Don't You Worry Child
História por Naya R | Revisão por Taaci
Capítulo 1
There was a time, I used to look into my father's eyes.
Meu pai e eu sempre fomos extremamente próximos. Desde que minha mãe morreu, 13 anos atrás, eu e ele nos vinculamos de um jeito que nem mesmo Deus imagina. Ele era tudo pra mim, provavelmente o cara que eu mais amarei no mundo inteiro e tenho absoluta certeza que nunca mais amarei um homem do jeito que amo meu pai.
Nós costumávamos sair muito nas sextas-feiras; Teatros, shoppings, cinema, shows de rock antigos e boates. Simplesmente nada escapava das nossas garras. Ele tinha 15 anos quando minha mãe ficou grávida, e a nossa idade aproximada provavelmente ajudava muito nessa proximidade. Hoje, estou com 25 anos e meu pai, John, com 40. E posso dizer, firmemente, que se eu não fosse sua filha, eu, provavelmente, namoraria alguém como John. Grandes olhos castanhos redondos, barba por fazer e um nariz um pouco grande, mas que fazia todo o seu rosto se encaixar em algo do tipo “preciso conhecer esse homem misterioso”. O melhor homem do mundo.
Sexta-feira, dia 25 de setembro de 2009. Um dia provavelmente comum. Iríamos ao show do AC/DC. John os amava desde jovem e quando eu era pequena, ele costumava cantar para mim. Eu, simplesmente, adorava. Era cedo quando chegamos à fila. Mesmo meu pai sendo rico o bastante para pagar a nós o camarote ao lado do Angus Young, ele gostava de estar no povão. Era algo nosso estar ali, com os outros e, por alguns momentos, não nos sentirmos especiais.
- Vou comprar água, beleza? - Perguntei a ele, arrumando meus cabelos. Ele me olhou de cima a baixo, examinando minha roupa e logo depois concordando com a cabeça. “Permissão concedida, você pode sair do meu lado com um short rasgado e uma regata branca”.
Segui até a vendinha, rindo sozinha, algo que eu particularmente adorava fazer: Rir do nada. Apenas explodir em felicidade sem motivo algum.
Depois de pedir quatro garrafas de água e colocá-las na minha mochila velha, ouvi um barulho alto que eu conhecia muito bem: tiros. Corri o mais rápido que pude. Eu havia acabado de fazer meu concurso para ser da polícia federal. Meu coração deu um baque por ver que havia uma multidão de pessoas amontoadas, tentando ver o que havia acontecido. Senti um nó na garganta quando vi que era perto de onde John estava.
Empurrei várias pessoas, mas ainda assim havia muitas na frente. Por uma fração de segundos, aquelas pessoas pareciam infinitas. E então minhas pernas cederam. Gritei.
- Pai! - Me ajoelhei ao seu lado, meus olhos já estavam cheios d'água. – Pai! Pai, fala comigo.
- Não se preocupe, filha. - Sua voz estava rouca e havia sangue nos seus lábios. Alguém colocou uma jaqueta por cima dele e eu coloquei minha mão embaixo da sua nuca, sem levantar sua cabeça para não prejudicar sua respiração. - Eu estou bem.
- Você levou um tiro, pai. - Eu nunca fui muito boa em momentos como esse. Eu sabia que estava o perdendo. - Pai, me desculpa. - Foi tudo que eu consegui dizer. Eu não queria que ele se fosse sem que eu pudesse me desculpar por tudo que eu fiz de ruim na sua vida inteira. - Me desculpa. - Chorei, deitei minha cabeça no seu peito e chorei mais ainda.
Senti algo quente e viscoso em minhas mãos e percebi que era o sangue que saía pelas suas costas, manchando o chão de vermelho escuro. Olhei em seus olhos e percebi que ele ainda estava vivo, seus lindos olhos amendoados que eu tanto amava.
- Não se preocupe. - Ele disse novamente; como sempre ele estava mais preocupado comigo do que com ele. - Não se preocupe, filha. - Ele disse quase num sussurro. Funguei, beijando seu rosto ainda quente. As pessoas abriram um pouco o círculo e, ao fundo, a ambulância que alguma alma caridosa havia chamado estava chegando. O abracei pela ultima vez, não sei por que, mas eu sabia que aquilo era um adeus.
- Eu te amo, John. - Falei com a voz incrivelmente afetada, sentindo meu coração se espremer em meu peito.
- Você foi a melhor coisa que já me aconteceu, . A melhor.
Capítulo 2
In a happy home, I was a king I had a gold throne.
A simples e singela moça de olhos claros e o homem rico e extremamente moderno de olhos castanhos escuros. Esses eram meus pais. Uma história de amor maravilhosa que, infelizmente, acabou com um derrame cerebral da minha mãe. Reza a lenda que John se apaixonou por Mary perdidamente na primeira vez que a viu, passando na frente da casa dela com os amigos. Ela estava na janela e ele apenas acenou. Boooom. Fagulhas e faíscas de amor se espalharam pela cidade inteira e, depois desse dia, um casal estava ali, formado para todo o sempre.
