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Finalizada em: 05/10/2016

Capítulo XIV



’s POV

Chegamos ao aeroporto e demoramos uns 20 minutos para encontrar o portão pelo qual nosso amigo sairia, quando chegamos nele não tinha mais ninguém ali. já roía as unhas de ansiedade enquanto eu tentava arrancar alguma informação da moça do balcão da companhia aérea.
– Bem se vê que vocês não são britânicas, nem um pouquinho pontuais! - Olhei para trás e demorei algum tempo para reconhecer o rapaz moreno a minha frente. Com calça e camisa sociais, segurando um terno na mão e uma mala ao seu lado, ele sorriu irônico para nós e tanto eu quanto olhávamos boquiabertas para ele.
– Jackson?! - literalmente o analisava de cima a baixo, virando a cabeça de um lado pro outro para ver todos os ângulos.
– O próprio, sua desnaturada! - Ele disse arqueando uma das sobrancelhas enquanto mesmo desconfiada chegava mais perto para abraçá-lo.
– Não pode ser, você está MUITO lindo! - antes de abraçá-lo expressou o que eu também estava pensando, quando “Jackson” riu eu tive certeza de que era ele mesmo, aquela risada inconfundível e aquele olhar fuzilante também.
– Já entendi seu amor verdadeiro por mim, anda logo e me dá um abraço, senão dou meia volta e vou embora!
– Você jamais sairia daqui sem arrancar tudinho da gente, eu te conheço! - saiu do abraço rindo enquanto Jackson rolava os olhos, sorrindo de lado em seguida.
– E você, baranga? Vai ficar só olhando? - Ele estendeu os braços para mim que não resisti em correr até ele e abraçá-lo o mais forte que podia.
– Chega vocês já me amassaram demais! - Jackson pegou em nossas mãos e nos fez dar uma voltinha – Gente, esse ar daqui deve fazer bem mesmo, viu!
Nós três rimos com o comentário idiota e o ajudamos a pegar as malas. Depois da insistência dele em ficar no hotelzinho em que ele já tinha reserva, nós o arrastamos Londres afora.

– Olha aqui, suas doidas, eu tenho uma reputação a zelar, não é porque vocês ficam pegando esses meninos de boyband que eu vou me dar ao desfrute com vocês! - Jackson começou a andar na nossa frente, um pouco antes de chegarmos perto da London Eye.
– Pode mudar a roupa, mas continua ridículo! - riu, parando com as mãos na cintura enquanto Jackson continuava a andar sozinho. Depois de algum tempo ele percebeu que estava sozinho e enfim olhou para trás indignado.
– SUAS BRUXAS – Sem o menor pudor ele gritou, em português e obviamente quem não tinha nos visto, agora não parava de nos olhar. Nós duas não aguentamos e rimos até a barriga doer, enquanto Jackson voltava para perto de nós.
– Gente, para de me fazer pagar mico.... Como é que eu vou fingir que eu sou chique com vocês me sabotando assim?! - Jackson falava entredentes acenando para um casal de idosos que passava por nós, nos encarando com o semblante sério. E mais uma vez nós rimos da piada interna.
– Meu bem, nem nascendo de novo você fica chique, amor! - abraçou Jackson que tentava protestar enquanto nós duas começávamos a abraçá-lo e beijá-lo demais em público. Tudo que ele não queria que fizéssemos.
– Eu mereço mesmo! - Jackson nos deixou brincar por um tempo até que ele resolveu se desvencilhar de nós, tentando nos fazer cócegas.
Apenas passamos pela London Eye, a fila para entrar era enorme e ninguém queria desperdiçar o dia ali, Jackson fazia suas melhores poses ali na frente e por várias vezes a gente revezou nas fotos com ele. Por mais que nós duas tentássemos disfarçar nossa presença, fomos reconhecidas e mais de uma vez vi pessoas tirando fotos nossas de longe. E os meninos nem estavam conosco desta vez.

Saímos rumo ao clássico Starbucks onde Jackson nos fez prometer quando ainda estávamos no Brasil que um dia iríamos passar a tarde toda engordando juntos ali.
Depois que nosso enorme pedido chegou, Jackson, e eu, devoramos juntos o donut de creme, como uma tradição das nossas comilanças no Brasil.
! Sua mãe vai morrer de vergonha se ver você com a boca toda suja desse jeito – Jackson me olhava fingindo indignação enquanto eu estava no meu último pedaço, com um pouco de creme no canto da boca.
– Ah fica quieto, Jack – Ri enquanto pegava o restinho de creme que estava nos meus dedos e sem que ele percebesse o sujei com creme no rosto.
– Cretina!!! - Nem ele conseguia ficar sério, tentou escapar mas também sujei ela e os dois idiotas me sujaram com chantilly na ponta do nariz. Uma cena digna de crianças de três anos. Só paramos porque vimos um funcionário do café nos observando muito sério, e ninguém queria ser expulso.
– Agora me contem como é ser namorada de um One Direction?! Sua prima deu o maior piti quando eu mostrei você em um site junto com o , acho que é esse o nome.... - Jackson apontou para mim rindo - Sua mãe vive bancando a íntima no Brasil e eu nem sabia de nada, né, ! - Ele estreitou os olhos, me olhando bravinho do outro lado da mesa.
– Ele sempre fez parte do meu passado, ninguém queria acreditar, mas era verdade, oras, por isso minha mãe conhece e “banca a íntima”, ele era meu amigo de infância! - Dei uma piscadinha para ele que ainda me olhava desconfiado – Eu não gostava muito de falar sobre isso no Brasil, por isso você ficou tão chocado!
Jackson assentiu em seguida desviou seu olhar para que tomava seu café distraidamente, ele chacoalhou a cabeça antes de começar a falar.
– Chocado MESMO eu fiquei quando vi essa desavisada namorando aquele gato! - Ele apontava para como se ela fosse a nova versão da Lady Gaga com a lagosta na cabeça - Quem deixou? Como assim, Universo?! - Jackson parecia que estava em um jornal, discutindo um assunto sério, como no Globo Repórter ou Discovery Channel.
se afogou em meio as nossas risadas, a maneira indignada e brincalhona de falar de Jackson era sua marca registrada e nós estávamos despreparadas para isso, conseguiu dar um chute nele por debaixo da mesa.
– Cala boca, desavisado tá você, muito engraçadinho pro meu gosto! - apontou o dedo para ele que ergueu as mãos fingindo inocência.
– Gente, é sério, como que ainda não deportaram vocês por se apossarem do patrimônio alheio, INTERNACIONAL, tem que denunciar isso aí, como que eu faço isso? - Jackson continuava a fazer brincadeirinhas com a nossa cara, aproveitando sua distração, e eu conseguimos pegar o celular dele e ameaçamos jogar no copo de café, só assim ele prometeu parar de falar besteiras.
– Agora serei sério, tenho recadinho da mãe das duas desnaturadas! Quase choraram me entregando as cartas – Ele pegou dois envelopes dentro da sua bolsa e nos olhou antes de nos deixar pegá-los – Então façam o favor de ligar pelo menos, dizendo um “Oi, mãe, tô na revista, tô bem e o Jackson é um ser de luz que eu amo demais” - Jackson nos entregou finalmente os envelopes e tagarelava enquanto remexia em seus bolsos do casaco.
Depois do breve silêncio e das lágrimas que brotaram em nossos olhos devido as cartas de nossas mães, fomos interrompidas por Jackson que olhava atônito para o celular e soltou um “Meu Deus” preocupado, batendo na mesa em seguida.
– Eu sou amante de vocês! - Jackson ficou pálido, em seguida começou a ficar vermelho, para então chegar ao quase roxo e explodir em uma gargalhada - Sou modelo da Calvin Klein também! - Ele continuava a rir quando nos entregou seu celular.
Ele estava no twitter, na seguinte tag #OlhaOChifre1D e tinham muitos absurdos ali, mas com aqueles dois na mesa era impossível não ver o lado cômico da situação.
Tinha de tudo ali, que Jackson ou ‘Rapaz Misterioso’ era: meu irmão, nosso amante, nosso amigo modelo (neste quesito, e eu fomos mais especialmente maldosas, rindo mais alto, o que Jackson achou ofensivo), que ele era amigo do , não era amigo do , era da produção dos meninos e assim seguia.
O mais impressionante eram as fotos: de quando estávamos na London Eye, da beijando o rosto do Jackson, dele me abraçando e até mesmo fotos de nós três brincando ali na mesa, a pouquíssimos minutos atrás. Olhei ao nosso redor mas tudo parecia normal.
vai me matar! - Disse me lembrando que meu celular estava praticamente sem bateria quando saí da casa dele hoje de manhã e que provavelmente não conseguiria falar com ele agora, conferi por precaução e nem estava mais ligando.
– Nem quero ver o que o vai falar – riu antes de terminar seu cappuccino, Jackson cruzou as mãos sobre a mesa nos olhando com um sorriso sacana no rosto.
– Então eu serei pivô de brigas entre vocês?! Gente do céu, tô muito evoluído! - Ele gargalhou enquanto nós duas só queríamos bater nele que estava com o maior ego do mundo.
– Vamos sair logo daqui, tem muita coisa pra gente ver ainda oh senhor evoluído – levantou, nos fazendo segui-la.

Andando pelas ruas com Jackson até chegarmos no Museu Madame Tussauds ele nos contou tudo que estava fazendo no Brasil, como estavam nossos antigos amigos e o ex-namorado gato de , segundo ele, que até hoje se recusava a acreditar que ela estava namorando . adorou essa notícia, ela odiava aquele cara e agora ele não tinha mais motivos para perturbá-la.
Quando chegamos na fila do museu, Jackson olhava para o cara que estava na nossa frente em seguida olhava para mim, fez isso umas três vezes me deixando intrigada.
– Que foi? - Cruzei meus braços o encarando e Jackson fez uma careta antes de falar.
– Hey, eu conheço essa camiseta, você tinha uma dessas, não tinha? - Ele falou mais baixo apontando com a cabeça para a camiseta do cara.
– Na realidade, eu peguei ela do meu pai, é do Liverpool, item de colecionador – Sorri orgulhosa lembrando do dia em que a escondi do meu pai, e ele ficou uma fera, mas até hoje ele não sabe que está comigo, uma das poucas coisas que restaram dele comigo.
– Você ficava parecendo um menino quando vestia ela! - Jackson fez uma careta enquanto eu apenas revirava os olhos o empurrando de leve para que ele andasse.
– Falando nisso e seu pai, ? Nunca esbarrou com ele por aqui? - Tentei me manter sorrindo, não gostava de ficar lembrando do meu pai mas acho que a única pessoa que sabia disso era . Era desconfortável demais falar sobre isso, dei graças a Deus que nossa vez chegou e apenas empurrei Jackson para seguir com a fila, sem dar resposta à sua pergunta.
Assim que entramos no museu, Jackson ficou impossível de se controlar, quando ele viu a estátua da Madonna fez uma sessão de fotos somente dele com ela, eu não conseguia mais parar de rir com as poses dele, com a Lady Gaga foi a mesma coisa até um pouco pior. As caras e bocas eram impagáveis.
Admito que quando chegamos na estátua da Beyoncé, sofreu como nossa fotógrafa.
“Faz a Single Lady”, Jackson se exaltou quando viu a pose da estátua e lá fomos, eu e ele imitando a Beyoncé no clipe de Single Ladies, apontando para nossa mão, como se fossemos realmente garotas solteiras, Jackson estava mais do que impressionado com todas as estátuas e por várias vezes tivemos que pedir para ele ficar quieto para não sermos expulsos.
Obviamente ele não deixou passar e quando viu as estátuas da One Direction, pediu muito simpático para uma senhora tirar uma foto de nós três com as estátuas.
Na foto ele beijava o rosto de apaixonadamente, eu mostrava a língua para e apenas estava com os braços cruzados, de costas para arqueando uma das sobrancelhas. Eu adorei a foto, Jackson queria tirar foto até no colo das estátuas mas não deixaram, o que foi uma benção senão ficaríamos no museu até que ele fechasse.
Quando chegamos na área da família real, quase chorou de emoção ao ver o Príncipe , nem eu nem Jackson sabíamos da paixão platônica dela pelo Príncipe.
– Meu Deus, tem concorrência e não sou eu! - Jackson disse baixinho pra mim enquanto tirava a foto de beijando a estátua do Príncipe .
– Outra vai, aproveita o momento! - Eu disse rindo enquanto abraçava o príncipe fazendo outra pose.
QUE SE CUIDE!- Sem querer Jackson disse isso alto demais e parou tudo, o encarando muito séria e apenas mandou um dedo do meio para ele, que gargalhou mandando um beijo no ar para ela.
Depois de tanto amor, decidimos ir embora porque foi mico demais pra uma tarde só.

Eram quase sete horas da noite quando chegamos do mercado com todas as compras que precisávamos.
– Você faz o macarrão, Jackson, não quero saber! - Assim que chegamos a cozinha, apontava para ele que de repente sumiu, encontramos ele no meio do corredor, brincando como uma criança com a Pheebs.
– Meu Deus, que coisinha mais linda – A gatinha ronronava enquanto ele fazia carinho nela, apenas revirou os olhos olhando para eles.
– Ela é sua, ? Como ela ainda está viva? - Cheguei mais perto enquanto Jackson pegava Pheebs no colo, ela mordiscava os dedos dele, olhava a cena totalmente horrorizada.
– Mantenho ela a uma distância segura, sabe como é! - Apontei para nossa amiga com a cabeça, Jackson sorriu maliciosamente levando Pheebs para perto de .
– Ela não é linda, ? Diz se não dá vontade de ter uma? - já estava atrás do sofá, prestes a fazer uma cruz com as mãos e “exorcizar” a gatinha dali, eu queria rir mas me segurei ao máximo e tentei tirar a Pheebs das mãos de Jackson que queria insistentemente fazer interagir com a gata.
– Não dá, não é legal, sai daqui! - estava atenta a cada movimento de Jackson e quando a campainha tocou ela deu um grito de susto antes de ir até a porta. Consegui tirar minha gatinha das mãos de Jackson, enquanto nós dois nos preparávamos para botar a mão na massa, voltou da sala toda estressada, praticamente marchando.
– Acredita que aquela vizinha fofoqueira veio sondar a gente?! Com a desculpa de avisar que os “nossos rapazes” vieram aqui, ficaram nos esperando um tempão e blá, blá, blá. Pra completar ela tentou arrancar de mim quem era ele?! - apontou Jackson com a cabeça enquanto prendia o cabelo e nos contava sua conversa com nossa vizinha. odiava a maneira como ela conseguia saber tudo de todo mundo e quando conseguíamos evitar o corredor ou o elevador em que ela estava era ótimo, mas as vezes a própria vinha prestar seus “serviços” na nossa porta, o que óbvio deixava minha amiga no limite da irritação.
Depois do leve estresse começamos a sessão ‘Macarronada do Jackson’, onde e eu mais atrapalhávamos do que ajudávamos de fato.
Eu estava tentando fazer as almôndegas, mas estava impossível me concentrar com Jackson tagarelando sobre o Brasil e tudo que ele andava aprontando por lá, também não estava dando conta da sobremesa e só percebemos que estávamos tão distraídas assim quando Jackson gritou:
, OLHA ISSO! - Ela tinha erguido um pouco a batedeira e o creme de chocolate que ela estava batendo foi respingando nas costas de Jackson que até então estava impecável, sem nenhuma sujeira.
Ela não aguentou e começou a rir, assim como eu que não conseguia aguentar a carinha de bravo de Jackson, ele resolveu se vingar e a cozinha virou o cômodo mais nojento de uma hora pra outra, tinha mais farinha no meu cabelo do que no próprio pacote, tentou escapar mas Jackson a derrubou em cima de outro creme que já estava no chão, derrubando o creme de chocolate por cima enquanto ela só fazia gritar, peguei o creme que ele jogou nela e o sujei também, passando em seu rosto e na frente de sua camisa, quando ele estava prestes a me derrubar também a campainha voltou a soar e ficou séria.
– Se for ela de novo, vou falar poucas e boas! - tentava bancar a durona ainda no chão, mas seu cabelo todo sujo de chocolate não lhe dava muita credibilidade. Jackson endireitou sua postura e abriu quase todos os botões de sua camisa nos olhando marotamente.
– Ela não queria saber quem eu sou?! Vou me apresentar! - Ele do jeito mais sexy que já vi, foi até a sala, mesmo com a cara suja de chocolate e farinha ele continuava lindo, mas e eu não aguentávamos mais segurar a risada por causa de sua pose de machão sensual.
– Olá, senhora.… - Jackson parou de falar e tudo ficou em um silêncio esquisito. Me obriguei a ir até a sala e encontrei e medindo Jackson de cima a baixo e cruzando os braços quase que instantaneamente e olhando ao redor.
?! - me olhava sério, de um jeito que nunca vi antes e eu parei de sorrir imediatamente – Estamos atrapalhando alguma coisa? - Ele me fuzilava com os olhos e eu tentava permanecer séria, mas foi impossível porque surgiu na sala em seu estado deplorável de cobertura de chocolate em todo o corpo e quando viu os meninos acabou escorregando e caindo. Eu não queria mas acabei rindo, e aquele momento ficou mais constrangedor porque somente eu e Jackson rimos naquele ambiente sério, a ajudamos a levantar sob o olhar atento de que fuzilava Jackson por ter encostado na cintura de que agora não parava de rir.
– Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? - ainda sério olhava para nós três, totalmente imundos e rindo como idiotas. Me lembrei que ele provavelmente deve ter nos visto no twitter e pensaria merda, peguei Jackson pela mão, enquanto ele fechava a camisa com a mão livre e tentava ficar mais comportado.
e , esse é nosso amigo do Brasil, Jackson – Apontei para ele, mesmo relutantes os dois apertaram a mão estendida de Jackson. O clima ficou estranho e em menos de cinco minutos Jackson foi tomar banho, nos deixando a sós com os dois garotos furiosos prontos para nos atacar.
, que história é essa? Quem é esse cara? - me seguiu até meu quarto, enquanto eu trocava de roupa ele me encarava ainda sério, sentou na cama e continuou a me observar de braços cruzados.
– Ele é meu amigo do Brasil, , ele vai ficar alguns dias aqui em Londres, mas não aqui no nosso apartamento! - Disse assim que arregalou os olhos me olhando – Não é nada, babe! - Cheguei perto dele que ainda me olhava bravo, me sentei em seu colo e não me abraçou, nem sorriu para mim.
– Não precisa ter ciúmes dele, , ele é só um grande amigo que veio nos visitar, só isso! - Beijei a bochecha dele, em seguida sua testa, seu nariz até chegar na boca.
– Eu fiquei o dia inteirinho igual um idiota atrás de você, , o mundo todo sabia de você e eu não! Custava apenas me ligar e dizer onde estava? - não estava mais tão sério, passou a mão pela minha coxa tirando um pouco de farinha que ainda havia ali em seguida me olhou.
– Meu celular praticamente morreu depois que eu saí da sua casa hoje, nós só chegamos em casa agora pouco…. Eu sei que sumir assim não é legal, desculpe! Juro que faço até sinal de fumaça da próxima vez – Olhei para , e estendi meu dedo mindinho – Prometo não sumir mais assim!
demorou um pouco mas cruzou seu dedinho com o meu, em seguida eu lhe roubei um beijo. acabou rindo no meio do beijo me puxando para mais perto.
– Você é muito espertinha, ! Demais pro meu gosto! - Ele mordeu meu lábio inferior, ri jogando minha cabeça para trás e me pegou de surpresa, nos girando e me jogando na cama, ficou por cima de mim e começou a me beijar mais intensamente. Já estava ficando totalmente sem ar quando nós ouvimos alguma coisa quebrar na cozinha. Interrompi o beijo e bufou saindo de cima de mim.
– Ai que saco, , quantas vezes eu vou ter que explicar?! Ele é meu PRIMO – se exaltava na cozinha e eu ouvi a porta do banheiro abrindo.
– Ah que droga! Vamos, ! - O puxei da cama, e quando chegamos na cozinha encontramos mais estressada do que antes e emburrado do outro lado do balcão. Dava para sentir as faíscas no ar. Antes de qualquer pessoa falar alguma coisa, um cheiro muito bom tomou o ambiente e eu olhei para o corredor.
Jackson mais lindo e perfumado do que nunca, vinha ajeitando outra camisa, seu olhar malicioso encontrou com o meu chocado e ele apenas piscou para mim, pigarreando quando chegou na frente de todos nós.
, não brigue com ela, somos realmente primos. Só não nos parecemos em nada, titia me mandou ver como estavam essas duas loucas aqui na terra da rainha, e agora eu vou indo, deixar vocês jantarem em paz! - Jackson olhou em seu celular em seguida voltou a nos olhar, e eu já estávamos prontas para protestar.
– Vocês não acharam mesmo que eu ia ficar aqui, né?! Amores, Londres está ali fora, me esperando, linda e brilhante, vou ficar aqui com vocês?! EU HEIN - Ele disse em português nos fazendo dar um belo tapa sincronizado em seu ombro - Não, é sério, eu tenho uma companhia! - Ele sorriu malicioso piscando apenas um olho para nós, que nos olhamos boquiabertas.
– Tô bonito?! - Ele fez uma pose de modelo enquanto e eu o medimos de cima a baixo, ele estava lindo demais mas nós somos más.
– Dá pro gasto! - Eu disse fazendo ele me olhar indignado e enquanto eu ria ele tentou me dar um tapinha na bunda mas encontrou o olhar atento de sobre nós, ele sorriu sem graça enquanto eu apenas arqueava a sobrancelha pra ele.
– Ai, cretina! Vamos me levem até a porta! - Ele pediu nos apressando. Dava para sentir e vigiando nossos passos, chegamos até a porta e nós duas demos um beijo ao mesmo tempo nas bochechas de Jackson.
– Cuidem desses dois estressadinhos e por favor, se cuidem, o.k.?! Talvez antes de ir embora eu passe aqui, eu juro que vou tentar mas caso não consiga, eu deixei um bilhetinho para cada uma lá no quarto de hóspedes!
Já dava saudades dele só de imaginar que amanhã não o veríamos, ele pegou uma mão de cada uma de nós e as beijou.
– Eu tenho MUITO orgulho de vocês! E amo demais vocês duas! Não hesitem em me ligar, pra desabafar, contar piada, falar merda, cantar funk essas coisas - Mesmo com os olhos cheios de lágrimas acabamos rindo do nosso cantor oficial de funk proibidão - Vou estar sempre aqui pras minhas duas barangas favoritas!
Jackson nos abraçou e deu um beijo na testa de cada uma de nós, depois um beijo na bochecha e acenou para os meninos que observavam de longe, e saiu rindo mais feliz do que nunca, enquanto e eu corríamos pra sacada para vê-lo partir.
e mesmo não muito contentes nos seguiram. me abraçou pela cintura ficando atrás de mim, ficou ao lado de sem abraçá-la. Havia somente um carro parado um pouco mais a frente, com um cara do lado de fora, mexendo no celular encostado nele.
Jackson saiu do nosso prédio e foi até o cara, que parou de mexer no celular e pôs uma das mãos na cintura de Jackson, e eu nos entreolhamos sorrindo. Quando olhamos de novo, os dois já estavam no maior beijaço, encostados no carro com Jackson fazendo estrago no cabelo do rapaz. Saímos da janela e olhamos para e que ainda estavam boquiabertos com a cena.
– Não acredito que ele é…. - não terminou a frase ainda apontando para a janela.
– Por que você não me disse que ele era gay, ?! - estava desconcertado, mexia no cabelo claramente desconfortável, enquanto cruzava os braços o olhando irônica.
– Porque não era necessário, você tem que confiar em mim, não no que Jackson é ou não é!
– Não acredito nisso, estou me sentindo um idiota! - disse mais perto de mim que apenas dei um tapinha em sua testa.
– Viu, eu disse que não era nada demais!
e continuavam a discussão anterior, foi para seu quarto com em seu encalço. E e eu ali no meio, fui até o quarto de hóspedes buscar o meu bilhete e quando voltei para o meu quarto, estava sentado no chão brincando com a Pheebs. Não queria ficar a noite toda ali, ouvindo minha amiga brigando e provavelmente depois fazendo as pazes com seu namorado. entendeu meu olhar e nós fomos para a casa dele.
– A única coisa que eu gostei foi da sua foto no museu, muito engraçadinha viu, - riu quando eu o olhei surpresa, ele me mostrou em seu celular as fotos e vídeos, as hashtags e as mensagens de e zoando a ele e .
– Jura que aconteceu tudo isso hoje?!- Eu estava realmente surpresa de ver toda aquela movimentação nos envolvendo enquanto nós duas estávamos mais preocupadas em segurar Jackson para não nos fazer pagar tanto mico.
– Vocês podiam ter nos falado assim que chegamos que ele era gay, iam nos poupar muito constrangimento.
– Concordo com a quando ela disse que não era necessário, quando a gente vai apresentar alguém a gente nunca diz: Esse é fulano, hétero da silva, eu não faria isso com Jackson - Olhei mais séria para ele que assentiu, parando o carro na garagem - É em mim que você tem que confiar, , o resto não interessa! - desceu do carro e veio abrir a porta para mim.
– O.k., tá certo, desculpa de novo! - Ele me puxou, me dando um beijo rápido me levando para dentro da casa. Não queria mais me estressar com aquele assunto e resolvi deixar pra lá.
Ainda estava com o bilhete de Jackson na mão, sem coragem de ler e já sentir sua falta. me olhou, ali parada de frente pro sofá sem saber o que fazer e começou a me puxar escada acima.
Nós entramos em uma porta que eu nem sabia que existia e subimos mais um lance de escadas. Chegamos ao terraço que eu também não fazia a mínima ideia de que existia. sorria quando me ajudou a subir os últimos degraus.
– Esse é o meu esconderijo, eu vi que você estava enrolando com esse negócio aí! - Ele apontou para o bilhete na minha mão - Pensei que essa vista pudesse ajudar!
me levou mais para frente, onde a vista era simplesmente linda, as luzes da capital inglesa iluminando as ruas, aquela cidade tão agitada dali de cima parecia mais calma, ainda em movimento mas silenciosa. Havia um banco de madeira ali, bem perto da beirada e nós fomos até lá.

"Minha Diva Favoritaaaa!
Eu te amo e espero que você saiba disso. Vocês duas são o meu orgulho e todo mundo sabe disso.
Esse na realidade é o meu recado que não pude dar hoje à tarde mas eu vi como você ficou depois que toquei nesse assunto! E sei que você se amarra em cartinhas HAHAHAHA
, não quero e não vou me meter, mas sua mãe me pediu para dar esse recado a você meu bem: "Procure seu pai, você não precisa ficar longe dele,
Não deixe o tempo passar demais" Foi exatamente isso que ela disse!
Recado está dado, não sou a melhor pessoa para te aconselhar, mas espero que você tome a decisão certa!
Se eu não conseguir ver mais vocês: ARRASA NESSE FRIO AÍ! Sejam sempre incríveis, meus bebês!
AMO, AMO, AMO VOCÊS!
Beijos
Seu herói,
Jackson!"


Não consegui evitar uma risada no final, e também não, depois que eu li em inglês para ele.
No fundo talvez eu soubesse que esse era o assunto e por isso demorei a ler o bilhete.
me abraçou enquanto eu encostava a cabeça em seu peito deixando meu pensamento ir para longe, suas mãos passeavam por meu braço, me esquentando até que de repente ele parou.
– O que você quer fazer, ? - ainda olhava a London Eye ao longe quando suas mãos se entrelaçaram as minhas.
– Eu ainda não sei - Olhei para ele, realmente sem saber se iria atrás do meu pai ou não.
– Seja lá o que você decidir, eu estarei aqui pra você, o.k.?! - beijou o topo da minha cabeça, apenas assenti passando os braços dele ao meu redor. Definitivamente aquele era o lugar onde eu mais gostava de estar. Por mais dúvidas que eu tivesse, pelo menos disso eu tinha certeza. Ele estaria comigo nessa.


Capítulo XV



’s POV

, se eu chegar atrasada por sua causa e perder essa oportunidade, eu juro que vendo todos os seus órgãos vendáveis no mercado negro! E eu não estou brincando! – Lara, mais estressada do que o habitual, me ameaçava do lado de fora do quarto. Estávamos na casa de , porque eu precisava da minha sapatilha preferida para a audição de hoje e Lara quase enfartou ao entrar aqui e olhar o relógio.
! DUAS HORAS! - Era perceptível, mesmo que eu não estivesse vendo-a, que ela andava de um lado para o outro enquanto eu terminava de trocar de roupa.
– Pronto, estressada, vamos! - Saí do quarto com a minha bolsa cheia de polainas, sapatilhas, collants, toalhas e afins e puxei sua mão. Ela olhava a tudo na casa de com curiosidade e quando chegou nas fotos, eu comecei a puxá-la mais forte e ela resmungou.
– Você não estava com pressa?! - Estávamos longe de estarmos atrasadas, mas Lara adorava ficar me apressando. Assim que chegamos ao pé da escada, e chegavam cheios de sacolas e conversando como duas comadres tricotando. Mas ao me ver ficou espantado e parado a porta, Lara ficou no mesmo estado, mas foi por ver .
– Você já não tinha que ter saído, ? - tentava esconder a sacola que agora me parecia muito mais tentadora e convidativa.
– Voltei pra buscar minha sapatilha preta, aquela que você me deu – Pisquei para ele que sorriu de leve, puxei Lara para voltar a andar comigo, por mais que quisesse roubar a sacola e ver o que tinha lá dentro, o dever me chamava e nós precisávamos sair. olhava para Lara com interesse e eu realmente gostaria de vê-los conversando, mas aquela era a pior hora.
– Oi, – Dei um beijo rápido no rosto dele que voltou a observar minha amiga – Essa é a Lara! Minha amiga do balé - Apresentei-os e vi dar seu melhor sorriso a ela, colocar a mão na cintura dela e beijar seu rosto. Lara estava prestes a ter um faniquito, sorri para eles, mas infelizmente tive que voltar a pegar a mão dela.
– Nós até queríamos ficar mais tempo, mas temos a audição daqui a pouco, precisamos ir, meus amores!
– Boa sorte! Pras duas! - disse, concordou com a cabeça sem entender direito já que somente sabia da audição. Depois de nos despedirmos fomos direto ao encontro de Julian que estava tão nervoso quanto nós duas.

A única turma do primeiro ano a ter a chance de tentar as vagas para o New York City Ballet era a nossa. Tudo graças a nossa professora, Emma Stuart, que no dia anterior durante a aula nos fazia pedidos especiais, tudo que já praticávamos, mas com muito mais perfeição, sem sabermos que estávamos sendo observados pelos avaliadores do NYCB.
Hoje aqui estamos, no meio dos veteranos, tentando uma vaguinha para um espetáculo especial do New York City Ballet, nossa chance rara da qual nenhum dos três estava disposto a abrir mão. Tentei arrastar os dois comigo para o mercado, mas os dois que me arrastaram direto para o nosso “QG”. Sempre usamos uma salinha do último andar que somente a turma infantil usava. Repassamos tudo, nos alongamos e nos preparamos. Julian e Lara eram os meus favoritos, quando faziam o pas de deux eram sincronia pura, e para mim ninguém seria capaz de batê-los. A minha especialidade sempre foram os meus solos, quando Emma nos deixava fazermos o que quiséssemos, está sempre era a minha parte favorita. Onde eu podia juntar tudo que aprendi e criar algo diferente, saindo um pouco do rigor das coreografias, mas usando todas as técnicas do balé clássico.

Nós realmente estávamos nervosos, mas só de ver nossa professora toda orgulhosa nos apresentando aos seus antigos colegas já nos aliviava um pouco. Fomos os últimos a nos apresentar e Lara realmente estava uma pilha de nervos, Julian permaneceu o tempo todo de mãos dadas com ela enquanto eu observava a cada uma das bailarinas ao meu redor.
A atmosfera de competição era inegável, mas, mesmo assim, principalmente para nós, os novatos, aprender com os erros dos outros, aperfeiçoar nossos movimentos e ver a magia em ação era realmente fascinante. O olhar atento de cada um dos avaliadores do NYCB, era tão intenso quanto o de Emma nossa professora que parecia tão ansiosa quanto nós.
Quando chegou a hora, Julian e Lara realmente mostraram sua sintonia, dançaram em dupla e eu quase chorei ao final da apresentação. Nunca soube se eles já ficaram algum dia, mas a conexão ali era evidente, toda a atenção de Julian era para Lara, a cada elevação e giro, ele estava ali para ela e estava realmente lindo de se ver.
Depois da fase das duplas, era a minha vez. Seria uma das últimas e a cada pessoa que saia da sala depois de se apresentar, meu coração palpitava de nervosismo. Não resisti e peguei o celular apara mandar uma mensagem para , eu precisava falar com ele, eu precisava me distrair antes que o meu nervosismo atrapalhasse tudo.
"Desculpe não estar aí agora, mas eu sei que você vai arrasar com todos, confio na minha garota! Assim que finalizar volta pra casa que eu estou te esperando ;)
Te amo, minha bailarina"

Nem precisei ligar, a mensagem que ele havia me mandado há poucos minutos já me acalmava, minha conexão com as vezes chegava a me assustar. Assim que terminei de ler a mensagem, sem nem perceber que estava sorrindo encontrei com o olhar da minha professora, ela sorriu para mim, e me chamou pois já era minha vez.
Respirei fundo e entrei na sala, disposta a dar tudo de mim e mais uma vez o fato de ser um solo me trazia a liberdade que eu tanto adorava. Como se estivesse voando, meus pés e braços eram um só, todos os passos que ensaiei, todos os giros que lutei para aprender com Emma vinham com naturalidade e ao final, agradeci aos professores ali presentes e sai sorrindo. Mesmo que não passasse, o simples fato de ter feito aquilo em tão pouco tempo já era uma vitória pra mim.

, pra onde você acha que está indo? – Lara reclamava enquanto eu nos desviava do caminho da casa do , ainda perto da nossa escola.
– Eu PRECISO de chocolate, tipo imediatamente! Por favor sejam meus amores, é rapidinho, eu juro! – Julian e Lara se olharam e riram quando eu entrei correndo no mercado.
– A gente te espera aqui! - Ouvi a voz de Julian ao longe, peguei a cestinha e fui atrás da sessão de doces.
Eu tinha uma mania totalmente péssima de comer chocolate depois de uma bela dose de estresse, e aquela audição havia me deixado muito nervosa. Quando cheguei a minha parte favorita do mercado, parei diante da gôndola cheia de barras de chocolate, pronta para escolher várias, mas fui interrompida por um garotinho loiro, que vinha correndo e gargalhando, uma das risadas mais gostosas que já ouvi e passou direto por mim.
– PAI! PAI! Você queria me esquecer aqui, né! – Ele parou na frente de um homem alto que aparentava ter seus 40 e poucos anos, cabelos pretos e não se parecia muito com o loirinho a sua frente. O homem começou a rir e bagunçar os cabelos do garoto a sua frente que tentava escapar das mãos dele. Ao ouvir aquela risada todos os pelos do meu braço se arrepiaram, quase deixei a barra de chocolate que segurava cair no chão. Não era possível, não podia ser.
– Vou tentar deixar vocês no caixa, vai que alguém quer comprar, né?! Eu lucro alguma coisa! – Outro garotinho que estava ao lado dele, tentava pular sem sucesso algum nas costas do homem que se abaixou e facilitou o ‘trabalho’ do garotinho, que era praticamente a cópia do primeiro, o homem virou seu rosto levemente e eu pude ver seu perfil, eu pude ter a certeza.
– Vamos lá, vou fazer uma promoção! – O homem riu mais uma vez quando o garotinho parou de andar ao seu lado.
– Você é muito sem graça, papai! – Mesmo não estando tão perto pude ouvir com clareza o menininho bravo sair atrás daquele homem.
E só então eu pude respirar. Aquele homem que os dois chamavam de pai era na verdade o MEU PAI. Aquele cara costumava ser o meu herói e agora eu estava ali, petrificada, com medo de chegar perto. Eu simplesmente não sabia o que fazer, e quando dei por mim, estava me escondendo entre as gôndolas, vendo os três saírem sorridentes do mercado. Não conseguia raciocinar e só de fato respirei aliviada vendo o carro onde eles entraram sair do estacionamento. Perdi totalmente a vontade de comer chocolate ou de conversar sobre o que quer que fosse que Lara estivesse falando.
– Cadê seus chocolates? Não era imediatamente? – Julian riu quando sai com eles do estacionamento, rumo a casa de .
– Não tinha nenhum que eu gostasse, depois eu saio pra comprar com o – Respondi de qualquer jeito e mesmo sem querer, tudo que minha mente fazia era reproduzir as imagens do meu pai com as duas crianças, as gargalhadas, a diversão. Meu coração estava apertado e eu sabia que nada aliviaria isso, que esta sensação estranha não iria embora tão cedo.
Já estávamos quase chegando quando Lara me olhou pelo retrovisor, Julian ria de alguma coisa que eu não sabia o que era e ela me olhava com curiosidade, tentando adivinhar o que eu pensava.
, se anima! A gente deve ter ido bem na audição, relaxa! – Ela fez um joinha pra mim enquanto retocava seu batom – deve estar te esperando, vai achar que fomos um horror – Ela fez uma careta e eu apenas forcei um sorriso.
Agora eu desejaria que ficássemos somente eu e , talvez se eu falasse com ele aquele desconforto desse uma trégua, aquela vontade ridícula de chorar fosse embora.
– Disse baixinho pra mim mesma, levei minhas mãos até meu colar de âncora e desejei que aquilo passasse. Precisava passar.
– Estamos chegando, , pode abrir o portão pra gente?! – Julian pediu e me tirou dos meus pensamentos.
– A gente já entra, só vou pegar minha mochila – Julian parecia mais animado do que o normal e Lara ria assustadoramente para ele.
– Pode ir entrando, ! – Ela piscou para mim que realmente não estava entendendo nada.
Suspirei antes de abrir a porta, tentando o meu máximo para encarar e não estragar a tarde que tinha tudo pra ser legal. “Seja Forte!”. E foi do meu pai que eu lembrei ao recitar baixinho essas palavras para mim mesma. Acho que não seria um dia tão fácil assim.

’s POV

– Gente, é sério! Daqui a pouco acaba aquela audição e ela vai chegar e vai ver tudo! - Desci as escadas, trazendo os últimos detalhes para decoração que estavam escondidos no quarto de hóspedes.
!!! – puxava a panela de brigadeiro de perto de que tentava engolir o que estava comendo sem se afogar. que vinha da cozinha olhou assustado para , que com a colher apontada para o olhava ameaçadoramente.
– Se eu ver você comendo mais UM brigadeiro, eu jogo essa colher na sua cabeça, com doce e TUDO. Estamos entendidos?! – sentou de volta na cadeira enquanto fazia caretas para ela.
tinha acabado de voltar e com ele as comidas chegaram, a única coisa que nós literalmente fizemos foi o tal do brigadeiro, por insistência da que disse que se fosse comprado não teria graça, bem, agora ela está quase matando o na cozinha por causa dele. E ninguém se atrevia a dizer nada.
e eu já havíamos arrumado as bebidas, só faltava mesmo a aniversariante e seus amigos bailarinos e que do jeito mais estranho tinha sumido e parecia um assunto proibido para . Quando perguntei por ele mais cedo, me olhou muito séria e disse: “Tá brincando de esconde-esconde por aí!” bufou e saiu de perto.

Uma das poucas vantagens das nossas agendas serem tão loucas e da nossa folga cair justamente na terça-feira, aniversário da , é que foi realmente mais fácil conseguir tudo. Graças a essa audição que distraiu em todos os sentidos, estávamos livres para organizar tudo.
chegou pelos fundos e apenas nos cumprimentou rapidamente, trocou um olhar sério com e permaneceu calado. Mandei uma mensagem para perguntando se ela já estava chegando e recebi um preocupante sms: “Sim, estamos e eu PRECISO falar com você!”
Mal tive tempo de gritar que ela estava chegando e todos nos preparamos com bexigas antes que ela abrisse a porta e desse de cara conosco.
– SURPRESAAAAAAAAAAA! – Foi a maior gritaria e eu só a observava.
estava com os olhos cheios de lágrimas e um lindo sorriso, olhou para cada um de nós, e começou a chorar realmente quando viu surgir com um chapéu de festa enquanto eu e levávamos o bolo cheio de velinhas para os parabéns.
Aquele foi o parabéns mais desorganizado que eu já vi mas, pelo menos, ao final dele estava gargalhando abraçada a .
- EU AMO VOCÊS! - subiu em cima do sofá depois de apagar as velas e rindo ela pôs as mãos sobre os olhos envergonhada - E eu tinha esquecido do meu próprio aniversário!
Todos nós começamos a rir e ela desceu do sofá abraçando um por um, nós éramos poucos mas sabíamos fazer uma bagunça. me deixou por último e seus olhos estavam mais brilhantes quando eu fixei os meus sobre ela.
– Foi tudo ideia sua, né! – Ela sorrindo me abraçou forte e eu retribui da mesma maneira.
– Tudo pela minha bailarina! Feliz aniversário, – Eu a beijei e senti ela ficando na ponta dos pés. Descolou seus lábios dos meus, foi até meu ouvido e sussurrou: “Obrigada, ”, beijou meu pescoço e sorriu para mim. Olhei para ela e por mais que estivesse sorrindo alguma coisa não estava bem ali. Seus olhos pareciam tristes.
– Eu vou subir e trocar de roupa, o.k.?! Cuida dessas crianças aqui! - Ela se apressou em pegar sua bolsa e subiu.

