chegou ao apartamento cheio de sacolas nos braços, repletas de comida encomendada para o almoço do domingo de Páscoa, visto que nem ele nem tinham tido tempo de sequer pensar em ir para a cozinha, mesmo tendo convidado para a comemoração praticamente suas famílias inteiras. Chamou por ela, colocando tudo sobre a bancada da cozinha, mas recebeu como resposta apenas a informação de que ela estava no quarto, terminando de se arrumar.
Indo até lá, encontrou a namorada, com quem praticamente dividia a casa e principalmente o armário, antes bastante espaçoso, usando uma espécie de body em cetim e renda, scarpin de saltos finos, meia de lycra sete oitavos e um arco com orelhinhas de coelho na cabeça, tudo na cor branca, com exceção da parte interna das orelhas que eram em veludo rosa bebê. Ficou examinando a imagem por alguns segundos, até seus olhos encontrarem os dela no reflexo do espelho.
“O que é isso, babe?” Perguntou, se aproximando, e sorriu ao apertar o pompom que fazia as vezes de rabo na fantasia. Ainda achava graça por toda data comemorativa ser motivo para usar trajes diferentes dos convencionais.
“Eu to me vestindo para esconder os ovos de Páscoa, ué.” Ela deu de ombros, se fazendo de tola.
“Você não acha isso um tanto quanto provocante pra brincar com os poucos inocentes que ainda existem nessa família?” Ele questionou, referindo-se às crianças da família, para quem ela tinha pintado muitos ovos com várias padronagens, durantes as últimas semanas.
“Ai, !” Ela riu das rugas na testa dele, virando-se de frente e passando os dedos por elas. “Eu sei que eu sou meio maluquinha, mas isso é lingerie! É claro que eu não vou usar isso no almoço com seus pais! Olha o vestido em cima da cama.” Esclareceu, apontando com a cabeça. “Isso aqui é para esconder os SEUS ovinhos.” Informou, dando um tapinha brincalhão na bochecha dele.
“Você pintou ovos pra mim?” Indagou, surpreso.
“Eu achei que talvez pudéssemos fazer um jogo e ver quem pega mais.” Afirmou. “E quem perder, dá um presente pro outro depois. Que tal?”
“Eu topo.” Concordou. “Apesar da sua atitude não tão honesta de colocar essa roupinha aí pra me distrair.”
“Bobo! A fantasia é pra depois. Vai ficar embaixo do vestido. Como eu iria te distrair, se você vai esconder num lugar e eu em outro?” Disse, dando um selinho nele e indo tirar uma cesta cheia de ovos do armário. “Quantos pra cada um? Dez?”
“Dez é muito. Seis tá bom. Eu na sala e você aqui.” Determinou, pegando os seus e saindo do quarto para escondê-los. “Dez minutos e nos vemos na cozinha.”
Escolheu lugares onde ela com certeza olharia, pois não queria realmente ganhar. Já tinha um presente para a namorada e aquela seria uma boa oportunidade para dá-lo a ela. Como também havia optado por locais muito óbvios, ele acabou achando cinco ovos, bem rápido, preferindo ignorar o sexto e deixar que ela se gabasse à vontade da vitória. No entanto, perder pareceu mais difícil do que ele pensara e, quando ela mostrou o quinto e último ovo, ele teve que enfiar um dos seus no bolso e torcer para que ela não visse.
“Eu ganhei? Sério?” Ela não mostrou animação alguma e muito menos vangloriou-se.
“Eu to confuso. Você não queria ganhar?” Perguntou ele.
“Ganhar de você é sempre bom, né?” Sorriu satisfeita, e ele ficou feliz por ela não ter desconfiado de nada. “Mas, não... eu não fiz a brincadeira pra ganhar e sim pra poder brincar com você, me fazer de chateada e zangada, mas, no final, te dar uma coisa que eu to simplesmente LOUCA pra te dar!”
“Sério? Então... me dá, caramba! Agora fui eu quem ficou LOUCO de curiosidade.”
“Vem!” Ela chamou, pegando a mão dele e indo na direção do quarto. “Senta aqui.” Bateu no espaço a seu lado na ponta da cama, enquanto puxava o tablet, que estava sobre um dos travesseiros.
