Fic by: Paloma Oliveira | Beta: Flávia C.

Capítulo 1: A Flor Mágica!

Eu já não aguentava mais aquilo. Não conseguia me ver como uma garota como todas as outras daquele espaço. Era como se eu fosse diferente de algum modo e algo dentro de mim denunciava que eu não fazia parte daquele lugar.
Não que eu me achasse especial ou algo do tipo. Eu apenas não conseguia me encaixar e aquelas pessoas à minha volta me mostravam mais claramente que eu não deveria estar onde estava. Além disso, as coisas que vinham acontecendo comigo, só confirmavam esse meu ponto de vista.
Meu nome é e tenho 17 anos. Curso o ensino médio numa das muitas escolas de São Paulo e meu sonho é ser uma grande fotógrafa! Muitos diriam que, por conta desse tipo de vida, eu era uma adolescente como outra qualquer. Como eu queria que isso fosse verdade. Mas, infelizmente, não era. Acima de tudo, sentia dentro de mim que algo estava muito errado. Bastava apenas saber do que se tratava.
Enquanto estava perdida em meus pensamentos, o sinal que anunciava o início das aulas tocou. Aquele era mais um dia fatídico naquele colégio. Geralmente, nada de interessante acontecia ali, a não ser que alguém resolvesse brigar por algum motivo fútil.
Me levantei sem muita disposição para encarar a primeira aula de física e me dirigi até a classe. Ao adentrá-la, pude notar que lá estavam todas as pessoas que provavelmente eu tinha visto por todo ano letivo, mas que muito mal sabia o nome, mesmo agora que estávamos quase na primavera.
Quando a aula começou, o que era de se esperar aconteceu: nada. E lá se ia mais um dia monótono. As coisas só mudaram um pouco por conta de uma chegada inesperada. Antes que a aula acabasse, a diretora entrou na classe com seu sorriso forçado e nos cumprimentou alegremente, se é assim mesmo que eu posso me referir ao que ela sentia no momento. Ela falou muitas coisas às quais eu não prestei muita atenção. Só ouvi mesmo a última frase de tudo o que ela tinha dito.
- Alunos, quero que deem boas vindas ao seu novo colega de classe! - ela falou e se virou até a porta - , entre, por favor.
Assim que ela chamou o novo aluno, ele adentrou a sala. Posso dizer que fiquei encantada com sua beleza, mas não foi isso que me chamou realmente a atenção. Desconsiderando todo o resto, posso dizer que seus olhos eram hipnotizantes e foi isso que aconteceu assim que ele os cravou em mim. Não consegui me desviar deles, como se ele tivesse algum poder sobre mim. Só desviamos o olhar quando a diretora se pronunciou mais uma vez.
- , pode se sentar. - ela disse e sorriu pra ele.
Ele balançou a cabeça positivamente e foi até uma das carteiras que estavam vagas. A que ele escolheu ficava ao meu lado e apenas outra carteira vazia nos distanciava. Não pude evitar mirá-lo mais uma vez e quando o fiz, pude constatar que ele também me encarava. Quando percebeu que eu olhava em sua direção, ele sorriu de lado. Eu apenas desviei o olhar um pouco envergonhada.
A aula terminou depois de uns 10 minutos e então todos saíram em busca de alguns minutos perdidos até a aula de história. Assim que cheguei ao pátio, me sentei em um dos bancos ali.
Não demorou muito e eu já estava entretida com um de meus livros sobre algum tipo aventura onde um herói sempre conseguia a vitória no final. Enquanto estava distraída, senti que alguém havia sentado ao meu lado. Assim que me dei conta de quem era, não pude deixar de ficar embaraçada. O aluno novo estava ali.
- Posso ajudar? - eu tentei ser simpática.
- , não é? - ele sorriu .
- Sim. - eu disse tímida, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha - Mas como você sabe meu nome?
- Eu só prestei atenção na chamada. - ele continuou sorrindo.
- Você é , não é? - eu também sorri.
- Sou. - ele respondeu - Mas pode me chamar de .
- Não sei se já te disseram isso, mas seja bem-vindo! - eu falei e finalmente fechei o livro
- Obrigado. - ele disse, mas logo sua atenção foi desviada por algo
Eu acompanhei seu olhar e então pude perceber que ele mirava as flores do jardim. Eu entranhei aquilo, pois a maioria delas ainda não tinha desabrochado já que a primavera chegaria apenas amanhã.
- O equinócio está chegando. - ele sussurrou mais pra si mesmo, mas eu pude ouvir.
- Equinócio? - eu perguntei curiosa.
- Você deveria saber do que se trata. - ele disse sem me encarar.
- Deveria? - eu ri abafado - Desculpe, mas eu não sei. Já ouvi falar nisso, acho que tem alguma coisa a ver com o sol, mas não sei te dizer do que se trata.
- Pelo menos você já o básico. - ele finalmente se virou pra mim - Mas ainda falta aprender muito.
- Aprender? - eu ergui as sobrancelhas - Aprender o quê?
- Me encontre depois da aula e você saberá! - ele sorriu e então se levantou indo na direção da classe - Vou te esperar na saída.
Eu continuei o observando se distanciar. O que aquele garoto queria? Ele nem me conhecia e já vinha dizendo que tinha algo a me ensinar? Por mais que quisesse desconsiderar aquela conversa inesperada, a curiosidade estava me corroendo por dentro.
Antes que eu decidisse algo, porém, o sinal que anunciava a segunda aula tocou. Eu me levantei e fui até a sala. Quando a adentrei, não pude deixar de mirar que estava sentado com os braços sobre a carteira. Assim que me viu, ele sorriu de canto e piscou aqueles olhos encantadores.
A aula passou num ritmo lento e eu suspirei aliviada assim que o toque final anunciou o término das aulas daquele dia e também da semana. Arrumei minha mochila e saí da classe, mas em vez de me dirigir até a saída, fui até onde ficavam os bebedouros. Na verdade, eu só estava querendo prolongar minha partida, pois queria pensar mais um pouco na proposta de . Se eu decidisse que não confiaria nele, talvez ele já tivesse ido embora.
Depois de uns 15 minutos caminhando pela escola, eu decidi ir para casa. Assim que saí pelo portão, encontrei apenas o porteiro. Ele sorriu pra mim.
- Achei que não tinha vindo hoje, ! - ele disse sorridente.
- É que eu me atrasei um pouco com meus materiais lá na sala. - eu respondi - Então, sou só eu que fiquei?
- Não. - ela balançou a cabeça negativamente - Um garoto, acho que o novato, também ficou aqui.
- Ficou? - eu arregalei os olhos.
- Sim. - ele respondeu - Na verdade, ele está sentado bem ali.
Assim que ele apontou em uma direção, eu o segui com o olhar. De onde estava, vi sentado numa calçada mais alta que as outras, observando tudo em volta. Depois de me despedir do porteiro, eu fui até ele a passos lentos. Quando me aproximei, segurei as alças de minha mochila com força e o chamei.
- ? - eu disse tímida
- Ah! - ele me encarou - Achei que você não vinha!
- Eu achei que você já tinha ido embora. - eu disse e sorri sem graça
- Mesmo que quisesse, eu não poderia ir. - ele se levantou - Você é muito importante pra ser perdida.
- Eu? Importante? - eu ri abafado - Tem certeza que sou eu quem você procura?
- Sem dúvidas, ! - ele sorriu largamente e então segurou minha mão - Vem comigo.
Eu hesitei um pouco, porém, logo a curiosidade falou mais alto. Não sei por que, mas eu sentia uma confiança imensa por aquele garoto. Eu o segui sem soltar sua mão.
Logo chegamos a um estacionamento. Lá estavam vários carros, mas ele não foi até nenhum deles, foi direto ao final do estacionamento. Eu não falei nada, apenas o segui. Sei que isso não era o certo, que eu não estava agindo com bom senso, mas mesmo assim eu fui com ele. Em certo momento, nós paramos e ele se virou de frente pra mim.
- , eu sei que o que eu vou fazer agora vai ser estranho, mas por favor, não se assuste. - ele disse e depois soltou minha mão delicadamente.
- Eu vou tentar. - eu disse, já estranhando aquele garoto
Ele fez um sinal positivo com a cabeça e então tirou a mochila das costas. Ele abriu o zíper dela devagar, e, antes de tirar algo de lá, me fitou por alguns instantes. Eu o incentivei por dar dois passos à frente e por fim ele retirou o que queria.
Não pude deixar de me surpreender ao ver o que ele segurava nas mãos. Fiquei boquiaberta ao ver que segurava uma rosa, mas não era uma flor comum. Ela era multicolorida e totalmente brilhante, como um arco-íris. Era uma das coisas mais lindas que eu já tinha visto. Mas, mesmo toda aquela beleza não me fez parar de me distanciar. Só parei quando ele me segurou pelo pulso.
- , por favor. - ele falou docemente
- O que é isso, ? - eu perguntei assustada - Por que essa flor tem todo esse brilho?
- Eu prometo que vou te explicar, mas antes você tem que usá-la. - ele implorou.
- Usá-la pra que? - eu franzi a testa
- , eu prometo que você vai saber de tudo, mas agora estamos sem tempo. - ele disse e estendeu a rosa em minha direção.
Eu a mirei por alguns instantes e só depois de fitar a cara de desespero de é que eu cedi. Assim que peguei a rosa, senti algo diferente. Era como se aqueça força já fosse conhecida pra mim. Pela primeira vez, senti que conhecia algo realmente.
- O que eu devo fazer? - eu perguntei em dúvida
- Apenas esteja em contato com ela. - ele disse e voltou a segurar minha mão
- E depois? - eu quis saber
- Depois estaremos num novo lar, guerreira! - ele falou e então se aproximou de mim, pegando a rosa de minha mão e a colocando em meus cabelos.
No mesmo instante, o brilho da rosa passou a aumentar cada vez mais até que se tornou um forte clarão. Quem observasse de longe não nos veria, mas apenas a luz que irradiava de nós dois. Em certo momento não consegui ver mais nada e automaticamente fechei os olhos. Só os abri quando sussurrou algo em meu ouvido.

