A minha história é meio chata, mas um chato legal. Ou não. Natal é uma data legal, porém ela deveria ser feliz, bonita e colorida, sorrisos e abraços de uma família unida, um jantar farto e música, logo depois vem a troca de presentes, crianças gritando afobadas querendo saber o que Papai Noel lhes trouxe. Natal deveria ser um símbolo de paz e amor, era o que eu estava pensando enquanto fitava o teto do meu quarto, viajando nos pensamentos mais obscuros e tristes da minha mente.
Meu nome é , não tive muita sorte na vida, porém tudo o que meus pais faziam com esforço pra mim, eu agarrava com força e lutava pra conseguir o que eu queria. Sempre estudei em um colégio razoável, minhas notas sempre foram umas das melhores, sempre fui uma filha comportada e dedicada, certinha até demais, mas quando eu fui crescendo, meus pensamentos foram mudando, até gostos musicais e estilo, virei uma menina rebelde que não queria nada com a vida além de se divertir com sua melhor amiga, , e seu namorado, Mark. Virei uma viciada em maconha, vivia em festas de todos os tipos e cores, e brigava com os meus pais sempre que chegava em casa. E isso foi até que chegou a véspera de natal, uma data mais que especial pra mim. Ah, como eu amava o natal! Todo mundo era feliz, todo mundo se amava e me amava, mesmo com os meus problemas, eles não desistiam de mim. Eles não, mas eu sim, eu desisti de mim! Desisti depois daquele natal, aquele natal que era pra ser feliz, o melhor de todos quem sabe, o natal que acabou com todo o sentido de alegria que ainda existia em mim.
FlashBack on
Acordei assustada durante a noite, não pela música que ainda tocava na festa que meus pais organizaram pra virada da véspera para o natal e sim porque meu celular tocava alto, era minha mãe, não atendi, pois estávamos na mesma festa mesmo. Olhei a hora e era meia noite, agora estávamos no natal, prometi para meus pais ser uma menina normal pelo menos nessa data e eu estava me comportando, porém ninguém merece ficar com as tias perguntando sobre “os namoradinhos” e os primos te enchendo de perguntas desnecessárias. estava com a família dela e Mark. Bom, eu e ele brigamos, ele estava distante e eu tenho todo direito de desconfiar quando ele sai com mais frequência e diz que está com pessoas que estão comigo. Ele vem mentindo pra mim há algumas semanas, mas eu gosto dele e acho horrível as brigas.
Eu estava com tédio naquela festa e fui dormir e depois que eu acordei ia pra outro lugar, ia para a casa de Mark. Ele não estava com a família, pois é maior de idade e mora sozinho. Levantei-me da cama e rumei para o banheiro, me olhei no espelho, aquele vestido vermelho estava colado em meu corpo, o Scarpin da mesma cor estava jogado ao lado do box, eu joguei-os ali sem paciência quando vim para o quarto dormir depois de ter ligado pra casa de pra desejar feliz natal. Bom, quem atendeu foi o seu irmão, . Ele não gostava de mim porque eu namorava Mark, que influenciava a mim e a a fumar maconha. Eu acho que ele não era bom pra mim ou pra , mas eu gostava dele e essas coisas a gente não muda de uma hora pra outra.
me atendeu e disse que no próximo ano seria diferente, que iria se separar de mim e da minha má influência, que ele não deixaria a irmã morrer de overdose e que esse seria o meu fim. Desliguei na cara dele, realmente eu tinha que repensar a minha vida, o meu futuro. Peguei meu Scarpin e calcei-o, fui até minha cama e peguei meu celular logo saindo do quarto, passei praticamente correndo por minhas tias que estavam numa conversa empolgante sobre como a árvore de natal estava maravilhosamente linda. Assim que estava saindo pela porta, ouvi a voz de meu pai atrás de mim.
- Aonde vai, ? – ele quis saber, me virei em sua direção e beijei sua bochecha, depois abri um sorriso.
- Vou à casa de , pai. – menti e ele fez uma cara de desconfiado.
- Eles não lhe querem lá, minha filha!
- quer, pai. Não se preocupe, eu volto ainda hoje. – ri da cara que ele fez e comecei a andar, passei pela porta e encarei o frio da madrugada logo me praguejando por não ter pegado um casaco. A casa de Mark era longe então teria que pegar um táxi, assim que peguei-o, passei o endereço. Eu tentei ligar pra ele, mas Mark não atendia então eu desisti de ligar. Chegamos à frente da casa de Mark, paguei o táxi e sai, fui até o portão e peguei a chave que estava na planta ao lado da porta, eu tinha a minha, porém tinha deixado no meu quarto, eu não toquei a campainha porque queria fazer algo diferente, queria ver a reação dele, talvez agora eu tivesse certeza se ele valeria a pena. Assim que entrei tirei meu salto, coloquei-o de lado junto com meu celular e subi as escadas na ponta dos pés, quando estava me aproximando do quarto dele, eu escutei digamos que gemidos. Desesperei-me, andei mais rápido até a porta de seu quarto, parei e fiquei a olhar pela brecha na porta. Uma loira estava descendo os beijos do peito a coxa de Mark, até que ela parou e levantou a cabeça na direção dele.
- E sua namorada? – ela perguntou mordendo a mão, pelo menos a vadia sabia que ele tinha uma.
- A ? Não importa agora, gata. Nunca importou. – meus olhos encheram de lágrimas, mas eu as segurei com todo o esforço, eu não iria chorar por um idiota, soltei uma risada sem graça e contei até 10 logo empurrei a porta com força e entrei de cabeça erguida naquele quarto onde agora tinha uma loira no chão pelada e assustada, um ex/namorado desesperado abrindo e fechando a boca tentando falar algo.
- Bom saber que eu nunca importei pra você, Mark! – falei andando até a cama em passos lentos, ele vestia a sua bermuda enquanto a loira engatinhava para trás, sorri ao perceber que ela estava com medo de apanhar, ela deveria, mas eu não faria isso nela, talvez nele! – Sabe Mark, você foi um erro na minha vida e na de , eu quero você longe de mim, deu pra entender? – ele fechou a cara e veio em minha direção, segurando meus braços com força, próximo demais, o pior é que eu gostava daquele idiota, mas não podia deixa-lo brincar comigo. Ele abriu um sorriso convencido e eu me irritei com aquilo, me livrei de suas mãos e empurrei-o dando um soco nele logo em seguida, a loira arregalou os olhos enquanto Mark cambaleava para trás, dei as costas e sai do quarto logo descendo as escadas, pegando meu sapato e celular.
