Eu tenho câncer


Escrita por: Yasmin Caminata
Betada por: Carolina Bezerra




Eu tinha um namorado. Sim, tinha. Ele morreu. De câncer.
Talvez o câncer seja a doença do século, a mais temida doença, mais até que a AIDS. Exagerando ou não, é o que eu penso. E vocês irão me achar a pessoa mais horrível, mais sem coração do mundo quando eu disser que para mim, o câncer não é uma doença horrível e sim uma coisa boa.
OH!
Essa foi a reação geral, tenho absoluta certeza. Como se eu tivesse dito: Eu gosto do Hitler.
OH!
Pasmem: Eu realmente gosto dele.
OH!
“Mas que tipo de ser humano é você?”
É o que estão pensando, não é?
Antes de explicar a história do câncer, eu explico a do Hitler.
Tudo bem que ele fez coisas horríveis enquanto estava vivo, mas vocês só enxergam isso. Essa é a infeliz realidade da sociedade. Só enxergam as coisas que lhe convém.
Hitler foi um cara horrível, confesso, mas não é por esse motivo que gosto dele.
Aos quatro anos ele quase morreu. E sei o que vocês estão pensando: devia ter morrido! E lá vou eu discordar...
Não. Ele não devia ter morrido. Aos quatros anos de idade ele caiu em um lago e estava se afogando, um padre que estava por perto viu o pequeno garoto se afogando e, como um bom samaritano, foi salvá-lo. E aí vocês entram na história de novo falando: se aquele padre soubesse quem aquele menino era, com certeza o deixaria morrer!
Acontece que “se” não é conveniente. “Se” é só uma possibilidade de algo ter acontecido que evidentemente nunca mais irá acontecer, o “se” é só para que possamos refletir e às vezes se angustiar com o fato de que não tem mais volta. Aconteceu, aconteceu.
Voltando ao Hitler.
Ele foi salvo por aquele bom padre que não fazia ideia do futuro do garotinho. Aquele padre teve um lugar no céu, ao contrário de Hitler, que foi para o andar de baixo.
Em sua juventude Hitler queria fazer artes cênicas e, para a não surpresa das pessoas, ele foi impedido pelos pais. Então se querem culpar alguém pela má fama de Hitler, não culpe o general e sim os pais do mesmo. Os pais de Hitler não quiseram que ele fosse para a área de artes, impediram o garoto de ser feliz e Hitler acabou no exército!
OH!
Eu não faço a menor ideia de onde veio tanto ódio da humanidade de Hitler. Hitler era um homem inteligentíssimo, uma pena que usou essa inteligência para o mal de muita gente.
Mas pensem comigo: a II Guerra teve que acontecer. Foi horrível, matou inúmeras pessoas, mudou o mundo e essas coisas. Hitler matou os judeus, gays, todos que não eram católicos, negros e etc. Agora voltando aos judeus, que Deus os tenha, mas (essa é a parte que vocês ficam chocados e com ódio de mim novamente) se não fosse por Hitler ser tão maquiavélico, se ele não tivesse matado tantos judeus como cobaias em experiências nos campos de concentração, a medicina não teria evoluído ao ponto que está hoje.
OH!
Típica reação de vocês. Sei que não querem acreditar, mas é a pura verdade e volto a enfatizar que Hitler foi um cara de extrema inteligência. E por isso gosto dele.
Tenho uma queda por vilões, na verdade, por seres que são odiados pelo resto do mundo, mas que isso só acontece porque o resto do mundo não consegue compreender a mente conturbada desses seres, e os julgam por tudo de ruim que eles fizeram e são egoístas e acéfalos para não tentarem nem sequer entender um pouquinho que seja do pensamento desses seres.
Gosto de analisar as pessoas. E aprendi isso quando namorava Nick.
Nick era o amor da minha vida. Clichê, mas é a mais pura verdade. Ficamos juntos durante dois anos até ele me deixar.
Nick tinha câncer. Nos olhos. Depois de duas cirurgias ele ficou cego de vez, o índice de câncer diminuiu, mas não desapareceu. Conheci ele quando ele já não enxergava mais.
Soa clichê novamente, mas foi num parque perto de casa. Eu estava sentada no banco da praça e observava o movimento das pessoas. Eu gosto de observar, tentar ver o que as pessoas estão sentindo, isso só aumentou depois que conheci Nick.
Ele chegou com aquela varetinha que cegos usam para andar, um óculos de sol muito estiloso que normalmente cegos não usam. Nick era muito bonito. Na minha opinião, ele era perfeito, apesar dos pesares. Ele tinha uma estatura normal, digo, 1,75 por aí, era branco, seus cabelos castanhos eram bagunçados como que por descuido proposital, dava a ele um ar de descolado e de uma pessoa que é atraente por tal fato. Se assemelhava com um fotógrafo que eu adoro: Tom Leishman.
Nick era bonito.
