— Amor, por favor, me deixa explicar... — Niall pedia em meio a lágrimas e lágrimas. Ele pedia e implorava por um momento apenas para que tudo pudesse se resolver.
— Não tem explicação, Horan. Não há nada que você diga que sirva de alívio ao que você me fez. NADA! — Brooke gritava desamparada, os olhos roxos e alagados, as bochechas vermelhas. Ela já havia gritado muito, mas sua vontade era de fazer aquilo pelo restante do dia, jogar verdades na cara do homem que dizia amar. Ela suspirou e disse calma e lentamente. — Por que, Niall? Me diz. Por quê? Sério mesmo que você foi buscar amor de outra pessoa quando EU estava aqui para te dar? O que foi? — Ela se sentou no sofá, esfregando o rosto com as mãos. Respirou fundo e encarou Niall parado um pouco distante, seus olhos azuis pareciam feios devido ao choro e ele nunca parecia tão acabado quanto aquela noite.
— Brooke... — Ele indagou.
— Eu não te dava prazer o suficiente, Niall? Eu não realizava bem todas as suas fantasias? Eu não era boa na cama, é isso? — Ela gesticulou com os braços e fez careta para segurar o choro.
— Claro que... — Ele começou, mas foi brutamente interrompido.
— Alguma vez eu deixei de me entregar a você? Eu chegava morta do trabalho todos os dias, eu brigava com minha mãe, eu perdia a alegria de viver, mas mesmo assim... Se eu chegava em casa e você pedisse, eu transava com você. Eu nunca neguei meu corpo para você. Nunca! Me entreguei de corpo e alma e coração. E como é que você me agradece cara? Me traindo. — Ela soltou as palavras sem medi-las. — Eu me esforcei pra esse namoro dar certo, Niall. Eu passei por cima da autoridade da minha mãe, perdi amigos, perdi pessoas que eu amava, isso tudo apenas por você. Por algum motivo ninguém queria me ver com você, mas EU... Eu não me via sem você. Eu te amei demais, Niall, demais! Eu fui tudo de bom para você e não pode negar isso.
— Você foi amor, você é. É a pessoa que eu mais amo na vida! Quando eu te vejo, Brooke, meu mundo para, e tudo o que eu vejo é você. Não ouço nada, não sinto nada além de amor por você. — Niall dizia em meio a soluços, ele se aproximou e se agachou em frente à mulher da sua vida. Brooke virou o rosto, evitando o olhar de Niall Horan.
— Então por que, Niall? — Ela já não chorava mais, mas soluçava.
—Amor, eu... Eu estava bêbado, eu sequer sabia o meu nome. — Ele retrucou desamparado.
— E quantas vezes foi que eu te pedi pra não beber? Hein? Quantas vezes eu briguei contigo pra que um gole de álcool não entrasse na sua boca? Naquela noite eu te pedi, Niall, eu pedi pra você não beber. E você fez pior! — Ela retrucou. Tapou o rosto com as mãos e então se levantou, afastando Niall Horan de si. Ela encarou o espelho ao lado da porta e ajeitou seus cabelos, limpando qualquer resíduo de lágrimas do rosto também. Pegou as chaves em cima da mesa e o celular. Caminhou até a porta e pousou as mãos sobre a maçaneta, olhou para trás hesitante e sentiu um aperto ao ver que Niall choramingava desesperado no chão. — Nosso namoro acabou!
— Brooke... — Ele chamou com a voz embargada. Ela girou a maçaneta. — Brooke, por favor... — A garota abriu a porta por completo. — BROOKE, NÃO! — Colocou o pé para fora e se forçou a se apressar até o carro. — BROOKE! BROOKE! — Niall gritava descontrolado. Logo apareceu na frente do carro impedindo a namorada de ir embora, ela acelerou e ele, fora de consciência, saiu da frente. Ela saiu rápida, evitando sem sucesso olhar para trás onde Niall gritava e chorava como uma criança. — BROOKE.
Flashback On
Ao acordar, depois de uma noite de amor ao lado do namorado, Brooke fez sua higiene matinal, desceu para o café e trocou mensagens de carinho com o companheiro que trabalhava em pleno feriado da cidade. Niall era Niall Horan, integrante de uma banda famosa por todo o mundo: One Direction. Brooke era apenas uma universitária que trabalhava dando aulas particulares para adolescentes problemáticos. Por alguma brincadeira do destino, eles se encontraram e por fim se tornaram um casal adorado pelas fãs. ‘Nem toda felicidade é eterna’, pensou Brooke. Antes de começar a ajeitar a casa do namorado desorganizado, Brooke decidiu acessar as redes sociais e checar o que havia de novo no mundo Direction. Seu maior erro, ou maior descoberta. Estampado em todos os sites, havia uma foto de Niall Horan ao lado de uma mulher qualquer, e as letras chamativas diziam o que Brooke esperava entender. Uma traição!
Flashback Off
Brooke dirigia rapidamente, além do limite permitido. Seus olhos doíam devido às horas de choro, mesmo antes da chegada de Niall. Suas mãos manejavam delicadamente o veículo, seguindo por um caminho ao qual ela já estava acostumada a seguir. Seus pensamentos flutuavam na cabeça lembrando-se de cada palavra lida naquela manhã. Ela não sentia ódio. Sentia angústia, mágoa e uma tristeza além do normal. A cada lágrima que insistia em cair, Brooke pensava em mais uma jura de amor que Niall tanto fazia. “Nada vai nos separar!” “Eu nunca irei te fazer sofrer!” “Confie em mim!” “Eu te amo!”.
Ao encarar o retrovisor, Brooke notou um motorista descontrolado. Era Niall. Ele andava a uma velocidade além da permitida tentando desesperadamente alcançar Brooke, ultrapassou alguns carros e logo estava bem atrás de Brooke. Ela chorava, impedida de acelerar. Olhava mais para o retrovisor do que para frente. Os olhos inchados de Niall tinham um ar determinado: Ele não desistiria dela.
Niall colou o carro bem ao lado do carro de Brooke, incomodando carros que pretendiam ultrapassar para frente.