Saí da casa dele deixando a porta aberta e a chave no chão, escutei ele gritar meu nome, mas não dei atenção, não estava sentindo nada quanto a isso, o estranho é que eu acabara de confirmar a mim mesma que gostava do idiota. Sim agora eu sabia, Mark não valia a pena. Fui andando descalça até a casa de Jay, meu melhor amigo, ele ficaria muito feliz com a notícia do meu término, ele odiava Mark. A casa dele era duas quadras da casa de Mark, ao chegar lá pude ver árvores com pisca-pisca, pessoas com fantasia de Papai e Mamãe Noel, crianças por toda a parte. Era impressionante como a mãe de Jay venerava o Natal, Jay estava cumprimentando uns amigos até que me viu e fez cara de desconfiado, se despediu dos amigos e veio em minha direção, sorri pra ele.
- Hey, , o que faz por aqui? Disse que não viria! – ele me abraçou e eu apertei-o contra mim.
- Algum problema eu ter mudado de ideia? – me soltou e levantou uma sobrancelha.
- Você sabe que não. Agora fala a verdade. – fiz biquinho, mas ele fez sinal com a mão pra que eu continuasse.
- Mark me traía, Jay. E sim, eu estou bem. – ele murmurou um palavrão e me puxou pra um abraço, quando me soltou me levou para dentro de sua casa, logo avistei um dos amigos de Mark por ali com a atenção no celular, me virei pra Jay e ele estava conversando com uma loira, revirei os olhos e fui para um sofá ao lado do bar, meio escondido. Assim que percebi que nem Jay me daria atenção, sentei no sofá e fiquei a observar a casa, milhares de luzes, crianças e brinquedos, árvores de natal, presentes.
- O Mark é com certeza um idiota. – olhei pro lado e vi o amigo de Mark ali, mas eu não conseguia lembrar o nome dele e nem fazia esforço pra tentar.
- E o que isso te interessa? – ele me mostrou um comprimido que eu conhecia muito bem, olhei-o com uma sobrancelha levantada. –Estamos na casa de Jay, ele não vai permitir e, além do mais, eu já parei com isso. – falei afastando sua mão.
- Não precisa necessariamente ser aqui dentro, eu vou lá pra fora e você está convidada. – piscou o olho pra mim e se levantou indo em direção à saída, me levantei e fui ao banheiro, empurrei a porta e fui até a pia, abri a torneira e lavei minhas mãos, apoiei meu cotovelo na pia e fiquei a olhar a água descendo até minha mão, devo ter ficado uns dois minutos assim até desligar a torneira enxugar minhas mãos e me olhar no espelho, mas quando olhei pro espelho tinha escrito: “Eles vão acabar com você, não vá!”
Recuei alguns passos assustada, talvez esse eles fosse Mark e seu amiguinho, mas eu não acreditaria em uma simples frase escrita por não sei quem no espelho do banheiro da casa do meu melhor amigo, com o meu batom que estava guardado em uma das gavetas de Jay. Sempre tem alguém querendo te zoar. Pisquei algumas vezes e fui até a porta logo saindo do banheiro um pouco afobada, balancei a cabeça e comecei a andar por entre as crianças e mesas que tinham no meio da sala, fui para a frente da casa de Jay, comecei a pensar se eu deveria ir ao encontro do amigo de Mark, parecia encrenca, mas eu queria esquecer, pelo menos por alguns míseros minutos. Marchei até a porta e assim que a atravessei, pude ver Fin –seu nome que eu acabara de lembrar– rodeado por mais dois amigos, fumando. Vi um garoto saindo com um copo de Whisky e eu peguei o copo dele que me olhou com uma cara emburrada, mas logo se virou e foi embora sem falar nada, sorri e fui até onde Fin estava, sentei ao seu lado, ele se virou em minha direção e sorriu.
- Eu quero um daqueles comprimidos. – ele assentiu e tirou de seu bolso um pacotinho de plástico com vários daqueles comprimidos dentro, me entregou dois e guardou o resto, coloquei eles na língua e virei o copo de Whisky que desceu queimando, peguei o cigarro de Fin e comecei a fumar, joguei o cigarro no chão e me levantei. Eu queria dançar. Segurei o pulso de Fin e o puxei de volta para a festa ouvindo-o resmungar, mas não me impedir, parei no meio da pista de dança ainda segurando o pulso de Fin, me virei pra ele e comecei a dançar. Tocava uma música qualquer que eu não conseguia reconhecer, eu ao menos escutava, só sei que dançava e ria de qualquer coisa, olhei para a entrada da casa e vi uma pessoa inusitada entrando pela mesma, vinha com uma calça skinny preta e uma blusa de botão vermelha, minha sanidade já havia sumido enquanto eu andava em direção a ele. Assim que ele me viu, fechou a cara e eu sorri meigamente pra ele, ele mantinha uma posição ereta e um olhar sério, seus olhos tinham um brilho impagável. Ele era deslumbrante, pena que eu percebe isso tarde demais.
- Hoje é natal! Me dá um desconto pelo menos hoje, por favor, . Vamos dançar? – não deveria, mas soou como uma pergunta, ele me olhou por alguns segundos parecendo pensar se era uma boa ideia, depois ele sorriu, e, meu Deus, que sorriso perfeito era aquele?
- Posso abrir uma exceção. – ele disse e eu sorri para ele puxando-o para o centro da pista, aquela sala estava personalizada, mas aquilo não parecia uma festa de natal de acordo com a quantidade de amigos e não família, bebidas e música. segurou minha cintura com as duas mãos, e eu posicionei as minhas em suas costas, comecei a mexer meu quadril de acordo com a música enquanto ele encostava sua testa na minha e fitava meus olhos, a proximidade me fez prender a respiração por alguns segundos, o que fez ele sorrir sacana. O efeito do comprimido ainda estava em minhas veias, me deixando a mercê do que eu poderia fazer, ou do que eu realmente queria fazer. Comecei a esfregar meu rosto no de , virando meu rosto algumas vezes fazendo nossos lábios se roçarem um no outro, mas quando eu avancei em direção a boca dele, ele colocou o dedo logo afastando meu rosto, fiz cara de dúvida.
