto.
- Ou você comeu alguma coisa que não te fez bem, ou alguém esqueceu de usar camisinha. – respirou fundo e jogou um pouco de água no rosto.
- Não sei do que você está falando.
- Escuta aqui, garota. Eu vou falar uma vez e só isso. Fique longe do meu namorado! Você acha que eu não vejo seus olhares na direção dele? – o coração da garota estava acelerado e ela estava prestes a desmaiar a qualquer momento. – Eu não quero que você olhe, fale ou ao menos respire perto dele, ouviu? Ele é meu e só meu. Nenhuma vadia ridícula e sem sal, como você, vai tirá-lo de mim. – depois do aviso, ela foi embora, deixando uma perplexa e tremula dentro do banheiro.


Capítulo 11

And they're only a whisper away



- O que diabos aconteceu?
- Por que demorou tanto no banheiro?
- Melinda Oliver me confrontou no banheiro, pedindo para que eu ficasse longe do namorado dela.
- Melinda o quê?! – virou para encarar , que tinha ouvido toda a conversa. Merda.
- , por favor. – ela tentou segurá-lo, mas ele se soltou dela e foi atrás de Melinda. Dupla merda. – Eu não acredito nisso.
- , por favor, fica calma. Não se estressa.
- Pensa no bebê, ok? Tenta relaxar. Toma esse sanduiche que a gente comprou para você. – atacou a comida como se não comesse há dias. Outro sintoma da gravidez, comer muito.
O resto do dia passou devagar e não deixou de pensar no que estaria falando para a namorada. Tentou esquecer aquele assunto de uma vez por todas, mas não conseguia. Não prestou atenção em quase nada do que foi dito pelo professor.
Assim que o sinal tocou, encerrando as aulas do dia, saiu junto com e . Quando ela estava entrando no carro da melhor amiga, sentiu seu braço ser apertado e seu corpo puxado violentamente.
- Sua vadia! O que você fez? – viu a mão de Melinda indo em direção ao seu rosto, mas a segurou por trás. – Eu vou acabar com você! – segurou Melinda pela cintura, tentando tirá-la de perto de .
- Melinda, para com isso!
- Eu vou destruir com a sua vida, você está me entendendo? Eu vou fazer com que você se arrependa de ter nascido, entendeu?
- Melinda, não vou falar de novo, para. Já conversamos e não vou falar novamente. A culpa não é de ninguém. Tente entender isso de maneira madura.
- Como não pode ser de ninguém? Essa... – Melinda o tempo todo tentava se soltar, mas o aperto de era muito forte.
tinha medo do que ela faria se a deixasse escapar.
- Melinda, eu vou soltar você e se fizer qualquer coisa contra EU vou acabar com a sua vida, está entendendo? – a líder de torcida pareceu se acalmar um pouco e a soltou. Algumas pessoas tinham se reunido em torno do grupo para assistir ao que estava acontecendo. – , vamos.
- O quê? – perguntou, como uma idiota.
- Eu disse vamos.
- Eu não vou com você. Minhas amigas podem me dar uma carona. – os olhos de diziam que ele estava irredutível.
- Eu disse, vamos. – repetiu e as amigas a incentivaram a ir. Ela foi, podendo ouvir a chuva de insultos que saíram da boca de Melinda enquanto ela entrava no carro de . O tempo todo ela ainda tinha medo de que a garota avançasse em cima dela e a matasse, porque seus olhos transmitiam essa vontade.
O garoto logo deu a partida no carro e começou a dirigir em alta velocidade, assustando um pouco
- Eu achei tudo isso muito desnecessário. Por que foi atrás dela?
- Porque eu precisava. Tenho que defender você, lembra? Sua gravidez é de risco e, pela segunda vez hoje, você passa por estresse. Se alguma coisa acontecer a culpa será minha.
- , eu já disse que não. Eu sei me defender sozinha e eu também tenho as minhas amigas ao meu lado e...
- Que droga! – ele bateu no volante. – Por que você não entende que também me tem ao seu lado?
- , isso é muito complicado. Não podemos deixar brechas na esco... – ele a interrompeu outra vez.
- Então é por isso que você está me evitando todos esses dias? Para não “deixar brecha”?
- Não estou te evitando.
- Não? Então o que fez todas as vezes que eu falei com você, ou acenei para você, ou até mesmo passei perto? Você saía correndo ou simplesmente me ignorava.
- Porque eu não preciso de mais preocupação na minha vida! Porque eu não preciso de uma namorada neurótica me seguindo e me encurralando em banheiros e me ameaçando. Eu não preciso! – percebeu que estava gritando.
- Ótimo. Você não vai precisar se preocupar com isso mais.
- O que?
- Eu terminei com Melinda. Foi por isso que ela deu todo aquele ataque. – mesmo contra a vontade de , seu coração traidor começou a bater aceleradamente e se encheu de esperanças diante das palavras do garoto. Era ridículo se sentir daquele jeito.
- Acho que você fez uma coisa muito impulsiva. Não deixe que a minha relação com a sua namorada influencie seu relacionamento. – freou o carro bruscamente, quase fazendo com que batesse a cabeça no porta-luvas. – Você está louco?!
- Eu? Eu estou louco?! Olha o que você está fazendo! Isso tudo é pelo que aconteceu no banheiro da sua casa?
- Eu não quero falar sobre isso...
- Mas nós temos que falar sobre isso.
- Eu já disse que não quero falar sobre isso!
- , converse comigo.
- Que droga, ! Eu já disse que não, porra! – então foi na direção dela, prendendo seu cabelo entre suas mãos e a beijando diretamente na boca.
engoliu uma respiração e deixou que conduzisse o beijo que estava esperando desde que foi para casa, depois da fatídica festa. Ele segurou sua nuca e colocou a língua dentro da sua boca, massageando seus lábios contra os dela e fazendo com que o fogo subisse desde suas pernas até incendiar seu coração. Ela segurou em seus cabelos macios e aprofundou o beijo, ouvindo o gemido baixo e profundo dele enquanto continuavam se beijando. A posição era muito desconfortável já que estavam sentados cada uma em sua poltrona, mas não impediu que a beijasse como se quisesse sugar sua alma, tocando cada centímetro do seu corpo com as mãos e com a mente.
O que você está fazendo? Isso não muda nada. Ele nunca será seu.
- , por favor, pare. – ela afastou os lábios, com um suspiro triste.
- Por quê?
- Porque não podemos fazer isso. Sinto muito. – ela tirou o cinto, abriu a porta do carro e saiu. Não estava muito longe de casa e poderia caminhar tranquilamente.
- ! – também saiu do carro. – O que você está fazendo?
- Tentando colocar um pouco de juízo na sua cabeça.
- A minha cabeça já está cheia disso, obrigada. – bloqueou o carro e foi atrás dela.
- Você deve repensar o que você fez e tentar conversar com sua namorada.
- Ex-namorada. – ele corrigiu.
- Não importa, apenas... Me deixe em paz.
- Não consigo!
- , eu preciso pensar, por favor. Quero ficar sozinha. – se aproximava cada vez mais dela, até alcançá-la e segurar em seu braço, fazendo-a parar de caminhar.
- Mas eu não vou te deixar sozinha. Nunca mais. – ele a segurou pela cintura e a beijou novamente, dessa vez com mais desejo e paixão. era tão baixa que seus pés quase não tocavam no chão enquanto a beijava profundamente e a segurava quase no ar. Ela deixou que ele fizesse tudo o que queria com ela. Que amasse sua boca e que toda a paixão do seu coração saísse em forma de beijo. Ele continuou apertando sua cintura e beijando cada canto da sua boca. Mordiscou seu lábio inferior e voltou a beijá-la. Ambos estavam quase no meio da rua, a luz do dia e qualquer pessoa poderia vê-los naquele momento, mas não estava se importando nem um pouco com aquele fato. As emoções em seu interior eram tantas, que nada mais importava.


Capítulo 12

And we softly surrender


Assim que a porta foi fechada, colocou contra ela e continuou a beijá-la. O caminho até a casa da garota foi o mais torturante possível. Assim que ele pôde, colou as duas bocas novamente, beijando-a com fervor e paixão.
segurou pela bunda e a levantou, fazendo com que ela passasse as pernas em volta da sua cintura. A garota era tão magra que ele quase não sentiu nenhum peso, enquanto carregava-a até o quarto, sem desgrudar as duas bocas.
- Quando Dougie chega? – perguntou, ofegante, enquanto tirava a camisa dele e dela.
- Só a noite. – Foi a resposta que ele precisava para se livrar dos jeans dela e começar a beijar sua barriga, descendo cada vez mais a trilha de beijos, até a borda da sua calcinha. – ...
- O quê?
- Preciso de você. Agora. – Ele voltou a beijar sua boca, enquanto desabotoava seus próprios jeans e os tirava, junto com sua cueca. segurava sua nova, tentando tirar tanto do beijo quanto podia, enquanto ele desabotoava seu sutiã e abaixava sua calcinha.
já conhecia o corpo de . Tê-las em seus braços uma vez foi o suficiente para nunca mais esquecê-la. Mesmo estando um pouco nublado pelo álcool, se lembrava de cada detalhe daquela noite. De como ela se comportava nas mãos dele, dos sons que ela fazia enquanto gozava. Tudo. Tinha sido o melhor sexo da vida dele.
entrou nele, sem esforço por causa de todo o tesão e de como ela estava escorregadia devido a sua excitação. O garoto parou abruptamente, fazendo com que voltasse a respirar e que as bocas se separassem.
- Será que podemos fazer isso? – Ela queria gritar para ele continuar, mas parecia muito sério.
- O quê?
- Você sabe... Não estamos machucando o bebê? – começou a rir e colocou uma carranca mal humorada no rosto. – Por que você está rindo?
- Claro que não vamos machucar o bebê. Você nunca prestou atenção nas aulas de biologia. Meu útero não fica tão perto da minha vulva.
- Mas e o meu tamanho e... – beijou carinhosamente, alisando seu cabelo, prendendo uma outra risada para que ele não ficasse envergonhado.
- Tudo bem, . Só vá devagar, ok? – ele assentiu e voltou a penetrá-la, quase gozando no ato. Era muito difícil ir devagar com todo aquele tesão acumulado. Ele começou com um ritmo suave de vai e vem, para que não pudesse machucá-la. – Eu não sou de vidro. Você pode aumentar o ritmo.
acelerou os movimentos, segurando os pulsos de com uma das mãos, enquanto beijava seu pescoço e massageava um de seus seios com a outra mão. gemia e apertava ainda mais suas pernas ao redor da cintura de , aumentando a fricção dos dois corpos juntos e fazendo com que o prazer se estendesse.
O garoto soltou um rosnado enquanto gozava e ela o seguia, chamando seu nome em alto e bom som. O corpo dos dois estavam cobertos de suor e não podia estar mais feliz. A parte consciente do seu cérebro ainda estava lá avisando todos os contras daquele ato e tudo de ruim que poderia acontecer por causa daquilo, mas a parte dela que ainda se derretia e fazia seu coração bater mais forte por também estava lá e na luta, por enquanto, essa última parte estava ganhando.
- O que você está fazendo comigo? – ele sussurrou, com a cabeça em seu ombro, alisando sua barriga.
- Como assim?
- Eu não consigo parar de pensar em você. Em nenhum momento. Desde aquela festa, eu... – beijou o peito de e segurou a cabeça dele em suas mãos.
- A gente acabou de complicar muito as coisas.
- Eu gosto de complicado. – Ele a beijou gentilmente e desceu o rosto até a altura da sua barriga. – Olá, pequena.
- O que você está fazendo? – ela perguntou, rindo.
- Estou falando com a minha filha.
- ...
- Shhh. – Ele olhou com uma severidade fingida para ela e prendeu o riso.
- Você é muito ridículo.
- Não posso falar com a minha filha?
- Você sabe que ela não te escuta, não sabe?
- Eu sei que ela pode me escutar. – revirou os olhos e começou fazer carinho e beijar a área inchada da barriga da garota.
- Eu meio que te odeio agora.
- Por quê?
- Tive que comprar várias calças novas. Quase nenhuma dá em mim. – começou a rir e bateu na cabeça dele. – Você é um idiota. Não ria, é sério!
- Você está adorável. E vai ficar mais ainda...
- Não. Daqui a pouco minhas blusas não iram mais cobrir a barriga. – Ela sentiu retesar um pouco.
- Podemos não falar sobre isso? Quero só ficar aqui com você. – A garota suspirou.
- Tudo bem, mas em algum momento teremos que falar sobre isso.
- Ok. Agora, eu só quero beijar cada centímetro seu. – E foi isso que ele fez. A hora do almoço passou, mas eles não saíram da cama para nada. Ficaram o dia inteiro perdendo-se um no outro.
Algumas horas depois, fez com que tomasse banho e se vestisse, Dougie chegaria e não seria muito legal ele descobrir o que os dois andaram fazendo. Claro que ele saberia, Dougie a conhecia mais do que ninguém, mais do que ela mesma e assim que a visse, veria seus olhos brilhantes e suas bochechas coradas.
- Você quer que eu converse com ele? – negou fervorosamente.
- De jeito nenhum. Dougie tem problemas para controlar a raiva e não seria legal você chegar perto dele nesse momento. Na verdade, seria melhor que você fosse embora.
- Você quer que eu vá? – estava com o coração na mão.
- Não, mas você precisa. Sinto muito. – Ela deu um sorriso triste e ele a beijou.
- Tudo bem, mas amanhã eu venho. Quero te dar uma carona para a escola. – Ela pensou em discutir, mas deixou para lá. Seria um problema ainda maior as pessoas da escola virem ela perto dele. Os boatos começariam crescer e as coisas não ficariam nada bem, mas aquele era um problema para ser pensado depois.


Capítulo 13

To these lives that we've tendered away


- Você está, tipo, muito encrencada. - colocou a cabeça entre as mãos e gemeu.
- Eu sei.
- Acha que o pegaria quantos anos por homicídio?
- ! - protestou, ainda com o estômago embrulhando. Mesmo tendo deixado acreditar que ele levaria ela para a escola na noite anterior, ela mandou uma mensagem para as amigas pedindo que elas chegassem dez minutos mais cedo para levá-la para a escola e não encontrasse com . Depois que havia saído, uma crise de consciência começou a atingi-la e ela perceber a gravidade da noite passada.
Ela transou com .
De novo.
Mesmo dizendo que nunca mãos iria fazê-lo.
E estava grávida dele.
No que diabos ela estava pensando? Com certeza em nada depois que ele começou a beijá-la do jeito que só ele sabia fazer. E lá vai ela pensar nos beijos dele de novo... como não conseguia resistir a ele? Era só um cara... bem gostoso e com um beijo sensacional, mas só um cara.
- E agora? O que você vai fazer? - perguntou do banco de trás, colocando a cabeça entre e na frente.
- Ainda estou pensando nessa parte. Mais provável que eu ignore pelo resto de nossas vidas.
- Isso é meio impossível, já que ele é pai do seu bebê. - fez um som de desgosto com a garganta.
- Detalhes, . Detalhes...
- Desculpa, , mas estar grávida não é apenas um "detalhe".
- Ei, não chame meu afilhado de "detalhe". É rude.
- Desculpa. Eu estou pirando. Queria apenas um pote de sorvete de blueberry gigante e ficar no meu quarto pelo resto do dia assistindo Grey’s Anatomy. Ou o resto da minha vida.
- Infelizmente ainda temos alguns meses antes do fim das aulas...
- Que merda, eu odeio o ensino médio.
- ! Palavrões na frente do bebê!
- , você sabe que ele não tem nem cérebro ainda, não é? E ele nem escuta o que estamos falando. Ele está dentro da minha barriga. Duh.
- Detalhes, . Detalhes... - mostrou em língua em uma careta e as duas riram. parou na frente da escola. - E lá vamos nós.
passou as primeiras aulas da manhã na sala do diretor, alegando estar se sentindo mal, mas só estava ali porque dividia as primeiras aulas do dia com e ainda não estava preparada para vê-lo depois da noite anterior. Na verdade, ela achava que nunca estaria preparada para vê-lo novamente.
O que ele ia falar?
O que ela ia falar?
Como seria o relacionamento deles a partir dali?
As coisas que haviam dito um para o outro...
As coisas que ela havia dito no calor na emoção...
Mas que nunca foram tão sinceras. Ela totalmente ignorou seu cérebro traidor.

