Autora: Loma | Beta: xGabs Andriani




Era sábado de manhã e, como de costume, levantei e preparei meu chimarrão. Meus pais haviam ido ao supermercado e eu preferi ficar dormindo. Na maioria dos sábados eu ficava em casa descansando depois de uma semana inteira correndo atrás de reportagens na redação. Escrever era como respirar para mim e eu tinha uma facilidade surpreendente, até porque era só isso que eu fazia. Eu fui uma adolescente, como minha mãe diz, muito caseira, pois quase não ia em festas e para me tirar de casa era difícil. Passava horas do meu fim de semana lendo e comecei a escrever depois de achar que os livros não terminavam as histórias do jeito que eu queria, sempre ficava aquela vontade de saber mais, descobrir a continuação e a maioria dos livros não são séries. Quando chegou a hora do vestibular eu tinha duvida entra jornalismo e letras e convenhamos, passar fins de semanas corrigindo provas não era lá muito interessante. Mas, naquele fim de semana, eu tinha um compromisso e tive que acordar mais cedo que o normal.
Eram dez horas da manhã quando eu levantei para tomar banho, quase de madrugada! Era verão e eu estava derretendo, lavei meu cabelo e prendi em um coque frouxo. Coloquei um shorts, uma blusa do Mickey e uma bota -eu amo esse look, usava quase sempre, variando com sapatilhas e all stars-. Sentei na varanda em frente a casa onde era mais fresquinho e fiquei até o meio dia procurando os papéis da casa. O meu compromisso era o seguinte: quando eu era pequena, minha avó achou que seria interessante comprar uma casa para mim e outra para a minha irmã, para garantir nosso futuro. Mesmo que a intenção fosse boa, foram anos cuidando de três casas e o gasto era gigantesco para meus pais, então durante vários anos as casas eram alugadas. Tivemos vários inquilinos, a maioria depois de um tempo dava uma oferta pela casa, algumas foram ótimas, mas eu era muito pequena e meus pais queriam que eu decidisse. Agora com 22 anos eu tinha outros planos. Eu queria e iria para o Canadá no próximo ano. Ficaria um ano lá e depois decidiria se voltava ou continuava lá. Decidi, por fim, que venderia a casa. Surgiram vários compradores, mas eu nunca aceitava suas ofertas, porque simplesmente não eram eles os futuros moradores que eu imaginava. A casa era uma fofura e ela tinha o meu cantinho secreto que nenhum dos moradores havia descoberto. Enfim, a casa era de dois pisos e ficava em uma parte tranquila da cidade, cidade de interior onde todo mundo se conhecia, que todas as gerações se conheciam. Na parte de baixo ficava a cozinha, sala de jantar e dois quartos separados por um banheiro, que na verdade um parecia mais um escritório, ou como meu avô amava dizer, o estúdio; a lavanderia e uma sala de estar gigante que tinha um cantinho com prateleiras embutidas nas paredes e um sofá que era fixo na parede. A parte de cima era um mezanino com uma biblioteca,mais dois quartos e outro banheiro. Meus pais chegaram em casa, me despedi deles e fui até a “minha” casa, que ficava duas casas depois da dos meus pais, mesmo parecendo perto era longe, pois os pátios das casas eram realmente gigantes.
Cheguei na frente da casa e o novo comprador não havia chegado ainda, o horário marcado me pareceu estranho, já que as pessoas tinham o costume de almoçar ao meio dia pontualmente. Eu nunca tinha horário certo e isso pouco me importava. Entrei na casa para dar uma última olhada, minha tranquilidade era sinônimo de “este também não vai comprar”. Quando pensei em subir ao mezanino ouvi baterem palmas em frente a casa e fui em direção ao suposto comprador. Havíamos marcado esse encontro há duas semanas, a voz era de um homem, mas eu pensei -não sei porque- em várias possibilidades de garotas como eu que quisessem morar sozinhas ou então famílias que estivessem a procura de um lugar seguro para criar suas crianças, bebês e cachorros. Na noite anterior cogitei a possibilidade de ser um casal de idosos e realmente amei a ideia, porque imaginaria meus avós, que haviam morrido há alguns anos morando lá com seu pastor alemão. Se fosse esse o caso eu venderia por qualquer valor a casa. Quando cheguei na porta da frente me surpreendi com o que vi. O rapaz devia ter uns 21 anos, loiro, alto, ombros largos, olhos cinzas e usava uma camisa polo com calça jeans preta e um all star também preto. Provavelmente eu fiz uma cara de pato ou algo semelhante.
- Bom dia, estou procurando .
- Bom dia, eu sou a .- Falei com um sorriso caminhando em direção ao rapaz, que eu torcia que não fosse o comprador.
- Olá, . Eu sou o , vim conhecer a sua casa.- Pois então, era ele.
- Ah sim, por favor, entre. - Ele concordou com um aceno de cabeça e então entramos na casa. - Bem ela é um pouco grande, você tem pressa?
- Na verdade não, eu nunca tenho horário para o almoço, mas se você tiver eu posso voltar outra hora.
- Eu também nunca tenho um horário definido, sabe como é a correria, né?