- Jay me contou que você terminou com o Mark. – ele disse, Jay iria apanhar, ele não devia falar essas coisas pra o . Certo que eles eram amigos de infância, mas eu era a melhor amiga dele. – Você não pense que eu vou servir de consolo pra você, . - eu me afastei de ficando em uma distância razoável para que ainda pudesse escutá-lo. – Quando você parar de traçar seu caminho para a overdose, a gente conversa. – ele falou seco, me deu um beijo na bochecha e saiu me deixando com cara de idiota ali. Soltei um grunhindo frustrado e voltei para onde Fin antes estava, ele voltou a fumar ali depois que eu o abandonei na frente da casa de Jay, sentei no mesmo lugar.
- Preciso de mais um daqueles. – falei pegando a bebida e o cigarro de sua mão e dei uma tragada, devolvi somente o cigarro para ele, ele me deu um comprimido dessa vez, coloquei na língua de novo e tomei a bebida, peguei novamente o cigarro de Fin e avisei-o que iria ficar, ele bufou e pegou outro. Aquele idiota do acabou de me dar um fora, merecia um soco na cara, ou um chute no seu querido amiguinho.
- ? Oh meu Deus, , o que você esta fazendo? – ouvi um grito, era e ela falava desesperada enquanto caminhava em minha direção. Seu salto fazia eco na minha cabeça me deixando um pouco tonta, mas como eu estava sentada então não tinha problema. – Você prometeu! –agora a voz dela estava mais calma, mas estava triste, ela parou em minha frente e se sentou do meu lado e puxou meu rosto em sua direção, olhando no fundo dos meus olhos que eu tinha certeza que estavam muito vermelhos.
- Isso eu falei quando não sabia que Mark me traía com uma loira qualquer. – ela arregalou os olhos e suspirou logo, me puxou pra um abraço, alisando meus cabelos de uma forma confortável. Depois que me soltou, ela voltou a olhar no fundo dos meus olhos me passando segurança, confiança e carinho. Ela sempre fazia isso quando eu estava mal e era uma das milhares qualidades de . – Só hoje vai, eu prometo que é a última vez que a gente faz isso. – ela me olhou com uma sobrancelha arqueada.
- A gente? Eu não vou fazer isso, e você já tinha falado isso antes e agor...
- Antes eu não tinha prometido, mas agora sim. Você vai mesmo deixar sua melhor amiga embarcar nessa sozinha? – perguntei fazendo uma falsa cara dramática, ela riu e pegou o cigarro da minha mão dando uma tragada logo em seguida, Fin deu três comprimidos pra ela que engoliu sem hesitar, as coisas giravam ao meu redor, eu não falava coisa com coisa, eu tinha certeza. Algumas pessoas passavam na rua nos julgando com o olhar, não sei direito os rostos de todo mundo, estava meio que distorcido ou eu precisava de um óculos? Eu ria de alguma coisa com . Ela começou a falar que as nuvens tinham formato de porquinhos falantes, o que era totalmente ridículo, mas eu não podia falar nada, eu estava pior que ela. disse que ia ao banheiro, deitei no banco esperando ela voltar, minha sanidade estava voltando, minha normalidade me afetando, me levantei indo procurar Fin, mas ele não estava em lugar nenhum. Ao longe, vi Jay sair desesperado enquanto entrava no mesmo estado, decidi ir ver o que estava acontecendo, mas quando passei pela porta vi várias pessoas aglomeradas em frente ao banheiro, Jay me segurou pela cintura querendo me tirar dali, e foi aí que eu percebi que eu teria que ver o que estava acontecendo naquele banheiro. Me desvencilhei das mãos de Jay e me enfiei no meio daquele povo até chegar mais próxima e me deparar com uma cena nada agradável.
- EU QUERO VOCÊ LONGE DAQUI. TIREM ELA DAQUI. - gritou em minha direção e eu não aguentei, caí de joelhos ao lado dela.
- , vamos. Eu vou te tirar daqui. – Jay falava me levantando do chão, eu ao menos conseguia responder, só conseguia olhar para o corpo de inerte ao chão, não conseguia mais conter as lágrimas, o que deixava minha visão turva.
Jay me tirou dali e me levou pra casa, ele me deu um banho e ficou abraçado comigo a noite toda, eu não conseguia dormir e nem tinha dormido, queria saber como estava e , mas ninguém me dava notícias. Meus pais queriam falar comigo, porém eu não conseguia falar e Jay achou melhor eles tentarem no outro dia. “Garota morre por overdose em festa de natal!” era isso que estampava o jornal naquele dia. Eu não merecia a compreensão de ninguém, deveria ter sido eu, não ela. FlashBack off
Fechei meus olhos com a lembrança que fazia minha cabeça doer e meu estômago embrulhar, uma lágrima traçou minha bochecha sem que eu pudesse impedir. Dois anos se passaram e agora, o natal se aproximava de novo. O dia seguinte seria a véspera e depois das 23hrs59 seria três anos sem a esem falar com o . Ele me odiava e eu não tirava sua razão, ele estava certo desde o começo, eu era ruim pra , ela havia morrido de overdose por minha culpa. Meus pais, como sempre, estavam preparando uma festa de natal, mas como nos dois anos passados eu não fui, nesse eu também não iria, ficaria no meu quarto com o fone de ouvido e uma foto onde estava eu, , Jay e . Era a minha foto preferida.
Eu não podia sobreviver com aquilo, com o fato de que fariam exatos três anos sem aqueles olhos aconchegantes e acolhedores, três anos de pura tristeza sem . Eu não aguentava tanta dor, mas era justo eu senti-la, eu deveria sentir e pagar pelos meus erros porque me entregar a fraqueza seria covardia não só comigo como a todos que me rodeiam e até mesmo a . Eu não deveria ter deixado ela fumar maconha naquele dia, e em todos os outros que eu estive presente com ela. me odiava mais ainda agora, eu sentia a falta dele também, nós até podíamos brigar, mas tivemos momentos bons e especiais, afinal a quem eu queria enganar? Eu sempre fui apaixonada por > e só Jay sabia disso, era meio estranho chegar em e dizer que eu era apaixonada pelo irmão dela, sabe, por mais que ela fosse minha melhor amiga, eu precisava de tempo pra contar, mas agora ela se foi e o pior é saber que no dia seguinte eu ia acordar e não seria só um pesadelo. Eu não saberia qual a reação dela ao saber de tal fato. Eu tinha medo de esquecer o som da sua risada.