- Pode abrir os olhos agora. - ele disse sem largar minha mão.
Assim que segui seu conselho e abri meus olhos, fiquei fascinada. Nós não estávamos mais no estacionamento. Estávamos num lugar totalmente diferente. O céu ali era totalmente escuro por mais que ainda fosse manhã. Porém, o que mais me impressionou foi onde pisávamos. Não era um chão comum. Na verdade, não era no chão que pisávamos, mas sim num arco-íris. Sim! Mais precisamente numa ponte de arco-íris. Abaixo não havia nada, apenas um abismo negro.
- , onde estamos? - eu perguntei
- Seja bem-vinda a Asgard! - ele sorriu pra mim
- Asgard? - eu me surpreendi - Aquele lugar dos mitos nórdicos onde os deuses vivem?
- Sim e não. - ele respondeu – Sim, porque aqui é o lugar onde os deuses vivem e não por que isso não é um mito.
- Mesmo que seja real o que eu tenho a ver com isso? - eu soltei sua mão e abri os braços para apontar tudo em volta.
- Você é a escolhida. - ele disse simplesmente
- Escolhida? - eu franzi a testa - , me explica isso direito.
- Eu vou te explicar, mas antes vamos até as valquírias. - ele me puxou novamente pela mão, mas eu continuei parada.
- Espera. Quando eu vou voltar? - eu perguntei preocupara - Eu tenho uma família, lembra?
- Não se preocupe com isso, eu já resolvi tudo. - ele disse me puxando
- Como? - eu continuei preocupada
- Eu usei seu celular pra avisar seus pais que você passaria o final de semana na casa de uma amiga. - ele disse como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.
- Você o que? - eu arregalei os olhos – Como você conseguiu pegar meu celular?
- Quando você estava distraída lendo no banco do colégio.
- Eles não vão acreditar nisso. – eu revirei os olhos.
- Claro que vão. - ele disse confiante.
- E como você pode ter tanta certeza? - eu mordi os lábios.
- Porque sua mãe respondeu apenas "Então vemos você na segunda!" - ele respondeu
- Acabei de perceber que tenho pais que são super preocupados comigo. - eu ri nervosa e finalmente dei os primeiros passos.

Começamos a andar para fora da ponte e então chegamos ao que parecia ser a sua entrada. Lá, um grande homem fazia a sua guarda.
- Essa é a escolhida? - ele perguntou sem mover um músculo.
- Sim. - respondeu rápido sem parar de andar.
- Ela será grande! - ele disse alto pra que pudéssemos ouvir.
- Com certeza será! - confirmou.
Continuamos a andar, mas minha mente estava longe. Será que eles se referiram a mim quando falaram da tal escolhida e que ela seria grande? Eu precisava urgentemente de uma explicação ou minha cabeça explodiria com tantas dúvidas.
Assim que chegamos a um grande palácio, o adentramos e me levou até uma grande sala. Eu estava fascinada com toda a grandiosidade daquele lugar e minhas expressões com certeza não escondiam isso. Ficamos em silêncio por algum tempo até que algumas mulheres muito belas entraram no salão. Elas vestiam longos trajes brancos e apenas os cintos que os marcava na cintura eram de cores diferentes. Uma delas, que tinha o cinto dourado se aproximou e nos cumprimentou.

- Guerreiro, vejo que já retornou de sua jornada. - ela sorriu - E trouxe a escolhida consigo! Meus parabéns!
- Obrigado, senhora! - ele se curvou discretamente a ela - Como já sabem, minha jornada acaba aqui, pelo menos nessa parte dos preparativos. Deixo-a em suas mãos.
- Cuidaremos bem dela! - uma outra delas, que usava um cinto esverdeado, falou - Vá em paz, guerreiro.
também se curvou para ela e em seguida para todas as outras mulheres. Depois, ele se virou até mim e sorriu, sibilando um 'adeus'. Sem que eu esperasse, ele se virou e seguiu até a saída. O que seria de mim agora sem ele?
Acho que esse desespero estava bem notável, pois uma daquelas mulheres, a mais bela de todas, se aproximou de mim me abraçando pelos ombros. Ela usava um cinto rosado, quase da cor de seu traje.
- Não precisa ter medo, guerreira. Nós lhe contaremos tudo que precisa saber! - ela disse docemente.
Era inacreditável, como ela me passou uma confiança enorme e eu apenas sorri.