Eu costumava adorar essas histórias recheadas de paixão e pura adrenalina que meu pai me contava antes de me pôr na cama, contando como salvou a mamãe de um urso quando foram acampar na Colina dos Grandes Ursos Pardos do Oeste ou quando a salvou de morrer afogada no Rio Extremamente Mortífero Com Piranhas Caolhas. Assim como eu adorava ouvi-lo cantarolar Back In Black ou Thunderstruck antes de eu pegar no sono.
Não me entenda mal, minha mãe era a melhor coisa do mundo também, porém ela sempre estava ocupada demais com outras crianças (ela era professora) e, por eu ser pequena, eu não entendia isso e acabava por me grudar em meu pai. Hoje, pensando nisso, eu vejo como fui boba em não aproveitar cada pedacinho da minha mãe como aproveitei do meu pai; ela se rejeitava a ser simplesmente “rica” como o papai. Ela era orgulhosa e queria ter o próprio dinheiro, por isso trabalhava feito uma condenada sendo professora do primário.
Meu avô, John I, era o dono de uma feira de frutas e verduras; pelo menos foi assim que tudo começou, com o avô de meu pai que plantava algumas verduras e vendia para conhecidos. O trabalho e esforço foram levados de pai para filho, passando de uma feirinha de fim de semana para uma loja de conveniências, e logo um supermercado, depois um hipermercado e logo uma das maiores redes de supermercados do país. Tudo isso pertencia hoje ao meu pai, o dono que fez de tudo para a sua filha única continuar o negócio, mas que, no fim, mesmo sabendo tudo sobre aqueles tão conceituados supermercados. Eu decidi seguir o meu sonho: Ser policial. Era algo que eu tinha prazer em fazer e ver meu pai ali, cuidando dos negócios e conseguindo fazer tudo certo, eu nunca vi o porquê de tentar continuar o nome. Ele sempre me dizia que aquilo iria ser meu um dia e eu me sentia como o Simba, porém o que eu queria mesmo era ir para o lado sombrio, por onde Mufasa disse que nunca era para ir. E foi exatamente o que eu fiz.
Capítulo 3
Those days are gone, now the memories are on the wall.
Vinte e cinco de setembro de dois mil e treze.
Quatro anos que ele se foi. E parece que foi ontem que eu estava abraçada a ele, esperando na fila para ver Angus Young. As pessoas sempre me perguntam se eu superei, óbvio que eu superei, já faz quatro fucking anos! Mas ainda assim existe um vazio dentro do meu peito que nunca nada vai suprir.
No cemitério, o seu túmulo parecia abandonado, ninguém além de mim (uma vez por ano) vinha. Se ele tinha amigos? É claro que tinha, mas quem depois de quatro anos continua vindo visitar conhecidos no cemitério?
- Eu sinto a sua falta, pai. Todos os dias. - Admito que eu não vinha todos os anos visitar a minha mãe. Na verdade eu nem podia, ela não fora enterrada na nossa cidade, meus avós maternos decidiram enterrá-la no Brasil, seu país de origem. E eu não ia negar isto a eles.
Por quatro anos, eu pensei em me vingar da criatura desprezível que fez isso comigo, conosco. E não nego que, em momentos de insanidade, culpei pessoas erradas. Sou uma ótima policial, sei investigar e juntar pequenas peças de quebra-cabeças. Eu tinha certeza que quem havia matado meu pai era uma pessoa extremamente próxima. Ano passado cheguei à conclusão de que ele foi morto por alguma dor de cotovelo. Ao longo da sua caminhada da vida, meu pai havia feito vários inimigos, a maioria deles concorrência do mercado. Mas nenhum deles era estúpido o bastante para matá-lo, afinal isso não iria derrubar a grande marca que os mercados haviam se formado com o nome de meu pai. Isso, pelo contrário, só ajudou na divulgação do nome e as pessoas acabaram por comprar mais ali por pena de mim.
Claro, eu não estava tirando essas conclusões da minha pura imaginação. Nesses anos sem meu pai, me aproximei de pessoas que eu sabia que iriam me ajudar a prender o canalha ou a canalha, e eu sinto que nunca estivemos tão perto. Mark, um dos melhores amigos do meu pai e meu chefe no departamento de polícia, era o meu principal ajudante. Era ele que estava do nosso lado quando minha mãe morreu, quando a mão do meu pai morreu e quando meu pai morreu. No fim das contas, a morte já era uma conhecida minha e me acostumei a andar junto dela. Sombria e sem amigos, apenas esperando o próximo.
- “John II, a melhor coisa que já nos aconteceu”. - Ouvi alguém ler o epitáfio do meu pai e enxuguei uma lágrima teimosa da minha bochecha antes de olhar quem era. - Você está bem?
- Estou ótima. - Falei com uma grosseria maior do que o normal e me levantei. Eu não estava ótima, eu só queria um tempo com meu pai em paz. Sempre sentia como se ele me ajudasse a pensar.
- Eu não quis incomodar. Se quiser, eu vou embora. - Ele disse, dando meia volta e me mostrando largos ombros caídos para frente.
- Não foi a minha intenção, hoje não é o melhor dia do mundo pra mim. - Ele parou e virou-se novamente pra mim.
- Eu não quis parecer inconveniente.