- Com toda certeza.
- Bem, então vamos lá. - Mostrei toda a casa para ele, o que levou exatos 40 minutos. Apesar da casa ser grande a minha prática em mostrar os cômodos havia me ensinado a falar aquilo que o comprador quisesse saber e não coisas como: 'Minha avó queria que eu pintasse telas' quando passássemos pelo estúdio, ou 'meu avô queria que eu lesse bastante', quando passássemos pela biblioteca.
- Eu realmente amei a casa, mas se não for pedir muito, eu poderia olhar o pátio dos fundos?
- Nossa, me desculpe eu realmente esqueci! - Falei dando uma gargalhada.
- Bem capaz!
- O pátio de trás é um pouco menor, na verdade minha avó dizia que era apenas para colocar meus bichinhos. Eu amo animais e quando era pequena tinha três peixes, um passarinho e dois cachorros. Mas o da frente é gigantesco e tem garagem, no caso aqui atrás a maioria dos moradores usa bem pouco.
- Acredito que, por enquanto, eu não usarei muito. Visto sua paixão por animais, você não se importa com cachorros dentro de casa?
- Nem um pouco, minhas cadelinhas dormem na minha cama às vezes.
- É que eu comprei um pastor alemão filhote. Por isso que comecei a pensar em me mudar, digamos que não seja muito indicado criar cachorros deste porte em apartamentos pequenos.
- Com certeza não.
- , eu vou ficar com a casa. - Pela primeira vez depois de um total de 37 propostas de compra eu decidi que aceitaria. Ele não era o casal de idosos que eu queria, mas ele tinha um pastor alemão, então eu decidi fazer uma pergunta decisiva.
- David, desculpe por me meter em sua vida, mas eu tenho muito carinho por esta casa e, entretanto, quero mudar minha vida um pouco e ela me impede disto. Eu recebi muitas propostas e para todos eu faço uma pergunta. -Ele sorriu. - É claro, se você não se importar...
- Não me importo e estou curioso, pergunte.
- Por que você quer comprar a casa?
- Primeiro porque eu quero mudar um pouco da cidade grande. Depois eu quero criar uma família em um lugar calmo e seguro. Acredito que escolhi bem, não é mesmo?
- Sim. - Eu venderia a casa pra ele. Não só por sua beleza estonteante, mas porque ele queria criar uma família com o seu pastor alemão. Meus avós amavam pastores alemães, acho que isso era o certo. Depois de alguns segundos em silêncio, ele pigarreou e começou a puxar assunto.
- Bem, eu estou com uma fome gigante e você?
- Acho que sim.
- Que tal irmos almoçar e combinamos sobre a casa?
- Ótimo. - Depois de um almoço bastante agradável, deixei meu número do celular para ele, pois em cidade pequena morador novo não tinha exatamente um festa de boas vindas e normalmente era recebido com olhares de desconfiança. Os dias se seguiram e finalmente aluguei meu apartamento no Canadá, ainda faltava um ano para ir para lá, mas já estava ansiosa, o que me distraiu bastante da venda da casa. Não havia falado mais com , pois ele voltaria em duas semanas com a mudança.
chegou e trouxe mais coisas do que eu havia imaginado, mas não o suficiente para preencher todos os espaços da casa. Ele havia chegado sexta de tarde e me ligou sábado às nove horas da manhã.
- Bom dia, Emily.
- Que horas são?
- Nove horas e três minutos.
- Meu Deus, o que você está fazendo acordado a esta hora?
- Acho que lhe acordei, mas eu preciso de sua ajuda.
- Ham, tudo bem. Primeira vez eu perdoo. - Ouvi ele rindo alto e teria rido se não quisesse matá-lo por me acordar de madrugada. Gente eu havia ido dormir às 5:55, mas terminei de ler Orgulho e Preconceito.
- Eu queria pintar a casa, mas eu não sei onde tem uma loja de tinta por aqui. Você poderia vir aqui me ajudar?
- Claro, agora?
- Sim, agora. - Ele riu de novo.
- Nossa, eu achava que você era legal. - Desliguei o telefone, levantei e dei de cara na porta do banheiro que alguém havia fechado. Desnecessário, hein? Tomei meu banho, voltei para o meu quarto e tomei um susto com a minha irmã atirada na minha cama.
- , eu estou exausta! Ser mãe é muito cansativo.
- Hum. - No período da manhã, logo que eu acordo, eu tenho um super mau humor e mal consigo responder as pessoas. Minha irmã era 4 anos mais velha que eu e era mãe de uma adorável menininha chamada Jess -que tinha 2 anos-. Meu cunhado viajava muito e nos fins de semanas que ele não estava em casa, elas dormiam conosco. Por vezes, Jess dormia na minha cama aninhada em mim como um ursinho. - Mas ela é tão fofa.
- Ai , não é isso que eu digo, só disse que cansa. Bom dia pra você também!
