O nome dele era e ele era amigo do irmão dela, James. Ao longo dos quase cinco anos do curso de medicina de James , o havia visto poucas vezes. A maioria de relance, quando ele estava andando com o seu irmão pela universidade. Uma vez - apenas - em sua própria casa quando descia para buscar um suco e ouviu uma risada diferente. Espiou do alto da escada e lá estava ele, sentado no sofá marrom de couro de sua mãe: Alto, magro, cabelos desarrumados caindo pela testa, óculos de armação fina amparado no nariz, rindo e gesticulando. Porém, tinha uma caneta entre os dedos e dois ou três livros espalhados pela mesa de centro, então de certo, estavam fazendo algum trabalho ou estudando para alguma prova, e ela não quis interrompê-los.
Na verdade, ela quis sim.
Queria descer as escadas, cumprimentá-los e fazê-lo olhar para ela. Queria sorrir para ele, porque ela sempre sorria quando o via, e ver aqueles olhos azuis clarinhos de perto. Mas se deteve quando olhou para a própria roupa de ficar em casa, e logo desistiu de buscar o suco, e de fazê-lo notá-la, com isso, voltou silenciosa para o quarto.
Mas naquela noite de verão, com certeza, seriam finalmente apresentados. E com isso em mente, separava cuidadosamente a roupa para ir ao aniversário do irmão.
A festa de família de vinte e quatro anos de James já havia ocorrido na noite anterior. O Pastor havia dado um grande jantar aos familiares e amigos da Igreja. Naquela noite, entretanto, James iria comemorar o aniversário com os amigos da faculdade, e apesar de raramente ser permitida a sair de casa sem hora para voltar - porque ela, geralmente, tinha que estar de volta à meia noite - o Pastor resolvera abrir uma exceção à filha. Não havia hora limite para voltar, contando que o fizesse com James e, por Deus, não bebesse e envergonhasse a família.
Então ela estava ali, de frente para o guarda roupa. A filha do Pastor nunca poderia vestir um vestido apertado e um par de sandálias salto quinze, mas na verdade, ela não o queria. Separou um vestido preto rendado, que era apertado na cintura e rodado depois disso, e um par de sapatilhas vermelhas. A maquiagem era leve, porque de novo, a filha do pastor nunca poderia sair por aí de batom vermelho, mas novamente, ela não o queria. Então apenas alongou os cílios, cuidou da pele, e corou as bochechas e os lábios. Diferentemente de todas as vezes em que ela se arrumava para sair, não era Beatles ou qualquer banda de rock que tocava em seu quarto. O ambiente estava silencioso, mas uma única palavra ecoava em sua mente repetidas vezes:
.
E foi com um sorriso alegre e confiante que saiu de casa, acompanhada do irmão naquele vinte e seis de junho de 2004.
Primeiro dia.
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Não eram nem dez horas da noite e o pub já estava abarrotado de jovens de medicina e alguns outros cursos. Além de James ser totalmente sociável, sempre haveria aquele amigo do amigo, que chamou o outro amigo e assim por diante. Todos já empunhavam uma caneca de cerveja e abafavam a música com suas risadas altas, e foi necessário que alguém, em um determinado momento, gritasse para anunciar a entrada de .
- Ali está ele! – Roger exclamou, batendo com a caneca na mesa. Todos nós viramos para vê-lo entrar no pub, cumprimentando todas as pessoas que começaram a assoviar, gritar e parabenizá-lo.
Meus olhos, no entanto, haviam parado na pequena garota ao seu lado.
.
Há muito eu sabia sobre a irmã mais nova de Jimmy, mas só havia visto a menina algumas poucas vezes na universidade, onde ela cursava literatura. James, por outro lado, estava sempre citando a irmã em algum assunto ou outro, falando dela com orgulho. Eu não podia culpá-lo, ela era de fato, encantadora.
Apesar de praticamente não conhecer ninguém que estava ali, não tinha nenhum tipo de postura tímida e amedrontada. Andava com um sorriso animado e cumprimentava todos com simpatia.
- Hey, bubba! – levantei e abracei James pelos ombros quando se aproximou, chamando-o pelo nosso apelido mútuo. – Parabéns, irmão! – baguncei seus cabelos, fazendo-o rir.
- Valeu, cara!
Sem demora, todas as outras pessoas pegaram James pelos ombros e o arrastaram para os seus abraços, e a garota ao seu lado sobrou, observando tudo com um sorriso de canto.
- Oi. Meu nome é . – falei, já que era o mais próximo a ela.
Ela olhou pra cima e alargou o sorriso.
- . - Eu assenti. Enquanto ela olhava para mim, pude perceber seus olhos. Eles brilhavam mais do que qualquer um que eu já tinha visto. – Você faz medicina com o meu irmão, não né?
- Infelizmente. – brinquei, fazendo careta e vendo-a rir. Seus cabelos balançaram com o movimento de seus ombros, e a risada dela fez crescer um sorriso em mim.
- Agora eu sei porque ele só fala mal de você. – ela assentiu como se para confirmar seu ponto, dando continuidade à minha brincadeira. Eu estava para responder quando James a chamou e a apresentou para o resto do pessoal, roubando a atenção dela.
Ela logo fez amizade com a namorada de Roger, e passou grande parte da noite conversando com ela.
Já eu, não pude evitar desviar meus olhos para ela por entre as conversas. Era algo sobre o jeito dela... A menina sorria, colocava os cabelos atrás da orelha, depois os soltava e os arrumava de um lado só do ombro, gesticulava enquanto falava, e todos os seus gestos eram, não havia outra palavra, adoráveis. Quando Roger chamou a namorada, se virou e conversou com outras pessoas ao redor. Realmente, ser sociável era uma qualidade de família, porque a menina cativava rapidamente todos com quem conversava. Entre suas conversas leves, seus olhos cruzaram com o meu, e respondendo ao meu sorriso, ela se aproximou trazendo seu suco na mão.
- Não quer uma cerveja? – perguntei. Será que alguém já tinha oferecido isso a ela? Porque tudo bem ser de uma família religiosamente tradicional, mas ninguém estava dizendo que ela iria se embriagar.
- Ah, não, obrigada. Eu sou meio fraca para álcool, por não ter o costume, e se eu chegar em casa um centímetro distante da sobriedade, meu pai abre uma inquisição para mim. – riu conformada.
- Entendo. – falei, lembrando-me a bronca que James contou levar porque chegou uma vez com cheiro de vodca em casa. Até hoje eu me pergunto o que ele passou a fazer dali em diante para disfarçar o cheiro, porque ele nunca deixou de beber. - Mas você gosta?
- Não tanto de cerveja, mas acho alguns drinks ou licores realmente bons.
-Hm... Vem cá então que eu tenho algo perfeito para você. – entrelacei sua mão pequena na minha e a puxei em direção ao bar.
Pedi ao bar tender um suco de frutas vermelhas, com apenas meia dose de licor de groselha.
Não era nada que afastasse alguém da sobriedade, como ela mesma dissera, porque era o que minha mãe costumava beber em suas tardes de sábado em frente à piscina.
olhou receosa para o copo quando o bar tender o colocou diante dela.
- Confia em mim, não vai nem te fazer corar as bochechas. Eu garanto. - incentivei.
Com um suspiro, ela cedeu.
- Ok.
Levou o copo à boca e o provou, sem tirar os olhos dos meus. Depositou o copo de volta no balcão e lambeu os lábios corados pela bebida.
- Nossa, é de mais. – falou com um sorriso.
Sorri de volta, sentindo uma satisfação estranhar crescer em mim por ter conseguido a agradar.
E depois percebi, que o que quer que estivesse acontecendo, enquanto ela olhava pra mim, com aqueles olhos brilhantes dela, já não tinha mais volta.
Dia 546.
.
O tempo não passava.
Cada minuto parecia dar três voltas a mais no relógio para se completar. E quando o relógio dolorosamente girou para meia noite, cada segundo passado parecia me dizer a mesma coisa: Você acabou de perder a garota da sua vida.
Dia 25.
“Verde ou azul?”
“Azul. Estou escolhendo a cor do quê?”
“As asas de um pássaro”
“Acho que então prefiro vermelho”
“Agora já comecei com o azul. Não sei de dá pra colocar o vermelho depois”
“Tenta”
sorriu quando não chegou mais nenhuma resposta, porque podia imaginar a menina bufando e retornando para suas aquarelas, terminando a parte em azul e tentando, por tudo, fazer a mistura com vermelho ficar bonita.
Afastou os livros de imunologia e passou as mãos pelos cabelos, encarando o celular. Desde o aniversário de James, onde ficaram juntos pelo resto da noite, mesmo não tendo mais se visto pessoalmente, os dois conversavam diariamente por whatsapp, e depois de pouquíssimos dias, já compartilhavam um com o outro, por foto ou por texto, quase tudo que faziam.
As fotos dela sempre eram de alguma pintura que estava fazendo com aquarela, ou algum trecho de poema ou livro que estava estudando. O garoto por sua vez, enviava cenas urbanas por onde passava, ou pequenos vídeos do teto do seu quarto, enquanto ele tocava a melodia de alguma música que gostava no violão.
O fato era que havia quase vinte dias que estavam daquela forma e não conseguia parar de pensar nela, mas ainda não havia decido se a chamava pra sair. Era irmã de James, afinal, filha do pastor, que tipo de confusão estria criando se ele se metesse com ela?
Encarou o celular. Os moravam do outro lado da cidade, mas o ateliê que a menina dava aulas e passava horas pintando era apenas a dois bairros de sua casa. Havia pensado em pedir uma foto para ver como o desenho estava ficando, mas movido pela vontade de vê-la, teve outra ideia.
- Pra mim está impressionante. – foi o que falou quando viu as costas da menina subirem e descerem enquanto ela bufava olhando para o desenho.
virou o pescoço rapidamente para trás, encontrando o rapaz parado no batente da porta. A boca dela se abriu levemente em surpresa ao vê-lo.
E ela estava linda.
Vestia uma camisa branca e uma jeans clara, com um avental de pintura todo manchado por inúmeras cores. Os cabelos estavam presos em um coque quase desfeito e tinha a face levemente ruborizada pelo calor que fazia no ateliê.
- . – foi o que conseguiu falar, surpresa.
Ele deu de ombros.
- Acho que fiz uma tremenda bagunça no seu pássaro. Vim tentar te ajudar.
Na verdade, não fazia ideia alguma de como se manuseava um pincel para o efeito sair bom, mas precisava dizer qualquer coisa para justificar sua visita inesperada.
sorriu.
- Vem cá, então. – puxou uma baqueta para ele se sentar ao lado dela, de frente para a tela. - Quer ir com o vermelho? Eu vou fazendo a transição com o laranja. – falou, oferecendo um pincel para ele e indicando a paleta de cores. O garoto apenas assentiu. Os braços deles se roçavam, e o perfume da garota estava no ar, fazendo respirar fundo mais vezes do que o normal.
Poucas pinceladas depois, ele já havia constatado que havia matado o desenho da menina, mas ela não parecia se importar, visto que mantinha um sorriso de canto e continuava seu trabalho com o laranja.
Então ele trocou de cor, voltando para o azul e seguindo o pincel dela com o seu, fazendo traços duplos com ambas as cores.
- Quer para com isso? – ela reprimiu rindo, quando ele começou a entrelaçar os traços, passando a cor dele por cima da dela, esbarrando o pincel dele no dela.
- Quer parar de reprimir minha natureza criativa? – ele pediu falsamente sério, continuando com seu trabalho abstrato. – Por que não se une a mim e faz assim também?
- Natureza criativa... – ela zombou, rindo. – Ok, acho que meu pássaro merece um túmulo depois de morrer dessa forma. Acha que conseguimos fazer um colorido para ele?
riu abafado com a menção da morte do pássaro dela.
- Sem dúvidas. – respondeu, tentando manter a seriedade mesmo que um sorriso travesso lhe escapasse pelas bordas dos lábios.
Então eles basicamente apenas seguiram a natureza criativa deles, e juntos colocaram na tela todas as cores que achavam que combinavam.