- Não foi. - Funguei, respirando fundo para não voltar a chorar mais naquele dia. Chega de lágrimas, eu sei que valia a pena, era por ele. Mas acho que era melhor simplesmente... Esquecer. Coloquei as flores que havia comprado ao lado do concreto. Eram flores diversas e bem coloridas, do jeito que eu gostava.
- Eu... Isso está... Eu sinto que estou atrapalhando. Me desculpe. - O homem, de mais ou menos trinta anos, disse, novamente se virando e seguindo em frente. Senti uma brisa gelada bater no meu rosto e o homem também sentiu, já que logo puxou a gola do seu sobretudo cinza pra cima. Ele me parecia ser muito atraente, não tive muito tempo de olhar, talvez olhos claros ou algumas sardas. Realmente não prestei atenção. Resolvi que deveria conhecê-lo.
O homem foi até o seu carro, um Camaro branco, dos antigos. Não entendo nada de carros. Apertei meus braços contra o meu corpo por causa do frio e senti minhas bochechas corarem, também por causa disso. Antes de ele abrir a porta e entrar, segurei o seu braço.
- Me desculpe, eu realmente não quis ser grossa. - Eu finalmente vi seus olhos azuis, eram lindos, assim como todas as pintinhas espalhadas pelo seu rosto e pescoço. Ele também parecia ter chorado.
- Está tudo bem, eu..
- Que tal se eu te pagasse um café? - Eu odeio café, mas me acostumei com as pessoas dessa cidade sempre tomando e exigindo cafés.
Eu sorri de lado, sabendo que havia ganhado aquilo.
- The Color Mine? - Perguntou ele, levantando a sobrancelha. The Color Mine era a melhor cafeteria da cidade, ganhava da Starbucks facilmente. E eu apenas concordei com a cabeça, dando meia volta e indo para o meu carro.
No The Color Mine sentamos em uma mesa para dois. A situação era estranha demais, mas mesmo assim eu sentia como se fosse o certo a fazer. Ele sorriu de canto, sentindo como se fosse exatamente o que estava pensando.
- Isso é estranho. - Disse. E eu apenas dei de ombro. - Eu sou . - Esticou a mão até mim.
- . .
A garçonete veio até nós, simpática, e fizemos os nossos pedidos. Eu pedi um pedaço de torta de creme e uma vitamina de banana. Ele pediu um café preto médio sem açúcar e um pedaço de bolo de morango. Quando ela saiu, decidi puxar assunto:
- O que você fazia no cemitério?
- Eu trabalho lá, sou zelador.
- Zelador de cemitérios? - Dei uma risada e ele sorriu junto. tinha dentes lindos. Enquanto ria, ele tirou o sobretudo, revelando por baixo uma camiseta branca escrita “I'M WITH STOOPID” e uma seta apontando para o seu rosto e acho que isso explicou a piada do zelador.
- Faxineiro? Eu realmente não sei como se chamam aqueles homens com barba branca com um pedaço de capim na boca, que cuidam de cemitérios... - A camiseta com certeza fazia bastante sentido. Dei outra risada, era exatamente daquilo que eu precisava. - Mas enfim, eu estava visitando minha mãe. Faz quatro anos que ela faleceu, hoje.
- Eu sinto muito. - Eu disse, realmente, afetada.
- Obrigado. Eu aprendi a superar isso fazendo piadinhas infames, então, por favor, se você não gosta de piadinhas infames é bom ir embora antes de pagar o café.
- Sou a Rainha das Piadinhas infames.
- Ótimo, porque eu sou o bobo da corte das piadinhas infames. - A garçonete trouxe os pedidos, sorrindo com seus cabelos soltos esvoaçando. E eu tinha certeza que ela os soltou para tentar chamar a atenção de , que nem sequer olhou para ela, enquanto analisava o quão quente estava seu café, ao entrar em contato com os seus lábios, belos lábios por sinal. - E você? John era seu pai?
- Sim, e estranhamente também faz quatro anos que ele morreu. - Estranhamente? Isso era extraordinariamente estranho. E se por algum motivo essas mortes tivessem algo em comum? E se isso finalmente fosse a chave para eu conseguir fechar o caso?
- Isso é estranho. - Pela segunda vez em 15 minutos ele diz essa frase e eu confirmo com a cabeça. Eu precisava saber o nome da mãe dele.
- Bastante. Como era o nome dela?
- Mary. - Ele disse e por uma pura loucura meu coração deu um baque. Eu sabia que não era minha mãe, mas, mesmo assim, foi extremamente duro ouvir aquilo. Ele, provavelmente, sentiu a minha tensão. Tirei meu casaco, estava quente lá dentro. Eu estava com uma regata branca por baixo e vi-o fitar meus seios por alguns instantes antes de voltar aos meus olhos. Fiquei satisfeita por isso.
- O nome da minha mãe é Mary. - Ele pareceu ficar tenso assim como eu. Tomei um gole da minha vitamina pelo canudo e os seus olhos seguiram minha boca. Era divertido ficar seguindo seus olhos e ver como meu corpo atraía o dele. pareceu acordar do pequeno transe.
- Isso quer dizer que somos irmãos? - Mas então ele parou para pensar por um momento. - Ou que nossos pais eram casados e morreram no mesmo dia?