- Tá tá. - Ela saiu do meu quarto batendo a porta, acho que ela pensa que e sou psicóloga. Terminei de me arrumar e deixei meu cabelo solto. Passei pela cozinha e peguei uma maçã e saí caminhando em direção a minha casa que ainda era minha até que terminássemos as papeladas. Cheguei e me surpreendi com ela toda aberta -convenhamos, organização e limpeza não combina com homens solteiros- e varrendo a varanda.
- Bom dia, David.
- Bom dia, . Ainda bem que chegou. Podemos ir a pé?
- Claro, se você não se importa de caminhar.
- Nem um pouco. Ainda mais que tenho que levar Tobi para dar uma caminhada.
- Quero conhecê-lo!
- Tobi! - Ele gritou e eu ouvi um barulho que parecia alguma coisa caindo. Eu esperava ver um cachorrinho filhote. Tobi corria de um jeito tão estranho que era até engraçado. Ele veio correndo em minha direção e eu achei melhor me abaixar para ele não me derrubar. - Ele é bastante simpático.
- Percebi, ele é tão bonito. Esta coleira azul é perfeita, minha cor favorita!
- A minha também, inclusive é a cor que eu vou pintar a casa. O que você acha?
- Eu acho ótimo. Todo mundo pintava de verde, mas é sempre bom mudar.
- Com certeza.- O que mais me impressionava era que parecia estar sempre sorrindo. Provavelmente faria amizade com todos da cidade.
- Bem, vamos lá? - Fomos a loja de tintas de um dos moradores mais antigos da cidade. Ele era extremamente simpático, mas sempre, sem exceções era rígido com moradores novos. E mesmo com toda a simpatia de e comigo ao seu lado, não fora diferente. Ficamos quase uma hora lá esperando as tintas ficarem prontas, a casa seria inteiramente azul, com tons mais fortes e mais suaves intercalados pelas peças.
Chegamos a casa de e Tobi foi correndo para seu quarto, sim ele tinha um quarto só para ele, pois haviam quartos demais somente para . Pedimos pizza para o almoço e eu o ajudei a pintar a casa, mas desistimos assim que a pizza chegou. Almoçamos e limpamos tudo, fechamos as latas de tintas e decidimos que antes seria necessário cobrir os moveis para que eles não ficassem coloridos também. - , foi super divertido passar a tarde aqui com vocês. - Tobi agora dormia no meu colo, metade do seu corpo sob as minhas pernas e o resto do corpo sob o sofá agora coberto por um lençol. - Mas eu preciso ir para casa terminar de escrever algumas resenhas.
- Você tem um blog?
- Não, eu sou jornalista e escrevo resenhas para o jornal da região. - Quando terminei de falar ele sorriu sem mostrar os dentes e eu percebi que ele tinha covinhas. - O que foi que eu disse?
- Ah desculpe, nada, estava pensando em outra coisa.
- Bem então vou indo.
Cheguei em casa e tive que responder um interrogatório de minha mãe e minha irmã. Meu pai escutava tudo da sala e fingia que prestava atenção ao noticiário. Fui para meu quarto depois de responder diversas perguntas e quando cheguei, encontrei Jess deitada no meu tapete com a cabeça na minha dálmata e as pernas sob um travesseiro que minha mãe deveria ter posto ali. Havia diversos livrinhos com desenhos gigantes espalhados pelos chão, todos presentes meus. Quando Jess nasceu, eu queria duas coisas: que ela nascesse com muita saúde e fosse louca por leitura, assim como eu. Meu primeiro desejo havia sido atendido. Estava aguardando ansiosamente pelo segundo. Peguei outro travesseiro e meu notbook e sentei ao seu lado. Escrevi minhas resenhas e aproveitei que ainda tinha tempo e escrevi uma crônica. Antes que eu terminasse, Jess acordou, olhou pra mim e pediu comida. Finalmente, Dina, minha dálmata levantou, ela mal respirava em quando Jess estivesse perto dela. Meu cunhado havia vindo buscá-las, Jess até esqueceu da fome. Então eles se despediram e saíram. Em menos de um segundo ouvi uma batida na porta. Era meu cunhado.
- O que foi?
- , ela está chorando porque esqueceu os livros.
- Ah sim, deixa que eu pego. - Acho que meu desejo havia sido atendido.
O domingo passou rápido, ainda mais com uma leitura tão maravilhosa como Nicholas Sparks. A segunda-feira chegou rápido demais e eu tive que acordar extremamente cedo para minha alegria. Eu odiava acordar tão cedo. Cheguei na redação alguns minutos antes do meu horário, fui até a máquina de café e fui recebida pela minha chefe. Segunda-feira é um dia mágico.
- Bom dia, .
- Bom dia, Margot.
- Por acaso, nós ainda temos aquela vaga para a coluna de esportes?
- Por acaso, sim, nós temos. - Ela riu com a minha piadinha sem graça.
- Mandarei daqui a pouco a pessoa que irá preenchê-la e que sentará na sua frente. Olha garota você tem sorte! E aproveitando, as resenhas estão prontas?
- Sim, Margot, e para sua alegria eu escrevi uma crônica. Não ficou uma maravilha, mas acho que você vai gostar.
- Com certeza!
