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Confira o teaser desta fanfic!



Capítulo 01


28 de Agosto, Shreveport, 18:35h

Novamente Eric acordou ofegante. Era o terceiro dia seguido que ele sonhava com aqueles olhos hipnotizantes. Olhos misteriosos, sedutores, extremamente atraentes e, no entanto, repletos de bondade e pureza.
E o sonho também era o mesmo: a dona daqueles olhos cativantes fugia de alguma coisa que ele não sabia definir. Ele corria atrás dela, querendo ajudar, sentindo seu medo, mas quando finalmente a alcançava, descobria que era dele próprio que ela fugia. Eric podia ver o terror estampado nos belos olhos e então ele simplesmente acordava, angustiado.
Levantou-se de sua cama no moderno quarto à prova de luz solar e seguiu para sua sala no piso superior, onde funcionava o seu clube noturno: Fangtasia. A fome se fez presente, mas ao perceber que não havia nenhum humano por perto, optou por uma garrafa de Tru Blood. Apesar de não gostar, ele sabia que o manteria forte até sua próxima refeição humana.
Com um suspiro ele se largou em sua poltrona e involuntariamente seus pensamentos voltaram para aquele estranho sonho e para os olhos que o temiam. Não era normal para ele, no auge dos seus 1000 anos, ficar tão intrigado por uma humana, mas algo lhe dizia que aquela não era uma humana qualquer.
- O que faz aqui tão cedo? – perguntou a voz naturalmente sedutora de Pam.
- Nada. – ele respondeu com desdém.
- Outro sonho? – ela o questionou, erguendo uma das sobrancelhas, como se lesse sua mente.
Eric encarou os belos olhos da sua cria e nem precisou responder. Pam o conhecia como poucos e, apesar de já não estarem mais juntos como um casal, ela seria sempre sua melhor e única amiga.
- O que me intriga é se essa mulher existe mesmo, ou é fruto da minha farta imaginação. – ele disse em voz baixa.
- Oh, por favor! – Pam quase debochou. – Depois de tantos anos, você vai começar a ficar sentimental, Eric? Não combina com você.
Bom, aquilo era uma verdade. Eric nunca foi do tipo que se preocupava realmente com os sentimentos humanos. Acabou puxando um meio sorriso de lado e encarou uma Pam sarcástica. Ela retribuiu o sorriso e lhe mandou uma piscadinha de olho, saindo logo em seguida, deixando-o sozinho antes de abrirem o clube para mais uma noite em Shreveport.

28 de Agosto, Bon Temps, 18:35h

Depois de uma longa jornada, finalmente a família Seerswood chegava ao destino escolhido. Logo o restante da trupe também chegou e a Companhia Seerswood Circus estava completa. Não era uma grande companhia, na verdade, composta por amigos de longa data, amantes da arte circense que estavam juntos na estrada.
- Venha, querida. – disse Danna segurando a mão de sua filha. – Veja, chegamos junto com a Lua.
, a jovem filha do casal Danna e Peter, segurou a mão da mãe e, ainda insegura, desceu do grande trailer. Com o olhar desconfiado, caminhou alguns passos e logo todo o pessoal do circo já começava a se instalar no local.
- Está vendo, filha? – perguntou Peter. – Aqui é muito tranqüilo. Tenho certeza de que ficaremos bem por aqui.
- Não sei, pai. – a garota de olhos respondeu. – Meu coração continua angustiado.
Peter apenas afagou os ombros da filha e depois seguiu para junto do seu pessoal para ajudar na arrumação das coisas. Sua mãe, Danna, deu-lhe um estalado beijo na bochecha e também foi em direção à bagunça que já começava a se armar.
inspirou profundamente para se familiarizar com aquele novo lugar e sentiu o frescor da noite que acabava de começar. Aquela parecia uma cidade qualquer do interior dos Estados Unidos, mas por algum motivo ela sentia que sua vida mudaria para sempre ali.
O súbito desespero que lhe tomou três dias antes, quando eles ainda estavam em San Ângelo, fez com que seus pais tomassem a decisão de ir embora mais cedo do que o programado. Procuraram por uma rota que os levassem para o mais longe possível daquela cidade e acabaram parando em Bon Temps.
sentou-se sobre um velho tronco caído e fechou os olhos na tentativa de se acalmar, e acalmar seus pais, mas não foi calma que lhe veio em mente:

Ela estava no palco, como fazia a tantos anos, lendo a sorte de um homem escolhido aleatoriamente na platéia, quando aquele par de olhos azul-esverdeados entrou em foco.
Eram os olhos mais lindos que já tinha visto nos seus recém completados 25 anos, mas ao mesmo tempo também eram os olhos mais frios e arrogantes. Num segundo os olhos estavam banhados em sangue e então tudo ficou vermelho e escuro ao seu redor. Ela olhou novamente para seu cliente, que agora parecia assustado e soube, em sua mente, que aquele era o último dia de vida daquele ser humano.
Assim que o show terminou, sua mãe fora lhe perguntar o que havia acontecido e então relatou sua visão. Seus pais ficaram alarmados, tanto pela violência da visão, quanto pela real possibilidade de ataques como aquele, afinal, agora que os vampiros tinham se revelado, todos sabiam a quem atribuir as mortes tão brutais antes creditadas ao destino, à fatalidade. Decidiram deixar a cidade imediatamente.


abriu os olhos subitamente, com o coração acelerado e olhou ao redor, percebendo que ninguém tinha notado seu estado de espírito. Levantou-se, respirou profundamente e seguiu na direção de seus amigos para ajudá-los na arrumação das coisas e tentar esquecer daquela fatídica visão.
Após algumas horas as tendas estavam armadas, os trailers ordenadamente estacionados e todos estavam realmente exaustos. tinha conseguido, por um tempo, não pensar no que tinha visto e agora sorria alegremente para as piadas de um dos palhaços da trupe.
- Ok, estou faminto. – disse Peter chegando perto da esposa e da filha.
- Ah, meu querido. – Danna suspirou. – Estou exausta para preparar qualquer coisa.
- Acho que vi um bar ou restaurante alguns quilômetros atrás. – disse . – Ficava um pouco antes daquela grande curva à esquerda.
- Ah, sim. – disse Peter. – Acho que me lembro. – e olhou para a esposa. – Quer arriscar?
Danna, que realmente não estava com vontade de encarar o fogão, aceitou rapidamente a sugestão do marido e, depois de convidarem seus funcionários – que preferiram ficar por ali mesmo – entraram em seu veículo e seguiram pela estrada.
O Merlotte’s Bar and Grill estava com as luzes acesas e percebeu vários carros parados no pequeno estacionamento. Os três desceram e, curiosos, seguiram até a entrada principal do estabelecimento.
Logo foram recebidos por uma mulher de cabelos ruivos e sotaque carregado. Todos que estavam por lá voltaram-se para olhá-los, como se fossem de outro mundo, o que fez com que se sentisse um pouco desconfortável e se lembrasse de quando descobriu seu dom e de como as pessoas a tratavam.
- Boa noite. – disse um homem de cabelos castanho-claros e olhos verde-acinzentados. – Meu nome é Sam Merlotte e esse é meu bar e restaurante. Sintam-se à vontade.
percebeu claramente os belos olhos de Sam caírem sobre ela e, timidamente, escondeu-se atrás de sua mãe. Sam percebeu o movimento da garota e tentou desviar a atenção voltando-se para o homem da família.
- Posso ver que não são daqui. Estão a passeio por Bon Temps?
- Mais ou menos. – disse Peter, após se acomodar na mesa, protegendo a filha com seu corpo e encarando a mulher que sentava à sua frente. – Acabamos de instalar nosso circo por aqui. Vamos ficar uma ou duas semanas.
- Um circo? – uma mulher acima do peso e loira, de meia idade, se aproximou. – Adoro circos. Que tipo de espetáculos vocês apresentam?
- Maxine! – ralhou Sam. – Não os incomode com suas xeretices.
- Oh, não tem problema. – disse Danna, pronunciando-se pela primeira vez. – Temos de tudo um pouco: palhaços, malabaristas, mágicos, cuspidores de fogo, engolidores de espadas, videntes.
- Vocês têm vampiros? – a mulher insistiu recebendo o olhar de desaprovação de Sam. Mas o fato era que o estabelecimento inteiro ficou em silêncio para ouvir a resposta à pergunta de Maxine.
- Não. – respondeu calmamente Danna. – Não vejo o motivo de vampiros trabalharem em apresentações circenses como atrações. Eles não são animais e muito menos aberrações para serem expostas aos olhos curiosos.
O silêncio reinava soberano no bar. Tanto clientes como funcionários se entreolhavam, abismados com a resposta de Danna. percebeu o clima tenso e novamente aqueles olhos azulados de sua visão preencheram sua mente.
- Claro. – respondeu politicamente Sam, tentando terminar aquela conversa. – Em que podemos servi-los?
Peter e Danna passaram a olhar o cardápio, mas logo perceberam que mantinha os pensamentos a quilômetros dali. Um cutucão não tão delicado de seu pai fez com a moça saísse de seu transe.
- Um hambúrguer e um suco de laranja, por favor. – ela disse e novamente os olhos acinzentados de Sam chamaram sua atenção. Eles se encararam por um longo minuto e então Sam se afastou, levando o pedido até a cozinha.
Aos poucos as pessoas voltaram para suas rotinas e, momentaneamente, se esqueceram daquela família. Arlene, a garçonete ruiva que os recebeu, foi fofocar alguma coisa com a moça que ficava no bar, Tara, e ambas encararam a mesa do trio com curiosidade e desconfiança.
- Talvez não tenha sido tão boa ideia vir até aqui. – disse Peter preocupado.
- Eles só estão curiosos. E parece que ficaram desapontados por não termos vampiros em nosso circo. – disse em um tom quase de desprezo. – Tudo o que é diferente, que não se encaixa em seus padrões são aberrações, ou são perigosos, ou só servem para serem exibidos em picadeiros.
Aquela foi a primeira vez que Danna e Peter viram falar daquela maneira, tão aborrecida. Definitivamente ela estava diferente. Desde a visão que tivera em San Ângelo eles percebiam que a filha estava ficando mais introvertida e aborrecida com a implicância e preconceito contra o “diferente”.
Fizeram a refeição praticamente em silêncio, às vezes comentando sobre alguma amenidade qualquer, mas sempre observando as pessoas ao seu redor. Depois de aproximadamente uma hora decidiram ir embora.
Já estavam perto do trailer quando ouviram passos. Julia envolveu a filha em seus braços e Peter virou-se de supetão, pronto para enfrentar o que quer que fosse. No entanto, deparou-se com Sam Merlotte.
- Por favor, peço realmente desculpas pelo comportamento de alguns dos meus clientes. – e sua entonação parecia sincera. – Faz muito tempo que não temos uma atração dessas por aqui. Por isso o pessoal acha que ainda usam animais nos espetáculos. E quanto aos vampiros, bom, muitos aqui não são muito fãs deles.
- Esse é um país democrático, Sr. Merlotte. – disse Peter polidamente. – Todos têm direito de gostar ou não das coisas.
- Claro, mas mesmo assim não têm o direito de hostilizar opiniões divergentes. – Sam continuou. – Realmente sinto muito.
- Aceitamos suas desculpas. – disse Danna amavelmente. – Mesmo não sendo o senhor o responsável pelos comportamentos deselegantes.
- Obrigado. – ele disse. – Voltem sempre que quiserem. Vocês são muito bem vindos aqui. E, por favor, avisem quando forem estrear.
Peter acenou com a cabeça e conduziu a esposa e a filha até seu veículo. Sam ficou parado, observando o veículo manobrar e seguir para a saída. Pela janela pode ver o belo rosto de , e sua expressão indignada e triste.

Eles mal tinham estacionado o trailer ao lado da tenda maior e logo já pulava porta afora, visivelmente contrariada. Peter e Danna encararam-se e logo foram atrás dela.
- O que houve querida? – perguntou Peter.
- Quem essas pessoas pensam que são para ficarem julgando os outros? – explodiu de raiva. – Até parece que são todos corretos e normais! Tenho certeza de que seu visse seus futuros encontraria muitas estranhezas e até mesmo atos repulsivos. – ela caminhou até o pé de uma árvore. – Por que cada um não pode simplesmente cuidar das suas vidas e deixar as outras pessoas em paz? – e uma lágrima escorreu por sua face.
- Filha! – Danna abraçou . – Vivemos num mundo hipócrita, você sabe disso. Nem todo mundo é justo e correto com os seus semelhantes.
- Mas aí é que está, mãe. – ela se virou para encarar seus pais. – Nós não somos semelhantes. Nem eu, nem vampiros, nem sei lá mais o que existe por aí. Nós somos diferentes! Mas não significa que valhamos menos por isso.
- Claro que não, meu amor! – disse Peter abraçando a filha. – Não sei sobre os vampiros... – ele fez uma pausa. – ...mas você é especial. E nós te amamos, e te respeitamos.
Os três permaneceram abraçados por um tempo, até que um vento mais gelado fez com que se arrepiassem e decidissem voltar para o aconchego do trailer. logo dormiu e na mente de seus pais ficava a questão: teriam eles agido corretamente quando deixaram que ela se expusesse tanto nos picadeiros?

29 de Agosto, Shreveport, 04:30h

Finalmente o último cliente tinha saído do bar e agora Pam checava o caixa, para fazer a contabilidade do estabelecimento. Eric continuava em seu trono, um lugar de destaque de seu clube, mas seu olhar estava tão distante como nunca esteve.
- O que há com você hoje? – Pam sentou-se no banco ao lado. – Nunca o vi tão entediado como essa noite. E olha que tínhamos fregueses bem interessantes.
- Não há nada. – ele respondeu com a voz monótona.
- Eric? – ela o encarou em tom desafiador. Ele fitou seus olhos. – Oh, por favor! – ela soltou num lamento. – Não vai dizer que foi aquele sonho outra vez!
Ele nada respondeu, apenas desviou o olhar, com a mesma expressão entediada de alguns segundos antes. Pam ainda o fitou por alguns instantes e depois desistiu, voltando a se preocupar com o lucro daquela noite.
O que ela não sabia, o que Eric tinha habilmente disfarçado sob o manto de tédio, era a angústia que ele sentiu durante toda a noite. Um sentimento até então desconhecido, mas que ele sabia ter relação com a dona daqueles olhos de seus sonhos.
Ele precisava saber quem ela era, por que mexia tanto com ele, por que ela o deixava tão vulnerável. Ou melhor, ele precisava saber se ela existia realmente ou se era apenas fruto de seus mais profundos desejos.
Depois de mais alguns minutos Pam disse que tudo estava em ordem e deu “boa noite”, ressaltando que se ele precisasse dela para alguma coisa, estaria confortavelmente acomodada em seu quarto no subsolo.
Logo Eric seguiu pelo mesmo caminho e então caiu em um sono profundo, mas não antes de decidir que precisava procurar por aquela mulher, precisava encontrá-la e descobrir por que diabos ela o perturbava daquela maneira.


Capítulo 02


29 de Agosto, Bon Temps, 07:00h

A claridade invadiu o trailer da família Seerswood e logo já ouvia os cantos de vários pássaros diferentes. Sentiu o aconchegante cheiro de café recém coado e levantou-se, seguindo direto para fora do trailer.
- Bom dia, querida! – disse sua mãe suavemente. – Dormiu bem?
- Bom dia, mamãe. – ela respondeu ainda com sono. – Tive sim uma boa noite de sono. E você?
E ambas seguiram com uma conversa amena. Logo Peter se juntou às duas e os três desfrutaram de uma agradável refeição matinal. O trabalho começou cedo para todas as pessoas que trabalhavam no circo e logo cada um já tinha sua função determinada.
- Tem certeza de que quer ir até o bar? – perguntou um Peter preocupado.
- Claro, pai. – disse . – Não se preocupe, vou me comportar direitinho.
- Só quero ter certeza de que ficará bem caso encontre aquelas pessoas novamente.
- Ficarei bem. – ela disse. – Eu estava cansada da viagem, um pouco mais sensível, apenas isso. Dará tudo certo. – ela garantiu e então, depois de ler o alívio nos olhos do pai, ela subiu em sua adorada scooter vermelha – presente de aniversário de 21 anos – e seguiu rumo ao Merlotte’s.
não demorou nem dez minutos para chegar ao restaurante e encontrou o estacionamento praticamente vazio. As luzes do letreiro estavam apagadas e o lugar parecia estar ainda fechado. Ela estacionou a moto e permaneceu alguns instantes ali, sentada, apenas ouvindo os barulhos da mata ao seu redor.
Um farfalhar de folhas secas chamou sua atenção e do meio das árvores, logo atrás do bar, saiu um simpático cachorro malhado de marrom e branco. O animal aproximou-se devagar e então se sentou diante de .
- Bom dia para você. – ela disse descendo da scooter e indo de encontro ao cachorro. – Você me parece bastante sociável. – ela disse e o animal abanou alegremente o rabo.
aproximou-se e logo já agradava o simpático cão, que retribuía o carinho com lambidas em suas mãos. A garota estava tão distraída com o bicho que não notou a aproximação do dono do cão.
- Ele gosta de você. – disse a voz segura de Sam.
- Oh! – assustou-se um pouco quando percebeu que tinha companhia. – Desculpe, não o ouvi chegar. – Sam apenas sorriu. – Eu gosto dele também. – ela respondeu afagando as orelhas do cachorro.
- E o que a traz aqui tão cedo? Ainda não abrimos para o almoço. – Sam disse curioso.
- Ah, não. – sorriu. – Vim trazer alguns panfletos do nosso show. Meu pai foi fazer a divulgação na cidade e me pediu para vir até aqui e ver se você concorda em fazermos propaganda aqui no seu bar.
- Sem dúvidas. – Sam disse, esperou pegar os folhetos no compartimento de sua moto e em seguida deu uma olhada na programação.
Na verdade não era bem no folheto que ele realmente estava interessado, mas como tinha percebido na noite anterior, era uma garota tímida, então optou por não se apressar muito.
- A estréia será essa noite. – ele disse com um entusiasmo exagerado.
- Sim. Às 19h o “maior espetáculo da Terra” se inicia. – ela disse em tom divertido.
- Você também se apresenta?
- Sim. – ela disse misteriosamente.
- E qual é o seu número? – ele ficou nitidamente curioso.
- Apareça por lá, e descobrirá! – ela disse novamente com ar misterioso e recolocou o capacete. – Preciso ir agora. Temos muito trabalho pela frente.
- Você realmente não vai me contar? – Sam se divertia com a brincadeira.
- Não. Um artista nunca revela seus truques antes da hora certa. – ela respondeu e ligou a scooter. – Até mais, garoto! – ela disse ao cachorro que a olhava com o rabo abanando e então mandou um aceno a Sam.
- Você realmente me deixou curioso! – Sam gritou enquanto ela manobrava e pode perceber o sorriso nos lábios da garota. – É, Sam Merlotte, essa noite o bar vai ter que abrir mais tarde.
Logo já estava de volta ao circo e encontrou sua mãe dando retoques em sua roupa de apresentação. Ela olhou para a filha e percebeu que a garota estava mais alegre, até mesmo mais leve. Um estado de espírito completamente diferente do da noite anterior.
- Como foi no restaurante?
- Tudo bem. – respondeu. – Fiz amizade com um cãozinho muito simpático, e o dono do bar, Sam, foi bastante receptivo também.
- Que bom. Gosto de ver esse sorriso em seus lábios.
- Acho que eu só estava assustada, mãe. – sentou-se ao lado da mãe. – Aquela visão foi bizarra demais. Mas acredito que por aqui as coisas serão mais tranqüilas.
- Serão sim, meu amor. – ela afagou a bochecha rosada da garota e deu uma última olhada na roupa que costurava.
A tarde passou agitada, com todas as arrumações e preparos para a grande noite de estréia. A trupe nem era tão grande assim: três palhaços (Dave, Carl e Tina), dois malabaristas (Joanne e Regis) – que se revezavam também em engolir espadas e cuspir fogo – e dois acrobatas (Gina e Paul). Peter era o mágico, Danna ficava nos bastidores e era a vidente. Um total de 10 pessoas que estavam juntas há mais de 20 anos e rodavam todo o território americano levando alegria e magia às pessoas.
Por volta das 18 horas já tinha tomado o seu banho e terminava o lanche reforçado que fazia junto a seus pais. Em menos de uma hora as pessoas começariam a chegar e ela tinha que começar a se arrumar.
Habilmente vestiu o traje inspirado nas odaliscas, todo trabalhado em um tecido leve como a seda e com detalhes em dourado; prendeu o cabelo em uma trança lateral e passou a dar atenção à maquiagem. Os olhos eram o destaque, com uma maquiagem forte, em tons de chumbo e preto, com os cantos esfumados e levemente puxados, conferindo-lhe o ar misterioso e sedutor das mulheres do oriente.
Assim que terminou a maquiagem, ela prendeu o delicado véu translúcido, que cobria toda a região abaixo dos olhos, e a customização estava pronta. Ali ela deixava de ser a doce e dava vida à enigmática Dara. Foto-01
- Está pronta, minha querida? – perguntou Peter, já todo vestido para receber o público.
- Prontíssima. – disse surgindo na porta do trailer. – E vamos a mais uma noite com o respeitável público!
Os três caminharam seguros até a grande tenda, que começava a lotar com os habitantes de Bon Temps, e cada um seguiu para seu já pré-determinado posto. era uma das últimas atrações e, logo na entrada, cada pessoa que quisesse ter seu futuro revelado, colocava seu nome num saquinho. Se tivesse sorte, seria um dos três sorteados da noite.

29 de Agosto, Shreveport, 19h

Pam encontrava-se no salão principal do Fangtasia quando Eric passou quase voando por ela. Ela pode perceber que ele não estava de muito bom humor, mas mesmo assim tinha que saber o que acontecia com seu criador.
- Pretende sair, Eric? – ela soltou quando o viu pegando seu casaco preto de couro.
- O que lhe parece? – ele disse seco e seguiu rumo à porta.
- Aonde você vai?
- Cuidar de uns assuntos. – ele respondeu ainda com o tom seco.
- Que assuntos, Eric? – ela insistiu, mesmo já sabendo como viria a resposta.
- Assuntos que não são da sua conta. – ele soltou num humor mais azedo que o natural. – Não me espere.
Pam ia dizer mais alguma coisa, mas Eric bateu a porta antes mesmo que ela pudesse piscar. Um suspiro de aceitação contrariada saiu por entre seus lábios, mas ela ficou pensando se já era hora de se preocupar com seu criador, ou se aquilo seria apenas mais um capricho dele.
Eric saiu rapidamente do bar e deu início ao trabalho daquela noite: encontrar a dona dos olhos que estavam lhe tirando o sono. Novamente ele havia sonhado com ela e agora estava determinado: não pararia até encontrá-la.

29 de Agosto, Bon Temps, 23h

A última luz da grande tenda se apagou e agora apenas Peter caminhava entre os trailers estacionados. Quando entrou no seu, encontrou terminando de retirar a maquiagem carregada dos olhos enquanto Danna desfazia a trança do cabelo da filha.
- Foi uma estréia maravilhosa! – ele disse aproximando-se da esposa.
- E melhor ainda por eu não ter tido nenhuma visão assustadora. – completou.
- Aquilo foi uma estranha coincidência, filha. – disse Danna, tentando minimizar os acontecimentos passados. – Como olhos de quem você nunca viu poderiam ter a ver com a morte de alguém?
- Eu não sei mãe. – ela suspirou. – Eu não sei. – na verdade não era bem isso que ia dizer, mas preferiu não preocupar seus pais com o fato de, desde a tal visão, ela ter sonhado seguidamente com aqueles belos e impiedosos olhos azuis.
Eles terminaram de se arrumar para dormir e seguiu para seu quartinho no trailer da família. Ela ainda foi capaz de ouvir alguns comentários de seu pai com relação ao grande espetáculo que tiveram e então as respirações ficaram mais pesadas.
estava completamente sem sono, apesar do dia agitado. Felizmente ela tinha visto apenas coisas boas sobre as pessoas que foram sorteadas, mas mesmo assim, quase toda vez que ela fechava os olhos podia ver nitidamente os olhos cativantes, sedutores e destemidos que tinha visto antes. Seriam eles de uma pessoa real ou ela estava começando a imaginar coisas?

30 de Agosto, Shreveport, 05h

Eric entrou como um furacão Fangtasia adentro. Pam reconheceu a expressão de frustração em seu rosto milenar, mas preferiu não se manifestar naquele momento. O local estava em um silêncio sepulcral quando uma batida surda pode ser ouvida vinda do subsolo. Pam seguiu para o porão e encontrou um Eric raivoso.
- Não quero ser rude com você, então nem comece a falar. – ele disse com a cabeça baixa.
- Você vai encontrá-la. – ela disse se aproximando.
- Como? Onde? – ele a encarou e ao invés de raiva, encontrou descrença em seus belos olhos azuis. – Ela pode nem ser real.
- Eric, conheço-o o suficiente para saber que você não se deixaria afetar por criações da sua cabeça. – ele a olhava, concentrado. – Essa mulher existe e você vai encontrá-la. – ela fez uma pausa, vendo que ele estava um pouco mais calmo. – Pode não ser amanhã, mas você tem a eternidade para encontrá-la.
- Você tinha que falar isso, não é? – ele quis parecer bravo, mas não segurou um quase inexpressivo sorriso.
- Você está ficando realmente muito sentimental. – ela disse debochando um pouco e seguiu para as escadas do porão. – Avise-me quando voltar a ser o Eric de antes, sim?
- Suma daqui. – ele disse e dessa vez deixou o sorriso se pronunciar em seu rosto.
Eric passou mais um tempo no porão, tentando pensar em como encontrar a tal mulher, mas o dia logo chegaria e ele não estava nem um pouco disposto a começar a sangrar por essa mulher misteriosa.

30 de Agosto, Bon Temps, 08h

novamente acordou com os pássaros e pensou que era um bom modo de se acordar; muito mais agradável do que seu escandaloso despertador. Não ouviu o costumeiro barulho matinal de seus pais e levantou-se um pouco preocupada. Olhou por todo o trailer até constatar que estavam todos do lado de fora, já rindo e conversando.
Logo ela já tinha feito sua refeição matinal e estava pronta para se juntar aos seus grandes amigos. Ela quis saber qual era o motivo de tanta agitação e logo todos conversavam sobre o número que os palhaços estavam preparando para a segunda noite de espetáculo.
O dia passou relativamente rápido, ficou ajudando seus amigos e nem percebeu a hora passar. Devia ser por volta de quatro da tarde quando um jipe azul escuro estacionou perto do acampamento e ela viu Sam Merlotte sair dele.
- Olá, Sam. – disse surpresa. – O que o traz aqui?
- É, bom, queria dizer que o espetáculo de vocês estava ótimo. – ele disse meio sem jeito.
- Mesmo? – o questionou com curiosidade.
- Oh, sim. Não se falava em outra coisa no restaurante na hora do almoço. Todos que foram, se encantaram.
- Fico muito feliz em ouvir isso. – ela disse. – O pessoal vai adorar saber que fizemos sucesso. Quer vir conhecê-los? – ela fez o movimento de se virar.
- Talvez uma outra hora. – ele disse obtendo toda a atenção da garota. – Na verdade vim até aqui para te perguntar uma coisa. – encarou os olhos acinzentados de Sam.
- O quê?
- Você é uma vidente mesmo? Porque se não for, é uma atriz extremamente talentosa.
soltou uma divertida gargalhada e olhou para o horizonte. Sam parecia angustiado por uma resposta e ela ponderou se teria muitos problemas em revelar-lhe seu dom.
- Você tem tempo para um chá? – ela perguntou. – Vai chover daqui a pouco e poderíamos conversar enquanto isso.
- Chuva? – Sam encarou os olhos da garota e então olhou para o céu de brigadeiro que os cobria. – Sem chance de chover hoje.
- Vai aceitar meu convite? – ela sorriu de lado e subiu o primeiro degrau. Percebeu que Sam olhou ao redor, procurando por outras pessoas. – Não se preocupe, eles estão por perto.
- Vou me arrepender se não o aceitar. – ele respondeu e seguiu a garota.
mostrou-lhe uma das banquetas e seguiu até o armário para pegar um bule para esquentar a água. Rapidamente a mesa estava posta e Sam a observava, tentando ler a garota a sua frente.
- Você vai adivinhar meu sabor favorito? – ele a provocou.
olhou-o de lado, sutilmente ergueu uma das sobrancelhas e então sorriu de lado, com ar de criança sapeca.
- Dê-me a sua mão. – ela disse e no momento em que tocou a pele de Sam, o mundo todo saiu de foco, exceto Sam.
olhou profundamente os olhos acinzentados do rapaz e logo foi capaz de ver Sam tomando um gole do chá que ela acabara de lhe preparar. Um suspiro mais profundo fez com que sua visão voltasse a enxergar a realidade como ela era e sorriu de lado.
- O quê? Não vai me dizer? – Sam parecia frustrado e impaciente ao mesmo tempo.
- Humm, acho que é o último sachê. – ela disse enquanto mexia na caixinha de chá. – Ah, aqui está. – ela disse e mostrou a Sam o envelope escuro: chá preto.
Sam arregalou os olhos num espanto extremo. sorria marotamente enquanto procurava por alguma outra coisa. O bule começou a assobiar e a soltar o vapor de água, indicando que a mesma tinha entrado em ebulição e com cuidado colocou o bule sobre a mesa.
- Aqui está a canela. – ela disse e observou Sam deixar o queixo cair.
- Será que é possível mesmo? – ele disse em voz baixa, mas foi capaz de ouvir.
Ela serviu o rapaz e observou-o enquanto ele tomava o primeiro gole. Ela tinha que confessar que gostava de ver a reação das pessoas, mas só quando eram amigáveis, como as de Sam. Mas a coisa não parou por aí e um forte trovão pode ser ouvido antes do primeiro pingo de água alcançar o solo.
- Puta merda! – Sam exclamou com o barulho.
- Ainda acha que sou apenas uma atriz muito talentosa? – ela perguntou divertida, mas podia-se perceber a seriedade em suas palavras.
- Não. – ele disse. – Definitivamente não. Eu... – Sam ia dizer mais alguma coisa, mas foi interrompido pela porta do trailer que se abria.
- Filha! Por que não nos avisou que ia chov... – Danna se calou ao ver Sam.
- Desculpe. – ela disse e viu a cara de espanto de seu pai, que entrava correndo para fugir da chuva. – Acabei me distraindo com a conversa com o Sam.
- Oh, Sr. Merlotte! – exclamou Peter, meio desconfiado.
- Pode me chamar de Sam. – ele disse e estendeu a mão para cumprimentá-lo.
- Sam veio dizer que fizemos o maior sucesso ontem. – disse alegremente. – Daí começamos a conversar e eu me distraí.
- Oh, é mesmo? – perguntou Danna, também um pouco desconfiada. – Que bom! Fico feliz em saber disso.
- Ah, sim. O espetáculo foi o assunto do dia. – Sam disse meio constrangido. – Bom, acho que já vou indo. Obrigado pelo chá estava...
- Calma, Sam. – disse. – A chuva vai parar em dois minutos. Não há necessidade de se molhar correndo até o carro.
- Sério? – ele a encarou assustado. – Você é tão precisa assim?
- Só quando não há escolhas envolvidas. – disse e percebeu o olhar preocupado dos pais. Sutilmente fez um gesto para sua mãe, acalmando-a.
Houve um silêncio estranho por alguns instantes e então todos ouviram o ritmo dos pingos de chuva diminuir até parar de vez. Sam estava abismado e quando saíram do trailer, ficou ainda mais pasmo, pois o céu não dava nenhum sinal de que uma nuvem carregada havia acabado de passar por ali.
- Isso é incrível. – ele disse. – Se não for muito abuso, gostaria que me contasse mais sobre seu dom.
- Uma outra hora. – ela disse. – Temos que começar a arrumar as coisas para o show de hoje à noite.
- Ah, claro. – ele disse. – Bom, apareça no bar... quando quiser.
- Até mais, Sam. – disse e viu o rapaz seguir meio zonzo até seu carro.
- Isso não foi perigoso? – Peter apareceu atrás dela, com a voz séria.
- Não acredito nisso. – a garota respondeu. – Ele também carrega algum tipo de segredo. Só não consegui ver o que era. Tenho certeza de que entende a necessidade do sigilo.
Houve um longo silêncio entre os três. Peter e Danna se olharam, ambos pensando nas consequências da revelação que a filha tinha feito a Sam. Um dom desses podia ser perigoso caso fosse usado para finalidades de origem duvidosa e eles temiam que a filha viesse a correr algum risco.
Quase como se tivesse lido as mentes de seus pais, se virou para eles e lhes garantiu que podiam confiar em Sam. Apesar de ter visto muito pouco do futuro do rapaz, ela podia assegurá-los de que ele era um homem de boa índole. Danna e Peter resolveram confiar na intuição de e, desfeitas as preocupações, começaram a se organizar para a apresentação daquela noite.

30 de Agosto, Shreveport, 18:47h

Mais uma vez Eric acordou de seu sono com um bolo angustiado em sua garganta. Apesar de não ter um coração vivo, sentia no peito aquele aperto característico, como se ele fosse sair pela boca. Um rosnado grave subiu pela sua garganta revelando toda a impaciência com aquela situação.
Quando ele finalmente entrou em seu escritório no clube, topou com uma Pam preocupada. Eles se encararam por alguns segundos e Eric deixou claro que não estava para muito papo.
- Ok. – ela disse. – Como posso ajudá-lo, Eric? – o vampiro a encarou surpreso. – Não me olhe assim. – ela argumentou. – Toda essa sua agitação e sentimentalismo estão me deixando enjoada. Então diga, como posso ajudá-lo a voltar a ser o que era?
- Cuide do clube. – ele disse. – Faça com que as coisas corram normalmente por aqui. Resolva os problemas que aparecerem. – ele fez uma pausa. – Já ajudará ter uma preocupação a menos.
- Fora isso, há mais alguma coisa? – Eric ia dizer algo, mas desistiu e pegou um pedaço de papel e um lápis. Em velocidade de vampiro ele fez alguns rabiscos e então mostrou o desenho a Pam. Foto-02
- Se você vir esses olhos por aqui segure a garota e me chame imediatamente.
- Hum, então esses são os olhos misteriosos... – Eric olhou-a como se dissesse para não debochar. – Não se preocupe, se alguém com esses olhos entrar por essa porta, você saberá na mesma hora.
Eric afagou rápida e delicadamente o rosto de Pam, encarou aqueles belos olhos que conhecia há tanto tempo e então saiu do clube em sua caçada. Pam sabia que ele não voltaria até encontrar a tal mulher; suspirou, colocou seu melhor sorriso nos lábios e foi cumprir o prometido a seu criador.