Escutei meu celular tocar e desviei minha atenção do teto para o aparelho ao meu lado, era Jay, ah ele tem sido muito bom pra mim, o melhor amigo do mundo quem sabe, esteve ao meu lado em todos os momentos felizes e tristes, sempre me apoiando e não me deixando cair. Às vezes não tinha como evitar e eu desabava, mas ele sempre estava por perto me estendendo a mão pra me ajudar a levantar. Jay é tudo o que eu tenho hoje. Não queria falar com ninguém agora, não que Jay fosse ninguém, eu só não estava afim de falar, depois eu ligaria pra ele. Deixei meu celular na cama e me levantei, me estiquei e saí do quarto dando um suspiro cansado, precisava beber alguma coisa. Desci as escadas e escutei duas vozes felizes vindas da sala, uma era da minha mãe e a outra... Da mãe de . Vi assim que me aproximei. Bom, a mãe de estava na minha casa, no meu sofá e conversando com a minha mãe ou eu estava tendo alucinações? Talvez ela fosse diferente do filho e não tivesse ressentimento em relação a mim e não me culpasse. Admirava isso. Por mais que eu ainda sim apoie o , balancei minha cabeça de um lado para o outro e soltei um riso nasalado indo em direção a cozinha, mas é claro que ela me culpava. Assim que entrei na cozinha, vi a geladeira aberta, deveria ser alguma funcionária nova, a pessoa estava agachada pegando alguma coisa. Dei de ombros e me virei para o balcão em busca de um copo e quando finalmente achei um, escutei o barulho de um prato de plástico caindo ao chão, me virei a tempo de ver os morangos se espalhando pelo mesmo, prendi a respiração assim que vi se abaixar e começar a recolher todos os morangos. Coloquei o copo no balcão e me abaixei pegando os morangos.
- Não preciso da sua ajuda. - falou, mas mesmo assim eu continuei a apanhar os morangos fazendo-o bufar.
- Eu não pedi sua permissão, . - ele soltou um risinho e eu o olhei confusa, ele fechou a cara percebendo que “não podia rir com garota que matou sua irmã”, não literalmente é claro. Ele se calou e um silêncio desconfortável invadiu aquele cômodo. Quando todos os morangos estavam de volta ao prato, eu me levantei vendo fazer o mesmo. Virei-me para o balcão e peguei o copo de novo, fui em direção a geladeira e abri-a, peguei água, uma lata de refrigerante e chocolate em barra fechado, seria aquele o meu abastecimento do dia, fechei a geladeira me virando pra sair da cozinha e imaginando que já tenho o feito, mas por alguma razão ele resolveu ficar. estava encostado no balcão com os morangos em cima do mesmo.
- Você não muda, não é? – falou apontando para o meu projeto de almoço/jantar, olhei-o irritada, dentro de todos esses anos, porque agora ele resolveu falar comigo?
- Você passou muitos dias ausentes da minha vida pra saber o que eu mudei ou não, . – ele levantou uma sobrancelha como se quisesse me lembrar que a culpa foi minha. – Eu mudei sim, talvez em poucas coisas, mas mudei. Agora diz, sei que não era isso que você queria falar. – ele abaixou a cabeça.
- Minha mãe me obrigou a vir.
- E porque está me falando isso? – perguntei já imaginando a resposta
- Não quero que pense que vim por você. – falou seco, eu abri e fechei a boca sem saber o que falar, ele se desencostou do balcão e pegou os morangos logo dando as costas para mim.
- Eu sei que você me odeia... – falei antes que ele saísse, ele se virou me fitando. - Sempre me odiou, e agora deve me odiar ainda mais! – eu falava enquanto avançava alguns passos em sua direção. – Mas eu não preciso de mais uma pessoa me culpando, ainda mais quando ela é você. – próxima o bastante deixei as coisas que eu estava na mão no balcão. – Minha família me olha torto, sua mãe pode até estar aqui, mas eu sei que ela está longe do perdão. – estava de frente com , nossas respirações se misturavam por conta da proximidade. – Eu me culpo todos os dias por , assim que eu acordo desejo que tivesse sido eu. Não suporto mais isso, porém eu não estrego os pontos porque sou diferente dos outros, eu quero sentir a dor, eu mereço sofrer, . –minha voz agora estava tremida e lágrimas desciam pelo meu rosto. se aproximou e botou os morangos no mesmo lugar, logo tomando meu rosto com suas mãos. Ele mantinha um olhar triste. enxugou minhas lágrimas, fiquei surpresa com tal ato.
- Eu sempre te amei, . –arregalei os olhos e ele riu molhando os lábios, atraindo minha atenção pra lá. – Te odiei por namorar o idiota do Mark, te odiei por e hoje te odeio mais ainda por mesmo depois de tudo, eu não conseguir te esquecer. – olhei para seus olhos meio marejados, ele beijou a minha testa e saiu com os morangos me deixando paralisada ali, fechei os olhos e levei minha mão até o local que ele acabara de beijar, sorri feito boba logo dando uma tapa de leve ali pra me acordar daquela idiotice. Balancei a cabeça de um lado para o outro e suspirei pegando as coisas que eu tinha deixado no balcão, saí da cozinha e voltei para o meu quarto, assim que fechei a porta do meu refúgio senti como se estivesse sendo observada. Olhei ao redor e não vi nada, dei de ombros e tomei minha água logo colocando o chocolate e o refrigerante na cama, a sensação de estar sendo observada me deixou nervosa e confusa, olhei dentro do banheiro no closet e fechei a janela, mas nada adiantava. Agoniada, eu já me preparava pra sair daquele quarto, porém quando eu estava com a mão na maçaneta senti um frio na espinha, me virei assustada e tive que segurar um grito. Definitivamente eu estava ficando louca, estava ao lado da minha cama sorrindo pra mim. Aproximei-me receosa e o sorriso aumentou, era uma imagem meio apagada, mas sim, era ela.