Às vezes riam, porque se esbarravam, tanto os braços como os pincéis, e os traços saiam tremidos. Os dois suspiraram quando acabaram, olhando para o resultado, porque todas aquelas cores e todos aqueles traços desviados eram o registro da primeira coisa que estavam fazendo juntos, e ao julgar pelo sorriso nos lábios dos dois, não poderiam ter achado alguém para si darem tão bem quanto um ao outro.
se aproximou levemente dela, tirando a franja dos olhos. Não havia percebido, ainda, que a ponta do dedo estava suja de tinta azul, e acabou fazendo um traço azul celeste em cima da sobrancelha dela.
- Você me pintou? – perguntou risonha, quando sentiu o gelado da tinta, tentando olhar para cima.
- Sem querer! – ele afirmou prendendo o riso. Ela, por outro lado, não disfarçou o sorriso malicioso. Com calma, passou a ponta do indicador numa tinta vermelha e aproximou do rosto dele. apenas assistia curioso sobre o que ela iria fazer. A menina colocou a ponta do dedo entre as sobrancelhas dele e desceu lentamente por todo o nariz, acariciando-o e pintando-o ao mesmo tempo.
O rapaz sorriu enviesado. E por alguns segundos eles trocaram olhares cúmplices.
- Posso misturar essas tintas, também? – falou, olhando para o traço azul no rosto dela, fazendo a entender o que ele queria dizer.
olhou nos olhos dele por alguns instantes, antes de colocar, lentamente, as mãos sobre os ombros dele. Ela deslizou um pouco os dedos, aproveitando o primeiro toque deles e depois parou, assentindo. subiu as duas mãos e segurou ambos os lados do rosto dela, aproximando o seu próprio e colando as testas, apenas sentindo a respiração da menina em seu rosto, e aproveitando para sentir o cheiro dela mais de perto. deslizou as mãos e o abraçou pelo pescoço, fazendo carinho em sua nuca. Submerso no que era estar tão próximo a ela, o rapaz depositou vários beijos ao longo da bochecha da menina, chegando à boca sem pressa. Depositou pequenos beijos ali também, sentindo o sorriso de de formar contra os seus lábios. E sorrindo também, finalmente a beijou, descobrindo que havia algo muito parecido com o paraíso que o pastor pregava, na Terra.
Quando se separaram, tanto quanto tinham uma pequena bagunça azul e vermelha em seus rostos.
E o mesmo sorriso.
Dia 29.
a esperava com a cabeça voltada para baixo, observando o chão. Vez ou outra espiava o relógio e o outro lado da calçada. Numa dessas olhadas para o outro lado da rua ele a viu despontar da esquina e sorriu, vendo-a sorrir de volta e se aproximar toda sem jeito sob o olhar dele.
estava sem jeito porque não fazia ideia de como cumprimentá-lo. Quer dizer, haviam se beijado e conversado todos os dias seguintes. Mas chegar e beijá-lo parecia demais. Assim como apenas apertar sua mão parecia de menos. E o olhar astuto do menino sobre si, enquanto se aproximava, fazia seu corpo agir por si só e corar, suar, e duplicar as batidas do seu coração. O rapaz, no entanto, não parecia haver dúvida alguma do que fazer quando se aproximaram.
Sorriu abertamente quando ela chegou e pegou sua mão.
- Oi. – ela cumprimentou ainda tímida.
- Oi, linda. - curvou-se e colocou a outra mão em seu rosto, depositando um selinho carinhoso em sua boca.
sorriu satisfeita por ele ter colocado logo a relação deles naqueles termos e o abraçou. O rapaz cruzou os braços nas costas dela e a apertou em seus braços, fazendo a garota ficar nas pontas dos pés e rir.
- Abraço de urso, estudos afirmam que é terapêutico, sabia? – descontraiu, vendo a menina ficar mais relaxada.
- Se o Doutor diz... – falou, fazendo-o rir. – E qual é a posologia?
- No mínimo duas vezes ao dia. – o rapaz ajeitou os óculos, dando a ela um olhar esperto por de trás das lentes. – Eu posso cuidar disso pra você.
assistiu enquanto corava e tentava prender um sorriso satisfeito, que acabou escapando pelos cantos dos lábios, deixando-a ainda mais adorável. Ele a beijou de novo, porque estava descobrindo ser uma tarefa muito difícil passar muito tempo sem fazer isso, e entrelaçou suas mãos, levando a garota para dentro da Waffles’s House.
– Já sabe o que vai pedir? – ela perguntou, olhando ao redor, onde havia fotos de diversos tipos de waffles pelas paredes.
O rapaz negou e levou os olhos ao menu, tentando escolher entre todas as coberturas para waffles que a casa dispunha. Seus olhos, no entanto, subiam o tempo inteiro observando a menina escolher. Ela mordia o lábio inferior tornando-o vermelho e tinha a expressão em dúvida, enquanto descia delicadamente um dos dedos pelo menu.
“waffles com , pode?” - Acho que morango com chantili. – a garota declarou. – E você?
- Anh? Eu também. – sorriu constrangido.
E os waffles pareciam realmente deliciosos, mas ficaram em segundo plano, enquanto os dois conversavam, porque descobriram que tinham Beatles, Elvis e Oasis como bandas preferidas em comum, mas discordaram quanto aos animais, os quais ela preferia gatos e ele, cachorros. contou que diferente do pai, que era oftalmologista, ele queria seguir a aérea da cardiologia, enquanto pretendia terminar a faculdade, tirar mestrado em literatura inglesa, e com sorte, lecionar na universidade local, mas que tinha aquele sonho de um dia abrir seu próprio curso de desenho e pintura e não sabia se ia conseguir fazer as duas coisas.
- Sabe, James sorriu estranho pra mim quando eu estava saindo de casa. – a garota falou quando terminaram. Haviam decidido que ainda não era hora de se despedirem, e dirigiu trinta minutos até o outro lado da cidade, onde pudessem andar de mãos dadas sem que ninguém que conhecesse a filha do pastor os visse. – Algo me diz que ele sabia de alguma coisa. E se não foi por mim... – ela cruzou os braços e cerrou os olhos para ele.
- Definitivamente... Culpado. – levantando as duas mãos, fingiu uma careta de arrependimento que fez a menina rir.
- Seu fofoqueiro... – repreendeu, e os dois riram. - Mas não tem problema. O que ele sabe?
O rapaz sorriu de canto e ajeitou os óculos.
- Que eu estou saindo com a irmã dele... E não pretendo parar.
A garota tentou reprimir outro sorriso feliz com a resposta tão natural do garoto. Mas como ele já tinha notado, o canto dos seus lábios a traia, sem que ela ao menos soubesse.
- James vai ficar impossível comigo agora. – ela tentou disfarçar, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.
O garoto conteve um sorriso. Parecia que todos os jeitinhos de incitavam algo nele que o fazia simplesmente querer colocá-la entre seus braços e não deixá-la sair.
Dia 546.
.
Eu não conseguia me mexer. O relógio marcava meia noite e dez, a rua estava vazia. Eu nunca poderia ter imaginado que ela não viria. Eu nunca havia parado para pensar, nem por um segundo, em como seria minha vida sem ela. E a realização de que todo e qualquer futuro dali para frente não a incluiria, ao invés de me apavorar, primeiro me congelou. Minhas mãos continuaram travadas no volante, e meus olhos como se fossem pisotear um pouco mais em cima do meu coração, mais fodido do que nunca, foram direto para o meu pulso.
Para a pulseira azul de tecido já desgastada pelo tempo.
Engoli em seco, tentando lidar com a imagem do sorriso dela quando viu a pulseira pela primeira vez.
Dia 68.
- Caralho, eu vou voltar em casa e buscar minha raquete só pra dar uma raquetada em vocês dois se continuarem assim. – James resmungou, fazendo o casal rir, a menina balançar os ombros para se livrar de
O garoto a abraçava por trás, tinhas os braços compridos cruzados na sua barriga, enquanto mantinha o rosto enfiado em seu pescoço: rindo, mordendo, esfregando o nariz, deixando beijos e o que mais ele pudesse fazer para atiçá-la cócegas. apenas ria, mexendo-se desastradamente nos braços do rapaz, tentando se desvencilhar.
Ele deixou um último selinho na curva de seu ombro, antes soltá-la, e um calafrio gostoso desceu diretamente daquela área e se espalhou por toda a espinha da menina.
- Você precisa arrumar uma garota, Cledwall. – falou, ajeitando os óculos no lugar com um meio sorriso de canto.
- Fale isso para a Judith, aquela loira terrível. A mulher não me dá espaço nem pra chegar perto!
- Um dos pontos negativos de querer sair com sua professora, talvez? – ironizou, terminando de ajeitar algumas pinturas nos varais.
- Ela não é minha professora. Foi. No passado. Semestre passado, pra ser exato. Não tem problema mais.
Ela deu de ombros. Nada tiraria da cabeça do irmão aquela paixonite pela professora de introdução à psiquiatria. A mulher tinha mais de trinta anos, era mestranda em psiquiatria forense e dava aulas numa universidade. amava James, mas de zero a dez, dava a ele chances que beiravam qualquer número negativo.
- Gostei desse. – falou do seu lado, tinha parado ao seu lado com as mãos nos bolsos e olhos concentrados no papel. Era um casal desenhado a nanquim e pintado à aquarela. Eles se beijavam, e onde suas bocas se encostavam, havia uma profusão de cores. O rapaz do desenho, inclusive, usava óculos.
A menina sorriu para ele, dando de ombros. Não se importava de ser pega no flagra. Na verdade, os temas dos seus desenhos ultimamente circulavam bastante em volta de um casal, com muito azul e vermelho.
Estavam na mostra de arte anual. Ela acontecia todo ano na primavera no parque principal da cidade. Por um final de semana os portões se abriam e qualquer pessoa poderia montar sua tenda, barraca, ou mesmo esticar um tapete no gramado e mostrar sua arte. Havia tendas com senhoras expondo seus doces caseiros, homens e mulheres expondo seus artesanato, varais entre as árvores com desenhos e pinturas, - os de , inclusos aqui - e jovens espalhados pelo gramado: uns com gaita, outros com violão, tocando suas músicas para si mesmos ou quem quer que passasse. Era a época favorita do ano da garota, e o que ela mais gostava sobre o evento era que a venda era proibida. As pessoas poderiam oferecer de graça sua arte para alguém ou não, e apenas expô-la. E todos os anos a garota voltava para casa cheia de presentes. Por ser filha do pastor, e conhecida por quase toda a cidade, todos gostavam de paparicá-la. Já os seus desenhos, ela os dava pelo olhar.
Se o olhar da pessoa que passasse fosse capturado pela essência do seu trabalho e ela se perdesse nele por breves segundos, o desenho era dela. gostava de exercitar o desapego, e gostava ainda mais dos sorrisos surpresos e satisfeitos que recebia de volta.
Pegou aquele desenho que gostara, dobrou e enfiou no bolso dos jeans, sentando-se ao lado dele na grama. Ele e James tinham violões no colo e dedilhavam alguma canção que ela desconhecia, mas a garota amava o jeito que se curvava para tocar violão. Por ser alto e esguio, ele sempre tinha que se curvar um pouco mais para tocar violão. Ou lhe beijar. Ele sempre tinha que se curvar para lhe beijar e ela achava lindo. Os dedos compridos puxavam as cordas e o sol batia em seu rosto, enquanto algumas mechas do seu cabelo pendiam na testa. Quando o irmão solava e tinha uma pausa, sempre fazia duas coisas: arrumava os óculos no lugar e levantava o olhar, sorrindo de canto para a garota. Eles tinham acabado de tocar Helter Skelter dos Beatles e a menina irrompeu em palmas, junto com uma dúzia de pessoas que tinham parado para ouvi-los.
Uma das mulheres que estava ouvindo-os continuou no lugar, mesmo quando eles puseram os violões de lado e começaram a conversar. Seus olhos pareciam imersos em um mundo só dela, e um sorriso mínimo despontava dos cantos de seus lábios. observou quando a sua menina sorriu na mesma hora e se levantou apressada, destacando o desenho que a mulher olhava e oferecendo a ela. A moça sorriu, surpresa e agradecida, pegou o desenho com todo cuidado e foi embora. Já sorriu extremamente satisfeita e observou a mulher fazer o seu caminho com o desenho dela em mãos, antes de voltar o olhar para .
