BETTER THAN WORDS, por Rafaela Julich
better
than
words
escrita
por Rafaela Julich, betada por Gabriella
O vento gélido cortava meu rosto, mas eu não tinha a mínima coragem de levantar da grama úmida. O frio era compensado pelos tímidos raios de sol que caíam sobre meu corpo. Ela respirava profundamente, deitada ao meu lado, e eu me perguntava se havia pegado no sono. Nem ao menos me importava com o silêncio, na verdade era uma grande dádiva depois de tantos meses escutando garotas gritarem por mim onde quer que eu fosse. Estávamos no quintal da casa dos meus pais, que estavam visitando algum parente distante do outro lado da Inglaterra, então era o momento perfeito apenas para fazer absolutamente nada.
- Achei que nunca mais fosse ter silêncio na minha vida... – eu disse finalmente, apenas para ter a certeza de que não havia dormido; não nos víamos havia cinco meses, queria poder aproveitar minha amiga o máximo que pudesse antes de ter que voltar para a turnê. Percebi, então, que ela estava acordada quando soltou uma risadinha fraca. Virei meu rosto em direção ao dela, que ainda mantinha os olhos fechados e um sorriso no canto dos lábios. Dias de sol naquele começo de inverno eram realmente raros.
- Os contras de participar de uma banda superfamosa – disse calmamente, respirando fundo e virando-se para me encarar. – Que bom que eles pelo menos te deram um tempinho para passar o fim de ano com a família.
- Eu surtaria se tivesse que passar o Natal em um ônibus de turnê – falei descontraído, apoiando a cabeça sobre a mão, a fim de encará-la melhor. Seus olhos estavam semicerrados para protegê do sol, e pequenas rugas formavam-se ao redor deles, e quem visse de longe pensaria que estava, na verdade, fazendo careta. Ela sempre tinha aquela expressão no rosto quando andava sob o sol, mesmo se estivesse de óculos escuros. Eu ria, mas no fundo achava adorável. – Você vai comigo na festa da Emma hoje?
bufou alto e voltou a se deitar na grama, fechando seus olhos fortemente e cruzando os braços sobre o peito, mostrando-se emburrada.
- Não sei por que diabos você insiste que eu vá nessas festas, – ela soltou em um tom irritado, enquanto eu ainda me apoiava sobre o cotovelo e observava as várias expressões bravas que seu rosto tomava, controlando-me para não rir. Eu achava incrivelmente engraçado o modo como ela dizia meu nome com raiva. – Acho que você faz isso só pra me humilhar.
Emma Crowther era uma modelo britânica famosa, da nossa idade, a qual eu havia me tornado amigo. Eu pensava que sentia um pouco de ciúmes dela, já que ultimamente estávamos saindo bastante juntos para as grandes festas londrinas. Eu nunca havia feito outra amiga além de , e eu sabia que ela era a pessoa mais ciumenta que eu conhecia. Mas a culpa não era minha se ela não era animada o suficiente para me acompanhar em todas as festas que eu gostaria de ir, portanto eu precisava arranjar uma companheira reserva.
- Como te humilhar? – perguntei confuso, preparando-me de todas as maneiras para convencê-la de ir comigo à festa. Eu já havia contado todas as nossas histórias para Emma, que era, de verdade, uma ótima pessoa. Ela era meio pirada como a , e eu acreditava que as duas seriam grandes amigas.
- Me arrastar pra essas festas cheias de modelos magérrimas e lindíssimas. É pra me humilhar, , pode admitir – respondeu, fazendo-me rir de suas palavras completamente absurdas. Cutuquei suas costelas algumas vezes, sabendo que o ato a faria sentir cócegas e finalmente abrir os olhos. No momento que ela parou de rir, voltou a me olhar com uma expressão séria totalmente fingida.
- Eu insisto pra que você vá porque eu quero apresentar a minha melhor amiga para todo mundo. Qual o mal nisso? – retruquei inocente, fazendo rolar os olhos.
- O mal é sair em toda revista de fofoca existente – ela fez uma careta. – A nova namorada de ? – agora forçou uma voz fina que me fez gargalhar. – Por que toda garota que aparece ao seu lado tem que ser sua namorada?