—Brooke, princesa, por favor, espera! Não me deixa! — Ele se inclinou para a janela, revezando entre olhar a namorada e olhar para frente. — Eu não sou nada sem você. Eu faço o que for, mas não me castiga tanto me deixando sem você por perto. Brooke, você é a minha vida! — Ele afastou o carro um pouco, seus olhos vidrados apenas em Brooke agora, vermelhos e inchados, mostrando que a dor do momento e da culpa era verdadeira. — Eu sou muito agradecido por tudo o que você fez por mim, mesmo! Eu sou agradecido por ter me colocado como prioridade na sua vida. Eu sei que eu errei, sei que troquei cem anos ao seu lado por apenas uma noite com a mulher errada, mas eu me arrependo, me arrependo muito e eu juro que se me der uma última chance eu vou me redimir, eu te juro, Brooke. Porque o amor que eu sinto por você é mais forte do que qualquer coisa.
— Niall... — Disse Brooke sentindo sua voz falhar. Ela olhava fixamente para frente, o medo alcançando seu rosto.
— Amor, por favor, para o carro! — Ele pediu encarando a garota.
— Niall... — Ela aumentou o tom de voz.
— Amor, me escuta...
— NIALL! — Ela gritou desesperada. — Olha pra frente, NIALL, NÃO!
Era tarde demais. Niall olhava para Brooke sem se lembrar de que o sinal abria e fechava para ele. Quando ele finalmente se virou, deu de frente a um caminhão que atravessava tranquilamente a avenida. O sinal estava fechado para Niall e aberto ao outro motorista. Niall se esqueceu de olhar e isso o impediu de frear a tempo. Brooke abriu a porta do carro apressada e correu desajeitada até Niall, as lágrimas caindo automaticamente e o desespero juntando-se à culpa. Ela finalmente chegou até o namorado, que estava deitado em cima do volante, inconsciente. O carro estava colado na lateral do caminhão, a frente massacrada.
— Niall, pelo amor de Deus, Niall! — Ela dizia o tocando cuidadosamente, chorava de desespero, sentia o aperto e a angústia no coração e ainda pior, sentia o medo de perder o amor da sua vida. — Por favor, Niall reage, fala comigo. Eu te amo! Por favor, Niall. Fala alguma coisa. Niall? Amor, amor... — Ela gritou, jogando todos os sentimentos para fora de si. Muitas pessoas olhavam de longe, algumas choravam e provavelmente eram fãs, outras fugiam e ainda outras reprovavam a atitude incrédula do garoto.
— Preciso de uma ambulância aqui, por favor! — Gritou e notou algumas pessoas tirarem o celular das bolsas e sacolas. — Niall, me perdoa...
Em alguns minutos viaturas de polícia e ambulâncias chegaram, afastando calmamente Brooke do corpo. Os paramédicos retiraram cuidadosamente Niall do carro e o deitaram em uma maca no chão enquanto testavam batimentos cardíacos e possíveis ferimentos que explicariam a grande quantidade de sangue. Encaminharam-no para o carro de hospital.
— Você é parente ou conhecido da vítima? — Um policial se aproximou cuidadosamente e perguntou.
— Sim, — Brooke respondeu segurando as lágrimas e colocando pensamentos positivos, ‘vai ficar tudo bem'. — sou a namorada dele.
— Qual seu nome, minha querida? — Ele parecia carinhoso como um pai era para a filha.
— É Brooke, Brooke Rupay. — Respondeu, respirando fundo.
— Certo, Brooke. Sou Albert, vou acompanhá-la até o hospital dentro da ambulância e gostaria que me detalhasse o que houve aqui, tudo bem? — Ela assentiu. — Vamos.
Eles adentraram na van e Brooke andou até Niall, sentando-se ao lado dele na maca. Ela pegou sua mão e acariciou, observando o sangue que escorria. — Brooke, pode me falar agora? — O policial Albert interrompeu hesitante.
— Uhum! — Ela encarou os olhos fechados de Niall por algum tempo na esperança de vê-los se abrir e então se dirigiu ao policial. — Ele é Niall Horan, da boyband One Direction.
— Minha filha só fala nele! — O policial sorriu.
— É.— Ela suspirou e notou que Albert aguardava continuação. — Tivemos uma briga feia essa tarde e terminamos. Eu saí de casa e ele me seguiu. Ultrapassou alguns carros e andou lado a lado comigo, tentando conversar. Ele não olhou para frente e quando eu fui ver, já era tarde demais! — Ela suspirou sentindo uma única lágrima escorrer.
— Sabe que ele estava errado, não sabe? — Albert se atreveu.
— Eu sei. — Retrucou. — Ele vai ficar bem?
— Os paramédicos conseguiram estancar sangramentos. Os vidros perfuraram os dois lados da cintura dele. Isso é grave! Mas ele vai sair dessa, fique tranquila! — Ela sentiu uma pitada de mentira naquilo, mas não insistiu. Então Niall apertou sua mão fracamente. Ela se assustou e se virou bruscamente. — Niall! — Ofegou, deixando as lágrimas caírem.
— Amor... — Ele resmungou com a voz baixa.
— Eu estou aqui, meu amor, com você! — Choramingou aliviada. Niall abriu os olhos fracamente e Brooke se sentiu viva ao ver aqueles lindos olhos azuis abertos novamente, e mais feliz ainda ao notar que eles tinham o mesmo brilho de sempre.
— Brooke, eu sinto muito. — Ele cuidou para que não falasse mais do que podia.
— Eu sei, amor, eu também! — Retrucou.
— Eu fui e sou um idiota. — Suspirou. — Mas eu te amo, e prometo mudar, eu juro.
— Niall... Não fala. A gente vai ao hospital, vai ficar tudo bem. — Ela não tinha tanta certeza.
— Brooke... — Ele suspirou pesado e fechou os olhos, chateado. — Dói muito!
— Eu sei, mas vai parar, eu prometo.
— Promete?
— Prometo.
— Não vai melhorar só porque você quer, amor.
— Então queira também!
— Eu mereço a morte, o que eu fiz não...
— Cala a porra da boca, Horan, não se atreva a dizer que quer morrer! — Brooke aumentou o tom de voz, soltou as mãos do namorado e desabou em lágrimas. — Você não entende a dor que isso traz pra mim. Ficar sem namorar com você tudo bem, mas não te ver nunca mais? Nem pensar, Niall Horan, nem pensar!