- Obrigada, diretor. Estou me sentindo muito melhor. Agora preciso me alimentar. Sabe, né? Estou comendo por dois.
- Ah, , sobre esse assunto, gostaria que você passasse no escritório da Sra. Davis amanhã no segundo horário. Avisarei ao seu professor. - saiu do escritório com um sorriso congelado no rosto. Sra. Davis, a psicóloga do colégio. Claro que ela já esperava algo do tipo, já que era uma adolescente e estava grávida, mas não queria de jeito nenhum passar um horário todo ouvindo sermões de uma velha que gaguejava de três em três segundos e que achava que tudo no mundo poderia ser resolvido com diálogo.
- Ficamos preocupadas com você, idiota! - Encontrou suas amigas no segundo prédio, onde aconteceria sua próxima aula.
- Só não bato em você porque está grávida.
- Mas eu mandei uma mensagem. - Tentou se justificar.
- Sua sorte é que tem as melhores amigas do mundo. - passou para ela um saco de papel que tinha alguma coisa dentro com um cheiro divino. o abriu para encontrar alguns donuts, bagels e murffins. Ela quase gemeu em voz alta, com a boca salivando.
- Amo vocês.
- E por falar em amor, o está doido atrás de você.
- Não acredito que deu um bolo no cara.
- Vocês sabem muito bem porque eu dei um bolo nele.
- Por que vocês transaram? , isso é tão imaturo da sua parte.
- Shhh! - bateu no braço de , olhando ao redor, mas para sua sorte o corredor estava vazio. - Está louca? Imagina se alguém ouve? Imagina se a Melinda ouve? Ou uma das subordinadas dela?
- Você está com medo da Melinda? Quero ver se ela tem coragem de bater em uma mulher grávida. - quase passou mal. Suas amigas eram loucas e estavam falando sobre a sua gravidez em público.
- Por favor, vamos parar de falar sobre isso. Eu preciso comer e ir para aula. Vejo vocês mais tarde. Não vão embora sem mim. Ah, e se virem o , corram. - Ela apressou-se para sair dali e ficou na frente da sala, comendo seu precioso café da manhã enquanto esperava o sinal tocar.

Estava no meio da aula de Álgebra II, concentrada no que o professor falava e escrevia no quadro quando a porta foi abruptamente aberta e um suado e ofegante entrou.
- Sr. James preciso da ajuda de agora. - O Sr. James olhou para com uma expressão entediada e quase pulou no pescoço do garoto. Todos olharam para ela e seu rosto virou um tomate maduro.
- Sinto muito, Sr. , mas, como pode ver, estamos no meio da aula, então espera o sinal tocar para levar a Srta. . Acho que seu problema pode esperar mais quinze minutos.
- Mas é urgente. Sr. James. - Ele insistiu. - É caso de vida ou morte. Por favor - sabia o poder que tinha naquela escola. Era um dos alunos mais amados, se não o mais, o responsável pela escola chegar até as finais do campeonato e aluno exemplar. Era quase um herói entre os alunos e professores, sem falar que ele era muito popular, simpático e tratava todos bem. É claro que o Sr. James iria atender o pedido dele e o odiou por isso. Na verdade, se um olhar pudesse matar, estaria mortinho no chão e não olhando para ela com um sorriso triunfante. Idiota.
- Tudo bem, Sr. . Srta. , está liberada. - recolheu suas coisas e saiu, ainda vermelha, sabendo que todos os alunos da sala estavam olhando para ela.
- O que você é? Demente? - bateu sua mochila com força contra o ombro de e ele gemeu em protesto, massageado o lugar.
- Ai!
- O que você tem na cabeça? Cocô de galinha? Agora todo mundo sabe que está acontecendo "alguma coisa" entre a gente. - a segurou pelo braço e a guiou para longe do corredor das salas.
- Eu precisava falar com você e você está me evitando o dia todo como se eu tivesse lepra. - Ela revirou os olhos.
- Eu não estava... - ele a atirou um olhar que dizia "Nem comece, eu já sei". Ela suspirou, derrotada. sempre conseguia o que queria. São os olhos, ela pensou. - Tudo bem. Fala.
- Onde você estava hoje de manhã? Passei na sua casa e fui recebido por um muito irritado por eu ter interrompido o sono dele. Combinamos que eu iria te buscar.
- Na verdade, não combinamos não. Você apenas deduziu pelo meu silêncio.
- Você é uma idiota, sabe disso, não é?
- Como você ousa?
- Você é uma imatura, bipolar e doida. Só porque transamos você age como se eu tivesse te forçado a isso. Ontem você era uma pessoa doce, carinhosa e feliz, hoje está completamente diferente, se tornou uma vaca sem coração. Qual é o problema com você?
- Eu apenas percebi o erro que eu cometi. - a olha ofendido. - Ah, por favor, . Vamos nos poupar disso. Sim, eu evitei você, mas para nos poupar dessa conversinha de "o que fazemos agora?". Transamos? Ok. Foi bom? Foi. Mas não vamos mais repetir. Foi uma coisa de uma vez só. Quer dizer, duas vezes, mas apenas. Você é o pai do meu filho e eu vou ter que conviver com isso. Aceitei você participando dessa gravidez, mas não precisamos ter um relacionamento por causa disso. - abre e fecha a boca tentando encontrar algo para dizer, mas nenhum som sai. - Você queria encontrar comigo apenas para saber como ficávamos agora, mas é assim que ficamos. Nada mudou.
- Como assim "Nada mudou"? Meu Deus, era você mesmo na noite passada? Você lembra do que disse? Do que eu disse? - "Pois é, orgasmos fazem isso com as pessoas." ela queria dizer, mas claro que ficou calada.
- , você continua a ser o pai do bebê, mas só isso. Aceitei sua ajuda e sua participação, mas não precisamos ter um relacionamento de verdade ou sermos amigos nem nada só por causa disso. - parecia mais chocado a cada palavra que falava.
- Você está se escutando? É isso que você quer para a vida do seu filho?
- , eu estou com dois meses e não nove. Temos muita coisa para viver antes do bebê nascer. Você está meio paranoico com essa coisa de ser pai.
- , eu decidi levar isso a sério. Um filho é uma coisa séria e eu quero ter uma participação efetiva na vida dele. E, precisamos admitir, a noite passada não teve nada a ver com esse bebê. Teve a ver com nós dois e uma coisa que vem acontecendo desde aquela noite. - fechou os olhos e gemeu internamente. Não, ela não queria falar sobre essa parte do sexo. A parte dos beijos e afins. Na verdade, ela não queria falar sobre nada relacionado ao sexo entre eles.
- Foi um momento, apenas. Queríamos, fizemos, fim. Mesmo depois do que falamos, não estou preparada para complicar as coisas. Já tenho complicação demais na minha vida. Vamos deixar tudo como estão. É melhor assim.
- Droga, . Você é a pessoa mais teimosa e cabeça dura que eu conheço. Para você, parece que nada da noite passada aconteceu. Foi tudo sexo para você, então? Tudo bem, já que é assim que você quer. Mas não podemos ficar brigando sempre que nos vemos. Isso faz mal para o bebê. Trégua? - Ele estende a mão e rola os olhos antes de segurar a mão dele e a apertar. aproveita a oportunidade e a puxa pela mão e prende sua cintura, aproximando os rostos. começa a ficar nervosa com a aproximação e seu coração perde uma batida. As respirações começam a se misturar e observou os lábios perfeitamente macios e beijáveis dele. Tão próximos... - Tem certeza que não quer que aquilo aconteça de novo? - Ela engole em seco e molha os lábios antes de responder. Teve que pigarrear duas vezes antes da voz sair quebrada por conta de efeito . Sua mente estava começando a ficar turva, como sempre ficava quando a tocava. Maldito! Que poder era aquele? Precisava ficar longe daquele garoto.
- Absoluta. Sem. Sexo. - Ela o empurrou e começou a fazer seu caminho para longe dele.
- Acho que você está indo para o lugar errado. A nossa aula de História é para o outro lado. - Ele gritou com uma risada e ela, com um som de frustração, percebeu o erro e virou, andando para o outro lado, mas nunca olhando na direção de . Ela acelerou os passos, mas ainda ouviu a risada de que começou a caminhar na mesma direção dela. Para a mesma aula.
Merda. Estava realmente muito ferrada.


Capítulo 14

No, I would not sleep in this bed of lies.


observou conversando com suas amigas no estacionamento e seu peito deu um salto. Não conseguia entender aquele efeito que ela tinha sobre ele. A necessidade que tinha de tocá-la e o que sentia quando estava dentro dela, como na noite anterior... Ele achou que as coisas finalmente haviam se endireitado e o destino estava lhe dando uma segunda chance, a oportunidade de começar algo com da maneira certa, mas, infelizmente, ela não estava pensando da mesma maneira que ele. A garota não queria "complicações" e no fundo a entendia, porém ele era muito egoísta para aceitar o jeito dela. Queria as complicações e tudo que vinha no pacote e estava mais do que disposto a provar para ela isso. Claro que não seria fácil por causa da teimosia e da cabeça dura da garota, mas ele faria de tudo para mostrar o quanto podia ser responsável por aquele bebê e por ela. O quanto queria aquilo com ela: uma oportunidade.
– Vamos, ! – bateu em sua cabeça e ele despertou do transe, seguindo o amigo para o treino. Depois de duas horas correndo e suando por todo o campo, o treinador o chamou em um canto para conversarem.
– Você sabe, : o jogo do mês que vem vai ser muito importante. Muitos olheiros estarão lá e é a sua oportunidade de conseguir uma bolsa integral de esportes. É a sua oportunidade – sabia que aquilo iria contra o que o pai queria. É claro que o grandioso Antony queria que o filho seguisse seus passos e se transformasse em um arquiteto para herdar as empresas da família, mas o sonho de era se tornar um jogador profissional de futebol americano. Aquele era o seu sonho desde que era uma criança e lutaria por aquilo, mesmo se tornando a ovelha negra da família e indo contra tudo o que seu pai desejava para ele. Estava disposto a conseguir aquela bolsa e trabalhar meio período para se manter jogando na faculdade. Sabia que também poderia contar com a ajuda dos seus tios que estavam ao seu lado.
– Obrigado, treinador. Eu vou fazer valer a pena. Vou dar o meu melhor.
– Sei que vai, filho – o treinador bateu em suas costas. – Sei que vai.

***


– Ok, vamos definir algumas regras. Nada de ceninhas públicas. Não quero que as pessoas comecem a comentar. Nada de almoços, caronas sem a minha permissão e conversas no meio de todo mundo. E nada de beijos roubados. Nada de aparecer na minha casa de uma hora para outra – ia falando enquanto dirigia concentrado na estrada. – Para onde estamos indo?
– Comer alguma coisa. Sei que não almoçou e, de acordo com a minha pesquisa, você precisa se alimentar direito – suspirou e revirou os olhos.
, você ouviu alguma coisa que eu acabei de falar?
– Na verdade, não. Estava pensando em algum restaurante legal que eu conheço. Nada de fast food.
! Eu falei "nada de almoço". A gente não pode ser vistos juntos. Quão difícil isso é para você?
– Qual o problema que sermos vistos juntos? Somos amigos, não? Amigos almoçam juntos, conversam em público e fazem coisas juntos.
– Esse é o problema: não somos amigos. Somos apenas conhecidos.
– Por favor, . Eu já a vi nua e tem metade de mim dentro de você. Acho que somos muito mais que conhecidos. Além do mais, qual o mal em ser minha amiga? Se você quer saber, eu sou um amigo muito bom e leal. Pode perguntar a todos os meus amigos.
– Prefiro ignorar você.
– Você é uma chata. Será que poderia facilitar para o meu lado? Estou tentando construir alguma coisa com você e agir como uma vadia o tempo inteiro não nos levará para lugar nenhum – tinha razão. Ela estava agindo como uma puta com ele desde que eles saíram da escola e o rapaz não tinha feito nada além de tentar ter uma conversa com ela e ser legal. Não adiantava nada tentar afastá-lo, porque era muito claro que ele não iria embora.
– Tudo bem. Desculpe. Você pode me levar para almoçar, mas, se não for um super-hambúrguer e um milk shake tamanho gigante do Harper's, pode esquecer – ela viu a boca de se abrir em um sorriso enorme e lindo. Sim, ele tinha um sorriso fenomenal.
– Desculpas aceitas, mas vou logo avisando que, na próxima consulta, eu e a sua médica bateremos um papo sobre a sua alimentação.

Quase uma hora depois, estava jogada na cabine com os olhos fechados e tentando respirar direito. Tinha acabo de devorar dois hambúrgueres, ambos com dupla carne, e um milk shake grande de morango. Sua barriga estava estufada e era como se ela tivesse comigo um elefante.
– Eu não achei que mulheres grávidas tivessem tanto apetite.
– Estou comendo por dois. Comece a preparar o bolso para gastar muito dinheiro – logo que terminou de falar, colocou-se de pé com a vontade repentina de fazer xixi.
– Aonde você vai?
– Ao banheiro. Minha bexiga vai explodir – depois de esvaziar toda bexiga, saiu da cabine aliviada, mas o seu corpo tencionou quando enxergou Melinda a esperando do lado de fora. – O que você está fazendo aqui?
– O que você pensa que está fazendo aqui com o meu namorado?
– Da última vez que soube, ele tinha terminado com você – viu o rosto da garota ficar vermelho de raiva.
– É melhor tomar muito cuidado, . Você não sabe com quem está mexendo – lembrou o que suas amigas haviam falando sobre ter medo de Melinda. Não devia nada a ela e, se tinha terminado o namoro dos dois, o problemas era deles dois e não dela. Talvez fossem os hormônios da gravidez ou uma dose de coragem repentina, mas, ao invés de sair correndo, deu um passo à frente ameaçadoramente. Ela não teria coragem de bater em uma mulher grávida, principalmente se descobrisse que o bebê era do ex-namorado dela.
– Não, Melinda. Você não sabe com quem está mexendo. Se quiser reclamar de alguma coisa, reclame com . Ele terminou com você, não eu – depois de falar, ela saiu e voltou para o lugar.
– O que foi?
– Sua ex-namorada neurótica.
– Melinda está aqui? – ele tentou se levantar, mas segurou seu braço.
– Tudo bem. Não foi nada demais. Apenas uma infeliz coincidência.
– Você tem razão. Não vamos deixá-la estragar o nosso almoço.
– Não sei por você, mas eu estou satisfeita.
– Achou que eu traria você para apenas almoçar? Claro que não. Preparei uma lista de perguntas para você responder.
– O que é isso? Uma entrevista de emprego?
– Disse que eu não poderia aparecer mais na sua casa e na escola você me evita mais do que o ebola, então só terei esses momentos para descobrir mais coisas sobre você.
– E para que você precisa descobrir coisas sobre mim?
– Não sei. Talvez porque você está grávida de um filho meu e eu quero ser seu amigo?
– Fale baixo! Já imaginou se a sua namorada psicótica está aqui? Ela vai fazer um escândalo. Nada de falar a palavra com “g” em público. Ok?
– Ex-namorada – ele corrigiu. – E, se você faz tanta questão, tudo bem. Vamos para as perguntas. Qual a sua cor favorita?
– É azul, mas isso é mesmo necessário? Grita clichê por todos os lugares.
– Sim e, mesmo não tendo perguntado, a minha é verde. Comida favorita?
– Tudo que tiver queijo ou chocolate. Principalmente chocolate.
– A minha é pão de canela. Novamente, obrigado por perguntar.
– Quem começou isso em primeiro lugar foi você, então eu não tenho nenhuma obrigação de querer saber alguma coisa sobre você.
, coopere. Estou tentando ser legal. Se vamos ser amigos, precisamos nos conhecer.
– Tudo bem, então. Uma pergunta de cada um. Está bom para você? – sorriu satisfeito. As coisas estavam começando a acontecer do jeito que ele queria e logo começaria a amolecer e mudar aquele jeito turrão dela perto dele. E o rapaz estaria ali com sua amizade, seu companheirismo e tudo mais que ela fosse precisar dele.
– Banda favorita?
– The Maine.
– A minha é The Smiths – se surpreendeu com a resposta. – Não esperava que eu tivesse um gosto musical tão bom? – queria começar a conversar com ele sobre música, já que ela também adorava aquela banda, mas não daria o gostinho a ele de parecer interessada por alguma coisa vinda dele.
– Cale a boca. Agora é minha vez. O que quer ser quando crescer? – a resposta foi automática.
– Jogador de futebol.
– Tão clichê. Eu quero ser jornalista – pareceu surpreso. – O quê? Eu não pareço com uma jornalista?
– Na verdade, eu chutaria de você queria ser psicóloga.
– Não sei por que todo mundo fala isso. Infernos, eu sou tão chata assim? – riu com a indignação da garota.
– Não é isso. É apenas o seu jeito de lidar com as coisas: lógica e racional. Aposto que é você a conselheira das suas amigas. Próxima pergunta: livro favorito?
– “Orgulho e Preconceito” – ela falou um pouco envergonhada.
– Então quer dizer que a senhorita Coração-de-Pedra é uma romântica?
– Não vou nem responder a esse comentário.
– O meu é “Romeu e Julieta”.
– Não acredito. Você é uma mocinha – ela o zoou e ele revirou os olhos.
– Não é por causa de “Romeu e Julieta” em si. Apenas gosto de Shakespeare e, para recompensar, em segundo lugar está “Hamlet”.
– Mocinha, mocinha, mocinha – ela cantou, rindo dele.
– Será que podemos passar para a próxima pergunta? – a garota mostrou a língua para ele em uma careta.
– Chato. Filme favorito?
– “Star Wars” e “Clube da Luta”, empatados.
– Você só pode estar de brincadeira comigo.
– O quê?
– São os meus filmes favoritos também – os dois riram. – Qual o seu episódio favorito?
– O episódio V – os dois responderam ao mesmo tempo e caíram na gargalhada. – Fale sério. Eu amo quando o Luke começa a aprender o que é ser um jedi de verdade. É tão divertido.
– E quando ele se comunica com a Leia? Incrível – as perguntas foram deixadas de lado e os dois começaram a conversar sobre Star Wars. Mesmo não querendo e colocando todos os empecilhos possíveis, , sem perceber, estava se abrindo para , deixando-o conhecer seu outro lado: o lado doce, divertido e feliz dela. O seu verdadeiro lado. O lado que ela se esforçava tanto para esconder de todo mundo. Mesmo tendo problemas para confiar em qualquer pessoa, sem se dar conta, estava confiando em .