- Não aguento mais te ver sofrer, . – fiz uma careta, isso era algum tipo de brincadeira? Ou uma vingança do ? – Violei as regras, mas você precisa saber a verdade. – sua voz vinha como música aos meus ouvidos. - Me desculpe por isso, mas vai doer um pouco. – ela disse antes de simplesmente sumir e aparecer na minha frente, ela veio em minha direção numa rapidez absurda, sente algo passar pelo meu corpo e uma dor se instalou abaixo do meu peito, tentei gritar, mas foi inútil, me contorci puxando o ar que não queria mais entrar, caí de joelhos e uma escuridão me invadiu e, tão rápido quanto ela veio, ela se foi. Minha cabeça doía e eu não queria abrir os olhos, mas mesmo assim eu o fiz, me assustei quando eu me vi, sim eu me vi, estava eu e Fin fumando, na frente da casa de Jay e no mesmo dia que se foi. Eu era somente uma telespectadora, não estava entendendo nada, porém eu sabia que tinha que ver o que viria a acontecer com mais atenção, mesmo que eu já soubesse o que iria acontecer, me aproximei e sentei ao lado de , ou pelo menos tentei sentar já que eu acabei caindo e percebendo que a única coisa que parecia sólido pra mim era o chão.
- , eu vou ao banheiro. - falou e eu me vi confirmar com a cabeça e rir de qualquer besteira que Fin tenha me dito, revirei os olhos diante da minha atitude ridícula, minha cabeça finalmente havia parado de doer. Assim que se levantou e começou a andar meio cambaleante para o interior da casa de Jay, eu sabia que tinha que segui-la, e foi o que eu fiz, enquanto eu andava tentava ao máximo não esbarrar nas pessoas, o que era irônico porque as pessoas me atravessavam e era exatamente isso que me incomodava, era estranho.
entrou no banheiro e fechou a porta, porém esqueceu de tranca-la, eu não iria ficar ali e ver minha amiga morrer antes de suas necessidades então eu atravessei a porta, mas assim que o fiz algo mudou, eu estava de volta a frente da casa de Jay, estava ao lado de Fin e ele trocava mensagens com alguém, me aproximei pra ler o que ele escrevia: “ está no banheiro e do meu lado. Vai!” Antes que eu pudesse formular uma resposta concreta para aquela mensagem, o meu corpo foi puxado com toda força, e de novo eu me vi no banheiro com , mas é claro, ela não podia me ver. se olhava no espelho, até que a porta foi aberta e ela levou um susto, fiz uma cara confusa por ver minha amiga tão sóbria quanto antes e meu ex namorado entrando no banheiro.
- Você deveria trancar a porta quando entra no banheiro. Sabe, não existem muitos bons moços nessa festa. – ele falava enquanto fechava a porta atrás de si e andava na direção dela com as mãos atrás das costas. Ela recuava cada passo que ele dava com um olhar desconfiado em sua direção, mas o espaço faltou e ela ficou encurralada no box.
-Você com certeza é um deles! – ela falou desafiadora e ele riu. –Pensei que realmente gostasse de .
- Eu gosto. - revirou os olhos. – Mas ela, não. Sabe, eu percebo os olhares dela pra cima do seu irmão. - riu e suspirou.
- Você não é o único! – arregalei os olhos, ela sabia. – Mas convenhamos que você não seja bom o bastante pra ela, em todos os sentidos, eu deveria te afastar dela, é meu papel de melhor amiga, e é por isso que eu e estávamos planejando tudo pra manter você longe dela, mas parece que você resolveu facilitar o nosso trabalho. – ele fechou os punhos e trincou os dentes, então ela planejava me separar de Mark? Então como se ela ouvisse minha pergunta ela logo disse:
- Hoje ela ligou lá pra casa e atendeu, ele disse o que eu pedi, o que ela precisava ouvir. Ela teria que se afastar de você por conta própria, essa parte a gente não podia dizer pra ela. só falou que ela teria que se separar de mim, pensei que assim ela repensaria a vida dela ao seu lado, mas é muito mais complexo que isso porque infelizmente ela gosta de você. – ela suspirou e Mark ficou olhando-a com certa curiosidade até que ela sorriu sapeca e olhou pra ele, olhei desconfiada pra minha amiga. – Você a magoou, espaço livre pro meu irmão. – ela falou e ele se aproximou mais de e com a raiva que ele estava eu temia por minha amiga.
- Não se ele passar a odiar a . – ele falou e ela olhou torto pra ele não entendendo, assim como eu. Mark logo tirou uma seringa do bolso da calça e enfiou-a no pescoço de . Ela tentou falar, mas nada saia. Minha amiga caiu de joelhos e depois seu corpo foi ao chão inerte, sem vida.
- Não. – gritei mesmo sabendo que ninguém me ouviria, olhei para Mark que sorria. Agora eu entendia, foi tudo planejado por esse infeliz que um dia eu gostei. Depois que eu o vi com a loira, ele achou que eu viria correndo para os braços de e Fin era seu braço direito e viu quando eu dancei com e provavelmente contou para Mark. Fin aproveitou que eu estava na festa para me induzir a me drogar, eu estava sensível e aceitei, porém o foco sempre foi atingir a . Olhei para Mark com repulsa, tentei estapeá-lo, mas foi inútil, minha mão passou através dele. Mark se virou e saiu do banheiro como se não tivesse acabado de matar uma pessoa, fui até e me abaixei, levei minha mão até o rosto dela, porém desisti no meio do caminho pois sabia que não conseguiria sentir nada, fiquei a fitar os olhos sem vida de e uma dor se instalou no meu peito, uma dor diferente daquela que eu senti no meu quarto antes de vim parar aqui, essa dor era mais sentimental.
- Eu te amo, . – falei deixando as lágrimas molharem meu rosto sem nenhuma preocupação com isso. – Eu só queria uma chance pra consertar tudo. Isso ainda sim é minha culpa, eu o coloquei na nossa vida e não fui mulher o suficiente pra tirar. Uma menina abriu a porta do banheiro e gritou assim que viu , atraindo milhares de olhares curiosos que logo vieram ver o que tinha acontecido. Chamaram Jay e ele pediu para chamarem e, enquanto ele ia atrás de mim, me levantei e rumei pra fora daquele banheiro sem me importar de estar atravessando aquela multidão, já sabia o que aconteceria dali pra frente. Ao longe vi Mark nos últimos degraus do primeiro andar, saí em disparada até lá e quando consegui alcança-lo ele já estava na varanda sorrindo para alguma coisa que ele olhava com prazer, me aproximei para ver o que era e eu me vi chorando abraçada a Jay que me levava em direção ao carro. Rosnei e olhei com ódio para Mark, mas uma vez aquela dor abaixo do peito igual a que eu senti no meu quarto, só que dessa vez sem a falta de ar, me contorci enquanto as coisas ao meu redor se tornavam apenas borrões que eu não conseguia decifrar, pisquei algumas vezes e uma luz invadiu o meu campo de visão. Quando minhas pupilas enfim se acostumaram, pude ver um quarto branco. Eu estava deitada em uma cama de hospital, estava sentado no sofá olhando o celular.
