Caos e Amor






Prólogo


Por muitos séculos eles travavam uma guerra entre si. Tudo pelo amor aos seus “pais”, e aos humanos. E tudo pelo ódio aos humanos. Tudo pela guerra, pelos caos. Tudo pelo amor, pela confiança e pela fé. Dois mundos com ideias contrárias sobre os terrestres, uns os protegiam, outros queriam Caos nas suas vidas. Os Anjos e Demônios, ou Evil’s.
Antes disso tudo, só um mundo existia: o Deles. Até que um Deles traiu quem mais importava, abandonou-o e sozinho criou os Evil’s. Conseguiu que alguns Deles fossem pro seu lado. Manipulou, traiu e no reino Dele criou desconfiança entre todos. Com isso dois mundos passaram a existir e a frenquentar a Terra. Mesmo com dois mundos diferentes, um amor o outro ódio, a paz reinava. Viviam em uma harmonia possível.
Dois fatores forem importantes para esses mundos começarem a guerrear entre si. O primeiro é que os Dêmonios cada vez mais passaram a perdê-los para os Anjos. O segundo foi a maior traição de um deles. Quem o Demônio mais confiava, orgulhava, o traiu. E novamente a história se repetiu.


Capítulo 1


Era a vez dela de mostrar que amava o que fazia. Queria, mais que tudo, orgulho por parte do seu “Pai”. E qual era o melhor lugar para fazer isso? Na Terra, com os rídiculos humanos. Por que os Anjos protegiam aqueles que mais matavam o próprio mundo deles?, pensou. Aqueles humanos que pisam nos seus próprios para conseguirem o que querem, aqueles que criam as piores armas do mundo para lutar entre si, aqueles que não têm pudor em matar alguém, abusar de alguém, que não têm medo de mentir, de maltratar e de espancar. E depois falam que não se parecem conosco, com os Evil. Mentira.Tudo mentira. Eles são piores que nós. E eu vou provar.
entrou em uma festa de época, com um vestido vermelho , um palmo acima do joelho, com um decote ‘V’ em vez de cobrir seu corpo. O cabelo preso de lado com um chapéu pequeno, brincos que íam até ao queixo. Uma mulher sedutora. Entrou atraíndo olhares tanto de homens quanto de mulheres. Todos se perguntavam quem era aquela mulher. Só que nenhum deles sabiam quem ela era de fato. Ela era o Caos em pessoa, era isso que viera fazer: criar o Caos. Depois de um tempo observando todos e tudo, a festa ia começar. A cantora subiu no palco, e os poucos casais tímidos foram pro centro dançar. Era sua deixa. Atravessou a pista de dança sem deixar de perceber os olhares de homens em cima dela. Sorriu. - Vamos esquentar um pouco as coisas. - disse.
Aproximou-se de um jovem sentado em uma das mesas que rodeavam a pista, puxou-lhe pela gravata fazendo-o levantar, e ainda com a mão na gravata, levou-o pro meio da pista. Posicionou a mão dele nas suas costas e colocou a sua no ombro do jovem,o corpo dela colado no dele. Um menino que tremia a mão, que enquanto dançavam os seus passos eram desastrosos. passou seus dedos no rosto do menino e ergueu seu queixo para que parasse de olhar para os pés. Ela tinha de dominá-lo. E quando percebeu que ele era todo dela, sorriu. Entrelaçaram os dedos, ela deu uma volta e largou a mão do jovem. Sorriu novamente, mandou um beijo pelo ar e saiu, em direção ao lado oposto, em direção a mais um homem, e mais velho. De longe aquela cena era encantadora. Uma jovem, esbelta e bonita, com um homem mais velho, mas sorria como uma criança. Lindos, apaixonados e nem mesmo a dieferença de idade importava. Um casal que arrancava suspiros por parte de outras mulheres fazendo-as sonhar com o seu par perfeito. Seria até decepcionante eu estragar as coisas com o casal apaixonado. Ela passou pelo casal, depois voltou e rodeou ambos, chamando atenção, sempre mantendo contato com os olhos do homem. A jovem soltou-se dele e ficou olhando para seduzindo o seu par. Ele tentou se desvencilhar, mas em vão, tentou chamar sua amada, gritar pelo nome dela, só que a garota já tinha ido embora. A mulher sedutora juntou seus corpos e lentamente começou a dar os primeiros passos de dança. Ele ainda retardava, logo só foi conseguir um pouco da atenção quando pegou sua mão, colocou-a na coxa dela, fazendo a subir. deixou cair às costas e seu cabelo, mais tarde voltando à posição anterior, sua respiração contra a do homem. Agora que tinha conseguido a sua atenção, só faltava certa pessoa. E do canto de olho viu-o. O jovem. Chegou determinado, mesmo tremendo um pouco as mãos, e sempre olhando pro dois. Ela se afastou do velho. Saberia o que aconteceria a seguir, então deixaria que tudo fluisse naturalmente. O jovem chegou e deu um soco bem no nariz do homem. Talvez o primeiro soco que ele deve ter dado em alguém em toda sua vida, pensou. Os dois começaram a brigar por ela. O que os homens não fazem pelas mulheres? Deixou-os ali brigando e se batendo por ela. Outros homens aproximaram-se para tentar separá-los, mas de qualquer jeito se envolveram na luta. Abriu seu leque, e começou a abaná-lo, passou por outras pessoas que se mantinham longe da briga. Olhou para as mulheres. Ah, seus olhos denunciavam inveja. Mesmo querendo esconder, elas desejavam que dois homens brigassem por elas também. Nem precisou se esforçar tanto e já estava começando, só começando. Não tenho culpa se os homens são fracos e as mulheres não conseguem “prendê-los”. Riu.


