Ela, Bianca Maciel, 19 anos, Uma blogueira anônima e famosa, ficou conhecida através de suas criticas e opiniões sobre o
amor; seu blog rendeu fãs em vários lugares do mundo. Ele, Thomas Fletcher, prestes a completar 20 anos, produtor de
eventos, tem fama de galinha, não falta a nenhuma festa bacana e ultimamente resolveu levar a sério a ideia de ter uma
banda.
Capítulo Um
- Natalia, acorda, estamos atrasadas. Tenho que deixar você na editora, ir pra
aula e voltar a tempo de preparar o almoço... - Chega de discurso matinal... – resmungou igual a uma velha. Por**, eu
nem dormi ontem com essa cachorra gritando e... E é inverno! - Não fala assim da Lola. Magoa, sabia? E que bom se todo
mundo resolvesse parar pra dormir no inverno, não acha? - Teu sarcasmo matinal torna meu dia mais belo. Então logo
descemos para a cozinha para tomar café. Depois da demora colossal da Natália, resolvi fazer torradas, porque as panquecas
da Nat... Bom, deixa pra lá. - Você pode desligar essa coisa pelo menos no café? - era visível sua irritação. -
Claro, xuxu. - to começando a achar que ela tem ciúmes do notebook. Depois de deixar a Natália na editora, em mais uma
de suas tentativas frustradas de arrumar emprego, fui para a universidade - estou no segundo ano de Direito. Quando
cheguei, a aula já tinha começado, tudo culpa de uma lesma que eu tenho como amiga. - Guten Morgan, Bianca! -
dizia a professora Lauren Schossler. - Wie ghet’s? - cumprimentei. - Vou bem e você? - Tudo ótimo, desculpe
o atraso, tive que resolver algumas coisas. - Tudo bem, você trouxe o trabalho? - Sim, está aqui. – então peguei o
trabalho e a entreguei. - Muito bom, vou pedir um trabalho para a semana que vem. Bianca, seus colegas já formaram as
duplas e você está com a aluna nova, a Luisa. - OK. Eu e Luisa combinamos de fazer esse trabalho na sexta, então eu
teria três dias de folga até lá. Cheguei em casa mais cedo, não precisei buscar a Nat, pois ela voltaria pra casa de
metrô. Ela, agora que anda de caso com um menino chamado Harry Judd, resolveu me abandonar. Sinto falta da sua companhia
nas festas, até mesmo em casa, quando decidíamos fazer “o dia das meninas”. Bom, chega de drama, eu vou preparar meu
almoço, um delicioso salmão norueguês. Depois de passar o dia todo estudando e atualizando meu blog, resolvi sair pra me
divertir um pouco. Não sem antes deixar um recado para Natália na geladeira. Escolhi uma boate que, mesmo no inverno, está
sempre cheia e também porque é bem aconchegante, além de uns amigos que tenho por lá. Quando cheguei, tratei logo de
achar o Mike, meu amigo e, como eu costumo chamá-lo, meu diário, meu fiel companheiro pras noitadas; juntos, nós temos
muitas histórias para contar, sério, poderíamos escrever um livro com o que passamos juntos, as pessoas poderiam até dizer
que formamos o casal perfeito se não fosse o detalhe dele ser gay. - Ué, Justin, cadê o Mike? - Justin é o barman e
eterno amor de Mike. - Ele passou mal, teve que ir embora, disse que era pra pedir desculpas e que amanhã ele liga pra
você. - Tudo bem - eu disse, um pouco desanimada. - Posso oferecer uma bebida? ... É por conta da casa, vejo que
parece um pouco triste hoje... - Ta tão obvio assim? - Bom, talvez essa noite não seja tão ruim quanto você pensa. Dá
uma olhada no cara que não tira os olhos de você há um tempão. - Justin, eu sou alérgica a morango. – falei, já cuspindo
o líquido. - Foi mal, Bia, vou trocar a bebida. Não sei por quanto tempo fiquei ali parada, conversando com Justin,
só me lembro de olhar no relógio e perceber que já estava tarde. - Nossa, são 5h19, vou pra casa. - Tem certeza de
que não vai nem dizer ‘oi’ ao bonitão ali? To dizendo, ele não tira os olhos de você. - Você o conhece? - Conheço,
sim, se chama Thomas, vem sempre aqui, parece uma boa pessoa. E sempre tem muita menina atrás dele, mas ele não é de se
interessar por qualquer uma. - Nossa, tem aí o numero do celular? Do CPF? RG? Email? Endereço? E sabe-se lá o que mais?