Capítulo 15

So toss me out and turn in.

O mês passou surpreendentemente rápido e logo veio o outro, passando na mesma rapidez. teve que admitir que as coisas haviam mudado de uma maneira realmente boa e ela estava feliz por todas as mudanças que tinham acontecido.
A escola continuava chata. Melinda continuava lançando seus olhares de ódio que poderiam matar se pudessem – principalmente quando e estavam conversando em público –, mas sua barriga havia crescido. Poderia ter sido pouco, porém, quando tirou uma foto e mandou para , ele reagiu como se estivesse enorme. E aquela era outra coisa que tinha mudado: seu relacionamento com . Claro que ela, para manter sua sanidade, não havia voltado atrás com sua regra de sem sexo, mas isso não queria dizer que a amizade estava proibida. E, realmente, não estava. Depois do primeiro almoço, tinha amolecido mais e deixado se aproximar. Ele dava carona de volta para casa todos os dias, os dois almoçavam juntos fora da escola, ela o deixava saber sobre o bebê, tirava fotos quase diárias da sua barriga – a pedido dele – e sempre conversava com ele sobre tudo. Sentia-se confortável com o rapaz. Segura, mesmo com seu coração batendo aceleradamente toda vez que falava com ele ou via um de seus sorrisos irresistíveis. Tinha que admitir que era um ótimo amigo. Era divertido, engraçado, sarcástico, fazia piadas sem noção e sempre a deixava comer as baboseiras que ela queria.
– Você vai para o jogo sexta? – ele perguntou, sentando-se ao lado dela no refeitório. A temporada de frio havia chegado e, por causa da baixa temperatura do lado de fora, eles resolveram almoçar dentro da escola no horário convencional.
– Que jogo? – ela deu uma mordida na maçã e voltou a atenção para o celular, onde estava jogando Angry Birds. puxou o celular da mão dela e o guardou no bolso. – Ei! Devolva.
– Você não está prestando atenção em mim.
– Você é muito carente de atenção, . Supere o fato que eu tenho vida além de você.
– Esse jogo é importante para mim, . E eu queria muito que você estivesse lá.– ele bateu seus longos cílios na direção dela e sentiu seu corpo aquecer. Droga. Como resistir?
– Tudo bem. Vou falar com e . Mas nada de festa pós-jogo para mim. Você vai me levar para comer. Comida saudável. E tomar sorvete. De blueberry.
, pelo amor de Deus, está um frio de congelar a bunda lá fora e você quer tomar sorvete?
– Sem reclamar, se não lhe dou um bolo. Eu quero sorvete, então vou ter sorvete.
– Como alguém consegue dizer não a você? – ela deu um sorriso.
– Não conseguem – a menina voltou a comer e ele começou a devorar seu almoço. Logo, e chegaram à mesa e começaram a falar sobre tudo ao mesmo tempo. , já acostumado com as amigas da garota, apenas ficou comendo com a boca fechada para não levar tapas na cabeça por interromper. Três, para ser mais exato.

***


A noite estava fria. Por isso, se enfiou em um dos casacos de que estavam na casa dela, colocou um gorro e luvas. Mesmo assim, quando desceu do carro de , ainda sentia frio. Suas amigas estavam animadas por causa do jogo. Tão animadas que obrigaram a deixá-las pintar um quinze preto em sua bochecha – o número da camisa de . As três empurraram algumas pessoas até chegarem ao lugar da arquibancada que havia guardado. Lá estava, bem na frente, seu capacete com um bilhete.

Venha me devolver pessoalmente.
Preciso de um beijo de boa sorte.
– D


revirou os olhos com um risinho e pegou o capacete na mão, guardando o bilhete no bolso.
– Preciso devolver isso aqui para o . Só vou levar alguns minutos – e olharam para ela de maneira sonhadora.
Califórnia Gurls da Katy Perry tocava pelos alto-falantes e correu até o campo, onde os garotos estavam aquecendo. Logo ela identificou o número quinze, quarterback e capitão do time. estava de costas, conversando com o treinador.
! – ele virou e, quando a avistou, sorriu, correndo para ela.
“The boys break their necks, trying to creep a little sneak peek...” – ele cantou junto com a música, chegando perto dela com um sorriso animado no rosto.
– Não sabia que você gostava de pop.
– Não é pop. É Katy Perry – ele a pegou em um abraço, tirando-a do chão. – Gostei que veio – ela quase colocou a cabeça no pescoço dele, tentando obter mais do seu cheiro, mas conseguiu se conter.
– Eu disse que viria – ele passou o polegar pela bochecha dela, tocando a tinta seca.
– E está entrando no clima – ela deu de ombros e estendeu o capacete para ele.
– Acho que é meio impossível você jogar sem isso – ao invés de pegar o capacete, prendeu pela cintura e a beijou. Antes mesmo que pudesse resistir, o corpo traidor da garota correspondeu ao beijo de força quente. Tão logo que começou, a soltou. – !
– Precisava de um beijo de boa sorte – ela revirou os olhos para ele e estendeu o capacete. – Você disse sem sexo e não sem beijo.
– Você é tão cafajeste.
– E você me ama, princesa.
– Vou voltar para o meu lugar – incrivelmente, ela não estava aborrecida nem irritada com pelo ato ousado. Tinha se divertido e gostado muito do beijo. Por isso sorria. Mas prometeu para si mesma que o impediria da próxima vez. Próxima vez. Ela ficou na ponta dos pés e deu um beijo na bochecha dele. – Boa sorte, – depois disso, saiu do campo com um largo sorriso no rosto.
– Que sorriso é esse no seu rosto? – tratou logo de perguntar quando ela voltou para o seu lugar na arquibancada.
– O quê? – a garota se fez de desentendida.
– Está um frio de lascar e você está corada, . Nós vimos você e o se agarrando no campo – ela corou ainda mais.
– Foi só um beijo de boa sorte.
– Claro. E eu sou a Cinderela.
Talvez tenha sido o beijo de boa sorte ou talvez tenha sido o talento do garoto mesmo, mas, naquela noite, arrasou no campo, fazendo seu time o vencedor da noite. A arquibancada ia à loucura com cada towchdown do garoto e as líderes de torcida – inclusive sua ex-namorada (tão clichê) – balançavam seus pompons em uma coreografia ensaiada. queria impedir seus olhos de seguirem cada passo que dava dentro do campo, ou seu coração de aquecer quando ele olhava para ela na arquibancada e sorria, ou até mesmo sua boca por devolver cada um dos sorrisos.
Depois do jogo, esperou terminar de conversar com alguma pessoas e se trocar, com e no estacionamento.
– Festa na casa do . Vamos?
– Não posso. vai me levar para comer – viu as sobrancelhas de sua amiga arquearem.
– O vai perder uma festa pós-jogo? E ainda uma festa do ? O mundo pode realmente acabar hoje.
– É só uma festa, . Além do mais, ele terá milhares de outras para ir.
– Não é “só uma festa”. É uma festa para comemorar a vitória de hoje. Uma festa com todos os jogadores, inclusive o capitão da equipe. Uma festa do deu de ombros, como se não fizesse questão.
– Se ele quiser ir, eu não tenho problema nenhum com isso. Pode ir. Vocês me levam para casa.
– E lá vem o astro... – saiu correndo do vestuário, seguido dos amigos. Ele chegou aonde estava e a carregou, rodopiando-a no ar.
– Merda! , coloque-me no chão! – ele continuou rindo e a girando e a única coisa que ela pôde fazer foi rir também. – Acho que eu vou vomitar – a garota disse depois que ele a colocou no chão. O rapaz estava claramente feliz pela vitória. – Parabéns, .
– Parece que aquele beijo deu sorte mesmo, hein? Vou mantê-la em meus próximos jogos – ele falou com uma piscadela.
– Vá sonhando, jogador.
– Vamos, ! – os outros jogadores passaram por eles e foram direto para seus carros, gritando e rindo.
, se você quiser ir para a festa, não tem nenhum problema. As garotas podem me deixar em casa. não foi trabalhar hoje.
– E deixá-la sem o seu sorvete? Sem chance, gatinha – sabia que ele nunca a deixaria ir se não fosse o que ela queria, mas como privá-lo de festejar com seus amigos a tão sonhada vitória? Que tipo de amiga ela seria?
– Na verdade, não estou mais com vontade de tomar sorvete. Não gosto muito de festas, você sabe. Não é o melhor ambiente para uma garota grávida. Mas você pode ir – a olhou desconfiado, não acreditando no que ela estava falando, mas deu um sorriso encorajador. – Pode ir, jogador. Eu e o bebê vamos ficar bem – ela deu um beijo na bochecha dele e entrou no carro de .
– Você consegue mentir para o , mas não pode mentir para nós.
– Essa é a vida dele, . É o que ele ama. Se tem alguma obrigação comigo, é por causa do bebê e agora o bebê está ótimo – falou , dando fim a qualquer início de conversa.
Suas amigas a deixaram em casa e ela entrou para encontrar jogado no sofá, assistindo a “Os Vingadores” com uma garrafa de cerveja na mão. Outras duas estavam jogadas vazias no chão e os restos de uma pizza estavam na mesa de centro. Garotos.
– Que belo exemplo, hein? – ela passou por ele, tirando o DVD do leitor e trocando pelo filme “Exterminador do Futuro”. Ei! – se sentou no sofá. – Eu estava assistindo.
– Vamos assistir a alguma coisa de qualidade – ela pegou a caixa vazia da pizza, as cervejas vazias no chão e a que estava na mão dele.
– Você não ia sair com o idiota do ? – mesmo ainda não indo com a cara de , estava pegando mais leve, principalmente por causa dos esforços dele. Eles haviam tido uma conversa sobre o garoto em questão e ela tinha assegurado ao irmão que não tinha nenhum envolvimento romântico entre ela e .
– Estava muito cansada e preferi vir para casa tomar conta do meu irmão cabeção – colocou o lixo na cozinha e voltou para a sala, sentando-se ao lado de no sofá. Ele logo deitou, colocando a cabeça no colo dela, e os dois começaram a assistir ao filme.
Várias horas depois, tinha ido para o quarto dormindo e estava assistindo à sequência do filme quando ouviu batidas na porta. Ela tinha tirado a tinta do rosto, prendido o cabelo em um rabo-de-cavalo e trocado sua roupa por um pijama de flanela confortável.
– Olá – abriu a porta e encontrou do outro lado segurando um saco plástico da Walmart. Ele usava a mesma roupa que havia trocado. Provavelmente tinha acabado de sair da festa.
– O que está fazendo aqui?
– Um “olá” não mata ninguém, sabia? – ele não a esperou convidá-lo. Apenas entrou na casa e foi direto para a cozinha.
– O que está fazendo aqui? – ela voltou a perguntar, fechando a porta e o seguindo para a cozinha. – O está aqui.
– E daí? Ele já me conhece. Sou de casa. E, além do mais, ele não se atreveria a me bater de novo. Dessa vez, eu não iria aceitar a porrada de bom grado por causa de você – tirou um pote de sorvete do saco e pegou duas colheres. – Sorvete de blueberry para a dama – pegou o pote da mão dele e voltou para sala, para o filme.
– Você veio aqui só para me trazer sorvete? – ela começou a comer o sorvete maravilhoso. se sentou ao lado dela, depois de tirar o casaco e o tênis, e pegou a outra colher para comer junto com ela.
– A festa não estava tão legal sem você e o seu humor – queria muito que seu corpo não respondesse daquela forma às palavras de . Ele havia saído da festa e ido até lá por ela. Queria dizer: “eu senti sua falta”, “queria que não tivesse isso”, “queria que tivesse ficado comigo”, “estou feliz que está aqui”, mas ela era muito orgulhosa para tal coisa. Preferia apenas sorrir em silêncio. – Nem bebi, se você quer saber. Estou tentando ser mais responsável – ele passou o sorvete para ela e os dois assistiram ao filme em silêncio. Logo, começou a tentar ficar mais confortável, aproximando-se de e colocando os braços ao redor dela, enquanto sua cabeça repousava bem em cima do coração da garota.
... – ela tentou movê-lo de cima dela, mas o garoto a abraçou mais forte. começou a ficar desesperada, porém não por ele estar a tocando com tanta proximidade, mas com medo de ele ouvir seu coração disparado como se fosse saltar do peito por causa daquele carinho. estava dormindo de boca aberta e quase roncando, então resolveu deixá-lo lá, enquanto terminava de assistir ao filme que ainda estava passando.
Algum tempo depois, seus olhos estavam quase fechando de sono, quando escutou passos no corredor e apareceu na cozinha para beber água. Como a cozinha era estilo americana, separada apenas por um balcão, da sala, ele viu o casal abraçado no sofá e lançou um olhar com uma sobrancelha levantada para , como se perguntasse em silêncio “sério?”. A garota deu um sorriso de lado e deu de ombros. Ele revirou os olhos com um suspiro e voltou para o quarto.
murmurou no sono, com a boca colada à pele dela, um pouco acima do seio esquerdo, e a garota ficou instantaneamente arrepiada com o hálito quente dele na pele dela. Seu coração parecia que ia sair pela garganta.
– Estou aqui – respondeu ela, baixinho, tocando o cabelo sedoso dele e colocando seus dedos por dentro, acariciando seu couro cabeludo macio.
– Senti sua falta hoje – ela suspirou com as lágrimas na garganta.
– Eu também senti sua falta, – o garoto voltou a dormir e a menina deu um meio sorriso, quase pegando no sono. – Obrigada por vir.