30 de Agosto, Bon Temps, 21h

Novamente a arquibancada da grande tenda estava completamente lotada. Os aplausos, o suspiro preso na garganta ao ver os trapezistas voarem no ar, as gargalhadas, tudo estava exatamente da maneira que deveria estar. Danna deu um rápido beijo na bochecha da filha e em seguida adentrou ao picadeiro.
A mesa redonda cuidadosamente decorada estava no centro do palco, assim como as duas cadeiras. Quando a vidente Dara atravessou a pesada cortina vermelha houve uma enorme ovação. As luzes foram sendo apagadas estrategicamente enquanto ela seguia para seu lugar e uma música de fundo deu o tom de mistério na medida certa. Todos fizeram silêncio para ouvir os nomes que seriam sorteados.
ocupou o seu lugar e, enquanto seu pai chacoalhava o saquinho com os nomes dos expectadores, ela olhava para as pessoas, que pareciam enfeitiçadas pela magia do circo. Ela foi percorrendo os rostos das pessoas e então tudo ao seu redor congelou. Ela estava sendo observada, intensamente observada por frios e ameaçadores olhos azuis.


Capítulo 03


30 de Agosto, Bon Temps, 21:02h

estava completamente concentrada naquele par de olhos azuis, seu coração disparado, seu cérebro trabalhando a mil por hora. Para seu alívio momentâneo aqueles não eram os olhos da sua visão, aqueles eram azuis também, mas um azul mais intenso, mais profundo, mas não menos ameaçador.
E ela sabia o motivo de sua intuição gritar a plenos pulmões que essa nova pessoa poderia ser perigosa. Mesmo nunca tendo os encontrado pessoalmente, soube que ali, diante dela, um vampiro a espreitava.
A ligação entre ela e o vampiro foi quebrada quando a platéia, depois de ouvir atentamente aos nomes chamados, aplaudia os escolhidos a terem seus futuros revelados. Peter olhou para a filha e percebeu que havia algo de diferente, mas ela logo voltou a encarnar seu personagem e começou a leitura da primeira pessoa.
Cerca de 40 minutos depois o espetáculo chegou ao fim e as pessoas voltaram para suas casas. estava nos bastidores, ajudando uma das acrobatas quando sentiu a presença de seus pais. Ela se voltou para eles e sorriu, na tentativa de desfazer a expressão preocupada que ambos estampavam em seus rostos.
- O que houve, meu amor? – perguntou Danna. – Seu pai disse que você parecia muito tensa antes da apresentação.
- Não foi nada. – ela disse sem convencê-los. – Ok. Não se preocupem, não foi outra visão.
- Então o que foi? – Peter parecia ligeiramente impaciente.
- Um vampiro veio nos prestigiar essa noite. – respondeu. – Eu estava olhando para as pessoas quando fui atraída pelo seu olhar. – ela fez uma pausa. – A princípio achei que poderia ser outra visão, mas então percebi que não eram os mesmos olhos.
- Como você soube que eram de um vampiro? – perguntou Danna.
- Não sei explicar. Apenas sei. Nossos olhares ficaram conectados por alguns instantes, até papai terminar de chamar as pessoas e então tudo voltou ao normal.
- Será que ele é perigoso? – perguntou-se Peter. – O que ele queria aqui?
- Talvez fosse só alguém querendo se divertir. – disse Danna tentando ver o lado bom da coisa.
- Talvez. – disse . – Afinal, ser vampiro não significa ser mau, não é?
Os três se olharam e leves sorrisos se abriram em seus rostos. Cada um então seguiu para um lugar, ajudando na arrumação da tenda, tentando digerir o que havia acontecido mais cedo.
Aproximadamente uma hora depois as coisas já estavam organizadas e cada um dos integrantes da trupe se preparava para dormir. já tinha se trocado e estava sentada num banquinho no lado de fora do trailer, apreciando o céu estrelado e a solitária lua minguante.
Um farfalhar de folhas na pequena mata ao redor do acampamento se fez ouvir e sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Seus pensamentos voaram e ela ficou pensando se realmente poderia ser ele, o vampiro de mais cedo, mas então um belo e dócil cão malhado surgiu de dentro da mata e foi parar ao seu lado.
- Oh, é você! – ela exclamou em alívio. – O que faz por essas bandas? – e então esticou as mãos para agradar seu conhecido peludo.
Contudo não estava realmente preparada para o que aconteceria a seguir: no momento em que ela tocou as orelhas do animal para lhe agradar e encarou seus dóceis olhos, ela teve uma visão. nunca tinha tido uma visão de um animal e demorou alguns segundos até ela perceber que aquele não era um cachorro normal.
- Sam? – ela disse em voz baixa quase sem acreditar no nome que saía automaticamente de seus lábios.
O cachorro olhou-a assustado e fugiu para dentro da mata. não teve dúvidas e saiu correndo atrás dele. Enquanto corria, sua visão se repetia em sua mente e ela mais uma vez gritou o nome do dono do bar. E foi então que ela topou com um Sam humano, aparentemente nu, escondido atrás de um arbusto, encarando-a com um misto de surpresa, medo e curiosidade nos olhos.
- Como? – ela perguntou. – Você é um.... um cachorro?
- Como você soube? – ele perguntou aturdido.
- Eu não sei. – ela disse. – Eu fui agradar o cãozinho e quando dei por mim estava vendo o futuro dele, ou melhor, o seu.... – ela se confundiu um pouco. – Eu estava vendo ele se transformando em você, e você nele.
Os dois se encaravam com confusão e surpresa nos olhos. não entendia bem o que estava acontecendo, e Sam nem podia imaginar que conseguiria descobrir o seu segredo.
- O que é você, Sam? Uma espécie de lobisomem? – o questionou.
- Pelo amor de Deus, não! – ele exclamou bravo. – Lobisomens são perigosos e desprezíveis. Eu sou um metamorfo. Um humano que pode se transformar em outros animais.
- Peraí! Lobisomens existem de verdade? – ela se assustou um pouco.
- Sim. Há muitas criaturas caminhando pela Terra, . – ele respondeu.
- Uau! – disse expressando espanto em sua fala. – Isso é... Uau!
- Você não está com medo de mim? – Sam se espantou.
- Por que teria medo de você, Sam? – e foi sua vez de ficar espantada. – A menos que você se transforme numa serpente e queira me atacar... – e ambos riram com aquele comentário.
- É só que... normalmente as pessoas têm medo do que é diferente. – ele disse.
- E eu não sou diferente também? – revidou a pergunta. – Você tem medo de mim?
- Definitivamente não. – ele disse sorrindo de lado. – Só preciso te pedir pra...
- ????? – Sam foi interrompido pelo grito de Peter. – Filha, cadê você????
- Eu preciso ir. – a garota disse. – Amanhã passo no bar para conversarmos. – e ela seguiu na direção dos gritos, mas então se virou para Sam novamente. – Não vou contar nada. – e ela viu o alívio passar pelos olhos do amigo.
- Obrigado. – ele respondeu e em seguida já tinha virado cachorro novamente.
- Uau!! – ela disse a si mesma e então respondeu a seus pais. – Estou aqui!!! Estou bem!! – e seguiu de volta ao trailer.
- Filha!!!! – gritou Danna ao ver a garota. – O que aconteceu??? Por que saiu correndo no meio da mata???
- O cachorro do Sam estava aqui, então ele saiu correndo na mata e em seguida eu o ouvir chorar, daí fui ver o que tinha acontecido. – inventou a garota. – Ele se enroscou em alguns espinhos e ficou preso. Demorei um pouco para soltá-lo, só isso.
- Ah, graças a Deus! – disse Peter. – Já estávamos achando que o vampiro...
- Está tudo bem, pai. – ela disse. – Não foi nada de mais. Desculpe se os preocupei.
Eles concordaram e então decidiram entrar e dormir, pois já estava ficando tarde. limpou os pés e logo estava confortavelmente aninhada em sua cama, mas estava longe de conseguir dormir, afinal não era todo dia que ela descobria que existem metamorfos escondidos na população.
Ela tinha muitas perguntas para Sam, queria saber tudo sobre sua espécie e sentia-se aliviada por não ser a única estranha nas redondezas. Mas o que lhe tirava o sono também era a visita do vampiro ao show. Ela nem sabia que havia vampiros por aqueles lados e ela tinha que confessar para si mesma que também estava curiosa a respeito daquele ser.
Aos poucos o sono foi chegando e finalmente, depois de começar a divagar e misturar vampiros e metamorfos, deixou-se levar pelo cansaço daquele atribulado e revelador dia.

31 de Agosto, Alexandria, Louisiana, 04:45h

Quando Eric deixou o Fangtasia aquela noite, ele já tinha um plano definido: percorreria todas as cidades do estado, se não encontrasse a dona dos olhos que o estavam enlouquecendo, passaria a peregrinar pelos outros estados, e não desistira até atingir seu objetivo.
Ele tinha acabado de chegar à cidade de Alexandria depois de passar a noite percorrendo as cidades menores. Tinha decidido seguir rumo ao sul, seguindo a I-49, indo atrás dos grandes centros, onde encontraria hotéis adaptados aos vampiros.
Novamente sua busca não tinha dado em nada, mas ele não se deixou abater. Tomou um banho relaxante antes de se acomodar no luxuoso quarto à prova de sol, então deixou que sua imaginação viajasse e logo, ele sabia, estaria mais uma vez em contato com os belos e instigantes olhos de seus sonhos.

31 de Agosto, Bon Temps, 10:30h

Depois de ajudar um pouco seus pais, convincentemente disse a eles que iria até o bar de Sam, para saber se o cachorro tinha chegado inteiro e se não tinha se machucado mais.
Ela parou a scooter no estacionamento vazio do bar e logo Sam surgia pela porta de trás do estabelecimento, com um largo sorriso nos lábios. guardou o capacete e seguiu de encontro a ele.
- Como se virou com seus pais ontem? – foi a primeira coisa que ele perguntou.
- Não gosto de mentir, mas foi por uma boa causa. – ela respondeu. – Eu disse que entrei na mata para ajudar seu cachorro que tinha ficado enroscado em espinhos. E foi a desculpa que eu usei para vir aqui hoje: ver se ele estava ok. – e ela sorriu. – Então se eles perguntarem como vai o cachorro, ele se recuperou bem, ok?
- Com certeza. – ele disse e convidou para um café.
O clima estava um pouco estranho, pois nenhum dos dois sabia direito por onde começar aquela conversa incomum. Foi quando notou o cachorro malhado deitado perto do trailer.
- Esse é um cachorro de verdade? O mesmo que eu afaguei outro dia?
- Sim. – Sam respondeu. – Preciso ter um exemplo vivo, uma base para poder me transformar. E então o Dean acabou virando meu cachorro mesmo.
- E você pode se transformar em qualquer animal?
- Sim, desde que eu conheça sua estrutura, desde que tenha um modelo.
- Uau! – ela disse quase encantada com aquela possibilidade e então sua expressão ficou preocupada. – Você pode se transformar em outra pessoa?
- Provavelmente sim. – Sam respondeu depois de um momento de silêncio. – Mas humanos são muito complexos, teria que estudar a pessoa, seu jeito de falar, de andar. É muito trabalhoso e, honestamente, eu não vejo motivos para isso.
- Não, claro. – ela disse. – É que é muita informação, curiosidade.
- Bom, mas você também tem o seu segredo, né.
- A pessoas querem acreditar que prever o futuro seja possível, mas a grande maioria delas não acredita de verdade. Acham que é truque, leitura corporal e comportamental. – fez uma pausa. – Mas eu sou a prova de que elas estão erradas.
- Quando você descobriu seu dom?
- Quando era criança. – e então e Sam passaram um bom tempo conversando sobre seus dons e seus segredos.
- Posso fazer mais uma pergunta? – ela o questionou quando já estava sentada na moto. Sam concordou. – Por que foi ao meu trailer noite passada?
- Queria ver se você estava bem. – ele respondeu depois de um suspiro. Ao ver a cara de interrogação de , ele continuou. – Algumas pessoas no bar disseram que achavam ter visto um vampiro na platéia ontem à noite. Fiquei preocupado e fui checar se estava tudo bem.
- Bom, essas pessoas estavam certas. – ela disse e a preocupação inundou os olhos de Sam. – Eu só o percebi quando entrei no palco. Nossos olhares ficaram conectados por alguns instantes, mas foi só isso. Não o vi mais depois da minha apresentação.
- Então eles finalmente chegaram até aqui. – disse Sam em tom de lamúria. – Tenha cuidado, sim? E vê se não sai correndo sozinha no meio da mata à noite.
- Só se for pra ajudar um cãozinho amigo. – ela disse rindo, mas percebeu a tensão de Sam. – Pode deixar, não vou me meter em enrascadas.
Dito isso ela seguiu de volta ao acampamento do circo satisfeita com todas as respostas que tinha obtido. Sam estava se tornando um bom amigo, alguém com quem ela podia conversar abertamente, sem ter medo de ser julgada e criticada.
Ao voltar manteve a desculpa que havia inventado e logo se ocupou com coisas do circo. O dia correu tranquilamente e novamente se preparava para encarnar a misteriosa Dara.
Um pouco antes de entrar em cena ela sentiu certa expectativa se veria novamente o vampiro de olhos azuis, mas sua noite foi normal e ela não teve nem sinal de nada sobrenatural.
- E então, , vamos conseguir sair essa noite? – perguntou Gina, a única garota da sua faixa etária na trupe, após o show terminar.
- Vamos sim. – respondeu depois de segurar as mãos da amiga por alguns momentos. – Mas teremos que ouvir um sermão de recomendações.
- Bom, já esperava por isso. – disse Paul se aproximando das duas.
Paul era filho de Joanne e Regis, e Gina era filha de Tina e Carl. Ambos tinham 21 anos, tinham acabado de começar a namorar e estavam querendo ficar um pouco longe dos olhares dos pais, então foram atrás de .
O plano era o três irem ao Merlotte’s e, conforme a previsão de , após alguns argumentos e uma lista gigantesca de recomendações eles foram liberados e seguiram extremamente felizes rumo ao pequeno bar da cidade. sabia, no entanto, qual era a verdadeira intenção do casal e ela só concordou se eles prometessem voltar do motel a tempo de voltarem juntos para o acampamento.
- Olá outra vez! – disse Sam ao ver entrando no bar. – Não vai me dizer que veio sozinha, !
- Não, Sam. – ela sorriu e sentou-se numa das mesas. – Estou dando uma de cupido hoje. Meus amigos precisavam de um tempinho a sós e eu fui a desculpa.
- Oh, entendi. – ele sorriu de lado. – E eles vão passar aqui na volta e os três chegarão juntos e felizes em casa.
- Exatamente. – ela disse. – Virou telepata agora, é?
- Não. – ele gargalhou. – Mas eu já tive meus 20 anos. – e os dois caíram na gargalhada.
Algum tempo se passou, vez ou outra Sam ia conversar um pouco com e então, quando ela estava no meio do gole em sua cerveja, ela o viu passando pela porta do bar. A tensão era palpável. Todos os clientes o encaravam. E os intensos olhos azuis estavam seguindo exatamente em sua direção.
- Boa noite. – o vampiro disse educadamente. – Gostaria de parabenizá-la pelo excelente espetáculo da noite passada. Há muitos anos não vejo uma previsão de futuro tão convincente.
- Obrigada. – respondeu polidamente. – São anos de treinamento e dedicação.
- Com certeza. – ele disse e fez a pergunta que não esperava realmente. – Importa-se em eu me sentar com você?
sabia que o bar inteiro os estava observando. Que Sam os estava observando. E novamente a sensação de ser tratada como ratinho de laboratório lhe invadiu. Se eles queriam assunto para fofocar, então teriam assunto para fofocar.
- Absolutamente. – ela respondeu e viu o largo sorriso se abrir na face do vampiro.
Pelo canto de olho ela pode ver a reprovação de Sam. Ele não confiava em vampiros e certamente não tinha gostado da sua atitude, mas depois ela resolveria isso com seu amigo.
- Desculpe-me, que falta de educação a minha. – o vampiro disse. – Meu nome é Bill Compton. E você é Dara... Ou devo chamá-la por outro nome?
- . – ela respondeu. – Dara só existe nos picadeiros.
- É um lindo nome. – ele disse galante e por um segundo baixou as defesas e apenas aceitou o elogio.
- Obrigada. – ela disse.
Nesse momento Sam apareceu, com cara feia, perguntando o que Bill gostaria de beber. Obviamente ele pediu uma garrafa de True Blood – o sangue sintético que havia sido desenvolvido pelos japoneses e possibilitado a revelação da existência dos vampiros – e nem se importou com o péssimo humor de Sam.
- Por quanto tempo vocês ainda ficarão aqui na cidade? – Bill perguntou.
- Mais alguns dias. Se ficarmos muito tempo, o público vai ficando mais escasso e então obrigatoriamente temos que mudar de cidade.
- Não é uma vida muito fácil.
- Não ...e sim. – ela respondeu. – Estamos sempre conhecendo novas pessoas, o que é muito interessante, mas fica difícil manter contato com os amigos que fazemos.
- Entendo como é. Minha vida não era muito diferente antes da revelação. Nunca podia ficar muito tempo no mesmo lugar.
- Porque as pessoas começariam a suspeitar... com o aumento de mortes. – ela disse, mas logo em seguida se arrependeu. – Desculpe, isso foi rude.
- Tudo bem. – Bill sorriu. – Era mais ou menos assim mesmo.
Houve um silêncio constrangedor entre eles, que foi quebrado quando a garçonete ruiva foi entregar o tru blood. As mãos da moça tremiam e ela quase derrubou a garrafa sobre a mesa, o que fez com que Bill e tivessem que segurar o riso.
- Mas me diga... – e o tom de voz de Bill mudou, ficando sério e cativante. –... você realmente consegue prever o futuro? – e encarou fixamente os olhos de .
Ela imediatamente sentiu uma conexão se formando entre seus olhares, havia uma força sendo emitida de Bill em sua direção, e então sua visão ficou embaçada por um segundo. Ela pode ver Bill ainda humano, coberto de sangue, usando um uniforme de batalha característico e com a mesma fisionomia que ele tinha naquele momento.
Novamente sua visão se embaçou e então ela voltou a encarar os olhos azuis de Bill. Ele tinha uma expressão frustrada e curiosa ao mesmo tempo, denotando que não sabia exatamente o que fazer naquele momento.
- Guerra Civil? – , incrédula, questionou Bill que se espantou ao ouvir suas palavras.


Capítulo 04


31 de Agosto, Bon Temps, 23:55h

e Bill encaravam-se espantados com as palavras pronunciadas pela garota. Bill questionando-se por que sua tentativa de hipnose não havia funcionado e como ela sabia sobre a guerra, e tentando entender como conseguira ter uma visão sem contato físico, e do passado, ao invés do futuro, de alguém.
- Desculpe-me, o que você disse? – Bill quebrou o silêncio.
- Você tentou me enfeitiçar? – a garota questionou em sua defesa. Ela percebeu que o vampiro ficou sem graça por um momento. – Por quê?
- Queria que me respondesse a verdade. – ele disse arredio. – As pessoas normalmente não confiam em vampiros.
- Bom, devo alertá-lo de que tentar hipnotizar alguém não ajuda muito no quesito confiança. – ela disse sem conseguir disfarçar um leve sorriso.
- Vou me lembrar disso. – ele respondeu, também sorrindo um pouco. – Mas, o que você quis dizer com Guerra Civil?
- Eu tive uma visão de um pedaço do seu passado. – ela respondeu. – Você lutou na guerra e, a julgar pelo fato de ter a mesma aparência, acredito que tenha sido transformado nessa época.
- Está correto. – Bill disse. – Mas você pareceu surpresa com alguma coisa.
encarou os olhos azulados de Bill, pensando se deveria ou não contar o motivo de seu espanto. Apesar de ser um vampiro, ele parecia ser “do bem” e não era assustador, como ela imaginava que vampiros deveriam ser.
- Foi a primeira vez que tive uma visão apenas de olhar para alguém. – ela disse finalmente. – E também nunca tinha visto o passado, apenas o futuro mais próximo.
- Isso é realmente interessante. – ele disse e viu um brilho diferente nos olhos da garota. – Gostaria de tentar novamente? – ele sugeriu e alargou seu sorriso.
Novamente Bill concentrou-se nos olhos de , usando toda sua força na tentativa de hipnotizá-la, e mais uma vez sentiu o poder que Bill emanava. Houve o momento em que seus olhos se embaçaram e então ela viu Bill caminhando em direção a uma grande casa, à noite. Havia uma mulher sentada na varanda, com uma espingarda nas mãos e assim que ela viu Bill, seus olhos se encheram de lágrimas. A visão se tornou turva e então estava novamente encarando os olhos de Bill.
- Sua esposa se chamava Caroline, mas você não pode ficar com ela, nem com sua família, pois você já era um vampiro quando se reencontraram. – disse e viu os olhos de Bill brilharem intensamente.
- Isso é incrível. – ele disse. – Você está absolutamente certa.
- Sinto muito, Bill. – ela disse, ainda um pouco entristecida. – Sinto muito que não tenha podido voltar para sua família.
- Obrigado. – ele disse. – Já faz algum tempo, mas às vezes ainda é complicado. Eu...
- Hey, ! – a conversa dos dois foi interrompida por Gina. – Demoramos muito?
- Não. – ela disse. – Chegaram na hora.
- Oh, nós não queríamos atrapalhar sua conversa com... um vampiro? – Paul se alarmou um pouco, olhando feio para o vampiro.
- Ok, Paul. – disse . – Não há motivo pra isso. Bill é bem legal, na verdade.
- Obrigado. – ele disse à garota. – Meu nome é Bill Compton. Eu estava no circo ontem. As manobras de vocês são completamente hipnotizantes. Parabéns.
Gina olhou para a amiga e depois para o vampiro, sem saber realmente o que fazer. Ela abraçou o namorado, numa tentativa de se sentir mais protegida, e então olhou novamente para a amiga.
- , nós...
- Ah, sim. – disse. – Preciso ir Bill. Obrigada pela conversa e pela companhia.
- O prazer foi meu. – ele disse polidamente e se levantou junto com . – Espero podermos conversar mais antes de vocês irem embora.
- Quem sabe. – ela disse. – Não sabemos exatamente o que o futuro nos reserva. – e soltou um riso divertido. Bill a acompanhou.
Antes de sair, olhou para dentro do bar e encontrou os aborrecidos olhos de Sam. Sentiu uma pontinha de tristeza e antes mesmo que seus amigos percebessem, ela já se encaminhava para junto do metamorfo.
- Não quero que fique chateado comigo, Sam. – ela disse enquanto ele a puxava para dentro de seu escritório.
- Tenho que ser honesto. – ele disse. – Não gostei de ver como se divertiu com o vampiro. Eles são perigosos, .
- Sam, você, melhor do que ninguém, não devia julgar sem conhecer, não acha?
- Mas ele é um vampiro! – ele esbravejou baixo, para que as pessoas não o escutassem. – Eles vivem à base de sangue! Eles MATAM para sobreviver.
- Era assim, Sam, antes da invenção do tru blood. Agora eles não precisam mais fazer isso. Estamos a salvo. – a garota tentava argumentar com o amigo raivoso.
- Será que estamos? Não acredito nisso.
- Sam, todos nós: eu, você, ele... fazemos parte do mesmo grupo: seres diferentes. Uma atitude não pode ser generalizada para todos. Não sou ingênua ao ponto de achar que vampiros não bebem mais sangue humano, mas há exceções. – Sam a olhou de lado e ela continuou. – Ou será que todas as videntes são charlatãs e todos os metamorfos se transformam em outras pessoas para tirarem vantagem?
Sam não teve como argumentar contra e apenas relaxou um pouco. Ele sabia que ela estava certa, ele mesmo sempre odiou pessoas que generalizavam, mas sentia-se impotente e preocupado com ela.
- Só não quero que se machuque. De nenhuma maneira. – ele disse, enfatizando seu olhar sobre .
- Ficarei bem, não se preocupe. – ela disse e sorriu para o amigo.
- Mas eu ainda não gosto dele. – Sam disse, o que arrancou uma gargalhada gostosa de .
Quando os dois chegaram até o estacionamento, encontraram Paul e Gina conversando animadamente com Bill. e Sam se entreolharam, com cara de interrogação, mas nada disseram.
- O Bill é legal, . – disse Paul sorrindo.
- É, e é divertido também. – Gina emendou.
Percebendo o que tinha acontecido, olhou para Bill que apenas sorriu de lado, como se dissesse “pois é, né”. Ela balançou a cabeça para os lados e seus olhos diziam, claramente, “você não tem jeito”. Bill alargou o sorriso, como se tivesse lido os pensamentos de .
Os três amigos então entraram na caminhonete de Paul e seguiram pela estrada até o acampamento do circo. Sam encarou Bill e era evidente a desconfiança que um tinha pelo outro.
- Se algum dia você encostar nela... – Sam ameaçou.
- Só farei o que ela quiser. – Bill respondeu acidamente, enfatizando o pronome, e seguiu para a mata fechada. Sam bufou de raiva, mas sabia que não havia muito que pudesse fazer realmente.
Durante o caminho para o acampamento, e seus amigos combinaram suas histórias – afinal não podiam esconder que tinham conhecido Bill – e resolveram omitir apenas a escapada do casal. Assim que chegaram, cada um seguiu para os respectivos trailers de seus pais, com a história combinada afiada na língua.
- Filha! – gesticulou Danna. – Ficar de papo com um vampiro?!
- Estávamos em público, mãe. E juntos. Ele não poderia nos fazer mal ali.
- Mas pode fazer algum mal mais pra frente! – grunhiu Peter.
- Apesar de vocês não acreditarem muito, ele se comportou muito bem. Não aparenta ser do tipo que sai por aí caçando humanos. Ele até parecia gostar do tal sangue artificial!
- E desde quando se pode confiar em um vampiro? – questionou Peter.
- Olha o preconceito falando mais alto, pai. – disse em tom de brincadeira e ele quase sorriu. – Confiem em mim. Vocês sabem que eu tenho uma intuição poderosíssima, não sabem? Em nenhum momento ele me deixou com medo, mesmo um medo inconsciente.
Peter e Danna se olharam e acabaram concordando com . E de mais a mais, eles não ficariam muito mais tempo em Bon Temps, então não havia a necessidade de entrarem em pânico.
Depois de algumas perguntas levadas pela curiosidade, afinal eles também não eram de ferro, Danna e Peter foram dormir, seguidos por . A garota deitou-se em sua confortável cama e passou algum tempo divagando sobre os acontecimentos daquele dia.
Conhecer Bill tinha sido uma até que agradável surpresa, mas ela sabia que apesar dele ser gentil e galante, não podia confiar completamente nele. Não pelo fato dele ser um vampiro, mas sim pelo fato de ser uma pessoa estranha, com quem ela nunca tinha conversado antes. Quantos humanos são simpáticos no começo e depois se revelam grandes traidores?

01 de Setembro, Baton Rouge, Louisiana, 05:05h

Após percorrer toda a I-49, até chegar à cidade de Lafayette, e depois percorrer mais algumas milhas até Baton Rouge, Eric finalmente estava tendo o descanso merecido.
Sua busca continuava sem resultados, mas ele era paciente – fruto de uma existência milenar – e saberia controlar a ansiedade para encontrar a dona dos olhos .
Pam havia ligado mais cedo para ele, obviamente usando seu tom mais insensível para saber se tinha novidades, mas ele reconheceu a lealdade de sua cria. Mesmo não concordando com ele e achando até que ele poderia ter enlouquecido, ela estaria sempre ao seu lado.
Eric ajeitou-se no luxuoso quarto do hotel – óbvio que ele não ficaria em qualquer hotelzinho – e se preparou para dormir. Ele sabia que assim que adormecesse ele sonharia com aquela mulher e, como aquele era o único jeito de ficar perto dela, ao menos por enquanto, uma agradável sensação de prazer inundou todo o seu corpo e ele se entregou ao sonho uma vez mais.

01 de Setembro, Bon Temps, 11:30h

estava saindo da grande tenda, depois de uma manhã repleta de trabalho, seguindo para seu trailer quando avistou um cachorro malhado de branco e marrom que a encarava. Ela se questionou se seria Sam ou Dean, mas como o animal a encarou, latiu duas vezes e seguiu para a floresta ao invés de ir em sua direção, ela concluiu ser Sam.
Deu uma olhada ao redor, certificando-se de que ninguém notara o acontecido e rapidamente desapareceu na mata atrás do cãozinho. Alguns metros dentro da mata ela notou a pele nua do tórax de Sam.
- Tudo bem? – ela questionou olhando os olhos cinzentos de Sam.
- Eu é que pergunto. – ele disse. – Você imagina como foi minha noite?
- Bom, deveria ter sido tranqüila e reconfortante. – ela disse, mas sabia que essa não seria a resposta de Sam.
- Engraçadinha. – ele tentou ficar bravo, mas não conseguiu. – Eu me preocupo com você.
- Obrigada. – ela disse ao ler a sinceridade em seus olhos. – Mas sou crescidinha pra saber com quem conversar, não acha?
- Honestamente? – ele a provocou. – Acho que você dá crédito demais às pessoas.
- Eu realmente agradeço a preocupação, Sam, mas sei me cuidar. – a garota respondeu de modo um pouco mais áspero. – Bill só estava sendo gentil comigo.
- Eu já vi o que eles podem fazer. – Sam não se intimidou. – O controle da mente, o estado em que os simpatizantes ficam depois de servirem de jantar, a violência das mortes...
E enquanto Sam fazia questão de detalhar os malfeitos dos vampiros, a visão aterrorizante que ela teve em San Ângelo a invadiu com toda a força. Os belos olhos azuis banhados em sangue, a constatação da morte daquele homem. foi se sentindo fraca, enjoada, tudo girava ao seu redor.
- ... são cruéis e.... ? – Sam se interrompeu. – ? O que você tem?
E vendo que sua amiga estava prestes a cair, ele saiu de trás do arbusto e foi ampará-la no momento certo, evitando que ela despencasse no chão. Os olhos acinzentados se preocuparam e encararam os amendoados de .
- Desculpe, Sam. – ela disse com a voz fraca. – Foi só uma queda de pressão. – ela respondeu.
- Sei. – ele obviamente não acreditou nela. – Desculpe pelo que falei, sei que as imagens não são bonitas, por isso que falei, para você saber com o que está lidando.
- Eu já vi o que você descreveu. – ela disse finalmente. – Foi uma visão que tive alguns dias atrás, antes de virmos para cá. Eu previ a morte de um homem, por um vampiro. E não foi nada agradável de ver. – Sam abraçou a garota e a culpa por tê-la feito reviver aquelas cenas o consumiu.
- Desculpe, querida. Eu não sabia.
- Tudo bem. Já estou melhor. – ela disse e olhou fixamente para os olhos cinza de Sam.
Eles estavam muito perto um do outro, os corações batendo acelerados, o sangue correndo freneticamente por suas veias, irradiando vida por seus corpos. Sam olhou para os lábios de e imediatamente o desejo invadiu seu ser. Era a primeira vez que se sentia daquela maneira, fortemente atraída por alguém. Seus olhares estavam profundamente conectados. Sam acariciou o rosto da garota e lentamente se inclinou para beijá-la.
- Não é assim, Sam. – disse e desviou o rosto. Sam se afastou, deixando-a sentada no chão.
- O que não é assim? – ele se irritou. Sam podia jurar que tinha visto o mesmo desejo nos olhos de . O que teria feito de errado?
- Não é esse o sentimento que nos une. – ela disse. – Acabei de ver mais um pouco do seu futuro, e eu definitivamente estou nele, mas não desse jeito.
- Então de que jeito? – ele perguntou nervoso.
- Há um carinho muito grande, uma cumplicidade muito grande. Quase como se você fosse meu irmão mais velho.
- Irmão? – ele disse incrédulo. – Não é bem isso que eu sinto, . Estou me apaixonando por você e isso não tem nada a ver com amor entre irmãos.
Eles se encararam por algum tempo sem dizer nenhuma palavra. Na verdade o silêncio era mais para que ele pudesse absorver as palavras dela. permaneceu sentada, esperando o tempo de Sam.
- Como você pode ter tanta certeza? – e agora sua voz estava mais calma.
- Porque eu vi seu futuro. Você será extremamente feliz com uma mulher perfeita para você. Isso que você sente agora é mais como um encantamento, por anos você não teve ninguém com quem conversar e agora pode se abrir comigo. – ela o encarou. – E se você prestar atenção, você vai ver que isso não é amor. Pelo menos não esse tipo de amor.
- Uau. Este tipo de fora eu nunca tinha ouvido. – ele disse amargo.
- Não é um fora, Sam. – tentou convencê-lo. – Foi o que eu vi.
Novamente o silêncio os cercou e, por um momento, queria que sua visão estivesse enganada. Sam era um ótimo homem e gostava dela, e ela sabia que também gostava dele. Mas ela também sabia que suas visões nunca estavam erradas. Eles estariam um na vida do outro por muito tempo, mas apenas como amigos, grandes amigos, irmãos.
- Me desculpe. – ele disse finalmente. – Não sei o que foi que me deu. Não quis assustá-la, nem fazê-la se lembrar de algo ruim.
- Está tudo bem. – ela respondeu e se levantou. – Todo mundo se engana.
- Exatamente. – ele disse. – Não se engane com o vampiro. Eles não são confiáveis.
- Eu sei. – ela disse. – Vou tomar cuidado. Prometo.
Sam sorriu para ela, se transformou no cachorro novamente e correu pela mata em direção ao Merlotte’s. ainda ficou ali parada por alguns momentos, para se recuperar completamente da lembrança da fatídica visão, e depois voltou para sua rotina no circo.
A tarde passou rápida e logo todos já estavam prontos para mais uma noite de shows. Conforme acontecia em praticamente todas as cidades, o público já começava a diminuir e eles sabiam que ficariam no máximo mais um ou dois dias naquela cidade.
entrou no picadeiro para mais uma noite de adivinhações e, do mesmo modo que acontecera na outra noite, enquanto ela esperava que seu pai sorteasse os nomes que seriam consultados, ela sentiu uma atração indo em sua direção. Não demorou muito para encontrar os azuis olhos de Bill Compton, que sorriu ao ser reconhecido e lhe acenou sutilmente.
As leituras transcorreram bem, sem assuntos aterrorizantes, e logo o espetáculo chegou ao fim. Em menos de uma hora todos já haviam se recolhido, exceto e seus pais, que conversavam fora do trailer, quando uma figura mítica se aproximou.
- Boa noite, . – disse o vampiro.
- Olá, Bill. – o recepcionou. – Pai, mãe, esse é Bill. Bill, esses são Peter e Danna, meus pais.
- É um imenso prazer conhecê-los. – o vampiro disse. – Vim aqui parabenizá-los pelo show. Há muito eu não assistia a um espetáculo tão... cativante. – e nesse momento, seus olhos caíram sobre .
- Obrigado. – disse Peter, sério. – Mas acredito que tenha presenciado espetáculos muito mais interessantes no passado. A arte do circo não é mais tão apreciada como antigamente.
- Tenho que admitir que isso é verdade. Mas posso lhe garantir, seu show é digno dos shows de antigamente.
E com essa declaração galante, Bill conquistou a afeição de Peter. Danna ainda se mantinha na retaguarda, mas ao passo em que ele elogiava o cuidado com o figurino, e a boa criação de , ele também a encantou.
O fato era que após apenas alguns minutos de conversa, Bill já tinha cativado os pais de , e essa se mostrava completamente abismada com o poder de persuasão de Bill. Ele notou isso em seus olhos, e apenas se sentiu mais vitorioso.
- Incrível. – ela disse depois que Bill convenceu Peter e Danna a deixá-los conversando a sós. – Você é muito perigoso, Bill Compton.
- Perigoso? – ele riu. – Não. Apenas sei como me comportar.
- Como eu ia dizendo: perigoso. – a garota enfatizou e ambos riram. – Mas você não veio aqui para encantar meus pais.
- Na verdade não. – ele disse. – Fiquei muito curioso em terminar nossa conversa de outro dia, sobre seus poderes.
- Por quê? – sentiu-se intrigada.
- Não se assuste. – ele disse, lendo a expressão da garota. – Seu dom me fascinou, apenas isso.
encarou o rosto pálido de Bill, procurando por algum sinal de que ele estivesse mentindo, mas não encontrou nada além de sinceridade nos olhos azuis. E seu instinto também não a alertava de nenhum mal iminente, então ela relaxou um pouco.
- O que gostaria de saber? – ela perguntou, indicando uma cadeira pra que ele se sentasse.
- Bom, você diz prever o futuro das pessoas, mas comigo apenas viu meu passado. E como você disse que isso nunca havia acontecido...
- Dê-me sua mão. – estendeu sua mão, esperando a de Bill.
O vampiro obedeceu e ao sentir o toque gelado da mão de Bill, se arrepiou um pouco. Então, como fazia com todas as pessoas, concentrou-se nos olhos do vampiro e logo tudo saiu de foco, exceto Bill. Ela foi capaz de ver Bill dirigindo por uma estrada e se encontrando com uma bela vampira. E então a visão se desfez.
- Você irá a um bar de vampiros essa noite. – ela disse. – Coisa que aparentemente não é habitual.
- O que mais você viu? – ele perguntou entusiasmado.
- Nada de mais. Apenas mais uma noite de diversão.
- Muito interessante, estava mesmo cogitando a hipótese de sair essa noite. – Bill disse. – Bom, acredito que já deva ser tarde para você. Já vou indo.
- Se quiser assistir a mais um espetáculo, venha amanhã. Será nossa última apresentação aqui em Bon Temps.
- Não me esquecerei disso. – ele respondeu. – Tenha uma boa noite, .
- Você também, Bill.
E então, numa velocidade chocante, o vampiro desapareceu. percebeu que seus pais apareceram na janela e logo ela já se abrigava no aconchego de sua casa.