Pois bem, ele se aproximou do banco e como sei que cegos desenvolvem os outros sentidos por necessidade, principalmente o tato, por não enxergarem, ele falou notando minha presença.
- Olá, posso me sentar aqui?
O olhei de cima a baixo e fiquei com pena. Sim, pena, sou um ser horrível, mas não pior que vocês. Nada disse e então Nick franziu a testa.
- Sou cego, não um monstro... – ele disse e sorriu, não foi um sorriso sem graça, foi um sorriso alegre. Sorri também, mas sabia que ele não poderia me ver. – Pelo seu perfume, deduzo que é uma mulher... – ele disse ainda de pé “olhando” para mim, eu o encarava e o analisava assim como fazia com todos – Está me analisando... – ele disse descobrindo – Quer que eu faça pose? – ele sorriu e não evitei de rir baixinho – Então você pode rir... – ele disse, “olhando” na minha direção, o que me fez pensar que talvez ele não fosse cego. – Estou realmente querendo sentar, mas se quiser eu fico aqui de pé... – ele disse.
- Não precisa pedir minha permissão para sentar... O banco é público... – disse por fim.
- Mas faço questão de pedir, gentileza gera gentileza. E então... Me permite sentar ao seu lado? – ele permanecia de pé.
- Claro – disse sem muitas emoções.
- Muito agradecido! – ele disse sorrindo e batucando a vareta até encontrar o lugar certo do banco. Fazendo isso ele sentou. – Me chamo Nicholas – ele disse.
- Sue. – me apresentei.
- Sue?
- Algum problema? – perguntei.
- Sue. – ele disse – Seu nome parece um apelido.
- Isso seria algo bom ou ruim? – indaguei o olhando.
- Nick. – ele disse.
- Seu nome tem um apelido.
- Apelidos são dados às pessoas como forma de carinho e intimidade. – ele disse.
- E você disse o seu para uma estranha... – disse.
- Você não é uma estranha.
- Ah não? – perguntei retoricamente.
- Não. Você é a Sue! – ele disse e me fez rir.
- Ainda quero que me responda se ter um nome que parece um apelido seria algo bom ou ruim...
- Com o tempo te falo, Sue! – ele disse.
- Um cego enigmático – falei.
- O termo correto seria deficiente visual... – ele era pejorativo.
- Desculpe, falei sem pensar... – me redimi.
- Eu não ligo, até gostei que você fez isso – ele disse sorrindo.
- Gostou? – Perguntei confusa.
- Já estamos mais íntimos – ele riu e eu também.
O silencio pairou entre nós, ele sorria para o nada e eu observava o sorriso dele.
- Algo que queira comentar depois de tanto me observar como se eu não tivesse percebido? – ele disse se virando para mim como se olhasse em meus olhos.
- Muitas coisas – respondi.
- Cite-as – ele pediu.
- Primeiramente, seu sorriso... – ele continuou sorrindo.
- Então estou te encantando com meu sorriso? – ele riu – Pois é, esse é meu efeito para com as mulheres... – se gabou.
- Segundo, você é convencido! – disse rindo e ele deu de ombros.
- Faz parte! – rimos – O que mais?
- Despenteia o cabelo de propósito? – perguntei.
- Não sei se reparou, mas eu sou cego... – ele riu mais ainda – Não sei como meu cabelo está.
- Desculpa...
- Posso te falar minhas análises sobre você? – ele perguntou.
- Pode. – respondi e esperei.
- Você é uma garota linda, observadora, com receio, mas com sede de desafios, porém, se desculpa demais. Qual é, você não fez nada de errado, não existe o porquê de se desculpar. – ele disse sorrindo.
- Desculpa... – disse e ri – Droga...
- Ok, deixo passar e te desculpo por ser desculpar, mas continue suas observações sobre minha pessoa – ele disse rindo.
- Somos íntimos ao ponto de te perguntar uma coisa mais pessoal? – perguntei.
- Não sou virgem. – ele respondeu e eu ri ficando corada.
- Não era isso que eu ia perguntar... – disse.
- Ah... – ele respondeu – Mas eu não sou – ele riu – pergunte, ou melhor, deixe que eu te responda: não, eu não nasci cego. – Como ele fazia aquilo?
- Ok, obrigada! – disse agradecendo por ele responder minha pergunta antes de eu perguntar.
- Sue. – ele disse.
- Oi... – respondi.
- Não é questão de intimidade, mas como não posso ver e quero te conhecer, permitiria que eu te tocasse? – ele perguntou se virando para mim.
Inicialmente fiquei um tanto hesitante, mas acabei sorrindo e cedendo.
- Claro. – disse.
Nicholas dobrou a vareta que ele usava para caminhar, colocou no banco e virou seu corpo na minha direção. Ergueu as mãos e as parou no ar. Fiquei confusa.
- Sabe como é, posso apalpar o lugar errado... – ele disse e entendi que ele queria que eu o guiasse.