– Eu não acredito que tem brigadeiro! – Lara passou toda sorridente por mim e um ainda mais sorridente foi atrás dela.
– Sabia que eu ajudei a fazer?! – A amiga de sorriu surpresa para ele enquanto pegava um dos doces, que observava a tudo chegou ao lado deles.
– Não, não sabia, ! Ajudou em que parte? – , apenas para provocar e ver a reação de que começava a ficar levemente vermelho, ficou ao lado deles e ainda trouxe Julian que olhava para tudo na mesa com curiosidade.
– Sai daqui, , vai lá colocar alguma coisa pra gente ouvir – empurrou de leve que gargalhou antes de sair de lá, Lara olhava para eles como se estivesse vendo um filme, eu estava esperando perto da escada e conseguia ouvir tudo.
Lara ainda estava impressionada com tudo, principalmente por estarmos todos ali, reunidos e ela não parava de sorrir. Ela e Julian passearam pela mesa de doces e foram parar no bar, onde e faziam caipirinhas que eles foram aprender como eram feitas na internet.
Olhei para que acompanhava cada passo dado por Lara e ele riu, estava mais do que na cara que ele queria ficar com ela e talvez conseguisse, mas isso era só o começo da festa.
estava demorando demais então avisei a que ia subir para apressá-la e deixei nossa ‘Xerife’ cuidando de tudo.
Assim que cheguei a porta do quarto eu a vi se olhando no espelho. Assim que seu olhar se encontrou com o meu, sorriu, mas preocupantemente seus olhos continuavam tristes.
– Oi! Fecha pra mim?! – virou as costas para que eu fechasse seu vestido novo e eu fiquei a encarando pelo espelho.
– Tá tudo bem, ? Você não gostou da surpresa, é isso?! – Dei um beijo em seu ombro quando terminei de puxar o zíper e se virou de frente para mim e me abraçou forte, escondendo seu rosto no meu pescoço, por instinto eu a ergui do chão e fechei meus braços ao redor de sua cintura.
– O que foi, ? Foi a audição? – Ela apenas balançou a cabeça negando e eu a apertei um pouco mais no meu abraço, tinha um motivo, alguma coisa não estava certa e não saber o que era me deixava aflito.
– Eu estou tão feliz por estar aqui hoje, eu esqueci que era meu aniversário e você ter juntado todos os meus amores em um lugar só é incrível! Eu resolvi ficar chorona, só isso! – desceu do meu ‘colo’ e me olhou nos olhos – Você é a melhor coisa que eu tenho, ! Obrigada por tudo!
E seus olhos marejados me deram a certeza de que não era só emoção, eu conhecia ela, e o arrepio que senti quando ela me beijou, significava que a minha garota precisava de mim mesmo que agora ela não me dissesse, alguma coisa estava apertando o coração dela e logo, logo eu descobriria o que era.
– Eu te amo, , e você sabe que eu faria qualquer coisa por você, certo?! – Apertei de leve o nariz dela que sorriu fraco – Nunca esquece que eu estarei aqui, , mesmo quando você não quiser, Wonderwall, lembra?! – Estiquei minha mão direita, como se fosse um juramento, que na verdade era, e colocou sua mão sobre a minha.
– Sempre! – Ela sorriu, pela primeira vez senti que era de verdade, entrelacei nossas mãos e a puxei até a cama, onde eu havia escondido o presente de Dorothea, a simpática e durona senhora que treinou antes de ela conseguir entrar na escola de balé.
– Ela não pôde vir, mas te mandou um presente, fez questão na realidade! – Peguei a caixa que a Sra. Dorothea mandou e entreguei a , que estava surpresa. Seus olhos se iluminaram antes de tirar o porta-joias de dentro da caixa, o abriu e lá dentro tinha um pingente que parecia ser de ouro branco ou algo assim.
– Wow! Olha isso, ! – O pingente de bailarina era de tamanho médio e delicadamente no centro dele havia uma pedrinha vermelha, imediatamente tirou o colar que dei a ela e juntou o pingente da bailarina ao de âncora e pediu que eu recolocasse o colar em seu pescoço.
– Ficou bom?! – sorridente foi de novo para a frente do espelho verificar o resultado, e sorriu para mim pelo reflexo.
– Ficou ótimo! Vamos descer, daqui a pouco eles virão invadir o quarto e não será nenhum pouco legal! – A puxei pela mão e mais folgada do que nunca, pulou em minhas costas e descemos as escadas assim, ela rindo enquanto eu a carregava de “cavalinho” até a sala de estar.
– ALELUIA, eu já ia mandar o lá pra ver o que vocês estavam fazendo! – parecendo indignado disse assim que pisamos na sala e desceu das minhas costas.
– HEY! – fez uma cara feia e mandou o dedo do meio para que riu puxando para um abraço.
Deixei recebendo seus presentes enquanto eu buscava uma cerveja na cozinha e esbarrei em com cara de poucos amigos e procurando mais bebidas.
– Onde esteve, ? Te procurei hoje mais cedo, mas nem a sabia de você – Peguei minha cerveja e me olhou bravo.
– Não enche, , não estou muito bem hoje e realmente não quero estragar a festa de ninguém – abriu sua cerveja e em vez de ir para a sala onde todos estavam, ele foi para a área externa nos fundos da casa.
– Hey, calma aí! Aconteceu alguma coisa? Vocês brigaram?! – O segui mesmo contra a vontade dele e bufou ao me ver ali.
– Eu não vou falar sobre isso, não hoje! – parecia perturbado e seu único objetivo era secar aquela cerveja em segundos.
– O.k., mas cuidado pra não beber demais e não fazer besteira, ! Você não vai querer acordar amanhã e ver que piorou tudo, não é mesmo?! - Apontei para a cerveja praticamente vazia ao seu lado e olhou para baixo, como se fosse a coisa mais importante a ser feita no momento.
– Posso te fazer uma pergunta? Bem séria?! - Finalmente olhou para mim mais sério que o normal e respirou fundo pronto para falar, pelo seu tom de voz era perceptível que ele estava mal e queria desabafar sobre alguma coisa.
– Pelo amor de Deus! – apareceu na porta nos interrompendo, ele gargalhava praticamente sem ar – Venham ver o show do ano! RÁPIDO!
e eu nos entreolhamos, deu de ombros e corremos junto com para a sala e quase passei mal de tanto rir ao ver , e Lara de frente para , e Julian dançando o “Tchan”, ou seja lá o que cantava enquanto ria dos três.
– Vai, , você está fazendo errado! – foi até e pegou em seus braços – Assim ó! – Cruzou os braços dele sobre o peito dele, depois sobre a virilha e fez uma sequência de high fives que saiu totalmente horrível.
– Eu vou morrer – já secava os olhos, literalmente chorando de rir do mico que e pagavam.
– Pode vir aqui, ! – me viu ali do lado dos dois e me chamou com a mão. Olhei atônito para os dois filhos da mãe ao meu lado que riam mais ainda da minha desgraça – Vocês também, e , bem aqui do meu ladinho!
Nem deu tempo de começar a rir e fui puxado por que foi nos buscar para levar até o meio da sala pagar o maior mico das nossas vidas.
A One Direction inteira tentando dançar aquilo que ninguém entendia o que era, nem o que significava e morrendo de rir. Somente as três brasileiras sabiam cantar e dançar aquilo com destreza.
– Segura o Tchan
Amarra o Tchan
Segura o Tchan, Tchan, Tchan, Tchan, Tchan
A última parte era a pior de todas, me sentia uma tábua tentando dançar e ver se esforçando para imitá-las me deixava com mais vergonha alheia ainda.
– É mico demais, tô perdendo minha masculinidade! – reclamava quando veio até ele e pegando em suas mãos fez com que ele dançasse.
– Meu aniversário! Sem reclamações, ! – jogou um beijinho para que rolou os olhos.
– CHEGA! Já é a quinta vez que essa música está tocando! – Julian cansado olhou para , que só agora nós percebemos nos filmava escondida com seu celular, arregalou os olhos e a olhou indignado.
! – que estava ao meu lado olhou para ela que ria fugindo de e sorriu. Seja lá o problema que fosse, com certeza, eles se resolveriam. e não sabiam ficar separados. Não por muito tempo.
– Ah, estava tão bonitinho! – finalmente nos liberou do “castigo” e mudou de música – Obrigada por isso, gente! – Ela piscou para nós e as pessoas começaram a se dispersar.

mostrou o vídeo que ela postou para que só sabia rir, sua vítima favorita era que tentava a todo custo tirar o celular deles. Mas esqueceu disso, quando e Lara o chamaram para dançar alguma outra música. estava se divertindo e dançando mais até do que a , Lara parecia adorar toda a dedicação do meu amigo a ela e estava amando bancar a cupida da vez.
havia acabado de me entregar uma caipirinha e eu estava encostado no nosso barzinho improvisado quando veio buscar mais uma dose e parou ao meu lado me olhando muito de perto, ela parecia já estar levemente bêbada.
– Você é um cara legal, ! – se sentou ao meu lado e ficou olhando para frente, lá no meio da sala onde quase todos se divertiam dançando uma música qualquer.
– Quantas dessa você já bebeu, ? Devo pedir para vir cuidar de você? - Não resisti em provocá-la e fez uma careta me empurrando levemente e negando com a cabeça.
adorou a festa – Ela apontou para a amiga com a cabeça.
– Nosso trabalho de equipe! – Ofereci minha mão para um high five e correspondeu rindo – Ela merece! – Dei uma piscadinha e se endireitou no banco, olhando diretamente para .
– Como vocês não se enjoam? Não têm vontade de jogar um tênis um na cara do outro? - começou a pensar em voz alta e eu ri levemente, fazendo ela desviar o olhar para mim.
– É sério, ! Vocês praticamente moram juntos e não parecem se estressar – parecia tentar entender um problema complexo de matemática, um “problema” que pra mim era a coisa mais fácil de se resolver. Olhei para que tentava a todo custo fazer dançar junto com ela, depois uns três puxões, ele desistiu e se rendeu a diversão que era tentar imitar os passos dela.
– O tempo é nosso melhor aliado, com o tempo eu pude conhecer as manias, os medos, as vontades, cada coisinha dela, e isso é desde a nossa infância, só que agora eu a conheço muito mais do que jamais imaginei! – Voltei a olhar para e ela agora observava que estava encostado na parede, conversando com mas com os olhos fixos em nós.
– O que afinal está fazendo vocês ficarem a metros de distância? – Não me contive e perguntei tentando entender o que fazia os dois estarem tão separados – Isso se eu puder saber! – Levantei as mãos tentando parecer inocente e sorriu fraco, olhou para , em seguida para e só então voltou a olhar para mim.
– Ah entendi! – Coloquei a mão sobre o coração, teatralmente ofendido e apontei para os dois – Eu não sirvo, né! Desculpa aí – Balancei a cabeça e riu de leve.
– Na realidade, eu queria encher o ouvido da minha amiga, mas hoje é aniversário dela e eu não quero estragar a festa com meus problemas existenciais! – deu de ombros tomando um gole de sua bebida e eu apenas me lembrei de , falando como ela mais cedo, “não estragar a festa” deveria ser um conceito meio errado dos dois idiotas que não estavam se entendendo.
– Não quer tentar comigo? Vai que eu consigo te ajudar! – Sugeri a ela que demorou um pouco antes de se endireitar no banco e suspirar um pouco derrotada.
– O.k., pode parecer besteira, mas pra mim isso é muito sério! – Me virei totalmente para observá-la, decidiu confiar em mim e isso era algo que jamais imaginei, ela me olhou mais séria e eu assenti, prestando toda a atenção no que ela dizia.
me chamou para morar com ele e eu acho que não estou preparada pra isso! – abaixou a cabeça enquanto eu absorvia a notícia, nunca havia comentado nada em relação a isso mas, com certeza, era algo importante, já que ele parecia estar bem chateado.
– Acho que a gente vai estragar tudo que nós temos, entende.... – parecia estar confusa e me olhava quase com tristeza – Eu não suportaria, jamais me perdoaria se isso acontecesse! vai enjoar de mim! – Ao final com um olhar amargurado virou o resto de sua bebida toda de uma vez e me olhou rindo. Tentou pegar mais uma dose, mas eu a impedi e peguei em suas mãos, para fazê-la prestar atenção em mim.
– Eu sei que dá medo, eu quase perdi a no início de tudo por medo de arriscar minha amizade, eu não queria perdê-la de forma alguma e por medo já estava perdendo sem perceber. Não sou o melhor conselheiro e tal, só acho que você pode fazer um teste, se dar uma chance de experimentar, se for por medo de enjoar de você, eu não me preocuparia com isso – Acabei deixando uma risada escapar e sorriu de leve, apertei levemente sua mão e continuei – Ele é movido por você e deve estar nesse exato momento roendo as unhas de vontade de vir aqui saber o que eu estou bisbilhotando na vida da garota dele! Ele só te quer mais perto, .
Beijei a mão dela que riu me chamando de idiota, nos viramos, eu a abracei de lado e dito e feito, estava com os olhos vidrados em nós, quase quebrando sua pose de machão e vindo até ali ouvir a conversa. piscou sorrindo e foi pra cozinha, enquanto eu fui pegar para dançar pelo menos uma música comigo, e continuava morto de curiosidade.

A noite já havia caído e todos nós já estávamos levemente alterados, quando nos chamou para irmos ao Jeff’s. Obviamente todos concordaram e foi uma bagunça ainda maior para conseguirmos ir até lá. Não avisamos ao Paul, então estávamos mais do que cientes de que não podíamos aprontar demais para não nos complicar depois.
O local já estava cheio, mas nada que nos impedisse de nos divertir horrores na pista de dança.
estava empenhada em sua missão cupida e por várias vezes eu a vi chamando e Lara para mais perto, mas Julian sempre aparecia e atrapalhava de alguma forma.
De repente começou a tocar a clássica música tema do filme Dirty Dancing e para aquilo era melhor que parabéns pra você. Ela tentava dançar como os personagens do filme e obviamente sobrou pra mim, que estava mais desajeitado do que nunca, tentar acompanhá-la. (I’ve Had) The Time Of My Life era como um hino que todos cantavam a plenos pulmões e para mim a única parte que eu realmente sabia o que fazer era quando eu levantava durante a música, como na cena do filme e ela riu, parecia uma criança de tão feliz, eu a desci e girei bem de leve. Olhei ao meu redor e todos os meus amigos pareciam estar se divertindo também e para mim isso era o melhor que poderia acontecer.
Depois desta música vieram muitos outros clássicos que eu não aguentei, fui até o bar pegar uma cerveja e me assustei quando me puxou para um canto onde não havia quase ninguém.
, eu preciso da sua ajuda! Você me faz um favor?! – estava com cara de quem ia aprontar e eu não sabia se devia ou não, mesmo antes de eu dar uma resposta me puxou e disse em meu ouvido “Pegue as chaves da casa do pra mim”. Olhei surpreso pra ela que piscou para mim e me empurrou de novo para onde estavam todos nossos amigos.
Ela era maluca mesmo, quando voltei a pista de dança, mais do que sorridente observava e Lara dançando juntinhos alguma música romântica.
– Consegui, ! – Ela ria me abraçando pela cintura. Ergui levemente do chão para nos beijarmos.
– Esse é o melhor aniversário da minha vida, desceu suas mãos até minha bunda e a apertou, eu ri e ela piscou para mim, mordendo de leve meu lábio inferior. Levei minha mão até seu cabelo e puxei levemente antes de beijá-la, estava linda e provocante, e não explorar cada canto de sua boca me parecia um pecado. Sua mão passeava por dentro da minha camiseta e ela riu quando eu mordi o lóbulo de sua orelha.
! Queria te levar pra casa, agora! – Ela com seu sorriso mais sacana apenas negou com a cabeça
– Nada disso, , nossa festa só está começando – piscou e se virou para frente, eu a abracei por trás e senti me encarando do outro lado da pista. Tinha esquecido de seu pedido e tive uma ideia que poderia dar certo.
?! – Chamei-a e ela se virou para mim – Já que hoje você está cheia de missões, vamos virar Sr. e Sra. Smith, o que acha?! – Perguntei e sorriu abertamente, adorando a ideia sem nem saber o que era ainda.

! Você foi o único que não me deu um feliz aniversário decente! – parecendo muito mais bêbada do que realmente estava foi até , e o abraçou bem forte, balançando ele de um lado pro outro, enquanto eu aproveitando que ela o distraia, consegui puxar a chave do bolso de sua calça. continuou ali para disfarçar enquanto eu ia atrás de que parecia aflita com a minha demora.
– ALELUIA, ! – Ela rolou os olhos quando me viu, mas assim que mostrei a chave em minhas mãos ela riu e me surpreendeu com um abraço – Você realmente está sendo um cara legal hoje, ! Te devo uma! – Ela me deu um beijo no rosto e disse que me avisava quando era para mandar para casa. Fui com até perto da saída e sem que ninguém de fato pudesse nos ver, ela saiu pela porta mais discreta dali.

A batida da música de repente parecia estar alta demais, e um aglomerado de pessoas me atrapalhava enquanto eu tentava achar meus amigos. A confusão era tão grande, todo mundo falando ao mesmo tempo. Assim que voltei para onde eles estavam eu vi o exato momento em que Julian deu um soco em e Lara começou a gritar.
Todos nós estávamos atônitos, que já vinha na minha direção foi puxado por e os dois seguravam , que tentava a todo custo se soltar para socar a cara de Julian que parecia transtornado.
! PELO AMOR DE DEUS, ME AJUDA AQUI!!! – Fui despertado pelo grito de que junto de seguravam Julian, mas ele conseguiu se soltar e partiu pra cima de novamente.
– NÃO! SOLTA ELE! – Lara gritou desesperadamente. E o que já estava péssimo, ficou pior.
Lara se enfiou na frente de Julian que estava indo socar a cara de mas ele não a viu e acabou dando um soco no rosto dela. O que revoltou que voou pra cima dele e transformou tudo em um bolo de gente.
Me enfiei naquela confusão e consegui puxar Julian pela camisa, enquanto arrastava Lara para o mais longe possível, e se esforçavam para segurar que parecia uma fera pronta para atacar.
– OK! Acabou o show! – gritou para todos os curiosos e o segurança da boate o ajudou a dispersar a galera. veio me ajudar a tirar Julian do campo de visão do que ainda parecia nervoso de mais.
– Que porra foi essa? – Não estava com saco pra ser educado e assim que jogamos Julian em um dos bancos, ele passou a mão no nariz que estava sangrando.
– Ele beijou a minha namorada! Ou minha ex! Que se foda também! – Julian se jogou para trás e fez uma careta ao bater as costas – Eu vou pra casa, peça desculpa a por mim! – já havia saído dali e eu estava muito surpreso com o que Julian acabará de me contar.
– O.k., eu falo pra ela! – Gemendo de dor Julian se levantou e saiu pela outra porta, onde eu sabia que ele não encontraria com pelo caminho.
Fui até onde estava e o encontrei ainda muito puto com tudo isso, sentado ao seu lado tentava o acalmar mas pelo visto não estava adiantando, assim que me sentei, ele se virou totalmente para mim.
, eu vou pegar esse cara, puta que pariu, que ódio! - socava o sofá ao seu lado enquanto e observavam tudo ao nosso redor com atenção, cuidando para que, pelo menos agora, ninguém mais nos filmasse, ninguém mais nos perturbasse.
– Eu sei cara, foi uma confusão e tanto mas acho que não vale a pena você levar isso adiante, , esquece! – Toquei em seu ombro e só então pude ver o rosto dele com mais clareza e parecia que teria um olho roxo para cuidar amanhã.
– Você já foi lá ver as meninas?! A Lara tá bem? – Só então me lembrei que provavelmente estava com um belo problema nas mãos e eu ainda não tinha ido lá ajudá-la.
– Ainda não, vou agora, vim ver se vocês já estavam bem! – Me levantei mas antes que pudesse sair me puxou pela mão.
– Eu não vou embora antes de saber como ela está! – Apenas assenti e sai de lá indo atrás de . sabia que todos nós íamos mandar ele embora assim que as pessoas parassem de se aglomerar ao nosso redor. Estávamos só esperando ele se acalmar um pouco.
Estava vasculhando os cantos daquela boate quando percebi bem atrás de mim
! – me fez parar de olhar ao meu redor e olhar para ele – Onde está a ? Pra onde ela foi? Você saiu com ela e voltou sozinho! – parecia mais chateado do que quando estava hoje mais cedo, mas eu sabia que ele estava engolindo seu orgulho para perguntar para mim, nesse caso sua curiosidade estava o matando por dentro.
– Espera aí! – Verifiquei meu celular e por sorte já havia me liberado, me olhava com seu semblante sério e de poucos amigos, peguei em seus ombros e dei-lhe um leve chacoalhão.
– Sem perguntas, porque eu realmente não posso agora, vá pra casa! – piscou umas duas vezes e quando abriu a boca pra perguntar eu apenas o virei em direção a porta de saída.
– Confie em mim e vá direto para casa, ! Boa noite! - Empurrei ele de leve e saí atrás de e Lara. Olhei para trás e vi quase correndo para a porta de saída.
Pelo menos alguém teria uma noite que prestasse hoje.
– Tem uma menina te chamando no banheiro! - Uma mulher que trabalhava ali, puxou minha mão e apontou para o banheiro feminino. Corri até lá e todas as garotas ali por perto me deixaram passar sem problemas. Acho que era o efeito da solidariedade feminina, nesse caso. Assim que entrei, vi abraçada a Lara em um banco, Lara parecia realmente estar mal e ainda estava nervosa e com medo, pelo que pude ver em seus olhos.
Me ajoelhei de frente para Lara e pude ver um pouco de sangue no canto da boca dela e sua maquiagem totalmente borrada pelas lágrimas que lavavam seu rosto, assim que me viu, ela se encolheu mais, se jogando no colo da .
– Eu estraguei tudo! Eu acabei com tudo! – Ela choramingou tentando esconder seu rosto.
– Amiga calma! Tudo vai se resolver, o não te odeia e com o Julian a gente fala depois! – tentava a todo custo limpar o sangue do rosto dela, mas Lara se esquivava, voltando a chorar, me sentei do outro lado de Lara e segurei levemente suas mãos e fiz com que ela deitasse a cabeça sobre meu ombro dando livre acesso a para limpar o machucado dela.
Ainda com o efeito da bebida e das emoções da noite, toda vez que ela parava de chorar depois de alguns segundos, ela recomeçava. Depois que a deixou praticamente renovada para saírem dali, ela olhou mais séria para pegando em suas mãos.
– E Nova York, ?! – Estava mandando uma mensagem para dizendo que já estava tudo bem quando levantei meu olhar, vi me olhando assustada e comecei a prestar atenção nos devaneios alcoólicos de Lara – E o nosso sonho? E se a gente passar? Como vamos ficar nós duas e ele lá? Eu arruinei até isso!
Desta vez quem olhou assustado para fui eu, seu olhar cheio de culpa me fitou e eu senti um vazio instantâneo, como se tivessem tirado tudo ao nosso redor,
deixou uma única lágrima cair e eu não podia acreditar no que ouvia.
Não era mentira, não era loucura de alguém bêbado, era verdade. Ela estava pensando em ir para Nova York e nem havia me contado.
Lara voltou a passar mal e correu para uma das cabines, eu me levantei, não conseguia mais ficar ali, não QUERIA mais ficar ali e pegou na minha mão.
! - Ela me chamou e eu tirei minha mão da dela – Por favor!
– Eu vou cuidar do , quando quiserem ir embora, vai ter alguém esperando vocês – Fui até a porta, pronto para sair mas ela me interrompeu.
– Não faz isso! A gente precisa conversar – Seus olhos que a cada segundo pareciam se encher mais de lágrimas se fixaram nos meus, apenas neguei com a cabeça.
– Agora não, ! - Sai daquele lugar e fui atrás de , tentando prestar mais atenção nos problemas dele do que querendo acreditar no que acabará de ouvir.

Aquela noite que de repente se tornara quase infernal parecia não ter fim, quando sai do banheiro feminino fui atrás do resto do pessoal e dei de cara com Paul quase pegando a todos ali e enfiando na van. Totalmente furioso, ele me encarou assim que cheguei mais perto.
– Você também está com alguma surpresinha no rosto, ? - Ele analisou meu rosto e voltou a falar com quando viu que eu não tinha nenhum ferimento.
– Que bagunça! Eu já disse um milhão de vezes que não podem sair sem pelo menos um de nós! - Paul tentava se conter mas era visível o quão bravo ele estava, principalmente pela veia saltada em sua testa. Olhei para que era o mais próximo a mim e o chamei com a mão.
– Quem chamou o Paul?! - Perguntei baixinho enquanto Paul do outro lado fazia alguma ligação.
– O segurança da boate é amigo dele, e depois da confusão avisou a ele que íamos precisar dele aqui – sussurrou em resposta.
– Nós vamos conversar seriamente, rapazes! - Paul se levantou e por costume todos nós nos arrumamos pra segui-lo.
– Você vem com a gente? - confuso se surpreendeu quando comecei a sair junto deles.
– Vou! - Disse rápido e chamei Paul que deixou um dos seguranças para levar e Lara embora.
O sermão de Paul durou uma meia hora, com direito a ele dizer que não era só isso. Que amanhã quando todo mundo estivesse de ressaca ele faria questão de gritar um pouco mais conosco.
Mas nada do que Paul dissesse seria capaz de desviar minha atenção do que eu ouvi. ‘Nosso Sonho, Nova York e audição’ eram as malditas palavras que não saiam da minha cabeça.
brigava com Deus e o mundo, mas depois de um belo banho frio dormiu como uma pedra. disse que ficaria com ele e e eu fomos embora com Paul, em um silêncio quase sagrado se não fosse por que resolveu acabar com ele me enchendo de perguntas.
– Por que eu tenho a leve impressão de que você está fugindo, ? - Mesmo eu tentando fingir que estava dormindo, não adiantou muito já que ele me cutucou de leve para que eu respondesse logo – Estou errado? - questionou enquanto eu fingia um bocejo.
– Eu só estou exausto, de verdade! - Respondi torcendo para que ele acreditasse e me deixasse bem quieto, só desta vez.
– Você vai pra casa da agora? - Ele perguntou simplesmente e eu apenas neguei com a cabeça.
Pelo menos por hoje, o melhor era cada um ficar na sua, precisava pensar um pouco e tirar um pouco daquela tensão de cima de mim, antes que fizesse merda, antes que falasse o que não precisava ser dito. Estava realmente chateado com e com tudo que aconteceu hoje, mas outra briga seria de mais. Além do que eu estava disposto a aguentar.
Quando me dei conta estalava os dedos a minha frente e riu me trazendo de volta dos meus devaneios.
– Relaxa, cara! - Balançou meus ombros levemente – Seja lá o que for, resolve amanhã, de cabeça fria! - bateu levemente nas minhas costas e apontou para o lado de fora. Só agora percebi que já estávamos parados em frente à minha casa.

Depois de entrar em casa e rever toda nossa bagunça, fiz questão de ignorar totalmente aquele andar e subi direto pra debaixo do chuveiro. Gostaria que a água levasse todos os problemas que já estavam ali e os que estavam por vir, que somente por hoje a hora que eu deitasse na cama, eu dormisse como , sem pensar em nada, sem deixar nada tirar meu sono mas eu sabia que seria impossível. A dona daquele travesseiro ao lado do meu era o maior motivo da minha insônia e razão de alguns medos idiotas estarem de volta.
Eu só queria esquecer e dormir mas parece que não seria esse o plano.
Assim que sai do banheiro, ainda enrolado na toalha e ajeitando meu cabelo, dei de cara com subindo as escadas sem fôlego, seus olhos brilhantes me encararam e eu apenas abaixei a cabeça.
, nós precisamos conversar!



Capítulo XVI



’s POV

, agora não.... nós só vamos piorar tudo, a noite já teve acontecimentos o suficiente não acha?! - não me olhava nos olhos e começava a procurar pelas suas roupas. As sandálias que eu segurava as joguei no canto do quarto, fazendo me olhar devido ao barulho que elas fizeram. Seu olhar cansado e chateado pousou sobre mim e eu fui em sua direção.
– Eu não vou conseguir deixar as coisas desse jeito, , hoje já aconteceu realmente coisas de mais para eu deixar isso assim. Eu precisava falar com você! - Ele estava de costas para mim, com a porta do armário aberta e fingindo mexer em suas roupas, eu sabia que por mais que tentasse parecer não se importar, estava ouvindo cada palavra.
– Eu quero me desculpar por não ter te contado antes sobre Nova York, eu não sabia que ficaria tão chateado, mas eu não fiz por mal, eu só…. – começou a vestir a calça do pijama e a andar pelo quarto, eu o conhecia bem o suficiente para sentir o quanto ele estava querendo fugir de mim e de tudo aquilo, mas eu não desistiria, hoje não.
, não quero que me conte cada passo seu, nunca fui assim e você sabe disso, mas sabe o que me deixa realmente chateado nessa história?! – finalmente me olhou por um segundo e desatou a falar – Foi você não ter confiado em mim como seu amigo mesmo, não é nem como namorado, mas é o fato de que seu sonho, algo importante pra você e que, querendo ou não, pode nos afetar, apenas aconteceu sem que eu me desse conta, sem que eu ao menos soubesse a proporção disso – apenas com a calça do moletom voltou para o banheiro e eu o segui, ele estava irritado e eu estava começando a entender o porque dele estar tão bravo assim.
Ele colocou o moletom e estava prestes a sair do banheiro quando eu bloqueei sua passagem, me colocando em sua frente de braços cruzados, olhava para fora, por cima da minha cabeça.
, olha pra mim! - Com as mãos puxei seu queixo levemente para baixo, fazendo com que seus olhos se encontrassem com os meus – Não é uma questão de confiança meu bem, eu apenas não foquei nisso, a localidade não era o mais importante pra mim, a localidade não significaria nada se eu não desse o meu melhor e, ainda assim, isso é uma possibilidade RE-MO-TA, nós somos apenas os novatos, ainda teremos outras chances e eu realmente sinto muito se pareceu que eu não confio em você, isso não é verdade! – Com as duas mãos segurando os lados do rosto dele, eu olhei o mais profundamente que pude em seus olhos – Me desculpa, eu não sabia que isso era tão grande assim!
Eu não queria, mas senti meus olhos se encherem de lágrimas e tive de engolir em seco esperando a resposta de , seu olhar penetrante sobre mim, me deixava ansiosa e nervosa, tirei minhas mãos do rosto dele e ia começar a me afastar quando senti ele me puxando de volta, passei as mãos por seu pescoço e senti ele me envolvendo pela cintura.
Aquele foi o abraço mais apertado que nós já demos e foram minutos de um silêncio que era melhor que qualquer coisa que pudéssemos dizer, que por si só já dizia tudo. me abraçava como se eu pudesse fugir a qualquer instante e eu o abraçava tentando transmitir pela força dos meus braços que eu não queria estar em nenhum lugar que não fosse ali.

Depois do banho, sequei meu cabelo e a única coisa que esperava era simplesmente deitar e dormir, talvez nada estivesse tão bem e tão certo como devesse, mas estar em casa já era um alívio. Saí do banheiro e encontrei o quarto totalmente escuro e silencioso, procurei por , mas não o encontrei e somente quando passei pela última porta do corredor e vi a porta ao lado, me lembrei de quando me levou a primeira vez ao terraço, ao seu lugar favorito, apertei mais o casaco que vestia junto a mim e subi as escadas, assim que cheguei ao topo eu o vi, sentado, observando a cidade que muito em breve veria mais um dia começar. não me ouviu chegar e se surpreendeu quando eu o abracei pelas costas.
– Por que você não vem dormir? Tá frio aqui, ! - Apertei meus braços ao redor dele e segurou minhas mãos apenas meneando a cabeça e olhando para frente.
– Eu não consigo dormir, minha cabeça não para! - apertou os olhos em seguida olhou para mim, seus olhos pareciam estar mais despertos do que nunca, dei a volta no banco em que estava e me sentei ao seu lado, coloquei meus pés em cima do banco e fiquei olhando para ele, sua mente não estava ali, ele estava muito longe e eu só o queria mais perto.
– Quer me contar o que está te perturbando, babe?! O que não pode esperar até amanhã, ? - Levei uma de minhas mãos até seu queixo e fiz com que ele olhasse para mim e ali estava claro que era eu, a razão de tudo aquilo ali, de alguma forma, era eu.
– Não consigo parar de ver você indo embora naquele dia, , logo depois da minha audição, eu perdi você ali na porta da minha casa!
E aquele olhar dele foi capaz de congelar meus pensamentos, meu coração apertou de leve e os meus olhos ficaram vidrados nos dele, brilhantes e tristes.
, nós não vamos nos perder, nós NÃO vamos deixar isso acontecer! - Deslizei pelo banco até chegar nas pernas dele e me sentar em seu colo, puxei as mangas do meu casaco para que minhas mãos frias não o assustassem e coloquei as mãos uma de cada lado de seu rosto.
– Preste atenção – Os olhos dele me fitando e deixando meu coração acelerado, minhas mãos começaram a suar e eu parei por um momento juntando nossas testas antes de falar – Onde quer que eu vá, de alguma forma, você sempre estará comigo e nós somos fortes o suficiente pra passar por isso, o.k.?! Aquilo é o nosso passado, nós somos diferentes agora, somos mais fortes e estamos JUNTOS, eu amo você demais pra não lutar por nós, , não fique pensando bobagens!
Com as mãos em sua nuca, eu o trouxe para mais perto, parou por um instante e passou a ponta dos dedos pelo meu rosto, me fazendo fechar os olhos e sorrir quando seus dedos passaram pelos meus lábios, logo em seguida dando lugar a sua boca, o beijo que começou calmo e intenso passou a ter mais velocidade e a me deixar sem fôlego quando a mão de emaranhada em meu cabelo, me causava arrepios involuntários me fazendo sorrir em meio ao beijo. Ele sorriu também e desacelerou o beijo, com a mão livre me abraçou mais forte pela cintura e a mão que estava em meu cabelo desceu para minha nuca, e todo aquele carinho dele parecia se transformar em paz, quando nossas bocas se desgrudaram, trilhou com beijos todo o caminho da minha bochecha até meu ouvido, onde ele soprou aquelas palavras: “Você é a minha paz, , e pra onde você for, eu vou! Isso se você ainda me quiser, né!” Ele riu ainda com a boca encostada em meu ouvido e eu ri me encolhendo em seu colo.
– Idiota! – Puxei de leve seu cabelo e ele riu ainda mais, agora com as duas mãos em minha cintura, me ajeitando em seu colo.
Só agora percebi que ele estava com uma manta ali, da qual ele deveria estar enrolado antes de eu aparecer no terraço. A puxei e me sentei desta vez ao lado dele, que me aconchegou em seu abraço e jogou aquela manta sobre nós.
– Você sabe que vamos morrer de dor nas costas e ficaremos resfriados se continuarmos aqui, né?! - Olhei para e ele apenas deu de ombros, olhando para frente, sem que percebêssemos, um novo dia começava a nascer devagar e nós não tínhamos nem ido dormir.
passava as mãos no meu cabelo, perguntando sobre como Lara estava e o que aconteceria daqui pra frente mas eu nem me lembrava quais foram minhas respostas, estava tão concentrada nas mãos dele e no cheiro que vinha de seu moletom que acabei adormecendo.
, pode parecer brincadeira, mas o sol está nascendo, acorda! - cochichou no meu ouvido e me chacoalhou de leve.
A luz agora um pouco mais forte me fez fechar os olhos novamente, até criar coragem para reabri-los, o sol tímido começava a nascer e era realmente lindo poder observar, a cidade aos poucos já começava a dar seus sinais de que aquela seria mais uma quarta-feira agitada, mas para nós não, por enquanto ainda não, agora parecia realmente cansado, mas nenhum de nós resistiu aquela vista.
Me ajeitei no banco e passou seu braço pelo meu ombro, o silêncio, a tranquilidade e a beleza daquele momento não precisavam de palavras. tinha razão em gostar tanto daquela parte da casa, ali não haviam distrações, se você precisasse pensar ali sempre seria um bom lugar, e o principal você sempre conseguiria observar a noite e a sua beleza ou no nosso caso de hoje, um belo dia começando. com a boca praticamente colada em meu ouvido, começou a cantarolar Kiss Me do Ed Sheeran, me pegando de surpresa, me deixando totalmente arrepiada enquanto ele brincava com as nossas mãos despreocupadamente.
Settle down with me (Fique comigo) And I’ll be your safety, you’ll be my lady (E eu serei seu guardião, você será minha dama)
I was made to keep your body warm (Estou aqui para manter seu corpo aquecido) But I’m cold as the wind blows (Mas eu sou tão gelado quanto o vento que sopra)
So hold me in your arms (Então me envolva em seus braços)

Então eu olhei para e ele sorriu para mim, seu sorriso mais bonito, mesmo cansado seus olhos estavam mais lindos e claros do que nunca, e se ele dizia que eu era a paz dele, com toda certeza ele também era a minha, toda e qualquer preocupação foi embora ao ter aquele olhar sobre mim e eu retribui seu sorriso, me aproximando apenas para terminar o que ele começou:
“This feels like falling in love, (É como se eu estivesse me apaixonando) Falling in love, we’re falling in love (Me apaixonando, nós estamos nos apaixonando)”
me beijou de leve nos lábios e me ajudou a levantar do banco, senti todos os músculos do meu corpo reclamarem e fiz uma careta quando tentei me espreguiçar e riu da minha situação.
– Nem parece que faz balé essa menina! Tem que ver esses alongamentos aí – enrolou a manta de qualquer jeito em seu braço, me pegou pela mão e começou a puxar escada abaixo, me fazendo rir de dor.
! Meu braço seu idiota! – Assim que chegamos ao pé da escada dei um tapa em seu braço e ele gargalhou me abraçando pelos ombros em seguida.
– A gente tinha que descer rápido, antes que você resolvesse dormir no banco de novo – riu enquanto eu o olhava indignada.
– Você me paga, – Ele saiu correndo e se jogou na cama, me obrigando a ir atrás dele e me jogar também. Estávamos tão exaustos e acabados que dormimos em pouquíssimos minutos.

