Fanfic finalizada.

Capítulo 1

Free Bitch


"I lived a lot of different lives
Been different people many times"



Há algum tempo foi criado um blog de url freebitch.tumblr.com. Nesse blog eram postados vários e inúmeros textos contando aventuras sexuais e amorosas. Por bastante tempo, as pessoas pensavam que eram histórias fictícias de uma garotinha qualquer, mas logo as pessoas foram percebendo similaridades na descrição de alguns parceiros e parceiras com celebridades. Entre essas celebridades, estava um ator muito desejado que, quando perguntado sobre isso em uma entrevista que contava com perguntas de fãs, respondeu que aquela noite descrita no blog realmente aconteceu. Depois disso, o blog começou a receber inúmeras visitas, e muitas pessoas foram tentando descobrir quais eram as celebridades e quem eram elas e, principalmente, quem eram as várias garotas por trás de freebitch. Os textos pareciam ser escritos por pessoas de personalidades diferentes, e também tinham assinaturas diferentes em cada post. Basicamente quatro - Katja Smith, Charlie Chevalier, Athena Seeger e Electra Heart -, apesar de ter existido outros nomes, mas que, ao contrário dos previamente citados, não se repetiram.
Apesar de todo o frisson diante de Free Bitch, nenhum profissional analisou o blog com acuidade para perceber que era apenas uma garota que escrevia todos aqueles textos, uma garota fingindo ser várias.
Deitada em uma cama de hotel e trajando apenas o seu mais quente par de meias e suéter, estava a responsável pelo blog. O cabelo de cor azul desbotado solto e natural parecia uma bagunça, já que ela estava entretida demais para se dar ao trabalho de pentear. Com um sorriso lia todos os comentários e as suspeitas de cada um, além das mensagens de ódio e repúdio a tamanha liberdade sexual do que eles ainda pensavam ser pessoas, no plural, a escreverem o blog.
A garota tinha os dedos ansiosos para simplesmente responder um daqueles comentários e dizer, "Eu sou só uma" e assinar com seu nome preferido, mas isso era algo que ela não conseguiria se deixar fazer. A parte legal de escrever aquelas coisas era que ela, a original de tudo, não recebia nenhum tipo de culpa por isso. A sua vida continuava normalmente, contanto que ela não deixasse que sua verdadeira identidade escapasse.
Foi exatamente quando gargalhou alto depois de um comentário que perguntava o tamanho do pênis de uma celebridade que ela esteve na semana passada que o seu celular tocou alto e a assustou. A moça teve que colocar o notebook sobre a mesa de cabeceira para tentar achar de onde é que o seu celular tocava tão alto, e apenas depois de levantar o edredom, o maldito aparelho finalmente caiu sobre o tapete, tocando ainda mais alto por não estar mais debaixo dos panos.
- Alô? - a garota atendeu, o rosto emburrado porque ela tinha acabado de sair da posição perfeita debaixo do cobertor.
- Que porra, ! Não acredito que você ainda tá postando naquele maldito blog!
Do outro lado da linha era Valerie, a irmã mais velha e melhor amiga de . Enquanto morava em Los Angeles e ficava numa boa em sua vida de milionária recém-formada no ensino médio, Valerie trabalhava pesado para manter o status da família.
- Você tá dando pra me stalkiar agora, sis? – perguntou com um sorriso, voltando a deitar na cama e puxando o notebook para perto.
- Inacreditável. Você conversou comigo semana passada que ia parar de postar. Foi só eu comentar que o maldito Ryan Gosling ia ficar aí no hotel que, tcharam! Post novo em Free Bitch.
- Ai, Valerie, você não entende a alma do negócio. Quem lê o blog acha que são várias pessoas escrevendo. Eles nunca vão ligar as postagens a pobre caçula rebelde Rosenfeld. Eu sou a maior maria-ninguém ever. Além do mais, você também sabe que eu nunca digo meu nome verdadeiro nos encontros.
se explicava ao mesmo tempo que descia os comentários do blog. Parecia que ela havia chegado à parte dos haters, porque só tinha mensagem de ódio e gente querendo exorcizá-la por gostar tanto de sexo. Bem, não era exatamente exorcizar ela, porque ninguém sabia que era ela quem escrevia os posts, mas você entende a ideia.
- Puta merda, viu! - resmungou Valerie do outro lado da linha. - Olhe, você já tem vinte e dois e sabe o que tá fazendo. E, for the record, eu não te stalkeio. Apenas assino o feed do seu blog.
- Ahá! Stalker! - riu . - Não se preocupe, sis. Isso é um trabalho de liberdade sexual e de expressão. Eles nunca vão saber quem eu sou. - disse a menina com certeza, fechando o notebook e olhando a coleção de perucas e roupas no seu closet do lado direito da cama.
- Liberdade sexual. Não me faça rir, . Isso é pura descaração e falta de vergonha na cara!
rolou os olhos.
- Free bitch, Valerie. FREE BITCH! Você leu os textos que eu te mandei? E o livro? Eu consegui aquele exemplar da Bell Hooks por milagre divino e você não leu, né?
- Só o que me faltava. Minha irmã uma tarada e ativista. Isso não combina, ...
- Você tá muito ranzinza. Quando foi seu último orgasmo?
E, com essa pergunta, a irmã mais velha simplesmente desligou sem nem dizer tchau. Valerie, apesar de amar a irmã e quase sempre apoiá-la, ainda não conseguia se libertar do que dizia ser "a matrix do patriarcado". A mais velha não achava que devia se masturbar ou ter relações one-night-stand, porque era coisa de vadia. Quando descobriu sobre o que fazia e sobre o blog, Valerie teve um ataque de asma de tão desesperada que ficou. Apenas depois de mais dez meses de blog que Valerie finalmente começou a respeitar a irmã, mas ela, definitivamente, não entendia por completo o que diabos queria com aquela vida.
levantou da cama com o celular na mão, já esperando que a irmã retornasse. Sabia que ela não havia terminado de falar o que queria por que Valerie nunca desligava sem dizer tchau - a não ser em momentos em que a provocava em sua vida de mal casada e ela precisava deixar passar a raiva para não gritar ao telefone até deixar a irmã mais nova surda.
O quarto estava uma verdadeira bagunça. Tinha pontos molhados de vodka e restinhos de maconha no carpete. As roupas dos últimos três dias se empilhavam, misturando aquelas que ela usou com aquelas que ela só provou e jogou para o longe. foi pegando as coisas e organizando. Ela não gostava de deixar as camareiras entrarem, a não ser que fosse Aisha, a única que ela confiava de verdade. Só que Ash estava de férias, e só restava a que ela mesma arrumasse o quarto.
Algo que talvez você não saiba sobre é que ela vive no hotel principal da linha de hotéis da sua família. Eles começaram a construir hotéis desde muito tempo, com os avós alemães de , mas só quando começaram a personalizar seus serviços que então chegaram a um sucesso irrevogável. Em Los Angeles, tinham duas torres do Rosenfeld, e elas se espalhavam pelos Estados Unidos, e em grandes metrópoles globais como Londres, Tóquio, Milão, Paris e São Paulo.
era filha caçula de Mikael e Heidi. Ela era dez anos mais nova que Valerie, e ainda haviam mais dois irmãos do mesmo casamento, que também eram mais velhos que ela - Steve e Alexander. sentia-se definitivamente renegada, e ela não tinha a mínima noção do que ia herdar e do que tinha que fazer. Depois do Ensino Médio brigou com os pais e foi morar em um trailer em Las Vegas com dois namorados em uma relação a três. Foi Valerie que contratou um detetive particular e quis saber do seu paradeiro. Ela bateu à porta do trailer e apareceu para depois de um ano inteiro desde sua fuga. A relação a três parou de funcionar assim que os dois garotões descobriram que ela era filha de bilionários, e aí desistiu completamente da relação. Quando perguntada sobre o porquê de ter desistido, a garota respondeu que aquela relação só funcionava porque não tinha interesse econômico: era uma relação de liberdade e amor que o dinheiro era, completa e dolorosamente, capaz de destruir.
Assim que voltou a morar com a família, ela vivou um longo e doloroso período de depressão. A doença quase a matou quatro vezes, mas por pouco não conseguiu levá-la. não foi salva por qualquer dos remédios que tomou naquela época, mas sim por um momento de clareza que teve em uma das conversas com seu terapeuta. Dali em diante, ela parou de fazer afirmações negativas para simplesmente começar a fazer perguntas. Começou a questionar e receber respostas para vários dos sentimentos que ela sentia: insegurança, medo, ódio.
descobriu várias coisas sobre si mesma fazendo as perguntas certas. Ela não conseguia ser uma só, ela queria ser várias. Se era para fazer o curto período da vida valer a pena, ela teria que ser tudo que jamais foi. resolveu ser todas as 's dentro de si. Ela queria partir corações e viver em um estado de sonho que apenas uma garota rica como ela poderia viver tão bem. Morava, então, em uma das suítes executivas, que eram o exato meio termo entre as presidenciais e as normais. Seus pais não mais a incomodavam sobre o seu futuro, contanto que ela prometesse não tentar se matar novamente. O hotel tinha tudo que ela precisava: conforto, comida, roupa lavada e hóspedes muito especiais. Muito especiais mesmo.
O celular tocou novamente.
- Diga, sis. - disse , ouvindo a irmã suspirar pesado do outro lado da linha.
- Eu não queria mais te contar isso.
- Então pra que ligou de novo, mulher?
- Tenho quase certeza que pelo menos metade deles são menor de idade na Califórnia.
Um sorriso tomou conta dos lábios de . Ainda estava muito cedo para que ela recebesse algum hóspede realmente especial no hotel, mas aquela era Los Angeles, afinal. Sempre haveria hóspedes especiais.
- Hmm... ídolo teen? Quem é?
Depois de um longo suspiro, Valerie respondeu:
- One Direction.
parou um tempo para pensar bem se devia dar um gritinho ou não. Depois de abrir a boca para falar três vezes, acabou conseguindo se controlar. Ela estava extremamente animada, afinal, não conseguia resistir à famosíssima boyband britânica mesmo quando entendia toda a estratégia de marketing usada neles. Era como se, ao mesmo tempo em que se cegava de amor por eles de vez em quando e cantava More Than This até chorar sua alma fora, ela também deixava um olho sempre aberto para não se iludir, como ela via acontecer frequentemente ao abrir sua dashboard do Tumblr.
era demasiada profunda para se deixar iludir pelas palavras encorajadoras de compositores estranhos cantadas por garotos lindos e talentosos. Bem... Mais ou menos.
- Hmmm... - ela murmurou calmamente.
- , você não vai fazer nada com eles, né? - Valerie perguntou. - Não existe psicopata pior do que fã adolescente. Você sabe disso. Quase matou uma menina naquele show dos Hanson porque achava que ela tinha ficado com seu preferido!
- Hmmm... - murmurou novamente, sem querer dar respostas definitivas a sua irmã. - Bem, você assina o feed, né? O blog responderá sua pergunta.
- Sério que você vai dar uma de menina do suspense agora?
- Saudades, sis! Câmbio desligo!
- Não desligue na minha car...
Valerie não pôde completar a frase porque já havia desligado. A garota colocou o celular no silencioso e correu para pegar o notebook novamente. Passou tanto tempo pesquisando sobre o One Direction e, principalmente, sobre a vida pessoal deles que, em certo momento, foi tomar banho e usou o notebook enquanto estava na banheira, mesmo tendo noção do perigo que era eletricidade e água em um mesmo ambiente.
Depois de tanta pesquisa, percebeu que ultimamente, uma boa parte das directioners, isso é, fãs do One Direction, estavam sentindo que a banda estava se afastando. Eles não mais tuitavam uns aos outros, não mais eram vistos com suas supostas namoradas e nem mesmo eram vistos saindo juntos em situações que não fossem de trabalho.
Aquilo deu a uma ideia completamente genial, pelo menos em seu ponto de vista.
Sendo assim, ela abriu a aba para escrever um novo texto para Free Bitch.




Cinco hóspedes cinco estrelas

Estou disposta a saber de uma amizade que, segundo rumores, está se desgastando. E, talvez, eu acabe com um manual de como ser uma heartbreaker.
Está na hora de testar o poder de Electra Heart.
E.H.




apertou enter mesmo sem ter certeza da sua ideia. Electra Heart era sua personagem preferida. Afinal, Electra era ela, romanticamente.
Nervosa, pegou um dos baseados que guardou na gaveta da mesa de cabeceira e acendeu, se jogando na cama. Apenas depois da quarta tragada sentiu a brisa chegar lenta e tímida. Fechou os olhos por um minuto e os abriu de novo. E então repetiu a si mesma o seu lema:
Viva como se estivesse sonhando, quando mesmo sabendo que não era possível, você tentou voar. Arrisque. Seja a sua preferida, seja Electra Heart.


"I'll chew you up and I'll spit you out
‘Cause that’s what young love is all about
So pull me closer and kiss me hard
I’m gonna pop your bubblegum heart"


Capítulo 2

How to be a Heartbreaker


“Welcome to the life of Electra Heart”


Quando o sol atravessou por uma fresta entre as grossas cortinas do quarto, estremeceu e se encolheu em seu pesado e deliciosamente confortável edredom. Em um abrir de olho preguiçoso, notou a baderna do quarto de hotel. Era incrível que aquele exato fino feixe de luz insistia em ficar exatamente no rosto da jovem, como se a natureza implicasse para que ela se levantasse da cama. , ainda imóvel sobre a cama, sentia-se triturada em pedacinhos, como carne moída.
A garota ainda tentou dormir mais um pouco, mas a claridade no seu rosto e a temperatura começando a aumentar demais debaixo do cobertor fez com que seu cérebro começasse a despertar, descarada e involuntariamente. Ela não queria acordar, mas de repente já estava programando o dia inteiro dentro da mente. Arrumar o quarto, tomar um banho, checar o blog, tentar achar seu celular provavelmente perdido, comprar aquele livro que ela queria comprar, mas só lembrou o título minutos antes de dormir... E, é claro, definitivamente ignorar o e-mail raivoso de sua mãe, que fez a incrível descoberta de que ela não havia parado de fumar maconha, mesmo com a ameaça materna de uma surra memorável. E-mail esse que ela leu enquanto estava mais chapada que Bob Marley em dia de festa.
Desistente para continuar dormindo com seu cérebro insuportavelmente falante, se levantou arrastada. Sentou na borda da cama como uma sonâmbula e se dirigiu ao banheiro para uma ducha e necessidades fisiológicas matinais. Depois de ter dormido debaixo do chuveiro e deixado o sabonete cair duas vezes, finalmente começou a despertar.
- Odeio acordar. – resmungou sozinha, enrolando-se na toalha branca do hotel. Fez acrobacias para não tropeçar nas tralhas do quarto bagunçado e então chegar até o armário, de onde tirou uma boxer roubada de um ex-ficante – daquelas de menino playboy, com o nome de um estilista famoso em letras garrafais – e também uma camisa limpa, que lhe custou um tempo para achar. O armário de tinha muitas roupas de vários estilos, e todas emboladas como uma gigante bola de neve que explodiu no meio do caminho. Enfim vestida, a garota voltou ao banheiro e pegou a escova de dente, colocou pasta e se pôs a escovar os dentes enquanto perambulava e, mais uma vez, fazia acrobacias pelo quarto.
A caçula Rosenfeld abriu as cortinas reclamando do sol como uma vampira, mas aos poucos acostumando-se com a claridade daquele dia de verão. É incrível o poder do sol a acordar o corpo e mente, e também realmente delicioso quando amenizava as dores de uma leve ressaca. Foi então que avistou, na piscina, um grupo de garotos seguidos por dois homens mais velhos e gorduchos a caminharem até finalmente encontrar uma mesa adequada. assistiu quando uma pequena família constituída de uma moça de cabelos loiros, quase brancos e acinzentados, um homem magro e uma garotinha pequena foram ao encontro do grupo de cinco jovens e dois gorduchos. Ela sabia quem eram e, principalmente, sabia quem era a criança: seu nome era Lux.
Lux era adorada por praticamente todas as directioners – fãs do One Direction – e proporcionava a essas fãs a fantasia (ou ilusão) de que os membros da banda tinham um “que” de paternidade. tinha que admitir que também achava fofinho quando eles seguravam e brincavam com uma criança, mas seu testemunho de que a vida era uma tragédia de mal gosto (tipo Titanic, que dá gostinho de romance pra depois matar o DiCaprio numa porra de mar gelado)², fazia com que ela não desejasse vida a ninguém, e por isso optou não ter filhos. E, aliás, a vida é bem pior que Titanic, mas até se deixava ser romântica e entrava em negação para comparar com o filme.
Quando não deu mais para segurar a espuma e a saliva dentro da boca, andou até o banheiro e cuspiu. Sabia que tinha que descer para a piscina como Electra para conseguir se entreter e também fazer o post no blog. Lavou a boca e se olhou ao espelho com suas poucas roupas.
- Porra. – resmungou, levantando a barra da camisa. – Biquíni é sacanagem!
Talvez, se ela tivesse aquele corpo de modelo Victoria’s Secret não ia fazer cara feia pra vestir biquíni. No entanto, seu corpo era diferente do das modelos – ela era mais normal, seja lá o que normal significasse. Mesmo tendo se esforçado na academia e nos treinos de tênis, não era fininha. Ela tinha mais músculos e mais volume nos seios e pernas, que não adiantava fazer dieta pra tirar porque ela simplesmente era daquele jeito.
bufou e prendeu o cabelo de um azul debotado em um coque. Tinha que parar de se comparar com o modelo impossível que a mídia lhe vendia. Repetiu três vezes antes de abrir o armário para procurar uma roupa de banho: “Não seja idiota, não questione sua forma. Electra Heart não se importa.”


Harry Styles tomou um baita susto quando Niall o empurrou para dentro da piscina fria sem mais nem menos. Emergindo da água cheia de cloro, jogou os cabelos para o lado em um flip que havia se tornado sua assinatura. Colocou a franja para trás com a mão grande sem nem se importar que seus cachos faziam uma verdadeira escultura no topo da cabeça. Niall ainda gargalhava na borda da piscina, e Harry jogou um pouco de água nele, até que o loiro se escondeu atrás de Lou, a cabelereira.
Para Harry, que agora observava os integrantes de sua incrível banda, chegava a ser engraçado quando parava para pensar nos estereótipos que a Modest!, empresa que gerenciava a banda, havia criado para eles. Sua mente era tão viajada que era assim, sem mais nem menos, que ele simplesmente se deixava pensar em algo tão aleatório diante da situação que se encontrava.
O próprio Harry era estereotipado como “Ladie’s man”, ou o garanhão. Quase sempre havia um boato de que ele estava ou ficando ou de olho em alguém. Liam Payne, que naquele momento tirava a camisa e passava protetor solar na pele branca, era o príncipe. Gentil, carinhoso, romântico. Louis Tomlinson era, como diria o site de fofocas Sugarscape, sassyssaurus. Rei das tiradas espertinhas, inquieto e muito bonito. Niall Horan, o irlandês, é loiro. Não natural, mas não dava para ser uma proper boyband sem um proper blondie. Além de loiro e irlandês, ele era um dos mais queridinhos e mais garotão, tipo criança que só cresce o tamanho. Zayn Malik, por sua vez, era o que alguns diziam ser a cota, mas era um dos melhores cantores da banda. O único não-caucasiano, Malik era descendente de paquistanês. Badboy de Bradford, era como o chamavam. Porque, obviamente, o único de pele escura tinha que ser bad boy.³
Harry via seus bandmates e ria do que haviam se tornado. Eles eram quem eram por motivos bem diferentes do que o que a Modest! apresentava. Ok, talvez a estratégia de marketing havia dado certo para que a banda se tornasse um viral, mas, mesmo na mente lenta de Harry, já era hora de eles se mostrarem como realmente são. Talvez fosse porque eles se seguravam tanto para a mídia que as coisas estavam ficando cada vez mais estranhas.
Pensando pela segunda vez e vendo seus bandmates parecendo se dar bem, conversando enquanto se ajeitavam para um banho ou para tomar sol na esteira, Harry embolou os pensamentos e de repente nem sabia mais o que pensar. Foi até a borda da piscina e deu de cara com um Niall branco como marfim ainda rindo dele, Harry reclamou daquele jeito brincalhão e lento característico, e então resolveu continuar na piscina mesmo. Virou-se para o outro lado e mergulhou até atingir a borda oposta. O sol escaldante de Los Angeles atingiu-o quando emergiu. O céu estava quase que completamente sem nuvens, era algo que britânicos não estavam muito acostumados. Os olhos claros de Harry, que mais pareciam duas esmeraldas de cor diáfana e traiçoeira – vezes verdes, vezes azul –, quase fecharam com o excesso de claridade. Ele mal conseguia ver direito. Foi então que Harry ouviu a voz fininha e engraçada de Lux o chamando e pedindo a mãe para que entrasse na piscina junto a ele. Rapidamente se dirigiu à borda mais próxima a mesa que Lux e sua pequena família haviam sentado e abriu os longos braços para que a menina viesse direto para o abraço.
Lou, no entanto, segurou a menina e a parou no meio do caminho até o abraço. Encheu mais um pouco o rosto e os braços de protetor, colocou um chapéu para proteger os olhos e boias nos braços. A menina fez careta, mas a mãe bem sabia quão importante era fazer aquilo, principalmente levando em conta que, além de ser um bebê, a pele de Lux era por demasiado pálida.
Lux, logo que foi liberada, correu em direção a Harry, que a segurou e vagarosamente mergulhou o corpinho da menina na piscina. Logo o garoto passou a caminhar com Lux na piscina, enquanto ela batia as mãozinhas animadas e conversava como uma tagarela. Foi então que a pequena se empolgou ao ver uma menina de cabelo azul e biquíni de corações vermelhos entrar na piscina.
- Olha, tio Harri! O cabelo dela é azuuuuuul – disse Lux, cantando ao dizer “azul”. Ela estava completamente maravilhada com a garota de cabelo azul, e pedia para ficar do lado dela.
Harry atendeu ao pedido de Lux e foi em direção a garota, mas se sentiu extremamente envergonhado, principalmente quando ela virou o rosto uma vez e ele percebeu quão bonita era. É realmente estranho o poder da beleza em intimidar as pessoas. Ao contrário do que se pensava, não era como se Harry tivesse uma estúpida facilidade em se relacionar com as garotas, mas ele tinha dois importantes privilégios: 1) Era incrivelmente lindo. Tinha todo o conjunto de ombros, sorriso, corpo e olhos esmeralda irresistíveis. 2) Ele era muito cortês, e não era só com mulheres. Aliás, especificamente sobre mulheres, Harry havia desenvolvimento respeito sem igual. Criado em um ambiente rodeado de garotas, desde mãe, irmã, até muitas amigas, Harry aprendeu muito sobre o gênero oposto. Não era como se ele realmente fosse um “ladie’s man”, mas ele, definitivamente, sabia respeitá-las, e isso era o que as faziam aproximar dele, muito mais do que qualquer lábia de garanhão por aí.
Quando a moça de cabelos azulados se virou para falar com Lux, Harry sentiu um arrepio na espinha. Ela usava óculos em formato de coração e lábios pintados em tom de pantera cor-de-rosa. Absolutamente estonteante e diferente, muito longe das modelos e cantoras super arrumadas que Harry costumava conhecer em seu ramo.
- Olá, macaquinha! Como vai você? – perguntou a moça, simpática.
- Ela falou comigo, tio Harry! – disse Lux com a voz baixa, envergonhada, agarrando-se a Harry com mais força e encostando a cabeça no ombro dele.
- Ela ficou tímida. – disse Harry, apontando para óbvio.
A moça olhou para Harry através dos seus óculos de coração e sorriu. Ele não sabia, mas ela havia o analisado de cima a baixo e ainda encarou a visão dos seus ombros largos por um bom tempo, tentando entender as estranhas tatuagens em seu corpo. Ela abaixou a cabeça e tirou os óculos.
- Quer colocar, pequena? Aposto como você vai ficar linda! – a moça ofereceu os óculos e logo o rosto de Lux se iluminou com um sorriso. Ainda tímida, Lux olhou para Harry, esperando aprovação. Assim que Harry balançou a cabeça confirmando a permissão, a menininha pegou os óculos da mão da moça desconhecida e se pôs a mexer nele, virar, puxar a haste e enfim colocar em seu rostinho, sorrindo como quem posa para uma foto.
- Que tal? – perguntou Lux para a garota.
- Que lindíssima! Ai, quase morri com tanta beleza! – ela encenou quase desmaiar, e Lux riu alto, agora chamando a mãe para que tirasse uma foto.
Pareceu repentino quando Lou chamou Harry para bater uma foto, e ele sorriu junto a Lux, que mostrava feliz os óculos de coração, esse que insistia em cair no seu rosto devido às pequenas proporções do mesmo. Na foto que Lou tirou em seu iPhone, apenas aparecia as pernas da dona dos óculos, com uma tatuagem de flor de lis no tornozelo direito, que já havia saído da piscina. Quando Harry olhou para o lado, ela não estava mais lá. Ele olhou para os lados e a viu se enrolando em uma toalha.
- Hey! – ele a chamou.
A garota olhou para trás e sorriu, simplesmente, depois saindo da área da piscina sem mais nem menos.


“Merda, merda, merda!”, reclamava sem parar enquanto seguia o seu caminho de volta ao quarto. Quando se postou na frente de Harry Styles e brincou com a menina, sentia o coração querer pular pra fora do corpo, dançando a Macarena em ritmo ragatanga. Suas pernas tremiam com o nervosismo. Os outros integrantes da banda olharam para ela, e ainda tinham todas aquelas outras pessoas aleatórias na piscina. O medo de que tirassem fotos de sua pessoa ali, tão perto, a atingiu como uma bala de canhão, e então se sentiu totalmente vulnerável. Como se, sem sua permissão, ela estivesse deixando Electra Heart escapar e Rosenfeld entrar em ação. Sentiu-se exposta e completamente estúpida. Quem ela achava que era, afinal? Uma femme fatale? Nunca ouviu falar de femme fatales cujos corações aceleravam em ritmo latino daquele jeito. Além do mais, se viu completamente sem assunto. O que, afinal, ela ia dizer a Styles?
“Olá, tudo bem? Eu sou Electra Heart (que tipo de pessoa se chama Electra Heart mesmo?) e tô aqui porque queria muito, muito, muito ficar com você e descobrir até que ponto sua banda é golpe de marketing pra postar no meu blog secreto.”
Totalmente impraticável. Perguntar sobre Lux para disfarçar também estava fora de questão, já que logo os outros integrantes da banda se aproximariam e a sua carta na manga, que era aparecer para eles em momentos diferentes e ver se, mesmo com ela pedindo para ser segredo, eles iam conversar sobre isso, falharia.
parou no meio do caminho para praticar a respiração que o psiquiatra havia lhe ensinado para se acalmar. Inspirou todo o ar pelo nariz e expirou em um intervalo de sete segundos, vagarosamente. O coração foi aos poucos voltando ao normal. Os óculos de aro de coração era sua salvação. Poderia dar certo se ele tivesse se interessado por ela, nem que fosse minimamente.


- Esses óculos são de quem, Harry? – perguntou Lou, que acabara de pular na piscina e pegar a filha no colo. – Se deixar na mão de Lux, ela vai quebrar em pedacinhos. – disse, tirando os óculos da mão da filha e dando um brinquedo, para que ela não chorasse. Lou então deu os óculos a Harry, que franziu o cenho enquanto analisava o objeto.
- Era de uma garota, mas ela sumiu...- disse Harry, olhando para os lados da piscina, na esperança de que a garota voltasse e ele pudesse devolver o óculos.
- Suas fãs agora tão dando uma de Cinderela? – riu Lou, brincando com a situação.
- O que aconteceu? – perguntou Zayn, sentando na borda da piscina e colocando um boné.
Harry parou para pensar antes de responder. Mas o que mesmo havia acontecido? Passou a alisar as hastes dos óculos enquanto pensava, e quando sentiu algo áspero, voltou a analisar o objeto. Tinha algo escrito ali em baixo relevo. O dia estava muito claro e Harry não conseguia enxergar. Ele aproximou os óculos dos olhos e colocou a mão para tapar o sol, tentando ler o que havia ali.
- HARRY! For God’s sake! Eu tô falando com você! – disse Zayn, irritado com mania de Harry de ficar absorto em seus próprios pensamentos e voar em outra dimensão exatamente quando estavam falando com ele.
- O que? – perguntou Harry, parecendo perdido ao tentar ler aquelas inscrições.
- O que aconteceu?
- Ah... Nada não. – disse Harry. Foi em direção à borda e levantou o corpo, saindo da água. Bagunçou o cabelo de Zayn e foi até a mesa com sombreiro onde todos haviam se instalado. Sentou em uma das cadeiras e nem viu quem foi que lhe ofereceu uma toalha, mas ele aceitou e colocou sobre os ombros.
Harry aproveitou a sombra e então, finalmente, conseguiu distinguir o que estava escrito no óculos.
x E. Heart 586 9968 x

Styles sorriu, impressionado com a astúcia da garota que, na verdade, só agora lembrara de ter colocado o número do seu celular naquele óculos. Era um jogo que ela havia feito com um ator, que as pessoas costumavam dizer ser impossível de se alcançar. Brincar de Cinderella e esperar que o príncipe batesse em sua porta. No entanto, Harry não tinha a mínima ideia de quem era ela e muito menos de que se tratava de uma conquistadora com múltiplas personalidades. Para ele, podia ser apenas uma fã muito esperta (e bonita), ou uma garota interesseira... Mas ele preferia a primeira opção.
- E. Heart. – disse em voz alta, pensando se deveria ligar ou não. – Talvez eu devesse dar uma chance...
- Tá falando sozinho, Harreh? – perguntou Niall se aproximando. – De quem são esses óculos?
- Meus. – disse Harry sorrindo e colocando os óculos no rosto. Niall riu e pegou seu celular na mesa para tirar uma foto e postar no instagram.
- Ui, que gato! – riu Niall, quando Harry fez pose pra tirar a foto.


No apartamento 1601, deu um pulo na cama e um gritinho quando se lembrou do seu número inscrito no óculos de aro de coração, mas agora não sabia o que devia fazer. Ainda fazia muito sol lá fora, e ela via os hóspedes do hotel se divertirem na piscina. Ela sabia que não deveria voltar. Tomar sol na piscina do hotel para ficar parecendo um camarão depois não era uma boa ideia, e se mostrar de vez para toda a One Direction não era uma opção, não se quisesse se manter como uma garota misteriosa.
Ela respirou fundo e resolveu que, primeiro, ia tirar aquele biquíni de coraçãozinho que, por acaso, ela não usava fazia pelo menos quatro anos, mas era capaz de cobrir seus seios e prendê-los bem, além de que a parte de baixo não a apertava. Voltou a colocar a camisa e a boxer que vestiu quando acordou e prendeu o cabelo azul em um nó bem no topo da cabeça. pegou os headphones e prendeu o iPod Shuffle na blusa. Estava decidida a arrumar o quarto e apenas esperar a noite. Afinal, a noite era sua melhor amiga.