- Porque eu sou lindo – dei de ombros, voltando a me deitar na grama – É inevitável pensarem que eu sou um garanhão – falei brincando, recebendo um tapa no ombro.
- Você é um idiota, é bem diferente – disse rindo e também voltou a se deitar na grama, fechando os olhos.
Passei a encará-la enquanto pensava em novos meios de convencê-la a ir na festa. conseguia ser bastante cabeça dura quando queria. Seu peito subia e descia lentamente de acordo com o ritmo de sua respiração, e sua feição agora era tranquila. Eu sabia que no final, apesar de discutir e tentar achar razões plausíveis pra me fazer desistir, ela iria na festa comigo. Apesar dos rumores de eu estar namorando Emma, ela era realmente uma grande amiga, e, então, precisava conhecer uma das pessoas mais importantes da minha vida. e eu éramos amigos desde quando eu me lembrava, já que havíamos crescido juntos por nossas mães serem melhores amigas do colégio. Eu não lembrava um momento da minha história em que não estivesse envolvida. Foi nela em que roubei meu primeiro beijo quando tínhamos apenas onze anos – eu tinha visto um casal se beijando em um filme e resolvi testar, mas quando disse que não me beijaria nem em um milhão de anos, resolvi roubar um (e levei um grande tapa na cara). Foi no ombro dela que chorei pela primeira decepção amorosa. Foi com ela que bebi a primeira garrafa de cerveja – escondidos no quintal da casa de seus pais, e quando fomos pegos levamos castigos conjuntos. Foi ela a primeira pessoa que liguei quando descobri que havia conseguido assinar contrato com uma grande gravadora com a banda. Foi quem treinou comigo para minha primeira entrevista na televisão. Ela estava presente em todos os principais momentos da minha vida.
Abracei-a pelos ombros e prendi-a sob as minhas pernas, de um jeito que eu sabia que a irritava. Quando ela tentou desvencilhar do abraço vulgo prisão, como ela dizia, dei um beijo estalado em sua bochecha.
- Só solto quando disser que vai na festa! – falei entre risos das tentativas dela de se desprender. – Diga que vai na festa! – agora gritava para que eu a soltasse, mas eu só a apertava ainda mais entre as minhas pernas.
- Meu Deus, como você é chato! – ela gritou, também rindo, ao mesmo tempo que tentava me esmurrar. – Eu vou na droga de festa! – cedeu e eu finalmente a soltei. agora se levantou e deu vários tapinhas ao longo do corpo para se livrar da grama grudada em sua roupa. Eu continuei deitado, com um sorriso angelical no rosto. – Só você pra fazer uma desengonçada como eu ir a uma festa de modelos. Só você, ...
E com um rolar de olhos, balançou a cabeça em uma falsa desaprovação e foi em direção à casa, provavelmente pronta para ir embora.
- Te busco as sete! – gritei antes de escutá-la bater a porta de entrada com força, fazendo-me gargalhar.
Eu estava um pouco nervoso. Fazia tempo que eu não ia a uma festa com . Quando eu ia para a casa dos meus pais, normalmente fazíamos coisas que nem ao menos requeriam que saíssemos de casa. Víamos milhares de filmes e séries, ela me apresentava algumas bandas novas e ficávamos escutando seus CDs por horas em seu quarto, e quando saíamos, fazíamos programas do tipo ir à sorveteria. Na época do colégio íamos bastante para festas, era o que mais gostávamos de fazer. Eu e sempre fomos pessoas festeiras. No entanto, depois que a fama me atingiu em cheio, toda vez que tentávamos sair éramos seguidos por paparazzi, e no outro dia surgiam milhares de fofocas sobre nós dois. Eu já havia perdido as contas de quantas vezes tive que repetir em entrevistas que era minha melhor amiga de infância e nada mais. Mas sempre que tentávamos sair novamente, os rumores sobre um romance voltavam, e quando eu, por exemplo, saia com alguma outra garota, soltavam na imprensa que eu estava traindo . Era uma droga.