Acordamos a uma da tarde porque o celular de simplesmente estava impossível de ser ignorado, depois da terceira ligação seguida, resolveu levantar e procurar o aparelho que estava embaixo de suas roupas.
– Alô?! - ainda com a voz de sono atendeu e por sua expressão dava pra ver que eram mais problemas chegando.
– O.k., em meia hora a gente chega aí! – respondeu sério e em seguida me olhou fazendo uma careta e desligando o celular.
– Começamos bem, pelo que entendi estamos em todos os jornais e Paul ainda está furioso conosco, assim como os nossos empresários e convocaram uma reunião, resumindo vem mais bronca por aí! – bagunçou de leve os cabelos, desanimado se jogou de novo na cama, por cima da minha barriga, levei minhas mãos até seus cabelos e fiquei mexendo neles até começar a rir debochado.
– E a pediu pra você ir também, segundo ela, vocês tem muito o que conversar! - Parei de mexer minhas mãos e me olhou sorrindo com a sobrancelha levemente arqueada. Claramente se divertindo com minha cara.
– Ah não! - Reclamei me jogando de volta no travesseiro e começou a me fazer cócegas.
– Anda logo, daqui a pouco eles vêm buscar a gente e levar arrastado pra lá – foi tomar banho enquanto eu criava coragem para levantar da cama e enfrentar aquele mundo de problemas à nossa espera.
Depois de mais de quarenta minutos, saímos praticamente correndo de casa e levamos o maior susto quando chegamos em frente à casa de e haviam uns 15 fotógrafos do lado de fora, eles reconheceram o carro de e vieram com tudo para cima de nós.
– Meu Deus! - Ajeitei meus óculos escuros enquanto tentava entrar na garagem do prédio sem atropelar ninguém, os flashes e as perguntas não paravam nem por um segundo.
– Que merda!!! - já começava a se estressar com a demora do portão e eu apenas apertei de leve sua mão, pedindo calma com o gesto, assim que entramos na garagem do prédio, subimos diretamente para o apartamento de onde já era possível sentir a tensão assim que abriu a porta.
– Até que enfim, só falta você e aviso que Antony está uma fera conosco! - cumprimentava com aqueles meio abraços e só então me olhou fazendo uma careta divertida.
– Oi ! - Eu lhe dei um abraço rápido, sentindo puxar levemente minha mão que estava entrelaçada a sua.
– Cadê todo mundo?! - Fomos andando de mãos dadas ao lado de que comia uma maçã e tentava não falar demais com a boca cheia.
– No “escritório” - Ele fez aspas com as mãos, apontando para a última porta do comprido corredor mais conhecida como ‘sala com mais sofás na casa do ’. riu baixo e eu senti uma mão me segurando.
– Você fica! - Olhei para o lado e me deparei com sorridente segurando um pacote de cookies enquanto me puxava com a outra mão. Apenas acenou para que seguiu para a tal reunião importante enquanto me levou para a cozinha, onde antes ela estava.
– O que aconteceu no mundo ontem à noite? Eu realmente fiquei chocada com tudo isso! - sentou-se do outro lado do balcão da cozinha, me ofereceu alguns cookies e apontou para os jornais em cima da mesa, cheio de manchetes sobre a briga na boate na noite passada.
– Aconteceu que eu descobri que Lara e Julian estavam quase namorando, não contaram pra ninguém e, por isso, as investidas de que tinham meu total apoio acabaram por causar a maior briga, sobrou até para Lara! Eu estou pasma até agora! - Concluí mordendo finalmente meu biscoito e vendo o queixo de cair levemente.
– Namorando? Mas você não viu nada, ? Nada, nadinha?
– Eles têm a maior sintonia dançando juntos, desde o início do curso, mas para mim era só isso, nada além, mas pelo que Lara me disse eles já tinham acabado aquele lance há umas duas semanas mas com os ensaios para audição e a audição em si, deram a Julian novas esperanças e deu nisso, um mar de confusão!
– O empresário dos meninos estava brigando horrores com , e agora que o time está completo vai falar mais um pouco para todos eles – me olhou um pouco mais séria e encolheu levemente os ombros – Como está a Lara?
– Ontem ela estava bem mal, mas nós conversamos bastante, deixei ela sóbria na casa da prima dela que mora aqui, preciso passar por lá depois! - Amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo baixo, e senti o olhar apreensivo de sobre mim.
– Você entrou no twitter hoje?! – Apenas balancei a cabeça negando e suspirou pesadamente, me causando calafrios imaginar o que ela já sabia que estava rolando.
– Tá foda assim? - Peguei meu celular e fui direto para o twitter.
Minhas notificações estavam repletas de insultos dos mais variados tipos mas o que me deixou preocupada foram os ataques a Lara.
“Você nem é tudo isso para o brigar por sua causa”
“Você é uma vadia!”
“Não sonhe que ele vai ficar com você”
estava bêbado, jamais ficaria com você se não estivesse!”
“Eu te odeio! Olha a bagunça que você fez!”
E muito mais, xingamentos infantis e ameaças do tipo “Sabemos tudo sobre você!”.
Fiquei totalmente apavorada lendo as barbáries dirigidas a minha amiga, por mais que soubéssemos que a grande maioria vem de gente covarde que se esconde atrás de uma tela de computador, ter tantos insultos dirigidos a você quando já se têm problemas o suficiente é no mínimo aterrorizante, ainda mais para Lara que não estava nenhum pouco acostumada com esse tipo de pressão.
Liguei para ela imediatamente depois que li aqueles tweets e ela demorou para atender.
– Oi, ! - A voz fraquinha dela se fez ouvir e eu fiquei um pouco aliviada.
– Liguei pra saber como você está? Já está melhor, meu bem?! - mesmo não conhecendo bem Lara, estava tão apreensiva quanto eu, coloquei a chamada no viva voz.
– Estou um caco, quero sumir e mandar minha prima pra qualquer lugar longe o suficiente para que eu não ouça a voz dela NUNCA MAIS!
– Pensei que você gostasse dela – Ri de leve ao ouvir Lara bufando do outro lado da linha.
– Eu até que gosto, mas ela está a horas enchendo os meus ouvidos, ela quer ligar para minha mãe lá no Brasil e eu quero seriamente sumir com o celular dela! Vou jogar ele pela janela!
– Desculpa, Lara, se eu soubesse teria te levado pra minha casa!
– Tudo bem, eu vou dar um jeito! Obrigada por ontem, sei que dei trabalho e acho que te atrapalhei com o , né?! Desculpe, ontem não foi mesmo meu dia – Lara estava mais séria e senti me encarando com a sobrancelha arqueada, com certeza com muitas perguntas se formando em sua cabeça.
– Não se preocupe, a gente precisava mesmo conversar e agora está tudo certo, eu quero saber de você! Sua boca melhorou mesmo?! Quando você volta pro balé?
– Está quase perfeita e eu não sei quando volto, você viu o que estão falando sobre mim na internet?! – E a voz antes calma e suave, ficou mais tensa, era perceptível a mudança brusca pela sua respiração.
– Eu vi e sinto muito que você esteja no meio disso tudo, tantos absurdos, totalmente sem noção, eu sei que é difícil mas quero que você saiba que eu e a estamos com você nessa, pra qualquer coisa é só nos chamar! E por mais que seja difícil tente ignorar, e se concentre no balé, no nosso sonho lembra?! – Coloquei toda animação em minha voz tentando passar para Lara algo que nem eu mesma estava sentindo.
– Nunca pensei que fosse ser tão horrível entrar em uma rede social, o mundo me assusta as vezes! – Lara suspirou forte no telefone em seguida alguém começou falar com ela do outro lado da linha mas nós não conseguíamos entender nada.
, preciso desligar agora, obrigada por tudo! Te ligo depois o.k.?! - Rapidamente ela desligou o telefone sem dar tempo de eu ao menos me despedir.
me olhava com a sobrancelha franzida, parecendo confusa.
– O que mais eu perdi ontem, ? Tô sentindo que perdi coisas de mais!
– Pelo visto você prestou MUITA atenção na conversa, né, ! - Eu ri e me acompanhou se endireitando em sua banqueta e me encarando bem de perto.
– Eu conto tudo, mas é óbvio que eu quero saber TU-DI-NHO sobre a sua fuga, , nada é fácil assim! - Pisquei para ela que sorriu ficando levemente vermelha. Comecei a contar sobre o meu desentendimento com e sobre a possibilidade de ir a Nova York por uma temporada, ouviu a tudo atentamente ficando surpresa com a novidade.
– Isso explica porque o perguntou se você estava bem, se eu tinha falado com você ontem – começou a pensar em voz alta e de repente me olhou mais chocada – , como assim eu só sei disso agora, criatura?!
Apenas levantei as mãos em sinal de inocência e sorri abertamente para ela que tentou me dar um tapinha no braço.
– Você e o agem como se eu estivesse indo pra lá amanhã, mas foi SÓ uma audição, nem tenho previsão de quando seria a viagem, se isso de fato acontecesse – Rolei os olhos teatralmente e me olhou boquiaberta.
– Cretina! A gente se importa com você, sua desnaturada! - Os olhos da me fitaram indignados e eu desci da minha banqueta, dei a volta no balcão e parei do seu lado a esmagando em uma abraço de urso.
– NÃO CONSIGO RESPIRAR!!! - Quanto mais eu a apertava, mais ria e tentava me afastar – Sai daqui, !
– Te amo, sua bruta! - Soltei ela rindo enquanto massageava os braços onde eu apertei.
– Bruta, eu?! - riu jogando a cabeça para trás, apontou um dedo na minha cara e ficou séria de repente – Se meu braço ficar roxo eu te esgano ! Só espere!
– Viu, praticamente o Shrek – Ri me sentando ao seu lado e recebi um tapa na minha perna pelo comentário – Mas eu te adoro mesmo assim, e juro que da próxima vez eu conto antes, levo vocês junto nos meus planos – Pisquei e apenas balançou a cabeça negando.
– Não deveria te contar nada sobre ontem também, só pra você sentir na pele dona supermaldosa tentou fugir de mim mas eu a puxei pela camiseta e a fiz se sentar de novo de frente para mim.
– HA HA nem em sonho você sai daqui sem me contar tudo, senão já perguntou ao todos os detalhes, quer que eu faça um ‘De Frente com a ’ com ele?! Vai gostar?! - começou a rir sem parar da minha péssima piada e eu dei um tapinha em sua cabeça.
– Para de rir e desembucha! Por que você queria a chave do ? Isso eu ainda não entendi – Comecei a fazer um chá enquanto se ajeitava na banqueta girando para me olhar do outro lado da cozinha.
– Acho que você não falou com o , né?! - Ela perguntou baixinho e eu apenas franzi a testa negando.
– Então vou te contar desde o início! Fica de olho, se o estiver vindo você ME AVISA! - apontou para o corredor de onde somente eu poderia ter uma visão completa de quem chegava a cozinha.
– Pode deixar, agora fala logo criatura! - Joguei um guardanapo nela que suspirou antes de começar a falar.
– Há mais ou menos um mês, nós tivemos uma conversa casual, nada sério sobre “quando eu fosse morar com ele” - fazia aspas com a mão – E eu desconversei sabe, fingi que nem era comigo mas o levou aquela possibilidade a sério, até que alguns dias antes do seu aniversário nós brigamos de verdade quando ele ficou insistindo e eu disse que não achava certo, que aquilo era uma passo maior do que nossas pernas, que ia nos estragar, cada um foi pro seu canto e eu jurava que tudo ia acabar, tudo estava prestes a ir pelos ares – suspirou e olhou para o chão, eu estava boquiaberta ouvindo toda a história e fui distraída pela água que fervia, peguei duas xícaras e voltou a falar com o tom mais sério do que antes.
– Todo esse tempo que nós ficamos sem ao menos nos falar foi horrível, mas eu não estava disposta a correr atrás dele, mas eu tive que fazer por causa da festa e , assim como eu, foi um teimoso idiota e fez questão de não fazer nada do que eu pedi, nem de chegar na hora que eu pedi me deixando mais irritada ainda e juro que pensei que não tinha mais o que fazer, mas na sua festa só de ver aquele filho da mãe, eu já me sentia aquelas idiotas de comédia romântica – riu seca enquanto eu levava nossos chás até o balcão, me sentei de frente pra ela que começou a brincar com o saquinho do chá distraidamente e só então olhou novamente para mim.
– Durante todo esse tempo eu ficava pensando que se nós morássemos juntos eu o perderia pra rotina, nós seríamos como tudo que se vê por aí, aqueles casais desgastados que não se suportam com o tempo e tudo que eu não permitiria seria isso, meu maior medo era esse! - mais frágil do que nunca me olhou profundamente e eu peguei sua mão em cima do balcão e a apertei forte, me odiando por não ter estado presente na vida da minha amiga quando ela quis conversar tudo isso comigo e eu não pude.
– Sabe quem me ajudou?! – riu quando eu neguei com a cabeça – Um tal de ! - Meu queixo caiu e riu ainda mais forte.
– Na sua festa, eu já estava um pouquinho alta, mas aquele idiota não saía da minha cabeça e eu fui beber mais um pouco – Rolei os olhos porque odiava quando fazia isso e ela apenas continuou, me ignorando completamente – Nós começamos a conversar, e eu acabei meio que me abrindo com o e ele ajudou bastante, me fez ver que a gente podia ao menos TENTAR! E foi isso que eu fui fazer na casa do , peguei as chaves dele e levei uma mala pequena com roupas minhas pra lá e pedi pro mandar ele pra casa quando eu terminasse minha “surpresa” - riu envergonhada enquanto meu queixo caía levemente, no passado eu já vi terminar um namoro duradouro por se sentir pressionada, a vi correr por medo de se prender a alguém e agora estava vendo ela escolher ficar.
– Wow! Eu estou impressionada! Ver você fazendo isso, amiga, eu estou orgulhosa, você superou seu trauma! - Apertei a mão dela que ficou um pouco mais vermelha antes de respirar fundo e voltar a se endireitar na banqueta.
– Nem eu acreditei que fiz isso mas o que nós temos eu nunca tive com ninguém, e acho que vale a pena arriscar, é muito importante pra mim, muito mais do que eu mesma imaginava – Os olhos dela brilharam quando ela disse isso e eu a vi ficar praticamente roxa de vergonha quando surgiu atrás de mim, provavelmente ele ouviu grande parte do que estávamos falando porque chegou sorrindo e deu a volta no balcão para abraçá-la e estava totalmente envergonhada tentando cobrir o rosto.
– Eu gravei isso! Vou usar contra você! - surgiu logo em seguida e apenas choramingou escondendo seu rosto agora no pescoço de que riu e mostrou o dedo do meio para . Observando e eles pareciam estar em uma bolha só deles ignorando completamente tudo e todos ao seu redor.
vai se foder! - disse rindo e também surgiu daquele corredor sendo seguido por todos os outros.
– Há quanto tempo vocês estão aí?! - Perguntei indignada e apenas deu de ombros apontando para com a cabeça.
– Ele segurou a gente ali! Sorte que vocês não começaram a contar detalhes íntimos, eu ainda nem almocei pra ter que ouvir esse tipo de coisa – riu se sentando ao meu lado e dando uma espiada em minha xícara fazendo uma careta em seguida.
– Ninguém vai fazer comida nessa casa, não?! - Ele perguntou nos olhando, em seguida procurou o dono da casa com os olhos e só agora reparei que não o tinha visto ainda.
– Cadê o ? - Perguntei e apenas deu de ombros abrindo alguns armários.
e ele começaram a pegar todo tipo de pacote de comida e colocar sobra a mesa, me girei na banqueta para poder observar melhor a bagunça que eles faziam, apenas chacoalhava a cabeça observando tudo aquilo.
– Já que ele não aparece a gente vai se virando, eu tô faminto! - observando tudo sobre a mesa, apenas coçou a cabeça antes de se virar para ainda abaixado procurando comida e perguntar displicentemente.
o que você vai fazer pra gente comer?! - levantou rápido, batendo a cabeça em uma porta aberta do armário de cima e soltou um berro.
– PUTA MERDA!!! - começou a gargalhar ao meu lado e eu tampei minha boca para não deixar minha risada escapar, fazendo uma careta olhou para nós dois tentando nos repreender enquanto estressado apenas massageava sua cabeça no local batido.
– Eu não vou fazer nada! Cadê o idiota do ? - muito mais bravo agora, nos encarou e eu apenas arregalei os olhos dando de ombros sem nada útil como resposta.
– Tô aqui, não se matem por mim! - com sorriso no rosto surgiu em sua cozinha e olhou para mim aumentando seu sorriso, me levantei para cumprimentá-lo e pude ver mais de perto seu olho levemente vermelho e inchado por causa da briga de ontem.
– Como você está, ? - Perguntei depois de receber um beijo no rosto e suspirou teatralmente depois sorriu com um jeito de quem tinha aprontado.
– Levei bronca ontem, levei bronca hoje e tá todo mundo falando mal de nós por aí – Ele enumerava tudo nos dedos e eu tentava entender aquela expressão dele, nada disso parecia ser sério para ele, que riu antes de continuar – MAS a parte boa é que sua amiga está chegando aí! Antes de todo mundo chegar eu falei com ela e a Lara parecia estar bem assustada! Demorei para convencer mas disse que vocês estariam aqui então ela aceitou! - piscou para mim que estava sem palavras para os dois, na realidade pensei que Lara fosse ficar em casa de “molho” por um tempo mas estava feliz em saber que nós poderíamos vê-la hoje.
.... - Quando ia começar a conversar com de verdade, sobre o que ele e Lara estavam fazendo, o puxou.
não estou nos meus melhores dias, então por favor, o que nós vamos comer?! Tipo A-GO-RA! - que estava até agora somente me observando expulsou da banqueta ao meu lado e se sentou ali.
– Sim, com fome não é a pessoa mais amável do mundo! - riu perto da minha orelha me causando arrepios.
– Daqui a pouco ele bate na gente! - Ri baixinho sentindo a mão de na minha coxa – Como foi lá dentro? Muito ruim? - Coloquei minha mão sobre a sua e as entrelacei olhando nos olhos dele.
– Depois da bronca, eles pediram um comportamento mais do que exemplar, praticamente nada de andar fora da linha, boates sem seguranças e aprontar na frente da imprensa! Estamos bem, relaxa ! - Totalmente tranquilo sorriu se aproximando para me dar um beijo, fomos interrompidos por e pedindo sabores de pizza, em seguida e que estavam nos observando durante todo esse tempo começaram a rir.
– Tá difícil hoje hein casal! - riu e que estava atrás dela a abraçando sorriu antes de beijar seu ombro, os dois pareciam estar mais felizes e conectados, com seus olhos incrivelmente brilhantes esticou a mão para o do nada, fazendo nós três olharmos confusos pra ela.
– Obrigada por ontem! De verdade! - olhou surpreso para mim e depois sorriu para que rolou os olhos por saber que viria alguma piadinha idiota em seguida – Não faça eu me arrepender de ser legal com você ! - parou de sorrir e encarou mais duramente enquanto observava tudo confuso.
– De nada! - apenas fez uma reverência exagerada e mesmo assim rolou os olhos impaciente e eu não me contive e comecei a rir.
– Aí está, a que conhecemos e amamos! - Joguei um beijinho pra ela que tentou me mostrar o dedo do meio mas foi distraída por gritando aleluia lá da sala.

Enquanto estava praticamente em êxtase de ver a pizza, estava da mesma maneira mas por ver Lara chegando.
Depois dos jogos vorazes da pizza onde e estavam seriamente a fim de brigar pelo último pedaço de pizza que foi sorrateiramente roubado por e entregue a nós três que comemos em frente aos dois que olhavam indignados a cena.
, você podia ter dividido comigo! - protestou enquanto me ajudava a arrumar algumas taças que seriam levadas para sala, onde todos estavam.
, se fosse pra ela dividir seria comigo e só! Sai daqui! - surgiu na cozinha e deu um chutinho na bunda de que saiu rindo da cozinha.
– Esses caras estão mais idiotas que o normal! Isso que dá deixar todos eles juntos e com fome! - riu e assumiu o lugar que antes era de para me ajudar a levar tudo para sala.
Assim que voltamos para lá reparei que e Lara haviam sumido, e se aconchegaram no chão da sala assim como , voltava do quarto com um violão, e eu começamos a distribuir as taças para todos.
– Como hoje é nosso dia de ficar escondido em casa, vamos fazer bagunça aqui mesmo! - sentado no chão ao meu lado deu uma piscadinha e olhou para .
– Algum pedido especial madame?! - fez pose de pensativa e sorriu para nós.
– Qualquer uma do The Script você já me faz feliz! – começou a tocar os acordes de ‘The Man Who Can’t Be Moved’ e alargou ainda mais seu sorriso, todos nós cantamos juntos pelo menos até a metade da música.
Quando e Lara voltaram a se juntar a nós, ela sorria um pouco mais agora do que quando chegou mas ainda assim, não tanto quanto imaginei, ela se sentou do outro lado de e sentou ao seu lado mas sem abraços ou beijos, apenas um belo sorriso antes de servir vinho para eles.
E assim se seguiu a bagunça na sala com direito a muito Ed Sheeran, Jason Mraz e a maravilhosa versão dos meninos de ‘I Want It That Way’ dos Backstreet Boys, com perguntando e um por um respondendo, do jeito mais exagerado possível:
– Tell me why – apontando para esperou que ele continuasse.
– Ain’t nothin’ but a heartache – Exagerando na representação, riu depois de cantar.
– Tell me why – novamente dando o máximo de sua interpretação.
– Ain’t nothin’ but a mistake – Era a vez de entrar na brincadeira.
– Tell me why – rindo e quase ajoelhado perguntando ao .
– I never wanna hear you say – também contribuiu colocando a mão no peito e cantando.
Todos nós em uma versão alcoólica praticamente gritamos em uníssono o fim do refrão:
– I WANT IT THAT WAY!
A sequência de risadas foi incontrolável, foi a cena mais engraçada que nós já protagonizamos e não conseguia parar de rir ao meu lado, com a cabeça no meu colo quase chorava segurando a barriga.
– É oficial somos os maiores idiotas! O que foi isso?! - olhava para que agradecia com uma reverência exagerada, Lara ao seu lado se apoiou nele com uma mão na barriga e eu vi sorrir e abraçá-la pela cintura.
Depois de um descanso veio com a brilhante ideia de eles cantaram um pedacinho de cada música que eles apresentaram no X-Factor e eu não conseguia me conter em apenas imaginar isso.
– Por favor, por favor! - Olhei para deitado em meu colo fazendo uma careta e segurei seu rosto – Por favor! - Sorri ainda mais e se sentou novamente.
– Nossa, , por que isso agora?! - Lara levantou e foi para o seu lugar ao lado de , também veio mais para perto e ainda era o único questionando.
– Eu amei essa ideia! Vai, , vai ficar incrível! Não precisa ser todas, só algumas – que já estava em pé com o celular na mão se ajeitava de frente para eles e a não restou nada mais do que aceitar, dei um selinho nele e fui para o outro lado, me sentar ao lado de Lara para assisti-los.
Eu apenas acompanhei pela internet o X-Factor, jamais os vi cantando aquelas músicas ao vivo e aquele era um momento especial para mim. Começando com Torn, passando por Viva La Vida, Chasing Cars na qual Lara e eu quase choramos abraçadas de tão linda que ficou, erraram quase toda a letra de Summer of 69 e todos nós rimos muito nessa hora, com direito a eu ser zoada por por meus olhos cheios de lágrimas em Nobody Knows, eles resolveram cantar um pedacinho de Valerie e nós apenas participamos com as palmas, e o final foi com Torn novamente. enviou o vídeo para que postou na conta deles do twitter que foi a loucura total com a surpresa da noite.
– Obrigada, meninos, isso foi incrível! - Abracei e que riram envergonhados, ficou me olhando de longe, abracei e também os dois ao mesmo tempo – De verdade, ficou um máximo! - Eles apenas responderam com um aceno de cabeça, senti uma mão segurando a minha e me puxando de leve.
– Gostou?! - sorrindo de lado e colocando suas mãos ao redor de minha cintura perguntou sem me deixar responder, me beijando em seguida.
– Eu queria ter estado lá, eu queria ter visto isso e hoje eu vi! - Sorri para ele e comecei a distribuir beijos por seu rosto enquanto falava – Adorei cada segundinho! - Terminei rindo e colando minha boca a dele novamente.
– Eu amo você, ! - me olhou profundamente e fez com que eu me arrepiasse, apenas por olhar em seus olhos que também sorriam para mim, fiquei nas pontas dos pés e o beijei novamente.
Fomos interrompidos pela risada de Lara quando Cyndi Lauper começou a tocar, como se fosse uma espécie de saideira Girls Just Wanna Have Fun, acabou por ser nosso hino e as duas vieram até mim para me levar até o centro da sala, como se nada tivesse acontecido durante esses últimos dias nós realmente só queríamos nos divertir naquele momento, mais desafinadas do que nunca cantamos a plenos pulmões chamando todos os garotos pra ajudar a pagar mico.
E encerramos a noite com Creedence e ‘Have You Ever Seen The Rain’ sendo praticamente declamada por e que se abraçaram como nos fins de festa, onde todos já estão cansados de tanto se divertir mas ainda tem energia suficiente para rir como idiotas.
Ajudamos a organizar um pouco da bagunça que ficou a sala e quando já deveriam ser umas 10 da noite, e eu decidimos ir embora, já estávamos quase saindo e Lara me pediu pra ir conosco, mesmo estranhando seu pedido, a puxei pela mão e ela saiu com a gente. Ainda haviam alguns paparazzis do lado de fora que não perderam tempo partindo pra cima do carro novamente.
Todos nós sabíamos que seria impossível fugir das fotos, mas, mesmo assim, foi o mais rápido que pode para nos tirar da mira dos flashes. Lara durante todo o tempo segurava a respiração e nem reparou quando nós estacionamos direto na casa de .
– Hoje você fica com a gente! - Fechei a porta do carro quando Lara desceu meio relutante – E eu não aceito não como resposta.
Lara riu derrotada, saiu correndo escada acima enquanto eu tirava meus sapatos ainda no andar debaixo que ainda tinha muitos resíduos da festa do meu aniversário, Lara parecia tão cansada quanto eu, e amanhã cedo se tudo desse certo nós voltaríamos a nossa rotina de ensaios. Puxei ela pela mão para irmos até o quarto de hóspedes, mostrei onde ficava tudo que ela precisava e enquanto nós arrumávamos a cama reparei no quanto Lara estava quietinha.
– Que foi? Aconteceu mais alguma coisa? - Perguntei baixo e Lara me olhou surpresa, em seguida seu olhar foi em direção a porta, fui até lá e a tranquei voltando até a cama onde Lara agora sentava com as pernas cruzadas. - me beijou e eu travei. Vergonhosamente eu travei ! - Lara o tempo todo olhando para as próprias mãos começou a ficar vermelha como um tomate e eu fiz com que ela me olhasse. - Hey, tudo bem! Não tem problema nisso Lara, o é um cara legal e .... - Comecei a falar mas Lara me interrompeu. - É mesmo, até demais. , eu afastei ele e fiquei meio paralisada, sem me entender direito e ele entendeu! Foi uma pessoa adorável e eu não sei o que fazer daqui pra frente!
Lara muito mais confusa do que antes olhou para mim, talvez buscando respostas ou algum conselho e eu apenas a abracei, do jeito mais forte que podia, até que ela relaxasse e me abraçasse de volta.
– Você está com medo e um pouquinho de trauma por tudo que aconteceu, eu ficaria totalmente louca por semanas até conseguir voltar ao meu normal, então já estamos um passo à frente! - Chacoalhei Lara de leve e ela riu debochada saindo do abraço para me olhar com os olhos semicerrados, desconfiando.
– Você é tão medrosa assim? Duvido! - Comecei a rir e Lara cruzou os braços tentando esconder seu sorriso claramente me zoando por antecipação.
– Eu quase enfartei quando me fotografaram com a primeira vez, sou cagona mesmo e digo mais, eles sabem que não é fácil, que nem todo mundo quer seu rosto estampado por aí, pelo menos do jeito que nos protegemos, essa é a impressão que eu tenho – Pisquei para ela que sorriu brevemente, mexendo em uma pulseirinha de borracha em seu pulso.
disse que quer me conhecer melhor, que não tem pressa e que qualquer garota que se metesse em uma confusão por causa dele sempre terá todas as chances! E antes da gente sair do quarto ele me deu isso – Ela puxou levemente a pulseira que era uma marca registrada de , ele sempre estava com ela, em praticamente todos os dias em que eu o vi – Disse que era uma das coisas favoritas dele e que queria que ficasse sempre comigo, pra eu lembrar sempre dele e depois dessa conversa, abracei ele tão forte que até eu estranhei, juro , não tô me reconhecendo mais, eu não sou assim! - Lara sorriu olhando novamente para pulseira e só então seu olhar brilhante se encontrou com o meu, segurei meu colar de âncora que foi um presente de também e sorri pra ela também.
me deu esse colar pra eu sempre lembrar dele, e acho que eu devo olhar pra ele como você está olhando pro seu presente! Você é especial pro e nós sabemos que ele também é pra você, vamos dar tempo ao tempo que você vai entender tudo isso! Vai dar tudo certo, Lara! - Abri mais meu sorriso e ela sorriu tímida, me abraçando novamente, parecendo mais aliviada.
– Obrigada por tudo, ! Vocês todos têm sido tudo pra mim! - Ela me deu um beijo estalado na bochecha e começou a me fazer cócegas, depois de uma grande luta consegui me afastar dela.
– CHEGA!!! - Caí da cama e Lara ficou gargalhando descontroladamente – Não quero mais brincar, sua chata! - Limpei minhas lágrimas e coloquei a mão na barriga, quando ela me estendeu a mão eu a puxei e ela caiu com tudo no chão quase em cima de mim
! Sua louca! - Mais risadas descontroladas até ela me expulsar do quarto dizendo que eu estava fazendo escândalo e ela não anda com gente escandalosa. Muito engraçadinha essa Lara!


Os dias se passaram devagar enquanto e os outros garotos faziam divulgação na Austrália, Lara e eu não estávamos mais aguentando nossa ansiedade esperando o resultado da audição do NYC Ballet, depois da surpresa assim que voltamos as aulas e descobrimos sobre a transferência de Julian, a semana passou tranquila, com muitos ensaios e cansaço físico, mas tranquila em relação a toda a agitação dos acontecimentos ocorridos na semana passada. A única diferença era que agora se fazia mais presente na vida de Lara, através de ligações e mensagens, ele a mantinha por perto ao contrário do que a própria Lara pensava que fosse acontecer.

Passei a dormir mal quase todas as noites e isso estava me irritando mais do que o normal, sempre o mesmo sonho, sempre aquela lembrança, meu pai e os garotinhos daquele dia no mercado, os três rindo felizes e eu simplesmente de lado, sempre com medo e me sentindo perdida. Sempre acordava na mesma parte do sonho, quando eles olhariam para mim, talvez o medo da reação deles me fizesse despertar, suando frio e com o coração acelerado todo santo dia.

?! - Uma voz ao longe se fez ouvir mas parecia que eu ainda estava sonhando – ! Acorda! - Alguém me chacoalhou e eu acordei assustada, encontrando os olhos preocupados de sobre mim – Você tá bem? - Ele colocou a mão sobre minha testa ainda com a testa franzida e eu apenas abaixei a cabeça lembrando que mais uma vez eu sonhei com eles.
– Sua mão está um gelo e sua testa tá molhada, o que foi, meu amor?! - fazia carinho em minha mão e eu subitamente senti vontade de chorar. Levantei meus olhos e foi apenas o fato de nossos olhares se encontrarem e eu desabei, sem conseguir explicar direito, apenas me sentindo pequenininha ao lembrar do meu sonho e sentindo as lágrimas saírem sem ao menos pedir permissão.
– Me conta o que houve! Eu preciso saber pra te ajudar! - tinha preocupação em sua voz, mas, mesmo assim, tentava me acalmar enquanto fazia carinho em meu cabelo, puxando-me para seu colo e me deixando afundar o rosto em seu pescoço, seu cheiro e suas mãos começaram a me trazer paz e eu abracei com toda força que podia, distribuindo vários beijos nele que começou a rir me jogando na cama em seguida, prendendo meus braços pra cima e me olhando bem de perto.
– Pode parar, , quero saber o que houve, com o que você estava sonhando?! - dizia baixo muito perto da minha boca, causando arrepios e uma vontade louca de esquecer aquele assunto.
– Podemos falar sobre isso depois, eu nem tomei café ainda! - Dei meu melhor sorriso para que estreitou seus olhos desconfiando de mim mas concordando com um aceno de cabeça.
– Você sabe que não me escapa, certo?! - levantou da cama me puxando junto, e só então eu percebi que estava mais atrasada do que o normal, mas com o pedido insistente de , só hoje eu não iria atrás dos meus adágios perfeitos e sim ficaria me “recuperando” (como gostava de usar como sua desculpa mais digna) na companhia de .

Mais uma vez naquele terraço, mexia em meus cabelos e distribuía beijos e carinhos por todo meu pescoço e colo, me mantendo mais aquecida e cheia de amor. Mas aquele pensamento voltou a rondar e eu precisava falar com alguém sobre aquilo antes que eu ficasse REALMENTE doente de tanto pensar, segurei aos mãos de entre as minhas antes de começar a falar.
… seja sincero o.k.! - Me desencostei do peitoral de e virei meu corpo para encará-lo – Você acha que meu pai sente minha falta? - Olhei para profundamente, sentindo meu coração apertar em apenas falar daquele assunto, meus pensamentos repletos de dúvidas e medo e ali acenando com a cabeça, positivamente.
– Claro que sim, , ele sempre te adorou! - Ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha, tentei evitar mas quando me dei conta meus olhos cheios de lágrimas já o encaravam e apertou com mais força minhas mãos, ficando inquieto ao meu lado.
– Eu o vi, , eu o vi no dia do meu aniversário – Minha voz fraca e oscilante de repente sumiu ao fim da frase e pelo olhar de preocupação de acho que ele entendeu grande parte do meu dilema particular.
– Onde? O que aconteceu? Como foi? - estava ansioso, se sentou mais perto enquanto eu olhava para baixo, deixando minha respiração pesada escapar.
– Em um supermercado, ele estava com dois garotinhos que o chamavam de pai, eles estavam tão felizes – Eu não queria mas ao ouvir minha própria voz, chorosa e fraca era perceptível a amargura e um pouco da mágoa que aquela cena me causou, ergueu meu rosto para encará-lo, cheio de compaixão nos olhos, ele me abraçou forte.
– O que ele te disse, ? - A voz baixa e calma dele me deixando totalmente a vontade e me fazendo sentir protegida,
– Nada, eu não deixei ele me ver, só eu os vi – Dei de ombros enquanto me afastava minimamente para me olhar melhor.
– Por quê? Por que não foi até lá? - parecia mais do que intrigado com a situação.
– Porque eu não sei se tem espaço pra mim ali, não sei se eu o quero de volta a minha vida, sabe?! Ou se ele me quer também, eu podia atrapalhar, eu não quero isso! - Apenas em pensar nessas possibilidades eu sentia meus músculos enrijecerem, eram as fontes dos pesadelos, essa possível rejeição me maltratava por dentro e dizer isso em voz alta me trouxe uma nova onda de lágrimas teimosas que eu tentei secar rapidamente com certa rispidez por me sentir tão idiota mas afastou minhas mãos e secou as lágrimas que escorreram com toda a calma que só ele tinha, me dando um selinho logo em seguida e colando nossas testas em seguida.
– Se você quiser, nós podemos resolver isso, ! Os dois juntos! O que acha?! - disse baixinho como se fosse nosso segredo mais secreto, senti meu coração vacilar em uma batida – Eu divido com você, vou na frente se você achar necessário! - As mãos de fazendo carinho em meu rosto me desconcertavam e me deixavam totalmente entregue, como se aquele gesto tocasse minha alma.
– Mas e se.... - Inevitavelmente abri minha boca para perguntar e apenas me calou, selando nossos lábios mais uma vez.
– Nada de “e se”, por favor chega de torturas, você já está se corroendo por dentro com seus achismos! Você confia em mim?! - segurando os dois lados do meu rosto praticamente colado ao seu, fez aquela pergunta que na minha mente era a de resposta mais óbvia do mundo, eu confiava nele mais do que em qualquer pessoa no mundo, ele era tudo pra mim.
– Claro que sim, mais do que em qualquer coisa no mundo, ! - Disse em tom de obviedade e sorriu de lado, me beijando mais uma vez.
– Então nós vamos fazer o que devemos fazer! - disse me abraçando de lado, me recostando em seu peito e dando a entender que aquele assunto por enquanto estava encerrado.

mais misterioso do que nunca, ficou dois dias fugindo de mim loucamente, toda vez que eu tentava falar com ele sobre o que faríamos, SE faríamos alguma coisa, ele dizia que tinha que sair e me deixava a ver navios, até que na quinta-feira ele me mandou uma mensagem de texto pedindo que eu o esperasse na escola.
Me despedi de Lara e saí da escola, encontrando aquele típico carro preto à minha espera. estava ali, lindamente arrumado e ansioso ao volante.
, você disse que confiava em mim, então eu te preparei uma coisa que eu espero do fundo do meu coração que você goste! - Depois de rodarmos por ruas desconhecidas com se recusando a me dar qualquer informação, de repente ele parou em um bairro residencial, mais afastado do centro e totalmente calmo e lindo. Seus olhos brilhantes de excitação me deixavam mais ansiosa ainda.
– Naquela casa ali, mora o seu pai e os menininhos que você viu, tem uma nova família que está totalmente disposta a te receber, mas isso só vai acontecer se VOCÊ quiser! - Estava praticamente catatônica, olhando fixamente para a casa amarela que havia apontado, meu coração saltando no peito e minha respiração falhando consideravelmente, apertou levemente minha mão me fazendo olhá-lo.
... Não, não sei se eu quero isso! - Meu coração estava apertado de um jeito que não conseguia colocar em palavras, e tentava me acalmar de todos os jeitos possíveis.
– Vem cá – me aconchegou em seu peito enquanto ele alisava minhas costas e mexia em meu cabelo – Você só está com medo, , mas acho que você deveria dar uma chance a vocês dois. Vocês não estão mais no Brasil, vocês não são mais aquelas pessoas. Seria bom recomeçar, não acha?! - me fez olhá-lo e eu respirei fundo, tentando conter o turbilhão de emoções que habitavam em mim naquele momento.
– Ele quer MESMO me ver, ?! Tem certeza?! - Era inevitável não pensar em como seria, a poucos passos dali estava uma das pessoas que eu mais amava no mundo, mesmo com nossos períodos conturbados no Brasil, não podia negar que sentia a falta dele.
– Se eu mandar uma mensagem dizendo pra ele vir aqui AGORA, ele sai correndo dali e vem! , ele te ama demais, sempre amou e está com tantas saudades quanto você! - riu apertando levemente minhas bochechas que eu senti, estavam vergonhosamente corando – Vamos! Eu estarei ao seu lado! - Ele piscou marotamente para mim e sorriu beijando minhas mãos antes de destravar o carro. Respirei fundo antes de descer e encontrá-lo do outro lado, com a mão já apostos para se entrelaçar a minha.

Com toda coragem que tinha e com ao meu lado, estava ali esperando a porta ser aberta tentando não criar tantas expectativas mesmo com meu coração saltando no peito.
– Olá, que bom que chegaram! - Uma mulher loira, um pouco mais velha que minha mãe e tão bonita quanto, abriu a porta sorridente, sorriu para ela a cumprimentando com um beijo no rosto, me levando instintivamente a fazer o mesmo. Mas a mulher me abraçou, me deixando sem ação com sua simpatia inesperada – Me chamo Sylvia e estava muito ansiosa pra conhecê-la – A loira apertou minhas mãos com os olhos risonhos me fitando bem de perto, acabei rindo sem querer e a mulher sorriu de volta – , né?!
– Pode me chamar só de , se quiser! - A mulher assentiu e antes mesmo que eu pudesse olhar para , fomos interrompidos por uma gargalhada alta e alguns gritos em seguida, nós três olhamos ao mesmo tempo e eu pude ver os garotinhos vindo em direção a sala, em uma disputa particular cheia de adrenalina e diversão, pelo menos para eles era isso tudo.
– NÃO ME PEGA, NÃO ME PEGA! - E um caiu por cima do outro, tentando distribuir soquinhos um no outro, voltou a entrelaçar sua mão a minha, enquanto Sylvia ia sorrindo até os meninos que tentavam se bater a qualquer custo.
– Por favor, comportem-se, nós temos visitas! - Ela disse puxando um dos garotos pela camiseta de super-herói que ele vestia enquanto o outro tentava levantar rápido a tempo de bater no irmão novamente, mas todo mundo parou, inclusive eu, quando ouvi aquela voz forte e que eu conhecia tão bem.
– Acho que vai ter gente que vai ficar ser cookie! - Cravei meus olhos naquele corredor pelo qual vinha a voz e vi meu pai surgir ali, os dois garotinhos correram até lá e se agarraram as pernas dele.
– Não, por favor, papai, nós já paramos! - As crianças pediram enquanto meu pai se abaixava e contava-lhes alguma coisa ao pé do ouvido, as crianças riram uma para a outra e foram para algum outro cômodo, seguidas pela mãe que antes de sair da sala deu um selinho no meu pai. apertou um pouco mais minha mão me passando segurança, eu sorri para ele, tentando me acalmar e sorriu mais abertamente para mim.

– Oi?! - Meu pai já estava ali diante de nós, com seus olhos em mim e um singelo sorriso nos lábios. tomou a frente e o cumprimentou com um abraço, recebendo vários tapinhas nas costas e saiu do abraço rindo massageando as costas.
– Tá forte, né?! - Meu pai riu e apenas piscou concordando com a cabeça, seu olhar parou em mim e eu senti um arrepio subir pela minha espinha, ele estendeu as duas mãos para mim e sorriu fraco, eu podia apostar que meus olhos estavam brilhantes de lágrimas, mas eu não queria chorar ali, estava muito ansiosa e tentei sorrir mas não consegui. Minhas mãos foram involuntariamente para frente e meu pai as segurou com firmeza dando um beijo em cada uma delas.
– Minha menininha, senti sua falta! - Estava tentando me controlar mas ao ouvi-lo me chamar daquele jeito tão DELE, como na minha infância, foi inevitável segurar a lágrima que escapou, mesmo sem querer acabei sorrindo em meio as lágrimas involuntárias que caíam. Senti fazendo um carinho rápido em meu ombro, me dando um beijo no topo da cabeça e saindo rapidamente da sala nos deixando sozinhos. Meu pai me levou até o sofá, eu o segui passando rapidamente meus olhos pelos porta-retratos espalhados pela sala, tentando me enxergar em alguma daquelas fotos mas eu obviamente não estava ali.
– Eu nem consegui dormir depois que me ligou, estou MUITO feliz em te ver! - Richard sentou na mesinha de centro, de frente pra mim sem tentar nenhum contato físico desta vez – Como você está, ?!
– Bastante surpresa, eu não imaginava que isso fosse acontecer hoje – Me remexi no sofá e meu pai me olhou surpreso.
não te avisou?! - Ele perguntou olhando para o corredor por onde e todos os outros entraram – Mas é um mentiroso mesmo! - Ele riu e eu fiquei olhando pra ele, lembrando de tudo que nós já passamos, de todas as vezes em que eu queria vê-lo, de quando eu queria voltar a época em que ninguém tinha mudado, em que nós só éramos felizes.
– Por que está chorando, ?! - Estava tão perdida em pensamentos que me assustei quando ele aproximou sua mão do meu rosto para secar as minhas lágrimas.
– Desculpe, eu tenho andado muito chorona! Eu não sou assim! - Disse rápido tentando afastar aqueles pensamentos e lágrimas chatas mas meu pai me olhou mais sério, e se sentou ao meu lado no sofá, segurando uma de minhas mãos.
me disse que você me viu e não quis falar comigo, e eu entendo perfeitamente, você foi a única que conheceu meu pior lado, o fardo que nós te damos pra carregar sozinha lá no Brasil foi pesado demais e eu preciso te pedir perdão por isso, filha, eu sei que magoei a minha menininha e você tem todo direito de não me querer em sua vida, mas saiba que eu te amo, todos os dias, mais e mais. Pra sempre o.k.?! - Os soluços que chacoalhavam meu peito eram muito altos e meu rosto já estava repleto de lágrimas, meu pai me abraçou, me puxando para me aconchegar em seu peito e eu chorei tudo que estava guardado dentro de mim, talvez aquilo fosse tudo que eu precisasse ouvir dele e ele sabia disso. Acho que nós sempre soubemos. Depois de um tempo, onde meu pai alisava meu cabelo incessantemente, ele começou a rir, uma de suas gargalhadas altas e esganiçadas, sempre adorei aquela gargalhada que era tão divertida e nunca falhava em me fazer rir junto dele.
– Acho que a vai ficar sem cookie por acabar com a minha camisa novinha! - O olhei indignada e ele riu mais ainda enquanto eu me afastava, indo praticamente para a outra ponta do sofá.
– Mal me viu e já está brigando comigo! - Cruzei os braços e meu pai sorriu abertamente se levantando e me puxando junto, novamente segurando minhas mãos, ele me olhou nos olhos e perguntou:
– Você me perdoa, ?! De coração – Ele estava ansioso, assim como eu quando estava prestes a entrar aqui. Suspirei pesadamente e sorri sinceramente pra ele, soltando nossas mãos para que eu pudesse abraçá-lo do jeito que se deve. Ficamos longos minutos assim até que quando eu o soltei, ele perguntou displicentemente.
– Vocês estão felizes? Digo, tenho alguma razão pra pegar o de surpresa?! - Comecei a rir constrangida enquanto meu pai fingia dobrar as mangas da camisa para brigar fisicamente com .
– Não, é muito mais do que eu jamais sonhei em ter na vida! Se não fosse ele, não estaríamos aqui agora, eu e você seria bem mais difícil de acontecer! - Sorri de leve e pisquei para ele que apenas assentiu, sentando novamente ao meu lado – Como descobriu que estávamos namorando?! - Perguntei curiosa, já que e eu não usamos nenhum tipo de aliança.
– Pelo jeito defensivo dele ontem, ele te defende como eu te defenderia e fala de você daquele jeito bem babão de ser, e hoje aquela olhadinha entre vocês, eu tive certeza que não é só ele que tá apaixonado! - Meu pai me olhou pelo canto do olho e eu senti instantaneamente minhas bochechas corarem, ele começou a rir tirando com a minha cara até cansar.
– E aquela loira lá?! Você tá feliz, Sr. ?! Ou eu também vou ter que mostrar meu jeitinho brasileira pra ela? - Cruzei os braços o encarando e ele riu, pegando um dos porta-retratos onde estavam os quatro. Ele, Sylvia e os dois garotinhos.
– Eles são o recomeço, as pessoas acham que eu os adotei mas foram eles quem me aceitaram e me mudaram. Trouxeram o que eu achei que tinha perdido pra sempre, e agora você voltou! Está tudo completo! - Ele me abraçou de lado, beijando minha cabeça enquanto eu observava o porta-retrato – O maiorzinho é o John e o outro é o James! São umas pestes adoráveis! - Ele riu sempre brincando com tudo, sempre tentando deixar tudo mais leve.
– Se você está feliz, então está tudo certo! - Sorri ainda mais pra ele que levantou me levando com ele pra cozinha, onde encontramos as crianças rodopiando em uma banqueta, ajudando Sylvia a arrumar a mesa e o cheiro do melhor cookie do mundo tomando conta daquele lugar.