- Que tal tirar essa parte de que somos parentes fora? - Dei uma risada. Eu realmente não sabia se ele estava brincando ou falando sério. Era fofo demais. - Minha mãe morreu quando eu era pequena.
- Ah. – Ele pareceu desapontado com a ideia e comeu um pedaço do seu bolo. Eu realmente não sabia que pessoas como Joey Tribbiani ou Brittany S. Pierce realmente existiam. Por isso apenas resumi que ele devia usar drogas. - Isso poderia ser legal.
- O quê? Nós sermos irmãos? - Comi um pedaço da minha torta e, mais uma vez, os seus olhos desceram para a minha boca, onde eu, propositalmente, lambi com os lábios lentamente. Eu só podia estar alterada. Talvez fosse ele.
- Como é o nome da sua mãe, ?
- Por que você quer saber? Vai fazer um teste de DNA? - Ele riu. Dessa vez parecia ser brincadeira mesmo.
- Sou policial. Gosto de saber os antecedentes das pessoas.
- Mary . Minha mãe se chamava Mary Julliet .
Capítulo 4
I hear the songs from the places where I was born.
Mary Julliet era uma civil comum que foi assassinada no dia 25 de setembro de 2009. Ela trabalhava em um escritório como secretária, nada de importante. Sem ficha criminal, apenas quatro multas pagas, mas que não foram dela e sim do seu filho , que dirigiu alcoolizado; todas as multas foram feitas após ela ser morta, mas como o carro ainda estava no seu nome foi registrado com o seu nome. Mary me parecia ser a pessoa mais doce do mundo e não consigo entender o porquê de alguém matá-la esfaqueada. Era realmente doloroso ver as suas fotos do arquivo. Ela era linda. Tinha olhos azuis como os de , cabelos castanhos compridos e bochechas coradas, o sorriso era igual o dele. Por esse motivo me doía ver as fotos dela do assassinato. Jogada no chão, ensanguentada e de olhos esbugalhados.
Espero, fielmente, que não tenha a encontrado deste jeito.
Eu sabia que, no fundo, só faltava uma pequena peça do quebra-cabeça. Eu precisava de ajuda.
Liguei o rádio e estava tocando Hells Bells. Meu coração deu um baque e eu apenas sorri, sentindo a sua presença ali comigo, naquele rock clássico antigo que eu tanto amava.
Liguei para Mark, eu sabia que ele podia me ajudar, era a única pessoa que confiava de verdade para este caso.
- Fala, fofa. - Mark tinha essa mania de me chamar de fofa, provavelmente pelo fato de que eu era mais “fofinha” quando era pequena.
- Acho que, finalmente, encontrei a peça que faltava. Sinto que estou chegando perto, Mark.
- O que você encontrou?
- Uma mulher, Mary , que foi assassinada no mesmo dia que o pai. Ela foi morta por facadas, mas isso foi só um jeito que o assassino encontrou de tentar diferenciar os assassinatos, mas foi a mesma pessoa. Ele sabia que ela seria ofuscada pelo pai, só deixou que isso ficasse realmente apagado com uma morte diferente: arma e faca. Por favor, Mark. Eu sinto que isso está certo.
- Mas por que as mortes estão envolvidas? - Ele estava gostando daquilo e me perguntava para saber até onde eu conseguiria chegar.
- Eles estavam tendo um caso, Mark! É uma ótima explicação. Lembra quando nós tínhamos concluído que era dor de cotovelo? É isso! O pai estava saindo com ela e o marido, namorado, noivo ou seja lá o que for descobriu e bum!
- Você não tem nenhuma prova, . E, além do mais, por que teu pai nunca falou desse romance pra ti?
- Ele queria me proteger ou estava prestes a me contar! Vai, Mark, é uma ótima suposição. - Falei e ele deu uma risada pelo nariz.
- É. Mas não prova nada. Precisamos mais do que uma suposição. - Continuou: - Quero os arquivos dessa Mary . Aliás, de onde você a descobriu?
Era sábado e eu estava em casa sem simplesmente nada pra fazer. Eu não queria sair, não estava no clima para isso, então resolvi pedir frango xadrez por telefone e talvez assistir uma série de TV. Eu nem me lembrava em qual temporada de CSI, Criminal Minds, Body of Proof ou Cold Case eu havia parado. Eu, realmente, adorava ver aqueles casos impossíveis serem solucionados. Eu não sabia escolher qual era o melhor seriado, todos eles eu amava, todos eles haviam me ajudado, todos eles eram especiais. Por esse motivo resolvi assistir um capítulo aleatório de cada uma das séries.
Meu telefone tocou:
- Oi, ! - Eu não sabia quem era.
- Quem é?
- . - A voz dele era deliciosa. Acho que estava bêbado. - Eu estava pensando se... Talvez, quem sabe você não quisesse ir, sei lá. - Se ele não estava bêbado, estava drogado ou quem sabe nervoso. Eu não o conhecia o bastante para saber ao certo.
- , você está bem?
- Estou. Só estou um pouco nervoso, fiquei pensando em ti a semana inteira, isso é normal? - Não consegui conter um sorriso.
- Completamente aceitável. - Respondi.