Era exatamente uma da manhã quando Harry Styles chegou ao hotel depois de um happy hour. Ele saiu junto a Niall, mas eles se separaram quando Niall resolveu ficar em um lugar só e Harry preferiu mudar de clube. Ele gostava de sair, de se divertir. Não era sempre que seria um jovem com energia o suficiente para se divertir daquele jeito. No entanto, dessa vez, ele sentiu que não bebeu o suficiente para dormir bem, e por isso foi direto até o bar do hotel.
A melhor coisa sobre o Rosenfeld é que, por abrigar muitos hóspedes célebres, ele criou um diferencial. Aquela filial mesmo havia sido construída em um morro alto e a propriedade era bem grande, um pouco afastada da cidade. O espaço construído era pouco comparado ao tamanho do terreno; as torres eram altas e luxuosas como se tivessem apertadas dentro de uma cidade grande, mas sobrava muito espaço. A verdade era que isso fazia parte da estratégia do hotel para evitar fotógrafos paparazzi’s, daqueles que escalam árvores e ficam se jogando nos muros para conseguir uma foto. Também era difícil fotografar as pessoas nas varandas, porque os apartamentos em que as celebridades costumavam ficar eram os mais altos e, por falta de outros prédios ao redor, ficava difícil alcançar para uma boa foto sem que a pessoa tivesse um equipamento milionário. O Rosenfeld, em suas diferentes filiais, agradavam as celebridades ao dá-las o máximo de privacidade possível.
É claro que não dava para isolar as celebridades nem algo do tipo, mas dava para, pelo menos, lhes dar a liberdade de usar a piscina do hotel sem que fossem tiradas milhares de fotos para a mídia julgar como bem quisesse. Ou passear pelo quarto sem roupas sem se preocupar em fechar a janela e as cortinas. Era um privilégio muito bom, combinado com segurança e luxo.
O salão onde ficava o bar do Rosenfeld era esplêndido. Inspirado na decoração usada nos anos 40, com carpete bordô, janelas enormes decoradas com pesadas cortinas, cujas franjas eram banhadas a ouro, uma extensão sensacional de tipos de bebidas, das mais antigas às mais novas. Havia uma enorme prateleira de vidro temperado ao fim do salão, onde era montado o bar principal. Dois pequenos quiosques ficavam do lado direito e esquerdo, vendendo as bebidas mais práticas, como cerveja, whisky, absinto, tequila, soda, água e refrigerante. Apenas no bar principal era possível comprar das mais estranhas às mais clássicas bebidas.
Harry foi direto ao bar principal. Era uma terça-feira e havia poucas pessoas no bar àquela hora; isso é, tendo dito que aquela era Los Angeles e um dos melhores hotéis do mundo. Na verdade, havia muitas mulheres por lá. No entanto, foi uma mulher em especial que chamou a sua atenção: a dona dos óculos de aro de coração, a garota de cabelo azul.
Colocou a mão no bolso, mas Harry havia deixado os óculos dela em seu quarto. Talvez devesse subir e pegar, para, então, devolver... Talvez devesse falar com ela...
Harry estava definitivamente confuso, e nem entendia por que. Era uma coisa tão simples, tão medíocre! É só devolver o que é dela, mas por que diabos estava pensando tanto? Não precisava ficar inseguro. Ela era só uma desconhecida de cabelo azul!
O garoto olhou para aquela menina mais uma vez. E se não fosse ela? E se fosse outra garota também de cabelo azul? Ele não tinha realmente olhado para ela para gravar suas feições. Aquela menina ali sentada usava short jeans, camisa velha e jaqueta, quando a maioria das pessoas estava em trajes mais finos, mais elegantes e mais adequados para uma noite no salão de um hotel luxuoso.
Ainda inseguro, Harry sentou-se a três cadeiras dela e vez ou outra olhava para ela, tentando ter certeza.
- O senhor vai querer alguma coisa? – perguntou a bartender, cordialmente.
- Ah... Eu... Hm... Um blue com gelo, por favor? E uma água sem gás.
- Identidade, senhor?
- O que? – perguntou Harry, confuso.
- O senhor pode me emprestar sua identidade, por favor?
De repente, as pessoas que sentavam ao seu lado olharam para ele, esperando sua reação. Sem graça, Harry lembrou-se de que tudo que havia bebido naquele dia foi ilegalmente, e que, em Los Angeles, ele só poderia beber aos 21. Querendo acabar logo com o constrangimento, Harry pediu à moça que trouxesse somente a água.
Merda.
Odiava de repente ser tratado como menor ao chegar aos Estados Unidos.
A bartender logo trouxe seu copo d’água e Harry bebeu envergonhado. Talvez ele devesse ir para cama. Ouviu então risadas bem perto de si e, quando virou para olhar, percebeu que quem ria era a possível garota de cabelo azul que ele encontrara mais cedo. E ela olhava para ele, enquanto a bartender parecia explicar o que havia acabado de acontecer.
Em um ímpeto de coragem, Harry simplesmente sacou o seu celular e clicou nos últimos números discados. Ele havia tentado ligar para a tal E. Heart mais cedo, mas desligava antes do primeiro toque. Foi criado para não falar com estranhos, muito menos ligar pra eles quando poderiam ser fãs loucas ou jornalistas ou qualquer tipo de pessoa que quisesse bisbilhotar sua vida e ganhar algum tipo de dinheiro. Naquele momento, Harry teve coragem e esperou o celular dar o primeiro toque.
Não foi de grande surpresa quando a menina sacou o celular do bolso da jaqueta e o atendeu olhando para ele. Harry poderia ter tido problemas para reconhecê-la, mas E. Heart sabia que ele estava ali o tempo todo.

levantou da cadeira já estampando um sorrisão. Jane, a bartender, era já grande amiga sua desde que começou a pegar garrafas “emprestadas” do bar escondida. Jane era muito corruptível ao aceitar propina de em saquinhos de maconha, em troca de seu silêncio sobre as garrafas.
Naquele momento, Jane contou que o garoto da boyband quase morreu quando ela pediu a sua identidade. Ela sabia que ele era de menor, mas muitos antes dele haviam pago alguns dólares a mais para serem servidos, e Jane simplesmente serviu. Mas Harry não, Harry ficou em choque e pediu apenas uma água.
riu apenas da inocência do garoto. Quando sentiu o seu celular vibrar e ele segurando o seu próprio aparelho, já sabia que Harry tinha descoberto sobre seu número na haste dos óculos.
A garota levantou e ajeitou os cabelos azuis para o lado, e foi direto até Harry, que a encarava silencioso.
- Acho que você tem algo que me pertence. – disse ela, totalmente compenetrada em ser Electra Heart. Dessa vez, seu coração não estava acelerado e as pernas pareciam muito mais rígidas. A garota se tornava outra pessoa tão bem e Hollywood não sabia o talento que estava perdendo.
- Eu... Deixei no meu quarto. Seus óculos. – disse Harry, meio desconcertado. Queria perguntar por que ela simplesmente saiu, quais eram suas intenções, quem era ela, qual era seu nome. Mas, de repente, nada disso parecia ser relevante.
- Então vamos lá pegar. Eu preciso deles.
- Para dar seu número para outras pessoas? – perguntou Harry, tentando ser insolente.
- É um objeto que estimo muito, senhor Harry Styles. Você não se importa de me devolver, né? Ou prefere que eu te dê de presente?
- Você me daria? De presente?
- Juro solenemente que não vou te sequestrar, Harry. Vamos lá, é só pegar os óculos!
Harry olhou bem nos olhos tão perfeitamente pintados da garota. Agora ele mesmo não entendia porque estava sendo tão cuidadoso. A moça sorria cordialmente, mas Harry sabia que ele era muito estúpido para diferenciar o sorriso de uma psicopata em ação para o sorriso de alguém de bem. Os olhos dela brilhavam em sua direção.
- Ok. Com uma condição eu devolvo seus óculos.
- Qual? – perguntou ela, ainda sorrindo. O sorriso dela era tão aconchegante quanto carinho de mãe, e tão divertido quanto o de um Menino Perdido da Terra do Nunca. Parecia impossível recusar-lhe qualquer coisa.
- Você tem que me dizer seu nome e por que saiu daquele jeito da piscina!
- A condição era uma só! – ela cruzou os braços.
Parecendo fazer um mais um na cabeça, Harry baixou a cabeça e sorriu.
- Seu nome.
- Electra Heart. – respondeu a garota de prontidão.
Sendo assim, Harry levantou da cadeira e levou a sua água na mão. Electra chamou Jane e lhe pediu “Summer wine”, pedido que lhe foi atendido quando Jane pôs sobre a mesa uma sacola onde foram colocados caríssimos vinhos Chardonnay. O preferido de Electra Heart. Depois disso, foram os dois até o quarto de Harry, sem nenhuma palavra a ser trocada. Apenas olhares tímidos, curiosos; daqueles que conseguem transmitir pensamentos quando se fixam por muito tempo.


A suíte de Harry Styles era invejável. Separada em uma agradável sala de estar e um quarto com uma King Size cheia de almofadas, cujos forros eram de veludo. Era maior do que a de , definitivamente, mas, morando naquele hotel há tanto tempo, não havia quarto que ela não conhecesse como a palma de sua mão.
Electra Heart, no entanto, não conhecia nada, e por isso se mostrou impressionada com o luxo do quarto. Harry pareceu também não ter tido tempo suficiente para desorganizar as coisas, ou talvez a camareira houvesse passado por lá há pouco. Electra tocou os móveis, sentido sua textura com a mão direita, já que a esquerda se ocupava com as garrafas de vinho. O quarto também já tinha um cheiro de perfume masculino que Harry deveria ter passado mais cedo; perfume definitivamente europeu, já que ainda dava para sentir o cheiro mesmo depois de tanto tempo.
Harry foi rápido ao buscar os óculos, mas andou lentamente até o quarto, onde Electra já se encostava a cama enquanto o esperava.
- Obrigada. – disse Electra sorrindo brevemente, enquanto Harry se aproximava dela e estendia sua mão grande com os óculos. Ela levantou o olhar e, de repente e sem explicação, o seu olhar pareceu ter abraçado o de Harry.
Foi naquele curioso momento em que suas mentes trabalhavam nas possibilidades do que poderia acontecer a seguir. Ele poderia beijá-la. Ela poderia beijá-lo. Ele poderia apenas devolver os óculos e fingir que seu corpo não estava queimando para tocar nela. Ela poderia apenas pegar os óculos de volta e fingir que seu corpo não estava queimando para tocar nele. O campo infinito de possibilidades invadiu ambos ao mesmo tempo.
Harry desconectou o olhar e observou a garota a sua frente. Os cabelos azuis desbotados, as tatuagens aparentes: pescoço, mão direita, coxa esquerda. Assim como ele, ela usava muitos anéis nos dedos. As unhas curtas e sem esmalte. A ponta de uma cicatriz no braço; profunda. Camisa estampada com um Pato Donald rock ‘n’ roll. E, aliás, as pernas eram tão bonitas. E então Harry voltou a conectar seus olhos.
Electra se perdeu novamente quando ficou tempo demais encarando os lábios dele. Eram tão avermelhados, e pareciam deliciosos, suculentos. Como a maçã de Branca de Neve, ela queria ao menos passar a língua sobre aqueles lábios, sem temer ser envenenada. Ela desceu o seu olhar do mesmo jeito que ele o fez, e o observou com similar atenção. Os ombros, a tatuagem muito bem desenhada de um navio em seu braço. Ao olhar para as mãos dele, desejou que aquelas mãos estivessem ao redor da sua cintura, ou talvez, apertando suas coxas, enquanto fosse prensada contra a parede.
Foi ele quem se aproximou, trazendo aqueles lábios avermelhados para perto dos dela. Se existia uma coisa em que Electra Heart e Rosenfeld concordavam era que aquele era um dos melhores momentos do mundo. O momento antes do beijo. O momento das probabilidades, da indecisão, da adrenalina correndo maratonas pelas veias.
Fazia um silêncio monumental dentro do quarto. Não era um filme, não havia trilha sonora nem perfeição nos movimentos que estavam sendo feitos. Electra estava ali e se ajustava sobre a cama para se aproximar de Harry Styles. Logo, ela colocou a sacola dos vinhos sobre o chão e levantou, de modo a ficar a centímetros dele. Ergueu a mão direita e segurou seu queixo, aproximando-o de si e depois o afastando, como quem provoca.
- Eu não quero fazer one night stand com você, garoto.
- Que? – perguntou Harry, ainda perdido no momento que acabaram de ter.
- Eu quero ter uma noite com você. Uma noite em que você lembre pelo resto da sua vida. Uma noite que eu lembre pelo resto da minha vida. Eu quero me divertir com você. Dentro e fora desse quarto. Quero fazer algo insano essa noite, rir até doer à barriga, beber até a visão ficar turva, correr por esse jardim enorme até cansar e pular na piscina de roupa e tudo. Quero te beijar até seus lábios ficarem dormentes. Não quero one night stand, eu quero algo para recordar.
Harry sorriu, maravilhado com a ideia. Aquela garota havia aberto a boca para falar tudo que ela mais queria ouvir naquele momento, e talvez muito mais.
- Gosto de você! – disse Harry, aprovando a ideia.
- Eu deixo você gostar de mim por uma noite. – riu Electra, separando-se de Harry e pegando a sacola de vinhos. Harry a observou colocando os vinhos na pequena frigobar e deixando de fora apenas um. Serviu duas taças de vinho e então voltou para perto de Harry, ficando perturbadoramente próxima. – Um brinde pela lembrança de uma noite!
- Só por uma noite! – Harry concordou, pegando sua taça e brindando junto a Electra.
Depois da primeira garrafa de vinho a conversar e brindar diversas vezes, Harry sugeriu que brincassem de esconde-esconde. Ele já tinha bebido bastante nas festas mais cedo, e sua mente já distorcia a criatividade. Para Electra, que ainda estava sóbria, a ideia era genial. Ela ia fazer o que sempre quis desde quando era criança.
Electra disse a Harry que iria contar. Deu apenas um intervalo de 20 segundos para que ele se escondesse, e ele, muito inteligentemente, escondeu-se dentro do armário, onde havia apenas cabides sem roupas. Exatamente onde Electra previra.
Depois da contagem até vinte, Electra fingiu ainda procurá-lo em outros lugares mesmo ouvindo sua respiração pesada vindo de dentro do armário. Logo ela abriu o armário e nem ao menos gritou “achei!”. Apenas entrou no armário e fechou a porta, encarando-o até que seus olhos se acostumassem com o escuro.
As mãos de Electra foram rápidas ao percorrer o corpo de Harry e aproximá-lo de si. Mesmo tendo bebido tanto, Harry sentiu uma breve sobriedade quando as mãos de Electra foram nada tímidas para debaixo de sua camisa e apalparam o seu peito, depois descendo pela barriga e alcançando a barra da calça. Ele estava tão excitado naquela situação com aquela desconhecida – mas que ele parecia conectado de alguma forma – que sentia como se estivesse num clipe da Katy Perry, e que ia explodir como fogos de artifício. A mão de Electra foi certeira sobre a ereção de Harry e, dessa vez, ela não poupou dizer “Achei você!”.
Aquela foi a gota d’água. Harry beijou-a com voracidade tamanha que ela quase caiu para o outro lado do armário. Agora eles percebiam quão difícil era se movimentar naquele armário.
Os lábios de Harry eram exatamente como Electra previra. Macios e deliciosos. Para Harry, Electra tinha gosto de doce e álcool, e ele tinha certeza absoluta que nunca havia sentido gosto mais delicioso na boca de alguém.
Geralmente, as pessoas têm um parceiro ou parceira (ou talvez várias pessoas, mas é raro) com quem o beijo flui sensacionalmente. Abrir e fechar de bocas, entrar e sair de línguas e movimentos com a cabeça pareciam se encaixar como quebra-cabeças. Para a maioria das pessoas também, raramente essa pessoa é aquela que fica para sempre na sua vida, mas é a que você definitivamente deseja estar por um bom tempo, pois se existe algo de realmente sublime na vida, é o tal do beijo que encaixa.
O beijo entre Harry e Electra se encaixava tão bem que parecia impossível separar suas bocas. Era como colar com superbond e tentar tirar depois de seco.
Eles passaram um bom tempo dentro do armário, em uma brincadeira que demorou muito mais de sete minutos, mas que com certeza poderia corresponder a alegria de se estar no Paraíso. Logo eles saíram e Electra decidiu que estava na hora de sair do quarto. Cada um segurou uma garrafa de vinho e foram direto para o jardim menos frequentado do Rosenfeld. Na verdade, aquele jardim apenas era podado e cuidado, mas havia sido fechado a visitantes há um bom tempo, porque os hóspedes costumavam se perder quando entravam ali.
O casal por uma noite fez aposta de quem beberia a garrafa mais rápido, e Harry não aguentou nem até a metade da sua garrafa. Electra, muito mais acostumada com o álcool do que ele, virou a garrafa dele goela a baixo, esquecendo-se de aquele vinho, que ela apelidou de “Summer Wine” por ser melhor de tomar quando morno, e não gelado, era do tipo que se apreciava, e não se virava como se fosse dose de tequila.
Bêbados, apostaram corrida usando apenas roupas de baixo, em plena noção de que a temperatura baixava bastante durante as noites de verão em L.A. e em cima daquele morro. Rolaram no declive gramado até quase vomitarem, e choraram de rir pregando peças nos hóspedes chiquérrimos que falavam de arte milionária na varanda perto do lobby.
Quando o céu começou a ameaçar amanhecer, Harry e Electra sentaram na borda da piscina quase totalmente vestidos, exceto pelos sapatos. Beijaram-se até os lábios realmente ficarem dormentes e inchados e assistiram quando o céu ficou azul e laranja, fumando um baseado que Electra preparou com esmero. Por último, jogaram-se na piscina, que estava gelada, e correram totalmente encharcados para o quarto de hotel de Harry.
Mesmo muito cansados, Harry sugeriu que tomassem um banho. Despiram um ao outro, vagarosamente, apreciando seus corpos, beijando-se cuidadosamente, porque agora os lábios realmente doíam. Harry já recuperava a sobriedade quanto a bebida, mas aquele meio baseado havia o atingido em cheio. Ele quase nunca fumava, mas para ela abriu uma exceção. Havia esquecido a sensação de perder o chão, e era ainda mais estranho quando ele olhava para a sua garota por uma noite e ela parecia fazê-lo perder o chão por uma segunda vez.
Tomaram banho juntos, ensaboaram os corpos um do outro e ainda riam sem motivo algum. A alegria daquela noite havia lhes deixado em tal êxtase que eles não precisam de motivo para rir.
Os dois foram dormir sem roupa alguma, totalmente exaustos, mas abraçados. Por uma noite, Harry amou Electra e por uma noite, Electra amou Harry. Apenas por uma noite.

Rule number one is that you gotta have fun, but baby when you’re done you gotta be the first to run


Capítulo 3

Radioactive



Electra acordou com um sentimento de déjà vu quando, por uma única fresta entre as grossas cortinas do quarto, um feixe de luz iluminava o seu rosto. Harry dormia calmamente ao seu lado, e ainda tinha um dos braços ao seu redor. Ela tirou o braço de Harry com cuidado e sentou na cama do mesmo jeito sonâmbulo que havia feito no dia anterior.
A garota não havia dormido por nem quatro horas. Ainda era manhã. As roupas do dia anterior estavam encharcadas e jogadas no banheiro, e ela então pegou um dos roupões do hotel e vestiu sobre o corpo nu e ainda exausto. Catou as roupas do chão e as embolou, colocando debaixo do braço. Engraçado que o seus óculos de aro de coração estavam jogados no chão, e foi para recuperar eles que ela subiu no quarto do membro mais desejado do One Direction, a boyband britânica de maior sucesso no mundo.
Aquela era sua vida de Electra. Era, definitivamente, muito melhor do que se ela fosse apenas uma caçula herdeira. Como Electra, sentia-se completa.
A jovem pôs os óculos sobre a mesa de cabeceira e arranjou caneta e papel para deixar o seu recado.


Uma noite memorável.
Não me ligue, apenas lembre-se de que, por uma noite, nós fomos felizes.
E. Heart.
obs: Os óculos são de presente. Um souvenir.



“Rule number two, don’t get attached to somebody you could lose”
À noite, havia voltado a ser ela mesma e estava no editor de texto tentando organizar suas memórias sobre a noite que havia tido com Harry Styles. Foi assim, de repente, que ouviu o seu celular apitar. 1 mensagem recebida.

Essa é uma mensagem, e não uma ligação. O seu cheiro ainda está no travesseiro. Jantar às 22h? No jardim? xx Harry


sorriu, mas estava decidida a não responder nada. Deixou o celular de lado e voltou ao seu texto, que estava confuso e repetitivo. Ela havia comentado pelo menos doze vezes a palavra “sensacional” em um parágrafo imenso. Definitivamente não parecia um bom dia para escrever, mas pelo menos ela tinha os acontecimentos da noite anterior escritos para não esquecer. Ha! Como se ela realmente fosse esquecer aquela noite.
A garota fechou o notebook e o colocou no chão, ao lado da cama. Estava muito cansada. Não tinha conseguido dormir direito durante a tarde e, mais uma vez, seu corpo parecia carne moída. A verdade é que ela estava seriamente evitando fechar os olhos, porque sabia que não podia controlar sua mente, principalmente quando ela estava cheia de pensamentos sórdidos com relação a Harry Styles.
No final das contas, eles não haviam transado, como ela havia imaginado que iria acontecer no último momento. Dentro do box, completamente nus, ele simplesmente a cortejou completamente chapado, e foi cortejado sem nem tocar no assunto. Lembrando a mensagem que ele mandou, já sabia que ele também percebeu unfinished business entre os dois. Mas que real diferença faria se transassem ou não? Era apenas sexo. Aquela noite foi suficientemente boa sem sexo, e não queria correr o risco de se aproximar demais dele. Na verdade, ela temia isso. Temia se aproximar de caras como Harry e tinha muito bons motivos para isso, incluindo o que sua irmã havia dito sobre fãs adolescentes serem o pior tipo de psicopata³.
Foi então que fechou os olhos devido ao cansaço, e aí sua mente se largou de todas as barreiras que criava para proteger a si mesma. Não era a primeira vez que aquilo acontecia, mas sabia que mesmo se tivesse se apaixonado, ocasionalmente a paixão iria embora. Com ela, nada durava muito tempo. Era preferível que se mantivesse longe de tais sentimentos e levasse consigo apenas os bons momentos de uma única noite de amor.

All you ladies pop your pussy like this
shake your body don’t stop, don’t miss


Uma música totalmente indecente tocava alto no quarto de , e ela não sabia se ficava irritada ou não. Colocar aquele tipo de música para acordá-la era coisa de Aisha, a camareira preferida de ; a única amiga que ela tinha além da sua irmã, a única pessoa que ela confiava naquele hotel inteiro.
Ainda despertando, tirou a cara inchada de sono e olhou ao seu redor, encontrando Aisha cantando a música e dançando enquanto limpava o vidro do armário. Quando Aisha percebeu que acordou, virou-se para a garota e fez a coreografia para ela. Aisha era uma mulher dezesseis anos mais velha que , nascida e criada bem longe da vidinha mimada de . O trabalho de camareira era apenas fachada para seu verdadeiro trabalho: traficante de drogas.
e Aisha se conheceram em um motel quando a mais nova havia fugido de casa, e por um tempo foi intermediária entre Aisha e seus clientes, para ganhar apenas grana suficiente para continuar vivendo no trailer com seus dois namorados. Aisha também era a traficante por quem continuou a conseguir suas próprias drogas quando voltou para o hotel, e era a responsável por ter conseguido aquele emprego para Aisha. A mais velha trabalhava sozinha, mas definitivamente ajudou para que Aisha sucedesse. O Rosenfeld lotava de atores, atrizes, rock e popstars que enfiavam o pé na jaca ao viciar-se em drogas.
A droga era entregue no quarto e ninguém nunca duvidava de Aisha. Afinal de contas, ela era amiga de Rosenfeld, herdeira incompreendida dos hotéis Rosenfeld. Um esquema simples, porém bem montado o suficiente para que os pais de jamais sonharem que ela fazia parte disso ou que aquilo acontecia dentro do hotel.
- Twerk, twerk, twerk! – disse Aisha dançando com a bunda empinada. sorria com a volta de Aisha, que havia tirado férias há duas semanas e só voltara agora.
- Que bela maneira de acordar as pessoas, vadia! – disse , coçando os olhos e tentando se levantar, ainda meio tonta. Não adiantava a animação que a possuía, acordar era sempre um parto.
Aisha deu língua e voltou a limpar o armário, ainda cantando a música totalmente sem vergonha.


lick it now
lick it good
lick this pussy just like you should
my neck, my back, lick my pussy and my crack
my neck, my back, lick my pussy and my crack


- Vadia que você ama e morreu de saudades. – disse Aisha sorrindo. – E aí, o que é que você conta?
- Nada demais. – praticamente resmungou, levantando-se da cama e indo em direção ao banheiro para fazer sua higiene. – E você?
- Consegui algo pra você!
- Hã? – perguntou do banheiro, sem entender nada. Sua mente ainda não estava funcionando muito bem. – O que?
- Lave essa cara e acorde que eu te conto. Nunca vi uma pessoa demorar tanto pra acordar!
- Eu sou mimada, Ash! – gritou do banheiro, logo depois reclamando ter batido a canela em alguma coisa.
lavou o rosto duas vezes e escovou os dentes só porque seu hálito estava terrível naquela manhã. Prendeu o cabelo em um coque alto e então voltou para o quarto, onde Ash estava sentada em sua cama com as longas pernas cruzadas. Aisha Goodwin era absolutamente estonteante com sua pele de ébano e rosto expressivo. Seu cabelo parecia maior no Black cujas pontas estavam cor de rosa – resultado de experimentos de com a amiga -, e sentiu inveja de, como a cada dia, Aisha parecia mais bonita. Aisha era bonita sendo Aisha, enquanto precisava inventar uma pessoa para se sentir tão linda quanto.
- Conseguiu o que?
- Adivinha?
olhou para Aisha confusa, sem entender bulhufas.
- Primeiramente, eu voltei ontem. O que significa que eu vi você de amorzinho com o do cabelo no jardim. – disse Aisha, referindo-se a Styles como “o do cabelo”. – Segundo, como eu te conheço muito bem, sei que você quer “conhecer” todos eles.
- Conhece muito bem nada! Você leu o blog.
Aisha sorriu culpada.
- Detalhes, detalhes! Enfim, um deles está à procura do meu produto. E como eu sou boazinha, deixo você entregar.
- Até parece que integrante de boyband vai querer se envolver com a traficante.
- Intermediária! – Aisha corrigiu.
- Intermediária de traficante. E mantenho a ironia sobre ele querer se envolver comigo.
Aisha olhou para , levantou as sobrancelhas e fez uma cara de coisa óbvia que simplesmente não dá pra ser descrita. A mensagem que ela queria passar, no entanto, estava bem clara: integrante de boyband JÁ SE ENVOLVEU com intermediária de traficante, e pela cara de Aisha, a intermediária era ela mesma.
- Não.
- Humrrum. – confirmou Aisha com um sorrisinho e balançando a cabeça positivamente.
- Não acredito! – disse boquiaberta – Quem...?
- Opa, isso é segredinho!
Aisha sorriu e levantou da cama, ajustando o uniforme de camareira no corpo esguio.
- Quando eles tomam essa merda, ficam eufóricos o suficiente para esquecer pudores e moralidades.
- Mas... – reclamou fazendo careta. – Eu não quero ficar com uma pessoa quando ela está drogada. Digo, ela tem que me aceitar antes de se drogar. Dizer sim à Electra antes de perder boa parte dos sentidos. Não gosto do que você está propondo.
- , faça o que você quiser. A oportunidade está aí. O encontro tá marcado para às 23h no fumódromo do vigésimo segundo andar. Mesmo que você não vá fazer nada, entregue, porque eu vou estar em um job no centro.
fez sinal positivo com a cabeça e se jogou na cama, pensativa.
- Deixei o uniforme e o pacote no seu armário. E vê se para de jogar um tornado nesse quarto! Eu encontrei um garfo no meio de suas roupas e sua roupa de cama tá toda queimada e com um cheiro terrível de Bourbon. Além do mais, não é possível que seja tão difícil você descer e colocar suas roupas pra lavar. Só sobraram umas dez peças limpas! – disse Aisha, pegando suas coisas e colocando no carrinho de camareira.
Aisha não preferia comentar, mas às vezes se preocupava seriamente com e sua falta de rumo na vida. Ela tinha já seus trinta e oito anos e, mesmo sendo traficante, já fazia mais de uma década que não se drogava ou bebia. Estava salvando o dinheiro que ganhava – que, aliás, não era pouco – para se aposentar aos quarenta e não ter mais que se envolver com aquelas coisas. Ao olhar para , Aisha não tinha a mínima ideia do que aquela garota seria mesmo daqui a dois anos.
Mas a gigante bola de neve que era não era problema de Aisha, e de certa forma ela entendia a garota. Ela só queria ser livre, só isso, mas ser livre e viver nesse mundo são duas coisas que geralmente não se misturavam. seguia um velho lema que dizia que se fosse para morrer em qualquer momento e qualquer dia, ela tinha certeza que teria vivido o suficiente para que seu coração batesse seus últimos batimentos enquanto ainda houvesse um sorriso no seu rosto; um sorriso que recordava memórias maravilhosas como a noite com Harry Styles, a viagem à Grécia com a família em 2003 e a liberdade que tivera desde passara a viver naquele quarto de hotel.
- Aisha – chamou . – Por que você voltou mais cedo? Eu pensei que você fosse ficar mais uma semana fora.
- Senti saudades de você – disfarçou Aisha, que preferia não conversar sobre as ameaças que sofria de seus suppliers.
não estava satisfeita com a resposta, mas entendia que Aisha preferisse não revelar muito da vida bandida que levava. A mais velha então finalmente havia acabado de arrumar suas coisas e o quarto, que cheirava a limpeza. Com as coisas em seus devidos lugares, aquele quarto parecia três vezes maior.
- Vou indo. Toma cuidado hoje à noite. – Aisha disse e aproximou-se para um abraço que foi lhe dado com muito carinho por antes de sair porta afora.




Festas são eventos estranhos para Zayn Malik. Ele não conseguia se divertir como seus companheiros naquelas situações, e o fato de que a banda estava cada vez mais famosa fazia com que ele sempre preferisse ficar em seu quarto. Isso é, quando havia opção. Naquela noite, eles haviam sido convidados para uma festa dada por Perez Hilton. Só de pensar em todas as pessoas que teria que cumprimentar, todos os sorrisos, toda a multidão que teria que enfrentar, Zayn bateu o pé para não ir. No final das contas, conseguiu que dissessem que ele estava gripado e muito cansado.
Naquele exato momento, o garoto estava sentado em uma cadeira na sacada do seu quarto, fumando um cigarro calmamente.
Sem dúvidas que a série de acontecimentos que o levaram até ali foram maravilhosos e até inexplicáveis em certos momentos, mas Zayn se sentia estupidamente cansado. Ninguém imaginava que ele, integrante da maior boyband do mundo, sentia-se tão cansado e triste. Poderia haver muitas mensagens de amor infinito a ele, mas as mensagens de ódio sempre o atingiam em intensidade indubitavelmente mais forte.
Para o não caucasiano da banda, os haters adoravam implicar com sua cor e de onde ele veio. Racismo. Xenofobia.
Zayn era descendente de paquistaneses, e sinceramente não entendia porque as pessoas tinham tanto problema em o aceitarem, mas foi assim durante uma vida inteira. Sua mente estava tão bagunçada que ele, às vezes, considerava alguns elogios como se as pessoas tivessem com pena dele. No entanto, Zayn não conseguia dizer isso a ninguém. Ele se sentia incomodado sozinho, machucado sozinho, triste sozinho. Quando falou com sua família um pouco sobre o racismo, eles tentaram colocar esse problema para a mídia, mas as pessoas não entendiam direito o que ele sofria. Não conseguiam acreditar que existisse racismo com ele, principalmente quando Zayn era estupidamente lindo e talentoso. Não conseguiam acreditar que logo ele sofresse desse tipo de mal.
Era muito fácil dizer a si mesmo e aos outros para que acreditassem em si mesmos e se amassem, mas fazer isso era extremamente difícil.
Por isso e por mais um milhão de motivos, Zayn se forçava a se sentir tão estupidamente feliz quanto estupidamente triste. Mesmo com a companhia inconstante de Perrie, que era muito mais sua amiga do que namorada e compartilhava de muitos pensamentos parecidos, Zayn só se sentia completo quando deixava essa parte “podre” de si de lado, quando ele exterminava essa parte com uma droga. E, aliás, sua relação com Perrie estava cada vez mais estranha, cada vez mais impossível. Ele a amava, ela o amava, mas as coisas pareciam nunca dar certo. Há uma semana os dois tinham brigado e a relação havia acabado, mas não era oficial. Nunca era oficial. Era amor, não podia acabar assim.
Malik entrou em crise existencial só de pensar em um jeito em que houvesse uma luz no final do túnel.
Na última vez que olhou a internet leu comentários sobre as pessoas acharem que ele estava usando cocaína e quase entrou em desespero.

Agora todo mundo vai saber que eu sou um fracasso.

No entanto, a notícia foi logo abafada. Zayn já esperava que a Modest! o chamasse para uma conversa séria e quisesse acompanhar melhor o seu psicológico. Talvez colocá-lo secretamente pra se consultar com um psiquiatra e definitivamente fazê-lo parar com as drogas, principalmente com a cocaína.

Eu não quero parar.

Zayn sentiu um aperto no peito e certa culpa por já ter contatado alguém para levá-lo a droga que precisava. Pelo menos, foi lhe dito que aquela droga era confiável. Aquela podia ser uma despedida para antes que ele fosse vedado pela empresa de gerenciamento do One Direction.

Vai ser a última vez.

 


22:48h

fechou os últimos botões do uniforme de camareira do Rosenfeld. Olhava para si mesma na frente do espelho, ainda insegura sobre o que estava prestes a fazer. Seu celular vibrou sobre a cama, mas ela já sabia o que era. Mais outra mensagem de Harry Styles. Ele pedia quase desesperadamente para encontrá-la mais uma vez. Aquela era talvez a décima oitava mensagem do dia.

Let’s have dinner. x H


Só essa frase fazia com que se lembrasse de Sherlock, um seriado da BBC. Só faltou que ele pegasse o seu celular e gravasse seu gemido como toque a cada vez que ligasse. Mas então percebia que era muito improvável que Harry Styles soubesse daquele seriado a ponto de ter assistido o primeiro episódio da segunda temporada.

Mais uma noite. Let’s have dinner. x H


Nope, respondeu mentalmente. Não seria uma heartbreaker se não conseguisse ignorar algumas mensagens.
A garota voltou a focar-se na imagem que via no espelho. Os cabelos azuis estavam presos em uma trança que dava a volta em sua cabeça como uma tiara. Ela havia se maquiado muito cuidadosamente, fazendo apenas olhos de gatinha com o delineador e cobrindo a pele com um pouco de base. Por baixo do uniforme do Rosenfeld, que consistia em um vestido vermelho e avental negro, ela trajava um vestido de veludo cor de ônix que ela não usava desde que morava no trailer com os seus garotos. Era o único vestido legal que restou no seu guarda roupa depois que Ash tirou as roupas sujas de lá.
estava com um pé para trás sobre encontrar Zayn. Imaginava que se ele tivesse pedido aquela cocaína era provavelmente porque não estava bem, e seria estranho para se aproximar dele na pele de Electra. A verdade é que Electra não ia conseguir se comunicar tão bem com Zayn, e temia que tivesse que deixar as partes mais sensíveis dela em Electra para enfim poder se aproximar do garoto. Além do mais, Zayn era o único que tinha uma namorada e que acreditava que era realmente sua namorada, ao contrário do que pensava sobre as namoradas de Louis e de Liam.
Uma olhada no relógio em seu punho e foi forçada a sair da frente daquele espelho para pegar suas coisas e sair daquele quarto. Teria ainda que pegar o carrinho de limpeza para passar pelas câmeras de segurança sem que alguém achasse que ela era uma fã infiltrada no hotel, além de colocar a sacola que ela havia separado com alimentos e bebidas. Respirou fundo e apenas soltou uma mecha do cabelo antes de pegar o pequeno pacote de cocaína, seu celular e carteira dentro do pacote do avental. Calçou as sapatilhas, desligou a luz do quarto e saiu porta afora.