Ele a encarou fracamente: — Só não quero que me aguarde, Brooke. Não quero que espere por mim sabendo que eu não vou voltar. Sabe quando a gente sente que algo tá acabando? É o que eu sinto agora. Eu sinto dor, minha respiração não me obedece. Eu não vou conseguir segurar! — Ele sorriu. Brooke tinha os olhos vermelhos e inchados, as bochechas rosadas e soluçava baixinho. — Só me promete uma coisa, meu amor. Não se prive da felicidade só por mim, o cara que te traiu e que te fez chorar. Mas eu também quero te pedir, que diga pra mim com todas as letras, que me perdoa. Eu quero ter o prazer de saber que no fim ainda éramos um casal.
Brooke riu fraco: — Eu juro que não te entendo, Horan. — Ela passou as mãos pelo rosto e se agachou bem perto do rosto de Niall, suas mãos andaram até seu pescoço, ele se aproximou e tocou de leve seus lábios com os dele. — Eu te perdoo, Niall Horan!
— Eu te amo, Brooke!
— Eu te amo, Niall. Hoje, amanhã e sempre! — Ela sorriu e ele retrucou. Os olhos de Niall se fecharam e sua mão afrouxou. O sorriso de Brooke se desfez e automaticamente. Brooke soluçou alto começando um choro escandaloso como de um bebê. A porta da ambulância se abriu naquele momento, eles haviam chegado ao hospital. Os paramédicos se apressaram diante da situação de Niall Horan, levaram a maca até o salão principal e então o encaminharam para o primeiro andar de emergência.
— Ele está... ? — Brooke perguntou aos prantos para os homens que se apressavam em levá-lo a sala principal.
— Desmaiado, mas se não entrar em um quarto agora ele pode perder tempo! — Um dos homens respondeu, deixando Brooke plantada no meio de paredes brancas e cadeiras vazias. Ela chorou novamente como um bebê. Apressou-se a se sentar na cadeira mais próxima, bem de frente ao corredor de quartos. Era uma sala enorme, infestada de cadeiras recostadas nas paredes, a única decoração bonita era um vaso de samambaias bem verdes no canto da sala. Ela afundou as mãos no rosto ao ver o ambiente.
Ainda com o rosto tapado pelas mãos, Brooke se acalmou e pôs em seus pensamentos apenas os bons momentos.
Flashback On
— Você não é um estagiário, é Niall Horan, da One Direction. — Brooke disse, gargalhando ao se deparar com a imagem mais nítida do garoto.
— Directioner não, por favor... — Niall bufou desanimado.
— Não, não. Sabe, quem em Londres não conhece One Direction? — Ela sorriu e voltou seu olhar ao livro que ela se esforçava para ler na biblioteca.
— Faz sentido. — Ele respondeu. Encarou as poucas pessoas ao seu redor que nem o notavam. — Posso sentar aí? Até meu amigo terminar a prova?
— Nunca vou terminar isso! — Disse com humor, fechou o livro e sinalizou que ele sentasse. — Sou a Brooke, antes que pergunte.
— Certo! — Retrucou e sorriu. — Então, o que estuda?
Flashback Off
Flashback On
— Não acredito que transei com um cara sem ao menos o conhecer. É a primeira vez que faço isso. — Brooke bufou sorrateira. Após a longa conversa na faculdade, Niall e Brooke acabaram na cama.
— É a primeira vez que você transa? — Niall retrucou surpreso.
— Claro que não, ajuda aí! — Ela gargalhou se levantando e tomando o cobertor de Niall. — É a primeira vez que faço sexo com um cara no primeiro encontro.
— Aquilo foi um encontro? — Niall sorriu malicioso, ainda deitado, apenas com o lençol sobre o corpo nu.
— Você me encontrou em uma biblioteca, tecnicamente foi um encontro! — Ela respondeu, andando até o banheiro do quarto ainda enrolada em montes de espumas brancas.
— Então é isso? — Niall perguntou, colocando o braço por trás da cabeça.
— Isso o quê? — Perguntou e se virou de volta.
— Vai flertar comigo, transar comigo e depois ir embora?
— Acredita que eu estava prestes a perguntar a mesma coisa? — Brooke riu e se recostou na parede.
— Então que tal me passar seu número?
Flashback Off
Flashback On
— São as três Marias. Eu, minhas irmãs Ellie e Carly. — Brooke sorriu ao observar as estrelas lado a lado.
— Qual é você? — Niall perguntou segurando a mão de Brooke.
— Sou a mais nova, então sou a última. — Ela concluiu.
— A mais linda de todas! — Niall sorriu ao ver Brooke corar. Eles estavam no capô do carro de Niall, em um parque distante e vazio. Já passava de três da madrugada e ambos ainda se encontravam ali. — Broobs?
— Sim?
— Eu gosto de você! — Niall disse apenas, se apoiando no cotovelo a ponto de ver os olhos de Brooke brilharem ainda no encalço das estrelas.
— Como?
— O quê?
— Gosta de mim de que jeito? — Ela insistiu, o sorriso ainda pendia de seus lábios.
— Como homem e mulher. Menino e menina. Garoto e garota! — Niall respondeu.
— O que mais tem pra me dizer?
— Namora comigo?
— Sim! — E eles se beijaram por horas até o dia amanhecer.
Flashback Off
— Pelo amor de Deus, diz que não é verdade! — Maura implorou, sua voz embargada.
— Ele veio para o Hospital Central, já entrou na sala de cirurgia! — Brooke respondeu amargamente enquanto segurava as lágrimas.
— Greg, tira o carro! — Foi a última coisa que Maura disse antes de desligar. Booke que ainda se segurava, parou diante a porta do corredor de quartos e encarou o movimento contínuo de médicos e enfermeiros. Ficou ali por um longo tempo, até o choro de Maura chegar a seus ouvidos. A mulher andava desorientada pelo corredor com o filho mais velho e os garotos da banda de Niall logo atrás dela. Brooke voltou a seu assento esperando que eles a alcançassem. — Ah, querida! — Maura correu até Brooke abraçando-a forte e sendo a razão pela qual ela novamente chorou.