Eu tinha adorado a época sem colegas na minha frente. Eu sempre me distraía conversando com a pessoa que sentasse na minha frente e acabava atrasando todo o meu trabalho. Mas parece que eu tinha que conversar com alguém. Um tempo depois, quando eu estava em um momento depressão por ter me dado um branco de ideias e eu não conseguir pensar em absolutamente nada, levantei minha testa da mesa percebendo que alguém havia tossido. Margot não sabia ser delicada, para chamar a atenção ela quase colocava os pulmões para fora. Então me surpreendi mais uma vez com a pessoa que estava na minha frente.
- , aconteceu alguma coisa? - Perguntei preocupada.
- Na verdade aconteceu sim, vocês se conhecem, melhor ainda! Te apresento teu novo colega, ! Ele vai escrever a coluna de esportes e também algumas crônicas, sempre que possível. – Margot tinha o dom de se meter na conversa dos outros. Depois que ela apresentou ele a todos os nossos colegas, um total de 12 pessoas que conversavam sem parar e que trocavam ideias de uma forma amigável e não competitiva, ela pediu para que eu lhe auxiliasse no que fosse necessário. Voltei a colar minha testa na mesa.
- , você está bem? - Levantei a testa e ele começou a rir, provavelmente minha testa estava vermelha e marcada.
- Sim, este é o meu ritual de depressão quando me faltam ideias.
- Ah desculpe atrapalhar. - Ele falou e continuou rindo.
- Então você é jornalista?
- Sou, por isso que eu ri aquele dia, temos muitas coisas em comum.
- Que legal. Quer café?
- , você acabou de buscar café! - Angela, minha super protetora, apareceu como sempre dizendo que eu já tinha tomado café. Eu sempre achei que a cafeína me ajudava a pensar.
- Ok, eu espero mais um pouco. - Esperei ela sentar em sua cadeira e sussurei: - , quer café?
- , eu ainda estou ouvindo.
- Obrigado colegas, por ficarem em silêncio no exato momento eu que eu falei isto. Vocês são realmente demais.
- De nada. - Todos falaram juntos e riram. Nossos dias passaram voando e logo havia se tornado meu melhor amigo.
Conversávamos sobre tudo e passávamos a maior parte do tempo juntos. Ele estava morando na cidade há 2 meses e ainda não tinha pintado a casa. Dividiamos a mesma página no jornal, o lado direito estava a minha crônica ou resenha e do outro lado a crônica dele. Começamos a fazer passeios no fim da tarde após o trabalho, eu ia mostrando os lugares que ele precisava conhecer e levávamos Tobi e Dina para seus passeios diários. Nos fins de semana íamos aos parques que ficavam próximos as nossas casas e levávamos nossos cachorros e as vezes Jess, que se entupia de algodão doce e pipoca. Certo dia estávamos sentados na grama do parque com Tobi e Dina deitados aos nossos pés e Jess no nosso meio comendo uma maçã do amor. Uma senhora parou na nossa frente olhou para Jess e disse:
- Mas que menina adorável, ela é a cara da mãe! A filha de vocês é muito linda! - Deu meia volta comprou um catavento e entregou para Jess que disse um obrigada todo enrolado e melado. Incapaz de magoar a senhora e dizer que nós não éramos um casal e que Jess não era nossa filha eu apenas sorri e agradeci.
- Somos uma linda família, . - disse sorrindo para Jess e mostrando como fazer o catavento mexer. Eu ri com a ideia de minha família ser . Imagine a bagunça! Teríamos um canil e não uma casa. Voltamos para casa e ele jantou com minha família. Jantares em família não são legais, ainda mais quando seus tios estão na sua casa. Demorou muito até que minha tia largou:
- Há quanto tempo estão namorando?
- Não estamos namorando, somos amigos. - Eu falei começando a rir, o que sempre acontecia quando eu ficava envergonhada. Senti meu rosto queimar. percebeu isso eu começou a rir.
- Como não, ? Hoje de manhã descobrimos que somos uma família perfeita! - Todos riram sem entender. Eu queria morrer.
- !- Depois de muitas risadinhas e piadinhas de o quanto eu era encalhada, meu pai conseguiu contornar o assunto. Já passava da meia noite quando decidiu ir embora.
- Mas já? - Perguntei bocejando.
- Já. Precisamos descansar para amanhã.
- O que que tem amanhã?
- Iremos pintar a nossa casa, já que ela é metade minha e metade sua.
- Ok, depois do almoço eu passo lá.
- Não não, iremos pintar pela manhã para secar até de noite.
- Ah não. - Só podia ser piadinha, ele sabia o quanto eu odiava acordar cedo. Apesar de que precisava admitir, ir trabalhar já era bom antes, agora com uma companhia tão legal, era sensacional. Meu mau humor havia até amenizado.
- Ah sim, sem desculpas. Boa noite. Durma, não fique lendo até de manhã! - Ele terminou e meu deu um beijo na testa, o que eu achei extremamente fofo. Mas devo admitir que não esperava e esperava menos ainda ter ficado mole daquele jeito.
- Boa Noite, . - Ele virou dando um sorrisinho e saiu caminhando calmamente. Talvez eu até não lesse a noite toda, mas com certeza eu ficaria tentando procurar os significado daquele beijo que pareceu inocente.