Capítulo 2: Você é a Escolhida!

As valquírias me conduziram até uma sala menor a qual estávamos e me sentaram a uma mesa repleta de alimentos. Confesso que aquilo abriu meu apetite, mas eu ainda estava muito desconfiada para apenas me pronunciar. Elas também se sentaram comigo e começaram a se servir. Quando perceberam que eu não estava fazendo e mesmo, elas me incentivaram a imitá-las. Eu, depois de uma longa análise de tudo ali na mesa. Comi algumas frutas e bebi um pouco de suco.
Depois da refeição, fomos até outra sala, menor que a primeira, mas um pouco maior que a segunda. Ali haviam várias armas. Espadas, arcos e flechas, lanças, escudos. Tudo era perfeito. Por mais que eu praticasse arco e flecha, era meu sonho ver aquelas coisas não só na minha imaginação por conta dos livros, mas sim poder usá-las de verdade! Enquanto me aproximava automaticamente dos arcos, ouvi uma delas me chamar.
- , venha conosco! - ela estendeu a mão pra mim.
Eu fui até elas e então nos sentamos em divãs. Elas logo começaram a me contar tudo o que eu precisava saber. Exatamente tudo.
- , nós convocamos a trazê-la aqui por um motivo importantíssimo. - a moça com o cinto dourado começou a falar - Toda a sua história está envolvida com a nossa por conta de um único acontecimento.
- Qual? - eu perguntei curiosa.
- O motivo de tudo é essa flor. - ela disse e apontou a rosa em meus cabelos
- Apenas por uma flor? - eu franzi a testa.
- Essa não é uma flor comum, . Ela é uma flor que tem a capacidade de servir como uma Bifrost. - a mulher do cinto esverdeado falou.
- Uma o que? - eu perguntei confusa.
- Uma ponte de arco-íris. - ela sorriu.
- Esse tipo de flor só nasce de mil em mil anos e tem o poder de trazer humanos a Asgard. - a valquíria do cinto dourado voltou a falar - Ela nasce no dia do equinócio que da início a primavera no hemisfério sul do seu mundo, a Terra. É exatamente nesse dia que o sol lança sua luz igualmente por todo o planeta.
- Tudo bem, mas onde eu entro nessa história? - eu disse impaciente.
- Você, , nasceu no instante que essa flor desabrochou e nós a escolhemos como guardiã dela. - a mulher do cinto dourado continuou com a palavra - Nós, como valquírias, geralmente escolhemos guerreiros para se juntarem ao exército de Odin. Quando eles morrem, os trazemos de volta à vida e eles passam a viver em Asgard. Porém, essa ocasião é uma exceção.
- Então quer dizer que eu devo cuidar dessa rosa? - eu disse, tirando a flor de trás da orelha
- Sim. E mais: apenas você pode usá-la. - ela disse - É por isso que te chamamos aqui. Precisamos de sua ajuda.
- Vocês precisam de minha ajuda? - eu ri abafado - Achei que fosse o contrário!
- Realmente você vai precisar, mas depois falamos disso. - uma delas, com o cinto vermelho sangue falou pela primeira vez - Antes precisamos terminar a história.
- Claro! - eu concordei.
- Asgard está enfrentando uma batalha contra um outro mundo, Jotunheim. - a valquíria do cinto dourado começou novamente - Seus habitantes são conhecidos como gigantes de gelo e eles estão com Loki, o irmão de Thor, filho de Odin. Eles planejam invadir nosso reino, mas não sabemos como. Apenas que será no dia 22 de setembro do seu calendário humano.
- E como eu posso ajudar? - eu mirei a flor e depois as moças à minha frente
- A flor é a única coisa que pode impedir a entrada pela ponte Bifrost. Ela é a única capaz de impedir uma invasão. - ela falou - E você é a única que pode usá-la. É por isso que precisamos de você.
Eu abaixei minha cabeça por alguns instantes para digerir toda aquela história. Eu era a esperança de um mundo que nem conhecia. De um mundo que eu achava que fazia parte apenas dos mitos antigos. Deixei um suspiro cansado sair por entre meus lábios, mas logo levantei meu olhar e sorri. Se era de mim que eles precisavam eu estaria disposta a ajudá-los!
- Podem contar comigo! - eu disse e elas também sorriram
Em seguida, a valquíria do cinto vermelho se levantou e veio até mim. Ela me segurou pela mão e me fez levantar também.
- Se me dão licença, irmãs, agora eu tenho que treinar a nossa guerreira! - ao dizer isso, ela me conduziu até as armas.