— Desculpa, Maura! Foi tudo minha culpa. Eu não devia ter ido embora, o deixado sozinho, me perdoa... — A garota soluçava se apertando mais a sogra que tanto a ajudava.
— Não, meu amor. Tenho certeza que você não tem culpa disso. — Disse Maura em meio o pranto.
— Brooke, o que aconteceu? — Zayn perguntou, aparentemente abalado sentando-se ao seu lado.
— A gente brigou e ele me seguiu. Ele não estava olhando pra frente e bateu em um carro grande. — Ela disse em meio a soluços, se desfez do abraço da sogra e se levantou entre os amigos.
— É grave a situação dele? — Harry tinha o olhar preocupado.
— Pelo que me disseram, sim. Os vidros do para-brisa furaram os dois lados da cintura dele, acham que atingiu algum órgão importante. — Respondeu.
— Há quanto tempo ele tá lá dentro? — Liam perguntou, trazendo uma bandeja com copinhos e água.
— Quase uma hora! — Ela disse tomando um gole.
— Vou ligar para o Louis, ele está com as meninas e ainda não deve saber! — Harry se afastou já tirando o telefone. Eles permaneceram em silêncio. Maura limpava lágrimas que insistiam em descer, Liam andava de um lado a outro, Zayn afundou as mãos no rosto tentando esconder os olhos vermelhos pelo choro. Harry estava distante explicando tudo a Louis e falando com cada uma das meninas. Brooke havia se distanciado, estava no fundo da sala, ao lado da samambaia. Encarava o celular repassando fotos e mensagens trocadas com Niall desde sempre.
Flashback On
— Boa noite, com quem eu falo? — Brooke sorriu ao ouvir uma voz familiar do outro lado do telefone. Duas noites haviam se passado depois de ela ter conhecido Niall Horan. Brooke voltou à sua rotina normal indo à faculdade e ficando por lá mesmo para dar aulas para adolescentes problemáticos de outras escolas.
— Boa noite, neste momento está falando com a pessoa para quem você ligou! — Ela respondeu segurando a gargalhada.
— SÉRIO? — Ele respeitavelmente gritou do outro lado, caindo na risada. A risada gostosa e sincera que Brooke aprendeu a amar. — Oi, Brooke.
— Oi, Niall! — Ela respondeu, jogou-se na cama e mordiscou os lábios esperando a próxima frase.
— Eu disse que ligaria! — Ele resmungou.
— Não disse que seriam três dias depois. — Ela completou.
—Ah, sobre isso, me perdoe, eu tive umas reuniões com a banda e meu tempo se esgotou todo... — Ele ia dizendo.
— Não precisa me dar explicações, Horan, e eu entendo! — Ela sorriu sozinha.
— O que está fazendo? — Perguntou Niall ajeitando-se no sofá.
— Nada, acabei de chegar em casa. Estava para arrumar algo pra comer! — Ela respondeu, levantando-se bruscamente.
— Ah, claro, na sua segunda casa porque você é diva e tem duas casas, não é? — Ele zombou, fazendo com que Brooke caísse feliz na gargalhada.
— Que horror, eu não tenho duas casas! — Ela começou. — Só tenho a minha casa, o quarto na faculdade não é meu, é da faculdade.
— Uhum, sei, rainha das baladas! — Ele prosseguiu. Os dois riram e sorriram juntos. —Eu nunca fiz isso, Brooke, ligar pra alguma garota com quem eu estive.
— Eu sou a primeira, mesmo?
— Mesmo! — Ele respondeu. Ambos permaneceram em silêncio.
— Quer vir jantar comigo? —Brooke perguntou hesitante.
Flashback Off
Ela ficou tão vidrada que mal notou a chegada de Bobby, Louis, Eleanor, Perrie, Danielle e a namorada de Harry, Emily (N/P: A atriz Emily Browning porque eu amo ela.). Ela ainda analisava a foto quando todos se reuniram em torno dela, Louis e Maura sentaram ao seu lado, Bobby logo depois e Greg, que passara todo o tempo na recepção falando com a mulher ao telefone. Ela guardou o telefone e encarou Louis.
— Vai ficar tudo bem, vai dar tudo certo. — Ele disse certo de si, pelo menos aparentemente.
— Ele pediu pra eu não esperar muito, pra não sofrer mais! — Uma lágrima rolou.
— Niall sempre dramático! — Disse Greg, sentando-se por fim, não fazendo questão de impedir que as lágrimas caíssem.
— Ele é forte, vai sair dessa! — Eleanor disse apertando a mão de Maura não muito distante. Ela sorriu.
— Parem de falar assim, não vai nos deixar mais calmos. — Maura pediu carinhosamente, baixou a cabeça e o choro voltou. O grupo, sentado em roda, fez silêncio. Ouviam-se vozes de outras salas, telefones tocando, crianças badernando, choros, resmungos, soluços e suspiros. Então, algo que deveria ser encorajador.
— Houve uma vez... — Começou Liam, pensativo e cabisbaixo sorrindo para o chão. — Niall e eu fomos jogar golf, num lugar bem afastado das fãs e tudo mais. Ele não estava jogando bem naquele dia. Na hora do descanso a gente foi falar sobre isso e ele descarregou tudo. Disse que tinha muito medo de perder você, Brooke! — Liam a encarou e ela sorriu fraco. — Ele não queria estragar sua relação com seus pais, mas também não queria terminar com você. O que ele sente — Liam forçou-se a usar o presente naquele momento. — por você é muito forte. E por mais que ele tenha feito besteira e te machucado, ele te ama. Você é única pra ele e ele com certeza não te trocaria por uma garota qualquer.
— Vocês sabiam? — Ela perguntou cabisbaixa. Todos sussurraram um ‘Uhum’. — Ele ia me contar?
— Com toda certeza, ele assumiria sua culpa. — Harry respondeu apressado. — Todos conversaram com ele e ele ia contar, hoje de manhã.
— Eu acordei antes dele e vi a notícia. — Ela explicou.
— A gente pode melhorar esse astral. Vamos! Alguém tem alguma boa lembrança do meu irmão? — Greg segurava as lágrimas que desciam automaticamente, mas soltou um sorriso forte que demonstrava fé que tudo daria certo.