02 de Setembro, New Orleans, Louisiana, 05:15h

- Não, Pam. – disse Eric, irritado, a sua cria. – Vasculhei essa cidade inteira. – e o tom de desapontamento era nítido.
- Então venha para casa. – ela disse do outro lado da linha. – Volte para descansar um pouco, se divertir, e depois você retoma suas buscas.
- Talvez seja melhor dar um tempo. – ele resmungou. – Voltarei amanhã. – e desligou.
A frustração de não encontrar nenhum rastro dos olhos de seus sonhos estava deixando-o raivoso e impaciente. Ele já estava cansado dos quartos de hotel e de passar todas as noites procurando por um par de olhos que ele nem sabia se existiam realmente.
O fato era que Eric Northman tinha se deixado levar por um estúpido sonho e começava a fazer papel de idiota. Sua decisão estava tomada: ele passaria por apenas mais uma cidade, Monroe, que já ficava perto de Shreveport, e se não achasse nada por lá, desistira dessa busca inútil.


Capítulo 05


02 de Setembro, Bom Temps, 11h

Conforme a previsão de , Peter tinha acabado de comunicar à trupe que aquela seria a última noite deles em Bon Temps; o público já era mais escasso e o show tinha que continuar. Partiriam pela manhã do dia seguinte.
queria ir até o Merlotte’s avisar Sam, mas havia tanta coisa para ser arrumada que ela acabou desistindo daquela ideia, ao menos naquela hora. O clima entre eles tinha ficado um pouco estranho depois da cena na floresta e ela realmente não gostaria de partir antes de conversar com seu amigo.
Era a primeira vez em muitos anos de estrada que ela realmente se apegava a alguém, e doía-lhe ter que se despedir. Ela se sentia segura ao lado de Sam, à vontade, com total liberdade para ser quem ela realmente era. Afinal, mesmo as pessoas da trupe conhecendo seu dom, ela nunca havia encontrado tamanha empatia em outra pessoa. Provavelmente pelo fato de Sam também ser diferente, também enfrentar inseguranças todos os dias.
Enfim, passou a tarde toda arrumando suas coisas, deixando tudo organizado e depois foi ajudar sua mãe e Gina. O ideal era que todos deixassem seus pertences organizados, dessa forma era só desmontar a tenda após o encerramento do último espetáculo e aproveitar uma boa noite de sono antes de seguirem viagem. O próximo destino já estava traçado: Jackson, Mississipi.
Como tinha acontecido nos últimos dias, ao cair da noite começou a se arrumar e logo as poucas pessoas começaram a chegar. encontrava-se atrás da grande cortina vermelha, esperando sua vez de entrar no picadeiro quando sua mãe se aproximou.
- Tudo bem, amor? – ela afagou os ombros da filha.
- Acho que sim. – respondeu reticente. – Acho que só estou um pouco melancólica por ter que deixar a cidade. Apesar de tudo, gostei daqui.
- Daqui ou de um certo dono de bar? – Danna encarou, divertida, os olhos da garota.
- Também sentirei falta dele, não vou negar. – sorriu. – Sam é alguém especial. – e sua mãe ergueu curiosa uma sobrancelha. – Não desse jeito, mãe. – e ambas sorriram. – Sinto como se tivéssemos uma espécie de ligação. Ele se tornou um amigo muito querido.
- Oh, minha linda! – Danna disse e segurou as mãos da filha.
E foi nessa hora que os olhos azul-esverdeados entraram em foco. Frios como gelo, eles a encaravam e então banharam-se em sangue, transformando aquela visão em um aterrorizante borrão vermelho vivo.
- ! Filha! – Danna amparou a garota quando faltaram-lhe forças às pernas. – O que foi?
- Não. – a garota sussurrou baixinho, o ar lhe faltando. – Por favor, não. – ela implorou.
- O que houve? – Peter apareceu repentinamente. – Você está bem, meu anjo?
- Alguma coisa muito ruim vai acontecer. – ela disse ofegante. – Foi a mesma visão... os mesmos olhos de sangue.
- Calma, filha. – Danna abraçava a garota. – Não vai acontecer nada. Está tudo bem, todos estão bem.
- Eu achei que aqui era seguro. – sussurrou. – Achei que estávamos a salvo.
- Meu amor, vai ficar tudo bem. – disse Peter. – É a última noite. Será a última apresentação e então partiremos. Vai dar tudo certo, meu anjo, se acalme.
encontrava-se aninhada nos braços da mãe, enquanto esta tentava lhe acalmar. A visão tinha sido tão real e tão assustadora como a de San Ângelo, e a garota tinha certeza de que uma tragédia era iminente. Peter olhou preocupado para a esposa e depois para a filha. Mas o show tinha que ser finalizado sem que as pessoas percebessem o clima de terror que cercava sua filha e acabou voltando ao palco.
- Está mais calma, ?
- Acho que sim. – ela respondeu. – Eu tenho que me recompor. Preciso fazer meu número.
- Não sei se é uma boa ideia. – disse Danna. – Você não está em condições de fazer leituras. Não depois disso.
- Eu preciso. – a garota disse convencida depois que a ideia lhe passou pela cabeça. – Talvez eu veja algo que possa me ajudar a decifrar essa visão.
Danna ainda tentou argumentar, mas tinha tomado sua decisão: talvez, de alguma maneira, ela pudesse descobrir o que realmente iria acontecer, com quem e então tentar evitar.
Minutos antes da apresentação, Peter espiou pela cortina e viu que estava pronta para seu número. Ele ainda perguntou se ela tinha certeza e, mais decidida do que nunca, sua filha acenou a cabeça.
Quando as cortinas se abriram, inspirou profundamente e seguiu para sua cadeira. Enquanto seu pai fazia a leitura dos nomes sorteados, ela percorria a arquibancada à procura de qualquer coisa fora do normal. Procurou também pelos azuis olhos de Bill, mas não encontrou nada: nem ameaças, nem o vampiro.

02 de Setembro, Monroe, Louisiana, 22h

Eric tinha acabado de chegar à cidade e percorreria as ruas à procura da mulher de seus sonhos seguindo a rotina daquelas últimas noites: entraria em cada casa de show, cada bar, cada boate e só sairia de lá depois de esgotadas todas as possibilidades.

02 de Setembro, Bon Temps, 22:30h

A sessão de leituras transcorreu calmamente, o que na verdade frustrou , pois ela esperava ver algo que pudesse ajudá-la a identificar quem seria a vítima dos olhos azuis. Mas nada aconteceu. Apenas respostas agradáveis, que deixaram os clientes satisfeitos.
Assim que o último espectador deixou a grande tenda, todos se reuniram no centro do picadeiro. ainda estava abalada pela sua visão e pela decepção de não ter achado nada, mas tentou ao máximo não demonstrar aquilo para seus amigos.
- Meus amigos. – disse Peter. – Essa foi nossa última apresentação no estado de Louisiana. Parabéns! – e houve uma salva de palmas e gritos animados por mais um trabalho concluído com sucesso. – Nossos planos iniciais eram seguirmos direto para nossa próxima parada, mas acho que após a correria de San Ângelo, seria bom tirarmos alguns dias de folga.
As pessoas se entreolharam, ora com espanto, ora com os olhos desejosos por um descanso. olhou para Danna e em seguida para seu pai, e soube que aquela decisão fora tomada apenas alguns minutos antes da reunião.
- Algum motivo especial para isso? – perguntou Paul, olhando de lado para .
- Não. Nada em especial. – disse Peter em tom seguro. – Só acho que alguns dias de descanso faria bem a todos nós.
Um pequeno burburinho se formou e em menos de dois minutos todos já tinham aceitado a oferta de Peter. O que se ouvia agora era o destino que cada um seguiria para aproveitar a folga.
- Muito bem, pessoal. – disse Peter uma vez mais. – Agora que estamos todos combinados, vamos desmontar as coisas e deixar tudo pronto para nossa partida amanhã.
Todo mundo então partiu para seus afazeres com uma animação contagiante. Danna olhou para o marido e ambos souberam que aquela tinha sido a melhor decisão que poderiam ter tomado diante da situação de sua filha. Ela precisava de um tempo longe de leituras, de visões, de angústias.
logo seguiu para o trailer. Ela ainda não estava completamente recuperada da visão e encarava os próprios olhos, ainda maquiados, no espelho do pequeno banheiro. Novamente ela viu os olhos azulados banhados em sangue e subitamente uma onda de angústia invadiu seu corpo.
Ela sentiu seu coração se apertar em seu peito, ficando pequeno e desesperado, e um arrepio tenebroso percorreu toda a sua espinha. Foi quando ela ouviu o primeiro grito de horror.

02 de Setembro, Monroe, Louisiana, 22:45h

E novamente a busca de Eric não tinha dado resultado. Ele havia percorrido todos os locais possíveis e nenhum sinal, nenhuma mísera pista da dona dos olhos .
Frustrado, cansado e totalmente irritado, ele olhou para o céu e observou a lua que brilhava sozinha na imensidão negra da noite. Estaria ele enlouquecendo? Sonhando com uma mulher inexistente?
Eric balançou a cabeça, como se risse de si mesmo e seguiu o caminho até Shreveport, onde Pam, sua cria, sua amiga e sua cúmplice o esperava. Ela sim era real e merecia sua atenção.

02 de Setembro, Bon Temps, 22:45h

Os gritos foram se espalhando e instintivamente correu para fora, para ver o que estava acontecendo. E foi quando se deparou com a cena mais apavorante de sua vida: vampiros estavam atacando e matando seus amigos.
- Mãe!!! Pai!!! – a garota gritou desesperada à procura de seus pais.
Ela não conseguia absorver direito o que acontecia, pois a cena a sua frente era grotesca demais. Corpos eram jogados de um lado para o outro, como se fossem feitos de pano. O forte cheiro de ferro começava a inundar o local e ela sabia que era o sangue de seus amigos que se espalhava pela terra batida.
correu em direção aos vampiros, na vã tentativa de impedi-los de continuar, mas ela não conseguia achar um mísero pedaço de madeira que pudesse usar como estaca. Novamente ela chamou por seus pais e três pares de sanguinários olhos a encararam.
Os três vampiros pararam o ataque, fixaram seus olhares sobre a garota e sorrisos debochados invadiram seus rostos de demônios. No mesmo instante Peter percebeu que eles a queriam e partiu com toda a coragem e força a fim de protegê-la.
Danna, que se encontrava um pouco mais perto da garota, olhou para os olhos amedrontados da filha e com toda a força que tinha puxou-a para longe da arena da batalha e empurrou-a para dentro do trailer novamente, trancando-a lá, tentando desesperadamente proteger seu bem mais precioso.
De dentro do trailer, era capaz de escutar os gritos de desespero de seus amigos, de sua família e ela não conseguia destrancar a porta para tentar ajudá-los. O pânico invadiu todo o seu corpo, ela tinha que dar um jeito de sair dali de qualquer maneira e começou a quebrar uma das janelas.
E então se fez um silêncio sepulcral.

02 de Setembro, Arredores de Bon Temps, 22:55h

Eric estava sobrevoando a pequena e quase insignificante cidade de Bon Temps quando a sensação de angústia, que sempre sentia ao acordar de seus sonhos com a mulher misteriosa, o invadiu completamente.
Atordoado, ele pousou em terra firme, diminuiu seu ritmo vampiresco para uma simples caminhada até que parou completamente no meio do nada. Outra onda forte do mesmo sentimento o acertou em cheio e em seguida o cheiro de sangue fresco invadiu suas narinas. Algo errado estava acontecendo ali.
Eric seguiu o aroma pelo meio do mato e conforme o odor se intensificava, a agonia apertava mais em seu morto e gélido coração. Em meio às árvores ele viu uma luminosidade, mas não havia nenhum som, nenhum barulho; e então ele alcançou uma área descampada.
A cena era chocante até mesmo para ele e seus mil anos de existência. O que havia acontecido ali era uma matança deslavada, uma chacina, uma brutalidade desleal entre humanos e vampiros. Aquilo não era obra de alimentação, alguém estivera brincando com aquelas pessoas até suas mortes.
Eric olhou ao redor, tentando descobrir indícios dos motivos que levaram àquela situação e então um farfalhar de folhas foi ouvido do lado oposto de onde estava. Imediatamente Eric liberou suas presas e se preparou para o confronto, mas a surpresa da figura que apareceu o confundiu momentaneamente.
- Bill Compton?
- O que houve aqui? – Bill perguntou, também com as presas à mostra, para o xerife.
- E você vem perguntar a mim? Estava apenas de passagem e senti o cheiro de sangue. – ele respondeu ironicamente, disfarçando o sentimento sufocante que o fizera parar ali. – E você, o que faz por aqui?
- Estou morando aqui agora. – Bill disse procurando alguma coisa entre os mortos. – Ouvi os gritos e corri para cá.
- E o que seria esse lugar?
- As instalações de uma trupe circense. Essa era pra ser a última noite de apresentações por aqui.
- Bom, foi um show e tanto. – disse Eric sarcástico. – E, definitivamente, o último.
Bill não deu muita atenção ao que Eric dizia e avaliava, corpo por corpo, verificando se milagrosamente alguém havia sobrevivido. Eric apenas caminhava pelo local, analisando os danos e, em sua mente, elaborando um modo de resolver aquela confusão.
- Queime tudo. – ele disse friamente. – Um incêndio acidental foi o responsável pela tragédia.
- Como é? – Bill desafiou-o com um silvo baixo.
- Você sabe muito bem que se formos relacionados a isso, a mídia cairá matando. Não preciso lhe dizer as consequ...
- NÃÃÃÃOOOO!!!!! – Eric foi interrompido por um agudo grito desesperado.
Imediatamente Bill reconheceu o timbre daquela voz e correu, aliviado, em direção ao barulho.
- Ótimo, temos uma testemunha! – Eric rosnou contrariado. – Por que diabos eu não segui direto para o Fangtasia? – e seguiu lentamente pelo mesmo caminho de Bill.
- Mãe! – encontrava-se debruçada sobre o corpo de sua mãe. – Pai! – e mantinha a mão entrelaçada à de seu pai.
A dor consumindo-a rapidamente, a revolta por não ter podido ajudá-los, o desespero por não saber o que fazer de sua vida, a vontade de morrer ali, com eles. Ela sabia que algo ruim aconteceria, mas não podia imaginar que toda a sua vida acabaria naquela noite.
- ? – Bill chamou-a delicadamente, mas a garota pulou para trás com o susto. – Você está bem?
- Saia de perto de mim! – ela berrou colocando-se em posição de ataque. – Eu confiei em vocês! Agora estão todos mortos!
- Calma. – ele disse. – Você está ferida? – e novamente tentou se aproximar. – Eu não vou machucá-la.
não sabia o que fazer, no que acreditar, em quem acreditar. Apenas se deixou cair no chão, ao lado dos corpos de seus pais e as lágrimas rolaram impotentes. Bill aproximou-se lentamente até que finalmente conseguiu abraçá-la e pode ouvir a garota soluçar em seus braços.
- Então, o que temos aqui, Bill? – perguntou Eric, finalmente alcançado o vampiro.
afastou-se alguns centímetros do peito de Bill, para olhar para o estranho que havia chegado naquele momento e então, quando finalmente ambos, e Eric, se encararam, tudo ficou congelado, exceto aqueles dois seres.
- Você? – e Eric disseram ao mesmo tempo. Ela em choque por reconhecer os olhos azuis. Ele estarrecido por reconhecer os olhos .


Capítulo 06


02 de Setembro, Arredores de Bon Temps, 23h

A confusão e a surpresa percorreram os rostos daquelas duas pessoas. Numa reação incomum, Eric recolheu suas presas enquanto o encarava com um ódio quase mortal.
- Quem é você? – ele perguntou dando um passo à frente.
- Você os matou! – a garota berrou. – Você é o culpado por tudo isso, seu monstro! – e, numa atitude irracional, avançou um passo em direção ao vampiro milenar.
Contudo Bill a segurou, sabendo que Eric poderia destruí-la em um milésimo de segundo se quisesse, mas surpreendeu-se com a inanição do xerife. debateu-se em seus braços enquanto as lágrimas ainda lavavam o seu rosto, mas agora sua expressão era de raiva, e não de dor.
- O que diabos está acontecendo aqui? – ouviu-se ao fundo uma terceira voz masculina. – ? – e Sam logo já estava ao lado de Bill. – Solte-a.
- Sam? – finalmente desviou os olhos do vampiro loiro e encarou os de seu amigo.
- Você está bem? O que aconteceu aqui? – e ela desfez-se dos braços de Bill, correndo para o abraço do amigo.
- Todos morreram. – ela disse entre soluços. – Eles os mataram. Está tudo acabado.
Sam olhou raivoso para Bill e depois para o novo vampiro, que não desviava os olhos de sua amiga, procurando por alguma resposta, qualquer explicação.
- Não fomos nós. – Bill disse finalmente. – Quando chegamos tudo já tinha acontecido.
- Então quem foi? – Sam tentou controlar seu tom. – Se não foram vocês, quem foi?
- Descobriremos. – disse Eric, pronunciando-se pela primeira vez. – Mas eu tenho que falar com ela. – e apontou para , que se encolheu ainda mais nos braços de Sam.
- Você não chegará perto dela. – Sam respondeu protetoramente.
Não gostando da ameaça, Eric liberou novamente suas presas e seguiu na direção de Sam e , mas antes que pudesse alcançá-los, Bill colocou-se no caminho, impedindo a aproximação de Eric. O xerife o encarou.
- Agora não é a hora. – disse Bill firmemente. – Ela não será capaz de responder nada nesse estado.
- Basta induzi-la. – Eric disse monotonamente, mas sem desviar os olhos da garota.
- Não funcionará. – disse Bill despertando ainda mais a curiosidade de Eric.
- Como você sabe?
- Já tentei, não deu certo. – respondeu Bill.
- Humm, interessante. – disse Eric com um brilho extra em seus olhos de gelo. – Nesse caso, leva-a ao Fangtasia. – ele disse ainda olhando-a, e depois desapareceu.
Bill estranhou o fato de Eric não ter insistido mais e não lhe escapou o interesse de Eric em . Que tipo de reconhecimento teria sido aquele? Porém ele sabia que aquele não era o momento para perguntas, ele apenas estava aliviado por ela ter saído ilesa, ao menos fisicamente, do ataque.
- , eu... – Bill tentou falar com a garota, mas ela apenas afundou o rosto no peito de Sam.
- Saia daqui, vampiro. – ele disse. – E nunca mais a procure.
- Isso não será possível. – Bill disse. – Falarei com ela amanhã e terei que... – mas ele foi interrompido pelas luzes azuis e vermelhas que inundavam o local, anunciando a chegada da polícia. – Merda!
Sam até tinha se esquecido de que chamara a polícia quando notou a coloração alaranjada no acampamento e encarou os olhos do vampiro, que claramente desaprovara a atitude do metamorfo. Cuidadosamente ele fez com que se sentasse em uma cadeira perto do trailer e seguiu para falar com o xerife, mas Bill entrou em seu caminho.
- O que foi? Não quer lidar com a lei? – provocou Sam.
- Suas leis não nos ajudarão nesse caso. – Bill disse secamente. – Deixe-me falar com o xerife, pelo bem dela. – ele disse e indicou com os olhos.
Sam ponderou um pouco, já que sabia que os bons políciais de Bon Temps não seriam capazes de lidar com um bando de vampiros assassinos. E de alguma maneira, ele sabia que estaria protegendo de mais olhos curiosos sobre ela.
- Ok. Mas saiba que isso não ficará impune. – Sam disse.
- Pode ter certeza que não. Também temos nossas leis e nossas punições. Mas, para todos os efeitos, isso foi um ataque de um bando de pumas, entendeu?
- Como se eu realmente tivesse escolha. – Sam bufou, mas acabou concordando. – Vou conversar com ela. – Bill assentiu e seguiu para falar com o xerife Bud Dearborn.
- Querida, você está bem? Está ferida? – Sam ergueu o rosto da amiga para olhá-la.
- Ainda estou viva. – ela disse num sussurro. – Mas completamente despedaçada.
- Eu sei. – ele afagou seu rosto, tentando inutilmente secar suas lágrimas. – Eu sinto tanto. – ele fez uma pausa e depois continuou. – Bill está conversando com o xerife. De algum modo ele vai convencê-lo de que houve um ataque de felinos.
- O quê? – se indignou. – Mas não foram pumas, foram vamp...
- Eu sei. – Sam tentava acalmá-la. – Eu também não gosto disso, mas nossa polícia não vai dar conta de resolver isso. São apenas humanos.
- E tudo isso vai ficar impune? A morte dos meus pais, dos meus amigos? – ela queria reagir, mas estava sem forças.
- Não. Eu não vou deixar. – ele fez uma pausa. – E o vampiro disse que eles também têm leis e punições.
- Aham. – balbuciou descrente. – Nada disso vai trazê-los de volta...
- Não. Não vai. – Bill disse surgindo do nada. – Mas eu preciso que você confirme a história, para resolvermos isso do nosso modo. – encarou os olhos azulados de Bill e, por alguma razão, acreditou nele.
- Tudo bem. Felinos.
- Agora eu preciso ir. Amanhã conversaremos.
Assim que Bill desapareceu, o xerife Dearborn se aproximou, deu os pêsames à garota e estava prestes a começar o interrogatório quando foi interrompido pelo legista da cidade, que queria saber o que fazer com os corpos.
- Leve-os para o necrotério. – disse Sam. – Cuidaremos dos enterros depois.
- Senhorita Seerswood?
- Xerife? – Sam também o interrompeu e afastou-o da garota. – Realmente tem que fazer isso agora? Ela teve a família inteira assassinada num ataque animal. Está em choque. Não pode esperar até amanhã?
- Sam, você me conhece há muito tempo. Tenho que fazer meu trabalho.
- Ela só precisa de algumas horas, Bud. – Sam insistiu. – Eu mesmo a levarei à delegacia depois.
- Muito bem. Estejam lá às 09h.

02 de Setembro, Arredores de Bon Temps, 23:35h

Enquanto o pessoal do necrotério retirava os corpos, observava a tudo quase em transe. Em sua mente ela só conseguia ouvir os gritos, o desespero e a agonia de seus pais e amigos.
- Vamos sair daqui. – Sam disse ao se aproximar. – Você não precisa ver tudo isso.
- Não tenho para onde ir. – ela disse baixo.
- Claro que tem. – ele disse. – Você vai ficar comigo. Vai descansar um pouco, recuperar as energias.
encarou os olhos acinzentados de Sam e não teve forças para recusar sua oferta. O que ela mais queria era dormir, acordar e descobrir que tudo isso não passava de um terrível pesadelo, mas apenas isso: um pesadelo.

03 de Setembro, Shreveport, 00:05h

Eric entrou pela porta de seu bar e o atravessou como um furacão, indo direto para seu escritório. Pam o seguiu imediatamente, feliz por ter seu criador de volta, mas ela também sabia que teria noites difíceis ao lidar com sua frustração por não ter achado a tal mulher imaginária.
- Que bom que está de volta! – ela disse fechando a porta atrás de si. – Sinto que não a tenha encontrado ainda, mas fico feliz que esteja de volta e...
- Eu a encontrei. – ele disparou secamente. – No meio de uma carnificina vampírica.
- O quê?
- Estava voltando de Monroe, passando por Bon Temps quando topei com uma chacina e a única sobrevivente, pasme, era a tal mulher dos olhos .
- E você falou com ela? Onde ela está? Quem é ela?
- Não consegui conversar com ela. – ele disse desapontado, mas Pam também sentiu um pouco de compaixão em sua voz. – Ela... me culpa pelo que aconteceu.
- Como assim, Eric? Que diabos está acontecendo?
- Não sei. – ele disse pensativo. – O que sei é que ela existe e agora estou mais perto do nunca de descobrir tudo.
- E o que você vai fazer agora?
- Agora? – e ele sorriu de lado encarando sua cria. – Vou relaxar e me saciar com um belo exemplar de AB negativo.
Pam devolveu-lhe o sorriso, agradecendo interiormente por seu criador ter voltado ao normal.

03 de Setembro, Bon Temps, 01:30h

acabava de sair do pequeno banheiro da pequena casa de Sam vestindo uma larga camiseta que ele havia lhe emprestado e o encontrou sentado em uma banqueta. A cama estava perfeitamente arrumada. Seus olhos se encontraram e ele lhe entregou uma xícara de chá quente.
- Não se preocupe, dormirei no sofá. – ele disse interpretando erroneamente o olhar de .
- Não é isso. – ela esboçou um tímido sorriso. – Você está sendo perfeito, Sam. – ela disse com os olhos mareados aceitando o chá. – Obrigada.
Sam não conteve o impulso ao ver a garota tão frágil e correu para abraçá-la. Ele entendia, em partes, como ela se sentia, pois ele mesmo havia perdido sua família quando descobriram o que ele era. Eles não haviam morrido de fato, mas para Sam era como se eles tivessem.
- Tem alguém que eu deva avisar? Alguém que possa te ajudar? – ele perguntou afagando os longos cabelos cor de de .
- Humm... – ela se afastou um pouco, secando as lágrimas na manga da camiseta. – Talvez nossos amigos italianos. – ela disse reticente. – São donos de outro circo, e sempre nos encontramos na estrada. Eles gostam muito dos meus pais.
- Ok, então. – Sam se afastou um pouco. – Você se lembra do telefone? Algum contato?
então deu o número a Sam e aninhou-se no sofá, exausta de todos os acontecimentos daquela fatídica noite. Rapidamente Sam avisou aos amigos circenses de do ocorrido enquanto a garota bebericava a bebida, sem muita vontade.
- O que você pôs aqui? – perguntou depois de alguns goles.
- Nada. – ele sorriu. – É chá de camomila. Para ajudar a te acalmar. Você precisa descansar, .
retribuiu fracamente o sorriso, começando a sentir os efeitos do chá calmante. Vencida pelo cansaço ela seguiu cambaleante até a cama. Sam aproximou-se para apagar a luz do abajur e viu que ela já estava adormecida. Delicadamente ele retirou uma mecha de fios que lhe cobriam o rosto e então seguiu para o sofá.
Algumas horas depois, no entanto, acordou aos gritos e lágrimas. Havia sonhado com a morte chocante de seus pais e sentia-se mais desamparada do que nunca. Imediatamente Sam colocou-se ao seu lado, tentando confortá-la. Alguns minutos depois ela já estava um pouco mais calma e Sam decidiu voltar para seu canto.
- Sam? – ela o chamou chorosa.
- O que foi, querida?
- Seria muito abuso eu pedir que você ficasse aqui comigo essa noite?
- Não, meu bem. – ele disse solidário. – Nem um pouco. – e abraçou-a cuidadosamente. – Eu vou estar sempre ao seu lado.
Outra lágrima insistiu em escorrer pelo rosto de e Sam a enxugou, no gesto mais protetor e fraterno possível. Ele sabia que ela se encontrava no momento mais difícil de sua vida e ele estaria ali para ela.

03 de Setembro, Shreveport, 04:55h

Eric encontrava-se em sua confortável cama, no quarto protegido da luz solar, saciado por fresco e quente sangue humano. Por alguns momentos ele até tinha se dado ao luxo de esquecer-se de sua jornada, mas agora, em seu leito de descanso, aquela noite voltava com força em sua mente.
A constatação de que sua busca era inútil, o cheiro de sangue humano derramado, a cena caótica em que reencontrou seu velho conhecido Bill Compton e o encontro inesperado com a mulher dos olhos .
- . – ele disse num sussurro.
Ele não havia demonstrado, obviamente, mas a dor que ele leu nos olhos da garota fez doer seu coração de pedra. Desde o início dos sonhos aquela mulher despertava nele um lado humano que ele julgava ter perdido há muito tempo, e não fora diferente naquela noite.
Ele só não entendia o motivo de ela culpa-lo por tudo aquilo. Para quem estivesse de fora, parecia que ela culpava toda a raça dos vampiros, mas Eric soube muito bem que não era aquilo que ela queria dizer: ela o culpava por aquelas mortes. Por quê?
E depois veio a descoberta de que ela não era capaz de ser induzida. E o que diabos Bill Compton estava fazendo ali? Eric não tinha engolido a história de que estava morando lá e tinha ouvido os gritos. Havia algo mais naquela história, e ele iria descobrir.
Eric sentiu que o sol logo nasceria e se ajeitou folgadamente em sua enorme cama. O lençol branco de puro linho tocou sua pele nua e logo ele se entregou ao descanso merecido. Saciado e realizado por saber que seus sonhos não eram indícios de loucura, ele se deixou levar pelo sono e pela mulher dos olhos : .