Not everyone is there to screw you over, maybe yeah, just maybe, they just wanna get to know you”


O fumódromo do vigésimo primeiro andar do hotel Rosenfeld em Los Angeles era um lugar estranho e silencioso. Primeiramente, ele só era utilizado pelos hóspedes do vigésimo primeiro andar, onde ficavam cinco suítes presidenciais, e segundo porque foi um dos poucos lugares que não reformaram em 2008, quando o hotel inteiro recebeu uma modernização. Com isso, havia um quê de filme de suspense de casa antiga naquele ambiente.
O lugar, que devia ter aproximadamente 90m², era divido em duas partes. Em uma, havia três pequenos sofás próximos a uma lareira, que só era usada durante o inverno. Na outra parte, havia poltronas individuais próximas às quais tinham pequenas mesinhas de vidro com cinzeiros de cristal. O papel de parede que cobria o grande cômodo era vintage, com desenhos em preto e dourado sobre uma base do característico vermelho Rosenfeld. O hotel inteiro tinha detalhes naquele vermelho bordô, porque Rosenfeld significava campo de rosas, e nada mais justo para o logo do hotel do que vermelho.
Às 23h em ponto, Zayn Malik já havia se instalado em um dos sofás. Sentava-se com uma das pernas magras cruzada sobre o joelho, relaxadamente. O cabelo estava bagunçado para trás, como se ele tivesse feito uma tentativa de arrumá-los com os dedos. Malik vestia jeans azuis, uma camisa branca e sua inseparável jaqueta de couro. Um cigarro recém-aceso pendia em seus lábios. Pose de bad boy, alma de um garoto cansado.
Electra Heart passou pela última câmera de segurança antes do fumódromo sentindo uma inquietude sem igual. Quando viu Zayn de costas, pensou em simplesmente jogar o pacote lá e sair correndo para se esconder em seu armário abraçando a si mesma em posição fetal. Ele parecia lindo antes mesmo dela ver sua face.
A bolha de tensão que Zayn abrigava a si poderia ser facilmente notada pela que residia dentro de Electra. Ela já esteve onde Zayn parecia estar. Aliás, ela se afundou muito mais naquele poço, de tal modo que tinha medo de se aproximar dele. Uma vez que se chega àquele estado de tristeza e cansaço, parece rápido e prático o caminho de volta até ele.
Mas logo foi escondida pelo ar romântico de Electra Heart, e ela andou rápido até que seu carrinho de limpeza ficasse ao lado de Zayn. O garoto levantou o olhar de lado, seus olhos castanhos pareciam não ter sucumbido aos seus pensamentos melancólicos, e por isso brilhavam do jeito mais hipnotizante possível. Electra não pareceu afetada pelo momento em que ele olhou para ela, mas intimamente se assustou com a súbita vontade de estar próxima ao corpo dele, e de olhar naqueles olhos mais de perto.
E. Heart deixou o carrinho estacionado ao lado do sofá em que Zayn se sentava e andou até o sofá oposto, sentando-se e cruzando as pernas. Por um minuto, os dois se encararam. Zayn só achava que ela era a fonte de droga porque havia chegado no horário certo, mas não esperava que uma garota com o visual de Electra fosse traficante. Até mesmo porque ele esperava um homem, e não uma garota praticamente de sua idade com cabelos azuis e visual estranhamente sedutor. Ela olhava para ele como se fosse comê-lo de garfo e faca.
- Não é um pouco tarde para limpar? – perguntou Zayn com a voz falhando, logo depois tragando o seu cigarro lentamente.
- Nunca é tarde para uma boa limpeza. – disse Electra, ainda o encarando – Você tem outro desse?
Zayn fez sinal positivo com a cabeça. Primeiramente, entortou a coluna para frente, jogando as cinzas no cinzeiro e colocando o cigarro entre os lábios para desocupar as mãos. Puxou a carteira de Malboro Gold e um isqueiro Zippo prata dos bolsos da jaqueta e ofereceu à garota. Já que uma mesa de centro os separava, Electra se levantou e sentou-se ao lado dele, pegando o cigarro de sua mão e esperando que ele o acendesse.
Estranhando a situação, Malik acendeu o cigarro da garota e acabou lendo o nome no crachá: E. Heart.
- Então... – começou ele, assistindo a garota tragar o cigarro calmamente. Aquele pedaço de nicotina parecia relaxá-la do mesmo jeito que fazia a ele, e ela também parecia fumar a muito tempo.
- Então, eu tenho uma proposta para você, Zayn Malik do One Direction.
Zayn escondeu um sorriso de nervoso. Ele só queria pegar o pacote e voltar para o quarto, onde pudesse se drogar em paz e dormir enquanto sua cabeça ainda tivesse girando.
- Eu nem te conheço, E Heart.
- Olha, você já sabe meu nome!
- Eu não... Não tenho intenção...
- Ouça o que eu tenho a dizer. – disse a garota, cruzando as pernas e apoiando o cotovelo sobre o joelho. – Eu sei onde você está. Desde que eu cheguei nesse cômodo, eu pude ver onde você está. Eu já estive aí, Zayn do One Direction. Eu fui mais fundo nesse poço e isso – ela puxou dois saquinhos de cocaína de dentro do avental – apenas me colocou mais fundo. Era um momento de alegria para uma eternidade de tristeza.
Zayn olhou para a garota desconfiado, mas ao mesmo tempo vendo naquele rosto, agora calmo, cicatrizes escrachadas do que parecia uma longa depressão. Ele passou a se atentar para o que ela dizia.
- O momento em que eu subi o poço foi quando eu percebi que o mundo não ia mudar para favorecer o meu lado. E, também, eu descobri o meu problema, o seu problema. O problema em procurar em algo físico a resposta para o meu problema, digamos, espiritual. A gente perde o poder da negação, Zayn. Tem certas coisas que a gente não deve pensar pra não ficar louco, sabe? A gente tem que entrar em negação pra continuar a vida.
Zayn balançou a cabeça negativamente.
- E o que você saberia da minha vida? Você é uma traficante e uma estranha. Não querendo ser mal-educado, mas é verdade.
Electra sorriu.
- Exatamente, eu não sei nada de sua vida! Quão maravilhoso é isso? Você não sabe de nada de mim e eu não sei nada de você, mas queria te propor a viver uma música do David Bowie hoje. Queria te propor a não usar isso.
- Quem te mandou? Foi o Charlie? Essa porra de agência de...
- Eu sou só uma estranha, Malik. Só uma estranha. E minha proposta é que hoje, ao invés de usar isso – ela mostrou o pacote novamente –, eu te mostre uma saída melhor. E, aliás, eu não sou traficante, só estou sendo intermediária. Quero te convidar para, só por hoje, nós sermos heróis.

We can be heroes,
just for one day


Electra tocou o ombro de Zayn e de repente ambos sentiram uma corrente elétrica correndo pelos seus corpos. Um simples toque. Zayn se sentiu assustado e arregalou os olhos, encarando a mão de Electra como se ela fosse uma tomada. Electra, apesar da expressão relativamente calma, assustou-se muito mais do que Zayn. Ela não esperava que tivesse uma reação tão... Radioativa. A partir daquele toque, era como se uma grande tensão sexual se postasse entre os dois, e Electra tirou a mão antes que seu corpo a traísse e ela acabasse por fazer coisas que ela só queria fazer no final da noite.
- Eu acabei com minha namorada, mas eu ainda a amo. – disse Zayn, temendo o que acontecesse se fosse ceder à tensão sexual que o rondava. Suas mãos pareciam arder para tocar a garota de cabelo azul.
- Você sabe qual é o maior problema na maioria dos relacionamentos? – perguntou Electra, logo tragando o seu cigarro e o apagando no cinzeiro. Zayn lembrou que também tinha um cigarro entre os dedos e com muito cuidado tentou colocá-lo no cinzeiro sem que as cinzas caíssem no chão.
- Qual é?
- Eles são fechados.
Zayn não queria admitir, mas a cada segundo aquela garota parecia absurdamente interessante.
- Como assim? – perguntou, ajeitando-se no sofá.
- O amor não tem uma única face, Zayn Malik do One Direction. – ele virou os olhos quando ela o chamou de Zayn Malik do One Direction mais uma vez. – Você tem o amor romântico, esse em que você fantasia um monte de coisa em uma pessoa e quebra a cara depois. Tem o amor que cuida, esse que você provavelmente sente por sua ex, esse que você quer a pessoa do seu lado pra viver com ela não um mundo fantasioso, mas o mundo real. É o amor pra vida. E tem o amor da paixão. Esse que você fica radioativo pela pessoa, como se a qualquer momento fosse explodir em pedacinhos. Ele é rápido, poderoso, e até fatal pra quem não consegue se controlar. Tem amor por uma noite, amor por uma vida, amor por uma semana; tem tanto amor nesse mundo que eu não consigo te explicar sem parecer uma louca. O meu amor é livre.
Zayn sorriu. Gostava do que aquela garota lhe falava. Mas de onde diabos ela surgiu? E como é que, de repente, ele se sentia próximo a ela como se sempre a conhecesse, como se ela sempre estivesse ali, ao seu lado, fumando o cigarro com cara de quem vai comê-lo de garfo e faca. Ele pensou que, talvez, fosse hora para dar uma chance a um momento como aquele. Só o pensamento do que faria caso ela não tivesse sugerido nada já o deixou triste novamente.
Malik a observou com acuidade, assimilando a visão de uma jovem camareira que parecia guardar um baú de coisas interessantes dentro de si. Ela definitivamente tinha atitude e de certa forma parecia independente. Zayn ficou curioso para saber de sua vida, o que estudava, o que fazia nas horas livres. Ficou curioso também para saber se ela tinha a resposta para curar o seu relacionamento com Perrie e se era muito errado que ele estivesse excitado com a sua presença, mesmo amando outra pessoa.
- Ok. Eu topo participar da sua proposta. Mas me explique melhor sobre o que você acha ser o problema dos relacionamentos. – disse Zayn com um breve sorriso. Electra, no entanto, sorriu muito largo, um sorriso de vitória.
A garota levantou e pegou dentro do carrinho de limpeza uma garrafa de Jack Daniels. Pegou dali também dois copos e pôs gelo antes de servir a bebida. Zayn a observava sem dizer uma palavra, silencioso ao apreciar as curvas da garota sobre o vestido de camareira.
Electra deu um copo para Zayn e brindou com ele antes de bebericar o Bourbon.
- A ideia é só beber dois copos.
- Por quê?
- A partir do terceiro vai ficar difícil dizer não. – disse ela, como uma guru do álcool. Zayn riu e bebericou o líquido forte do Bourbon. A sensação de tomar aquilo era como se alguém tivesse derramado álcool puro na sua garganta e simplesmente assoprado depois.
- Então, você me falou de vários amores, mas não disse por que o problema é que os relacionamentos são fechados. – disse Zayn curioso.
- Bem, a coisa é bem simples. E quem vai fazer a pergunta sou eu. O que te impede de amar alguém e desejar outra sexualmente?
Malik puxou o ar duas vezes para falar, mas nada saiu.
- Exatamente, meu caro. Nada te impede. E o pior é quando a pessoa que você ama descobre que você transou com outra e te culpa por isso, quando, na verdade, você não consegue evitar se sentir sexualmente atraído por outras pessoas. Amor é uma coisa e sexo é outra, as pessoas não conseguem diferenciar. Além de que, vamos combinar, se você conhece alguém incrível, por que diabos ser tão egoísta ao ponto de querer essa pessoa incrível só para você mesmo?
- Mas por quê?
- Por que o que?
- Porque as pessoas não conseguem diferenciar?
- Porque elas foram criadas assim. Você, como descendente de muçulmano e que provavelmente conhece a cultura deles bem e deve sentir a diferença cultural para o ocidente. Lá eles acreditam em amor múltiplo, por mais que esse amor seja apenas direcionado apenas aos homens. Aqui não dá, aqui não pode. Aqui, você ter mais de um amante, é proibido. Eles acham ruim que você queira passar o resto de sua vida com uma pessoa e transar com outras no meio tempo.
Zayn olhou para Electra confuso. Ela parecia ter dedicado boas horas de estudo quanto a isso, no entanto, por mais lógica que fosse a crítica que ela fazia, Zayn ainda não conseguia acreditar que aquilo era possível. Amar uma pessoa e transar com outra é o máximo da traição. Se você ama alguém, tem que se privar sexualmente das outras... Mas e se isso não fizer sentido?
- Te fiz pensar, né? – sorriu Electra. Seus olhos brilhavam em direção a Zayn. Ela queria tanto chegar mais perto e tocá-lo, mas se segurava simplesmente porque tinha acabado de conhecê-lo... Poderia parecer muito estranho que ela tivesse acabado de descrever paixão e também acabado de senti-la intensa e vigorosamente.
Por um breve momento, os dois ficaram silenciosos. O sentimento da paixão era recíproco. As pontas dos dedos estavam dormentes, os olhos pareciam lutar para que não desgrudassem um do outro. Electra temia que as coisas estivessem indo rápido demais, e Zayn não conseguia decidir entre ser minimamente centrado e refletir sobre o que ela havia dito ou ceder à delirante vontade de agarrar Electra Heart sem mais nem menos.

When you’re around me
I’m radioactive
My blood is burning
Radioactive


Electra viu quando Zayn fechou as mãos, parecendo incomodado com alguma coisa. Os brilhantes olhos castanhos dele estavam vidrados nela, e perceber o que estava acontecendo era como juntar A + B. A garota colocou o copo sobre a mesinha de centro e tirou o copo de Zayn da sua mão também, colocando-o no mesmo local. E então, sem que Zayn previsse qualquer coisa assim, ela colocou uma perna de cada lado do seu corpo e sentou no seu colo.
- Você acha que isso é errado? – perguntou Electra. – Eu consigo te sentir. Você consegue me sentir. Você ama outra pessoa, eu já amei outras pessoas. Diga-me, Zayn Malik, você acha isso errado?
Zayn parecia não ser capaz de responder. Era verdade. Ele a sentia. Sentia ela úmida por cima dele, e seu sangue também havia decido até a vistosa ereção sob o jeans e a boxer. Sentia o cheiro do perfume dela inebriá-lo, sentia o sangue parecer queimar suas veias. Malik levantou as duas mãos e as pôs sobre a cintura de Electra, e teve um prazer enorme em apenas apertá-la. Os dois sorriram, seus olhos ainda presos um no outro, trocando palavra inexistentes e sensações que apenas olhos fixos poderiam trocar.
Assim que os rostos se aproximaram, no entanto, ambos fecharam os olhos. Electra pôs uma das mãos sobre o rosto de Zayn, sentindo a barba áspera arranhar a palma de sua mão. Seus rostos chegaram à proximidade tamanha que dava para ouvir a respiração pesada de ambos, e sentir o hálito de Malboro e Bourbon se misturarem junto aos perfumes fortes. Uma das mãos de Zayn descera pela cintura até alcançar a perna de Electra, e ele foi levantando o seu vestido vagarosamente, deixando exposta a pele arrepiada da menina.
- Não tem erro. – sussurrou Zayn. Seu coração batia muito forte contra o peito, a adrenalina parecia tomá-lo de vez.
- Então me beije. – Electra sussurrou de volta, com seu pedido logo sendo atendido pelos lábios de Zayn, que tocaram os seus iniciando um faminto beijo.
Não foi nada como o beijo com Harry Styles, no qual havia um encaixe estupidamente perfeito das bocas, mas foi intensamente mais faminto mesmo quando as bocas se moviam vagarosamente, e as línguas se acariciavam como se fossem conhecidas de longa data.
Malik não demorou para levantar os dois vestidos que cobriam o corpo de Electra e começar a brincar com o elástico de sua calcinha. A outra mão agora a segurava pela nuca, fazendo carinhos suaves. Já Electra tinha suas mãos espalmadas sobre o peito de Zayn, e achava maravilhoso o jeito frenético o qual o coração de Zayn batia. Porém isso não impediu que, no mesmo momento, sua curiosidade latejasse em suas veias, fazendo com que o seu quadril fosse de encontro com o do rapaz, sentindo sua ereção. Não conseguiu deixar de sorrir quando ele resmungou baixo contra sua boca, e apertou os quadris novamente, como se estivesse encaixando o membro dele nela, sem nem mesmo haver, de fato, uma penetração.
- Não faz isso comigo... – ele gemeu baixo contra a boca dela, fazendo-a sorrir no mesmo instante, gostando de sentir como ele estava com as defesas baixas nas mãos dela.
- Ainda não fiz nada – ela respondeu baixo. Zayn, no entanto, segurou forte com as duas mãos no quadril dela e a puxou com força contra ele, o que a fez fechar os olhos em um rápido reflexo, podendo imaginar perfeitamente como seria dali pra frente. Ela ditou as regras pra ele, agora bastava segui-las.
As mãos de Zayn subiram do quadril dela, passando pela cintura, subindo pelo tórax até os seios, que se revelavam sobre as mãos dele, fazendo com que os dois trocassem um olhar de curiosidade. Sem pensar duas vezes, ele tirou os dois vestidos que cobriam o corpo de Electra.
Ele encarava os seios dela. Seios fartos, vistosos. Pôde sentir sua boca encher de saliva, a vontade de conhecer aquele corpo mais minuciosamente o deixando ébrio. Electra, vendo o olhar do garoto, mordeu seu lábio, pegou a mão dele e levou para o fecho do sutiã, que era um pontinho brilhante na parte da frente do mesmo. Ela sentiu a mão gelada dele posicionada entre os seus seios abrindo o fecho, deixando-a ainda mais ansiosa do que ela poderia estar.
Ela desejava aquilo com todas as suas forças; o seu corpo clamava por ele como se ele fosse seu hino. Ansiava pelos próximos movimentos de Zayn.
Zayn não conseguiu tirar os olhos dos seios dela enquanto o sutiã deslizava pelos seus braços. Assim que o pedaço de pano foi jogado para o lado, Electra sentou em postura ereta no colo dele, que sentia seu pênis latejando de tesão, o par de peitos posicionado frente ao seu rosto. As mãos firmes de Zayn seguraram os seios dela. Os olhos de ambos estavam presos um ao outro, conectados por uma linha invisível e momentaneamente inquebrável.
Ah, era aquilo. As mãos masculinas começaram a massagear os seios da garota, que deixou a boca entreaberta para soltar o ar mais facilmente. Ela se tentava se controlar, sentindo que a cada massagem, uma onda de adrenalina era enviada para o corpo dela, deixando tudo ainda mais libidinoso. A excitação que tomava o seu corpo lhe dava uma sensação inigualável de deleite.
Electra levou a mão para a nuca dele e apertou a mesma.
- Isso... – se ouviu dizendo quando a mão dele deslizou por todo o seio esquerdo dela e apertou de leve seu mamilo. Gostou da sensação e teve seu olhar correspondido por um olhar excitado de Zayn. Ele continuou o movimento com o seio esquerdo dela, enquanto sua boca descia até o mamilo direito dela, depositando um beijo no mesmo. Aquele pequeno movimento de Zayn fez com que Electra rebolasse sobre o quadril do garoto, resultando em uma expirada pesada de ar dos dois ao mesmo tempo.
A boca dele foi precisa: sugava apenas o mamilo dela, enquanto a mão a massageava ainda mais, cada vez mais intensamente, e a mão dela apertava sua nuca cada vez mais forte.
Electra puxou a sua camiseta, interrompendo-o por alguns momentos em suas carícias, momentos válidos quando pode perceber o que ela tinha ali. Passou as unhas levemente pelo peito do garoto, enquanto ele ainda mantinha seus seios em mãos, fazendo-o arrepiar inteiro e gemer frustrado.
- Essa calça... – resmungou ele, irritado por ainda sentir-se preso naquilo. Electra riu e desceu as mãos para o zíper dele. Zayn, por sua vez, pôs as mãos sobre a cintura dela, observando atentamente as suas ações.
Os dois se entreolharam quando ela terminou de abrir o zíper. A mão dela escorregou para dentro da calça aberta, tocando a ereção dele sobre a boxer. Zayn fechou os olhos e jogou a cabeça pra trás, completamente entregue. Enquanto com uma mão ela descia a calça dele, deixando-o ajudar, a outra mão, posicionada sobre o pênis dele, fazia carícias com capricho. Logo ele sentiu seu membro esquentar, e ergueu mais o quadril para sentir melhor aquelas carícias, além de facilitar para a calça sair dali e parar de atrapalhar.
Electra puxou o ar entre os dentes e se levantou do colo dele, tirando completamente a calça jeans. Deixou as mãos sobre as coxas dele, olhando em seus olhos firmemente, e com a bunda empinada aproximou seus rostos. Zayn a ouviu sussurrar “relaxe...” e a obedeceu, escorregando o corpo no sofá. Sentiu a boca dela molhando seu pescoço, mas logo estava sobre a dele num beijo calmo, mas cheio de tesão de ambas as partes. Ele a puxou para ficar entre as pernas dele, e aproveitou para apalpar a sua bunda com força.
As mãos de Electra foram até a boxer de Malik e puxou o elástico, descendo-a, partindo o beijo quando ela se afastou do seu corpo. Zayn soltou uma lufada de ar.
Electra se agachou entre as pernas dele, sem quebrar o contato visual, segurou seu pênis na base entre o polegar e o dedo indicador e com muita calma, começou a estimulá-lo, fazendo com que o corpo do garoto estremecesse enquanto seus dedos desciam e subiam pela extensão de seu pênis.
- Porra... – ele gemeu baixinho, completamente seduzido e absorto pelos movimentos dela. Electra ia, aos poucos, aumentando o ritmo que fazia com seus dedos, vendo a cada momento o garoto em sua frente se contorcendo em excitação.
Ela trouxe o rosto mais pra frente e com a ponta da língua, passou levemente sobre a glande. No mesmo momento que gemeu, Zayn mirou seus brilhantes olhos castanhos nela. Aos poucos, a língua de Electra ia descendo pelo membro do garoto, lambendo toda a extensão dele, que se controlava com todas as forças para não gemer alto demais. Como uma última investida, ela desceu a língua entre as bolas dele, subindo pela extensão do pênis e parando em sua cabeça, enfiando o membro dele dentro de sua boca, fazendo com que ele gemesse arrastado em aprovação.
Electra se sentia extremamente satisfeita com as reações que provocava em Zayn Malik. Naquele momento, o prazer dele era o prazer dela. Sendo assim, passou a enfiar o pênis do rapaz dentro de sua boca, mantendo-a um pouco fechada, para que houvesse fricção entre seus lábios e a pele do pênis dele, esquentando-o ainda mais, excitando-o ainda mais. Ela fazia os movimentos de vai e vem com a cabeça, criando um vácuo dentro de sua boca que, para Malik, produzia uma sensação muito próxima com a da penetração, só que ainda melhor, porque a língua se movimentava voluntariamente ao redor do pênis. Zayn sentia que estava entrando em êcstasy.
Ela gostava daquilo, sentia-se cada vez mais quente, mais úmida, mais pronta para ele. Foi então que ela começou a sugá-lo com mais rapidez, e sentia que o ápice estava cada vez mais próximo.
- Não pare... – ele disse em tom de ordem, fazendo com que ela fosse ainda mais rápida e precisa, enfiando ainda mais o pênis dele dentro da boca, deixando-o ainda mais próximo de sua garganta – pelo menos o mais próximo que conseguia – e acariciando as bolas na intensidade inversa ao que fazia com sua boca. Zayn então gemeu alto, arfando. – Enough... – disse autoritário, puxando-a pelo cabelo para parar, sabendo que, se ela continuasse com aquilo, ele não aguentaria sem gozar em sua boca. Malik a puxou e deitou seu corpo dela sobre o sofá, se posicionando entre suas pernas. Ela respirava fundo, o coração acelerando pela intensidade com que ele estava analisando o corpo dela naquele momento e, quando menos esperou, sentiu os dedos de Zayn sobre sua vagina, tocando com curiosidade.
- Ah... Molhada pra mim... – ele sorriu com malícia, os dedos posicionados sobre o clitóris, estimulando-a, enquanto sua boca voltava para os seios da garota a sua frente. Ele voltou a trabalhar carícias um tanto quanto selvagens nos seios dela, dando leves mordidas algumas vezes, enquanto seus dedos trabalhavam lentamente em movimentos circulares e precisos no clitóris dela. Electra mexia o quadril, acompanhando os movimentos de seu parceiro, procurando sentir com mais intensidade os movimentos dele. E. Heart sentia calafrios pelo corpo, sem conseguir controlar o tesão que estava sentindo naquele momento. Mesmo sendo Electra Heart a transar com Zayn naquele momento, Rosenfeld era quem sentia o êxtase.
- Oh dear... – ela soltou baixinho, quando sentiu um espasmo, levou as unhas para as costas dele, arranhando-o com vontade, fazendo urrar com aquilo e olhá-la com um sorriso nos lábios vermelhos. Zayn voltou com a boca pra o outro seio dela, enquanto seus dedos agora passavam suavemente em sua vagina, apenas para senti-la quente e úmida para ele. Aproveitando o momento, Electra esticou o braço para fora do sofá e pegou dentro de seu avental no chão uma camisinha. Trouxe o braço de volta e quando Zayn a olhou, ela ergueu sua sobrancelha, mostrando o pacote entre os dedos. Zayn concordou com a cabeça, mas antes que tomasse qualquer atitude, Electra já havia sido rápida ao vesti-lo com a camisinha.
- Agora. – foi a vez dela de usar o tom autoritário e, sem pensar duas vezes, Zayn a penetrou fundo, arqueando as costas e gemendo arrastado. Era aquilo que os dois queriam, se sentir como se pertencem a alguma coisa, a algum lugar e a um sentimento compartilhado de nirvana. Não havia nada mais intenso do que aquilo que estavam sentindo, o fogo consumindo ambos os corpos enquanto Zayn sentia o prazer de ter o corpo dela no seu. Electra, por sua vez, arranhou novamente as costas dele, descendo até sua bunda, espalmando, sentindo as contrações e o movimento de vai e vem sobre ela. Zayn soltava o ar contra o pescoço dela, arrepiando-a, sentindo o hálito do garoto esquentar sua pele. Ele desceu a boca para o pescoço de Electra, mordendo-o de leve, passando a barba áspera pela pele fina.
Intencionando aumentar o poder dos movimentos, Zayn puxou as duas pernas da garota e as colocou sobre seu ombro, logo continuando os movimentos.
- Ahhh... – ele gemeu quando sentiu Electra contraindo sua vagina. A posição facilitava uma penetração mais suada. Zayn aproveitava que ela não tinha muito poder sobre a posição com as mãos nos braços dele para facilitar o equilíbrio e aproximou o rosto dela o suficiente para beijá-la interruptívelmente enquanto diminuía seus movimentos, para fazê-los mais carinhosos e muito mais sensacionais para ambas as partes.
Seus movimentos passaram a intercalar entre rápidos e muito lentos, até o momento em que, quando foi beijá-la, ela simplesmente largou o equilíbrio da posição e colocou as duas mãos segurando o rosto de Zayn perto de si.
- Goze pra mim.
O seu simples ato resultou em um grande furacão dentro de Zayn e logo que ele continuou os movimentos, e ele investiu mais algumas vezes. Ao entrar em contato visual com Electra, viu que seu olhar de “vou te comer de garfo e faca” se tornou um olhar de “essa noite você é meu. De garfo e faca.”. Aquilo o atacou em cheio, e depois de uma última investida seu corpo relaxou, tomado pelo gozo.

Zayn se segurou para não desabar em cima dela, porém, ao abrir os olhos, viu que a mesma estava tensa embaixo de si, e franziu o cenho percebendo que ela ainda estava demorando pra sentir o que ele acabará de sentir. Ah, o tom de desafio. Ele levou os dedos para a vagina dela, mais precisamente sobre o seu clitóris e a estimulou um pouco mais, com intensidade, com mais vontade, fazendo-a arquear as costas e instantes depois, seguido de um gemido alto, ela chegou ao seu clímax completamente entorpecida. Era como ter tomado a melhor droga do mundo.

A sensação surreal pós-sexo rendeu a Zayn e Electra uma louca vontade de sentir o vento no rosto. Electra se vestiu primeiro e sugeriu que fossem aproveitar o resto da noite de uma forma diferente. Zayn, animado com a ideia da garota, vestiu-se rapidamente. Mas foi no momento em que Electra pegava o vestido de camareira do chão que surgiu algo que ambos haviam esquecido: o pacotinho de cocaína.
Zayn e Electra se entreolharam, e ele parecia perdido no que de fazer agora. Electra, no entanto, já tinha o que fazer em mente. Pegou o pacotinho e mirou na lareira, mostrando a ele a sua ideia. Queimar tudo. Deixar a tentação da fatal droga para trás.
Malik engoliu em seco quando levantou e ficou ao lado de Electra trajando apenas o seu jeans aberto e a camiseta branca. Pegou o pacotinho da mão dela e encarou a lareira, imaginando que o fato de estar jogando aquele pacote para queimar poderia ser simbólico. Deixar aquela maldita droga para trás antes que ela o consumisse. Era como ele também ia ter que fazer mais tarde ao deixar Electra sumir de sua vida depois de uma noite como heróis. Deixar a paixão para trás antes que ela o consumisse.
- Vamos. É só jogar e deixar queimar. – encorajou Electra com um sorriso.
Zayn olhou para ela, tomando coragem, e depois inspirou fundo o ar antes de projetar o seu braço para frente e jogar o pequeno pacote de plástico na lareira. Houve um pequeno estalo assim que o objeto começou a queimar, e também um cheiro estranho.
- Agora podemos ir. – disse ele, feliz com a decisão tomada naquela noite. Electra, orgulhosa do que havia causado aquela noite, pegou a jaqueta dele se posicionou atrás do garoto. Sua respiração soprava um ar quente no pescoço de Zayn, que apenas ficou parado inebriado com a presença e sensação que Electra lhe causava.
Ela beijou-lhe o pescoço antes de estender a jaqueta para ele vestir. Zayn colocou os dois braços na jaqueta e ajeitou o couro no corpo, logo depois virando para encarar Electra. Viu os lábios avermelhados e pequenas marcas, também avermelhadas, de sua barba pelo pescoço e colo dela. O garoto tentou entender como o penteado do cabelo dela funcionava e então, tirou os grampos que prendiam a trança ao redor da cabeça. O cabelo azul caiu em ondas traçadas pelo penteado, cobrindo um pouco do colo.
- Linda. – disse ele, enquanto Electra apenas sorriu, sem saber direito como reagir. Querendo desromantizar o momento, ela o beijou rapidamente e então tratou de apressar para sair dali. A ideia era de pegar escondido a Ferrari de Mikael Rosenfeld, o pai de . Mikael tinha uma imensa coleção de carros, e por mais que proibisse todos os filhos de usar quaisquer dos carros da coleção, já havia desobedecido diversas vezes. Ela esperava que desobedece vezes o suficiente para que Mikael resolvesse finalmente dar o carro a ela.
Aquela era a décima vez.

Era uma Ferrari 458 Spider estacionada no canto da garagem, parecendo sozinha em sua majestade. Ela tinha aquela cor clássica de vermelho, forte e sedutor. Zayn estava impressionado com o carro, mesmo quando ele mesmo poderia comprar um. Aquele era um carro de coleção, muito bem cuidado e com tudo original. Definitivamente, algo lindo de se ver. Zayn quis comentar que achava meio errado que eles pegassem o carro sem permissão, mas Electra previu que ele o fizesse e se aproximou para sussurrar em seu ouvido:
- Não tem erro. – disse ela, exatamente como ele havia dito mais cedo.
Zayn riu, lembrando-se do momento que tiveram juntos.
Foi de repente que o celular de Electra apitou alto. Ele ouviu quando ela resmungou lendo a mensagem, mas não se importou em querer saber quem era ou o que era a mensagem. Aquela garota acabara de lhe falar tanto sobre liberdade que ele se sentia ridículo em ser curioso demais sobre sua vida pessoal. Aliás, ele também já sabia que o nome dela provavelmente não era Electra, mas não queria comentar. Não queria prender o pássaro que era Electra Heart de frente para parede fazendo perguntas demais.
- Quer dirigir? – perguntou ela, mas Zayn recusou, com medo de acabar causando algum dano àquela maquina. Electra riu e pulou a porta para entrar no conversível, tendo Zayn feito isso logo em seguida.
Os dois dirigiram por Los Angeles sem nem ao menos se preocupar com possíveis paparazzi’s ou pessoas que reconhecessem e tirassem fotos. Era delicioso sentir o vento forte contra o rosto, o ar de litoral, o cheiro do mar tão próximo. Electra dirigia como uma louca – na verdade, dirigia como – passando por sinais vermelhos e fazendo manobras perigosas que deixavam Zayn muito mais rindo do que com medo. Suas mãos, de vez em quando, trocavam carícias gostosas, e os olhares, quando Electra não estava muito atenta ao caminho, se chocavam como os velhos conhecidos que ninguém conseguia entender como poderia acontecer.
A paixão os tomou sem dó. Os dois pararam ainda para comer um sanduíche na praia e ficaram no carro, comendo e bebendo, esperando o sol nascer. Jogaram conversa fora. Discutiram sobre razões para enfrentar a vida como dois depressivos filósofos. No final, decidiram que a vida valia a pena exatamente por momentos como aquele. Electra teve uma sensação de dejá vu quando achou seu kit de baseado no porta-luvas. Lembrou-se de Styles. Lembrou-se de quando acendeu aquele baseado e ele fumou, ficando terrivelmente mais engraçado e mais bonito quando chapado, os olhos esmeralda avermelhados, o sorriso bobo nos lábios...
Os pensamentos de Electra logo se dissiparam quando Zayn chamou sua atenção com sua mão gelada e pesada sobre a nuca. Ela sorriu e olhou para o que ele apontava. O céu já estava azul mais claro, e uma fina linha laranja anunciava que o sol ia nascer. Electra olhou para ele, assistindo-o ao seu lado, os olhos castanhos brilhando e sendo logo bombardeados pela claridade. Absolutamente lindo. Ela queria dizer isso a ele, mas achou que estava sendo romântica demais para quem era conhecida como heartbreaker.
Zayn parecia vivo. Não era mais o garoto que ela encontrou no fumódromo. Electra não sabia dizer se as coisas que ela havia dito, sobre amor, relacionamentos e vida, iriam realmente afetá-lo depois que fosse embora. Ela não sabia se havia realmente colocado um tipo de semente dentro dele que poderia ajudá-lo a viver mais longe do medo. Viver mais como naquele momento do que nos momentos em que ele sofresse.
A garota ligou então o rádio e aumentou o som.

Now the time is here,
Baby you don't have to live your life in fear
And the sky is clear, is clear of fear


Capítulo 4

Lonely Hearts Club



A Ferrari do pai de foi rapidamente estacionada em sua devida vaga pela motorista desvairada (porém muito boa) que era Electra Heart. Ela olhou para Zayn de imediato, ele que tinha agora os castanhos olhos avermelhados de sono e cansaço. Com um sorriso, inclinou-se e beijou os lábios de Zayn uma última vez.
- Obrigada por ter aceitado a proposta. - disse ao se separar. Zayn a puxou e beijou seus lábios também uma última vez.
- Obrigada por ter me mostrado um novo mundo.
Os dois se encararam, despedindo-se com um olhar. A noite tinha sido maravilhosa e mesmo Electra com seu diploma de especialistas em Noites Memoráveis, quis adicionar aquela ao TOP 5. Agora que Zayn Malik tinha seus olhos brilhantes combinados com um sorriso em seus lábios, ela sentia que seu trabalho estava completo.
Zayn saiu do carro com o seu sorriso de pequenos dentes e que fazia seus olhos encolherem, e então os dois saíram do carro. Em silêncio, dirigiram-se ao elevador e Electra desceu dois andares antes do real andar em que morava. Mesmo sabendo que a porta do elevador havia fechado, ela olhou para trás. Sua atitude de olhar para trás talvez não era para que visse Zayn, mas para que conseguisse vislumbrar os incríveis acontecimentos das últimas 12 horas.
Electra carregava em mãos o uniforme de camareira e o seu celular, que apontava para 10h da manhã. Apesar de estar cansada, sentia uma vontade tremenda de voltar à praia e surfar como não fazia há três longos meses. A vida de morar sozinha acabava por fazê-la entediar diante mesmo das suas tarefas mais queridas. Além de que havia um grupo de garotas que estava muito irritado com ela porque ficou com um cara que era namorado de uma delas. Não adiantou que pedisse desculpas e que falasse para aquelas garotas que o otário era ele, elas estavam convencidas de que (ela usou seu verdadeiro nome para se apresentar e se arrependeu amargamente) era uma vadia e ponto final.
traduzia que quando a chamavam de vadia era o mesmo que “você é uma mulher livre e eu estou incomodada com isso”. Sendo assim, não se importava, mas se tornava cada vez mais difícil lidar com as pessoas que, porque ela era livre, deixavam de tratá-la como uma garota, um ser humano.
Todavia, naquele específico dia, queria mais é se divertir e não se importar com esses probleminhas. Por ter ido à praia com Zayn, lembrou-se de quão delicioso era o cheiro que vinha da água salgada.
Entrou em seu apartamento e rapidamente tomou uma ducha e vestiu o biquíni, shorts jeans e camiseta. Durante a ducha, ainda, lembrou-se de mudar a cor do cabelo. Seria facilmente reconhecida como a garota de cabelo azul, então pôs um shampoo que deixou seu cabelo temporariamente verde água. então pegou a roupa de neoprene, protetor solar, creme de pentear cabelo, garrafa de água do frigobar, dinheiro, celular, óculos de sol e seus cigarros Lucky Strike e mais dois de maconha, e então colocou tudo em uma mochila. Satisfeita, saiu e fechou o apartamento.
Sua prancha, uma funboard com uma flor de lis idêntica a da sua tatuagem estampada, foi encontrada no depósito da família na garagem, junto à prancha de Valerie, sua irmã. Valerie deve ter usado aquela prancha duas vezes na vida, mas pediu tanto por companhia que a mais velha sempre a acompanhava à praia. Isso é, antes de Valerie se tornar responsável por toda a rede de hotéis.
A prancha foi colocada sobre os bancos de trás da Ferrari. Ela realmente não ia deixar de usar aquele carro até que o conseguisse para si. A mochila foi jogada no banco do carona e sentou-se no banco do motorista sem nem abrir a porta.
A moça acendeu um cigarro, colocou os óculos escuros e então finalmente saiu da garagem, indo em direção a sua praia preferida em Malibu.