O garoto cerrava os olhos para evitar o sol, mas tinha um quê de admiração em suas íris que era difícil não notar. A garota voltou ao lugar meio desconcertada sob aquele olhar, e , mesmo não demonstrando, achou graça do jeito da menina. Aproximou-se e deixou um beijo em sua boca, antes de colocar o violão no seu colo, lhe ensinando algumas notas.
- James, você pode ficar por aqui enquanto a gente dá uma volta? – pediu a menina, já levantando a batendo a palma nos glúteos para limpar o jeans.
- Sem problema. – o irmão respondeu, pegando o iPhone e recostando-se, relaxadamente, numa árvore.
A noite já havia caído quando a abraçou de lado e eles foram passear pela exposição. A mão dele correu pelo braço dela, de cima a baixo, notando a pele arrepiada da garota.
- Tá com frio? – perguntou retoricamente, já tirando a jaqueta jeans.
- Não precisa. – resistiu. Não queria que ele passasse frio por causa dela.
- Lógico que precisa. – o garoto rolou os olhos, ajudando-a a vestir a jaqueta que ficava imensa nela.
- Eu esqueci meu casaco em casa quando saí com pressa. – explicou contrariada, dobrando as mangas que ficaram grandes demais.
O rapaz riu.
- Por que isso é tão a sua cara? – zombou, puxando-a para perto novamente enquanto a menina reclamava.
Faltava apenas uma hora para a exposição fechar. O casal deu algumas voltas, parte do caminho dividindo o doce de framboesa que a garota havia ganhando da Sra. Holmes, e apontando aqui ou ali, desenhos ou pinturas realmente bons.
Pararam perto de um rapaz ruivo que tocava violão, atraídos pela sua voz tranquila.
Ouvir: Photograph – Ed Sheeran.
a abraçou, e ela encostou o rosto em seu peito, sentindo o calor no corpo dele aquecer o dela. Seus pés estavam cravados no mesmo lugar, mas os corpos balançavam levemente junto com o ritmo da música. Não demorou muito, e o garoto ruivo chegou ao refrão, que dizia:
"So you can keep me inside the pocket of your ripped jeans, holding me close until our eyes meet, you won't ever be alone…"
(Então você pode me guardar no bolso do seu jeans rasgado, me segurando perto até nossos olhos se encontrarem, você nunca estará sozinho).
riu pela coincidência, enfiou a mão no bolso da calça, pegou o desenho e o entregou para . Ele sorriu para ela e estava abrindo a boca para agradecer, quando ela pegou o desenho da mão dele, dobrou e colocou no bolso do jeans dele, fazendo o rapaz rir quando entendeu que seus atos estavam conversando com a letra da música. E quando o refrão tocou de novo, ele cantou baixo no ouvido dela:
“... and if you hurt me that's okay, baby only words bleed. Inside these pages you just hold me. I won't ever let you go..."
(E se você me machucar está tudo bem, querida, apenas as palavras sangram. Dentro destas páginas apenas me abrace, e eu nunca te deixarei ir).
A abraçou forte quando cantou “I won’t ever let you go”, daquele jeito que tirava os pés dela do chão, e a garota sorriu, enfiando as mãos na nuca do rapaz, puxando-o para si.
O beijo deles sempre era gostoso. Aquele gostoso que tinha carinho, mas também tinha paixão, intensidade e intimidade. Ele segurava fortemente, enquanto a garota costumava se desmanchar dentro dos braços e da boca dele.
terminou o beijo mordendo seu lábio e sorrindo de canto, e a menina conteve a vontade de ignorar todas aquelas pessoas e puxá-lo de volta.
- Ei, casal – um homem com dreds nos cabelos acenou. – Chega ai!
- Escolham alguma coisa. – falou quando eles se aproximaram, indicando as bijuterias dele. - Vocês tem uma energia muito bacana. – sorriu.
sorriu em agradecimento, já se curvando para olhar as peças mais de perto.
- Eu faço isso, se não se importe. - deliberadamente a pegou pela cintura, tirou seus pés do chão e a colocou de costas para a barraca do homem. A garota riu, ultrajada.
- Como assim?! – reclamou da ousadia dele, virando-se de frente novamente.
- Quietinha ai. – as mãos grandes dele a pararam no meio do movimento, e ela voltou a ficar de costas, sem acreditar em como ele era cara de pau.
não se demorou nada. Apenas alguns segundos depois ele agradeceu ao homem, puxando a garota para ir embora. Ela também agradeceu e se voltou para , indignada.
- Mas o que foi aquilo?
Ele tinha um sorriso satisfeito.
- Não é só porque eu sou pequena que pode ficar me pegando assim, de um lado pro outro – insistiu.
Ele continuou apenas andando tranquilo e sorrindo de lado.
- É sério! – insistiu.
O rapaz soltou uma risada e olhou travesso para ela. Dois segundos depois as pernas dela tinham cedido aos seus braços e ela estava, nada mais, nada menos, do que em seu colo.
No meio da exposição.
- Do que me serve uma namorada se eu não posso pegá-la no colo e trocá-la de lugar sempre que eu quiser? – ironizou, com a expressão cínica.
- HA-HA, idiota. E eu não sou sua namorada...
Ele a lançou um olhar esperto e a colocou no chão. Tinha levado a garota para entre as árvores, onde não havia tantas pessoas.
- Na verdade. – ele fez uma pausa, pegando algo no bolso. – Essa é uma condição prestes a mudar. – avisou.
- É mesmo? – entrou na brincadeira, rindo por dentro do jeito de fazer garça dele.
- É mesmo. – assentiu falsamente sério. Virou a palma para cima e exibiu duas pulseiras de pano coloridas. Uma azul, e outra vermelha.
Observou quando a menina arregalou levemente os olhos e pressionou os lábios, para depois mordê-los contendo o sorriso, encantada.
Ele sorriu de lado pelo efeito, pegou o pulso dela entre os dedos e começou a amarrar a pulseira vermelha. Mas se interrompeu. – Isso se você quiser, claro, ser minha namorada. – perguntou, deixando de lado o ar da brincadeira e sorrindo fofo pra ela.
A garota arfou.
- Posso te beijar primeiro? – perguntou de súbito e ele quis rir.
- Mas que tarada, nem liga para o compromisso. – resmungou, e depois de enfiar as pulseiras de qualquer jeito no bolso da calça, a puxou para seus braços e a beijou, sorrindo.
Porque sorrir era outro segredo dos beijos gostosos.
Todavia, o sorriso aos poucos foi perdendo espaço para o desejo que sentiam um pelo o outro. A garota entrelaçou os dedos nos cabelos macios dele, arranhando sua nuca e enviando arrepios para o corpo inteiro de , que a prensou fortemente contra o tronco da árvore e desceu os beijos para o pescoço dela, beijando e mordendo aquela porção de pele delicada e cheirosa da garota. jogou a cabeça para trás, deliciada com todos os arrepios e sensações que só ele causava nela. Passou as duas mãos pelas costas grandes do menino, enfiando-as por dentro do tecido da camisa dele e o arranhando de leve. Sorrindo malicioso contra o pescoço dela, pegou as duas mãos da garota e colocou na bunda dele. A menina arfou de surpresa e riu em seu ouvido, hesitando apenas alguns segundos antes de apertar a bunda dele com vontade. Enquanto riam, ela o abraçou de volta pelo pescoço e ele voltou a beijá-la na boca, as línguas quentes e úmidas se acariciando sem pressa, concentradas apenas em sorver um ao outro, tentando extravasar a paixão que sentiam. levou uma mão ao quadril da menina e de lá desceu para sua coxa, apertando-a com vontade e se controlando para não envolver as pernas dela em sua cintura e pressioná-la ainda mais contra a árvore.
Quando começou a suspirar entre os beijos e o garoto começou a se sentir enrijecer dentro das calças, achou que era melhor parar. Ajeitou os óculos e apoiou as duas mãos no tronco logo atrás da menina. Descansou a testa contra a testa dela, enquanto retomavam as respirações, roubando selinhos divertidos da boca um do outro.
James reclamou que haviam demorado, mas se calou meio aborrecido, meio divertido, quando viu o estado avermelhado das bocas dos dois. e nem notaram que o mais velho havia percebido alguma coisa. Andavam tranquilos de mãos dadas, o pulso dele carregando o azul dela, e o dela carregando o vermelho dele.
Dia 546.
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- Caralho, caralho, caralho... – bati a cabeça insistentemente no volante enquanto o relógio virava para meia noite e vinte e a rua continuava vazia. Não era de propósito, mas eu me lembrava de como eu amava a sensação da respiração da em meu rosto, e de como eu havia sentido sua falta e continuaria sentido... Porque era algo que estava além de eu conseguir superar. Ela tinha aquele jeitinho encantador que me deixou louco por ela assim que eu pude conhecê-la melhor. Aquela mistura quase apelativa de inocência e coragem, doçura e determinação, menina e mulher, havia sido a fórmula perfeita pra me deixar totalmente na dela desde que nos conhecemos. Quatro anos mais nova, irmã do meu melhor amigo e filha do pastor. Mas foi ela quem me viu transparente, amou-me apesar de todos os meus defeitos, e me deixou amá-la na mesma proporção. Ela confiou em mim quando não tinha nenhuma garantia de que podia.
Não era justo tudo terminar assim, mas me orgulhava de pelo menos tê-la conduzido ao conhecimento de que ela era muito mais mulher, e muito mais independente, do que o pai dela a fazia se sentir.
Não era justo ter sido tudo em vão.
- Do que você tem medo? – perguntou quando travou sob o toque da mão dele na costela dela.
Estavam na cama do garoto. tinha as costas na cabeceira da cama e a menina de lado em seu colo. Duas taças de champanhe pela metade e uma garrafa quase cheia os presenciaram quando eles esqueceram as bebidas e se concentraram neles mesmo. As mãos dela no cabelo dele, as dele na cintura pequena e macia dela. Os suspiros de se misturando com a respiração pesada de no ar. Os beijos intensos, cheios de paixão, e os olhares cheios de carinho. As mãos dele deslizando nas pernas lisas dela, lhe desfazendo das sandálias. O jeito como ela mordeu os lábios quando ele lhe beijou o peito do pé, escorregando todo o nariz pela canela dela, sorrindo com a aquela mistura gostosa de luxúria e ternura, que lhe tirou ar. Ela sorriu de volta, o puxando com a mão pelo pescoço e colando os narizes, sorriram contra a boca um do outro, enquanto as mãos voltavam a mapear seus corpos, apertando nos lugares certos. Havia uma harmonia no jeito que se tocavam, mesmo que aquela fosse a primeira vez que fossem até o fim.
A menina corou de timidez antes mesmo de responder, e conteve um sorriso, porque já sabia do que se tratava.
- Não é medo. É mais... Vergonha. – ela declarou, engolindo em seco.
- Você sabe que não precisa ter vergonha de mim, de nada. – respondeu, afastando os rostos para que ela pudesse ver a verdade em seus olhos. Sua mão continuava em sua costela, flertando de leve com a barra do seu sutiã. Ela mordeu o lado interno dos lábios como sempre fazia quando estava nervosa, olhando para baixo, para o carinho devagar dos dedos dele tão perto dos seus seios. Encheu os pulmões de ar antes de responder:
- Eles são pequenos. É quase como se não tivesse nada aí, para ser sincera. – falou com os olhos baixos, mais corada do que nunca. Havia muita insegurança em seus atos, era verdade, mas também havia uma coragem quase palpável no tom de sua voz e na forma direta que ela expos o próprio medo que adorou. Quis mordê-la, mas achou melhor deixar para depois. Não conteve, entretanto, sua mão de descer e apertar gentilmente a cintura da menina, enquanto a outra mão colocou delicadamente os cabelos dela atrás da orelha, onde os dedos se moveram por toda a linha do queixo, levantando seu rosto para que ela o olhasse.