Capítulo 07


03 de Setembro, Bon Temps, 08h

A claridade invadiu o quarto e, contra sua vontade, abriu os olhos que ainda estavam pesados devido ao choro da noite anterior. Ao perceber que Sam não se encontrava o seu lado, e ouvir barulhos vindos da pequena cozinha, ela se levantou e seguiu o cheiro de café fresco.
- Acordei você? – foi a primeira coisa que Sam perguntou.
- Não. – ela respondeu complacente. – Não conseguia mais ficar na cama.
Eles fizeram a refeição em silêncio e Sam lhe avisou que precisavam ir à delegacia. tremou com a ideia de ter que reviver o terror da outra noite, mas sabia que não tinha muita escolha.
Ao constatar que todas as suas coisas ainda estavam no trailer, ela acabou colocando a roupa que usara em sua última apresentação e, para não ficar muito vulgar, usou a camisa que Sam havia lhe emprestado por cima da roupa.
Ambos seguiram até a delegacia, onde foram recebidos pelo xerife Dearbon e pelo detetive Andy Bellefleur. Conforme ela já imaginava, o xerife queria saber mais sobre o ataque dos felinos e passou cerca de duas horas contando e recontando a história sobre a trágica morte de seus pais e amigos. A única diferença era que ao invés de vampiros, os assassinos eram pumas imaginários.
Sam esperava, quase impaciente, do lado de fora da delegacia. Algumas pessoas conhecidas passaram por ele, e o questionavam sobre o que tinha acontecido – mal de cidade pequena: todo mundo sabe de tudo – mas ele apenas as ignorava.
- E a senhorita não foi capaz de prever o que iria acontecer? – ironizou o detetive Bellefleur.
foi meio que pega de surpresa com aquela pergunta questionável e em seguida a lembrança dos olhos azuis inundou sua mente. Sim! Ela fora capaz de ver que algo muito ruim aconteceria, mas ela nem podia imaginar o que seria. Seria tão útil se seu dom fosse mais especifico às vezes.
- Não, detetive. Como eu já disse, é só mais um número de circo, uma performance, uma apresentação. – e seu tom foi ainda mais irônico do que o usado pelo policial.
- Obrigado pelas suas informações, Srta. Seerswood. – disse o xerife. – E eu realmente sinto muito a sua perda. Os corpos serão liberados agora no começo da tarde.
- Obrigada, xerife. – disse e finalmente saiu da sala de interrogações.
Ela caminhou a passos lentos até a porta da frente e lá encontrou um ansioso Sam a sua espera. Ele a recebeu e a abraçou fortemente, sentindo-a se encolher em seus braços. E foi então que ela viu um grande trailer antigo com o logo “Mastroianni Circus” estacionar do outro lado da rua.
- Minha bambina! – gritou uma mulher alta, de feições tipicamente italianas.
- Marcella! – seguiu em sua direção e recebeu o abraço acalorado da amiga. – Que bom que está aqui.
- Oh, ragazza! – disse um homem aparentando mais de 50 anos. – Mas o que foi que aconteceu?
- Ah, Giuseppe! – exclamou.
E os três seguiram até onde estava Sam, na sombra de uma grande árvore. Ele percebeu que mais quatro pessoas desceram do trailer e seguiram silenciosamente até e os dois italianos, e lá deram seus pêsames à garota.
- Por que não seguimos até o bar, ? – indagou Sam. – Você precisa comer alguma coisa. E lá vocês podem conversar com mais calma. – apenas agradeceu com os olhos e todos seguiram em direção ao Merlotte’s.
- Eu vou enterrá-los aqui. – disse depois de contar tudo o que tinha acontecido. – Nós éramos nossa família.
- Claro. – disse Marcella. – E nós te ajudaremos com isso.
- Obrigada.
- E você já sabe o que vai fazer com o circo?
- Não. Na verdade não, Giuseppe. – e controlou o choro. – Ainda não voltei para o acampamento.
- Venha conosco! – sugeriu Marcella. – Você pode apresentar seu número no nosso show.
A tentação era muito grande. ainda não tinha cogitado sair de Bon Temps, e seria muito bom deixar o passado para trás e refazer sua vida, mas ela sabia que ainda não podia. Tinha contas a acertar naquele lugar.
- A oferta é tentadora, mas não posso aceitar. Ainda não.
- O que te segura aqui? – e Marcella deu uma olhada significativa para Sam. seguiu os olhos da amiga e quase sorriu.
- Não estou pronta para voltar ao picadeiro. – ela desconversou. – Preciso reorganizar minha vida.
Giuseppe, Marcella e passaram mais algum tempo conversando e o italiano ofereceu-se para comprar os trailers e as coisas da companhia de circo. não tinha pensado em se desfazer das coisas de seus pais e amigos, mas diante das circunstâncias, ela acabou aceitando a oferta.
- ? – Sam a interrompeu. – Max, o legista, me avisou de que está tudo pronto.
respirou profundamente, tirando forças do fundo do seu coração. Ela não sabia ainda se agüentaria assistir àquela cerimônia, mas era preciso. Marcella emprestou a ela uma roupa mais comportada e com muito custo ela e seus amigos se encaminharam até o Cemitério de Bon Temps.
(Música 01)
Sam postou-se ao seu lado e amparou a garota quando finalmente chegaram e encontraram os nove caixões decorados com flores. Inesperadamente havia muitas pessoas ali presentes e os reconheceu das noites dos espetáculos.
O padre logo iniciou a cerimônia, e deixou que as lágrimas escorressem livremente. Ela tinha perdido tudo o que mais amava e estava dando adeus a uma vida inteira de alegrias, de sucesso, de carinho e de amor.
Assim que terminou a leitura, o padre perguntou se alguém gostaria de falar e, como se estivesse amparada pelos espíritos de seus pais, ela se levantou e assumiu o pequeno palanque.
- Não tenho palavras para agradecer a presença de vocês aqui hoje. Fomos tão bem recebidos nessa cidade, e por essa atitude de vocês, vejo que não era apenas interesse pela novidade. – pausa para respirar. – Uma tragédia se abateu sobre minha família e devido a isso, hoje eu sepulto meus pais e meus amigos... É um momento de muita dor e muita tristeza, mas as lágrimas não cabem aqui. – e ela fez uma pausa vendo a confusão nos olhos das pessoas, exceto nos italianos que entenderam aonde ela chegaria com aquelas palavras. – Essas pessoas dedicaram suas vidas a levar alegria às vidas de outras pessoas. Mesmo que fosse por uma única noite... por apenas algumas horas... quando elas entravam em cena o mundo todo desaparecia e, naquela hora mágica, só havia lugar para o sorriso. – ela segurou a lágrima que queria descer de seus olhos. – A dor vai ficar em meu coração por muito tempo, mas eles serão lembrados com alegria e com amor. Suas jornadas aqui terminaram, mas tenho certeza de que eles levarão consigo muitos sorrisos para onde quer que eles tenham ido.
Sam estava emocionado tanto com o discurso de , quanto com a força que aquela garota estava demonstrando. E então, para a surpresa geral, Giuseppe puxou uma salva de palmas que foi seguida pelas pessoas de sua trupe e então por todos os presentes enquanto os caixões, um a um, desciam em seus lugares.
caminhou até os caixões de seus pais, depositou delicadamente uma rosa branca em cada um e então saiu, caminhando solitariamente, afastando-se dali. O ímpeto de Sam foi de seguí-la, mas Marcella o impediu, dizendo que ela precisava daquele momento sozinha.
Uma suave brisa passou por e ela viu os raios de sol cintilarem na grama e nas árvores ao redor do cemitério. Até que era um bonito lugar para o descanso eterno. Ela viu os ramos das árvores balançarem com o vento e ouviu alguns pássaros cantando, mesmo àquela hora da tarde. E então algo chamou sua atenção.
Um antigo sobrado se mostrava imponente entre as árvores. Tinha uma ampla varanda em todo o seu contorno e se parecia muito com a casa de seus avós maternos. se lembrou dos tempos em que era criança e brincava com uma labradora por um gramado muito semelhante àquele. Ela fechou os olhos momentaneamente, inspirando profundamente e quando os abriu encontrou Dean ao seu lado.
- É algum tipo de sinal, Dean? – ela se abaixou para agradar o animal. – Uma luz em meio à escuridão em que estou vivendo? – e novamente olhou para o sobrado.
- Falando sozinha? – Sam a surpreendeu.
- Talvez. – ela sorriu pela primeira vez.
Sam ficou sem entender, porque não lhe disse mais nada, e então ambos seguiram de volta ao Merlotte’s. tinha pela frente a difícil missão de ir até o acampamento para pegar suas coisas e entregar o que restou do circo de sua família a Giuseppe.
Com receio ela desceu do jipe de Sam e encarou o espaço do acampamento. Tudo estaria completamente normal, não fossem o silêncio sufocante e as manchas de sangue seco misturadas a terra. sentiu um súbito enjôo, um mal estar quase incapacitante, mas ela usou toda a sua força para reprimir essa sensação e abriu a porta de seu trailer.
Colocando de lado o sentimentalismo, caso contrário ela não suportaria fazer o que devia ser feito, ela seguiu direto para seu quarto e arrumou suas coisas o mais rápido que conseguiu. Tudo coube perfeitamente bem em duas malas grandes. Ela havia decidido que não ficaria com nenhum pertence de seus pais e passou rapidamente pelo quarto deles, mas algo reluzente chamou sua atenção.
Sobre a penteadeira de sua mãe havia um suporte para colares e uma correntinha de prata balançava com o seu andar pelo trailer. sentou-se ao lado do móvel e segurou a corrente em suas mãos. Ela a reconheceu imediatamente, pois era a única jóia de valor que Danna tinha. Era de prata pura, fina, com um trançado delicado e um pingente em formato de coração que se entrelaçava com a corrente. Foto-03
- Acho que vou ficar com você. – disse para si mesma, colocou a corrente no pescoço e saiu do trailer, fechando aquela porta pela última vez.
- Aqui está, Giuseppe. – ela lhe entregou um molho de chaves. – Meu pai tinha uma cópia das chaves de todos os veículos. Por segurança, já que vira e mexe alguém perdia sua chave. São seus agora.
- Você tem certeza de que quer fazer isso?
- Absoluta. – ela respondeu. – Comigo só vão ficar minhas coisas pessoais e a scooter.
Marcella abraçou a garota com força, sabendo que aquela provavelmente seria a última vez que a veria, deu-lhe um beijo estalado e foi verificar a quais veículos pertenciam cada chave, entregando-as para alguns dos amigos que os acompanharam.
- Eles estarão te protegendo. – disse Giuseppe e olhou para o céu. – Seus pais sempre lhe guiarão. – e se abraçaram fortemente. Em seguida pode ouvir os motores sendo ligados e a caravana desapareceu na estrada.
- Você vai ficar bem? – Sam afagou os ombros de .
- Vou. – ela disse e encarou Sam. – E não vou sossegar até essa história realmente chegar ao fim.
- Venha, vamos para casa. – ele disse e entregou o capacete à garota.
deu uma última olhada para aquele espaço agora vazio, respirou profundamente, impregnando seus pulmões com o odor acre da terra misturada com sangue, e acenou com a cabeça. Sua vida nos picadeiros acabava de ficar para trás, para sempre.
Quando eles chegaram ao bar o estacionamento estava relativamente cheio e Sam balbuciou algum palavrão indecifrável. Ele não queria deixar sozinha, especialmente à noite, mas também sabia que seus funcionários precisavam da sua presença.
- Pode ir tranqüilo, vou ficar bem. – ela disse. – Dean está aqui comigo e, qualquer coisa, eu grito.
- Vou procurar não me demorar muito, ok?
apenas lhe mandou um olhar do tipo “some daqui logo”, o que arrancou um sorriso de Sam, e em seguida entrou no trailer do amigo, desesperada por um bom banho e um pouco de solidão.
Alguns minutos depois ela já estava de banho tomado e parecia que uma tonelada tinha saído de suas costas. Claro que ela estava triste com tudo o que tinha acontecido, mas uma coisa que seus pais haviam lhe ensinado era que mesmo diante da maior tragédia a vida não parava para esperar sua recuperação.
Ela comeu um restante de panqueca que Sam tinha feito para o café da manhã, já que não estava realmente com fome, e decidiu ficar na varanda um tempo, respirando um pouco de ar fresco. Dean sentou-se ao seu lado na grande cadeira de balanço, mas logo seus instintos caninos foram despertados e ele começou a rosnar baixo.
- Boa noite, .
- Bill! – ela deu um leve grito. – Não dá pra ser menos assustador, não?
- Desculpe. – ele disse. – Não foi minha intenção te assustar. É apenas...força do hábito.
- Sei. – ela respondeu tentando acalmar sua respiração.
- Eu vim lhe dar meus pêsames. – o vampiro disse. – Passei pelo cemitério e vi a terra recém mexida. Como você está?
- Abalada, triste, um pouco perdida, cansada. – a garota disparou. – Mas eu não me esqueci do que você disse. Eu quero justiça, Bill.
- Você a terá. – ele disse sério. – Podemos ser uma raça que se alimenta de sangue humano, mas isso não nos dá o direito de cometermos atrocidades como a de ontem.
Um arrepio de pavor percorreu a coluna de e involuntariamente os gritos de horror invadiram sua mente novamente. A garota fechou os olhos, inspirando lentamente, buscando uma maneira de controlar suas emoções.
- O que você quis dizer, ontem, com resolver as coisas “do seu modo”?
- Também vivemos regidos por leis. – ele disse. – Também temos xerifes, tribunais e punições. E temos a mídia. A Liga Americana dos Vampiros faz retaliações quando necessário, tudo para que nossa convivência com humanos seja a mais harmônica possível.
- O ataque de ontem não me pareceu nada harmônico. – balbuciou.
- Eu sei. – ele pareceu solidário. – Por isso que você precisa conversar com Eric.
- Com quem? – espantou-se: quem seria esse agora?
- Eric Northman, o xerife da nossa região. – Bill respondeu, meio a contragosto. – O outro vampiro de ontem à noite.
E então os olhos azul-esverdeados de suas visões entraram em foco. ofegou ao vê-los novamente, lembrando-se nitidamente do reconhecimento que ela teve assim que encarou o tal vampiro. Então seu nome era Eric? Esse era o nome da Morte?
- Oh, sim. – voltou de suas divagações. – Ele é a autoridade por aqui, é isso?
- Exatamente. E como xerife, é responsabilidade dele descobrir o que aconteceu. Mas para isso, ele precisa conversar com você.
encarou os olhos azuis de Bill, tão mais reconfortantes que os de suas visões, e sentiu que ele dizia a verdade. Não era sua espécie atroz que ele tentava proteger quando inventou a história dos felinos, era a boa relação – na maioria das vezes – que havia entre sua espécie e os humanos. E ela tinha que confessar a si mesma: estava morrendo de curiosidade de saber o motivo dos olhos do tal Eric aparecer em suas visões, sempre seguidos por uma desgraça.
- Ok, também preciso conversar com ele. – disse por fim. – Mas não hoje. Estou exausta demais depois de ter que.... – ela fez uma pausa. – ...depois do dia que tive hoje.
- Certamente. – Bill disse em seu tom mais polido. – Passo aqui amanhã, por volta das 20h, tudo bem?
- Obrigada. – ela respondeu concordando com a cabeça. – Por tudo. – Bill deu um leve aceno de cabeça e depois desapareceu mata adentro.
ficou olhando o vazio deixado tão abruptamente pelo vampiro, como se aquilo não fosse realmente possível, e em seguida Dean pousou sua cabeça no colo da moça, que lhe afagou as orelhas.

03 de Setembro, Shreveport, 23h

Pam havia acabado de entrar no escritório de Eric e ainda pode ouvir as últimas palavras de seu criador com a pessoa com a qual estava conversando. Ela notou certo brilho diferente nos olhos de Eric.
- Excelente. – ele disse e colocou o fone no gancho.
- Boas notícias? – ela o questionou com seu peculiar jeito sarcástico.
- Amanhã terei minhas questões esclarecidas. – ele respondeu sem lhe dirigir o olhar.
- Quanto segredo. – ela ironizou. – Oh, não teria a ver com a mulher misteriosa, teria?
E então Eric lhe lançou seu olhar mais ferino, fazendo com que Pam se retraísse um pouco, mas não a ponto de impedi-la de levantar sua sobrancelha esquerda e soltar um “humf” contrariado. Eric riu.
Na verdade suas picuinhas com Pam nada significavam. O que realmente importava era que na noite seguinte ele teria todas as suas respostas reveladas e finalmente saberia o motivo da estranha ligação entre ele e os olhos de .

04 de Setembro, Bon Temps, 01:10h

As luzes da casa de Sam estavam apagadas e ele entrou sorrateiramente tentando fazer o mínimo barulho possível, pois não queria acordar . Ele se esgueirou habilmente pelo ambiente familiar, seguro de que chegaria em silêncio até o sofá, mas inesperadamente tropeçou em alguma coisa e foi com tudo pro chão.
- Sam? É você? Você está bem? – disparou acendendo a luz do abajur.
- Mas que merda! – ele esbravejou. – Desculpe, , não quis te acordar. Que droga!
- Relaxa. – ela disse acendendo a luz da sala. – Não me acordou.
- Não? Mas estava tudo apagado e...
- Eu estava deitada, é verdade, mas não consegui dormir.
Sam reparou no olhar de e percebeu que alguma coisa não se encaixava ali. Será que ela estaria com medo de dormir e sonhar com seus pais e tudo o que aconteceu? Ou seria por algum outro motivo? Sam tinha que descobrir.
- Aconteceu alguma coisa? – ele perguntou cauteloso.
- Na verdade, aconteceu. – ela disse e se largou no sofá. – Bill veio me ver.
- Aquele vampiro...
- Ele veio prestar solidariedade, Sam. – interrompeu o palavrão já formado. – E veio me explicar a história de eles terem “seu modo” de resolver as coisas.
- Ah é? – Sam espantou-se um pouco, já que achava que ele e o vampiro loiro acabariam enrolando e nunca fariam nada para ajudá-la.
- Ele me explicou que eles também têm leis e punições, que inclusive há xerifes nos territórios e que aquele outro vampiro de ontem, o loiro, é um desses xerifes.
- Por que eu não estou gostando do rumo dessa conversa? – Sam disse baixo, mas sabia que ela podia ouvi-lo.
- Eu preciso falar com esse xerife, Eric. – disse e Sam franziu a testa. – Sei que você não gosta da ideia, Sam, mas eu tenho que fazer isso. Tenho que fazer alguma coisa para tentar achar e punir quem fez isso comigo.
- Você está certa, não gosto disso. – Sam encarou os olhos de . – Mas também não gosto de te ver assim, e concordo que tem que haver punição.
- Obrigada. – ela disse e segurou as mãos do amigo, e esse gesto fez com que ela se lembrasse de algo. – Sam, por que você foi ao acampamento ontem à noite? Como sabia o que estava acontecendo? – Sam fez uma pequena pausa.
- Nosso último encontro foi um tanto quanto estranho. Eu fiquei pensando muito no que você me disse, sobre meus sentimentos e nossa ligação, e acabei indo pra lá pra conversar com você mais uma vez. Eu tinha ouvido que seria a última apresentação do circo, então era minha última chance. Quando cheguei...bom...minha única preocupação foi te encontrar.
Houve um silêncio depois da explicação de Sam, ambos relembrando o momento em que Sam encontrou , desamparada em meio aos corpos de seus pais e amigos, rodeada apenas por dois vampiros.
- E o que você concluiu da nossa conversa? – tentou mudar o foco de seus pensamentos.
- Que você estava certa. – ele disse. – Que eu estava encantado com a liberdade de podermos falar sobre tudo, que isso tinha mexido comigo. E que eu te amo sim, mas não do modo que eu achava que amava. – ele apertou as mãos de entre as suas. – Você é minha única amiga verdadeira, a irmã caçula que eu nunca tive e que eu vou te proteger enquanto estiver em minhas mãos fazer isso.
Uma sutil, mas alegre lágrima deslizou pelo rosto de e ela finalmente foi capaz de sorrir verdadeiramente depois do que aconteceu. Sam sorriu também, aliviado por saber que as coisas entre eles estavam devidamente esclarecidas.
- Você sabe de quem é aquele sobrado perto do cemitério? – perguntou depois de um momento de silêncio.
- Humm, de uma antiga família da cidade. – ele disse olhando-a curioso. – A senhora que morava lá faleceu alguns meses atrás e a casa ficou sob responsabilidade de uma imobiliária local. – ele percebeu um brilho nos olhos da garota. – Por que a pergunta?
- Será que eles cobram muito caro o aluguel?
- Você está pensando em... não está feliz aqui? Tem alguma coisa errada? Eu fiz alguma coisa que...
- Não, Sam! – o fez parar de falar. – Só estou pensando que vou ficar mais tempo do que imaginava aqui em Bon Temps e não seria justo te deixar dormindo no sofá para sempre.
- Mas...
- Você pode me acompanhar até essa imobiliária amanhã? – e fez cara de cachorro perdido em mudança, o que logo fez aflorar em Sam seu lado protetor.
- Ah...ok, ok. – ele disse e jogou uma pequena almofada em . – Mas não me agrada a ideia de te ter longe dos meus olhos.
- Obrigada, Sam. – ela disse devolvendo a almofada. – Você é incrível. Merece toda a felicidade que te espera.
- Sei, sei. – e depois de mais um pouco de conversa fiada, ambos foram dormir, em um clima leve e fraternal.

dormiu até mais tarde naquele dia, finalmente conseguindo ter uma noite de sono decente e acordou relativamente bem disposta; logo encontrou Sam junto ao fogão, preparando panquecas. Ela sorriu de lado sabendo que era meio tarde para o café-da-manhã, mas Sam não se importou e ela foi ajudá-lo a colocar a mesa. Logo ambos já estavam prontos e seguiram até a cidade, para ver a tal casa que tinha gostado.
Cerca de uma hora depois, os dois foram conhecer a casa, acompanhados por uma corretora. Passar pelo cemitério não foi lá muito fácil para , mas ela respirou fundo e continuou seu caminho: a vida seguia seu curso e ela não podia ficar parada esperando a dor passar, afinal, essa dor nunca passaria realmente.
Enquanto se encantava com os detalhes do sobrado, a grande área ao redor onde ela poderia criar um pequeno jardim e até tomar um pouco de sol, Sam ocupava-se em olhar a estrutura da casa, fiação, encanamentos, essas coisas que normalmente os homens entendem muito mais do que as mulheres. riu consigo mesma.
Após a visita, os três voltaram para a imobiliária e foram falar do que realmente importava: o valor do aluguel. já esperava um absurdo, mas quase caiu de costas quando ouviu a proposta da corretora.
- Essa é nossa situação: por estar localizada muito perto do cemitério, ninguém se interessa realmente em locá-la, então acabamos concordando em colocar a casa a venda, por um valor abaixo do mercado, para ver se conseguimos algum negócio.
- Se você puder nos dar alguns minutos. – disse Sam à mulher e logo estava sozinho na sala com .
- O que foi, Sam? – viu empolgação nos olhos do amigo.
- Essa casa está praticamente de graça, . – ele disse. – As pessoas são muito supersticiosas. E deu pra perceber que eles farão qualquer negócio para se livrarem do sobrado.
- E você acha que está em boas condições?
- Ah, nada que alguns reparos rápidos não resolvam. – e ele encarou a amiga. – Se quer meu conselho, comprar essa casa será um ótimo negócio. – apenas sorriu de lado.
Logo a corretora voltou e, depois de negociarem mais alguns detalhes, fechou o negócio, comprando o sobrado por quase um terço de seu valor real. Ela poderia se mudar no dia seguinte, se quisesse, já que a casa estava toda mobiliada e a imobiliária só precisava de um dia para organizar toda a papelada.
- Vou sentir falta de você na minha casa. – disse Sam quando estavam voltando para o Merlotte’s.
- Mas tenho certeza de que não vai sentir falta de ter que dormir no sofá. – ela brincou e ambos sorriram.
- Não, disso não. – ele disse e logo já estavam estacionando. – Tenho mais um assunto para falar com você. – ele disse em tom sério.
- Sam, se for sobre os vampiros e minha ida hoje ao bar...
- Não é sobre isso. – ele disse. – Pelo menos não agora. – e sorriu de lado.
- Então o que é?
- Eu sei que você agora tem o dinheiro que era dos seus pais, e pode se manter, mas se quiser vir trabalhar aqui comigo, ficarei muito feliz em poder te ajudar dessa maneira.
- Oh, Sam. – ela sorriu um pouco envergonhada. – Nem sei o que te dizer. – e ela abraçou o amigo. – Mas eu não sei.
- Por que não?
- Porque eu realmente não sei aonde vou me meter depois dessa noite.
- Então não vá até esse bar, não vá atrás desses vampiros. – Sam disse por impulso.
- Eu não posso. – ela disse sendo sincera. – Você sabe disso. Eu devo isso aos meus pais.
- Eu sei. – ele afagou os cabelos da garota. – Só lamento não poder te impedir de conseguir justiça.
- Eu também. – ela disse e ambos desceram do jipe.
Sam foi dar um pouco de atenção ao seu bar, enquanto entrava na casa com seu coração mais acelerado. Dentro de três horas Bill a encontraria e ela finalmente conseguiria conversar com Eric, o dono dos olhos mortais.
Após algumas horas movidas a “que roupa usar para ir a um bar de vampiros”, decidiu-se por uma calça jeans, uma blusa preta com decote em V um pouco mais justa e a sandália abotinada que tinha ganhado de Gina alguns meses antes. Agora ela se encontrava inquieta na varanda da casa de Sam; a ansiedade estava tomando conta de seu corpo todo e nem a presença amistosa de Dean a deixava mais tranqüila.
- Está pronta? – perguntou Sam dando uma escapulida do bar.
- Sim. – a garota respondeu. – Como estou?
- Você quer mesmo que eu responda a isso? – ele perguntou, mas logo se arrependeu ao ver o olhar fuzilante. – Ok. Eu cobriria mais seu pescoço, mas acho que com esse calor, gola alta não vai rolar, né?
- Não. Sem gola alta, Sam. – ela disse um pouco impaciente.
- Você está bem. – ele disse por fim. – Nem ousada demais a ponto de chamar a atenção de todos os vampiros, nem discreta demais como uma beata.
- Assim está melhor, obrigada. – ela disse e sorriu levemente.
- Onde está sua correntinha de prata? – Sam a questionou.
- Não achei que combinaria. Por quê?
- Coloque-a. – ele disse em tom de conselho. – Vampiros não gostam muito de prata, ela os machuca. Então, ficarão longe do seu pescoço. – olhou com desconfiança para Sam. – Por favor?!
- Ok, ok. – ela disse e entrou para colocar a jóia. – Satisfeito agora?
- Completamente só se você desistisse, mas como sei que isso não vai acontecer...
mostrou-lhe a língua, numa atitude consciente de moleca, mas sabia que Sam estava apenas preocupado com ela. Ela mesma tinha que confessar que estava preocupada, mas não demonstraria isso a ninguém.
E então faróis chamaram sua atenção. Um elegante BMW estacionou ao lado da casa de Sam e Bill abriu a porta, saindo do luxuoso carro. teve que se controlar para não babar demais no carro, enquanto sentia Sam enrijecendo ao seu lado.
- Boa noite, , Sam.
- Olá, Bill. – a garota respondeu. Sam apenas acenou a cabeça.
- E então, pronta para irmos?
- Claro. – disse depois de sentir o característico “frio na barriga”.
- Cuide bem dela. – disse Sam como se fosse seu pai. – Se alguma coisa der errado...
- Nada dará errado. – disse Bill fechando a porta para . – Só queremos ajudá-la, assim como você. – Sam não gostou da comparação, mas achou melhor não retrucar. acenou e logo ela e Bill já pegavam a estrada rumo a Shreveport.
- Você está muito bonita. – disse Bill alguns minutos depois.
- Obrigada. Confesso que fiquei algum tempo olhando para minhas roupas até decidir o que vestir. Não é como se eu saísse muito antes.
- Entendo. – ele disse gentilmente. – Sua escolha está apropriada. – houve um silêncio. – Seu colar, é de prata?
- Sim. – disse. – Um presente da minha mãe. – e segurou no pingente de coração. – Incomoda-o? Acha que devo tirá-lo?
- Não. – ele disse. – Pode servir de proteção para você.
- Proteção? – assustou-se. – Eu corro algum risco com esse vampiro, Bill?
- Eric é um pouco instável às vezes. – Bill disse calmamente. – Mas não acredito que ele tentará algo contra você. Porém eu deixaria o colar onde ele está.
- Claro. – disse com a voz um pouco trêmula. Onde diabos ela estava se metendo?
E então Bill estacionou o carro. Um bar, com certeza, mas com um nome diferente: Fangtasia. Um belo trocadilho com as presas, teve que admitir, mas as batidas aceleradas de seu coração não camuflavam seu nervosismo.
- Vamos? – Bill disse abrindo a porta do carro e estendendo sua mão para .