Não demorou muito para que chegasse ao seu destino. Com aquele carro possante e dirigindo como uma louca, as pessoas ao redor pararam para olhar para ela quando chegou. De longe pode avistar o grupo de garotas que cansaram a sua rotina de surf. Olhou para elas sem expressão. Deixou maioria de suas coisas em um porta-volumes que tinha perto da barraca de praia, inclusive as roupas que vestia. Colocou o traje de neoprene até a cintura, passou protetor solar e levou em sua mão apenas um restinho de parafina e a prancha.
Sentia o cansaço de uma noite não dormida bater, mas simplesmente o ignorou. O céu estava praticamente limpo de nuvens, e o sol estava forte e quente. O corpo de já transpirava, mas não iria entrar no mar sem a devida roupa. A água naquele local era bem fria e a roupa também a protegia de queimar a pele em demasiado.
Durante toda a tarde, surfou. No começo, para falar a verdade, levou mais caldo do que ficou em pé na prancha, mas logo depois pegou o jeito novamente e ao final da tarde já estava fazendo manobras como costumava fazer.
Quando voltou ao carro, no entanto, o maldito grupo de garotas estava a sua frente, esperando-a, e uma delas portava uma chave como ameaça. Quando percebeu o que a menina ameaçava – isso é, arranhar a Ferrari – seu sangue automaticamente subiu. Sentia uma raiva absurda. Seria tão difícil para elas que apenas deixassem em paz?
O grupo era de quatro garotas. Todas bonitas do seu jeito próprio, três loiras e uma morena. A mais alta, que parecia a alfa de uma alcateia de lobos, chamava-se Heather. Tinha os cabelos loiros cortados na altura dos ombros e usava um conjunto parecido de jeans e camiseta que havia usado para chegar até a praia. A morena era Alysia, a do namorado que traía. As duas outras loiras eram Dini, de cabelos muito curtos, e Fendi de cabelos longos. Eram irmãs gêmeas dizigóticas.
Heather se aproximou de , que segurava sua prancha com muita força, parecendo se impedir de dar uma pranchada na cabeça de Heather. Alysia ainda estava muito perto do seu carro com aquela chave e, aliás, o carro era da coleção de seu pai. Se acontecesse qualquer coisa, a sua vida fácil naquele hotel, com despesas pagas e mesada, com certeza ia acabar. Aquilo seria o fim de era Electra Heart, provavelmente. Só a ideia disso deixava com as narinas inflando. Se fosse para a era E. Heart terminar, que fosse quando ela quisesse que acabasse, quando tivesse pronta para seguir em frente.
- Quem foi que permitiu que voltasse aqui, ? Aqui não é seu ponto. Lugar de puta é no puteiro.
, tomada pela raiva, riu. Se alguém não intervisse, ela provavelmente ia dar uma pranchada naquele rostinho perfeito de Heather.
- Desculpa, mas não sou prostituta. Sou apenas vadia mesmo, não é assim que vocês me chamam? Não me importo, realmente não me importo. Mas sinceramente, quem foi que nomeou vocês como donas da praia?
- Só estamos impedindo que gentinha como você frequente esse lugar. – disse a gêmea Dini.
- Mulheres livres como eu, você quer dizer? E você vai fazer isso arranhando meu carro, Alysia? – saiu de perto de Heather, com cuidado por esperar que a mais alta a atacasse de verdade, e colocou a prancha no banco de trás, assim como sua mochila. Preferiu tentar terminar com aquilo e sair dali o mais rápido possível, sem violência. Aproximou-se de Alysia para tentar lhe explicar algo ao mesmo tempo em que tentava uma boa posição para arrancar aquela chave dela. – Alysia, eu não sabia que ele era seu namorado. – disse , em parte mentindo porque, mesmo sem que ele contasse, desconfiava que fosse a outra. – Se soubesse, jamais tinha deixado que ele chegasse perto de mim. E eu não preciso ser sua amiga pra isso, se uma pessoa escolhe ser monogâmico, pra mim tem que honrar com seu compromisso. E pense bem, se ele foi atrás de mim, imagine de quantas outras ele já não foi atrás? Com quantas outras ele já te traiu?
Alysia pareceu pensar por um momento, mas o grito estridente de Heather a interrompeu de até mesmo perceber o óbvio.
- ARRANHE! – foi o que Heather gritou. – ARRANHE O CARRO DELA, ALYSIA!
Assim que a morena se inclinou para arranhar, segurou a sua mão e a impediu com força.
- Nem pense nisso. Tire sua mão do meu carro e leve você e seus chifres pra longe daqui. – disse com raiva.
Com isso, o grupo de meninas também se enfureceu. E mesmo com muito bem treinada desde sua última aula de defesa pessoal – que ela resolveu fazer depois de ler relatos de estupro na internet –, não conseguiu lutar. Elas eram quatro, era só uma e seus músculos estavam definitivamente destruídos depois de se esforçar tanto no surfe. Todas as quatro garotas pularam para cima de , estapeando-a, puxando seus cabelos, espancando-a. Ao mesmo tempo em que tentava lutar contra elas, acabava se tornando cada vez mais fraca.
De repente estava no chão, em posição fetal, e as quatro garotas a chutavam sem parar. Foi então que ouviu a voz de uma intervenção, uma voz que disse:
- Parem com isso!
Ela não sabia de onde vinha, e sua visão estava turva. Havia levado muitos chutes nas costas e um deles bateu em sua cabeça de tal forma que sentia estar girando em círculos, mesmo com seu corpo estático sobre o chão. Com alguma dificuldade, virou a cabeça e a luz dos postes atingiu em cheio seus olhos despreparados. Viu então o que parecia ser um segurança afastando as garotas e brigando com elas, e alguém que se aproximou dela e parecia estar falando alguma coisa que ela não conseguia entender.
- Você está bem? – perguntou a pessoa pela décima vez, quando finalmente entendeu alguma coisa. Ela fechou os olhos com força e os abriu novamente, e quando distinguiu a imagem e viu quem estava a ajudando, quis rir.
Liam Payne ajudou a se levantar com cuidado e a fez segurar em seus ombros para ficar em pé. Ela ainda estava meio tonta e quando olhava para ele sentia tamanha incredibilidade que preferia nem pensar que era exatamente Liam que estava ali. Qual era a probabilidade de ele estar ali e ainda de estar ali sem uma legião de fãs atrás dele?
- Estou. Obrigada. – disse , respondendo à pergunta dele. Teve que se segurar com mais força nele quando suas pernas pareciam falhar sem aviso prévio. A verdade é que tinha sido espancada por aquelas garotas, simplesmente. – Você poderia me ajudar a entrar no carro? Eu só quero sair daqui.
- Você vai dirigir nessa situação? – perguntou Liam, preocupado. Ele e Louis haviam resolvido tomar aulas de surf como fizeram da última vez que foram à Austrália. Dessa, no entanto, tinham surfado mais do que tomado caldos. Foi quando saíam para a van, torcendo para não serem reconhecidos imediatamente, que viram e seus cabelos temporariamente verdes caírem no chão e serem espancados por um grupo de quatro garotas. Louis pediu que não intervisse, mas Liam sentia o dever de ajudar a garota. Chamou Paul para afastar as meninas que atacavam a de cabelo verde e gritou para que parassem.
Quando Liam olhou para , deitada no chão em posição fetal, suja, arranhada e machucada, sentiu que seria um monstro de deixa-la ali sem ajuda alguma. Não lhe interessava o que ela teria feito para ser tão agredida, aquilo não era uma briga, eram quatro garotas espancado uma só.
Os braços de estavam realmente arranhados por causa do asfalto, e doíam intensamente. Sua cabeça parecia rodar um pouco ainda, e o corpo doía tanto que ela sentia estar dormente.
- Eu só quero ir pra casa, por favor.
- SE FAZENDO DE VÍTIMA, ? SUA PUTA! EU DEVERIA TER TE BATIDO COM MAIS FORÇA! – gritou Heather.
- E NÃO VOLTE MAIS AQUI! – gritou Alysia enquanto saía de cena, levando suas agressivas amigas consigo.
imaginou que aquelas garotas tinham uma vida banhada de tudo que fosse necessário: saúde, educação, lazer; e mesmo assim, portavam-se como fucking animais.
suspirou e tentou se soltar de Liam, agradecendo mil vezes por ele ter interferido.
- Se você não as parasse, eu não sei o que teria sido de mim.
Liam sorriu, amigável.
- Ah, não se preocupe. De qualquer forma, eu sempre quis salvar alguém. – disse ele.
sorriu, mas foi difícil manter um sorriso nos lábios quando seu corpo todo estava em desesperada dor. Foi então que Louis Tomlinson apareceu também ao seu lado.
- Você está bem? Quer carona? – perguntou ele. Agora que já ajudaram, pensou, deviam fazer o serviço completo.
- Eu vou estar melhor quando chegar em casa, isso eu garanto.
- Acho que você devia ir a um hospital. – disse Liam, atencioso. No entanto só o pensamento em hospital assustou , e ela não tinha ninguém para acompanhá-la, o que era definitivamente assustador. Ela só queria ir para o seu apartamento, cuidar do que conseguisse cuidar e ligar para Valerie. Quando a irmã soubesse o que tinha acontecido, com certeza ia pegar o primeiro voo. Por mais confortável que tivesse ao lado de estranhos, aquele era o momento em que só a companhia da sua irmã parecia aceitável. Ela não queria ter que ser Electra Heart quando tão machucada.
- Não, de jeito algum, eu...
- Vamos levá-la ao hospital – disse Louis, parecendo não deixar a opção “não” para . No mesmo momento, ele virou-se para Paul e pareceu agilizar um jeito de levar ao hospital.
- Vocês já fizeram o suficiente, eu posso dirigir. Meu hotel não é tão longe...
- Onde você está hospedada? – perguntou Liam.
- No Rosenfeld da colina.
- Nós também! Que coincidência! – disse ele, com um sincero sorriso.
- É verdade – riu . – MUITA coincidência... – Ela suspirou. – Vocês podem me deixar lá que eu tenho quem cuide de mim. Por favor, eu sei quem vocês são. Não acho que vai ser legal se alguém tirar uma foto, porque eu realmente não tenho estruturas para receber ódio de suas fãs. Conheço a indústria, acredite em mim.
Liam ouvia o que tinha a dizer e se sentia extremamente desconfortável com aquilo. Por mais que quisesse contrariá-la, sabia como as coisas funcionavam quando de repente uma garota aparecia próxima à banda.
- Está tudo bem, eu...
No exato momento em que Liam ia falar, uma forte luz de flash iluminou seu rosto e o de . Quando os dois olharam para a fonte daquela luz, era uma moça jovem super animada com a câmera de um celular.
- É disso que estou falando. Pode deixar, eu vou dar um tempo e consigo dirigir. – olhou ao seu redor, onde algumas pessoas pareciam observar atentamente sobre os próximos acontecimentos. Na verdade, aquelas pessoas provavelmente tinham assistido a aquelas garotas espancando-a sem intervir e prestavam dez vezes mais atenção agora que reconheciam que o salvador de era um integrante do One Direction.
Foi então que Louis chegou com sua solução. Primeiramente, colocou-se do outro lado de e puxou seu outro braço para cima de seus ombros, fazendo com que ele apoiasse nele também. E então finalmente falou seu plano.
- Nós vamos te deixar no hospital que você achar melhor pra você. Hoje é nosso dia de folga, como você pode ver, e nós não teremos nenhum problema em desviar um pouco a rota.
- O meu carro…
- Levando em conta que seu carro é uma Ferrari, eu tenho quase certeza que você não vai querer deixá-lo aqui, então humildemente me ofereço para dirigi-lo até o hotel e lá você pega – disse Louis com um sorriso no rosto. – Você tem alguém que gostaria que nós ligássemos?
- Não, não. Eu estou sozinha – disse , mesmo em plena noção de que seus pais estavam em casa e não muito longe dali. Ela não teria como explicar a eles porque foi espancada por quatro garotas, não de um jeito em que suas mentes conservadoras fossem entender. Valerie parecia ser a única capaz de lidar com eles. – É Louis, não é? – perguntou , mesmo sabendo a resposta que o garoto com incríveis cheek bonés ia dar.
- Sim – respondeu ele.
- Louis, eu prefiro que você leve o carro pro hospital e eu dirijo...
- Nope – respondeu ele. – Nada de dirigir. Você tem noção de quão machucada está, garota?
balançou a cabeça negativamente.
- Pegue um táxi quando sair do hospital. Faça qualquer coisa, mas não dirija. Seu braço esquerdo tá todo arranhado e eu tenho certeza que você machucou alguma coisa séria – disse Liam. Ele e Louis já haviam a levado até a porta da van. Liam esperou que ela entrasse para completar o que queria dizer.
- Estamos todos no décimo sexto andar. Quando você voltar para o hotel, dá uma passada pra dizer que tá tudo bem, liga, sei lá. Só pra gente saber que você está ok, tá?
balançou com a cabeça e murmurou positivamente, sentando-se com muita cautela no banco da van. Foi então que lembrou-se que estava molhada e rapidamente se levantou.
- Tô molhada! – disse ela, preocupada. – Tem uma toalha no carro pra mim. E minha mochila!
Louis foi quem atendeu ao que ela pediu e foi até o carro dela, pegando uma toalha e pegando sua mochila no chão. Levou as coisas para ela e esperou.
abriu a sua mochila e de lá tirou a chave do carro. Ela ainda estava em pé na van com medo de molhar o banco. Esgueirou-se para entregar a chave da Ferrari a Louis.
- Tome cuidado com meu bebê. O documento ta em uma carteira preta dentro do porta-luvas. E não precisa usar o celular, tem GPS acoplado. Deve ter o hotel nos últimos destinos.
- Okay. Juro que não vai acontecer nada.
Louis sorriu e pegou a chave. Não conseguia se segurar porque ia dirigir uma Ferrari de coleção.
- E Louis – chamou novamente, fazendo Louis dar meia-volta. – Muito obrigada por ajudar. De verdade.
- De nada... Opa. Eu nem sei o seu nome! – disse Louis, e Liam percebeu que era verdade e que mesmo estando a ajudar aquela garota, ele não tinha a mínima ideia de quem ela era.
sorriu cordialmente.
- Me chamam de Electra Heart – disse ela, assumindo sua personagem.
- Nome legal – disse Liam, e a Electra agradeceu o elogio.
Louis então pegou sua carteira e celular no banco de trás, retirou-se e foi até a Ferrari. Agora havia várias pessoas rodeando o carro, e havia sangue de espirrado no chão próximo ao carro. Sentindo-se poderoso, Louis acariciou o volante e o painel do carro. Ligou a chave na ignição e acelerou. Estudando o painel, encontrou um botão que ligou uma tela sobre alguns controles. Na tela apareceram ícones para GPS, música, vídeo e mais algumas coisas que Louis custou a acreditar que poderiam haver em um carro. Ele pressionou o GPS e encontrou o Hotel Rosenfeld nos últimos destinos.
assistia da janela fumê Louis dar start no carro antes de sair e ele parecia ter gostado da tecnologia. Ele ainda ligou o som e tomou um susto quando Halestorm começou a tocar Love Bites (So do I) tão alto.
- Acho que ele está se divertindo – comentou . – Bem, eu vou ter que tirar esse negócio molhado e colocar uma roupa seca.
Liam olhou para ela sem parecer entender. Ele estava sentado basicamente ao seu lado – se ela não tivesse em pé – e encarava a garota com a roupa de neoprene até a cintura.
- Liam, você poderia se virar para que eu pudesse me trocar?
- Mas você está de biquíni. – disse ele com uma expressão que misturava o inocente e o diabólico.
- Vire. – disse ela séria.
Liam então se virou para o lado da porta e ficou a aguardar. Enquanto isso, Paul e o motorista da Van conversavam lá fora. Liam foi lento ao perceber, mas Louis sabia que ela teria que trocar de roupa para ir ao hospital e pediu para que Paul e o motorista aguardassem até serem chamados.
teve muita dificuldade de se trocar dentro da van. Seu corpo ainda doía muito e era difícil fazer movimentos também naquele espaço pequeno. Ela nem ao menos percebeu que enquanto vestia o short Liam parou de conversar porque teve a curiosidade de olhar para trás – e não se arrependeu.
Devidamente trajada em roupas secas, colocou a roupa molhada na mochila e colocou todo resto das coisas em uma sacola plástica que felizmente encontrou.
- Podemos ir – disse ela. – E você já pode virar.
Liam se virou para a garota e sorriu. Gostava do jeito dela, e estava extremamente curioso para saber o que aconteceu para que ela fosse espancada daquele jeito. Era estranho olhar para o estranhamente bonito rosto dela e ver uma parte arranhada e um olho que ele tinha certeza que mais tarde ficaria roxo. Encarando-a daquele jeito, ele percebia que Electra tinha uma peculiar áurea de mistério.
Suspirando, Liam se levantou e chamou Paul e o motorista para que fossem logo. Observando os machucados de Electra, tinha quase certeza que ela estava sofrendo em silêncio.
Assim que Paul entrou na van junto ao motorista, perguntou:
- Menina, o que você fez para irritar tanto aquelas quatro?
- Sinceramente? Nem eu sei direito. Acho que elas ficaram incomodadas com minha existência, ou algo assim – respondeu Electra.
Paul riu.
- Sua existência?
- Sim. Tem gente que é assim. Eu só não esperava que elas fossem me bater e me expulsar da praia.
- Tem algo que você não está nos contando... – disse Liam.
Electra apenas sorriu, como quem concorda e quem não vai dizer mais nada.
- Qual hospital você deseja ir, garota? – perguntou o motorista.
- No UCLA, por favor.


Durante todo o percurso até o hospital, Liam, Electra e Paul engataram uma conversa divertida que acabava ajudando Electra a esquecer um pouco das suas dores. Liam passou o seu quarto de hotel – 1606 – e pediu que ela ligasse.
Até aquele momento, Electra tinha uma visão muito limitada de Liam. Ele era sempre pintado como o romântico, fofo, etc, e ela não conseguia também ver nada além disso nele. Ele era extremamente educado e já havia provado ser um bom salvador. Liam exalava uma segurança inigualável.
No entanto, depois de conversar, Electra percebeu que Liam se sentia muito sozinho. Brincou com ele sobre os dois estarem em um clube de corações solitários. Ele, por ter dificuldade de achar uma pessoa que gostasse dele por quem ele é como pessoa, ao invés de quem ele é como membro da boyband mais famosa do mundo; e ela por ter dificuldade de deixar que as pessoas se aproximem e por ter medo que não a aceitem como ela é: livre pra voar.
Lonely Hearts Club.
Ao chegarem à emergência, Electra se despediu daquelas pessoas sem poder lhes dar um abraço por terem sido tão boas com ela. Agradeceu por tudo e saiu com a mochila nas costas em direção à recepção da emergência.

Liam assistiu Electra se afastar com um sorriso maroto no rosto. Sentia-se conectado a ela e pelo menos agora havia um motivo para isso: eles faziam parte do mesmo clube. A van se afastou do hospital e de Electra, mas os pensamentos de Liam continuavam presos a ela.


Depois de ter sido enfaixada e basicamente ter tomado um banho de antisséptico, pôde finalmente voltar para o hotel. Chamou um táxi na porta do hospital e anunciou:
- Hotel Rosenfeld. O das colinas.
Com isso, aproveitou para finalmente pegar o seu celular e ligar para sua irmã Valerie. Não tinha a mínima noção de em que lugar do mundo ela estava, ou que horas seriam para ela, mas precisava contar o que havia acontecido. Valerie atendeu o celular parecendo estar ocupada, mas assim que disse que tinha acabado de sair do hospital, Val simplesmente largou tudo que estava fazendo para ouvir o que a irmã tinha a dizer.
- Espera. Elas te bateram porque você pegou o namorado de uma delas?
- Sim. Ele nunca me contou que namorava, Val, eu juro! E eu aposto que a Alysia ainda está com ele. Provavelmente levando mais chifres que todos os alces da América do Norte.
- Agora isso realmente ficou confuso pra mim.
- Val, se seu namorado te traísse com outra, em quem você ia bater? Nele ou na outra?
Valerie pareceu pensar bem. Ela provavelmente ia xingar a outra de puta ou vadia ou qualquer coisa do tipo e ia querer se separar do namorado para sempre.
- Você não está se esquecendo de me dar alguma informação, não?
rolou os olhos. Merda.
- Vamos dizer que eu não sou a pessoa mais adorada em Malibu.
- Porque você já pegou Malibu inteira?
- Nah, eu não gosto muito dos caras de lá. Mas os caras de lá gostam de mim. E aí você sabe como é esse mundo e como as mulheres não gostam quando outra chama atenção desse jeito.
Valerie pareceu entender e suspirou. Agora temia que a irmã saísse levando porrada toda hora.
- E por que mesmo você não revidou, ?
- Porque eu tava cansada. Porque eu não consegui. E eu não quero ir prestar contas depois, porque eu não quero dar continuidade a essa babaquice. Além do mais, elas sabem meu nome.
- Sabem que você é uma Rosenfeld?! – perguntou Valerie preocupada.
- Não. Sabem que eu sou e dirijo uma Ferrari.
Valerie balançou a cabeça negativamente. Não aguentava a petulância de em pegar a Ferrari de Mikael.
- Olha, , eu acho que não tem condições de você continuar aí. Venha para Nova York, passe um tempo aqui. Deixe as coisas esfriarem e aí você volta. Pode deixar que eu falo com os coroas. Venha ficar perto da sua irmã, aqui pelo menos eu posso te ouvir mais. Já estou viajando menos.
pensou bem. É, talvez fosse uma boa ideia sair de Los Angeles por um tempo. E Nova York também era uma cidade maravilhosa, apesar de que ia demandar um pouco de tempo para que ela se ajustasse. No momento, para falar a verdade, ela só queria estar em algum lugar em que pudesse estar próxima a alguém que amasse incondicionalmente, e esse alguém era apenas Valerie.
- Okay. Eu vou comprar a passagem. Prepare meu cantinho aí, sis.
- Venha o mais rápido possível, dona moça. Se tiver passagem para amanhã, venha amanhã.
assistiu o táxi se aproximar do Rosenfeld e de sua incrível magnitude.
- Tô muito quebrada pra pegar 5 horas de voo desse jeito. Daqui a dois dias eu vou.
- Depois de amanhã ou eu compro sua passagem por você.
- Okay, okay... – disse enquanto procurava dinheiro em sua bolsa. – Até lá, sis.
- Até. Cuide-se, . Fique de repouso!
- Beijinho! – disse antes de desligar o celular. Pagou o taxista e então saiu do carro. Foi direto para o seu quarto sem nem cumprimentar os funcionários que ela conhecia. Estava simplesmente destruída e queria um banho quente de pelo menos meia hora e um baseado. Rejeitaram lhe dar uma morfina, mas os chutes que havia levado na barriga doíam imensamente, quase como facadas.
Ela ainda quis ligar para Liam, mas de repente era tarde demais e ela dormiu sem nem se cobrir.
Naquela noite, teve o pior pesadelo da sua vida. Sonhou que ia morrer sozinha.

We come alone
And alone we die




Eram apenas oito horas da manhã quando alguém bateu à porta de . Esperando que fosse Aisha, ela levantou da cama e puxou o lençol para cobrir as marcas roxas no corpo. Havia dormido só de calcinha e todas as marcas realmente estavam expostas. Se Aisha visse a porrada que ela levou, ia querer prestar contas com quem quer que tivesse feito isso. E, acredite, ninguém quer se envolver com violência de traficante.
abriu a porta esperando o black de Aisha, mas foi o sorriso de Liam Payne que encontrou na porta. Quis arrumar o cabelo, cobrir-se mais, tentar abrir mais o olho esquerdo – apesar de que isso era basicamente impossível, porque ele estava inchado e roxo. Não deu pra fazer nada, apenas continuar surpresa e com cara de sono na frente dele.
- O que você está fazendo aqui? – perguntou, tentando não soar rude. Não se recordava de ter dito o número do seu apartamento para Liam.
- Já que você não ligou, eu vim ver como você está – disse ele, cordial. – Desculpa ter te acordado.
não pode deixar de notar que Liam estava vestido como quem estivesse preparado para sair.
- Tô dolorida, só. Acho que vou me mudar – disse ela, abrindo a porta – Entre, pode entrar. Eu vou só vestir alguma coisa.
- Estou de saída – disse Liam, parecendo desapontado. – Eu queria ter tido tempo de te conhecer melhor. Afinal, estamos no mesmo clube, não é?
- Lonely Hearts Clu. – riu. – É, estamos sim. Para onde você está indo?
- A banda tem que continuar o tour. Aqui foi só o começo. Temos muitos shows a fazer ainda...
- Ah, a vida de banda. Sei como é – suspirou, imaginando que mesmo que de repente se apaixonasse por um cara maravilhoso como era Liam, seria missão impossível manter uma relação. Pelo menos uma relação “normal”, isso é, fechada. Ela não conseguia se imaginar numa relação fechada e menos ainda numa relação fechada e basicamente à distância. Sentia-se uma má pessoa por querer atraí-lo tanto para si. – Bem, de qualquer forma...
voltou para dentro do quarto e buscou um marcador. Voltou para a porta, onde Liam a esperava e prendeu o lençol no corpo com um nó. Puxou um dos braços dele e escreveu o seu número.
- Se você for à Nova York, ligue. Estarei no Rosenfeld, como sempre – sorriu ela.
Liam encarava o rosto machucado de como se não houvesse qualquer imperfeição nele. Antes que ela soltasse o seu braço, ele segurou o dela. Aquele não era o Liam nem fofinho, nem romântico. Aquele era o Liam com atitude.
Payne puxou-a pelo braço para perto de si e beijou o canto dos seus lábios com cautela. Quis segurar em sua cintura, mas lembrou-se que ela estava machucada, então colocou as duas mãos no rosto de Electra.
- Você ficaria com alguém como eu? – perguntou ele.
Electra sorriu e beijou-lhe os lábios rapidamente.
- A pergunta é: quem é você? – disse Electra, voltando a ser a misteriosa de sempre. – E você sabe quem eu sou?
É verdade, Liam nada sabia daquela garota. Sendo assim, ele apenas sorriu e se sentiu envergonhado de tê-la beijado daquela forma. Percebendo isso, Electra o beijou mais uma vez, dessa mais vagarosamente.
O celular de Liam passou a tocar insistentemente, mas ele já sabia o que era. Tinha que ir embora, tinha que embarcar.
Electra sorriu e imitando uma fala de um filme do Homem-Aranha, disse:
- Vai lá, tigrão.
Liam sorriu, se afastando. Não via a hora de estar em Nova York para encontrá-la novamente.


Como previsto, só esperou um dia para viajar à Nova York. No meio tempo, apenas despediu-se dos amigos que tinha feito no hotel, inclusive de Aisha. Obviamente que Ash quis vingar pelo que aconteceu com , mas se segurou muito. Entendia o que explicava, entendia que se fosse vingar, ia apenas fazer mais um escândalo. Aisha prometeu não ir procurar as garotas, mas se as encontrasse por coincidência, ela tomaria aquilo como um sinal de Deus de que ela deveria castigá-las.
Seu novo apartamento no Rosenfeld New York era ainda maior do que o de Los Angeles. Valerie ainda a mimou quando viu as marcas da dita briga e saiu com para comprar mobílias especiais para ela e fizesse aquele lugar ter mais cara de . No final das contas, o lugar ficou simplesmente esplêndido.
Quando finalmente foi procurar alguma coisa sobre o que aconteceu em Los Angeles, viu que a garota que tinha tirado a foto espalhou a notícia de uma maneira legal. No final a história, ficou algo como “Liam e Louis salvaram uma garota de ser espancada na praia de Malibu. Eles ainda levaram-na para a emergência do hospital. Não são uns fofos?” e as fãs reagiram querendo ser salvas pelos dois e etc. até ficou feliz de ver que as garotas eram capazes de noticiar verdades também. A sua descrição também a agradou, já que foi dito apenas que ela tinha um cabelo verde e era apenas bonitinha. Pela primeira vez, ficou feliz de ser vista menos bonita do que era. E, além o mais, a falta do cabelo azul – sua marca registrada – era algo excelente. Logo a história seria esquecida.
Três semanas se passaram desde que se mudou para Nova York. Ela só passou a sair de casa depois da segunda semana – quando seu rosto não estava mais marcado – e ainda estava sendo estranho se acostumar. Não conhecia os funcionários do hotel, não tinha como pegar garrafas de Summer Wine, não tinha sua traficante e melhor amiga. Estava completamente sozinha.
Lembrou-se muito de Liam nesse meio temp,o por estar tão sozinha. Fez, no final das contas, os textos sobre a experiência com Harry e Zayn e guardou. No blog apenas havia um texto sobre ter sido agredida por mulheres machistas, texto o qual ela assinou como o nome de Athena Seegel, só para despistar.
Era um começo de tarde de sexta-feira e tinha acabado de voltar de uma ida à livraria. Carregava consigo uma pesada pilha de novos livros e um copo enorme de café mocha. Foi então que seu celular começou a tocar. deixou os livros e o café sobre a mesa da sala e puxou o celular da bolsa que carregava no ombro.
- Alô?
- Electra?
- Sou eu...
- Aqui é o Liam... Liam Payne.
- Hey, Liam! – automaticamente um largo sorriso invadiu o rosto de . Se ele estava ligando era porque estava em Nova York. – Como você está?
- Estou bem. Um pouco cansado, para falar a verdade. E você?
- Estou bem, também. Já me recuperei daquele incidente.
- Então... Você está em Nova York? – perguntou ele, parecendo ansioso.
- Sim, sim. No Rosenfeld, como eu te disse.
- Podemos nos encontrar? Eu só tenho à tarde de folga. Temos show hoje à noite.
sorriu, estava louca para ter uma companhia como a dele.
- Sim! Apartamento 2112. Estou te esperando!
- Ok, então. Já chego.
- Ok. See you.


Não demorou muito para que Liam Payne estivesse de frente para a porta do apartamento 2112. Ele respirou fundo antes de bater. Estava louco para vê-la, mas agora parecia loucura que tivesse ido até ali para ver uma garota desconhecida que ele conheceu quando ela estava sendo espancada por quatro outras garotas. No final das contas, ele nem sabia por que ela estava naquela situação.
Parecia que o mistério que envolvia Electra Heart era como uma atraente teia que ele estava esperando ficar preso.
Liam não sabia exatamente o que esperava que acontecesse quando entrasse no apartamento de Electra, mas mesmo assim tomou coragem a bateu duas vezes na porta. Ouviu um “já vai!” sendo gritado, e logo depois a garota abriu a porta do apartamento.
E, convenhamos, ela ficava muito mais bonita sem um olho roxo.
Com um sorriso, ela o cumprimentou e convidou-o para dentro. Vestia um longo vestido branco e os cabelos haviam sido pintados de azul recentemente, ainda brilhavam com a cor. Electra deixou Liam à vontade para olhar em seu apartamento, apreciar o seu novo infinito particular.
Havia vários quadros com antigas estrelas da música penduradas nas paredes. Billie Holliday, Muddy Waters, Ella Fitzgerald, Julie London, Elvis Presley... Era uma incrível coleção.
- Cantei Cry Me A River na minha segunda audition do X Factor – comentou Liam apontando para o quadro de Julie London.
- É uma das minhas músicas preferidas – disse Electra com um sorriso. – Você quer beber alguma coisa?
- Não, não. Estou bem...
Electra notou que ele parecia um pouco desconfortável, talvez perdido. Liam se sentou na confortável poltrona rouge da sala e Electra o seguiu. Olhando em seus olhos, ela sentou no colo dele e acariciou o seu cabelo. Ele fechou os olhos, gostando do carinho.
- O que você procura, Liam?
- Companhia – disse ele, voltando a manter o contato visual.
Electra o via tão sonhador ao encará-la. Poderia ser uma linda história de amor que os dois integrantes do Clube dos Corações Solitários se apaixonassem. Mas ela não via futuro nisso. Ela não via futuro em nada. Nos olhos de Liam, pequenos e apertados, ela via o brilho de quem via futuro. De quem esperava encontrar um amor romântico, um amor do tipo que ela jamais saberia prover.
Ainda assim, Electra aproximou-se dele para um beijo. Seu hálito ainda era do mocha que havia apenas provado, e Liam parecia gostar. Ele mordeu o lábio inferior dela e depois beijou seus lábios com suavidade.
Dessa vez, quem se via desconfortável era Electra.
- Eu não posso te dar o que você procura, Liam – disse ela em um sussurro. – Não sei se consigo não ser sozinha. Eu tenho medo. Eu não estou preparada. Você precisa de alguém que te aceite como sendo você e eu preciso do mesmo, só que eu sou livre demais.
- Como assim? – perguntou ele, confuso.
- Eu imagino um relacionamento em que eu possa amar alguém e ser livre para ficar com outras pessoas também. Eu quero o amor, mas eu quero ele do meu jeito. E... – ela suspirou. – acho que o meu jeito não é o seu jeito.
Liam logo murchou. Ele não conseguia imaginar um relacionamento como esse. Ele sonhava com exclusividade também. Ficou cabisbaixo.
Electra colocou um dedo sob o queixo de Liam e levantou sua cabeça.
- Olhe pra mim – pediu Electra, e então Liam levantou o rosto devagar, olhando para os hipnotizantes olhos de E. Heart. – Quanto tempo você tem aqui?
- Umas 3, 4 horas – respondeu ele.
Electra então levantou e trancou a porta do apartamento. Voltou para frente de Liam e sorriu.
- Levante-se – ela pediu, e ele obedeceu. – Canta pra mim?
- O que?
- Canta. Cry Me a River – disse Electra, aproximando-se dele de modo a tocar seus corpos. Ela puxou as mãos dele para sua cintura e colocou os seus braços ao redor dos ombros dele. Puxou-o para uma dança lenta e os dois começaram a dar um passo pra lá e outro pra cá no meio da sala de Electra. Mais uma vez, ela sussurrou no ouvido de Liam. – Cante.
Bem baixinho, rouca e grossa, a voz de Liam iniciou a música.