- Eu acho você tão linda, . Acho que não vai demorar mais muito tempo pra você entender que eu te amo do jeito que você é. – colou o nariz na bochecha dela e sussurrou – Do jeito – levou os dedos para o colo dela, acariciando a pele de leve. – Que você – desceu uma alça da blusa, expondo uma porção maior do decote onde ele passou levemente a ponta dos dedos. – É. – repetiu.
A garota suspirou audivelmente e procurou a boca dele com a sua, o beijando com algo que ele identificou logo na primeira enrolada de língua da garota na sua.
Entregue.
Eles nunca haviam precisado de muitas palavras para se entender, e leu “entregue” por todo o corpo dela. Estava na forma como ela jogava inconscientemente o próprio corpo contra o dele, como ela conduzia o beijo daquela forma intensa, e na forma em que suas mãos apertavam os músculos dos ombros e braços com força, e por que não, excitação.
Ele a beijou de volta com a mesma intensidade e aos poucos foi levantando sua blusa, sem encontrar nenhuma objeção no caminho. Os olhos dele cravaram na pele da garota, e seus dedos desenharam formas abstratas na barriga dela, que se contraia em arrepios.
Quando sua mão se aproximou de um dos seios ele levantou o olhar, e encontrou o mesmo “entregue” que leu no corpo dela, nos olhos, e soube que podia continuar. Beijou o queixo fino da menina, e às vezes sua boca, enquanto descia as alças do sutiã pelos ombros dela. Quando finalmente seus dedos ágeis desprenderam o fecho e a peça escorregou pelos braços de , ele soltou todo o ar que estava prendendo, pela boca. Jogou a peça longe, como se quisesse se livrar dela para sempre.
Eles eram, de fato, pequenos. Mas eram tão lindos que ao mesmo tempo em que ele fez essa constatação, sua boca encheu-se de água pela vontade de prová-los. Não o fez, entretanto, porque naquele momento sua garota o olhava com imensos olhos inseguros, esperando por sua reação. Podia ter falado qualquer coisa, mas preferiu beijá-la e deixá-la sentir pelas suas reações, como ela linda nua daquele jeito e como que tinha mexido com ele. Apertou sua delicada cintura entre suas mãos fortes, e sentiu a garota arfar contra sua boca. Sem demora, seus beijos escorregaram da boca para o queixo, e do queixo para o pescoço, ao passo que sua mão subiu e segurou um dos seios da menina em sua palma.
Sobrava algum espaço, era verdade. Não era um seio cheio e farto que ocupava toda a concha da mão de ... Mas o bico do seio dela, completamente eriçado e durinho roçando contra sua palma da mão o estava levando-o a loucura. Ele o acariciou com o polegar e ouviu a menina suspirar e sem mais poder se segurar, moveu os corpos, deitando-a e cobrindo o corpo dela com o seu. Sentiu as mãos dela massagearem seu cabelo e nuca, e desceu a boca para aqueles pequeninos montes de carne.
E deliciosos era a palavra deles.
Porque eles podiam ter sobrado em sua palma da mão, mas couberam direitinho dentro de sua boca. Na verdade, pareciam ter sidos moldados para caberem exatamente dentro de sua boca. Quando a língua do garoto rolou pela primeira vez no bico excitado dela, ambos gemeram. Ela de surpresa, e ele em deleite. Ele beijou o seio por inteiro, e logo sua língua trabalhou no mamilo eriçado tirando sons extremamente deliciosos da garganta da sua menina, enquanto ele sentia um prazer imenso descer pela sua barriga e alojar-se com um arrepio em sua virilha, e depois, em seu pau totalmente ereto e pulsante. Afastou a boca apenas para dizer:
- Eles são os mais lindos que eu já vi – deu uma mordidinha no bico, sorrindo de lado. - E a coisa mais gostosa que eu já coloquei na boca, meu amor.
sorriu, extasiada, e jogou a cabeça para trás quando ele voltou a beijá-los. desceu as mãos pela barriga dela e acariciou-a na virilha, sentindo a menina arquear as costas por querer mais contato. Dançou com um dos dedos por cima da calcinha dela, ouvindo-a suspirar alto, e depois de algum tempo naquela brincadeira, finalmente afastou o tecido e levou dois dedos à intimidade dela, escorregando-os do início ao fim e encontrando-a extremamente molhada, sorriu satisfeito por ter produzido aquele efeito tendo feito tão pouco.
O quadril da garota logo começou a dançar em sua mão e em troca ele passou a mover os dedos e masturba-la. Enquanto o fazia, subiu a boca de volta para o pescoço dela e mordeu aquela porção cheirosa de carne com vontade, e sentiu as mãos de apertar com força seus ombros, puxando desesperadamente a camisa dele para cima. Ele parou de tocá-la apenas para se ajoelhar em frente a ela e puxar a camisa com pressa, mas perdeu a afobação assim que seus olhos se voltaram para a menina parcialmente nua deitada em sua cama.
Porque era uma visão linda de se ver.
A saia estava embolada na cintura e os cabelos espalhados pelo seu travesseiro, enquanto os seios pequeninos dela subiam e desciam junto com sua respiração acelerada. Tinha as bochechas coradas (não mais de vergonha, ele sabia), e os lábios agora vermelhos entreabertos, para que ela pudesse respirar.
Amava a menina.
E com esse sentimento batendo forte em seu peito, pegou um dos tornozelos da namorada e trouxe até a boca, beijando o ossinho externo e ouvindo-a ronronar em deleite. Deslizou a boca por toda a perna dela, sempre parando para beijar e morder um pouco, até chegar ao quadril onde parou e abriu a saia dela sem pressa, e deslizou de volta pelas penas. Voltou ao quadril da menina e beijou todo o ventre, brincando com a barra da calcinha e sentindo-a contorcer em baixo de si. Subiu os beijos, passando pela barriga, seios, e colo, até voltar ao pescoço dela, atrás da orelha e mordê-la. deslizou as mãos por toda a extensão das costas dele, arranhando as unhas pelo caminho, e devagar, enquanto ela ainda se divertia com suas costas, ele enrolou os dois polegares, um em cada lado das tirinhas da calcinha dela e lentamente começou a abaixá-la.
A reação dela veio rapidamente. enrijeceu e parou as mãos tensas em seus ombros, insegura sobre o que fazer.
levantou o rosto e encostou a testa na dela.
- Eu posso parar por aqui, se você quiser. Não tem problema.
Ela não hesitou para responder.
- Não, eu quero. Eu quero mais disso. – confessou baixinho, forçando o corpo dela contra o dele.
O garoto sorriu e beijou os lábios dela com carinho.
- Prometo fazer de tudo pra ser bom. Pode não ser hoje, mas quero te provar que nós dois somos bons em tudo, quando estamos juntos. – falou, retomando uma conversa bobinha e apaixonada que já haviam tido.
Ela sorriu.
- Acho que você já está me provando isso. – ela sorriu de lado meio travessa, meio desejosa, e retribuiu, aproximando a boca da dela e beijando-a sem pressa enquanto escorregava a calcinha pelas pernas dela. Depositou a calcinha em algum lugar ao lado deles na cama, e segurou os dois tornozelos da menina. Suas mãos subiram de lá pelas suas pernas, apertando as coxas e delineando os quadris, até chegar de volta aos adoráveis seios. Ele os beijou para umedecê-los com saliva e depois acariciou ambos os bicos com os polegares, vendo a menina soluçar de excitação e cruzar as pernas em volta da cintura dele, fazendo o sexo molhado dela se pressionar contra a pele do seu ventre.
E sem querer, enquanto provocava-lhe nos seios e beijava lhe o pescoço, começara a fazer a coisa mais erótica e gostosa da qual já tinha provado sexualmente. Por instinto, a namorada passou a deslizar o quadril em movimentos pequenos contra o dele, procurando fricção em seu sexo. O rapaz ficou um ou dois minutos extasiado com o sexo molhado da menina sendo esfregado delicadamente, e melhor, inconscientemente, em sua pele. E ao contar pelos gemidinhos que começaram a sair da garganta dela, desvia estar uma delícia se esfregar nele daquele jeito.
Era tão natural, tão primitivo da parte dela fazer aquilo que ele achou lindo, e decidiu que a deixaria aproveitar aquela pequena sensação por mais algum tempo. Curvou o corpo e a beijou lentamente, movendo sua língua contra a dela sem pressa, sentindo-a puxar com força os cabelos e apertar as pernas em volta dele com ainda mais força. Um gemido mais alto se desprendeu da garganta dela, e a garota se esfregou ainda mais nele, desejando mais contato, mais fricção em seu clitóris. Ainda beijando-a lentamente apenas para provocá-la, colocou as duas mãos na bunda da menina e pressionou ainda mais o sexo dela em si, passando ele mesmo a conduzir o quadril dela naquele vai-e-vem gostoso na pele dele, e logo não foi mais capaz de acompanhar o beijo e começou apenas a gemer e ofegar na boca dele. Sem conseguir se segurar muito mais, com o pau latejando e implorando por alguma atenção teve alguma ideia. Podia sentir a garota tremendo em baixo de si, e soube que ela estava quase chegando lá apenas com aquelas esfregadinhas. Mas era a primeira vez da menina e ela merecia mais.
Afastou minimamente seu quadril do dela interrompendo a fricção e a garota lamuriou em protesto. deixou um selinho rápido contra a boca dela como quem diz “espera” e se afastou, saindo da cama. Ela o assistiu, ansiosa, enquanto ele descia o zíper dos jeans e abaixava-o, fazendo o mesmo com a cueca, em seguida. Levou uma mão à ereção envolvendo-a, acariciando-a e fechando os olhos em prazer.
assistia tudo com um lábio preso entre os dentes, sentindo seu sexo pulsar de vontade. Ver seu namorado lindo nu, com o rosto contorcido em desejo e prazer acariciando a si mesmo era uma das visões mais impressionantes que ela já havia tido. E naquele momento, loucamente excitante.
Ele não se demorou em seu toque, e logo voltou para cima dela. Segurou o pênis pela base e guiou em direção ao sexo dela, enquanto voltava e se curvar sobre a menina e beijar-lhe o pescoço. Ele deslizou a boca pelo queixo dela, e ao mesmo tempo em que seus lábios alcançaram os dela, seu pau encostou-se em sua bocetinha molhada e ela gemeu baixinho contra ele, deleitando-se com a sensação do sexo rígido e macio do namorado escorregando em sua intimidade.
Com uma das mãos, guiava o membro pelo sexo dela, friccionando no clitóris, fazendo-a voltar a gemer em baixo de si. Com a outra mão ele se apoiava no colchão, a boca ainda na boca dela, beijando seus gemidos enquanto as mãos dela enterravam-se em seus cabelos.
Ele permaneceu naquela fricção por algum tempo. Os gemidos de aumentaram, transformando-se em soluços, e as mãos dela, perdidas, não sabiam se permanecia arranhando-o nos ombros ou puxando-o mais para perto pela nuca.
Ela chegaria ao orgasmo em pouco tempo, se deixasse. Mas ele lhe acariciava o clitóris com a cabeça de seu pênis por algum tempo, e quando a menina dava sinais de que iria gozar retirava o contato, apenas o esfregando na entradinha da garota, estimulando a vontade dela de tê-lo ali também.
Quando as unhas dela, entretanto, passaram a fincar com força em seu ombro e os gemidos a saírem mais altos e lamuriosos, ele decidiu que já havia a provocado o suficiente. Colocou apenas a cabecinha na entrada dela e começou a meter de leve, do jeito que ela já estava gostando, e com o indicador, passou a masturbá-la no seu ponto de prazer. Os gemidos aumentaram e as pernas dela cruzavam e descruzavam em torno de sua cinturam, inquietas. As mãos dela apertavam suas costas e não demorou quase nada para arquear as gostas e gemer longa e deliciosamente, gozando e apertando a vagina em volta dele. arfou pelo estímulo e reuniu todas as suas forças para esperar a menina se recompor do orgasmo. Enterrou o rosto no pescoço dela, enquanto esperava e mesmo sem se mexer mais, deixou a cabeça do pênis lá, aproveitando as contrações involuntárias que os músculos dela estavam fazendo.