- O que houve? – perguntei tentando me sentar, ele me olhou e sorriu logo se levantando e vindo para o lado da cama.
- Ouvimos um som forte e quando sua mãe entrou no seu quarto você estava inconsciente, achamos melhor trazer você pra cá. O médico já te examinou e disse que está tudo bem, estávamos esperando só você acordar pra te levarmos pra casa.
- Eu quero ir pra casa agora. – falei sem olhar pra ele. assentiu e saiu do quarto, não foi só um desmaio, aquilo foi real e estava na minha cabeça, eu nunca iria esquecer, mas o problema é que eu não podia comentar com ninguém, a porta se abriu e minha mãe entrou com meu pai.
[...]
Já estava escuro e a festa já rolava, falei para meus pais que estava tudo bem e agradeci ao pela carona até em casa. Assim que desci do carro, entrei em casa rumando diretamente para meu quarto e trancando a porta, não queria falar ou ver ninguém. Foda-se que daqui a três horas era Natal, eu não me importava, queria matar Mark nem que pra isso custasse minha vida, mas eu não poderia me rebaixar ao nível dele. não apoiaria e me odiaria mais, se é que isso era possível. Eu estava deitada de barriga para cima com os olhos fechados, até ouvi uma coisa caindo, me levantei num pulo, poderia ser de novo pra provar a mim mesma que eu não estava louca, mas eu me enganei, o que tinha a minha frente e que acabara de derrubar meu abajur, era uma menina com os olhos mega verdes, seu cabelo vermelho caia em camadas por seu ombro largo, era baixinha, um rosto oval e meigo. Vestia um vestido vermelho com figurinhas de presente, um Scarpin e vinha com um olhar superior, levantei uma sobrancelha. Como ela entrou aqui? Ela colocou o cabelo que atrapalhava sua visão atrás da orelha e pude ver sua orelha pontuda, contorci o semblante quase como se estivesse sentindo dor.
- O que você é? – eu perguntei e ela se aproximou.
- Eu sou um deles! – fiz cara de confusa e ela sorriu amavelmente logo estendendo a mão quando chegou perto de mim. – Meu nome é Shannon, e eu sou uma dos que ajudam a manter o equilíbrio natalino. Eu ouvi o seu pedido de “uma chance” e aqui estou eu pra manter o seu espirito natalino.
- Quando você fala de “um deles”, bom... – apertei sua mão.
- Eu me refiro aos seres que mantém esse tipo de equilíbrio. – ela segurou as minhas duas mãos e sorriu. – Você está pronta para ver meu superior?
- Espera, seu superior é Papai Noel? Você acredita nisso? – perguntei pasma com aquilo, que tipo de idiotice era aquela?
- Você não? – ela respondeu e meu quarto sumiu, dando lugar ao nada, um branco absoluto logo tomando cor aos poucos, uma enorme sala estava ao nosso redor cheia de meias, doces e mini homenzinhos, isso me fez rir, Shannon estava ao meu lado e puxou a minha mão em direção a um sofá onde tinha um homem mais velho, porém conservado.
- Shannon, vejo que trouxe nossa querida . - ele falou divertido e se levantou sorrindo, uma feição acolhedora como aquela me fazia lembrar de .
- Como sabe meu nome? – não deixei passar.
- Garanto que o fato de ele saber seu nome é o mínimo de seus problemas. – Shannon falou e eu sorri pra ela concordando. – Isso é real? – perguntei e ela sorriu.
- Acredite no que quiser acreditar! – ela falou.
- Sabedoria e fé, use-a sem ter medo de ser o que é, . – o homem falou e eu sorri diante de suas palavras. – Vocês estão perdendo tempo, ela só tem 2hrs30 pra consertar tudo. – ele falou e eu franzi a testa, ele sorriu e chegou mais perto de mim. – Você pediu uma chance pra consertar tudo e eu estou lhe dando ela. Lembre-se, Shannon te acompanhará até metade da viagem, depois ela irá te buscar quando o natal chegar, meia noite em ponto. É todo o tempo que eu sou capaz de te dar, não despedirsse , você é capaz! Do contrário eu não teria te escolhido.
- Obrigada Sr. Noel. – falei e ele sorriu, e de novo tudo ao meu redor se tornou branco, Shannon estava ao meu lado, quando o lugar começou a tomar cor eu estava no quarto de Jay.