Now you say you're lonely
You cry the whole night through
Well, you can cry me a river, cry me a river
I cried a river over you

Antes que ele começasse a próxima parte, Electra beijou os seus lábios com vontade, deliciando-se com a macia textura dos lábios dele. Liam apertou a cintura dela com mais força, puxando-a mais para si, e então afastou seus lábios e continuou a cantar.

Now you say you’re sorry
For being so untrue
Well you can cry me a river
Cry me a river I cried a river over you


You drove me, nearly drove me out of my head
While you never shed a tear
Remember, I remember all that you said
Told me love was too plebeian
Told me you were through with me and


Foi de repente que Electra soltou a voz e finalizou a música para ele. Liam sorriu com a suavidade da voz de Electra, praticamente sussurrando a letra da música em seu ouvido.

Now you say you love me
Well, just to prove you do
Come on and cry me a river, cry me a river
I cried a river over you
I cried a river over you
I cried a river over you
I cried a river over you


Eles pararam de dançar, mas não se afastaram. Electra estava inebriada com o perfume dele.
- Eu costumo passar uma noite de amor com uma pessoa, mas para você vou fazer uma exceção. Com você... – ela parou e abaixou o zíper do vestido, soltando-o. – Com você eu passarei uma tarde.
Liam sorriu. Sentia-se enfeitiçado. Foi então que colocou suas mãos sobre os ombros de Electra e desceu o seu vestido, deixando-a vestida apenas com a calcinha.
Os dois fizeram amor no tapete mesmo, e durante os dois intervalos que deram, conversaram sobre as mais diversas coisas. Para Liam, estar com Electra parecia uma medicina. Sentia-se calmo e com as energias restauradas. Ela lhe contou sobre como levava a vida, e contou também sobre o que havia feito com que ela levasse uma surra desleal do grupo de garotas em Malibu.
No entanto, logo o celular de Liam começou a tocar incessantemente, num aviso de que ele tinha que sair dali para ir para o local do show. Logo ele se levantou e vestiu a boxer e a calça jeans. Nua em pelo, Electra também se levantou e pegou a camisa dele do chão e o vestiu. Beijou seus lábios uma última vez e assistiu com uma impassível cara de saudades, Liam Payne sair porta a fora. Ela nada falou a ele que ele era o melhor cara que ela havia conhecido na vida, mas parecia idiotice que mencionasse isso e se recusasse a ficar com ele.
A garota pegou o isqueiro e um cigarro na gaveta de uma cômoda ali perto e então acendeu e deu um trago. Sentou-se na mesma poltrona que Liam havia sentado, e ainda conseguia sentir o delicioso cheiro do seu perfume misturar-se ao do cigarro.
Do fundo do coração, Electra sabia que Liam ia encontrar alguém. Aliás, vários alguéns, várias garotas que iam amá-lo pela pessoa que ele é. No entanto, para ela, parecia que não havia alternativa. Estava condenada a ser membro ativo e definitivo do Clube dos Corações Solitários.

Love will never be forever,
Feelings change just like the weather
January to december,
Do you want to be a member?


Capítulo 5

Homewrecker



Louis Tomlinson poderia resumir facilmente a sua vida em tour dividindo em apenas duas partes: Estou dentro de um avião ou ônibus e não estou dentro de um avião ou ônibus. Naquele exato momento, ele estava em um ônibus que ia em direção à Philadelphia para dar continuidade ao tour. Faltavam apenas mais três cidades para uma folga de dois dias que Louis estava em contagem regressiva para ter: Philadelphia, Washington e dois shows seguidos em Wantagh.
Estava acordado, pois não conseguira diminuir a adrenalina pós-show, e ficou deitado no sofá de dois lugares existente naquele tour bus. Olhava qualquer coisa em seu celular, apenas rolando a timeline do twitter e clicando nos links que achava minimamente interessante. Louis simplesmente odiava quando ele não conseguia dormir, porque mesmo que conseguisse se manter no dia seguinte, ficava simplesmente insuportável. Diagnosticado com hiperatividade, Louis não conseguia lidar muito bem com a agitação e facilmente ficava entediado.
Levantou-se do sofá em um pulo e deixou o celular em cima do mesmo. Foi em direção ao que ele dizia ser o “vagão do sono” no tour bus, onde duas cortinas separavam a parte dos beliches do resto do ônibus. Louis desejava encontrar alguém acordado para conversar.
Assim que abriu a cortina do vagão do sono, encontrou uma luz ligada no terceiro andar do triliche, exatamente na cama oposta à vazia dele.
Harry.
Louis ficou na ponta dos pés para cutucar Harry e chamar sua atenção.
Cutucou Harry três vezes para que o garoto virasse o olhar para ele, no entanto para o espanto de Louis, um nome já conhecido por ele estava na parte superior da tela, e uma mensagem carinhosa estava sendo escrita para ela. Os olhos de Louis arregalaram, e seu cérebro rapidamente iniciou sinapses nervosas que terminaram em uma conclusão um tanto quanto infeliz.
- O que foi? – perguntou Harry, sua voz carregada de sono e os olhos vermelhos e cansados apontados para Louis.
- Você conhece Electra Heart? – perguntou Louis, de cenho franzido, apontando para a tela do celular.
- Não bisbilhota, Louis. – disse Harry, parecendo irritado, fechando a tela da mensagem logo em seguida.
- É sério, Harry!
- Ô, vocês dois! – ouviu-se a voz grossa de Liam chamar. – Calem a porra da boca!
Louis rolou os olhos para o pedido de Liam e voltou a cutucar Harry até fazê-lo desistir de deitar. Harry se levantou com pesar da cama quentinha e puxou o cobertor consigo enquanto descia do triliche se batendo em quase tudo. Louis o segurou pelos ombros e o guiou até fora do vagão do sono.
O garoto de cabelos cacheados tinha o rosto inchado e cansado, e mal se deu o trabalho de abrir seus, normalmente hipnotizantes, olhos cor de esmeralda. Louis o sentou ao seu lado e iniciou o interrogatório sobre Electra Heart.
- Desembuche. De onde você a conhece?
- Cara, por que você tá interessado nisso? Ela é uma garota que eu fiquei em L.A. Por uma noite. Só isso.
- Como assim? Como ela chegou a você?
Harry sorriu, parecendo acordar um pouco. Olhou para Louis com olhos desconfiados e boca divertida.
- Você tá com ciúmes?
Louis rolou os olhos, entediado.
- Harry, é sério...
- Por que é sério?
- Porque eu tenho certeza absoluta que essa foi a mesma menina que eu e Liam resgatamos em Malibu e que ficou com o Liam na semana passada.
- QUÊ? – Harry pareceu ter finalmente acordado. – Claro que não. Por que diabos seria a mesma pessoa?
Eu imagino até quantas “Electra Heart”s existem no mundo, pensou Louis, expirando o ar com força, parecendo entediado com a falta de perspicácia de Harry. - Ela tinha o cabelo azul?
- Sim.
- Dirigia uma Ferrari? Parecia rica?
- Não sei da Ferrari, mas ela parecia ser de família rica sim. Não sei. Ah. Ela não me falou nada sobre a vida dela!
- É a mesma pessoa, Harry. E por que diabos você tá mandando mensagem pra ela? Não era só por uma noite?
Harry suspirou, sem saber direito como responder.
- É que... É que, bem... É que você não sabe como ela é – Louis olhou para ele, esperando que contasse como era Electra, a garota que ficou com dois integrantes do One Direction sem que eles soubessem entre si e que, ainda por cima, conseguiu fisgar os dois em algum tipo de hipnose romântica. Liam havia conversado com Louis sobre ela, e Payne falava dela com um brilho nos olhos de quem falava de uma paixão antiga e avassaladora. Louis não entendia como aquilo podia acontecer entre dois membros de uma mesma banda, porque Harry parecia ter os mesmos olhos brilhantes, porém também esperançosos. – Estar com ela é como se, por alguns momentos, você se sentisse simplesmente livre. Livre de rótulos, livre de... – Harry suspirou. – Livre de fama, de autógrafos, fotógrafos, saudades da família... Eu senti como se eu fosse apenas o garoto de Homes Chapel tendo a oportunidade de ficar com a mais estranha e mais bonita garota do condado. E...
- E aí ela disse que seria apenas uma vez e depois ficou com o seu bandmate e um dos seus melhores amigos, que está com esse mesmo olhar e dizendo que participa de um Clube de Corações Solitários – Louis disse sem sensibilidade alguma, sem notar o quanto aquilo atingiu Harry como um raio de realidade.
- Mas... – Harry quis dizer mais alguma coisa, porém Louis o intimidou com um olhar repreensivo, e Harry apenas abaixou a cabeça, parecendo realmente decepcionado, imerso em pensamentos desastrosos.
Por que ela tinha feito aquilo? Por que ela ficou com Liam? Por que ela simplesmente não respondia suas mensagens? O que tinha de errado com ele? Tantas milhares de garotas no mundo (e loucas por ele) e, mesmo assim, ele se sentia-se preso a ela. No entanto, sem nada saber sobre Electra Heart, se Harry estivesse apaixonado por alguma coisa, era apenas a ideia de Electra, a ideia de alguém que pudesse fazê-lo sentir livre e aliviado e não a pessoa que habitava dentro da personagem.
No entanto, Electra era uma boa ideia.
Talvez boa demais para ser verdade.
Existia outra pessoa que havia percebido a mesma coisa e ouviu toda a conversa sem falar uma palavra, porém não estava no mesmo ambiente. Zayn Malik tentou não acordar quando Louis começou a chamar Harry insistentemente, todavia o nome de Electra Heart o fez despertar sem mais. Não moveu um músculo e se esforçou para ouvir tudo que Harry e Louis discutiam no dito “cômodo” ao lado. Zayn era a terceira pessoa da história, e talvez a única que sabia que Electra Heart era uma personagem, e não uma pessoa real. Ela era a personagem que o havia impedido de cheirar naquela noite, e que abriu os olhos dele para um mundo em que não se precisava viver com medo e ódio, um mundo a ser aproveitado, um passado a ser ignorado.
Malik não era o mais perspicaz, mas parecia ser o mais inteligente de todos os integrantes do One Direction. E, por isso, ele preferiu continuar em silêncio. Talvez estava na hora de fazer algo que ele nunca achou que teria que fazer: encontrar Electra Heart.

Enquanto Harry apenas se virou, pensou mais um pouco e dormiu sem nem aviso prévio, Louis Tomlinson passou a noite toda acordado, e seus pensamentos não o deixavam descansar de jeito algum. Que tipo de merda aquela garota de cabelo azul tinha na cabeça?
Louis se sentia tomado por uma raiva sem tamanho. Podia lembrar-se exatamente da reação de Liam, que chegou correndo no camarim, o rosto vermelho como um pimentão e um sorriso parecendo preso com superbonder em seus lábios.
A mesma garota.
Curioso como nunca, Louis resolveu fazer algo que não sabia se daria muito certo, mas que provavelmente poderia lhe dar algumas respostas. Afinal de contas, um pensamento já lhe ocorrera antes: Quantas “Electra Heart”s deviam existir no mundo?
Tomlinson pegou o seu celular e digitou no Google: Electra Heart.
Ele não sabia que haveriam tantos resultados, mas aquele nome tinha uma reputação e tudo parecia estar ligado a um blog chamado freebitch.tumblr.com. Abrindo o blog, Louis deu de cara com uma interface simples e longos textos. Não havia nada além dos textos. O último publicado falava de uma banda de cinco integrantes.

“Estou disposta a saber de uma amizade que, segundo rumores, está se desgastando. E talvez eu acabe como um manual de como ser uma heartbreaker.
Está na hora de testar o poder de Electra Heart”


A raiva subiu e Louis quase chutou o celular para longe. Estava determinado a encontrar essa menina e dizer umas poucas e boas para ela. Ah, sim, ele faria isso! Ou ela desligava aquele blog, ou ele faria questão de ir até os confins do mundo para saber o verdadeiro nome de Electra e desmascará-la na frente do mundo inteiro. Mesmo que isso pudesse por o nome dos seus bandmates em risco. Destruiria a casa daquela garota. E foda-se a management.


x



As cortinas do quarto 2112 do Rosenfeld NY foram abertas por uma furiosa Valerie. O dia não estava ensolarado, mas estava claro o suficiente para despertar uma sonolenta , que havia ido pra cama apenas há quatro horas. Eram apenas nove da manhã, muito cedo para , mas para a grande executiva Valerie Rosenfeld, já era mais do que tempo de acordar.
- , levanta essa bunda da cama que nós temos que conversar! Vamos, levanta logo! – disse Valerie puxando o pesado edredom e deixando uma quase seminua a reclamar em posição fetal, ainda tentando voltar ao seu maravilhoso sono.
- Me deixa em paz – resmungou, e aquilo apenas irritou ainda mais Valerie. A irmã mais velha, que praticamente carregava a empresa sozinha nas costas, não estava em posição psicológica para ainda lidar com a muitíssimo preguiçosa e mimada . Ela ajeitou as calças de linho no corpo e tentou se acalmar. Tirou o blazer do corpo e o colocou sobre uma das cadeiras do quarto.
- , você tem exatos cinco minutos para levantar da sua cama, lavar esse rosto e vir falar comigo na sala. Vou estar te esperando com um copo de café. E se você se atrever a perguntar se eu sou sua mãe, não se preocupe, eu posso chamar vossa mãe aqui e ela vai resolver o problema do jeito que você mais ama.
abriu um dos olhos, completamente enfezada. Lembrou-se da imagem da mãe, que na cabeça de se assemelhava a uma ditadora de nariz afinado demais por plásticas e bronzeamento artificial que ela já havia cansado de dizer que a fazia parecer com uma cenoura gigante.
Não. Ela não.
Mesmo contra a vontade de todos os músculos do seu corpo, se forçou a sentar na cama e depois a se arrastar até o banheiro. Já sabia o que Val queria conversar, e era o mesmo que ela tinha tentado conversar praticamente desde que se mudara para Nova York. Apesar de saber que Val tinha razão, a verdade era dolorosa. E chata.
Depois de lavar o rosto três vezes e bochechar um pouco de antisséptico bucal, apareceu na sala cobrindo o corpo com um longo roupão branco de seda. Bocejou e sentou na cadeira que Val apontou.
Os olhos quase negros de Val a fulminavam, mas parecia não sentir. Apenas estendeu a mão para que ela entregasse o café e ficou com a mesma face de Kristen Stewart se fingindo de morta.
Val suspirou antes de começar a falar, tinha que se controlar ao máximo para simplesmente não jogar e sua cara sonsa pela janela.
- . Ai, ... – Val balançou a cabeça negativamente. – Primeiramente, por que diabos você não me contou que você ficou com todos os integrantes de uma mesma banda? Você tem noção da burrice monumental que isso é? Você acha que eles são burros? Você bateu a porra da cabeça na porra da parede? E quando eles descobrirem, e aí? Você vai se fingir de morta? , se...
- Porra, cara, peraê! Eu ainda nem acordei e você tá praticamente serrando minha cabeça com uma interrogação!
- Se eu tô fazendo isso é porque você dá motivos, burrinha! – resmungou Val, levantando-se da cadeira inquieta. apenas rolou os olhos. Os únicos pensamentos na sua cabeça eram: cama, cama, cama, cama, dormir, dormir, dormir, cama, cama, cama, lençolzinho, travesseiro cheiroso, hmmm, dormir...
De repente, seus olhos começaram a se fechar por si só. Um leve tapa no seu rosto fez com que ela acordasse num susto.
- Não se atreva a dormir.
Desistente, quase entornou o copo de café morno goela abaixo e balançou a cabeça rapidamente, tentando despertar.
- Ai, Val, o que você quer que eu faça?
- Primeiramente, você vai começar a trabalhar – os olhos de se esbugalharam e ela abriu a boca para falar algo, mas foi interrompida prontamente pela irmã. – Segundo, você vai parar desde já de procurar qualquer um dos membros do One Direction e dar um tempo nesse seu blog. Electra Heart precisa sumir da face terrestre por um tempo, pelo menos assim podemos evitar que você seja descoberta.
- Val, eles não vão...
- ELES NÃO SÃO BURROS! – Val gritou, com raiva. – Dois deles ligaram para o hotel procurando você.
- O que? – perguntou , interessada e agora com um sorriso no rosto. - Pelo amor de Deus, , banho de água fria! – resmungou Val. – Sério, arranjei um estágio pra você naquela editora que você acha legal. A única coisa que eu vejo que você gosta de fazer é escrever, então lá você vai ter bastante trabalho.
- Vou escrever o que? Recado? – perguntou com desdém, porém só o olhar de Val sobre ela já fez com que se calasse. Já fazia um tempo que descobriu que o único motivo pelo qual ela levava uma boa vida e não estava jogada na sarjeta pelos seus pais era Valerie. Por mais que doesse, ela sabia que tinha que se esforçar um pouco. Pelo menos um pouco.
- Eu vou te passar as informações sobre isso depois – disse Val. Seu celular estava vibrando toda hora, mas ela simplesmente o ignorava – Estamos de acordo sobre o blog?
- Não. Olha, Val, eu posso trabalhar, posso me esforçar para deixar de ser um peso de papel, mas eu não consigo deixar o blog. Sabia que tem menina que lê e se sente inspirada para ir atrás da pessoa que gosta? E aprende sobre a merda que é o amor romântico? Que se torna mais livre? Eu preciso continuar, Electra Heart não pode parar.
Valerie olhou para parecendo estar com pena, e então se aproximou da irmã e a levantou para abraçá-la de um jeito carinhoso e protetor.
- Sabe o que o mundo vai dizer quando descobrir sobre você? – perguntou Val, se afastando um pouco. Colocou uma mecha do cabelo azul de para trás da orelha e a olhou nos olhos – Eles não vão te chamar de mulher livre, eles não vão te enxergar como algumas pessoas conseguem te enxergar pela internet. Eles vão te chamar de puta. Vão se desfazer da sua imagem de ser humano e simplesmente acabar com você. Eles vão te olhar como se sua existência fosse uma grande falha no mundo, e vão fazer isso até que você consiga se ver como um câncer, um objeto quebrado, um erro.
olhava para a irmã sem reação aparente, mas seu coração batia forte contra o peito, em desespero, e sua respiração estava definitivamente mais rápida.
- Ninguém vai descobrir nada.
- Pare, . Pense. Você é inteligente, eu sei disso. Deixe esses meninos de lado, faça a sua vida. Eu daria tudo para ter você junto comigo cuidando do império que nossos pais nos deixaram, ter você ao meu lado quando eu tivesse que sentar naquela mesa de reuniões dominada por homens que desprezam minhas opiniões, mesmo quando eu sou CEO e mando naquilo tudo. Queria ter você ao meu lado para que você também me contagie, me inspire, desperte meu lado Electra Heart – os olhos de Val enchiam de lágrimas, e já tinha seu rosto salgado com o choro. – Eu não quero que você desista do mundo de novo. Por favor. Faça isso... Por mim, tá? Pode ser?
- Eu... Eu não... – encostou a cabeça no ombro da irmã e tentou acalmar o coração. Tudo estava deixando-a extremamente confusa. Ela tinha muito medo de ser descoberta, e diversas vezes imaginou o que faria quando fosse noticiada como a vergonha da família Rosenfeld, puta de cabelos azuis, dava para meio mundo de gente e ainda descrevia tudo na internet. Não fazia nada na vida que não fosse dar.
- Tome a decisão mais sábia.
inspirou o ar e o expirou com força, exausta com a velocidade dos seus pensamentos e com a notícia que eles traziam. Repentinamente, seu celular começou a tocar muito alto e vibrar em cima da mesinha de vidro onde ela costumava jogar as coisas quando chegava em seu apartamento muito tarde. olhou três vezes para o celular e depois para Valerie, como se pedisse permissão.
A irmã mais velha rolou os olhos, cansada, e então pegou seu casaco e bolsa e foi até a porta.
- Pense no que eu falei. Sério. E você começa a trabalhar semana que vem, eles vão fazer um teste com você.
- Okay – disse , já com o celular em mãos.
No entanto, no exato momento em que Valerie abriu a porta para sair, uma pessoa se postava na frente da porta do apartamento 2112, com o celular na mão, e disse “alô” logo depois de ter feito o mesmo.
A garota de cabelos azuis olhou para a porta assustada. Era a sua irmã de saída e ninguém menos do que Louis Tomlinson parado na frente da mais velha, com o celular na mão e encarando-a de uma maneira que se juntava ao assustado ao irritado.
Valerie, precisando descongelar o momento, apenas se moveu para fora do apartamento passando ao lado de Louis sem dizer uma palavra. Louis olhou para a mulher elegante que passou tão perto dele com uma expressão indagatória. Na opinião dele, ela parecia uma versão evoluída de Electra. No entanto, nada comentou sobre isso.
Tomlinson entrou no apartamento de Electra sem nem pedir permissão e sentou na mesma confortável poltrona rouge que Liam havia sentado quando entrou naquele mesmo apartamento. Ao contrário de Liam, no entanto, Louis não observou nada ao seu redor. Sentou-se naquela poltrona e passou a encarar Electra Heart, pronto para fazer acusações como o Diabo.
Electra olhou para Louis ali, sentado em sua cadeira, a encará-la de jeito terrivelmente embaraçoso e estranhou. Ainda vestia unicamente a peça do roupão de seda branca que não cobria direito o seu corpo, de tal forma a ser transparente o suficiente para que as auréolas dos seus seios fossem notadas por quem observasse. Tomlinson, no entanto, fulminava apenas seu rosto, parecendo não se importar com nada mais. Nem mesmo quão estranhamente bonita Electra ficava ao acordar com o nariz vermelho, olheiras visíveis e os cabelos se assemelhando à juba de um leão.
Vestido com um jeans escuro, a bainha dobrada como quase sempre, e um suéter preto, Louis Tomlinson tinha o seu charme em ação, mesmo irritado. Seus pequenos olhos azuis fitavam Electra parecendo escolher as palavras certas.
- Sabe o que eu realmente não entendo? – perguntou Louis, respirando fundo. Electra fez careta e simplesmente se afastou até uma pequena mesa onde havia duas garrafas de bebida, depois desviando do trajeto. Não. Era cedo demais.
- Que você entrou no meu apartamento sem permissão? Também não entendo – disse , e não Electra.
estava preocupada - mesmo que minimamente, se comparada à preocupação da sua irmã - com sua identidade sendo revelada. Ela queria apenas se afastar um pouco, como sua irmã havia dito para fazer. No entanto, o que ela realmente mais queria era um tempo para pensar sobre tudo, pelo menos uma semana entre o momento em que Valerie saísse pela sua porta e Louis do One Direction entrasse sem permissão.
Mas a vida não lhe reservou o luxo de ter tempo para pensar, e de repente estava um Louis sentado à sua cadeira e uma luta interna entre Electra e sobre o que fazer a seguir.
- Eu sei o que você fez. Eu sei quem você é – disse Louis, no alto da sua elegância em ser desafiador. – E eu só não consigo entender o que te fez pensar que ficar com dois caras de uma mesma banda e iludi-los em uma mesma teia seria legal. Você entende que eles são gente, né? E que eles têm que conviver um com o outro até a banda acabar, o que eu realmente espero que não seja tão cedo quanto dizem que será. Afinal, Electra, e eu sei que esse não é seu nome de verdade, o que ainda te faz publicar isso tudo na internet? Conte-me, qual é o motivo para você ser uma vadia sem vergonha?
Algumas pessoas consideram que palavras sejam apenas palavras, e subestimam sua força. Naquele momento, as palavras de Louis Tomlinson atingiram como balas de fuzil sendo disparadas diretamente na sua face.
E foi também naquele exato momento em que a briga interna entre as personalidades de cessou, e o lado vencedor precisou falar: seu nome era Electra Heart.
Electra virou suavemente o rosto para encarar a face cínica de Louis Tomlinson, que olhava para ela como uma bitch do Bronx que acabara de “falar mesmo”. Faltou apenas as roupas características, brincos grandes demais e dois estalos com os dedos. Sendo assim, a jovem de cabelos azuis se aproximou e se postou ereta na frente dele, completamente séria. Louis olhou para cima, encarando uma Electra que o encarava como se ele fosse uma formiga prestes a ser pisada, seus seios impedindo que ele visse o rosto dela por completo.
- Minha existência te incomoda, Louis?
- A existência do seu blog maldito me incomoda, Electra – Louis se levantou também, ficando praticamente a tocar narizes com Electra Heart.
- Eu não cito nomes lá – rebateu a moça, parecendo extremamente satisfeita com a mínima distância adquirida entre os dois.
- Não interessa. O que te difere de uma puta, mesmo? Porque, com seu histórico, sinceramente, os negócios já nem devem ir tão bem para as putas de Los Angeles. Não é a toa que você levou aquela surra, provavelmente merece.
- Mereço, é? E você é quem mesmo para dizer isso? O senhor da verdade, protetor da boyband One Direction, rei da Cocada Preta? Você chegou me perguntando o por que de eu ter ficado com seus bandmates, mas ainda não sentou pra ouvir a resposta – disse Electra, com incrível habilidade de se manter calma, coisa que , ali dentro daquele mesmo ser humano, não conseguiria. Ela estaria prestes a bater na cara de Louis, ou melhor, chutar o saco dele com um Scarpin, e não explicar as coisas e ter um plano em mente para deixá-lo deitado em sua cama pedindo por misericórdia sexual. – Sente-se, Louis Tomlinson. Aqui você está na minha casa, e eu gostaria que baixasse seu tom de voz e parasse de se dirigir a mim de forma ofensiva. Se você não consegue calar a porra da sua boca e ouvir, eu prefiro que você saia daqui e de preferência não volte nunca mais.

Who are you to tell me who to be?


Louis encarou Electra numa tentativa de repreendê-la com o olhar, mas falhou. A verdade é que não era exatamente essa a reação que Louis esperava dela. Ele esperava falar e deixá-la envergonhada de si, até que excluísse aquele maldito blog e se afastasse da sua banda, mas aquilo não parecia que ia acontecer, não de acordo com o jeito decidido em que Electra agia. Ela parecia não temer ser descoberta, pelo contrário: parecia orgulhosa de seus feitos.
O jovem cantor então sentou na poltrona rouge e respirou fundo.
- Fale.
Electra sorriu apenas com o canto direito da boca e, do mesmo jeito não permissivo em que o garoto entrou na sua casa, ela simplesmente se sentou no colo dele e cruzou as pernas sobre o braço da poltrona. Louis a encarou com os olhos arregalados, sem entender e ao mesmo tempo com sua própria voz gritando “vadia” para o seu consciente, que não assimilava o perigo que era Electra Heart ali sentada.
- Eu amo sexo, mas acima de tudo eu amo amar – Louis rolou os olhos com a primeira frase, mas logo foi cortado pelo olhar ameaçador de Electra. – Eu amo me divertir com a pessoa, amo tentar adivinhar o que a pessoa precisa, amo acordar com alguém ao meu lado, amo ver o sorriso de alguém quando eu acabo de beijar. A minha vida se resume a amar. E eu sei como isso se parece para os outros, eu sei que para os outros, que eu ame assim, louca e intensamente, e principalmente de um jeito um tanto efêmero, é estranho, é ruim, é feio. Se eu fosse um homem, bem, acho que não seria um problema. Meu blog provavelmente se chamaria As Mulheres da Minha Vida e eu seria tratado como um príncipe por sempre ter sido sincero com meus parceiros, por ter dito o que eles precisavam ouvir, por ser livre e querer os outros livres. Mas eu sou mulher. E por isso, o blog é sobre uma vadia livre, uma mulher que não se dá ao respeito, uma puta que dá amor de graça em troca de nada além de mais amor. Por isso, Louis Tomlinson, não há motivo lógico para você me rechaçar.
- Exceto pelo fato de que você está em cima de mim para me contar isso. Necessário? Eu acho que não.
Electra olhou para ele intrigada. Das duas, uma: Ou ele estava realmente irritado por ela ter ficado com dois (na verdade três, mas ele ainda não sabe disso) caras da banda dele ou ele estava com ciúmes dos caras da banda dele. Ou de um dos caras da banda dele. Ou opção extra: Ele não se sentia atraído em nada por Electra Heart e seu amor livre.
Ou opção extra-extra: Louis Tomlinson era gay e não se sentia atraído por mulheres at all.
Sendo assim, ela simplesmente saiu do colo dele e ficou em pé. O cheiro delicioso do perfume dele a intrigava, mas ao mesmo tempo Electra preferiu ignorar que aquele era simplesmente o melhor perfume que ela já havia experimentado, porque havia chegado à conclusão de que Louis era um babaca chato.
- Sabe o que eu acho? – perguntou Louis, vendo Electra se afastar e se encostar na parede ao lado do quarto. – Eu acho que você não passa de uma mentirosa e puta. Ah, que ideia maravilhosa, pegar todos os integrantes da banda fingindo ser quem não é! – Electra rolou os olhos, totalmente entediada com o fato de ter gastado saliva para absolutamente nada, já que Louis parecia ter ignorado cada palavra dita. Quando ela parou de olhar para cima, fazendo a sua parte em ignorar toda a besteira que vinha da boca de Louis, ele já tinha levantado e se postava à sua frente, desafiador. – Não vai ser difícil descobrir seu nome e colocar na mídia para todo mundo ver a merda de destruidora de corações que você é. Destruidora de corações dos queridinhos. Você vai ser odiada até o último fio de cabelo.
Louis fez que ia sair de cena, no entanto Electra o puxou pelo braço, fincando suas unhas até que elas encontrassem a pele dele por cima do suéter.
- Eu aceito a minha fama. Se você conseguir descobrir quem eu sou na vida real, vá, me coloque na mídia. Deixe o meu rostinho em cada capa de revista que você conseguir – Electra pegou o outro braço do garoto, que a encarava com um certo temor. – Mas, sinceramente, não será uma matéria de verdade se eu não tiver completado minha missão, não é?
Sem falar mais nada, Electra empurrou Louis contra a parede.
Irritado, Louis fez o mesmo com ela, até que eles rolaram três vezes até encontrar o canto do cômodo, e Electra estar na mesma posição que se colocou inicialmente.
- Um dos meus amores preferidos é a paixão que vem com um leve toque de ódio. Quando, ao mesmo tempo em que você quer bater na pessoa, você quer fodê-la até deixá-la deitada sofrendo de espasmos pós orgásmicos. Até arder.
O palavreado sujo logo excitou Louis, mas a sua consciência continuava a lembrar “Você não está aqui para isso, não faça isso, não se enrole na teia, não olhe para o bico dos seios dela que tão apontando para você como faróis, não deixe ela ver que você está se excitando, não deixe que ela saiba que você gosta de uma agressão, não…”
De repente era tarde demais. Com o silêncio assustado de Louis, Electra o puxou pelos cabelos para o lado e deu uma lambida em seu pescoço seguida de um chupão tão selvagem quanto à mordida de um tubarão.
Parecia que agora as posições se invertiam, e agora quem tinha o Diabo como melhor comparação diante das atitudes era ela, e não ele.
Louis fechou os olhos com raiva e, sem conseguir se conter, puxou os cabelos azuis de Electra para longe do seu pescoço e guiou sua cabeça em um gesto rápido direto para que seus lábios tivessem contato com os dela. Gosto matinal de café e de quem escovou os dentes muito bem, esse era o gosto dos lábios de Electra quando Louis passou sua língua sobre eles, apenas provando-os de um jeito provocativo.
- Não se contenha, Tomlinson – sussurrou Electra. – Liberte-se.
Aquilo bastava para fazer com que Louis simplesmente mandasse a consciência e todo pudor que construiu durante uma vida para trás. Ele a beijou com vontade, parando para morder e sugar seu lábio inferior, segurando na cintura da garota com tanta força que poderia deixar marcas de seus dedos sobre as costelas dela. As mãos de Electra se divertiam para dentro da blusa de Louis, sentindo sua pele quente contra as palmas, e a texturas presentes no tronco dele, as cicatrizes, pelos, depressões… Até que finalmente sua mão chegou até o fim de suas costas e, ao descer para a bunda, sentiu um grande volume. Não se segurou e apertou aquela bunda com unhas e tudo, pretendendo deixar marcas e talvez machucar. Ela realmente estava na paixão agressiva com ele, queria quebrá-lo no meio, mas não decidira ainda se era com uma marreta ou com puro sexo.
Enquanto Electra e Louis se agarravam ferozmente pelo apartamento de , Zayn Malik estava fazendo uma descoberta que poderia mudar todo o cenário da história. Ele ligava para o Hotel Rosenfeld Los Angeles - o do alto da colina - e fazia uma pergunta a um funcionário novo na portaria.
- Ela era uma garota de talvez uns vinte, vinte e dois anos. Tinha os cabelos azuis e estava usando uma farda de camareira, mas não sei se ela trabalhava aí. Você nunca a viu?
O funcionário novo, Marcus, teve que pensar bem. A única garota que batia na descrição era a caçula dos donos do hotel, que não morava ali fazia mês.
- Um momento, senhor – disse Marcus, e sem tampar o microfone do telefone direito, se virou para Katy, que estava o auxiliando nas primeiras semanas e perguntou: “A caçula Rosenfeld tá onde mesmo?”. Ele se assustou quando, ao explicar o que o moço pedia e quem era ele, Katy quase explodiu na cara dele, puxou o telefone e respondeu a Zayn.
- Desculpe, senhor, essa hóspede não está mais conosco e nós não compartilhamos de informações sobre ela.
Zayn já tinha ouvido o suficiente.
A caçula Rosenfeld.
Ele sempre soube que o nome dela não era Electra, mas agora ele tinha um nome. Desligando o telefone e com mais alguns toques em seu telefone celular, ele descobriu Rosenfeld. . A filha rebelde da família magnata dos Rosenfeld.
A verdadeira identidade de Electra Heart estava nas mãos de Zayn Malik do One Direction. Mas, e agora, o que ele faria com aquela informação?