Passamos pelas lanças e pelas espadas e então paramos entre os arcos. Ela pegou um não muito grande e pegou também algumas flechas. Porém ela não os deu a mim, apenas voltou a caminhar. Eu estranhei, mas a segui sem dizer nada. Quando chegou até um baú totalmente de ouro ela parou mais uma vez. Quando ele foi aberto, pude ver que ali ficavam roupas. Não como aquelas que elas usavam, mas roupas de batalha. De lá ela tirou apenas uma a estendendo pra mim.
- Antes de tudo, você precisa de uma roupa apropriada. - ela falou gentilmente - Se troque ali naquela porta.
Ela apontou uma porta que ficava ao fundo da sala e então eu, depois de pegar a roupa, me direcionei até lá. Não era muito detalhada. Tinha apenas um grande pedaço de metal customizado que se igualava a um espelho. Pelo menos ele refletia minha imagem com quase total perfeição.
Quando terminei de me vestir, observei meu reflexo e quase não me reconheci. Aquelas roupas marcavam meu corpo, mas me deixavam com um aspecto mais sério. Ela era composta por uma blusa de lá com uma couraça de coro não muito grossa, um short de couro, e, por cima dele uma saia de tecidos cortados em retalhos. Havia também uma bota de cano médio. Quando saí, a valquíria que me esperava me aprovou com o olhar.
- Ótimo! - ela se aproximou de mim - Só falta mais uma coisa.
Em seguida ela prendeu meus cabelos num rabo de cavalo alto. A flor, ela colocou entre o elástico usado para o penteado.
- Pronto! - ela sorriu e me entregou o arco - Vamos ao treino agora.
- Por que eu preciso desse treino? - eu perguntei, analisando o arco de ponta a ponta.
- Porque você vai ter que entrar em campo de batalha e tem que saber se defender. - ela explicou - Mas é claro que não estará sozinha. Os guerreiros, inclusive , estarão lá para te proteger.
- Tudo bem. - eu sorri sem mostrar os dentes - Quando começamos?
- Agora. Só temos até amanhã, pois no dia seguinte o poder da flor chega ao pico graças à chegada da primavera em seu mundo. - ela disse e me entregou uma das flechas - Sabe manusear o arco?
- Um pouco. - eu admiti.
- Tente. - ela me incentivou
Eu o fiz. Posicionei a flecha no arco, e, depois de mirar no alvo que ficava do outro lado da sala, atirei. Em segundos meu tiro acertou o alvo, não no centro, mas quase lá.
- Acho que não vamos precisar de muito treinamento. Você é excelente. - ela disse e finalmente me entregou todas as flechas.
Depois de algum tempo ali, paramos de treinar com o arco e ela me levou as outras armas. Paramos entre as espadas. Dentre elas, foi retirada uma pequena adaga, a qual ela me entregou.
- Pegue. - ela disse e eu obedeci - Só a use quando for confrontada de frente por algum gigante de gelo. Ela só serve com eles.
- Obrigada. - eu agradeci.
Depois que guardei a adaga, voltamos até as outras valquírias. Elas conversavam animadamente sobre algum assunto que eu preferia não saber. Logo elas notaram nossa presença.
- Já terminaram? - uma delas perguntou.
- Sim. Ela não precisou de muito treino, já era habilidosa. - ela respondeu.
- Então vamos, pois o tempo passa rápido. - outra se pronunciou.
Nós saímos daquela sala e então nos dirigimos para fora do palácio chegando a um grande pátio. Lá, alguns guerreiros treinavam para a tal batalha. Entre eles, empunhava uma espada enquanto lutava contra outro guerreiro. Ele era muito habilidoso. Ele logo nos notou ali e então, depois de falar algo ao outro homem, veio até onde estávamos.
- Vejo que ela já sabe de tudo. - ele sorriu para elas e depois pra mim
- Sim! - uma delas respondeu - Só precisamos agora que você a ajude a empunhar a espada.
- Sem problemas, senhoras. - ele disse, e, depois de reverenciá-las, estendeu a mão pra mim - Vamos, guerreira!
Eu o mirei por certos instantes, mas logo segurei a sua mão. Ele me conduziu até o meio dos outros guerreiros. Entre eles pude ver vários homens, mas também duas garotas que aparentavam ser um pouco mais velhas do que eu. Ao passarmos por onde estavam elas sorriram para mim. Eu retribuí. Logo nós chegamos ao meio de todos e então parou. Só aí percebi que ele segurava uma espada e tinha outra na bainha. Ele se virou de frente pra mim e então me entregou a espada que segurava. Eu a peguei, mas logo ele foi ao chão.
- Isso é muito pesado! - eu resmunguei.
- Você se acostuma. - ele riu, se abaixando pra pegar a espada.
- Tem certeza que eu preciso disso? - eu coloquei uma de minhas mãos na cintura - Eu já tenho o arco e as flechas, e uma adaga especial. Pra que mais?
- Você não vai precisar usá-la na batalha. - ele falou, estendendo a espada em minha direção - Isso é apenas pra se um imprevisto acontecer.
- Menos mau. - eu a peguei.
Dessa vez ela não caiu, pois eu já sabia o que me esperava. Ela era um pouco pesada, mas consegui fazer como me falava. Quando percebeu que eu já estava firme, ele tirou sua espada da bainha e encostou a lâmina dela na minha.
- O quê? - eu ergui as sobrancelhas
- Vamos duelar. - ele sorriu largamente.
- Nossa! Que justo isso. - eu cerrei os olhos - Você é um guerreiro há sei lá quantos anos e eu sou a humana intrometida que acabou de aprender a segurar a espada.
- Não é tão difícil. - ele disse e piscou aqueles olhos perfeitos.
- Fazer o que. - eu revirei os olhos.
Ele balançou a cabeça negativamente enquanto ria, mas logo tomou uma postura de batalha. Começamos com alguns movimentos básicos, apenas pra aquecer, mas logo ele estava investindo com mais força conta mim. Em certo momento, eu me distraí e então ele conseguia posicionar a lâmina da espada perto de meu pescoço.
- Fique mais esperta, guerreira. - ele sorriu debochado.
- Pois eu te digo o mesmo, guerreiro. - eu ri e então pode perceber porque.
Eu estava com a adaga que ganhei da valquíria posicionada sobre o abdome dele. ficou alguns instantes observando a situação, mas logo ele riu comigo.
- Esperta! - ele disse e se distanciou, guardando a espada na bainha - Espero que faça o mesmo amanhã.
- Eu também. - eu sorri.
Depois, ele pegou a minha espada, e, em seguida me conduziu a outro lugar. Chegamos até um tipo de jardim. Pelo menos era bem parecido com um. Me surpreendi assim que vi um cavalo marrom esperando por nós. Ele era lindo. Fomos até lá e então paramos próximos a ele.
- Temos que ir até Thor antes de tudo. - disse e me ajudou a subir no cavalo - Ele precisa conhecer a escolhida!
- Eu me sinto honrada. - eu brinquei enquanto dava espaço para ele subir na parte da frente.
- Pois deveria se sentir mesmo. Thor é o herdeiro do trono de Asgard, . - ele disse e fez o cavalo andar.
- Eu sei quem ele é, . As valquírias já me disseram. - eu me segurei na cintura dele - Eu sei bem qual a importância de tudo isso.

Depois disso, não nos falamos mais. Fomos em silêncio até o palácio real. Assim que o adentramos, fomos anunciados e então Thor veio pessoalmente nos receber. Ele era alto, mais velho do que eu e e tinha os cabelos dourados. Além disso, segurava um martelo que parecia ser bem pesado. Quando ele finalmente se aproximou de nós dois, se curvou e eu fiz o mesmo, afinal já sabia um pouco sobre os cumprimentos daquele povo só no pouco tempo que fiquei ali.
- Senhor, eu lhe trouxe a escolhida. - se pronunciou.
- Está adorável donzela é a nossa benfeitora? - Thor sorriu pra mim - Qual o seu nome?
- Eu me chamo , senhor. - eu respondi.
- . - ele repetiu, mas logo voltou a falar com - Ela já foi informada de tudo, guerreiro?
- Sim, senhor. - ele respondeu balançando a cabeça positivamente.
- Ótimo! - ele disse enquanto balançava o martelo levemente - Espero que esteja pronta para amanhã, guerreira.
- Estarei, senhor. - eu sorri.
Em seguida, Thor se despediu de nós, pois tinha que terminar os preparativos da batalha que ocorreria dali a dois dias. Assim que deixamos o palácio, voltamos ao lar das valquírias. Eu estava exausta por conta daquele dia, então logo eu me despedi de e fui até os meus 'aposentos'. Em questão de minutos eu adormeci, pois não estava muito preocupada com tudo aquilo. Era como se aquele fosse o meu lugar e que aquela era a vida a qual eu pertencia.

Capítulo 3: A Batalha!