A garota ficou algum tempo apenas ofegando e recuperando a respiração, mas em dado momento enfiou os dedos no cabelo do namorado e acariciou de leve, sentindo ele se mover e trazer o rosto de frente para o dela.
- Posso continuar? Não vou demorar. – ele falou. Tinha a face retorcida em um desejo contido e os olhos ansiosos.
Ela sorriu.
- Vai em frente. Me faz sua de uma vez. – brincou, mordendo de leve a ponta do nariz dele.
Um gemido abafado saiu da garganta dele e descansou a testa contra a dela e voltou a meter de levinho em sua entrada, acostumando a menina com a sensação. Quando ela pareceu voltar a se excitar, mordendo os lábios e murmurando baixinho alguns “ahs” e “ohs”, ele começou a introduzir mais, e a cada nova estocada, era mais um centímetro dele para dentro dela.
O rapaz mordia os lábios com força porque a garota era tão apertada, tão deliciosa, que tinha que se segurar para não meter tudo de uma vez e possuí-la do jeito que o seu corpo pedia. Continuou então com aquela dança lenta, porém infinitamente gostosa, fazendo amor, metendo devagar, cada vez mais, ouvindo-a gemer seu nome baixinho, se apertando nele, pra ele...
Deliciosa, deliciosa. Em algum momento, porém, a face dela contorceu-se em dor e ela arfou alto. parou na hora, observando o rosto contraído da menina. Ela tinha os olhos assustados e mareados, e mesmo morrendo de tesão, ele não teve dúvidas sobre parar tudo naquele momento.
Estava retirando o pênis de dentro dela quando as pernas da garota cruzaram-se em sua cintura, impedindo-o.
- Não, não... Termina. Eu acho que já foi. – ela explicou, referindo-se ao rompimento do hímen.
- Tem certeza?
- Uhum. – murmurou em resposta, puxando o rosto dele para perto de novo.
Encostaram as testas e os narizes e ele voltou a investir. Começou devagar, assistindo de perto todas as reações do rosto dela, e mesmo que ela ainda tenha demostrando desconforto no início, com o tempo a garota começou a relaxar e voltar a se excitar.
E naquela confusão de corpos, suor e gemidos, o rapaz acabou naturalmente se enfiando todo no calor dela, e depois disso não foi preciso muito tempo para que ele terminasse. Enfiou o rosto no pescoço da menina e depois de algumas últimas e deliciosas investidas, ele finalmente deixou um gemido de profundo alivio sair, enquanto gozava dentro dela.
Deixou o corpo cair por cima do dela, sentindo-se tremendamente satisfeito.
- Meu Deus, você é muito gostosa. – falou ainda arfando, voltando a se apoiar nos cotovelos e segurar o peso do seu corpo.
A menina riu com gosto.
- Eu também te amo, tá? – ela falou brincando, mas tinha os olhos cheios de carinho.
O garoto riu e a beijou, retirando o pênis.
- Foi tudo bem? Eu te machuquei? – perguntou, observando-a com atenção.
A menina sorriu e negou, depositando um selinho na boca dele e murmurando um “foi perfeito”. Ele sorriu de canto satisfeito e a abraçou, murmurando um “eu te amo tanto, minha menina” no ouvido dela, e ronronou de satisfação. Algum tempo depois a garota procurou pela calcinha na cama e a vestiu, e ele fez o mesmo, buscando a cueca no chão com o braço. Então deitou e viu que ela continuava sentada, procurando algo com os olhos e tampando os seios com braços. Riu discreto, olhando de rabo de olho para o sutiã que estava do outro lado do quarto, se dependesse dele, ela nunca o acharia. estava para levantar e procurá-lo quando ele a segurou pelo pulso.
- Aonde pensa que vai? E por que esse braço aqui, hm? – sentou-se e a abraçou por trás, tirando o braço dela da frente dos seios.
- Para, seu chato. Quero por minha roupa. – falou, tentando voltar a se tampar.
- Ah não! Fica comigo assim. Você é tão linda. – escorregou o nariz pelos ombros dela, envolvendo os dois seios dela com as mãos.
- Para! Eu tenho vergonha. – ela reclamou, fazendo-o rir.
- Já sei! Tive uma ideia, vem cá - Ele puxou a menina pelas mãos, que foi a contragosto. Deitou ambos de lado e a aninhou dentro dos seus braços. - A gente os deixa aqui, contra o meu peito, tá bom? Escondidinhos, assim não tem problema, tem? – ele apertou o corpo dela contra o dele forçando os seios da garota em seu peitoral, fazendo-a rir.
E achou encantadora a ternura do namorado com ela se contrapondo com tudo que tinham acabado de fazer.
- Bobão. – ela negou com a cabeça, levando um dos dedos para acariciar o nariz do namorado, sentindo-se leve, feliz e amada.
Amada, principalmente.
Dia 407.
- Abro esse pequeno culto em nome do Nosso Senhor Jes...
- Pastor. – uma voz tímida o interrompeu.
- Sim, Erin? – respondeu, com gentileza, sem mostrar nenhum problema pela interrupção.
Estavam na sala da família , onde uma vez por semana, o pastor gostava de fazer uma seção de oração e leitura de passagens bíblicas com jovens e crianças.
- Eu esqueci a minha bíblia em casa, hoje. – a garotinha falou envergonhada.
O pastor sorriu.
- Não tem problema, Erin. Alguém mais esqueceu? – perguntou, vendo Timothy levantar a mão também. Pediu um minuto e se afastou. Pegou a bíblia que ficava sobre o aparador do hall e entregou para Tim e procurou a de sua mulher para Erin, mas sabia que a Sra. costumava andar com ela na bolsa quando não estava em casa. James estaria dormindo, mas o quarto de já tinha a porta aberta. A cama estava arrumada, mesmo sendo apenas dez horas da manhã de um domingo. A menina tinha saído um pouco antes para um almoço de família na casa do namorado, mas não tinha deixado bagunça alguma para trás. O pastor aprovou mentalmente a organização da filha, e procurou a bíblia na escrivaninha. Depois se lembrou de que ela costumava a guardá-la no criado mudo ao lado da cama, para poder lê-la antes de dormir.
Havia criado muito bem a sua garotinha, pensou. Ela havia crescido e passado pela adolescência sem nunca o dar trabalho algum, nenhuma dor de cabeça. Era um exemplo de filha para as demais famílias. Sempre seguira todos os dogmas da Igreja e respeitava à regra a religião daquela casa. Não bebia, era estudiosa, não o importunava para sair ou ir às festas, era uma filha cuidadosa e carinhosa, respeitava o toque de recolher e estava namorando um rapaz de futuro promissor de uma família rica. Deveriam se casar depois que terminassem a faculdade, e ele mesmo iria conduziria a cerimônia. Seria épico, e desde que sua filha estivesse casada e não pudesse mais lhe dar nenhuma preocupação de desvio de caminho, poderia se preocupar apenas com James, que tinha uma desobediência nata e um desinteresse preocupante pela religião desde que nascera...
Abriu a gaveta, sentindo-se mais orgulho impossível de .
E achou bem em cima do Livro Sagrado, uma cartela de anticoncepcionais.
***
- Me liga quando for dormir? – pediu, roçando o nariz no dela.
- Uhum. – murmurou de volta, sorvendo o perfume do namorado enquanto se despedia.
se curvou mais sobre o banco do carro e com uma mão em sua nuca a beijou. Suas línguas se acariciaram por um tempo, enquanto seus lábios deslizavam com uma familiaridade gostosa pelos dele. O rapaz subiu uma mão pela coxa dela e apertou a pele de baixo do vestido, fazendo a menina rir contra sua boca.
- Pode parar, taradinho. Você não fica satisfeito nunca? – brincou. - Eu tenho que ir, se não meu pai estranha a demora. – deu dois selinhos na boca do namorado e saiu do carro, o vendo ajeitar os óculos e observar ela andar tranquila pela entrada de casa.
- Tchau, linda! – ele despediu dando partida, e finalmente entrou em casa, com um sorriso gigante nos lábios.
Para achar seu pai sentado na escada do hall, com uma expressão furiosa no rosto.
- Pai, está tudo bem?
Ela não conhecia aquela expressão no rosto dele. Toda sua face estava avermelhada, e seus olhos pareciam mais fundos do que o usual. Sua testa estava tão enrugada que formava grossos vincos de pele, e havia uma fúria enlouquecida brilhando nas íris do pastor, que fez a menina dar dois passos para trás.
Ele se levantou silencioso e foi até ela com pressa.
- O que eu vou fazer... – a segurou pelos cabelos, fazendo os olhos da menina se arregalarem. –... COM UMA FILHA VAGABUNDA?
- O que? Pai, para! – e menina tentou se desvencilhar, mas o pastor enroscou os cabelos dela no pulso, puxando com força.
- Me diz, , do que me serve uma filha desonrada?! – gritou, puxando o cabelo da menina para baixo, fazendo-a gritar de dor.
- Para, pai! – gritou de volta, sentindo as lágrimas lhe escaparem dos olhos.
- Eu nunca imaginei que uma puta dormia debaixo do meu teto! Não aguentou ficar sem abrir as pernas, não é? Tinha que dar para o primeiro que perdesse dois ou três minutos com você, não é? Ou você acha que ele te considera alguma coisa? Mulheres como você são feitas para homens se divertirem enquanto procuram a esposa perfeita, sua idiota!– exclamou, enquanto puxava a filha pelos cabelos para a escada. – Você não tem vergonha?!
sentia grossas lágrimas escorrendo por seu rosto. Nunca havia visto tal face do pai e nem em mil anos poderia imaginar uma reação daquelas.
Era humilhante.
Doía ouvir aquelas coisas da boca dele. Era seu pai, afinal. Era o homem que costumava a colocar no colo quando ela tinha medo da chuva.
- E não pensou, nem por um minuto na sua família? – continuou, puxando a menina pelos degraus. – Pra onde vai a minha reputação com uma filha desonrada?
- Pai, por favor... – implorou, sentindo a cabeça latejar.
- Sua fedelha nojenta! Depois de tudo o que eu te ensinei sobre castidade! Sobre se manter santa até o casamento! Que decepção...
O pastor a olhou com verdadeiro nojo, e a menina só queria sumir.
As palavras do pai grudavam em sua pele a fazendo se sentir miúda, pecadora e imunda.
Levou a filha ainda pelos cabelos até o quarto e a jogou em cima da cama.
- Você não sai desse quarto até eu permitir, me ouviu? A partir de agora você está proibida de sair de casa a não ser para a faculdade. Você vai deixar tudo pra trás, está me ouvindo? Você vai se manter na linha, por bem ou por mal, desgraçada. Pense em tudo o que você fez. – falou, com ódio nos olhos. - E principalmente, esqueça que aquele garoto existe.
- Não! - a menina gritou por impulso e em seguida viu o braço do pai se erguer. No segundo seguinte sentiu uma ardência arrebatadora em seu rosto, que fora lançado para o lado com o tapa que levara.
- Pai... – chorou.
- Não me chame de Pai. – o pastor falou secamente, puxando a bolsa da menina e virando-a para baixo, fazendo todo o seu conteúdo cair no chão.
viu quando ele pegou seu celular e guardou no bolso, saindo do quarto e trancando a porta por fora.
E tudo que a restou fazer foi chorar como nunca havia feito antes.
Dia 408.
“Tá em casa?”
“To cara”
“Sua irmã está com o telefone desligado desde ontem. Ela está bem?”
“Não sei cara, mas alguma coisa aconteceu”
“Como assim?”
“Quando eu cheguei em casa ontem, meu pai estava estranho, e aporta do quarto da já estava fechada, mas era só seis da tarde. Dava pra ouvir ela chorar do lado de fora, mas meu pai proibiu eu e a mãe de falar com ela. Parece que ela está de castigo. O que houve?”
“Não faço ideia. Ela está no quarto até agora?”
“Sim. Acho que meu pai está com a chave. Mas tá estranho, cara. Isso nunca aconteceu antes.”
“Merda. Me dê notícias”
“Pode deixar.”
Dia 409.
“Porque nem você e a vieram pra faculdade hoje? O que tá acontecendo?”