- Ah sim... – disse corando mais uma vez, peguei as mãos de Nicholas – por onde quer começar? – perguntei.
- Pode ser daqui... – ele disse acariciando minha mão delicadamente, sentindo cada centímetro dela – vou subir um pouco... – ele avisou e começou a passar a mão pelo meu braço descoberto por eu estar com uma regata azul cor do céu, rente ao meu corpo, já que era um dia quente. – Você dança? – ele perguntou sentindo meu braço.
- Como sabe? – perguntei.
- Não sei, por isso perguntei – ele riu e eu também.
- Danço, sou bailarina profissional... – disse sentindo cócegas com o toque leve dele.
- Posso assistir a um espetáculo seu um dia? – ele perguntou e fiquei pensativa... Ele poderia até ir, mas... Não veria. – Outra coisa em você: você sente pena de mim... – ele disse voltando a segurar em minhas mãos, continuava sorrindo e eu fiquei em silêncio. – Como um cego pode me ver dançando? – ele afinou a voz para fazer parecer a minha e depois riu.
- Ok você venceu... – disse me sentindo um monstro por pensar assim.
- Ok eu venci! – ele disse alegre – continuemos o tour? – ele ergueu nossas mãos. Coloquei-as em meu rosto. – e chegamos ao ponto em que vejo seu rosto! – ele disse rindo e apalpando delicadamente meu rosto, fechei os olhos para que ele os tocasse e sorri de leve, ele percebeu. – Você também tem um sorriso lindo! – ele disse acariciando minhas bochechas que ficaram coradas, será que ele podia perceber aquilo? – Olhos lindos, nariz na medida, boca beijável! – ele disse passando os polegares em minha boca e riu.
- Está flertando comigo? – perguntei sem jeito.
- Sim! – ele disse e continuou me apalpando – Você tem cachos! – ele disse ao sentir meu cabelo batendo nos ombros – e são definidos, molas perfeitas! – ele disse apertando meus cachos e eu ri – que cor que é? – ele perguntou.
- Pretos – disse sorrindo e ele colocou uma parte de meu cabelo atrás de minha orelha acariciando minha bochecha em seguida.
- São lindos! Qual a cor de sua pele?
- Nem branca, nem negra, sou morena, mas um tanto mais branca que um mulato seria – disse e ele ficou confuso.
- Café com leite com mais leite que café... – ele chegou à conclusão de me comparar com “comida”.
- É, tipo isso! – disse rindo.
- Bom, acabamos por hoje... – ele disse abaixando a mão, mas segurando na minha. Ficamos em silêncio de novo. – pareço tão descabelado assim? – ele disse por fim, depois de segundos de silêncio.
- Não! – eu disse – Seu cabelo é bagunçado de um jeito que te faz ficar charmoso e mais atraente. – disse.
- Mais? – ele perguntou sorrindo.
- Ora, não se gabe! – disse.
- Já somos íntimos ao ponto que flertei com você e você comigo.
- Não flertei com você! – disse.
- Flertou! – ele sorriu.
- Quando? – perguntei.
- Quando disse que aparento ser mais atraente com meu cabelo despenteado – ele disse rindo.
- Aquilo não foi flerte!
- Pra mim foi! – ele sorria e me vazia ficar ruborizada. – Hum, deve estar na hora do almoço... – ele disse erguendo o braço que tinha um relógio de ponteiros com tira de couro e “olhou” para as horas. – estou certo não estou? – ele perguntou mostrando o relógio para mim, e sua outra mão continuava entrelaçada na minha.
- Depende de que horas é seu almoço... – disse vendo as horas.
- A hora que você disser que vamos almoçar... – ele disse.
- Vamos? – perguntei.
- Vamos. – ele disse.
- Onde? – perguntei.
- Que tal no Mc Donald’s? – ele sugeriu rindo.
- Sério? – perguntei.
- Ah não... Você é vegetariana né? – ele disse com uma expressão triste.
- Não. – respondi.
- Então vamos? – o sorriso voltou para o rosto dele.
- Você paga! – disse levantando e puxando ele pela mão. Nicholas pegou a vareta e guardou no bolso.
- Você me guia! – ele disse entrelaçando nossos dedos.
- Fechado! – disse caminhando ao lado dele de mãos dadas, ninguém pensaria que ele era cego, estava com um óculos de sol normal e caminhando de mãos dadas ao meu lado, e devo admitir que ele caminhava muito bem e tinha muita confiança em quem o guiava, pois não parecia desorientado.

+++

- O que vai querer? – ele disse parado comigo em frente ao balcão do restaurante.
- O de sempre – disse pensando.
- Que seria...? – ele perguntou sorrindo.
- Big Mac com Coca e batata grande! – disse faminta.
- Ótima escolha! Vou ficar com o Quarteirão, Coca também e batata média! – ele disse.