Capítulo 16

And they'll be no rest for these tired eyes.


estava sentada nas arquibancadas, falando ao telefone com sobre a próxima consulta do bebê, quando o primeiro desejo veio. Ela nunca tinha acreditado muito naquilo. Achava que era algo mais psicológico das mulheres, mas, quando veio, começou a ficar nervosa. Precisava muito de torta de limão. Era algo quase vital.
Esperou o treino de acabar. Ele saiu do vestuário de banho tomado e a acompanhou até o carro.
– O que foi?
– Acho que estou com desejo – a olhou engraçado. – O quê?
– É apenas engraçado.
– Não, não é. Eu preciso muito de torta de limão agora. Tipo, muito.
– Tudo bem. Vamos conseguir a sua torta de limão.
a levou a uma confeitaria e comprou não apenas um pedaço de torta de limão, mas uma torta inteira. E ainda se sentou com ela no carro enquanto a menina devorava metade do doce sozinha, atacando como se tivesse passado fome.
– Eu não acredito que eu acabei de comer isso tudo – o arrependimento e a culpa vieram alguns minutos depois. – Eu vou começar a ficar obesa – podia jurar que conseguia enxergar as lágrimas aparecendo nos olhos dela. estava... Chorando? – Por que eu não posso apenas controlar a minha boca e não comer tudo que vejo pela frente? Ontem eu comi uma caixa de asinhas de frango fritas sozinha. Vou dobrar de peso com essa gravidez. Minha vida acabou – ela começou a chorar e entrou em pânico. Ele não tinha ideia do que fazer. Por isso apenas a abraçou e tentou confortá-la.
– Está tudo bem, . Isso é normal. Mulheres grávidas têm desejos.
– Mas eu vou ficar gorda e cheia de estrias. E a culpa é toda sua – ela voltou a chorar ainda mais alto. nunca iria acreditar que era segura com relação ao próprio corpo. Sempre havia se mostrado uma garota madura e confiante, mas, chorando daquele jeito, começou a duvidar da veracidade da imagem que ela passava para ele.
– Mesmo que você pese o dobro do seu peso atual, vai continuar linda. Pense só que esse esforço vai ser recompensado quando você segurar o bebê no colo – ela começou a soluçar mais alto, mas o choro foi cessando aos poucos e a menina foi se acalmando. – Vai ficar tudo bem. Ainda vou gostar de você com as bochechas mais fofas – ela sorriu entre as lágrimas e enxugou os olhos, recuperando-se.
– Desculpe. Não sei o que deu em mim. Venho andando muito emocional nesses últimos dias. Os hormônios não me deixam.
Ainda para pirar a situação, passou a noite toda no banheiro com a cabeça dentro da privada, vomitando tudo que havia comido naquele dia. Como estava trabalhando e ela havia pedido para ir, estava sozinha com seus sons nojentos.
No dia seguinte, foi impossível aparecer na escola. As náuseas haviam piorado e sua cabeça doía. Assim que chegou do trabalho, ofereceu-se para levá-la ao médico, mas ela preferiu não ir. Passou o dia todo mal-humorada e rejeitando as ligações de e de suas amigas. Suas oscilações de humor pioravam a cada dia e ela preferiu não atender ninguém para não acabar sendo grossa e magoando algum deles.
Durante a noite, e apareceram com as novidades. Claro que não deixaram de levar um pote de sorvete de blueberry para acompanhar.
– A Melinda estava passando tanta vergonha.
– Cheguei a ficar com pena dela.
– O a mandou sair de perto dele e ela ficou chorando como um bebê.
– Duvido que eles vão voltar – deu de ombros, como se não se importasse, quando, na verdade, estava se roendo de ciúmes por dentro. havia mandado uma mensagem perguntando se ela estava melhor e se precisaria da ajuda dele, mas a garota negou e disse que não poderia vê-lo. Sempre que eles voltavam a ficar muito próximos, ela se afastava dele. Ele sempre voltava, mas até quando? A barriga de estava crescendo e ela não conseguiria mais esconder o fato de estar grávida. Eles haviam conversado mais sobre assumir a gravidez para todos, inclusive os pais dele, então a garota não sabia o que fazer. Se fosse apenas sua escolha, ela preferiria não contar a ninguém que estava esperando um bebê dele. Ficaria feliz em apenas negar as especulações que apareceriam, já que todos já haviam visto o quanto estava próxima de .
– O me pareceu muito firme quando eles terminaram.
– O é homem. É só a Melinda abrir as pernas para ele e pronto. Eles voltam.
– Isso na sua voz é ciúmes? – revirou os olhos com aquela ideia ridícula. Ela? Com ciúmes? Claro que não.
– Não. Estou apenas mostrando os fatos. agiu por pura emoção quando terminou com ela.
– Melinda é uma chantagista e, se ela descobrir que você está grávida do , babou.
– Não vai descobrir. Assim que o voltar para ela, vai fazê-la esquecer isso. Ele também sabe que, se ela descobrir, seria como o inferno na Terra.
– Por que você continua com essa ideia de que os dois vão voltar? O gosta de você e todo mundo sabe disso.
– O gosta da Melinda e todo mundo sabe disso. Eles dois são como Jelena: sempre terminam, mas no final vão ficar juntos. Não podemos esquecer que isso já aconteceu várias vezes antes e a Melinda sempre conseguiu fazê-los voltar.
– Mas dessa vez é diferente. Nunca teve um bebê envolvido. E nem você.
– Vocês vão ver. Logo o vai perceber que não pode viver tanto tempo sem sexo.
– Isso é porque você não quer fazer sexo com ele.
– Fazer sexo com quem? – perguntou, entrando na sala. Merda. ficou vermelha como um tomate.
– O quê? Nada. Conversa de meninas.
– Eu ouvi claramente a falando que você não quer fazer sexo com alguém. Por acaso esse alguém é o ? – dupla merda. e seu raciocínio lógico.
– Claro que não, . Você está louco? As meninas estavam falando sobre outra coisa. E elas já estão indo. Não é, garotas? Amanhã temos aula e precisamos dormir cedo. Tchau, meninas.
– Mas...
– Eu disse tchau. Até amanhã – bateu a porta na cara das amigas com o coração batendo forte.
– Por favor, diga-me que você não está transando com de novo.
– Não que a minha vida sexual seja da sua conta, mas não. Não estou e nunca voltarei a transar com falou com uma firmeza fingida, esperando não notar o quanto sua mão estava tremendo.
– Mesmo isso me dando uma imagem mental horrível sua transando com o , acho necessário falarmos. Da primeira vez isso não acabou bem. Por favor, não se meta com ele desse jeito de novo. Você pediu que eu o deixasse continuar na sua vida porque é o pai dessa criança que está dentro de você, mas não desenvolva sentimentos pelo . Eu acabei de vê-lo metendo a língua na garganta de uma garota qualquer no bar e não quero que você se machuque – tarde demais, . Ela queria falar, mas apenas engoliu as lágrimas e assentiu com a cabeça. beijou sua testa e foi tomar um banho.
arrumou a sala, ainda com as lágrimas na garganta, e se trancou no quarto. Chorou agarrada ao seu travesseiro até sua garganta ficar seca. Não era sua pretensão chorar com , mas não conseguiu conter a onda de emoção que a invadiu. estava pegando uma garota qualquer no bar, mas o que ela poderia dizer? Ele era solteiro, havia tentando alguma coisa com ela, mas a menina o rechaçou. O que ela esperava que fizesse? Esperasse até ela parar de ter medo de se envolver com ele?
Ainda dominada pela onda de infantilidade, pegou o celular e enviou uma mensagem para ele, esperando que notasse seu tom de sarcasmo.
Obrigada por estar tentando ser responsável.
– Merda – arrependeu-se assim que a mensagem foi enviada.
Xingou milhares de palavrões e desligou o celular, virando-se de um lado para o outro, tentando dormir, mas a imagem de beijando uma garota sem rosto aterrorizava sua mente. Ficou se virando de um lado para o outro, porém o sono não chegava. Quando chegou, teve uma noite perturbada. Seus sonhos se revezavam em imagens dela beijando , uma garota fantasma beijando e Melinda beijando . Ela acordou duas horas antes do alarme tocar e ficou na sala, olhando a cidade brilhante amanhecendo se estendendo abaixo dela.
Com toda correria dos últimos meses, não tinha parado para pensar em como sua vida mudou. Agora ela se esforçava para ter pelo menos sete horas de sono todos os dias, prestava atenção no que comia, sempre – sem se dar conta – acabava com a mão repousando em cima da barriga um pouco inchada e, quando estava sozinha, conversava com seu bebê. Falava sobre seu dia, falava sobre , sobre , sobre suas amigas e até sobre Melinda às vezes. Claro que ela sabia que a criança ainda nem estava totalmente formada em seu ventre e nunca poderia entendê-la, mas era reconfortante saber que teria alguém com quem contar agora. Alguém que tinha metade dela.
Nunca havia pensando no que realmente significava ser mãe. Afinal, ela não sabia como era ter uma mãe. A sua havia morrido quando ela tinha cinco anos e, como a mãe de estava sempre ocupada por conta do seu trabalho, o pai dele havia sido seu pai e sua mãe. Mas, mesmo com um medo que surgia em seu coração de uma hora para outra a deixando duvidosa de se seria ou não uma boa mãe por nunca ter tido um exemplo verdadeiro, outra parte lhe dava certeza de que ela faria qualquer coisa para que seu bebê fosse o mais feliz possível.

***


queria poder desaparecer naquele momento. Seu pai falava, mas sua mente não estava ali. Na verdade, sua mente não estava em lugar nenhum. Ele havia desligado.
, você está me ouvindo? – respirou fundo e voltou para o presente.
Seu pai estava falando sobre como era importante o futuro dele na empresa. O quanto estava orgulho pelo filho estar entrando em uma faculdade de finanças e o quanto a empresa precisava de , não sabendo ele que os planos de eram totalmente diferentes daqueles. O grande jogo estava chegando e o rapaz conseguiria sua bolsa para jogar na faculdade, mesmo tendo enviado suas inscrições para várias faculdades a mando de seu pai e tendo sido aceito na maioria delas.
Os eram donos de quase toda cidade. Eles tinham uma empresa de construção renomada com sede na capital mais filiais em vários lugares do país. Há três gerações, os haviam construído seu nome e se tornado grandes e, como filho homem mais velho, deveria dar continuidade àquele nome. Sua família toda por parte de pai contava com isso. Mas ele estava esperando contar ao seu pai sobre a mudança de planos depois que ganhasse a bolsa. Queria ter alguma garantia depois que seu pai descobrisse e o cobrisse com sua fúria.
Antony era um homem de cinquenta anos, alto e forte, de quem seu filho herdou as principais características. Também era conhecido por sua impiedade nas negociações e sua maneira dura de tratar os empregados. Se ele era assim com as pessoas que trabalhavam para ele, como poderia ser com seus próprios filhos?
havia crescido aprendendo a fingir para seu pai. Fingir ser o filho perfeito, o aluno perfeito, com as melhores notas, popular, simpático e trabalhador. Havia até estagiado durante um tempo com seu pai, mas saiu com a desculpa de estar sem tempo para todas as atividades extracurriculares na escola. Porém, na verdade, odiava tudo que envolvia a empresa. Odiava a maneira com que seu pai tratava as pessoas, como se fosse melhor do que elas, odiava como ele tratava sua mãe e sua irmã. Odiava como seu pai o tratava, como o menino de ouro que faria todos os seus sonhos se tornarem realidade. Odiava como seu pai tratava seu grande sonho, o futebol, como algo inútil e fútil, apenas um capricho e uma conveniência.
Queria ter alguém para conversar sobre , queria ter coragem o suficiente para contar ao seu pai sobre a garota que estava esperando um filho seu, contudo temia a fúria que poderia recair não só sobre ele, mas também sobre a garota e o bebê. Antony não deixaria o nome da sua família ser manchada por uma irresponsabilidade do filho e faria de tudo para conseguir. Principalmente destruir a vida de outra pessoa.
já havia visto seu pai destruir vidas por coisas muito menores do que aquela. Ele não aceitava falhas.
contava com a ajuda de seus tios, irmãos de sua mãe, e sabia que eles o ajudariam com relação à criança. Sua avó havia criado antes de morrer uma conta em seu nome, onde lá estava sua herança. A velha Gabrielle Smith havia dividido sua herança entre seus três filhos e quatro netos e, como era muito rica, cada um ficou com uma parte generosa. Como tinha apenas quinze anos na época, ela deixou o dinheiro em uma poupança, na responsabilidade de seus tios, para que, quando tivesse dezoito anos, pudesse usar seu dinheiro como bem entendesse.
Mas como poderia cuidar de e do bebê se nem conseguia cuidar dele mesmo? Como poderia viver seu sonho de jogar profissionalmente e ser um pai em tempo integral? Ele amava o futebol, mas também amava aquela criança. Nem a pressão de seu pai o havia feito desistir daquele sonho, porém agora as prioridades eram outras. Ele não estava mais sozinho. Não podia apenas pegar o dinheiro e ir embora sem se preocupar com o que estava deixando para trás. Não poderia ir mais embora e aquela ideia o assustava para caralho. Seus sonhos haviam mudado. Agora ele queria ser pai. Mas também queria jogar. Só restava saber qual sonho era o maior. O que era mais importante em sua vida.
esperou seu pai terminar de falar, apenas assentindo e concordando, mesmo não fazendo ideia do que ele estava falando, e saiu quase correndo do prédio onde estava. Sua cabeça estava um caos e ele resolveu sair para beber. Aquela era a sua única saída para limpar a mente.
. O bebê. A empresa. A faculdade. O futebol. . O beijo. O bebê. O futebol. Fugir. . O bebê.
Assim que o álcool começou a entrar, as preocupações começaram a sair. Sua resistência para bebida era baixar porque ele não bebia muito. Por isso logo estava vendo tudo duplicado e nada mais fazia sentido em sua mente. Ele estava contando suas frustrações para o bartender quando uma loira peituda começou a flertar com ele. estava tão fora do ar que apenas sorria para a mulher. Ela passou a mão pelo braço dele e se aproximou ainda mais. Seu cheiro era muito doce e enjoativo, mas só queria saber de beber mais e mais.
Logo a mulher mostrou para que estava ali, alisando seu cabelo e esfregando seu corpo no dele. Ele estava estressado e não transava há meses, desde . Por isso, quando a mulher começou a beijá-lo, ele apenas apertou a bunda dela e devolveu o beijo. O álcool piorou a nuvem de luxúria, mas, assim que o beijo começou, ele notou que havia algo de errado. Os lábios dela não eram certos. Eram finos demais. E o gosto dela também não era certo. Ela não tinha cheiro de lavanda. Seu corpo era muito curvilíneo e ela não soltava pequenos suspiros enquanto ele a beijava.
Ela não era .
soltou a mulher com força e deixou algumas notas em cima do balcão antes de sair do lugar sem destino.
Ele não queria uma qualquer apenas para satisfazer seu tesão reprimido. Não queria qualquer corpo nem qualquer beijo. Ele queria .
Que porra ele havia feito?


Capítulo 17

I'm marking it down to learning.


– Você está bem? – deu um sorriso amarelo para sua melhor amiga e desceu do carro.
– Claro. Por que eu não estaria?
– Seus olhos estão inchados. Você chorou?
– Claro que não, . Acho que estou com alguma alergia.
– Tem certeza? – revirou os olhos, apertando o passo.
– Claro que sim – havia pensado que ninguém notaria seus olhos vermelhos e inchados ou suas olheiras por ter dormindo tão pouco na noite anterior, mas suas amigas pareciam ter olhos de raio X.
A garota achou que passaria o dia inteiro correndo de , evitando falar com ele, mas logo depois do terceiro horário ela descobriu que o garoto não estava na escola. Claro que preocupação foi imediata. Será que algo havia acontecido com ele? Um acidente? Uma doença? Será que estava bem? Mas logo começou a excluir tais pensamentos da mente. Provavelmente ele havia bebido demais na noite anterior e ainda estava em casa, dormindo com uma qualquer nua enrolada em seu corpo. O simples pensamento de outra mulher com fez o estômago de se retorcer e a náusea diurna piorar, mas logo ela engoliu a vontade e voltou sua atenção para a aula. Era como se os últimos meses não tivessem acontecido. Como se eles não fossem mais amigos, como se ela o odiasse de novo. Mas por que doía tanto pensar em sua vida dali para frente sem ? E como seria com o bebê?
– Nós não vamos. Se a não vai, também não podemos ir.
– Mas é uma festa do .
– Não importa. Da última vez fomos e deixamos a em casa sozinha. Vamos ser boas amigas e fazermos nosso papel pelo menos uma vez.
– Mas ela...
– Vocês estão discutindo sobre o quê? – interrompeu no meio da frase. As três estavam na área externa da escola, comendo seus respectivos almoços.
– A festa hoje no . Você sabe, é sexta-feira e o arrasa nas festas.
– Você só diz isso porque quer beijá-lo.
– Quem não quer beijá-lo?
– Enfim, queríamos ir, mas, como você vai ficar em casa sozinha, não queríamos nos divertir sem você. Já fizemos isso da última vez e a minha consciência foi uma filha da puta.
– Não tem problema. Eu vou com vocês.
, na última festa que você foi com a gente, você voltou grávida. E, além do mais, festas não são bons lugares para bebês. E você não pode beber nada.
– Acho que eu decido o que é bom ou não para o bebê, não acha? – as duas amigas negaram com a cabeça e revirou os olhos. – Vamos nessa festa.
– Por acaso você está indo só para procurar o ?
– De onde você tirou essa ideia? – ergueu uma sobrancelha como se dissesse “Sério?”. – Eu não ligo a mínima para onde o está, com quem está ou o que está fazendo. Só quero me divertir essa noite, dançar e fingir que estou bêbada com soda.