- Boba, só to tentando te ajudar, não aguento mais te ver sozinha. - Justin, é por opção, eu não to encalhada, ok? E
eu sei que você não quer que eu fique de vela. Você e o Mike não precisam se preocupar não, eu vou mais atrapalhá-los. –
agora dramatizei. - Sua boba, é obvio que adoramos a tua companhia, e eu sei que você não está encalhada, mas não está
sozinha por opção. Bia, cai na real, você não tem mais tempo pra você mesma. Eu só quero te ver feliz, porque quando eu ou
o Mike não estivermos por perto, você vai ter alguém que cuide de você, porque a dona Natália sumiu. Se bem que você não
podia contar muito com ela, né? Não pude deixar de rir com o comentário do Justin, lembro-me de todas as vezes que
tivemos que carregar a Natália bêbada até em casa. Ela é meio maluca, sim, mas faz falta; o Harry, pelo que notei, é uma
boa pessoa e eu quero vê-los felizes, assim como Justin e Mike. -Serio, Justin não to com cabeça pra pensar em
relacionamento agora. E to muito cansada, vou pra casa descansar um pouco, to de folga da escola, mas não dos
trabalhos. - E se pintar algo? Entendi bem o que ele quis dizer com “algo”, então ponderei um tempo sobre a
resposta. - Quem sabe... – deixei a frase no ar. Então, quando ia saindo, senti algo me puxar e olhei pra trás
assustada. Era ele... Justin tinha razão, ele estava me observando. Mas por que alguém se interessaria por mim? Ta, eu não
era tão feia assim, mas tinha tanta mulher cheia de plástica naquele local e a pessoa presta atenção em mim. - Oi –
disse, e eu não pude deixar de analisar cada detalhe do seu rosto. Era perfeito. - Oi – eu respondi. - O que você quer
falar comigo? Olha, eu já tenho que ir pra casa e não tenho muito tempo... – sei que fui meio mal educada, mas não posso me
prender a ninguém agora. Preciso terminar logo a faculdade pra não ter que voltar pra Boston. E um relacionamento agora só
iria atrapalhar. Sei que é cedo pra dizer isso, só que eu sempre fui o tipo de pessoa que se apaixona fácil. - Eu não
quero te atrapalhar, só queria companhia. Se você tem mesmo que ir, tudo bem, eu não quero atrapalhar, mesmo... - Tudo
bem, eu posso ficar mais uma meia hora. Pode ser? – o que deu em mim? Nem conheço esse garoto. Só em ver seu rosto
iluminado como o de uma criança já valeu a pena. Não preciso ressaltar que ele ficou ainda mais bonito, né? Se isso for
possível. - Bom... Pra ser sincera, eu não aguento mais esse barulho aqui, minha cabeça tá rodando. Vamos lá pra fora? –
ele apenas assentiu. - Qual o teu nome, stranger? – ele riu da minha “piada”. - Thomas Fletcher. E você, nobre dama,
como se chama? - Bianca Maciel. Me responde uma coisa? - Se eu souber... – odeio quando falam isso. - Com tantas
meninas perfeitinhas lá, você resolve vir conversar comigo? - ele apenas riu. - Quer mesmo saber a resposta? – eu fiz
sinal negativo com a cabeça. - Hey, você não é como as outras meninas que eu conheço. – disse, parecendo me
analisar. Depois disso a conversa fluiu legal, não falamos de coisas pessoais, claro, mas eu descobri uma coisa que
temos em comum, somos apaixonados por cachorros. - Posso deixar você em casa? – ponderei várias vezes sobre deixar ou
não deixar Thomas me lavar pra casa, mas preferi inventar uma desculpa, afinal nem o conheço direito. - Fica pra
próxima, ok? – dei o meu melhor sorriso e saí à procura de um táxi
Capítulo Dois
Quando
cheguei em casa, Nat já estava dormindo, mas eu sabia que iria ter que responder ao seu questionário no dia seguinte. Subi