Na manhã seguinte acordei com meu celular tocando, era . Olhei a hora e percebi que havia dormido demais, me arrumei em tempo recorde e saí correndo. Cheguei na casa dele ofegante e levemente suada. Fui recepcionada por Tobi, mas não achei . Fui até os fundos da casa e me surpreendi com o que vi, mais uma vez .
- , onde você estava? - Perguntei completamente incrédula.
- , você não vai acreditar no que eu encontrei.
- O que?
- Vem comigo. - Ele havia descoberto o meu cantinho secreto.
Atrás da casa havia um matagal, que eu dizia que era minha floresta encantada, e tinha uma trilha quase apagada, mas que eu havia gravado. Caminhando por uns cinco minutos naquela trilha achava-se um lago, não era muito grande, mas eu sempre ficava sentada na beirada com os pés na água. Mesmo simples era lindo e romântico. Provavelmente era um laguinho artificial onde as famílias daquela região pescavam. Não era surpresa para ninguém que morasse ali há algum tempo a existência do lago, a surpresa era que a minha casa tinha um acesso secreto através da minha floresta mágica. E foi isso que tornou minha infância/adolescência mais emocionante, eu sempre fui muito sonhadora, talvez pelos livros, ou talvez pelas histórias que minha mãe contava quando eu e minha irmã éramos pequenas. Ficamos um longo tempo em silêncio.
- Voce sabia deste lugar. ?
-Sabia sim, mas eu não mostrava para ninguém, porque... por favor, não pense que sou louca, mas eu pensei que a pessoa certa para morar aqui o encontraria sozinha.
- Nossa! Eu achei sozinho! - Ele sorriu um pouco vermelho. - E eu não acho você louca.
- Obrigada.
Voltamos para casa e passamos o resto do dia pintando, comendo e conversando. No final das pinturas eu consegui lembrar o quanto eu era desastrada quando mais nova. Eu estava com uma lata de tinta na mão e jurava que tinha fechado bem. Então eu tropecei no degrau e derrubei toda a lata de tinta no chão por sorte consegui ficar de pé. veio ver o que era o barulho e escorregou na tinta, quando caiu ele se apoiou em mim e eu caí em cima dele. Que situação mais agradável.
- , você está bem? Caramba, eu acho que esmaguei você! - Ele soltou uma risada, convenhamos, a situação era ridícula.
- Você não me esmagou, mas tem um sujeira aqui. - Ele fixou o olhar no meu nariz e eu comecei a passar minha mão limpa para tirar a sujeira.
- Saiu? – Perguntei e ele sacudiu a cabeça em negação. Continuei esfregando até que ele disse:
- Espere, eu limpo para você. - E então ele passou a mão cheia de tinta no meu nariz, bochechas, queixo... Tentei protestar, tentei levantar, mas ele era muito mais forte que eu e enquanto me segurava com um braço, fazia cócegas na minha barriga com a mão. Eu ria tanto que quando parei para respirar, percebi que agora era eu quem estava deitada na tinta.
- AI MEU CABELO!
- Agora estamos quites. - Ele ria sem parar.
-Ainda não. - E então eu comecei a passar tinta no rosto dele. Rimos por mais um tempo, até que os dois pararam de rir e então eu percebi que ele estava sério e olhava fixamente em meus olhos. Retribuí o olhar com um sorriso tímido e senti meu rosto ferver.
- Você fica linda quando está corada. - Neste instante eu queria enfiar minha cabeça de baixo da terra. Mas, antes que isso fosse possível, levantou delicadamente meu pescoço e beijou minhas bochechas, queixo e por fim os lábios. Depois de um longo beijo e vários outros beijinhos, começamos a limpar a sujeira que eu havia feito. Tomei banho enquanto ele arrumava os móveis da sala e do quarto e depois ele tomou banho enquanto eu pedia comida japonesa.
Nossa relação era melhores amigos/namorados/colegas e isso tornava tudo mais divertido. Agora a casa estava toda pronta, mas eu estava começando a ficar noites sem dormir. Eu estava completamente apaixonada por e minha mudança para o Canadá aconteceria dentro de 7 meses. Ele ainda não sabia dos meus planos e mesmo que um soubesse tudo do outro, ninguém além da minha família sabia da minha viagem. Entretanto eu também não queria falar disto agora, estava tudo bem e com certeza uma notícia dessas criaria uma briga. Conforme os dias se transformavam em semanas e as semanas em meses, comecei a ficar realmente nervosa e as vezes perdia conversas porque meus pensamentos iam longe e eu tinha que dar desculpas de que estava pensando em alguma crônica ou algo do tipo. Essa era uma excelente desculpa, já que ultimamente eu quase não escrevia reportagens, pois gastava quase todo o tempo escrevendo resenhas e crônicas. Agora faltavam apenas 2 meses e eu não sabia mais o que fazer, decidi falar com a minha mãe.
- , eu vou indo pra casa. Estou com tanto sono. - Menti, pois na verdade eu havia dormido muito naquele dia. Era quinta-feira e feriado, Margot com planos para viajar havia dado um descanso de 2 dias para nós.