— Eu tenho muitos momentos com o Niall. — Louis se candidatou. — Lembro-me de uma noite, quando ele bateu na minha porta e me jogou no carro. A gente foi pra casa da Maura e pegamos ela, ele foi mais educado com ela, mas não me senti ofendido. — Todos sorriram, e Maura sorriu ao se lembrar. — Aí Niall dirigiu até a casa da Broobs, a gente parou na porta e ele tirou uma chave do bolso...
Flashback On
— Já tá assim, é? Até a chave da mulher tu tem meu querido? — Louis zombou cutucando a cintura de Niall, que sentiu cócegas. A porta se abriu e todos sentaram.
— A Brooke foi fazer uma prova da escola hoje, e se ela passar ela vai poder fazer estágio em algumas escolas. Ela morre de vontade de fazer isso, e eu aposto tudo que ela vai passar. — Ele começou a explicar sentando-se no sofá de Brooke e ajeitando as almofadas mal arrumadas. — Eu quero fazer uma surpresa pra ela, um jantar. Eu não sou bom nisso e vocês sabem, mas mãe — Ele se dirigiu a ela. — a senhora manda muito bem na cozinha, e o Louis foi a minha única opção.
— Tá me tirando, fera? — Louis disse, fazendo sua famosa cara de sínico. Todos riram.
— Vamos poder ficar? — Maura perguntou, sentando-se ao lado do filho.
— Claro, a senhora é a futura sogra e o Louis é o amigo que a Brooke adora. — Ele respondeu. (N/P: Na época eles ainda não namoravam.)
— Que horas ela chega? — Louis perguntou.
— Ela acabou de chegar à sala, são sete e meia, a prova deve terminar às nove. Então temos de começar já. — Niall explicou, se levantou e voltou à porta trancando-a.
Flashback Off
—... A gente cozinhou um monte de coisas. Fizemos o prato preferido da Brooke, que também era o preferido da Maura. Quando a Brooke chegou ficou toda mole. — Ele riu, juntamente com Brooke. — Eu acho que aquela noite foi incrível.
— Eu acho que foi mesmo! — Brooke respondeu e sorriu. Ninguém mais chorava. O policial que Brooke conheceu mais cedo sentara do outro lado, para dar assistência à família e protegê-los das fãs.
— Minha vez. — Harry indagou. — Também faz parte de uma surpresa. A festa de aniversário da Maura. Niall pediu minha ajuda para fazer um discurso para ela e a gente foi tentar escrever alguma coisa. Mas era impossível, porque Maura é a mulher mais incrível que eu já conheci. É um amor de pessoa e tanto para mim quanto para Niall foi difícil descrevê-la. Mas a gente escreveu algumas besteiras, ele de declarou e no fim deu tudo certo. Essa lembrança é importante para mim porque, Niall me fez aprender uma lição. Uma mãe é uma peça fundamental na nossa vida, e se a gente não valorizar, a gente perde essa peça. Na mesma noite eu liguei para minha mãe, foi mágico e me lembrou da música que a gente havia lançado um tempo antes...
— Story Of My Life... — Greg disse.
— Brooke, agradeça a mim, a Dani e a Els e não se esqueça da Emy… — Perrie sorriu animada. — Lembra-se de quando você e Niall fizeram dois anos de namoro? Há pouco tempo?
— Claro, foi um dia incrível.
— É, foi mesmo. Mas teve muita coisa antes disso...
Flashback On
— Por que estamos invadindo a casa da Brooke? — Emy perguntou, sentando-se delicadamente no sofá.
— Eu preciso da ajuda de vocês. Hoje eu e a Broobs completamos dois anos juntos e eu quero fazer uma comemoração legal.
Flashback Pause
— A gente passou a tarde toda pensando no que fazer. — Danielle dizia em meio a sorrisos de boas lembranças.
— Niall já estava ficando maluco. As ideias que nós tínhamos ou não eram sua cara ou não iriam dar certo. — Eleanor explicou.
— Aí o Niall pensou em escrever alguma coisa, apesar de achar muito simples, mas foi o que deu para fazer. — Emily explicou. — A gente foi ao centro e voltamos com enfeites e tudo mais. Espalhamos corações e balões para todo lado, flores na cama, e separamos as músicas mais românticas da banda e de outros cantores.
— Aí ficou tudo por conta dele, e já sabe como foi, não é, Brooke? — Perrie gargalhou e piscou para a colega.
Flashback Play
Brooke abriu a porta de casa tranquilamente após um dia cansativo de aulas e atividades de química, que era a matéria que Brooke estudava na faculdade. Ao se deparar com os balões e fitas e a música calma que se ouvia ao fundo, ela sorriu. Sabia de quem era toda aquela bagunça, sabia que dia era aquele, sabia que eram dois anos de amor.
— Há dois anos, no dia dezesseis de abril, dois jovens se conheceram. E logo, no dia 22 de agosto eles se uniram em uma força maior que qualquer outra no mundo: O amor. Eles tinham vinte e um anos de idade, e nenhum deles em vinte e um anos havia sentido algo assim. Estou certo? — Ela assentiu sem palavras. Seus olhos marejaram. — Um certo dia, percebi que meu coração começou a bater mais forte. Percebi que eu ficava trêmulo perto de você e que apenas seu nome já me dava arrepios. E que a cada momento ao seu lado me dava mais um motivo para te querer para sempre. Eu estava viciado em você. Queria te ver toda hora, estar com você toda hora. Você se tornou minha razão! Impedindo-me de fazer besteiras, me dando conselhos, rindo de qualquer besteira que eu falasse. Segurando minha mão, me beijando, me abraçando. Dizendo eu te amo a qualquer momento, adequado ou não. Estar contigo é pedir para ficar tudo perfeito. Quando eu estou com você, esqueço dos problemas e penso apenas em nós. Seu jeito, perfeita e estranha, bonita e descabelada, inteligente e retardada, meiga e grossa. Você é uma mistura de coisa fofa com putaria, e eu adoro isso em você! Sua companhia é a melhor do mundo. Sei que muitas vezes a gente briga feito criança, mas ainda sim, eu te amo. Hoje, amor, são dois anos. Mas eu necessito que sejam mais, porque um minuto ao seu lado, não equivale nem metade do quanto eu te amo! — Brooke não continha as lágrimas emocionadas. Tinha mil sorrisos no rosto e não via a hora de tocar aquela boca. — Pode falar alguma coisa agora, amor.