para meu quarto, tomei um banho e peguei no sono logo que me deitei. No outro dia, como previsto, fui acordada cedo por uma
maluca, vulgo minha amiga. - Conta, conta, conta... - Chega, Natália! Eu não sou surda e eu quero dormir, depois nós
conversamos. - Pelo visto a noite foi boa, hein?... E se você não levantar agora eu vou jogar água gelada em você! -
Mas que inferno! O que você quer? - Preciso te contar uma coisa... - Não dá pra esperar eu acordar? - Não! -
Então fala logo, ué. - Não, não nós temos que sair pra comemorar. - Comemorar o quê? - Harry me pediu em
casamento! - Nat, to muito feliz por vocês. - então a abracei – Você sabe que eu adoro o Harold e fico feliz por vocês
estarem juntos. De verdade. Vocês são importantes pra mim. – disse, com lágrimas nos olhos. Harold já era como um irmão pra
mim, e o mais importante: estava fazendo minha amiga feliz. - Você também é importante pra nós, por isso decidimos que
você será a madrinha, então, trate de arranjar um padrinho! Mas agora me conta, o que aconteceu ontem? - Primeiro, estou
muito feliz de ser a madrinha. Segundo, não aconteceu nada, e terceiro... Então, não tem padrinho nenhum. - Bia, você
quer ficar pra titia? Eu acho que não, né? E não minta pra mim, quero saber de tudo! - Quem foi? Mike ou Justin? - O
que? Tá doida? - Quem foi o fofoqueiro? - Aham, então teve algo. - Tá, eu conto. Um menino maluco veio puxar
conversa comigo; foi só isso. - Hum, e depois vocês saíram, pra onde foram? -J ustin fofoqueiro! Pra que eu vou
falar? Pergunta ao Justin. - Ele não sabe mais nada, só disse que esse menino era um gato. Como era o nome dele? -
Thomas Fletcher. Depois de eu contar toda a conversa com todos os pontos e vírgulas, eu e a Natália fomos almoçar para
comemorar. - Nat, eu preciso atender, é o André. - Claro, tudo bem. Decidi ir até o banheiro, porque sei que essa
conversa vai ser longa e ele não está me ligando só pra saber como estou. - Fala, André. - Bom dia pra você
também. - Olha, eu sei por que você está me ligando e já te digo: Não vou voltar pra Boston! - Bianca, entenda uma
coisa, você nem emprego tem. Pretende viver a vida inteira dependendo de um blog idiota? - Eu me viro bem com esse
dinheiro. - Ninguém, além de mim e da Natália, sabe que é você a blogueira anônima. Cai na real, menina. Eu to indo pra
Paris semana que vem, só liguei pra avisar; quando eu chegar, a gente conversa. Voltei pra mesa e a Natália percebeu
minha cara de espanto. - O que ele queria? - O André está vindo semana que vem. – disse logo de cara, e ela entendeu.
– Acho que dessa vez não tem conversa. - E agora? – ela perguntou. - Eu não sei... Eu não quero voltar pra lá. Passei
o resto do dia preocupada, tentando achar uma desculpa para continuar em Paris. Até que tomei uma decisão. - Natália,
vamos sair? Não sei o que vai acontecer, mas até lá eu vou aproveitar o máximo que puder. - Poxa, Bia, eu marquei de
sair com o Harry hoje, sabe... - Tudo bem, eu vou mesmo assim. Então voltei à boate “Sky blue” ou “Ciel bleu”, como
chamam aqui. E dessa vez tinha a esperança de encontrar o Mike. - Oi, Justin. - Oi, ta procurando o Thomas? Ele
está... - Justin! To procurando o Mike. - Ele estava aqui agora mesmo, daqui a pouco ele volta. - Ta, vê algo bem
forte hoje, e sem morangos. - Nossa... Hoje tá a fim de aproveitar a noite? - Só estou recuperando o tempo
perdido. E depois disso, comecei a beber alguma coisa que Justin me serviu, que não sei o que era, mas era viciante.