“Ela está presa no quarto até agora. Seja o que for que aconteceu cara, foi sério. Meu pai não quer a deixar sair, e eu fiquei em casa pra botar alguma pressão. Minha mãe está enfurecida com ele.”
Dia 410.
“O que está acontecendo nessa casa? Vocês não vão vim pra aula de novo?”
“Meu pai ficou louco, cara. Ele descobriu. Descobriu que a não é mais virgem e ela tá proibida de sair de casa. Seu nome virou a mesma coisa que Lúcifer dentro dessa casa.”
“O que?”
“Ele proibiu tudo. O namoro também. Sinto muito cara, mas tá foda aqui. Minha mãe só chora, só o meu pai pode se aproximar do quarto da e eu não sei o que fazer. Tô tentando convencer ele a deixar ela ir pra faculdade. Te dou noticias”
Dia 546.
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Meia noite e meia e ela não veio. Não dá para acreditar em como tudo tinha mudado tão de repente, e como perdê-la passou de uma possibilidade minimante remota, para um fato cotidiano que eu tinha que lidar. Parecíamos tão certos quando estávamos juntos que era difícil de acreditar que seguiríamos separados. Eu nem ao menos sabia para onde ir sem ela. Depois de , todos os outros caminhos pareciam sem graça. Ela havia me mostrado outra perspectiva do que é amar alguém e se amado de volta na mesma proporção, e depois dela eu seguiria em frente, mais sozinho do que nunca. Eu nunca poderia imaginar que “solidão” era um estado que poderia mudar de intensidade.
Mais sozinho ou menos sozinho.
Sem ela eu nunca poderia saber.
Dia 417.
Ela estava mais magra.
Magra, pálida, abatida e assustada.
soltou todo o ar pela boca, destruído, quando a viu daquele jeito. A menina correu para seus braços e enfiou o rosto no peito dele, apertando o corpo do garoto entre seus braços finos.
Ele a apertou de volta.
- Senti tanto sua falta. – falou contra os cabelos dela, ouvindo a menina fungar baixinho.
- Desculpa... – ela falou, sua voz abafada pelo tecido da camisa dele.
- Você não tem culpa de nada, minha linda. – respondeu, afagando os cabelos da menina. Levantou o rosto da garota carinhosamente, limpando as lágrimas dela com os polegares. – A gente vai dar um jeito nisso, você vai ver. – garantiu, olhando nos olhos dela.
mordeu os lábios e negou com a cabeça como se dissesse que não sabia como, e engoliu em seco, porque também não sabia.
- Ei, como você escapou? – perguntou, já que não tinha nada melhor para confortar a garota.
Ela deu um sorrisinho.
- James está distraindo ela. – deu de ombros.
Jenny, a sobrinha mais velha do pastor, sempre teve uma queda totalmente descarada pelo primo. Ela e nunca se deram muito bem, e era ela quem estava vigiando a menina na faculdade a pedido do pastor. A história que havia se espalhado pela família , era que o pastor havia descoberto que vinha de uma família profana, - quando na verdade a religião de seus pais era apenas espírita - e logo o rapaz não era a pessoa certa para ter um relacionamento com a sua filha.
assentiu, roçando seus lábios pelo dela. Tão logo ela deu passagem e ele iniciou um beijo cheio de carinho e saudade. Queria pelo menos, por meio daquele ato, passar alguma segurança para sua menina.
Pouco tempo depois ela interrompeu o beijo, meio culpada, olhando para ele sem graça.
- Eu tenho que ir. James disse para eu não demorar.
- Tudo bem. – deu um selinho de despedida nela. – A gente se vê.
Ela mordeu os lábios.
- É a gente se vê. – e desconcertada, foi embora.
Dia 437.
- Você devia cantar mais vezes.
- Eu não devia era não ter tomado àquela quarta garrafa de cerveja, isso sim.
- Não, você foi incrível! Quando cantou Oasis, o bar inteiro parou para ouvir. – Mercedes falou, dando um toquinho no ombro de com o seu.
Estavam no campus da medicina, passando o tempo do intervalo perto da cantina.
- Não tanto quanto parou quando você e Brianna fizeram a performance de Lady Marmalade, sabe. – brincou com a colega de classe, fazendo-a rir.
- Bom, a gente se exaltou... – ambos riram. - Ei, o pessoal está combinando de voltar lá no karaokê essa sexta. Você vai né?
hesitou por alguns segundos.
Não se acostumava com a situação.
Sextas feiras à noite costumavam serem os dias de ficar com . Eles costumavam sair pra comer, ou ir para a casa do garoto assistir algum filme, ainda com a desculpa de sair para comer, claro. Entretanto, havia três semanas que não via a namorada. Sabia por James que a menina continuava trancada em casa, e vigiada na faculdade. Não podia fazer nada, não podia aparecer, não podia ligar porque nem celular ela tinha; e ficar preso em casa apenas pensando nos problemas o estava fazendo cada vez mais mal.
- Claro, só não me espere cantar dessa vez.
Mercedes riu.
- Ah, depois de umas cervejas você vai! – brincou.
Atrás dos dois, acompanhava a conversa com um lábio entre os dentes.
- Amor? – chamou, vendo o menino virar automaticamente ao escutá-la. Ele abriu um sorriso imenso quando viu que ela era.
- Linda! – exclamou, puxando ela para os braços.
- Ei. – falou contra o tecido da camisa dele, já que ele ainda a apertava.
- Que saudade imensa de você. – falou com os lábios encostados na testa dela.
- Eu também. – a menina assentiu. Olhou pros lados e Mercedes já havia ido embora.
- Então, como estão as coisas?
A menina murchou.
- Ah, tudo na mesma. Ele não me deixou voltar ao ateliê ainda, nem sair de casa hora nenhuma, a não ser pra vim pra cá. Não tenho celular, não tenho computador, meu Deus, como ele espera que eu consiga fazer meus trabalhos da faculdade sem poder falar com ninguém? Eu nunca pensei que meu pai pudesse ser assim...
O namorado assentiu.
- Você já tentou falar com ele?
A menina sorriu tristemente.
- Não se conversa com ele. Mesmo assim, eu já tentei e não dá. Eu não posso nem chegar perto dele, ele me olha como se eu fosse... – o rapaz viu quando os olhos da menina se encheram d’água e a puxou de volta para seus braços.
sentia-se indignado pela situação. Céus, estavam no século vinte e um, não era possível o homem prender a filha daquele jeito dentro de casa!
- A gente tem que fazer alguma coisa, . Não dá pra continuar assim!
A menina angustiou-se, sentindo o coração apertar.
- Não dá, desculpa...
Dia 474.
Ela tinha dito sim.
Ela tinha dito sim.
E ele estava nervoso como o inferno.
Céus! O que falaria para a mulher? O que usaria? Onde raios a levaria?
Não era todo dia que sua professora de psiquiatria forense aceitava finalmente sua insistente tentativa de sair com ela.
Talvez pudesse ajudar.
Infernos... O que estava pensando quando chamou a mulher para sair? Agora não sabia nem por onde começar aquele encontro.
- ? – bateu na porta da menina. – Posso entrar?
- Ah, James...
- Você não vai acreditar, você não vai, literalmente, acreditar – gargalhou, entrando no quarto da menina e a encontrando de costas debruçada em um livro. – Seu irmão é foda. Simplesmente. Foda.
- Hm, o que você fez? – perguntou, ainda de costas e o irmão a estranhou por não ter se virado.
- Vire-se e olhe para a face do sucesso! – brincou, colocando as mãos na cintura.
-Ah, James, eu estou ocupada...
O garoto estranhou a esquiva da irmã.
- Tá tudo bem? – parou ao lado vendo a menina abaixar a cabeça. – Ei, o que houve?
Quando a menina suspirou em redenção e olhou para ele, James entendeu porque ela se esquivava.
Tinha os olhos vermelhos e trilhas ainda molhadas de lágrimas pelas suas bochechas. Os olhos tristes e angustiados da irmã fez com que seu coração apertasse. Ele agachou ao lado dela.
- O que foi?
limpou a face antes de falar, e o irmão a pegou pela mão e levou para se sentassem na cama.
- Não vai durar, James, não vai. – falou olhando para o chão.
-O que não vai...
- e eu. – a menina levantou os olhos. – Não vai durar mais muito tempo, James, não assim. Faz quase um mês que eu não o vejo.
- , me escuta. Uma coisa que eu sei é que aquele cara te ama. Eu não falaria isso se não tivesse certeza!
A menina deu de ombros.
- Não basta... Não quando a gente não pode alimentar isso. Daqui a pouco não vamos ter nem mais um relacionamento, James. Não sem nos ver. Eu já sinto que eu estou o perdendo...
O irmão tentou argumentar, mas a menina continuou com a voz cada vez mais embargada.
-... E eu sei que ele está tocando a vida dele. Eu não o culpo. Não é ele quem tem que ficar preso dentro de casa. Eu o vi agora a pouco, quando voltava da igreja com os nossos pais. Estava na frente daquele pub do seu aniversário, ele e um monte de gente, um monte de meninas, rindo e conversando... Uma hora ele se esquece de mim, sabe? Uma hora ele conhece outra garota que vai estar ali, sem todos esses problemas, sempre disponível pra ele... E o que eu vou poder fazer? Não vai ser culpa dele, afinal...
Ela já estava chorando, e James sentia um nó terrível na garganta ao ver a irmã daquele jeito. Fazia sentindo tudo o que ela havia falado, mas se ela ao menos soubesse como reclamava a falta que sentia dela...
- Ei, shhh. – ele a abraçou. – Não fica angustiada assim, . Se for pra dar certo vai dar... Vocês se amam, droga, vocês eram o casal mais bonito que eu já vi. Vocês vão superar isso, é só uma distância boba...
- Não é só uma distância boba, James. – a menina reclamou ainda com o rosto enterrado em seu ombro.
- Tá, sua chata, me deixa tentar te consolar, caramba... Já sei, você deve estar sentindo falta dele, não é? Eu vou arrumar um jeito de vocês se verem.
- Não, não se mete nisso, se o pai descobre vai sobrar pra você também, vai que ele não me deixa nem te ver mais...
- Shhh. Você se esquece de que eu sou absolutamente foda. Fique tranquila, eu vou dar um jeito. – plantou um beijo na testa da irmã.
E Judith que perdoasse, mas ele investiria em Jennyfer também.
Dia 484.
A garota sentiu duas mãos em seus olhos.
Aquele perfume...
O coração disparou.
- Adivinha quem é? – a voz dele soprou em seu ouvido, e a menina sentiu arrepios descerem por toda sua espinha.
Ela se remexeu toda para se livrar das mãos dele e virar de frente.
E era ele mesmo. Estava lindo como sempre, mas sentia tanto a falta dele que parecia ainda mais bonito.
Os lábios vestiam um sorriso alegre de canto que chegavam até seus olhos, azuis clarinhos, que a encaravam com expectativa por trás das lentes dos óculos.
- Eu não acredito! – ela exclamou, colocando a mão sobre a boca.
- De carne e osso! Pode apertar aqui se quiser comprovar – o namorado fez graça, oferecendo o quadril.
gargalhou alto como não fazia há tempos.
- Céus! – exclamou, se jogando no abraço dele cruzando os braços atrás de sua nuca. – Como isso aconteceu?
- James. – o garoto explicou rapidamente e sem demora colou os lábios sobre os dela, sem enrolar para beijá-la com toda a saudade que sentia. Envolveu o corpo delicado da menina em seus braços e a tomou para ele. Puxava tanto para si que a fazia ficar nas pontas dos pés. A menina amava, na verdade, ela estava deliciada com o tanto de saudade que o namorado demostrava em todos os toques pelo corpo dela.
- Ei, easy boy, as pessoas vão ver. – separou o beijo, mas o garoto não a deixou sair de seus braços.
- Acho que não estou dando à mínima – ele deu de ombros, pronto para voltar a beijá-la.
- Aí você lembra que isso pode chegar aos ouvidos do meu pai e volta a dar a mínima, hm? – ela o lançou um olhar esperto e o levou pela mão pelos corredores da faculdade de letras.
- Falando nisso, nós temos que fazer alguma coisa sobre o seu pai, , ele não pode agir assim. Isso é tão absurdamente errado, que eu nem sei por onde começar!