- Ok, vou pedir e já levo na mesa... – disse indo ao balcão, mas voltando em seguida, para guiar Nicholas até a mesa.
- Que tipo de guia é você? – ele perguntou, mas não estava bravo, ele ria.
- Desculpa, nem me toquei – disse o levando até a mesa.
- Está tudo bem, eu estava brincando, conheço esse restaurante como ninguém! – ele disse sentando.
- Ok, vou lá pedir, não saia daí! – disse rindo.
- Como queira! – ele disse rindo também.
Fiz o pedido e quando o mesmo estava pronto levei a bandeja até a mesa, sentei na frente de Nicholas.
- Sue. – ele disse.
- Oi – respondi.
- Nada, eu gosto do seu nome, parece um apelido! – ele sorriu.
- Obrigada Nicholas! Eu acho, já que não me disse ainda se meu nome parecer um apelido seria bom ou ruim...
- Nick! – ele disse – Me chame pelo apelido. Somos íntimos esqueceu?
- Pois bem Nick – intensifiquei o apelido sorrindo. Mordi meu lanche e ele também.
- Então... – ele terminava de mastigar – Tem quantos anos Sue? – ele perguntou.
- Vinte e três e você? – perguntei.
- Vinte e sete! E isso é ótimo, já que desde pequeno escutei os médicos dizendo que não passaria dos vinte!
- Posso perguntar outra coisa pessoal?
- Eu desenvolvi câncer nos olhos aos dez anos de idade – mais uma vez ele começou a falar me respondendo antes de eu perguntar – primeiro foi meu olho direito. Fiz uma cirurgia e tiraram meu olho e colocaram um de vidro no lugar. Aí passou o tempo, vários tratamentos, quimioterapia, essas coisas e o câncer que achei que tinha sumido, foi parar no outro olho – ele disse pegando uma batata. Eu escutava atenta enquanto comia meu lanche. – nessa época eu tinha dezessete anos, tinha uma namorada muito linda, Clarisse... – ele disse suspirando – Ela tinha câncer pancreático, nos conhecemos em um dos tratamentos, se importa de falar dela para você? – ele perguntou.
- Claro que não, por que me importaria? – disse.
- Mulheres não gostam de escutar de outras mulheres... – ele disse.
- Eu não ligo Nick – ele sorriu – prossiga.
- Enfim, eu tinha uma namorada chamada Clarisse, ainda podia enxergá-la, ela era maravilhosamente linda, loira, cabelos longos, típicos olhos azuis, corpo definido que me deixava louco... – ele disse corando – Enfim, foi com ela que tive minha primeira vez, eu a amava demais, mas infelizmente... – ele fez uma pausa.
- Sinto muito... – disse já entendendo.
- Ela me trocou. – ele disse e fiquei sem reação. – me trocou por um cara saudável, mais atraente... E aí ela morreu. – ele disse.
- Uau... – falei.
- Enfim, fiz a segunda cirurgia e fiquei cego de vez. Tive que aprender a fazer tudo como cego. No auge dos meus dezessete anos, na adolescência, foi muito difícil, confesso que muitas vezes quis a morte a ter que ficar cego, mas aí vi que não valia a pena. Aprendi a lidar com minha deficiência. E viver a vida, já que mesmo com as duas cirurgias e sem enxergar os médicos ainda falavam que o câncer não desapareceu e que eu ainda tinha grandes chances de morrer, mas aqui estou eu! – ele disse mordendo o lanche. – Conte-me sua história agora para que eu possa comer um pouco... – ele disse de boca cheia e rindo.
- Ah, ok. – voltei ao foco, como que Clarisse poderia ter feito aquilo com Nicholas? – Enfim, sou... Ok, você já notou que não costumo ser pejorativa e falo o que penso então continuando, sou normal e saudável, desculpa se ofendi...
- Não ofendeu – ele disse de boca cheia e fez sinal com a mão para que eu prosseguisse.
- Certo. Faço balé desde que tinha quatro anos, me tornei profissional aos dezessete e hoje vivo disso.
- Só isso? – ele disse engolindo o lanche.
- É, acho que sim... – disse.
- Qual é! Eu te dei maior tempo para você comer seu lanche e você conta sua vida em trinta segundos? – ele riu.
- Não tenho muito o que falar... – disse.
- Não, a questão é: você não deu detalhes. – ele riu – Ah conte algo que gosta, sei lá... Ponha emoção na história!
- Ok, você falou de sua ex...
- Não, Clarisse não é minha ex, Tutty que é. E antes de Tutty veio a Roberta e antes da Roberta veio a Johnny... Prossiga – ele disse.
- Pois bem, você falou de uma de suas exs – intensifiquei a frase corrigida – Eu tinha um namorado...
- Ele morreu? – Nicholas perguntou.
- Não! – disse – Você vai comer e me deixar contar a história ou vai me interromper? – disse rindo.
- Ok, desculpa, prossiga.