— O meu presente nunca ganharia dessa sua super festa a dois. — Ela choramingou. — Eu te amo demais, Horan, demais! Conheça-me, me decifre, me ame, me ache, me devore.
Ele sorriu e correu até ela na porta. Ambos caíram sobre os balões, ouvindo os estalos altos e ensurdecedores. Eles riram. Brooke estava por cima de Niall, sua face ficou séria. Ela o encarou. Sua boca tocou a dele, e um beijo profundo invadiu-os. Niall se levantou vagarosamente com Brooke no colo, eles andaram de mãos dadas até a cozinha, tudo arrumado e bem feito. Na mesa central, vinho e um jantar que cheirava maravilhosamente bem. Depois do jantar eles subiram ao quarto, e fizeram amor vezes seguidas.
Flashback Off
— Naquele dia os vizinhos reclamaram da música! — Brooke se lembrou com lágrimas nos olhos, desta vez, felizes. — Niall desceu e eu me lembro de ouvi-lo dizer: “Com licença meu amigo, hoje eu e minha namorada estamos completando dois anos de namoro. Somos um casal apaixonado. Será que poderia nos deixar aproveitar essa ocasião apenas hoje? Obrigada!”. Aí a porta bateu.
— Niall sendo Niall. Aposto que ele apareceu na porta de cueca. — Harry adivinhou, gargalhando e causando gargalhadas.
— Nem preciso perguntar como você sabe, simplesmente apareceu no jornal. — Greg disse.
— Pelo menos ele se escondeu atrás da porta... — Maura entrou no clima das boas lembranças. — Quando ele era criança não ligava em sair andando pelado pela casa, ele colocava a toalha no pescoço e pulava na cama, achando que era assim que um super-herói agia. — Ela sorria enquanto dizia. Ela passou as mãos sobre o rosto tirando as lágrimas secas. — Esse jeito infantil dele, sempre me deixou mais feliz.
— Por isso ele se dá tão bem com o Theo. — Greg prosseguiu. — Ele tem as melhores brincadeiras, faz as melhores palhaçadas. Mesmo com a agenda um tanto lotada ele consegue arrumar tempo pra ensinar Theo a jogar futebol e jogar os carrinhos na privada! — Greg sorriu e mexeu no chaveiro com a foto do filho.
— É, todo mundo ama o Niall, não há como negar. — Bobby falou por fim. — Uma lembrança boa que eu tenho foi a de quando ele pediu para eu passar o fim de semana na sua casa. Eu acabei indo e a gente passou um bom tempo falando da Brooke. Eu ainda não te conhecia pessoalmente, mas apenas o modo como Niall falava de você, já me dava a certeza de que além de linda, você era uma pessoa muito especial para ele. Quando você apareceu naquele dia, na hora do jantar, eu os observei. Não havia um momento sequer que vocês não sorrissem um para o outro. E pareciam duas crianças, brincando e jogando água um no outro. Na hora de ir embora, aí sim vocês pararam de sorrir. Ficar um sem o outro não seria nada legal, eu sei. Mas foi mal você sair e ele já estava pendurado no telefone. — Bobby olhou o tempo todo para os olhos de Brooke. — Só lhe agradeço por ter cuidado tão bem do meu filho quando eu estava ausente.
Ela voltou a chorar se lembrando de tudo o que eles fizeram um pelo outro e de como aquilo se acabou num instante. — Depois da burrada que ele fez, na noite em que ele ficou bêbado... — Começou Zayn. — Ele me ligou chorando. Eu corri até a casa dele e ele começou a falar umas coisas. — Zayn se esforçou para lembrar. Sua cabeça latejava de dor, uma mistura de angústia, preocupação e tristeza. — Acredite, Brooke, ele ficou desesperado quando se deu conta de que ia perder você. Chorava como uma criança e por mais que eu tentasse acalmá-lo, ele não parava. Pensou em não te contar, mas ele sabia que ia aparecer na mídia uma hora ou outra. Eu chamei a banda, e todos que estão aqui hoje, para falar com ele. — Encarou os rostos cansados de cada um. — Ele foi julgado, criticado, mas foi perdoado. A gente conversou com ele e desde o primeiro momento ele deixou claro que se você não o quisesse mais, ele te deixaria ir. Ele te amava demais, mas reconhecia que nenhuma desculpa pagaria o que ele fez a você. Acho que ele te ama tanto que acabou se esquecendo de te deixar ir!
Os olhos de Brooke estavam novamente encharcados. Ela sabia que ele a amava, sabia que ela o amava. Os bons momentos, as juras de amor, os passeios da madrugada, os dias com o sol quente e o violão, as noites de amor, as brigas infantis, as cócegas e as risadas... Nunca voltariam. Brooke sentia isso.
— Já devo ter contado a história de como a gente se conheceu para alguns de você, e ele também. Mas eu adoro essa história. Foi algo tão simples e único, porque eu simplesmente encontrei Niall Horan em uma biblioteca de escola. A gente só conversou por algum tempo e no mesmo instante eu me senti atraída por ele. O jeito dele a sua personalidade, aquilo me deixou curiosa e eu quis entrar no mundo dele. Justamente um mundo de brincadeiras, videogame, futebol e carros na privada. Afinal, quem o ensinou a jogar os carros na privada fui eu. A retardada dele. — Ela sentia sua voz sair trêmula. — A gente sempre foi muito unido, não éramos só um casal de namorados, mas também de amigos. Ele me irritava, brigava comigo, mas isso nunca nos afetou, porque no mesmo momento a gente já estava se abraçando e fazendo amor. Com Niall eu me sentia protegida, e eu nunca desejei tanto sua proteção agora. — Ela cruzou as mãos e encarou a sua grande família.
No momento do sorriso, o médico apareceu encarando com pesar o grupo no canto, eles se levantaram rapidamente e se apressam até o doutor. Ele pegou as mãos de Brooke e Maura.