Capítulo 08


04 de Setembro, Shreveport, 20:30h

Desde que acordara, Eric estava inquieto. Pam tentou conversar, mas ele preferiu a solidão de seu escritório. Ansiedade não era um sentimento normal para Eric, mas como o encontro seria com , a dona dos olhos que haviam lhe tirado o sono nos últimos dias, ele se dava ao luxo de desfrutar daquela sensação humana. Pela enésima vez Eric olhou no relógio e soube que em alguns minutos ela entraria pela porta do Fangtasia, e só sairia de lá depois de dar todas as respostas que ele queria.
Assim que atravessaram a porta, e Bill foram recepcionados por uma bela vampira: alta, longos cabelos loiros e penetrantes olhos esverdeados. a reconheceu da visão que teve com Bill.
- Ora, se essa não é a mulher misteriosa. – ela disse dirigindo-se a . – Eric desenhou seus olhos com perfeição. – e certa confusão se passou nos olhos de . – Eu sou Pam.
- Olá, eu sou . – a garota disse com firmeza.
- Ela não é um doce? – Pam dirigiu-se a Bill com um ar quase irônico.
- Finalmente. – disse Eric, saindo do escritório e encarando fortemente os olhos de .
A conexão entre eles quase podia ser tocada por Pam e Bill, de tão intensa que era. O coração de estava desgovernado, mas ela já não sabia se era de nervosismo ou excitação por finalmente estar cara a cara com os olhos da Morte.
- Creio que ainda não foram formalmente apresentados. Eric, essa é Seerswood. esse é Eric Northman, xerife da Área 5. – disse Bill tentando quebrar a ligação dos dois.
- Venha, Srta. Seerswood. – disse Eric e um calafrio percorreu seu corpo. – Temos muito que conversar. – Eric indicou o caminho, mas colocou-se entre a garota e Bill, que a acompanhava. – Você espera aqui, Bill Compton. Pam, não devemos ser interrompidos.
- Eric, eu não... – Bill tentou intervir, mas recebeu um olhar ameaçador de Eric e desistiu. viu tudo de canto de olho, mas ao invés de se sentir completamente apavorada, uma parte sua queria realmente ficar a sós com Eric.
pode ouvir claramente o estalo da porta sendo fechada pelo vampiro e sabia que agora não tinha volta. Ela estava sozinha em uma pequena sala com o dono dos olhos que a atormentavam havia mais de uma semana. Eric ficou estático por alguns segundos, encarando a garota que se encontrava de costas para ele, sentindo um misto de ansiedade e excitação ao mesmo tempo. E então ela se virou e o encarou firmemente.
- Quem é você? – Eric perguntou, quebrando o silêncio.
- Sou uma ex-artista de circo que teve sua família assassinada friamente por vampiros. – ela respondeu sem pestanejar.
- Você é mais que isso. – Eric disse dando um passo na direção de . – Você tem certo poder, posso sentir isso. – e deu mais um passo em sua direção.
não tinha se movido um milímetro, mesmo Eric indo em sua direção. Ele admirou a atitude da garota, pois estava intencionalmente tentando intimidá-la. sabia que Eric a estava testando, mas ela estava convicta de que não sairia dali sem as respostas que fora procurar.
- E se eu tiver algum poder? O que isso interessa a você? – o provocou. Ela não seria a única a ser intimidada naquela sala.
- Humm....poderia ser o motivo de ter saído viva do ataque a sua família. – Eric respondeu pegando de surpresa. Ela nunca tinha pensado naquela hipótese. – Diga-me qual é o seu poder... . – Eric ficou a centímetros dela, olhando profundamente nos olhos da garota.
E então tudo ao seu redor saiu de foco, exceto os olhos azul-esverdeados do vampiro. o viu criança, nadando num mar quase congelado perto de grandes navios dragão, depois o viu já adulto, conversando com seu pai.
- Um viking de mil anos? – ela disse abismada assim que sua visão voltou ao normal. Eric afastou-se com a surpresa daquelas palavras.
- O quê? – ele rosnou.
- Você tentou me induzir. – ela disse e foi sua vez de dar um passo em direção ao vampiro. – E eu pude ver o seu passado. Você vem de uma nobre família de vikings que habitavam os mares do norte. – e aquela foi uma das únicas vezes em que Eric sentiu-se desprotegido.
- Como você sabe disso? – ele aproximou-se dela, presas à mostra, quase com fúria.
- É o meu poder. – ela disse tentando disfarçar o medo que corria em suas veias. – Bom, uma parte dele.
- Explique. – ele ordenou e não se viu com outra opção a não ser concordar.
- Eu posso ver o futuro. – ela disse. – Esse era meu número no circo, mas não era fraude. As pessoas que chegavam a mim tinham realmente uma parte de seus futuros revelada.
- Mas não foi meu futuro que você descreveu. – disse Eric um pouco impaciente sentado em sua cadeira.
- Não. – ela respirou. – Aparentemente, quando vampiros tentam me induzir, ao invés de terem sucesso, eu é que acabo tendo influência e consigo ver o passado ao invés do futuro.
- Isso já tinha acontecido antes?
- Apenas com Bill. – ela respondeu. – Na noite em que nos conhecemos ele tentou me induzir e eu tive minha primeira visão do passado de alguém. Exatamente como aconteceu com você.
- Então você só consegue ver o futuro de humanos? Com relação aos vampiros é só o passado?
- Não. – e novamente sua resposta aguçou a curiosidade de Eric. – Também sou capaz de ver o futuro dos vampiros, exatamente como acontece com humanos. – os olhos de Eric se estreitaram. – Com vocês é como se ver o passado fosse um plus ou algo do gênero.
Fez-se silêncio no escritório, Eric com os olhos fixos em um ponto qualquer, como se digerisse o que dizia, e ela inquieta, sem saber o que aconteceria a seguir. Seu coração continuava em um ritmo acelerado, e ela observava atentamente o vampiro.
- Na noite em que.... – parou, buscando forças para continuar. Eric a olhou. – Na noite em que nos conhecemos, você pareceu me reconhecer de algum lugar.
Eric encarou-a, admirado pela coragem da garota, curioso sobre aquele seu estranho poder, e temeroso em compartilhar com ela aquela ligação misteriosa. Mas ao contrário do que seus instintos diziam, ele apenas deixou as palavras fluírem.
- Eu tenho sonhado com você. – ele disse. – Com seus olhos, mais especificamente. – e viu certa identificação no olhar de . – Os sonhos começaram exatamente há 10 dias. E fora deles, eu nunca tinha te visto.
- E sobre o que são esses sonhos? – a curiosidade não a deixou ficar calada.
- Eu poderia dizer que são sonhos eróticos... o que de fato seria muito interessante... – ele disse olhando-a agora com olhos de desejo, afinal não tinha escapado a Eric que era uma bela e atraente mulher; o que fez com que a garota corasse levemente. – ...mas a verdade é que você foge de alguma coisa e, ao me aproximar, percebo que você foge de mim.
- E então, o que acontece em seguida? – realmente não conseguiu se conter.
- Eu acordo. – ele disse simplesmente, tentando avaliar a reação dela. – Mas eu não fui o único a reconhecer alguém. Você também me reconheceu. De onde?
Mais uma vez inspirou, buscando forças para conseguir falar sobre suas visões. Ela viu a curiosidade agora inundar os olhos de Eric e as palavras saíram involuntariamente através de seus lábios.
- Cerca de 10 dias atrás, estávamos em San Ângelo quando eu fiz a leitura do futuro de um homem. Mas, ao invés de uma leitura normal... olhos azulados, frios, assustadores entraram em foco. Em seguida eles foram banhados em sangue e tudo ficou vermelho. Eu previ a brutal morte daquele homem e... os olhos azulados eram os seus.
- Como? – Eric espantou-se, coisa que era totalmente incomum para ele.
- Eu até cheguei a achar que pudesse ser fruto da minha imaginação, e não tive mais esse tipo de visão até dois dias atrás. – ela fez uma pausa para se recuperar. – Minha mãe tocou em minhas mãos e os seus olhos entraram em foco, banhados em sangue e então, algum tempo depois, todos estavam mortos.
- O que diabos isso significa? – Eric exaltou-se.
- Eu não sei. – disse também em um tom mais alto. – O que sei é que quando os seus olhos entram em foco diante dos meus, uma desgraça está para acontecer.
- E você acha que a culpa é minha? – ele deixou sua cadeira e prensou a garota contra uma parede.
- Eu... Não... Sei. – ela disse pausadamente, seus olhos fixos nos de Eric, tentando controlar a respiração. Eric rosnou e se afastou, liberando e ficando de costas para ela para tentar pensar. – Não sei o que seus olhos fazem em minhas visões, não sei o que meus olhos fazem em seus sonhos. – ela disse. – Não sei que diabos de conexão é essa, nem qual a razão dela existir. – pausa para recuperar o fôlego. – O que sei é que num minuto minha vida estava perfeita, e agora eu não tenho mais ninguém. – e uma lágrima de raiva, de revolta, de tristeza teimou em descer de seus olhos.
Eric sentiu o cheiro de água salgada e imediatamente se virou, encontrando olhando atentamente para ele, lutando bravamente para controlar seus sentimentos. Ele não sabia o porquê, mas aquela garota fazia com que o ser humano que um dia ele fora aflorasse e, junto dele, todos aqueles sentimentos que ele achava ter esquecido que existiam. Ele se aproximou lentamente da garota, erguendo a mão e, delicadamente, enxugou as lágrimas que escorriam por seu rosto.
E foi nesse momento que ambos sentiram a explosão de uma corrente elétrica. Um arrepio estranho percorrendo os corpos daqueles dois seres e alguma coisa foi despertada ali. Desejo, uma luxúria profunda, carnal, pecaminoso até. Os lábios de se entreabriram involuntariamente e Eric foi capaz de sentir seu hálito adocicado, despertando-lhe uma fome quase incontrolável.
tinha seus olhos fixos nos de Eric e então sua realidade saiu de foco, existindo apenas os olhos azuis de Eric. Ela estava tendo uma visão. Momentos depois, com uma inspirada mais pesada, ela saiu de seu transe e encontrou Eric mais próximo do que ela podia imaginar. Por um momento, sentiu seus joelhos falharem.
- Haverá uma pequena confusão em seu bar. – ela disse, afastando os pensamentos impróprios que a tomaram, fazendo com que Eric se afastasse alguns centímetros. – Três homens vão invadir o bar. Eles são do movimento contra vampiros e estão usando réstias de alho ao redor do pescoço, assim como correntes de prata ao redor dos braços e crucifixos de madeira, com uma ponta afiada, como se fosse uma estaca.
- Como você sabe disso? – ele olhava-a atentamente.
- Acabei de ter uma visão com você. – ela disse. – Quando você tocou meu rosto... eu fui capaz de ver seu futuro próximo.
- E quando isso acontecerá? – ele parecia um pouco incrédulo, mas também bastante curioso.
- Sua namorada, a vampira loira... – ela disse fazendo referência a Pam. Não passou despercebido a Eric o status de namorada que deu a Pam. – Entrará pela porta..... – e após uma pequena pausa. – Agora. – e no mesmo instante Pam abriu a porta do escritório.
- Sei que não quer ser incomodado, mas temos um problema urgente. – ela disse.
Eric voltou seu olhar para , claramente admirado e viu a garota sorrir de lado, como se triunfasse momentaneamente sobre Eric. Ele olhou para Pam e seguiu até a porta, mas antes de sair olhou novamente para .
- Não se preocupe, ainda não terminamos essa conversa. – ela disse surpreendendo-o novamente. – Não vou a lugar nenhum.
Eric sorriu de lado, satisfeito por saber que queria continuar conversando, pois havia tanto a ser desvendado ainda, e atravessou a porta. suspirou de alívio; por um momento achou que se entregaria facilmente a Eric se ele assim desejasse. O que tinha acontecido ali afinal?
Quando Eric e Pam chegaram ao salão principal do Fangtasia, encontraram os três rapazes – exatamente como os descrevera a Eric – no centro do local, proclamando injúrias contra os vampiros e seus simpatizantes. As presas de Eric estavam à mostra, mas ele sabia que não podia tomar nenhuma atitude que exaltasse ainda mais os ânimos daquele trio.
Recolhendo as presas, ele caminhou diplomaticamente até o trio e deu-se início a um debate que, felizmente, acabaria da melhor maneira possível para ambos os lados.
Não fazia nem dez segundos que Eric havia saído e Bill entrou no escritório como um furacão. Seus olhos ardiam de modo diferente e ele mostrou alívio ao ver com seus próprios olhos.
- Você está bem? – ele segurou os ombros da garota. – Faz tanto tempo que ambos estão aqui. Estava preocupado.
- Está tudo bem. – disse. – Nós realmente temos muito que conversar.
- Você tem certeza? Ele não a está obrigando a ficar aqui, está? – Bill ainda não tinha se convencido.
- Não. – disse firmemente. – Não se preocupe, Bill. Está tudo sob controle.
Bill encarou , buscando por algum indício de que ela estivesse mentindo, mas não encontrou nada. Ela dizia a verdade. De certa forma ele ficou desapontado, pois não estava realmente gostando da confiança que estava demonstrando ter em relação a Eric.
- Muito gentil de sua parte fazer companhia a enquanto eu resolvia alguns problemas, Bill, mas agora nos dê licença. – disse Eric surgindo com as presas à mostra, o que prendeu a atenção de .
- Acredito que já tenham conversado o suficiente. – disse Bill numa atitude arrogante.
- Como é? – disse Eric virando-se ameaçadoramente para Bill, com as presas à mostra.
- Bill. – o recriminou. – Quando eu e o xerife tivermos terminado, nós iremos embora. – e Bill a encarou. – Não há com o que se preocupar.
Eric mantinha os olhos em Bill e viu quando ele “enfiou o rabo entre as pernas” e saiu da sala, deixando-os novamente a sós. Ele virou-se para , admirado pela firmeza da garota.
- Você é dele? – ele a questionou, retraindo as presas.
- Desculpe-me? – realmente não tinha entendido a pergunta.
- Você pertence a Bill Compton? – e ele caminhou lentamente na direção dela.
- Não. – ela respondeu com espanto. – Eu não pertenço ao Bill. Nem a ninguém.
- Interessante. – ele respondeu com um ligeiro sorriso. – E imprudente.
- Ok. – ela disse e largou-se numa das cadeiras. – O que foi que eu perdi?
- Pelo modo que Bill agiu, tão protetoramente, eu supus que você era a humana dele. – ele disse sentando-se também. – Desculpe pelo engano.
- Eu realmente posso parecer uma burra agora, mas não estou entendendo uma única palavra do que você está dizendo. – ela disse em tom de cobrança. Eric riu.
- Quando um vampiro se importa com um humano, quando eles têm algum tipo de envolvimento, seja sexual, seja de doador de sangue, nós, vampiros, costumamos declarar que aquele humano é nosso. Dessa forma, outro vampiro não pode se alimentar dele. É uma forma de proteção. – ele explicou calmamente, quase se divertindo.
- Acho que entendi. – disse. – E não, definitivamente eu não sou do Bill. – e fez uma pequena pausa. – E nem de nenhum outro vampiro. Aliás, por que eu iria querer ser de algum vampiro?
- Para se proteger. – ele disse, num tom mais sério agora. – Seu poder é muito interessante, .
- O que você quer dizer, Eric?
- Ter o dom de prever o futuro é um poder muito cobiçado. – ele disse. – Acabei de ter uma amostra do que você é capaz de fazer e estou realmente muito impressionado. – ele a encarou fixamente. – Fico me perguntando o que alguns seres não seriam capazes de fazer para possuir você... seu dom.
- Você não está insinuando que...? – ela não conseguiu terminar a frase.
- Estou. – ele disse secamente. – Tenho um forte palpite de que alguém mandou aqueles vampiros até seu acampamento. Não foi por acaso que você escapou. Era um meio de encontrá-la indefesa, de poderem levá-la sem dificuldades.
O ar pareceu faltar a . Nem em sonho ela havia pensado naquela possibilidade. Matarem sua família e amigos para terem livre acesso a ela? Aos seus poderes? Que tipo de criatura seria capaz de um ato daqueles?
- Entende agora por que você precisa de proteção? – Eric disse e assustou-se ao encontrá-lo ao seu lado, a centímetros de seu corpo. – Eu posso oferecer isso a você. – ele disse e em seguida suas presas ficaram à mostra enquanto ele se aproximava lentamente do pescoço de .
- Não....ouse. – ela disse firmemente, tentando não transparecer o pânico que invadia todo o seu ser.
Eric encarou os olhos de e em seguida baixou os seus próprios olhos até o pescoço da garota, reparando na corrente de prata que adornava o local. Ele deu um sorrisinho de lado, se afastou um pouco e retraiu as presas novamente.
- Esperta. – ele disse. – Mas ainda há muitos locais dos quais posso me alimentar. – e foi descendo os olhos em direção às pernas de , parando o olhar estrategicamente na altura da sua virilha. – Um dos meus favoritos é a artéria femoral, na parte interna da sua coxa. – ela viu os olhos de Eric brilharem e engoliu em seco.
- Como eu disse antes. – tentou mudar de assunto. – Não pertenço ao Bill, e a NENHUM outro vampiro. – e Eric forçou-se a olhar para seu rosto novamente. – Você não pode me morder sem minha autorização. E também não consegue me induzir. Então, nada feito.
Eric ergueu uma sobrancelha, admirando mais uma vez a coragem daquela mulher, e sorriu de lado. Afastou-se como se nada tivesse acontecido e sentou-se confortavelmente em sua cadeira.
- Muito bem. – ele disse. – Não posso obrigá-la a ser minha, mas você está cometendo um erro ao ficar tão vulnerável.
- Vou correr o risco. – ela disse e encarou os olhos azuis. Alguma coisa lhe dizia para não deixar nenhum vampiro chegar perto do seu sangue, e ela seguiria essa intuição à risca. – Você disse que haveria justiça para a morte dos meus pais.
- Sim. E vou fazer meu melhor para isso. Ainda mais agora que acredito ter sido tudo uma armação. – ele disse. – Preciso que você descreva exatamente o que aconteceu naquela noite. – inspirou profundamente e começou seu relato.
- Era nossa última noite de apresentações em Bon Temps. Estávamos quase no final do show, um pouco antes da minha entrada no palco quando minha mãe segurou normalmente em minhas mãos e eu tive a visão. – ela parou para respirar. – Seus olhos entraram em foco e eu só consegui ver tudo banhado em sangue. – outra pausa para recuperar o fôlego. – Meus pais queriam que eu desistisse do meu número, mas eu queria tentar descobrir mais, tentar descobrir o que aconteceria realmente, com quem, e se tinha alguma coisa que eu poderia fazer. Então eu...
- Espere um momento. – Eric a interrompeu. – Como assim tentar descobrir o que aconteceria? Você não tinha visto?
- Eu... – ela ficou reticente, mas decidiu prosseguir. – Minhas visões não são perfeitas. – ela disse. – Tem um ponto fraco: eu não sou capaz de ver o MEU futuro. E com meus pais, não passavam de um borrão.
- Explique melhor, por favor. – Eric se arrumou na cadeira, toda sua atenção concentrada em .
- Para eu ter uma visão do futuro de alguém, eu preciso estar olhando em seus olhos e tocando suas mãos. Não há como eu fazer isso comigo mesma. Então, não consigo ver meu futuro, apenas das pessoas em que toco. – pausa. – E com meus pais, as visões nunca foram nítidas. Não sei o motivo. Eu tinha vislumbres do que aconteceria e, naquela noite, vislumbrei a morte. Mas não sabia de quem, como, por qual motivo. Só sabia que algo ruim aconteceria. Não podia imaginar que seria com todos.
- Interessante. – Eric disse. – Muito interessante mesmo. – pausa rápida. – Continue, por favor.
- Eu entrei no picadeiro, fiz as leituras e não havia nada de anormal. Então o show acabou, meus pais decidiram dar uma folga a todos nós, por alguns dias, e eu segui para nosso trailer. Ia começar a me arrumar para dormir quando os gritos começaram.
Uma dor forte invadiu o peito de , seu coração apertado e a vontade de chorar a invadiu. Estranhamente Eric sentiu a angústia que o fazia acordar de seus sonhos e mais uma vez ele teve certeza de que havia uma ligação muito forte entre ele e aquela mulher.
- Eu corri para fora do trailer e foi quando os vi. Eram três vampiros: dois homens e uma mulher. Assim que me viram, abriram um sorriso vitorioso em seus rostos e era como se tivessem encontrado o que procuravam. – ela parou novamente. – Meu pai viu a reação deles e partiu para cima, na tentativa de me proteger, e minha mãe me arrastou de volta pra dentro do trailer, trancando-me lá. – era difícil para ela reviver aquela tragédia. – Eu entrei em desespero por estar presa lá, sem poder ajudá-los, então comecei a bater em uma das janelas para quebrá-la. E então houve um silêncio assustador. – outra pausa. – Eu finalmente quebrei a janela e pulei para fora do trailer, encontrando apenas os corpos das pessoas que eu amava. E foi quando encontrei os corpos dos meus pais. Logo depois Bill apareceu, você apareceu e.... o resto você já sabe.
- Eu.... realmente sinto muito. – Eric disse, sendo verdadeiro, tomado pela compaixão por aquela garota. Não era do seu feitio, mas definitivamente despertava seu lado humano. – Esses vampiros, você conseguiria descrevê-los para mim?
então deu as coordenadas, relatando precisamente cada detalhe que se lembrava dos assassinos de sua família. Ao final, Eric lhe mostrou os retratos falados e quase entrou em pânico ao rever aqueles rostos. Definitivamente eram eles.
- A partir de agora, é comigo. – Eric disse após alguns momentos. – É meu dever como xerife achar esses vampiros e dar a eles a punição adequada. – e então ele se aproximou novamente de . – E isso acabou de se tornar uma questão particular para mim. – ele a encarou intensamente. – Eu não sei que tipo de ligação é essa que nós temos, eu não sei porque eu me sinto solidário a você, mas é assim que me sinto e não quero vê-la sofrer mais.
- Obrigada, Eric. – ela disse, entendendo que aquela era uma grande exceção na vida do vampiro. Ela também não entendia aquela conexão, mas de alguma maneira, contrariando seus instintos de auto preservação, ela confiava nele.
- Entrarei em contato assim que tiver alguma notícia. – ele disse dando a entender que a conversa tinha acabado. – Você ficará em Bon Temps?
- Sim. Comprei uma casa por lá. Ficarei na cidade, pelo menos até resolvermos isso de uma vez por todas.
Eric acenou com a cabeça e ambos encaminharam-se para a porta. sentiu a presença do vampiro atrás de si e aquela corrente elétrica novamente percorreu seu corpo. Realmente estava na hora de sair de lá.
- Finalmente! – Bill exclamou assim que a porta se abriu. – Você está bem?
- Sim. – disse. – Entre mortos e feridos, salvaram-se todos. – ela disse fazendo uma alusão à condição de vampiro de Eric e à sua própria condição de ferida pela situação.
- Gostei dela. – disse Pam rindo abertamente, enquanto juntava-se a Eric, que também sorria com a piada. Bill apenas balançou a cabeça.
- Minha visão não lhe fez jus. – disse a Pam. – Você é muito mais bonita pessoalmente.
- Sua visão? Comigo? – Pam estava perdida.
- Algumas noites atrás, eu tive uma visão do Bill vindo aqui e vocês dois conversaram por alguns minutos. – respondeu.
Pam encarou , depois Bill e depois Eric, que lhe lançou um olhar de “te explico mais tarde” e voltou a olhar para a bela .
- Ok, não entendi, mas passei a gostar ainda mais de você. – e agora seu tom já começava a ser um pouco mais ameaçador do que habitual.
- Pam, comporte-se. – disse Eric se divertindo com a situação.
- Ok, hora de ir. – disse Bill envolvendo a cintura de . Eric não gostou daquilo.
- Obrigada, Eric. – ela disse e o vampiro apenas esboçou um sorriso torto.
Bill conduziu rapidamente até o carro, dando partida e pondo-os em movimento numa velocidade espantosa. ajeitou-se no banco, recostando a cabeça no vidro e repassando toda aquela longa conversa.
Eric e Pam observaram os dois saírem do bar e seguiram para o escritório. Ele sentou-se em sua cadeira, com um ar pensativo que aguçou ainda mais a curiosidade de Pam, que se mantinha de pé, com as mãos na cintura e uma baita interrogação em seu rosto.
- Visões? – ela encarou seu criador. – Ela tem visões? Do futuro? Esse é um poder que muitos até matariam para ter.
- Exatamente. – disse Eric olhando para sua cria. – Ela tem o dom de prever o futuro. E nós temos um tipo de ligação. – Pam arqueou a sobrancelha. – Do mesmo modo que eu sonho com seus olhos, ela também vê os meus. O detalhe é que quando ela vê meus olhos, alguma coisa ruim acontece.
- Alguma coisa ruim como...?
- Como a morte de seus pais.
- O que isso significa?
- Eu não sei, Pam. – Eric bufou. – O que sei é que mais alguém sabe desse poder dela, e está disposto a fazer qualquer coisa para obtê-lo.
- E não me diga que é você quem irá protegê-la! – e foi a vez de Pam bufar. Eric apenas a olhou. – Oh, please!
- Ela me faz sentir, Pam. – ele se abriu mais um pouco com sua cria. – E eu sinto que devo protegê-la.
- Oh, fuck! – ela exclamou. – Nem é preciso ter dom pra prever que há muita confusão vindo por aí. – e Eric não conseguiu controlar o riso diante do comentário de sua amiga.

Bill olhava para de vez em quando, para ver se ela tinha adormecido, mas ela apenas parecia distante.
- O que houve? – ele tentou puxar assunto.
- Foi difícil recontar a história para o Eric. – ela disse. – Eu sabia que ele precisaria dos detalhes, mas foi penoso reviver aquela noite.
- Sinto muito. – Bill disse solidário. – Se tiver alguma coisa que eu possa fazer...
- Obrigada, Bill, mas não há nada. – ela olhou para os profundos olhos azuis de Bill e se sentiu reconfortada.
Ele sorriu levemente e voltou a prestar atenção à estrada, enquanto voltava seus pensamentos para tudo o que acontecera naquela noite enquanto ela estava “trancada” no escritório com Eric.

05 de Setembro, Bon Temps, 01:00h

Sam estava plantado na varanda quando viu os faróis do carro de Bill fazerem a curva e entrarem no estacionamento do Merlotte’s. Um alívio enorme percorreu seu corpo.
- Por que demoraram tanto? Você está bem? O que aconteceu? – ele disparou ao ver descendo do carro.
- Respira. – ela brincou. – Está tudo bem. A conversa foi longa, apenas isso. – e ela se virou para Bill. – Obrigada por tudo. Por ter me levado, por ter esperado do lado de fora, por ter me trazido sã e salva.
- Não foi nada. – ele respondeu. – O que aconteceu foi imperdoável. Todos os nossos esforços estarão nessa busca. Pode ter certeza.
- Eu sei. – ela disse. – Agora eu realmente preciso entrar. Estou exausta.
- Durma bem. – ele disse e depois apenas acenou com a cabeça para Sam.
Assim que Bill saiu do estacionamento, Sam deu um baita abraço em , daqueles em que nem se consegue respirar direito. Depois ele a afastou e fez questão de checar o pescoço e os pulsos de , para se assegurar de que ela não havia sido mordida.
- Satisfeito? – ela disse em tom brincalhão.
- Estou sim. – ele disse tentando segurar o tom azedo. – Você tem ideia de como eu estava preocupado com você no meio daquele monte de vampiros?
- Eu sei que você estava preocupado, Sam. E que só quer me proteger. – e ela pegou nas mãos do amigo. – Mas eu tinha que fazer isso. Eu tinha que conseguir algumas respostas, e consegui. – e ela fez uma pausa. – E acho bom você se preparar, porque acho que daqui pra frente, o movimento de vampiros vai aumentar aqui em Bon Temps.
- Merda! – e ele a olhou de lado. – Lá se foi meu sossego! – não conseguiu segurar uma divertida gargalhada.
- Agora... será que a gente pode entrar e dormir? – e ela o abraçou. – Eu realmente estou exausta. – Sam apenas retribuiu o abraço e ambos entraram na casa.


Capítulo 09


05 de Setembro, Bon Temps, 03:30h

ouviu um estalo do lado de fora da casa de Sam e, como ele continuava dormindo como uma pedra, ela acabou se levantando para verificar, mesmo sabendo que era imprudência.
Abriu lentamente a porta da varanda, sem acender nenhuma luz e caminhou até o beiral da sacada sem nada encontrar. Um suspiro de alívio saiu por seus lábios e ela sorriu consigo mesma virando-se para voltar para dentro.
- Olá, – disse a voz rouca de Eric.
- Jesus! – ela levou a mão à boca, abafando o grito de susto. – Quer me matar do coração, Eric?
- Você precisa ser mais cuidadosa. – ele disse caminhando pela varanda. – Poderia ser qualquer um em meu lugar e você já teria sido raptada... ou morta.
- Vou me lembrar disso. – ela disse olhando para o vampiro. – O que você veio fazer aqui?
Eric não respondeu nada. Apenas encarou ardentemente os olhos de e a enlaçou em seus braços, fazendo com que seus corpos ficassem perigosa e deliciosamente próximos.
Os olhos de corriam dos de Eric até seus lábios entreabertos, e voltavam às íris azuladas, enquanto Eric lentamente subia uma das mãos pelas costas de , até parar estrategicamente na nuca da garota, fazendo-a arfar com o frio da pele do vampiro.
Eric foi se aproximando lentamente do rosto de até que seus lábios se tocaram num beijo suave. Ela sentiu a maciez da pele do vampiro e imediatamente seus lábios se abriram, dando passagem a um beijo mais ardente.
Mas logo ela sentiu algo estranho e, ao se afastar alguns centímetros, encontrou Eric com as presas à mostra, seus olhos brilhando de desejo e excitação. hesitou por alguns instantes, insegura em relação às presas, mas as mãos ágeis de Eric percorrendo seu corpo a fizeram se esquecer de qualquer dúvida e ela se entregou àquele beijo sensual.
Delicadamente Eric deitou no chão da varanda e foi descendo seus beijos por sobre a camisola dela, enquanto uma de suas mãos ia subindo a barra da peça de roupa, deixando à mostra as pernas torneadas da garota.
As mãos e lábios de Eric se concentraram em acariciar a região interna da coxa de e ela soltou um arfar de prazer com o toque gelado de Eric. Ela já podia sentir leves espasmos percorrerem seu corpo e então olhou para o vampiro. Os olhos de Eric ardiam de paixão e então, inesperadamente ele cravou as presas na perna de , perto da virilha.
- Não! – ela disse e sentou-se de um pulo na cama. A respiração ofegante, o coração acelerado. – Puta que pariu! – ela disse baixo, depois de se certificar de que Sam não tinha acordado.
Ela apoiou a cabeça entre as mãos, limpando as gotículas de suor que escorriam por sua testa, tentando controlar o ritmo da sua respiração. Mas ela só conseguia pensar no sonho e em Eric. Ela não tinha como negar que ele era completamente lindo, com toda a sua estatura, os fios loiros, os olhos daquele azul-esverdeado e o corpo esculpido cuidadosamente.
Mas ainda assim ele era um vampiro, que sabia sobre seu dom e que podia muito bem arquitetar qualquer história para se beneficiar do seu poder. Ele não era totalmente confiável, ela sabia, mas era impossível negar que ela tinha se sentido extremamente atraída por ele.
balançou a cabeça para os lados, na vã tentativa de apagar aquele sonho e as impressões que teve de Eric de seus pensamentos, e voltou a se deitar. Mas foi só fechar os olhos que os lábios de Eric estavam novamente terrivelmente perto dos seus, e o desejo de beijá-los gritava em sua mente. Ela abriu os olhos e suspirou: aquela seria uma longa noite.

05 de Setembro, Shreveport, 05:40h

O último cliente deixou o Fangtasia depois de uma noite um pouco mais conturbada, principalmente depois da aparição dos três protestantes, mas logo as coisas se acalmaram.
Eric tinha ficado boa parte da noite em seu trono, depois que e Bill foram embora, mas em nenhum momento a garota deixou seus pensamentos. Ele realmente tinha ficado impressionado com aquela mulher, não só com a ligação que ambos perceberam ter, mas também com a coragem que ela tinha.
Normalmente as pessoas sentiam-se intimidadas na presença dos vampiros, exceto os fangbangers, mas ela, se teve medo, não o demonstrou. Eric admirava aquele tipo de comportamento: audaz, desafiador, confiante.
Isso, sem falar no fascínio e atração que ele sentiu. Não eram muitas as mulheres que despertavam o desejo de Eric, mas já estava em vantagem por tê-lo conquistado ainda em seus sonhos. Aquele olhar amendoado e determinado o havia ganhado, além das belas curvas e da rejeição em ser sua. Eric definitivamente gostava mais quando tinha que lutar pelo que queria.
- Então... – Pam apareceu ao lado do seu criador. – O que você vai fazer agora, Eric?
- Tenho o desenho dos vampiros. – ele disse. – Vou caçá-los.
- E como pretende fazer isso? Eles provavelmente não são daqui, podem inclusive ter encontrado a verdadeira morte.
- É verdade. – ele resmungou. – Mas tenho que começar por algum lugar.
- E onde seria isso?
- San Ângelo. – ele respondeu. – Foi lá que ela viu meus olhos pela primeira vez, na mesma noite em que sonhei com ela pela primeira vez. – e ele olhou para sua cria. – Pode haver alguma pista por lá.
- Então vou com você dessa vez. – ela disse. – Não estou gostando dessa história.
- Não. – ele disse taxativo. – Não quero despertar mais suspeitas do que o necessário. – e olhou para Pam. – Além do mais, alguém precisa manter o bar funcionando.
- Ótimo. – ela disse em seu tom entediado. – Vou para debaixo da terra agora. – e se afastou serpenteando pelo bar. Mas antes de desaparecer, ela se virou para Eric. – Bons sonhos. – e arqueou a sobrancelha sorrindo. Eric balançou a cabeça.
Depois de apagar as luzes do bar, ele seguiu para o andar inferior, onde ficava seu quarto preparado para protegê-lo da luz solar, se despiu e se largou em sua enorme cama.
Bem que ele tentou dormir, mas toda vez que fechava os olhos, era o rosto de que ele via. O formato amendoado dos olhos, o delineado das sobrancelhas, o aveludado de sua pele, o corado das bochechas e o vermelho de seus lábios. Tão suculentos, tão deliciosamente atraentes.
Eric engoliu em seco, mas não reprimiu os pensamentos que agora relembravam seu pescoço esguio, o colo perfeitamente desenhado, os seios mais volumosos que subiam e desciam com o arfar de sua respiração, a cintura bem marcada e em seguida o desenho longilíneo de suas pernas. Os quadris eram ligeiramente mais largos e as coxas mais grossas, dando o ligeiro formato de uma pêra. Eric arfou em seus devaneios, sentindo seu corpo desejar desesperadamente aquela mulher. Ela seria dele e ele a provaria de todas as formas possíveis.
Foi em meio a essas imagens que ele caiu no sono e dessa vez seus sonhos não foram regados a perseguições e angústias, mas sim a cenas quentes de dois seres devorando-se entre lençóis e travesseiros.

05 de Setembro, Bon Temps, 08:30h

acordou quando Sam deixou um copo cair sem querer. A garota deu um pequeno pulo na cama e logo ouviu Sam jorrando alguns palavrões. Ela riu. Vestiu-se rapidamente com um short e uma camiseta e apareceu na cozinha.
- Está vivo aí? – ela perguntou enquanto ele pegava os cacos do copo.
- Eu te acordei, não é? – ele disse chateado. – Desculpe.
- Tudo bem, Sam? – ela disse aproximando-se e ajudando-o.
- Está. – ele disse de lado. – Não dormi muito bem, eu acho.
sentiu seu sangue gelar por um momento, imaginando se seus sonhos com Eric haviam sido revelados durante a noite. Ela não se lembrava de falar dormindo, mas com tantos acontecimentos...
- Algum motivo especial? – ela sondou.
- Não. – e ele se levantou jogando os cacos no lixo. – Tive alguns pesadelos com você e aqueles vampiros. – o encarou. – Você sabe que eu não gosto dessa proximidade, . Eles são perigosos.
- Eu sei, Sam. – ela afagou os braços do amigo. – Mas só tenho a eles para recorrer. Nossa polícia humana não daria conta de três assassinos frios. E o tal do Eric me garantiu que ele tomaria providências.
- Bom. – ele disse depois de uma bufada contrariada. – Só não consigo evitar me preocupar com você. Isso que dá ganhar um irmão mais velho. – e ele apertou a bochecha de , fazendo-a sorrir.
ajudou Sam com o café e logo ambos se deram conta de que aquele era o último café-da-manhã que tomariam juntos ali. Sam sabia que precisava seguir com sua vida – e Deus, como ele sentia falta de sua cama! – mas não queria que ela se afastasse muito.
Depois de algum tempo colocou suas coisas – que não eram muitas – no jipe de Sam e ambos seguiram, ela de scooter e ele de jipe, para o sobrado ao lado do cemitério. A corretora estava à espera dos dois e rapidamente lhe entregou as chaves, saindo em seguida, como se tivesse medo do lugar.
- Chega a ser engraçado. – disse a Sam. – Só porque é do lado do cemitério.
- Mas você não tem nenhum receio? Nenhunzinho???
- Ah, Sam! – ela gargalhou. – Você também não, né!
- Ah, vai saber! – e ele também caiu na gargalhada.
Depois de recuperados, ele entregou as chaves a e, lado a lado, atravessaram o gramado, subindo os degraus da ampla varanda e parando diante da porta. Eles se entreolharam e colocou a chave na fechadura, girando-a sutilmente até destrancá-la.
Tudo estava como no dia anterior, apenas com um leve cheiro de limpeza no ar. deixou as malas perto da porta e subiu no primeiro degrau da escada que levava ao segundo andar.
- Minha casa. – ela disse. – Pela primeira vez na minha vida moro em algo estático, que não precisa de freio, que não vai sair andando por aí. – e a saudade apertou em seu coração.
- Mudanças. – disse Sam. – Às vezes, apesar de drásticas, elas vêm por algum motivo maior.
- Que verdades será que me esperam lá fora? – ela soltou num tom preocupado e curioso ao mesmo tempo.
- Seja o que for... – disse Sam. – ...você irá descobrir. – e segurou na mão de sua amiga. – E eu estarei ao seu lado.
Ela sorriu agradecida e suspirou uma vez mais, olhando para cada canto da sua nova moradia. Sam ajudou a garota a levar as malas até o segundo andar e depois se despediu, pois precisava voltar ao bar.
- Você vai ficar bem aqui? – ele perguntou apreensivo.
- Vou sim. – ela disse. – Tenho uma tarde inteira de arrumações aqui. Nem vou ver o tempo passar. – ele acenou com a cabeça e partiu com o jipe em direção ao Merlotte’s.
acenou até que o jipe desapareceu na curva e inspirou profundamente. O ar fresco da manhã invadiu seus pulmões, fazendo-a se lembrar da sua primeira manhã em Bon Temps, acordando com os passarinhos e tomando café com seus pais.
Apesar da forte saudade, ela reprimiu um pouco o sentimento e decidiu iniciar a arrumação da casa. Ela havia gostado de quase tudo, mas alguns objetos não combinavam em nada com ela, nem com a decoração, e assim passou seu dia: deixando sua nova morada com a sua cara.
Depois de várias horas de trabalho ela finalmente tinha deixado tudo do jeito que queria. Obviamente teria que passar em uma dessas lojas de departamentos para comprar algumas coisas, mas no geral, sua casa estava pronta para ser habitada novamente.
- Ainda bem que Sam me deixou um pouco de comida. – ela disse para si mesma abrindo um potinho com algumas panquecas feitas naquela manhã.
Não era exatamente a refeição que esperava, mas para aquele momento, de total cansaço, era praticamente um manjar dos deuses. Ela devorou a comida em dois segundos, pois só depois de colocar o primeiro pedaço da boca, foi que percebeu como estava faminta.

05 de Setembro, Bon Temps, 17:58h>

Música 02
O dia estava quase no fim, já podia sentir o frescor da noite chegando e decidiu ir até a varanda, respirar ar limpo. Sentiu uma suave brisa contornando seu corpo. O céu estava de um alaranjado forte, quase fluorescente e algumas garças brancas reluziram aos raios do poente.
olhou para a cerca do cemitério, percorrendo os detalhes com olhos curiosos e pode perceber que não era muito estruturada. Apenas alguns mourões de madeira e fios de arame demarcavam as terras do cemitério que, para ela, se parecia muito mais com um belo e antigo bosque do que com lugar de tristeza com túmulos e ossos.
Ao olhar mais atentamente ela viu a pequena falha na cerca, criando uma pequena passagem entre os locais, o que aumentou a saudade no peito de . Ela estava tão perto deles! Ela já tinha reprimido a vontade de ultrapassar aquela cerca antes, mas dessa vez não resistiu.
Seus longos passos quase viraram uma corrida leve e em segundos ela estava no território onde seus pais estavam enterrados. Não demorou muito para achar as sepulturas e logo já estava ajoelhada ali, entre seu pai e sua mãe.
- Tudo vai ficar bem. – ela disse para si mesma, segurando as lágrimas. – Eu vou descobrir quem nos separou... e haverá justiça. – e a lágrima teimosa desceu por seu rosto.
fechou os olhos por um momento, sentindo a brisa leve que movia as folhas do chorão que havia ao lado dos túmulos de seus pais e quase sentiu o aroma do perfume adocicado de sua mãe. Um sorriso tímido preencheu seus lábios e ela jurava que naquele momento podia sentir a presença de seus pais ao seu lado.
Um canto triste ressoou em algum lugar daquele local, mas não se assustou. Sempre gostou de ouvir os sons da natureza e ela teve certeza de que havia feito a escolha certa ao fazer de Bon Temps o lugar de descanso da sua família. Era bom saber que eles estavam tão perto dela, e ela sabia que eles a protegeriam, do modo que fosse.
- ? – uma voz familiar surgiu atrás de si, assustando-a.
- Bill! – ela quase gritou. – O que faz aqui?
- Eu é que deveria fazer essa pergunta. – e então ele desviou seu olhar para o túmulo dos pais da garota.
- Precisava vir aqui. – ela disse. – Sinto tanto a falta deles!
- Eu sei como é. – ele disse. – E te entendo perfeitamente. – e então seu tom ficou mais sério. – Mas não acho que vir ao cemitério à noite seja a melhor opção para você. – encarou os olhos azuis de Bill. – Ainda não sabemos quem fez isso com você. Não é seguro ficar sozinha à noite.
- Oh. – ela disse e instintivamente olhou ao redor. – Por um momento me esqueci disso.
- Venha, vou te acompanhar até sua moto. – e ambos passaram a caminhar a passos lentos.
- Na verdade... – ela disse reticente. – ...esqueci de mencionar ontem. Comprei o velho sobrado aqui do lado.
- É mesmo? – Bill parecia surpreso. – Achei que continuaria morando com Sam Merlotte. – e a insinuação do vampiro não passou despercebida por .
- Sam é um grande amigo. – ela disse. – Mas não tinha mais motivo para eu continuar o incomodando. E a casa saiu por uma ninharia quase.
- Fico feliz por você. – ele disse. – Só não imaginei que pretendia ficar por aqui.
- Bom, como não sei quanto tempo vai levar até resolvermos essa situação... – ela disse. – Resolvi encontrar meu canto e deixar Sam voltar a dormir em sua própria cama. – Bill riu.
- O que o trouxe ao cemitério? – se permitiu perguntar.
- Eu moro do outro lado. – ele disse. – Quase sempre passo por aqui.
- Oh. – ela disse espantando-se um pouco.
ainda não tinha assimilado realmente que vampiros tinham uma vida praticamente igual a dos humanos, com exceções como a dieta alimentar e a intolerância ao sol. Em sua mente, eles ainda dormiam em caixões e não em casas normais.
- Bom, chegamos. – ela disse ao ver a clareira formada pela sua casa. – Obrigada por me acompanhar.
- Foi um prazer. – ele disse. Houve um rápido silêncio entre eles, não sabia exatamente o que fazer.
- Desculpe a indelicadeza... – ela disse. – Mas vou entrar. Estou realmente morta de cansaço e louca por um banho.
- Claro. – disse Bill em seu tom polido. – Se precisar de alguma coisa, estou do outro lado do cemitério. – ele disse e olhou para as árvores. – Acho que se você gritar, serei capaz de ouvir e estarei aqui em alguns segundos.
- Obrigada, Bill. De verdade. – ela disse reconhecendo a preocupação de Bill. – Pode ter certeza de que escutará meu grito, se for preciso.
Ambos sorriram e se encaminhou lentamente para a varanda. Bill ficou observando-a até que ela passou pela soleira, acenou e gentilmente se fechou em sua residência. Ao menos ali dentro ela estaria protegida contra vampiros.

05 de Setembro, Shreveport, 18:30hL

- Você tem certeza de que não quer que eu vá junto? – perguntou Pam.
- Tenho. – ele respondeu secamente. – Quero ficar por lá somente o tempo necessário.
- Ok. – ela respondeu entediada. – Apenas mantenha-se fora de confusão.
Eric olhou de lado para Pam e sorriu. Ele sabia que ela queria participar mais das rotinas investigativas de seu criador, mas não queria colocá-la em risco. O laço entre um criador e sua cria era muito intenso, e Eric não queria arriscar a vida da sua amiga.
Logo ele saiu do Fangtasia e seguiu direto para a cidade de San Ângelo, no Texas, local onde tinha tido a primeira visão com seus olhos azuis. Poucas horas depois ele já se encontrava investigando possíveis suspeitos, mas logo percebeu que seria uma procura inútil ali.
Eric suspirou, contrariado, e tomou a direção norte, sentido Dallas. Se havia algum lugar onde ele pudesse encontrar alguma informação, lá seria o lugar ideal. O que não agradava a Eric era ter que encontrá-la novamente, não depois de mais de 20 anos, não depois do que havia acontecido ali.