Aquele foi o fim de tarde mais inesperado de todos, e os garotinhos não paravam de brincar, Sylvia e meu pai não paravam com as perguntas sobre o balé, depois sobre a One Direction e quando vimos já estava super tarde, mas nos despedimos deixando prometido de dedinho que marcaríamos um jantar, uma nova reunião de família.

parou o carro naquele mesmo lugar onde ele me levou antes da minha primeira audição, naquele parque abandonado que tinha uma das vistas mais lindas principalmente quando a noite já caía, tão intensa e sendo iluminada pelas luzes da cidade e pela fraca luz da lua. Sentamos no capô do carro, com me abraçando por trás me deixando deitar a cabeça em seu peito.
– Você estava linda hoje! E deveria saber que estava sentindo falta de te ver tão feliz assim! - soprou aquelas palavras em meu ouvido me fazendo sorrir e apertar mais o nosso abraço – Você foi feita para sorrir daquele jeito todos os dias, minha garota! Para iluminar todos os cantos com o seu jeitinho! - trilhava com beijos todo meu pescoço e mordiscava minha orelha me fazendo rir, me deixando imensamente feliz por poder sentir suas mãos ao meu redor e seus lábios brincando comigo.
– Você tem noção de tudo que você já fez por mim, ?! Podem se passar mil anos e eu nunca vou conseguir te agradecer o suficiente, principalmente por hoje, obrigada! Você me ajudou a superar algo tão difícil pra mim, que sempre, só você soube o quanto machucava e você me ajudou a arrancar o band-aid, a passar remédio pra curar! - Desci do capô, puxando que ficou com as costas encostadas no carro, me virei para ele me encaixando entre suas pernas, passando meus braços por seu pescoço e me dedicando a fazer carinho ali e ver sorrir torto, como ele fazia agora. Meu sorriso favorito.
, você é a parte favorita do meu dia e se eu consigo sorrir assim é por sua causa, amor! - Fiquei na ponta dos pés para alcançar os lábios de que rapidamente me ergueu e girou me sentando sobre o capô do carro. O beijo que era para ser calmo e cheio de carinho, passou a ser urgente e cheio de desejo, apenas nos separou para encher os pulmões novamente, me olhando com a boca vermelha ele sussurrou encostando nossas testas.
– Ah, , você me enlouquece, garota – Ele sorriu com a boca quase colada a minha, desviou-a rapidamente para chegar ao meu ouvido – Seu sorriso tem o poder de me fazer desmoronar e pra te fazer sorrir, amor eu sou capaz de tudo! Todos os dias! - mordiscou minha orelha antes de voltar a minha boca e me deixar sem fôlego novamente.
Aquela noite incrível teve seu desfecho do melhor jeito possível, era felicidade demais, de jeitos diferentes. Mas que se completavam de alguma maneira.

Fui acordada por uma mensagem de Lara:
“É HOJE! Hoje sai o nosso resultado \o/!”
Com meu coração aos pulos, desci as escadas e encontrei minha carta do New York City Ballet na caixinha do correio, com Pheebs em meu colo, comecei a ler a carta que podia mudar minha vida.

Capítulo XVII



’s POV

Logo depois de fechar minha enorme mala, cheia de collants e meias-calças e dar uma última olhada em nosso quarto, acho que finalmente a ficha de caiu.
– Vai ser tão estranho chegar de viagem e não ver você aqui! – estava encostado no batente da porta, me observando com um semblante sério e com as mãos nos bolsos. Desde que dei a notícia a ele, há uma semana pouco falou sobre o assunto. Era o meu último dia em Londres, só faltava essa mala, os últimos detalhes e pronto, em poucas horas estaria em um voo direto para Nova York.
Chamei para um abraço e ele veio, me ergueu do chão e eu sentia o calor de seus braços ao meu redor, sua respiração pesada próxima ao meu ouvido e aquele silêncio. Meu coração estava tão apertado quanto o dele e eu tentava memorizar cada detalhe em minha mente. Nós, claro, nos veríamos, mas com muito menos frequência, e só por saber disso parece que meu coração já sofria com a saudade antecipada.
– Será por pouco tempo e eu vou ter o prazer de te ver chegar lá pra me ver, né ?! – Sussurrei perto de seu ouvido e riu.
– Vou pensar, ver se você merece! – Ele se afastou rápido quando eu o olhei chocada.
– Como é que é, ? – Tentei esconder minha vontade de rir daquela brincadeira e me imitou colocando as mãos na cintura também e batendo um pé.
– Vai que você não se comporta direitinho, me esquece, e vai que eu acho uma outra bailarina por aí.... Tem que ver tudo isso! – enumerava nos dedos cada palhaçada que dizia e eu gostaria de estar com um belo salto alto para jogar nele naquele momento, mas infelizmente estava descalça e totalmente revoltada, apenas com uma almofada como arma.
– Você merece uma bela surra só por essa brincadeirinha, , vou ser amiga dos bailarinos mais gatos de Nova York só pra você sentir o que é outros bailarinos por aí! – Dei vários golpes de almofada nele, que mais ria do que tentava se defender. caiu por cima de mim na cama e segurou meus braços.
– Nada de bailarinos, terei que reforçar minhas visitas desse jeito! – disse se aproximando para me beijar, tentei fugir, mas ele conseguiu me roubar um beijo em meio às risadas e me deixou sem fôlego.
– Minha bailarina, a única – com o rosto ainda colado ao meu, começou a distribuir beijos pelo meu rosto, delicada e lentamente como se tivéssemos todo o tempo do mundo e naquele momento eu queria que aquilo fosse possível.
– Eu não posso me atrasar, ! – Senti as mãos de na barra da minha blusa e aquele arrepio típico passando pela minha espinha, apenas olhou em meus olhos e sorriu torto retirando minha blusa e se aproximando da minha boca.
– Nós temos tempo minha linda, nós ainda temos todo tempo do mundo – tomou minha boca para si e eu perdi a noção do tempo e do espaço, ele chutou minha mala para o chão e eu aproveitei para me livrar de sua camiseta que já estava me incomodando, tudo parecia mais intenso, a maneira como me olhava, seu toque, seu beijo. Tudo ficando gravado em minha mente. Era uma despedida, com uma mistura de sentimentos, uma ansiedade e euforia por saber que precisava ir e uma tristeza por tudo que eu deixaria aqui. sempre seria a parte mais dolorosa de tudo isso.

Mesmo eu insistindo que não precisava me levar até o aeroporto, ele insistiu e depois de desviarmos da confusão do lado de fora, consegui encontrar e Lara que estavam me esperando.
– Aleluia! Pensei que ia ter que mandar a Lara no seu lugar! – disse assim que me viu chegar, Lara riu e se levantou.
– Eu não ia reclamar de ir pra Nova York – Ela piscou para mim e me puxou para um abraço apertado – Não acredito que esse tempo passou tão rápido, vou sentir tanto a sua falta na escola – Retribui o abraço na mesma intensidade e com o mesmo carinho.
Lara infelizmente não passou nesta seletiva, mas parecia não estar tão triste assim. Afinal, ainda vamos dançar muito juntas nessa vida e até mesmo em Nova York. Agora, segundo ela, seria dedicação total para chegar lá no ano que vem ou até mais longe.
e nos chamaram porque os meninos haviam mandado alguma coisa no celular.
– Oi ! – No vídeo surgiu com uma faixa na cabeça e tentava se manter sério – Como você está indo viajar e a gente não pode ir até aí pra te dar um último abraço de até breve, nós resolvemos te fazer uma homenagem, assim você pode ir matando as saudades enooooormes que você vai sentir da gente!
deu uma de suas piscadinhas marotas e saiu da frente da câmera para dar espaço para uma das cenas mais inusitadas que já vi. Ele, , e com roupas de atletismo, faixa na cabeça e até mesmo cotoveleiras começaram a tentar dançar balé, tentaram saltar e rodopiar perfeitamente, mas sempre acabava batendo em e mais ria do que dançava. tentava ficar na ponta dos pés e rodar, mas acabou cambaleando em todas as tentativas.
Nós quatro parecíamos um bando de idiotas rindo sem parar de frente para o celular no aeroporto.
No vídeo mudou de música e C’mon C’mon dos meninos começou a tocar e uma coreografia quase perfeita surgiu, com os típicos passinhos de dança que eles faziam nos shows, liderados por fizeram um show incrível com aquelas roupas hilárias.
– Boa viagem , não esquece da gente enquanto estiver lá e pode esperar nossa visita! – tomou a frente e eu já sentia meus olhos lacrimejarem.
– Prometemos fazer uma versão com o depois – gritou ao fundo e sentado ao meu lado apenas balançou a cabeça negando.
– Vamos sentir saudades, volta logo! – Todos disseram ao mesmo tempo e correram na direção da câmera encerrando o vídeo.
– Aí meu Deus! Que lindo – Eu comecei a rir em meio a lágrimas e senti todos eles me abraçando ao mesmo tempo.
– Isso foi golpe baixo – Sequei meus olhos e vi que me olhava ainda emocionada – Não esperava por essa, nem você né – Abracei de lado e ela começou a chorar.
– Parece que a ficha só tá caindo agora, socorro – Ela disse fungando perto do meu ouvido e eu a abracei o mais apertado que pude.
– Vai ser rápido! Vamos ficar bem! – Tentei passar toda a minha confiança e certeza a que me apertou mais em seu abraço, se afastou levemente apenas para me olhar nos olhos.
– Você será grande e mesmo que eu não esteja ao seu lado fisicamente, saiba que a cada conquista sua, em qualquer lugar do mundo, uma orgulhosa estará sempre aplaudindo, se realizando e sendo feliz junto com você. Eu te amo garota! – com a voz embargada fez com que ainda mais lágrimas viessem a tona, mas cada palavra dita por ela guardei dentro do meu coração e a levaria comigo em todos lugares. Sempre. Nosso abraço durou alguns minutos, era nossa promessa silenciosa de sempre estarmos ali uma pra outra. Minha dupla, minha ogrinha favorita, a melhor amiga do mundo.
– Gente, já anunciaram o voo! – Lara nos chamou apontando para o painel do aeroporto – Tá quase na hora.
Abracei Lara mais uma vez, o mais forte que podia para guardar tudo comigo, corri até e lhe dei mais um abraço de urso quase nos fazendo cair e derrubar todas as minhas malas e por fim, fui até que me esperava com um sorriso triste no rosto.
– Esse relógio tá correndo demais – deixou sua testa colada a mim por alguns segundos – Se cuida , come direito e me liga sempre, por favor!
apertou os olhos e eu o beijei, antes que mais lágrimas viessem, antes que nós dois não conseguíssemos mais fazer isso, eu só o queria mais e mais para mim. O beijo com gosto de despedida, com vontade de ser eterno mas com um aviso de que precisava acabar, as mãos de me envolvendo faziam esquecer de tudo ao meu redor, seu sorriso em meio ao beijo era a minha perdição e a melhor sensação do mundo. Eu o abracei forte e intensamente, sentindo meu coração bater mais forte e meus olhos se encherem de lágrimas.
– Eu te amo TANTO e vou morrer de saudades! – Disse ao pé de seu ouvido, tentando conter minha voz, tentando não desmoronar ali.
– Não mais do que eu de você! Arranja um lugarzinho pra mim lá porque não vou te deixar em paz – sorriu me abraçando de lado e pegando minha mala, quando chegamos no portão de embarque me beijou mais uma vez e sorriu triste – Eu te amo minha bailarina! Se cuida! – me escondeu em seu abraço apertado e beijou o topo da minha cabeça logo em seguida.
Era a última chamada para o meu voo, não consegui evitar que algumas lágrimas caíssem, acenei para e Lara que estavam abraçadas um pouco distantes de onde estávamos e só de vê-las chorarem mais lágrimas caíram. Olhei para mais uma vez e os olhos dele também estavam marejados, mas ele não chorou apenas me puxou para um último beijo.
– Boa Sorte, ! Nós estaremos com você! – Ele sorriu secando minhas lágrimas e entregando a minha mala.
Com o coração apertado de saudade, entreguei meu bilhete para poder embarcar e olhei para eles uma última vez, abraçando e Lara, e sorrindo para mim foi a última coisa que vi antes de entrar no avião.

Assim que chegamos ao aeroporto, fomos recebidos por um representante do The School of American Ballet, uma das principais escolas e ligada diretamente ao NYC Ballet e onde ficaríamos junto dos alunos durante nossa pequena estádia em Nova York. Uma comissão de professores nos esperava no Teatro David H. Kock, o mais importante teatro e parte integrante do complexo de artes do Lincoln Center no coração de Nova York, palco principal do New York City Ballet.
Nosso pequeno grupo participaria de algumas apresentações especiais junto com alguns alunos do American Ballet e poderíamos fazer audições para o curso de Inverno deles, que dura quase um ano.

Depois que participamos da reunião onde nos explicaram como funcionava tudo, os horários dos alunos, os ensaios, refeitório e tudo mais, nos levaram até o prédio onde ficam os dormitórios, um prédio enorme e muito elegante que o SAB (School of American Ballet) divide com a famosa escola de música Julliard. Cheio de regras e com muita gente, acabei ficando no mesmo andar que todos da minha antiga escola, mas em um quarto sozinha.

Aquilo tudo era um sonho, um sonho muito maior do que eu jamais pensei que pudesse sonhar e muito mais do que eu pensei que pudesse realizar. Depois de arrumar meu novo quarto, liguei para e nós ficamos conversando até ele dormir porque lá já era quase meia-noite e para mim eram apenas sete da noite. Tirei muitas fotos e mandei um e-mail contando sobre tudo para minha mãe e meu pai, cumprindo nossa promessa de não ficarmos sem notícias uns dos outros por mais de uma semana e acabei caindo exausta na cama, tanto pelo ‘trabalho’ quanto pelo jet lag.

O primeiro dia de aula e de ensaios no American Ballet foi totalmente diferente do meu primeiro dia no ENB, as pessoas pareciam mais sérias e mais disciplinadas do que eu jamais vi, a aula foi realmente mais puxada e cheia de coisas novas para mim que ainda era um pouco inexperiente. No refeitório me sentei sozinha perto da janela, observando Nova York lá fora e me sentindo uma formiguinha no meio daquele bando de gente que não parava nem por um segundo. Tanto do lado de dentro do prédio quanto do lado de fora.
E foi assim durante algumas semanas, ensaios e mais ensaios, muitas aulas e mais ensaios. Até o dia da apresentação, aquela emoção de estar naquele palco, mesmo sem ser uma bailarina profissional ainda, mas poder sentir aquela magia acontecer ali, através do meu trabalho e esforço só me encheu de mais certeza e de orgulho por saber que estava no caminho certo.
Quase todas as noites eu tentava falar com , às vezes nós conseguíamos com sucesso e ficávamos quase por horas no telefone ou no Skype, mas às vezes, como hoje, eu simplesmente não sabia ao certo onde estava e não conseguia nenhum sinal de vida dele.
“Oi amor, hoje é nossa última apresentação e eu queria tanto que você pudesse ver, mas nem no celular eu estou te achando, né! Quando ouvir isso me liga, !!!”.
Corri direto para a coxia para me trocar, alongar e aquecer, por ser a última apresentação por algum tempo, eu queria aproveitar e dar tudo de mim naquela noite. E foi o que fiz, quando as luzes se apagaram e nos posicionamos, era como se o mundo girasse bem devagar enquanto eu dançava por aquele palco, cada passo era uma alegria e emoção diferente e quando acabou meu coração estava calmo e em paz. Missão cumprida, por enquanto.
Depois que me troquei e guardei até o último grampo de cabelo, saí rumo ao prédio dos dormitórios e no meio do caminho, encostado em uma das pilastras com um grande casaco preto e uma rosa vermelha na mão, ele levantou o rosto e sorriu se colocando bem a minha frente, me pegando totalmente surpresa e com o coração acelerado. riu quando eu me joguei em seus braços e o abracei apertado.
– Oi, amor! – me envolveu em seus braços e me ergueu do chão – Senti sua falta! – Ele sussurrou em meu ouvido causando arrepios e sorrindo torto em seguida.
– Você me enganou direitinho, ! – Sorri de volta e o olhei nos olhos, como eu sentia falta de poder olhar para ele todos os dias e sentir seu toque – Que saudades – Passei a mão por seu rosto, desenhando seu contorno e sorriu piscando um olho só e me puxando para um beijo. Um beijo urgente e cheio de saudade, carinho e vontade de não parar mais.
, vamos sair daqui! – Puxei suas mãos de dentro do meu casaco e comecei a rir quando bufou sendo puxado por mim em direção à minha nova residência.
– Vamos comemorar, , já até reservei uma mesa pra gente! – Olhei espantada para que apenas deu de ombros com seu ar convencido e me puxou, passando seu braço por meu pescoço.
– Preciso me arrumar! Juro que serei rápida! – Antes que reclamasse já comecei a apressar nosso passo até o prédio.
Como existiam muitas regras ali, teve de fazer um cadastro como visitante e enquanto ele fazia isso, eu corri para o meu andar para tomar uma ducha e me arrumar o mais rápido que podia. Assim que saí do banho peguei bisbilhotando tudo no meu quarto.
– Gostou?! – Perguntei o pegando de surpresa com a nossa foto na mão e riu.
– Nem lembrava dessa foto – Ele sorriu se virando para me abraçar e arqueou uma sobrancelha ao perceber que eu estava apenas de toalha, me olhando maliciosamente.
– Nós vamos sair, para de me olhar assim! – Bati de leve em seu braço e fui até meu guarda-roupa pegar um vestido – Essa foto é de quando a gente estava na Califórnia, que nós fomos naquele fliperama e você super folgado sentou no meu colo, lembra?! encontrou no celular dela e me mandou, achei que estamos muito maravilhosos nela – Terminei de me vestir e olhava em dúvida pra foto, como se estivéssemos tudo menos maravilhosos, mas eu adorava aquela foto mais que tudo pelo que estava acontecendo naquele dia, nós estávamos nos apaixonando mais ainda e dava pra sentir, pelo menos para mim, toda vez que eu nos via ali rindo eu sentia meu coração se agitar em lembrar de nós, em meu colo, me olhando com sua cara de safado idiota e eu sorrindo pra ele.
– Precisamos é trocar essas memórias – fez uma careta mais uma vez e eu apenas dei de ombros, terminando de me arrumar.
Quando terminei dei uma última olhada no espelho e sorri ao ver pelo espelho me observando.
– Você é linda, ! – Ele veio me abraçar e eu ri quando ele me fez dar uma voltinha.
Estava com meu vestido favorito, preto de mangas compridas e meu sapato vermelho que me deu em um de nossos natais juntas. me abraçou antes de me oferecer seu braço para sairmos rumo a noite nova iorquina.
Nosso jantar estava incrível, não conseguia para de rir ao ouvir todas as histórias que me contava dos meninos na turnê e da na casa nova, fazia quase dois meses que eu estava em Nova York e já era difícil manter o contato com todos eles, mesmo com tudo que já contei ao sobre o balé, falamos um pouco mais sobre isso, mesmo sem entender direito se esforçava para acompanhar o assunto e me dar todo o apoio. Estávamos esperando nossa sobremesa quando pegou minha mão e apertou de leve, me fazendo olhar para ele.
– Hoje eu te vi no palco e foi fantástico! Parecia que você estava voando, leve, feliz, parecia que você estava em casa – Eu sentia meus olhos quase marejando, sorri para e ele me devolveu seu sorriso torto, aquele que ele sabia que era o meu favorito.
– Obrigada meu amor, isso pra mim é tão importante!
– Achei que flores eram muito pouco pro tamanho do meu orgulho e eu te trouxe isso! – pegou de seu bolso uma caixinha de veludo e colocou em minha mão.
– Espero que você goste.
Nossas sobremesas chegaram, assim que o garçom saiu eu pude matar minha curiosidade e abrir a caixinha. Um anel que parecia ser simples, mas eu sabia que não era, de ouro branco com uma pedrinha de rubi bem no centro, era uma das coisas mais lindas que eu já vi.
– Oh meu Deus, ! Isso é.... – Olhei para ele e sorriu apenas assentindo – Não precisava disso! Eu nem sei o que dizer – pegou a caixinha da minha mão e retirou o anel colocando-o em meu dedo anelar, beijando minha mão logo em seguida.
– Prontinho – Ele piscou para mim e sorriu torto.
– Obrigada, meu amor – Olhei para o anel e depois para que parecia tão feliz quanto eu e não consegui parar de sorrir.
– Vamos comer porque isso está com uma cara muito boa – Ele apontou para meu prato com a sobremesa ainda intacta.
Atacamos nossas sobremesas ao mesmo tempo e logo depois pediu a conta.
Quando estávamos quase saindo do restaurante, eu o abracei o mais forte que podia e me beijou de leve antes de pegar em minha mão para sairmos do restaurante.
Jamais imaginei que aquela quantidade de paparazzi do lado de fora fosse apenas para nos ver saindo do restaurante, tivemos que andar um pouco até o carro que havia alugado para usar enquanto estivesse em NY. E esses poucos metros foram o suficiente para chover perguntas.
"É verdade que vocês tinham terminado, ?"
“Essa é a volta de vocês?”
e esse anel, o jantar foi para comemorar o noivado?!”

As perguntas não paravam e eu estava realmente incomodada com tanta especulação, apertou minha mão mais forte e apressou nosso passo até o carro, abriu a porta para mim e os flashes não paravam, deu a volta no carro correndo e entrou o mais rápido que pode, nos tirando dali quase cantando pneu.
– Mas que merda! – estressado olhava pelo retrovisor para ter certeza de que não estávamos sendo seguidos.
– Agora calma, já estamos “a salvo” – Fiz aspas com as mãos amarrando meu cabelo em um rabo de cavalo frouxo e peguei na perna de – Vamos esquecer eles, o.k.?! – Beijei seu pescoço e sorriu do jeito mais sacana.
– Já esqueci! – Ele tentou me beijar, mas eu escapei rápido apontando para o trânsito na nossa frente – Graças a Deus estamos chegando.
Em menos de cinco minutos chegamos ao hotel onde estava hospedado e lá a quantidade de paparazzi era menor, mas eram tão chatos quanto os outros. Passamos reto, o mais rápido que conseguimos e fomos direto para a recepção, só relaxou quando finalmente chegamos no quarto.
– Às vezes eles me irritam, não tem um momento de paz – tirou seu casaco e eu fiz o mesmo.
– Amor, esquece eles, nós temos pouco tempo pra gente e eu não quero gastar esse tempo falando.... – Nem pude terminar de falar e se aproximou me roubando aquele beijo que eu havia lhe negado a pouco no carro. Ele rapidamente me ergueu do chão e eu entrelacei minhas pernas em sua cintura.
– Que saudades de você – desgrudou sua boca da minha, descendo com seus beijos e falando baixo, quase como um sussurro próximo ao meu ouvido, me causando arrepios involuntários, me deixando com mais vontade ainda de tirar aquela camisa dele de uma vez, enfiei minhas mãos dentro de sua camisa passando minhas unhas por ali e sentindo sorrir em meio aos beijos que ficavam a cada momento mais molhados e quentes. Nossa pressa e vontade um do outro era algo que não dava pra controlar, era como se precisássemos daquilo como nosso oxigênio, nós queríamos e precisávamos um do outro por completo.

Por pouco não me atrasei para minha aula, quando sai do hotel ainda dormia, deixei um bilhete para ele combinando de nos encontrarmos à tarde, quando eu já estaria livre. Passei pelo meu dormitório apenas para trocar de roupa e corri para a sala de ensaios e somente quando cheguei lá, senti que algo estava diferente. Alguns me olhavam com curiosidade, outras até torciam o nariz e então eu lembrei da noite passada, dos paparazzi e do que provavelmente deveria estar publicado em vários sites por aí. Ali no American Ballet até aquele dia eu não era conhecida como a “namorada do ” e sim como uma das bailarinas inglesas da escola, mas tudo mudou no intervalo, vários olhares e comentários, transformaram o que era meu almoço tranquilo e de descanso em momentos constrangedores e chatos.
Quando finalmente a aula acabou, corri para meu quarto tomar um banho e me arrumar para o encontro com . Ele me esperava tranquilamente conversando com a senhora da recepção que registrava todas as entradas e saídas dos alunos, com certeza sendo o mais simpático possível para conseguir burlar as regras no futuro. Assim que o vi, sorriu para mim e a senhora repetiu seu gesto, a cumprimentei rapidamente e saí com .
– Oi, minha noiva! – disse em meu ouvido quando pisei fora do prédio, me fazendo rir e bater nele de leve.
– Viu só o que você fez – Abracei ele de lado e riu jogando a cabeça pra trás, se divertindo com mais um dos boatos.
– Você viu as matérias? – Ele perguntou enquanto abria a porta do carro para mim, eu apenas neguei, quando entrou no carro ele me entregou seu celular, com a página do The Sun aberta.
– Está tão real que minha mãe me ligou perguntando se era verdade – gargalhou enquanto eu o olhava boquiaberta.
Comecei a rolar a página do jornal e estava impressionada com a quantidade de coisas ali. Com fotos de nós dois ainda em Londres, muitas fotos do nosso jantar de ontem, beijando minha mão depois de colocar o anel no meu dedo, de nós dois nos beijando ainda no restaurante e, claro, muitas fotos da nossa saída do restaurante, e um destaque para minha mão com o anel que eu havia acabado de ganhar. Comecei a ler a matéria enquanto nos levava até um café um pouco mais afastado do centro.
"Para quem pensava que o romance de havia acabado, estavam todos enganados.
Aparentemente ontem à noite o integrante da One Direction resolveu surpreender sua amada com um pedido de casamento em um restaurante no centro de Nova York, onde atualmente está morando sua namorada, a bailarina . Segundo fontes seguras o casal está mais feliz do que nunca e o que todos pensavam ser o fim deste romance, é na verdade o pontapé para algo muito maior!"

Eu estava totalmente atônita, eles tinham fontes seguras para algo que nem aconteceu e isso ainda me surpreendia. Comecei a rir junto de , lendo as notas de outros sites que diziam quase a mesma coisa. Chegamos ao café e pedimos uma mesa afastada, desta vez sentou ao meu lado e enquanto esperávamos nossos pedidos, recebi uma chamada da .
! É verdade isso? – Essas foram as primeiras palavras dela e eu tentei segurar a risada.
– Verdade o quê?! Que eu serei a futura Sra. ? Oh, por favor , você não leu os jornais?! – Tentei manter meu tom de voz sério, mas era apenas olhar para tampando a própria boca para não rir que eu já queria rir mais ainda. Coloquei o celular no viva voz, aproveitando que estávamos em uma parte mais afastada do café e ninguém nos ouviria ali.
– Eu vou matar o ! Como que ele me apronta uma dessa quando eu estou longe? Custava ele dar uma pista, custava você me ligar antes de tudo?! - parecia realmente chateada com tudo isso e não parava de falar, e eu queríamos explodir de tanto rir.
– Eu soube pelos jornais!!!! Quem faz isso com a melhor amiga! Se um dia eu casar, eu nem te convido, sua monstra!
Não consegui mais aguentar e comecei a rir junto de que tentava não rir tão alto para não chamar muita atenção.
– Nós não vamos nos casar, sua louca! – parou de tagarelar e eu precisei me esforçar para parar de rir e falar decentemente com ela.
– Vocês estão tirando uma com a minha cara, quando eu te ver vou dar na sua cara – A simpatia de mais uma vez apareceu – E vai sobrar pro também!
– Hey! – protestou e começou a falar sobre não acreditar que estava no viva voz.
, fica quieta! – Pedi, fazendo ela parar de falar de repente – Foi só uma brincadeira amore, não precisa ficar brava!
– Eu vou pegar vocês dois! Me fazendo de trouxa aqui!
– Ninguém mandou você acreditar nos jornais! Você mais do que ninguém sabe como eles são, o anel foi só um presente, não é um noivado, vou deixar você virar uma Sra. primeiro – Disse apenas para provocá-la e ficou sem resposta, demorou alguns segundos para voltar ao telefone.
– Hmm.... Não tô gostando do rumo desse conversa, pode ir parando, ! – riu de leve, pois sabia, assim como eu, que ficava nervosa só de alguém cogitar essa possibilidade – Tô com saudades de você, sua monstra desnaturada!
mudando totalmente de assunto com a voz muito mais doce e calma, começou a me contar como estava tudo na rádio, tirei do viva voz e conversei com ela por um bom tempo, até mesmo depois que nossos pedidos chegaram, deu pra matar um pouquinho da saudade que eu sentia das minhas loucuras junto de . Durante nosso delicioso café da tarde me mostrou uma mensagem de perguntando se era verdade, porque ele não comprou um anel maior e nós demos mais um pouco de risada, vendo que até mesmo nossos amigos caíram nessa da imprensa.

ficou comigo por mais três dias, todos eles maravilhosos e cheios de paparazzi, mas, pelo menos, quando estava com ele era sempre mais fácil, por mais inconveniente que fosse, contornava as situações e sempre acabávamos rindo de tudo.
Dois dias depois da partida de foi a minha tão aguardada audição para o curso de inverno do American Ballet, que me deixava super empolgada em apenas imaginar ficar quase um ano aprendendo com os melhores professores, grande parte deles já foram bailarinos do New York City Ballet e nos ajudariam a chegar tão longe quanto eles.
Já estava quase aprendendo a controlar a ansiedade pelos resultados das audições, quase, porque quando o dia chegou foi inevitável, minhas mãos suavam enquanto eu esperava que colocassem o resultado no site, estava no telefone comigo quando finalmente o resultado saiu e vi meu nome entre os aprovados.
, EU PASSEI! SOCORRO! – Meus olhos se encheram de lágrimas e começou a falar alto e emocionada do outro lado da linha.
– EU SABIA!!! Parabéns ! Vai arrasar ainda mais aí – Quando a ficha realmente começou a cair, meu coração começou a bater acelerado e eu queria poder ver naquele momento, eu queria muito meus amigos perto de mim agora.
– Acho que eu vou começar a chorar – Sentia o nó em minha garganta aumentar, junto com a vontade de chorar loucamente.
– Eu já tô chorando – me fez rir em ouvir sua voz de choro, seguida de sua risada – Eu te amo ! Você é meu orgulho guria! Queria tanto poder te abraçar agora, que pelo amor de Deus!
– Pelo amor de Deus, venha me ver! Agora que sabemos que vou ficar mais tempo aqui, eu preciso te ver monstrinha! Não me abandonem – O sorriso tomou o lugar das lágrimas, falar com era sempre reconfortante, era sempre natural.
– Eu mesma vou me meter na agenda desses One Direction! Você não escapa , nós vamos aí te atormentar em breve, você nem faz ideia – riu imitando as vilãs dos desenhos com seus planinhos diabólicos.
– Eles estão em turnê né?! - Perguntei apenas para confirmar e suspirou.
– Estão, faz uma semana e já estou morrendo de saudade – Ela confessou e nós duas suspiramos desta vez, compartilhávamos aquele sentimento, aquela saudade.
– Onde está a Lara?! Acho que é mais fácil quando tem uma de nós por perto, não acha?
– Ela vem jantar hoje aqui em casa! Daqui a pouco ela deve chegar – disse mais baixo – Falta você né !
– Nós vamos começar a chorar de novo – E riu de leve do outro lado da linha.
– Tá bom, tá bom, parei! Me liga mais vezes, se não vou aí te pegar garota – voltou ao seu tom brincalhão e eu sorri por isso.
– Pode deixar, você também, vê se não me esquece – Ouvi alguém batendo na minha porta – eu preciso ir, manda um beijão pra Lara e para os garotos quando eles voltarem! Amo você! Se cuida!
Depois de me despedir de , algumas meninas que fizeram a audição comigo passaram pelo meu dormitório e nós saímos para comemorar.

As aulas do curso de Inverno do American Ballet começaram em Setembro e parecia que o trabalho havia triplicado de tamanho, seria quase um ano assim e no primeiro mês eu já parecia estar mais exausta do que em todos os meses que estudei na Inglaterra. Durante todo esse mês só consegui ver por um final de semana e nossa comunicação básica era somente por mensagens e via Skype, e isso já estava me irritando. Era difícil de aguentar a saudade, era difícil ver todos os meus melhores amigos juntos sempre enquanto eu estava sozinha no meu dormitório, era difícil nunca ter por perto.
Os ensaios e as aulas me distraiam durante o dia todo, mas a noite era sempre triste tentar falar com eles e não conseguir. Em uma destas noites em que eu não conseguia nem um sinal de vida de ou até mesmo , caí na besteira de entrar no Twitter e pesquisar o nome do .
estava em uma festa com e , rodeados de modelos e muita bebida, não podia acreditar naquilo, todas as fotos que via me deixaram enfurecida e morta de ciúmes.
Saí daquele quarto que já estava me sufocando e fui para a sala de ensaios, totalmente escura e silenciosa, o lugar perfeito para descarregar minha raiva. A única luz que iluminava o meu espaço era a luz que vinha de fora, luz da lua e dos prédios ao redor. Liguei o rádio e me deixei levar.
Dancei, dancei, dancei até sentir câimbras, até esquecer porque estava dançando daquele jeito, até sentir que alguém me observava. Acendi a luz e vi a pessoa tentar fugir.
– HEY! Volta aqui! – Corri até a porta e só havia um cara naquele corredor – Eu sei que você estava me espiando – Disse alto e ele olhou para trás.
– Shh! Você quer receber uma bronca logo agora?! – O rapaz vestia uma calça de moletom cinza e uma regata branca que deixava a mostra todos os seus músculos definidos do braço. Ele começou a vir na minha direção e eu pude ver melhor seu rosto, com traços marcantes, olhos verdes e um sorriso extremamente bonito e brincalhão ele estendeu a mão para mim assim que chegou a minha frente.
– Sou o Matt! E você é a britânica que eu não sei o nome – Ele arqueou a sobrancelha pra mim ainda com a mão estendida, dei de ombros e apertei sua mão, vendo ele sorrir mais abertamente.
– Sou a – Sorri um pouco menos e me lembrei que deveria estar toda descabelada e muito suada, logo soltei a mão dele.
– Você dança muito , estou impressionado – Matt apontou para a porta atrás de mim, para a sala onde até poucos minutos eu estava dançando – A coreografia é sua? - Ele colocou as mãos no bolso da calça e sorriu entusiasmado.
– Não era uma coreografia, só estava dançando mesmo – Dei de ombros e ele ergueu a sobrancelha, rindo de leve.
– Extravasando né, já fiz isso algumas vezes! - Matt disse baixo, como se fosse um segredo e acertando em cheio o que eu estava fazendo, apenas assenti – Você é novata ou já é aprendiz?
Entrei novamente na sala para pegar todas as minhas coisas e Matt me seguiu, tirando meu CD do aparelho de som e o entregando a mim, fechei minha mochila e ele me olhava.
– Como assim aprendiz? Estou no início do curso de Inverno, isso é ser aprendiz?
– Aprendiz são as pessoas que são chamadas pelo New York City Ballet para ser aprendizes, que estão indo tão bem no curso aqui que quando passam a ser aprendizes, elas recebem como bailarinos profissionais iniciantes, que vivem a rotina do NYC Ballet e que podem ou não serem “efetivadas” no futuro, são aqueles que já são praticamente profissionais – Matt terminou de explicar com os olhos brilhando, definitivamente eu era apenas uma novata e não sabia todos os passos possíveis dentro daquela escola. Matt sorriu e me olhou de lado – Acho que você é uma das novatas mesmo – Até eu tive que rir do tom de voz dele.
– Você é um aprendiz? – Perguntei quando estávamos saindo da sala de ensaios e Matt me olhou novamente com os olhos brilhantes.
– Serei, cara , eu serei um aprendiz! – Ele piscou para mim, sorrindo confiante.
Quando me dei conta, já estávamos no corredor do meu dormitório e Matt falava animadamente sobre seu projeto de se tornar um aprendiz, e eu tive de pará-lo.
– Hmm.... Matt, eu preciso ir – Parei em frente a minha porta e Matt riu assentindo.
– Desculpe a empolgação, deveria ter parado na sala de ensaios – Ele recolocou as mãos nos bolsos e me olhou novamente – Boa Noite , não exagere nos ensaios, até mais.
– Pode deixar, vou me cuidar! Boa Noite Matt – Assenti para ele que saiu andando pelo corredor, não consegui ver onde era seu dormitório, mas suspeitava que deveria ser bem longe do meu.
Tomei uma ducha rápida e caí exausta na cama, sem nem me dar ao trabalho de checar meu celular para ver se tinha algum tipo de recado.

Acordei com meu celular tocando, meu corpo todo doía, mas minha raiva não me deixaria ignorar aquela ligação, eu queria esganar .
– Se divertiu ontem, ? – Usei meu tom de voz mais sério, me sentei na cama e lembrei de cada foto.
, me desculpa pelo sumiço de ontem, eu ouvi seus recados assim que cheguei, eu te liguei.... – Ouvir aquilo me deixou revoltada e eu o interrompi rápido.
, como você acha que eu me senti? Você praticamente me ignora o dia todo e eu descubro por onde você anda pelos tabloides, pelas suas fãs, porque você não se dá ao trabalho de lembrar que eu existo! – Deixei que a raiva saísse e senti que estava prestes a gritar. Eram apenas 06:30 da manhã e eu já estava muito estressada.
– Desculpa amor, aconteceu tudo muito rápido, não deu tempo de eu te ligar a noite! Mas não aconteceu nada, eu só sai com os meninos!
– Eu estava igual uma idiota preocupada, morrendo de saudade, eu só queria falar com você e eu te vejo dando toda a atenção do mundo pras garotas naquela festa! O que eu faço com você? – Estava cansada de tudo aquilo e levantei para começar a me arrumar – Sinceramente, eu estou muito decepcionada com você e não quero me atrasar para a minha aula. Passar bem !
Sem pestanejar desliguei o telefone na cara dele e deixei o telefone no fundo da gaveta. Hoje eu queria distância daquele celular e de todas as ligações do idiota do .