Logo fui me esquentar na pista. - Oi - senti sua respiração em meu ouvido. - Tá me perseguindo? - perguntei. - Eu
cheguei aqui primeiro, então, tecnicamente, você está me perseguindo. - E por que você acha que eu faria isso? Não sou
desse tipo de garota que você está acostumado. - Não, você é especial – e por um momento fiquei feliz em ouvir isso e
abri um sorriso involuntário, mas logo ele se fechou; eu não podia dar chance a ele. Quantas meninas já devem ter ouvido a
mesma coisa? E eu vou embora, não posso fazer novas amizades; Nunca tive muitos amigos, mas os únicos que eu tenho são
especiais e já vai ser bem doloroso me despedir dele. - Pra quantas meninas você já disse isso hoje? – antes de espichar
a conversa, fui saindo; nem vou me preocupar em achar aquele sumido do Mike.
Capítulo Três
Então senti
alguém me puxar. - Da última vez você disse que eu poderia te deixar em casa. - Mudei de ideia. - Hey, o que você
acha que eu vou fazer? Te sequestrar? - É, você não tem cara de psicopata ou terrorista. - Então, posso te levar?
- Pode. - decidi ceder. No outro dia a Natália me acordou de novo, querendo que eu fosse ajudá-la com os
preparativos do casamento, que só será daqui a dois meses. Iríamos escolher o salão para festa. Quando chegamos, fiquei
surpresa, o salão era realmente lindo, na verdade, era um clube recém-reformado. - Não acredito! - O que foi,
Bianca? - Você ta me perseguindo! - O mundo não gira só em torno de você. - Quem você pensa que é pra falar assim
comigo? - Bianca! Não fale assim com o produtor de eventos que irá organizar meu casamento. - O quê? - É isso
mesmo. Não seja mal educada! - Você não é minha mãe, Natália. - Às vezes eu acho que o que te falta... -... É uma
mãe – completei já chorando e saí correndo em seguida. Não iria escutar desaforo. Ouvia alguém chamar o meu nome, mas só
quando chegou mais perto eu reconheci a voz. - O que você quer? Veio me ofender também? - Olha, eu não to a fim de
brigar. E muito menos to te perseguindo. - Então você ta com pena? Não se dê ao trabalho, eu não sou digna. - Deixa
de drama. Vem! Então Thomas me puxou até seu carro. - Onde estamos indo? - Num lugar que sempre vou quando to
triste, lá eu me sinto melhor; é tipo terapia, sabe? - Entendo. Desculpe-me por ser sempre tão mal educada com você, é
que eu... eu.. - Tudo bem se não quiser falar sobre sua vida. - Eu tenho que ir embora, e não quero! – comecei a
chorar novamente. - Como assim? Pra onde? Fiquei em silêncio, o vendo ligar o rádio. - Isso deve melhorar o seu
humor, comigo funciona. - Você é fã de The Script? - Sou sim. - Nossa, eu amo as músicas, as letras sempre me
emocionam. - Chegamos. Parei para analisar o lugar, era lindo, cheio de montanhas cobertas por uma neblina devido ao
inverno. - Esse lugar é lindo! – meus olhos brilhavam como os de uma criança. - Bianca, você pode se abrir comigo,
fala o que ta acontecendo, eu quero te ajudar. Nesse momento meu celular tocou de novo. - O que foi agora, André?
- Só pra avisar que estou chegando daqui a dois dias, me espere com suas malas prontas. - Mas... - Sem “mas”, é o
melhor pra você. Você quer ficar sozinha depois que a Natalia casar? - Como você soube? - Não importa. Desliguei o
celular de raiva e comecei a chorar de novo. - O que ta acontecendo? – Thomas me perguntou, apavorado. – Quem é André?