05 de Setembro, Dallas – Texas, 02:45h

Eric entrou na antiga casa que servia de quartel para os xerifes da área 9. A decoração havia mudado um pouco, mas ainda mantinha traços da presença do último xerife. Uma grande porta de madeira se abriu e uma bela vampira de longos cabelos castanhos passou por ela.
- Mr. Northman! – ela disse alegremente. – Há quanto tempo!
- Isabel! – ele disse educadamente. Apesar de ter achado que a vampira não estava à altura para substituir seu antecessor, ela o havia surpreendido ao longo dos anos. – Como tem passado?
- Muito bem. – ela disse acenando para o sofá de couro preto. – E você?
- Bem também. – ele respondeu polidamente. – Cuidando dos meus assuntos com a maior discrição possível.
Ela sorriu e durante alguns minutos, trocaram elogios e conversaram sobre banalidades. Isabel era uma vampira antiga, com mais de 500 anos, e depois dos eventos envolvendo o antigo xerife, ela agora governava sua área com rédeas bem curtas.
- Mas diga-me, o que o trouxe aqui? – ela encarou Eric. – Com certeza não foi saudade dos meus belos olhos castanhos.
- Infelizmente não. – disse Eric em seu tom mais sedutor. – Gostaria muito de perguntar o que você sabe sobre videntes.
- Humm.... Videntes? – ela sorriu de lado. – Espécie em extinção. – e manteve o sorriso. – Faz algum tempo que não encontro com um desses por aí. Fascinante poder prever o futuro, não acha?
- Sem dúvida. – Eric respondeu. – Não sabia que estavam em extinção.
- Ah, sim. – ela disse. – O último relato que ouvi sobre um vidente real foi há mais de 50 anos.
- Um vidente real? – a curiosidade de Eric foi notada por Isabel.
- Sim. – ela disse. – Ainda há muitos videntes normais por aí, que tem algumas visões, mas apenas isso. – Eric arrumou-se no sofá. – Agora videntes reais, com previsões precisas do futuro e até conseguir ver o passado...ah, esses estão cada vez mais raros.
- Então há videntes e videntes... – ele concluiu. – Há algum modo de diferenciá-los?
- Quanta curiosidade, Mr. Northman. – ela não deixou passar. – Por acaso andou topando com esses seres psíquicos por aí?
- Não exatamente. – ele desconversou. – Há alguns rumores, mas como são seres cujos meus conhecimentos são mais escassos, achei prudente vir conversar com alguém com certos conhecimentos dos mundos mitológicos.
- Muito bem, até que você me convenceu, Eric. – e sorriu com charme. – Vou lhe contar o que sei sobre os videntes reais.
E então se seguiu uma longa conversa madrugada adentro, Isabel dando os detalhes característicos dos videntes reais, e quais as implicações de outros seres descobrirem os seus poderes.
- Estou em débito com você. – disse Eric finalmente, depois de horas de conversa. – Obrigado pelas informações.
- Ora, o que é isso. – ela brincou. – Acho que finalmente quitamos nossas diferenças.
- Se você vê por esse lado. – Eric sorriu de lado e se levantou.
- Já vai amanhecer. – ela disse. – Descanse por aqui e ao anoitecer você volta para Shreveport. Eu faço questão.
- Certamente. – ele disse e, quando já estava confortavelmente acomodado num dos quartos de hóspedes, ligou para Pam. – Voltarei ao anoitecer.
- Está tudo bem? – ela tentou se fazer de indiferente, mas Eric conhecia sua cria.
- Sim, não se preocupe. – ele disse. – Acredito que encontrei até mais do que procurava.
- Ótimo. – ela disse e então desligaram.
Eric acomodou-se na confortável cama, mas não conseguiu deixar de pensar no que havia acontecido 25 anos antes, quando o encontrou pela última vez.

05 de Setembro, Bon Temps, 21h

Depois do encontro com Bill no cemitério, pensou que realmente tinha sido descuidada ao visitar seus pais à noite. Se, como Eric havia suposto, vampiros estavam atrás dela devido ao seu poder, era realmente imprudente andar sozinha à luz da Lua, ainda mais em lugares ermos como um cemitério.
Ela se largou no confortável sofá da sala e ligou a TV torcendo para que estivesse passando alguma coisa interessante, mas não conseguiu ficar muito tempo por ali. O cansaço da mudança se abateu sobre ela e logo ela se aninhava na grande cama de casal que havia em seu novo quarto.
Apesar da exaustão, ela ainda demorou a pegar no sono, acostumando-se aos barulhos da casa, da vizinhança, das aves noturnas. Uma janela batia insistentemente com o vento, dificultando o relaxamento para que ela pegasse no sono, então seguiu até o quarto ao lado com o intuito de calçar a dita cuja e fazer com que ela fizesse silêncio.
achou um pedaço de jornal em uma das caixas e o dobrou várias vezes, até achar que estava na espessura adequada para se encaixar perfeitamente entre a janela e o vão até o batente. Seguiu até a janela e puxou a folha de madeira, mas sua atenção foi desviada por um vulto claro e ela quase enfartou.
Bill brilhava à luz da Lua, pálido como um fantasma.
O telefone de tocou no mesmo instante, dando-lhe um segundo susto, e quando ela voltou a olhar para Bill, ele já não estava mais lá. O toque de seu celular continuava gritando e ela voltou ao outro quarto para atendê-lo, já sabendo quem era.
- Oi, Sam! – ela disse distante, pensando na figura de Bill.
- Tudo bem? Você parece distante.
- Oh, tudo bem. – ela disse. – É que eu já estava quase dormindo.
- Oh, me desculpe, querida. – ela pode sentir o pesar na voz de Sam. – Não achei que dormiria tão cedo.
- Pois é. – ela disse. – A mudança me deixou exausta.
- Ok. – ele disse constrangido. – Só queria saber se você estava bem.
- Está tudo certo. – ela disse com carinho. – Nos vemos amanhã.
- Ok, boa noite então.
despediu-se e colocou o aparelho em sua mesinha de cabeceira. O jornal dobrado ainda estava em suas mãos, então ela voltou ao outro quarto e, antes de fechar a janela de vez, deu mais uma olhada para o local em que Bill estava. Ou supostamente estava. Ela já não sabia mais.

06 de Setembro, Bon Temps, 09:10h

O som dos pássaros fez com que fosse despertando lenta e calmamente. Apesar de uma noite tumultuada por sonhos estranhos envolvendo vampiros e fantasmas, ela se sentia pronta para seguir sua vida. Talvez fosse a proximidade com seus pais, ou a presença constante de Sam, mas ela se sentia mais segura para enfrentar o que estava por vir.
Depois de não encontrar nada decente para comer, ela decidiu ir até a cidade e abastecer decentemente sua despensa, afinal não dava pra viver só das panquecas requentadas de Sam.
aproveitou também para passar em uma das lojas de departamentos da cidade e renovou seu enxoval com alguns jogos de cama e banho, além de algumas roupas novas. Carregada de sacolas, ela percebeu que uma scooter não era o melhor veículo para se fazer compras, mas ela não abriria mão daquele presente de seus pais. Equilibrou-se como pode e, aos trancos e barrancos, finalmente voltou para sua casa.
Logo depois de arrumar tudo em seus devidos lugares, ela voltou para a scooter e seguiu em direção ao Merlotte’s, onde almoçaria com seu grande amigo. Ela sabia que ele se preocupava e sentia falta dos olhos acinzentados a fitando.
- Bom dia! – ela disse batendo na porta entreaberta do escritório de Sam.
- ! – ele largou o que fazia e abraçou-a com força. – Como passou a noite? Estava pensando em dar um pulo até lá.
- Foi tudo bem. – ela disse sorridente. – Dormi como uma pedra.
Ele sorriu e ambos seguiram até uma das mesas, aproveitando que a clientela ainda estava mais fraca. Fazia tempo que Sam não comia em seu próprio bar e aproveitou para avaliar as receitas de seu cozinheiro.
- Alguma notícia dos vampiros? – ele perguntou, não contendo a curiosidade.
- Nada ainda. – ela disse. – Até onde eu sei Eric está fazendo sua investigação. E Bill se mantém por perto.
- Como assim?
- Eu o vi rondando a casa ontem à noite. – ela disse. – Mas não se preocupe. Vampiros só podem entrar numa casa se forem convidados. Coisa que eu não pretendo fazer.
- Tenha cuidado, . – Sam não escondia sua preocupação. – Eles podem induzi-la e...
- Não podem. – ela sorriu de lado. – Eles não têm esse poder sobre mim.
- Sério? – e um largo sorriso inundou a face de Sam. – Gostei muito de saber isso.
Eles riram e conversaram por mais um tempo, até que as pessoas começaram a chegar e Sam teve que ajudar seus funcionários. Ele era o patrão, mas nunca se recusava – mesmo que com um humor não tão alegre – a ajudar a receber e atender sua clientela.
- Eu já vou, Sam. – ela disse pagando sua conta. – Posso só te pedir um favor? – ele se aproximou. – Quando você tiver uma folguinha, pode ir até minha casa e me ajudar a arrumar uma janela que fica batendo com o vento?
- Claro, querida. – ele disse com um pouco de pressa. – Assim que a coisa ficar mais tranqüila eu vou lá.
agradeceu e logo já deixava o bar, e um Sam atarefado, para trás. Ao invés de seguir direto para sua casa, ela decidiu dar uma volta pela cidade, pelas redondezas, aproveitando que o sol brilhava majestoso protegendo-a dos vampiros.

06 de Setembro, Dallas, 17:25h

Eric já estava acordado e pronto para deixar a mansão de Isabel. As informações que ela havia lhe passado foram úteis, principalmente no que dizia respeito à natureza dos videntes.
- Obrigado pela hospitalidade. – ele disse dirigindo-se à xerife da área 9.
- Disponha sempre que precisar. – ela respondeu. – Sei que as lembranças de Godric ainda estão aqui e lhe machucam, mas minha casa está aberta para você.
Mencionar o nome de Godric fez com que Eric revivesse uma dor antiga em seu peito. Dias de sofrimento 25 anos antes se fizeram presentes na memória do vampiro, mas ele reprimiu aqueles sentimentos e apenas agradeceu a Isabel, saindo em seguida, rumo a Shreveport.

06 de Setembro, Bon Temps, 19h

tinha acabado de sair do banho e estava se trocando quando ouviu a buzina do jipe de Sam. Ela rapidamente se vestiu, sem nem se preocupar em secar o cabelo e apareceu na janela, acenando do alto para seu amigo.
Ela estava descendo as escadas quando inesperadamente os olhos de Eric entraram em foco e ela sentiu aquele desespero avassalador. Tão rápida como veio, a visão desapareceu e ela sabia que algo de ruim aconteceria com alguém que ela gostava. Acelerou os passos para vencer os degraus e irrompeu porta afora, à procura de seu amigo.
- Sam? – ela gritou desejando que ele aparecesse por detrás do jipe. Nenhuma resposta. – Sam?? – ela tentou novamente e então ouviu um gemido baixo.
Ela correu em direção ao jipe, mas antes mesmo de ter deixado a varanda, ela viu Sam se arrastando pelo chão, machucado e ensangüentado, encarando-a com pavor e ódio.
- Não venha! – ele gritou. – Não saia da casa!
Por aquelas palavras ela sabia que o inimigo que havia machucado Sam era um vampiro e, sem realmente pensar, ela deu dois passos para trás, entrando na casa e olhando para seu amigo, impotente.
- Ora, ora. – disse um enorme vampiro saindo da escuridão. – O que temos aqui?
Ele chutou Sam, fazendo com que o metamorfo entrasse completamente no campo de visão da garota. percebeu que Sam não se mexia e entrou em pânico. Ele iria morrer.
- Afaste-se dele! – ela gritou tentando controlar o medo em sua voz.
- Eu acho que não. – o vampiro disse e levantou Sam como se ele fosse uma boneca de pano.
viu a dor percorrer os olhos de Sam, mesmo ele não tendo emitido nenhum som. Seu coração deu uma falhada, mas ela ainda não conseguia se mexer. O vampiro aproximou suas presas do pescoço de Sam e começou a drená-lo lentamente. decidiu que tinha que fazer alguma coisa e deu um passo em direção a eles.
- Não.... – Sam disse em tom baixo, perdendo suas forças.
- Solta ele! – ela gritou. – Sou eu quem você quer!
- Oh, sim. – o vampiro disse. – Você é meu objetivo, mas ninguém disse que eu não poderia me divertir antes.
E então, num movimento rápido, o vampiro ergueu Sam e o jogou contra seu próprio joelho, fazendo com que ouvisse o estalo da coluna de Sam sendo quebrada ao meio.
- NÃO!!! – ela gritou em desespero e chegou ao primeiro degrau da varanda. – SAI DE PERTO DELE!!!
E foi quando algo totalmente absurdo aconteceu: o vampiro pareceu ser tomado por uma força externa, deixou o corpo inerte de Sam cair no chão, começou a flutuar no ar, e foi jogado contra a pequena cerca de madeira que contornava a entrada de carros da casa.
No momento em que o corpo do vampiro foi perfurado por uma das ripas de madeira da cerca, ele soltou um urro de desespero e então seu corpo explodiu, tornando-se nada mais do que uma gosma nojenta de carne e sangue.
- O que diabos foi isso? – ela disse para si mesma, sem ter certeza alguma do que havia acabado de acontecer.


Capítulo 10


06 de Setembro, Shreveport, 19:05h

Eric estava a apenas cinco metros da entrada do Fangtasia quando os olhos de entraram em foco em sua frente e ele sentiu a angústia aterrorizante que o acordava de seus sonhos.
- Ela está em perigo. – ele pensou mais alto e deu meia volta seguindo o mais rápido que podia até onde estava.

06 de Setembro, Bon Temps, 19:10h

- O que diabos foi isso? – disse para si mesma, sem ter certeza alguma do que havia acabado de acontecer.
O grunhido de Sam fez com que ela voltasse à realidade e ela correu até o amigo, sem pensar se haveria ou não outro vampiro por perto, espreitando-a. Ao alcançar Sam, ela notou que ele estava muito fraco e mortalmente ferido.
- Sam? – ela o chamou baixinho. – Você pode me ouvir, meu querido?
- ... – houve um engasgo. – ... – ele murmurou baixo e abriu os olhos. – Voc... você...
- Estou bem. – ela disse. – Você também vai ficar. – mas não havia firmeza nenhuma em sua voz. Ela sabia que ele não ficaria bem.
Foi quando ela sentiu um vento ao seu redor e então a figura escultural de Eric apareceu diante dela, com as presas à mostra, pronto para enfrentar o que quer que fosse. Seus olhos o fitaram por alguns segundos, até ela assimilar que ele realmente estava ali.
- O que aconteceu aqui? – ele perguntou, secamente, olhando ao redor, parando os olhos sobre a gosma vermelha.
- Você pode me ajudar com ele? – ela ignorou a pergunta, lágrimas escorrendo por seus olhos.
Eric finalmente percebeu a presença moribunda de Sam e não gostou realmente do que viu. Era o metamorfo que o havia confrontado na noite em que ele conheceu e ele realmente não gostava de metamorfos.
- Ele já está quase morto. – Eric disse sem emoção.
- Você pode me ajudar? Por favor? – ela encarou os olhos azuis de Eric, quase implorando.
- Vamos levá-lo para dentro. – o vampiro bufou e pegou, a contragosto, o homem em seus braços. Contudo, ao chegar à porta, ele estagnou. encarou-o com espanto, e só então percebeu o que faltava.
- Oh. – ela limpou o rosto. – Mr. Northman, você gostaria de entrar, por favor?
Eric abanou a cabeça e seguiu até o sofá, colocando Sam deitando sobre o móvel. Arregaçando a manga da sua jaqueta de couro preta ele mordeu o próprio braço e o ofereceu a Sam. O metamorfo, a princípio, recusou-se a beber, mas segurou em suas mãos.
- Beba, Sam, por favor! Por mim! – e olhou profundamente nos olhos acinzentados, que começavam a perder seu brilho.
Sam não teve outra escolha e, por querer continuar vivo e protegendo , aceitou o braço de Eric e começou a sugar o sangue do vampiro milenar. As presas de Eric continuavam à mostra, demonstrando que ele não estava satisfeito com aquilo, mas ele simplesmente não conseguiu negar aquele pedido de .
Algum tempo depois, a garota percebeu que Sam começava a se recuperar e então Eric afastou seu braço curando-se instantaneamente. se surpreendeu com aquilo e encarou Eric, que tinha uma expressão com muitas interrogações. Ambos seguiram para a varanda.
- Como você soube? – ela o questionou.
- Vi seus olhos e senti aquela angústia. – ele disse. – Sabia que você estava com problemas.
- Bom, eu vi os seus, então soube que alguma coisa estava errada. – ela disse.
- O que aconteceu? – Eric perguntou, agora usando um tom mais agradável, quase preocupado.
- Sam tinha acabado de chegar. Eu estava descendo as escadas e vi seus olhos ent...
- Você teve uma visão sem ter tocado em ninguém? – a pergunta de Eric fez com que pensasse naquilo.
Era a primeira vez que ela previa o futuro sem ter tido nenhum contato. Não tinha sido nada específico, apenas os olhos mortais de Eric, mas ela já havia se acostumado a associá-los a tragédias.
- Acho que tive. – ela disse confusa. – Foi mais uma sensação, do que uma visão propriamente dita. – Eric a encarou curioso, ela continuou o relato. – Então eu corri para fora, mas o vampiro já o tinha atacado. – ela respirou. – Ele disse que eu era o seu objetivo, mas que iria se divertir primeiro e quebrou Sam ao meio.
- Ele vai ficar bem. – disse Eric ao ver a garota voltar seus olhos para dentro da sala. – O que mais aconteceu? – e ele dirigiu o olhar ao monte de gosma.
- Eu não sei, exatamente. – ela disse sentando-se na cadeira de balanço. – Entrei em pânico ao ver Sam sendo machucado e só gritava para o vampiro se afastar. – ela fez uma pausa. – E então ele começou a flutuar e seguiu direto para a cerca de madeira e....
- Ele saiu flutuando? – Eric ficou apreensivo. – Como se estivesse sendo... conduzido?
- Acho que... – outra pausa. – acho que sim.
Os olhos de Eric brilharam com uma intensidade que nunca tinha visto. Em sua mente milenar, parecia que ele estava resolvendo um quebra-cabeça, mas ela não conseguia alcançar o que ele podia estar imaginando.
- Você está bem? – ele perguntou ternamente depois de um tempo, sentando-se ao seu lado e vendo que alguns tremores percorriam o corpo de de tempos em tempos. Definitivamente ela tinha alguma coisa que o compelia a ser mais humano, mais caloroso, mais compreensivo.
- Eu não sei. – ela disse num sussurro. – Por que eles estão atrás de mim, afinal? Quem são eles?
- Ainda não descobri. – Eric disse, sentindo-se novamente solidário a ela. – Mas não vou deixar que nada de ruim aconteça a você.
- E como você vai fazer isso? – ela o encarou descrente.
- Se você beber meu sangue, se você se tornar minha, serei capaz de sentir quando você estiver em perigo. – ele disse aproximando-se dela.
A proximidade de Eric, seus olhos azul-esverdeados, sua presença inebriante quase fizeram com que ele tivesse sucesso. Quase. Porque se deu conta de que o que Eric descrevia como sua forma de protegê-la, já acontecia entre eles.
- Mas você já é capaz de sentir isso. – ela disse, fazendo com que Eric se afastasse. – Através dessa ligação estranha que temos, mesmo sem eu ter bebido do seu sangue, você já é capaz de sentir quando estou em apuros.
Pela primeira vez em muitos anos Eric ficou sem palavras. tinha conseguido a façanha de deixá-lo sem argumentos para convencê-la a beber seu sangue. E como ele não conseguia induzi-la e nem queria forçá-la a nada, ele teve que reconhecer que aquela batalha estava perdida.
- Você tem razão. – foi o que ele disse. – Eu só gostaria de poder confiar em algo que eu sei que funciona de verdade. – uma pausa para tentar convencê-la novamente. – Não sabemos como, nem porque essa nossa ligação existe, e nem se será duradoura. Com meu sangue, eu me sentiria mais.... seguro.
cada vez mais se surpreendia com Eric e sua insistência em criar aquele laço de sangue, mas também se pegou pensando que o que ele dizia era verdade. Eles não sabiam a natureza daquela ligação, nem quanto tempo duraria. Obviamente seria mais seguro para ela ter uma conexão mais consistente, mas ao mesmo tempo ela tinha aquela forte intuição de que não deveria trocar sangue com Eric.
- Você pode estar certo quanto a isso, mas ainda prefiro confiar nessa ligação maluca. – ela disse, encerrando a questão naquele momento.
- Já vi que você não vai ceder tão facilmente. – ele sorriu de lado. – Bom, agora preciso ir. Tenho alguns assuntos para resolver. – se levantou do banco e seguiu para fora da varanda.
- Eric! – ela o chamou antes que ele desaparecesse.
- Mudou de ideia? – ele sorriu ao se virar para ela.
- Obrigada. – ela disse e sinceridade transpareceu de seus olhos. – Por ter salvado Sam.
- Não me agradou. – ele disse. – Mas não negaria um pedido seu.
- Obrigada. – ela repetiu, sorrindo. – Você salvou alguém muito importante para mim.
- Não se empolgue muito. – ele disse. – Essa dívida será cobrada. – e ele sorriu de lado, charmosamente.
- Eu sei. – ela respondeu e o viu desaparecer.
ainda ficou alguns instantes parada na soleira da varanda, olhando para o local onde antes a figura imponente de Eric estava, mas em seguida sentiu um arrepio tenebroso percorrendo sua espinha e decidiu entrar para ver como Sam estava.
O que ela não percebeu foram os olhos brilhantes que a espreitavam do meio do bosque. Olhos curiosos, frios, perigosos, capazes de qualquer coisa para ter em seu poder os dons daquela curiosa humana.

06 de Setembro, Shreveport, 19:40h

- Achei que chegaria mais cedo. – disse Pam ao ver Eric entrando no Fangtasia. – Hei, está tudo bem?
- Preciso pesquisar uma coisa. – ele disse e seguiu direto para seu escritório.
- Tive saudade também. – ela disse, sarcasticamente, seguindo-o. – O que houve? Sua preciosa vidente outra vez? – Eric encarou-a com olhos ardentes e ameaçadores, o que fez com que Pam praticamente mordesse a língua e ficasse calada.
- Quem está atrás dela tem mais conhecimentos que eu. – ele disse quase para si mesmo. – Tenho que estar preparado, para saber como e do quê protegê-la.
- O que você descobriu no Texas?
- Que é mais do que apenas uma vidente. – ele disse e encarou uma Pam com olhos curiosos e preocupados ao mesmo tempo.

06 de Setembro, Bon Temps, 19:40h

- Como você está? – perguntou assim que chegou perto do sofá.
- Acho que vou sobreviver. – disse Sam. – Eu não queria ter beb...
- Era isso....ou morrer. – ela disse. – Você estava muito machucado, Sam.
- Eu sei. – ele disse e se sentou. – O sangue dele é poderoso.
Ambos ficaram em silêncio por alguns minutos, absorvendo o poder que o sangue milenar de Eric tinha. tinha que confessar que tinha ficado extremamente curiosa em relação a isso, e também à forma como Eric disse que estariam ligados.
Ela quase havia se deixado levar pelo poder de persuasão de Eric, mas alguma coisa dentro dela dizia que, por mais segurança que ele dizia lhe trazer, não era uma boa ideia misturar seu sangue com o de Eric.
- Como você está? – Sam perguntou, tirando de seus devaneios.
- Assustada. – ela respondeu. Não precisava esconder isso de Sam. – Eric tinha uma teoria de que o ataque ao circo tinha sido usado para me deixar indefesa e então alguém me pegar. – ela encarou os olhos acinzentados do amigo. – E depois dessa noite, acho que essa teoria tem todo o fundamento.
- Mas quem estaria atrás de você? – Sam ficou apreensivo.
- Ele ainda não descobriu. Mas acredita ser um vampiro. Alguém poderoso. – ela disse. – Ele disse que eu preciso de proteção.
- Bom, nesse ponto eu concordo com ele. – ele disse segurando em suas mãos. – Se estão realmente atrás de você, toda e qualquer proteção será bem vinda.
Os dois trocaram um olhar preocupado e um pesado silêncio se abateu sobre eles. Sam estava com outra pergunta presa em sua garganta, mas não sabia se o que tinha visto tinha sido apenas imaginação ou alguma outra coisa. Depois de ensaiar duas vezes ele se decidiu.
- Querida... tem uma coisa que eu queria perguntar... é, bem... logo depois que aquele vampiro chupou meu sangue...
- Eu sei... – ela respondeu confusa. – E... eu não sei. – ela disse e Sam apenas continuou olhando para ela. – Eu estava desesperada por ele estar te machucando e não podia fazer nada... então eu gritei alto para ele te deixar em paz e... de repente... ele flutuou em direção à cerca e...
- Então eu não vi coisa?
- Não.
- Foi você quem... ?
- Eu não sei, Sam. – ela disse levantando-se. – Mas... quem mais teria sido?
Ela olhava assustada para o amigo. A pergunta de Sam pairava em sua mente desde o momento em que aquele estranho fenômeno tinha acontecido. Ele viu o quase pânico em que se encontrava.
- Calma, . – ele disse puxando-a de volta ao sofá. – Essa noite foi realmente muito agitada. Depois pensamos nisso com mais calma, ok?
- É, provavelmente você está certo. – ela disse sem acreditar muito nas próprias palavras. – O que realmente importa é que você está bem e o vampiro, morto.
Houve nova onda de silêncio na sala, cada um tentando não pensar no vampiro flutuando diretamente para a cerca de madeira, mas realmente não tendo êxito em controlar seus pensamentos.
- Por que você não vem comigo ao bar agora à noite? – Sam disparou. – Acho que ver pessoas pode te ajudar um pouco.
- Será? – ela questionou. – E se aparecer algum vampiro atrás de mim no bar? Pessoas podem se machucar e...
- Eles não vão correr o risco de te atacarem com testemunhas. – ele disse com certeza. – Você estará tão segura lá, como aqui dentro. Só que lá terá companhia.
- Ok. – ela disse depois de um tempo. – Só vou me trocar. – e subiu para seu quarto.
Enquanto colocava uma calça, ela pensava nas palavras de Sam e concluía que não estava realmente pronta para ficar sozinha naquela casa enorme depois de tudo aquilo. Em menos de cinco minutos ambos já estavam dentro do jipe, rumo ao bar de Sam.

06 de Setembro, Shreveport, 20:30h

O Fangtasia estava começando a lotar, mas Eric realmente não estava preocupado com isso. Há muito tempo seu bar caminhava por suas próprias pernas e requisitava apenas uma passada ou outra, apenas para manter a aparência e a fama.
- Ela foi atacada por outro vampiro? – Pam parecia descrente. – Em menos de uma semana ela foi atacada duas vezes por vampiros? As chances de isso acontecer...
- Por isso que estou preocupado. – disse Eric. – Isabel me contou algumas coisas, coisas que talvez seja capaz de fazer... e se for verdade...
- O quê, Eric? Se for verdade...?
- Ela pode ser o triunfo e a ruína de qualquer vampiro.

07 de Setembro, Bon Temps, 02:55h

Quando Sam e chegaram ao bar por volta das 20h ele estava lotado. As duas garçonetes, Arlene e Holly, não estavam dando conta de tanta gente e então se virou para Sam.
- Só me dê uma geral de como servir e eu te ajudo aqui essa noite. – ela disse. – Vai me ajudar a manter a mente ocupada.
- Ok. – ele respondeu e explicou rapidamente para ela como funcionava a coisa. Não era muito difícil, na verdade e Sam agradeceu internamente pela ajuda.
A noite passou rápida com toda a agitação dos pedidos e conseguiu ficar um pouco mais íntima das pessoas que trabalhavam com Sam, especialmente Tara, a moça que era responsável pelas bebidas.
- Nada mal para uma novata. – disse Tara quando teve uma folga. – Olha, não tive a oportunidade, sinto muito por seus pais.
- Obrigada. – disse. – Mas a vida não para, né?!
- Não. – ela respondeu.
E foi assim a noite toda: anotar pedidos de clientes, entregar pedidos na cozinha e no bar, levar os pedidos aos clientes. até se sentiu feliz por ter que prestar atenção em não trocar os pedidos e esquecer, mesmo que momentaneamente, as investidas contra ela em busca dos seus dons.
Agora e Sam encontravam-se dentro do jipe estacionado na porta da casa da garota. Ele havia feito questão de levá-la de volta em segurança, ainda mais depois do ataque claro que eles sofreram.
- Tem certeza de que não quer que eu fique? – ele perguntou pela décima vez.
- Tenho, Sam. – ela respondeu sorrindo. – Uma vez dentro da casa, eles não podem me atingir.
Sam a olhou de lado, mas sabia que ela estava certa. Ambos saíram do jipe e ele fez questão de levá-la até a porta. Após se despedirem, e ela fazer Sam prometer que ligaria para ela assim que chegasse em casa, ela entrou e trancou-se em sua casa, ainda olhando para os lados para se certificar de que estava sozinha ali.
- Não se assuste. – disse uma voz rouca atrás dela, fazendo com que seu coração falhasse uma batida com o susto.
- ERIC!!! – ela gritou enquanto um tremor percorria seu corpo.
- Eu falei para não se assustar. – ele disse rindo de lado, divertindo-se com a cena.
- E por acaso você queria que eu soubesse que você estava aqui? Não vejo o MEU futuro, esqueceu? E afinal de contas, como você entrou aqui? – ela lançou numa rajada só.
- Você me convidou. – ele disse calmamente. – Uma vez convidado, posso vir até aqui sempre que eu quiser.
- E se eu retirar o convite?
- Bom, acho que você sabe o que acontece. – ele sorriu de lado, mas depois ficou sério. – Mas não seria uma jogada inteligente na posição em que você se encontra.
- É... eu sei. – ela disse após encará-lo por alguns instantes e sentou-se no sofá. – Enfim, o que o trouxe aqui novamente?
- Eu preciso saber de uma coisa. – ele disse olhando fixamente para os olhos de . – Foi você quem fez o vampiro flutuar?


Capítulo 11



07 de Setembro, Bon Temps, 02:58h

- Foi você quem fez o vampiro flutuar? – perguntou Eric encarando os olhos de .
- Eu não sei. – ela disse bem baixinho. – Mas eu acho.... eu acho que sim.
- Como? – o brilho de seus olhos era pura curiosidade. – Isso já tinha acontecido antes?
- Não! – ela disse enfática. – E não tenho a menor ideia de como isso aconteceu. Se é que fui eu mesma.
estava agora em pé, olhando pela janela, como se tentasse entender o que de fato tinha acontecido horas antes. Não havia mais ninguém ali, então tinha que ter sido ela. Mas como? Por quê?
- Desculpe. – ele disse baixo. – Não quis te deixar agitada. – e ele realmente podia sentir a confusão de sentimentos de .
Ela se virou para ele com um misto de indignação, revolta e medo no rosto. Até alguns dias atrás, tinha uma vida praticamente normal. As coisas mais estranhas eram algumas visões, mas só. E de repente, do nada, tudo vira de pernas pro ar, ela perde seus pais e de quebra aparecem seres mitológicos em sua vida.
- Você está suspeitando que eu tenha o poder da telecinese, não está? – ela perguntou diretamente.
- Estou. – ele disse de prontidão, levantando-se e seguindo até onde ela estava.
- Do que mais você suspeita, Eric? Você andou descobrindo alguma coisa. O quê? – ela o fuzilou com suas perguntas.
Eric foi pego desprevenido pelas perguntas de . Ele não imaginava que estava deixando suas suspeitas tão na cara assim, o que o deixou desapontado por um momento. conseguia lê-lo com facilidade, o que o incomodava.
- Descobri algumas coisas. – ele disse. – Mas ainda não estou completamente convencido. – ia protestar, mas ele a interrompeu. – E até que eu tenha certeza, prefiro deixá-la no escuro, mas, ao menos, um pouco mais protegida.
- Não vou convencê-lo do contrário? – ela fez a tentativa.
- Não. – ele sorriu de lado. – Estou omitindo algumas coisas para a sua segurança. – e seu olhar sobre se intensificou. – Acredite em mim.
- Por incrível que pareça... – ela disse. – Eu acredito.

Música 03

Eric sorriu com a resposta dela e sentiu-se feliz por ela estar confiando nele. Novamente os sentimentos humanos o invadiram e ele não sabia exatamente como lidar com eles. Ele sentiu a preocupação com ela crescer em seu peito, assim como a necessidade de protegê-la.
- Não vou deixar que nada de ruim lhe aconteça. – ele disse e, inesperadamente, como se sua mão ganhasse vida própria, ela seguiu até o rosto de , acariciando-o.
surpreendeu-se momentaneamente com aquela atitude, mas ao invés de se afastar, permaneceu imóvel, sentindo o frio da pele de Eric tocar em sua própria pele quente. Seu coração acelerou e ela encarou os olhos do vampiro.
Eric sabia que estava gostando mais do que devia da sensação da pele quente de junto a sua, mas era difícil lutar contra aquele sentimento. Ele a desejava, mas tinha algo mais ali.
Foi quem quebrou o contato visual dos dois. Ela não sabia o que se passava com ela, mas achou que seria mais prudente não se deixar enfeitiçar por Eric. Ela se afastou minimamente, apenas o suficiente para ficar livre da atração que os olhos de Eric exerciam. Ele entendeu e se afastou também.
- Acho que... – ela começou a dizer.
- É. – ele disse, ambos meio constrangidos com aquele momento.
- Obrigada por se preocupar, Eric. – disse.
- Nunca foi do meu feitio. – ele disse tentando se manter imparcial. – Mas você é... diferente.
- Vou entender como um elogio. – ela disse sorrindo, o que fez com que ele balançasse a cabeça.
- Avise-me se alguma coisa começar a flutuar. – ele disse e ela apenas o encarou.
- Pode deixar. – ela disse com um descaso divertido. – Boa noite, Eric.
- Boa noite, . – e o vampiro desapareceu da sua frente.

07 de Setembro, Shreveport, 03:35h

Eric atravessou sua porta particular no Fangtasia, mas não escapou do olhar atento de Pam. Assim que ele pôs os pés em seu escritório, ela já estava em seu encalço com sua sobrancelha arqueada.
- Descobriu alguma coisa útil? – ela perguntou secamente.
- Eu ainda não tenho certeza absoluta, mas logo seus outros dons começarão a dar sinais. – ele disse distante. – E eu estarei atento.
- Eric, se ela for mesmo capaz de... – mas seu olhar a interrompeu.
- Na devida hora, saberemos. – ele disse silenciando Pam de vez. – Como estão as coisas por aqui? Sinto uma necessidade enorme de AB negativo.
Pam encarou o olhar de Eric e percebeu um brilho diferente ali. Ele sorriu de lado para sua cúmplice e ambos deixaram o escritório rumo ao grande salão principal do bar. Quase como uma intuição, Pam soube que seus problemas estavam apenas começando.

