Fiction por Leila | Betagem por Caroline Cahill


Estou aqui. Pronta para embarcar, ou, mais ou menos, não sei. Não me entendo. Sempre quis ir para Londres a minha vida inteira, mas, agora, não faz mais sentido. Por que ele tinha que complicar tudo?

Flashback On

– Você não pode ir – disse e socou a parede.
– Você sabe que esse sempre foi meu sonho. – disse calmamente.
– Você não vai – ele disse autoritário.
– A vida é minha – falei e respirei fundo – EU VOU SIM! – gritei.
– Tudo bem, então vai. Mas se for, vai me perder. – ele disse e olhou para baixo, depois firmou seu olhar em mim.
– Se é assim, tá acabado. – falei segurando as lágrimas. Ele ficou parado, como se estivesse em choque. – Não vai dizer nada?
– E-eu não sei – Gaguejou e eu deixei cair uma lágrima. – Não, não chora. – disse enquanto enxugava uma lagrima solitária que corria livremente pelo meu rosto.
– Por quê? Por que você tem que fazer tudo isso? – perguntei e ele fez cara de dor.
– Porque... Porque... Arrg! – ele disse se afastando e chutando a parede.
– Fala! – gritei cruzando os braços e batendo um pé no chão.
– Eu... E-Eu... Não importa. – ele falou, bagunçando o cabelo.
– Então parece que terminou. O ruim dessa história é que eu realmente amo... – Parei no meio da frase, e ele se aproximou.
– O que você ia dizer? – perguntou ele, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
– Acabou. – respondi e saí sem rumo pelas ruas do Rio de Janeiro, deixando que as lágrimas escapassem livremente.

Flashback Off


Agora, não sei se quero ir. Mas não importa, eu vou.
– Aqui está – a garçonete disse quando colocou na mesa um pedaço de bolo de cenoura com cobertura de chocolate e um suco de laranja.
– Obrigada! – respondi e ela saiu.

Flashback On

– Quando você vai entender? – dizia enquanto nós olhávamos para o mar.
– Entender o quê? – perguntei, virando-me para olhá-lo.
– Que você é minha. – ele disse e riu baixo me puxando para si.
– Isso eu já sei. – falei roçando nossos narizes.
– Então, você tem que saber que eu sou seu. – disse beijando meu rosto.
– Eu sei... Eu sei – falei e nós rimos.
– Porque... Por... Não, deixa pra lá. – ele disse e me soltou, sentando na areia.
– Fala. – pedi, me sentando ao seu lado.
– Vai soar idiota. – ele disse e coçou a testa.
– Não importa. – falei rindo.
– Por que você gosta de mim? Digo... Você é tão incrível. – ele disse e me encarou.
– Tem razão. Por que eu gosto de você? – perguntei e ele levantou uma sobrancelha. – Brincadeira. Porque você é mais que incrível. Tá, é chatinho às vezes, mas... – respondi, mas parei quando ele começou a rir, me levando a rir junto com ele.
– Minha chatinha. – ele disse com um sorriso bobo no rosto.
– Quem disse? – perguntei e ele colou nossas testas, rindo.
– Eu – respondeu e me beijou.

Flashback Off


Não importa o que fosse, eu sempre pensei que nós estaríamos juntos.
Voo 234, por favor, dirijam–se aos portões.
– É o meu voo – murmurei e peguei as malas.
, , ESPERA, ESPERA! – Ouvi uma voz familiar, mas não tive coragem de me virar. Senti um braço no meu ombro, e seu cheiro me entorpeceu. Era ele.
– O que você quer? – perguntei fria.
– Você. – respondeu simplesmente e me beijou.
– Vo-você não pode chegar beijando as pessoas do nada. – disse me soltando, ainda meio grogue por causa dos efeitos que ele causava em mim.
– Me desculpa, eu fui um Babaca, idiota, estúpido. Pode me parar quando quiser – ele disse mordendo seu lábio inferior.
– Não, continua, estou gostando. – falei seca, cruzando os braços.
– Escuta, eu sei que eu não fui o melhor namorado do mundo, acho que fui o pior, sei que errei e não consigo dormir... Sabendo que... – ele disse e suspirou. – Sabendo que perdi a pessoa mais importante da minha vida.
– Que bom. Acabou? – perguntei sorrindo falsamente.
– Não. Acontece que...
Segunda chamada para o voo 234, por favor, compareçam aos portões.
– Preciso ir. – disse e ele segurou meu braço. – Você não vai me impedir. Não vai.
– Eu vou com você – ele falou e me mostrou sua passagem.
– Por que está aqui? – perguntei franzindo a testa.
– POR VOCÊ, ESTOU AQUI POR VOCÊ, SERÁ QUE É TÃO DIFÍCIL DE ENTENDER QUE EU TE AMO? – ele gritou e respirou fundo. – Eu amo você. – disse baixo e eu fiquei estática.
– E-Eu preciso...– falei e me sentei na mala.
– Eu te amo. Arrg, que droga. Eu fiz tudo errado. – ele falou e se ajoelhou. – Me perdoa?
– Claro que sim, – disse sorrindo e vi aparecer o sorriso que eu mais amava. – Então... , quer namorar comigo? Ahn, de novo? – ele perguntou rindo e eu o beijei.
– Isso responde a sua pergunta? – disse e ele riu.
– Não. – ele respondeu e eu mostrei a língua.
– Chato. – disse e ele riu, tirando uma caixinha da mala.
– Posso? – ele perguntou, me mostrando um colar escrito: ''''. Coloquei meu cabelo para cima em um coque mal feito e ele colocou o colar, me dando em seguida outro que havia escrito: '''' e eu coloquei nele.
– Vamos? – perguntei, mostrando a chamada do voo na tela.
– Antes... – ele disse e me beijou. – Agora sim. – Nós rimos, indo diretamente para o avião, onde nos levaria para Londres, lugar onde passaríamos duas semanas apenas curtindo nosso novo começo.

(A esperança é o único bem comum a todos os homens; aqueles que nada mais têm – ainda a possuem.)
Tales Mileto

FIM


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