- É meu primo. - E o que ele quer? - Que eu vá morar com ele, mas eu não quero ir. Thomas puxou-me para um
abraço e eu o abracei como se minha vida dependesse disso. - Meus pais morreram quando eu era pequena, foi em uma
nevasca; por sorte eu me salvei, mas meus pais... Ganhei essa cicatriz naquele dia – apontei para minha testa. – Depois
disso, André passou a cuidar de mim; ele deixou eu me mudar pra cá até acabar a faculdade, mas agora, com o casamento da
Natália, ele não vai me deixar morar sozinha, e eu não quero atrapalhar a vida dela; por isso não contei a ela o motivo de
eu ter que ir embora. Eu to desesperada porque nem emprego eu tenho, só um blog que ta famoso, mas ninguém sabe que sou eu.
É óbvio que ele vai me obrigar a voltar pra Boston. - Bianca... – ele pegou meu queixo, me fazendo levantar meu rosto e
secando minhas lágrimas – Só o que eu desejo agora é te fazer feliz. Você me fez sentir algo diferente naquele dia em que
nos conhecemos. Por favor, deixa eu te fazer feliz? Se você quiser um tempo pra pensar, tudo bem, você tem dois dias, até o
seu primo chegar. A mão de Thomas tocou na minha, me fazendo olhar para o lado. Uma péssima ideia, pois nossos lábios se
tocaram, trazendo-me várias sensações que nunca tinha sentido antes. - Eu acho que já tomei minha decisão. – sorri, e
ele me respondeu com um beijo. - Eu quero que você vá morar comigo o mais rápido possível. – não pude deixar de sorrir
com isso, e tive a certeza de que era com ele que eu iria ser feliz. - Já ta ficando tarde, eu acho melhor nós irmos
embora, daqui a pouco começa a nevar. - Eu adoro nevasca... Desculpa, desculpa, desculpa... - Apesar de ter perdido
meus pais por isso, eu gosto de neve, é tão romântico e me lembra do meu país , mas também adoro calor, lembro de uma
viagem que fizemos ao Brasil e que eu juntei várias conchas da praia de Copacabana. Olha... – peguei de dentro da bolsa uma
foto com meus pais. - Foi tirada de dentro de um teleférico. - Você é a mistura perfeita dos dois, parece uma boneca –
Tom disse, me fazendo ficar com vergonha. - Meu único arrependimento foi não ter aproveitado mais a presença deles, e
hoje eles fazem muita falta, a única coisa que sobrou foi foto, eu tinha uma presilha da minha mãe, mas perdi no trem
quando me mudei pra cá. - Mas falando sério, Thomas, ta ficando escuro, temos que ir. - Só mais uns minutinhos, esse
lugar fica mais bonito sob a luz da lua. Espera aí... Ele foi até o carro e pegou um cobertor e um gorro de lã dele pra
mim; ficamos mais alguns minutos e ele me falou um pouco sobre a vida dele. Disse que tinha um irmão mais novo e que adora
crianças. - Bom, eu não me dou bem com crianças. Tive que ser adulta muito cedo. Eu cuidava das responsabilidades da
casa enquanto meninas da minha idade eram mimadas e só se preocupavam com coisas da pré-adolescência, como aqueles
questionários ridículos sobre relacionamentos. E meninos só se preocupavam com futebol. - Entendo como deve ter sido
difícil pra você... Mas imagina uma miniatura sorrindo e aqueles abraços que só uma criança sabe dar. - É, nunca tinha
pensado nisso, mas não sei se seria uma boa mãe. - Não é você que gosta de mudar de ideia? Mas, agora, nós poderíamos ir
pra minha casa ver um filme. - Qual filme? - The Notebook. - Ta brincando? Eu adoro esse. Quando chegamos, Tom
ligou o abajur do quarto e disse pra eu esperar enquanto ele fazia pipoca, e eu aproveitei pra ligar pra Nat pra contar
onde eu estava, porque, enfim, contar as novidades e ela ficou super feliz por não ter mais uma amiga encalhada. Depois do
filme não preciso dizer o que aconteceu, né? Tinha certeza que a partir dali tudo iria mudar. E o André não poderia mais me
obrigar a voltar pra Boston.