Assim que acordei, pude ouvir o barulho de lâminas se chocando. Levantei-me lentamente e fui até o terraço do quarto onde estava. De lá, observei alguns guerreiros treinando. Suspirei longamente, pois em instantes eu estaria lá, não treinando com as espadas, mas sim com o arco. Fiz uma higiene matinal, e, depois que fui chamada, tomei o café da manhã com as valquírias. Elas eram muito gentis e faziam eu me sentir em casa.
Casa. Estranho como essa palavra podia ter vários significados. Pra mim agora minha casa era aquele lugar. Em apenas um dia, me sentia como se tivesse achado meu espaço. Coisa que nunca tinha encontrado até então lá na Terra. Quando terminei tudo que tinha para fazer dentro do palácio, fui até o pátio. Os guerreiros treinavam incansavelmente e, entre eles, fazia o mesmo. Fiquei alguns momentos apenas parada os admirando até que eles notaram a minha presença.
- ! - me cumprimentou - Bom dia!
- Bom dia! - eu respondi me aproximando.
- Pronta pra o treinamento de hoje? - ele sorriu largamente.
- Acho que sim. - eu dei de ombros - Mas vamos começar logo antes que eu desista e volte a dormir.
- Vamos lá! - ele riu do meu comentário.

Nós seguimos até os alvos que ficavam um pouco afastados e então eu tirei uma flecha de minha aljava e a coloquei no arco. Depois de entesá-lo, mirei por alguns instantes onde acertaria e então atirei. Novamente não acertei o centro, mas foi quase lá.
- Muito bem! Você é muito habilidosa. - me elogiou - Mas, abaixe um pouco mais o seu cotovelo.
Ao dizer isso, ele chegou mais perto de mim, por trás, e abaixou delicadamente meu cotovelo. Em seguida ele segurou minha cintura e esperou que eu atirasse. Confesso que fiquei um pouco desconcertada com aquilo, pois era extremamente lindo. Aquela proximidade toda não estava me fazendo bem, porém, mesmo assim eu atirei. A flecha nem sequer passou perto do alvo.
- O que houve? - ele franziu a testa.
- Nada. - eu menti - Só estava um pouco desconcentrada.
- Tudo bem. - ele sorriu - Vamos tentar mais uma vez<.br> Dessa vez eu me concentrei ao máximo, tentando esquecer a mão de repousada em minha cintura e sua respiração quente perto de minha nuca. Acho que consegui, já que a flecha se cravou a milímetros do centro.
- Bem melhor agora! - ele disse apertando minha cintura de leve
Depois disso ele se afastou e me deixou treinado um pouco sozinha. Com o tempo eu já tinha acertado algumas flechas no centro do alvo e estava feliz por isso. Tão feliz que não percebi o tempo passar. Quando o ele terminou era a hora do almoço. Depois de comermos, treinamos mais um pouco e no fim da tarde eu voltei até o palácio das valquírias. Lá, eu descansei, pois a batalha estava prevista para a manhã seguinte. A noite veio rápido e com ela o sono. Aproveitei as poucas horas que tinha para dormir um pouco. Como no dia anterior, coloquei a rosa num jarro feito exclusivamente para ela, para que não murchasse.
A noite passou lenta e meu sono era leve, pois eu podia até mesmo ouvir os passos das pessoas que passavam pelo corredor lá fora. Mas, o mais intrigante eram meus sonhos. Neles, pessoas batalhavam sem cessar enquanto outras tentavam fugir. Eram argardianos contra... gigantes de gelo?
Cada vez mais o barulho aumentava e em certo momento eu não pude mais aguentar toda aquela agonia em meu peito. Acordei assustada. Só aí pude constatar que os ruídos das lâminas eram reais. Corri do jeito que estava até a sacada e então vi o que menos esperava. Gigantes de gelo lutando contra os guerreiros argardianos.
Mas como? O que eles estavam fazendo aqui tão cedo? Era apenas madrugada e o sol ainda não tinha raiado. Isso aconteceria apenas em algumas horas. Enquanto mirava o lugar boquiaberta, ouvi alguém entrar apressado em meu quarto. Me virei assustada até a pessoa, mas me aliviei quando vi que se tratava de . Ele veio rápido até onde eu estava e pude notar que havia um corte em seu braço e um bem mais leve em sua bochecha.
- , você está machucado! - eu me aproximei dele - O que está acontecendo?
- Eles descobriram tudo. - ele disse sem se importar com meu primeiro comentário - Descobriram que você está aqui e então Loki os fez invadir Asgard antes do nascer do sol para que você não pudesse nos ajudar.
- Mas o sol já deve estar quase raiando. - eu olhei o céu lá fora e voltei a encará-lo
- Eu sei. Mas mesmo assim o tempo é curto. - ele disse e me entregou o arco e a aljava com as flechas - Vista-se e me encontre na entrada do palácio. Temos de chegar ao Bifrost o quanto antes. Thor e boa parte do exército já nos esperam.
Eu não disse nada, apenas balancei a cabeça positivamente e peguei tudo o que ele me deu indo até minhas roupas que estavam num baú. saiu do quarto para me esperar. Quando terminei de me vestir, coloquei minha bainha com minha adaga e passei minha aljava pelos ombros. Me olhei no espelho e depois de aprovar o que vi, suspirei abafado, indo até o lugar combinado.
Agora, era tudo ou nada. Era o futuro de um mundo que dependia de mim e todos ali esperavam que eu fosse capaz de salvá-los. Eu também esperava que conseguisse realizar tal proeza. Tinha fé de que aquela simples flor me desse a capacidade de impedir uma invasão que já se tinha iniciado.
Fui apressada até a saída e logo encontrei junto a um cavalo. Depois de me ajudar a subir, ele fez o mesmo e nós seguimos até a ponte de arco-íris. Íamos a toda velocidade e eu me segurava com força à cintura dele. Depois de certo tempo, já podíamos avistar a ponte. Só pelo fato de estarmos cada vez mais perto dela, eu já sentia a flor brilhando cada vez mais enquanto suas cores se intensificavam.
Quando já estávamos a alguns metros dela, parou o cavalo e nós descemos dele. Fomos corremos até lá. Ele ia à frente preparado para atacar qualquer coisa que impedisse nosso trajeto e eu vinha mais atrás atenta a qualquer perigo. Nos aproximamos rápido dos outros guerreiros e não pude deixar de notar que Thor não estava entre eles.
- Onde está Thor? - perguntou tão confuso quanto eu.
- Ele está mais à frente enfrentando Loki. - um deles respondeu.
- Como faremos pra colocá-la no local correto. - perguntou - Muitos gigantes já tomaram o lugar.
- Alguns guerreiros irão com você para protegê-la. - o mesmo que havia falado se pronunciou novamente.
- Tudo bem. Guerreiros, venham comigo. - ele falou e três homens vieram conosco