Capítulo 6

Power and Contrl


“You’re the right kind of sinner “


Trajando apenas seus jeans escuros com os botões abertos, um excitadíssimo Louis estava sentado na clássica poltrona rouge, as pernas abertas e o rosto a encarar uma ofegante Electra Heart à sua frente. Ela tinha um dos pés encostados em seu peito e se equilibrava com certa facilidade no outro pé enquanto, vagarosamente, desabotoava o seu roupão de seda. Os lábios da garota estavam inchados e vermelhos, e ela ainda mordia o lábio inferior e sorria em direção a Louis.
Dominado.
Quanto mais ele tentava ir para frente e pegar nela, ela o afastava, colocando seu peso na perna que o segurava e o mantendo ali. Do jeito que ela queria. Vulnerável, com a sua excitação pulsando contra o tecido leve da boxer. Estava louca de vontade de se agachar, retirar aquela boxer e chupá-lo até que gozasse em seu colo, no entanto, se segurou e resolveu que deveria postergar um pouco esse momento, aproveitar aquele momento de descoberta o máximo possível.
O roupão então caiu no chão, revelando sua silhueta e os seios descobertos cujos mamilos estavam enrijecidos. Louis a observou com admiração. Electra não apenas estava na frente dele completamente nua, estava na frente dele completamente nua e dona de si, confiante e excitada. Tomlinson pegou no tornozelo que o prendia para trás e então o puxou – olhando Electra nos olhos – até perto dos seus lábios, beijando-lhe o tornozelo e subindo os beijos para sua canela e finalmente colocando aquela perna ao seu redor. Electra se ajeitou e, tirando os seu pé de onde Louis o havia colocado, colocou os dois joelhos entre as pernas dele e ficou em sua frente enquanto, com mãos ágeis, ele acariciava o seu corpo e descia a sua calcinha pelas coxas, beijando-lhe cada espaço de pele recém-descoberta.
Electra inclinou a cabeça para trás e fechou os olhos, procurando sentir melhor a deliciosa sensação de beijos suaves perto e na sua intimidade. Assim que a calcinha desceu até os joelhos, Louis tocou sua intimidade molhada e sorriu. Seu membro pulsou de excitação de tal forma que ele apenas sorriu ainda mais largo. Louis continuou a beijá-la e passou a acariciar seu clitóris com apenas o dedo médio e que ia e vinha, provocando arrepios. Ela voltou a encarar Louis, olhando para baixo enquanto ele e seus pequenos olhos azuis voltavam-se para ela, contemplativos.
A mão direita de Electra Heart foi rápida ao alcançar os macios cabelos de Louis e então puxá-los para trás sem parcimônia. Beijou-o com vontade enquanto colocava suas pernas de volta ao chão e fazia um malabarismo para manter o equilíbrio e, com duas mãos, se desfazer das calças jeans e da boxer de Louis. A poltrona chegou a se mover um pouco com os movimentos bruscos, mas ninguém se importava. Quando finalmente conseguiu o despir, Electra tirou a calcinha que ainda estava em seus joelhos e então se ajoelhou na frente dele.
Louis colocou o quadril um pouco para frente, prevendo o que ia acontecer e sorriu sacana. Que vadia linda, ele pensava enquanto ela, também sorridente, pegou o seu membro com a mão direita e o lambeu inteiro, como quem lubrifica. Ela não tirava os olhos dele enquanto passava a língua pelo seu pênis, e era lindo de ver os cabelos azuis sendo segurados pela sua outra mão para impedir que as coisas se misturassem, e os olhos brilhantes e cheios de uma inegável volúpia a encará-lo. Electra colocou-o na boca de leve apenas, chupando-o com calma, apenas por cima, ainda usando a mão na base do pênis, e Louis estava ficando louco já. Foi de repente que Electra parou com suas carícias e ficou apenas masturbando-o com a mão direita, seus olhos presos nos de Louis.
- Você me perguntou como é ser uma vadia sem vergonha – ela sorriu. – Eu acho extremamente prazeroso. E acho que você também vai concordar, Louis Tomlinson.
Assim que finalizou o que ia dizer, Electra colocou uma mão em cada coxa de Louis, ficando suas unhas ali e então colocando o pênis dele inteiro em sua boca. Sua cabeça ia e vinha, os cabelos azuis suados e secos se misturando em uma onda, e foi a vez de Louis de inclinar a cabeça para gemer alto. Ela parecia empenhada na missão de fazê-lo enlouquecer. Depois de pouco tempo, o seu corpo já dava espasmos e ele ainda nem havia gozado. Enquanto as carícias dela eram precisas em seu pênis, ela era extremamente agressiva com suas coxas, e vez ou outra uma das mãos subiam e arranhavam desde o seu peito até o fim da sua barriga. Louis tinha quase certeza que ia sair daquele quarto de hotel como se tivesse levado uma surra.
Quando Louis achou que não ia aguentar mais e gozaria, Electra previu e rapidamente soltou a boca do seu pênis, aproximando os seios e os colocando ao redor daquele pênis rígido, fazendo movimentos de subida e descida enquanto a pele incrivelmente suave dos seus seios masturbava Louis em uma última investida, até que ele finalmente gozasse em seu colo. Exatamente como ela queria que ele o fizesse.
Com a ponta do dedo, Electra fazia uma carícia tímida na glande de Louis, de tal forma que ele parecia estar mantendo a sensação do orgasmo por mais tempo. Foi repentino quando ele pegou a mão que acariciava com força e a encarou parecendo furioso. Seu corpo ainda dava espasmos involuntários, e suas bochechas coravam. Ele fechou os olhos, parecendo tentar controlar a sensação que invadia o seu corpo e que lhe dava uma baita vontade de simplesmente deitar e descansar um pouco, e Electra ria da situação silenciosamente.
- Por que você está rindo, vadia? – perguntou Louis entre respirações ofegantes.
Electra subiu na cadeira e colocou as duas pernas ao redor de Louis, encostando o corpo dele na poltrona e dando uma lambida no seu pescoço.
- O seu corpo te traiu, meu caro. Tão bonitinho gozando pelas minhas mãos e boca – ela passou o dedo em seu colo sujo e lambeu um pouco do gozo de Louis. – Para um babaca, você é delicioso.
Louis a puxou pelos cabelos e a beijou com intensidade irrevogável. Depois colou seus lábios na orelha esquerda da garota e mordeu o seu lóbulo.
- Olhe para baixo, Electra. Meu corpo está a meu favor – disse ele, e quando Electra olhou para baixo, viu que Louis estava duro novamente e pronto para uma nova rodada. A mão de Louis foi até a intimidade de Electra e lhe deu um tapa que fez com que, por dois segundos, Electra parasse de respirar. – Eu quero te ver encharcada, implorando por mim.
Electra, mais do que animada com aquilo tudo, aproximou a sua boca da de Louis e, depois de ofegar o seu hálito de café e sexo e morder seu lábio inferior sem dó, respondeu com um sussurro:
- Try me.
Louis sorriu e a convidou a levantar daquela poltrona. Assim que ela o fez, Louis também se levantou e a abraçou por trás. Seu pênis roçava na vagina de Electra, seus braços a rodeavam com força, e as mãos se dividiam entre segurar seus seios com força e descer até sua intimidade, onde leves tapas eram dados. A boca de Louis estava grudada a uma das orelhas de Electra e sussurravam coisas cada vez mais sujas.
- Você está vendo aquele tapete? – perguntou ele, apontando para o tapete no meio da sala. – É ali que eu vou te pegar por trás. Vou bater na sua bunda até você aprender o seu lugar, Electra Heart.
- E onde é o meu lugar, Tomlinson? – disse Electra, ofegante.
Louis apenas riu e a empurrou até a parede mais próxima, espalmando as mãos dela na parede e ajeitando o seu corpo para que empinasse a bunda.
- Se você se atrever a tirar as mãos daqui, vai ficar de castigo – disse Louis antes de ajoelhar atrás de Electra e lhe dar um tapa bem dado em uma das nádegas.
Primeiramente, ele admirou a posição em que Electra estava em sua frente, e em como a intimidade dela brilhava com tanta lubrificação. Passou o polegar por ela em uma carícia rápida e torturante. Depois beijou-lhe as nádegas até descer até a intimidade, onde ele lambeu e fez questão de roçar a barba mal feita e áspera. As mãos de Electra fizeram o movimento praticamente involuntário de se arrastar pela parede, seu corpo queimando com tamanho o prazer que sentia. Ela não conseguia vê-lo, apenas senti-lo.
Louis a chupou com maestria singular até que ela começou a sentir as pernas fraquejarem e quis adiantar seu orgasmo usando uma das mãos. Aquilo era exatamente o que Louis esperava. Estava louco para castigá-la. Ele simplesmente se levantou e tirou a mão dela da intimidade, colocando-a de volta na parede.
- Eu te disse para não tirar as mãos daqui – Louis sussurrou em seu ouvido, seus lábios molhados com o cheiro proveniente do sexo de Electra. Ela riu e apenas disse:
- Camisinha, senhor Tomlinson.
- Onde? – ele perguntou. – Na primeira gaveta do móvel branco do quarto.
- Você vai deitar naquele tapete de bruços e colocar as mãos para trás. Abrace seus próprios antebraços. E não se mova até segunda ordem.
Electra sorriu e, assim que Louis saiu para o quarto, ela se deitou no tapete como ele havia indicado. Desobedecendo só um pouquinho quando colocou uma das mãos em sua intimidade e fechou os olhos enquanto se masturbava silenciosamente.
“Bad girls do it well”
Louis entrou no quarto de Electra com o único objetivo de encontrar a gaveta do móvel branco, pegar a camisinha e voltar para ela o mais rápido possível. No entanto, quando abriu aquela gaveta, teve outras ideias. Electra tinha uma pequena coleção de brinquedos/acessórios eróticos: vendas, dildos, algemas, uma chibata, coisas que Louis não sabia dizer o que era e algumas lingeries especiais. Do lado esquerdo da gaveta, havia uma pequena caixa transparente onde estavam guardadas as camisinhas.
Holy shit, Louis pensou. A menina é uma tarada!
Ele se arrepiou com a ideia de Electra fazendo uso da sua coleção. A adrenalina o invadiu, e Louis pegou daquela gaveta mais do que a camisinha. Quando voltou para a sala, viu Electra gemendo baixo ao se masturbar no tapete.
Teimosa.
Louis colocou uma perna de cada lado do corpo de Electra e agachou sobre ela. Puxou as duas mãos e as prendeu às costas com uma algema de pano que ele julgou extremamente confortável para quem queria agressivar. Todavia, apertou muito bem.
- Tinham várias coisas naquela gaveta – ele comentou, enquanto vestia o pênis com a camisinha.
- Sou dessas – disse ela com um sorriso de lado. Mal conseguia enxergar ele daquela posição, mas viu que ele sorriu. Mesmo em um momento de tamanha intimidade, ambos se sentiam confortáveis na presença um do outro. Ela, amarrada de bruços sobre um tapete e ele a vestir uma camisinha enquanto se preparava para penetrá-la. Talvez fosse daquilo que Louis ouviu Harry falar. Sobre ela ser capaz de fazer você se sentir bem, e aquele momento era tão gostoso que mesmo um pensamento totalmente fora de contexto, de que o mundo poderia acabar amanhã, Louis sentia que poderia morrer feliz.
O que, afinal, tinha feito com que ele achasse que ela era apenas uma vadia sem vergonha? Aquilo era algo a se discutir, mas para tudo tinha sua hora.
Naquele momento, Louis queria apenas fodê-la com o seu misto de paixão e ódio, revolta e carinho.
Vagarosamente, ele posicionou o seu membro excitado e a penetrou. Ambos fecharam os olhos no mesmo momento. Electra estava também extremamente concentrada em fechar ainda mais a sua parede vaginal contra o pênis de Louis, e senti-lo também com maior veemência.
As investidas eram sempre fortes, porém variavam na velocidade. Os dois suavam quase desesperadamente, seus corpos se encaixando, completando-se. Respirações cada vez mais ofegantes e olhares furtivos eram trocados. Toda vez que Electra tentava mover os braços presos, Louis lhe dava um belo tapa em uma das nádegas, e a verdade é que ela só movimentava o braço para que ele desse um tapa porque ela gostava.
Electra alcançou o orgasmo bem antes do esperado, e enquanto Louis ainda a penetrava por trás, ela se recuperava dos espasmos contínuos e do conhecido pandemônios de órgãos que a faziam sentir um estranho enjoo misturado com uma sensação ainda mais forte de prazer indescritível. Não demorou tanto para que Louis, observando o rosto de Electra de lado e seu corpo suado acabasse por gozar uma segunda vez. Desta, no entanto, ele não lutou contra a vontade de simplesmente deitar e se colocou ao lado de Electra de barriga pra cima. Ainda olhou para ela ali amarrada mais uma vez antes de finalmente folgar a algema e deixar que ela relaxasse os braços e também virasse o corpo para cima, tentando voltar a respirar normalmente.


“Women and men we are the same
But love wil always be a game”



Era dia de folga e Zayn queria fazer o que mais gostava de fazer nos dias de folga: absolutamente nada. No entanto, até fazer “nada” estava difícil quando tanta coisa acontecia dentro da sua mente. Ele sabia que tinha uma informação valiosa, mas não tinha a mínima ideia do que fazer. Será que deveria conversar com os outros sobre isso? Será que deveria divulgar? Falar com Rosenfeld, verdadeira identidade de Electra Heart? Será que deveria, finalmente, fazer alguma coisa?
Ela não havia feito mal a ninguém, pelo contrário. Todos de quem sabia que Electra//Whoever tinha se envolvido voltavam com uma boa história. Fosse ainda indeterminada, como a de Harry, fosse nostálgica, como a de Liam ou sensual e esclarecedora, como a dele. Ela havia dado um capítulo memorável à vida de cada um, por que afinal Zayn sentia que tinha que intervir?
Ele mal havia conseguido dormir. A manhã tinha sido terrível, à tarde entediante, e agora que o sol se punha, Zayn se sentia apenas como um grande peso inútil. E indeciso. E confuso. O cinzeiro estava cheio e ele só não havia fumado mais porque estava com preguiça de sair para comprar e até de pedir mais para o serviço de quarto.
Foi então que alguém bateu à sua porta e ele finalmente se levantou da cama para algo que não fosse o banheiro ou para pegar a comida que ele pediu pelo serviço de quarto. Ao abrir a porta, deu de cara com Niall.
- Eu sei que você vai dizer não, mas bora ali beber alguma coisa? – perguntou Niall, bem vestido e cheiroso, pronto pra sair.
Zayn olhou para o amigo e pensou bem. Seu corpo dizia que ele devia continuar a ser um peso na cama, mas talvez Niall aparecer ali era a oportunidade certa para conseguir conversar com alguém que não estava envolvido. Niall era provavelmente o único que não sabia de Electra Heart, e poderia talvez dar um bom conselho sobre o que fazer, haja vista que ele estava na banda e também ia querer preservar a amizade deles acima de tudo.
- Entra aí. Vou tomar uma ducha rápida e vestir alguma coisa – disse Zayn, apontando para o corpo magro que vestia apenas boxers.
Niall arregalou os olhos, surpreso de Zayn ter aceitado sair. Zayn era extremamente caseiro e raramente aceitava sair do seu conforto para o desgaste de uma noitada.
- Tem alguma coisa errada? – perguntou Niall enquanto sentava na cama de Zayn e percebia o cinzeiro lotado, o cheiro quase insuportável de cigarro e ainda tentando entender Zayn Malik aceitando sair para beber em um dia de folga como aquele.
- Hum? Errada? – perguntou Zayn do banheiro, ligando o chuveiro.
- É! Você tá estranho! – Niall elevou a voz para que Zayn pudesse ouvir. Malik, por sua vez, pediu que esperasse e só conversassem quando ele tivesse desligado o chuveiro. Assim que Zayn saiu com a toalha presa na cintura, tentando achar alguma roupa na mala, Niall se pôs a falar.
- É a Perrie ainda? Vocês não vão voltar, né?
Zayn suspirou, sem saber responder direito àquela pergunta. Se o amor fosse segundo Electra havia lhe dito, ele deveria voltar e deveria permanecer com ela apesar de tudo. Deveria lhe explicar sobre o amor como Electra havia o feito, e ser sincero sobre tudo que acontecesse. Todavia, ele ainda não estava certo disso. Não tinha realmente parado para pensar. Era difícil quando haviam viajado por tantas cidades em tão pouco tempo e fazendo, além dos shows, duzentas e dez entrevistas e aparições. Era tudo cansativo demais.
- Não, não é sobre ela. Mas é sobre uma garota – disse Zayn, vestindo a boxer por debaixo da toalha.
- Você tá gostando de alguém? Quem? Quando? – Niall perguntou, curioso. Ele se sentia muito estranho quanto ao assunto relacionamentos. Claro que já se envolvera com algumas garotas, mas nunca nada sério, nunca ninguém que ele amasse e que o amasse o suficiente para enfrentar toda a maré de fãs e mídia. Maré não, tsunami.
Zayn suspirou. Colocou a calça jeans e sentou ao lado de Niall, discorrendo sobre o que havia acontecido no Rosenfeld em Los Angeles – omitindo a cocaína, obviamente – e como aquela mesma garota havia ficado com Harry e com Liam.
- Calma aí! Essa é a mesma garota que o Harry fica mandando mensagem?
- Sim.
- A mesma garota que fez Liam quase chorar cantando Summer Love naquele show da cidade que eu não lembro o nome?
Zayn parou para pensar um pouco, tentando lembrar quando Liam quase chorou em Summer Love e então balançou a cabeça positivamente, confirmando.
- E você também transou com essa garota?
- Já lhe disse que sim.
- Hm – disse Niall, agora confuso e curioso, com o cenho franzido, tentando absorver todas as informações e chegar a alguma conclusão, coisa que ele não conseguiu.
- Mas esse não é o meu problema.
- Não é seu problema? Uma garota seduziu e pegou três de nós e isso não é um problema?
- Ela se apresentou a todos como Electra Heart, mas eu sabia que não era o nome dela. Então eu pesquisei um pouco, fiz uma ligação e acabei sabendo o verdadeiro nome dela. O nome é Rosenfeld, e ela é a filha caçula da família que comanda os hotéis Rosenfeld.
- O que quer dizer que ela não é uma gold digger – Niall concluiu.
- Não, Niall. Acho que o dinheiro da família dela é mais do que todos nós temos juntos. E ela fez questão de usar camisinha, by the way.
- Hm.
- Pois é.
- Pois é.
- Niall? Ajude-me! O que eu devo fazer?
Horan não sabia direito o que responder, só sabia que aquela história toda havia despertado um interesse sem igual na tal garota de cabelos azuis, Electra/. Como ela teria seduzido todos eles? O que havia nela? Mel? Tinha que ter alguma coisa muito interessante para fazer com que três integrantes de uma mesma banda fossem até ela e ainda se apaixonassem, ainda que de forma diferente e tão temporariamente por ela.
- Ela é bonita? – perguntou Niall, e Zayn lhe deu um tapa na cabeça.
- Nem pense nisso, Horan! A gente tem que fazer alguma coisa.
- Uai, fala com ela então! Você sabe quem ela é, descubra onde ela mora e vá até lá. O Harry tem o número dela, e o celular dele vive largado pelos cantos. Converse com ela. Procure saber qual é a dela, o que ela quer com isso. Ela tem que querer alguma coisa, Zayn.
- Ela tem um blog e conta sobre as aventuras sexuais dela. Não menciona nomes, mas fala o que aconteceu. Não acho que seja algum problema.
- Acho que Charlie não ia gostar disso – comentou Niall, referindo-se ao consultor de mídia da banda. Não, definitivamente Charlie não ia gostar de saber que uma garota havia os seduzido e depois descrito detalhadamente (mesmo que sem nomes) o que aconteceu entre eles. As pessoas são espertas e do jeito que a banda estava se tornando cada vez maior e mais conhecida, não seria difícil que ligassem os pontos. – Mas o que eu acho que pode ser pior é que outra pessoa, que não nós, descobrisse a identidade dela. Você tem que avisá-la disso.
- É impressão minha ou você criou empatia pela destruidora de lares?
Niall deu de ombros.
- Vista logo essa camisa e vamos beber, porque hoje eu quero voltar carregado! – riu Niall, sem querer tocar no assunto e se deixar admitir que estava extremamente curioso para saber mais sobre Electra Heart, a destruidora de lares.



Louis suspirava enquanto era vestido por Electra Heart. Ela fechou o botão da sua calça e então o fez levantar os braços para colocar o suéter preto com o qual havia pisado naquele quarto em primeiro lugar, e acariciou o tronco dele que agora estava cheio de marcas de arranhão – arranhões dos quais ela tinha culpa no cartório e se orgulhava disso.
- Harry estava certo sobre você – disse, colocando as mãos em sua cintura. A tarde havia sido muito produtiva para ambos, e a noite simplesmente um deleite. Divertiram-se com conversas que sempre terminavam em risadas e consequentemente em músculos da barriga e bochecha cansados de tanto contrair para rir. Louis se mostrara como a pessoa divertida e engraçada que era, e Electra havia aberto os portões do seu mundo livre, louco e às vezes extremamente melancólico e nostálgico. Eles abriram a gaveta do móvel branco e Electra explicou para que servia cada coisa e até contou histórias de amores passados. Pareceu fácil se abrir e pareceu fácil para Louis também gostar dela. Para ele, Electra não era mais a destruidora de lares, ela era apenas louca pelo amor, louca de amor, louca para o amor. Ela era, acima de tudo, real e humana.
- Harry? – Electra perguntou, parecendo feliz de ouvir o nome de Harry. Boas memórias a invadiram. Ele tinha o sorriso mais lindo que ela já havia visto. – O que foi que ele disse sobre mim?
- Que estar como você é como se sentir livre. Eu não acreditei nele. Pra mim, você era uma vadia sem vergonha.
- Eu sou uma vadia sem vergonha. E é por isso que você se sente livre ao meu lado. Porque eu não tenho medo do rótulo bobo que se coloca em pessoas que querem ser livres como eu – disse ela com um sorriso, beijando Louis logo em seguida.
Louis aproveitou daquele beijo. Ele sabia que provavelmente seria o último beijo que daria em Electra. Tinha que deixá-la voar e aprender a voar ele mesmo também.
- Electra... – disse ele em um sussurro, ela apenas respondeu com um “hmm”. – Eu gostaria de te pedir uma coisa.
- Diga.
- Eu não quero ler nada do que aconteceu aqui hoje na internet. Entendo que você seja livre, mas respeite a privacidade de quem, por estar sempre aos olhos do público, não pode usufruir do mesmo privilégio.
Electra não respondeu, apenas deu um leve sorriso e o acompanhou até a porta, onde se despediram.
- Pense no que eu te pedi.
Era a segunda vez que lhe diziam isso no mesmo dia.
- Não se preocupe – foi tudo o que respondeu, fechando a porta do seu apartamento.
Talvez fosse a hora de parar. Fechar o blog, seguir a vida. Já tinha vivido o suficiente como Electra Heart, como a garota livre que ela gostaria de ser. Observando a bagunça na sala, o tapete amassado e com uma camisinha usada jogada sobre ele, a poltrona, algumas coisas da sua gaveta ali jogadas e sentindo aquela incrível sensação de um dia orgásmico, pensou duas vezes.
Sim, talvez racionalmente fosse hora de ela deixar tudo pra trás e seguir uma vida normal.
Pegou o celular em cima da cômoda ao lado da poltrona e abriu o twitter.
Bem, podia ser a hora... Ou não. Mas a verdade é que ela só se sentia feliz quando estava amando e quando estava sendo Electra Heart. Que tipo de vida medíocre teria como Rosenfeld? Na sombra de uma irmã executiva de sucesso, de pais que não souberam ser pais, de uma vida que não fazia sentido se ela não tivesse o amor. A liberdade para amar era o que prendia à vida.
“I’m only happy when I’m on the run”


Capítulo 7

Hypocrates


“You say that love is not that easy
And that's the lesson that you teach me
So hypocritical, overly cynical
I'm sick and tired of all your preaching
Who are you to tell me who to be?”




Chelsea Hotel nº2, New York, 10PM
Ninguém olhou duas vezes quando Niall Horan, integrante da maior boyband do mundo, fez check-in no Chelsea Hotel. No entanto, enquanto ele saia do elevador ao lado de uma garota de cabelos azuis, não havia menos do que cinquenta fotógrafos profissionais batendo na porta do hotel, tentando atravessar os seguranças. Limusines estavam estacionadas na frente do Chelsea e curiosos se debatiam para colocar as duas mãos contra o vidro e averiguar o que acontecia para tanta agitação.
A garota de cabelos azuis ouvia o seu verdadeiro nome ser chamado pelos fotógrafos, e naquele momento o seu coração parou. Horan, parecendo calmo, segurou sua mão e foi direto até a porta de saída, onde um inferno midiático os aguardava. Os passos de Electra Heart eram hesitantes. Ela não esperava que isso acontecesse, não de verdade. Seu coração batia forte contra o peito, e as pernas faziam o trabalho de andar no automático. Era como se ela tivesse andando cegamente em direção a uma jaula cheia de leões famintos.
Electra apertou a mão de Niall mais forte.
- Não... Tem que ter outro modo de sairmos daqui – disse ela, levando Niall consigo quando correu até a recepção do Chelsea. Para sua infelicidade, não havia outra saída além daquela. O homem que lhe atendeu disse que havia fotógrafos também na parte de trás do prédio, e que era quase impossível sair dali sem passar pela rua principal.
- Paul está lá fora com um carro – explicou Niall, apontando para uma das limusines e para um cara alto que parecia tentar dispersar a multidão a fim de criar um caminho para eles passarem. – Eu vou ficar do seu lado.
- E por que você faria isso? – perguntou ela, confusa e desesperada.
- Porque eu quero, porque eu posso e porque eu quero te proteger.
- Por que me proteger? Por que você acha que não posso me defender sozinha? E por que você acha que vão te deixar fazer o que quiser? Se você tem um ou uma consultora de mídia, tenho certeza que ele ou ela não deixaria que me protegesse. Pelo contrário. E mesmo que tente, eu vou ser sempre uma puta aos olhos moralistas do mundo – os olhos de Electra enchiam-se de lágrimas. Ela não conseguia ver nenhuma luz no fim do túnel. – E eles descobriram meu nome! Logo mancharei o nome da minha família e eu estarei terminada. Por completo. Eu não terei nada. Não terei ninguém. Não...
O discurso desesperado de Electra foi interrompido por um beijo. Niall segurou o seu rosto com as duas mãos e colou seus lábios com força.
Porém, ao contrário do efeito mágico que Niall imaginou que sua atitude teria, Electra pareceu entrar ainda mais em desespero.
- Isso não é um conto de fadas e você não pode ser meu príncipe – disse ela, seus olhos meio saltados e as narinas infladas devido à velocidade com a qual ela respirava. Niall apenas a encarou sério, seus olhos falando naquela língua invisível que dizia “eu estou falando sério”.
Electra piscou diversas vezes até finalmente fechar os olhos e concordar com a ajuda de Niall. Os dois então deram as mãos e foram até a porta do hotel, onde Paul os recebeu e, com a ajuda de outros seguranças e da polícia local, os levaram até uma limusine, que os esperava de prontidão.
Os flashes cegavam, pessoas chamavam seus nomes desesperadamente, e alguns repórteres faziam perguntas que sempre ficavam no ar ou com uma resposta irritada de que dizia “Sem comentários”.
“Você transou com todos os integrantes do One Direction?”
“O que seus pais acham disso?”
“Qual sua intenção em ficar com todos eles?”
“Por que você ficou com todos eles?”
“Quanto eles te pagaram?”
“Você é prostituta?”
“O que vai fazer agora que a nação inteira sabe da sua farsa?”
Era difícil segurar as lágrimas. queria chorar em posição fetal para sempre ou pelo menos sumir desse mundo em um clique. Queria uma nova identidade para viver em paz. No entanto, sentia-se estupidamente burra. Poderia ter ouvido a sua irmã, mas escolheu continuar vivendo perigosamente até ser descoberta. Ao mesmo tempo em que queria saber como descobriram seu nome e o que tinha feito, sabia que era irrelevante. De que adianta saber como a notícia saber? Precisava de um jeito de lidar com aquilo, sem que tivesse que pegar as economias e mais um dinheiro emprestado para sair daquele país e não voltar, talvez, nunca mais. Fugir era uma opção deliciosa, mas fraca. E quem seria depois de ganhar uma nova identidade e viver em um novo país?
ressuscitou pensamentos que não tinha desde a grande depressão, e quis morrer. Morrer rápido, morrer indolor. Por que não? Que grande merda ela tinha a oferecer ao mundo?
Seus pensamentos foram interrompidos quando finalmente entrou na limusine e se viu saindo daquele lugar. No carro, que com dificuldade se movimentava para sair da mob na frente do Chelsea, estavam apenas ela, Niall, Paul, um outro segurança e, no banco na frente, mais outra pessoa e um motorista.
Incomodado com o silêncio, Niall levantou a voz para pedir que colocassem música. Yellow Ledbetter, do Pearl Jam, começou a tocar e logo sentiu-se tomada pela música. O desespero pareceu se dissipar, mesmo que minimamente.
- Estamos fodidos, mas pelo menos nós temos a música – disse para Niall, que sorriu e se aproximou para abraçá-la de lado.
- Vai ficar tudo bem – disse o garoto, esperançoso, completamente cego diante da situação embaraçosa que havia levado para si. Pelo menos uma lição havia sido dada: quando a lógica te disser para parar de fazer algo, ouça a lógica, e não seu louco instinto libertino. Espera, não era exatamente o contrário que as melhores músicas do mundo faziam questão de dizer?
Uma coisa é certa: algo está errado na equação.


Dois dias antes, Hotel Rosenfeld, quarto 2112
Cansada, jogou sua mochila no meio da sala e correu para se jogar sem mais na cama. Devido às molas, seu corpo ainda impactou mais umas três vezes contra o colchão, mas ela não estava nem aí. Contanto que não precisasse andar ou exercitar sua paciência, o colchão poderia te dar vários tapas na cara.
Já fazia seis meses desde que havia abandonado o estilo de vida de Electra Heart. Agora estava trabalhando como assistente em uma das maiores editoras dos Estados Unidos. Seu trabalho era estupidamente estressante. Como assistente era o que diziam ser “pau pra toda obra”, e vivia levando trabalho pra casa. Uma de suas funções era ler os manuscritos que chegavam até a editora, para fazer uma pré-seleção antes de levar a um dos editores. E aquilo era a prova de que ela tinha paciência e muita fé no mundo pra continuar viva.
Lia histórias estúpidas escritas por pessoas com excelente escrita, histórias que poderiam vingar se não fosse a péssima escrita, histórias que insistiam em repetir a “fórmula do sucesso adolescente”, que basicamente repetia um triângulo amoroso, um personagem homem controlador, um aventureiro e uma monga no meio. Ou sexo. É, tinha muita gente apostando na descrição explícita de sexo. Alguns faziam isso de um jeito maravilhoso – e era quando lia algo assim que ia pra casa sorrindo –, mas, de resto, ela ficava de cara com a falta de absolutamente tudo. E, por que diabos, tinham que repetir um mesmo “roteiro de como fazer sexo heterossexual”? Beijos, beijos, acaricia, fica nu, faz oral, britadeira, orgasmo, beijinho na testa, dormiu.
Naquele dia, o editor-chefe havia brigado com ela por ter descartado um livro escrito por “um grande amigo” que estava usando pseudônimo, mas que já era sucesso. achou o livro uma grande pilha de bosta, com um enredo vazio, todavia a editora queria vender, não estava nem aí em publicar excelentes obras. Vender era a alma daquele negócio. E isso deixava extremamente puta.
Pegava o metrô de segunda a sexta para trabalhar. Eram oito horas de trabalho sem contar com as constantes horas extras, depois ia direto para um curso de escrita nas segundas, quartas e sextas, e nas terças e quintas estava fazendo um curso de alemão. Sempre quis aprender, mas nunca teve motivação. Naquela quarta-feira, o percurso do hotel para o trabalho, do trabalho para o curso e do curso novamente para casa foi um verdadeiro inferno. Metrô lotado, quase não conseguiu entrar e ainda foi assediada diversas vezes. Estava cansada.
Todos os dias, antes de dormir, sentia falta de Electra. Tinha saudades de poder fazer o que quisesse, de ter um carro, de não ter que dar tanta explicação e engolir tanto sapo. estava provando o que era ser “normal”, e a vida parecia insuportável. Sentia-se tão cansada que não saía mais. Durante os fins de semana que conseguia finalmente respirar, só queria saber de dormir e de ficar ao computador comendo ou fumando. Raramente bebia. Parecia não ter mais graça beber, ficar mais solta e mais alegre, quando não tinha ninguém para interagir.
estava sozinha, chateada, cansada e se sentia absurdamente estúpida por tudo. Ela também não havia feito o que Louis – que ela intitulou como intitulavam reis: Louis, o Agressivo – havia lhe pedido. Publicou todos os textos antes de colocar um aviso de férias no blog. Recebeu uma mensagem de Louis, o Agressivo, que dizia apenas “Alguém precisa te ensinar um pouco de disciplina. xLouis”
O texto sobre Louis tinha o grande título “Você me chama de vadia como se fosse algo ruim”, que tirou de uma música de uma banda de hardrock chamada Halestorm. A garota, seguindo a sua regra de não haver segundos encontros com celebridades, não respondeu à mensagem. No entanto, nos piores dias, quando achava que não ia conseguir levantar para trabalhar, relia todas as mensagens que havia trocado com todos eles. Era engraçado ler as de Harry, que por sua vez, haviam parado desde que Louis saíra do seu apartamento. Tantas perguntas e comentários sem resposta. Liam quase não havia trocado mensagens, mas só de ler o nome dele na tela, repetia a cena em que ele cantava Cry Me a River em sua mente. Que voz. Que cheiro. Quanto a Zayn, bem, ele era o único com quem não havia trocado qualquer mensagem. Com ele havia sido tudo pessoalmente.
suspirou e virou o corpo na cama.
Estava incompleta. Sem Electra, era absolutamente ninguém.
Depois de mais algum tempo descansando seu corpo depois de um dia praticamente insuportável, se levantou e pegou o notebook. Fechou as cortinas, tirou todas as roupas que usava e voltou a deitar na cama até que a coragem para tomar um banho chegasse.
Checou seus e-mails, moderou os comentários do abandonado blog e então finalmente abriu o Twitter. Foi ali, no twitter, que uma importante informação pareceu retornar brilho aos seus olhos.