- Então... Eu tinha um namorado, ele era o tipo de cara que muita gente rejeita, tipo ele era livre. E eu queria ser como ele, mas não conseguia, me sentia culpada por sair da rotina. Eu gostava muito dele, era apaixonada, e ele dizia que me amava, talvez ainda me ame, mas tive que deixá-lo ir...
- Ainda parece que ele morreu... – Nicholas ria e comia batatas – Ok, desculpa.
- Eu o libertei de mim Nick, é isso que estou querendo dizer, eu não conseguia ser como ele, era e sou regrada e ele era o oposto, fazia o que lhe dava na teia e vivia a vida... Eu terminei com ele porque me sentia culpada o prendendo comigo...
- E como ele reagiu? – Nicholas disse tomando a Coca.
- Disse que não tinha problema eu não ser como ele, que ele não queria estar longe de mim, mas eu não conseguiria viver comigo mesma sabendo que tirei George de sua rotina, se é que aquilo era rotina...
- Por que não tentou ser como ele? – Nick perguntou.
- Peso na consciência... – disse abaixando o olhar.
- Ok, venha comigo... – ele disse se levantando e me puxando pela mão, ele desdobrou a vareta e começou a andar, nos levando para fora do restaurante.
- Onde estamos indo? – perguntei sendo guiada por ele.
- O que você iria fazer depois que eu fosse embora? – ele perguntou andando pela rua.
- Iria pra casa, me arrumar e ensaiar...
- Está trabalhando?
- De férias.
- Algum espetáculo? – ele disse.
- Não.
- E por que ensaiaria? – ele disse.
- Já disse... Rotina...
- O que faria para sair da rotina? – ele perguntou
- Nick, eu não consegui sair da rotina namorando George, o que te faz pensar que com você será diferente?
- Primeiro que eu não sou seu namorado, segundo que você vai sair da rotina comigo.
- E mais uma vez eu pergunto o que...
- Você têm câncer. – ele disse e eu parei no meio da rua, o fiz parar também.
- Não eu não tenho. – disse.
- Tem. – ele respondeu sério.
- Não eu posso te garantir que...
- Sue.
- O que? – disse levemente irritada.
- Se você tivesse câncer qual seria sua reação? – ele perguntou.
- Não sei, provavelmente choraria, me desesperaria, sei lá...
- Não é a reação que você demonstra ter agora...
- Porque eu não tenho câncer Nick. – disse o óbvio.
- Você tem. – ele disse – agora acredite nisso e continue me seguindo. – ele segurou minha mão de novo e voltou a me guiar. Ficamos em silêncio o tempo todo.
Como aquele cara que eu nem conhecia chegava para mim e falava que eu tinha câncer? Acho que o câncer dele deve ter afetado o cérebro, só pode.
- Está com raiva de mim. – foi uma afirmação – Mas ainda me segue, sabia que você poderia simplesmente largar minha mão e voltar para sua vida monótona? – ele disse ainda andando e me guiando. Fiquei quieta. – Eu não vou pedir desculpas Sue, não quando estou certo...
- Você nem me conhece e já diz que tenho câncer, acho que você não está certo. – ele riu.
- Sue.
- Que?
- Nada, já disse que gosto do seu nome porque parece um...
- Apelido... – completei a frase dele.
- E isso é algo bom! – ele disse sorrindo.
- Menos mal... – disse quando ele respondeu a minha pergunta da praça.
- Por que ainda está aqui? – ele perguntou e caminhávamos, ele estava me levando para um ponto de táxi.
- Porque você está segurando minha mão. – ele soltou nossas mãos.
- Por que ainda está aqui?
- Porque... – eu não tinha mais respostas. Ele voltou a entrelaçar nossos dedos.
- Sue.
- Nick.
- Somos íntimos – ele disse.
- Somos... – respondi.
- Você já saiu da rotina hoje percebeu? – ele disse. – Digo... Está saindo de mãos dadas por aí com um cego descabelado que você só conhece o primeiro nome e o apelido, foi almoçar com ele e ele te disse que você tem câncer. Isso definitivamente, não é algo que se faça todo dia. – eu sorri.
- Para onde vamos? – perguntei.
- Fugir da rotina! – ele disse.
- Ok... – disse.
- Sue.
- Nick.
- Você tem câncer.
- Você que tem – aquele assunto ainda me afetava.
- Temos... – ele disse sorrindo e parando próximo ao ponto de táxi. – Vamos, escolha um carro e vamos fugir da rotina, eu pago a viagem! – ele disse.
- Você faz isso com todas as mulheres que encontra no parque? – perguntei sorrindo e o puxando pela mão até dentro do carro.
- Motorista? – Nick se inclinou para frente e disse o destino da viagem para o rapaz, eu não consegui escutar. – Não Sue. Só faço isso com você.
- Hum, então tá – disse sorrindo e acreditando nele. – Por que comigo?
- Porque você tem câncer. – ele disse e eu revirei os olhos.