- Pegue o seu batom, , você irá precisar. – olhei pra ela meio confusa e ela soltou um “Ah” como se tivesse esquecido de me contar algo, e de fato tinha. – As pessoas ainda não podem te ver e você atravessa elas, mas diferente de como foi com , aqui você pode mexer com as coisas, mas lembre-se, não faça nada fora da realidade ou melhor, do equilíbrio. Isso pode ser crucial ao seu destino. – franzi a testa e ela sorriu – Eu só vou até aqui, . Volto meia noite pra te buscar. – assenti e peguei o batom dentro de uma das gavetas de Jay, a que só tinha coisas minhas, guardei-o e acenei para Shannon logo me dirigindo para fora do quarto de Jay. Quando saí fui até a varanda, tudo agora era diferente, não era como se eu fosse controlada e não pudesse fazer o que queria, agora era como se eu realmente estivesse ali. Cheguei à varanda e senti o vento bater contra o meu rosto, poderia ficar ali por um bom tempo. Jay não havia se mudado, só derrubou o banheiro e transformou numa pequena livraria e desde o acontecimento com eu nunca mais tinha ido lá, adorava aquela casa mais do que a minha própria e eu sentia falta de lá, mas eu não tinha tempo pra ficar pensando, abri os olhos e me vi entrando na festa com um semblante emburrado, havia acabado de sair da casa de Mark, saí da varanda e desci as escadas correndo, fui até a entrada e me vi entrando abraçada com Jay, ele foi falar com uma menina e eu fui sentar no sofá. Fiquei esperando saber o que fazer, eu tinha que mudar o percurso das coisas de modo que não acontecesse aquilo com . Pensei alguns segundos e cheguei a conclusão que a resposta viria no momento certo, olhei para mim de novo e Fin acabara de sair do sofá com um sorriso convencido, mas a frente ele pegou o celular, dei de ombros e olhei pra mim que acabara de levantar, eu iria para o banheiro, me segui e assim que entrei no banheiro lembrei de um fato que me deixou intrigada, naquele dia eu vi uma frase: “Eles vão acabar com você, não vá!”; Se aquela frase foi escrita por mim e foi falha eu não repetiria, joguei o batom ao chão chamando a atenção do meu outro eu que franziu a testa e desligou a torneira, me vi abaixar e pegar o batom levando-o a lixeiro e balançando a cabeça de um lado para o outro. Percebi que era uma mania constante minha, olhei meu relógio e agora eu tinha 1hr30, precisava correr. Comecei a pensar se eu era um espírito que poderia tocar igual como fez comigo, então isso queria dizer que se eu fizesse o mesmo, eu posso ter o controle daquele corpo com muito mais facilidade, porque ele era meu. Sem tempo pra pensar, me vi levantar e ir em direção a porta. Se eu fosse testar teria que ser agora, antes que eu saísse corri até mim e atravessei meu corpo, uma falta de ar me atingiu e eu me apoiei na parede tentando puxar o ar com força, eu estava tendo uma crise de Claustrofobia. Saí do banheiro as pressas, Jay veio até minha direção e segurou meu braço me olhando com preocupação e me dando apoio. Espera. Jay veio em minha direção? Recuperada da crise olhei para o meu corpo, vestido vermelho colado e Scarpin de mesma cor, sorri, havia funcionado, não era como se eu estivesse ali, eu estava ali. Abracei Jay que riu de mim.
- O que houve pequena? – ele beijou minha testa e me abraçou mais forte. - Você está melhor? Quer se sentar?
- Eu estava com falta de ar, foi uma crise, Jay. Mas já estou melhor não se preocupe! – ele assentiu a contra gosto. - já chegou? – ele me olhou desconfiado e eu ri.
- Como sabe que ela vem? Eu não te contei. Já quer me trocar por ela, né? – ele me soltou e fez biquinho. Ri de sua manha e apertei sua bochecha logo dando um beijo estalado na mesma, ele fez uma careta e depois riu. – Você está muito melosa hoje, o que aconteceu?
- Não posso querer mimar o meu melhor amigo? – ele gargalhou. Tanto tempo fiquei sem escutar aquela risada e ver um sorriso daqueles dirigido a mim. Eu só o via uma cara preocupada ultimamente. Jay passou um de seus braços pelo meu ombro e nos conduziu por entre a festa, costurando um caminho até a entrada onde acabara de entrar, meu coração acelerou. – Eu amo ele, Jay. – ele olhou pra mim arregalando os olhos logo em seguida. – Mark foi o meu maior erro, odeio aquele cara.
- Você tomou juízo. – ele suspirou – Por que não vai falar com ele?
- Eu terminei com Mark hoje, ele se sentiria usado e eu me sentiria uma vadia. – beijei sua bochecha e me soltei dele indo para o lado de fora, desviei de quando estava na frente dele, oferecendo um sorriso apenas, ele me olhou confuso e foi cumprimentar Jay. Suspirei e continuei a andar, eu não tinha tempo agora, só tinha uma hora e eu estava mais que nervosa. Ao longe vi Fin chamando e ela se aproximou. Ele ofereceu um cigarro e ela negou, apressei o passo quase correndo pra chegar perto deles.
- Você veio... – Fin sorriu tentando ser simpático e me estendeu um cigarro, sorri pra ele e peguei o cigarro de sua mão logo jogando-o ao chão e pisando em cima, ele me olhou confuso.
- Sim, eu vim! – revirei os olhos. – Porém foi pra buscar minha amiga. – falei puxando pelo braço. Eu queria poder abraçar a minha amiga, beijar suas grandes bochechas e aperta-la, mas eu me contive, meu tempo era curto, mas eu tinha que tira-la daquela festa.
- Eu jurava que você ia fumar. Amiga, você arrasou, estou orgulhosa! - falou e eu sorri, me lembrei que eu ainda não tinha contado que Mark havia me traído, então durante o percurso, contei a ela tudo até o fato de eu gostar do irmão dela, bateu palminhas e soltou um gritinho ridículo. Agora eu sabia a reação dela.
- , eu posso falar com você? - perguntou enquanto eu puxava . Suspirei e olhei pra ela que me dirigiu um sorriso malicioso, revirei os olhos e assenti para que indicou um canto mais reservado num banco, fomos até lá e não sentamos, fiquei a fitar ele que não falou nada, mas me ofereceu um sorriso radiante e se aproximou.
- Jay me falou sobre você e Mark. – foi à primeira coisa que ele disse meio envergonhado, será que é difícil esquecer aquele infeliz um minuto sequer?
- Nunca existiu “eu e o Mark”, ele foi um passatempo inútil pra eu esquecer outra pessoa.
- E deu certo? – ele perguntou com um sorriso besta e os olhos brilhando
- Não! Principalmente quando essa pessoa está rindo lindamente pra mim nesse exat... – não consegui terminar, ou melhor não me deixou terminar. Ele me beijou, eu o beijei. Seu toque era forte na minha cintura e sua boca era a mais macia. Sorri durante o beijo e pediu passagem para a língua, eu concedi sem hesitar. Nossas línguas travaram uma guerra sem fim pelo espaço, elas dançavam em uma sincronia perfeita, a boca de era o encaixe perfeito para a minha, quebramos o beijo quando nos faltou ar, estávamos ofegantes e eu sorria que nem uma idiota, nós dois estávamos no meio de um beijo de esquimó quando Jay e apareceram com as mãos entrelaçadas nos olhando maliciosos, apontei para a mão deles e eles se soltaram parecendo meio constrangidos, ri daquela cena sendo acompanhada por .
- Bom... – Jay começou. – Seu pai me ligou, . E você pode ficar aq...
- NÃO! – falei alto demais e suspirei. – Eu queria que vocês fossem comigo lá pra casa, minha mãe sente a falta de todos vocês, todos os anos é sempre aqui, eu gosto de mudanças. Vamos? – fiz cara de cachorrinho sem dono.