Portanto, chegou a um ponto em que nem mais gostava de sair de casa comigo, o que era realmente triste. Sempre imaginei que a fama iria mudar a minha vida, mas não a ponto de afastar a minha melhor amiga. Ela tentava ser o mais compreensiva possível, afinal, ela fora a maior torcedora para o meu sucesso. Entretanto, eu sabia que tinha seu limite. Eu gosto de ser uma garota normal, ela dizia, Já você nasceu para o estrelato, . Dizia com uma risada no final, mas às vezes eu sentia um tom triste em sua voz, eu a conhecia bem o suficiente. O que me deixava triste também, na maioria das vezes.
Era por isso que eu havia insistido tanto para que ela fosse na festa, e por isso também estava nervoso. Eu sabia que, eventualmente, aquela euforia da imprensa iria passar, mas eu queria que se acostumasse, ou pelo menos que a mídia aceitasse o fato de eu ter uma melhor amiga que não era minha namorada, e que respeitassem isso. Todos os aspectos da minha vida haviam mudado, eu jamais deixaria que aquilo mudasse também. era a âncora que mantinha meus pés no chão. Era o resquício da vida antiga e leve que eu tinha. Ela precisava continuar comigo em todos os detalhes da minha história.
Limpei as mãos na calça jeans e fui até a garagem, preparado para buscar . Crawley era a mais ou mentos quarenta minutos de Londres, portanto a viagem não seria muito longa. Buzinei duas vezes na porta da casa dos e vi a mãe de acenar para mim de uma janela do segundo andar. Um tempo depois, minha amiga apareceu.
Às vezes eu esquecia o quão linda ela era. Sabe quando você convive tanto com uma pessoa, que a beleza é a última coisa que você se importa? Eu obviamente sempre achei uma garota bonita, uma das mais bonitas que eu conhecia inclusive, apesar de ela nunca acreditar. Mas como, normalmente, sempre ficávamos dentro de casa, aparência não era o que mais nos preocupava. Na maior parte das pequenas férias que eu tinha e que passava dentro do quarto de , eu me tornava quase um mendigo. E ela estava sempre sem maquiagem, por vezes o cabelo bagunçado preso e roupas relaxadas. Não nos importávamos, o importante era que estávamos finalmente juntos para apreciar a presença um do outro.
Então meu queixo literalmente caiu, como normalmente caía quando resolvíamos ir para alguma festa. usava uma calça de couro preta, uma blusa branca que deixava parte do ombro direito a mostra e um sapato de salto altíssimo vermelho nos pés. Seus cabelos estavam soltos e eu nem ao menos me lembrava que eram tão longos. Quando chegou perto, vi que tinha uma maquiagem preta nos olhos que os destacavam de um jeito marcante e um batom vermelho nos lábios. Estava maravilhosa. Saí do carro para abrir sua porta e soltou uma risada.
- Tentando me impressionar, ? – ela disse sarcástica, arqueando uma sobrancelha. Rolei os olhos e fechei a porta assim que se sentou no banco carona.
Seu perfume preencheu o carro e eu tive o impulso de grudar meu nariz em seu pescoço, fazendo com que se encolhesse e arrepiasse. Eu amava aquele perfume, e minha amiga dizia que apenas o usava em ocasiões extra-especiais. Depositei um beijo no local, fazendo-a arrepiar ainda mais e dar um tapa em minha perna.
- Vamos logo, , antes que eu mude de ideia – disse num suspiro, virando o rosto porque provavelmente estava corada, o que me fez alargar um sorriso. Minha especialidade: deixar sem jeito, algo bastante difícil de se fazer.
Ela tirou da bolsa um CD da banda Secondhand Serenade, que na minha opinião não era a playlist ideal para se escutar a fim de nos preparar para uma festa, no entanto não contestei. Eu era esperto o suficiente para não opinar sobre a música de , e afinal, a banda era boa. Provavelmente estava nervosa, pois costumava dizer que Secondhand a acalmava. Acho que ela realmente achava que iria se humilhar em uma festa cheia de modelos. O que era pior: acho que ela não entende o quão única e especial ela era.
Entrelacei minha mão na sua, tentando lhe passar algum tipo de segurança. Talvez eu fosse um pouco egoísta por fazê-la passar por todo aquele tumulto da mídia novamente, mas quando ela apertou minha mão na sua e sorriu, eu entendi seu recado: eu estou bem.
- I promise you I will bring you home – cantei um trecho da música, dando um leve beijo em sua mão e voltando a prestar atenção na estrada.