- Ham, , amanhã eu vou ir jantar na casa da minha mãe. Tudo bem se eu for?
- Claro, porque haveria algum problema?
- Ah, sei lá. Vocês não são muito amigas, não é? – Ri lembrando da última vez que havia visto minha sogra e ela ficou criticando a minhas camiseta. Era uma baby look com um desenho do pateta na frente e ela disse que algumas pessoas nunca amadurecem, como se o desenho da minha roupa fosse definir o quão madura eu era.
- Não exatamente, mas ela é sua mãe e vocês tem que se ver. - Nos despedimos e eu fui para casa. Passei muito tempo conversando com a minha mãe e ela, como sempre, me fez ver pontos que eu ainda não tinha analisado. Por exemplo: essa viagem ainda era tudo o que eu queria? Valeria a pena deixar tudo para trás apenas por uma aventura? E o mais interessante é que eu não sabia responder nenhuma das perguntas. Principalmente porque eu nunca havia visto minha viagem como uma aventura, mas sim como a realização de um sonho de anos. A sexta-feira chegou e estávamos todos reunidos, inclusive meu cunhado que não tinha ido viajar naquele fim de semana por causa do feriado. Minha irmã disse com todo aquele suspense:
- Temos uma novidade para vocês. - A primeira coisa que eu pensei era que eles iam se mudar e eu já imaginei o quanto eu sofreria sem a pequena Jess perto de mim. Entretanto fui surpreendida quando minha mãe deu um risinho discreto (sinal de que não era uma mudança, pois se fosse isso minha mãe choraria muito ou pelo menos um pouco) e meu cunhado deu um beijo na bochecha dela.
- Então conta logo, eu vou morrer de curiosidade. - Eu disse percebendo que meu pai também não sabia de nada.
- Teremos outro bebê. - Sinceramente foi um choque. Na verdade eu fiquei super contente, mas analisando o tempo de gravidez que deveria ser pouco e o tempo que eu tinha morando ali, concluí rapidamente que não conheceria o próximo pequeno da família e só então percebi que não eram eles quem iriam se mudar, mas sim eu. Era eu quem estava abandonando todos. Mas naquele instante em que me levantei com lágrimas nos olhos para abraçá-los eu havia tomado minha decisão. Eu não precisava do Canadá para ser feliz, eu tinha tudo para ter felicidade ao máximo, um namorado perfeito, um emprego em que eu fazia exatamente o que eu queria, meus pais maravilhosos e agora mais um sobrinho para cuidar. Após muitos abraços encharcados de lágrimas e gritinhos meus e da minha irmã escolhendo nomes, decidimos que deveríamos comemorar a excelente noticia. Fomos a um restaurante que era meu preferido e ficamos por muito tempo conversando o quanto seria legal mais uma criança na família. Eu decidi entrar na festa e falei para minha família que eu não queria mais ir para o Canadá, eu tinha tudo aqui e não colocaria tudo fora. Mas infelizmente, o meu destino não estava de acordo com meus planos. Acordei cedo no dia seguinte e fui até a casa de que acordava sempre antes das oito horas da manhã. Cheguei na frente da casa e me surpreendi com Tobi latindo na rua e a casa toda fechada. Tobi nunca passava a noite na rua. Bati na porta várias vezes e então fui atendida por uma garota loira um pouco mais alta que eu, extremamente magra e de olhos azuis.
- Nossa, que falta de educação, hein? O que você quer na casa dos outros a esta hora? - Eu realmente não esperava ser atendida assim. Ela estava usando uma camisola que mais parecia uma blusa.
- Na verdade, querida, eu estou procurando , que sempre está acordado a esta hora. - Entrei na casa dando um empurrão na garota mal educada que ficou plantada na porta com cara de pato.
- ? - Ouvi a voz de e quando me virei para a escada dei de cara com um sem camisa e só de cuecas, colocando uma bermuda rapidamente. - Isabele, o que faz aqui?
- , você não se lembra de nada, não é? - Ela falou rindo. - Depois da despedida de solteiro do seu primo, onde você bebeu todas, nós viemos para cá e reatamos, lembrou agora? - Antes de ouvir o resto da história eu virei minhas costas e saí daquela casa. Cheguei em casa e segurei o choro, fui até a cozinha com a voz firme.
- Eu não quero, em hipótese alguma, que vocês deixem entrar nesta casa. Entenderam? - Para minha alegria, minha voz quase não saiu.