e só acreditaram na veracidade das palavras da garota quando foram buscá-la e ela estava já estava vestida, apenas esperando as amigas. vestia um vestido vermelho, apertado no busto e solto nas outras partes para não marcar sua barriga, junto com uma bota preta. Seu cabelo estava solto e ela havia posto uma maquiagem destacando os olhos. Ela insistia que iria apenas para se divertir, mas, no fundo da sua mente, sabia que estava fazendo aquilo apenas como uma vingança para . Se ele poderia sair por aí pegando quem quisesse, na hora que quisesse, sem se importar com ela, por que a garota não poderia fazer o mesmo? E ainda mais: na festa do melhor amigo dele, tanto a certeza de que a notícia chegaria aos ouvidos dele na manhã seguinte.
estava animada, mas, assim que chegou à casa de , ela começou a murchar. O jardim de estava cheio de gente, assim como a casa e o deque. Todo mundo conversando, rindo e gritando, segurando um copo ou uma garrafa de cerveja nas mãos. A música alta explodia da caixa de som e começou a lembrar por que odiava festas.
– Eu vou procurar o passou por elas em direção ao deque. deu de ombros e guiou para dentro da casa.
– Vamos buscar uma soda para você e uma cerveja para mim. Preciso ficar bêbada.
– Ei! Você não pode ficar bêbada e me deixar aqui sozinha – tentou argumentar, mas a verdade era que ela odiava ficar sozinha em um lugar cheio de estranhos. E ainda mais sóbria.
– Você sabe tomar conta de si mesma e eu preciso pegar alguém. Depois que eu pegar alguém, venho ver se você está bem – soltou um beijo para ela e foi à caça, indo em direção à pista de dança no meio da sala.
, sem muitas opções, foi até a cozinha e pegou na geladeira uma coca de cereja. Desejou com todas as suas forças poder voltar no tempo e não ter tido aquela ideia idiota de estar naquela festa. Precisava parar de tentar fazer as coisas para atingir diretamente ou indiretamente . Precisava parar de se importar com o que ele fazia.
se sentou no balcão e ficou bebendo sua coca, imersa em pensamentos, até uma voz tirá-la do torpor.
– Uma garota como você sozinha aqui?
– Uma garota “como eu”? O que isso quer dizer? – olhou para o garoto que se aproximava. Nunca havia o visto antes. Alto, cabelo loiro, olhos verdes e um sorriso fácil. Bonito. Pegável. A emoção da vingança começou a aparecer de novo como um monstro de cara feia colocando sua cabeça para fora do buraco.
– Bonita – corou um pouco e deu de ombros.
– Minhas amigas me abandonaram – o garoto pegou uma cerveja da geladeira e se encostou ao lado dela no balcão.
– Que pena para ela e que bom para mim. Nunca vi você em nenhuma das festas do .
– Talvez porque eu nunca apareci em nenhuma festa do .
– Uma pena para mim. Declan – ele estendeu a mão e a apertou.
. Nunca vi você na escola.
– Estou na faculdade. Sou primo do .
– Legal.
– Onde estão suas amigas agora? – deu de ombros novamente, tomando o gole da sua coca, já terminando.
– Provavelmente em alguns dos quartos.
– Qual o seu veneno essa noite?
– Nenhum. Não posso beber essa noite – “porque estou grávida”, quase falou, mas depois lembrou que aquilo não era coisa para falar para um total estranho e ainda mais o garoto que planejava beijar. – Sou a motorista da vez.
– Melhor ainda. Quer dançar?
– Claro – Declan deu a mão para ajudar descer do balcão e a guiou entre as pessoas até a pista de dança.
Chasing The Sun do The Wanted tocava em volume máximo e se deixou levar pela batida da música. Declan prendeu a cintura dela com suas duas mãos e aproximou ainda mais os corpos. não queria pensar em mais nada. Ignorou o fato de que queria que estivesse no lugar de Declan ou que a vingança já havia perdido a graça naquele momento. Queria apenas ir para casa, mas continuou dançando com o garoto que parecia cada vez mais interessado. Os dois dançarem em seu próprio ritmo, grudados um no outro. Outras músicas tocaram e os dois dançaram juntos cada uma delas até Declan prender a nuca de e beijá-la. Ela o segurou pelos ombros e devolveu o beijo na mesma intensidade. Sabia que as pessoas estavam observando e logo o sentimento de vitória a fez ficar ainda mais ousada e puxar Declan para mais perto. Nunca foi do tipo que beijava garotos que tinha acabado de conhecer, mas naquele momento nada mais importava. Declan queria e ela estava mais do que disposta.
– Filho da puta! – apenas ouviu o grito de e viu Declan ser arrancado de perto dela e jogado no chão. – Você vai aprender a não mexer com a garota dos outros – subiu em Declan, socando o seu rosto. O garoto no chão apenas tentava se defender, colocando os braços na frente do rosto.
! Você está louco? – bateu nas costas de e logo seus amigos apareceram para separar a briga. Leia-se: surra, já que era maior e mais pesado do que Declan e por isso conseguia bater no garoto sem levar nem um soco. Os garotos seguraram pelos dois braços e o garoto parecia um touro furioso, com as narinas dilatadas e os nós dos dedos cheios de sangue.
queria vomitar. O que ela havia feito?
A garota saiu correndo até o arbusto mais próximo e esvaziou o estômago até restar apenas sons secos.
... – estava atrás dela, tentando prender seu cabelo para trás, mas ela o afastou com um movimento brusco.
– Não. Não encoste em mim.
– Você quer me explicar o que está acontecendo? – limpou a boca com as costas da mão e se virou para o pai do seu filho.
– Eu não tenho nada para explicar a você. Quem você pensa que é para chegar aqui batendo nas pessoas e exigindo explicações?
– Eu sou o pai do seu filho.
– E isso não lhe dá direito de nada! – estava tão indignada que não se importava por estar gritando com e que outras pessoas poderiam estar observando e até ouvindo o que eles estavam falando. Ela apenas queria que aquela noite acabasse logo. Ou melhor, que aquela noite nunca tivesse acontecido.
– Você estava beijando aquele filho da puta!
– E daí? Você estava enfiando a língua na garganta de outra garota e em nenhum momento eu liguei para você pedindo explicações.
– Como você...?
– Eu não quero mais falar com você. Estou indo para casa.
– Essa conversa não acabou.
– Olhe para eu me importando – deu as costas e foi procurar as amigas, mas soltou um grito assustado quando a segurou pelas pernas e a jogou em cima dos ombros.
– A conversa só acaba quando eu disser que acabou.
, coloque-me no chão. Você está fazendo uma cena.
– Você está me forçando a fazer uma cena – todo mundo estava olhando pendurada no ombro de sendo levada até onde o carro dele estava estacionado.
– Você é tão ridículo. E infantil. Eu odeio você – ela fez uma carranca até ele colocá-la no banco do passageiro do seu carro e bater a porta. deu a volta e entrou no carro, colocando o automóvel em movimento. passou o caminho todo em silêncio até quando ele entrou em uma rua desconhecida, parando o carro em um prédio alto e moderno. Cheirava a riqueza.
– Você vai descer do carro ou precisarei carregá-la de novo? – continuou emburrada, mas desceu do carro e seguiu para dentro. Ele passou direto pelo saguão e pegou um elevador que o levou direto para um andar particular. A garota tentou não ficar de boca aberta com o lugar.
A sala era enorme, com um jogo de sofás marrons e modernos. Os móveis eram de madeira, havia uma TV de LCD embutida na parede e vários quadros. Ao lado, uma cozinha americana separada por um balcão e uma sala de jantar. Do lado oposto, um corredor se estendia provavelmente à área dos quartos.
– Essa é a minha casa – continuou com os braços cruzados e uma careta. Ela não iria dar o braço a torcer. Estava com muita raiva de e nem a sua casa luxuosa iria fazê-la perder a pose. – Agora podemos conversar.
– Eu continuo não querendo conversar com você – a garota se sentou em um dos sofás e tirou as botas, colocando os pés doloridos em cima da mesinha de centro.
– O que você estava fazendo naquela festa, ? – ela o ignorou, observando o chão de madeira escura. – Você sabe que podemos ficar nisso a noite toda. Quanto mais cedo você falar, mais cedo eu a deixarei ir.
– Isso é um sequestro? – o garoto deu de ombros.
– Interprete como você quiser.
– Eu estava me divertindo com as minhas amigas. Não é proibido, até onde eu sei.
– Você está grávida.
– Grávida, não inválida. Não bebi. Estava apenas dançando enquanto ainda não pareço que engoli uma melancia. Só você pode fazer isso? Sair por aí se divertindo enquanto eu fico preocupada? Sinto muito, , mas você não pode exigir nada de mim – disse, agora encarando suas unhas com uma expressão de escárnio.
– Sinto muito por aquela garota. Provavelmente o lhe contou, mas não foi assim. Eu...
– Você não precisa me explicar nada. Terminou com a sua namorada, está solteiro. Faz o que você quiser – , já cansado da atitude indiferente dela, a segurou pelos ombros e a colocou de pé, obrigando-a a olhar para ele pela primeira vez naquela noite.
– Pare de agir como se você não se importasse. Se eu fiz aquilo, é porque estava frustrado, porque a única garota que eu quero não me quer – engoliu em seco o grande caroço em sua garganta. Não sabia o que falar diante do que havia dito porque, pela primeira vez, ela estava sem palavras. parecia tão sincero, mas como acreditar em um garoto que não conseguia nem deixar seu pau guardado dentro das calças? O garoto que a havia engravidado enquanto estava em um relacionamento com outra garota? e não podiam estar em um relacionamento. Nunca daria certo e, no final, ela acabaria machucada, já que seu coração, a cada dia que passava, caía mais e mais de amor por ele. A garota não conseguia mais negar que estava apaixonada pelo pai do seu bebê, mas nunca poderia ficar com ele. – Eu não dormi com ela, . Não consegui nem continuar a beijando porque tudo em que eu prensava era você.
– Não quero ouvir isso – ela desviou o olhar do de , porque a intensidade que encontrou lá foi grande demais e ela estava com medo de cair na conversa dele.
– Por que você não acredita em mim? Por que não pode me tirar dessa minha miséria?
, não. Você quis estar na vida do bebê, eu permiti. Quis se aproximar de mim e ser meu amigo e eu permiti, mas isso é demais.
– Nós transamos, pelo amor de Deus, .
– Não impedi você de transar com ninguém.
– Eu não estou falando sobre isso. Gosto de você, estou me apaixonando por você. Será que não podemos tentar algo?
– Para eu acabar machucada no final como todas as garotas com quem você se relaciona?
– Você não é todas as garotas, . Será que não me ouviu dizer que estou apaixonado por você?
– Isso não quer dizer nada, – de repente, as lágrimas chegaram com força total e quebrou, chorando alto. a abraçou contra ele, sem saber o que fazer. A última coisa que a garota queria naquele momento era chorar na frente dele, mas o acúmulo de emoção, os acontecimentos dos últimos minutos, somados aos hormônios foram mais fortes. – Eu sinto muito, . Eu não posso. Não posso acreditar em você, não posso continuar com isso. Sei que você vai acabar me machucando porque você sempre faz isso. Esse bebê é a melhor coisa que eu tenho e também não quero estragar isso entre a gente.
– Como você pode saber que vai dar errado sem ao menos tentar? – ele segurou o rosto dela entre suas mãos e limpou as lágrimas que ainda caíam por suas bochechas. Eles estavam muito próximos e sentiu seu coração disparar.
– Por favor, não me beije – ela sussurrou, fechando os olhos. Beijar era o que ela mais queria, mas também sabia que, se aquele beijo acontecesse, ela não resistiria e se entregaria a ele de novo, repetindo tudo que havia acontecido há dois meses. A garota se arrependeria na manhã seguinte e o afastaria. Não tinha forças nem queria se afastar de . Ele havia se tornado parte da vida dela.
– Não sei se posso fazer isso.
– Por que não podemos simplesmente continuar do jeito que estávamos?
– Porque eu não estava mais resistindo.
– Não quero destruir o que nós temos.
– Eu quero estar ao seu lado, . Minha vida está caindo aos pedaços e você é a única coisa que me faz ficar inteiro. O que eu sinto por você e esse bebê na sua barriga é a única coisa que faz sentido na minha vida – ele beijou a testa dela demoradamente e a abraçou apertado contra seu corpo. soluçou mais um pouco até o choro parar totalmente, mas continuou abraçada a .
– Não sei o que está acontecendo comigo.
– E muito menos eu.


Capítulo 18

'Cause I am.


– Meu pai, ele não é uma boa pessoa. Ele é perverso. Manipula tudo e todos. Minha casa é um tormento – apertou a mão dele que estava entrelaçada com a sua. – Minha mãe é uma pessoa infeliz e foi assim por toda sua vida. A única família que eu tenho de verdade são os meus tios, irmãos da minha mãe. Foi minha avó quem me criou desde os meus seis anos, até ela morrer há alguns anos. Ela dizia que não me deixaria ser como o meu pai. Que cuidaria de mim e que moldaria meu caráter para eu não ser como ele: um ser humano frio e insensível à dor e necessidade dos outros.
– Sinto muito, . Eu nem posso imaginar o quanto deve ter sido ruim. Não tinha muito contato com os meus pais, mas os s, os pais do , foram os melhores que eu podia querer. Eles cuidaram de mim como se eu fosse a filha verdadeira deles. Isso me ajudou a superar a perda dos meus pais.
Havia quase uma hora que os dois estavam conversando deitados na cama de . são sabia muito bem como havia ido parar ali. Em um segundo, os dois estavam discutindo e, no outro, estavam deitados juntos, contando sobre suas vidas.
Era fácil para falar com e ouvi-lo. Se há alguns meses alguém falasse que ela estaria na cama de tendo uma conversa civilizada com ele, a menina teria rido na cara dessa pessoa, mas agora aquilo parecia certo. Normal até.
– Desde pequeno sempre sonhei em ser jogador. Muito clichê, eu sei, já que maioria dos garotos da minha idade na época também sonhava com isso. Mas para mim era mais que um sonho. Era o que eu queria para mim: não ser dono de empresas como o meu pai. Eu queria apenas jogar. Cresci com isso dentro de mim, porém em alguns meses esse sonho terá que ser jogado fora, porque meu pai quer que eu entre na faculdade e siga o que ele escolheu para mim.
“Eu poderia fugir para viver longe daqui, longe da influência dele. Esse era o meu plano original, mas agora isso não pode mais acontecer porque você está esperando um filho meu”, ele ia completar, mas se calou. Já havia contado muito a e, se ela descobrisse aquilo, não pensaria duas vezes antes de se afastar dele e pedir que não deixasse aquela gravidez impedi-lo. A garota mostraria que ele não significava nada para ela e que poderia se virar muito bem sozinha com aquele bebê, mas sabia que estaria mentindo em todas as suas palavras.
– Aquele que todo mundo adora e admira? Ele não passa de um garoto que morre do medo do pai. Que tenta afastar as pessoas que começam a despertar nele algum tipo de sentimento e anda sempre com pessoas que odeia. Por isso falei todas aquelas coisas horríveis para você quando me contou sobre o bebê. Eu não estava só com medo do que meu pai faria comigo se descobrisse sobre ele, mas também estava com medo do sentimento que aquela revelação me causou por ter sido você, . Você...
, eu...
– Por favor, deixe-me terminar – fechou os olhos, com o coração disparando, e deixou que ele terminasse. – Você é uma pessoa fenomenal. Esses últimos meses? Nunca tinha me sentido daquele jeito. Fui um idiota por atacá-la naquela festa quando estava bêbado e ainda namorando, mas tinha visto você dançar e... Não consegui resistir. Mas você foi embora e, no dia seguinte, eu estava disposto a conhecê-la melhor, saber melhor quem você era, mas você e suas amigas me xingaram como se eu fosse uma pessoa má e depois não quis falar mais comigo depois daquilo. Foi... Assustador. Então eu tive uma nova chance com você e estraguei tudo de novo, metendo a língua na garganta daquela garota, mas juro que não passou disso. Eu apenas não consegui. Ela não era você.
– Por favor, não fale isso.
– Eu sei que você tem medo de se machucar, sei que não quer um relacionamento e também que a prioridade na sua vida é esse bebê agora. Sei porque ele é a prioridade na minha também, mas não me afaste de você. Eu quero tudo que puder me oferecer. Sei que não está pronta agora para algo, mas eu estarei aqui quando você tiver. Não vou a lugar nenhum. Também não vou atacá-la, ou tentar beijá-la, ou fazer coisas idiotas, como beijar outras garotas para esquecê-la, e espero que você também possa fazer o mesmo. Porque, depois que vi aquele cara a beijando, eu juro que queria quebrar todos os dentes dele e fazê-lo engoli-los.
, eu já disse...
– Sim, que não quer nada comigo, além da amizade, porque eu sou o pai do seu bebê. Eu já assimilei isso, mas não vou desistir. Eu a conheço, . Durante esses últimos meses, você me mostrou quem realmente era. Mesmo querendo ser durona, é doce e tem um coração lindo. Você quer, mas seu medo é maior, então vou apenas esperar quando estiver pronta.
– Não acredito que estamos conversando sobre isso – riu para quebrar o clima.
– Eu disse que seria ser sincero sobre o que estava acontecendo.
– Obrigada por isso.
– De nada. Mas agora é hora de você tirar essa roupa e se preparar para dormir – revirou os olhos.
– Antes disso, você precisa me levar para casa, não?
– Está tarde e estamos os dois casados. Por que você não dorme aqui e amanhã cedo eu a levo para casa?
– O vai matar você.
– Na verdade, eu acho que o pode até estar gostando de mim – riu, levantando-se da cama.
– Nos seus sonhos.
emprestou a ela uma calça de moletom e uma camisa que não cabiam mais nele, mas, mesmo assim, ficou parecendo um saco de batatas. Um saco de batatas fofinho, de acordo com o dono das roupas. Ela tirou a maquiagem e penteou o cabelo. Mandou uma mensagem para as amigas, avisando que estava segura, e outra para explicando por que não iria voltar para casa. Logo depois, desligou o celular e foi se deitar.
– Vamos dormir juntos? Na mesma cama? – ela perguntou assim que viu , que também havia trocado de roupa, deitado no lado esquerdo da cama.
– Hum... Sim – ele disse como se fosse óbvio.
– O que você acabou de dizer sobre...?
– Vamos dormir, . Só dormir, no sentido literal da palavra. Eu vou cumprir a minha promessa de não agarrá-la, mesmo vendo o quanto você está sexy nas minhas roupas – corou violentamente e se deitou ao lado dele na cama. Sem outras palavras, apenas a abraçou apertado junto ao seu corpo e beijou sua cabeça. – Boa noite, .
– Boa noite – então ela fechou os olhos e pediu silenciosamente por mais momentos como aquele, onde ela podia se sentir tão bem.