@1DNews VMA será esse sábado, às 20h, em Nova York. Os meninos se apresentarão também! MTV irá mostrar ao vivo.
mudou para uma nova aba e abriu o seu blog. Tinha algo faltando para que ela terminasse. Ali tinham quatro histórias, ela precisava de uma última, e principalmente uma última que respondesse melhor às perguntas que ela prometeu no primeiro post, desde que decidiu fazer Electra Heart conhecer os garotos da maior boyband do mundo. Precisava de um ponto final, de chave de ouro, da cereja no bolo.
Video Music Awards. Não seria difícil conseguir uma entrada. Talvez fosse difícil encontrar o irlandês sozinho, mas não havia limites para Electra Heart.
Electra ainda não estava pronta para morrer, não enquanto fosse a luz da vida de .
A garota de cabelos azuis mordeu o lábio inferior, pensativa e sorridente. Havia prometido a Valerie que não ressuscitaria Electra Heart sem antes tentar ganhar a vida de um jeito mais “normal” e menos parasita, todavia, não estaria descumprindo a promessa haja vista que ela realmente tentou. Depois de finalizar sua vida como Electra, prometeu a si mesma que ia parar de depender tanto dos pais e tentaria ganhar a vida de outra forma. Talvez mudar de país com um certo capital e tentar abrir um negócio. Poderia vender roupas online, fazer sua própria grife, escrever um livro do jeito que sempre quis... O mundo tinha infinitas possibilidades quando se era uma das herdeiras de um negócio multimilionário.
Ela só precisava ser Electra Heart.
Só mais uma vez.


Sábado, 20h, tapete vermelho do VMA.
Muitas pessoas atravessam o tapete vermelho desapercebidas, apenas passeando entre fotógrafos e celebridades. Electra era uma dessas pessoas. Usando uma credencial de imprensa com acesso ao backstage, coisa que descolou ao cobrar um favor de um antigo amigo, Electra passeava pelo tapete vermelho em direção ao local da cerimônia. Mesmo estando absolutamente linda, em seu vestido branco, poucas pessoas lhe davam um segundo olhar. Ela não era a única com o título de absolutamente linda, haviam verdadeiras deusas da música desfilando naquele mesmo tapete.
Não demorou para que alcançasse o local da cerimônia e, mesmo sendo supostamente uma jornalista sem nem ao menos uma câmera nas mãos ou um cameraman, Electra entrou no backstage e estudou o lugar e um plano para colocar em ação. Tinha que encontrar o garoto que faltava sozinho ou absolutamente tudo ia para os ares.


Depois de passar por uma multidão de fotógrafos, jornalistas, fãs e outras eteceteras facilmente encontráveis no tapete vermelho, a maior boyband do mundo foi levada até um enorme camarim, a fim de lhes dar tempo para preparar para a apresentação dali a alguns minutos. No entanto, Niall, na sua ida ao banheiro do corredor – já que Harry parecia ter se trancado para sempre no banheiro do camarim –, quase se perdeu na volta. E levou um susto quando alguém puxou seu braço e disse:
- Será que você poderia me dar uma entrevista a sós?
O irlandês demorou um pouco para associar e entender o que estava acontecendo. Foi logo depois da longa sonoridade de um “desculpa, mas eu não...”, que finalmente virou o rosto para encarar quem quer que tivesse puxado seu braço.
Cabelos azuis, da cor de um céu limpo no litoral; tatuagens no pescoço, mão direita e coxa esquerda; olhos espertos que o encaravam sem dó e uma boca pintada de vermelho que, boatos diziam, ter sabor de liberdade.
Era ela.
Naquele exato momento de descoberta, Paul, o segurança, chamou Niall e vinha em sua direção.
- Onde diabos você estava? – perguntava Paul, andando em passos rápidos e pesados em proximidade.
Electra Heart sorriu.
- Chelsea Hotel, quinto andar, 56 – disse Electra rapidamente, logo sendo chamada atenção por Paul, que pedia suas credenciais e perguntava o que diabos ela estava fazendo sozinha com Niall.
- Você não agendou nada? – perguntou Paul, confuso, mas Electra mal conseguia olhar para ele. Seus olhos estavam presos nos de Niall, que a analisavam com acuidade necessária. Eram provavelmente os olhos mais azuis que ela já tinha visto na vida. Além de que, ela sentia que poderia simplesmente ler os pensamentos dele naquele momento, ele sabia quem ela era, e estava travando uma batalha interna sobre contar ou não para os companheiros sobre aquele encontro e principalmente se ir ou não satisfazer sua curiosidade. Ainda tinha o detalhe que era a sua agenda de compromissos, que ele simplesmente não tinha ideia do que tinha para os próximos dias.
-Às sete, amanhã – disse Electra, dirigindo-se a Niall e então, com um sorriso amarelo, saindo de cena.
- Ela agendou com você pra amanhã? Sozinho? – perguntou Paul, confuso.
- Hã?
Os dois se olharam, ambos em extrema confusão, e então simplesmente decidiram deixar pra lá. Seguiram em silêncio de volta ao camarim.


Para Electra, premiações musicais eram bem chatas. Ela não entendia por que diabos eles tinham que apresentar as mesmas piadas sem graça e como aquilo se dizia uma promoção se basicamente todo ano premiava as mesmas pessoas. Era aquela mesma história que vivia na Editora com os livros que faziam sucesso e os bons livros. Não que os artistas ali presentes não fossem bons, mas dificilmente eram os melhores. E dificilmente estavam ganhando prêmios por próprio mérito, e sim por ter os recursos para produzir aqueles videoclipes.
A garota não chegou nem a assistir a premiação inteira. Saiu pouco antes, sabia também que seu trabalho ali já havia sido feito. A verdade é que, no final das contas, ela não tinha plano nenhum e durante todo o tempo estava naquele corredor esperando por uma oportunidade. No final das contas, seu plano foi a paciência e a perseverança, coisas dignas de uma fã.
O que ela não esperava, no entanto, é que a filmassem enquanto se levantava para ir embora e colocassem a imagem no telão.


- VOCÊ VIU ISSO? – Harry quase bradou quando seus olhos encontraram a imagem de Electra Heart no telão. Zayn, que estava do seu lado, franziu o cenho. Niall, do outro lado, apenas olhou para ele, assustado.
- Cara, baixa o tom – disse Zayn. – E se acalme. O que foi que você viu?
- Ela está aqui, Zayn. Eu acabei de vê-la no telão. Ela está aqui. Ela está viva. E ela está aqui – Harry falou atropelado. Seu coração havia acelerado como louco. Zayn, ao perceber a quem Harry se referia, também sentiu sua pulsação aumentar.
Ela estava ali, naquele mesmo ambiente, depois de seis fucking meses. No entanto, na mente de Zayn, uma dúvida pairou no ar: Quem estaria ali, Rosenfeld ou Electra Heart?
- Você tem certeza que era ela? – perguntou Zayn.
- Absoluta. Eu jamais erraria ao reconhecê-la. – disse Harry, convicto.
Depois da visita de Louis a Electra Heart, o mesmo sentiu-se na obrigação de ter uma conversa com seus companheiros sobre a sedutora e livre garota que havia praticamente enfeitiçado todos eles, menos Niall. Foi um momento de extrema sinceridade entre eles e que, de alguma forma, havia os fortalecido como grupo. Dividir as experiências com Electra acabou trazendo a tona outros assuntos que estava os afligindo há algum tempo como, principalmente, seus estereótipos criados pela agência e a verdade sobre como Zayn se sentia diante do ódio que lhe era enviado – fosse direta ou indiretamente. As ideias do amor livre e sem limites de Electra havia lhes convencido também a pensar como indivíduos, como o amor deles, entre si, também havia mudado, e que estar numa banda era meio que como estar casados um com o outro.
Um enorme peso foi tirado dos ombros do One Direction quando esvaziaram os ombros ao dividir sinceridades. Foi estranho, no entanto, quando contaram suas experiências e elas eram com uma mesma garota, e ainda com uma mesma garota que um deles jamais conheceu.
Niall se sentia extremamente excluído com aquilo tudo. Ele era o único que não havia provado do amor livre de Electra, o único sem uma experiência para contar, o único sem nenhum “income” diante da situação. Às vezes sentia-se estúpido e acrescentava o “único” a várias outras coisas, principalmente com “o único que nunca teve uma namorada publicamente”.
Sentia-se, acima de tudo, solitário e atraído a Electra. Atraído a fazer parte de um clube de corações solitários, a ter uma noite de amor, a escolher se deixar ser amado e a ser agarrado agressivamente por uma garota de cabelos azuis e experiência sexual.
- O que será que ela está fazendo aqui? – perguntou Liam, quando a conversa finalmente chegou até ele, que estava na outra ponta das cadeiras.
- Não sei – respondeu Niall de prontidão, esperando não ter que contar sobre o convite que lhe foi feito no camarim.
- Coisa boa não é – completou Louis.
-Ei, vocês, dá pra calar a boca? – pediu uma das organizadoras do evento, aproximando-se rapidamente em seu terninho preto. – Ou pelo menos falem mais baixo!
Os garotos passaram a comentar mais baixo sobre o enigma que era Electra Heart, e enquanto isso Niall apenas observava e ouvia tudo em silêncio. Mentalmente, cedia àquele convite. Era muito além da curiosidade. Ou talvez não tão além assim.


Chelsea Hotel, domingo, 19h.
- Boa noite, senhor, em que posso ajudá-lo? – perguntou o recepcionista do hotel Chelsea, com um fraco sorriso no rosto.
Niall Horan engoliu em seco. Lá estava ele, no local marcado por Electra e para encontrá-la. O que afinal ia dizer ou fazer com ela quando a encontrasse? Niall era extremamente inseguro quanto a si mesmo e sentia que talvez não fosse capaz de atraí-la como seus bandmates o fizeram. Ele não se achava tão bonito ou tão charmoso, muito menos tão inteligente. E se, de repente, ela não o quisesse mais? E se ele não tivesse assunto?
Tantas perguntas sem resposta fizeram com que Niall gaguejasse enquanto falava com o recepcionista sobre seu encontro.
- Ah. É. Bem... Hmmm… Eu meio que fiquei de encontrar com uma moça no quarto 58. Electra Heart. Ela… tem cabelo azul.
- Niall Horan? – perguntou o recepcionista, pronunciando o nome de Niall no estilo Americano, ou seja, algo como “nee-al”.
- Niall – repetiu o garoto, corrigindo a pronuncia.
- Só subir o elevador e virar à direita – disse o recepcionista, indicando com a mão para o elevador.
O Chelsea Hotel não era daqueles hotéis novos e luxuosos, muito pelo contrário, era um hotel vintage. Um hotel histórico no coração da ilha de Manhattan. Por muito tempo, o Chelsea abrigou inúmeros artistas, fossem músicos, atores, designers de moda, etc. Pessoas realmente memoráveis.
O hotel já foi também a casa de alguns artistas, que viviam nele do mesmo jeito que viveriam em um apartamento alugado. Hoje há pouquíssimos inquilinos no Chelsea, mas andar por aqueles corredores é como andar por toda uma história de arte e filosofia. Há um sentimento singular em andar e se hospedar por lá.
O saguão do Chelsea era pequeno e repleto de quadros. Niall se perdia sem saber para onde olhar, e também se sentia como em um filme. O medo era que aquele fosse um filme sem final feliz para o garoto que, definitivamente, não tinha jeito para lidar com garotas.
Ao chegar ao quinto andar, Niall tentou inspirar o máximo de ar possível. Coragem, garoto. Coragem.
Andou em passos largos e relaxados até o apartamento 58, que por sua vez tinha a porta entreaberta. Inseguro, ele deu duas batidas na porta e acabou por abri-la sem querer. Uma voz calma e segura disse:
- Entre.
Electra Heart estava em pé na frente da janela aberta. Vestia um simples vestido cinza e calçava All-Stars azuis escuros. O cabelo cor de céu estava solto, parecendo recém-lavado por ainda apresentar algumas partes molhadas, e muito cheio batia no meio das suas costas. Uma música muito conhecida de trip-hop, Glory Box, tocava ao fundo, parecendo vir das estranhas caixas de som laranja sobre o criado mudo. Quando Electra finalmente se virou, Niall pôde ver que fumava um cigarro, e então ela sorriu.
- Quer algo para beber? – perguntou, tirando mais um trago antes de apagar seu cigarro em um cinzeiro no parapeito da janela.
- O que você tem? – perguntou Niall, tentando se acalmar e tirando o seu casaco favorito. Ele havia realmente se arrumado para a ocasião. Mesmo tendo levado tão pouco tempo, haja vista que demorou muito para convencer Paul a levá-lo para o Chelsea naquele dia. Sabia que sair sem segurança por Nova York poderia ser muito mais complicado, Niall usou praticamente todas as suas peças favoritas, inclusive aquele perfume que era só borrifado em ocasiões especiais. Ele também não tinha a noite toda ali, como gostaria de ter. Paul ia buscá-lo dali a três horas.
- Não sei – riu Electra. – Faz bastante tempo que não bebo por aqui. O que você gostaria de beber?
- Uma cerveja tá bom – disse Niall, sentando-se na ponta da cama.
- Perfeito então.
Electra foi até o frigobar e de lá tirou duas Stella Artois, abrindo as duas e então entregando uma a Niall. Ele a observava com muita atenção, analisava cada ação por ela tomada.
- Então... – disse Electra, sentando-se ao lado de Niall e cruzando as pernas. Tomou um gole da sua cerveja e então sorriu. – Você sabe quem eu sou?
Niall bebeu um longo gole antes de responder à pergunta.
- Devo ter ouvido uma coisa ou outra sobre você.
- Coisas boas?
- Coisas diversas – disse Niall, tomando um gole da sua cerveja. Irlandês. criado numa cultura em que uma boa cerveja era basicamente o copo de leite antes de dormir, sentia-se mais à vontade sentido o gosto amargo da bebida em sua boca. Além do mais, o álcool tendia a facilitar as coisas para ele quanto à timidez.
- Você está nervoso? – perguntou Electra, aproximando uma das mãos da perna de Niall. O garoto congelou.
- E-e-e-eu... Não. Não, eu tô bem. Eu só... Tô curioso. – disse Niall com a voz meio falha. A primeira parte era uma grande mentira, ele estava extremamente nervoso, a segunda, no entanto, era verdade. O que estava movendo Niall era a curiosidade. Até mesmo a abrupta e intensa atração que sentia pela garota que sentava ao seu lado. Afinal de contas, como deve ser beijar lábios que tinham gosto de liberdade? Como era estar com alguém que simplesmente parecia ignorar facilmente o fato de que Niall carregava o fardo e a benção de ser famoso?
Sentindo que Niall estava parecendo se retrair em pensamentos, Electra se levantou da cama e então começou a passear pelo espaço vazio do quarto. Ela tirou os tênis e os colocou em um cantinho, e então passou a andar arrastado pelo tapete macio, acariciando a pele dos pés desnudos suavemente. A música de trip-hop já havia acabado até aquele momento, e uma suave música que tinha o som do mar ao fundo tocava enquanto Electra dançava sem ritmo sobre o tapete. E ela só parou quando Niall estava prestando atenção ao que ela fazia, tendo os absurdamente azuis olhos do irlandês presos a cada movimento seu, Electra foi novamente até o frigobar e pegou mais outra garrafa, apenas uma. Deixou a sua, vazia, no lixo e então foi para perto de Niall, dando a garrafa cheia a ele e tirando a praticamente vazia da sua mão também, tomando todo o resto e colocando-a perto do pé da cama.
- O que você gosta de ouvir? – perguntou ela, interrompendo o silêncio. – Rock? Indie? Pop? Oldies?
Niall sorriu. Isso ele saberia responder.
- Bon Jovi! – disse animado. Electra sorriu com o jeito engraçado que ele apresentava. Niall era talvez o garoto que mais se intimidava na presença de uma mulher. Ela nem sabia dar a si mesma uma explicação lógica para que ele tivesse chegado até ali, até aquele encontro com ela. Logo ela, a garota libertina, de mente revolucionária e ignorada por alguns padrões de beleza.
- Infelizmente, não tenho Bon Jovi – disse a jovem, aproximando-se das pequenas caixas laranjas sobre o criado mudo e então puxando um pequeno aparelho, um iPod. – Diga-me outro artista.
- Hmm... – Niall murmurou, pensando bem. Na sua cabeça, todas as conversas que teve com os garotos, em que eles diziam o que havia acontecido enquanto estiveram com Electra. Todos eles mencionaram música. Olhando para ela ali, com aquele cabelo azul, pés descalços e relaxada a olhar para ele, esperando uma outra sugestão, Niall sentiu que deveria confiar no gosto dela.
- Coloque uma música que você ache que eu poderia gostar – disse Niall com um sorriso nos lábios.
Electra sorriu de volta e então selecionou uma música que lhe ocorreu como um bom chute no escuro. Niall parecia ser do tipo que gostava muito de música pop atual, mas aquele iPod dela basicamente só tinha música dos anos 90 para trás.
Sendo assim, Don’t Look Back In Anger, do Oasis, começou a tocar. E ainda mais animado, Niall se levantou para cantar junto.
- Tira os sapatos! – disse Electra, e o garoto obedeceu rapidamente, logo indo em direção a ela e a puxando pelos braços para cantar e dançar junto.
- SLIP INSIDE THE EYE OF YOUR MIND, DON’T YOU KNOW YOU MIGHT FIND… – começou Niall, e Electra o acompanhou. – … A BETTER PLACE TO PLAY!
Os dois começaram então uma odisseia de cantoria de músicas do Oasis a partir daquele momento. Dançavam, cantavam juntos na pura emoção. As cervejas iam acabando, e eles iam ficando a cada minuto mais bêbados. A música abriu espaço para conversas aleatórias, para troca de sorrisos cada vez mais cúmplices, para um mundo de possibilidades entre duas pessoas.
Electra deitou no tapete e convidou Niall para fazer o mesmo. Meio bêbado e cada vez menos engessado em sua bolha de medo e timidez diante de potenciais amantes, Niall deitou a cabeça sobre a barriga da garota, rindo.
- Eu posso te pedir uma coisa? – perguntou ela.
- Sim.
- Não deixe nunca que sua música perca a magia de fazer a vida das pessoas melhores. Ouça só isso – Electra levantou a mão e fez silêncio para que Let There Be Love ecoasse pelo ambiente. – Isso é a magia do mundo. Isso é o que faz a vida fazer algum sentido. Não deixe que controlem vocês. E se vocês não conseguirem força na vida real, saibam que a música é a maior arma que vocês têm. É a arma para falar o que vocês realmente sentem.
Niall virou a cabeça para ela, mas era difícil enxergar o rosto de Electra daquele ângulo. Naquele exato momento, o garoto ouviu um estranho barulho vindo da barriga de Electra, e não pode deixar de rir alto. Electra também sentiu sua barriga roncando, e riu também.
- Desculpe-me! – o loiro riu ainda mais. – Não consegui deixar de rir, o barulho foi bem no meu ouvido!
Niall então deitou ao lado de Electra e, ainda sorridente, olhou para ela e colocou uma mecha do seu cabelo para trás da orelha.
- Por que azul? – perguntou ele, sentindo seu coração bater mais forte agora que a distância entre seus rostos havia diminuído drasticamente. Seria aquele o momento?
- Por que amarelo? – Electra rebateu com um sorriso largo. A verdade é que ela já tinha começado a beber antes que Niall chegasse, e agora seus lábios apresentavam uma certa dormência, que lhe dava uma baita vontade de sorrir para sempre. E de beijar. E de ter seus lábios mordidos, só pra ter certeza de que ali ainda circulava algum sangue.
Os dois então viraram seus corpos um para o outro e passaram a se encarar.
Ao mesmo tempo em que estava extremamente concentrado em gravar o rosto de Electra em sua mente, fotografando cada parte daquele momento com olhos vidrados, Niall não sabia se deveria fazer algo ou não. Se, talvez, deveria desviar um pouco o olhar, disfarçar quão animado estava de estar tão perto dela, de sentir seu cheiro. Para ele, era como estar em um encontro com alguém que até então tinha sido apenas uma lenda.
A garota de cabelos azuis.
Destruidora de lares.
Livre.
Perspicaz.
Linda.
Ao final dos seus pensamentos, Niall finalmente percebeu que o rosto dela estava muito mais próximo do que se recordava. Seus narizes tocaram, a gelada mão da garota estava no seu pescoço, fazendo um delicioso carinho, e o polegar alisou seus lábios.
- Não se preocupe, Niall. Eu não mordo. A não ser que você queira – riu ela. Niall segurou a respiração até que finalmente os lábios de Electra Heart tocaram nos seus. Um beijo docemente suave, porém com gosto amargo de cerveja. As mãos de Electra, muito rápidas, desceram até o peito de Niall e ali espalmaram; seu corpo rapidamente ficou por cima do dele e seus lábios não descolavam.
Logo Niall começou a descobrir o corpo de Electra. Começou entrelaçando as mãos pelos cabelos um pouco suados dela – por causa da dança e cantoria em cima do tapete – e depois desceram pelas suas costas, vagarosamente até alcançar a bunda. Naquele momento, ela já estava com as mãos para dentro da camisa dele e arranhava suavemente sua pele. Para ela, era estranho estar com alguém como Niall. Ele parecia apenas um garotão, e tinha um corpo pouco desenvolvido. Magro, poucos músculos e uma pele suave com um cheiro magnânimo de algum perfume Armani. O nervosismo dele era tão visível que Electra se sentia um pouco sem graça de estar sendo tão apressada em seus movimentos, mas a verdade é que ela estava faminta por ele, faminta por aquele momento, faminta por estar sendo Electra Heart e não a Maria-Ninguém aka Rosenfeld.
Os dois se enroscaram no tapete até o momento em que Niall, desconfortável com aquela situação no chão e recuperando um pouco da sobriedade, sugeriu a Electra que levantassem e fossem para cama. Electra, no entanto, estava ligada a mais alta voltagem. Assim que Niall levantou e a ajudou a levantar também, a garota o beijou mais uma vez e o levou até o lado da cama. Parou de beijá-lo repentinamente e o empurrou para sentar ali.
- Bagunce a cama – disse ela, parecendo não fazer sentido. Mesmo sem entender nada, Niall obedeceu e jogou o edredom para um lado e bagunçou os travesseiros.
Com um sorriso pervertido, Electra se agachou na frente de Niall e foi abrindo a sua calça vagarosamente enquanto, embriagada de amor e álcool, contava uma história.
- Sabe, Leonard Cohen e Janis Joplin tiveram um caso uma vez. Foi bem aqui nesse hotel. Nesse mesmo quarto. Foi para ela que ele escreveu aquela música, Chelsea Hotel nº2. Você sabe qual é?
Niall fez que não com a cabeça, cada vez mais ansioso para o que ela estava prestes a fazer.
A garota de cabelos azuis sorriu.
- Tire – disse ela, afastando-se um pouco e arrumando os cabelos em um coque com o elástico que tinha preso no punho. Niall levantou-se rapidamente e desceu as calças e a boxer, completamente excitado, e jogou suas roupas para longe dali. Electra tirou o vestido e revelou não estar usando qualquer coisa por debaixo dele, o que fez com que a excitação de Niall desse mais pulsos ainda, bombeando mais sangue, ficando mais duro. Deveria, definitivamente, adicionar “provocante” à lenda de Electra Heart.
- Essa é a última vez que eu estou sendo Electra Heart, por isso estamos em um hotel diferente. Mas eu queria fazer o que a Janis Joplin fez ao Leonard Cohen. Te dar um boquete numa cama desfeita no Chelsea Hotel, coração de Nova York – disse a garota, sua mão segurando o pênis de Niall e o masturbando vagarosamente. Ela deu algumas lambidas para lubrifica-lo. – Se eu for sua vadia hoje, você quer ser o meu último amante?
Não precisava perguntar duas vezes.
- Sim. Por favor.


Chelsea Hotel nº2, New York, 9:40PM
Trajando apenas o vestido cinza novamente, Electra Heart comia um pedaço de pizza que tinha mais queijo do que massa. Ou seja, uma pizza maravilhosa. Finalmente conseguiu fazer seu estômago se calar, e Niall, exausto depois de satisfazer a fúria sexual de sua parceira, comia o terceiro pedaço sem mal parar para tomar a Coca-Cola. Os dois estavam em silêncio, ouvindo música, trocando olhares e vez ou outra sorrindo um pro outro.
Foi de repente que Electra começou a ouvir algo estranho vindo da rua. Curiosa, a garota levantou e, com a mão limpa, afastou as cortinas para ver o que estava rolando. Seu coração parou quando viu aquelas limusines estacionadas, iguais, e meio mundo de gente da mídia e das colunas de fofoca uns sobre os outros.
While the limousines wait in the street.
Não, aquilo definitivamente não é bom. Electra olhou para Niall, desconfiada.
- Você avisou a alguém que estava vindo pra cá?
- Só ao Paul – disse Niall, despreocupado, de boca cheia. – Ele me deu três horas só – completou o garoto, fazendo uma cara triste. Queria passar a noite toda com ela.
No entanto, Electra estava em estado de choque com toda aquela aglomeração. Arrependeu-se de não estar no Rosenfeld, mas a verdade é que Valerie estava vigiando, e com certeza saberia se um integrante do One Direction pisasse em terras Rosenfeldianas. Era muito arriscado. Além do mais, a ideia de ter sua última noite como Electra Heart em um hotel histórico e revivendo uma música clássica era extremamente sedutora. A pior coisa do Chelsea, no entanto, é que era muito fácil chegar ali, muito fácil tirar a foto de alguém na varanda ou na janela.
Electra rapidamente se afastou da janela.
- Acho que nós temos um problema – anunciou. Horan olhou para ela sem entender. Mal sabia ele quão imenso era o problema que estavam prestes a enfrentar. Ou, ainda pior, o que estava prestes a enfrentar.
Uma multidão de hipócritas.

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Capítulo 8

Buy The Stars





Medo.
Nunca o medo havia infligido tanto Rosenfeld como o fazia naquele exato momento.
Medo de não saber o que fazer.
Medo de que estivessem certos sobre ela.
Medo de que não mais soubesse quem era.
E, afinal, quem era Rosenfeld? Uma medrosa por trás de máscaras de diferentes personalidades, uma incapaz, uma inútil, o parasita de uma família de magnatas; errante, viciada em sexo, viciada em amor, viciada na noite e no que ela a proporcionava. Ela era corpo disforme, mente incoerente. Peça quebrada de um sistema opressor. Ela era uma mulher cuja única certeza no futuro era que seria apedrejada.
Medo novamente.
era, acima de tudo, humana, e por isso temia as pedras que colocariam em seu caminho. As pedras que atingiriam sua humanidade, seu corpo, sua alma.
Não sabia o que fazer e mesmo quando pensava em fugir, não tinha a mínima ideia de para onde ir.
Valerie deveria estar completamente imersa em vergonha. A irmã tinha lhe avisado que aquilo poderia acontecer, que julgariam ela como uma Maria Madalena, porém não haveria Jesus para salvá-la – assim como também nunca existiu Jesus para apagar a reputação de Madalena ou o estigma que se manteve sobre seu gênero e profissão.
Tinha Aisha, mas o que poderia esperar dela?
Pensando bem, Aisha poderia lhe acolher e ajudá-la numa mudança de identidade.
Talvez devesse fugir do país.
Talvez fosse a hora certa de deixar que a depressão a tomasse e a destruísse lenta e dolorosamente, até um golpe final, que resultaria no fim da sua existência.
“Morre Rosenfeld, caçula da família e protagonista do blog Free Bitch”, seria manchete, “Aos 23 anos Rosenfeld é encontrada em quarto de motel no Brooklin. Autópsia aponta overdose. A garota, caçula da riquíssima família Rosenfeld, foi recentemente descoberta como a autora do blog Free Bitch, onde descrevia experiências sexuais com celebridades. Pessoas próximas à garota afirmam que ela não aguentou a pressão...”, assim continuaria a matéria. Comentariam, com certeza, que talvez se não fosse uma completa vadia, ainda estaria viva. Talvez alguém comemoraria a sua morte e a usaria de exemplo para que mulheres continuassem submissas e pouco sexuais.
“Feeling super super super suicidal”
Todos esses pensamentos atravessaram a mente de enquanto ela estava naquela limusine. Sua mente se debatia para arranjar uma solução fácil e simples, mas como poucas vezes aconteceu na vida de , não havia uma solução fácil e simples. Havia a solução difícil, complicada e dolorosa e havia a solução trágica e burra. Nada simples. Nada fácil.
- Electra? – chamou Niall, parecendo ter chamado aquele nome várias vezes e não tendo sido atendido.
A garota levantou o olhar perdido para ele, e piscou duas vezes a fim de lubrificar os olhos. Aparentemente, ela devia estar a muito tempo com o olhar fixo no nada enquanto deixava seus pensamentos a carregarem para outro lugar.
- Oi?
- Você tá bem? – perguntou ele, a testa franzida, os olhos absolutamente azuis preocupados.
- Tô – mentira. Mais cabeluda que o Chewbacca.
- Hm... Nós chegamos – disse Niall, apontando para a janela.
- Chegamos? – ela perguntou, confusa. – Mas chegamos onde?
- No meu hotel. Onde você pode ficar até a poeira baixar.
- Hã?
Quando? Como? Por quê? E agora?
As perguntas que o consciente de a submetia simplesmente a faziam se sentir tonta. Por que não poderia simplesmente fechar os olhos e morrer naquele exato momento?
Garota de cabelos azuis morre por não saber o que fazer.
Não, não era a hora.
fechou os olhos e procurou se concentrar. Niall ainda a tratava como Electra, mas parecia ser impossível ser Electra quando se sentia tão completamente perdida. Electra era a parte de si que sabia o que fazer no momento seguinte, que não se importava com rótulos, que vivia sem medo.
- Electra? – Niall chamou sua atenção novamente, mas não havia mais Electra ali.
- Meu nome é Rosenfeld – disse ela, como quem acabara de contar uma grande descoberta.
- Eu sei – respondeu Niall. – Eu só estava jogando o seu jogo – sorriu ele. – .
sorriu sem saber ainda se era de desespero ou se estava feliz que Niall havia ido ao seu encontro, mesmo sabendo da sua verdadeira identidade.
- Mas... Quem te contou?
- Zayn. Eu te explico depois – ouviu-se Paul bater na porta do carro para que saíssem logo. – Vamos lá, eu te conto tudo no caminho.
concordou com a cabeça e então se levantou, abriu a porta do carro para sair, sendo logo seguida por Niall. Os dois saíram no estacionamento do hotel em que o One Direction estava, e apesar de estarem a salvo dos fotógrafos profissionais e papparazzi’s que se aglomeravam na saída e em pontos estratégicos – ou pelo menos da maioria esmagadora deles – não estavam salvos de fãs e curiosos que tiravam fotos timidamente dos dois. Niall Horan lado a lado com uma garota de cabelos azuis. Aquilo era algo que daria o que falar.