Posicionando o aparelho no colo dele, começou a mexer e mostrou-lhe o material em que vinha trabalhando havia alguns dias, que consistia em cartazes, outdoors, panfletos, anúncios para serem colocados em revistas impressas e no meio eletrônico, além de marcadores de livro. Também havia um pequeno roteiro de comercial para TV e duas possibilidades de texto para divulgação em rádios, e ainda a ideia de um short trailer, que poderia ser veiculado no youtube.
“Isso tudo tá... fantástico, Rach! Maravilhoso!” Falou, sincero. “Mas eu nem terminei o livro ainda, pra ele ser divulgado.”
“É claro que você terminou! Eu li!”
“Você sabe que eu ainda to pensando sobre aquele final.” Ponderou.
“Isso porque, quando eu comecei a ler, eu te perturbei pra não matar o Patrick, e acabei te contaminando. Só que o final tá ótimo e, depois que eu li tudo, eu entendi que a morte do Patrick era necessária pra que a Molly ficasse com o Owen, que era o verdadeiro amor da vida dela. Se o Pat sobrevivesse, ela seria movida pela gratidão e jamais iria embora!”
“Você gostou mesmo do livro, hum?”
“Eu já lia suas obras antes, quando eu nem sabia que eram suas, babe. E elas são todas realmente boas.” Assegurou. ”Mas nesse livro você se superou! Ele é o meu favorito fácil.”
“Talvez porque seja o primeiro com uma história de amor e não apenas policial?”
“Talvez.” Sorriu, respondendo “sim” com os olhos.
“Ok, eu vou mandar pro meu editor essa semana, e já vou avisar a ele que temos todo o projeto de marketing.” Comunicou. “Eu amei o meu presente! Mas foi você quem ganhou o jogo, então me deixa pegar o seu.” Levantou-se, indo até a cômoda e tirando algo da primeira gaveta.
“Ué... você também tinha um presente pra mim?” Surpreendeu-se.
“Uhum. Por isso deixei você ganhar e não peguei o ovo que você colocou na janela, nem contei esse aqui.” Piscou, tirando um ovo azul e amarelo do bolso.
“Me enganando, hum! Que coisa feia!” bateu no braço dele, que fez uma careta, fingindo sentir dor, logo que ele ocupou novamente o lugar ao lado dela na cama. “Só vou te perdoar se eu gostar muito do presente.” Implicou, olhando a pequena caixa na mão dele, mas, quando ele a abriu, revelando um anel lindíssimo com uma pedra delicada, sua expressão mudou e ela ficou muda e paralisada.
“To perdoado?” Tentou fazer graça, mas logo ficou sério, porque ela apenas o encarava, com olhos arregalados. “Rach, fala alguma coisa. Por favor.”
“Eu fiz só uma brincadeira com você, ... e te mostrei uma coisa que você já sabia que eu ia fazer. Mas você, não. Você aproveita uma brincadeira boba e vem com uma coisa dessas, super séria, que vai mudar a nossa vida. Eu... não esperava por isso! Até porque eu insinuei que eu poderia me mudar pra cá, pra gente morar junto de uma vez, na semana passada, e você meio que cortou o meu barato, lembra?”
“É que eu achei que você tinha falado aquilo pra eu me tocar e te pedir em casamento, e não simplesmente pra eu buscar suas coisas e você morar aqui.” Deu de ombros. “Você não quer se casar? Eu não sou tradicional, nem a minha família, mas eu pensei que você ia adorar colocar um vestido de noiva e ter uma festa de casamento, tanto quanto você gosta das suas fantasias e das outras festas... ou até mais.”
“Pra falar a verdade, eu já tenho até o vestido escolhido e vários detalhes da festa. Eu só fiquei... em choque.” Relaxou, rindo de si mesma. “Será que você comprou o tamanho certo?” Questionou, oferecendo a mão, para que ele colocasse a joia.
“Peguei um anel seu e levei comigo, então acho que sim.” Falou, deslizando a peça de ouro branco em volta do dedo anelar da agora noiva.
Vendo o anel em seu dedo, se deu conta de que o pedido era para valer. Olhou do anel para o noivo, do noivo para o anel e, enfim, deu um grito, bateu palmas, pulou, gargalhou, ao mesmo tempo em que lágrimas escorriam dos seus olhos. Era uma emoção maior do que qualquer outra que ela já tinha sentido! a puxou para junto dele, secando suas lágrimas, e ela reagiu dando incontáveis beijos no pescoço dele, que provocaram gargalhadas sonoras.