Começamos a correr em direção ao meio da ponte, pois teríamos que passar ali até chegarmos a fonte de seu poder. Tudo ainda era escuro, mas a qualquer momento a primavera começaria na Terra e com ela viria o poder da flor de que tanto precisávamos. e outro guerreiro iam em minha frente e outros dois iam atrás de mim. Logo os gigantes perceberam que nós seguíamos até a fonte de energia e alguns deles começaram a nos seguir.
- ! - eu berrei desesperada
- Não pare de correr, . Apenas não pare. - ele disse, se limitando a me olhar por cima do ombro
Eu o obedeci assim como os outros, mas os gigantes eram muitos e logo os dois homens que me protegiam por trás tiveram que parar e enfrentá-los para que pudéssemos continuar. e outro guerreiro agora estavam perto de mim cada um de um lado. Quando estávamos quase no lugar onde Loki havia aberto o portal, porém, um gigante atacou o homem que vinha conosco. Ele foi obrigado a ficar e lutar. Agora éramos só eu e novamente. Corremos um pouco mais rápido e finalmente chegamos à fonte de energia. Aquele portal não era original. Loki o havia conseguido de algum modo ao qual ninguém soube dizer, afinal ele era o deus da trapaça.
Paramos bem em frente àquele brilho transparente e ficamos esperando o sol raiar. Na Terra, ele já devia estar em seus primeiros raios, pois a flor ficou mais colorida. Enquanto estávamos lá, porém, algo aconteceu. Um gigante de gelo passou pelo portal naquele exato momento. Eu não pude deixar de gritar e isso atraiu sua atenção. Ao me ver com a rosa, ele não mediu esforços e veio até onde eu estava. Eu não sabia o que fazer, por isso não me movi, mas foi mais rápido e entrou em minha frente com sua espada empunhada. Posso dizer que aquela foi minha salvação. Eles começaram a batalhar entre si e eu apenas os observava estática. Foram só alguns instantes depois que eu voltei a realidade.
Pisquei meus olhos algumas vezes e então vi tentando a todo custo vencer o gigante. Sem pensar duas vezes, eu peguei uma de minhas flechas, a colocando no arco. Depois de mirar, o entesei e então atirei. A flecha foi certeira, acertando um dos braços do gigante. Ele urrou de dor e então se virou para mim com uma cara de poucos amigos. Esse foi seu pior erro, pois aproveitou a sua distração para atacá-lo. Ele cravou sua espada nas costas do gigante.
Ela atravessou seu corpo até sair pela frente, pelo seu abdome. Quando ele finalmente foi ao chão, , que estava com as mãos sujas de sangue, me encarou, esperando algum tipo de reação da minha parte. Eu apenas engoli seco, continuando com a feição sem alterações. Eu sabia que coisas assim teriam que acontecer.
Em seguida, me virei novamente pro portal. Com certeza o sol já estava quase saindo, por isso me preparei para usar o poder da flor. Assim que a luz cobriu toda a flor, eu agi. Fechei os olhos por alguns instantes criando coragem para quilo e então levantei a rosa ao céu. Segundos depois, o brilho da flor começou a se intensificar a ponto de iluminar tudo que estivesse perto. Eu, por estar em contato direto com ela, estava brilhando como um diamante e sentia uma força fora do comum em meus músculos. Quando a energia da flor chegou ao pico, foi como se ela tivesse ganhado vida própria. Era como se ela quisesse agir por si só. Eu não tentei impedí-la e então a soltei. No mesmo segundo ela começou a flutuar. Foi subindo até alcançar uma boa altitude. Eu apenas a observava deslumbrada.
De onde estava, podia perceber que a flor estava localizada bem em frente ao portal. Quando alguns gigantes já se preparavam para sair por ele, porém, a abertura que ligava os dois mundos se tornou como um espelho. Era como se um vidro estivesse ali e ele foi ficando cada vez mais sólido e menor. Eu podia ver minha figura refletida do outro lado, entre as colinas de gelo, mas logo isso foi se acabando. O portal foi se fechando até se assemelhar a um pequeno círculo colorido.
Finalmente ele se fechou completamente e nenhum gigante de gelo teria mais acesso a Asgard. De longe, ouvi os guerreiros comemorando o êxito da minha missão e então eu suspirei aliviada. Quando um sorriso de satisfação já quase se formava em meus lábios, eu ouvi alguém gritar meu nome.
- , cuidado! - a voz gritou .
O que aconteceu em seguida foi muito rápido. Assim que voltei meu olhar para trás, pude confirmar que a voz era de . Não tive tempo de responder, pois um gigante, um dos últimos que restavam daquele lado, vinha em minha direção com uma lança de gelo.
Tentei reagir, mas foi em vão. Aos primeiros passos, tropecei em algo e caí. Mesmo assim, tentei fugir me arrastando pelo chão. Quando percebi que não havia mais chances, fechei os olhos e virei o rosto. No mesmo segundo, senti gotas de sangue acertarem meu rosto, mas o incrível era que eu não senti nem sequer uma pontada de dor.
Ao abrir meus olhos, vi a última coisa que gostaria de ver em toda a minha vida. estava em minha frente e o gigante tinha cravado a sua lança de gelo em seu abdome. Arregalei os olhos quando o ouvi gritar de dor e me desesperei mais ainda quando o gigante o segurou pelo pescoço, tirando sua lança do corpo dele, em seguida o arremessando longe.
- NÃO! - eu gritei já sentindo minha garganta arranhar.
Nesse momento, o gigante se virou para mim e sorriu maleficamente. Aquilo só fez com que o meu desespero de transformasse em raiva. Muita raiva. Sem tirar meus olhos daquele monstro eu, empunhei minha adaga e a apontei na direção dele. Ele apenas urrou com força. Gritando, eu corri até ele. Ele também vinha em minha direção. Eu não tinha muita esperança de conseguir algo, mas se conseguisse, não teria piedade. Quando já estávamos bem próximos, ele tentou me atacar com a lança, porém, eu me abaixei e num movimento feri seu braço com a adaga. No mesmo instante, o local machucado começou a brilhar.
Ele investiu mais uma vez contra mim, mas, mais uma vez eu me esquivei. Me joguei no chão de joelhos e deslizei para mais perto dele. Quando já estava bem perto de seu corpo, eu usei a adaga. A acertei em uma de suas pernas, ele gritou de dor e se desesperou para tentar me acertar, mas eu fui mais rápida e finalmente acabei com aquilo. Cravei a adaga em seu peito de uma só vez. No mesmo instante, o gigante soltou sua lança e todo o seu corpo começou a brilhar, como se a luz do sol refletisse numa pedra de gelo.
O brilho se intensificou mais e mais até o momento que ele se despedaçou. Como um pedaço de vidro jogado contra uma superfície sólida, ele quebrou em milhares de partes. Eu, que estava ofegante por conta do combate, vi o vento levar aquelas pequenas partes brancas. Depois, joguei a adaga no chão e corri até . Quando cheguei até ele, o vi agonizando no chão com a mão no lugar ferido. Sem pensar, me ajoelhei ao seu lado e coloquei sua cabeça em meu colo.
- ! - eu o chamei desesperada - Por favor, fala comigo!
- ... eu... eu vou ficar bem. - ele tentou me acalmar, mas foi em vão.
- Você tá muito ferido. Meu Deus! - eu disse, limpando o suor da testa dele - Por que você fez isso, ? Por quê?
- Você é especial demais pra ser perdida. - ele sussurrou me olhando nos olhos.
- Mas eu não valho um sacrifício desses. - eu disse já sentido meus olhos marejados - Pelo amor de Deus. Você não devia ter feito isso!
- Eu sou apenas um guerreiro, . - ele disse e suspirou pesado.
- Não pra mim. - eu disse e então a primeira lágrima quente escapou de meus olhos.
apenas sorriu e fechou os olhos. Sua respiração estava mais fraca que o normal, e, em certo momento, ele gemeu. Onde estavam todos? Por que ninguém vinha nos ajudar? Eu limpei mais uma vez a testa dele e o senti se relaxar um pouco com meu toque. Aquilo fez com que minhas lágrimas caíssem com mais de força. Por um impulso, eu me inclinei em sua direção e depositei um beijo em sua testa, o abraçando em seguida. Ficamos assim por certo tempo, até que alguns guerreiros vieram até nós. A guerra tinha acabado.
- Vamos, guerreiros. - um deles disse - Nós vencemos a batalha!
- E Loki? - Eu perguntei
- Ele se rendeu e então Odin, seu pai, o exilou num outro mundo como castigo. - ele respondeu.
Em seguida, eles tiraram do chão e o colocaram numa maca que era puxada por dois cavalos. Eu subi num outro cavalo com um outro guerreiro e acompanhamos de perto a caminhada até o palácio das valquírias. Por onde eu passava, todos se curvavam. Eu não estava entendendo muito o que acontecia, mas logo o homem no mesmo cavalo que eu me explicou do que se tratava.
- Eles estão se curvando a você por que agiu como uma heroína. - ele disse e sorriu pra mim - Você salvou o nosso povo!
Eu sorri em retribuição, porém, logo a minha atenção se voltou a . Ele provavelmente já estava inconsciente e isso me preocupava, pois as coisas poderiam se complicar. Enquanto ainda o encarava, o guerreiro comigo me chamou mais uma vez.
- Acho que isso é seu, guerreira. - ele disse, me estendendo a rosa.
- Obrigada! - eu agradeci, pegando a flor, a colocando em meus cabelos.