+++

Descemos do táxi, Nick pagou o rapaz e continuou me guiando, eu sabia onde era aquele lugar, mas não sabia o porquê de estar lá agora com Nick.
- Por que estamos aqui Nick? – disse olhando para a entrada do lugar.
- Já disse que vamos fugir – ele sorriu.
- Eu tenho medo de altura... – disse vendo as pessoas voando de asa-delta.
- Você tinha, mas seu medo passou quando você descobriu que tinha câncer.
- Nicholas eu não tenho...
- Shiu... – ele disse colocando o indicador na minha boca – aceitar o fato será melhor para você. – ele sorriu
- Você é um cego chato. – disse.
- Que seja, continuo atraente? – ele perguntou.
- Não.
- Isso machuca sabia? – ele disse fingindo comoção. – Vamos temos que fugir.
Entramos no lugar para comprar o pacote e voar de asa-delta. Nick e eu íamos juntos com o instrutor, eu estava com muito medo, morria de medo de altura, queria matar Nick antes da hora, essa era a verdade, mas algo em mim me impedia de desistir e por incrível que pareça não havia nenhum peso na minha consciência em sair da rotina naquele dia.
Esperamos nossa vez, nos equipamos e seguramos na asa-delta.
- Muito bem, vamos correr o máximo que pudermos e aí pularemos para o vôo! – o instrutor falava entre eu e Nick.
- Beleza! – Nick disse sorridente.
- De acordo? – o instrutor olhou para mim e meu medo só aumentava.
- Sim... – disse hesitante.
- Muito bem! Vamos! – começamos a correr e à medida que o final do largo corredor se aproximava meu medo aumentava.
- Sue. – Nick disse.
- Oi... – respondi chorosa, qual é, eu estava com medo.
- Quero que me conte tudo o que ver durante o vôo com detalhes tá? – ele pediu, minha intenção era fechar os olhos. Respirei fundo e o momento de voar se aproximava.
- Ok... – disse e saltamos. Fechei os olhos por impulso.
- UHUL! – Nick gritou assim que percebeu que estava voando. – Sue o que está vendo? – ele gritou.
Abri os olhos. O Rio de Janeiro era lindo de cima. Sim, éramos cariocas, Nick era, eu ainda sou.
- Vejo... – comecei a dizer – a praia, pessoas brincando, nadando, surfando... – o instrutor virou a asa-delta – Agora estamos sobrevoando algumas árvores Nick, verdes e lindas, ainda dá para ver a praia, é bem bonita! O mar está azul escuro e combina perfeitamente com a areia, o céu está lindo, e o sol brilha muito.
- Sue. – ele disse.
- Oi...
- Nada, gosto do seu nome... – ele disse “olhando” para mim e sorrindo.
- Estão juntos há quanto tempo? – o instrutor perguntou entre nós.
- Desde hoje de manhã, a conheci hoje! – Nick disse sorrindo.
- Somos... – comecei a dizer.
- Íntimos! – Nick riu. O instrutor ficou confuso, mas continuamos o vôo.
Depois que descemos e tiramos os equipamentos resolvemos ir para a praia.
- Sue.
- Nick.
- E aí? – ele perguntou.
- Foi maravilhoso... Eu nunca pensei que fosse fazer aquilo, Nick... – disse de frente para ele.
- Até descobrir que tem câncer! – ele disse sorrindo e acariciou minha bochecha.
- O que quer dizer com isso, Nick...? – estava confusa e querendo entender.
- Vou te mostrar com o tempo, mas me diz, você aceita ser tudo o que sempre quis ser com o George, mas agora comigo? – Nick mantinha as mãos em minhas bochechas.
- Aceito. – estava mais certa do que nunca.
- Perfeito! – ele sorriu – Sua boca continua beijável... – ele tocou minha boca de novo. – Não tenho olhos, então é irônico falar de amor à primeira vista...
- Você vê com as mãos... – disse próxima a ele sorrindo.
- Então seria amor à primeira vista para você e ao primeiro toque comigo? – ele disse franzindo a testa e rindo.
- Como deduz uma coisa dessas de mim? – perguntei.
- Me ame? – ele pediu.
- Me beije? – pedi.
- Ah não, você vai me julgar pelo beijo e aí não vai dizer que vai me amar, isso é injusto demais, senhorita...
Revirei os olhos e impedi que ele terminasse de falar, selei nossos lábios em um selinho longo.
- Shiu... – disse – aceitar o fato será melhor para você... – disse depois de beijá-lo.
- Posso te pedir mais uma coisa? – ele perguntou.
- Pode. – disse.
- Não precisa prometer se não quiser, nos conhecemos hoje e tudo o mais, é até demais, mas eu disse a verdade Sue, amor ao primeiro toque, não sei porque com você, mas é verdade.
- Peça Nick.
- Mesmo sem namorar, ou nada sério... Mesmo só na amizade... Fique comigo até o final de minha vida?