“Eu te amo tanto, !” Disse quando teve que parar o verdadeiro ataque por nenhum dos dois ter mais fôlego.
“Sou eu que amo você, bruxinha.” Apertou o nariz dela, usando o apelido divertido que surgira na intimidade, quando ele falava que ela tinha usado o Halloween para lançar um feitiço sobre ele.
subiu no colo de e beijou o noivo, empurrando-o para a cama e deitando-se sobre ele, quando o beijo ficou mais rápido e intenso. Ele brincou com a barra de renda das meias sete oitavos e foi tateando devagar as coxas dela até chegar ao bumbum, apertando com vontade, enquanto ela distribuía beijos molhados pela mandíbula dele e pelo pescoço, e mordiscava a pontinha da orelha repetidas vezes.
Ele levantou o quadril, pressionando seu membro já endurecido contra a intimidade dela, que respondeu afastando ainda mais as pernas uma da outra e roçando lentamente, mas com força, nele. Gemeram ambos e ele levantou o tronco da cama, quando ela alcançou a barra de sua camiseta e deslizou as mãos pelo seu abdômen, ao mesmo tempo em que ia empurrando para cima a peça de roupa.
Livraram-se juntos da camiseta, antes de voltarem a se beijar com loucura, percorrendo a pele um do outro com os dedos. Passaram a encarar um ao outro quando ele abriu o zíper na lateral do body que ela usava e enfiou uma das mãos dentro dele, espalmando seu seio e usando o indicador para brincar com o mamilo, provocando-a. Sentando-se sobre as coxas dele, ela abriu o botão da calça jeans do rapaz, mantendo contato visual.
“A gente tem quanto tempo?” Perguntou, preocupada.
“Quinze minutos, se eles forem pontuais.” Respondeu, depois de consultar o relógio de pulso.
“Então nós vamos ter que ser bem rapidinhos!” Sentenciou.
“Como coelhos?” Sorriu com malícia, observando a roupa dela, que deu uma sonora gargalhada jogando a cabeça para trás, antes de continuar o trabalho, abrindo o fecho éclair.
Então rapidamente um montinho de roupa se formou no chão e apenas corpos nus sobraram sobre a cama. Obviamente não foram rápidos como os animais peludinhos e fofinhos que eram símbolo da comemoração do dia, mas a transa foi do tipo que se convencionou chamar de uma rapidinha, e ficou no ar uma promessa de fazerem amor, mais tarde, para comemorar a novidade, depois de dividirem-na com a família.
usou o arco com orelhas, mas com um vestido comportado e primaveril, e brincou com as crianças, distribuindo a elas guloseimas depois do almoço e dos jogos. foi quem chamou a atenção de todos para o anel no dedo dela, e as famílias adoraram a notícia e começaram, imediatamente, a falar sobre os preparativos.
Apesar de não ter sido feita em casa, a comida estava ótima, e as sobremesas trazidas pelos convidados fecharam a refeição com chave de ouro. e trocavam olhares e sorriam o tempo todo, como pessoas apaixonadas e felizes gostam de fazer, tornando-se até um pouco melosas e chatas às vezes, aos olhos dos demais.
Contudo, eles não se importaram nem um pouco com alguns parentes dizendo que eles estavam enjoativos de tão doces. A Páscoa dos dois foi bem mais gostosa naquele ano!

FIM



Fiction betada por Leh Costa


Nota da autora:

Fics da autora:

5.All you had to do was stay (Ficstape do álbum 1989)
7.Night changes (Ficstape do álbum Four)
7.In your pocket (Ficstape do álbum V)
A bruxa tá solta, Insane Mardi Gras e Easter game (em continuidade)
A chave para o coração
Corações em pedaços
Dos tons pastel ao vermelho
Fly me to the moon e Moonlight serenade (continuação)
Herança de Grego
Nem tudo é relativo
Provocadora gratidão
Quando nossos corpos falam
Season of love
Segura, peão
Um (nada) santo remédio e O que não tem remédio (continuação)





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