No primeiro período das aulas parecia que um caminhão havia passado por cima de mim a noite, errei quase tudo e simplesmente não conseguia me concentrar direito. Dei graças a Deus quando chegou a hora do intervalo, algumas garotas me olhavam e conversavam entre elas, provavelmente sabiam sobre , deveriam especular sobre nós e eu odiei imaginar o que falavam. Já estava me arrependendo de não ter pego meu celular antes de sair do quarto, estava quase dormindo em cima da minha bandeja quando um energético apareceu a minha frente me assustando.
– Acho que você tá precisando de um desses – Matt apareceu e se sentou na cadeira ao meu lado – Boa tarde !
– Boa tarde, Matt! – Sorri para ele e peguei o energético – Você leu meus pensamentos! Muito Obrigada – Ele apenas sorriu como resposta.
– Vamos lá pra outra mesa, não tem sentido você ficar aqui, prometo que eles falam menos do que eu – Na realidade estava esperando as outras garotas, mas Matt achava que eu estava sozinha, ele pegou minha bandeja e já ia se levantando.
– Eu tenho que esperar… – Antes de terminar de falar, as outras garotas que costumavam sentar comigo chegaram à mesa e olharam para nós, Matt sorriu para todas e eu apenas observei o quanto elas sorriram de volta, acho que ele tinha um fã-clube naquela mesa.
– Garotas! Posso levar comigo hoje? Não vamos muito longe – Ele usava um tom de brincadeira e todas nós rimos, até parecia que elas eram a minha mãe e eu precisava de autorização, rolei os olhos e me levantei.
– Vejo vocês mais tarde – Acenei para elas que corresponderam da mesma maneira, Matt com um aceno de cabeça e sorriso aberto se despediu, me levando até sua mesa, onde mais uns quatro garotos estavam sentados.
Eles eram divertidos e adoravam as palhaçadas de Matt, foi o intervalo mais engraçado que já tive, aqueles garotos eram demais e me lembravam dos meninos da One Direction, meus amigos idiotas de UK.
Ao final do intervalo, quando estávamos entregando nossas bandejas, uma garota que eu havia visto no início cochichando sobre mim, passou encarando a mim e a Matt que estava ao meu lado.
– Nossa! Acho que se os olhos dela soltassem raios, estaríamos fodidos – Matt cochichou ao meu lado assim que a garota desviou o olhar de nós, não pude deixar de rir e dei de ombros.
– Ela deve estar achando que você é meu amante – Disse displicente e Matt me olhou franzindo o cenho.
– Por quê? Seu namorado é amigo dela ou algo assim?! – Fomos seguindo no meio dos estudantes e eu ri de sua pergunta.
– Acho que você não tá por dentro das fofocas né – Disse mais para mim do que para ele, e Matt me olhou mais em dúvida ainda – Eu namoro o da One Direction, por isso tem algumas garotas nos olhando assim – Era constrangedor ver aquelas meninas analisando o que eu estava fazendo. Matt me olhou surpreso em seguida ele riu, riu de um jeito que muita gente no corredor se virou para trás para olhar.
– Uau! Eu jamais imaginaria isso, eu jamais imaginaria que VO-CÊ é a namorada dele! – Ele parecia estar impressionado e achando graça de alguma coisa que eu não sabia o que era.
– Não entendi o espanto – Parei no meio do corredor e Matt parou de rir, voltando até onde eu estava de braços cruzados esperando.
– Desculpa, é que…. Bem quando as meninas da minha classe falavam que a namorada de um famoso estudava aqui, elas sempre diziam que você só entrou aqui por causa dele e tal, e eu te vi dançando ontem, você dança melhor que elas! - Ele deu uma piscadinha para mim, mas eu ainda não podia acreditar no quanto as pessoas eram más, de repente eu estava furiosa com aquelas idiotas.
– Relaxa, tudo isso é uma bobagem! – Matt colocou as mãos em meus ombros e me olhou nos olhos – Você sabe que é mentira, o que elas acham é só o que elas acham e não faz diferença nenhuma, não importa!
– Arghhh!!! Isso irrita, as pessoas duvidando da sua capacidade por causa do seu namorado! Idiotas! – Uma garota que passava pelo corredor me olhou feio e eu a encarei de volta, Matt olhou para a garota e disse algo que eu não entendi, em seguida se virou para mim e começou a me puxar para o lado contrário a minha sala.
– Vamos conversar, vamos espairecer – Matt parecia animado demais e eu só queria algum saco de box pra tirar a raiva que tomava conta de mim naquele momento.
– Desculpa, mas não vai rolar, vai pra aula, falo com você outra hora o.k.?! – Olhei nos olhos dele e Matt me olhou sério, antes que ele resolvesse falar mais alguma coisa, acenei com a cabeça e sai dali.
Talvez eu já suspeitasse, mas não quisesse acreditar, mas realmente ouvir que todo mundo achava ser verdade que todo meu esforço não era nada, eu só era a namorada do , eu não merecia estar ali, me deixava muito frustrada, me deixava revoltada com todo aquele julgamento.
Para sair da escola, passei no ambulatório e fingi algumas dores até eles me liberarem, fui até meu dormitório apenas para pegar o celular e sai dali. Passei pelo Starbucks, peguei meu café e fui em busca de algum lugar pra ficar em paz, sem muita gente ao meu redor.
Quando liguei meu celular tinha uns dez recados de e um de , peguei meus fones de ouvido e me sentei perto de uma árvore, parecia que ali era calmo o suficiente, comecei pelo recado de : “, te ajudo a xingar, se quiser eu também bato nele, mas só faço isso se você me ligar de volta! Te amo! Me liga!”.
A maioria das mensagens de eram pedindo desculpas, uma delas era quem dizia que foi ele quem pediu para sair com ele, mas foi só no último recado que eu senti meu coração apertado, ainda mais naquele momento, era tudo que eu queria ouvir, com sua voz rouca e calma, começou a cantarolar Wonderwall, a nossa música:
“Backbeat, the word was on the street (Andam dizendo por aí)
That the fire in your heart is out (Que o fogo no seu coração apagou) I’m sure you’ve heard it all before (Tenho certeza que você já ouviu tudo isso antes) But you never really had a doubt (Mas você nunca teve uma dúvida) I don’t believe that anybody (Não acredito que alguém) Feels the way I do about you now(Sinta o mesmo que eu sinto por você agora)
You’re my wonderwall (Você é minha protetora)
Vou te esperar, me liga amor, quero muito conversar com você.

Liguei para e esperei com todas as minhas forças que ele pudesse me atender agora.
! Amor, estava ansioso, eu queria TANTO falar com você – parecia afobado e eu já nem lembrava mais porque estava tão brava no início – Eu quero te explicar, não aconteceu nada, nem olhei pros lados direito!
Comecei a rir e parou de falar.
– Não precisa explicar nada, eu sei que você não ia ser louco de me fazer ir até aí só pra te afogar no Tâmisa, não é mesmo ?! – Disse no meu tom mais maléfico e riu de leve.
– Você me assustou , eu já estava pensando aqui em pedir pra um daqueles aviões passarem aí nessa escola com aquelas faixas enormes escrito “, O NÃO FEZ NADA! NÃO MATA ELE” – Comecei a rir em apenas imaginar aquela cena, o tamanho do mico que seria se fizesse isso.
– Não, por favor, não faça isso NUNCA! – Disse rápido e gargalhou mais alto ainda do outro lado da linha. A melhor música para os meus ouvidos, eu adorava suas risadas, eu estava morrendo de saudades disso.
– Não me deixe mais sem notícias , é tudo que eu peço, saia com os meninos, mas não se esquece de mim, eu tô sozinha aqui do outro lado poxa!
– Eu sei, erro meu, não faço mais isso, juro! – parecia sincero e eu não queria mais brigar, já tive minha cota do dia ultrapassada – Hey, você não deveria estar na aula agora? – Ele perguntou cheio de curiosidade e eu apenas murmurei com a boca em resposta.
– Aconteceu alguma coisa? – Ele parecia mais atento do que antes, mas eu não queria dizer a ele tudo que ouvi, não queria prolongar aquelas idiotices.
– Nada grave, hoje eu só estou cansada demais para ficar na aula – Tentei parecer exausta ao telefone, mas não sei se funcionou.
, eu sinto na sua voz que tem coisa aí! O que foi minha bailarina?! – Era como se estivesse acariciando meu rosto, meus olhos se encheram de lágrimas e a minha única vontade naquele momento era vê-lo e poder tocá-lo.
– Só quero descansar e quero te ver logo, canta pra mim ! – Pedi baixinho, antes que eu começasse a entregar tudo, antes que ele começasse com as perguntas.
sem falar mais nada começou a cantarolar Yellow do Coldplay para mim e eu fechei os olhos, me deixando levar por ele, me deixando levar para ele, era como se estivesse bem ali do meu lado e o resto não importasse mais. Eu sentia algumas lágrimas fujonas molharem o meu rosto mas eu não ligava, cantou a música toda com sua voz calma, me fazendo lembrar de quando ele cantou essa mesma música para me acalmar e nós nos beijamos pela primeira vez.
Look at the stars (Olhe para as estrelas)
Look how they shine for you (Olhe como elas brilham para você)
And all the things that you do My Love (E todas as coisas que você faz, meu amor) – modificou o finalzinho, sussurrando ao telefone se fazendo ainda mais presente.
– Mesmo você não querendo me contar, espero ter te ajudado! – Eu sabia que muito em breve pediria a verdade sobre tudo aquilo.
– Você me salvou, como sempre! You’re my wonderwall, lembra?! – Sequei meu rosto e ouvi rir fraco do outro lado, logo em seguida voltou com seu tom de voz mais animado.
– Semana que vem acho que eu consigo fugir e ir te ver, o que acha?
– Acho que é a melhor coisa do mundo! Venha!!! – Disse apressada e riu ainda mais da minha afobação em nem deixá-lo falar direito.
– Aí sim! Já senti que não vou apanhar – Eu podia vê-lo sorrir convencido do outro lado, se achando o mais incrível de todos.
– Quem disse?! Meus instrumentos de tortura estão prontos, te esperando!
– Diga que tem chicotes e algemas, e eu irei correndo – tentava parecer mais safado do que nunca, mas eu só conseguia rir de sua idiotice.
– Seu safado! É bem pior do que isso – Tentei parecer séria, mas nenhum dos dois aguentou e caímos na gargalhada.
Ouvi barulhos do outro lado e falando com outra pessoa.
está brigando comigo porque eu estou falando com você, ela é muito possessiva! – ainda ria quando me explicou a situação, e eu ouvia ao fundo reclamando dele. Nos despedimos rápido e logo em seguida me ligou.
Ficamos no telefone por quase uma hora, da qual não descansou até arrancar de mim porque eu estava “triste”, e nós gastamos grande parte deste tempo extravasando nossa raiva dos idiotas que falavam de nós. Ela já havia passado por isso e até hoje, as vezes, ela ainda ouvia algumas porcarias a seu respeito por aí, e nossa terapia favorita era falar muito mal e fazer planos bem maléficos até que não nos lembrássemos mais do que era tão ruim assim. Afinal de contas, quem eram essas pessoas?!

Voltei para a escola com uma alma praticamente nova e com dores no ouvido de tanta falar ao telefone, assim que cheguei em meu dormitório encontrei um bilhete que alguém passou por baixo da porta:
"Me perdoa?!
Tenho a impressão de que fui muito idiota hoje à tarde e gostaria de me redimir! Me encontre na sala dos ensaios, nem que seja só pra dizer que não vai mais com a minha cara! ;)
Xx
Matt"

Ri com aquele bilhete e fui até a mesma sala de ensaios que usei ontem, conseguia ouvir uma música baixinha vindo lá de dentro, abri a porta e consegui reconhecer Forever do Chris Brown tocando, e vi Matt todo suado ensaiando de frente para o espelho, sua concentração era tanta que ele quase caiu quando me viu ali do lado da porta.
– JESUS! – Ele colocou a mão no peito e eu não pude evitar a gargalhada que escapou.
– Não, sou eu mesma! – Sai de perto da porta e ele riu da minha piada horrível.
– Tá mais calma?! Veio dizer que não vai mais com a minha cara? – Matt desligou a música e pegou uma toalha para secar seu rosto e pescoço, parou na minha frente e ficou me olhando.
– Tô muito melhor, e vim dizer que não foi nada demais, não precisa se “redimir” – Sorri em apenas lembrar da tarde que tive e Matt semicerrou os olhos, me olhando desconfiado.
– Aprontou todas né! – Ele sorriu torto e eu acabei sorrindo da mesma maneira – Mas mesmo assim, acho que não podia ter te julgado, não podia ter me deixado levar pelos comentários por aí, foi mal! Mesmo! – Ele voltou a me olhar sério e eu apenas assenti, aceitando seu pedido de desculpas.
– Chris Brown não faz parte da nossa programação de aulas! – Lembrei da música e Matt riu de leve se afastando para juntar suas coisas – Acho que temos um rebelde entre nós – Apontei meu dedo para ele que escondeu o rosto de forma teatral.
– Oh não, você me descobriu – Ele pegou seu pendrive e pediu silêncio com o dedo entre os lábios – Gosta desse tipo de música?
– Amo! Adoro dançar também – Respondi quando já estávamos saindo da sala, já era quase a hora do jantar e provavelmente se nos vissem ali levaríamos uma bela bronca.
– Achei alguém pra quebrar as regras comigo! Bom saber, te chamo da próxima vez – Matt piscou para mim e tentou me abraçar mas eu me esquivei rindo por vê-lo todo suado chegando perto de mim.
– Sem abraços, o que vão pensar de mim? – Brinquei com ele que me olhou fingindo estar chocado com minha resposta.
– Que você não é fresca, uma garota sem problemas em relação ao suor dos amigos!
– Eca! Sem suor, sem contato, passar bem! – Por pouco Matt não conseguiu me abraçar, agradeci mentalmente por seus amigos aparecerem e eu pude sair de lá de fininho, fui direto para o meu quarto descansar, tudo que não havia dançado hoje faria em dobro amanhã.

Passaram-se três dias desde que passei a tarde toda conversando com e , nesses dias nenhum dos dois me ligou, só nos falávamos por mensagens e eu já estava estranhando. Matt sempre passava pela minha mesa na hora do almoço pra fazer alguma piadinha e todas as garotas se derretiam por ele, pelo que pude ver pelos corredores ele deveria ter várias pretendentes por toda escola e se achava o máximo por causa disso.
Eram quatro da tarde quando eu estava saindo da escola de balé rumo ao prédio onde ficavam nossos dormitórios e recebi uma mensagem de texto de : “Tenho uma surpresa pra você” Estava digitando a resposta distraída quando senti um braço por cima do meu ombro, olhei para Matt e ele sorridente cumprimentou algumas garotas que passavam por nós.
, vamos ensaiar hoje? – Matt ainda abraçado a mim pediu e eu estava prestes a respondê-lo quando senti um olhar sobre mim. Encostado em um carro preto perto da esquina, me olhava seriamente e de cenho franzido.
– Hoje não vai dar – Matt me olhou e eu sorri amarelo pra ele, antes que ele dissesse mais alguma coisa já estava na nossa frente, praticamente fuzilando Matt com os olhos, retirei o braço dele de cima de meus ombros e só então Matt entendeu a situação.
– Oi amor! – Fui até e lhe dei um selinho, ele permaneceu sério – Esse é o Matt, meu amigo do balé – Matt estendeu a mão para que a apertou, pela cara dos dois deu pra ver que não era nada amigável.
– Matt esse é o , meu namorado – Tentei sorrir para amenizar a situação e me abraçou pela cintura, deixando tudo um pouco pior.
Matt deu um jeito de sair rápido dali e me olhou muito sério.
…. – Peguei em sua mão e abriu a porta do carro para mim sem dizer uma palavra.
– Oi, ! – Preston, segurança dos meninos, estava ao volante e eu achei aquilo estranho, não costumava usar segurança quando vinha me visitar, mas devido à presença dele ninguém disse nada sobre o ocorrido agora pouco, apenas permaneceu sério, extremamente sério enquanto eu falava com Preston sobre Londres.
Quando chegamos ao hotel pegou minha mão e quase fomos cegados pelos paparazzi, nem tive tempo de perguntar o porquê de tantos fotógrafos, a porta se abriu e eu sai do carro sendo seguida por que pegou minha mão novamente me fazendo andar mais rápido até entrarmos no hotel.
– O que está acontecendo? Te descobriram aqui? – Puxei a mão de para que ele me respondesse, aquela situação já estava me irritando mais do que tudo – ! – Parei em sua frente pronta para brigar quando senti duas mãos apertando minha cintura, me assustei com aquilo arregalei os olhos e me virei rápido para ver quem era.
– AI MEU DEUS! – Eu não conseguia acreditar que estava na minha frente, minha melhor amiga estava realmente em Nova York, praticamente me joguei em seus abraços e nós quase caímos no meio daquele abraço tão forte – ! Eu nem acredito, eu.... – Saí do abraço e vi seus olhos cheios de lágrimas assim como os meus, e ela riu me abraçando de novo.
– Que saudade amiga, sua doida! – Ela disse em meu ouvido e eu ri mais ainda.
– Gente, também quero! – Ouvi uma voz atrás de mim e me deparei com sorridente e de braços abertos me olhando.
! – Abracei ele apertado, estava morrendo de saudade daquela coisinha fofa e de suas gargalhadas, ele riu próximo ao meu ouvido e eu o apertei mais ainda.
– Socorro! – Ele disse quando comecei a soltá-lo e eu bati de leve em seu braço – Quanto tempo hein ! – me abraçou de um lado, me abraçou de outro e eles começaram a me levar para o bar do hotel, onde eu pude ver e matar as saudades dos outros meninos, menos que estava em seu quarto e Lara que não conseguiu escapar da escola de balé em Londres.
Fiquei por quase uma hora falando com todos eles, me atualizando de leve sobre as novidades e algumas fofocas, combinei com de nos reunirmos mais a noite para uma sessão das garotas. Pedi licença a todos eles e fui até o quarto que seria de .
Quando cheguei no andar que me indicaram encontrei com no corredor, assim que me viu, ele abriu um grande sorriso, me deixando ainda mais feliz por vê-lo.
! Que falta você me faz garota! - Ele me abraçou apertado e nós dois rimos, porque tanto ele quanto eu sabemos que nossa ficava difícil às vezes, era como um irmão postiço e eu adorava saber que ele sempre estaria lá para a minha amiga.
– Nem me fale, aqui é muito sem graça sem vocês – Sai do abraço e sorriu de leve assentindo, apontou para a porta que ele havia acabado de sair.
está ali, acho que só você resolve aquela cara amarrada dele – Ele piscou para mim antes de começar a se afastar.
Respirei fundo e bati à porta algumas vezes até ouvi-la destravando, entrei no quarto e vi desligando o celular.
eu vim conversar, não quero brigar – Me aproximei dele e me olhou seriamente com o cenho franzido.
– Quem é aquele cara ? Desde quando você anda abraçada com ele por aí? – Pelo seu tom de voz eu percebia que ele estava se segurando para não explodir.
– Ele é o Matt, meu colega do balé, às vezes nós ensaiamos juntos – Nem pude terminar minha resposta e riu debochado.
– Nossa, que interessante! – Ele começou a ser irônico e desta vez eu que tive de me controlar – Que fofo, que lindo! Devo ter atrapalhado quando apareci hoje, não é mesmo?!
– Cala boca , que a gente não faz nada demais, ele é só meu a-mi-go e eu não admito você ficar desconfiando de mim caramba! – Só de ouvi-lo falar parecia que meu sangue estava fervendo, eu não queria brigar, eu simplesmente queria ficar em paz com todos ao meu redor.
eu vi você agarrada com outro cara, eu…. – Aquilo me enfureceu, cheguei o mais perto que podia de para olhá-lo diretamente nos olhos e ele apenas me encarava de volta.
– Eu não estava agarrada a ninguém, era só um abraço como eu dou no , no , não ouse dizer que eu estava te traindo, você sabe muito bem quem eu sou , acha que eu faria isso com vo-cê?! – Mantive minha voz no mesmo tom de sempre, mas fui dura, disse tudo o mais claro possível, olhando nos olhos dele – Se você acha isso, eu....
– Não termine esse frase! – me olhou assustado e só então eu percebi o que estava prestes a dizer, estávamos indo longe demais.
– Eu não quero brigar, eu não quero dar a isso um tamanho tão gigante que me impeça de chegar até você! Eu amo vo-cê , não importa a distância, nada mudou pra mim e pra você?! Você confia em mim? – Senti minha voz falhar e me odiei por isso, não queria chorar ali, não podia.
– Eu amo você, só odiei te ver ali com aquele cara, ele estragou meus planos, arghh!!! – colocou as duas mãos em minha cintura e me puxou com firmeza para ele – Desculpa, eu só morri de ciúmes, odiei isso – Pulei no colo de e pude olhá-lo ainda mais de perto, me aproximei de seu ouvido e sussurrei:
– Desculpa te recepcionar assim!
– Desculpa deixar isso quase atrapalhar a gente! – sussurrou de volta, começou a beijar meu pescoço e a me causar arrepios, puxei levemente seu cabelo e riu do seu jeito mais sacana antes de me beijar de verdade, com toda nossa vontade de matar as saudades mais a raiva da nossa briga, em pouco tempo já estava sem ar e queria mais.

Passei o resto da tarde com no quarto, e fomos acordados pelo telefone, resmungou enquanto eu atendia a ligação e ele tentava voltar a dormir.
, posso ir aí? – Estava até então meio sonâmbula por acordar de repente, mas ouvir a voz nervosa de me despertou rapidamente – Acho que eu estou com problemas!
Comecei a chacoalhar para que ele acordasse de uma vez e ele me olhou confuso, enquanto eu gesticulava para que ele levantasse da cama.
– Você não quer que eu vá até seu quarto?! – Sugeri enquanto me enrolava no lençol e me observava com sua cara de sono, sentando na cama morrendo de preguiça.
– Não – Ela sussurrou e eu voltei a olhar para não pode ouvir o que vou te contar!
– Você está me deixando muito nervosa! Me dê uma pista! – Pedi um pouco mais baixo, mas prestava muita atenção em mim e, com certeza, conseguia ouvir tudo que eu dizia.
.... Eu não sei – choramingou no telefone me deixando mais agoniada ainda – Eu acho que estou grávida – Ela disse bem baixinho, fazendo meu coração parar por um segundo.
– Grávida?! Oh meu Deus! Amiga.... – Minha voz saiu baixa e eu queria vê-la imediatamente – Corre pra cá!
Quando olhei para trás e me olhava de olhos arregalados e boca aberta.
– Isso é verdade?! – apontou para o telefone e eu odiei com todas as minhas forças essa porcaria de capacidade que ele tinha de ouvir minhas conversas.
pelo amor que você tem por mim, por tudo que é mais sagrado, você precisa ficar quieto! Não conte nada a ninguém! – Puxei o rosto de para o mais próximo de mim possível e o fiz praticamente jurar que não contaria nada a ninguém.
– A gente vai precisar do quarto, se não se importa – rolou os olhos colocando sua boxer e indo direto para o banheiro. Ele me ajudou e se arrumou o mais rápido possível, não sabia onde estava então ela podia chegar a qualquer momento, enquanto eu trocava de roupa não resistiu em me encher de perguntas sobre o assunto, me deixando ainda mais nervosa com tudo aquilo.
– Como será que o está se sentindo, será que ele já sabe? – me olhava pelo espelho, com os olhos cheios de curiosidade.
– Acho que ele não sabe de nada – Liguei mais uma vez para e ela não me atendeu.
– Imagina que loucura, um bebê entre nós! Um bebê do e da ! Será que ela me deixaria ser padrinho?! – As perguntas de já estavam me estressando, comecei a empurrá-lo para fora e ele riu quando eu abri um pouco da porta para que ele saísse.
– Você vai me contar se o teste da der positivo, não é mesmo?! Eu estou adorando essa ideia – Rolei os olhos e afirmei com a cabeça, vi alguém passando rápido por trás de mas não consegui ver quem era, mandei sair de lá e manter o segredo.

Depois de uns dez minutos finalmente bateram à porta e uma pálida apareceu em minha frente, se jogou em meus braços e começou a chorar.
, o que eu fiz? Como eu pude ter feito isso? Eu não sei como…. – soluçava e tentava falar ao mesmo tempo, a puxei para dentro do quarto e tranquei a porta. Tentei fazer se acalmar ou ao menos parar de chorar, mas foi difícil, sua mão tremia segurando o copo de água e meu coração estava pequenininho de ver minha amiga tão nervosa assim.
– Vamos lá meu amor, respira junto comigo – Fiz olhar para mim e se concentrar em respirar devagar, parando aos pouquinhos de chorar – Agora eu preciso que você me explique isso, o.k.?! Com calma , temos todo tempo do mundo!
respirou fundo mais uma vez e eu segurei em suas mãos esperando ela começar a falar.
– Estou atrasada em duas semanas , senti alguns enjoos essa semana e a gota d'água foi uma tontura que eu senti hoje, eu nunca sinto isso! Eu estou com medo, muito medo!
– O.k., o.k., você já fez algum teste?! – Minha garganta estava seca e meu coração acelerado, era a minha melhor amiga ali, me olhando assustada, nunca vi tão frágil daquela maneira.
– Fiz, hoje – respondeu baixo abaixando a cabeça
, e o resultado?! – Ergui seu rosto e seus olhos se encheram de lágrimas assim que seu olhar cruzou com o meu. Oh não. Eu não podia acreditar. recomeçou a chorar e eu a acalmei de novo.
– Quantos testes você fez? – Ela indicou um com o dedo e eu me levantei, pronta para ir até o telefone da recepção.
– O que eu vou dizer ao , o que eu vou falar para o meu pai! Meu Deus, eu não posso ter um filho agora!
Estava prestes a pedir testes de gravidez a recepção quando desligou o telefone na cara da atendente.
– Não, isso vai nos expor, não podemos pedir que entreguem testes de gravidez nas suítes do One Direction – Assim que disse isso, fez uma careta – Isso soa como um escândalo, oh céus, eu não posso acreditar que deixei isso acontecer!
– O.k., vamos nos acalmar, eu vou descer e comprar vários testes, depois de todos os resultados nós sentamos e resolvemos isso! Falamos com e tudo mais! Você precisa ficar calma, promete?! – Fiz sentar na cama e ela me olhou ainda assustada – Tudo vai dar certo, nós estamos juntas esqueceu?! – Beijei seu rosto e sorriu fraco.
– Já volto! – Peguei minha bolsa e meu casaco e saí do quarto rumo a qualquer farmácia.
No hall do hotel encontrei com , assim que me viu, ele sorriu animado.
– E aí?
– Amor, é segredo! Pare de sorrir! – Disse entre seus lábios e fez uma careta – Não temos certeza de nada ainda, viu o por aí?
– Ele está tão estranho , encontrei com ele no elevador estava meio pálido sabe, pediu pra deixar ele sozinho, passou direto pelos meninos ali no bar e agora pouco, eu o vi sair do hotel, não estava com uma cara muito boa.
– Ai meu Deus! Será que ele sabe? – Disse baixinho e deu de ombros – De qualquer forma, tente achar ele pra mim o.k.?! Se for mesmo verdade, nós vamos precisar dele aqui!
assentiu e lhe dei um beijo rápido antes de começar a caminhar em direção a saída, veio atrás de mim.
– Onde você vai? – perguntou me acompanhando mas eu o parei antes que saíssemos do hotel.
– Vou à farmácia e você não pode vir comigo – Disse rápido, cuidando para que ninguém nos ouvisse.
– Porque não?
– Imagina as manchetes amanhã: “ e sua noiva já pretendem começar uma família” e cheio de fotos de nós dois comprando testes de gravidez, acho que tanto minha mãe quanto a sua enfartariam vendo isso – ponderou tudo que eu disse e, por fim, concordou, me dando um selinho de boa sorte e fazendo um sinal para Preston me acompanhar.
Tentei ser o mais rápida possível e comprei cinco testes, de várias marcas, voltei ao hotel quase correndo e encontrei roendo as unhas de ansiedade. Despejei os testes na cama e ela suspirou antes de pegá-los e ir até o banheiro.
A espera pelo resultado parecia se arrastar, dos cinco testes três deram positivo e dois deram negativo. E chorou de nervoso, de medo e de ansiedade para falar com . me mandou uma mensagem dizendo que apareceu, e tomou algumas doses de whisky e ficava o olhando esquisito. Pedi que cuidasse dele enquanto eu cuidava de .
A suíte em que e ficaram era uma duplex, estava ajeitando algumas coisas na sala da suíte que só vi o vulto de passar por ali, estava no banheiro e quando saiu se deparou com sentado aos pés da cama.
?! Onde você estava? – perguntou séria e estendeu a mão para que ela viesse até ele.
– É verdade ? Eu serei pai? – Parecia que ia chorar ali mesmo, e eu queria me esconder ainda mais, não era para eu ver aquilo, olhou para ele sorrindo e antes mesmo que ela falasse alguma coisa, voltou a falar.
– Eu sei que eu fugi o dia todo hoje, e eu fiquei pensando sobre isso, como é que eu seria pai de alguém? Eu não sei nem cuidar de mim direito, eu fiquei chocado!
– Você já sabia? – se ajoelhou para olhá-lo nos olhos e eu apenas pensei em , eu ia bater muito nele se ele contou alguma coisa para .
– Eu ouvi quando a estava expulsando o do quarto, eu saquei que fosse sobre você e me deu medo, medo de não ser suficiente pra isso, me desculpa! – abraçou bem apertado.
– Eu também achei que não era suficiente para isso, que era grande demais – parecia absolutamente calma, totalmente diferente de como ela ficou hoje à tarde – Acho que Deus pensa como a gente, não é a nossa hora!
– Quê?! – perguntou confuso e eu não pude me conter, até aquele momento estava praticamente camuflada na escuridão daquela sala, mas precisava entender tudo aquilo.
– O QUÊ? – Perguntei um pouco alto demais assustando os dois, colocou a mão no coração assim que me viu.
– Que susto garota! – levantou e nem eu, nem tiramos o olho dela.
– Era alarme falso, eu acabei de menstruar – sorriu aliviada e aquele mesmo sorriso tomou conta de mim e principalmente de . Os dois se abraçaram por alguns minutos, só eles sabiam o que se passava ali.
Agora não era, mesmo, o melhor momento para se pensar em gravidez, estava no auge de sua carreira assim como , eles podiam esperar, podiam fazer do jeito “certo” e principalmente deveriam estar preparados psicologicamente para isso.
vai ficar triste com isso – Disse depois que me soltou de seu abraço – Ele queria ser padrinho! – Os dois riram de leve e fizeram uma careta em seguida discordando.
– Juro que eu já estava me acostumando com a ideia, um mascote para banda ia ser legal – olhou para ele com uma sobrancelha arqueada, desconfiando daquilo – Amor, meu problema era em pensar se eu seria um bom pai, você eu tenho certeza que seria uma mãe incrível! Não é ? - deixou levemente vermelha e eu apenas concordei rindo.
– Vamos parar com isso, que eu não quero descobrir se isso é verdade agora – Nós três rimos com o jeito brincalhão de , agora que ela já estava mil vezes mais leve eu podia sair.
Me despedi dos dois e fui direto para o meu quarto e de , e o encontrei na sacada acenando para algumas pessoas lá fora, quando me viu entrou rápido para o quarto.
– E então? Como foi? O que aconteceu? – estava muito animado com aquela ideia que dava até pena contar que não ia ser dessa vez.
– Era alarme falso amor, não vai ser dessa vez – Acariciei o rosto de que murchou seu sorriso.
– Ah que pena! Eu adoraria ter um “sobrinho”, podia ver ele arrasando com a gente nas nossas turnês – fez uma careta e eu o puxei para deitar ao meu lado, adorava mexer em seu cabelo e ficar observando-o.
– Essas coisas você guarda pra quando você tiver os seus, ele arrasa junto com você – Pisquei para ele que abriu um grande sorriso me olhando surpreso.
– Quando a gente tiver os nossos não é ?! - Ele cutucou minhas costelas me fazendo rir e eu apenas afirmei com a cabeça – Acho que você já sabe que eu quero uns quatro né – empolgado deitou sobre minha barriga enquanto eu continuava com a mãos em sua cabeça, pelo seu sorriso ele já sabia que eu iria contra aquilo.
– Nem pensar! Dois no máximo – Ele me olhou de lado e eu fiz o número dois com os dedos.
– Com quatro eu posso ter uma banda, com dois não! – Para ele parecia que aquela loucura era super aceitável e eu tive que rir.
– E quem disse que eles vão querer ter uma banda?! Dois e só – parecia indignado e eu queria rolar de rir.
– Você já quer estragar eles, meus filhos vão gostar de música sim, e vou ensinar eles a usar a música pra conquistar as gatinhas, a jogar futebol....
– Ai meu Deus , você é horrível jogando futebol! Acho melhor você mudar esses planos – Passei a mão pelo rosto de que parecia ainda mais indignado, mandei um beijo para ele que virou o rosto para mim.
, não vou deixar eles pensarem em balé, sem nada de balé pra eles!
– NO WAY ! – Bati em seu peito e me olhou vitorioso por conseguir me atingir, ele se ajoelhou na cama e começou a subir por cima de mim enquanto sorria maliciosamente.
– Então fazemos um acordo, três é um bom número, dois pra minha banda e uma linda garotinha pra você treinar, o que acha?!
– Acho bem razoável, posso confiar em você pra cuidar de tudo isso? – já estava com o rosto colado ao meu, distribuindo beijos por meu pescoço e colo me provocando.
– Nós seremos incríveis, a família mais legal do mundo! – Ele mordiscou minha orelha e começou a abrir minha blusa – Mas pra tudo isso acontecer, a gente tem que treinar bastante, não acha?!
O olhar dele e seu sorriso sacana eram irresistíveis, estar com era a melhor coisa do mundo, como se o mundo e seus problemas lá fora não pudessem nos atingir quando estávamos juntos.

Era a minha melhor semana em Nova York, eu estava com todos os meus amores ao meu redor e era a melhor coisa do mundo. E eu só esperava que isso nunca passasse. Que as mudanças não conseguissem acabar com tudo que construímos, era a única coisa que eu queria.

Capítulo XVIII



’s POV

Nunca pensei que relacionamento a distância fosse algo tão difícil de lidar, nem pensei que me estressaria tanto em falar com uma caixa de voz quanto me estresso toda vez que minhas ligações caem na caixa de mensagens da . Mas por incrível que pareça, nós estamos indo bem, nem mesmo a distância conseguiu esfriar nosso relacionamento. Agora eu esperava ansiosamente pelas férias de inverno dela. Para tê-la de volta em casa.

, a pediu pra gente fazer uma reunião aqui em casa, você pode vir lá por umas oito?! – parecia afobada enquanto falava ao telefone – Parece que é importante!
– Nossa que estranho, o que será que é?! – Perguntei mesmo sabendo que talvez ninguém fora soubesse o que era a tal reunião.
– Ela me disse que não pode faltar ninguém e que ela vai ligar as oito e meia, tô até nervosa! – disse mais baixo parecendo mais tensa no final da frase.
– Estarei lá as oito em ponto! Fica tranquila não deve ser nada ruim! – Tentei passar confiança para , que mal se despediu e desligou o telefone.
Tentei falar mil vezes com a , mas só caía na caixa postal, nem mesmo as minhas mensagens ela respondia, e isso me deixava preocupado sobre o que poderia ser essa tal reunião que ela pediu. Todos nós acabamos de entrar nas nossas pequenas férias de inverno e eu estava apenas esperando me avisar sobre a data de suas férias para eu buscá-la e trazê-la para ficar esses dias conosco.
Demorou para o dia passar e quando finalmente chegou a noite, fui para casa de e e encontrei todos tão curiosos quanto eu.
o que pode ser? – me perguntou enquanto íamos até a cozinha ajudar a levar mais copos para a sala, nossa “reunião” estava prestes a virar um jantar.
– Tentei descobrir hoje mas nem sinal de vida dela! Só espero que não seja o que eu estou pensando que pode ser – me olhou apreensivo e eu apenas dei de ombros pegando as taças de vinho que pediu.
– Não me diga que ela não vem pa.... – nos interrompeu gritando da sala.
– CORRAM!!! ELA ESTÁ NO SKYPE! – Nós fomos em disparada para a sala e nos empoleiramos ao lado de . e já estavam do outro lado e logo atrás dela.
! Você quer me matar do coração! – sorria abertamente e apenas piscava inocentemente do outro lado da tela.
– Tá todo mundo aí?! – usava um gorro de lã e cachecol, estava com a ponta do nariz vermelha e as bochechas rosadas devido ao frio.
– Tá sim! – passou rapidamente o tablet por nós e todo mundo deu um ‘oi’ rápido.
– Oi amor! – sorriu quando me viu e todo mundo fez questão de se manifestar pra me zoar como sempre.
– Hmmmm – me abraçou e a riu da cena.
– Gente deixa eu falar! – Ela pediu nossa atenção e começou a nevar onde ela estava – Eu não tenho uma boa notícia! – ficou séria e foi inevitável, não consegui disfarçar minha reação e fiquei mais sério do que ela imediatamente.
– Tentei de todas as formas reverter a situação, mas não consegui, Londres parece cada dia mais distante! – dizia baixo e todos nós ficamos chateados, minha vontade era de pegar aquele tablet e ter uma conversa bem séria com ela por dar aquele tipo de notícia assim.
– Não! é natal cacete! – foi a mais rápida em contestar – Trate de vir pra cá, nem que seja por um dia, mas venha! – Pelo tom de voz era perceptível o quanto estava inconformada, assim como eu.
– Eu tentei de todas as formas, mas não tô conseguindo de jeito nenhum! – que antes parecia triste, deu um leve sorrisinho. Ela ia me pagar, não era possível que ela estivesse feliz com aquilo.
– Você tá rindo?! Eu vou aí te pegar pelos cabelos garota – praticamente nos excluiu da conversa e começou a rir mais forte, eu a olhei ainda mais indignado.
– Abre seu portão pra mim! Não tô conseguindo sozinha! – Ela sorriu inocentemente pela tela do tablet e todos nós nos entreolhamos, parecia que ninguém estava acreditando no que estava ouvindo.
– O QUÊ?! – perguntou saindo de seu lugar e indo para perto de para ver melhor. ainda rindo deu uma volta com o celular e nós pudemos ver a fachada da casa de .
– AI MEUS DEUS! – Eu não podia acreditar que a estava realmente do lado de fora.
Foi como naquelas cenas de corrida maluca, e eu saímos correndo em direção a porta ouvindo todos os outros correndo e se empurrando atrás de nós.
– Anda logo menina! – derrubou a chave quando chegamos em frente a porta e nós ouvimos a risada da do outro lado. A neve do lado de fora caía fina, assim que abriu a porta eu e ela tentamos andar sem escorregar até chegar ao portão e encontrar e sua enorme mala nos esperando.
– Você é louca ! – a abraçou apertado e as duas começaram a rir, peguei a mala e vi sair do abraço secando os olhos, as duas riam e choravam ao mesmo tempo.
– Vamos! Tá muito frio aqui – me olhou com os olhos brilhantes de lágrimas e me abraçou pela cintura.
– Oi – Ela riu escondendo o rosto gelado na curva do meu pescoço e eu a apertei mais junto a mim.
– Oi s)! – Dei um selinho rápido nela e corremos para a porta de entrada onde todos os outros a esperavam.
– Garota você quase matou todo mundo do coração – foi o primeiro a puxá-la para um abraço que virou um abraço coletivo em segundos, com muitas gargalhadas no meio e reclamações porque estava muito frio.
– Eu estava com tantas saudades que resolvi fazer uma surpresa! – abraçou mais uma vez e todos nós fomos para sala.

A casa dos , como eu gostava de chamar e odiava ouvir, porque parecia que eles eram casados e ela não aceitava muito bem esse título, parecia um restaurante italiano de tanta massa que pedimos, nos sentamos a mesa cheia de comida e começamos a nossa ceia natalina antecipada.
– Antes de virarmos um bando de sem educação pra atacar a comida, eu quero fazer um brinde – Nossa anfitriã pegou sua taça de vinho e a ergueu olhando para todos nós.
– Eu quero fazer um brinde a nossa amizade que resiste aos altos e baixos, a distância, a saudade, as fofocas e a tudo mais. Um brinde a nossa união galera! – Era impressionante o quanto elas ficavam mais emotivas no natal, sorria com os olhos já quase cheio de lágrimas, ao meu lado estava emocionada como sua amiga, levantou sua taça assim como todos nós.
Depois do brinde, a campainha tocou e apenas piscou para que saiu em disparada para a porta, só faltava uma pessoa na nossa reunião e fez questão de recepcioná-la.
– BÚ! – escancarou a porta e Lara quase caiu de susto.
! – Lara com os olhos arregalados a puxou para um abraço – Que saudades! Que vontade de te bater por demorar tanto tempo!
As duas ficaram um bom tempo abraçadas até gritar da mesa que estava morrendo de fome, e elas correram até nós.
Lara sentada ao lado de , ao meu lado e um bando de esfomeados atacando a comida.
A noite toda foi assim, cheia de conversas e risadas, contando como estava sua vida em Nova York e o resto de nós contando como estava tudo aqui em Londres. Já passava das três da manhã quando nós saímos da casa dos para a nossa casa. E apenas esse pensamento já me deixava feliz.

Acordamos quase uma da tarde e estava animada demais pra ver um programa da TV e saiu me puxando pra sala no andar debaixo, sem a menor chance pra contestar. Era estranho e absolutamente reconfortante ver se jogar novamente no meu sofá, era praticamente nosso lar antes dela ir para Nova York e ela ali agora, como era antes, é algo que eu nem sabia que sentia tanta falta.
– Anda logo ! Vai ficar muito tempo aí parado? – Estava no batente da porta da cozinha a observando na sala, e de joelhos no sofá me esperava para assistir o tal especial de Natal na TV.
– Fui buscar comida – Me sentei ao seu lado, e reparei que ela já havia pego um dos meus moletons e o fazia de vestido pijama.
– E você já foi roubar minhas roupas né?! – Ameacei lhe fazer cócegas e apenas riu dando de ombros, roubando o pote com a comida do meu colo.
– Você sabe que seus moletons foram feitos pra mim, certo?! Praticamente sobre medida! – Em pé no sofá, se exibia com meu moletom, deixando suas pernas praticamente toda de fora, ela se balançava de um lado pro outro erguendo o tecido apenas para me provocar.
– Não acha ?! – Ela se abaixou na minha frente e eu não resisti, enfiei minhas mãos por dentro daquele moletom e sorriu torto assim que toquei sua pele quente com minhas mãos frias.
– Você sabe o que eu acho! Fica bem melhor sem ele – Beijei seu pescoço sentindo ela arrepiar e rir próximo ao meu ouvido. Brincando comigo tentando escapar do meu colo e nos fazendo cair no tapete da sala, com a comida e tudo mais.
– Ah não ! – gargalhava embaixo de mim toda suja de molho, tentei não rir dela, mas foi inevitável, o molho que estava na mesa de centro caiu todo nela e ela não me perdoou, sem que eu nem percebesse lambuzou os dedos naquele molho de mostarda e passou no meu rosto e cabelo.
– Ah – Ela tentava se encolher embaixo de mim e abafar sua risada debochada – Agora você me paga!
Comecei a fazer cócegas nela que tentava de todas as maneiras se livrar de mim, mas não deixei ela fugir.
– Socorro! – já estava toda descabelada e cheia de molho no rosto e no cabelo, e não sabia se ria ou choramingava pela bagunça em seu cabelo.
eu me rendo! – Ela fechou os olhos e esticou os braços sem tentar resistir, me dando livre acesso a ela e a sua boca.
Que se dane programa de TV ou até mesmo a sujeira no tapete, eu tinha todinha para mim e era só isso que importava.

