Behind The Stage
Autora: Ju Hemmo
Beta-Reader: Abby




Dia 1:


Finalmente, o dia chegou. Ela havia esperado por ele durante semanas. Sua alegria era contagiante, o sorriso não deixava seu rosto.
O Festival Autumn Leaves não era novidade para ninguém, mas era o primeiro ano que null poderia ir. Ela completara 19 anos, a idade necessária para se entrar. Não havia nada de mais nos shows, essa coisa de idade mínima era só uma desculpa para tentar deixar o evento mais ‘adulto’, o que era difícil, pois sempre os menores conseguiam um jeito de entrar como penetras.
O FAL era um acontecimento anual de Londres, acontecia nas primeiras semanas do Outono e durava três dias. Pessoas de todos os lugares vinham para ver as diversas bandas que tocariam desde Rock a Jazz.
O tempo era agradável e a previsão era sem chuva, perfeito, aquele monte de gente no Hyde Park com chuva não daria certo. Normalmente, o número do público era de aproximadamente 3000 pessoas. E sim, todas caberiam no espaço improvisado do parque. A proposta era conhecer gente nova, passar um tempo em um lugar aberto, ouvindo música boa. null adorava tudo isso.

* * *


Ela saiu mais cedo de casa, o festival era somente às 16:00. Antes de ir para lá, passaria na casa de null para irem juntas. E para pegar sua regata favorita do Nirvana, que a amiga tinha pegado algum tempo atrás. Já sabia que roupa usaria há três semanas, uma calça legging preta, sua regata, uma bandana rosa nos cabelos e levaria seu casaco favorito, afinal, o outono londrino normalmente é frio. E venta muito.
Pegou seu óculos escuros e foi caminhando em direção à casa de null. Elas moravam no mesmo bairro, apenas algumas quadras de diferença. Andava tranquilamente, era meio dia, tinha algum tempo até chegar onde deveria.
Um vento forte bateu e null resolveu colocar seu casaco, não podia ficar resfriada no primeiro dia do festival. Parou para se ajeitar e, em questão de segundos, aconteceu. Um rapaz que corria pela calçada de bicicleta não percebeu que ela estava parada e, adivinha? Os dois foram direto para o chão. Mas null caíra em cima do garoto dos olhos mais lindos já vistos, cara a cara.
- Me desculpe! – ele se levantou um pouco atordoado, ajeitando seu gorro de pinguim, e estendeu a mão para ajudar a garota.
- Não foi culpa sua, eu... – hesitou, o olhando nos olhos - Na verdade, foi culpa sua sim... é proibido andar de bicicleta na calçada! – sorriu.
- Eu sei, é que estou com pressa, tenho um compromisso... me desculpe novamente. Se machucou? – parecia preocupado.
- Não, eu estou bem. E você?
- Acho que não, só minha amiga aqui parece riscada – disse, apontando para a bicicleta atrás dele – mas nada que uma tinta vermelha não resolva – piscou.
- Ah, claro. E o pinguim?
- Pinguim? – arqueou as sobrancelhas e null apontou o chapéu com a própria cabeça – Ah! O Hemmo! – disse, rindo – Ele vai ficar bem, sim – sorriu.
- Que bom! Bom compromisso para você. Também estou atrasada. – disse, sorrindo.
- Bom compromisso para você também! Não vou mais andar na calçada, prometo! – ele sorriu e montou na bicicleta.
- A sociedade agradece! – gritou, acenando para ele, que seguia no asfalto.
-
***


- Bom compromisso para você? Serio que disse isso para ele? – null gargalhava da história de null.
- Para! Você sabe que eu fico nervosa, ainda mais falando com caras bonitos! – enrubesceu.
- Não vou nem comentar sobre o pinguim... – disse, balançando a cabeça de um lado para o outro em negação – Afinal, como ele era?
- Ah... maravilhoso! Cabelo bagunçado, alto, forte, olhos mais perfeitos... E acho que ele gosta de pinguins... o gorro tinha até nome! – sorriu, sonhadora, com a lembrança.
- Quantos anos ele tinha? Por que qual tipo de homem no mundo tem um gorro de pinguim com um nome? – debochou.
- Ah, eu não sei... mas aparentava uns 20? Nossa idade, eu acho!
- E o nome dele? Pelo menos isso, né – sorriu, maliciosa, enquanto mordia um de seus biscoitos ingleses favoritos.
- Ai! – deu um tapa na própria testa – Sabia que tinha esquecido alguma coisa...
- Não sabe o nome dele? – disse, boquiaberta.
- Não... eu esqueci! Já disse que estava nervosa?
- Isso não é desculpa, esquece! Perdeu o príncipe da bike, querida. Da próxima vez, pesquisa o cara, não deixa ele ir!
- Ele tinha um compromisso, e eu estava atrasada! Príncipe... Seria melhor se fosse num cavalo branco! – fez bico.
- Tonta... – revirou os olhos – Se fosse eu, tinha pego endereço, telefone, nome completo, status e...
- , ESTAMOS ATRASADAS! – disse null, encarando o relógio com olhos arregalados. Se levantou correndo e puxou a amiga junto – ANDA LOGO!! PEGA SUA BOLSA E VAMOS!
- Me espera! – foi para o quarto e em alguns segundos voltou. null já esperava no jardim.
- Demorada! – revirou os olhos.
- Você que é apressada! São 14:45 ainda!
- Por isso mesmo! Quero chegar cedo!
- Então vamos de carro! – null disse enquanto tentava acompanhar os passos apressados de null.
- Não vai ter lugar para estacionar e vai demorar mais ainda! E o parque é aqui perto, vamos!
- Já sei o que você quer! – parou de andar, fazendo null parar também – quer encontrar outro ciclista na rua! Te conheço, garota!
- Na verdade, eu quero chegar a tempo do festival, só isso! Depois eu penso nele. – suspirou.
- null, você foi uma bobona de não ter pegado a droga do telefone do menino, agora como vai ficar a situação?
- Que situação? Com quantos caras você já esbarrou na rua?
- Muitos, eu acho...
- Então! Ele foi um de muitos, só que era um bonito. Por isso ficou na minha cabeça, mas daqui a pouco eu nem lembro mais, você vai ver! - disse mais para si mesma do que para a amiga.
- Cala a boca, null. Foi diferente. E você foi idiota. Admite logo, vai ficar culpada para o resto da vida.
- Vou nada. Agora, para de falar da minha vida e corre, o parque é logo ali. – disse, apressado o passo.
- Ai. Meu. Deus. - null parou num movimento bruto enquanto null amarrava o sapato, que na correria tinha afrouxado.
- O que foi? Anda logo, para de frescura!
- Olha o tamanho da fila - as duas olharam para frente em sincronia. A fila que tinha na entrada do parque era imensa, quase inacreditável.
- Eu disse para chegarmos mais cedo! - null bateu na própria testa.
- Relaxa, null, vamos entrar, e ainda assim conseguir um bom lugar. Você é alta, vai conseguir ver tudinho!
- Eu realmente espero que sim... – disse, parando atrás da última pessoa da fila gigante que as aguardava.