- Que bom, estava começando a ficar preocupado. - Ele e essa mania de falar as coisas e eu não conseguir saber se era verdade ou brincadeira. - Mas enfim, está a fim de sair, talvez comer pipoca caramelizada, ou kit kat, você gosta de kit kat? Eu gosto de kit kat.
- Kit kat é bom. - Falei.
- Está tudo bem se você não quiser. Eu sei que não sou o cara mais legal do mundo, juro que vou entender.
- Não é você, , é que eu estou em um momento extremamente nostálgico da minha vida, prometi a mim mesma que não sairia de casa.
- Ah... - Ele suspirou. Perdendo toa a animação com qual começou a conversa. - Então deixa pra... sei lá, outro dia...
Aquilo foi como matar um filhotinho de panda.
- A não ser que você goste de frango xadrez e séries policiais.
- Na realidade, eu não gosto. Mas eu posso levar kit kat.
- Ótimo.
Resolvi trocar de roupa. Eu estava apenas com uma camisa velha dos Strokes, que mais parecia uma camisola, porém a campainha tocou antes de eu poder mudar.
- Um frango xadrez médio e uma coca. - O entregador asiático falou, parando o olhar nas minhas pernas, logo ficou sem graça e pegou o dinheiro que eu havia pegado na mesinha ao lado da minha porta. Eu mal havia fechado a porta e senti o cheiro de frango invadir meu apartamento inteiro.
E lá estava a campainha tocando novamente. Meu apartamento era cheio de fru fru, quando eu tinha alguma entrega ou visita. Eu sempre tinha que informar à recepção, assim eu não precisava descer oito andares para pegar uma pizza ou algo do tipo.
Corri até meu quarto e coloquei uma saia floral, que estava jogada encima da cama. Coloquei minha camisa por dentro da saia e me olhei no espelho: Cabelos desgrenhados, camisa esfarrapada e uma saia bonita. Eu parecia uma hipster. Achei engraçado, não estava feia, estava como eu nunca era.
- Wow. - disse quando eu abri a porta, e foi exatamente isso que eu pensei quando o vi. Estava usando um moletom cinza, uma calça jeans preta e all star preto nos pés. Eu adorava aquele estilo adolescente dele. Como se não tivesse crescido ainda, ao contrário de mim que parecia uma velha por dentro. Por alguns momentos fiquei feliz por ver como ele... Eu não sei o que ele me fazia sentir. Eu mal o conhecia! - Você está linda.
- Obrigada.
Enquanto eu comia, ficamos conversando e posso dizer com muita convicção que podia ser extremamente sério se esforçasse-se. Ele me contou que tinha uma banda, que estava começando a fazer um pouco de sucesso, mas que aquilo podia ser a chance de eles de brilharem. Disse que era alérgico a abelhas e que odiava carne de frango. Também que quebrou o braço ano passado, eu podia ouvi-lo o dia inteiro.
Por fim, ele disse que, no dia que me viu no cemitério, sentiu como se, por um instante, ele estivesse completo. Desde que sua mãe morreu, ele havia se envolvido em coisas que ele tentava suprir a necessidade de ter sua mãe ali com ele. não disse o que era, mas eu sabia que ele falava da bebida.
Senti-me extremamente lisonjeada por ele me escolher para falar tudo aquilo, principalmente sabendo que eu era policial.
- Você tem um pouco de molho aqui. - Ele disse, indicando na sua própria boca, onde estava suja. Ele tinha uma boca linda, que eu estava começando a querer que ele me beijasse com aqueles lábios. Era errado pensar nisso? Não.
Comemos kit kat, pipoca caramelizada e tomamos coca-cola a noite inteira e acabamos assistindo “Cara, cadê o meu carro?”, rindo como dois adolescentes apaixonadinhos a noite inteira. E eu confesso que gostei. era divertido, fofo e burro de um jeito tão natural que eu sentia que éramos extremos opostos, atraídos como imãs.
- Eu realmente gostei dessa noite, foi divertido. - Ele disse já na minha porta, com o moletom nos braços e uma camiseta da NASA preta à mostra. Suas bochechas estavam rosadas, provavelmente por causa do chocolate e do frio que fazia lá fora, sendo que ele estava sem o moletom.
- Eu também gostei. Obrigada por ter vindo. - Ele se aproximou para me dar um beijo no rosto, exatamente como amigos adolescentes fazem, mas achei extremamente convidativo colar nossos lábios. E foi o que eu fiz. Sua língua passou pelos meus lábios pedindo passagem e logo se encostando à minha. Era exatamente o tipo de coisa que eu precisava nesse momento. Senti uma corrente elétrica passar pelos meus pés e chegar até as pontas do meu cabelo, era o tipo de coisa que não acontecia todos os dias. Nossas línguas logo fizeram uma boa e generosa amizade, pareciam se conhecer e adoravam conhecer partes não conhecidas das nossas bocas. Como ele beijava bem!
Separei o beijo para poder respirar. Eu não havia notado que estava sem respirar. O olhei e ele parecia sem fôlego também. Não tive tempo de dar uma pequena risadinha, sentindo os seus lábios no meu pescoço, tratei de correr minha mão livre até a sua nuca, enquanto a outra segurava seu braço direito extremamente torneado. Ele sabia exatamente o que fazer com aquela língua e, por um momento, imaginei o que ele poderia fazer em outros lugares.