Terminada minha frase, eu saí correndo e tranquei a porta do quarto querendo muito ficar sozinha. Quando olhei para o lado da minha cama, Dina estava lá. Levantou e veio caminhando lentamente até mim. Chegou do meu lado e foi subindo no meu colo. Primeiro a cabeça, depois as patas dianteiras, depois a barriga e no final ela estava com o corpo inteiro sob o meu e estática, como se fosse uma estátua. Eu não me apaixonava desde o tempo da escola onde eu sempre me magoava com meus coleguinhas sem graça que queriam fazer outras coisas ao invés de namorar. Hoje eu vejo o quanto eu era idiota, depois das experiências frustradas na adolescência eu pensei que nunca mais encontraria o amor, mas eu encontrei duas vezes. Na primeira vez, depois de um tempo em que ficamos juntos, eu preferi terminar porque eu me sentia presa a ele. Na segunda vez, me machucou da maneira mais cruel possível, dormindo com outra e ainda reatando o namoro. Além, é claro, de ter mentido sobre aonde iria passar a sexta de noite. Chorei muito e depois de um tempo cansei de ficar sofrendo por alguém que não merecia. Por sorte eu ainda não havia cancelado nada da minha viagem ao Canadá e decidi que sim, eu iria! Eu precisava mudar um pouco, talvez até como minha sogra disse: amadurecer. Contei para minha família que iria e Jess mesmo sem entender toda a conversa, veio até onde eu estava sentada, sentou entre eu e meu pai e perguntou:
- Você vai embora porque está triste?
- Não, meu amor. Eu vou embora porque eu quero conhecer o Canadá. - Ela me abraçou com todas as suas forças, era incrível como parecia que tínhamos uma ligação, como se a ligação com a minha irmã tivesse passado totalmente para ela. Uma sabia quando a outra não estava bem, mesmo com apenas 3 aninhos e dois meses ela sabia que eu não estava bem e que aquele super abraço me ajudaria muito. Peguei ela no colo e chorei tudo de novo, mas eu tinha certeza que passaria logo, que seria apenas uma cicatriz daqui uns tempos. Fui até a redação na segunda-feira e passei despercebida pelo meu andar, fui até a sala de Margot e contei a ela sobre meus planos. Pedi minha demissão e ela disse que me demitiria, pois além de ter sido uma grande jornalista havia sido sua amiga em tempos difíceis, que ela perdeu seu bebê. Saí de lá com um grande alívio. Liguei para Angela e pedi para que ela tirasse todas as minhas coisas da mesa e levasse para minha casa no fim da tarde, pedi também para que ela apenas dissesse se alguém perguntasse, que eu havia conseguido um emprego melhor. Decidi dar uma caminhada pela cidade e depois fui para casa ler um pouco. Passei o resto do dia lendo e tomando chá. O tempo passou super rápido e então eu ouvi a campainha tocar e fui atender Angela. Quando abri a porta, percebi que a figura que ali se apresentava era na verdade .
- O que você faz aqui?
- , você não me deixou explicar nada. - Pensei em fechar a porta, mas ele impediu. - Por favor, me dê a chance de explicar. Só um minuto. - Por um minuto de inconsciência deixei ele entrar. Peguei a caixa com minhas coisas sem a menor delicadeza e larguei na mesa da cozinha. Voltei para sala e percebi o quanto o clima estava tenso entre nós.
- Já pode começar, tenho muitas coisas a fazer.
- Não aconteceu nada entre eu e a Isabele, eu fui sim jantar na casa da minha mãe, mas estavam todos reunidos lá e depois nós começamos a beber e eu nem lembro como voltei para casa.
- E eu com isso?
- Por favor, você precisa confiar em mim!
- Mas como? Eu chego na sua casa para lhe dar uma super notícia e tem uma vadia seminua na sua porta e então você aparece também seminu. Imagina o quanto foi agradável para mim ver isso. Poderíamos até fazer isso mais vezes. Eu não vou voltar atrás, o que está feito está feito e fim. - Ambos estávamos nervosos e percebi que ele tremia tanto quanto eu. Sentei no sofá e ele veio até mim, quando chegou na minha frente tentou aproximar nossos rostos, mas eu estava ferida demais e deixei meu orgulho falar mais alto e afastei seu corpo com a minha mão trêmula. Novamente me surpreendendo, ele sentou no chão e abraçou meus joelhos. Ele não falava nada, estávamos em completo silêncio e eu estava começando a ficar profundamente irritada. - Você queria entrar para me explicar e vai ficar calado?
- Por favor, me perdoe. Vamos recomeçar, .
- Eu estou indo para o Canadá dentro de seis semanas. Era isso que eu iria lhe contar. Eu ia desistir da viagem para ficar com você.
- Voce não pode ir, . Eu te amo.
- Eu também te amo. - Eu falei extremamente baixo, mas ele ouviu e em um segundo os dois estavam chorando. Não podíamos fazer nada. A culpa era toda dele. Depois de mais um longo tempo em silêncio eu pedi para que ele fosse embora, pois logo meus pais chegariam e eu não queria que eles vissem nosso estado. Antes de ir embora, ele me deu um forte abraço, pediu desculpas, me deu um beijo na testa e se foi. Desta vez para sempre.