16:07

Elas entraram. Conseguiram chegar no palco logo na primeira nota da primeira música da primeira banda! O lugar estava lotado, pessoas para todos os lados. Homens e mulheres de todas as idades estavam ali. Alguns sentados, conversando, alguns colados no palco, gritando para os artistas. Era melhor do que null imaginava.
- Deu tudo certo! Eu disse! – disse null, sorrindo e dançando ao som da música desconhecida que tocava.
- Sempre dá certo – piscou null, se divertindo enquanto ouvia a música.
Mais pessoas pareciam chegar com o tempo, novos rostos eram vistos, menos espaço cada um tinha. Certamente, alguns vinham apenas para certo show. Não null e null, essas tinham vindo para ver todos os dias do começo ao fim. Aproveitariam aquela semana mais do que tudo.

00:07

Conforme a noite ia chegando, as músicas ficavam mais agitadas, e as pessoas, mais brutas. Danças pesadas, socos no estômago não propositais ocorriam com mais frequência. E as duas perdidas ali no meio. À meia-noite, a sétima banda tocava sua última música. Mesmo cansadas, suadas e com fome, null e null queriam ser as últimas a sair.
O lugar foi esvaziando e as meninas sobraram ali, sentadas no meio da grama poluída com copos e papeis espalhados.
- Vamos, null? Estou um pouco cansada... – disse com ironia.
- Claro, null. Vem, eu te ajudo – levantou primeiro e estendeu a mão para a amiga, morrendo de sono também. null bocejou e olhou para frente, um ato involuntário, e no mesmo instante soltou a mão da amiga, que caiu de bunda no chão.
- Ai, null! Sem graça, você! – levantou com o cenho franzido, passando as mãos na parte traseira de sua calca, tentando limpar a peça.
- É ele – null disse num sussurro quase inaudível. Estava estática, olhando fixamente o garoto a alguns metros de distância.
- Que? Fala mais alto, null! O que foi? Por que você está assim? null? Você ta bem? – passou a mão na testa da amiga, fingindo checar uma possível febre. Percebeu que não receberia resposta e olhou na direção em que os olhos de null se encontravam.
- null. É ele. O cara do gorro. Da bicicleta. – disse devagar, tentando entender as próprias palavras.
- Como assim? Onde? Deixa eu ver! – riu, procurado ao redor delas – Ué, não tem ninguém aqui, null!
- Mas tinha. Ele estava aqui. Eu vi o gorro. Tenho certeza – disse, confiante.
- Aff, está tarde, seus neurônios devem estar com probleminhas... vamos embora, que amanhã a gente volta, sim? – começou a andar enquanto puxava a amiga pelos braços.
- Certo, vamos embora, mas... eu vi ele. E amanhã, vou procura-lo!
- Está bem, null, amanhã você vê isso – disse, revirando os olhos – Vamos pegar um taxi?
Dia 2:
null havia dormido na casa de null por dois motivos:
1- A casa da amiga era mais perto do parque;
2- Queria compartilhar seus sentimentos com alguém, não iria aguentar ficar uma noite inteira sem contar para ninguém como seu coração foi à loucura só de ver o pompom do chapéu preto de pinguim do garoto. Garoto este que ela nem sabia o nome.
As garotas dormiram assim que chegaram, precisavam de energia. As garotas entre vírgulas, apenas null tivera uma boa noite de sono. null ficara virando na cama até altas horas, o sono não vinha. Não sabia como, apenas com aquela conversa ridícula de míseros segundos, aquele menino sem nome tinha colado em sua mente. Há quase um dia ela não parou de pensar nele durante nenhum segundo. Era demais para ela. Ele era demais. Parecia tão jovem e tão maduro ao mesmo tempo... E quando o viu no festival, no dia anterior... Seu coração quase saíra pela boca. Não conseguia acreditar que tinha visto aquele gorro novamente. Era o destino, só podia ser! E olha que null nunca acreditara nessas história de futuro, horóscopo, destino, está escrito nas estrelas... Nunca! Mas aquela situação era mesmo duvidosa, não era possível! Precisava vê-lo novamente. Descobrir seu nome. Seu endereço. Seu status.
- null, acorda, são 10:45! – disse null, chacoalhando a amiga, que dormia pesadamente.
- Af, null. Vai dormir. Está cedo... – disse, dando um tapa no braço de null.
- null, não to brincando. Levanta logo. Ao meio dia eu vou estar na porta do parque. – disse, decidida.
- Não me diga que é por causa do pinguim? null, ele deve ter 10 anos. Que homem anda de bicicleta vermelha e usa gorro de pinguim? – disse, enfiando o rosto no travesseiro branco.
- Ele tem a nossa idade, se não for mais velho. Poxa, null... Por favor! – disse, fazendo biquinho.
- null, não vou acordar cedo, sendo que o festival é só às 16:00! Anda mais por um pinguim! Se fosse um deus grego, era uma coisa, agora, animal do ártico... Me deixa dormir!
- Você tem vinte minutos – disse, batendo a porta do quarto, indo em direção ao banheiro. Precisava de um banho, precisava pensar.
E se realmente encontrasse o garoto de novo? Obviamente, falaria com ele... Mas e se ele tivesse uma namorada? Ou se só tivesse sido fofo por educação? Ela não sabia nem seu nome... Que tipo de menina no mundo fica presa a um cara ao qual ela nem sabe o nome? Meninas apaixonadas, feito null.