Seguimos até nosso destino e depois de um bom tempo chegamos. e os outros feridos foram levados a um outro lugar para serem cuidados e eu junto com os outros guerreiros fomos até as valquírias. Elas já nos esperavam à entrada. Assim que me viram, correram em minha direção.
- ! - elas me receberam com abraços - Querida, você conseguiu. Meus parabéns!
- Obrigada! - eu agradeci tímida.
- Vamos entrar, você precisa de cuidados. - a valquíria do cinto dourado me puxou delicadamente pela mão.
Adentramos o local e elas me levaram até meu quarto. Lá, eu tomei um banho e depois duas delas vieram fazer alguns curativos em meus machucados. Eu tentei descansar um pouco, mas o tempo custava a passar. Eu estava preocupada demais com pra pensar em qualquer outra coisa. Depois de muitas tentativas, eu finalmente adormeci.

Capítulo 4: A despedida!

Quando eu despertei, ainda estava claro. O dia estava apenas na metade, mas era como se uma fosse uma eternidade estar ali. Assim que levantei da cama, fui até a sacada e observei o pátio do palácio. Muitos guerreiros estavam comemorando a recente vitória. Eu sorri ao me lembrar de como tudo tinha dado certo, mas logo esse sorriso desapareceu ao ver vívida em minha mente a cena de sendo machucado.
Sem esperar mais, eu me troquei e me desci até o pátio. Andei por ali esperando qualquer notícia sobre os feridos. Em certo momento, uma moça veio correndo até mim, e, depois de se curvar discretamente, ela começou a falar.
- ?! - ela perguntou.
- Sou eu. - eu respondi.
- As valquírias mandaram lhe informar que os feridos já podem ser visitados. - ele disse.
- Obrigada! - eu agradeci.
Ela se curvou mais uma vez e então se virou, indo em outra direção. Eu também comecei a andar, mas fui até onde os guerreiros machucados estavam. Assim que entrei, avistei vários homens deitados em macas, enfaixados em várias partes do corpo. Não demorou muito e pude ver numa daquelas camas mais ao final do quarto. Fui até ele.
Quando cheguei perto, ele estava com os olhos fechados e respirava levemente. Usava apenas a parte debaixo da roupa, pois a parte superior estava enfaixada em toda a extensão do abdome. Eu me sentei delicadamente ao seu lado e o observei dormir. Ele era lindo.
Infelizmente, porém, eu tinha decidido uma coisa enquanto havia descansado. Aquele não era meu lugar. Por mais que eu tivesse realmente uma utilidade ali, isso não mudava o fato de que eu tinha uma vida na Terra. Eu apenas me senti em casa por estar com pessoas que se importavam comigo. Mas, no meu outro mundo também existiam pessoas que me amavam e eu as amava também. Era isso. Eu voltaria para a Terra, para minha primeira casa.
Mirei por mais alguns instantes e então acariciei seu rosto lentamente. Ao vê-lo se mexer um pouco, eu retirei minha mão dali. Eu me aproximei um pouco mais de seu rosto e então encostei nossos lábios delicadamente, sem pressioná-los. Em instantes me separei dele, e, ainda perto do seu rosto, sussurrei algo.
- Adeus... - eu disse num fio de voz e então uma lágrima rolou de meus olhos, caindo em sua bochecha
Sem que eu esperasse, abriu os olhos lentamente e me fitou por longos instantes. Eu não sabia o que fazer por isso me afastei continuando a chorar. Quando percebi que ele diria algo, me levantei sem quebrar nossa conexão de olhar.
- ... - ele disse baixinho, tentando segurar minha mão
- Eu tenho que ir. - foi tudo o que eu disse antes de me virar
Saí dali apressadamente já não segurando mais o choro. Aquilo era demais pra mim. Eu odiava despedidas, elas eram dolorosas e tristes. Por isso sempre fazia de tudo para evitá-las. Segui novamente até o palácio e encontrei duas valquírias à sua entrada. Me aproximei delas.
- Querida, o que houve? - uma delas perguntou ao ver meu estado
- Não foi nada demais, eu só preciso partir. - eu menti, enxugando as lágrimas
- Não queria que fosse tão cedo. - a outra disse - Mas se esse é o seu desejo.
- Obrigada! - eu tentei sorrir.