- Vai ser tempo pra caramba, né? – disse tentando animá-lo.
- Tomara! – ele sorriu.
- Fico. – disse.
- Obrigado. – ele sorriu – Agora me dê um beijo decente! – ele disse e eu ri.

+++

Coisas assim podem acontecer. E aconteceu comigo.
Nick enxergava mais que qualquer pessoa que tinha os dois olhos. E eu cumpri minha promessa a ele. Fiquei com ele durante os dois anos seguintes antes de ele partir. Como namorados.
Nick me ensinou a sair da rotina. Me ensinou a ser livre. Eu sempre questionei sobre o câncer que ele falava que eu tinha. Cheguei até a fazer exames para me certificar. Não tinha nada, mas Nick continuava insistindo na ideia de falar que eu tinha a doença fatal. Eu me deixei levar. Acreditei no que Nick me dissera e começava aos poucos a entender, a resposta final ele me daria em seu leito de morte um ano e meio depois.
Nos amávamos, éramos livres. Fazíamos altas aventuras. Voar de asa-delta foi só a primeira nesses dois anos que tive Nick. Os dois anos mais maravilhosos da minha vida, os dois anos mais perfeitos e mais livres que já tive.
Depois de um ano e meio juntos, Nick começou a piorar. O câncer que parecia estar diminuindo voltou com força total. Nick residia num hospital. E eu morava com ele durante as noites. Sentia meu mundo acabando e morrendo conforme Nick piorava, ele não queria que eu chorasse, eu chorava escondida. Não queria perdê-lo.
Quando coisas boas aconteciam em minha vida, elas eram rápidas, sabia desde o início que Nick morreria antes do que se espera para uma pessoa normal, mas durante os dois anos não quis acreditar. O fim dele estava cada vez mais certo e próximo, o último mês foi o pior de todos.
Nick estava fraco, os médicos continuaram, com os tratamentos, mas só adiaria a dor dele. Ele havia raspado a cabeça e odiava aquilo.
- Agora você não vai ter como tirar onda comigo por eu não pentear o cabelo! – ele dizia sorrindo no quarto do hospital, eu sempre ao lado dele na cama.
Evitava demonstrar que estava chorando. Nick sempre pedia para que eu sorrisse, que aquilo era certo, que queria sentir que eu estava sorrindo. Eu tentava, mas não podia sorrir sabendo que estava prestes a perder o grande amor da minha vida.
Eu não queria perdê-lo.
Às vezes quando não conseguia segurar saia do quarto de Nick, algum de seus familiares entrava em meu lugar. Eu desabava no corredor do hospital.
Conheci a família inteira de Nick antes de ele ser internado e o apresentei para meus pais que moravam em Santa Catarina.
Em seu último dia de vida, Nick me chamou para conversar a sós no quarto. Óbvio que não sabíamos que aquele seria o dia de ele me deixar, mas ele sabia. Ele sentia. Entrei no quarto. Segurava o choro.
- Chamou, Nick? – tentei deixar a voz mais forte.
- Sue. – ele disse fraco, quase sem fôlego e sorrindo. Estava magro demais, pálido, com muitos aparelhos que o mantinham vivo.
- Oi... – minha voz falhou.
- Nada... Gosto do seu nome... Parece um apelido... – aos poucos ele disse a frase que ele sempre falava, e me fez desabar na frente dele. – Não... Sue... – ele disse triste ao saber e ouvir meu choro. – Sue vem cá... – ele me chamou para perto da cama, me sentei na beirada da mesma. – Cadê sua mão? – ele perguntou e eu segurei a mão dele, não parava de soluçar – Sue, amor... – ele acariciava minha mão – Vamos todos morrer um dia... – as lágrimas escorriam pelo meu rosto – Sue.
- Oi... – chorava.
- Você tem câncer... – ele disse rindo.
- Não brinque com isso, Nick... – eu não queria que ele falasse daquele jeito.
- Sue, eu sei que... – ele respirava com dificuldade – sei que você não tem câncer de verdade, mas te fazer acreditar nisso foi bom para você... Você acreditou que tinha câncer, amor... E quis aproveitar a vida antes de morrer... Fugiu da rotina... Viveu cada segundo como se... Fosse o último... – agora eu entendia, tudo fazia sentido – às vezes... Precisamos inventar algo desse tipo... Para deixarmos a rotina de lado... E viver intensamente cada segundo... Como se fosse o último... – eu aos poucos parava de chorar – Sue.
- Nick... – disse.
- Somos íntimos... – ele sorriu fraco e tossiu, me preocupei, ele segurou minha mão com força.
- Somos mais que isso... – disse.
- Sue.
- Oi...
- Promete que vai...
- Não... Nick... Não sei se...
- Você consegue... Pode ser que demore... Mas Sue... Você é jovem, sei que vai me amar pra sempre, mas promete que vai continuar... A viver a vida... Intensamente...? – fiquei em silencio – Sue?