***


- Você me deve uma – dizia null com seu mau humor da manha.
- Certo, pode cobrar. Mas você vai gostar! – sorriu.
- Um piquenique no parque cheio de gente pisando em você, nossa, null, com certeza vai ser a melhor refeição da minha vida – disse com ironia, fazendo a amiga revirar os olhos.
- Para com isso!
- Só me promete uma coisa – parou de andar.
- Prometo o que for, só se você continuar andando! Já são 11:58 e faltam umas quatro quadras ainda! – disse, apressando-se.
- Se você encontrar o moleque do chapéu de pinguim, você vai falar com ele, casar com ele, transar com ele, viver com ele pelo resto da vida.
- Se depender de mim... – deu de ombros.
- OH MEU DEUS, ERA UMA BRINCADEIRA! VOCE TA PERDIDA! Ta apaixonada mesmo! – abraçou null com forca - TA APAIXONADA POR UM CARA QUE VOCE NEM SABE O NOME! Ai, menina, não quero nem ver! – saiu correndo na frente.
- Não estou apaixonada! – gritou. Ela não podia estar apaixonada, não pelo garoto do gorro. Ou podia?
-

* * *


Chegaram às 12:23, como null queria. Se atrasaram um pouco, null parou para amarrar o cadarço do tênis diversas vezes e reclamava a cada uma, deixando null mais irritada.
Sentaram na grama, como planejado, e montaram seu piquenique. No início, atraíram olhares, eram as únicas sentadas comendo no chão. Mas depois alguns as seguiram, fizeram a mesma coisa. Logo, haviam varias pessoas sentadas comendo e conversando, deixando o clima mais agradável antes das músicas começarem.
Às 15:00 o lugar já estava mais lotado do que no dia anterior, pareciam até mais animados. null viu rostos conhecidos, tanto da escola quanto do inicio do festival, mas nenhum deles era o que ela procurava. Estava decidida, iria encontrar o garoto do gorro. Iria conversar com ele. Fazer tudo que null tinha dito.
- Vamos para o palco, daqui a pouco a primeira banda se apresenta e não terá lugar para nós – disse null, se levantando.
- Ai, null, eu quero ficar sentada! Eu nem conheço quem vai tocar! – null deitou na toalha xadrez.
- Conhece, sim, eu já te mostrei meu CD deles! Levanta logo, senão eu vou e você fica – ameaçou, sorrindo, desafiadora.
- Como você é chata – levantou – Anda logo, antes que eu desista e fique aqui mesmo!
- Ah, quer saber? Pode ficar. Se vai ser tão difícil, é melhor você ficar aqui e quando você quiser, me encontra. Eu vim para aproveitar, não para ficar sentada olhando para cima! – disse, saindo em direção ao palco. null tinha cansado de esperar. Estava brava, queria ficar na grade, queria encontrar o menino pinguim, queria aproveitar ao máximo seu primeiro festival! null não impediria null de fazê-lo.
Quando se afastou, pensou que a amiga a seguiria, mas a mesma não o fez. Achou estranho, sempre que dava seus pitis de TPM, null vinha rindo atrás e dizendo para null se acalmar. Mas isso não aconteceu.
Como null era orgulhosa, não voltou para se desculpar. Depois se resolvia com null. Queria ver o show, e já tinha gente no palco.
- Boa tarde, galera! – um homem de aparentemente 30 anos apareceu sorridente no palco – Espero que tenham curtido o show de ontem! Foi o primeiro dos três dias! – a plateia recém-formada aplaudiu com voracidade – E esse ano, temos uma novidade! No último dia, amanhã, as bandas amadoras poderão se apresentar a partir das 22:00! É só se inscrever aqui atrás do palco! Aproveitem o dia de hoje, pessoal! E com vocês... - então o rapaz deu lugar para a banda que null amava.