— O vidro se partiu dentro do corpo dele e as novas pontas atingiram todos os órgãos mais importantes da região... Devido à dor... Ele... Não resistiu. — Explicou. As mãos das mulheres afrouxaram. Maura gritou e começou a chorar desesperadamente se agarrando ao filho que quase morria por dentro. Toda a banda e as garotas choraram automaticamente, agarrando-se um ao outro, sentindo os corações se apertarem. Brooke ainda estava de frente ao doutor que resmungou com pesar: — Fizemos o que podíamos!
— Se tivessem feito mesmo, ele estaria aqui comigo. — Gritou e se afastou de todos. Andou até a porta da sala de corredores e parou ali, encarando uma sala que na porta se reuniam enfermeiros cabisbaixos. Ela sentiu os joelhos caírem e ela se debruçar no chão. Albert andou até ela e se agachou tocando seus ombros.
— Brooke? — Albert disse. — Eu sinto muito, mesmo...
— Ele pediu para eu não esperar muito... — Sua voz saiu embargada e confusa, mas ela permaneceu firme. — Como alguém pode pedir isso, me diz?
— Ele não queria ver você sofrer, minha querida! — Albert respondeu carinhosamente.
— Então deveria ter ficado na porra da casa. — Ela respondeu. — Eu não posso, Albert, não consigo. Eu o amo demais e não sei viver sem ele. Eu o perdoo, juro que o perdoo, mas ele tem que voltar para mim. Ele não pode me deixar.
— Você sabe que não dá... — Albert retrucou, sendo interrompido.
— Diga que eu fui viver com ele, ok? — Ela pediu secando as lágrimas e olhando fixamente para um local.
— O quê? — Albert estava distraído demais para notar. O olhar de Brooke estava vidrado, pensamentos surgiam na sua cabeça, ideias para que ela pudesse ter o seu homem de volta, em um mundo sem ninguém para incomodá-los, somente Brooke e Niall.
Flashback On
— O que você está fazendo aqui? — Brooke perguntou, se surpreendendo ao abrir a porta. Era sua mãe. Logo no primeiro mês de namoro, Brooke decidiu que iria apresentar a família a Niall. Estava animada por fora, mas por dentro sabia que seria uma derrota. Ela sempre foi a menos querida da família, ninguém acreditava que um dia ela seria alguém na vida, ninguém confiava em sua responsabilidade, e todos torceram contra quando ela decidiu que iria morar sozinha, na mesma cidade, porém bem distante da família. Não achou que seria certo não apresentar o seu novo namorado e então decidiu fazê-lo. A família simplesmente o odiou. As irmãs o criticaram, a mãe o humilhou e apenas o pai de Brooke ficou feliz pela filha, afinal, era o único que realmente se importava. Naquela tarde, num domingo tranquilo, quando Niall e Brooke se aproveitavam no feriado, Jayme, a mãe de Brooke, apareceu diante da porta duas semanas depois de ela ter conhecido Horan, decidida a destruir sua vida.
— Eu vim para te levar para casa. — A mulher disse, adentrando calmamente na casa.
— Como é que é?
— Isso mesmo, você não vai se dar bem aqui, não sabe cuidar de si mesma... — Ela parou diante de Brooke com um olhar cínico e decidido.
— Ah, e você se preocupa desde quando? Obrigada, Jayme, mas eu reconstruí toda a minha vida sozinha. Não preciso da sua ajuda. Saia da minha casa, por favor! — Ela retrucou decidida, segurando a raiva que de repente aparecera, abriu a porta e aguardou que ela saísse.
— Você não pode trocar sua família por um garoto qualquer.
— Se eu quiser, é claro que posso. — Ela retrucou apontando para a porta. — Saia.
— Você vai voltar comigo! — A mulher resmungou decidida e começou a catar roupas espalhadas pelo sofá.
— Vinte e um anos, você não manda mais em mim! — Ela retrucou já muito irritada, bateu forte a porta atrás de si. Sua mãe deu um pulo e o barulho do chuveiro ligado no andar de cima cessou.
— Ele não é para você, Brooke! — Jayme continuou firme, mantendo seu orgulho. — Você não pode simplesmente trocar sua família por um homem qualquer que você nem sabe se ama...
— Posso, assim como você e as bruxas das suas filhas lá fizeram. Eu fui tachada a minha vida inteira, e por quê? Porque eu era caçula, porque eu estudava muito e era uma boa aluna? Mães de verdade sentiriam orgulho. Eu sinto pena do meu pai por cada dia que ele viveu ao seu lado, aturando você, pelo menos agora ele se livrou de você. Sabe por que ele morreu de infarto, mãe? Por sua culpa. Por sua arrogância, por seu orgulho e por tudo que você fez a mim. É isso mesmo, sua vadia! — Brooke estava descontrolada, gritando tudo sem a menor piedade, lágrimas ameaçavam cair, mas ela proibia que elas o fizessem. Niall apareceu na escada, com o cabelo encharcado e escorrendo para a blusa seca e fresca que ele vestia. Sua face preocupada encarou Brooke do mesmo lugar onde estava.
— Eu fiz isso para o seu bem, para você crescer aprendendo como se lida com a vida! — A mulher resmungou.
— Mãe, ninguém aprende nada apanhando e sendo torturada. Ninguém quer passar fome por dias, sem poder comer uma única migalha da mesa enquanto vê a família se lambuzando de comida...
—Seu pai te dava no meio da noite, eu sei disso...
—Se não fosse por ele, né.
— Eu tentei te ajudar, sua mal agradecida.
— Não ajudou, Jayme, nem um pouco. Todos os machucados e as marcas eu guardo comigo, e se acha que olhar para elas me transmite alguma lição, se engana muito. —Brooke apontou para as pernas, para os braços e para outros lugares cobertos pela roupa que continham roxos e marcas. Ela chorava a cada palavra e a cada lembrança ruim. Niall apenas a observava entristecido, conhecia toda a sua história e seria capaz de matar Jayme por tudo o que ela fez a filha.
— Então você vai mesmo preferir esse garoto?
— Cala a sua boca! — Ela gritou mais alto ainda. — Cala a droga da boca e me escute agora!
Ela se aproximou bruscamente assustando a mãe e alertando o namorado.