- Shhh. – a garota colocou o dedo sobre a boca dele, entrando em uma sala vazia e fechando a porta. – Não vamos falar do meu pai agora, logo no único tempo que nós temos juntos. – a garota pediu.
Na verdade, queria sim falar sobre aquilo com a menina. Não achava certo a namorada aceitar aquela situação como se o pai não estivesse fazendo nada de mais, ela tinha que se impor de alguma forma, ele a ajudaria, estaria junto com ela o tempo inteiro, só precisavam conversar e ter alguma ideia...
- Não, , é sério...
- Por favor? Quando eu estou em casa isso é tudo sobre o que eu consigo pensar. Eu não quero pensar nisso também logo quando eu estou com você. Eu senti tanta saudade.
Ele não teve escolha.
- Ok. – respondeu por fim. Olhou para a sala silenciosa e para porta fechada e sorriu travesso para ela, que corou sem graça.
- Acho que eu estou entendendo as suas intenções aqui... – falou se aproximando. Segurou os dois lados da cintura da menina e a puxou para si.
- Nada disso, seu bobo. Não posso querer alguma privacidade com o meu namorado? – deu de ombros. Dedilhava os dedos na barba que estava nascendo no rosto dele, observando a boca bem desenhada de abrir um sorriso charmoso de canto.
- Você pode querer total privacidade se quiser. – Ele por sua vez, passeou o nariz pelo rosto dela. Bochecha, queixo, pescoço... Adorava poder inspirar o cheiro da garota, era algo que naturalmente o embriagava. sempre fechava os olhos e se sentia em casa quando inspirava o cheiro da namorada daquele jeito tão de perto. Depois retornou a bochecha e trilhou beijos até o cantinho da boca dela, que sorria. Ele a mordeu e passou a língua devagar naquele cantinho, e a garota se virou e mordeu a língua dele, fazendo ambos rirem contra a boca um do outro.
Ela retribuiu o carinho anterior, roçando a própria boca na dele, mordendo e sugando eventualmente o lábio inferior do garoto. tinha os olhos fechados e um meio sorriso, enquanto desceu com pequenos beijos e mordidinhas por todo o queixo dele, retornando à boca sem pressa para então, finalmente beijá-lo.
Quando estavam juntos, era como se tivessem todo o tempo do mundo.
***
Quando chegou em casa três horas depois do horário normal do término de suas aulas, o carro de James já estava estacionado em frente a imponente residência dos , ao lado do carro de seu pai. A menina engoliu em seco e sentiu as mãos soarem em nervosismo. Onde esteve com a cabeça quando ficou todo aquele tempo com ? Seu pai deveria estar completamente furioso, ainda mais por James estar em casa, pensou.
Abriu a porta com cuidado e fechou silenciosamente. Com passos vagarosos caminhou pelo hall e chegou até o arco de entrada da sala, onde seu pai e James estavam sentados um de frente para outro no sofá.
Um mais nervoso do que o outro, ela podia notar.
Entretanto, o pastor não a esperava com fúria nos olhos como da última vez. E ambos os irmãos ficaram estranhamente surpresos quando o homem apenas desviou os olhos dela, ignorando. A menina fez uma careta para James, que balançou os ombros, como se dissesse que não sabia o que aquilo significava, preferiu não arriscar e subiu silenciosa para o quarto.
E assim que os passos da menina sessaram no andar de cima, o pastor se levantou. A tensão era tão grande que James se levantou junto, fazendo o pai olhá-lo com desprezo. Sabia que filho estava envolvido na escapada da caçula. E por fim, deixou que o primogênito o seguisse, enquanto subias as escadas. Era bom que ele visse mesmo.
Quando chegou à porta do quarto da menina, o pastor apenas olhou friamente nos olhos do filho e tirou uma chave do bolso.
Não ouve discussão, não houve nada.
Tudo que ouviu foi a fechadura de sua porta sendo trancada pelo lado de fora.
Dia 503.
- Alô?
- Cara. Sou eu. Você não veio na aula hoje, não avisou... Tá tudo bem?
James hesitou do outro lado da linha e prendeu a respiração.
- Tá...
- Puta merda, James. O que ta acontecendo? – perguntou, enfiando a mão nos cabelos.
- Nada, . Eu só pensei em ficar por perto hoje. Você sabe o caos que está lá em casa...
respirou fundo.
- Tem certeza que é só isso mesmo? Eu ando tão preocupado com a .
Depois de alguns segundos, ouviu o amigo suspirar alto do outro lado.
- Eu tô no hospital... Com ela.
Não, não, não... - Caralho James, o que houve?
- Ela tá bem. Teve uma queda de pressão, desmaiou no quarto. Mas já tá bem, de verdade. Já acordou e já está comendo. Ela estava fazendo greve de fome...
Deixou o ar sair com força dos pulmões, sentindo uma dor horrível se formar na sua garganta.
- Há quanto tempo!? Pra menina chegara desmaiar, não deve ter sido de ontem pra hoje! Porra, , porque você não me contou!
- E você ia fazer o que?
quis socar o Pastor.
Acabou socando o guarda roupa, que estava mais próximo.
Como o homem mantinha a filha trancada por mais de um mês dentro de casa? A brigava a sorrir para os vizinhos e família nos cultos de domingo, e mentir para os amigos de faculdade, dizendo que estava pensando em desistir do curso de Letras, porque literatura não era mais a sua praia.
Seria uma grande piada se não fosse tão sério.
- Isso não é justo, James.
- Eu sei, cara.
- Tô indo pra aí. – falou, já se levantando e enfiando a carteira no bolso, procurando as chaves do carro com os olhos.
- Meu pai tá aqui! – respondeu alarmado.
- Que vá pro inferno esse Pastor filho da puta!
E desligou, achando as chaves sem demora.
James estava na porta do hospital quando ele estacionou o carro de qualquer jeito no estacionamento.
- Cadê ela, James, onde ela tá?
- Cara, calma. – o segurou pelo ombro, interrompendo seu trajeto até a grande porta de vidro da Santa Casa. – Calma.
- Calma? Porra, James, porra! Sai da minha frente. Eu só quero ver ela, ver se ela tá bem.
- Ela está bem! – o soltou, pegando o celular. – E você não pode subir, de qualquer jeito.
- Não posso subir?
- Meu pai já avisou os seguranças.
riu descrente.
- O cara só falta colocar uma coroa de rei na pica.
James o olhou estressado. Podia não concordar com nada que pastor fazia, mas era seu pai afinal. Relevou a ofensa pela situação e passou o celular para o amigo.
Era uma foto dela.
A menina estava recostada na cama do hospital, mais branca do que nunca, mas parecia bem. Tinha uma trança caindo sob seu ombro esquerdo e uma bandeja de comida no seu colo, segurava uma colher e parecia falar com alguém próximo que não tinha saído na foto.
- Tirei antes de sair do quarto. Ela me mata se ver essa foto... – riu um pouco, tentando descontrair o amigo.
- Como aconteceu? – não acompanhou o riso, sentou-se arrasado no meio fio e viu James fazer o mesmo.
- A começou com essa história há uma semana, mas eu estava contrabandeando comida para ela à noite. Mas depois de quatro dias sem conseguir resultado nenhum com nosso pai, sabe, ela só estava tentando voltas às aulas, ela resolveu fazer a greve de fome pra valer. Eu fui ao quarto dela hoje cedo pra tentar fazê-la comer, mas você sabe como é teimosa. Ai a gente começou a discutir, ela se exaltou e deve ter sido demais pra fraqueza dela, porque quando eu a vi já estava caindo. Foi o tempo de segurar pra ela não cair no chão.
engoliu em seco, fechando as mãos em punhos.
- Espera as coisas acalmarem, cara. Daqui a pouco essa poeira baixa. Meu pai não pode impedir a garota de se formar, uma hora ela volta pra aula e vocês podem continuar a se ver...
- Escondidos? Naqueles termos? Nos vendo uma vez por mês e olhe lá? Com ele impedindo a garota de sair, de fazer tudo o que gosta? Fazendo a menina sofrer! Em que mundo você está vivendo, James? Isso não é certo. Não vai ser assim. Eu não sei como, mas não vai ser assim. – falou com determinação, os olhos pregados na rua.
E James não soube o que responder.
Ela estava terminando comigo.
Ela estava ali, bem na minha frente. Mãos inquietas, lábios trêmulos, olhos vermelhos cheios de lágrimas e dor. Eles olhavam para tudo ao nosso redor, menos para mim.
E aquelas cinco palavras ainda ecoavam no ar.
Eu estou terminando com você. Nada pôde impedir a minha raiva. Nem a sua aparência frágil e delicada. Seu corpo pequeno no meio da sala estava tão magro que ela parecia que ia sumir dali a pouco tempo.
- Como é que é? – passei uma das mãos nervosamente pelo cabelo, tentando controlar meu tom de voz.
Quando James me ligou essa manhã dizendo que havia arranjado um jeito de eu entrar na casa dos hoje, porque precisava muito me ver, eu nunca poderia imaginar que seria para isso. Que ela iria simplesmente abri mão de tudo.
- Nós nem ao menos temos um relacionamento mais, . Quanto tempo faz que a gente saiu pela última vez? Eu nem consigo me lembra. – falou com amargura, abraçando o próprio corpo.
- Não, não, não. Diz que você não está fazendo isso. – dei os passos que faltavam para ficar de frente a ela, obrigando-a me encarar. Ela apenas deu de ombros.
E eu não suportei mais olhar para ela.
Virei de costas e me afastei, sentindo uma raiva queimar bem em cima do meu estômago, fazendo minha garganta se fechar. Meus olhos começaram a arder, não de dor, não ainda, eram lágrimas de raiva que nasciam por ali, e eu não fui capaz de me conter.
- Sua covarde! Eu estive esse tempo inteiro, , a droga desse tempo inteiro! Você sabe quanto tempo foi desde que o seu pai descobriu? Foram quase quatro meses! Quatro meses inteiros esperando você fazer alguma coisa, reagir! Eu esperei todo esse tempo porque eu sabia que não seria fácil para você fazer alguma coisa, mas o que foi que você fez a não ser se encolher como um bichinho acuado no seu quarto, hm? Você não fez nada!
Eu não estava a olhando para ver, mas eu podia ouvir seu choro, seus soluços, a respiração entrecortada saindo desordenadamente de seus pulmões.
Não me importei. Ela precisava ouvir.
- Você já tem vinte e um anos, por Deus! Não dezesseis! Eu sei que foi assim que você aprendeu a vida inteira, mas você não precisa se curvar a tudo o que aquele homem diz! E agora você está terminando comigo? Desistindo de tudo? Você sabe que não está desistindo só de mim, não é? Sabe que está desistindo de si própria também, não sabe? Desistindo dos seus sonhos, das suas ambições, do seu amor próprio... Droga, , você é tão maior e tão mais independente do que você imagina. Você tinha aquele brilho nos olhos e aquele sorriso corajoso, com eles você tinha o mundo aos seus pés. Você tinha a mim. Foi por eles que eu me apaixonei, não por...
Ela corava copiosamente enquanto se abraçava com cada vez mais força.
-... Não por essa versão de você.
Eu deveria esperar que seria devastador.
Olhar para ela depois de dizer tudo aquilo, vendo-a arfar como se tivesse perdido todas as forças e dar passos vacilantes para trás, foi devastador. Acabou comigo, eu me senti o pior dos homens por fazê-la sentir aquela dor. Seus olhos carregavam tanta angustia que mesmo sabendo que eu estive certo em tudo, eu me arrependi por ter dito. Ela não entendia que eu só queria abraçá-la e ajudá-la a passar por tudo aquilo? Que eu não queria que ela me deixasse, que ela desistisse?
- Eu... Eu não sei... Não sei o que dizer. – falou entre soluços, tentando limpas as lágrimas das bochechas, mas encharcava-as ainda mais a cada segundo. - É tanta pressão, eu não... Não sei o que fazer. – colocou as duas mãos na cabeça e escondeu o rosto ali.