***


Entre a segunda e a terceira banda havia um intervalo. Respirou fundo e resolveu procurar null, queria inscrever a amiga para tocar no dia seguinte. Esta tinha um talento incrível! Uma voz de outro mundo.
null chegou no lugar onde haviam montado o almoço e... onde estava sua amiga preguiçosa? null tinha sumido. Procurou pelos lados e não encontrava. Resolveu ligar para seu celular, que, graças a Deus, estava ligado.
‘...And we danced all night to the best song ever We knew every line now I can't remember...’
- Droga! – disse. Olhou para o lado e viu o telefone da amiga largado no chão. Era uma doida mesmo. Onde fora sem o celular? Respirou fundo novamente, decidiu que iria inscrever null mesmo sem o consentimento dela. Ela era boa e seria como um 'castigo' por fugir.
Foi em direção ao local indicado, atrás do palco. Era fácil de ser encontrado, várias pessoas estavam animadas por ali se inscrevendo e comemorando. Aquelas pessoas estavam ali, mas já tinham feito suas inscrições. Só parecia lotado, mas dava perfeitamente para realizar uma inscrição e ainda tirar as dúvidas necessárias. Tinha uma mesa de madeira bem larga com vários papéis espalhados por ela. Imaginou que ali era o lugar. Se aproximou e não viu ninguém para orientá-la. Deu uma olhada novamente. Tinha uma pessoa embaixo da mesa, usando uma camiseta laranja, assim como todos que trabalhavam no festival. Não conseguiu enxergar seu rosto, apenas seu tronco bem definido. Era um homem.
- Com licença – disse um tanto quanto nervosa, o rapaz tinha um corpo desejável. Veremos o rosto - Eu gostaria de fazer uma... - o menino se levantou. Usava um gorro de pinguim. Era... Era ele. Ele. O garoto do gorro, o príncipe da bicicleta. null congelou, sentiu suas bochechas queimarem, quis sair correndo. Como agiria na frente dele? Agiria normalmente, afinal ela nem conhecia o jovem. O que estava acontecendo? Ela nunca ficara assim por ninguém, ainda mais por um desconhecido. Durante todos esses pensamentos, ele apenas sorriu, o sorriso mais lindo já visto, e encarou a menina atordoada.
- Oi! – disse, animado, parecia um tanto surpreso por encontrar a menina ali - Eu só andei de bicicleta no asfalto, como você pediu!
- Acho isso ótimo! - riu - Londres agradece! - piscou.
- Ah, fala sério! Não foi tão ruim ser derrubada e cair num cara como eu! – disse, apontando para ele mesmo e fazendo cara de gostosão.
- Não foi tão ruim, foi péssimo! – revirou os olhos exageradamente, mostrando a brincadeira. Ela tinha amado cair sobre ele, mas isso ela guardaria para si.
- Vou ficar magoado, viu? Palavras machucam – fingiu chorar e pegou uma ficha em cima da mesa.
- Não vai ficar magoado nada, você adorou ter essa gata caindo sobre você! - apontou para ela mesma, imitando o garoto, que ria largamente. Como seu sorriso era bonito. Era perfeito.
- Eu amei! - null fez cara de indignação - É brincadeira! Calma! - levantou os braços em sinal de inocência. Os dois riram, mas não para sempre. Quando pararam, uma troca de olhares intensa foi iniciada pelos dois. O mundo ao redor parecia ter sumido, em questão de segundos, eram só os dois. null nunca tinha visto beleza igual, queria conhecê-lo melhor. Não deixaria aquela oportunidade passar! - Você toca? - perguntou quebrando o silêncio.
- Droga! - precisava encontrar null! null! Era disso que tinha esquecido! - Minha amiga toca, ela é muito boa, mas eu acabei de perdê-la e... - a terceira banda começou a tocar, fim do intervalo.
- null? ?! ?! Vamos logo, rapaz! - um senhor chamou o garoto, para alguma coisa. Afinal, era o trabalho dele. Pelo menos foi o que null pensou.
- Desculpa, eu tenho que ir! O dever me chama! Espero que encontre sua amiga! Amanha você volta? – perguntou, já se afastando.
- Volto, sim! Com certeza! - acenou, como quando se ‘conheceram’.
- Então segura! – jogou seu gorro na direção da garota - Amanhã você devolve! Só para ter certeza de que nos encontraremos! Cuida bem dele! - gritou já longe, dentro da área dos funcionários do show. Ele queria encontrá-la novamente. null, o príncipe pinguim, queria encontrar null.
Vestiu o gorro e saiu à procura de null. Amava a banda que tocava, mas não tinha cabeça para ouvir. Queria ir embora, contar tudo para sua amiga, acabar com a agonia! Onde null estava?
Avistou um banco, um tanto afastado do palco, onde poderia sentar e pensar onde a menina poderia ter se enfiado. Chegou perto e viu um casal se beijando, se amassando, quase se comendo no pequeníssimo banco para tanto fogo. Achou melhor se afastar. Mas olhou melhor e percebeu, era null.
- Hãhãm! - fingiu limpar a garganta - Desculpa interromper... – a amiga se virou, corando quase instantaneamente.
- null! – se levantou com rapidez – Esse é o..
- null! – o garoto levantou e estendeu sua mão para null, com um sorriso no rosto.
- Prazer, null... eu sou a null! Amiga da null que estava louca procurando por ela – encarou null com a indireta direta.
- Desculpa, null... – olhou para null como se dissesse que ele era a causa do seu sumiço, como se null não soubesse.
- Claro, mas eu preciso conversar com você...
- Meu amigo tem um gorro igualzinho o seu! – null disse boquiaberto, interrompendo null.
- Sobre isso – segurou o gorro.
- OH MEU DEUS! É O GORRO DELE? O CARA DA BICICLETA? ! VOCÊ... – disse, eufórica, ligando os pontos.
- Fala mais baixo! Ele pode estar por aqui! – reprendeu a amiga.
- Cara da bicicleta? – null arqueou as sobrancelhas, elas haviam esquecido sua presença ali.
- É o cara que ela passa todos os dias e noites pensando... – null disse, sonhadora, encostando a cabeça no ombro de null.
- Passo nada! – revirou os olhos.
- Hmm... entendi... E esse gorro? É dele? – segurou o gorro e começou a analisá-lo.
- Sim... é para ter certeza de que vamos nos encontrar amanhã novamente... – disse, pensando nos acontecimentos recentes. null...
- Maluco... – sussurrou null, deixando as meninas confusas – Quer dizer, ele deve gostar muito desse gorro. Deve ser maluco de entregar para você... Ou melhor, maluco por você. Maluco para encontrar você – piscou, deixando null vermelha.
- Ah, quem sabe ele só quer conversar.
- Mas você não quer só conversar! , O CARA TÁ TÃO NA SUA! – null ria com o nervosismo de null – Descobriu o nome dele?
- Não conversamos muito... ele trabalha aqui. Ouvi um senhor chamá-lo de null e... – null engasgou com o nada, de repente – tudo bem, null?
- Tudo ótimo, continua! – falou, já se recompondo.
- Certo... Acho que o nome dele é null, mas ele não sabe o meu nome – disse, desapontada. Como se encontrariam? Ele não tinha nem seu nome, nem seu celular, nada! Ela tinha apenas o gorro. E ele nada.
- Por que não? – null parecia interessado na historia – Quer dizer, como não?
- Não tivemos muito tempo, eu estava preocupada com a null e ele tinha o trabalho. Eu o interrompi, na verdade...
- Tenho certeza que ele adorou ser interrompido... quer dizer, deve ter gostado! – null sorriu.
- Eu espero que sim... – null sentou no banco.
- null... Não sei nem o que dizer! Só sei que eu apoio totalmente o casamento! – disse null, batendo palminhas.
- Eu também! – null abraçou null pela cintura.
- Que casamento, ele nem sabe meu nome...
- Mas vai descobrir, amanhã ele vai! – null deu um tapa na cabeça da amiga – E para de ser pessimista!
- Não é pessimismo, é realidade. Amor à primeira vista não existe, fim. – cruzou os braços.
- Desculpe, null, mas existe, sim. Quando eu conheci a null, naquela festa do verão passado, não tive coragem de chegar nela. E adivinha? Me arrependi. Prometi para mim mesmo que quando a encontrasse novamente... isso aconteceria – deu um selinho na menina.
- Que festa, dona null? – null arqueou as sobrancelhas.
- Aquela que eu te chamei e você preferiu ficar em casa, comendo e dormindo.
- Eu estava estudando... e um pouco doente, você sabe – revirou os olhos novamente.
- Bom, lá eu me apaixonei por essa aqui – null apontou para null –, e quando eu a via aqui, precisei tentar cumprir minha promessa.
- E conseguiu! Muito bem, por sinal... – null e null começaram aquelas coisinhas melosas de casal, um fazendo carinho no outro, falando coisas fofinhas, ISSO POR QUE ERA A PRIMEIRA VEZ QUE ELES SE PEGAVAM, e null já estava nervosa, não queria ser vela de casal recém-formado.
- Então... null, podemos...
- Eu tenho que trabalhar – null disse, fazendo biquinho – Amanhã vocês voltam, não voltam?
- Voltamos! – null disse antes de tudo.
- Até amanhã, meninas. – null deu um beijo em null, com calma, e saiu, fazendo aquele típico sinal de ‘rockeiro’ com o dedo indicador e o mindinho. null suspirou assim que o menino saiu de vista.
- Tá apaixonada? – null riu, sentando-se ao lado da amiga.
- Sempre estive... – olhava para o céu, como se estivesse nas nuvens.
- Então ele era o cara que você me disse quando voltou da festa? Aquele pelo qual você me ligou às TRÊS DA MANHA para contar? E que não chegou nele? – disse irônica.
- Exatamente! Ele não é lindo?
- É mesmo, muito bonito!
- Para, você não pode olhar para ele, meu homem! – deu um tapa no braço de null.
- Fica tranquila, já tenho o meu. E esse null parece bem... Grudento?
- Grudento nada, ele é um fofo! – sorriu.
- Percebi, ele é fofo, MAS É SEU, perfeito para você. Amoroso, apaixonado... Amor à primeira vista, hein, null... Quem diria?
- Tomara que você comece a acreditar nessa coisa de amor à primeira vista, o seu também foi assim.
- Já disse, eu não estou apaixonada.
- E esse gorro? Vai, pode começar a contar!