- Tudo bem. – Jay e falaram em uníssono e eu ri. apenas assentiu e eu sorri, ele entrelaçou nossas mãos e eu senti um choque com seu toque, queria me aninhar em seus braços, mas agora não podia. Assim que estávamos saindo eu me lembrei de uma coisa, virei meu pescoço até onde pude e olhei para a varanda, lá estava ele, Mark nos observava, sorri e acenei pra ele logo mandando um beijo no ar. Jay iria dirigir, foi na frente com ele enquanto eu e atrás. Olhei meu relógio e faltava um minuto para meia noite, Jay deu partida e eu me abracei com . Eu havia conseguido, eu não falhei! Assim espero. Borrões ao meu redor, luz branca presente e Shannon na minha frente, num impulso eu abracei-a e ela retribuiu o abraço e riu, agora uma escuridão me envolveu e eu não vi mais nada.
Acordei com a cabeça doendo, vozes vinham da sala e uma pessoa subia a escada, cocei meus olhos e me levantei indo em direção ao banheiro e lavando meu rosto. Enxuguei e forcei minha mente para o dia anterior, assim que lembrei, arregalei os olhos logo sorrindo. Quando a escuridão me envolveu, eu fui repleta de lembranças que aconteceram, eu não poderia simplesmente consertar tudo e acordar aonde eu parei. Teria uma consequência mínima e essa foi: 1 ano se passou, o lado bom é que não ficou contando os 3 anos. Jay e estavam namorando, mas eu e não. Ele havia viajado para estudar em outra cidade durante esse um ano, voltaria hoje e advinha? Era véspera de natal. Meus pais estavam viajando, pois decidiram fazer uma segunda lua de mel, mas... Se meus pais viajaram, eu estava sozinha já que hoje é folga para os funcionários. Fui até a porta e abri-a vendo encostado na parede em uma posição sexy, sorri e ele logo me viu. se aproximou e eu pulei em seus braços, ele me girou no ar e eu ri quando ele me colocou no chão, parecia nervoso. Cadê a ? Ele não estava sozinho, tenho certeza que também ouvi a voz de Jay.
- ... – ele começou e logo se ajoelhou, franzi a testa. De canto de olho pude ver Jay e se aproximando, mas eu não me dei o trabalho de desviar meu olhar dos olhos penetrantes de . - , você quer namorar comigo? – arregalei os olhos e abri a boca pra responder, mas nada saía, só que não era porque eu não tinha uma resposta, eu tinha. Era mais pela surpresa, ele já estava desfazendo o sorriso, talvez achasse que eu não quisesse. Fiquei de joelhos e nossos rostos se aproximaram mais, foquei em seus olhos.
- Se mil vezes você me pedisse pra namorar com você, mil vezes eu diria sim. Sim, . – ele sorriu igual um idiota e me beijou. Jay e bateram palmas.
- Eu sei que está tudo muito lindo, mas eu preciso dormir. – eu e quebramos o beijo e eu revirei os olhos enquanto ele resmungava com a irmã, abracei ela e depois Jay que beijou minha testa. Como sempre, havia colocado um tapete enorme e milhares de almofadas no quarto de hospedes, a cama não daria para nós quatro.
- Sei que esse não vai ser o melhor natal, mas...
- Meu natal sempre vai ser o melhor se eu passar com vocês! Eu te amo, Jay. Eu te amo, . –me virei para o que faltava e fiz cara de pensativa, logo balancei a cabeça de um lado para o olho e olhei-o. – Eu te amo, . – ele sorriu abertamente
-Eu te amo, . – ele falou
- Eu te amo muito, pequena. Todos nós te amamos aqui. – suspirei e assenti, me aconchegando nos braços de que me apertou contra seu corpo. Me cobri até o pescoço e fechei os olhos para tentar dormir, mas alguma coisa me impedia de faze-lo. Alguns minutos depois eu decidi ir beber água pra ver se andar um pouco me dava sono, mas assim que eu abri a porta do quarto me deparo com uma caixinha rosa ao chão, peguei e vi que continha uma mensagem: “Sabedoria e fé, use-a sem ter medo de ser o que é, .“ sorri com aquilo mais uma vez, sabia muito bem quem era o autor dela, fora tudo real. Abri a caixa e ela continha uma caixinha de música, mas diferente de outras que eu já vi, não era uma bailarina e sim uma mulher na neve que alisava uma das renas, ela se parecia com Shannon, e o Sr. Noel ao lado com um saco vermelho. A neve estava espalhado por todos os cantos e podia-se ver uma casa também coberta de neve, mas que dava para perceber que era linda, guardei a caixinha em uma das gavetas daquele quarto e voltei a me aninhar nos braços de , sorrindo eu fechei os olhos e o sono começou a me consumir, deixando minhas pálpebras pesadas de modo que a única frase que eu conseguisse produzir antes da escuridão confortável me consumir foi:
- Obrigada pela chance. Muito obrigada.
FIM
Nota da autora: Meu, MEU, MEUUUU. Caraaaa, estou pirando! Eu não sei se vocês vão gostar, porém eu gostei. Eu não acredito que eu consegui terminar essa Fic a tempo. Não acredito mesmo, aaiii senhor. Gab, sua linda, mais uma Fic pra você betar querida, vou te dar ainda muito trabalho! Eu estou extasiada depois de escrever essa fic, eu lembro que no começo a minha ideia era tão paia que eu até tinha chegado a desistir, mas o Word aberto eu coloquei a música Demons do Imagine Dragons e cenas surgiram na minha cabeça( a letra da música não tem nada haver com a Fic, foi mais pelo ritmo). Eu queria agradecer a Gyh, que me apoiou desde o começo, pirando comigo em cada coisinha que eu comentava. Era isso gente, qualquer coisa vão lá no meu ask (http://ask.fm/Sabys2 ) e se quiserem, entrem nesse grupo(https://www.facebook.com/groups/250151811800561/ )e venham falar dessa e outras Fanfic’s. Haha era isso gente espero de coração que vcs gostem e comentem para deixar uma autora feliz.
Bjuuuuuuuusss.
Ah, e de novo, muito muito obrigada Gab! Melhor Beta ever!
Nota da Beta: Mimimi, eu quero uma chance rs :P Amo o Natal, mas ainda não tenho uma tradição como eu gostaria ): mas quando eu tiver minha família.... Ou não sei, né? Vai que encontro uma Shannon por aí! ahahah :P Obrigada Saby, você que é uma linda <3
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