Meu coração doeu como se minha caixa torácica o estivesse espremendo. Era um aperto tão grande vê-la daquele jeito, naquele estado. Eu só queria que ela deixasse que eu a protegesse. Que ela me deixasse tomá-la nos braços e a ajudasse.
- . – chamei, me aproximando. – Você não precisa aguentar tudo isso, amor, me deixa te ajudar. – pedi, segurando uma de suas mãos. Ela olhou assustada para cima.
- Me deixa? – Pedi, limpando as lágrimas dela com os polegares. – Por favor?
- Como?
Seus olhos perdidos buscavam desesperadamente alguma saída para tudo aquilo, e eu a tinha.
- Vem comigo. Vem comigo e deixa essa casa e o seu pai para trás. Vem comigo e você não vai precisar passar mais por nada disso. Você vai ser livre, , eu prometo. É só você vim.
- O que? Você está falando de fugir?
- Não, amor. Isso não seria fugir, isso seria enfrentar o seu problema. Seria se erguer na frente do seu pai e dizer a ele que ele não manda em você. Que você é a dona da sua própria vida.
- Meu Deus... ! Isso é impossível... Como você espera que eu saia de casa? Pra onde eu vou? Eu vou viver de que?
- Comigo. – falei, segurando em seu rosto. – Olha, eu tenho uma poupança, não é muita coisa, mas dá pra pagar um aluguel pra gente por alguns meses. Falta apenas meio ano pra eu me formar, e depois eu vou fazer especialização e aí vou ganhar melhor do que ganho no estágio agora, não vai ser muito, mas vai dar pra gente viver, e tem o seu emprego no ateliê, a gente vai se virar, eu prometo.
Ela hesitou.
- Mas, não... A sua poupança, ela não era pra você abrir um consultório quando se formasse?
- Eu começo do zero, trabalhando em hospitais como qualquer pessoa normal, isso não importa! Vem comigo.
Ela olhou nos meus olhos pro alguns segundos e eu soube que havia uma batalha dentro dela. Eu sabia que era um futuro incerto, mas era real, e era melhor do que a vida que ela tinha no momento, no entanto, quando ela mordeu os lábios e abaixou os olhos, eu vi que aquela talvez fosse uma batalha perdida.
- Eu não sei. – murmurou, se afastando.
Engoli em seco.
- Não sabe? Prefere isso? – Apontei para a casa dela. – Ou prefere isso? - Aprontei para nós.
- Não me pede pra largar tudo, por favor.
Ri sarcástico, sentindo minha raiva voltar.
- Tudo, tudo o que?
- , por favor...
- Não, . Não. Eu já te dei todo o tempo que eu podia te dar. Eu tô aqui te oferecendo um futuro, a sua liberdade. Chega de aceitar tudo calada. Ou você enfrenta tudo e vem comigo, ou você não precisa nem mais lembrar o meu nome daqui para frente.
Ela arregalou os olhos assustada.
- Não faz isso...
Mordi o lábio e segurei seu rosto nas minhas mãos.
- Vem comigo e eu te prometo que vou fazer você feliz. Eu vou te esperar até meia noite no final da rua. – meus olhos marearam quando eu vi os dela fazerem o mesmo, colei meus lábios em sua testa e murmurei contra a sua pele. – Não demora.
E fui embora, deixando meu coração em suas mãos, esperando que ela o trouxesse de volta.
Dia 546.
.
O tempo não passava.
Cada minuto parecia dar três voltas a mais no relógio para se completar. E quando o relógio dolorosamente girou para meia noite, cada segundo passado parecia me dizer a mesma coisa:
Você acabou de perder a garota da sua vida. Eu não conseguia me mexer. Eu nunca poderia ter imaginado que ela não viria. Eu nunca havia parado para pensar, nem por um segundo, em como seria minha vida sem ela. E a realização de que todo e qualquer futuro dali para frente não a incluiria, em vez de me apavorar, primeiro eu congelei. Minhas mãos continuaram travadas no volante, e meus olhos, como se para pisotear um pouco mais em cima do meu coração, mais fodido do que nunca, foram direto para o meu pulso.
Para pulseira azul de tecido já desgastada pelo tempo.
Engoli em seco, tentando lidar com a imagem do sorriso dela quando viu a pulseira pela primeira vez.
- Caralho, caralho, caralho... – bati a cabeça insistentemente no volante. Não era de propósito, mas eu me lembrava de como eu amava a sensação da respiração da em meu rosto, e de como eu havia sentido sua falta e continuaria sentido, porque era algo que estava além de eu conseguir superar. Ela tinha aquele jeitinho encantador que me deixou louco por ela assim que eu a pude conhecer melhor. Aquela mistura quase apelativa de inocência e coragem, doçura e determinação, menina e mulher, havia sido a fórmula perfeita pra me deixar totalmente na dela desde que nos conhecemos. Quatro anos mais nova, irmã do meu melhor amigo e filha do pastor. Mas foi ela quem me viu transparente, me amou apesar de todos os meus defeitos, e me deixou amá-la na mesma proporção. Ela confiou em mim quando não tinha nenhuma garantia de que podia.
Não era justo tudo terminar assim, mas me orgulhava de pelo menos tê-la conduzido ao conhecimento de que ela era muito mais mulher, e muito mais independente, do que o pai dela a fazia se sentir.
Como pode ter sido em vão?
Meia noite e meia e ela havia escolhido ficar. Não dava para acreditar em como tudo tinha mudado tão de repente, e como perdê-la passou de uma possibilidade minimante remota para um fato cotidiano que eu tinha que lidar. Parecíamos tão certos quando estávamos juntos que era difícil de acreditar que seguiríamos separados. Eu nem ao menos sabia para onde ir sem ela. Depois de , todos os outros caminhos pareciam sem graça. Ela havia me mostrado outra perspectiva do que é amar alguém e ser amado de volta na mesma proporção, e depois dela eu seguiria em frente mais sozinho do que nunca. Eu nunca poderia imaginar que “solidão” era um estado que poderia mudar de intensidade.
Mais sozinho ou menos sozinho.
Sem ela eu nunca poderia saber.
Quando sai da sua casa três horas atrás, eu sabia que havia exigido uma decisão difícil, mas também sabia que se ela acreditasse em nós dois da forma que eu acreditava, ela veria que mesmo inesperada, aquela era sua melhor saída.
E eu achei que ela me escolheria, eu realmente achei. Achei que quando o relógio virasse para meia noite e as luzes de sua casa estivessem apagadas, eu a veria sair silenciosamente pela porta. O brilho nos olhos e o sorriso corajoso estariam de volta a sua face corada, enquanto ela correria contra o vento frio para jogar sua mochila dentro do carro e me pediria para ir para qualquer lugar, contando que fosse comigo.
Doeu saber que ela escolheu ficar. Não porque ela não havia me escolhido, e sim porque ela não havia escolhido a si mesma. Saber que a garota por quem eu era apaixonado havia preferido se manter submissa frente à vida doía, porque isso a fazia não ser mais a garota pela qual eu tinha me apaixonado. Onde estava aquela menina que mesmo inexperiente enfrentava todos os seus medos com a cabeça erguida e um sorriso contido de canto?
Sai do carro, porque eu não sabia para onde ir.
Eu poderia tocar para um pub qualquer, me embriagar de cerveja e aborrecer profundamente todos os garçons. Poderia ir para a casa do Roger, comer pizza e jogar videogame enquanto o cara tentaria curar a maior fossa da minha vida. Ou eu podia ir apenas para casa, me trancar em meu quarto e passar horas deitado sem saber o que fazer da minha vida.
As possibilidades eram muitas, mas nenhuma mais fazia sentido. Sem , dali para frente, qualquer caminho que eu tomasse pareceria errado, vazio.
Olhei para o relógio. Meia noite e cinquenta e oito. Senti-me patético. A quem eu estava querendo enganar? Eu havia dito meia noite, mas por ela eu esperaria o tempo que fosse.
- Vai pro inferno, seu hipócrita! – vozes altas, no final da rua. A luz da sala de uma casa em particular estava acesa. – Você fala sobre o amor de Cristo no seu altarzinho, mas você não sabe de amor nenhum! Não sabe o que é amor de pai, amor de filho, amor verdadeiro entre duas pessoas, você é nojento e sou eu quem tem nojo e decepção por você, não o contrário!
- Não toque nela! – Era James.
Todas as outras casas agora também tinham as luzes acesas, e as pessoas já começavam a colocar a cabeça para fora da janela.
E tudo que viram foi a filha do pastor sair de casa, enfurecida, vestindo uma jaqueta jeans muito maior do que ela mesma e uma mochila nas costas.
Ela não olhou para trás, ajeitou a mochila nas costas e sem demora começou a fazer o seu caminho seguindo em frente pela rua.
Eu poderia gargalhar de felicidade. Aquela sim era a minha garota.
- Hey! – chamei, vendo-a virar para trás surpresa. – Quer uma carona?
Blackbird singing in the dead of night
Pássaro preto cantando na calada da noite
Take these broken wings and learn to fly Pegue essas asas quebradas e aprenda a voar
A garota sorriu como se estivesse encarando toda a sua felicidade do outro lado da rua.
Bem, ela estava mesmo.
O pastor, sua mulher, James, e todos os vizinhos viram quando o rapaz sorriu de volta e a garota caminhou lentamente até ele com um sorriso contido de canto.
Eles não disseram nada, para a decepção dos fofoqueiros de plantão. Eles apenas se olharam e sorriram.
Ele pegou a mochila das costas dela e jogou dentro do próprio carro, enquanto ela corria para contornar o automóvel.
E todos viram quando ambos entraram e bateram as portas juntos, numa perfeita sintonia.
O que ninguém ouviu, entretanto, foi a música que tocava na rádio enquanto dirigia para lugar nenhum com a sua garota.
All your life Toda a sua vida
You were only waiting for this moment to arise Você só estava esperando este momento para decolar
Eles não tinham para onde ir e nem a garantia de que dariam certo.
A única coisa que realmente tinham era o amor que sentiam um pelo o outro, e naquele momento, era o suficiente para eles.
Blackbird, fly, blackbird, fly... Pássaro preto, voe, pássaro preto, voe...
FIM!
Nota da autora: Oi, gente! E aí, o que acharam da história? Eu estou aqui morrendo de medo de ter feito tudo errado com o tema, porque essa fic acabou ficando especial de mais para mim. Vou contar o porquê: Apenas imaginem que o casal principal dessa fic deram certo, ok? Imaginem eles com 25 de casados e com uma filha. Talvez vocês também possam imaginar essa mesma filha na frente de um computador, escrevendo a história dos pais, em forma de fanfic para o especial do dia do médico... Bom, não a história literal, claro. Meu pai nunca estudou medicina, nem minha mãe estudava literatura, e nem havia James e nem pastor nenhum. Isso tudo foi ficção. Mas eles fugiram quando minha avó proibiu o namoro, quis prender minha mãe em casa, e não tinham garantia nenhuma que iriam dar certo a não ser o amor que sentiam um pelo o outro... No final das contas deram certo. Então todos vocês podem imaginar um final feliz. Eu os imagino dormindo num colchão no chão por vários meses, dividindo pizzas num quarto cheio de desenhos pintados a aquarela pelas paredes. Depois imagino eles mais velhos, com alguns filhos, talvez um gato e um cachorro e ele chegando em casa de jaleco branco. Eles perdoando o pastor, (meus pais fizeram as passes com a minha vó, e hoje meu pai é tipo, o genro preferido dela hahaha) e James indo e voltando com Judith, afinal a mulher é impossível e não quer assumir o relacionamento com um ex-aluno de jeito nenhum, hahaha. Mas vocês quem sabem, isso é o que eu imagino.
Espero que tenham gostado! E comentem, por favor, o feedback de vocês nessa fic vai ser muito importante para mim :)
P.S.: Eu mantenho um we heart it com a galerias de imagens de todas as minhas fics. Com a Blackbird não é diferente, então passa lá pra conferir!
Minhas outras fics: Beautiful Lie – McFly/Andamento
Stairway to Heaven –Restritas/Andamento.
Missão Padrinhos – Outros/ Shortfic Finalizada.
A Four Letter Word – Especial Dia do Piloto.
Our Surrender – Especial Dia do Sexo.