- Emma, essa é a – eu finalmente as apresentei, talvez um pouco animado demais. O fato era que as duas tinham muito em comum. Adoravam as mesmas músicas, os mesmos filmes e séries, e eram duas desengonçadas. Não sabia ainda como Emma havia se tornado modelo, uma vez que nenhum dos estereótipos se aplicavam a ela. Claro que era incrivelmente bonita, mas seu jeito desencanado me fazia pensar que ela devia estar em uma banda, quem sabe.
- Finalmente conheço a famosa ! – Emma disse descontraída, puxando para um abraço. Minha amiga então soltou minha mão que vinha segurando de nervosismo desde o minuto que estacionamos o carro.
- Bom, eu acho que a única pessoa que não tem nada de famosa aqui, sou eu – soltou em meio a um sorriso, enquanto passava os olhos pela casa lotada de Emma. Ela estava tentando se recompor do estardalhaço que havia sido antes de entrarmos no recinto. Havia algumas dezenas de paparazzi de prontidão na porta, que aproveitaram para tirar milhares de fotos e fazer perguntas indiscretas.
Emma pareceu perceber seu nervosismo e, após me lançar uma piscadela, puxou pela mão e a levou para conhecer algumas pessoas. Eu me sentia exageradamente protetor sobre , então eu a seguia com os olhos onde quer que fosse, só para tentar ler suas expressões e ter certeza de que estava bem. Como eu havia previsto, minhas duas únicas amigas se deram bem de imediato. Logo já estavam rindo uma com a outra, provavelmente uma fazia piadas piores que a outra. Em certo ponto da festa, já se sentia bastante à vontade. Emma a deixou conversando com um garoto e veio em minha direção, entregando-me um novo copo de vodca.
- Ela é ótima – Crowthe disse com um sorriso entre um gole e outro, parecendo realmente sincera. – Vocês fazem um belo casal.
E foi nesse momento que engasguei com a minha bebida, tossindo compulsivamente. Emma gargalhou escandalosa e passou a dar tapinhas nas minhas costas. Eu era acostumado com a mídia achando que e eu formávamos um casal, mas eu ainda me assustava quando alguém próximo de mim dizia algo como aquilo. Tive que repetir milhares de vezes para meus amigos de banda que éramos apenas amigos, até que eles acostumassem e vissem que nosso relacionamento era, realmente, baseado apenas na amizade. Eu não entendia porque as pessoas não acreditavam na amizade entre um garoto e uma garota.
- Eu já te disse que não somos um casal, Emma – falei um tanto irritado por ter que repetir aquela frase. Sempre que eu falava sobre para a garota, ela perguntava: E vocês não são mesmo um casal?
- Vamos lá, , vocês podem não perceber, mas são perfeitos um para o outro. Eu sempre achei bonitinho o modo como você falava sobre , mas vendo vocês dois aqui, juntos, eu vejo o quanto vocês dois se completam... – a loira disse em um tom filosófico, como se estivesse refletindo. Eu achava era que ela estava bêbada demais. Ri e olhei em direção a , que conversava agora um pouco sem graça com o modelo que havia a abordado. Vi que era minha hora de intervir.
- Óbvio que nos completamos, ela é minha melhor amiga – rebati com firmeza, ainda encarando e o garoto. Ela olhava para os lados, provavelmente procurando por mim, e queria acabar com a conversa com Emma de forma educada para resgatá-la. Aquele assunto sempre me cansava.
- , olhe pra mim – Emma disse séria e fui obrigado a encará-la. – Os melhores relacionamentos surgem das melhores amizades. Nunca pensou em dessa maneira?
Voltei meus olhos na direção da minha melhor amiga. Eu podia até mentir para Emma, mas não podia mentir para mim. Eu já havia pensado em daquela maneira, era inevitável. Os pensamentos não eram constantes, mas às vezes aquele “e se” sempre me atormentava, principalmente quando conhecia alguma garota. Não conseguia não comparar qualquer garota que me envolvia com a minha melhor amiga, afinal, ela tinha tudo o que eu mais gostava em alguém. Mas era exatamente por essa razão que ela era a minha melhor amiga. Para ser ainda mais sincero comigo, minha própria mãe havia dito exatamente a mesma frase que Emma. Os melhores relacionamentos surgem das melhores amizades. Eu sempre entrava naquele clichê do medo de acabar com a amizade – apesar de pensar que era praticamente impossível que nossa amizade fosse destruída de qualquer maneira – mas, principalmente, eu tinha medo de arrastar para aquele mundo em que vivia agora. Talvez ela estivesse certa, e eu havia nascido para aquilo, entretanto, eu tinha a única certeza de que ela não. Nossa amizade sobrevivia, mas será que conseguiríamos com um relacionamento?