— Eu odeio você, e não quero nunca mais na vida ter qualquer contato com você e suas filhas ridículas! Eu amo o Niall, e nada e nem ninguém vai me separar dele. Por você eu não faço mais nada, mas por ele eu mataria... Por ele eu morreria.
A mulher assustada e com lágrimas fingidas, saiu envergonhada da casa. Ao fechar a porta Brooke correu e bateu na porta vez após vez descontando sua raiva e gritando e urrando de dor e ódio.
— EU TE ODEIO, EU TE ODEIO! — Ela gritava. Niall correu até ela abraçando-a por trás tentando controlá-la.
— Calma, amor, se acalma. Tá tudo bem, ela não vai mais nos incomodar. Eu te amo, Brooke, eu te amo, pequena.
Flashback Off
— Você não vai fazer isso, Brooke. — Disse o policial, colocando calmamente a mão sobre a arma na cintura.
— Como...
— Eu sei como se sente. Eu perdi alguém que eu e minha filha amávamos. Da mesma maneira que está agindo agora eu agi. Eu só queria ir ficar com a minha mulher. Mas antes de fazer a pior coisa da minha vida eu me lembrei: Eu ainda tenho a minha criança! — Ele se sentou, sorriu e segurou sua mão. — Você tem pessoas aqui, Brooke, e pelo que eu ouvi da conversa de vocês, elas te amam e querem o seu bem. É difícil, é sim, mas eles irão te ajudar a superar da mesma maneira que você tem que fazer. Eu entendo que você o amava, mas as pessoas se vão, é inevitável. Você consegue, minha querida, você consegue.
Brooke Rupay’s POV
Bem, eu sou péssima com as palavras, principalmente pra falar dos meus sentimentos. Mas eu vou tentar, me perdoe pela falta de jeito.
Primeiramente, mãe! Obrigada, muito obrigada por todas as surras, por todos os tapas e por toda a fome. Sem isso eu não teria me reerguido, não teria conquistado o que conquistei e sequer teria aprendido a sorrir. No final, elas me ensinaram uma boa lição. Mamãe, eu juro, eu tentei a todo o momento ser tudo o que a senhora queria, mas eu não pude. Não pude ser a melhor de todas da sala, mas eu era uma boa aluna. Não pude ganhar os concursos de beleza, mas eu nunca fui tão bonita. Não pude emagrecer mais do que eu já era magra, isso é uma doença. Eu tentei, mãe. Tentei agir como Carly e Ellie, mas era impossível. Elas sempre eram as maravilhosas, mais gentis, mais bonitas. No fim, quem sofreu para ser linda fui eu. Mas eu aprendi e eu juro que eu nunca mais irei te amar, afinal, alguma vez me amou?
Papai, oh papai, eu sei bem o quanto o senhor quis que ela parasse, eu sei. Mas eu não o culpo por nada. Eu entendia seu estado, eu sabia que o senhor estava no fim. Mas obrigada, pai, por me alimentar no meio da madrugada, por me dar presentes baratos e simples, por cantar para mim, por me chamar de linda e por dizer que me amava. Desculpe-me se no fim eu o abandonei, mas eu não suportava mais tanta desgraça. Eu queria levar você comigo, mas não podia e nem mesmo você queria. Era minha nova vida. Eu queria ser seu orgulho, mas quem disse que você teve tempo de me ver na faculdade, de me ver trabalhar em uma sala de aula ou de me ver ao lado de um bom homem. Eu queria tanto ter tido mais de você para mim, tanto. Mas não tive e isso não há como mudar, saiba apenas que eu te amo para o resto da eternidade.
Niall, meu querido amor, meu querido homem de olhos azuis. Eu te escolhi para ser o meu homem, meu primeiro homem, o amor da minha inútil vida. O escolhi para ser meu problema e se tornar minha solução. Em você eu encontrei tudo o que eu precisava. O escolhi porque eu sabia que sempre estaria lá quando eu precisasse, sabia que faria dos meus os seus problemas, sabia que você seria capaz de atravessar o mundo por mim. Eu te escolhi porque você mereceu o meu amor. Vi em você algo que ninguém tem. Você me fez te amar e assim eu te amei. Mas eu fui sua escolha também, e eu sou grata por isso. Em meio a milhões de mulheres, você me encontrou e me tomou. E me escolheu para te mudar, para te beijar, te abraçar, para trazer felicidade a sua vida e cuidar de você. Você me escolheu para te fazer sorrir ao olhar a tela do celular, me escolheu para dividir seu fone de ouvido e para dividir a sua batata e sua cama. E assim, sem querer, minha felicidade se tornou parte da sua, assim como a sua se tornou parte da minha. Ah, amor, nem sei mais porque lembrar de nós. Estamos felizes, em paz. Um dia vou te encontrar nesse imenso céu azul, vou poder te bater por ter me deixado e vou poder dizer com mil palavras o quanto senti sua falta. E mesmo que você tenha mudado drasticamente, eu sempre vou te amar e sempre serei sua Brooke, sua Broobs, sua pequena princesa. Porque a vida me deu você de presente, e por mais que eu rode pelo mundo procurando outro alguém, ninguém poderá te superar. Você é único. Sabe seu abraço? É o melhor do mundo. São seus braços que eu quero ao meu redor todas as horas do dia. Sãos seus beijos que eu quero antes de dormir, todas as noites. É a sua voz que eu quero ouvir ao telefone assim que eu atender. É o seu corpo que eu quero colado ao meu. E é você, amor, que eu quero para toda vida. Eu sei, você nem está mais aqui, mas quero que saiba, seu lugar na nossa cama nunca mais será ocupado, minha boca é somente tua e nunca mais outro homem a tocará, minhas mãos imploram as suas e nunca mais outra mão irá apertá-las. Eu ainda estou aqui, e por mais que o ódio por ter me abandonado me consuma por dias, eu sei que o seu amor é como o meu: Sem fim. Com ou sem você por perto, meu amor é o mesmo, eu te amo como uma garota ama um garoto, como um homem ama uma mulher, como Deus ama seus filhos. Existe algo mais forte? Por favor, diga que não porque não podem existir dois homens que eu amo, nem dois homens que me amam, nem duas Brookes e muito menos dois Nialls. Foi único, foi sincero, foi infinito. Espere-me, amor, me conheça, me decifre, me ame, me ache, me devore.