Consegui segurar um gemido mordendo os lábios, e resolvi tirar a sua boca do meu pescoço, puxando seu cabelo com a mão e a guiando para a minha boca. O beijo foi ainda melhor, com um pouco mais de intensidade e gosto de quero mais. Nossas amigas línguas faziam reviravoltas em nossas bocas e ele apertava a minha cintura com tanta força que eu pensei que, provavelmente, iria ficar roxo. A sua boca tinha um gosto ótimo de chocolate com coca-cola, do jeito exato que eu gostava, me parecia o paraíso.
O puxei para dentro novamente pelo colarinho e fechei a porta, mal tive tempo de respirar, já que ele foi me empurrando para a mesinha do telefone, logo ao lado da porta. Sentei-me nela e ele colou as nossas bocas de volta. Eu tenho certeza absoluta que nunca enjoaria desses lábios colados nos meus.
brincou com a minha língua, levando sua mão da minha cintura para a minha nuca, empurrando minha cabeça contra a sua. Me senti na liberdade de por minhas mãos geladas debaixo da sua camiseta, fazendo-o se arrepiar, separando o beijo para puxar o ar com os dentes cerrados. Finquei minhas unhas sem perdão nas suas costas largas, fazendo-o soltar um “fuck” tão sensual que voltei a beijá-lo. Sua mão livre seguiu até a minha cintura e ele puxou meu corpo para mais perto do seu, se é que era possível. Na verdade era sim, por isso enrolei minhas pernas na sua cintura, fazendo com que eu sentisse sua ereção por baixo da calça. Aquilo foi como uma explosão de tesão, já que ele levou as suas duas mãos até o cinto da minha saia alta florida e começou a puxar a minha blusa para cima. Minha saia subiu junto, mas não me importei, já que elas pararam no meu peito, e a blusa saiu, partindo assim o nosso beijo.
Ele segurou meu seio esquerdo com uma mão e apoiou a outra no balcão, começando uma sequência de beijos no meu colo e pescoço que me fizeram gemer alto. Minhas mãos saíram debaixo da sua camiseta e seguiram para a sua nuca, o incentivando a continuar. Ele não pensou muito para logo querer tirar meu sutiã vermelho sangue de renda. Mas, por um momento, neguei, levantando levemente a sua camiseta. Ele entendeu o recado e deixou que eu levantasse, lentamente, a mesma e distribuísse beijinhos na pele do seu peito que ia aparecendo. Ele era tão sexy, meus ovários estavam explodindo.
Por fim, colei meus lábios no seu pescoço, coisa que eu não havia feito até agora, distribui chupões ali que certamente deixariam marcas, fui descendo-os até seu peito e abdômen.
Eu era bem elástica para esse tipo de coisa. Os gemidos dele eram tão deliciosos que eu mal podia esperar para tê-lo dentro de mim.
Enquanto eu ia subindo os chupões, beijos e lambidas novamente, me prontifiquei a abrir logo o seu cinto, para ir adiantando as coisas, enquanto ele se preocupava em abrir meu sutiã. Quando ele finalmente conseguiu, apenas joguei minha cabeça para trás e enrolei minhas mãos no seu cabelo, sentindo aquela sensação maravilhosa da sua língua quente e habilidosa nos meus mamilos. Esse era o tipo de coisa que podia facilmente me levara um orgasmo se não fosse pelo meu foco em aguentar até o fim.
Eu já não segurava mais os meus gemidos e ele parecia não se importar, e sim se empenhar mais. E por esse motivo ele foi abrindo o meu cinto, mesmo a minha saia estando claramente acima do nível em que deveria estar, e minha calcinha também vermelha (conjunto com o sutiã) estar totalmente à mostra. Lembrando-me desse fato, resolvi tirar uma das minhas mãos da sua nuca e escorregá-la até a sua calça, acariciando seu pênis por cima da mesma. Ele pareceu se arrepiar por um momento, fazendo o mesmo som entre dentes novamente e voltando aos meus seios. Desabotoei sua calça jeans preta e vi a sua samba canção branca. Era bom demais para ser verdade. Mordi a sua orelha para descontar o seu tesão e desci as mordidas para o seu ombro e ele parou de chupar meus seios, se concentrando em tirar a minha saia, sem muito sucesso. Dei uma risada debochada, abaixando o zíper na lateral e levantando um pouco o quadril para ele puxar a saia até os meus pés, e ele fez o mesmo com a sua calça. voltou a colar nossos lábios uma última vez. Antes que eu começasse a brincar com o elástico da sua samba canção, coloquei minha mão para dentro e masturbei seu pênis, fazendo-o se contrair por um instante e soltar um gemido rouco. fechou os olhos, mordendo os lábios. Entendi na hora o que estava por vir e por isso puxei sua cueca para baixo, vendo por fim o tamanho extremamente satisfatório do seu pênis. Suas mãos vieram na lateral da minha cintura e começaram a puxar minha calcinha, onde, outra vez, levantei o quadril. Peguei uma camisinha, que tinha dentro de um vaso encima da bancada de onde estávamos. Ele respirava pesadamente, assim como eu. Seus olhos focaram nos meus por um instante enquanto ele abria o pacote com os dentes. Peguei a