- Nick...
- Promete... – ele disse.
- Prometo... – não queria prometer porque não saberia se cumpriria a promessa, voltei a chorar.
- Sue.
- Nick... – minha voz era chorosa.
- Eu te amo Sue. – ele disse, sorrindo.
- Eu te amo Nick... – disse e beijei a mão dele. Ele passou a sentir meu rosto com o toque de seus dedos, enxugando minhas lágrimas que não paravam de escorrer.
- Ah, como vou sentir falta desse rosto...
- Não diga isso Nick... – solucei.
- De tudo... – ele disse – O rosto mais belo que já vi...
- Para Nick...
- Ah Sue! – ele disse se lembrando de algo.
- O que foi Nick?
- Você dança muito bem... – ele disse se lembrando do espetáculo de balé que eu o tinha levado, ele ficou na primeira fila e não via nada, só balançava a cabeça conforme a música. Na minha vez de dançar anunciaram meu nome para que ele soubesse que era eu, ele sorria para o palco e aquilo só me fez dançar com mais inspiração.
- Nick... – chorava.
- Você é meu amor ao primeiro toque... – ele disse.
- E você é o meu à primeira vista...
- Preciso descansar minha linda... – ele disse fraco.
- Claro, Nick... – disse levantando da cama.
- Até amanhã, Sue! – ele disse sorridente.
- Até amanhã, Nick. – disse e saí do quarto.
Não houve amanhã para Nick. No meio da noite os aparelhos apitaram agudamente que o coração dele havia parado. Médicos e enfermeiros correram para o quarto de Nick, nada do que eles fizeram teve sucesso. Eu vi os pais de Nick chorando, os outros familiares. Eu não chorava. Estava em choque. Não queria acreditar. Me recusava a fazer aquilo.
Caminhei pelos corredores como um zumbi. Saí do hospital, fui até a praça que nos encontramos. Sentei naquele mesmo banco e aí me permiti chorar. Chorei até ficar desidratada, acabei dormindo naquela praça. Fui acordada por mãos amigas da mãe de Nick. Nossos olhos estavam inchados. Tudo havia acabado. Nick morrera.

+++

Eu tinha um namorado. Sim, tinha. Ele morreu. De câncer.
Talvez o câncer seja a doença do século, a mais temida doença, mais até que a AIDS. Exagerando ou não é o que eu penso. E vocês irão me achar a pessoa mais horrível, mas sem coração do mundo quando eu disser que: para mim o câncer não é uma doença horrível e sim uma coisa boa.
O câncer me fez viver a vida como queria e sempre tive medo de fazer aquilo. Meu namorado tinha câncer. Ele morreu tem dois anos. No começo foi extremamente difícil cumprir a promessa que fizera a ele, mas agora consigo fazer melhor.
Estava sentada no banco da praça que nos conhecemos. Observava as pessoas como sempre fiz. Era verão, o dia estava lindo. Na verdade, era a data exata de quatro anos desde o dia que conheci Nicholas. Não estava triste, não estava feliz, estava apenas... Observando.
Nick era cego, não de nascença. Mas ele enxergava mais que todos.
- Posso me sentar ao seu lado? – um rapaz moreno alto bonito, me lembrava Ashton Kutcher, perguntou.
Não. Ele não era cego, era normal.
- Claro. – disse sorrindo, mas sem muitas emoções.
- Pedro. – ele disse sorrindo se apresentando.
- Sue. – fiz o mesmo.
- Sue?
- Algum problema? – perguntei.
- Sue. – ele disse – Seu nome parece um apelido.
- Isso seria algo bom ou ruim? – indaguei o olhando, mas sorria para o rapaz, Nick estava por trás daquilo, eu sentia...
- Bom! Eu gosto de apelidos – ele sorria.
- Meu namorado dizia a mesma coisa... – disse lembrando de Nick.
- Dizia?
- Ele morreu...
- Sinto muito...
- Não sinta... Foi bom enquanto ele estava aqui... – ele sorriu para mim.
- Aceitaria almoçar comigo? – ele era direto.
- Claro! – disse.
- Algum lugar para sugerir?
- Mc Donald’s! – disse sorridente e ele riu. – Ah não... É vegetariano né?
- Não! – ele ria – Gostei da sua espontaneidade – ele sorria.
- Obrigada... Vamos? – disse.
- Claro! – ele disse levantando e me dando o braço num gesto de cavalheirismo que eu aceitei.
- Mais uma coisa... – disse enquanto caminhávamos, olhei para ele que esperava o que eu tinha para falar – Eu tenho câncer. – disse e ele parou de andar e ficou em silencio. Ele estava em choque. Pedro me olhava um tanto assustado, mas depois sorriu carinhosamente.
- Eu também... – ele disse e eu sorri para ele. Voltamos ao nosso passeio.


FIM



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