***


– Bom dia, Bela Adormecida – abriu os olhos lentamente, encontrando o rosto de em frente ao seu.
– Bom dia. Por acaso você estava me vendo dormir? Isso é assustador – se sentou, coçando os olhos. Provavelmente, sua aparência estava péssima. Sempre acordava parecendo que tinha saído de um vendaval. – Obrigada por ontem. Sinto muito por ter sido tão imatura – deu de ombros.
– Tudo bem. Todo mundo precisa enlouquecer de vez em quando – revirou os olhos.
– Não era para você concordar comigo – os dois riram e se pegou desejando que as coisas pudessem ser simples como naquele momento.
– Vou preparar seu café da manhã – deu um beijo em sua cabeça e saiu.
alcançou seu celular, que estava no mesmo lugar que ela tinha deixado na noite anterior. Assim que o aparelho foi ligado, milhares de mensagens de texto, mensagens de voz e ligações apareceram na tela. A maioria era de . Elas passavam do preocupado normal para preocupado enfurecido.
“Com quem você está?”
, onde você está?”
“Liguei para as garotas e elas não sabem onde você está.”
“Ligue assim que ler essa mensagem.”
, me ligue.”
“Você está me deixando preocupado.”
“Se você estiver com um homem, eu vou matá-lo.”
, você está grávida. Tenha bom senso.”
“Diga-me com quem você está.”
“Você não tem permissão para ir a nenhuma dessas festas a partir de hoje.”
“Eu vou começar a tomar providências severas para encontrá-la.”
“VOCÊ É UMA IRRESPONSÁVEL!”
“Como você pode ser tão irresponsável?”
“Porra, ! Cadê você?”
“LIGUE PARA MIM AGORA!”
“Apenas me diga onde você está.”

As mensagens iam piorando e se sentiu cada vez pior por ter deixado preocupado. Mas ela havia avisado que estava bem e em segurança. Às vezes, ele achava que era o pai dela.
“Disse que estava bem. Precisa confiar mais em mim. Logo estarei em casa. XX”
Ela digitou a resposta e enviou para ele. Logo leu as mensagens das amigas, que eram muito menos desaforadas e muito mais bêbadas. Pelo menos as garotas sabiam que ela não iria fazer nada estúpido. Em primeiro lugar, porque não era do feitio dela e, em segundo lugar, porque estava grávida e nunca colocaria seu bebê em risco.
– O café está pronto! – gritou da cozinha. correu até o banheiro e escovou os dentes com a mesma escova que tinha usado na noite anterior. Passou os dedos pelos cabelos, tentando ajeitá-los, mas desistiu das tentativas frustradas e apenas os prendeu no alto da cabeça em um coque frouxo.
– Isso cheira maravilhoso.
– É porque você nunca tinha provado as minhas habilidades como cozinheiro – revirou os olhos.
– Você não sabe cozinhar.
– Posso não ser um chef, mas tenho sempre panquecas pré-prontas e quem não sabe fazer ovo mexido? – colocou os pratos na mesa e começou a comer. Não tinha notado no quanto de fome estava sentindo até aquele momento.
– Não sabia que você morava sozinho – se sentou ao seu lado e começou a comer também.
– Ganhei do meu pai ano passado – ela o olhou com uma sobrancelha erguida pelo tom de voz amargurado na voz dele. – Meu pai acha que pode comprar o perdão e o amor com apartamentos e carros.
– Sinto muito.
– Mas até que serviu para alguma coisa. É o único lugar em que eu posso estar em paz – a música “Little Talks” da banda Of Monsters and Men começou a tocar na casa e correu até o quarto de , onde estava seu celular. Já sabia quem era antes mesmo de olhar no identificador.
– Pode me dizer onde, porra, você está? – .
– Bom dia para você também.
– Não estou de brincadeira, . Sabe como me deixou preocupado antes?
– Se você conseguisse enxergar através da sua idiotice, teria confiado em mim.
– Você mandou a porra de uma mensagem! – ele gritou através da linha e ficou com mais raiva. nunca gritava com ela. Nunca.
– Você não grite comigo! – ela gritou de volta. – Já disse que estou bem e você não é a porra do meu pai! Quando tirar esse pau que está enfiado na sua bunda, você me liga de novo – desligou o telefone antes que ele pudesse responder qualquer outra coisa.
– Você está bem? – entrou no quarto, enquanto ela procurava seu vestido para se trocar.
– É só o sendo um idiota.
– Ele está preocupado com você.
– Eu tinha avisado que estava bem – ela entrou no banheiro e se trocou.
– Para onde está indo? – a garota olhou para ele como se a resposta fosse óbvia.
– Para casa. Preciso enfrentar a fera.
– Você não precisa ir, se não quiser.
– Não, tudo bem. Odeio brigar com o e também preciso dar algumas satisfações.
– Então me deixe levá-la para sair mais tarde – deu um sorrisinho de lado, enquanto ele se aproximava.
– Um encontro, senhor ?
– Você bem que queria, mas eu prometi que iria no seu tempo. Lembra? Só quero sair com você. Como amigos.
– Amigos que têm um bebê juntos? – passou o polegar na bochecha da garota, fazendo-a tremer por dentro. “Resista. Resista. Resista. Vocês serão somente amigos”, ela dizia para si mesma, mas estava muito difícil. Principalmente com a tocando daquele jeito.
– Nada sobre nós é convencional, . Cinco minutos e eu lhe dou uma carona – soltou um suspiro entrecortado quando ele se afastou para entrar no banheiro.
Somente.
Amigos.


Capítulo 19

Don't wanna be the one who turns the whole thing over.


– Nem comece – entrou em casa e encontrou um em pé, perto da porta, com os braços cruzados em cima do peito.
– Onde você estava?
– No – a garota entrou em casa e foi direto para o banheiro tomar banho. Mesmo assim, a seguiu e ficou esperando do lado de fora.
– Por acaso você está com alguma merda na cabeça?
, eu já disse para você não começar. Não fiz nada de mais. Mandei uma mensagem avisando que estava bem. Precisa confiar mais em mim.
– Você está grávida!
– Grávida e não inválida. Por favor, . Não entendo por que você está fazendo tanto alarde – terminou seu banho e passou direto por , que ainda estava parado do lado de fora do banheiro. Deixou o cabelo solto para secar naturalmente e vestiu uma roupa confortável, sentando-se na cama junto com suas atividades escolares. Depois de algum tempo, ele saiu do quarto.
realmente odiava brigar com . Na verdade, eles quase nunca brigavam. Os dois confiavam muito um no outro, mas podia apostar que aquela reação não tinha sido por ela ter passado uma noite fora de casa, mas porque estava com . nunca iria superar aquele fato, até porque ele havia visto beijando outra garota.
tentou afastar os pensamentos sobre a briga e mergulhou em suas atividades.
Passando da metade do seu período de gestação, já tinha uma barriga protuberante e não era tão fácil cobrir com camisas enormes e casacos. Daria poucas semanas até começarem a desconfiar que havia algo acontecendo com ela e sabia que tinha que estar preparada para quando aquilo acontecesse.
Durante os dias que haviam se passado, tinha conversado algumas poucas vezes com a psicóloga da escola a mando da diretora. A mulher, na verdade, havia dado a ela alguns conselhos de como agir com as outras pessoas e garantiu que e o bebê teriam todo o apoio da escola.
As duas juntas haviam formado plano de como seria a saída de . Ela sairia de licença com sete ou sete meses e meio, dependendo do seu caso, e poderia fazer suas provas finais em casa sob a avaliação de um dos professores da instituição. Perderia o fim das aulas e a formatura, mas aquilo não seria realmente um problema. Por causa do bebê, se atrasaria um ano antes de começar a faculdade, mas também não seria um problema. não tinha muitos planos para o futuro. Por isso preferiu pensar mais no presente: passar de ano e concluir o ensino médio, tendo seu bebê com saúde.

Várias horas depois, tinha caído no sono em cima de um livro de Química quando ouviu vozes na sala. Reconheceu-as automaticamente: e . Preferiu ficar no quarto enquanto os dois conversavam. Realmente, não estava com paciência para aguentar uma briga entre os dois.
Alguns minutos depois, entrou no quarto com uma expressão serena, para a surpresa de . Sem gritos, sem socos, sem briga. Será que havia matado ?
– Estou começando a achar que o , realmente, está gostando de você – deu de ombros.
– É o meu charme irresistível – enquanto se levantava, apareceu na porta.
– Estou saindo para trabalhar. Peguei o turno da tarde hoje. Volto mais cedo.
– Tchau – ela acenou uma despedida quando o mais velho saiu. – Como conseguiu convencê-lo?
– Não vou lhe contar os meus métodos.
– Ok. Para onde vamos?
– Comer o melhor cachorro-quente do mundo – abriu uma guarda-roupas e tirou um par limpo de jeans e uma camisa larga.
– Você pode sair para eu me arrumar – o garoto se jogou na cama e cruzou os braços atrás da cabeça. “Folgado”, ela pensou.
– Como se não tivesse nada aí que eu não tivesse visto – a garota lançou nele um livro que estava em cima da escrivaninha e ele agarrou o livro, rindo. – Pode se trocar. “Prometo que não vou olhar” – fez duas aspas no ar com os dois dedos. deu de ombros, como se não se importasse, e começou a tirar a roupa.
Ela tentou não pensar no quanto estava insegura com os olhares de em cima dela. Claro que seu corpo tinha mudado muito. Suas coxas haviam engrossado, seus seios estavam maiores e sua barriga estava bem protuberante. Ela podia sentir o olhar de queimando em seu corpo. Tratou de vestir a roupa rapidamente e prender o cabelo em um rabo-de-cavalo desajeitado. Levantou o olhar e encontrou os olhos profundos e intensos de . Se ela estava tremendo? Com toda certeza.
– Vamos?
– Será que um amigo pode dizer que está com uma ereção por causa da amiga? – corou violentamente.
– Tarado.

***


– Acho que nosso passeio vai ficar oficialmente mais interessante – falou, limpando a boca com um guardanapo. Tinha acabado de provar uma das melhores invenções culinárias do mundo e quase teve um orgasmo com o gosto do cachorro-quente, mas, assim que Melinda entrou no recinto acompanhada por sua trupe, a comida passou a ter um gosto amargo na boca de .
– O que foi?
– Sua ex-namorada está aqui – como estava de costas para a entrada do estabelecimento, teve que olhar para trás para ver Melinda se aproximando.
– Será que essa garota está em todo lugar?
– Você precisa ser menos previsível, , e não levar seus rabos de saia para todo os lugares que frequentávamos.
– Boa tarde para você também, Melinda.
– Olá, . Olá, .
– Você pode se sentar em qualquer uma das outras mesas. Nós, realmente, não queremos você aqui – falou, mas a garota o olhou como se tivesse algum segredo sujo sobre ele escondido.
– Que maneira rude de tratar sua melhor transa, . Achei que você era melhor do que isso.
– Melinda, por favor, nos deixe em paz – a única coisa que sabia fazer era encarar estática o garoto na sua frente.
, você costumava ser mais divertido. Lembra quando...?
– Melinda, não – ele a interrompeu. – Não vamos começar com isso. Eu pedi para você sair. Não é bem-vinda aqui e está incomodando. Será que eu não fui claro o suficiente quando disse que nada que fizesse poderia me fazer voltar com você? – Melinda fez uma careta, como se estivesse prendendo o choro, mas logo se recompôs e se virou para , ainda parada.
– Eu vou avisar mais uma vez e só mais uma vez, . Você mexeu com a garota errada e, , você sempre sabe onde me achar – depois disso, ela só saiu junto com as amigas.
– Sinto muito por isso.
– Acho que ela tem razão por me odiar. Quer dizer, a menina ainda não sabe, mas você a traiu comigo e ainda por cima me engravidou.
– Vamos lá, . Será que vamos voltar a isso?
– Essa garota vai me queimar viva quando descobrir – cobriu a mão da garota que estava em cima da mesa com a sua.
– Ela não fará nada. Eu prometo – apenas assentiu. – Quer sair daqui?
– Você quer?
– Porra, garota, você torna a minha vida malditamente mais difícil e divertida, mas eu não quero. Não estamos fazendo nada de errado. Somos só amigos comendo, não?
– Sim, somos só amigos comendo. Enfim, obrigada por me proporcionar um prazer tão bom com esse cachorro-quente maravilhoso.
– O nosso papel é agradar – os dois terminaram os seus respectivos lanches e pagou a conta. Quando saíram, os dois pegaram a vista dos olhos de Melinda fuzilando os dois.
– Não posso nem dizer o quão ansioso estou por semana que vem. Só de pensar, minhas mãos já ficam suadas – os dois começaram a caminhar. se referia ao exame de ultrassom que ela faria na próxima semana e que, se tudo caminhasse bem, já daria para ver o sexo do bebê.
– Nem me fale. Estou superansiosa.
– Você quer que seja menino ou menina? – ela deu de ombros.
– Na verdade, não me importo muito. Acho que, para a mãe, é só importante que nasça saudável. Amarei ele ou ela, independente do que for.
– É tão incrível o quanto a minha vida mudou em apenas quatro meses, sabe? Nunca achei que passaria por essa situação. Nunca pensei em ser pai – viu o começo de uma carranca no rosto de , mas logo tratou de completar. – Nunca pensei em ser pai, mas, agora que isso aconteceu, não consigo desejar algo diferente.
– Nem eu. Penso que, se pudesse voltar no tempo naquela noite, não teria feito nada diferente, mesmo que as consequências disso estejam fora do meu alcance. Mas eu, realmente, não faria nada diferente – parou de andar e parou junto com ele. – O que foi? – o garoto apenas deu um sorriso, balançando a cabeça.
– Nunca poderia ter escolhido uma mãe melhor do que você para carregar um filho meu.


Capítulo 20

Don't wanna be somewhere where I just don't belong.