Depois de tomarmos banho pra tirar aquela meleca de mostarda do cabelo, insistiu em voltar pra sala, em menos de meia hora ela caiu no sono e parecia estar tão exausta, que preferi deixá-la dormindo no sofá mesmo e fui buscar Pheebs na casa da minha mãe, onde eu a deixei por alguns dias, nossa gatinha estava cada dia maior e, com certeza, também morria de saudades da dona. Quando voltei pra casa ainda dormia e resolvi deixar Pheebs junto dela, peguei meu violão e fui para a outra sala, fiquei brincando com as notas, inventando melodias e cantarolando bobagens até sentir uma mão deslizar pelo meu braço e me abraçar pelas costas, distribuir beijos pela minha nuca e sorrir se jogando ao meu lado no sofá.
– Não pare, você estava tão lindo! Não resisti e vim te atormentar de pertinho! – Ela ficou na outra ponta do sofá me observando com um sorriso no rosto enquanto eu dedilhava uma música do Jason Mraz, tentando não me desconcentrar com aquele olhar dela sobre mim.
– Do you hear me, I’m talking to you (Você consegue me escutar? Estou falando com você) Across the water across the deep blue ocean (Através das águas, do outro lado do profundo oceano azul) Under the open sky oh, my, baby, I’m trying (Sob o céu aberto, oh, nossa, meu bem, estou tentando)
sorriu quando reconheceu a música e cantarolava baixinho, me acompanhando principalmente na melodia e nas partes da Colbie Caillat.
– Lucky I’m in love with my best friend, lucky to have been where I have been, lucky to be coming home again (Sortudo, pois estou apaixonado pela minha melhor amiga, sortudo por ter estado onde estive, sortudo por estar voltando pra casa novamente)
Olhei para ela e percebi que aquela era a música do nosso momento, era sortudo o suficiente de ter a minha melhor amiga como namorada e ter ela de volta em casa, ao menos por uns dias, era a melhor coisa do mundo.
Pheebs surgiu na sala, pulou no colo da dona e ficou fazendo manha, até lhe fazer carinho.
– Ela sentiu sua falta, sabia? – Deixei o violão do lado do sofá e fui até as duas. Pheebs ronronava e falava coisinhas em seu ouvido, deixando Pheebs ainda mais feliz.
– Eu também morro de saudades dela! Minha bolinha de pelos – Me ajoelhei em frente a elas no sofá e fiquei fazendo carinho na gatinha enquanto me olhava concentrada, até começar a falar baixinho, como se estivesse me contando um segredo.
– A pior parte de Nova York é perder isso aqui! Não poder acompanhar tudo de perto, não acordar com você do meu lado, às vezes parece que eu não digo o suficiente, mas eu sempre sinto a sua falta – Ela me puxou levemente, e eu colei minha testa a dela sentindo ela suspirar, como se estivesse relembrando, e sei tanto quanto ela, que nem sempre é fácil. Só nós sabemos o quão difícil é viver longe um do outro.
– Você não precisa dizer amor, eu sinto, eu sei a falta que você me faz, eu sinto essa mesma saudade todos os dias babe! – Olhei em seus olhos e pode ver a verdade que ela já conhecia. Eu a amava mais que tudo e odiava quando ficávamos separados por tanto tempo, não parecia certo, nada ficava muito bem.
se jogou em meus braços, abraçando apertado com o rosto enfiado no meu pescoço, ela me abraçava como se fosse a última coisa que ela pudesse fazer e eu tentei corresponder da mesma maneira. Ajeitei-a em meu colo e a segurei junto a mim por longos minutos, eu adorava tê-la em meus braços.
– Seu cheiro é meu perfume favorito – sorriu se afastando do meu pescoço para me olhar, com as mãos em minha nuca, ela se divertia bagunçando meu cabelo e beijando meu rosto.
– Hmmm que bom saber, fazemos tudo para agradar as clientes! – Pisquei para ela que puxou meu cabelo com mais força, me fazendo gargalhar em observar sua reação.
– Seu safado! Já te mostro suas clientes ! – Ela enfiou as mãos por dentro da minha blusa e beliscou minha barriga, me fazendo gemer de dor, saiu correndo me fazendo persegui-la pela casa até nenhum dos dois mais aguentar e acabamos caídos na sala, rindo sem parar.

Na melhor época do ano, com certeza ela não nos deixaria esquecer, mesmo em cima da hora, fazia questão de mudar pelo menos a decoração da casa. Se não enfeitasse a casa não era Natal.
E foi isso que fizemos nos dias seguintes, dançava e pendurava bolinhas natalinas na árvore, enfeites no corrimão da escada, na porta da sala e da cozinha e até mesmo Pheebs ganhou sua toca de mamãe noel. Em tempo recorde ela conseguiu comprar os presentes de todo mundo e no nosso segundo natal juntos em UK, reunimos nossas famílias na nossa casa. Com direito a discurso da minha mãe e do Richard, pai da , que nos fizeram lembrar de quando ainda éramos apenas adolescentes, quando nada tinha mudado ainda, chorou por sentir falta da sua mãe ali conosco mas logo seus novos irmãos a animaram com seus presentes e brincadeiras. E ela se deu conta de que o fato de seu pai estar ali, também era um presente.
me deu um violão novo e eu lhe dei um vestido que eu sabia que ela estava apaixonada há semanas, contei obviamente com a ajuda da .
A ceia foi linda, nossas famílias unidas, todo mundo feliz e naquele clima natalino, era tudo que nós poderíamos querer.
Mas tudo que é bom dura pouco e uma semana depois do Natal voltou para a escola de balé em Nova York. A notícia boa era que se tudo desse certo ela passaria alguns dias conosco em Março, e eu só esperava que nossos planos dessem certo de verdade, qualquer tempinho a mais com a era sempre bem-vindo.


Já estava na Califórnia junto com o resto da banda e lembrei que participaria de um evento beneficente, a programação, pelo menos para mim, era que me acompanharia nesse evento, mas ao que tudo indicava sua chegada era só para dali dois dias, logo teria de ir sem ela e isso não me animava nem um pouco.
Eram as miniférias de Primavera da escola de balé dela e por sorte, nosso encontro aconteceria na Califórnia, onde tínhamos alguns compromissos para cumprir com a banda e sempre fora um lugar especial pra gente. e Lara também viriam para nos acompanhar, nosso time estaria completo muito em breve.
O dia foi corrido, cheio de entrevistas e ensaios para uma participação em um programa de TV americano, mal tive tempo de olhar no celular. Quando cheguei no hotel a noite, fui avisado que teve uma garota me procurando durante a tarde mas que não deixou o nome, só disse que era uma das minhas clientes. Comecei a rir assim que a recepcionista disse isso e ela me olhou desconfiada, não pude resistir e pisquei para ela que ficou vermelha quase que instantaneamente.
Só tinha uma garota que faria essa piadinha ridícula, me afastei do balcão antes que a moça da recepção começasse a levar aquilo a sério e fui atrás da minha melhor “cliente”.
“Meus serviços são secretos, não pode ficar divulgando por aí quem eu sou”
“Oh perdão, tentei dar a preferência para o meu gogo boy favorito mas ele não pôde me atender, quase que eu encontrei outro hoje”
“Você sabe, nada chegaria aos pés do melhor”

Comecei a rir em apenas imaginar a cara da lendo essa mensagem
“Quanta humildade! Pena que não vi nem sinal dessa pessoa incrível pra poder provar”
“Cadê você?! Vou aí te mostrar”
“Olha pra trás”

Estava prestes a abrir a porta do meu quarto e olhei para trás, lá estava parada em frente ao elevador sorrindo torto e balançando o celular para mim. Como era bom vê-la vindo na minha direção, pouco antes de chegar perto ela fez uma de suas caretas e abriu os braços, repeti seu gesto e ela me abraçou.
– Cheguei! – Ela sorriu quando eu a soltei, me lembrei da brincadeira e beijei sua mão, me olhou confusa.
– Vamos, madame! Você tem hora marcada com o melhor da cidade! Tem que aproveitar! – Pisquei para que gargalhou jogando a cabeça para trás, logo em seguida cruzou os braços me olhando com a sobrancelha arqueada e seu ar de superioridade.
– É bom que seja mesmo hein! Sou exigente e sabe como é, preciso de discrição, meu namorado não pode saber – Foi a vez dela piscar e jogar os cabelos para o lado, estreitei meu olhar para ela que sorriu vitoriosa, abrindo a porta do quarto e passando por mim como se nem me conhecesse, dei um tapa em sua bunda e ela riu saindo do personagem.
! – Ela começaria a reclamar, mas fui mais rápido e a envolvi pela cintura e a beijei.
Finalmente ela estava ali comigo de novo, não queria perder nem um segundo sequer.

O dia seguinte estava cheio de compromissos em programas de TV, como estava cansada por causa da viagem, deixei um bilhete a lembrando sobre o evento que teríamos a noite e sai junto dos meninos. Teríamos show somente dali a dois dias, mas também já estávamos ensaiando para a nova turnê, o tempo passou tão rápido que quando me dei conta já estava quase atrasado para me arrumar o evento.
Como nessa ocasião seríamos somente eu e , fiquei esperando-a no bar do hotel junto dos meninos, eles iam a alguma boate nas redondezas e estavam matando tempo enquanto isso. fazia alguma piada ruim sobre quando ficou mudo de repente e apontou para algo atrás de mim. Assim como todos os outros, me virei para olhar e me senti o FDP mais sortudo de todo aquele hotel.
vinha caminhando timidamente na nossa direção, estava com o vestido que eu lhe dera no natal, azul-marinho um pouco acima do joelho que era elegante e sexy na medida certa, desenhava suas curvas perfeitamente. Na minha opinião, feito sob medida para ela.
Fui até ela e lhe ofereci o braço, como a ocasião pedia, estava vestindo um terno todo preto e até que estava dando pro gasto, mas nada comparado a .
– WOW! Assim vai ficar difícil pras outras garotas! – a elogiou, enquanto os outros meninos concordavam com a cabeça e ficava a cada segundo mais vermelha.
– Parem, por favor! – Ela sorriu tímida e eu a abracei pela cintura, sentindo que viriam comentários idiotas.
não adianta! Você tá feio perto dela! – riu levemente e fez sinal para que eu me afastasse, eu apenas dei o dedo do meio pra ele.
– Cala boca e tira uma foto que preste nossa! – Entreguei meu celular a ele e se ajeitou ao meu lado. Ela sorria para a foto e eu olhava para ela na primeira foto. Olhei para e pisquei, ele entendeu o sinal, apertei em meu abraço e beijei sua bochecha, ela surpresa começou a rir e apertou os olhos, e tirou outra foto.
! Você quase estragou minha maquiagem seu idiota! - me deu um tapa no ombro, quando eu a soltei. Peguei o celular e gostei dos resultados, ela não gostou tanto assim.
– Essa ficou muito esquisita! – reclamava enquanto eu guardava o celular antes dela querer apagar alguma foto.
– Ficou melhor que aquela que você tem lá no seu dormitório – Peguei em sua mão e os meninos nos observavam rindo enquanto resmungava baixinho.
– Vão embora logo! – riu e apontou para Preston que estava na entrada do bar do hotel nos esperando.
– Tchau seus chatos – pegou sua bolsinha de cima da mesa e deu língua para que riu e devolveu o gesto. Às vezes eles pareciam ser de algum jardim de infância, porque não era possível tanta maturidade.
Puxei-a pela mão e nós fomos até onde Preston estava, ele já tinha me avisado que teriam muitos fotógrafos desde a entrada do evento e era para eu avisar . Obviamente ela não gostou muito da notícia, mas como ela mesma dizia “era por uma boa causa”.

Quando chegamos ao local do evento já fomos praticamente cegados pelos flashes, peguei pela mão e paramos no hall de entrada para posarmos para as fotos do “tapete vermelho”. Ela sorria e eu a abraçava delicadamente pela cintura, tentando fazer piadinhas entredentes para diverti-la e desconcentrá-la, porque era muito engraçado ver se segurando para não brigar comigo.
você quer acabar comigo hoje né?! – se aproximou do meu ouvido, tentando não rir quando eu apertei sua costela e a assustei.
– Quero! – Sorri para ela e consegui lhe roubar um selinho, chocada apenas balançou a cabeça e riu se apoiando em meu braço novamente, posamos para mais algumas fotos e entramos no salão onde estava sendo realizado o evento.
Era o padrinho do evento da instituição de caridade que era dedicada a ajudar crianças que lutam contra o câncer, muito parecida com a Treckstock, a instituição de UK da qual nós já ajudávamos sempre que possível. Era um baile dedicado a arrecadar doações, no qual além da doação em dinheiro, doei um dos meus violões para ser leiloado e o dinheiro revertido para a instituição.
A festa estava realmente muito bonita e elegante, nos sentamos em uma das mesas perto do palco com alguns diretores da fundação. Mas não ficamos o tempo todo ali, quando o evento de fato começou peguei pela mão e fomos até a mesa onde ficavam as crianças.
Era gratificante ver a reação de algumas delas sempre que eu chegava para cumprimentá-las, sempre sorridentes me recebiam de braços abertos, chegou até a dançar com algumas crianças na pista de dança. Era uma festa para elas e era isso o que mais importava.
Depois do jantar, subi ao palco para autografar o violão e pedir doações aos empresários ali presentes.
E aos poucos a “festa” foi acabando, mas para nós ainda era muito cedo.

, vamos pra outro lugar, ainda tá cedo pra gente voltar por hotel! – ajeitava seu cabelo enquanto saíamos em direção ao carro.
– Podemos encontrar com os outros, o que acha?! – Sugeri enquanto abria a porta do carro para ela que assentiu.
Tirei meu terno, afrouxei a gravata e ajeitei minha camisa com a ajuda de , já que o ambiente era menos formal, não precisou fazer nada. Continuava linda para as duas ocasiões.
Era pouco mais de onze da noite quando chegamos a boate onde os outros caras já estavam. No andar superior estava cheio de gente, conversava com uma garota num canto, e conversavam perto do bar e foram os primeiros a nos ver.
– Pensei que não veria mais vocês hoje – chamou o barman, e nós pedimos nossas bebidas junto com ele.
– Tá muito cedo pra ir pra casa – sorriu piscando para os dois que riram me olhando, deu um leve tapinha em minhas costas piscando de leve, cheio de pensamentos impróprios passando em sua mente.
– Cadê o ? – olhou em volta, e realmente não consegui ver em lugar nenhum.
– Já deve estar bem longe, ele encontrou uma garota assim que chegamos e sumiu! – tomou um gole de sua cerveja. pegou seu Mojito e foi para mais perto da grade, para ver o andar de baixo, onde todos dançavam e cantavam a plenos pulmões alguma música da Beyoncé. Peguei minha cerveja e fui até ela, que se balançava devagar de um lado para o outro.
– Lembra quando você adorava ela? Você sabia todas as músicas – Abracei-a por trás e disse perto de seu ouvido para que ela pudesse me ouvir, e ela riu se virando de frente para mim.
– Meu amor, eu ainda sei todas, e ainda amo essa mulher com todo meu coração! – deu uma de suas piscadinhas marotas e tomou mais um gole de sua bebida, se divertindo com a minha cara enquanto dançava lentamente abraçada a mim.
– Acho que estou com ciúmes! – Beijei seu queixo enquanto ria ainda mais.
– Sabe que não precisa babe! É só minha paixão platônica, você é a real! – Ela veio sussurrando ao meu ouvido e mordeu o lóbulo da minha orelha, me deixando arrepiado e a trazendo para mais perto. Por mim ela não sairia dali jamais.
– Vamos descer? Eu quero dançar – se afastou minimamente para me olhar nos olhos, puxou minha mão e fomos até o aglomerado de gente no andar de baixo.
‘Dog Days Are Over’ da Florence and The Machine começava a tocar e conseguiu nos colocar no meio da galera, nós cantamos um de frente pro outro em uníssono com todos ao nosso redor, até chegar uma hora que quase todo mundo pulava e pulou no meu colo, rindo e cantando bem baixinho, quase não dava para ouvir nada só sua risada, batemos palma entrando no clima da música até ela chegar ao fim, começamos a rir quando trocou de música e outra música da Beyoncé começou a tocar.
– Você tá pagando esse DJ, só pode! – Ela deu de ombros quando eu a puxei para mais perto.
Segundo , que sabia até o que o rapper cantava, a música era Baby Boy e da maneira como ela dançava, eu nunca mais me esqueceria dessa música.
se entregava completamente a música, cantava e rebolava devagar, me puxava pela gravata e eu tentava me concentrar para seguir os movimentos de sua cintura, mas era impossível, ela me olhava e dançava naturalmente enquanto eu precisava lembrar a mim mesmo de respirar, lembrar que aquele era um lugar público e que eu não podia atacá-la ali. Puxei sua cintura com um pouco mais de força e ela riu quando nossos corpos se chocaram, e não parava de dançar, se aproximou do meu ouvido e sussurrou a parte exata da música:
– Picture us dancin’ real close (Imagine-nos dançando bem perto)
In a dark, dark corner of a basement party (Num canto escuro da festa)
Every time I close my eyes (Toda vez que fecho meus olhos)
It’s like everyone left but you and me (É como se todo mundo tivesse deixado eu e você)
Ela sorriu e eu a beijei da maneira que eu queira desde quando aquela bendita música começou, com colada ao meu corpo, nossas bocas se uniram com força, eu queria mais, precisava de mais e ela correspondia da mesma forma, subi uma de minhas mãos até seu cabelo e ela sorriu em meio ao beijo quando eu o puxei de leve, me deixando mais louco do que já estava. Não sei como fomos parar ali, mas quando me dei conta estava em uma das paredes daquela boate, com uma das mãos em suas coxas, sentindo ela ofegante puxar meu cabelo com força.
…. – Ela me fez desgrudar a boca de seu pescoço e olhá-la – Nós precisamos sair daqui! As pessoas já estão olhando.
olhava ao nosso redor preocupada, olhei na mesma direção que ela e tinha alguns idiotas nos observando, por mim eu não moveria um fio de cabelo mas em apenas observá-la já sabia que nada mais aconteceria ali.
– Arghh…. – Olhei-a indignado e ela sorriu me beijando uma última vez, tentou sem sucesso algum consertar o estrago que estava o meu cabelo. Ajeitou seu cabelo que estava tão bagunçado quanto o meu, e me puxou de volta para a pista de dança.
Fomos ao bar mais uma vez e não vimos mais ninguém, voltamos para a pista e ficamos namorando, até o clima voltar a esquentar novamente e pedir pra ir embora.
Não sabia que estaria tão infernal assim a saída daquela boate.
estava de mãos dadas comigo quando saímos, Preston tentava abrir caminho para chegarmos até o carro, mas eram muitos paparazzi, a tentava esconder um pouco o rosto e eu pedia licença mas eles simplesmente impediam a passagem e eu estava perdendo a paciência.
Faltava poucos metros para chegar até o carro e o salto da prendeu, ela teve que parar e algum daqueles idiotas a empurrou e se eu não estivesse ali, ela cairia de boca no chão.
– Cara, você ficou louco? – Assim que levantei a soltei sua mão e achei o cara que a tinha empurrado, comecei a me aproximar, mas ele se esquivou, já estava puto com aquela situação e pronto pra pegar aquele idiota – Qual é o seu problema? – Minha voz já estava alterada, obviamente os flashes aumentaram consideravelmente, mas eu não estava nem aí. Quem aquele babaca pensava que era pra empurrar a minha namorada?!
– Porque você está fugindo? – Gritei e ele apenas pedia desculpa a distância, enquanto todos os outros me enchiam com aquelas porcarias de câmeras e perguntas. Preston vinha na minha direção mas foi o aperto de na minha mão que me fez olhar para outra coisa que não fosse aquele idiota que eu queria socar.
“PARA, AGORA”
Foi o que ela gesticulou apertando minha mão com toda a força, reparei que ela tinha tirado o sapato e o carregava na mão agora. Preston também estava estressado e saiu empurrando todo mundo que não queria sair do nosso caminho, até que finalmente chegamos no carro e ele saiu praticamente cantando pneu daquele lugar.
! – jogou o calçado no chão do carro e me olhou de braços cruzados, com seu semblante furioso, mas eu estava tão bravo quanto ela, provavelmente muito mais que ela.
– Não fala nada , eles merecem mais, eu faria mais! – Tirei aquela porcaria de gravata que já estava me sufocando e olhei para ela – Sério, quem aquele idiota pensa que é? Porra, fico puto com essa falta….
puxou meu rosto com as duas mãos e me beijou vorazmente, me deixando seu fôlego quando ela se sentou no meu colo, ajeitando o vestido e rindo quando eu a olhei atônito e ofegante, ela riu inocentemente enquanto mexia em meus cabelos.
– Depois a gente fala sobre isso, eu não quero esse estresse entre nós agora, amanhã eu brigo com você e você briga com eles, pode ser? – com o rosto praticamente colado ao meu, dizia tudo enquanto beijava todo o meu rosto, minhas mãos enlaçaram sua cintura como um sinal mudo de que eu concordava, deixaríamos aquilo pra depois, a proposta dela era bem melhor. Subi minha mão até seu cabelo, e enrosquei meus dedos ali, vendo-a sorrir antes que eu tomasse sua boca para mim.
tentava fazer eu me comportar até que chegássemos ao hotel, mas era praticamente impossível, desde a boate eu queria explorar melhor mas ela ficava me lembrando que Preston estava ali. Quase gritei de felicidade quando chegamos ao hotel, carregando seus sapatos em uma mão e eu a puxando pela outra, tudo para pegarmos o elevador sozinhos. Preston brigaria depois, mas depois era depois.
– Nem acredito! Estamos sozinhos! – Prendi entre meus braços assim que a porta do elevador se fechou, e fui com meus beijos diretamente para seu pescoço, sentindo-a arrepiar e rir da minha pressa.
, ! – Ela tentava me segurar, mas acabou se rendendo quando eu a beijei.
Nós dois estávamos sem fôlego quando o elevador chegou no nosso andar, me empurrou rindo e segurou a porta, por um triz não deixamos os sapatos e o meu terno lá dentro. Ela abaixava seu vestido e tentava não rir alto demais enquanto caminhávamos no corredor até meu quarto, que era o último do corredor.
! - Tinha parado para observar andando pelo corredor e só agora ela reparava que eu não estava ao seu lado – Idiota! Vem abir essa porta, por favor!
Ela se virou de frente para mim cruzando os braços e sorrindo torto, ela sabia que aquilo era golpe baixo, sabia que eu faria qualquer coisa se ela sorrisse daquele jeitinho para mim.
– Não precisa pedir duas vezes – Fui até lá e enquanto abria a porta, me abraçou e riu com a boca colada ao meu ouvido, me empurrando para dentro do quarto.
Me puxando pela gravata sorria maliciosamente, me empurrou até que eu caísse na cama, sentou no meu colo com uma perna de cada lado, e passando suas unhas pelas minhas costas ainda sobre a camisa, ela me olhava profundamente, eu podia decifrá-la inteira, eu sabia tudo que ela queria.
– Eu estava morrendo de saudades de você! – Com sua boca deslizando por meu pescoço, começou a tirar minha camisa, fazendo questão de riscar suas unhas por toda a extensão do meu braço e principalmente em minhas costas me deixando arrepiado e minhas mãos foram direto para a barra de seu vestido.
– Vou resolver seu problema! – Lentamente subi seu vestido, deixando-a apenas de calcinha e sutiã, inverti nossas posições jogando-a na cama e me colocando entre suas pernas.
A noite toda me provocou, a noite toda eu quis estar aqui, sozinho, com ela.
Subi até sua boca e brinquei com seus lábios antes de beijá-la de verdade, minha língua explorando cada canto enquanto suas mãos tentavam se desfazer da minha calça rapidamente.
Seu corpo era como um ímã, minhas mãos passeavam por ela, apertando e trazendo-a cada vez mais para perto de mim, suas unhas cravadas em minhas costas, sua respiração ofegante e a voz rouca em meu ouvido, dizendo meu nome eram como o meu combustível. Ela sabia me enlouquecer com cada detalhe, cada sorriso sacana que ela deixava escapar a faziam ser sempre a garota que eu queria sempre em meus braços.


.... Babe vamos, acorda! Tem gente te esperando lá embaixo – A voz rouca de sono de tentando me acordar parecia mais um convite para continuar na cama do que um pedido para que eu levantasse.
– Não quero, obrigado – Continuei com os olhos fechados e riu fraquinho, beijando meu queixo e mexendo em meu cabelo, sentia que ela estava me encarando – Vamos dormir ! - Abracei-a e fiz com que ela deitasse de novo na cama.
, é sério – Escondi no meu abraço e sua voz abafada quase nem dava para ouvir, somente sua risada.
– Finge que não tem ninguém no quarto – Olhei para ela apenas com um olho aberto e apenas riu balançando a cabeça, mas mesmo me reprovando ela me abraçou de volta.
– Não me responsabilizo pela bronca! – Roubei um beijo dela antes que ela reclamasse mais um pouco e a porcaria do telefone tocou.
– Você atende! – me estendeu o telefone e sentou na cama enrolada no lençol, Paul queria subir até o quarto e falar urgentemente comigo, pedi que ele esperasse no mínimo meia hora e desliguei o telefone.
– Problemas? – me olhava estranho, se aproximou e passou a ponta dos dedos sobre minha testa que só agora eu sentia estava toda franzida, ela sorriu torto e veio até mim, sentou no meu colo e beijou minha bochecha.
– Estamos encrencados? – Apenas afirmei com a cabeça e riu fazendo uma careta, antes de me beijar.
Nós já sabíamos o que vinha pela frente.
correu tomar uma ducha, fui logo depois dela e logo em seguida lá estava o Paul batendo na porta, com cara de poucos amigos ele entrou no nosso quarto que estava uma bagunça e já me mostrou as notícias espalhadas por tudo quanto era site de fofoca.
Eu era o barraqueiro da vez e não deveria andar há um metro de distância do Preston ou de qualquer outro segurança, em hipótese alguma eu deveria tentar brigar fisicamente com alguém, mesmo explicando tudo para o Paul, a bronca era principalmente pelo que poderia ter acontecido com a gente por estarmos rodeados de tanta gente e com apenas um segurança. Depois de uma meia hora chata pra caramba Paul saiu do quarto e me olhou assustada, ela observou a tudo quietinha no canto do quarto.
– Relaxa! Ele é assim mesmo, não foi nada de mais, é tudo questão de segurança! – Abracei-a e senti ela me apertar em seus braços.
– Não gosto de ver isso, não quero nem ver o que o pessoal da assessoria de imprensa vai falar – Ainda abraçada a mim parecia muito preocupada.
– Hey, isso não é nada, não vai ser a primeira e nem a última bronca! Não precisa ficar assim – Foi a minha vez de passar a mão sobre a testa dela e tentar fazê-la relaxar. Não gostava de vê-la tão tensa assim por algo que, com certeza, seria página virada em alguns dias.
– Vamos descer, o resto do pessoal provavelmente já deve estar na piscina – Sorri para e em poucos segundos ela já estava lá revirando sua mala atrás do seu biquíni favorito.

já estava perfeita em seu biquíni vermelho e a saída de praia branca por cima e eu ainda estava atrás do meu celular que estava perdido ali em algum lugar, quando o encontrei estava a ponto de sair correndo apenas para encontrar com e Lara que tinham acabado de chegar e a avisaram.
– Já vi que hoje ninguém sai da piscina – Abracei pela cintura quando entramos no elevador e ela apenas riu concordando comigo. Com o sol da Califórnia brilhando, as garotas principalmente não sairiam de perto da piscina por nada.
Assim que a porta do elevador abriu demos de cara com chegando da noitada de ontem. riu e deu espaço para ele passar, a cara estava péssima mas, com certeza, deve ter aproveitado bem, fomos direto tomar café e por milagre não encontramos com ninguém do nosso grupo por ali.
– Meu Deus, essa panqueca é muito melhor que a da escola! – riu pegando mais uma do prato e colocando cobertura de chocolate.
– A comida lá é ruim? – Perguntei por curiosidade, pra saber um pouco mais da rotina dela quando estava longe de casa.
– Eu não acho, o Matt reclama da carne, mas pra mim é boa, essas panquecas que estão gostosas demais – Era inevitável não revirar os olhos ao ouvi-la falando daquele Matt, nem percebeu e continuou a se deliciar com a panqueca.
– Só porque ele não gosta vai ficar comendo aquela carne por mais um ano! – Ela riu maldosa e me olhou como se tivesse aprontado.
– Não que esse cara seja meu assunto favorito – Fiz uma careta de desgosto e me devolveu outra careta – Mas porque ele vai ficar mais um ano, ele não é do mesmo nível que você? – Perguntei por ser curioso de novo, e sorriu vitoriosa.
– Nós somos do mesmo nível, mas eu acho que esse ano ele passa pro programa de Aprendiz do New York City Ballet, o que o torna praticamente um bailarino profissional iniciante, que é o que ele quer desde sempre e pode durar até um ano! – tomava seu suco de laranja despreocupada enquanto um pensamento passava pela minha mente e me fazia arrepiar só de imaginar “E se fosse ela? Deus me livre ficar ainda mais tempo longe da !”.
– As meninas estão descendo! – Com o celular na mão terminou de devorar suas panquecas e começou a me apressar. Quando o resto do pessoal chegou fomos todos direto pra piscina.
– Lara! Que bom que dessa vez você conseguiu vir também – a abraçou e as duas se olharam cúmplices ao meu lado.
– Você sabe como é a vida de bailarina, nem sempre a gente pode estar com quem a gente quer – As duas conversavam pelo olhar, tinha momentos em que só as duas se entendiam e isso deixava com ciúmes. Elas saíram e foram até que já estava sentada em uma das espreguiçadeiras, se preparando para entrar na piscina.
O dia inteiro foi de muitas gargalhadas, guerrinhas na água e brincadeiras idiotas inventadas por causa da bebida e falta do que fazer. À noite fomos todos juntos a um restaurante japonês, obviamente, todos os paparazzi tentavam cercar a mim e a , me enchendo de perguntas sobre a noite anterior, tentando mais algum registro polêmico, praticamente nem respirou enquanto passávamos por eles, suas mãos fortemente juntas as minhas me faziam sentir o quanto ela estava desconfortável naquela situação. Mas as garotas também estavam ali desta vez e ajudava bastante a aliviar a tensão.

Nossos compromissos e os ensaios ficavam muito mais divertidos quando elas estavam juntas, na maioria das vezes elas tentavam fugir de nós, mas sempre encontrávamos as três juntas a Lou aprontando alguma coisa nos bastidores, principalmente durante os ensaios para a nova turnê.
Queria que viesse comigo desta vez, a turnê começaria pela América do Sul e seria ótimo tê-la por perto durante nossa passagem por sua terra natal, mas nem tive tempo de propor isso a ela, o tempo passou tão rápido que as miniférias de primavera da acabaram e lá estávamos nós nos despedindo mais uma vez no aeroporto.

Os shows no Brasil passaram voando, e não tinha nada que eu quisesse mais do que ao meu lado para ver e sentir tudo que senti enquanto estava ali, ela era a minha ligação com aquele lugar, meu elo mais forte e eu a vi chorar durante uma de nossas sessões de FaceTime, os gritos do lado de fora do hotel a deixaram emocionada e morrendo de inveja por estarmos no Brasil.
Nosso próximo show era em Dublin, mas eu queria vê-la, as distâncias agora ficariam ainda maiores, e antes de começar a próxima etapa da turnê, eu consegui dar uma escapada.
– Falta pouco! Muito em breve eu terei a de volta, sem tantas viagens, vai ficar tudo bem – Era inevitável não sorrir aliviado em apenas lembrar disso, faltavam apenas 2 meses para o curso da aqui em Nova York acabar e tudo ia se ajeitar. continuava a brigar comigo por ter desviado a rota que tinham traçado para mim, eu deveria seguir direto para Dublin, mas saí um dia antes para conseguir ficar por dois dias com a .
– Meu Deus Paul, você anda pegando o celular dos outros agora? – Quando achei que estava falando com , Paul invadiu a ligação me dando um sermão ainda maior.
– Afinal de contas, qual é o problema?! Vocês chegam amanhã e eu também, só chego algumas horinhas mais tarde, mas NÃO VOU PERDER O SHOW! Sei o que estou fazendo Paul!
Mesmo eu argumentando Paul falava pela enésima vez sobre os perigos de viajar sem o avisar antecipadamente, que eu precisava de seguranças, que eu estava sendo irresponsável.
– Não vou me prejudicar, não vou me atrasar! EU JURO! Nada de festa, juro que só vim ver a mesmo!
Depois da ligação estressante, reparei que esteve o tempo todo me observando do canto de seu dormitório, mexendo em uma de suas caixas cheias de fotos e cartas, ela sorriu fraco e veio até mim assim que desliguei o celular.
– Essa só te coloca em problemas! – Ela sentou no meu colo e ficou desenhando meu rosto com a ponta de seus dedos – Não gosto de te ver levando tanta bronca assim – me abraçou apertado, em seguida antes que eu dissesse qualquer coisa ela me beijou.
Com força, com muita vontade e urgência, ela me deixou sem fôlego e com vontade de quero mais assim que nossas bocas se separaram.
– Vou deixar o Paul me dar broncas mais vezes – Disse me divertindo distribuindo beijos pelo seu pescoço e riu jogando a cabeça pra trás, me dando ainda mais acesso a ela.
– Idiota! – me olhou nos olhos, e eu não conseguia entender o que aquele olhar significava – Muito engraçadinho você ! – Ela sorriu, mas aquele sorriso não chegou aos seus olhos como sempre fazia.
– Acho que eu te amo demais, sabia?! – Com as duas mãos no meu rosto, apenas com aquele olhar e aquelas palavras me deixou arrepiado – Mais do que você consegue imaginar – Ela encostou sua testa a minha e eu a puxei para mais perto, seja lá o que ela estivesse pensando eu não queria saber agora, nada além de nós dois ali naquele quarto me interessava.
Foi diferente, tudo estava diferente naquela noite, eu queria guardar cada detalhe, a bagunça que fizemos no quarto, o cheiro de seu cabelo todo espalhado no travesseiro, abraçada a mim e dormindo tranquila enquanto eu tentava decifrar aquele olhar que ela lançou sobre mim mais cedo. Tinha uma barreira ali, eu podia sentir que alguma coisa não estava certa.

Meu voo já estava marcado para as duas da tarde, sabia que todos os outros já tinham chegado a Dublin e só faltava eu. As malas prontas, mas o mais estranho era que ainda não tinha voltado de seu ensaio, e eu estava muito ansioso, queria passar pelo menos aquelas horinhas que nos restavam com ela. Era meio-dia quando recebi uma mensagem:
, preciso falar com você! Se puder, me encontre daqui a meia-hora no teatro, pode levar sua mala!
Até lá!

Aquilo não podia ser coisa boa, não costumava falar daquele jeito e eu sentia, algo estava muito errado.
Liguei mas ela não me atendeu, e mesmo sabendo que podia atrapalhar, fui para o teatro antes do horário marcado, com mala e tudo, eu precisava acabar com aquela agonia de vez.
Assim que cheguei, tudo estava escuro, tinha uma luz fraca no palco, mas não tinha ninguém ali. Como tinha entrado pela lateral do teatro, lá no fundo em uma das últimas poltronas eu a vi, abraçando os joelhos, cobrindo seu rosto, toda encolhida enquanto eu tentava me aproximar sem fazer nenhum barulho, mas ela me viu, com os olhos vermelhos ela me encarou e talvez eu pudesse congelar sobre aquele olhar. Era triste, doloroso e frio. O que ela estava fazendo?!
se endireitou na poltrona e virou rapidamente o rosto, provavelmente secando os olhos até que eu chegasse onde ela estava.
– O que houve?! – Me ajoelhei ao seu lado e pulou uma poltrona, me oferecendo o lugar para sentar ao seu lado e me entregou uma carta, do New York City Ballet onde eles a convidavam para ser uma Aprendiz, para permanecer mais um ano na companhia de balé como uma bailarina profissional iniciante.
– O que isso quer dizer?! – Mesmo lendo, queria que ela me explicasse, não podia ser o que eu estava pensando.
– Acabou , nós.... paramos por aqui! – Com a voz fraca e vacilante disse tudo aquilo, me olhando nos olhos.
– Não! Você está brincando, não está? – Tentei rir, mas estava nervoso demais com aquela situação – você não pode fazer isso com a gente! – Virei meu corpo para ela e tentei pegar em sua mão, mas ela não deixou, mesmo com os olhos vermelhos ela parecia determinada a fazer aquela burrice, talvez a maior de todas.
é melhor assim, já nos sacrificamos demais, prefiro que termine agora antes que a corda arrebente de vez.
– Você está cortando a corda! Você é quem está fazendo isso! Não diga que é o melhor pra mim , porque eu sei o que é melhor para mim e não é parar por aqui! – Estava indignado, não podia acreditar no que ela dizia, só podia ser piada, a piada mais horrível do mundo.
– Chega! Você sabe, assim como eu, que mais um ano assim não daria certo! Não minta pra si mesmo, é mais do que podemos aguentar ! – levantou da poltrona e me encarou friamente.
– Você não me ama mais?! Porque é a única razão pra gente não dar certo! Eu viveria nessa ponte aérea por 10 anos se assim fosse preciso caramba! – Também me levantei para poder olhá-la nos olhos, tinha que ser um pesadelo.
– Não viveria, ninguém viveria! Não dificulte as coisas ! – Ela parecia brava com tudo que eu disse, mas ela não me respondeu a única coisa que perguntei.
– Você me ama ? – Me aproximei dela, meu coração estava apertado, minhas mãos suando frio e era do seu rosto que eu não conseguia desviar o olhar, vi seus olhos se encherem de lágrimas mas ela os desviou de mim. Tentando esconder a verdade. Não me contive e a puxei delicadamente para mim, com seu rosto a centímetros do meu, eu puxei seu queixo para que ela me encarasse.
– Não faz isso! – pediu baixinho com a voz embargada, mas eu não pararia, eu não podia, eu precisava realizar o meu último desejo. Meu coração implorava por aquilo.
Subi minha mão até sua nuca e uni nossas bocas, talvez fosse a última vez que eu provaria daquele beijo e meu peito doía em apenas imaginar isso. Ela tentou resistir no início, mas quando passei minha mão por sua cintura, senti se entregar, nosso beijo que costumava ser doce e leve agora tinha um gosto amargo de despedida, sentia lágrimas, dor, uma puta dor que eu não conseguia descrever, apertei junto a mim, eu não me sentia capaz de soltá-la. NUNCA.
Já estava sem fôlego quando nossas bocas se separaram devagar, senti as mãos dela passeando por meu rosto como na noite anterior, abri os olhos e vi os olhos marejados dela me olhando, não estava certo, aquilo nunca estaria certo.
– Porque você está fazendo isso com a gente? – Minha voz estava embargada, alguma coisa aqui dentro ainda me segurava em pé, mas eu não conseguia evitar sentir a dor que já se anunciava, eu não queria acreditar que quando eu a soltasse tudo teria acabado.
tentando esconder uma lágrima que escapou, encostou sua testa em meu queixo e só então olhou novamente em meus olhos e disse com sua voz doce.
– É a única coisa que eu posso fazer por nós agora.
Ela pegou sua bolsa da poltrona e saiu dos meus braços, senti a esperança que me segurava naquele momento se quebrar em mil pedaços e vi caminhar para longe de mim sem olhar para trás.
Não, eu simplesmente não podia acreditar no que estava acontecendo.
Ela não estava me deixando. Não podia ser verdade.

Capítulo XIX



’s POV

Sumir parecia uma ótima opção, gritar até perder a voz, bater em alguma coisa, qualquer maneira de expulsar a dor que sentia em meu peito parecia uma melhor opção do que chorar. Eu não aguentava mais chorar. Ver sair daquele teatro foi a coisa mais difícil que eu tive de fazer, deixá-lo ir e me odiar de longe era o peso que eu carregava há semanas e ainda assim só parecia aumentar.
No dia em que deixei , depois de chegar ao meu dormitório e desabar no chão mesmo, não sei por quantas horas chorei, só sei que me sentia despedaçada, quebrada e sozinha. Mesmo depois de Matt ter me encontrado e tentado me consolar, eu ainda estava sozinha e eu sabia que aquilo só estava começando.

“Fim do romance de
“Parece que o fim do nosso romance favorito da One Direction está resultando em problemas para o nosso garoto . Segundo informações, logo após o término assim que o rapaz chegou ao hotel, onde a banda e sua equipe estavam hospedados, ele destruiu todo o quarto causando grande espanto e prejuízo a sua equipe. Mesmo a assessoria da banda negando esse fato, podemos ver claramente que não está em seu melhor momento. Esperamos que você dê a volta por cima logo !”


Mais uma matéria passada para dentro do meu armário na escola, mais uma que eu não deveria ler mas era inevitável, estava em todos os lugares que eu ia, estava em todos os lugares.
?! – Me assustei quando Matt pegou em meu ombro, estava tão absorta na matéria que nem ouvi ele me chamando antes.
– De novo? Por que você faz isso? – Ele tomou a folha da revista da minha mão deu uma olhada, amassou e jogou dentro da própria bolsa.
– Você deveria denunciar essas coisas, aqui é uma escola de balé, não um centro de fofocas – Ele me abraçou apertado de lado e sorriu, tentei sorrir de volta mas não funcionou.
– Hoje nós vamos sair, o.k.?! – Depois que fechei meu armário e coloquei minha bolsa sobre os ombros, Matt parou na minha frente me impedindo de passar – Esteja maravilhosa, como sempre, as sete, combinado?! – Ele sorria muito animado para mim e colocou as mãos sobre os meus ombros.
– Hmmm…. Matt, eu não sei, estava pensando em ensaiar hoje – Sorri de leve para ele que apenas negou com a cabeça.
– De jeito nenhum, você está ensaiando todos os dias depois da aula, seu corpo não é de ferro, não vai aguentar tanta coisa assim! – Matt já não sorria mais e arqueava uma das sobrancelhas, me desafiando.
– O.k.! Só hoje! – Sorri para ele, que me abraçou de novo enquanto seguíamos corredor afora.