Calor. Era o que ela sentia. Queria imediatamente sair dali, vislumbrar a noite fria e sorrir, celebrar, gritar para todos ouvirem, para o seu Pai ouvir, para ouvir que ela tinha conseguido. Só que ainda não estava pronto o seu Caos, ainda tinha de acabar o que começou. Uma mulher de 30 e poucos anos, elegante e formosa, estava sentada em uma mesa de toalha branca com rosas no centro. Ela olhava para alguém. seguiu o olhar. É um homem bastante bonito, todo sorridente e generoso. Viu-o pedir duas bebidas. Olhou para a mão, espicificamente para o dedo com um anel dourado. Fez a mesma coisa na mulher, o mesmo anel. Casados.
- Desculpa, mas eu estou sem dinheiro, o senhor não se importaria de pagar uma bebida pra mim? - sentou-se no banco, tocou no seu braço levemente, e subiu até tocar no rosto do homem, tal gesto que fez seu vestido cair, mostrando mais a perna. Esse olhou-a de cima a baixo.
- Claro, madame.
- Oh, muito obrigado. O senhor é muito gentil. - sorriu. Ao pegar a bebida, desceu do banco e ficou próxima do corpo dele. Ela olhou seus olhos. Tão bonitos, mas tão poluídos pelo desejo. Inclinou-se, mostrando mais o decote, para descer do banco, e nem precisou olhá-lo para sentir seus olhos nela. E foi a gota d’água. A mulher dele dava grandes passos pelo salão em direção a eles, o homem logo desviou o olhar, não adiantava mais. Sua mulher ignorou e partiu pra cima do marido gritando e arrancando o anel do dedo. Opa, ex-mulher. Virou as costas, a discussão era deles e não dela.
Foi fácil. Tudo o que você olhava estava um caos. Amigas desconfiadas uma das outras, com inveja. Traições apareceram, casais brigavam. Sentou-se numa cadeira, cruzou as pernas, cansada, mas alegre, com um sorriso maior do que podia caber no rosto. Estava em casa. Expirou. Aquele ar, era aquilo que ela precisava. Aquele era o ar dela. Ela veio por isso. Observou o lugar. O sorriso se desfez quando percebeu que cinco pessoas sorriam e riam, como se eles não tivessem reparado a confusão ao redor. O Caos dela. Não, impossível. Onde eu passo só tem caos. Onde eu piso, a confusão prevalece. Ficou olhando os dois casais e um que certamente contava piadas, ou mantinha uma conversa alegre. Ali o Caos não reinava, mas sim o brilho. Era um homem elegante de chápeu preto, barba no queixo, que brilhava tanto que ofuscava seus olhos, como se a única luz do local estivesse apontando para ele, por trás. Uma luz branca forte. Uma luz. Um Anjo! Mas como, pensou, como um Anjo está presente e não percebe minha presença? Como ele não percebeu? Arrgh, ele vai estragar tudo. Ele sabe a minha fraqueza: o Amor. Não, não, não. O amor. Enquanto a pior arma dos humanos é tirar sua vidas com uma arma, para ela a sua pior inimiga era o Amor.
Sua raiva aumentou. Tanto trabalho, e esse trabalho não seria derrubado, não por um Anjo. Ela levantou, arrumou o decote e o vestido, abriu o leque preto e deixou à mostra os olhos de fogo. Olhou em direção a eles, mas nada do Anjo. Onde ele está?
- A senhorita me acompanha nesta dança? - ela se virou e o viu. Ele continuava brilhando tanto que ela teve de desviar os olhos. - Não tenha vergonha, vamos. -sorriu. Pegou na mão dela, posicionando-a em seu ombro. A mão dele foi para as suas costas, e as suas mãos se juntaram na direita. O homem entrelaçou os seus dedos com os seus. ficou admirada com tanta beleza. Como um Anjo podia ser bonito. Observou-o de cima a baixo. Seus olhos brilhavam, seu rosto brilhava. Tudo nele brilhava, ofuscava, transmitia alegria. Ela olhou ao redor. O Caos diminuía aos poucos. ficou desesperada. Não podia deixar o Caos acabar. Olhou-o novamente. Não conseguiu se soltar. Era como se ele tivesse colado seu corpos, e ela não podia se mexer, apenas segui-lo. Ele sorriu. O brilho começou a dominá-la. O que era aquilo que ela sentia lá dentro? Era assim que os humanos sentiam quando se estava muito próximo a alguém? Que sensação é essa? Estranha, até mesmo difícil de explicar.
- “Para quebrar o Caos, precisa de Amor”. Conhece essa frase? Eu concordo com ela plenamente. Todos precisam de Amor, até mesmo os de coração de pedra. – falou, enquanto balançava pra lá e pra cá.
- Então você sabe quem eu sou. – ela afirmou – E o perigo que está correndo.