E era por isso que eu evitava ao máximo pensar em daquela maneira e me limitava a aproveitar sua amizade, que afinal, era a melhor coisa que eu tinha na vida. Não tinha como ficar melhor que isso, tinha?
Nem ao menos respondi Emma, afinal, como ela haveria de entender? Fui até na intenção de salvá-la; disse ao garoto – duas vezes mais alto e forte que eu, como era de se esperar de um modelo da Abercrombie – que estava comigo e ele então finalmente a deixou em paz. Minha amiga me abraçou de imediato, aliviada, e eu a envolvi com meus braços, aspirando novamente seu perfume. Inconscientemente olhei para Emma, que nos encarava. A garota piscou, sorriu e voltou a conversar com a pessoa na sua frente.
- Graças a Deus você chegou. Esse cara só sabia falar de malhação! Que cara eu tenho de pessoa que malha? – disse divertida, já alta pela bebida, ainda com os braços ao redor do meu pescoço enquanto eu também a segurava pela cintura. Uma música calma preencheu a enorme sala e eu aproveitei para continuar com o corpo colado no de . Ela percorria o recinto com os olhos e um sorriso nos lábios, já eu observava sua silhueta se movendo lentamente com a melodia. Eu estava feliz por ela estar gostando da festa, mas ao mesmo tempo confuso pelas palavras ditas por Emma. Será que um dia eu conseguiria achar outra garota como ? Ou eu estava apenas me enganando, tentando encontrar resquícios dela nas outras, por que na verdade era ela quem eu sempre quis?
De repente, o de onze anos se despertou dentro de mim e eu fiz algo completamente imprevisível e inconsequente. Resolvi roubar um beijo de , assim como havia feito quando mais novos, e por um impulso, colei nossos lábios.
Eu não saberia descrever exatamente como me senti naquele momento, mas parecia que eu havia acabado de virar dez doses de tequila. Pense na sensação de ficar bêbado. A onda de alívio que percorre por seu corpo, seguido de um relaxamento, ao mesmo tempo aquele fogo que corrói sua garganta e estômago. Eu não conseguia raciocinar, meus sentidos estavam completamente embaralhados e minhas mãos espalmadas das costas de formigavam e começavam a suar. Meus pés podiam se afundar no chão a qualquer momento. Todas aqueles sentimentos que tive a primeira vez que a beijei há onze anos atrás e jamais senti outra vez.
Afastei nossos lábios, só para saber se me estapearia de novo. No entanto, assim que abri os olhos para encarar os seus, a garota ainda os mantinham fechados por alguns segundos. Eu precisava urgentemente que ela os abrisse para que eu pudesse ler sua expressão e saber o que passava em sua mente, como eu sempre fazia. Não havia tirado os braços do meu pescoço, mas ainda não me encarava, e eu não sabia se aquela era uma reação boa ou se ela nunca mais iria olhar para mim. A última alternativa fez minha cabeça revirar.
- Eu sempre me perguntei como seria beijar crescido... – sibilou calmamente, abrindo um pequeno sorriso no canto dos lábios e os olhos lentamente. Quando me encarou, todo o furacão repentino dentro de mim pareceu se acalmar, e a vida entrou nos eixos normalmente. Ri baixo e levei as mãos até seu rosto, envolvendo-o por completo.
- Tudo bem se eu tentar de novo? – falei meio desconsertado, sentindo-me tímido, pela primeira vez, diante de . – Quero dizer, um beijo de verdade... Posso te dar um beijo de verdade?
pareceu se divertir com a minha timidez repentina, ao passo que soltou uma leve risada, e balançou seu rosto ainda entre as minhas mãos. Dessa vez eu tive a certeza de que meu estômago seria reduzido ao pó, enquanto meu coração não se decidia entre bater frenético ou parar de funcionar de vez.