camisinha, enquanto ele cuspia o pedacinho de plástico que havia ficado na sua boca. Coloquei-a, calmamente, nele, que gemeu mais uma vez e tomou ar, antes de me penetrar com força. Senti-lo dentro me mim fez com que novamente aquela corrente elétrica passasse pelo meu corpo, vindo dos meus pés até os cabelos. Seu pênis parecia se encaixar em minha vagina de uma forma única e, finalmente, enrosquei minhas pernas de novo em sua cintura. Seu vai e vem era devagar e forte, apenas para sentir a reação que estava acontecendo ali, as respirações pesadas, o calor e o suor, tudo em sintonia. Uma de suas mãos estava no balcão e a outra segurando forte em minha perna, uma das minhas mãos estava na sua nuca, colando as nossas testas e a outra no seu ombro. Eu não conseguia segurar meus gemidos, por isso nem sabia mais o que saía direito da minha boca. Fechei os olhos, senti as suas estocadas fortes e cada vez mais rápidas. Ele sabia exatamente o que fazia, comecei a sentir meus dedos formigarem e eu sabia que estava quase gozando, por isso alarguei um pouco as minhas pernas na sua cintura para que ele pudesse ficar mais livre nos movimentos, e ele entendeu muito bem o recado, porque logo começou a estocar mais fundo e mais rápido. Finquei minhas unhas em seu ombro e mordi meus lábios, sentindo o clímax chegar. Ele também estava quase chegando, já que fechou os olhos com força e apertou minha cintura com as duas mãos. Puxei seus cabelos com força quando senti que estava gozando, e não segurei meu último gemido, sentindo a cabeça dele se apoiar no meu ombro logo em seguida.
Ficamos mais ou menos um minuto recuperando o fôlego.
Capítulo 5
Up on the hill across the blue lake, that's where I had my first heart break.
Acordei, me sentindo tonta.
Eu não estava em casa, onde diabos eu estava? Olhei para os lados e vi lençóis vermelhos. Eu não tinha lençóis vermelhos. A única pessoa que tinha lençóis vermelha-sangue que eu conhecia era... John!
Era isso! Eu estava na casa do lago; lugar em que eu nunca me atrevi a ir depois que meu pai morreu. Não sei explicar se era simplesmente medo ou saudade, eu simplesmente não me sentiria bem indo lá. Porém, era exatamente o contrário do que eu estava sentindo ali, sentada naquela cama ainda quente. Que delícia de cama quente, era um calor aconchegante, aquilo era um sonho, eu sabia disso. E por esse motivo fui atrás da minha chama, do meu amor caloroso.
- Pai? – Perguntei, levantando-me da cama. Eu sentia a presença dele ali. Fui até o banheiro e coloquei um vestido florido que estava pendurado no cabide. Talvez estivesse ali por algum motivo.
- Pai? - Perguntei novamente, entrando na cozinha.
- ? - Era ele. Aquela voz que eu quis tanto ouvir.
Senti meu coração fraquejar e me virei para ele, o abraçando o mais forte que pude.
- Hey, hey, mocinha. Menos força! - Ele riu e beijou meu rosto. Seu rosto estava lindo como sempre foi. Eu apenas sorri, sentindo-o enxugar minhas lágrimas com os dedos. – Calminha, pequena.
- Pai, eu...
- Shhh, não temos muito tempo, , sente-se. - Ele disse, ficando sério de repente e me guiando até a cadeira.
- Isso é um sonho? – Perguntei, ainda sob efeito dos alucinógenos, rindo abobada.
- Sim, , isso é um sonho... Mas quero que você preste atenção no que vou te dizer agora. - Ele sentou-se ao meu lado, olhando no fundo dos meus olhos. Eu apenas balancei a cabeça, concordando.
- Você está me deixando nervosa. - Ele respirou fundo, segurando minhas mãos. Seu toque era quente e uma nostalgia imensa tomou conta de mim.
- Foi o Mark. Foi ele, .
- O Mark o quê, pai? – Perguntei, arqueando as sobrancelhas, ainda sorrindo boba.
- Ele é o assassino, , foi ele que me matou e matou a mãe do .
Fiquei paralisada. Ele percebeu a minha inquietação.
- Eu tive um caso com Mary. Ela era uma pessoa maravilhosa, , eu estava prestes a te contar. Mark sempre foi apaixonado por ela. Ele descobriu e... , me perdoe por não te contar antes. Eu não sabia o que fazer, eu não sabia como voltar e te contar. Eu tentei!
- Isso é sério, pai? Você tem certeza?
- Ele olhou nos meus olhos, . Ele teve a coragem de olhar nos meus olhos e me dizer “heaven's got a plan for you”.
Senti minhas lágrimas descerem pela minha bochecha e abri os olhos. Vi dormindo ao meu lado, sem camisa, com os ombros largos cheios de sardas à mostra. Eu precisava agir.
Capítulo 6
I still remember how it all changed.
Eu não precisava mais do que uma boa faca. Eu não queria sangue, gritos e “eu me vingarei”. Eu queria uma morte limpa, de uma pessoa que não precisava mais viver. Uma pessoa que traiu a mulher que amava e o melhor amigo; uma pessoa que conseguiu por quatro anos conviver comigo sem qualquer remorso. Eu queria a morte dele, simples. Objetivo, exatamente como ele quis a do meu pai. Sem qualquer remorso. Quero apenas e nada mais do que o fim do brilho nos seus olhos idiotas.