Às sete em ponto, lá estava Matt parado na porta do meu dormitório, com suas roupas largas e sua touca de lã preta, totalmente diferente do que costumava vê-lo todos os dias.
– Onde vamos? – Perguntei assim que chegamos na calçada do prédio e Matt me ofereceu seu braço para que eu me enganchasse nele.
– Vamos em um café de um amigo meu, é tranquilo e totalmente sem holofotes – Matt piscou para mim antes de parar para chamar um táxi.
Assim que paramos em frente ao lugar, havia algumas pessoas do lado de fora jogando conversa e um barulho considerável vinha do lado de dentro, Matt pegou minha mão e foi me conduzindo até o balcão. Quando ele saiu atrás do tal amigo dele, eu pude prestar mais atenção naquele lugar que era realmente lindo. As mesas de madeira, a iluminação baixa, aconchegante, um daqueles lugares onde você passa várias horas sem nem perceber, a decoração era incrível, uma das paredes era cheia de quadros e eu estava adorando olhar as referências de vários países espalhados por ali, me distraí tanto que levei um susto quando Matt apertou minha cintura chamando meu nome.
– Vem , temos uma ótima mesa – O cara ao lado dele apenas riu e acenou para mim com a cabeça enquanto Matt me levava para uma das mesas perto da janela.
– Hoje está tudo liberado pra gente – Matt sorriu assim que se sentou à minha frente.
Começamos pedindo hambúrgueres e batata frita, chá-mate pra mim e milk-shake pra ele, mesmo Matt reclamando o tempo todo que milk-shake era muito melhor e eu estava estragando uma tradição, não mudei meu pedido.
– Você parece o reclamando – Disse baixo e vi Matt diminuindo o sorriso, me olhando de um jeito diferente, não bravo, mas diferente.
– Quando você vai querer falar sobre eles? Ou sobre ele? - Matt mergulhou uma batata frita no ketchup e olhou diretamente nos meus olhos.
– Matt…. Eu – Olhei para a comida a minha frente tentando achar alguma desculpa, uma fuga.
– Não precisa ser hoje se não quiser, só quero que saiba que eu estarei aqui quando precisar, sei que está sendo difícil , e bem, todos eles estão lá do outro lado do oceano.
Senti ele fazendo carinho na minha mão e o olhei, Matt sorria calmamente para mim, como se nada fosse capaz de perturbá-lo.
– Obrigada – Pisquei para ele que riu pegando uma batata frita e a mergulhando no milk-shake, logo em seguida a comeu.
– Eca!!! – Olhei para ele chocada enquanto Matt ria e pegava mais uma batata para repetir o processo.
– É bom! Experimenta! – Ele ria da minha cara enquanto eu tentava não fazer uma careta tão explícita.
– Não, tô ótima assim – Apontei para o ketchup a minha frente enquanto ele rolava os olhos a minha frente.
– Não sairemos daqui até que você experimente – Ele empurrou o prato de batata frita para mim e cruzou os braços esperando.
– Vou matar você – Peguei uma batata e Matt me ofereceu seu milk-shake com um sorriso de orelha a orelha, molhei um pedaço da minha batata ali e comi. Tinha um gosto estranho aquela mistura de doce com salgado, não era de todo ruim, mas definitivamente não era a minha favorita.
– E então? – Matt sorria me assistindo comer aquela mistura inusitada.
– Não é ruim, mas eu prefiro ketchup mesmo – Ri de leve da decepção dele, joguei um beijinho no ar no momento em que nossos lanches chegaram e ninguém falou mais nada. Definitivamente ainda estávamos com muita fome. Depois da sobremesa, um enorme pedaço de bolo de chocolate que Matt me ajudou a comer, decidimos ir embora caminhando.

A noite estava super agradável e não estávamos com nenhuma pressa.
– Fazia muito tempo que eu não saía a essa hora – Ainda havia muito movimento nas ruas, mas, ainda assim, pra mim Nova York estava tranquila.
– Se quiser, a gente pode dar uma esticada e entrar em alguma boate, dançar até cair, essas coisas – Matt cutucou o lado da minha cintura me fazendo rir e eu olhei para ele.
– Acho melhor não, não estou mesmo com a roupa pra isso e nem com ânimo – Olhei para meu vestido e minhas botas, eu realmente estava casual demais pra querer ir pra balada agora.
– Quanto a roupa, eu não ligo – Matt parou na minha frente e deu uma de suas piscadinhas sedutoras – Quanto ao ânimo, hoje você está bem melhor Srta. “Eu Só Saio do Quarto pra Ensaiar”!
Abaixei a cabeça e ri de leve ao lembrar que eu tinha dado essa mesma resposta a ele, há alguns dias.
– Desculpa, vou me esforçar mais – Pisquei de leve para ele que arqueou a sobrancelha pra mim desconfiado, antes de concordar com um aceno.
– Vou te cobrar isso! Você não me escapa !
– Tenho estado muito ausente né, as vezes é inevitável não ficar pensando em todo mundo, dá saudade – Olhei para Matt e tentei sorrir, ele permaneceu sério e parou a minha frente, colocando as mãos sobre meus ombros, me observando atentamente antes de falar.
– Olha , dá tempo ao tempo, nossa folga está chegando, você pode viajar pra outro lugar, tenta esquecer um pouco desse mundo e focar no que realmente te interessa, independente de tudo isso, você sempre vai poder contar comigo! – Matt me abraçou apertado por longos minutos, ele era um ótimo amigo e ter ele ali pra mim, era um alívio.

Quando chegou o período da nossa folga, eu já tinha tomado uma decisão e sabia onde pretendia passar aquelas duas semanas.
– Brasil?! – Matt olhava para a minha passagem com cara de dúvida e eu ri da sua reação, segundo ele eu deveria ir pra Vegas ou Miami e cair em uma bela farra, onde ninguém me conhecesse, e só voltar um dia antes dos nossos ensaios começarem.
– Eu sou de lá criatura, metade britânica e metade brasileira, e não vejo minha mãe há milênios! – Joguei um dos meus vestidos na cama, junto com uma jaqueta. Matt queria uma última saída antes das “miniférias” e eu estava atrás de alguma roupa decente.
– Droga! Só porque eu ia me voluntariar a te levar pra Vegas – Matt cruzou os braços fazendo birra e eu gargalhei.
– Que pessoa boa você é, mas fica pra próxima o.k.?! - Puxei seu rosto e lhe dei um beijo estalado na bochecha.
– Mais um item pra minha lista de coisas que eu vou te cobrar ! – Matt piscou para mim maliciosamente e eu tentei não enrubescer. Ultimamente ele andava fazendo muito isso, flertando covardemente comigo, me deixando desconcertada e sem resposta. Ele até tentou me beijar mas não rolou.
Deixei Matt e seu charme para lá e me arrumei, de qualquer maneira nada muito além daquilo aconteceria naquela noite. Ele sabia muito bem disso.

XXX


Voltar ao Brasil me trazia várias lembranças diferentes, a grande maioria não eram boas mas a minha maior motivação era realmente poder rever minha mãe. Principalmente agora que tudo estava tão diferente, ela era uma das minhas poucas certezas.
Depois de chegar ao prédio onde ela morava, praticamente implorei para o porteiro não me anunciar e subi rumo ao quarto andar. No terceiro toque da campainha, finalmente ela atendeu a porta toda apressada.
– Desculpa, eu.... – Ela me olhou de cima a baixo e me puxou para um abraço, super apertado e desajeitado, bem nosso jeitinho.
– Surpresa! – Disse com a boca colada ao seu ouvido e senti ela me apertar mais um pouquinho em seus braços.
– Minha , que saudades! – Sai do abraço e minha mãe me olhou com os olhos cheios de lágrimas, segurando meu rosto em suas mãos.
– Eu nem acredito que é você mesma – Ela me abraçou de novo e eu ri de leve.
Quando a surpresa passou e minha mãe já estava mais do que extremamente curiosa pra saber sobre tudo que aconteceu no Reino Unido durante todo o tempo que estive por lá, ficamos horas sentadas no sofá comendo horrores e atualizando todas as informações.
Ao contrário do que pensei, depois que contei toda a minha história com , minha mãe apenas assentiu com a cabeça e me deixou continuar sem dizer nada sobre o assunto, ao final depois de contar sobre minha nova relação com meu pai, ela me abraçou apertado e deu um beijo na testa, dizendo que tinha muito orgulho de mim. Que eu era a garota dela e aquilo pra mim era a melhor coisa do mundo de se ouvir.
Depois de matar as saudades, cai na minha antiga cama e praticamente desmaiei de cansaço. Era bom estar de volta por um tempinho.
Acordei e mandei uma mensagem para Jackson, sabia que ele estava cheio de suspeitas sobre a minha chegada e eu estava morrendo de saudades daquela criatura linda e doida. Em menos de dois minutos ele ligou no telefone da casa e prometeu que viria me ver hoje mesmo.

Depois da ligação com Jackson, comecei a arrumar minhas malas, a retirar presentes e a separar algumas roupas quando senti os braços dela me envolvendo, minha mãe chegou de mansinho no quarto e riu quando me assustei.
– E aí, já falou com ele? – Ela perguntou se sentando na cama que estava uma bagunça.
– Já sim, daqui a pouco aquele folgado chega aqui – Ri só de lembrar da reação de Jackson ao saber que eu estava realmente no Brasil.
– Ele é um amor – Minha mãe sorriu de leve e em seguida me olhou.
– E você , como você está? De verdade! – Seus olhos se fixaram nos meus e eu entendi tudo que ela queria saber, a verdadeiro motivo daquela pergunta, abaixei a cabeça e olhei para minha mala. Eu sabia que ela ia tocar no assunto: .
– Hmm…. Estou indo, estou um pouco melhor agora – Sorri para ela que estreitou os olhos na minha direção, balançando de leve a cabeça.
– Não tinha muito o que fazer mãe, não podia amarrar ele mais um ano nesse bate e volta, a turnê é muito maior nesse ano, não daríamos conta.... Não daríamos – Ela me puxou para sentar com ela na cama e ficou me olhando sem dizer nada por algum tempo.
– Que foi?! – Aquele olhar dela, de quem sabe tudo sobre mim, me deixava incomodada as vezes – Fala alguma coisa! – Escondi meu rosto e a ouvi rindo de leve, antes de puxar minhas mãos para poder me olhar novamente.
– Tem certeza que não dava mais certo? Esse sacrifício todo tá valendo a pena? – Com a serenidade irritantemente constante na voz, ela me questionou, sem desviar os olhos dos meus.
Não conseguia formular uma resposta definitiva para aquela pergunta, precisava de uma resposta certa e todas as que pensei me pareciam muito fracas, quando estava prestes a responder minha mãe começou a rir de novo.
– Sabe eu sempre achei que vocês fossem ficar juntos um dia, assim como, sempre soube que você acharia um jeito de colocar a dança na sua vida.
– É e por que?! – A curiosidade era inevitável, ela nunca tinha me dito nada parecido com aquilo.
– A dança porque você adora fazer isso desde que aprendeu a dar os primeiros passos! Deve ter sido um presente divino porque seu pai e eu somos horríveis nessa área – Ela sussurrou a última parte, fingindo que era um segredo e nós duas rimos pela veracidade daquele fato.
Olhei para ela esperando que continuasse, gostaria de saber o que ela realmente pensava sobre e eu.
– E o , bem, sempre achei que ele tinha uma quedinha por você. E você por ele, só não sabia disso ainda. Tem coisas que a gente percebe !
Minha mãe deu uma piscadinha pra mim e eu me senti enrubescer de leve.
– É mas parece que não deu muito certo né – Sorri triste e senti minha mãe pegando na minha mão me fazendo olhá-la mais de perto.
– Tem uma coisa que sua vó sempre me dizia, que eu acho que pode te ajudar agora….
Minha mãe desviou o olhar do meu e começou a brincar com uma mecha do meu cabelo, dizendo calmamente:
– O que é teu, é teu! – Ela se aproximou, ainda com a voz baixa e continuou.
– Independente do tempo, distância ou qualquer outra coisa, o que é seu sempre dará um jeito de voltar ou de chegar até você!
Olhei emocionada pra ela que apenas assentiu com a cabeça, como minha vó sempre fazia, olhou para o colar de ancora que havia me dado, que eu não conseguia me desfazer de jeito nenhum, e sorriu antes de se aproximar para me dar um beijo na testa.
– Nunca se esqueça !
Levantou da cama e saiu do quarto, me deixando totalmente imersa em pensamentos.
Se antes eu evitava ao máximo ficar pensando sobre o assunto, depois de tudo que minha mãe me disse, e toda nossa história era a única coisa que se passava em minha cabeça.

Já eram quase oito da noite e eu estava organizando várias fotos no meu computador quando ouvi a campainha tocar, mal tive tempo de terminar de salvar tudo e ouvi algumas batidas na porta do quarto.
– EU NÃO ACREDITO! Você voltou pra essas terras tupiniquins e não me gritou lá no portão?! Olha , não sei o que fazer com você!
Fechei a tela do computador e vi Jackson sorridente parado no batente da porta com as mãos na cintura, minha mãe logo atrás dele rindo sem parar.
– Tem que chegar invadindo né? – Fiquei em pé na cama e ele veio até mim. Me joguei em seus braços e Jackson me abraçava apertado, não aguentei, quando dei por mim as lágrimas já estavam ali e ele me escondendo dentro daquele abraço, me embalando e tentando me acalmar.
– Como você está minha diva?
– Senti tanto a sua falta – Foi tudo que eu consegui dizer, ele me puxou para a cama e nós nos sentamos um de frente para o outro.
– Como foi lá nos Estados Unidos? me contou algumas coisas, só o essencial.
– Foi horrível, e as vezes ainda é, parece que eu não tenho mais pra onde voltar, parecia que estava sempre sozinha.
– Não diz isso, eu sei que pode não parecer mas nós sempre estaremos aqui pra você, como nas outras vezes, como quando você tinha acabado de chegar da Inglaterra, você também pensou que estivesse sozinha mas não estava, eu tô aqui! E a baranga da também está! Sempre!
– Eu sei, é que foi horrível não ter vocês ali comigo, mas eu ainda tinha o Matt pra me ajudar.
– Hmm.... gostamos desse Matt? – Jackson me olhou com a sobrancelha arqueada, sorrindo levemente e eu comecei a rir, nunca consegui esconder nada dele – Sabia! , conta tudo!
– Eu ainda não sei, pra mim ainda não é nada de verdade – Jackson cruzou as pernas em cima da cama e me olhou estreitando os olhos – Tô tentando Jack, de leve!
– Não perca nenhuma chance de ser feliz, nem que seja um pouquinho – Deu uma piscadinha antes de pegar meu notebook, amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo e me sentei ao lado dele na cama para ver o que ele estava fazendo e quando me toquei ele estava ligando para pelo Skype. Fazia tanto que eu não falava com a minha amiga, que eu não via seu rosto que estava prestes a roer as unhas de ansiedade.
– Jackson! Sabe que horas são?! – apareceu com o cabelo levemente bagunçado e cara de quem estava dormindo.
– Ai Meu Deus, que chata! Oi ! – Jackson começou a chacoalhar o notebook só para irritar e eu apareci ao lado dele.
– Oi ! – que antes estava brava com Jackson, me olhou com os olhos arregalados e quase deixou o celular cair, meu coração se apertou de saudades dela, como eu queria estar perto dela agora.
– Meu Deus ! Que saudades de você – Os olhos dela estavam meio brilhantes e eu tive que me segurar pra não chorar ali também, a gente se falava muito por mensagem e ligação mas eu quase não a vi durante esses quatro meses.
– Como você está ? – A voz preocupada dela e o jeito que ela me olhava, sempre protetora, eram as razões de as vezes eu querer voar pra Londres só pra conversar com ela.
– Eu estou bem, cada dia melhor – Pisquei para ela que me olhou desconfiada, em seguida seu olhar foi para Jackson que, por incrível que pareça, apenas observava a nossa conversa.
– Jackson ajuda com essas olheiras horríveis dela! - Olhei indignada para a tela do notebook e Jackson concordando solenemente ao meu lado, levava a sério.
– HEY! Podem parar por favor, eu ainda tô aqui – Tentei me meter na frente de Jackson mas ele conseguiu me segurar.
– Isso mesmo, é pra ele te ajudar enquanto dá tempo! – riu do outro lado da tela.
– Tempo de quê?! – Olhei para Jackson sem entender nada, ele apenas indicou novamente a tela enquanto ria de leve.
– Vocês dois estão CONVOCADOS (logo não aceito não em hipótese alguma) a comparecerem no meu aniversário, que será daqui uma semana! – riu e balançou a outra mão fingindo estar super empolgada, coisa que geralmente ela jamais faria.
Demorei alguns segundos pra entender o que aquilo significava, olhei para e depois para Jackson ao meu lado e senti que estava boquiaberta com a notícia.
– Espera, em Londres? Uma festa SUA?! Mas você odeia festas! Odeia aniversário! – Enquanto eu falava apenas concordava e ria de leve.
– Eu sei, mas as coisas mudam e esse ano eu quero comemorar e quero vocês comigo, então por favor! A parte mais animada é por conta de vocês – riu e deu uma piscadinha para Jackson ao meu lado que assentiu com a cabeça
– Pode deixar, vou ensinar pra essa galera como se divertir de verdade – Jackson me abraçou e balançou de leve – Vamos, não é ?!
Olhei para e vi que ela esperava por minha resposta, mesmo que um pedacinho de mim tivesse medo do que fosse encontrar em Londres, eu sabia que queria ver mais do que tudo no mundo e que ela estava usando essa festa por mim também. E por ela eu iria. Sempre.
– Sim, vamos! Londres vai parar! – Sorri para ela, que me jogou um beijo.
Toda nossa conversa foi em português, estava prestes a perguntar para onde seria a festa quando escutei a voz do perguntando porque ela estava falando em português aquela hora da madrugada e eu sorri sem graça quando ele apareceu no cantinho da tela do celular da . Jackson riu de leve e logo saiu dali, nos despedimos de e desligamos.

Já haviam passados alguns dias desde que falamos com , Jackson estava mais do que animado para aquela festa, nós dois estaríamos de férias e o que ele mais queria era aproveitar Londres com tudo que tinha direito. Ainda estava sem acreditar que aquela festa de fato aconteceria mas quando Jackson reservou nossas passagens e me lembrou de deixar tudo arrumado que partiríamos em dois dias, eu não sabia nem o que pensar.

Quando o avião aterrizou em Londres e eu respirei aquele ar, eu me sentia em casa, mais do que no Brasil ou nos Estados Unidos, eu me sentia em casa naquele país. Jackson e eu decidimos ficar em um hotelzinho no centro, mesmo quase querendo bater na gente por isso, ficamos por ali mesmo. Não sei como ela conseguiu fazer isso, mas assim que eu terminei de achar minhas roupas naquela mala imensa, avisaram que alguém estava pedindo autorização para subir no nosso quarto e nós já sabíamos quem era.
– É aqui que dois brasileiros ingratos estão hospedados? – Jackson abriu a porta e a voz dela surgiu, fingindo que estava brava, com os braços cruzados e óculos escuros ela ficou nos encarando do batente da porta.
– Entra logo garota estranha! Vou fingir que nem te conheço! – Jackson fingiu que fecharia a porta e entrou correndo no quarto, e veio na minha direção abrindo os braços. Não resisti e praticamente me joguei nos braços dela, sentindo seu abraço super apertado, aquele que eu senti tanta falta durante esse tempo horrível lá em NY, eu só queria minha amiga por perto. Minha de volta.
– Meu Deus, você está aqui ! Eu nem acredito – disse perto do meu ouvido e eu sabia que ela estava se segurando pra não chorar. Eu já nem conseguia me segurar mais e respondi apenas a apertando ainda mais no meu abraço.
– Me incluam nessa! – Jackson transformou nosso abraço em abraço coletivo e começou a nos chacoalhar, quase nos derrubando no chão.
– Ai minha maquiagem! -– se afastou fingindo que estava com a maquiagem borrada, nós nos entreolhamos e rimos mais ainda, já que ela mal passava rímel e estava totalmente linda e intacta.
– Como você encontrou a gente? Não me deixa nem sair correndo atrás e aparece assim do nada?!
se jogou na minha cama e jogou o travesseiro em Jackson que esperava uma resposta.
– Quando vocês me avisaram que ficariam em um hotel perto do centro, eu lembrei o nome do hotel que você ficou da última vez e resolvi arriscar, e achei vocês! Rapidinho – piscou e me chamou para sentar ao seu lado na cama.
– Eu queria ver vocês antes da festa! Eu queria saber de você – Ela me olhou de lado e me abraçou de leve – Me senti horrível por não poder estar lá pra você.
– Acredite ou não, você me ajudou muito! Foi horrível de tantos jeitos, mas….
– Mas ainda não acabou, eu estou vendo nos seus olhos !
– Ah sei lá, eu não tinha o que fazer, seriam praticamente dois anos vivendo desse jeito, a turnê deles é mundial agora, minha vida é só balé, como eu poderia manter esse relacionamento?! – Me sentei no centro da cama e olhei para os dois sentindo tudo que estava guardando durante esses meses vindo a tona como uma avalanche.
– Foi horrível ter que terminar tudo, saber que ficaria muito magoado, saber que eu afastaria praticamente todos eles…. Foram os piores dias, lidar com tudo isso quase me enlouqueceu.
– Eu ainda lembro da sua ligação, nunca me senti tão inútil quanto naquele dia – pegou minha mão e ficou segurando entre as suas, enquanto falava e fazia um carinho de leve, eu sentia sua voz ficando mais pesada, assim como a minha já estava. Assim que saiu do teatro em Nova York, eu liguei para , contei tudo pra ela e fiquei chorando por muito tempo, definitivamente uma das piores noites de toda minha vida.
– Depois que eu vi o estado do , o jeito que ele chegou da viagem, o jeito que ele deixou o quarto do hotel, eu tinha mais certeza ainda de que você precisava de mim – Minha amiga tinha um pedido de desculpas explícito no olhar, eu sabia que ela não podia sair correndo pra NY, e estava tudo bem, mesmo de longe, ela foi fundamental.
– Foi tão ruim assim? – Jackson que estava estranhamente silencioso em minha frente perguntou baixinho, olhou para ele um pouco mais séria e apenas acenou que sim com a cabeça.
– A me ligou chorando, conversamos bastante lembra?! – Ela me olhou e eu apenas assenti – Avisei ao que estaria mal quando chegasse, mas ele só acreditou quando nós ouvimos as coisas quebrando no quarto ao lado, foi horrível! – apertou um pouco mais minha mão que ela estava segurando, e aquele arrepio horripilante subiu pela minha espinha.
– Algumas semanas depois, a Lara também terminou tudo com o por causa de uma proposta na Itália e foi tudo o.k., sabe?!
– Eles também não estão mais juntos? – Nem percebi que estava chorando, só reparei porque Jackson secou meu rosto enquanto eu olhava para , super espantada com a notícia.
– Não, mas está tudo bem, virou amigo dela, as vezes ela até manda umas fotos pra gente.
– Por que não me contou ?!
– Porque nós achamos que seria melhor pessoalmente e também você já tinha seu próprio término para lidar, isso podia esperar!
– Nós? – Perguntei sem conseguir conter a curiosidade em saber quem era a outra pessoa.
vive me interrogando sobre você, pergunta se eu acho que você tá muito magra, se você não tá deprimida, se não fosse a minha festa, eu e ele estávamos pensando em ir de jatinho te ver! – riu e deu uma piscadinha pra mim. Era um alívio saber que ainda era do mesmo jeito em relação a mim.
– Bom, eu sei que você está superando mas só quero te avisar que pode aparecer com alguma modelete na festa, então amiga se prepara! E nada de ficar sofrendo! - me olhou um pouco mais séria, sabia que ela deveria ter até brigado com para que isso não acontecesse mas já que não tinha jeito, teria que enfrentar eles. Mas pelo menos, eu teria esses dois para me “salvar”, por pior que fosse, eu estaria com eles e isso já era bom demais.

– Vocês pesaram tanto o clima desse quarto que eu quero até sair correndo! - Jackson de repente levantou e começou a me puxar, quase me derrubando da cama.
– Onde você pensa que vai? – Me soltei e subi na cama, olhando para Jackson que já colocava o casaco e ajeitava sua camisa, levemente amassada por nós.
– NÓS vamos achar uma roupa maravilhosa pra você e pra mim, porque se tem uma coisa que eu mereço são roupas maravilhosas, e vamos explorar essa cidade, não atravessei o oceano atoa né meu amor!
– Concordo com você! – levantou prontamente e fez um high five com Jackson.
– Além do mais, você já contou a novidade pra ? – Jackson parecia aquelas senhorinhas fofoqueiras que não deixam passar nenhuma notícia que achavam interessante, ele TINHA que compartilhar.
– Que novidade? – riu e me olhou tentando adivinhar o que era, apenas dei de ombros esperando o próximo passo de Jackson.
– Sabe o Matt? – Jackson disse baixo e eu ri, sabia que ele ia fazer isso.
– Não tem nada de Matt – Peguei minha bolsa e tentei fuzilar Jack com os olhos.
– Tem sim! – Ele olhou bem pra mim antes desviar o olhar para responder , que parecia estar mais perdida do que nunca.
– Me conta gente! Quero saber também poxa! – cruzou os braços e me olhou indignada.
– No caminho a gente fala sobre isso, vamos sair logo daqui! Sério, você deveria trabalhar pro TV Fama, ou algum outro jornal de fofoca, insuportável! - Bati na bunda de Jackson enquanto expulsava eles do nosso quarto.

O caminho até as lojas, foi um tormento com os dois querendo desossar cada ação do Matt, dizendo que ele era o meu par perfeito e que eu deveria voltar a Nova York e não perder tempo, “agarre o Matt com todas as forças e saia girando” palavras sábias do Jackson que quase me fizeram chorar de tanto rir.
Passamos por tantas lojas, nem sempre saíamos com sacolas mas era divertido em todas elas. Jackson tinha opiniões muito úteis sobre todas as roupas, as vezes sinceras demais, mas definitivamente divertidas, até encontrarmos o bendito vestido. e Jackson achavam que o vestido vermelho rendado era perfeito, eu simplesmente o achava um exagero, e só levei depois dos dois me perturbarem por quase meia hora.
ficou conosco até a noite, depois voltamos ao hotel exaustos e simplesmente apagamos. Quando acordamos já era quase uma da tarde e resolvemos ficar zanzando na cidade a tarde toda, sabia que os meninos deveriam estar chegando agora de viagem e mesmo se quisesse encontrar com algum deles seria muito difícil, seria melhor à noite, na festa da .

Quando a noite chegou e nós começamos a nos arrumar, Jackson não parava de cantar as músicas mais idiotas possíveis ao mesmo tempo que andava pelo quarto com a toalha na cabeça, como se tivéssemos todo tempo do mundo, ele dançava de frente pro espelho enquanto eu tentava pensar em uma outra roupa que não fosse aquele vestido, ele parecia ser de mais pra festa, mas Jackson escondeu minha mala quando eu estava no banho e ficou se divertindo enquanto eu quase me atrasava pra festa.
O vestido era curto, vinha até o meio das coxas, vermelho e rendado, com um decote em v na frente e um pouco decotado nas costas também, colado ao corpo, eu realmente o achava um pouco exagerado para um aniversário, mas Jackson ficava repetindo a todo momento que eu deveria aproveitar meu “corpo de bailarina” fora dos collants. E quando eu finalmente terminei minha maquiagem, gostei do resultado final, Jackson parou ao meu lado vestindo uma calça social e camisa branca, e fez uma pose na frente do espelho, passando a mão pela minha cintura.
– Estou me sentindo um cara sortudo, indo matar alguém com uma garota linda como ajudante – Ele tentava se manter sério na frente do espelho enquanto eu acabei gargalhando, sem conseguir me conter com a comparação.
– Ah não, sem mortes hoje Senhor Bond! – Terminei de colocar minhas sandálias e Jackson me puxou novamente para a frente do espelho, me pediu uma pose também e tirou uma foto. E enquanto estávamos a caminho da festa ele a postou com a legenda “Bond”.
Estava rindo de todas as pessoas comentando na foto que nós éramos um casal, – que deveria estar enlouquecendo com a festa – também estava lá, ajudando a colocar toda lenha na fogueira possível, dizendo que apoiava nosso romance. Quando finalmente chegamos a boate, tinham muitos paparazzis e eu havia me esquecido o quanto eles eram chatos.
Mal tive tempo de pensar e senti Jackson entrelaçando sua mão a minha e me conduzindo até a entrada, ignorei toda e qualquer pergunta direcionada a mim e entrei na boate.
tinha reservado uma grande parte da área vip, quando chegamos não estava muito cheio então foi fácil encontrar a aniversariante.
– Oi casal! – Assim que nos viu, riu e abriu os braços – Me matam de orgulho! – Ela abraçou nós dois ao mesmo tempo e tentava nos chacoalhar.
– Idiota – Saí do abraço e gargalhou fazendo um high five com Jackson, que piscava para mim.
– Não quero nem ver o que o seu amorzinho vai falar lá no Brasil – Disse para o Jackson e ele riu de leve.
– A gente vê isso depois! – Ele piscou mais uma vez, e então nós vimos se aproximando.
Jackson me abraçou pelos ombros e eu senti o olhar de sobre nós.
– Oi – sorriu e me estendeu a mão, rolou os olhos e quando eu me aproximei, me surpreendeu com um abraço meio desajeitado.
– Quanto tempo! Tudo bem? – Ele sorriu e eu apenas afirmei com a cabeça, Jackson e ele deram apenas um aperto de mão e toda sorridente logo abraçou . Com certeza era isso que ela queria, que, pelo menos, isso fosse como antes.
Fomos pegar bebidas enquanto os dois foram falar com um pessoal da rádio em que trabalhava, que tinham acabado de chegar. Aos poucos aquela balada ia enchendo e Jackson já estava impaciente por ainda não estarmos na pista de dança.
Assim que terminei meu drinque Jackson me puxou pela mão, para irmos direto para a pista, como ele era um furacão, quando me puxou eu não vi e me trombei com alguém que também chegava no bar.
– Ai, desculpa – Tirei meu cabelo do rosto e dei de cara com aqueles olhos arregalados na minha direção.
?! – me olhava de cima a baixo e eu fiquei sem jeito, ele riu e estendeu os braços para mim, nem precisei fazer nada, ele me abraçou apertado, quase me erguendo do chão, retribui na mesma intensidade.
– Senti sua falta, sabia? – Sai do abraço e pegou na minha mão, de todos os meninos, ele sempre foi o mais carinhoso comigo, o que eu sempre podia contar como um amigo meu também.
– Como você está? – sorria carinhosamente para mim, analisando meu rosto me fazendo ter certeza que se sentasse pra conversar com ele, choraria a noite inteira. Aquela pergunta não era só sobre agora, era sobre tudo que houve e nós dois sabíamos disso.
– Estou melhorando, aos poucos – Pisquei para ele e ele assentiu, me abraçando mais uma vez, senti um aperto de leve na minha mão. Jackson me olhava com os olhos semicerrados e cruzando os braços, fingindo estar bravo porque eu sabia que ele estava ali o tempo todo.
nós vamos dançar, quer vir com a gente?! – Apontei para Jackson com a cabeça e riu aceitando meu convite.
No meio da pista eu apresentei os dois, e não esperava que eles fossem se dar tão bem.
Quando conseguiu se juntar a nós a festa ficou ainda melhor, se tem uma coisa que Jackson sabe fazer é deixar uma pista de dança extremamente divertida, ria e tentava acompanhar ele, eu já tinha desistido há tempos, e dançava com os passos mais idiotas possíveis.
Quando e chegaram, o clima ficou um pouquinho estranho no começo, mas conforme as músicas, as bebidas e as gargalhadas faziam efeito, até mesmo me abraçou e disse que sentia um pouquinho da minha falta. Ele era o melhor amigo do e eu sabia que seria assim, ri de leve e pisquei pra ele, aos pouquinhos aquela festa deixava de ser um pesadelo. Pelo menos era o que eu ficava repetindo para mim mesma.

– Já volto! – Avisei ao Jackson que estava no bar e fui até o banheiro, retoquei um pouquinho da minha maquiagem e tentei ajeitar meu cabelo que estava um bagunça. Quando estava saindo do corredor onde ficava o banheiro, estava distraída e acabei trombando com uma garota que estava parada ali.
– Meu Deus! Desculpa! – Podia sentir que eu estava ficando vermelha de vergonha, saí de ‘trás’ dela e quando olhei para seu rosto, senti todo o sangue do meu rosto sumir. Ela estava abraçada a alguém e eu preferia não saber disso, preferia não ter visto aquela cena.
?! – Ele me olhou no olhos e eu me senti paralisar ali.
Tudo que eu não esperava era encontrar aquele par de olhos justamente ali, eu não queria saber quem era aquela garota ou o que eles estavam fazendo naquele canto escuro, só não queria ter que ficar ali encarando aqueles dois.
! – Olhei para os dois e senti meu coração acelerar, tentei sorrir mas não consegui.
Ele não deveria ter aquele poder sobre mim, mas eu não podia controlar o que ter aquele olhar sobre mim novamente estava me causando, acenei com a cabeça e saí dali o mais rápido que pude, deixando com seu olhar cheio de perguntas para trás.


De todos os pensamentos que tive em relação a essa festa, o mais recorrente era sobre quando eu encontrasse com , sobre o que aconteceria, o quanto seria desconfortável, mas de tudo que imaginei aquilo era muito pior. Não sabia que doeria tanto, que tudo viria a tona daquele jeito, que tê-lo por perto seria pior do que deixá-lo ir.
, te dou dois segundos para colocar um sorriso nesse rosto! – Jackson me assustou se sentando ao meu lado no bar, sem perceber estava encarando há vários minutos meu copo quase vazio.
– Jack, eu.... – Olhei para ele que apenas negou com a cabeça.
– Nenhuma desculpa será aceita, eu vim me divertir com você e é isso que nós vamos fazer agora – Ele se aproximou e me deu um beijo demorado na bochecha. Sorrindo ele começou a me puxar para a pista de dança novamente.
Parecia que ele tinha combinado com o DJ, Britney Spears começou a tocar e nós estávamos incontroláveis, revezando entre cantar e dançar, Jackson não me deixava desanimar, nem ficar procurando por ele. Ele era o meu parceiro da noite, e não me deixaria esquecer disso.
Mas como existem coisas que você não pode controlar, You and I da Lady Gaga começou a tocar e eu senti um arrepio subir pela minha espinha, porque eu lembrava de quando nós fomos ao karaokê e eu cantei essa música pra ele, mesmo fingindo que não, era pra ele.
E mais uma vez essa letra fazia todo sentido, mais uma vez eu encontrei o olhar de cravado em mim.
estava sentado no bar do andar debaixo, sozinho e segurando uma bebida qualquer, não conseguia desviar o meu olhar dali. Era como se naquele momento eu estivesse revivendo toda nossa história desde aquele dia, cada vez que eu fechava os olhos vinha uma lembrança em minha mente, e todas as vezes que eu abria os olhos eu encontrava os dele, de longe, lendo meus pensamentos, me torturando um pouquinho mais.
Cantei como todos ali, mas pra mim, algumas partes eram simplesmente a mais pura verdade, aquela que eu tentava negar mas não conseguia mais.
(There’s somethin’) (Há algo)
Somethin’, somethin’ about the chase (Algo, algo sobre essa caça)
(6 whole years) (6 Anos inteiros)
I’m a New York woman born to run you down (Sou uma mulher de Nova York que nasceu para alcançar você)
Still want my lipstick all over your face (Ainda quero meu batom em seu rosto)
There’s somethin’, somethin’ about just knowin’ when it’s right (Há algo, algo sobre apenas saber o que é certo)

Quando a música acabou, dei uma desculpa qualquer para o Jackson e sai. Eu precisava respirar.
A moça da boate me avisou que tinha uma área do lado de fora, que eu podia retornar a hora que quisesse pra boate. Assim que a rajada de vento frio bateu contra mim, senti meu corpo estremecer e o aperto em meu peito ficar maior.
Me apoiei na parede e respirei fundo de olhos fechados, tentando me acalmar, na segunda vez que fiz isso senti aquele perfume tão familiar e abri os olhos instintivamente. Lá estava , suas mãos no bolso da calça, seu olhar intenso sobre mim esperando.
, o que você está fazendo aqui
– Eu queria ver você, eu precisava.... – Me afastei um pouco da parede e fiquei de frente pra ele, mais uma rajada de vento passou por nós e eu me arrepiei, inevitavelmente.
– Você deveria voltar pra lá – Apontei com a cabeça para a boate e apenas meneou a cabeça negando, sem nem que eu percebesse ele já tinha retirado seu blazer e se aproximava de mim – Não acho que seja uma boa ideia.
– Por favor, me olhou mais sério enquanto colocava seu blazer sobre meus ombros, minimizando de imediato o impacto do frio que começava a fazer ali do lado de fora, seus olhos cravados em mim fizeram com que um arrepio subisse por minha espinha, já não era mais frio o que eu sentia.
– Dança comigo?! – Seu rosto tão perto do meu que tudo que ele dizia parecia um sussurro, leve e calmamente dito diretamente a mim.
– Não tem música – Desviei meu olhar e senti pegando em minha mão, me paralisando e fazendo meu olhar se voltar para nossas mãos.
– Isso nunca foi um problema pra você, mas se quiser a gente deixa o celular escolher uma música e pronto – sorriu torto e deu uma piscadinha em seguida, pegou o celular e colocou no aleatório, foi inevitável não deixar um sorriso escapar quando pulou a música do Backstreet Boys e a próxima a aparecer foi ‘She Will Be Loved’ do Maroon 5, eu adorava aquela música e ele sabia disso.