07 de Setembro, Bon Temps, 03:50h

já estava acomodada em sua cama, mas as palavras daquela conversa com Eric ainda a mantinham acordada: “... poder da telecinese....” “descobri algumas coisas... não estou completamente convencido... prefiro deixá-la no escuro... um pouco mais protegida...”.
Se aquilo fosse mesmo verdade, se ela fosse realmente capaz de movimentar objetos com o poder da mente... Mais uma vez se revirou na cama.
E então outra cena entrou em foco: a proximidade que estava se formando entre ela e o vampiro. Era perigoso, era desconhecido, era mortal... mas era alguma coisa que ela nunca havia sentido antes. Ela tinha medo dos riscos que correria, ainda mais depois que percebeu que Eric não era exatamente um príncipe encantado, mas ao mesmo tempo, em seu coração, o medo de deixar tudo isso passar ia crescendo cada vez mais.
Ela sabia que ele sentia alguma coisa também, os olhos azul-esverdeados lhe diziam isso, mas até que ponto ele aceitaria esse desafio? Até que ponto Eric era capaz de deixar o assassino em seu sangue dormente, deixando o lado humano transparecer? Isso a assustava.
Seus devaneios foram interrompidos pelo toque de Sam. Ele pediu desculpas por ter demorado tanto a ligar mas, quando voltou ao bar, uma leva de estudantes tinha chegado e ele teve que atendê-los. Só naquele momento, depois de fechar o Merlotte’s, ele tinha tido uma folga.
- Não se preocupe. – ela disse. – Você está bem, isso é o que importa.
- E você, como está?
- Tudo bem. – ela respondeu. – Sabe, gostei de ter trabalho no bar essa noite. – ela fez uma pausa mudando o rumo da conversa. – Acha que posso te ajudar amanhã também?
- Sério? – ele se espantou.
- Aham. – ela disse. – Acho que ficar em companhia humana vai me fazer bem.
- Nossa, com certeza. – ele respondeu animado. – As meninas gostaram de você e Arlene realmente quer mais uma garçonete ajudando-a.
- Então, a que horas eu entro?
- Por volta as 11:30h está ótimo.
- Ok, te vejo amanhã então. – ela disse despedindo-se e em seguida desligou o aparelho.
Seria bom ter uma ocupação durante o dia, assim ela poderia ser útil ajudando Sam e sua cabeça ficaria com menos caraminholas para atormentá-la. Sentindo que tinha tomado a decisão certa, seu corpo finalmente deu sinais de cansaço e ela se deixou embalar por um sono mais tranqüilo, apesar de todos os acontecimentos do começo da noite.

07 de Setembro, Shreveport, 05:45h

Eric teve uma boa noite de diversão com uma doadora, mas agora, acomodado em sua enorme cama, não era nela que ele pensava. O que não saía do seu pensamento eram os olhos de , o calor da sua pele, o som das batidas do seu coração.
Eric Northman nunca tinha se deixado abater por nada, com uma única exceção na qual ele preferia não pensar, mas aquela garota, aquela mulher estava conseguindo isso. Quando ele estava ao seu lado, ele não conseguia controlar seu lado humano, compreensivo, afetuoso. E ele estava ciente de que tinha que tomar muito cuidado se não quisesse se arriscar naquele território completamente desconhecido e mortalmente perigoso.

07 de Setembro, Bon Temps, 09:30h

deixou-se ficar na cama até um pouco mais tarde. Apesar da noite de sono ter sido mais sossegada, ela ainda sentia um pequeno nó em sua garganta quando se lembrava do que tinha acontecido com Sam, e toda a repercussão que aquilo tinha gerado.
Com muito custo ela saiu da cama e foi tomar seu café da manhã. A manhã estava ensolarada e subitamente ela teve vontade de deitar no verde gramado e desfrutar dos raios de Sol. E foi o que fez. Como estava sozinha, ela ficou apenas com um micro short e seu sutien, estendida sobre uma toalha, sendo banhada pela luz do astro rei.
Aquele foi o primeiro momento em que ela realmente se sentiu em paz desde que toda aquela confusão havia começado em sua vida. A brisa suave refrescava o calor do sol e, conforme passava pelas árvores, ressoava numa melodia orquestrada pela natureza.
Ela se perdeu no tempo, querendo aproveitar ao máximo toda a delicadeza daquele momento e então, depois de mais de uma hora, ela entrou e foi tomar um banho. Em seguida trancou tudo, subiu em sua scooter e seguiu rumo ao bar.
- Bom dia, querida! – disse Sam com um largo sorriso.
- Parece que alguém conseguiu descansar essa noite. – ela sorriu.
- Não se acostume. – disse Tara. – Não é sempre que ele está com esse bom humor todo.
- Hei! – ele resmungou, mas Tara apenas sorriu de lado.
Logo já estava entretida com as mesas e os pedidos dos fregueses e agradeceu por não ter que se preocupar com vampiros atrás dela. Pelo menos não àquela hora. No meio da tarde ela fez uma pausa e logo foi seguida por Tara.
- E aí, tem visto o vampiro Bill? – ela parecia curiosa.
- Não muito. – respondeu. – Eu descobri que somos vizinhos, mas ninguém resolveu pedir uma xícara de açúcar emprestada. – Tara riu.
- Eles me assustam. – ela disse em tom baixo. – Esse negócio de viver de sangue...
- Bom, eles definitivamente não são um exemplo de simpatia... – disse lembrando-se dos ataques que sofrera. – Mas não podemos generalizar. Como tudo na vida, existem exceções. – e logo ela se lembrou do carinho que Eric havia lhe feito na noite anterior.
- E quem seriam essas exceções? – perguntou Tara, obviamente interessada no que poderia revelar.
- Nenhuma em especial. – disse desconversando. – É só que é assim com tudo: regras e suas exceções.
levantou-se do banco onde estava sentada e resolveu voltar ao trabalho, já que não sabia se podia confiar em Tara e não estava disposta a ficar se expondo mais do que o necessário.
Sam, que ouviu sem querer a conversa através da janela de sua sala, sentiu um segundo tipo de preocupação percorrer seu corpo. era alvo de vampiros pelo fato de ser o que era, e agora parecia ser alvo também do fascínio por um certo vampiro loiro que ele sabia que a estava rondando. Isso com certeza traria ainda mais problemas para toda aquela confusão em que ela já estava metida.
Mais algumas horas se passaram e agradeceu por Tara não ter feitos mais perguntas sobre vampiros. Arlene também tentou puxar conversa, mas educadamente se desvencilhou do assunto.
- Espere um momento que eu te acompanho. – disse Sam quando a garota avisou que já estava indo embora.
- Não, Sam. – ela disse. – O bar está uma loucura agora.
- Mas o sol vai se por antes de você chegar em casa. – ele disse, com seu tom preocupado. – Não vou deixá-la sozinha. Não depois de ontem.
- Aqui. – ela disse esticando a palma da sua mão. – Dê-me sua mão.
Sam encarou apreensivo os olhos de sua amiga enquanto ela lia seu futuro imediato. Tudo ao redor de Sam saiu de foco, exceto seus olhos acinzentados, e depois tudo voltou ao normal.
- Não o vejo saindo correndo desesperado atrás de mim, Sam. – ela disse. – Não vai acontecer nada.
- Mas você não vê o seu futuro...
- Mas vejo o seu. – ela sorriu. – E como estamos ligados, eu acabo aparecendo um pouquinho às vezes.
- Não sei não. – ele disse desconfiado. – Ao menos então chame o Bill. Ou o Eric.
- Sam, confia em mim. – ela disse. – Não vai acontecer nada. Caso contrário eu teria visto você desesperado. – e ela fez uma pausa. – Além do mais, você deve ficar aqui no bar hoje. Algo interessante está para acontecer. – e sorriu de modo maroto.
- Ah é? – ele se distraiu. – O que vai acontecer?
- Amanhã você me conta. – ela disse dando partida em sua scooter. – Divirta-se. – e saiu antes que ele pudesse impedi-la, deixando uma interrogação estampada em sua cara.
O caminho entre o Merlotte’s e a casa de não era longo, apenas alguns poucos quilômetros. Claro que ela estava preocupada com sua segurança e justamente por isso tinha lido deliberadamente o futuro de Sam. Nada de estranho ia acontecer, mas mesmo assim uma sensação de ansiedade misturada a medo a percorreu. Só mais alguns minutos, e ela estaria na segurança de sua casa.

07 de Setembro, Shreveport, 17:58h

Eric acordou de supetão em sua cama, com a agonia de sempre presa em sua garganta. O que era diferente dessa vez, é que ele não estava sonhando com . Ou, melhor, não era aquele sonho angustiante em que ela fugia dele.
Seus instintos se apuraram ao máximo e o aperto que sentiu no que deveria ser seu coração o fez ter certeza de que novamente ela corria perigo. Vestiu-se rapidamente, passou voando por Pam, que acabava de sair de sua cripta, e seguiu rumo ao chamado silencioso da vidente.

07 de Setembro, Bon Temps, 17:58h

olhava incrédula para o mostrador de combustível da sua moto. Não era possível que o tanque estivesse vazio. Ou era? Ela não se recordava da última vez em que abastecera o veículo, provavelmente antes de terem parado em Bon Temps, então sim, era completamente possível que ela estivesse agora sem gasolina, no meio do nada, ao entardecer, sozinha.
Ela olhou para os lados e viu que estava a menos da metade da distância até sua casa. Tinha duas opções, aliás, três: voltar para o bar a pé, seguir para sua casa a pé ou ficar parada esperando alguma alma caridosa passar por ali.
- Há uma quarta opção. – ela disse para si mesma e pegou o celular, parecendo ser o mais lógico a fazer, mas adivinhe só? – Sem bateria?! – ela exclamou alto. – Só pode ser piada mesmo.
Agora ela estava incomunicável, sem combustível e sozinha na noite que começava a cair. Novamente ela olhou para os lados e aquele aperto voltou a percorrer seu corpo. Ali, parada, é que ela não podia ficar então desceu da scooter e começou a empurrá-la em direção à sua casa, que estava algumas centenas de metros mais perto do que o bar.
Ela já tinha caminhado uns bons 800 metros quando um profundo silêncio tomou conta da mata ao seu redor. Nenhum som, nenhum grilo, nenhum pássaro. Era como se a mata estivesse com medo, esforçando-se para não emitir nenhum som.
- Agora seria um bom momento para você aparecer do nada, Eric. – ela disse baixinho para si mesma.
Um arrepio de pavor percorreu a espinha da garota e ela decidiu deixar a moto encostada numa árvore e correr para sua casa. Depois, na companhia de mais alguém, ela voltaria até lá e a buscaria.
quase corria, conforme a noite invadia o céu e o breu se intensificava, seu coração disparado, seus instintos lhe dizendo para ser mais rápida. E foi quando seu coração falhou uma batida: diante dela estavam as três figuras da noite do massacre no acampamento. A mulher sorriu de lado, de modo perverso, enquanto os dois homens seguiam em sua direção, com sede de sangue.


Capítulo 12


- Oh, fuck! – ela disse baixinho encarando os três vampiros. Seu cérebro trabalhava a mil por hora, tentando descobrir um jeito de sair dali viva. Não estava muito longe de sua casa, pouco mais de um quilômetro talvez. Será que ele seria capaz de ouvi-la àquela distância? Não pensou mais, apenas concentrou todas as forças em sua garganta e berrou. – BILL!
Os três vampiros gargalharam com a tentativa patética de e ficavam mais perto a cada segundo. Sem ter muito o que fazer, virou em seus calcanhares e começou a correr de volta ao bar, mas em segundos bateu em algo duro como pedra, desequilibrando-se e caindo para trás.
- Você não vai a alugar nenhum, mocinha. – disse um dos vampiros, o mais alto.
E numa velocidade inimaginável ele a ergueu do solo, jogando-a sobre seu ombro e rindo com as tentativas que ela fazia de lhe ferir. lamentava não ter nada, um lápis que fosse, para cravar naquele vampiro asqueroso, mas não desistiria tão facilmente assim.
Contudo, algo muito estranho aconteceu em seguida. Ela sentiu o vampiro que a carregava ficar tenso por algum motivo, inalando o ar, e então um “nada” se formou abaixo dela, onde supostamente o vampiro estava. E então ela caiu com tudo no chão.
virou-se para olhar e apenas o que conseguiu ver foi Bill, ensanguentado, ao lado de uma gosma vermelha. Em suas mãos ele carregava uma bela e resistente estaca de madeira.
- Bill... – ela disse aliviada e em seguida o vampiro de profundos olhos azuis estava ao seu lado, ajudando-a a levantar.
- Vai ficar tudo bem. – ele disse e posicionou-se entre ela e os outros dois vampiros, que não acreditavam muito no que tinha acabado de acontecer.
- Você vai se arrepender. – disse a mulher com um silvo baixo.
A tensão quase podia ser tocada no meio da estrada escura. Bill tentando proteger enquanto os dois vampiros restantes se preparavam para atacar. Eles rodeavam Bill e , com as presas à mostra e com silvos baixos em desafio. achou que seu coração sairia pela boca tamanha a velocidade de seus batimentos.
E foi quando a situação mudou novamente. Com a mesma velocidade do outro vampiro, a mulher desapareceu do campo de visão de e apareceu meio segundo depois, atrás dela, empurrando Bill com uma das mãos, enquanto puxava de encontro ao eu corpo.
- Não! – Bill exclamou, mas não deu tempo.
Agora era mantida bem junto do corpo da vampira, como se fosse um escudo humano. A vampira havia torcido o braço direito de em suas costas, provocando-lhe uma dor aguda. Suas presas passeavam ameaçadoramente pelo pescoço da garota, que estava sendo forçado para um dos lados, expondo a pele quente.
- Você ainda não entendeu? – ela sibilou. – Ela vai conosco.
- Nem pensar. – disse uma voz rouca e familiar atrás de .
- Eric... – ela sussurrou baixinho, uma grande felicidade lhe invadindo.
Eric tinha percebido o perigo de atacar a vampira na surdida: ela poderia simplesmente forçar um pouco mais o pescoço de , quebrando-o com facilidade. E ele não podia correr aquele risco.
- O que vai fazer, xerife? – a vampira debochou, empurrando ainda mais a cabeça de , enquanto Eric ficava visível a todos os presentes.
Ele encarou a vampira e a reconheceu dos desenhos de . Aquele era o mesmo grupo que havia atacado seus pais e agora estava novamente atrás dela. Eric entrou em um pequeno dilema: matá-los imediatamente e livrar do perigo ou prendê-los e arrancar as informações de que precisava?
Os olhos de estavam fixos nos de Eric. Apesar de não deixar transparecer através de sons, os olhos dela revelavam o medo e a dor que percorriam seu corpo. A vampira a cada momento torcia mais um pouco o braço de e ela estava certa de que ele se quebraria no próximo movimento.
Eric havia percebido o perigo daquela situação e havia se decidido. Não precisava dos dois vampiros vivos. Apenas um deles era o suficiente para conseguir as informações de que precisava. E ele já sabia qual seria o vampiro a deixar de existir.
Mais rápido que um piscar de olhos, Eric voou na direção de e da vampira, e com um único e certeiro golpe arrancou-lhe a cabeça. O sangue jorrou sobre e Eric, e a força do movimento fez com que ela fosse jogada longe.
Um rugido grave foi ouvido do outro lado deles e o terceiro vampiro partiu em direção a , que ainda estava atônita com o que presenciara. Mas Bill foi mais rápido e cravou sua estaca no peito do vampiro antes mesmo que ele tivesse dado um segundo passo.
Tudo aconteceu muito rapidamente, mas sentiu quando o perigo passou e um alívio profundo inundou seu corpo. Ela vislumbrou Bill e em seguida virou o rosto na direção do xerife.
- Eric... – ela disse e no momento seguinte os fortes braços do vampiro a envolviam protetoramente.
Ali, sob o corpo do vampiro milenar, ela se sentiu completamente protegida e deu-se ao luxo de se deixar abater por toda a ameaça pela qual havia passado. Ela abraçou Eric firmemente, deixando-se envolver pelos braços gélidos do vampiro e as lágrimas afloraram.
- Shiii.... – ele disse em seu ouvido. – Está tudo bem agora. Acabou.
Bill observou a cena em silêncio enquanto se aproximava. estava salva. Ele só não podia acreditar na reação de Eric. O xerife, sempre tão implacável, sempre tão frio, estava acalentando aquela garota, protegendo-a como se ela fosse seu bem mais precioso.
- Eric? – Bill o chamou, fazendo com que o xerife o fuzilasse com os olhos.
- Ele tinha respostas. – disse Eric em tom sereno, mas seus olhos faiscavam com a atitude de Bill.
- Ele ia matá-la. – ele respondeu com o mesmo tom e o mesmo olhar de Eric.
mexeu-se nos braços de Eric, fazendo força para se levantar e olhar para os dois vampiros. Independente de terem conseguido ou não informações, o que importava era que ela estava viva.
- Eu nem sei como agradecer. – ela começou a dizer, mas foi interrompida por Eric.
- O que você fazia sozinha na estrada à noite? – ele parecia puto da vida. – Perdeu completamente o juízo? – ela ia responder alguma coisa, mas sentiu seu braço arder e dessa vez não refreou a manifestação de dor, soltando um grunhido abafado enquanto uma careta de dor percorria seu rosto.
- O que foi? – perguntou Bill aproximando-se.
- Está ferida? – preocupou-se Eric.
- Não. – ela respondeu depois de massagear o ombro. – Só me tirem daqui, por favor. – ela disse.
No momento seguinte Eric já a carregava em seus braços, segurando-a com todo o cuidado, enquanto Bill os seguia. Ele atravessou rapidamente o restante do caminho entre a estrada e a casa de e logo já estava parado em frente a porta. Eric a colocou de pé enquanto ela procurava a chave e seguiu até onde Bill estava.
- Você sabia que ele podia nos dar informações! – ele rosnou baixo.
- Se eu não tivesse agido a tempo, ele a teria machucado. – Bill respondeu, seguro de sua atitude.
- Alguém muito poderoso está atrás dela, Bill Compton. – Eric foi taxativo. – E eu não vou permitir que nada de mal lhe aconteça.
Bill encarou os olhos faiscantes de Eric e compreendeu que o vampiro milenar estava terrivelmente envolvido por aquela mulher. Ele não descansaria enquanto não descobrisse quem estava atrás dela e eliminasse o perigo.
- Fico feliz em saber que é um vampiro poderoso que a está protegendo. – disse Bill polidamente. – Agora, se me der licença....
- Bill? Espera. – surgiu na varanda e se aproximou do vampiro. – Obrigada por ter atendido ao meu chamado. Se você não tivesse aparecido naquela hora...
- Eu disse que se precisasse era só gritar. – ele respondeu com um meio sorriso. – Cuide-se. – e então, sem olhar para Eric, Bill desapareceu pelo bosque do cemitério.
- Você o chamou? – Eric se virou para e a questionou, nitidamente enciumado.
- Eu estava completamente encrencada. – ela disse. – Não sabia se você tinha sentido meu medo ou não, porque não vi seus olhos, então gritei pela ajuda mais próxima que, no caso, era Bill.
- Sim, eu senti seu medo. – ele disse, ainda chateado. – Eu sempre sinto quando você está em apuros.
- Eu não tinha como ter certeza. – ela disse sentando-se no degrau da varanda. – Não vejo o meu futuro, Eric. Não posso ver seus olhos quando se trata de mim. Só por isso chamei pelo Bill.
Música 04
Eric sabia que ela dizia a verdade, e sentiu-se feliz com aquela declaração. Obviamente ele não tinha motivos para se sentir ameaçado por Bill Compton, mas mesmo assim foi o que sentiu ao ver que tinha aquela relação com o outro vampiro.
- Mas afinal, por que você estava na estrada sozinha? – ele tentou ser mais gentil.
- Quando eu saí do Merlotte’s ainda estava claro. – ela disse enquanto Eric sentava-se ao seu lado. – Mas no meio do caminho minha scooter ficou sem combustível e meu celular sem bateria. Daí, como já estava escurecendo e eu estava mais perto daqui do que do bar, resolvi vir e...
- Eles a estavam esperando. – ele completou a frase.
- Eram os mesmos, Eric. – ela ainda estava assustada. – Eles ainda estavam por aqui, só espreitando a hora certa.
- E quase conseguiram. – ele disse, com a voz mais dura, mas logo se arrependeu ao ver a lágrima escorrer dos olhos de .
- Quando isso vai parar? – ela se revoltou. – Quando eu estiver morta? Quando, quem quer que seja essa pessoa, me tiver? Já não basta o que fizeram com minha vida? – ela se levantou e deu alguns passos pela grama, Eric apenas a observou. Ela olhou para os próprios braços, sujos de sangue. – É assim que eles me querem? Ensanguentada, assustada, sem esperança?
Eric levantou-se e num átimo estava de frente para . A dor daquela mulher, as maldades que ela já tinha enfrentado em tão pouco tempo, amoleceram mais um pouco o gélido coração morto do vampiro.
- Sim. É exatamente assim que eles a querem. – ele disse firme. – Assim você fica mais frágil, indefesa. – e então ele puxou seu rosto para cima, para que ela o olhasse. – Mas você ainda está viva. – ele disse. – Está assustada sim, mas não está sozinha... e devo confessar que está deliciosamente atraente toda suja de sangue. – e isso fez com que ela risse um pouco. – Mas você está viva. E a salvo. E vai continuar assim.
Eles se olharam intensamente. podia sentir a força que o olhar de Eric exercia sobre ela, podia ver que ele se importava mesmo com ela, em mantê-la segura. Sua respiração começou a ficar ofegante, aquela atração sentida no escritório dele, e depois na noite anterior, voltou com força total e seu coração já não batia mais desgovernado pela revolta e medo, mas sim pela ansiedade daquele momento.
Eric via o brilho se intensificar nos olhos de . Ele não estava brincando quando disse que ela lhe parecia completamente atraente, mas seu desejo não era apenas carnal. Pela primeira vez Eric sentia uma grande necessidade de estar ao lado de alguém, pela primeira vez em séculos ele sentiu o toque da paixão.
- Você promete? – perguntou quase sussurrando, perdida nos olhos de Eric.
- Prometo. – ele disse tão docemente que nem de longe lembrava o vampiro arrogante que era.
Eles foram se aproximando lentamente, saboreando a expectativa pelo toque entre seus lábios. A mão de Eric afagava delicadamente o rosto de e ela ergueu sua mão em direção à dele, acariciando-a levemente. Eric já podia sentir o hálito adocicado de , ela sentia o ar frio passando pelos lábios dele. Ambos fecharam os olhos ao mesmo tempo, segundos antes dos lábios se tocarem.
E então o grito de uma coruja quebrou todo o clima.
assustou-se com o canto triste e se afastou de Eric, um pouco constrangida. O vampiro retomou o controle sobre seu sistema nervoso e também se afastou. desviou os olhos, notando novamente como estava suja.
- Eu acho que preciso de um banho. – ela disse já seguindo rumo à porta de sua casa.
- Eu também. – disse Eric, apenas para si mesmo. – Eu também.
desapareceu escadas acima, sem nem olhar Eric uma segunda vez, temendo ceder aos encantos daquele vampiro, aos desejos de seu corpo e coração. Eric, por sua vez, deu alguns passos pela varanda e então desapareceu, para voltar alguns momentos depois, com a scooter em seus braços, ajeitando-a ao lado da varanda.
Ele foi capaz de sentir o cheiro da água quente misturada a um suave aroma de ervas. Sem fazer barulho algum, ele subiu as escadas e parou ao lado da porta fechada do banheiro. E mesmo entre os aromas artificiais, ele pode sentir o cheiro dela. . Sua pele macia, delicada, quente, pulsante. Nem o melhor dos perfumes do mundo era mais delicioso do que o cheiro da pele da mulher dos olhos .
via a água gradativamente perder o tom avermelhado do sangue quase seco em seus braços e, aos poucos, foi escorrendo transparente pelo ralo. Enquanto ela lavava os cabelos via os olhos sedutores de Eric e um sorriso tímido dançou em seus lábios. Que ele mexia com ela, isso ela já tinha percebido, mas fora a primeira vez que ela quis realmente se entregar a ele, de todas as formas possíveis.
Eric ouviu o som do chuveiro sendo desligado e desceu de volta à sala. Ele ouviu os passos de percorrendo o caminho até o quarto e alguns momentos depois ela apareceu no topo da escada, usando shorts e uma camiseta velha.
- Sua moto está de volta. – ele disse, puxando assunto. – Mas o tanque está totalmente vazio.
- Obrigada. – ela disse. – Amanhã resolvo isso com Sam.
- Ah, sim, o metamorfo.
- Sam é meu amigo. – ela disse preparando uma xícara de chá. – Gostaria que não o chamasse assim.
- Mas é o que ele é. – Eric retrucou.
- Mas o modo como você pronuncia a palavra, dá uma impressão pejorativa. – Eric encarou e observou sua expressão cansada.
- Ok. – ele disse. – Sam, então.
- Obrigada. – ela sorriu timidamente.
O silêncio que havia se formado logo foi quebrado pelo celular de Eric e riu de lado com a música que ele escolhera como toque. Encaixava-se bem com o perfil de Eric: clássico, mas rebelde; provocante, sensual e alegremente insolente.
Música 05
- Por essa eu não esperava. – ela disse sorrindo. Eric fingiu ignorá-la.
- O quê? – ele atendeu, ríspido.
- Temos uma visita importante. – disse a voz fria de Pam. – Não a faça esperar muito.
- Certo. – ele respondeu e desligou. – Tenho que voltar ao Fangtasia.
- Sua namorada está brava? – arriscou, pois sua curiosidade sobre Pam era enorme.
- Não. – ele disse. – Ela só me lembrou de um compromisso. – e então seguiu para a porta, seguido de perto por . – Não saia mais de casa, entendeu?
- Entendi muito bem. – ela disse relembrando o medo que sentiu mais cedo.
- Tente descansar. – ele disse, dessa vez mais gentil. – Você está segura aí dentro.
- Obrigada, mais uma vez. – ela disse encarando-o.
- Não se preocupe, estou contabilizando tudo bem direitinho. – e sorriu de lado com a expressão de falsa indignação que ela fez. – E a propósito, Pam não é minha namorada. – e então sumiu em meio ao breu da noite.
sentiu um alívio tão grande com aquela declaração de Eric que nem pensou por alguns momentos. Mas então a ficha lhe caiu: ele era um vampiro; desde quando vampiros eram monogâmicos ou se preocupavam em estar ou não com alguém? Eric devia ter se divertido muito às suas custas.
Com raiva de si mesma, ela fechou com força a porta e largou-se no sofá ligando a TV em um canal qualquer. Mas aos poucos foi se dando conta do motivo de ter ficado tão irritada ao perceber que Eric, provavelmente, estaria rindo da sua ingenuidade. Como quem acaba de ter um insight, constatou o óbvio.
- Merda! – ela disse em tom abismado. – Eu me apaixonei por ele!

07 de Setembro, Shreveport, 19:40h
Pelo tom de Pam ao telefone, Eric já sabia quem era a tal visita importante. Decidiu então entrar sorrateiramente pela porta dos fundos e trocar de roupa antes de aparecer diante dela.
- Mrs. Flanagan. – disse Eric, fazendo uma entrada quase teatral. A vampira encontrava-se impecável em um terno palha, com seu cabelo loiro em um estilo chanel.
- Xerife Northman. – ela disse em seu tom polido.
- A que devo a honra da visita de um dos membros mais importantes da AVL?
- Sempre direto aos assuntos, não é mesmo? – ela questionou gostando daquilo.
Nan Flanagan era membro da Liga Americana dos Vampiros, representando publicamente os interesses e direitos dos vampiros perante a sociedade, assim como fazia parte da Autoridade, uma espécie de grupo com grandes poderes, em resumo, ditavam as leis e as faziam serem cumpridas tanto no mundo dos humanos, quanto no mundo “sobrenatural”.
- Se você se deslocou até aqui... – ele disse usando um pouco do seu charme. – Devo admitir que o assunto seja importante demais para ficarmos brincando com as formalidades.
- Muito bem. – ela disse enquanto ele se sentava. – Chegou aos meus ouvidos que houve uma confusão em seu bar algumas noites atrás. Um vídeo caiu na internet, de humanos sendo hostis com seus clientes.
- Oh, sim. – disse Eric. – Realmente houve esse incidente, mas tudo foi resolvido da maneira mais civilizada possível. Houve conversas e, depois de alguns momentos, eles se foram sem maiores estragos.
- Que bom. – ela disse indiferente. – Ouvi também que você foi até Dallas, conversar com a xerife da área 9.
- Sim. – ele disse sem se afetar. – Isabel e eu somos amigos de longa data. Apenas fui fazer uma visita a uma velha amiga. O que isso poderia interessar à AVL?
- O fato de você andar perguntando sobre videntes. – ela foi curta e grossa. – Eu sei das coisas, Eric. – mas o vampiro não mostrou nenhuma emoção. – Você tem feito muitas perguntas.
- É verdade. – ele disse prontamente. – Escutei alguns rumores de freqüentadores do bar e resolvi investigar.
- E o que descobriu?
- Nada. – ele disse. – Infelizmente eram apenas rumores. Cheguei a frequentar uma ou duas apresentações desses supostos videntes, mas não passavam de charlatães querendo dinheiro fácil.
- É mesmo? – ela o questionou, visivelmente desconfiada. – E o que andou fazendo percorrendo todo o estado da Louisiana?
- Exatamente o que acabei de lhe falar: investigando os rumores. – ele disse tranquilamente. – Se houvesse um vidente entre nós, certamente eu o teria descoberto.
- Estou certa de que você entende a implicação de um vidente para nós, ainda mais nos tempos de hoje.
- Absolutamente. – disse Eric. – Quem o possuísse teria um enorme poder em mãos.
- Então posso ficar tranquila de que você está cuidando disso em seu território?
- Sem dúvidas.
- Bom, então acho que minha visita terminou. – ela disse se levantando. – Mantenha-me informada.
- Certamente. – ele disse e acompanhou Nan até a saída do seu bar.
Eric voltou enfurecido. Havia sido descuidado em andar perguntando sobre videntes, então teve que mentir para a AVL e para a Autoridade. Se dependesse dele, eles nunca chegariam a .
- Quem mais sabe sobre ela? – perguntou Pam, com um nítido tom de preocupação.
- Bill Compton. – ele disse. – Mas ao que parece, ele está tão determinado a protegê-la quanto eu.
- E, claro, quem está por trás dos ataques. – concluiu Pam. Eric a olhou. – Você confia em Bill Compton?
- Eu não confio em ninguém, Pam. – ele disse e sorriu para ela. – Exceto em você. – e aquela era a mais pura verdade. O único vampiro em que outro vampiro podia confiar era em sua cria. E em seu criador.
- Ela ao menos imagina o que seja? – Pam o questionou.
- Não. – ele disse. – Ela não faz ideia do poder que tem.
- Talvez esteja na hora de lhe contar. – ela respondeu e encarou seriamente seu criador.


Capítulo 13


07 de Setembro, Bon Temps, 23:55h

Mesmo já estando na cama há algum tempo, não conseguia parar de pensar nos acontecimentos daquela noite. Da quase morte até a revelação de que estava apaixonada por Eric.
Apaixonada por um vampiro? Ela só podia estar louca! Com tantos seres normais ao seu redor, com tantas pessoas boas e legais, como Sam, ela tinha que ter se apaixonado justamente por um vampiro? E não era qualquer vampiro, era Eric o mais lindo, mas também um dos mais perigosos que ela já conhecera. Ok, não tinham sido muitos, era verdade, mas tinha que ser o dono dos olhos cuja aparição sempre estava relacionada a algo ruim?
Mas por outro lado, Eric tinha revelado um lado totalmente humano para ela. Ele se preocupava com ela, tentava protegê-la da melhor forma possível, e ainda tinha aquela ligação inexplicável que os unia de um modo estranho.
Sua mente girava com tantas informações e com tantos acontecimentos bizarros. Uma mistura de imagens daquele dia e das feições de Eric se alternava em sua mente. Ora eram os vampiros querendo levá-la, ora Bill e seu timing perfeito, ora Eric lendo o medo em seus olhos e, de alguma maneira, lhe passando confiança.
Em meio a esse turbilhão de emoções e sentimentos, foi lentamente caindo no sono e deixando-se levar pelo mundo maluco que a cercava.

08 de Setembro, Shreveport, 04:48h

Depois de marcar um pouco sua presença no salão do Fangtasia, Eric voltou para seu escritório e por ali ficou. As últimas palavras de Pam ainda ressoavam em sua mente e ele sabia que ela estava certa: tinha que contar tudo para .
Mas ele não podia apenas contar, tinha que mostrar as provas que ele havia recolhido em livros antigos, relatos das gerações passadas. Só assim, lendo, ela acreditaria ser o que era de verdade. Ele tinha que organizar essa revelação com cuidado. estava numa situação muito sensível, sendo testada incessantemente e ela poderia simplesmente não aceitar o que é.
Não muito tempo depois, Pam entrou no escritório comunicando que as pessoas já tinham ido embora e que ela se recolheria. Eric reconhecia o esforço que ela estava fazendo para aceitar a presença de . Sua cria tinha se tornado bastante possessiva quando se tratava de uma outra mulher na vida de Eric.
Ele seguiu rumo ao seu quarto e se largou na grande cama de lençóis brancos. Repassou aquela noite: o receio de ver nas mãos daqueles vampiros, o súbito ciúme ao ver a intimidade com Bill Compton, e a sensação inebriante de sentir seus lábios tão próximos, o cheiro de sua pele em contato com a água.
E então uma estranha constatação se abateu sobre ele: Eric Northman estava envolvido com uma humana. Eric Northman tinha deixado suas defesas se afrouxarem e estava terrivelmente perto de experimentar, pela primeira vez em mil anos, a sensação de estar apaixonado por alguém.