Ao chegar no quarto onde Niall se hospedava, quase toda a banda já se encontrava em espera. Olhar todos eles ali sentados assustou de tal forma que ela deu um passo para trás, hesitante em estar num mesmo ambiente que quatro pessoas com quem ela havia tido relações amorosas e sexuais.
O quarto era bem grande, uma suíte extensa e moderna. Não era nada como o Rosenfeld, que procurava manter uma decoração mais rústica e clássica – ainda que com elementos modernos –, pelo contrário. Aquele lugar parecia ter sido construído há pouco tempo, era completamente decorado em preto e branco. O piso de linóleo negro fazia um contraste forte com o tapete branco de fur* assim como os travesseiros de fronha cor de ônix faziam o mesmo com o edredom marfim.
Zayn Malik estava em pé próximo à janela e fumava um cigarro calmamente enquanto seus olhos expressivos acompanhavam com uma atenção irrevogável. Sentados sobre a cama estavam Liam e Louis, parecendo um pouco cansados. Louis ainda tinha os cabelos molhados de um banho que deveria ter sido recém-tomado. imaginou chegar perto dele e sentir o cheiro da sua loção pós-barba. Liam, por sua vez, parecia estar trajando apenas calções por debaixo no roupão branco, e seus olhos avermelhados o denunciavam – provavelmente estava dormindo antes.
Harry Styles era o único que faltava àquela reunião, percebeu, e talvez isso fosse bom porque ela não estava no melhor humor para ser questionada sobre não responder mensagens.
- Boa noite – disse ela, se encolhendo um pouco ao lado de Niall. O irlandês colocou o braço sobre os ombros dela.
- Você não parece bem – disse Zayn.
- Se você estivesse em meu lugar também não pareceria bem – respondeu ela, direta. Era diferente encontrar a garota de cabelos azuis agora que ela não mais transpirava liberdade, e sim medo e raiva. Era como conhecer alguém na melhor época da sua vida e depois visitá-la em uma grande depressão.
- Eu te avisei, Electra... – disse Louis, logo sendo cortado pela garota. não gostava de parecer fraca e completamente odiava levar sermão. Principalmente de gente que ela só fez transar uma vez na vida (por mais delicioso que tenha sido o sexo).
- Primeiramente, meu nome é . Você sabe disso pelo que fui informada. E segundo, se você veio aqui só para jogar na minha cara que “me avisou”, eu prefiro que saia daqui. O que eu menos preciso agora é de alguém que só faça piorar as coisas.
Sério, Louis a encarou e então deu de ombros. fez o mesmo e se soltou de Niall, ficando ao lado de Zayn e lhe pedindo um cigarro.
- Você tem ideia de quem possa ter vazado sua identidade?
- Eu não sou exatamente a pessoa mais querida do mundo... Qualquer um pode tê-lo feito. Qualquer um que tenha feito o mesmo que o Zayn.
- Na verdade, eu só dei muita sorte de ter pegado um funcionário desavisado – disse Zayn, acendendo o cigarro da única garota do ambiente.
- Mesmo assim, eu... – ela deu a primeira tragada, soltando o ar tóxico em seguida. – Eu não tenho ideia de como isso aconteceu. No momento estou pensando mais no que fazer a...
A fala de foi interrompida por alguém que fez uma espécie de batuque na porta, chamando atenção de todos.
- Deve ser o Harry – disse Niall.
- Você chamou todo mundo pra cá e contou tudo enquanto estávamos no carro? – perguntou ela, confusa com suas próprias memórias.
- Sim. Você estava do meu lado! – disse Niall, indo atender a porta.
A presença de mais um ali, e especialmente a de Harry, fez com que tivesse vontade de se jogar pela janela. Ou dormir. Se não achasse nem uma solução fácil até o fim da noite, pensava em simplesmente convidá-los a uma grande suruba e dormir por três dias seguidos. Pra falar a verdade, esses são os pensamentos mais sórdidos de e ela provavelmente não está feliz de tê-los compartilhados assim.
Harry parecia um pouco bêbado quando Niall abriu a porta. Deu um tapinha no ombro do amigo e foi direto até onde estava e a abraçou.
- Vai ficar tudo bem – ele disse em seu ouvido. O garoto cheirava a cerveja.
, meio sem reação, acabou por simplesmente bater em suas costas pedindo que se separasse do abraço e sorriu para ele de um jeito amigo.
- Já não tenho certeza sobre isso.
Foi então que Liam finalmente levantou a sua voz grossa.
- , o que você está pensando em fazer agora? – perguntou, trazendo de volta aos pensamentos que a deixavam louca. – Olha, seja lá o que queira fazer, nós vamos te ajudar. O que você precisar, nós vamos te ajudar. Inclusive o Louis.
- Eu ainda acho que ela não aprendeu a lição.
- Cala boca, Louis – resmungou Harry, sentando-se ao lado do amigo.
- Obrigada, mas acho que não tem o que vocês fazerem. O consultor de mídia de vocês já os contatou?
- Acho que ele não sabe... – disse Harry, meio lento.
- Claro que sabe – falou Zayn. – Todo mundo sabe.
- É, está um caos na internet – apontou Niall.
- Se você tiver qualquer conta ativa em redes sociais, esse é o momento de apagar tudo, – disse Liam com sua voz protetora.
- Pode me chamar de . E acho que não vou conseguir saber o que fazer até que me apresentem opções melhores do que as que eu tenho na cabeça.
- E quais são suas opções? – perguntou o irlandês.
- Opção número um: morrer – disse ela com um sorriso o que pareceu engraçado apenas para ela. Zayn a encarou quase com ódio nos olhos. – Opção número 2: fugir. Essa opção é meio complicada porque, bem, tenho quase certeza que meus pais já vão me deserdar e eu não guardo muito dinheiro na conta, principalmente agora em final de mês. Opção número 3: encarar o ódio, deixar-me ser apedrejada, virar traficante ou puta - porque obviamente ninguém em sã consciência vai me dar emprego decente - e viver uma vida miserável com o estigma de ter sido a vadia que pegou o One Direction. E mais algumas outras celebridades. E porque eu transei muito e aparentemente isso é um crime social. Para uma mulher, obviamente.
- Suas opções são horríveis – disse Louis. – Eu pensei que você era do tipo que se programava para tudo na vida. – olhou para ele com uma cara entediada. – Digo, olhe para nós, você conseguiu um feito e tanto e sem nenhuma programação do que fazer? De onde estar? De como estar vestida?
- Eu acho que sou naturalmente vadia, então – riu ela. – Claro que eu penso em estar no mesmo lugar da pessoa que eu gostaria de estar com, mas não fico maquinando que roupa usar, o que falar e todas essas etceteras. Se vocês bem pensarem como foi a primeira vez que os conheci, eu provavelmente falei algo bem idiota. E, aliás, às vezes me pergunto como os atraio.
- Você realmente não tem noção de quão linda é e realmente não se houve falando, porque nada nos deixou mais insanos do que o fato de que você é inteligente e pensa diferente – disse Niall, como se aquilo fosse uma coisa super óbvia.
- Eu não...
- Não tinha intenção de ser uma femme fatale? – perguntou Liam, que sorria.
- Uma heartbreaker? – perguntou Harry, com cara de vítima.
- Eu parti seu coração, Harry? – riu . Quando viu que o garoto ficou sério, automaticamente escondeu o sorriso e percebeu que sim, havia partido o coração do pobre garoto Harry Styles. Zayn a assustou um pouco quando colocou a mão em sua nuca e lhe fez um carinho gostoso.
- Você partiu o coração de todos nós – disse Malik.
- Opção número cinco: Eu vou ser morta por uma directioner.
- Na verdade, você não partiu meu coração – disse Louis, e todos os outros o encararam em desaprovação. – O que? Foi uma foda maravilhosa, mas eu não amo essa vadia.
- Até nisso você é incubado? – perguntou , já com raiva do jeito que Louis parecia querer discordar de tudo. Depois, percebendo quão problemática foi aquela sua pergunta, resolveu se calar repentinamente.
Um breve silêncio estacionou entre as seis pessoas daquele cômodo.
- E se você tirasse umas férias? Pelo menos até as coisas se acalmarem? – sugeriu Harry, parecendo ter recuperado boa parte da sobriedade.
- Com que dinheiro? Minha família não vai mais prover. Não dá pra sair do país com pouco dinheiro, nem mesmo indo pra América do Sul ou algo assim.
- Eu pago – disse Harry, dando de ombros, e fazendo com que seus companheiros de banda o encarassem em alarde. – Digo, de qualquer forma, nós temos nossa parcela de culpa na fama que você adquiriu. E seria um jeito de nos colocarmos ao seu lado, certo? Você poderia pintar o cabelo de outra cor e só viver fora do spotlight por um tempo. É melhor do que as opções que você apresentou.
Por mais que se sentisse muito atraída pela opção que Harry sugeria, a ideia de voltar a depender de outras pessoas – e a homens, o que a incomodava ainda mais – era terrível. Aquele era o momento em que percebia que não queria mais depender financeiramente de ninguém. Um momento como aquele era o momento em que ela percebia que depender financeiramente de alguém era viver sobre suas regras, e aquilo a havia irritado desde que aceitara a trabalhar na Editora a pedido (ordem) de Valerie.
- Não acho que seria...
Mais uma vez, foi interrompida por batidas na porta. Dessa vez eram batidas fortes, provavelmente de alguém de mãos pesadas.
- Quem...? – perguntou Liam a Niall, que deu de ombros sem saber a resposta para a pergunta. O irlandês foi até a porta e perguntou alto “Quem é?”, ouvindo a resposta da voz grossa de Paul que dizia o seu próprio nome. Horan abriu a porta para um Paul que parecia ter corrido uma maratona. O segurança olhou para na janela, que agora apagava seu cigarro em um cinzeiro improvisado ao lado de Zayn.
- Charlie... – tentou respirar melhor – Charlie está te chamando.
- Chamando quem, Paul? – perguntou Liam.
- A garota. Garota do cabelo azul. Rosenfeld.
- Mas... – estranhou.
- Ele está com sua irmã – explicou Paul.
- Valerie? – perguntou e Paul respondeu concordando com a cabeça. Naquele momento, seu coração parou, e ela teve que respirar fundo para recobrar a consciência do que estava prestes a acontecer. Aliás, ela não sabia o que estava prestes a acontecer. Só sabia que tinha uma reunião com a sua poderosa irmã e o consultor de mídia de One Direction. Reunião essa que decidiria o rumo da sua vida.

“It ain’t easy to get to heaven when you’re going down”

David Bowie



Era uma sala de reunião do hotel, um local especial no penúltimo andar da torre. A decoração seguia como no quarto: preto e branco, exceto pelas luminárias douradas que pendiam pelas paredes. Haviam quatro quadros imensos de grandes pintores expressionistas, além de um espelho que ocupava toda uma parede. Na cadeira de cabeceira estava sentada Valerie Rosenfeld, CEO. Valerie tinha trinta e nove anos e um rosto praticamente livre de rugas devido a um tratamento diário e a muitos cuidados com a pele. Seus olhos escuros estavam extremamente cansados, mas ainda assim muito bem maquilados para fazê-la parecer perigosa. E, aliás, ela era perigosa. Como toda pessoa poderosa no mundo, ela era extremamente perigosa. Olhar para Valerie em seu terninho grafite era sentir um arrepio na espinha. Ela não era apenas dona de si como também dona da segunda maior rede de hotéis do mundo – perdendo apenas para o Hilton.
, a irmã mais nova, estava há muito sendo um grande peso e motivo para preocupação de Valerie. Não adiantava quantas vezes a mais velha alarmasse sobre suas atitudes e sua falta de responsabilidade, sobre quão perigosa e preguiçosa era a vida que levava, a garota de cabelos azuis parecia não ouvir. Um último ato de descumprimento de promessa fez com que Valerie tomasse uma decisão importantíssima e que intencionava mudar a vida da caçula para sempre. Mesmo sabendo quão terrível havia sido sua decisão, Val se lembrava de que às vezes é preciso um empurrão próximo ao precipício para acordar quem ela mais amava.
Quando a irmã mais nova abriu a porta da sala de reuniões, parecia ter tido uma noite e tanto. Os cabelos azuis estavam bagunçados e arrumados em um coque sem jeito, parte da sua maquiagem ainda estava borrada e a garota parecia ter sido atropelada por sete elefantes antes de chegar ali. Com certeza estava sofrendo muito com o seu segredo sendo revelado e com o desespero de não saber o que fazer.
Charlie, o consultor de mídia do One Direction, sentava ao lado de Valerie com uma expressão séria e vazia – o que era estranho, visto que minutos antes estava prestes a ter um colapso nervoso, isto é, antes da ligação e seguinte visita de Valerie Rosenfeld.
Aquele era o poder de Valerie: administrar.
foi convidada por sua irmã a sentar na cadeira ao seu lado, logo em frente a Charlie. A garota, meio cabisbaixa, aceitou o convite e puxou a cadeira.
- .
- Val.
- Esse é Charlie, o consultor de mídia do One Direction – apresentou Val.
- Oi, Charlie.
- Olá, .
- E aí, como vai ser? – perguntou , suspirando em seguida. – Quais são minhas opções?
- Não existem opções, mocinha, você vai ter que...
- Charlie – Valerie chamou atenção do homem – Deixe que eu prossiga, por favor.
Mesmo de um jeito educado, Valerie basicamente o havia mandado calar a boca e esperar a sua vez de falar – que, aliás, seria quando ela decidisse que fosse sua vez de falar.
- Nós temos uma proposta para você. Ela é única. Ou você aceita, ou vai ter que se virar sozinha – disse Val, e balançou a cabeça positivamente em concordância. – Nós queremos que você saia de cena. Saia do país, viva em uma cidade pequena, mude de identidade. Charlie desejava isso por um tempo, mas eu não quero mais que você volte para Nova York e não quero mais que você use o nome dos Rosenfeld e suje nossa reputação. Não quero por um tempo, quero para sempre, enquanto você viva. Você passou dos limites e por isso vai ser castigada; não poderá levar o sobrenome da nossa família para o limbo que você mesma criou e que você mesma escolheu viver. Mamãe não te criou para virar uma puta de celebridades.
- Valerie, eu... Val... Mas você era... – balbuciava, completamente incrédula com o que estava ouvindo. Há muito considerava Valerie como seu porto seguro, alguém que ela sabia que sempre estaria ao seu lado, que sempre a apoiaria. No entanto, naquele exato momento, era como se todo um castelo de confiança fosse destruído – e era o mais alto de todos os castelos, aquele mais forte, construído em 22 anos de convivência.
- , você falhou comigo. Você mentiu pra mim. Eu estou cansada de te acobertar, porque você não consegue ser útil na vida – disse a mais velha, nem por um momento hesitando sua decisão. Seus olhos escuros estavam opacos, completamente sem emoção enquanto ela proferia o que seria a sentença da sua irmã mais nova. – Te darei vinte milhões de dólares para que você suma. Suma, . Suma para nunca mais voltar. Você assinará um contrato de que não irá mais aparecer em nenhuma das casas da família, se hospedar em qualquer dos hotéis da rede, ou em qualquer propriedade da família, e também renunciará completamente a herança. Mudará de nome e nós faremos o possível para que nunca te achem. Por parte do One Direction você será obrigada a admitir culpa por tê-los seduzido e se colocar responsável por tudo que aconteceu, já que não dá mais para admitir o contrário. Vinte milhões, garota. Você nunca precisará trabalhar na vida, como sempre quis. E então, qual vai ser?
- Mas... Val...
- – Val chamou sua atenção, e tocou sua mão na dela antes de lhe dizer o que jamais acreditaria se fosse dito por outra pessoa. – Fui eu quem vazou a informação sobre o seu nome. Fui eu que disse que você era a Electra Heart. Fui eu que mandei todas as provas para os jornais. Fui eu.


Meu nome é Rosenfeld.


Houve vários momentos na minha vida em que eu me senti surpresa, mas nunca – nunca mesmo – senti tanta surpresa quanto quando ouvi a minha irmã, sangue do meu sangue, ter me dito que foi ela a vazar a informação sobre minha identidade. Para falar a verdade, eu estava incrédula. Aquela era Valerie. A mesma Valerie que esteve ao meu lado, que lutou as minhas lutas, que foi minha mãe mais do que minha mãe jamais poderia ter sido.
Queria não estar tão vulnerável, mas lágrimas se acumulavam nos meus olhos sem qualquer permissão.
Como se não bastasse a traição da minha irmã, aquela proposta era simplesmente ridícula. Eu sentia fortemente que eles queriam me comprar do mesmo jeito que compravam uma puta, e ainda com uma cláusula de silêncio. Aceitar aquele contrato era o mesmo que aceitar que eu sempre estive errada, que a minha sexualidade deveria ser contida, que a minha liberdade deveria ser vetada. Por todas as letras miúdas do contrato recém digitado e também recém impresso que me apresentavam, eu apenas lia:
Você não está livre para ser quem é.
Se fosse para fugir do peso e da responsabilidade social que era ter sido quem fui – promíscua de coração e alma –, eu teria que também renunciar publicamente a minha própria liberdade. Liberdade para ser Electra Heart, liberdade para ficar com quem eu quisesse, liberdade para falar a verdade, liberdade de ser quem sou.
- Eu sei que os garotos devem ter dito que iam ficar do seu lado, mas tenho certeza que entre a carreira deles e você, eles escolheriam a carreira deles – acrescentou Charlie sem sequer ser questionado sobre o assunto, mas já não me deixando alternativas, caso eu não aceitasse o contrato.
Olhei para Valerie ali do meu lado, dura como um pedaço de madeira maciça, nem um sinal sequer de hesitação ao me sentenciar a uma vida bandida. Lembrei-me de quando era pequena e via Valerie com extrema admiração. Ela poderia dominar o mundo se quisesse. Foi a primeira dos quatro irmãos a querer tomar conta do império, e fez por onde: graduou-se em Harvard e foi a primeira da turma. Fez ainda especializações enquanto dividia seu tempo entre empresa e universidade, e ao final foi escolhida pelo meu pai. Meus irmãos não ligavam muito pra empresa, contanto que recebessem suas partes no negócio, e seguiram por caminhos diferentes.
Alexander, de quem eu não ouvia falar a mais de oito anos, saiu de casa para viajar pelo mundo em expedições, e soube pelos primos que ele havia se formado em arqueologia, paleontologia, algo desse gênero. Eu nem ao menos me lembro da sua fisionomia, ele nunca gostou muito de mim.
Steve, meu outro irmão, eu me lembro um pouco mais, pois o vi ano passado, em uma dessas premiações que eu tanto odiava, mas que fui obrigada a ir pela minha amante na época – sim, era uma mulher – e o vi com seus novos amigos e seu esposo. Steve se casou com um amigo do papai, o que definitivamente o chateou muito, haja vista que meu pai é a cara cuspida de um homem construído, moldado e congelado pelo universo patriarcal, mas que depois ele pareceu conseguir conviver com. O homem era realmente muito rico e ajudou papai em alguns negócios. No entanto, não havia oportunidade desperdiçada para o velho comentário de “se você não fosse gay, seria perfeito.”. Só de lembrar dessas coisas, sinto um enjoo terrível.
Ninguém na minha família parecia querer cuidar de mim ou até mais querer me conhecer. Quando saí de casa e fui morar em Vegas foi apenas Valerie que contratou o detetive e mais tarde foi me buscar naquele trailer antigo. Ela se importou comigo, pagou pelo meu tratamento quando desenvolvi a depressão, cuidou de mim, perguntou por mim, conversou comigo.
Ela era minha irmã e uma amiga que, por mais que não me entendesse por completo, me apoiava. E as minhas lembranças dos olhos escuros de Valerie, olhos que eu admirava tanto, não eram como a que eu estava criando naquele exato momento.
Valerie, minha irmã, recusava-me. Destruía-me. Não queria nunca mais me ver e estava disposta a pagar por isso.
Pagar para nunca mais me ver.

“Still, you like to think you own me
you keep buying stars


Olhei para o contrato mais uma vez, e me parecia estranho assinar algo assim, sem mais nem menos.
- Não posso ter um tempo para pensar? – perguntei, tentando recuperar-me do baque de ter perdido Valerie.
- Não – respondeu Charlie. – As decisões tem que ser tomadas agora. Você se envolveu com a maior boyband do mundo, não há tempo para pensar, só para agir. E no exato momento, precisamos que você suma.
Olhei mais uma vez para Valerie, que estava completamente impassível. De repente me coloquei entre as opções que havia levantado mais cedo. Morrer, fugir (com 20 milhões), ser morta por directioners. Aceitar o trato era aceitar também que eu havia perdido. Que eu era realmente errada na história, errada de ter feito o que eu quis fazer, e que toda a culpa era minha – coisa que não acontecia, já que eu não fiz absolutamente nada sozinha, no que se dizia a me relacionar com os garotos do One Direction. Eles responderam a mim. O meu erro era provavelmente ter publicado aqueles textos na internet, mas será que se fosse um homem em meu lugar, um homem a ficar com pessoas importantes e que depois descrevesse anonimamente os encontros, será que ele teria errado tanto quanto eu?
A pergunta interna me fez lembrar também de meus próprios argumentos quando comecei o blog. Ao mesmo tempo em que eu desejava ser uma garota adolescente “normal”, uma teen idle, eu queria ser muito mais. Eu queria poder não ser massacrada por uma sociedade que, aparentemente, só queria me ver infeliz e casada. Podada. E provavelmente mesmo que eu conseguisse fazer o que a sociedade me pedia, ainda assim não seria o suficiente: nunca nada era o suficiente. Fosse eu grande como Valerie, empresária de sucesso, ou dona de casa de subúrbio com três filhos, como foi minha prima Dory, ou fosse eu como Aisha, que se virava como podia para sustentar os filhos de pai preso. Nunca era o suficiente. Nunca uma mulher poderia alcançar o sucesso em sua vida sem oito mil cobranças de outras coisas que ela não alcançou. Por outro lado, se um homem alcança algo como o que Valerie alcançou, ele não seria questionado sobre a sua vida pessoal; se fosse como Dory, ele seria um exemplo de marido; se fosse como Aisha e, claro, ele não fosse negro, também receberia créditos por ter mantido a família mesmo em situações críticas.
Tudo isso era absurdamente ridículo. E eu senti uma raiva tão grande que não pode ser contida: Peguei o contrato, levantei na frente dos dois e rasguei. Rasguei no meio e depois em pedacinhos, bagunçando tudo.
- No caso de a resposta ainda não estar clara, é não. Eu não estou à venda. A minha liberdade não está à venda. Eu quero que vocês se fodam! – berrei, tomada pela raiva e saí porta afora montando toda uma programação.
Dessa vez eu precisava ativar Electra Heart de uma forma diferente. Enquanto eu descia o elevador, completamente furiosa e com lágrimas querendo escorrer pelos meus olhos, também tinha uma epítome.
Qual era a grande diferença entre Electra Heart e Rosenfeld?
Electra era livre. No entanto, há minutos atrás e sob o nome de , eu também fui livre. Fiz a escolha mais difícil da minha vida: parei de fugir. Então, de repente, parecia tão ínfima a diferença entre Electra e ; era como se há muito nós duas tivéssemos fundido em uma só. Electra Heart era a parte de mim que sempre quis ser livre e que eu sempre fiz questão de silenciá-la a uma simples personalidade, mas que era tão parte de mim que, naquele exato momento, eu me sentia como uma Heart, ou talvez como uma Electra Rosenfeld.
Meu momento de epítome era perceber que eu era Electra em tempo integral. Eu era a garota que eu sonhava ser, só precisava agir como tal.
No lobby do hotel do One Direction, pedi indicações para que encontrasse o banheiro. Lá, eu me encolhi na cabine de deficiente e chorei. Chorei por tanto tempo que quase dormi, de tão cansada que me encontrava. Era maravilhosa a sensação pós-chorei-a-minha-alma-fora. Era uma sensação de alívio. Deixei que minhas lágrimas caíssem e não as segurei por um minuto sequer, pois segurar o choro era mais um jeito de impedir que eu me sentisse do jeito que eu me sentia: completamente destruída, cansada, triste, furiosa. Aquele era o meu momento de fênix em que eu me deixava virar cinzas no banheiro de um hotel.
E então, como fênix, eu também renasceria.
A primeira coisa que aconteceu enquanto eu lavava o rosto e me maquiava para esconder as marcas de choro e cansaço no rosto – assim também enquanto lutava contra a rinite que parecia querer atacar nas horas erradas –, foi uma batida na porta seguida de uma voz rouca e de sotaque britânico que me perguntava: “Posso entrar?”
- É o banheiro feminino! – disse-lhe.
- Bah! – reclamou a voz, logo em seguida entrando. – E quem disse que não sou uma garota também?
Era Harry Styles, divertido e com um sorriso enorme no rosto.
- Olha, eu ainda estou disposto a te ajudar. Sério – disse-me ele enquanto me assistia pintar os olhos. – O Charlie chegou lá falando um monte de coisas, disse que você era uma rebelde mimada e que ainda por cima não estava aceitando cooperar.
- Daí ele te mandou aqui pra ver se ajudava alguma coisa? – perguntei, minha voz calma e meu plano se formando perfeitamente em minha mente.
- Sim. Mas aparentemente eu estou fazendo exatamente o contrário – disse ele, abraçando-me por trás.
- Harry... Não faça isso. Não vamos ficar de novo. Eu te disse que era apenas uma noite.

Boys they like the look of danger
We'll get him falling for a stranger
A player, singing lo-lo-lo-love you
At least I think I do


Harry, muito cortês como sempre, afastou-se e pediu desculpas. Engraçado como ele me desejava tanto, mas me conhecia tão pouco, talvez um dos resultados da minha atitude de heartbreaker. Styles cheirava muito bem – eu particularmente gostava da mistura de seu perfume com álcool – mas, ao mesmo tempo, eu não me sentia atraída a ter uma relação naquele momento. Aquele era um momento apenas meu e que não devia ser compartilhado, e ao negar qualquer envolvimento com Harry eu sabia que estava sendo uma nova pessoa. Minto, eu estava apenas querendo guardar minha libido num potinho, por favor, e não ceder a quaisquer provocações. Aquele meu momento de renascimento. Meu.
O garoto suspirou e colocou os sedosos cabelos para trás, encostando-se em uma das cabines. Era engraçado olhar para ele e lembrar que estávamos em um banheiro feminino. Ele me observou em silêncio enquanto eu me ajeitava. Parecia ter percebido que eu havia chorado muito, já que respeitou o meu momento mesmo quando deu vontade de chorar de novo e meus olhos marejaram e quase borraram todo o trabalho com o delineador e rímel.
Ao fim, eu estava pronta. O vestido ainda estava amassado, meus cabelos não pareciam ter gostado do coque forte em que os submeti, já que alguns fios teimavam em sair do lugar, mas eu me sentia nova.
- Você quer me ajudar, não é? – perguntei a ele, virando-me e deparando-me com seus olhos cor de esmeralda.
- Claro. E não só eu. Zayn também está lá fora, mas disse que não ia entrar no banheiro feminino.
- E os outros? – perguntei, por curiosidade.
- Liam ficou muito irritado e acabou indo dormir. Niall ainda tá discutindo com Charlie e Louis, bem, ele mudou de ideia sobre te ajudar depois que soube que você recusou a proposta. Disse que no que precisar, é só você ligar pra ele.
Suspirei e cruzei os braços e pernas, pensante.
- Tem um jeito de vocês me ajudarem – disse, fazendo com que Harry abrisse um largo sorriso.

“Now I see, I see it for the first time
there is no time in being kind
not everyone is there to screw you over
maybe, yeah just maybe
they just wanna get to know you ya
now the time is here
baby, you don’t have to live your life in fear”




O nome de uma Rosenfeld nunca foi tão repetido na mídia. Não havia canal que não noticiasse algo sobre ela e sobre o que ela estava fazendo. resolveu pegar a sua fama e usá-la para o bem, para algo muito maior do que meramente a sua liberdade para fazer o que quisesse de sua vida sexual.
Com a ajuda dos garotos do One Direction e com de outros dos seus amantes (que foram muitos e que também não hesitaram a ajudá-la), contratou consultores de mídia que também trabalhavam como advogados – eram, na verdade, duas mulheres com um poder de decisão invejável e inteligência e perspicácia inegáveis. As duas mulheres – Livia e Geri – fizeram com que conseguisse entrevistas em grandes programas e mostrasse seu ponto de vista e o que realmente aconteceu. Não demorou muito para que houvesse um retorno financeiro, que fez com que pagasse as dívidas com os amigos e também conseguisse pagar pela sua segurança.
Por causa do vazamento da informação sobre sua identidade, fãs do One Direction não ficaram nem um pouco felizes com o que havia feito. Essas garotas (e garotos também), completamente furiosos, enviavam ameaças de morte, perseguiam e diziam que a qualquer momento ela poderia ser morta. Isso fez com que ela tivesse que tomar atitudes sobre sua segurança, o que ia além de encriptar todo o conteúdo de seu precioso computador, mas também de ter alguém sempre próximo a ela, afim de protegê-la de ataques físicos.
Os garotos do One Direction se tornaram amigos e pareceram não ter guardado rancores ou terem se debatido quanto a quem ficaria com Electra Heart, talvez haviam finalmente aprendido a lição de que a melhor coisa a se fazer com uma pessoa incrível é compartilhá-la.
No entanto, problemas antigos sempre a visitavam. Dois meses depois do escândalo, estava exausta. Tinha conseguido sair viva da história, e por mais que haters brotassem do chão, muita gente passou a admirá-la pela coragem de ter levantado sua voz e acabado por também dar voz a outras mulheres. Uma entrevista com a Oprah mudou ainda mais sua vida, e logo ela foi estimulada a escrever um livro sobre sua vida. Sentada no escritório dentro do seu novo apartamento e de volta a Los Angeles, agora ia escrever a primeira linha do seu livro. A verdade era que era muito difícil escrever sobre sua vida se ela ainda não havia tido um ponto final. Sua vida não foi guiada por um romance inesquecível, mas por vários, e estava apenas no começo.
Escreveu e apagou várias vezes, infeliz com o começo de uma história que mal sabia como ia terminar. Logo teve uma epítome, e resolveu que não ia escrever sobre ela mesma, mas sobre a sua preferida – a melhor parte de si.
Naquele dia Rosenfeld começou a escrever o seu primeiro best-seller: A ascensão e queda de Electra Heart. A última linha do seu livro descrevia o momento em que chorava no banheiro do hotel, o momento em que ela renascia.
“Electra Heart nunca morreu de verdade, porque Electra Heart não era uma pessoa ou uma persona. Ela era a parte de mim que queria ser livre. E eu a libertei.
Creio que todas as garotas tenham uma Electra Heart dentro de si. Alguém que deseja voar, que deseja libertar as suas vontades: seja de ficar com várias pessoas em um amor livre de rótulos como eu quis, seja de viajar, de ser dona de empresa, artista independente, de dançar nua na praia, de ser adepta ao poliamor, de ter muitos filhos ou de não ter nenhum. Todas temos uma Electra Heart dentro de si, só é preciso liberá-la. Deixe-a fazer parte de você. Lute para ser quem você é.”


E então, finalmente, sente sozinha o que só conseguia sentir com outra pessoa: A sensação de estar voando. A satisfação de acordar quase todos os dias e saber quem ela é. O autoconhecimento a fez livre.


Epílogo 1

Aquele que a autora queria



O tempo passou e Rosenfeld se encontrou, e também encontrou outros amores. Ela não era a garota de ninguém, de absolutamente ninguém.
Apenas três anos depois do escândalo ela foi falar com sua irmã, Valerie. Lembrou-se de achar que Valerie estava destruindo sua vida e demorou a perdoar e perceber que sua irmã havia apenas tomado a difícil decisão de jogá-la num precipício para que, finalmente, aprendesse a voar.
Quanto aos amores?
Bem, os amores vão e vem. E para não era necessário saber o dia exato em que esses amores iam chegar.
Seu site, aquele simples blog no tumblr, agora tinha milhões de acessos por dia. Porque existiu e falou por si, tomando responsabilidade pelos seus atos também, outras garotas fizeram o mesmo. Ela foi o exemplo a ser seguido. Claro que a qualquer momento pode ser assassinada por uma directioner, mas são ossos do ofício de, além de tudo, ter sido a garota que partiu os corações da maior e mais cobiçada boyband do mundo.
After all, old habits never die.

“And no matter how hard you try I’ll Always belong in the sky”


Epílogo 2

Aquele com romance



“Querer-se livre é também querer livre os outros” _ Simone de Beauvoir


A vida continuou para e, como já previsto, nada foi como antes. Vendeu um best-seller, foi uma das personalidades do ano, namorou pessoas maravilhosas e finalmente alcançou sua independência. Apesar de ter conseguido sair do escândalo viva, sabia que a sua luta para ser totalmente livre não ia acabar enquanto não quisesse os outros livres também.
E saber disso era um tanto desanimador, já que não conseguiu fugir do sentimento da solidão. Por mais que gostasse de relacionamentos amorosos em curto tempo, precisava de alguém que fosse além do amor e sexo, que fosse companhia. Era o que ela tinha visto Simone de Beauvoir explicar: um amor necessário que permitisse amores contingentes.
Era tudo que ela precisava.
No entanto, não conseguia achar ninguém com que pudesse compartilhar esse sentimento, essa vontade de dividir e não de possuir. Postou um texto sobre isso no blog há três dias e, aparentemente, ela não era a única com o problema, o que fazia com que se sentisse – mesmo que minimamente – menos sozinha.
Era uma daquelas noites quentes em Los Angeles. não conseguia dormir, por mais que tivesse uma reunião com investidores para seu novo projeto.
Foi então que alguém bateu a sua porta.
Ela não esperava ninguém, no entanto. Colocou um roupão sobre o corpo – já que, devido ao calor, trajava apenas um top antigo e calcinha de algodão – e foi até a porta.
- Quem é? – perguntou antes de abrir, mas logo viu quem lhe visitava pelo olho de peixe. Sorriu e abriu a porta.
Era um garoto jovem, cabelos escuros e um jeito de garoto mal, mas que ela, e especificamente ela, bem sabia quem ele realmente era.
- Soube que você está precisando de um amor necessário – disse ele, com sua voz rouca e um sorriso de orelha a orelha. – É aqui que coloco meu currículo?
Zayn tomou uma decisão em sua vida há muito, e a decisão era que conheceria e amaria Rosenfeld. Ela era a garota que, mesmo sem conhecê-lo, o entendeu e o encheu de um amor incrível e completamente livre. No entanto, ele esperou a hora certa, e a hora certa chegou quando ele leu aquele post em seu blog. Ela queria um amor companheiro sob suas regras de amor livre, de amor com múltiplas facetas; e ele sabia que havia algo entre os dois, algo inacabado, o resto de uma explicação e uma eternidade de ensinamentos juntos.
O garoto pegou o primeiro voo de Londres a Los Angeles e teve que faltar a duas aparições importantes para estar ali naquele momento.
- Você tem certeza que saberá se relacionar com uma mulher como eu?
- Você tem certeza que saberá se relacionar?
Duas perguntas, nenhuma resposta. Para ele, era a primeira vez que se relacionaria com uma mulher livre e de maneira aberta. Para ela, a primeira vez que ia prometer um relacionamento por muito tempo.
suspirou e então o abraçou, mesmo estando um pouco suada. Colocou os lábios próximos ao ouvido dele e sussurrou:
- Eu só não quero ser morta por directioners.
Zayn riu alto e a abraçou com mais força, sentindo o corpo dela contra o seu. Esperou muito por aquele momento, pelo momento certo de estar com ela, de finalmente conhecê-la.
- Querer-se livre também é querer livre os outros – disse ela, repetindo o quote que havia inspirando-a a escrever o post no blog.
Malik tocou seus cabelos azuis e os afastou um pouco do rosto para beijá-la com uma suavidade incrível e relaxante. Seus lábios se encaixavam perfeitamente, e ambos sentiam-se a flutuar. Ele se afastou, arranhando sua barba no rosto dela e colou seus lábios avermelhados na sua orelha, mordendo o lóbulo e logo em seguida afinando a voz deliciosamente rouca em uma música que ele sabia que daria certo com aquele momento; todavia, ele não a cantou, e sim a recitou.
I’m sorry if I say, “I need you”
But I don’t care, I’m not scared of love
‘Cause when I’m not with you I’m weaker
Is that so wrong?
Is it so wrong?
That you make me strong


FIM!!



Nota da autora: Eu odeio finais. Odeio. Aff. Se ficou ruim, culpem-me. Se não gostaram do Zayn, culpem as meninas do CDA porque foi votação hahahahahaha E porque eu gosto muito do Zayn e acho que ele combinou perfeitamente. Mesmo tendo ficado muito entre ele e o Styles.
Hoje é aniversário da Laís Grego, Thaina Souza e @thoununes. PARABÉNS MENINAS <3 TUDO DE BOM PRA VOCÊS, SUCESSO NESSA VIDA, DINHEIROS, SEXO QUE É BOM E SORRIR QUE É MELHOR AINDA! Feliz Aniversário para a Liih, que fez 23 na semana passada, pra Nat que faz aniversário no dia 31, pra Desireé que faz dia 25 (de fevereiro) e pra Carol Caputo que faz dia 3 de fevereiro. PARABÉNS MENINAS!
Espero que tenham gostado de Electra Heart. Eu escrevi demais hoje e fiquei com preguiça de fazer uma nota decente, então vou apenas deixar meu amor e esperar pelos comentários. Depois faço um discurso de despedida decente.
AMO VOCÊS, OBRIGADA POR TER ACOMPANHADO ELECTRA HEART!


² A história de Titanic é muito linda e romântica, mas a gente costuma esquecer que Rose passou praticamente o resto da vida dela em uma vida medíocre.
³ Eu sei que vocês nunca pararam pra perceber no cunho racista que é o que se cria ao redor do Zayn. Tipo, ele podia muito bem ser o cara legal, mas ele é o bad boy. Louis fuma, Niall já fumou, e aí? Eles passam a ser bad boys? Fica a reflexão pra vocês.
4 Fãs, principalmente durante a adolescência, tem uma estranha e até obsessiva aproximação com os ídolos, de tal modo que não apenas conhecem o ídolo, mas também se acham do direito de julgar a vida deste de acordo com seus princípios. Nem mesmo a mídia consegue fazer uma inquisição tão grande quanto os fãs, e não só os ídolos estão sujeitos a essa inquisição, mas também todos que se relacionam de perto – família, amigos e amantes. Eventualmente esses fãs amadurecem e param com essa inquisição obsessiva, mas no caso da maioria das fãs do One Direction, por exemplo, esse amadurecimento parece que não vai acontecer nunca. Jesus vai descer à Terra e vão ser Directioners a fazer inquisições sobre quem pode ficar perto dos seus ídolos ou não. Electra Heart tem mais medo da inquisição de fãs do que de morrer queimada em uma fogueira.
Sobre os preconceitos que o Zayn sofre e maioria das pessoas nega isso por não achar possível que um TESÃO talentoso daquele sofre algo do tipo, tem esse texto aqui.
5 Eu queria por “Let’s go for a pint?” porque imaginei o Niall dizendo isso com aquele sotaque irlandês lindo dele, porém escrevo a fic em português e tô aqui frustrada. HAHA!






Nota da beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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