Coloquei o blazer dele direito pra que não caísse no chão e me estendeu sua mão, em uma mão ele segurava minha mão e o celular e com a outra ele me trouxe para mais perto, tão perto que eu podia ver todos os mínimos sinais de seu rosto, assim como sentir seu perfume me inebriar. Aquela dança mais parecia um abraço, eu quase nem me movia e se balançava muito pouco, eu sabia que devia falar alguma coisa mas parecia que todos as palavras já tinham sido ditas e qualquer uma ali, perderia o sentido, seria um desperdício, um erro. Eu senti os dedos dele por dentro do blazer, desenhando alguma coisa em minhas costas enquanto começava a cantar no meu ouvido, como eu sentia falta disso. Senti meus olhos se encherem de lágrimas e deitei minha cabeça no ombro dele. Aquilo já estava triste demais sem lágrimas, seria melhor se continuasse assim.
– Como nos velhos tempos – riu e me girou de leve, me ‘deitando’ em seguida e trazendo de volta aos seus braços.
Olhei para seus olhos novamente e eles pareciam um espelho, como se tudo que eu estivesse sentindo ele também sentisse. Os olhos brilhantes de se aproximaram mais e sem nenhum aviso prévio ele me beijou. De um jeito calmo, me abraçando pela cintura e esquecendo totalmente do que estávamos fazendo. parou o mundo por um momento e nós dois ali era tudo que existia.
Eu não deveria mas foi inevitável, sentir aos mãos de me envolvendo, suas mãos me trazendo pra perto, sua boca pedindo por mais, era como finalmente me livrar de um segredo pesado demais, eu estava morrendo de saudades dele e aquela era resposta do meu corpo. Eu não conseguia resistir.
? – Ouvi a voz de Jackson e me separei de , como acordar de um sonho, estava meio desnorteada e com o coração acelerado.
– Só estão te esperando! – Jackson não disfarçava seu olhar curioso sobre nós dois. Abaixei a cabeça e retirei o blazer de o entregando a ele rapidamente, senti tentando segurar minha mão, mas eu neguei, olhando uma última vez pra ele antes de entrar de novo na boate. Jackson parecia querer entrar em combustão pra saber o que eu estava fazendo lá fora com mas eu disse que jamais contaria. Quando me aproximei, me avisou que eles cantariam parabéns pra e que só estavam me esperando.
Dei o máximo de mim pra agir normalmente depois do que aconteceu, ri e brinquei com mas quando olhei para o outro lado, perto do bar, vi e aquela mesma modelo que chegou com ele, ela o beijava no rosto e entrelaçava sua mão a dele rindo abertamente e aquela cena era como um belíssimo tapa na cara. O choque de realidade pra eu perceber que nada era como antes. Ele já não era mais meu.
E eu teria mais uma semana ali, a única coisa que eu esperava era que nada ficasse pior do que já estava! Só isso!
Capítulo XX



’s POV

Quando acordei sentindo um grande arrepio e ouvindo uma risadinha, me lembrei que Londres era bem mais gelada logo cedo e que eu estava apenas de shorts e camiseta, eu mataria Jackson.
– Sai daqui Jack! – Tentei puxar o edredom da mão dele sem abrir os olhos mas ele apenas riu mais ainda, me obrigando a encará-lo.
! – Sentei na cama em um pulo e ele riu, dessa vez bem mais alto – O que você tá fazendo aqui?!
Estiquei a mão para que ele me entregasse o edredom e eu pudesse me cobrir e tentar ter uma conversa decente.
– Vim te chamar pra tomar café comigo, seu amigo estava saindo e me deixou entrar – deu uma piscadinha pra mim e eu pisquei várias vezes para assimilar tudo que estava acontecendo.
– Que horas são? – Perguntei vendo sentar na cama de Jackson que ainda estava uma bagunça.
– São dez e meia – Ele deu de ombros, enquanto eu o olhava quase indignada.
– Você não dorme nunca menino? – Pelas minhas contas, Jackson e eu chegamos ao hotel umas quatro e meia da manhã, e ele havia continuado na boate quando saímos. apenas gargalhou, aquela sua gargalhada inconfundível e contagiante a qual eu morria de saudades.
– Tô acostumado a dormir pouco, muitos jet lags no currículo – Ele deu uma piscadela pra mim e apontou para o relógio – Temos só até as onze e meia para o café! Vamos ! – Vendo que não tinha mais escapatória, corri tomar uma ducha e em meia hora estava pronta para sair.

me levou até um café que não me era estranho, já tinha estado ali com ele e uma vez. Segundo ele o cardápio do café da manhã era a melhor coisa que tinha ali, mas tinha que chegar a tempo.
Nós pedimos tanta comida que quando nossos pedidos chegaram a mesa se tornou pequena, era quase um café colonial com todos os tipos de pães, bolos, tortas. Era realmente muita comida.
– Meu Deus! Será que damos conta? – Olhei para do outro lado da mesa e ele riu de leve assentindo com a cabeça.
– Acredite, vamos acabar com tudo isso! – Ele sorriu antes de começar a comer com vontade, até dar a primeira mordida em um pedaço de bolo não tinha percebido que eu estava com tanta fome assim.
Por muitos minutos nos ocupamos em apenas devorar todas aquelas delícias, até começar a me olhar por cima da xícara de chá que ele tomava, dava pra sentir que ele queria me falar alguma coisa importante.
– Que foi ? – Perguntei diretamente e quase se afogou por ter sido pego de surpresa.
– Não querendo ser repetitivo mas queria saber como você está ?! Em relação a tudo isso? – Ele me olhava com o semblante realmente preocupado.
– Estou indo, não digo que estou 100% mas já melhorei um pouco – Tomei um gole do meu chá e vi assentindo, ouvindo atentamente, observando cada expressão em meu rosto.
– Ontem você conversou com o ? – Ele perguntou com cautela, e vários flashes da noite passada vieram a minha mente. A dança, o beijo, a tristeza por vê-lo com outra. Apenas balancei a cabeça, negando.
– Conversar de verdade, não. Mas também nem sei se tem mais alguma coisa a ser dita , ele já está muito bem – Foi inevitável, aquela pontinha amarga se fez presente só de lembrar dele com a outra garota. me olhou surpreso, depois pareceu entender algo que eu não sabia o que era e sorriu de leve.
– Ah a Anne! Não acredito que eles sejam realmente alguma coisa – Ele disse mais baixo tentando me fazer rir pela maneira debochada com que falava mas eu não consegui sentir graça.
– E você , tem alguém te esperando lá em NY? – Ele disse mais animado e eu apenas neguei com a cabeça. ficou me olhando por um bom tempo, eu não sabia o que ele queria, ele parecia ponderar alguma coisa importante enquanto olhava para mim.
, pare de me olhar desse jeito! Tô ficando nervosa já – Disse rindo e brincando escondi meu rosto com as mãos, fugindo de seu olhar. riu e se esticou para puxar minhas mãos, me fazendo olhar para ele novamente.
eu sei que nós não temos nenhum direito de nos meter na história de vocês, só você e o podem decidir, só vocês sabem de tudo, não é mesmo?! – O tom de voz dele, muito mais sério que o normal, seu olhar concentrado, me deixaram um pouco assustada com o rumo que aquela conversa estava levando.
– Sim, só nós sabemos. , pelo amor de Deus, diga o que você precisa dizer logo! Tô agoniada aqui menino – Me ajeitei no assento do café, mal respirava de tanta ansiedade para saber onde ele queria chegar.
eu acho que você perdeu um detalhe, eu não sei se pode mudar alguma coisa ou não, mas eu acho que você realmente não sabe disso!
– Não sei do quê?
– Logo que vocês terminaram, algumas semanas depois apareceu no quarto do muito alterado, era nosso único dia de folga e eu estava resolvendo umas coisas com o e me assustei com o estado dele. Eu achei que ele já estava se recuperando, melhorando pelo menos um pouco mas aquele dia ele disse que tinha fraquejado e procurado você!
Eu já estava sem ar, minhas mãos suavam e meu coração já começava a bater irregularmente.
– Como assim me procurado?! Ele nunca apareceu em Nova York, nunca.
– Eu não entendi no dia, mas ontem me contou o que quis dizer! Em uma das viagens confessou a que aquele dia ele passou a manhã inteira relendo os e-mails de vocês e te escreveu alguma coisa, que mexeu muito com ele, tanto que saiu do hotel só pra encher a cara.
Mal ouvia o final do que dizia, meu coração já estava acelerado em apenas imaginar o que tinha escrito, como se ele tivesse esperado por isso esse tempo todo.
! ! – estalava os dedos na minha frente, para me chamar a atenção, olhei para ele meio absorta na minha imaginação.
– Você tá bem? – Os olhos de estavam cheios de preocupação e eu apenas assenti, meio boquiaberta.
– Podemos ir ? – Eu queria mais do que tudo finalmente ler o que me escreveu, mas queria fazer isso sozinha, em algum canto, somente eu e meu coração agitado.
– Claro! – pediu a conta e em menos de cinco minutos nós já voltávamos para o meu hotel.

? – tinha acabado de chegar em frente ao meu hotel e pegou em minha mão, me fazendo olhá-lo nos olhos – Promete que vai ligar se precisar e que não vai fazer nenhuma besteira?! – Ele estava sério e apertou levemente minha mão entre a sua.
– Prometo! Obrigada ! – Beijei seu rosto demoradamente e o abracei antes de sair do carro.
Graças a Deus não tinha ninguém no quarto, já eram quase uma da tarde quando consegui logar minha conta e finalmente abrir meu antigo e-mail. Eu já tinha o usado para tantos desabafos, para falar com a única pessoa que me entendia naquela época e agora só de ler seu nome ali, eu já sentia as lágrimas se aproximando. Seja lá o que for que me enviou, meu coração doía só por saber que ele lembrou exatamente disso, isso era só nosso.

XXX


Eram umas três horas da tarde quando e Jackson chegaram mais animados do que nunca, cheios de planos para um jantar na casa da , mal tive tempo de pegar minha bolsa e celular e fomos direto para o mercado. Eu não conseguia prestar atenção nas brincadeiras, nem nas compras, quando chegamos na casa de , e estavam na cozinha nos esperando.
– Fiquei sabendo que o jantar hoje é à moda brasileira?! – riu de leve e me abraçou quando cheguei na cozinha carregando várias sacolas.
– Não garanto nada! Eles é quem vão envenenar vocês – Entreguei pra ele algumas sacolas e olhou para que fazia uma careta pra nós.
– Vocês vão ficar com a cebola, só para aprenderem – Jackson que tinha acabado de chegar a cozinha dando uma de suas gargalhadas maléficas, começou a fuçar nas panelas.
vem daqui a pouco e disse que quer aquele doce de nome esquisito! – riu dando um selinho em que apontou para mim, me jogando aquela responsabilidade.

Os preparativos para o jantar não paravam, Jackson e cortando vários ingredientes de um lado, mexendo nas panelas e me ajudando a fazer o brigadeiro no outro canto. Depois de uma meia hora chegou com sua gargalhada inconfundível e substituiu , me ajudando a terminar o doce.
– Tudo certinho ?! – cochichou me olhando de lado, meio desconfiado e eu sorri de leve pra ele, assentindo com um aceno de cabeça.
Não tinha parado para pensar, evitava conversar sobre ele, ainda não estava pronta para encarar aquilo.
– Se vocês queimarem isso, eu vou bater nos dois! – apareceu atrás de mim, fazendo dar um pulo de susto e gargalhar logo em seguida.

Estava no segundo andar, pegando uma jaqueta emprestada de quando ouvi rindo e conversando ao telefone.
– Você vem né?! Só tá faltando você – passou pela porta do quarto mas não me viu.
– Claro que ela está aqui né! , as vezes você esquece que a é praticamente a irmã da , né? – Pela voz dele, parecia que estava muito perto da porta, e eu não resisti em ouvir sua conversa com .
– Não ouvi ela dizendo nada sobre ontem, aliás, onde você se meteu?! Não te vi mais, até a Anne estava te procurando – Ouvir ele citando a garota que estava com ontem fez meu estômago afundar, mesmo que quisesse fingir que ela não existia, ela estava bem ali, bem ao lado dele.
– O que você está fazendo aí? Ela vem também?! – parecia preocupado ao telefone, o que me fez ter mais certeza de que deveria estar na casa dela, e o que era pior, talvez ela viesse, talvez em alguns minutos ela estivesse bem ali na sala de estar de com um belo sorriso no rosto, abraçada a ele.
Me afastei da porta, já tinha ouvido o suficiente, voltei para perto do espelho de para retocar de leve minha maquiagem quando sem querer acabei derrubando um porta-retrato, o levantei e aquela foto mexeu comigo em todos sentidos. Era uma foto de nós quatro, abraçava bem apertado e ela ria, eu estava ao seu lado sendo beijada no rosto por enquanto fazia uma careta mostrando a língua, foi no dia em que decidi fazer o teste para o balé, nós ainda éramos só amigos mas eu já sentia meus sentimentos por mudando aos pouquinhos, antes mesmo do nosso primeiro beijo, pensar nele aquecia meu coração, eu já era tão feliz em apenas tê-lo na minha vida que quando se transformou em amor, eu já sentia que era certo, eu já sabia há muito tempo.

Quando desci as escadas e ouvi as risadas e conversas vindas da cozinha, decidi sair antes que qualquer pessoa me visse, não aguentava mais fingir que nada estava acontecendo aqui dentro, tudo estava se despedaçando e eu já não sabia mais o que fazer, ou o que pensar.
Me enfiei no primeiro táxi que vi e fui em direção ao único lugar que eu sabia que não teria ninguém, onde eu poderia pensar, eu poderia entender. Fui para o nosso lugar, naquele parquinho abandonado, na vista mais incrível da cidade, eu sabia que ninguém me encontraria lá. Ainda no táxi mandei uma mensagem para pedindo desculpas e dizendo que amanhã eu contava tudo, esperava que ela entendesse, porque agora eu não conseguiria explicar nada da bagunça em que eu estava me tornando.

Ao chegar naquele lugar, a noite já começava a cair, a paz que aquele lugar me passava era quase instantânea e eu me sentia a vontade para realmente encarar tudo, sentei na grama e peguei meu celular, entrei no e-mail e senti meu coração apertar em apenas ler o nome do ali.


07/07/2014
Eu queria poder te dizer que as coisas estão melhorando, que doeu, mas já não dói tanto assim. Ah como eu queria.... Acho que faz um mês, e eu me sinto perdido, queria poder te ligar e conversar com você porque toda vez que eu olho para os lados, você parece ser a única que me entenderia.
Como as coisas são.... Você era como uma irmã, depois uma amiga distante e quando voltou pegou meu coração e ele nunca mais foi meu, acho que essa é a parte mais triste, ele também está sem rumo.
Você dizia que eu te ajudava a superar muitas coisas, que não faria muitas coisas sem mim mas isso tudo é mentira, você sempre foi incrível sem mim, eu sempre soube disso mas agora eu queria que você estivesse aqui pra me ajudar, eu vejo o tempo passando tão lentamente que chega a me irritar, os shows não param, as viagens não param mas eu parei.... Estou escrevendo porque eu me prometi não te ligar, não atrapalhar você aí realizando mais uma parte do seu sonho mas eu não aguento mais . Tudo parece tão errado aqui, as pessoas acham que tudo está bem, que eu já nem lembro mais, mas eu lembro, toda vez que abro a porta de casa eu me lembro das suas chegadas desastrosas, dos tombos no tapete, da Pheebs mordendo seu pé e você se jogando ali pra brincar com ela, como eu poderia esquecer coisas assim? Como eu poderia esquecer você?!
Estou tentando ser forte, estou dando tudo de mim pra não entrar em um avião e ir até você, te convencer de todas as maneiras que em nenhum plano do universo isso pode estar certo ! Nós sempre seremos melhores juntos, e eu espero do fundo da minha alma que quando nós admitirmos isso, você possa voltar pra mim. Porque aqui dentro, nada mudou!
Acho que você sempre soube disso....
And after all, you’ll always be my wonderwall
(E no final de tudo, você sempre será a minha protetora)
Seu !


Meu coração parecia estar do tamanho de uma ervilha, levei a mão ao peito tentando me acalmar, tentando respirar fundo e refrear as lágrimas que já desciam sem nem pedir permissão. Mas era tão difícil saber que tudo podia estar diferente agora, saber que eu ainda poderia ter pra mim, se talvez tivesse lido tudo isso antes.
– Eu sabia que te encontraria aqui – Aquela voz rouca e calma me vez dar um pulo de susto, e um arrepio se espalhar pelo meu corpo em apenas ouvi-la.
?! – Levantei rápido, tentei esconder as lágrimas mas sabia que o estrago já estava feito.
– Sua amiga estava quase enfartando por sua causa – Ele riu de leve e começou a se aproximar, me olhando com o cenho franzido a cada passo mais perto.
– Como sabia que eu estava aqui? – Me virei para a frente, observando a noite londrina e as luzes da cidade se acendendo aos poucos.
– Quando cheguei eles não queriam que eu soubesse que você sumiu, até o desistir e me contar o que aconteceu – deu de ombros, permanecendo ali ao meu lado, deixando a brisa passar por nós, me fazendo sentir o cheiro de seu perfume.
– Ele me contou que vocês conversaram, e me contou que você disse que precisava pensar.... E bem esse lugar.... – se virou para mim, seu olhar mais claro do que nunca, concentrado em mim como se pudesse decifrar cada sensação, cada pensamento.
– Eu li seu e-mail – Tentei controlar minha voz mas ela saiu entrecortada, cheia de tudo que eu tentava esconder, mas já não aguentava mais – Eu queria TANTO ter lido no dia em que você me mandou, talvez tudo estivesse diferente agora – Disse baixo na esperança que não ouvisse mas pela maneira como ele me olhou, ele ouviu cada palavra.
– Por quê? O que mudou até agora? – colocou as mãos nos bolsos da calça e me olhava com o semblante sério, como se aquela não fosse uma pergunta que já estava respondida pelos meses que se passaram.
– Não é óbvio, tudo está diferente agora, nós mudamos, nós estamos vivendo vidas tão distantes e diferentes, não dá ! – As lágrimas já eram incontroláveis, falar sobre isso com ele era ainda mais doloroso. desviou o olhar do meu e começou a olhar pra frente.
– Você chora como se tivesse perdido uma coisa muito importante... – Senti meu estômago afundar, minha boca se abriu em um Ó perfeito e eu me controlei para não brigar feio ali com , quando puxei seu rosto na minha direção e pude olhar em seus olhos, eles estavam mais tristes do que antes, como se ele tivesse tirado sua armadura e agora eu pudesse ver cada pedacinho dele, tudo que ele vinha escondendo ali dentro.
– Mas quem perdeu fui eu , esses quatro meses foram horríveis, e nem me esconder eu podia porque o mundo queria me assistir no fundo do poço. Quantas e quantas vezes eu fiquei planejando fugir pra Nova York só pra dar uma espiadinha, para matar a saudade de olhar pra você, ter notícias, era a parte de mim que eu sentia mais falta! Mas eu me segurei, arranjei forças não sei de onde e fiquei, fiquei aqui... – me olhava amargurado, despejando toda sua dor, tudo que ele sentiu e que também doía em mim. Tentei falar, mas não consegui, a única coisa que eu pude fazer foi pegar nas mãos dele e as entrelacei as minhas.
– Eu tentei... Tentei me convencer que o melhor pra nós é você lá, você realizando seu sonho, linda como sempre, sem mim, mas cada vez que isso se passava pela minha mente eu me lembrava de você, rindo e me chamando de idiota toda vez que eu tinha uma ideia ruim, porque essa era a ideia mais idiota do mundo!
– Minha voz embargada se fez ouvir, mas ele me ignorou, apertando com força minha mão entrelaçada a sua.
– Você não perdeu nada , e tudo que está escrito naquele e-mail é a mais pura verdade, eu ainda quero você com todas as minhas forças e só se você quiser, a gente começa tudo de novo! Não ligo pra viagem, pro quão difícil pode ser, eu luto , eu faço o que tiver que fazer por você!

Nos olhos dele eu via claramente a verdade, eu sentia na firmeza com que suas mãos seguravam as minhas, na força da sua voz e naquele olhar brilhando sobre mim, meu coração pulava dentro do peito, gritando a única resposta certa. Puxei para mais perto e dei um último sorriso antes de unir nossas bocas. Num beijo que parecia ser melhor que qualquer outro porque era dele, era certo.
soltou minhas mãos, e passou seu braço por minha cintura me envolvendo e acabando com qualquer distância entre nossos corpos. Sua mão em meu cabelo, minhas unhas passeando por seu braço e nuca lhe causando arrepios e me puxando mais e mais para ele. Era intenso, era real e quando sorriu de leve com sua boca ainda colada a minha, não resisti e sorri ainda mais, encerrando aquele beijo e escondendo meu rosto na curva de seu pescoço, me deixando embriagar pelo cheiro dele.
– Vamos lá pra casa – sussurrou no meu ouvido, me fazendo rir e sentir arrepios pelo meu corpo ao mesmo tempo, mordi de leve seu ombro e ele gargalhou me puxando pela mão até seu carro – Não tem jantar, nem sobremesa, mas acho que você vai gostar – Ele piscou para mim abrindo a porta do carro.
– Idiota! – Disse assim que ele começou a dar partida – Antes de qualquer coisa, eu preciso saber... – Ele me olhou desconfiado e eu me mantive séria, aquilo ainda podia mudar tudo.
– E a Anne, a moça de ontem?
gargalhou e puxou meu rosto para mais perto do seu, enquanto eu o olhava com o cenho franzido sem entender a graça.
– Ela é uma amiga, eu não consegui ter nada a mais com ela e hoje mesmo, eu disse isso a ela – sorriu torto antes de me roubar um beijo.
– Disse o quê?
– Que o que ela queria de mim eu não poderia dar, e que era melhor a gente não se ver mais, fui levá-la até o aeroporto e só – O sorriso dele aumentou enquanto eu apenas assentia meio desconfiada.

O caminho tão familiar foi diferente, como se fosse a primeira vez que eu fazia aquele trajeto, descobrindo novos detalhes, sentindo tudo como se fosse uma grande novidade, enquanto cantarolava ao volante abaixei o vidro do carro e deixei o vento daquela noite bagunçar meus cabelos com vontade, fechei os olhos e me concentrei na voz de , em sua mão acariciando minha perna suavemente enquanto o vento gelava aos pouquinhos o meu rosto.
– Olha ela ali! – disse rindo levemente e eu abri os olhos, vendo que já estávamos na frente da casa dele e Pheebs tinha acabado de entrar pela portinha da sala.
– Pheebs! – Disse alto e riu balançando a cabeça enquanto descíamos do carro.
Tentei achar a gatinha, mas ela correu para a cozinha, olhei a minha volta e tudo ainda estava como eu me lembrava, o sofá no mesmo lugar, o mesmo tapete. fechou a porta e me pegou pela mão, com um sorriso ele foi me conduzindo até seu quarto, mesmo com pouca iluminação acho que sempre seríamos capazes de fazer aquele trajeto, até mesmo vendados. Antes de abrir a porta ele sorriu torto e me deu uma de suas piscadinhas, me fazendo rir e empurrá-lo para sair da minha frente.

O quarto de tinha a mesma energia da qual eu me lembrava, o cheiro dele, seu jeito meio bagunçado e atrapalhado ainda estava presente nos detalhes, sorriu antes de fechar a porta e me abraçou por trás, beijando toda a extensão do meu pescoço enquanto tirava a jaqueta que eu havia pego emprestada da . Os arrepios já se espalhavam pelo meu corpo a cada peça minha que retirava, me virei de frente para ele e o beijei com urgência, como se dependesse daquilo e sorriu em meio ao beijo, me afastando e me pegando no colo, enquanto me levava até a cama ele distribuía beijos por todo meu colo e pescoço me deixando mais ansiosa para tê-lo por completo.
– Que saudade, minha bailarina! – me colocou sobre a cama e sussurrou perto do meu ouvido. Deixando meu coração ainda mais acelerado e o sorriso em meu rosto ainda mais largo. Esse era o meu .
Estar ali com só confirmava o que eu já sabia, só não tinha coragem de admitir, nada, jamais seria como aquilo que nós tínhamos. Poderíamos buscar em outros corpos, em outros beijos mas essa conexão, o efeito do toque dele sobre minha pele, ou o sorriso sacana que ele deixava escapar toda vez que sentia minhas unhas cravadas em suas costas, a maneira como nossos beijos pareciam se encaixar mais do que qualquer coisa no mundo, era poderoso, era maior, era o nosso melhor.

Acordei com a claridade do quarto me incomodando, procurei por na cama, mas não o encontrei, segundo o relógio ao lado da cama já era quase uma hora da tarde, olhei ao meu redor e vi o moletom que sempre usava jogado em um canto e não resisti, o coloquei quase como uma tradição a ser cumprida, eu adorava usar as roupas dele. Ainda estava distraída quando cheguei nas escadas, já estava preparada para gritar por quando ouvi ele na sala conversando com alguém e aparentemente eu era o assunto.
– Eu não entendi nada, você me avisou que estava com a e a ficou muito estranha, na realidade todo mundo está estranho desde ontem – Era que parecia estar confuso, eles conversavam num tom baixo mas eu conseguia entender praticamente tudo.
– Ah cara, eu acho que nós vamos nos entender, definitivamente!
– Sério?! – aumentou um pouco a voz e ouvi o repreendendo.
– Shiu! Ela ainda tá dormindo idiota!
– Ela tá aqui?!
– Sim! – Ouvi rindo baixinho e vi uma almofada voando pra debaixo da escada, com certeza uma tentativa de acertar .
– Agora eu tô entendendo essa cara de maluco! Faz todo sentido... – Os dois riram e de repente pigarreou e voltou a falar em um tom mais sério.
– Você tem certeza disso ? É o que você quer mesmo? Porque...
– Eu já sei como é sem ela, eu sei das consequências e prefiro arriscar sofrer tudo mais uma vez do que deixar a de novo, eu não vou desistir dela agora.
Meu coração pulou uma batida ao ouvir aquilo, e sem nem perceber meus olhos já estavam marejados, segurei em meu colar e terminei de ouvir o que eles falavam.
– Espero que tudo dê certo então meu amigo! Vai lá atormentar a que eu vou resolver umas coisas aqui por perto! Ah, o marcou com todo mundo na casa dele mais tarde, não faltem! – Eles levantaram e foram indo em direção a porta, esperei eles se despedirem e desci as escadas silenciosamente encontrando na cozinha, vestindo apenas a calça do pijama com o cabelo todo bagunçado e encarando a geladeira aberta. O peguei de surpresa, abraçando-o por trás e beijando seu ombro, vi rindo do susto.
– Pensei que ainda estivesse dormindo Srta. riu e pegou alguns potes da geladeira, só então se virou de frente para mim e me deu um selinho.
– Que foi? Por que você tá com essa carinha, ? – Ele passou a mão livre pelos meus olhos e me olhou desconfiado.
.... – Sentia o bolo em minha garganta e aquela dúvida apenas crescer em mim, eu precisava falar, eu precisava saber.
– Nós estamos fazendo o certo? E se nós apenas nos magoarmos mais, e se no final esse buraco aqui fique apenas maior e se... – deixou tudo que estava em suas mãos em cima da mesa, me ergueu do chão, me sentando no balcão de mármore e deixando nossos olhos na mesma altura.
seja sincera, você me ama? – mais sério do que nunca, me olhava como se pudesse ver minha alma e se ele podia mesmo, talvez já soubesse que eu o amo com todas as forças.
– Sim! Muito! - Passei a mão por seus cabelos, sem desviar meus olhos dos seus.
– Então nós vamos fazer isso dar certo, nós vamos consertar, não precisa ter medo.
– Foram dias tão horríveis, noites, não quero mais aquilo.
entre minhas pernas, com o rosto praticamente colado ao meu, estendeu sua mão e eu entrelacei a minha a dele.
– Independentemente do que aconteça no futuro, eu vou amar você, seja como minha mulher ou minha amiga, de alguma maneira estarei por perto e você nunca vai me perder! O que nós temos é tão grande, que nem a distância conseguiu enfraquecer, nem a sua teimosia em querer me manter longe, mesmo de longe eu era seu...
– E eu sua! – Ri escondendo meu rosto na curva do pescoço de que riu mais, antes de se afastar minimamente apenas para me olhar nos olhos.
– Eu sempre vou te dizer isso, até que você entenda, nós somos melhores juntos babe! E no que depender de mim vai ser sempre assim! – com a mão em meu queixo, me fez prestar atenção em cada palavra, cada uma delas gravadas em mim e aquela sensação de que eu estava no lugar certo, com a pessoa certa, tomando todo o espaço em mim. Passei minhas mãos pelos ombros dele e o puxei para mais perto.
– Nós vamos cumprir essa promessa! – Disse ao pé de seu ouvido, ouvindo rir baixinho antes de colocar as mãos por dentro do moletom que eu vestia e me causar arrepios com suas mãos passeando pela minha barriga, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa ele me beijou, com vontade e desejo acabando com qualquer resquício de dúvida ou insegurança, éramos um do outro e ponto final.

deixou muitos recados para , alguns eram até para mim, e todos eram para nos lembrar da reunião na casa dele.
Quando começou a anoitecer, foi comigo até o hotel buscar minhas roupas e Jackson não estava lá, me arrumei rápido e fomos direto para casa do , mesmo não querendo, acabamos sendo os últimos a chegar.
– Hmmm... Que lindinha! – Não precisei olhar para saber que era Jackson rindo bem atrás de mim, me virei para ele que levantava as sobrancelhas, parecendo impressionado.
– Fica quieto! – Fui até ele o cumprimentar e que não estava entendendo nada, já que estávamos falando em português, veio logo atrás de mim. Jackson o cumprimentou e logo em seguida me puxou para o corredor, riu e foi encontrar os meninos.
– Olha , não sei o que eu faço com você! – Jackson me analisava de cima a baixo, pronto para me dar uma bronca e foi inevitável, comecei a rir da maneira como ele me olhava – Tá feliz? – Ele me olhou mais de perto e eu acenei que sim com a cabeça.
– Tem certeza criatura? – Ele perguntou mais uma vez e eu ri dizendo que sim, e lhe dei um beijinho no rosto.
– Seja o que Deus quiser! – Jackson rolou os olhos teatralmente e eu lhe abracei bem apertado, eu entendia a apreensão, mas alguma coisa me dizia que nós ficaríamos bem e era nisso que eu acreditava. Jackson pegou sua jaqueta que estava pendurada perto da porta e eu segurei seu braço, sem entender nada.
– Onde você vai?!
– Tem uns amigos meus num clube aqui perto, já tinha combinado de encontrar com eles mas queria te ver primeiro – Ele colocou a jaqueta e se olhou no espelho rapidamente.
– Jura?! Pensei que você fosse ficar com a gente hoje poxa – Tentei jogar meu charme mas Jackson apenas riu negando com a cabeça.
– Eu também quero rever meus amigos né Dona , ontem a noite você perdeu sua chance de me ter como sua ilustre companhia – Jackson mostrou a língua e abriu a porta.
– Se cuidem, amanhã te encontro no hotel? – Ele me olhou desconfiado, não consegui resistir e deixei um sorriso escapar.
– Isso que é uma garota rápida – Ele riu e eu tentei estapeá-lo mas Jackson foi mais rápido – Te amo coisinha! – Ele me jogou um beijo no ar e se virou, saindo rapidamente da casa de . Assim que fechei a porta, vi vindo na minha direção.
– Sabia que eu quase enfartei ontem? – parou com as mãos na cintura, me encarando seriamente como se fosse realmente brigar comigo e eu tentei ficar séria sem muito sucesso.
– Te amo ! Vem me dar um abraço! – Abracei ela bem apertado, meio a contragosto ela me abraçou de volta depois de alguns segundos.
– Você me deixa de cabelo branco, vocês dois vão pagar meu cardiologista! – disse em meu ouvido, logo em seguida me deu um tapinha na bunda rindo da minha cara de indignada.
.... – Tirei meu casaco e pendurei junto com os outros, parou de rir e me olhava com cautela, pegando em minha mão fixou seu olhar ao meu – Tem certeza? É isso mesmo que você quer?
– Tenho! Tá tudo certo – Sorri de leve para ela, que ainda me olhava meio desconfiada, depois me abraçou de verdade, bem apertado.
– Então tô feliz por você – Ela riu e me puxou para a sala, onde os meninos se decidiam entre jogos e filmes, o que fazer primeiro.

e cheio de risinhos e piscadelas tentavam me deixar com vergonha mas eu já estava preparada para as brincadeirinhas idiotas, apenas riu de leve quando o cumprimentei e me disse, como quem não quer nada, que estava com na cozinha. Nem tive tempo de dar uma resposta a ele e senti dois braços passando por minha cintura e um beijo sendo depositado no meu ombro. Era ele.
está te chamando na cozinha – disse baixo e eu me virei para sair, já ouvindo a zoação dos meninos e a risada alta de .
– Ai esse casal é demais pra mim – disse do outro lado da sala – Não aguento! – Ele fingia secar as lágrimas.
– Tão fofinho – abraçou a almofada e eu tentei não ficar vermelha mas foi inevitável.
– Vão procurar o caminhão que vocês caíram – riu mandando o dedo do meio para os dois.
Cheguei na cozinha e estava rindo das brincadeiras, enquanto pegava cervejas na geladeira.
– Se divertindo ? – Cruzei os braços pra ele que riu mais ainda.
– Não tanto quanto você ! – Ele me deu língua e me entregou uma cerveja.
– Vai te catar – veio me cumprimentar, e eu o peguei de surpresa, o abraçando por mais tempo do que ele esperava.
– Obrigada pelas dicas de ontem – Beijei o rosto dele que sorriu tímido.
– Eu sabia que faltava alguma coisa – Ele deu uma piscadinha antes de me entregar mais umas cervejas para levarmos para sala.
Como todo mundo estava com preguiça, fizemos o clássico e pedimos muitas pizzas, decidimos assistir a um filme mas no meio dele todos nós desistimos, porque estava impossível prestar atenção.
– Cara eu ainda quero passar uma temporada viajando sabe, sem pressa – disse encostado no sofá, quando começamos a falar sobre os lugares que eles já passaram, sem conseguir contar direito quantos foram.
– Conhecer de verdade os lugares né – perto dele concordou, e se apoiou em mim, como ele sempre fazia, e quase como no automático uma das minhas mãos foi direto para seu cabelo, enquanto brincava com a ponta dos dedos da outra.
– Conhecer as garotas né, acha que a gente não sabe – riu jogando uma almofada em que riu e concordou com ela com um aceno de cabeça.
– Eu um dia vou passar uma grande temporada no Brasil! – que estava sentada ao lado de , fez todos nós olharmos surpresos pra ele – Que foi, gente?! – Ele riu e eu olhei para , com aquele olhar surpreso e apaixonado dela que somente conseguia causar, com certeza nem ela sabia dessa vontade dele de conhecer melhor o país dela.
– Eu quero conhecer a terra delas, ver como é de verdade!
– Hmmm sei, cuidado que ele é folgado e vai ficar morando lá na sua casa disse e ficou levemente vermelha enquanto tentava acertar com uma almofada.
– Idiota! Tenho dó da mãe da que vai ter que te aguentar na casa dela, eu te expulsaria – disse naturalmente enquanto eu não sabia como reagir aquilo, ao meu lado riu de leve e continuou na mesma posição, despreocupadamente.
– Minha sogrinha já me conhece e sabe que eu sou ótimo! Ela já me adorava aqui em UK mesmo – riu super metido e eu não conseguia mais controlar, entre risadas e bochechas coradas, olhei para e ela estava nos olhando, toda sorridente.
– Hey pode ir parando, vai todo mundo, eu quero ir conhecer o Brasil também! – gritou do outro lado e eu o olhei surpresa.
– Pode arranjar um quarto pra mim lá! – Deu uma piscadinha pra mim e tentou acertar um chute na perna dele sem sucesso.
– Vai nessa! Sem chances ! – gargalhou e de repente e também se meteram na discussão sobre quem ficaria na casa de quem, quem era o mais importante e como eles fariam pra ficar no Brasil sem serem reconhecidos.

Era como se estivéssemos em um mundo paralelo, naquela madrugada todos nossos planos “geniais” eram tudo o que importavam, como quanto tempo conseguiríamos ficar na Austrália, quais eram as melhores ilhas do mundo, quem teria coragem de nadar com tubarões e assim foi madrugada a dentro. Quando e eu decidimos ir embora, já estava amanhecendo e minhas bochechas estavam doloridas de ter dado tanta risada. entrelaçou sua mão a minha e decidimos parar em um parque no meio do caminho, apenas para aproveitar aquele momento.
– Essa noite foi demais – Disse me aconchegando mais a enquanto andávamos devagar pelo parque.
– Estava todo mundo meio louco – Ele riu e tirou uma mecha do meu cabelo que estava caindo no meu rosto.
– As melhores noites são assim, senti falta dessas maluquices.
– Eles também sentiram sua falta! – deu uma piscadinha e beijou o topo da minha cabeça continuando a andar.
Mesmo sabendo que teria que voltar a Nova York em alguns dias, estar ali com , ter passado a noite rindo com todo mundo só me dava a certeza de que era aqui o meu lugar, mesmo que eu tivesse de me afastar as vezes, meu coração sabia o lugar certinho ao qual tinha de voltar e só isso importava.


Voltar para Nova York não foi tão difícil quanto eu temia, todos foram nos levar ao aeroporto, mesmo sabendo que poderia ter mídia por lá não desgrudou da minha mão, e quando nos despedimos com um beijo, ele riu quando eu o empurrei de leve porque já estava atrasada e nós sentimos vários flashes, sem nos importarmos com nada daquilo, abracei todos eles e embarquei para Nova York novamente.
Quando cheguei Matt já sabia da notícia (e não concordava muito com a minha decisão), assim como todos os jornais e revistas já me bombardeavam com perguntas, recebi muitos olhares tortos, mas mesmo sabendo que não seria fácil, eu decidi enfrentar, nós decidimos lutar. A grande diferença era que desta vez nenhum de nós queria deixar o tempo ou a distância vencer qualquer batalha, e eu nos empenhamos mais do que jamais imaginamos, as vezes eu me pegava rindo para o telefone porque estava me contando alguma história louca da turnê, mesmo quando os fusos horários queriam atrapalhar, era nessa hora que ele me provava que eu estava errada, que do nosso jeito aquilo ia dar certo. E surpreendentemente deu, nós resistimos, entre visitas rápidas, ligações e mensagens, fez com que aqueles oito meses que faltavam do meu período de aprendiz no New York City Ballet passassem voando e agora aqui estou, indo de volta a UK. Voltando para casa.

Recebi uma mensagem de assim que entrei no avião, era uma foto dele sem camisa, jogado no sofá da sala com Pheebs sobre seu peito, e na legenda, a razão do meu sorriso mais sincero: “Esperando pra dançar com você na nossa sala, finalmente em casa minha bailarina. Always my wonderwall”
Como se tivesse sido colado em meu rosto, aquele sorriso aquecia meu coração e me fazia contar as horas até finalmente chegar em casa. Agora eu já sabia, seria sempre assim, no que dependesse de nós, aquele amor resistiria!
Epílogo



Alguns Meses Depois….

– Vamos Alice, tente pegar na ponta do pé! – Sorri vendo a garotinha fazer uma careta enquanto estava sentada e tentava se alongar para alcançar o dedão do pé.
– Não consigo professora – A menina reclamou e desistiu cruzando as perninhas e os braços, fazendo manha.
– Na próxima aula a gente melhora isso, vamos terminar o alongamento em pé agora – Chamei a atenção da minha turma que rapidamente fez um círculo e começaram a se alongar do jeitinho delas, se esforçando ao máximo e sorrindo ao final.
Quando dispensei a turma, peguei minha bolsa para sair do estúdio e lá estava ele, com meu sorriso torto favorito no rosto, me esperando.
– Eu adoro ver você dar aulas, essas garotinhas te amam! – me beijou de leve nos lábios, ainda era meio-dia, mas o meu “expediente” dando aulas já havia terminado.
– Um dos meus novos prazeres, poder ensinar o que eu aprendi é tão bom, estou só começando mas percebi que é só ter paciência que elas aprendem tudinho – Abracei ele de lado, enquanto saíamos do corredor da escola.
– Espero que esse seu espírito de paciência se mantenha, porque já ligou umas 10 vezes com medo de nos atrasarmos e ela parece estar muito nervosa.
– Temos que correr então! – Ri junto de que já destravava o carro, facilitando nossa saída.

O lugar era um pouco afastado do centro mas era um local extremamente lindo, cheio de árvores, agora decoradas com várias luzes, a grama cheia de mesas e cadeiras, e aos pouquinhos os convidados iam chegando, tudo estava lindo, apenas esperando o grande momento acontecer.
– Eu vou enfartar, é sério! – Entrei na porta que me indicaram e a primeira coisa que ouvi foi isso, andava de um lado pro outro, fazendo a maquiadora a seguir por todo canto.
– Não vai não, senta de uma vez criatura! – Jackson a pegou pelos ombros e a fez olhar para ele.
– Cheguei, meus amigos! – Tive que rir ao ver erguendo os braços em um sinal de agradecimento aos céus e fui direto até meu vestido que estava pendurado perto do espelho, me troquei em tempo recorde.
– Eu tô passando mal – disse se olhando no espelho pela enésima vez, enquanto a maquiadora terminava a minha maquiagem.
– Vai dar tudo certo, meu amor! – Abracei-a de lado e suspirou, parecendo preocupada, com o cenho levemente franzido.
– Gente, tá certo isso? E se a gente se arrepender?! – revezava seu olhar entre Jackson e eu, que nos entreolhamos e seguramos nas mãos dela com firmeza.
– Ele tá mais nervoso que vo-cê desista do que qualquer outra coisa sua boba, pelo que sei ele tá mais do que determinado, vocês não vão se arrepender! Vai dar tudo certo! – Disse sorrindo e confiante e apenas me devolveu um sorriso fraquinho, antes de fazer uma careta me olhando meio torto.
– Por que vocês não fizeram isso antes de nós?! Facilitaria imensamente minha vida – Não consegui conter a gargalhada que escapou, enquanto tentava me fuzilar com o seu olhar e eu dava de ombros. Não era minha culpa oras.

O casamento de e foi emocionante e surpreendente, a felicidade dos dois, os sorrisos de e as brincadeiras de , não deixavam dúvidas a ninguém que ia durar por muitos e muitos anos. Me sentia honrada de poder presenciar aquele momento, ver aquele amor evoluir, estar por perto em um dos momentos mais incríveis da minha amiga.

No meio da festa, Wonderwall começou a tocar, chamei para me encontrar no meio da pista de dança, ele sorria vindo ao meu encontro, era nossa música, nunca deixamos ela passar.
– Quem diria hein, os dois casando antes da gente! – Disse enquanto me deixava envolver pelo balanço da música, e pelas mãos de em minha cintura.
– Pois é, mas a nossa hora vai chegar e aí você terá que me aguentar pra sempre! – riu e me girou no meio da música.
– Será que você ainda vai gostar de mim mesmo quando eu for uma velhinha manca e rabugenta querendo te arrastar para os bailes da terceira idade? – Só de imaginar a cena, soltei uma gargalhada, seria uma cena e tanto, me acompanhou jogando a cabeça pra trás enquanto ria alto.
– Claro que sim, afinal você vai ter que me aguentar meio careca e surdo – disse perto do meu ouvido, fiz uma careta e mexi nos cabelos da nuca dele, não queria nem imaginar a cena dele careca, balancei a cabeça afastando tudo aquilo da minha mente.
– Que bela dupla hein! Só alegria! – O beijei de leve, sentindo sorrir em meio ao beijo e me puxar para mais perto.
– And after all, you’re my wonderwall – Ele sussurrou ao meu ouvido acompanhando a música, me aconcheguei nos braços dele sabendo que mais do que nossa música, aquela era a nossa promessa.
Eu sabia que em breve seríamos nós ali celebrando nossa união diante de um padre, celebrando o que temos de melhor, celebrando o que aprendemos: Que somos melhores se estivermos juntos. E que isso nunca mudaria.

Fim.



Nota da autora: Oi Meus Amoreeees!!!
Como é difícil dizer adeus pra essa história…. Ela é tão importante pra mim, a primeira que eu tive coragem de postar e a que mais me deixa sorrindo feito boba sempre que vejo que vocês gostam dela tanto quanto eu, BWY foi feita com MUITO carinho desde o primeiro capítulo e espero que tenha feito vocês sorrirem pelo menos um pouquinho ;) Quero agradecer a cada pessoa que leu e comentou, ou não comentou também LSKALSLAS (Não tem problema viu!) Vocês são incríveis! Obrigada por terem dado uma chance a essa história!! Queria muito poder abraçar todos vocês <33
Obrigada por tudo, de verdade! Amo MUITO vocês!
Agradeço a Amanda, minha “”, pessoa que eu mais enchi o saco em relação a BWY e que sempre parou tudo que estava fazendo pra ouvir e me ajudar!! Te amo Sis <3 E as betas maravilhosas, a Flávia e a Laís que foram ótimas comigo, desde o início!!
Fiquem com Deus! E qualquer coisa, já sabem, tô sempre por aqui > tt: @just_aliine ou aqui: Grupo da Fic.
Não esqueçam de me contar o que acharam do final hein!!! Tô morrendo de curiosidade pra saber a opinião de vocês ;)
Miiiil beijoos e até a próxima meus amores!!

Minhas Fanfics:
07.This – Ficstape Ed Sheeran/Finalizada
06.Risk It All – Ficstape The Vamps/Finalizada
Um Ser Só – Luan Santana/Finalizada
Tudo Que Você Quiser – Luan Santana/Em Andamento






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