Dia 3:

Novamente, null não conseguiu dormir à noite. No dia anterior, às 19:45 as duas já estavam na casa da null tomando chá e conversando sobre seus rolos. Ou possíveis rolos. null suspirava o tempo todo, não saía do celular. null, mesmo trabalhando, trocava mensagens com a garota. null pensava como tanto amor surgira em UMA FICADA, mas hoje em dia... Tudo é possível, não? Até amor à primeira vista... Não, essa história toda melosa de amor à primeira vista não existe e ponto final. Pelo menos era o que null pensava.
E aquela droga de gorro não ajudava. null não havia soltado aquele negócio por nenhum segundo. Até tentou, mas mesmo para dormir. O pedaço de pano colorido tinha o perfume de null. null... Esse veio para lhe confundir, enlouquecer. E não seria fácil esquece-lo, null sabia.

***

- Vamos logo, null! Eu e o null combinamos de nos encontrar antes do festival para almoçar! – null apressava a garota.
- Quem te viu, que, te vê! Ontem eu 'estava te devendo uma', e agora você que vai ficar devendo! – riu.
- Na verdade, esse era o favor. Anda logo, senão eu vou me atrasar e ele vai ficar bravo e...
- Calma, menina! Vocês se conheceram ontem – disse, arregalando os olhos. null sempre pulava de cabeça nas novas relações.
- Ai, como você é chata! – disse, elevando o tom - Eu já disse que eu gosto dele faz tempo, certo? Para com isso e se arruma, null! – bufou - Vai dizer que não está louca para ir ao encontro do príncipe pinguim? – fez aspas com as mãos e uma vozinha irritante, afetada.
- Infantil. Eu já estou pronta, só acho cedo chegarmos às 11:00 para um almoço marcado entre12:30 e 13:00.
- Vou pegar o lugar, preparar tudo! Eu sei o que estou fazendo – disse, indo para a porta. null pegou sua bolsa e seguiu a menina. Sabia que seria um dia difícil. Estava nervosa. Mas daria tudo certo, tinha que dar. Respirou fundo e saiu pisando com força na rua.

***


Seria mais difícil do que pensara. Chegaram ao parque quase no mesmo instante em que saíram, null saiu correndo pela rua que nem uma doida, em dez minutos estavam na porta do local. Prepararam tudo e avisaram null, ele viria mais cedo. Mesa (toalha) posta, comida arrumada, pronto!
- null, pode ir agora, ele deve estar chegando... - null sorriu e abraçou a amiga.
- Como assim? - aquilo não podia estar acontecendo.
- Como, ‘como assim’? Eu vou comer com o null! E você... Você pode procurar seu príncipe e...
- Serio isso, null? Eu não tenho ideia de onde ele possa estar! Droga! - bateu a mão na própria testa, ficaria sozinha o dia todo.
- null, relaxa! Ele vai te encontrar! Mas é que eu e o null...
- Eu entendi, quando acabarem, você me liga, ok? - tinha desistido de ficar junto na melação.
- Sim! Ai, null, obrigada, você é a melhooor! - abraçou novamente.
- Ta, ta, manda um oi pro seu namoradinho... – disse, se afastando.
- Pode deixar... Meu namoradinho - ela sorriu.

***


Encontrou um banco um pouco afastado do palco e se sentou. Tinha vários bancos pelo parque, ela gostava daquilo. Precisava pensar. Queria mais que tudo ter null, não sabia por quê. Sentia que tinha apenas uma necessidade de conversar com ele, conhecê-lo. Era impossível... Sentia frio na barriga só de pensar no garoto, ao lembrar do dia da bicicleta. Como chegara eufórica em casa aquele dia... Ele lhe fazia bem. Ela se sentia bem perto de null. Era estranho. Muito estranho. Mas o pior, como o encontraria no meio de tanta gente? Sabia seu primeiro nome e sabia também que trabalhava no festival. Eram tantas pessoas... Como achar o cara perfeito ali no meio? Droga, droga, droga.
Quando percebeu, já eram 14:00. Havia comprado um sanduíche e um refrigerante em algum lugar ali perto, não estava com tanta fome. Foi lentamente em direção ao palco, queria ver os shows. Sua vontade não era como a do primeiro dia, mas mesmo assim, estava ali para isso.
Existia um lugar para deixarem mochilas, bolsas, bicicletas, tralhas... Bicicletas! null olhou novamente o pequeno espaço para as pessoas largarem o que quiserem ali no meio da grama e viu. A bicicleta vermelha que mudara sua vida estava bem ali em sua frente. Tinha o mesmo risco que ela causara na bicicleta, ele ainda não havia pitado. Claro, fora dois dias atrás! Mas parecia um século... Sentiu um arrepio subir sua espinha só de pensar. null estava no parque. Poderiam se encontrar a qualquer segundo.
Olhou ao redor e não viu nenhum sinal dele. Seria difícil encontra-lo sem seu gorro. Mas ela o usava, seria fácil para ele identificá-la. Ponto para null.

***


A batida da quarta banda começara. null ainda não aparecera. null também não. Nenhum sinal dele. Provavelmente, havia esquecido a menina. Só mais uma. Ele era tão bonito, deviam chover garotas sobre ele! Mas... E o gorro? Ele provavelmente o quereria de volta... Qualquer coisa, null deixaria com os seguranças do show e pronto!
Alguns rockeiros chegaram em null, tentando puxar papo, ela não deu bola para nenhum. Sem chance, não tinha cabeça para outro cara, a não ser null. Um menino bonito conversou com ela durante o primeiro show, mas ela fora tão fria que o garoto logo desistiu. Se arrependimento matasse... null pelo menos teria uma companhia, se pensasse melhor, antes de despachar todos. O problema era que, mesmo sem querer, comparava todos com null. Nenhum chegava aos seus pés. Nenhum.
Suspirou. Estava sozinha. null amava aquela banda, assim como todas as outras, mas que graça tinha ficar ali, de cara com os artistas, se não tinha ninguém para gritar e pirar junto? Ficar sozinha em um show era uma das piores coisas do mundo, de acordo com a garota,
Às 22:00 se aproximavam, ela havia esquecido completamente do show amador que teria! Esqueceu também de inscrever null... Será que de última hora seria possível?