Finalmente havia chegado o dia de ir para o Canadá. No aeroporto, eu recebi muitos abraços e muitas lágrimas que se misturavam com as minhas. Mas todos pareciam muito, muito nervosos mesmo. Imaginei que fosse pela minha viagem. Apesar da melancolia e até um pouquinho de saudade que havia no momento, eu estava muito feliz. Era uma oportunidade de recomeçar e eu não a perderia por nada. Depois de muitas horas no avião, as quais passei lendo, cheguei ao Canadá e fui recepcionada por quem? NEVE! Acho que meu destino estava alegre com minha decisão, mesmo que estivesse super frio, a visão era lindíssima. Demorei mais um tempo até conseguir pegar um táxi e ir conhecer meu apartamento. Durante o percurso até meu novo lar, fiquei olhando as ruas por onde passávamos, era tudo tão diferente. Logo eu me acostumaria, era a única coisa que eu pensava. O taxi estacionou em frente ao prédio em que eu moraria pelos próximos meses. Era gigantesco e bem pertinho do meu trabalho. Passei pelo porteiro, me identifiquei e subi para o quinto andar. Quando a porta do elevador abriu me deparei com uma pétala de rosa branca, apenas uma. Imaginei que algum de meus vizinhos tivesse recebido flores antes da minha chegada. Quando achei meu apartamento, encontrei outra pétala de rosa, só que desta vez vermelha. Ela estava exatamente no meio das duas portas. Descobri qual vizinho havia recebido flores. Me senti mais feliz por ter vizinhos bem na minha frente, torcia para que fosse uma garota da minha idade para poder conversar com alguém. Entrei no meu apartamento e conferi o número da porta, mas estranhamente estava certo. O chão era um tapete de pétalas de rosas brancas e vermelhas, todas misturadas. Fui pisando lentamente, larguei minhas malas e então no meio de todas aquelas pétalas brancas e vermelhas, encontrei uma rosa azul. Eu amava azul. Aquela rosa estava colada em um DVD com um bilhete: 'Assista-me'. Me senti em Alice no País das Maravilhas. Peguei meu notebook da mala e coloquei o DVD. Era um vídeo de 15 minutos eu que apareciam várias pessoas, amigos, colegas, vizinhos, meus pais, minha irmã e Jess, dizendo o quanto eu era importante e que a falta que eu faria seria imensa. Amei cada mensagem, mas a mensagem do final foi a que mais me chamou a atenção. Era Jazie, o primo de , que não gostava de mim e que fazia tudo para agradar a tia que o havia criado e que infelizmente era minha sogra.
- Hey, . Eu sinto muito pelo que fiz. e a Isa não fizeram nada naquela noite, eu achei que isso seria o melhor para ele, se afastar de você. Ele tem brigado muito com a mãe. Mas ele ficou muito mal sem você e eu percebi que o que fiz foi extremamente idiota. Perdoe ele e também a mim.- Eu fiquei completamente perdida com todas aquelas informações, mas então uma voz atrás de mim me assustou.
- Hey, garota. Quer café? - estava ali, de terno, gravata azul e com outra rosa azul na mão. Saí correndo em sua direção e pulei em seus braços. Nos beijamos com urgência e lá estava eu chorando de novo. - , se você quiser ficar aqui, eu aceito e vou embora e nunca mais te incomodo. Mas... - Então ele me largou no chão, ficou de joelhos e por um minuto eu fiquei sem saber o que fazer. - Mas se você for voltar para casa, aceitaria se casar comigo? - Nessa hora ele abriu uma caixinha de veludo (azul, lógico) e tirou um anel com um diamante azul.
- Aceitaria. - Voltamos a nos beijar. Talvez o meu destino não fosse tão contra mim.

Depois de um ano com os preparativos do casamento, o dia tão sonhado chegou. Meu vestido era branco com um laço azul e a decoração inteira era azul. Finalmente eu e minha sogra estávamos nos dando bem. Minha irmã teve outra menina e colocou o nome de Lyla. Minhas duas sobrinhas eram um grude comigo e eu adorava isso. Passamos a lua de mel no Canadá. Dois anos depois, tivemos nosso primeiro filho, Benjamin. Continuamos morando na casa que era metade minha e metade de . Nossos cachorros cuidavam de Benjamin como se ele fosse uma joia rara. Depois de um tempo, engravidei de novo e desta vez tivemos gêmeas, Júlia e Annie. Todos os dias de manhã, antes das crianças acordarem, caminhávamos pela minha floresta mágica e ficávamos alguns minutos conversando em meu cantinho secreto. Moramos a vida inteira na mesma casa, foi lá que começamos a nos conhecer, nos apaixonamos e tivemos nossos filhos, criamos nossa pastor alemão e nossa dálmata. Depois de muitos anos, quando já estava na época de ter netos, lembrei que uma noite antes de vender a casa para , havia imaginado um casal de idosos com dois pastores alemães. Aquele casal éramos nós, aos meus pés estava deitada Dalila e aos pés de estava deitado Joe, acredito que vovó, onde quer que esteja, tenha ficado orgulhosa de mim.


FIM <3



Nota da Autora:
Hey, obrigada por lerem. Depois de muito tempo certa de que não postaria ela, aqui estamos. Realmente essa fic é a minha preferida. Claro que ela não estaria aqui se não fosse por pessoinhas especias que me incentivaram a postá-la. Thanks Rafa, Pietra e Gabriel, meus super incentivadores e primeiros leitores. Beijos e novamente muito obrigada por lerem, vocês são muito especias <3




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