Coloquei uma mecha de seu cabelo atrás da orelha e acariciei suavemente sua bochecha, levando a fechar os olhos.
Eu podia estar ficando louco, podia estar muito bêbado, estar me confundindo, ou sendo impulsivo demais. Mas a verdade era que Emma tinha razão. Nós podíamos não ser perfeitos, mas nós éramos perfeitos um para o outro. Por que nos completávamos.
Então colei nossos lábios novamente e a apertei pela cintura no segundo em que toquei sua língua com a minha. Quando senti os dedos de entrelaçarem-se em meus cabelos, intensifiquei o beijo e trouxe seu corpo para mais perto do meu, ao mesmo tempo em que sentia seu perfume me inebriar por completo. O jeito como ela enrolava alguns fios de cabelo nos dedos, ou como sorria contra meus lábios, ou o modo que ela me fazia sentir como aquele menino curioso de onze anos, me dava certeza de que aquele era o melhor beijo da minha vida, com o perigo de estar soando clichê demais. E quando finalmente o partimos, sabia que queria fazer aquilo repetidas vezes – quantas vezes que deixasse.
- Estamos bem? – sussurrei, com o rosto ainda centímetros do dela, fazendo um carinho em seu nariz com o meu. continuava a enrolar meus cabelos em seus dedos, enquanto parecia analisar meu rosto com um sorriso que brincava no canto dos lábios.
- Sempre estaremos bem – ela sussurrou de volta, colando nossas testas. – O que você acha de voltarmos pra Crawley e pra nossa velha rotina enquanto você não volta a ser , a superestrela?
Aquela frase foi como um soco no estômago.
- Quer dizer que... Você não quer... Você quer que as coisas voltem a ser como era antes? – eu provavelmente soava muito ridículo batalhando com as palavras daquele jeito. afastou se afastou um pouco, ainda sorrindo. Minha necessidade de tê-la para mim agora era urgente. Como se aquele beijo tivesse despertado todos aqueles sentimentos que antes estavam tão escondidos dentro de mim.
- Não, bobo – disse com calma, seus olhos ternos me encarando. – O que eu quero é voltar para casa, passar o resto de férias que você ainda tem... – ela sibilava enquanto colava em mim e entrelaçava os braços novamente no meu pescoço. Então chegou a boca bem perto do meu ouvido, fazendo-me arrepiar cada fio do meu corpo. – E te beijar o quanto eu puder.
Seu tom era brincalhão, e eu não pude deixar de gargalhar, ainda tendo dificuldade de assimilar tudo que estava acontecendo. Sem mais delongas, juntei nossos lábios novamente em um beijo com mais urgência, minhas mãos percorrendo cada curva por debaixo de sua camiseta.
- Não vamos perder mais tempo aqui, então – finalizei com um selinho rápido e deixei a casa de Emma sem nem ao menos me importar em despedir. Entrelacei meus dedos nos de e corremos até o estacionamento, aos risos das perguntas e flashes dos paparazzi.
FIM
Nota da Autora: Olá gatinhas! Cá estou eu traindo meu muso Dougie Poynter e escrevendo uma fanfic do One Direction. Resolvi fazer experimentos com esse fandom, já que há um tempo estou apaixonada por esses novinhos lindos. Espero que vocês gostem dessa short, que aborta meu tema favorito (e clichê) de todos os tempos: romance entre melhores amigos. Essa fic surgiu de um Challgende que eu lancei no grupo das minhas fanfics, onde todas as participantes escreviam One Shots com um tema que outra garot dava. Enfim, comentem e me digam o que acharam, já que essa é a minha primeira fic do One Direction :)
xx,
Rafa J.
Links:
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Outras fics:
+ The One That I Need (mcfly, finalizada), Different Ways To Say I Love You (mcfly, finalizada), Yours To Hold (mcfly, finalizada), Sam's Wedding (mcfly, finalizada), 98 and 6 Degrees (mcfly, finalizada), Three Cheers For Sweet Revenge (mcfly, finalizada), Dear Diary (mcfly, finalizada), Nothing Personal (mcfly, finalizada), The Rizza (restrita, em andamento)