- Que perigo? Só estou dançando com uma bela mulher. – ele sorriu.
- Uma bela mulher que pode acabar com você.
- Psiuu. - colocou seu dedo na boca de , depois aproximou os seus corpos.
Ela estava sentindo o calor. Um calor ameno, reconfortante. Podia ouvir seu coração bater mais forte, seu sangue fluir cada vez mais rápido. Ela não sabia o porquê daquela sensação, mas aos poucos passou a gostar dela.
- Espero que saiba o que está fazendo.
- Eu sei. Distribuindo Amor por aí. Principalmente aos mais necessitados. - sorriu ainda mais.
- Acho que está enganado, estou muito bem. - mesmo ela dizendo com voz firme, não conseguiu se desvencilhar. Silêncio. Naquele momento as coisas ao redor deles foram se acalmando. Casais pedindo perdão, voltando, homens parando de brigar entre si, mulheres pedindo desculpas às amigas. Todos estavam tendo uma segunda chance. E nesse tempo, o silêncio habitava entre as suas bocas, entre seus corpos.
Por quê? Por que os Anjos defendem esses que tanto erram, que tanto destroem, que trazem infelicidade, mortes e guerras?
- Por que isso tudo? Por que defendê-los? Eu não entendo... - balançou a cabeça, inconformada, acabando com o silêncio.
- Porque todos merecem uma segunda chance. Uma vida. Olha ao seu redor. – ela fez o que ele pediu. - Todos conversando, fazendo as pazes, e você se pergunta: “Por que eles vão voltar, se vão continuar brigando, e brigando?” Fácil. Porque acima de tudo, eles têm Amor entre eles, se preocupam um com o outro ao ponto de brigar por uma coisa ridícula. É graças aos humanos que sabemos o que é o Amor. Isso vai além da explicação científica, de uma tese, de uma teoria. Só quem sabe Amar sabe o porquê de uma segunda chance, de um amor, de uma paixão. Muitas pessoas ajudam umas às outras sem esperar nada em troca, porque sentem amor entre eles, sentem aquela necessidade de mostrar esse amor através dos gestos. Os Humanos são uma espécie difícil de compreender, claro! Mas quando você olha por dentro de cada um, pelo Amor de cada um, você sorri, você se sente mais leve, é como estar no céu ao lado Dele. , você olha para as piores coisas deles, os defeitos dos humanos. Esqueceu das qualidades? O Bem. Tantas instituições, solidariedade, e se eles têm esse tipo de sentimento, amor, foi porque Ele colocou isso nos corações de todos. Mas nós não desistimos deles. Eles nos mostraram o amor e a alegria que conhecemos hoje. - olhou bem no fundo dos olhos de . Aos poucos o fogo que existia nela foi se abaixando, podendo ver aos poucos o tom castanho dos olhos, igual à terra. Agora ela conhecia a palavra paixão repentina, o Amor. Entendia o sentimento de borboletas na barriga, o arrepio, e como um sorriso é avassalador e reconfortante. Entendia agora os humanos, o Amor. Não seria estranho para nenhum terrestre, mas sim para ela. Ele é um Anjo.
Deixou uma lágrima cair em cima da mão dele. Ela silenciou. E pedindo perdão, se entregou. O Caos não existia mais, aquele ar que ela tanto amava se dissipara. A alegria, os sorrisos, os risos aumentaram. pousou sua cabeça no ombro dele, e desistiu. E finalmente conseguiu vislumbrar sua noite.
“Para quebrar o Caos, precisa de Amor”. Não deixe sua vida virar um Caos, uma vida de pernas pro ar. Desconfiança, traição, infelicidade, mágoa, orgulho, deixe de lado. Não tenha medo de se sentir feliz e muito menos vergonha de pedir perdão. Mostre que você é humano, e o humano erra e vai continuar errando, mas vai aprender que sua vida de Caos vira Amor.
.

Após aquele dia, eles se encontraram. se apaixonou por , se apaixonou por . Ele era anjo, ela um evil. Os dois de mundos diferentes. E então ela percebeu por que os humanos amavam uma pessoa a ponto de fazer loucuras. traiu seu “povo”, traiu a confiança de quem se orgulhava dela, de quem amava o seu Caos. Era a melhor de todas, a preferida, e foi avassalador para o mundo dela o que ela fez. Juntou-se aos Anjos, se tornou um deles, perdeu aquele olhar de fogo e ganhou asas. Foi aceita pelos Anjos de asas abertas, e foi aceita por Ele. Estava feliz ao lado de quem amava, de .


Fim



Nota da autora: (23/4/15) Sem nota.




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