Eu estive no céu. Eu toquei meus humildes cadarços no que eles chamavam de paraíso. E então eu caí. Acordei de meu sono profundo e abri os olhos para o meu pesadelo. Onde eu fitava seu rosto com meus lacrimejantes olhos castanhos e fechava meus lábios num sorriso. Um sorriso frio, falso, medíocre e todos aqueles adjetivos que conhece bem, pois eles provém de você.
Limpei meu rosto de toda a mágoa que nele escorrera e por um instante, você sabe, esteve a me assombrar. Enquanto minha mente preenchia o vazio com memórias do que um dia a gente fora, você olhou de relance pra mim e procurou meus olhos. Devolvi com a mesma intensidade vazia que recebi, outra vez nos ignoramos, você me deu as costas e eu te vi suspirar. Parecia que queria que o ar fosse só seu, como se nada, NADA pudesse me restar. Então eu abaixei a cabeça e, como sempre fiz, me escondi debaixo daquela máscara, aquela pedra que você lapidou. Novamente aquele sorriso. Novamente aquela mentira, remoída pelos lábios que um dia você provou. E eu caí três vezes na mesma histórinha de amor, no mesmo falso conto de fadas onde você era o maldito autor.
Degrau a degrau eu subi as escadas e brevemente me lembrei de nossas brincadeiras. Eu espero não ter rido alto, mas a grande desgraça de tudo isso é que eu gostava de ser enganada, e pelo jeito, você também gostava dessa mentira. No final de tudo, a ilusão vira verdade, a verdade vira ilusão. E a gente fica no meio de tudo isso, confuso, estranho, intenso – machuca, mas é bom.
Senti uma mão envolta a minha cintura, um puxão e de repente um abraço. Você não consegue me dizer adeus, e eu não consigo te tirar da minha mente. Mas o grande problema em tudo isso, é que eu... EU AMO VOCÊ! E isso dói, isso dói demais em mim...
Eu estive no paraíso. Eu jurei tocar seus pés ao som da nossa canção. E então eu fui pega. Agarrada pelas costas e brutalmente trazida à realidade. Onde meu corpo tremia e se contraía nos braços daquele que eu daria o mundo, mas ele não aceitou. Um beijo e um adeus paraciam-lhe suficientes, e junto dela ele pareceu saciado e feliz. Enquanto eu... Eu medingava por uma gota de motivação para viver. Em meio a terremotos e velas, eu nunca seria encontrada.
Me afastei. Deixei-o sozinho, em pé, numa cena que a gente já conhecia. E ele fingiu, fingiu que tudo aquilo era nada, ou será que sempre foi? Não faz mais diferença, nós não nascemos um para o outro, e por mais que eu tenha implorado, não, você não é minha alma gêmea, mas um dia, um dia me fizeste feliz...
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