, você meio que está esmagando a minha mão.
– Desculpe – o garoto largou a mão dela automaticamente e enxugou o suor acumulado na calça quando entraram na sala da doutora.
havia chegado cedo à casa de naquele dia. Não podia confessar que quase não tinha dormido de ansiedade, mas a garota podia ver pela maneira como ele apertava o volante com uma força mais do que necessária ou segurava a mão dela. estava nervoso. Veria o seu filho pela primeira vez ao vivo e saberia se seria uma menina ou um menino. Era como se seu coração estivesse querendo sair do seu peito pela maneira que batia rápido.
Quando o nome de foi chamado na recepção, achou que iria cair quando ficasse de pé, tamanho era o nervosismo. Os dois entraram e ficaram aguardando pela médica.
– Então você é o papai? – a doutora entrou com a ficha de .
– Isso mesmo – ele admitiu com um sorriso sem graça. Não queria nem imaginar o quanto havia perdido na primeira vez que havia ido àquele consultório... Sozinha. Sem a pessoa que deveria estar ao lado dela. engoliu em seco.
A médica pegou uma roupa do hospital e estendeu para .
– Você sabe o que fazer – a garota se trocou e saiu do banheiro vestindo uma roupa de papel. não queria admitir, mas a achou muito adorável vestida daquele jeito. Queria tirar uma foto para registrar o momento.
se deitou na maca e a médica passou um gel em sua barriga, seguindo por uma pequena máquina. Ela mexeu no teclado e a tela na frente deles ficou preta e branca.
– E aqui está o bebê de vocês.
– Onde? – as duas riram e a doutora mostrou a onde estava cada parte do bebê.
– Aqui são os dedos do pé perfeitos. Um braço, a cabeça... É uma linda menina – os pais de primeira viagem sentiram como se o coração tivesse parado.
– É... Uma... Menina? – sentiu seus olhos se enchendo de lágrima e pouco a pouco elas foram caindo. Ela teria uma menina, como no sonho de . Uma linda garotinha com os cabelos pretos e os olhos azuis. Não conseguia esconder o tamanho da sua felicidade. É claro que ela teria ficado igualmente feliz se tivesse sido um garoto. Na verdade, como havia dito a , não se importava com o sexo, mas saber a havia feito descobrir um tipo de amor que ela nem sabia que estava dentro dela.
Uma menina.
não podia acreditar. Seus olhos estavam cheios de lágrimas e nem ligava que aquilo o faria parecer um bebê. Ele não se importava de elas caírem. Era uma garota. Ele, realmente, ia ter uma filha. Seus olhos não conseguiam se desgrudar da imagem na tela. Podia ver os contornos em preto e branco: seus dedinhos, sua cabeça, tudo. De repente, um som começou a encher a sala. Um tum-tum frenético.
– E esse é o batimento cardíaco dela – quase soltou um palavrão em voz alta. Ele era pai, realmente. Pai de uma garota.
, automaticamente, segurou a mão de apertado e beijou sua cabeça. E ela, automaticamente, como se aquele gesto fosse a coisa mais natural do mundo, aceitou o carinho, colocando a cabeça no ombro dele. Os dois não conseguiam parar de olhar fascinados para a tela. Era a coisa mais maravilhosa que eles dois já tinham visto.
– Vou dar um minuto a vocês – a doutora saiu da sala e os dois continuaram do jeito que estavam, emocionados e fascinados.

Demorou um pouco para que os dos se recompusessem e enxugassem as lágrimas dos olhos. Ainda estavam encantados com a imagem.
– Aqui estão as imagens da ultrassom e aqui está o DVD com o vídeo – a doutora entregou tudo para a garota. – Parabéns aos dois. É uma garota aparentemente saudável, sem nenhuma deformação ou mutação. , aqui estão algumas vitaminas que você terá que tomar a partir de agora. Já vou agendar sua próxima consulta – depois de todas as recomendações, os dois saíram do consultório. levou a garota para casa, mas, ao invés de deixá-la lá e sair, ele parou o carro e desligou o motor.
– Sabe, eu nunca achei que diria isso, mas obrigada.
– Pelo quê?
– Por me fazer a pessoa mais feliz do universo nesse momento. Sério. Eu nunca achei que poderia ser feliz assim.
– Parece irreal, não é? Quer dizer, olhe o que fizemos. Criamos uma vida. Uma parte sua e uma parte minha. E parece tão...
– Perfeito? Maravilhoso? – ela riu, concordando. Os dois ficaram em silêncio por mais alguns minutos até o celular de começar a tocar e ela ter que sair.

***


estava em casa, assistindo a um filme, quando saiu do quarto vestido para o trabalho.
– Será que podemos conversar? – ela acenou e colocou o filme em pause.
Já havia se passado uma semana desde que eles haviam brigado. Claro que estavam se falando, mas um clima estranho e tenso ainda pairava no ar. Era horrível e já havia até chorado algumas vezes por causa disso, porém precisaria dar o primeiro passo e admitir que havia errado.
O garoto se sentou ao lado dela, coçando o cotovelo esquerdo – o sinal de que ele estava nervoso.
– Desculpe. Desculpe por ter gritado com você, por ter sido grosso, estúpido e por, principalmente, ter sido orgulhoso. Odeio ficar nessa situação com você, . Você é a minha melhor amiga, a minha irmã, e eu me sinto muito mal quando brigamos.
– Desculpe também, . Sei que o deixei preocupado e, realmente, sinto muito – ela o abraçou apertado. Seu cheiro era de casa e família. A menina não conseguia imaginar sua vida sem nela. Ele era a rocha que a havia mantido inteira por tanto tempo, aquele que estava ao lado dela em todas as situações. – Senti sua falta.
– Eu também, . De vocês dois – falou, passando a mão pela barriga da garota.
– Quer saber a novidade?
– Estou coçando a língua para lhe perguntar isso desde que chegou – correu até o quarto e pegou lá dentro o DVD que havia ganhado da médica. Claro que prometeu a que tiraria uma cópia para ele depois. O garoto também ficou com algumas das imagens impressas. colocou o DVD no aparelho e as imagens da sua pequena garotinha começaram a passar.
– É uma garota.
– Puta merda!
!
– Uma garota? Agora eu vou ter duas garotas? – ela riu, abraçando-o. – Droga, vou ter duplo trabalho. Deveria comprar uma arma, não? – revirou os olhos, sem conseguir tirar o sorriso do rosto. – Essa é uma notícia maravilhosa, . Não poderia estar mais feliz.
ficou um pouco com ela, fazendo algumas perguntas, até dar o horário de ele sair para trabalhar. terminou de assistir ao filme que antes fora pausado e estava prestes a começar uma maratona de Grey’s Anatomy quando bateram na porta.
Não ficou surpresa quando abriu e encontrou .
– Olá – ela abriu mais a porta para que ele entrasse e a fechou em seguida. – O que faz aqui?
– Comprei algumas coisas para você – o rapaz tirou de uma das sacolas que segurava algumas embalagens de vidro e as colocou na bancada da cozinha.
– Você comprou as minhas vitaminas? – perguntou surpresa e ele deu de ombros como se não fosse nada.
– A médica falou que era importante você tomá-las e, como eu queria fazer algo por você, então... – o garoto estava visivelmente envergonhado. Era até encantadora a maneira como ficava encabulado. Quer dizer, ele era , jogador badass que não tinha medo de nada e que estava envergonhado por ter sido gentil. Era fofo.
, sério. Obrigada. Não precisava. Iria passar na farmácia amanhã.
– Também comprei outra coisa – ele tirou de outra sacola dois embrulhos. Um tinha um papel cheio de corações desenhados e o outro tinha desenhos de mamadeiras e chupetas.
... – seus olhos se encheram de lágrimas e ela soluçou. Malditos hormônios. Ela não podia nem estar feliz, nem triste que as lágrimas logo vinham. E parecia que, perto de , as emoções ficavam mais afloradas ainda. Seu coração se aqueceu com o gesto dele.
– O quê? Você não gostou? Mas você nem os abriu ainda e...
– Não é isso, seu bobo. É claro que eu os amei e nem preciso abrir para saber disso – ela foi até o sofá e desempacotou o primeiro, com papel de corações desenhados. Era uma camisa rosa com as inscrições “Melhor mãe do mundo” na frente. não poderia ter amado mais. O segundo presente era um pequeno macacão rosa com a frase “Garotinha do papai”. Claro que chorou como um bebê.
– Eu sei que é meio clichê, mas queria que o primeiro presente da nossa bebê fosse meu. Eu só estava passando na frente da loja e não resisti.
– Não poderia ser mais linda. Realmente, , eu amei. É o melhor primeiro presente de todos.
– Fico muito feliz que gostou e também trouxe isso – ele tirou da última sacola um pote de sorvete.
– Sorvete de blueberry?
– Você acha que eu não viria preparado? – o garoto pegou duas colheres e foi se sentar no sofá.
– Você é muito folgado, viu?
– E você é muito reclamona, garota chorona – revirou os olhos com o apelido. – Ao que está assistindo?
– Grey’s Anatomy.
– “So pick me. Choose me. Love me”? – perguntou, citando uma famosa frase da série. levantou uma sobrancelha em uma pergunta silenciosa, enquanto se sentava ao lado dele no sofá.
– Será que é muito arriscado eu perguntar como você conhece essa frase? – lhe lançou um olhar semicerrado.
– Você nunca descobrirá os meus segredos – ele falou, rindo, enquanto dava play no primeiro episódio da décima temporada. Ela se recostou às almofadas, ficando mais confortável, e colocou as pernas em cima das pernas de . Claro que achou um gesto ousado e um pouco atirado da parte dela, mas amava quando ele a tocava e, naquele momento só deles, era o que ela mais precisava. O garoto, ao invés de fazer um comentário sarcástico sobre o gesto, apenas passou o pote para ela e pegou um dos seus pés, começando a massageá-los. Os olhos de quase que ao mesmo tempo rolaram e ela não conseguiu reprimir um gemido.
– Por favor, não faça esse barulho. Amigos não podem pensar o que eu penso de você quando faz isso – mordeu o lábio inferior, corando.
– Desculpe – depois disso, os dois voltaram para Meredith Grey e seus paradoxos na tela da TV.
Aquela situação parecia quase natural. Os dois havia desenvolvido uma maravilhosa habilidade de ficarem muito confortáveis um na presença do outro e estava adorando aquilo. havia se tornado um amigo muito valioso para ela e, mesmo ela sempre se recusando a admitir, tomando um lugar cada vez maior em seu coração. Era ainda mais duro de admitir para si mesma que estava quase se apaixonando por ele.
Quer dizer, se já não estivesse apaixonada.


Capítulo 21

Where it's not enough just be sorry.


se encontrou com as amigas no mesmo lugar de sempre perto da cantina. Havia passado uma mensagem com a novidade que as duas queriam saber no dia anterior, antes de ir dormir, e as três ficaram até quase uma da manhã em uma ligação conjunta, gritando por conta da novidade. Claro que elas tinham amado o fato do bebê ser uma menina e também estavam empolgadíssimas.
– Ainda não consigo acreditar! Uma garotinha.
– Serei tia de uma garotinha.
– Será que vocês nunca vão parar de falar sobre isso? – perguntou, rindo, indo em direção à sala. Localizou a alguns metros olhando para ela. A garota deu um aceno tímido e correu para a sala. Não sabia por que ficava tão envergonhada quando via em locais tão públicos e cheios de gente que os conheciam, como a escola. Claro que muitas vezes eram vistos juntos comendo ou conversando e sempre recebiam olhares curiosos onde quer que fosse, mas ela sempre evitava que aquilo acontecesse. Estava sempre pensando na bomba que seria quando descobrissem a verdade.
As aulas do dia passaram rápido e ela estava quase correndo para comer alguma coisa quando foi parada por Melinda e suas fiéis seguidoras. quase tremeu quando encontrou o olhar da loira. Era gélido e quase mortal. Seu coração deu um salto.
– Finalmente encontrei você.
– O que você quer? – apertou a alça da mochila com força. Melinda nunca a confrontava em lugares públicos. Apenas quando as duas estavam sozinhas e não poderia sair correndo. Mas daquela vez era diferente. Ela sabia.
– Sabe, quando o me largou, a primeira coisa que eu pensei era que tinha alguma vadia na jogada. Só não sabia que essa vadia era mais esperta do que eu – o coração de batia cada vez mais alto em seus ouvidos. Uma náusea muito grande a invadiu.
Não, não, não. Isso não pode estar acontecendo. Não agora. Não hoje. Não. Não. Não. NÃO!
Os alunos começaram a parar ao redor delas no corredor dos armários. Todos estavam olhando e cochichando. Melinda queria fazer uma cena. Queria que todos vissem e ouvissem. estava paralisada, como se seus pés estivessem grudados no chão.
– Abriu as pernas na primeira oportunidade, não foi? Não poderia deixar passar um homem rico. A pobrezinha da sem família não é tão pobrezinha e idiota assim, já que engravidou na primeira chance que teve. Não foi, sua vadiazinha? – sentiu sua garganta se fechar e o pânico tomar conta. Isso não pode estar acontecendo.
As pessoas ao redor começaram a cochichar cada vez mais alto, chocadas com a revelação. Cada segundo que passava mais, alunos iam saindo das suas salas para ver o que estava acontecendo.
– Achou que poderia prender com essa criança bastarda, mas não vai. Você acha que o ganhou com isso? Acha que conseguiu tirá-lo de mim? Tenho uma coisa para lhe falar: você não vai, sua puta! – Melinda gritou a última parte mais alto, fazendo a garota se assustar e começar a chorar de verdade.
– Melinda, por favor... – ela tentou, mas sua voz falhou miseravelmente, quebrando em um soluço. A garota estava sufocando com todos os múrmurios e sussurros ao seu redor. Tudo estava girando e não sabia como não desmaiou ali no meio de todo mundo.
– Como se sente sendo desmascarada na frente de todo mundo? Como é a sensação com todos sabendo quem você realmente é, sua vadia manipuladora? – cada palavra doía cada vez mais. Cada insulto proferido. não tinha forças para falar nada. – Não vai falar nada? Será que, pela primeira vez, eu consegui deixá-la sem palavras?
“Grávida? Minha nossa...
“Eu sabia que ela não prestava.”
“Mais uma vadia.”
“Sabia que tinha alguma coisa errada com ela.”
“Que garota esperta. Soube certinho quem prender.”
“Ela achava que ia ganhar alguma coisa com isso?”
“Grávida? Gente, o futuro dela está destruído.”
“Que garota burra.”
“Aposto que ela fez isso de propósito.”
“Quem mais aplica o golpe da barriga? É tão velho e ultrapassado.”
“Que vadia.”
“Puta!”
“Ela é uma puta mesmo.”
“Vadia!”
“Achei bem feito. Ninguém mandou se meter com a Melinda.”

estava tão petrificada que não reparou em chegando assustado e vendo toda aquela cena. Não viu a maneira como ele congelou e como o susto foi tão grande que o deixou paralisado também? Como o medo sugou todas as suas forças? Como ele estava reunindo coragem para...?
– Diga-me uma coisa: você realmente achou que iria esconder isso para sempre?
A garota grávida estava prestes a colocar seu café da manhã para fora quando reuniu coragem que não sabia que tinha e saiu correndo. A última coisa que viu foi um parado e a última coisa que pensou antes de sair dali foi em como ele a havia deixado enfrentar aquela humilhação sozinha.
Ouviu seu nome ser gritado várias vezes, não sabia por quem, mas não parou. Só queria correr. E correr. E correr.
Só parou quando estava bem longe, parando em um arbusto e colocando tudo que estava em seu estômago para fora. Vomitou até não ter mais nada e depois voltou a morrer até em casa, onde foi direto para o seu quarto chorar. saiu assustado atrás dela e a encontrou encolhida em uma bola na cama, chorando. Aquela cena quase rasgou o coração dele em dois pedaços.
Ouviu o telefone da garota tocar sem parar e também a viu pegá-lo e arremessá-lo do outro lado do quarto, por pouco não o estilhaçando em milhares de pedaços, voltando a chorar. estava assustado e preocupado ao mesmo tempo. Sabia que ela não conseguiria falar nada naquele estado e apenas a abraçou, deixando-a chorar.
Várias horas depois, havia parado de soluçar e acabou pegando no sono. se levantou e tentou entrar em contato com alguma das amigas dela. Infelizmente, nenhuma das garotas atendeu o telefone. Bateram na porta da casa e a abriu, encarando um desesperado. Seu rosto estava vermelho e o cabelo estava louco.
– Onde ela está? – ele tentou entrar, mas o impediu.
– É melhor você ficar longe, idiota. Não sei o que aconteceu, mas posso apostar que tem dedo seu nisso.
...
– Olhe, eu não gosto de você, não vou com a sua cara, mas o aceito por causa da minha irmã. Se eu souber que você é o culpado de ela estar nesse estado, a última surra que lhe dei vai parecer um carinho perto do que vou fazer com você.
– Eu sinto muito, . Preciso falar com ela – o garoto segurou o mais novo pelo colarinho da camisa, começando a ficar vermelho de raiva.
– Você não a segurou e a viu chorar por horas, sem ter a mínima ideia do que fazer. Não foi você que ficou do lado dela desde que chegou desesperada. Acho melhor você não vir mais aqui.
– Eu não vou desistir.
– Não apareça mais aqui, pedaço de merda – empurrou na parede do outro lado do corredor e fechou a porta na cara dele.

