Doguie
Você pode não vê-lo... Mas isso não significa que ele não exista!
Autora: Marina | Beta-Reader: Nanda



[N/A: Musica da Fic: Sweat Dreams – Marilyn Manson – Deixa repetindo até o final da fic ok!? Pode dar o Play agora mesmo!]


Ela via coisas que ninguém mais via. Ela sentia coisas que ninguém mais sentia. Ouvia coisas que ninguém mais ouvia. Falava com gente que ninguém mais podia. era dada como louca por todos, até mesmo por sua mãe, que a mandou para um manicômio local, no qual a garota ficou presa por quatro anos.
Quando finalmente voltou para casa, já não via mais nada fora do comum, era uma garota normal como todas as outras! Até que um ano depois, tudo voltou novamente. As vozes ecoando na mente da garota, as formas estranhas vistas em todo o lugar e, especificamente, ele.
Seus cabelos pretos, compridos e bagunçados, sua pele rasgada, seus olhos completamente brancos, sua túnica preta, cheia de sangue, seus braços quebrados, sua boca sempre aberta e sua mandíbula torta para o lado, seus dentes amarelados, suas mãos paralisadas em cima de suas pernas, como se fossem duas garras prontas para atacarem. Sempre sentado na ponta de sua cama. Doguie gostava de observar dormindo.
A garota não contou a ninguém sobre aquilo. Não queria ir novamente para o manicômio, não queria novamente ser chamada de louca e, como nenhum deles nunca fazia nada pra ela, não era problema. Todos eram sempre pacíficos, sorriam, acenavam, às vezes até ajudavam a garota, todos eles, menos Doguie. Doguie não. Ele a acompanhava em todo lugar, sempre andando a seu lado, observando cada passo. E de noite, ficava a noite inteira sentado em sua cama a observando dormir. Às vezes chegava a puxar seu pé, tirar o lençol de cima de seu corpo, mexer em seu cabelo. Às vezes ficava simplesmente parado, observando-a a noite inteira.
Muitas vezes a garota não dormia. Muitas vezes ela passava a noite em claro, simplesmente observando Doguie, que também há encarava o tempo todo. O frio era sempre presente quando ele estava por perto, aquela sensação de formigamento, aquele arrepiar do corpo todo. Seus lábios sempre estavam contorcidos, num sorriso cruel, como se algo realmente horrível fosse acontecer a qualquer instante.
não gostava disso. Não gostava nada disso.
Doguie era o único espírito que a deixava naquele estado, coração batendo rápido, mãos suando, nervosismo, medo.
Ele era o único de quem ela realmente sentia medo.
O Halloween daquele ano finalmente chegou. E com sua chegada, uma coisa realmente inesperada aconteceu. Pela primeira vez, Doguie falou.
- Deixe-me brincar com seus pais... Quero brincar com eles!
Doguie passou o dia dizendo isso, repetindo várias e várias vezes. já não aguentava mais. Mesmo temendo ser novamente julgada como louca, a garota decididamente foi até a cozinha de sua casa, onde sua mãe separava os doces para a noite.
- Mãe... Tenho algo que preciso te contar. – disse, engolindo a seco, segurando com força a barra de seu vestido.
- O que, filha? Pode me contar qualquer coisa, você sabe! – Disse ela, sorridente. sabia que isso não era verdade.
- Doguie quer brincar com você e com o pai. – Disse num fio de voz, não querendo disser aquilo, mas tendo que avisar sua mãe sobre.
- O que disse, querida? – Perguntou sua mãe já soltando os doces e se virando para a filha, claramente nervosa.
- Doguie... Ele disse que quer brincar com você e com o pai. – Disse pausadamente.
- Q-quem é Doguie, filha? – perguntou ela, temendo a resposta da menina.
nada disse, simplesmente continuou olhando para o chão, não querendo responder aquilo, na realidade, sem saber o que responder!
- Esse seu amigo... Esse Doguie, onde ele está, ? – Sua mãe perguntava com um medo aparente em sua voz, medo de ter que mandar sua única filha novamente para aquele lugar.
simplesmente levantou o rosto e apontou para as costas da mãe, que se virou automaticamente, olhando pra todos os lado e tentando procurar qualquer pista de Doguie, mas não vendo nada, absolutamente nada.
- Querida, não tem ninguém aqui! – Disse ela, segurando nos braços da filha, que negou com a cabeça, olhando diretamente nos olhos de sua mãe.
- Ele está ali, mãe, ele está olhando você, na realidade, ele está até tocando seu ombro, bem aqui... – disse, apontando para o ombro direito da mãe, numa parte próxima de seu pescoço. A mãe da garota, num movimento rápido, colocou a mão no lugar apontado, sentindo um formigamento rápido naquele mesmo lugar.
- Filha, porque não vai colocar sua fantasia, hein? Vai lá, querida, não se preocupe comigo, eu estou bem. Se esse seu amigo, Doguie, quiser brincar comigo, tudo bem, mas agora vá lá se trocar! – Disse a mulher, sorridente, não tento noção alguma do quanto aquelas palavras mudariam o curso de sua vida.
, um pouco receosa, concordou com a cabeça, saindo do cômodo.
Sua mãe apoiou as mãos na pia, soltando um suspiro desesperado, pegando o telefone ao seu lado e discando o numero tão conhecido.
- Senhorita ? Em que posso ajudá-la? – Perguntou Kate, a dona do manicômio.
- Kate, , está voltando a ver coisas. Eu não queria ter de chamá-los novamente, mas acho que ela precisa da atenção de vocês, mais uma vez! – Disse a mulher, deixando algumas lágrimas rolarem por seu rosto. Não gostava nada da ideia de ver sua filha em um lugar daqueles.
- Tem certeza disso, senhorita ? – Kate perguntou.
- Absoluta. – Disse após alguns segundos de silêncio.
- Ok, sendo assim, estaremos buscando por volta das onze horas, meia noite de hoje, está bem?
- Tão tarde, mas por quê?
- Sinto muito, não temos outro horário para sair. Os pacientes estão realmente agitados hoje, sendo assim só poderemos ir buscá-la logo após o recolher, algum problema?
A mulher respirou fundo, logo respondendo que não.
- Estaremos esperando! – Diz ela então, desligando o telefone.
Doguie, que via a cena num canto do cômodo, sorriu cruel.