22:13

Respirou fundo. Seria seu primeiro show, fora do youtube. Respirou fundo.
- null, vai dar tudo certo! - Colocou a mão nos ombros do amigo – Relaxa, cara, ensaiamos pra caramba! É só fazer como se fossemos só nós quatro na minha casa, de cueca, gritando! Fica calmo! - null ria enquanto tentava ajudar o amigo, que suava frio antes de entrar no palco. Eles eram a primeira banda amadora. Se preparavam na parte de trás do palco, ambos sabiam que elas estariam na plateia. null queria ter ido atrás de null quando a garota apareceu por ali, mas null não deixou. Achou melhor esperar o show acabar, para o ‘reencontro ser profundo’. null estava nervoso também, mas sabia controlar melhor seus sentimentos. null era mais explícito, quase transparente.
- Prontos, meninos? – o apresentador lhes perguntou. null acenou com a cabeça e chamou os outros dois, que deveriam estar comendo pizza por ali. null deu um último gole em seu copo d’água. O senhor subiu no palco com um sorriso – E pela primeira vez nos palcos, null!!! – os chamou. Os quatro integrantes se olharam. Agora é a hora.

22:05

Correu em direção à parte de trás do palco, queria inscrever null, se ainda fosse possível. Quando a chamassem, ela apareceria finalmente!
- null? – virou se com pressa e deu de cara com null, que impediu sua passagem.
- null! Oi! – disse, ainda ofegante pela curta corrida.
- Tudo bem? Está com pressa? - riu.
- Na verdade, eu queria inscrever a null no concurso amador do festival, com o objetivo de encontrá-la... Mas, como te achei, você deve saber onde ela...
- Vish, null! Eu vou me apresentar agora! Ela disse que iria te encontrar e me assistir da primeira fileira!
- Você tem uma banda, é? - arqueou a sobrancelha.
- Eu e o... Quer dizer, a null não te falou? - passou a mão pelos cabelos, visivelmente nervoso. null não saía da frente de null por algum motivo desconhecido. Pelo menos para a menina.
- Não! Ela não me disse nada! - sorriu.
- Bom, eu tenho que ir terminar de arrumar tudo! Os caras estão nervosos, sabe como é? - abraçou null.
- Claro, boa sorte! Estaremos na grade gritando por você! - null saiu correndo em direção à parte da frente do palco. null, a perdida estava solta novamente.
- Por mim e pelo null... - disse assim que perdeu a menina de vista, balançando a cabeça negativamente e sorrindo.

22:10 – Coloque esta música para carregar e dê play na nota 

Avistou null no meio da multidão. Como se enfiaria no meio de tudo aquilo para chegar na amiga? Se agachou e foi quase rastejando. Fora pisoteada, puxada, socada. Tivera que enfiar o gorro de pinguim dentro da própria camiseta, para não levarem embora.
- null! Onde você estava? - null perguntou, sorrindo.
- Te procurando? Acabei de achar o null, ele me disse que você estaria aqui... – disse arrumando o cabelo que estava todo bagunçado, e recolocando o gorro.
- Ai, esse gorro... - balançou a cabeça - Não quero nem ver quando encontrar esse tal de null finalmente!
- Não sei nem se vamos realmente nos encontrar... Não o vi ainda... Acho que ele talvez tenha desistido de me ver – disse, cabisbaixa.
- Cala a boca! Você acha que ele deixaria o próprio gorro ridículo de pinguim com uma menina qualquer? Ele ficou atraído, ao menos! Agora para de falar que o meu null já vai entrar! Ai, null!!! - deu um gritinho, ela estava empolgada, não conseguia parar de sorrir. Ao contrário de null, que só queria ir embora o quanto antes. E levar o gorro consigo, uma lembrança, uma história iria junto com ele.
- Nem pra me contar da banda do null..
- Eu esqueci! Olha! O cara do festival está vindo! - sorriu com todos os dentes a mostra.
- E pela primeira vez nos palcos... null! - disse e todos bateram palmas. O senhor saiu e deu lugar a null, um outro menino que segurava uma guitarra, mais um e... Não. Não era... null?

* * *
(Dê play!)


- Boa noite! - um dos garotos desconhecidos disse no microfone.
- Iremos tocar Autumn Leaves! Irônico, não? - null sorriu, olhando diretamente para null. Como eram discretos.
null olhou para a plateia e a viu. Era null. Ele sabia seu nome, null havia lhe contado. Ela usava seu gorro. Toda sua coragem para tocar acabara de descer pelo ralo. null estava tão bonita. E usava seu gorro! Aquilo era incrível... Ela lhe olhava, surpresa. null não sabia se era bom ou ruim, mas ela o olhava. As guitarras começaram. null cantava para null. Não tiraria seus olhos dos dela por nenhum segundo.
Ela estava encantada. Era null. O seu null. O dono do gorro que ela usava na cabeça. Ele estava tão bonito com aquela regata... null sentia que seu coração sairia pela boca a qualquer minuto. Ele a olhava enquanto cantava. Sua voz era perfeita, era de outro mundo. null iria longe... Sentiu mais do que nunca que precisava de null. Teve vontade de chorar. Olhou para o lado e null se encontrava aos prantos de emoção. null encarava a menina enquanto tocava. Era possível sentir a relação, a química dos dois. E, com certeza, todos ao redor sentiam a conexão de null e null. Para ela, era só eles dois. Para ele, era só eles dois. null amava aquela música ' ...Do you ever wonder if the stars shine out for you? Float down, like autumn leaves...' Era tão perfeita... Como os dois. Era o nome do festival, festival que mudara sua vida. Mudara sua vida não por ser 'o primeiro de muitos', mas por ser o que em conheceria o possível cara de sua vida.
- Ele é tão lindo! - null se referia a null, mandava corações e beijos.
- Ele é perfeito... Muito mais do que eu pensava... - encarava null, maravilhada. Mesmo não o conhecendo, sentia que ele era especial. As pessoas ao redor pareciam gostar da música. Uma música boa, cantada por uma voz melhor ainda. Era impossível não amar. As cabeças na plateia mexiam conforme o ritmo da música. Alguns casais se beijavam, outros dançavam. Estava escuro. Estava silêncio, fora a música. null queria estar com null. Não apenas o observando e sendo observada, mas em seus braços. Ela suspirava enquanto ouvia a voz mais encantadora de todo o universo cantar sua música. A partir daquele momento, aquela era a música de null e null. Para sempre. Soube que, mesmo que não chegassem a conversar de verdade, que nada rolasse, ela teria todos aqueles acontecimentos em sua mente. Não conseguiria esquecer aqueles olhos, aquela voz, aquele rosto... null era para sempre.