***


Quando acordou, já estava escuro do lado de fora. Ela ficou encarando o teto do quarto enquanto pensava no que havia acontecido naquela tarde. Ela estava machucada e humilhada. Não queria se levantar. Não queria falar com ninguém. Só queria se encolher e chorar para sempre. Nunca tinha sido humilhada daquela forma antes.
? – entrou no quarto com passos lentos. Ela se encolheu ainda mais. – Será que podemos conversar agora?
– Desculpe, , mas não quero conversar.
– Será que você pode pelo menos me contar o que aconteceu? Fiquei preocupado e sem saber o que fazer quando você chegou daquele jeito. Por favor, . Precisa me contar o que houve.
– Todos na escola descobriram que estou grávida. Eu fui humilhada na frente de todo mundo – sua voz começou a ficar embargada com as lágrimas. – Foi horrível, mas a pior parte foi que eu estava lá sozinha. O estava vendo tudo aquilo e me deixou lá sozinha para ser devorada pelos lobos, ou pior, pela namorada dele. Melinda fez parecer como se o meu bebê fosse algo sujo e impróprio. Como alguém pode guardar tanto rancor? – começou a chorar de novo e foi abraçá-la. Queria ir atrás do e enchê-lo de porrada. Queria explodir, mas precisava se manter firme por causa dela.
Ele a deixou apenas chorar novamente, já que não queria conversar e o rapaz não iria forçá-la.
– Preciso avisar o meu chefe que vou faltar hoje – ele pegou o celular, mas o impediu.
– Por favor, não. Vou ficar ainda mais chateada por saber que você perdeu um dia de trabalho por causa de mim.
...
– Eu quero ficar sozinha, . Sério. Estou precisando disso agora. Sei que pareço estar uma merda, mas vou ficar bem – ele tentou negar outra vez, mas queria, acima de tudo, fazer o melhor para ela. Por isso deu um beijo na testa da garota, que havia voltado a se deitar encolhida, e saiu para o trabalho.
ainda estava do mesmo jeito que a havia deixado quando ouviu um barulho vindo da porta da frente.
? Já? Quanto tempo eu fiquei deitada?
? – levantou-se, mas, quando chegou à sala, percebeu que não havia sido a entrar. – Como você conseguiu entrar na minha casa?
ELE HAVIA ARROMBADO A PORTA?!
, por favor, me escute.
, saia daqui agora.
– Eu preciso conversar com você. Será que pode parar só por um segundo e me ouvir?
– Você sabe que não pode me pedir isso.
– Eu não sabia o que fazer. Estava com medo, não sabia o que falar. Fiquei paralisado. Você tem que acreditar em mim – começou a falar rápido demais. – Nunca deixaria você sozinha em uma situação como aquela, . Estamos juntos nessa, mas foi muito rápido para eu reagir. Você sabe que vocês são a coisa mais importante para mim. Sei que deve estar me odiando agora e com razão, mas eu nunca faria nada para machucá-la. Nada.
, não quero pedir de novo. Vá embora. Não estou com paciência para ouvir as suas desculpas agora. Não importa o que aconteceu. Já passou. A pior parte disso tudo é que você mentiu para mim. Disse que eu nunca mais ficaria sozinha nessa e acabou me abandonando quando eu mais precisava. Não quero olhar para a sua cara agora.
...
– Você quer que eu chame a polícia? Então é melhor sair.
– Você tem certeza disso? – ela apenas deu as costas para ele e voltou para o quarto. Precisava comer e dormir. Havia sido totalmente sincera quando tinha dito que não estava com paciência para ele.
– Porra! – ouviu o som de algo sendo derrubado na sala, mas mesmo assim não voltou. A porta foi fechada com força e ela voltou para a cama. Podia se permitir chorar e sofrer só naquele dia. Sabia que não podia ficar na cama para sempre, que no dia seguinte teria que entrar na escola com a cabeça erguida e encarar todos aqueles que a humilharam, principalmente a vadia ciumenta da Melinda. Odiou-a por todas suas palavras.
sabia que aquilo iria acontecer mais cedo ou mais trade. Só não esperava que fosse tão cedo. As pessoas começariam a perceber sua barriga cada dia maior. Só não esperava que inventassem tanta mentira com o nome dela. Aquela tinha sido a pior coisa. Não se importava que Melinda tivesse exposto a sua gravidez ou feito toda aquela cena. Só se importava com as mentiras quando disse que ela havia planejado aquilo tudo, quando a chamou de interesseira e golpista, assim como havia feito.
O olhar no rosto dele quando ficou lá parado, vendo-a sofrer aquilo...
E o que você queria que ele fizesse, idiota? Começasse uma briga com a Melinda e negasse que tinha a engravidado?
Não, ela não sabia o que queria que ele tivesse feito, mas vê-lo apenas parado, sem ter ido ficar ao seu lado, sem ter tentado tirá-la dali, havia sido um golpe duro.
abraçou a barriga e voltou a dormir novamente.


Capítulo 22

Don't you know I feel the darkness closing in?


O dia amanheceu nublado. sabia disso porque viu o nascer do sol da parede de vidro da sala. A visão era linda. Mesmo com todos os prédios, dava até um toque mais especial à metrópole.
olhava para o horizonte, tentando não pensar em como seria aquela manhã na escola, mas era impossível. Podia até imaginar o burburinho e os olhares julgadores. Soltou um longo suspiro e pegou um cereal colorido na cozinha, enquanto assistia às notícias diárias.
– Bom dia, entrou na cozinha, vestindo suas habituais roupas de corrida. Sempre que podia, ele corria de manhã cedo.
– Bom dia.
– Está melhor? – ela acenou com a cabeça.
– Muito melhor. Obrigada. Só precisava pensar.
– Será que eu precisarei ligar para a escola e dizer que você está doente ou algo assim?
– Não. Tudo bem. Se eu não enfrentar isso hoje, nunca conseguirei. Preciso mostrar para aqueles idiotas que eles não conseguem me atingir.
– Quer que eu vá com você? – riu pela primeira vez desde o dia anterior da iniciativa de . Ela sabia que ele faria de tudo para ajudá-la... Até uma coisa ridícula como aparecer na escola dela apenas para defendê-la.
– Por favor, . Eu não tenho mais doze anos.
– Para mim, você terá sempre doze anos, .

Quando estava saindo para o ponto de ônibus, já que tinha quebrado o celular e não podia falar com as amigas, e chegaram afobadas.
– Desculpe pelo atraso. Você sabe que a passa o dia todo no banheiro se deixarmos – suas amigas a conheciam tanto que sabiam que ela não queria conversar sobre o que tinha acontecido no dia anterior. Provavelmente, elas queriam saber o que havia acontecido pela própria , já que nenhuma das duas estava na hora na cena, mas apenas superaram a curiosidade e estavam lá para apoiá-la.
– Na verdade, você já chegou na minha casa atrasada.
– Está me chamando de mentirosa?
– Quem tem fama de atrasada aqui é você – as duas tagarelaram o caminho todo até a escola e agradeceu mentalmente por não precisar falar nada.
Assim que as três chegaram, o falatório começou. As pessoas olhavam, atravessavam e viraram para cochichar umas com as outras. Tinham até aquelas que apontavam na direção das garotas. sentiu como se estivesse em um abatedouro e sua garganta começou a se fechar e a náusea, a subir. Ela estava hiperventilando.
Você vai ficar bem. Você vai ficar bem. Você vai ficar bem. Você vai ficar bem.
Era como um mantra que ela entoava silenciosamente, orando para que tudo ficasse bem. Ela não queria fugir novamente. Não tinha nada para esconder daquelas pessoas. Pela primeira vez, ela pôde usar uma blusa normal que contornava sua barriga e não estava com vergonha daquilo. Não tinha medo de nenhuma daquelas pessoas. Nunca havia sido uma pessoa medrosa. Nunca havia se importado com a opinião de ninguém, mas por que aquela sensação horrível quando via todos a julgando silenciosamente? Porque você odeia que eles odeiem algo que não seja verdade. Você não quer ser julgada por algo que não é.
Não demorou muito para ser chamada na sala da diretora. Lá estava a psicóloga esperando juntamente com a mulher mais velha.
– Olá, . Queria primeiramente pedir desculpas pelo que aconteceu ontem. Só ficamos sabendo do ocorrido minutos depois e não conseguimos impedir que acontecesse.
– Tudo bem. Não é como se não soubéssemos que isso não iria acontecer de uma forma ou de outra.
– A escola falhou em proteger a sua integridade como havíamos prometido e isso não voltará a acontecer. Peço mil desculpas em nome de todos. Saiba que as pessoas envolvidas serão devidamente punidas.
– Obrigada.
– Gostaria que você conversasse com a senhora Kellan hoje antes de assistir às aulas. Não se preocupe, que não vai ser prejudicada pela falta na sala – senhora Kellan, a psicóloga, e ela foram para um gabinete anexado, onde geralmente aconteciam as seções.
– Também sinto muito pelo que aconteceu, . Saiba que a escola tomará as devidas medidas.
– Obrigada, senhora Kellan. As coisas saíram do controle ontem, mas eu já sabia o que esperar.
– Ninguém deve ser humilhado ou judiado de nenhuma maneira por sua condição, principalmente uma mulher grávida. Uma criança não é motivo de vergonha.
– Eu não tenho vergonha do meu bebê.
– E eu a admiro muito por isso, . Você foi corajosa o suficiente para levar essa gravidez adiante, mesmo ainda sendo uma adolescente e estudando. Mesmo tendo acontecido tudo que você me contou.
– Obrigada, senhora Kellan.
– Ainda fico impressionada com o que as pessoas conseguem fazer movidas à raiva.
– É um sentimento muito poderoso, na minha opinião.
– Sim, mas, dependendo de como usado, pode ser bem destrutivo pelo que já vi nesses meus anos nessa profissão. E ? Qual foi a reação dele diante de tudo isso? – fez uma careta.
– Não quero falar sobre isso.
– Ele estava lá, não estava? – Tricia Kellan era uma mulher muito inteligente e sabia que podia confiar nela. No primeiro dia que a encontrou, achou na mulher confiança o suficiente para contar toda a sua história. Até as partes feias que não gostava de ninguém. Suas dúvidas e medos, contou para a única pessoa que pareceu querer realmente ouvi-la. Claro, ela era paga para aquilo. Mas, ao contrário do que achou, a mulher não deu nenhum sermão ou coisa parecida. Apenas tentou atender as necessidades de em ser ouvida e tentar organizar sua vida escolar da melhor forma para que a gravidez não afetasse na sua conclusão do Ensino Médio.
– Senhora Kellan, eu realmente não quero falar sobre isso. Podemos nos ver outro dia? Não queria perder muitas aulas. Os alunos podem começar a achar que estou sendo privilegiada por estar grávida.
– Tudo bem. Vou tentar encaixar as nossas sessões nos seus intervalos de aula.
– Obrigada – saiu do escritório e foi para a sua primeira aula do dia. Tinha a leve impressão de que aquele dia seria bem longo.

***


– Eu posso bater em alguém? É rapidinho.
– Estou me controlando para não pular em cima de um desses idiotas e quebrar essas caras ridículas.
– Será que eles não se enxergam?
– Bando de hipócritas.
– Garotas, por favor, parem com isso.
– Eu poderia pegar a Melinda pelo cabelo e acabar com aquele nariz de plástica dela.
– Ninguém vai bater em ninguém, . Vamos apenas terminar de comer e sair daqui.
As três estavam sentadas juntas, comendo, e maioria das pessoas ainda olhava na direção de . A situação era horrível, mas ela tinha prometido a si mesma que passaria por aquilo. Se ela poderia comer em outro lugar? Claro que sim, mas não daria o gostinho a Melinda de achar que tinha ganhado algo. Na verdade, não sabia nem onde a dita cuja estava. Provavelmente a diretora havia mesmo tomado alguma providência.
sabia que logo outra coisa mais escandalosa como uma traição aconteceria, ou alguém mais interessante apareceria, e eles iriam fofocar sobre essa coisa nova. Só esperava que essa novidade não demorasse tanto para parar de ter pessoas a encarando em todos os lugares que fosse.
– Será que podemos conversar agora? – apareceu na mesa das três com as mãos nos bolsos e um olhar cauteloso. Ele parecia nervoso. Várias pessoas pararam o que estavam fazendo para observar a conversa que se desenvolvia.
– Você escolheu o pior momento para isso. Não quero conversar.
...
, não. Não temos nada para conversar – voltou sua atenção para a comida na sua bandeja ao mesmo tempo em que alguém passava bem ao lado dela. Sentiu que estava se afastando.
– Parece que não conseguiu o que queria, vadia – alguém falou perto de e a garota fechou os olhos, controlando a raiva. Mas, ao contrário dela, não conseguiu se controlar.
– Ei, você! – o garoto chamou a garota que havia feio o comentário, fazendo a atenção de todos se voltar para eles. – O que você disse?
– Eu... E-e... Eu não... – a garota começou a gaguejar e ficou vermelha, com os olhos esbugalhados.
– Eu vou deixar uma coisa bem clara para você e para todos aqui – ele falou em alto e bom som, fazendo com que até aqueles que não estavam prestando atenção começassem a prestar. sentiu suas bochechas ficarem vermelhas como um tomate por causa da vergonha. O que aquele garoto idiota estava fazendo? – Eu não quero nenhum comentário, nenhum sussurro, nenhum burburinho sobre o que aconteceu ontem. Não quero ver nenhum olhar torto ou uma risada irônica voltada para . Nenhum de vocês aqui tem moral para falar nada sobre ela, então eu acho melhor todos vocês voltarem para suas vidinhas idiotas – todos se assustaram com as palavras duras do garoto e automaticamente se voltaram para seus respectivos almoços.
não poderia estar mais envergonhada. Pegou suas coisas e saiu depressa do refeitório.
, espere – a alcançou antes que ela conseguisse sair.
– O que você esperava com essa ceninha? Será que não percebeu que me deixou ainda mais humilhada?
– Eu estava tentando ajudar.
– Eu não lhe pedi para fazer nada! – ela tirou o braço da mão dele. – Será que você não pode simplesmente me deixar em paz? – odiou como sua voz quebrou com as lágrimas prestes a aparecer. Você tinha que se sentir sempre daquele jeito perto de ? Por que ele conseguia afetá-la tanto daquele jeito?
– Você não consegue enxergar por trás dessa sua muralha de orgulho. Eu estava tentando protegê-la.
– Então pare de tentar! Eu não preciso de você ou da sua maldita proteção. Eu só quero que você me deixe em paz!
– Porra, , eu já disse que sinto muito.
– E eu já ouvi. Agora me deixe ir. Você já me constrangeu demais.
– Você tem que entender que não está sozinha. Não mais. E, mesmo reclamando e me odiando, eu nunca vou sair do seu lado. É melhor você aceitar que está presa comigo – então ele simplesmente a beijou como se eles não estivessem na frente de quase todos os alunos da escola e que aquilo não acarretaria nenhuma consequência.
Se o empurrou? Bom, ela bem tentou nos primeiros dois segundos, mas logo seu corpo traidor amoleceu e ela se entregou ao beijo, abrindo a boca e deixando explorá-la de uma maneira que ele sabia muito bem.
Ele colocou as mãos na cintura dela, aprofundando o beijo, e não achou nenhum outro lugar para colocar as mãos, a não se na nuca dele. Na verdade, ela até tinha. Poderia colocá-las no meio deles e o empurrar no momento em que sua língua pediu passagem por entre os lábios dela, mas, ao invés de fazer isso, ela os abriu e deu passagem, experimento um misto de emoções que só conseguia experimentar quando estava a tocando. Seu sabor, seu cheiro e seu toque.
Ela deixou se levar por todas aquelas emoções, o que fez com que todos os pensamentos contrários sumissem de sua mente. As pessoas, as consequências. Nada mais existia.
Tão breve como começou, terminou. se afastou aos poucos, deixando as testas ainda juntas e ainda segurando sua cintura em um aperto firme. não queria abrir os olhos e encarar a verdade daquela situação, mas, assim que os abriu, se xingou internamente. Eles realmente haviam feito aquilo? Na frente de todo mundo?
– Você perdeu a cabeça? – sua voz saiu rouca e ofegante, exatamente como ela se sentia. apenas deu um sorrisinho de lado de piscou um de seus lindos e intensos olhos.
– Você só percebeu isso agora?



Continua...



Nota da autora: Isso é um coro de aleluia? Finalmente beijo! Uhu! Então, gente, essa atualização foi curta (na verdade, todas são, né?), mas espero que tenham curtido. Obrigada por todo amor, por tudo, por cada comentário que me motiva a continuar.
Queria aproveitar a oportunidade e fazer um convite especial para todos. Estou com uma fic nova no site chamada Arabella (fanficobsession.com.br/fobs/a/arabella.html). É uma shortfic e convido todos para ler. É meu novo amorzinho. Espero que gostem e até a próxima. XOO






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