Depois, me fui até meu quarto, pois precisava trocar as roupas. Vesti minha calça jeans, minha blusa azul de mangas curtas e meu tênis allstar, deixando meus cabelos soltos. Exatamente como tinha chagado a Asgard. Peguei a flor no jarro e quando saí, um guerreiro me esperava para me levar até a ponte Bifrost. Ele me ajudou a subir no cavalo e então seguimos a caminho. Ao chegarmos, eu me despedi dele, dizendo que a partir dali sua ajuda já não era mais necessária. Ele, antes de tudo, me agradeceu por ter salvado o seu povo e em seguida, partiu.
Eu estava sozinha e já me preparava usar a flor quando ouvir meu nome ser gritado várias vezes. Ao me virar para de onde o barulho vinha, senti meus olhos marejarem. vinha a toda velocidade em seu cavalo marrom. Por que ele tinha que tornar as coisas mais difíceis? Assim que ele desceu, correu até mim e me abraçou com força. Eu não deixei de retribuir com a mesma intensidade o seu gesto.
- O que você pensa que está fazendo? - ele sussurrou em meu ouvido
- Eu preciso voltar pra minha casa, . - eu também sussurrei
- E você ia voltar sem se despedir de mim? - ele se separou de mim e me olhou nos olhos.
- Desculpe. - eu abaixei o olhar - Eu só não queria tornar as coisas mais difíceis...
- Eu sei que tudo é muito complicado. - ele disse e beijou minha testa - Mas você tinha que me dizer qual era sua decisão.
- Desculpe. - eu sussurrei novamente, voltando a chorar - Me desculpe, .
- Tudo bem. - ele me abraçou mais uma vez - Isso já passou.
Ficamos uns instantes assim, até que nos separamos. Sem que eu esperasse, tirou a flor de minhas mãos. Eu franzi a testa com sua atitude, mas ele apenas sorriu.
- Você tem que voltar agora. - ele disse enquanto colocava a flor em meus cabelos.
Eu sorri com sua atitude. Ele então desceu sua mão que estava em meus cabelos até meu rosto e o acariciou de leve. Eu fechei os olhos com seu toque. Ao sentir seus dedos segurarem meu queixo, o levantando, eu os abri, o mirando hipnotizada. Ele sorriu e então fez algo que me deixou sem chão. selou nossos lábios com toda a delicadeza do mundo. Sua mão que estava livre foi até minha cintura e me abraçou por ali, enquanto a outra que estava em meu rosto foi até a minha nuca. Eu não deixei de aproveitar aquele momento nem por um segundo. Abracei-o pelo pescoço e aprofundei mais o beijo. Quando o ar nos faltou, nos separamos lentamente, continuando com as testas coladas.
- Eu vou sentir a sua falta. - eu sussurrei perto de seus lábio.s
- Eu também vou sentir a sua. - ele disse me dando um selinho.
- Agora eu preciso ir. - eu disse e por fim nos separamos<.br>
Eu me afastei de e então fechei os olhos, minha vontade de ficar ali era grande, mas meu desejo de voltar era bem maior. Por isso, logo a flor começou a brilhar. Em questão de segundos tudo a minha volta era apenas luz. Ao abrir os olhos a última coisa que vi foi o rosto de ao longe com uma expressão triste. A luz, porém, era forte demais e eu voltei a fechá-los.
Quando senti que ela já não mais me incomodava, eu finalmente olhei tudo em volta. O céu estava num azul vivo, diferente de Asgard e havia flores por todos os lados. Ao olhar ao redor, pude constatar que estava não mais na ponte de arco-íris, mas sim no mesmo estacionamento de onde eu e havíamos partido. Ao mirar o chão vi a mochila dele ali, do mesmo jeito e a minha ao seu lado. As peguei e então saí daquele lugar.
Enquanto andava pelas ruas, me lembrei da flor e a tirei de meus cabelos. Me surpreendi ao notar que ela já não era mais como antes. Agora, em vez de brilhante e colorida, ela era apenas uma rosa comum. Vermelha como todas as outras. Isso com toda certeza mostrava que seu poder havia acabado. Outra flor como aquela só surgiria em mil anos!
Continuei a caminhar com a flor entre meus dedos e senti meu celular tocar. Ao pegá-lo, constatei que era uma chamada de minha mãe.
- Mãe? - eu atendi
- Filha! - ela disse alegre - Só liguei pra saber está tudo bem aí na casa da .
- Sim, mãe. Tá tudo muito legal. - eu menti, segurando o riso ao me lembrar do plano de .
- Tudo bem então, querida. Nos vemos na segunda. - ela disse com a voz doce - Eu te amo!
- Eu também te amo, mãe. - eu respondi
Em seguida, me despedi dela e desliguei o celular. Suspirei longamente e tomei um novo rumo. A casa de , a minha melhor amiga. Ela era uma das poucas pessoas que me faziam bem. Assim que cheguei à sua porta, toquei a campainha. Logo ela foi aberta e uma garota sorridente apareceu. Ao me ver, ela se surpreendeu.
- ! - ela disse e me abraçou - O que faz aqui?
- Eu queria saber se posso dormir aqui essa noite. - eu disse tímida
- É claro que pode! - ela falou, pegando uma das mochilas que eu trazia - Nossa. Pra que tanta coisa?
- Ah não. - eu ri - Essa mochila aí não é minha. Ela é de um... amigo.
- E o que você tá fazendo com ela? - ela franziu a testa
- É que ele esqueceu lá no estacionamento do colégio e passando pra cá eu a vi. - eu expliquei - Então a peguei pra devolver amanhã.
- Então tá. - ela disse depois de alguns instantes me analisando - Vamos entrar.
Em seguida, ela adentrou a casa enquanto cantarolava algo. Eu fiquei mais alguns instantes parada, mas logo a segui. Era incrível como pra mim aquele lugar era reconfortante. Eu nunca tinha percebido antes, mas aqui na Terra eu tinha muitos lares. Eu fazia parte desse lugar. Esse era o meu mundo e nada mudaria isso.
Enquanto um sorriso se formava em meus lábios, eu finalmente adentrei a casa. Minha casa. Assim que cheguei ao quarto de , vi um colchão jogado no chão. Sem pensar duas vezes, me deitei nele. Quando ela entrou no quarto, riu ao me ver ali toda esparramada.
- Carregou quantas barras de ferro pra estar nessa canseira toda? - ela brincou.
- Muitas... - eu disse e nós rimos juntas - , posso te pedir uma coisa?
- Claro! - ela disse e se sentou em sua cama.
- Você pode arrumar um jarro com água pra essa flor? - eu disse, mostrando a rosa a ela.
- Onde você achou essa flor? - ela cruzou os braços - Foi seu "amigo" quem te deu?
- Digamos que sim. - eu disse enquanto olhava pro nada.
- Eu vou arranjar o vaso. - ela se levantou e saiu do quarto, enquanto ria
Eu me sentei no colchão e fiquei observando aquela flor. Pelo que ela podia fazer, concluí que ela era valiosa demais. Mas, acima de tudo, as lembranças que ela carregava eram mais importantes. Apenas por mirá-la eu já me lembrava de , o garoto dos olhos mais lindo que já tinha visto. Suspirei novamente e me joguei no colchão. Agora, eu não tinha mais dúvidas de quem eu era muito menos qual era o meu lugar. Finalmente eu tinha percebido que sempre estive em casa e que voltar a ela foi a melhor escolha que podia fazer!

FIM

N/A: A todas as pessoas que leram minha Fic, um muito obrigada! E as que comentaram, um cheiro! Rs
Realmente espero que gostem dessa história que escrevi em três dias, pois eu tive que fazer uma baita pesquisa pra saber de tudo isso que coloquei aí nela(Menos a parte da flor que eu inventei).
Era só isso mesmo!
XoXo!


Nota da Beta: Qualquer erro de português e/ou html/script, me informe pelo e-mail.

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