***


- Obrigado, gente! - um deles disse, nervoso, mexendo no cabelo todo desarrumado.
- Sigam nosso canal no YouTube! - outro disse, sorrindo.
- Valeu! - null disse fazendo novamente o símbolo rockeiro com a mão, deixando o palco.
- null, minha maquiagem esta muito borrada? - null disse, arregalando os olhos.
- Não, null! Você esta linda... – disse, sorrindo.
- Nossa, você esta mais calma, mais leve! O que foi? Cadê a braveza? Viu o null, foi? - arqueou as sobrancelhas.
- Na verdade, sim. Ele era o cantor da banda do null... - suspirou.
- Como assim?! E ele nem me falou! Aaaah, null! Vai me contar direitinho essa história! Vem, null! - puxou a menina em direção à parte traseira do palco. Já a conheciam perfeitamente, visitavam o lugar com frequência.
null estava de costas, conversando com algum dos meninos que null não sabia o nome. null pulou nos ombros do quase-namorado e começou a beijar o pescoço do mesmo. null se aproximou com vergonha, não queria interromper o momento.
- Oi - ela disse ao menino que estava nervoso perto da pregação de null e null, que já se beijavam com voracidade.
- Oi! - sorriu e estendeu sua mão para null - null! Prazer!
- null! O prazer é meu! - sorriu de volta.
- null? Você é a null? - recuou um pouco.
- Sim! - estranhou - Por que? .
- Não, nada! É que... Eu... Eu adoro o seu nome, é lindo! - mexeu nos cabelo novamente, parecia nervoso.
- Ah, claro... - olhou para o chão. O único som ouvido era da banda que tocava e dos beijos de null e null, constrangedor - Vocês tocam muito bem!
- Jura? - sorriu - Obrigado! Temos algumas músicas postadas no nosso canal, depois você pode olhar, acho que vai gostar! Nos também fazemos...
- Olha quem apareceu! A menina da bandana! - null ouviu sua voz. Vinha de trás dela. null revirou os olhos. null prendeu a respiração, se preparava para virar. Ela estava bonita o bastante? - Tudo bem com você, null? – disse, abraçando-a por trás. null congelou. Se essa era a intenção de null, ele tinha conseguido perfeitamente. Deixou-a sem reação. Em dois segundos, chamou-a pelo apelido carinhoso E lhe pegou pelo ponto fraco, cintura. Boa, null!
- Oi... - ela disse, baixinho. Se esforçou para sua voz sair audível. Seu corpo todo estava arrepiado com o mero toque de null, que riu da fraqueza da menina. null, por sua vez, se retirou. Foi em direção ao outro garoto da banda que null ainda não sabia o nome. Aquilo não importava, null estava lhe abraçando - Eu estou bem, e você? - fechou os olhos, sentindo a respiração do menino em seu pescoço.
- Estou ótimo! Melhor agora! - virou null num movimento rápido, ficando frente a frente. null o abraçou pelo pescoço, null a atacou forte pela cintura. Se encaravam sem dizer nada, apenas conversavam com os olhos. Na verdade, nunca haviam realmente conversado na vida. Como null era bonito... Provavelmente, o mais bonito que null já vira. Ela só não sabia que ele pensava o mesmo dela, como era bonita.
null sorriu, foi se aproximando lentamente de null. Narizes já se encostavam, respirações misturadas, corações correndo maratonas e...
- Esse é o famoso null? - null sorriu de braços cruzados, acabando com o momento. null gargalhava ao seu lado.
- Droga - null sussurrou - Sim, null. Esse é o null - revirou os olhos.
- Prazer, null, null fala muito de você... - null estendeu sua mão, estava vermelho nas bochechas.
- Prazer é meu! - null apertou a mão dele e sorriu - Você é mesmo muito bonito, bem que a null falou! - null riu mais alto, levou um tapa de null, que queria se enfiar num buraco no meio da terra e sumir para sempre.
- null, vamos falar com o null? Ele queria me mostrar uma coisa quando vocês chegaram... – pediu, ainda se recuperando do ataque de riso desnecessário.
- Claro! null, qualquer coisa me liga, sim? – disse, mandando um beijinho no ar e piscando.
- '...We're falling in love, settle down with me!!!! And I'll be your safety, you'll be my lady...' - null cantava, quase gritava, para null enquanto se afastavam, abraçados e rindo.
- Desculpa... – Riu - Ela adora me...
- Fica tranquila, null! Eu sou realmente bonito, não precisa ter vergonha de dizer! – sorriu, metido.
- Olha só! Quem diria! Quando eu te vi, pensei que não fosse exibido como os caras de hoje em dia... Me arrependi de ter me esbarrado com você! – disse, irônica, boquiaberta.
- Tenho certeza que, se você não se arrependeu ainda, vai se arrepender! – disse, pegando-a pela cintura novamente, colando seus corpos. Estavam perigosamente perto.
- Por quê? – sorriu, desafiadora.
- Você não conhece null null, não ainda! - se aproximou e finalmente beijou-lhe os finos lábios. null passou seus braços pelo pescoço de null novamente, deixando o beijou melhor ainda. Aquele momento tão esperado foi perfeito, eles pareciam um só. Tinha uma sincronia, um gosto diferente de todos os outros.
- null, eu... Opa! - null se afastou rapidamente de null, com os lábios inchados. O último rapaz da banda estava li, com cara de culpado – Desculpe, eu volto depois!
- Agora que já interrompeu, fala, null... - null passou as mãos pelo próprio cabelo, ainda meio ofegante.
- Só queria saber se você estava ocupado... null, a namorada dele e null me deixaram sozinho... - fez bico - e pelo jeito, vou continuar sozinho - ele ia dar meia-volta, mas null o segurou pelo braço.
- Pode ficar com a gente... Não pode, null? - disse de olhos fechados, sabia que se arrependeria em alguns minutos.
- Claro! Oi, null? - sorriu.
- null! Bem que o null disse que você era bonita... - null sorriu e null corou.
- Ela é mesmo, não é? Mas é minha - abraçou a menina pelos ombros. Ela estava cada vez mais sem graça.
- Sou sua... Eu acho - suas bochechas queimavam.
- Acha? - null a encarou.
- Sou sua - deu lhe um selinho, o que o fez sorrir - É que nos acabamos de nos conhecer e...
- null, você passou uma noite com o meu Hemmo! Estamos praticamente casados... Falando nele, você fica ainda mais bonita o usando! – sorriu, a observando com o gorro.
- Casados? Então é um pinguim de compromisso que eu aceitei sem saber? - disse boquiaberta.
- Na verdade... Sim, eu te enganei... Mas se quiser desistir, eu deixo! Diga agora ou cale se para sempre... - se aproximou novamente.
- Hmmm... Então você esta me dando o seu tão amado Hemmo? - sorriu.
- Isso é um sim? - sorriu.
- Sim! - abraçou o mais novo 'marido'.
- Eu, como testemunha, aprovo o casório! – null fez uma cruz no ar, como se oficializasse a relação - Mas guardem a melação para depois! - se colocou no meio do casal, separando-os. Recebeu algumas reclamações, que logo cessaram.