Eu sabia onde era o esconderijo da sua chave extra. Uma prova real de que ele confiava em mim, e que era idiota o bastante para fazê-lo. Confiar na filha da sua vítima? Uma policial que estava na cola dele, por quatro fucking anos? Isso é pura idiotice. Talvez ele estivesse simplesmente me subestimando e, na realidade, eu estava adorando tudo aquilo. Eu queria que aquilo fosse épico, por isso eu tinha uma roupa colada e cabelos amarrados em um coque justo. Eu não queria provas. E ninguém as teria.
Abri a porta, silenciosa e mortal, peguei a minha faca e segui até o seu quarto. Aquilo seria fácil e em nenhum momento, eu cogitei a ideia de ser difícil. Simplesmente sabia que não seria.
Seu quarto era o último do corredor e segui até lá. Minha respiração leve e controlada.
Ele dormia. Eu senti de repente meu coração dar um pulo. Aproximei-me da cama e vi-o se mexer, ainda dormindo. Eu tinha que acordá-lo, tinha que saber se aquilo era verdade. Por esse motivo, coloquei a faca em seu pescoço, apenas para ter certeza de que ele não tentaria fugir e o acordei.
- , o que você faz aqui? - Ele anda não tinha percebido a faca, estava tonto e desorientado.
- Mark... - Eu disse dando um sorriso, provavelmente, extremamente doentio. Tenho certeza de que ele acordou. - Heaven's got a plan for you.
Nesse momento, seus olhos se arregalaram e eu soube. O desespero extremo e a súplica em seus olhos me deram mais vontade de arrancar-lhe a vida. E foi aí que ele notou a faca: no momento em que eu a arrastei pelo pescoço.
Seu sangue era escuro, quase preto. E ficava lindo quando o brilho fraco da lua que entrava pela janela refletia nele, dando um toque realmente mágico àquela cena.
Meu vestido preto ia até a altura dos joelhos. Vesti-o com medo que as pessoas interpretassem meu “não luto” como algo injusto, afinal Mark era tudo pra mim, não era?
Evitei olhar para frente, para o caixão ou para todas aquelas pessoas que sofriam pela morte de Mark. Eu não podia perder aquilo. Ele me ajudou muito, eu tinha que me despedir.
“Adeus, Mark, e obrigada por essa lição de vida ótima que você me passou. Levarei para toda a vida”.
Isso é cruel? Nenhuma lágrima desceu sob minhas bochechas e eu me senti feliz lá. Não me arrependo nem um minuto.
Era o enterro de uma pessoa que estava morta por muitos anos. Sem a mulher da sua vida e sem o melhor amigo? Com as mãos sujas de sangue inocente? Era melhor ir para o inferno logo! Despedi-me do seu corpo, seguindo pra o fim do cemitério. Deixei algumas flores para meu pai, antes de partir.
- Hey. - Ouvi uma voz familiar e, finalmente, um sorriso brotou em meu rosto.
- Oi, . - Falei e ele deu um meio sorriso. Não completamente feliz, provavelmente, por eu tê-lo deixado sozinho no meio da noite no meu apartamento dois dias atrás. - Me desculpa por aquele dia, não foi minha intenção.
- Está tudo bem. - Ele disse, simplesmente, olhando para o chão. - O que você faz aqui? Veio ver seu pai de novo?
- Estava no enterro de um velho amigo: Mark. - Falei, colocando as flores no chão. Acariciando a lápide por um instante e logo me levantando. Seus olhos estavam intensos. - E você?
- Mark era meu pai. - Ele disse, dando de ombros, como se aquilo acontecesse todos os dias. “Ah, meu pai morreu, normal”.
Meus olhos se encheram de lágrimas com o baque. Ele pareceu não entender, então dei um abraço nele.
- , você está bem? Quer tomar um café? Vamos, eu te levo... - Ele começou a dar pequenos passos, indicando que era para eu acompanhá-lo.
- Eu não posso.
- Por que não?
- Porque eu matei o seu pai.
Fim.
Nota da Autora: Cliché? Me gusta. Vingança? Me gusta. Amores impossíveis? Me gusta. Swedish House Mafia? Me guuuusta! Me inspirei muito nessa música (Don't you worry child do Sweedish House Mafia) para escrever, demorei um pouco pra terminar, mesmo já sabendo o final desde que escrevi a primeira palavra. Eu tenho essa mania se imaginar coisas onde não tem, exatamente como eu fiz com essa fic. Don't you worry child é linda, mas tenho certeza que não se trata de um pai assassinado e uma filha com sede de vingança, mas enfim. Espero que tenham gostado, foi muito gratificante pra mim conseguir finalmente escrever uma short. Aliás, quem nunca escutou, escute a música. Beijosss e comentem!
Nota da Beta e NÃO da Autora: Encontrou algum erro de script/html/português? Avise-me através deste e-mail ou pelo twitter. Não use a caixa de comentário com essa intenção. Obrigada.
Agradecimentos sobre a fiction? Somente com a autora!