(...)


Dez horas. Vestida de , andava pelas ruas, com seu pote de doces já cheio. Suas amigas a seu lado, rindo de alguma piada que ela mesma não havia escutado, estava preocupada demais, nervosa demais.
Por quê?
Bem, pois tudo estava quieto demais, bom demais. Pois Doguie não estava ali com ela.
Isso a preocupava.
Foi então que seu celular começou a tocar, ela o atendeu e depois de um bom tempo, a voz pouco conhecida de Doguie soou.
- Brincamos de pega-pega enquanto você esteve fora, pena não ter aproveitado também... – Disse ele, desligando logo em seguida.
paralisou, seu rosto ficou pálido e sua respiração falhou por um longo instante.
- , você está bem? – Perguntou a melhor amiga de , a olhando, carinhosa.
- Aham, eu só preciso ir pra casa. É rápido, daqui a pouco eu volto! – Disse, correndo em direção a sua casa. Abriu a porta com força, chamando por seus pais, que não responderam.
então chegou à sala, vendo um longo caminho de sangue. A garota o seguiu, sendo levada até o corpo de seus pais, que estavam caídos no chão. Havia um buraco no meio do peito de cada um. não fez nada. Não chorou, não se desesperou, não ficou nem ao menos triste. Era uma sensação estranha, que nem ao certo ela podia explicar. A garota então levantou seu olhar, vendo Doguie logo a sua frente, segurando dois corações, um o de sua mãe, o outro de seu pai. A garota deixou que Doguie colocasse os dois em sua mão, manchando sua fantasia com sangue. Ela então olhou para os corpos no chão, se ajoelhando e olhando o relógio na parede.
Meia noite em ponto, ele marcava.
Então dois homens e uma mulher, inteiramente vestidos de branco, aparecerão, olharam a cena de olhos arregalados e paralisados.
- , O QUE VOCÊ FEZ? O QUE ACONTECEU? – Kate perguntou perplexa.
- Não fui eu... Foi o Doguie, ele queria brincar e a mãe o deixou brincar. – Disse a garota, simplesmente, deixando os corações em cima dos corpos de seus pais e esticando as mãos para frente, de modo que a puxassem pelos braços e a tirassem dali, simplesmente dando o tempo de olhar para ele uma última vez.
- Nos vemos mais tarde, Doguie. – Disse antes de sair pela porta, para provavelmente nunca mais voltar.

Você pode não me ver, mas eu estarei lá, sempre presente, te observando dormir, ao seu lado o tempo inteiro. Mas não precisa se assustar, nem ter medo de mim, não mesmo, a única coisa que eu quero é brincar, só quero brincar.
E você, quer brincar comigo?
Doguie (:



Nota da beta: Genteeeeee, que medinho desse Doguie! D: Confesso que passei a fanfic toda lendo “Dougie”! hahahaha
E aí, gostaram da história? Então deixem um recadinho bem bonitinho pra autora aí na caixinha de comentários! Qualquer erro, avise-me aqui. xx


comments powered by Disqus