00:30

Os seis resolveram deixar o festival no meio e ir até uma lanchonete ali perto, estavam com fome.
- Espera, então null e null casaram, e null virou padre? - null tentava entender.
- Sim! E eles se conheceram hoje! - null disse, balançando a cabeça em negação.
- Nos conhecemos há três dias, a null sabe! - null disse, apontando a menina que tomava seu milkshake, tranquila.
- Vocês se esbarraram! E a null foi uma tonta, só isso eu tenho a dizer! - levantou os braços em sua defesa, fazendo null rir.
- Como se você pudesse falar alguma coisa! Você nunca tinha falado com o null até ontem, e já se pegaram em três minutos de conversa! Eu e o null ao menos demoramos três dias! É muito mais! - revirou os olhos.
- Demorou por que você quis, tá? - null disse, deitando a cabeça no ombro de null, que estava de seu lado.
- Ai, null, tá bom, vai! - null disse, segurando a mão de null, que lhe abraçava pela cintura enquanto sentada.
- null, quer casar comigo? Só sobrou a gente! - null mandou um beijo para o amigo.
- Claro, podemos fazer um casamento triplo! – null bateu palminhas - Contanto que tenha pizza, eu estou ótimo! – sorriu, esfregando as mãos.
- Fechado, então, casamento triplo! - null sorriu.
- Mas podemos esperar um pouco, não podemos? Eu e a null temos 19, vocês, 19 e 21... Pelo menos aos 20! - null fez bico.
- Vocês que se resolvam depois, então, eu e a null já temos um pinguim de compromisso! - null disse, fazendo todos rirem - Que foi?
- Você é o único idiota a ponto de inventar um gorro de compromisso! - null riu alto.
- Idiota não, criativo! - null lhe deu um selinho.
- Que meigos - null sorriu, fazendo cara de quem ia chorar de emoção .
- Bom, marido, acho bom a gente ir... null e null estão bem acompanhados, deixemos os casais em paz! - null disse se levantando, acompanhado por null.
- Tchau, null! Tchau, null! Bom conhecer vocês! - null deu um beijo na bochecha de cada uma.
- Cuidem delas! - null fez o mesmo e fez aqueles cumprimentos com os meninos.
- Tchau, meninos! Até amanhã, eu acho! - null disse.
- Até amanhã! - null gritou, eles já estavam na porta acenando e sorrindo, fazendo aqueles coraçõezinhos bem gays também.
Os quatro riram e se olharam. Tudo havia acontecido tão rápido. Aqueles três dias tinham mudado a vida deles. null tinha encontrado o cara que sempre havia amado secretamente. null encontrou o que sempre procurou.
- Vamos indo, null? - null se levantou também - Me deixa em casa? - sorriu.
- Não pode ser na minha casa? - ele disse, malicioso.
- No carro conversamos - piscou e correu até a porta - null, me liga depois! Tchau, null! - saiu do estabelecimento.
- Corre, null, essa aí é louca! - null riu. null estava pasmo. Surpreso. Muito feliz.
- Anda logo, antes que ela desista! - null disse rindo e null saiu correndo atrás de null.
null e null se encararam por alguns segundos. Foi realmente tudo muito rápido. Estavam sendo precipitados? Apenas estavam matando a necessidade de ficar juntos, que vinha de ambos. null não sabia, mas null passara esses três dias se lamentando para null, null e null sobre a menina da bandana. E quando se encontraram no festival, ele a deu o gorro, pois prometera a si mesmo que teria aquela garota. Depois, descobriu seu nome e que ela também estava a fim, pelo seu fiel escudeiro null. Que mundo pequeno, os casais recém-formados, recém-conhecidos eram amigos entre si, chegava a ser assustador.
Naquele momento, não importava o futuro. Eles só queriam curtir o presente. Aquilo poderia durar até o mundo acabar, ou até a semana acabar. Não tinha por que pensar nisso. O importante era curtir cada pequeno momento que tivessem juntos.
- Você promete guardar o Hemmo com carinho? - null perguntou, fazendo carinho na bochecha de null.
- Prometo. Ele selou nosso compromisso, esqueceu? – sorriu – É mais valioso do que uma joia! - o abraçou pelas costas. Aquele carinho no rosto era tão confortante... null fechou os olhos.
- Mais valioso do que uma joia? – sorriu, e null concordou com a cabeça - Olha, Hemmo, fazendo sucesso! - acariciou a cabeça da menina, ainda com o gorro.
- Bobo... é um gorro... - ela sorriu, ainda de olhos fechados.
- Não, é nossa aliança! - null se aproximou e lhe beijou novamente. Aquele não era tão intenso como o primeiro, atrás do palco, no parque. Esse tinha algo... especial. Algo mais além de um simples beijo. Existia sentimento, dos dois lados. Naquele momento, foi possível sentir que, talvez, aquilo fosse para sempre. Agora sim, null acreditava em amor à primeira vista.

FIM


n/a: essa fic... É o amor da minha vida! Eu me apaixonei pela historia assim que eu comecei a escrever, assim que tive a ideia!! No inicio, nem era para se passar em Londres, nem ter os quatro caras da banda, não era para ter nem a banda!!! Era pra ser uma coisa curta de cinco paginas e vai lá, mas fui escrevendo e foi saindo!! Eu amei o resultado MAS AIUWEBFIBUEWFUIBWEIUFB não sei se ficou realmente bom. O titulo foi outra coisa que custei a achar, já tinha uma fic chamada 'Autumn Leaves' e eu quis morrer, seria o nome perfeito! Coloquei essa coisa de ‘Behind The Stage’ por que tudo acontece atrás do palco e é nois, pronto! Bom, eu queria só agradecer muito a Abby que tem betado as minhas fics e me aguentado com tanta paciência, eu sei que sou uma pessoa difícil de lidar... MUITO OBG ABBY, você é a melhor! E agradecer também a melhor-leitora-melhor-amiga-critica de todos os tempo, Martina (a melhor amiga original da fic), que leu cada pedacinho e me ajudou do começo ao fim! Por último, quem teve coragem de ler ate o fim, deve ter sido cansativo! ❤❤❤ Qualquer coisa, me chamem no twitter, @justmaslow :))

N/Beta: Oi, posso me meter aqui? hehe
Que fic fofa, Giu! Quero um Hemmo pra mim também e o Danny cantando Ed Sheeran pra mim também e :(
Adorei essa short não tão short hauehau Espero que outras meninas tenham gostado - e se gostaram, deixem um comentário! É rápido, indolor e de graça :D

Enfim, NÃO SOU A AUTORA DA FIC, mas em caso de erros, enviem um email para awfulhurricano@gmail.com ou um tweet para @AbbyCJ.


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