08 de Setembro, Bon Temps, 10:00h

despertou, mas ficou ainda um bom tempo na cama repassando a noite anterior. Ela estava começando a ficar cansada de tantas perseguições, perigos e mistérios envolvendo a si mesma. A vida era tão mais fácil antes.
Mas o que realmente não lhe saía da cabeça era a assustadora e deliciosa constatação que ela havia feito: estava apaixonada por Eric. Só de se lembrar das feições fortes do vampiro seu inocente coração se acelerava.
Ela já havia decorado todos os detalhes do rosto de Eric, o desenho da sua mandíbula, o traçado masculino de seu nariz, a marca máscula em seu queixo, a linha de suas sobrancelhas loiras, o desenho perfeito de seus lábios e o contorno de um amendoado repuxado de seus olhos. Ah, seus olhos. Uma mistura de azul com verde e um pouquinho de cinza. Sempre tão sérios, tão compenetrados, ameaçadores às vezes e gentis mais raramente.
Eric era a combinação perfeita de perigo e sensualidade, virilidade e ternura, desejo e paixão. Um suspiro profundo tirou de seus sonhos e a trouxe de volta para a realidade, onde ela era caçada por ter alguns poderes, onde sua família havia sido brutalmente assassinada, onde as pessoas por quem ela se afeiçoava eram usadas como pontos fracos para seu inimigo desconhecido.
Ela decidiu levantar da cama e se arrumar, já que logo teria que ir para o Merlotte’s. Ela se trocou e seguiu até o gramado onde sua scooter estava parada. E foi quando ela se lembrou do motivo de toda a confusão da noite anterior: falta de combustível.
- Sam? – ela perguntou ao ouvir a voz do amigo ao telefone.
- Olá, querida. Tudo bem?
- Claro. – ela disse. – Só estou com um probleminha que acho que só você pode me ajudar.
- O que foi? – ele se preocupou.
- Nada muito sério. – ela disse tentando acalmar o amigo. – É que minha scooter ficou sem combustível. Será que tem como você me trazer um pouco?
- Nossa, que susto você me deu! – ele disse rindo. – Claro, sem problemas. Estarei aí em alguns minutos.
agradeceu por ele não ter notado as consequências que aquilo poderia ter tido e não a encheu de perguntas; pelo menos não naquele momento. Ela não queria mentir para Sam, mas também não podia lhe deixar preocupado toda vez que saísse de sua vista.
Em menos de 10 minutos, viu o jipe de Sam cruzando a estrada, a mesma na qual ela quase tinha morrido na noite passada, e ele lhe mandou um grande sorriso. Logo ele já seguia em direção à scooter, com um galão enorme de combustível.
- Já ouviu falar que essas coisas precisam ser abastecidas de vez em quando? – ele brincou.
- Foi a primeira vez. – ela disse. – Com tudo o que aconteceu, acabei me esquecendo dela.
- Mas deu tempo de você chegar em casa ontem antes de anoitecer, certo? – e o tom inquisitivo quase fez esmorecer.
- Deu sim. – ela riu amarelo. – Ela começou a falhar ali na curva, mas só parou mesmo quando eu já estava aqui.
- Mesmo? – ele intensificou seu olhar.
- Mesmo. – ela disse mantendo firmemente sua história. Sam surtaria se ela contasse o que realmente tinha acontecido.
- Bom, quer uma carona?
acabou aceitando a carona de Sam, já que se sentia mais segura passando naquela estrada em um veículo mais seguro do que sua frágil motocicleta. Ela levou apenas alguns minutos para pegar suas coisas e logo seguiam rumo ao bar.
- E então, como foi sua noite? – perguntou, tentando desviar a sua atenção quando entraram na fatídica estrada.
- Oh, meu Deus!!! – exclamou Sam com um sorriso de lado. – Ainda bem que eu lhe dei ouvidos. Ela é perfeita!
- Eu disse que você devia ficar no bar. – sorriu pelo amigo. – Vocês vão namorar?
- Você não previu isso? – Sam parecia espantado.
- Minha visão não vai muito longe, Sam. – ela disse calmamente. – Eu vi vocês se conhecendo e se dando bem. A partir daí, só você pode me dizer.
- A Luna é perfeita. Se depender só de mim, com certeza teremos algo sério.
- Quer que eu tente ver mais longe? – se ofereceu.
- Não. Tudo bem. A surpresa e a expectativa também são muito boas. – ele respondeu, fazendo sorrir.
Logo eles chegaram ao bar e o trabalho começou. A hora do almoço foi agitada e nem teve tempo de pensar em sua vida. Estava concentrada em não fazer confusões com os pedidos, em ser agradável com os clientes e sociável com suas colegas.
Mas o cansaço das noites mal dormidas começava a se abater sobre ela e por duas vezes ela se pegou vendo o futuro de alguém apenas de encostar acidentalmente em suas mãos ou braços. Sam notou isso e no meio da tarde chamou até seu escritório.
- O que está acontecendo?
- Não sei bem. – ela disse. – Acho que a pressão está começando a me afetar. Não saber quem está atrás de mim, viver nessa ansiedade, ver meus amigos sendo atacados... – e ela suspirou fundo.
- Hei. Calma. – ele disse afagando-lhe os braços. – Tudo será resolvido.
- Será Sam? – ela o questionou. – Eu nem sei direito o que eu sou....ou o que posso fazer. – e seus olhos se encontraram. – Eric disse que descobriu algumas coisas, mas não quis me contar para me proteger. – ela disse insatisfeita.
- Fiquei num dilema agora. – ele disse. – Porque concordo e discordo dele. – apenas o encarou surpresa. – Concordo que você tem que ser protegida. Mas não sei se ficar no escuro é a melhor forma de fazer isso.
- Seja claro, Sam. – ela disse, ficando um pouco impaciente.
- O que aconteceu na outra noite, sabe, do vampiro sair flutuando...
- O que tem isso?
- Você tentou fazer novamente? – os olhos de encararam Sam com mais surpresa ainda. – Digo, tentou movimentar alguma coisa? Conscientemente?
- Não. – ela respondeu espantada, quase como se fosse um insulto. Mas depois pensou melhor. – Você acha que funcionaria?
- Só tem um jeito de saber. – ele disse e colocou uma lata de cerveja no chão do escritório.
O coração de se acelerou imediatamente. E se ela fosse mesmo capaz de controlar um objeto com o poder da mente? Havia muito medo, mas também havia uma curiosidade imensa crescendo em seu peito.
Ela olhou fixamente para a latinha, Sam ao seu lado em total silêncio. Em sua mente, ela comandava: mexa-se, mexa-se. Ela começou a sentir que o espaço ao seu redor estava se modificando de um modo inexplicável. Era como se ele estivesse se expandindo milimetricamente, ficando mais leve, com menos gravidade. E então a latinha tremeu.
- Wow! – disse Sam ao seu lado. – ... você...
- Eu sei. – ela disse olhando para o amigo. A expectativa inundando todos os seus sentidos.
Ela concentrou-se novamente na latinha, fazendo mais força para não quebrar aquele laço entre ela e o objeto. Novamente ela teve a sensação do espaço se ampliando e se modificando ao seu redor, e tentou estendê-lo até alcançar a lata. Como se estivesse gerando um campo de força. E então a latinha ergueu-se alguns centímetros do chão, rodando em seu próprio eixo e, conforme o comando de , voltando ao chão delicadamente.
- Você conseguiu! – Sam disse num sussurro. – Você pode fazer isso, !
O coração de estava a mil por hora. Ela era capaz de mover uma latinha com o poder da sua mente. A euforia tomou conta de seu ser e ela ainda não era capaz de acreditar que podia mesmo fazer aquilo.
Ela encarou os olhos de Sam, que brilhavam de animação, sua respiração estava ofegante e ela estava um pouco cansada pelo esforço. Mas ao notar toda a alegria nos olhos de Sam, ela se convenceu de que podia mesmo fazer aquilo.
- Isso é...
- Eu sei. – ele se aproximou dela. – Incrível.
- Aham. – ela soltou balançando a cabeça de modo afirmativo.
E então a ideia lhe passou pela cabeça. Ela olhou curiosa para Sam e foi se afastando lentamente. Sam a olhou com interrogação e, ao ver um brilho maroto nos olhos da amiga, soube o que ela pretendia.
- Você não vai... – ele quase gaguejou.
- Quieto. – ela disse e sorriu de lado.
Ela se concentrou no corpo de Sam, desejando que ele levitasse. Sua expressão ganhou um ar sério e compenetrado e novamente ela sentiu o espaço ao seu redor se modificar. estendeu seu “campo de força” até Sam e em seguida, fazendo mais força do que havia feito antes, ela começou a conduzir o corpo de Sam para o alto.
- Wow... – ela ouviu o amigo dizer ao fundo, mas não deixou que a concentração fosse quebrada.
Sam estava flutuando cerca de 30 centímetros acima do chão da sala, com um sorriso abobalhado no rosto, quase não acreditando no que acontecia com ele. começou a fazer com que Sam lentamente girasse em seu próprio eixo, com cuidado para não fazer nenhum movimento brusco e ele ficou novamente de frente para ela, com os olhos arregalados.
começou a fazer com que ele voltasse ao solo, mas seu celular tocou e, com o susto, sua concentração foi quebrada e Sam desceu com tudo, caindo no chão.
- Desculpe. – ela pediu assim que viu o amigo no chão, mas ele gargalhava tão abertamente que talvez nem tivesse percebido que havia caído. sentiu seu corpo um pouco fraco, mas a voz de Sam chamou sua atenção.
- Não vai atender? – ele olhou para ela levantando-se e indicando que o aparelho ainda tocava.
- Oh... vou... – ela disse atordoada pegando o aparelho. – Alô?
- Por que demorou tanto a atender? O que está acontecendo?
- Desculpe, Eric. – ela disse. – Eu estava meio ocupada.
- O que foi? – ele parecia preocupado. – Você parece distante. Está tudo bem?
- Sim. – ela disse recuperando-se. – Está tudo bem, não se preocupe. – e fez uma pausa. – E com você, está tudo bem? Por que está me ligando em plena luz do dia? Aconteceu alguma coisa?
- Está tudo bem. – ele disse e ela pode sentir o sorriso em seus lábios. – Eu preciso falar com você essa noite. Preciso que venha ao Fangtasia.
- Alguma coisa errada?
- Não. – ele relutou um pouco. – Apenas preciso que você veja algumas coisas.
- Humm.... tudo bem. – ela disse. – Você quer que eu peça ao Sam ou ao Bill pra...
- Não. – ele disse categoricamente. – Eu mesmo vou buscá-la.
- Tudo bem então. – ela disse. – Te espero depois que anoitecer. – e desligou.
- O que ele queria? – Sam perguntou de modo um pouco mais ríspido.
- Ele precisa que eu vá ao Fangtasia. – ela respondeu. – Disse que eu preciso ver algumas coisas.
- Eu não confio nele, .
- Mas eu confio. – ela disse depois de um suspiro. – Ele está se esforçando para me ajudar, e já te salvou. – ela fez uma pausa. – Então sim, eu confio nele.
Sam ficou desarmado depois da resposta de e não conseguiu rebater seus argumentos. No fundo, Sam não gostava do laço que estava se formando entre e Eric, pois sabia que ela podia se machucar muito, mas também não podia interferir muito, ou perderia a amiga e isso ele não podia admitir.
sabia que Sam não gostava de Eric, e não queria desapontá-lo, mas o vampiro tinha se arriscado ao salvá-la, além de também ter ajudado Sam, então ela confiava nele. Sem falar no sentimento profundo que ela tinha desenvolvido. Seu coração não a trairia daquela maneira, trairia?
- ... – disse Sam retomando a conversa. – Você tem um dom muito poderoso.
- Não sei se eu comemoraria tanto, Sam. – ela respondeu. – Se isso vier à tona, meu pescoço pode valer mais ainda pra quem está me caçando...
- Quem mais sabe?
- Eric suspeita. – ela disse. – Mas não tem certeza, nem provas.
- Você vai contar para ele?
- Ainda não sei. – ela disse sinceramente. – Acho que vou esperar e ver o que ele quer me mostrar antes.
- Melhor assim. – ele disse e ambos ficaram em silêncio, pensando nas repercussões que aquele novo dom poderia ter sobre a existência de .

08 de Setembro, Shreveport, 16:53h

Eric ficou apreensivo depois da conversa com . O que teria acontecido? Ela tinha um timbre diferente em sua voz, quase como excitação. Ele não tinha gostado daquilo. Ela estaria mentindo para ele? Por quê? A preocupação de Eric aumentou, o que o fez desejar que as horas corressem mais rapidamente, para se encontrar logo com ela e esclarecer suas dúvidas.

08 de Setembro, Bon Temps, 18:42h

Sam e haviam acabado de chegar à casa dela, mas ainda não tinha nenhum sinal de Eric. Um arrepio estranho percorreu sua espinha e ela olhou ao redor, como se procurasse por algo, como se estivesse sendo vigiada.
- O que foi? – Sam se alarmou um pouco.
- Não deve ser nada. – ela disse. – Talvez eu esteja ficando louca. – e riu de lado.
Os dois entraram na casa e subiu para tomar um banho rápido. Sam ficou na sala, vendo TV. Ele não sairia de lá antes de ter certeza de que sua amiga estaria em segurança.
- Sam Merlotte. – disse uma voz rouca atrás de Sam, mas ele já tinha farejado Eric.
- Eric Northman. – ele disse e se levantou. – Como entrou aqui?
- me convidou. – ele disse com um ar superior. – Posso entrar sempre que quiser.
- Vou conversar com ela a respeito. – ele disse sem se intimidar.
Os dois se encararam por alguns segundos – Eric com as presas à mostra e Sam bufando um pouco – até que ouviram o chuveiro ser desligado. Eric teve uma rápida memória da noite anterior e do cheiro da pele de , mas disfarçou a tempo.
- Ela é muito importante para mim. – disse Sam. – Certifique-se de que ela estará segura.
- Ela também é muito especial para mim, metamorfo. – disse Eric retraindo as presas. – Então esteja certo de que a protegerei com minha vida, se for preciso.
Houve mais um minuto de silêncio e demonstrações de masculinidade entre o vampiro e o metamorfo, mas eles ouviram os passos no corredor acima de suas cabeças e decidiram encerrar aquela disputa.
- Espero que não estejam discutindo, rapazes. – disse , de modo quase brincalhão, do alto da escada.
Ela usava um vestido leve de verão, azul-marinho, na altura dos joelhos e de alças largas. O cabelo solto caindo em ondas pelo seu ombro, a correntinha de prata adornando seu colo e protegendo seu pescoço, e uma sandália não muito alta. Ela sorriu de lado arqueando uma das sobrancelhas. Foto-04
Sam encarou-a mais de uma vez, um pouco abismado. Era a primeira vez que via sem uma calça jeans e camiseta. Ela estava deslumbrante. Seus olhos protetores percorreram-na por inteiro e em seguida ele olhou para o vampiro ao seu lado.
Eric parecia estar tendo uma visão. estava linda. Tentadoramente linda. Ele notou o leve corado que ela trazia nas maçãs do rosto, e ouviu seu coração bater mais rapidamente. Seus olhos se encontraram e havia um brilho intenso nos dela. Eric quase engoliu em seco e lutou bravamente para que suas presas não aparecessem e denunciassem o desejo que o tomava.
- Você não vai ficar com frio? – disse Sam, em tom paternal.
- Acho que não. – ela disse. – A noite está tão agradável. – e seus olhos percorreram o rosto de Sam. – Mas tenho um casaco aqui, caso esfrie.
- Vamos? – disse Eric, sem se manifestar.
- Claro. – ela disse.
- Tenha cuidado. – disse Sam andando pela varanda. – E não se...
Mas sua fala foi interrompida assim que ele viu o reluzente SV9 vermelho escuro de Eric estacionado ao lado do seu jipe. Foto-05
Eric sorriu de lado com a cara de Sam, mas era em que sua atenção se concentrava. Contudo, ao contrário do que ele esperava, ela não estava realmente impressionada. Não como ele queria que ela ficasse e isso o desapontou um pouco.
- É um bonito carro, Eric. – ela disse calmamente, vendo a ansiedade nos olhos do vampiro.
A verdade, no entanto, era um pouco diferente do que seu tom de voz denunciava. Por dentro gritava encantados OMGs e WTFs , mas como Eric não tinha feito absolutamente nenhum comentário a respeito da sua produção – que ela tinha pensado detalhadamente desde o momento em que ele ligou para ela – ela decidira fazer o mesmo em relação ao super carro do vampiro. Mulheres sabem ser impiedosas quando querem.
- Boa noite, Sam. – ela disse e deu-lhe um rápido beijinho na bochecha.
- Boa.... – ele disse ainda fascinado.
Eric abriu a porta do carro para e, enquanto ela entrava, ele observou os detalhes do corpo daquela mulher. Novamente ele teve que controlar suas presas e seguiu rapidamente para o lado do motorista arrancando em direção ao Fangtasia.
Houve um momento de silêncio enquanto Eric acelerava pela estrada. o olhava de soslaio e a beleza nórdica dele era quase hipnótica. Essa sim era uma máquina que merecia contemplação.
- Você está muito calada. – ele disse olhando-a de lado.
- Ansiosa pelo que você quer que eu veja. – ela não mentiu. – E eu sei que você não vai me dar nenhuma dica. – e viu um sorriso se abrir nos lábios dele.
- E está extremamente linda essa noite. – ele continuou, deixando para elogiá-la longe da presença de Sam.
- Obrigada. – ela disse e sabia que estava corando levemente. Não só pelo elogio, mas também por ter interpretado erroneamente o silêncio anterior de Eric. – E o carro é realmente muito bonito. – ela tentou corrigir.
Eric soltou uma divertida gargalhada, como se entendesse o que tinha se passado. Mulheres! Ela riu também, sabendo que ele tinha entendido o que tinha acontecido. Apesar de tudo, quando estavam apenas os dois, a leveza e naturalidade entre eles eram quase palpáveis.
- Você realmente não vai... – mas ela foi interrompida pela súbita aparição dos olhos azuis de Eric em foco. Novamente eles desapareceram tão rápido como vieram e ela respirou pesadamente.
- O que foi? – ele ficou apreensivo.
- Alguma coisa vai acontecer essa noite. – ela disse preocupada. – Foi a mesma coisa, a mesma sensação que tive na outra noite, com Sam. – e ela encarou os olhos de Eric. – Alguma coisa ruim está para acontecer.
E então foi a vez de Eric ter um calafrio. Eric Northman nunca tinha calafrios. Ele sentiu um aperto em seu peito e uma imagem se formou em sua mente. Ele sabia quem seria a vítima da visão de .
- Pam. – ele disse e pisou mais fundo ainda no acelerador do carro.

08 de Setembro, Shreveport, 20h

Eric fez a curva cantando os pneus de seu carro e freou bruscamente, fazendo com que se agarrasse fortemente ao banco. Ela sentia o perigo no ar e os olhos de Eric ardiam em fúria. Ambos desceram e entraram correndo pela porta do Fangtasia.
- Pam? – ele chamou. – Pam? – novamente. – PAM? – o grito saindo como um rugido de sua garganta.
caminhava pelo salão e podia notar as evidências de que uma luta tinha acontecido ali. Eric parou ao seu lado, nitidamente preocupado e enraivecido. Ele olhou ao redor, vendo as banquetas caídas pelo chão e uma dor afundou em seu peito: sua cria estava em perigo.
- Ela não está em lugar nenhum. – ele disse e um rugido grave saiu de seu peito enquanto ele chutava as banquetas caídas, fazendo-as parar do outro lado do salão.
assustou-se um pouco com aquilo. Nunca tinha visto Eric perder a cabeça. Ele havia lhe dito que Pam não era sua namorada, mas conseguia ver que a relação que eles tinham era muito intensa. Doeu em seu peito ver o vampiro daquela maneira e ela tinha que fazer alguma coisa para ajudá-lo.
- Eric. – ela o chamou, mas ele não pareceu ouvi-la. – Eric! – ela disse mais alto.
- O quê? – ele se virou para ela, presas à mostra, revelando a face do vampiro cruel e impiedoso que era.
podia ler a raiva em seus olhos, como um animal ferido pronto para atacar quem quer que se aproximasse. Ela leu medo também. Medo de que algo de ruim estivesse acontecendo com Pam, medo de nunca mais vê-la, medo de ela ter encontrado a verdadeira morte.
- Deixe-me ajudá-lo. – ela disse, lutando para que sua voz não saísse tremida.
Seus olhos estavam conectados e as palavras de chegaram lentamente até ele. Ele ouviu o coração apressado de e viu que, apesar de estar se mantendo firme, vestígios de medo a invadiam.
- Desculpe. – ele disse. – Eu não queria....
- Tudo bem. – ela disse. – Só... deixe-me ajudá-lo.
Ele recolheu as presas e tentou se recompor. Sabia que ter um ataque àquela altura não ajudaria em nada. E, de qualquer maneira, ele não queria que visse sua face mais sombria. Não ela.
- O que eu tenho que fazer? – ele disse com a voz controlada novamente.
- Basta me dar a sua mão. – ela disse e esticou a mão, aguardando a de Eric.
Seu poder de vidente tinha que servir para alguma coisa além de ler o futuro de curiosos que iam a espetáculos de circo. Tinha que haver uma utilidade maior, um propósito maior.
Ela sentiu a mão gelada de Eric tocar a sua e inspirou, concentrando-se. Num minuto tudo estava normal, então o mundo ao redor de Eric saiu de foco e ela viu alguma coisa. Com outra inspirada profunda o mundo voltou ao normal e ela encontrou Eric com olhos curiosos e apreensivos.
- Eu o vi no cemitério de Bon Temps. – ela disse. – Mas não vi mais nada, nem ninguém. Apenas você, no cemitério. Não entendo.
- Isso não foi muito útil. – ele disse desapontado.
- Eu sei. – ela disse, usando o mesmo tom. – Sua mente está agitada demais. Mas... – ela fez uma pausa, recordando-se de alguma coisa.
- O quê?
- Traga-me alguma coisa da Pam... Aquele crucifixo de rubis que ela usava na noite que vim aqui.
- Para quê? – ele a questionou.
- Quero tentar uma coisa. – e enquanto Eric desapareceu, recordou-se de uma vez, muitos anos atrás, quando teve uma visão diferente.
- Aqui está. – ele disse segundos depois. – O que você vai fazer?
- Alguns anos atrás, eu era criança ainda, e esbarrei num vestido da minha mãe que estava pendurado, secando ao sol. – ela fez uma breve pausa. – Eu a vi se machucando ao tentar ajudar meu pai com um baú.
- Você teve uma visão a partir de um objeto?
- Sim. – ela disse. – Corri até ela e consegui evitar que o baú caísse e a machucasse. – e ela olhou firmemente para Eric. – Isso só aconteceu uma vez, então não sei se vai funcionar dessa vez, ok? Mas tenho que tentar.
Eric impressionou-se com o relato e com a coragem de . Ela estava se esforçando ao máximo para ajudá-lo, e isso dizia muito a respeito do seu caráter. Ela ajeitou-se numa poltrona e pediu para que Eric também se sentasse. Olhou atentamente para o belo crucifixo e respirou fundo.
fechou o objeto dentro da palma da sua mão esquerda, segurando-o firmemente e então esticou a outra mão para Eric, segurando-a com força. Toda a atenção de Eric estava concentrada nela.
fechou os olhos e começou a forçar seu dom. Ela vislumbrou o rosto de Pam na noite em que se conheceram, depois a vampira com a expressão preocupada olhando para Eric e a invasão do clube. Homens em roupas pretas dominaram Pam e a arrastaram para fora. Em seguida sua visão mudou um pouco e agora ela via Pam no cemitério de Bon Temps, usando algemas de prata que a machucavam e então uma figura pálida surgiu ao seu lado, sorrindo vitoriosamente.
abriu os olhos, completamente descrente do que tinha visto. Sua respiração estava ofegante, ela não queria acreditar no que tinha visto, mas ela nunca havia se enganado. Lentamente ela se virou para Eric, que a olhava ansioso.
- Bill. – o nome saiu num sussurro e viu os olhos de Eric se incendiarem novamente.


Capítulo 14


08 de Setembro, Shreveport, 20:30h
- Bill. – o nome saiu num sussurro e viu os olhos de Eric se incendiarem novamente.
- O quê? – Eric fazia um esforço muito grande para não destruir tudo a sua volta.
- Foi o Bill. – ela repetiu, ainda incrédula, uma dor pesando em seu coração. – Eu o vi ao lado da Pam, no cemitério, essa noite. – e uma singela lágrima de decepção escorreu por seu rosto. – Eu confiei nele. E ele estava por trás disso o tempo todo.
- Bill Compton é um vampiro morto. – Eric disse com raiva pegando as chaves do carro.
- Não. – ela disse. Eric a olhou confuso. – Eric, ele não sabe que eu posso fazer isso, esse tipo de previsão. – ela se levantou. – Ele não sabe que nós sabemos.
- Mas ele sabe que você vê o futuro. – e ele tentou ser mais gentil. – Ele sabe que você está aqui comigo e que nós descobriríamos. – se sentiu uma idiota por não ter pensado naquilo. Ela só não vira o futuro de Eric claramente porque sua mente estava muito agitada. Era de se esperar que ela visse a pequena reunião que aconteceria mais tarde.
- Merda. – ela disse sentando-se na poltrona. E foi quando sentiu o ardor em sua mão, percebendo que ainda mantinha o crucifixo apertado na mão fechada. – Ai.
- Você está bem? – Eric aproximou-se e viu o pequeno corte.
- Tudo bem. – ela disse. – Só vou lavar a mão e...
- Deixe-me curá-la. – ele disse e mostrou as presas, prestes a morder a si mesmo.
- Não é necessário. – ela disse. – Obrigada.
- Por que você rejeita meu sangue? – ele questionou sem compreender .
- Honestamente, eu não sei. – ela disse. – Alguma coisa me diz que nossos sangues não devem ser misturados. – e ela segurou em seu rosto delicadamente. – Não sei se é intuição, ou algum outro dom secreto falando... mas sinto que devo obedecê-lo... para o nosso bem.
Eric retraiu as presas diante daquele relato tão sincero. Ele já tinha lido alguma coisa, mas ao ver que dizia a verdade, que de alguma maneira ela só estava tentando se proteger, e protegê-lo, ele se sentiu ainda mais atraído por ela.
- Ok. – ele disse e um quase imperceptível sorriso dançou em seus lábios. – O banheiro fica por ali. – e indicou o caminho.
Enquanto desaparecia pelo corredor, Eric foi até a porta do clube e pendurou a placa de “CLOSED”. Voltou para o salão e repassou o que tinha acontecido. O que seria uma noite de revelações sobre a natureza curiosa de , tinha se tornado um pesadelo com sua cria sendo sequestrada.
entrou no banheiro e respirou algumas vezes tentando colocar ordem em seus pensamentos. Ela não podia acreditar que Bill era a pessoa que estava por trás de tudo aquilo. Ele conheceu seus pais, por Deus! Ele não podia ser tão ganancioso e desalmado ao ponto de destruir uma família inteira apenas para consegui-la. Outra lágrima escorreu pelo rosto de , de raiva, de revolta.
Ela abriu a torneira e colocou a palma da mão cortada sob a água, sentindo um leve ardor. tinha feito tanta força para se concentrar em encontrar Pam, que nem percebera que se machucara. Mas aquilo não importava realmente. Ela havia descoberto tudo.
Após enxugar as mãos e o rosto, ela voltou para o salão e encontrou Eric sentado em seu trono e, mesmo no meio daquela confusão toda, ele ainda irradiava imponência. O salão continuava bagunçado, mas isso não parecia incomodá-lo muito. sentou-se ao seu lado.
- Você está bem? – ele perguntou.
- Não. – ela disse. – Estou furiosa. E decepcionada. E me sentindo traída.
- Isso não vai durar muito. – Eric disse num tom seco. – Eu prometi que ninguém te machucaria, e ninguém irá.
- Posso fazer uma pergunta? – ela disse depois de alguns momentos de silêncio, ele a olhou curioso. – Qual a sua relação com a Pam? – Eric suspirou e sorriu de lado.
- Os laços entre um vampiro e sua cria são muito intensos. – ele disse. – Normalmente não saímos por aí criando outros vampiros aleatoriamente, ou pelo menos os vampiros com cérebro não o fazem. Quando criamos um vampiro, sempre tem algum motivo por trás. Na maioria das vezes, o fazemos para aplacar a solidão da eternidade. – o ouvia com atenção. – Quando conheci Pam, cerca de 150 anos atrás, ela me chamou a atenção. Uma linda mulher com pouco sentimentalismo e um pensamento liberal. Ela era perfeita para mim. Então eu a criei. Dividimos o mesmo sangue. Por isso posso senti-la e ela a mim. – ele sorriu de lado. – Pode parecer egoísta, e não deixa de ser, mas depois de alguns séculos começamos a sentir algumas necessidades além de matar e beber. Pam é minha amiga, minha filha, minha mãe, minha irmã, minha amante, minha cúmplice. – e seu olhar ficou um pouco distante. – E o único vampiro em que posso confiar.
- Eu entendo. – ela disse admirada pela devoção dele em relação a Pam. – Posso sentir a importância que ela tem para você. – e fez uma pausa. – Logo ela estará de volta. Sã e salva.
- Como você pode ter tanta certeza?
- Por que eu vi. – ela disse.
- Mas então o plano do Bill....
- Eu tenho que te mostrar uma coisa. – ela o interrompeu.
Ela sabia que Eric não concordaria com as exigências de Bill, mas era a única maneira de salvarem Pam. Então ela preferia lidar com isso na hora certa. Eric arqueou uma sobrancelha, não gostando de ter sido interrompido e olhou-a como quem diz: é melhor que seja importante. sorriu de lado, ficou em pé e olhou fixamente para uma das banquetas caídas no chão. Eric a observou atentamente.
Ela concentrou-se na banqueta, sentiu novamente o espaço se alterando ao seu redor e, do mesmo modo que fez naquela tarde, ela fez com que a banqueta se erguesse e levitasse alguns centímetros acima do chão. Girou-a para que ficasse na posição normal e gentilmente a colocou no chão.
- What the fuck...
- Eu tenho mesmo o poder da telecinese. – ela disse e olhou para ele, sorrindo, mas então uma leve tontura a preencheu e ela meio que perdeu o equilíbrio. Antes mesmo dela começar a cair, Eric já a amparava.
- Você está bem?
- Sim. – sorriu de lado. – Fico meio zonza depois de fazer essas coisas, só isso.
- Tem certeza?
- Tenho. – ela ainda sorria.
- Quando você...?
- Essa tarde. – ela disse. – Sam me desafiou, digamos assim, e eu fiz uma latinha de cerveja levitar. E depois o próprio Sam. – ela fez uma rápida pausa. – Claro que ainda preciso treinar muito, mas acho que posso desenvolver esse dom.
- Era isso que você estava fazendo quando te liguei?
- Sim. Seu telefonema me fez perder a concentração e eu deixei o Sam cair no chão. – ela riu de lado.
- Surpreendente. – ele disse.
- Tem certeza de que está realmente surpreso? – ela perguntou olhando-o quase com ironia. – Isso foi uma das coisas que você descobriu sobre mim, não foi?
Eric foi pego de surpresa pela pergunta de . Ele tinha lido algumas coisas e ficado desconfiado com o relato dela com o vampiro, mas nunca houve provas incontestáveis. Ela o encarava pacientemente, esperando ouvir sua resposta.
- Sim. – ele disse. – Eu desconfiava que você tivesse mesmo esse poder. – e a olhou. – Estou quase certo de que você seja uma vidente real e... – ele foi interrompido pelo seu celular: Bill Compton.
Eric olhou para o aparelho, quase como se pudesse fuzilar Bill através do telefone. O coração de disparou novamente ao relembrar a traição do vampiro e ela olhou para Eric, que lutava contra seu instinto assassino para falar com o calhorda.
- Xerife. – Bill disse usando um tom cordial quando Eric atendeu. – Creio que já deva estar ciente de que estou com sua cria.
- Você vai morrer, Bill Compton. – Eric berrou ao telefone. apenas continuou olhando para ele. - Não há necessidade para tanto drama. – disse Bill. – Encontre-me no cemitério à meia noite e ambos sairemos satisfeitos.
- Eu duvido muito disso. – disse Eric, mas Bill já tinha desligado.
- A que horas? – se manifestou.
- Ele não vai conseguir o que quer. – disse Eric, irritado.
- A que horas no cemitério, Eric?
O vampiro olhou para e ao invés de encontrar medo em seus olhos, apenas viu um brilho decidido. Ela estava totalmente disposta a aceitar as condições de Bill para salvar Pam.
- Meia noite. – ele disse baixo. – Mas eu não vou deixar que...
- Vai ficar tudo bem. – ela disse com a voz tranquila.
- Como você consegue ficar calma? – ele a questionou. – Como você não está com medo?
- Eu estou com medo. – ela disse e se sentou. – Mas eu sei que isso não vai adiantar em nada. – houve uma pausa e em seguida ela encarou Eric. – Essa noite já esta definida.
- Não. – ele disse. – Nada está definido. Eu não...
- Eric... – e ela segurou em suas mãos. – Por que você não me conta o que sabe sobre mim?
Eric bufou, negou a realidade, mas depois aceitou que não havia nada que pudesse ser feito naquele momento. Ele levou até o escritório e lhe mostrou o livro que tinha recebido de Isabel.
olhou-o com atenção e palavras foram se destacando: vidência, telecinese, poder sobrenatural, telepatia. A cada parágrafo se surpreendia mais com as evidências que lia. Seu coração acelerava e falhava com a mesma intensidade.
- Eu não consigo ler a mente das pessoas. – ela disse em algum momento.
- Não é obrigatório apresentar todas as características. – ele disse. – E algumas passagens estão faltando. – ele completou. – Em algum lugar começam a falar do seu sangue, mas há uma falha.
- Então eu estou certa em não querer misturar nossos sangues. – ela disse. – Há um motivo para isso.
- Acho que sim. – ele disse. – Eu insisti porque não tinha ainda certeza de que você era mesmo uma vidente real, mas depois de ver seu showzinho com a banqueta...
- Bill sabe dessas coisas? – ela o questionou.
- Provavelmente. – Eric respondeu. – Mas ainda não entendi o que um mero vampiro quer com você. O que ele pretende realmente.
- Bom. – disse olhando para o relógio. – Acho que logo saberemos.
Eric sabia que não podiam adiar mais aquele encontro. demonstrava uma segurança peculiar e não deixou se abater mais, depois do choque inicial. Ambos caminharam lado a lado pelo salão e seguiram até o carro que os levaria ao cemitério de Bon Temps.

08 de Setembro, Bon Temps, 23:50h
O caminho foi silencioso e rápido. Eric exigiu tudo o que o motor do seu SV9 podia oferecer e ficou perdida em seus pensamentos. Ela sabia que o único meio de salvar Pam era enfrentar aquele encontro, e sabia também que Bill não a machucaria já que era ela quem ele queria. Esse fato a deixava um pouco mais tranquila, mas apenas isso.
- Você está pronto? – perguntou ao pararem o carro.
- Eu quem deveria fazer essa pergunta. – ele disse.
- Vamos acabar logo com isso. – ela disse e tirou o cinto de segurança. Eric correu até a porta e a abriu para , fazendo-lhe uma gentileza, o que arrancou um sorriso de seus lábios. – Para um vampiro milenar, você é bem romântico. – ela disse e olhou fundo nos olhos azul-esverdeados de Eric.
- Bom, essa é nova para mim. – ele disse e sorriu de volta, mas em seu peito, Eric sentiu um pesar que nunca tinha sentido antes.
e Eric caminharam pelo gramado da casa recém comprada e suspirou pensando que realmente tinha ficado muito pouco tempo ali. Eric acompanhou o olhar da garota e mais uma vez se solidarizou.
- Fica de olho nela por mim, e em Sam. – ela disse.
- Não será necessário. – ele disse confiante, mas sabia que seria.
Atravessaram a pequena falha na cerca que limitava o cemitério e seguiram até o túmulo dos pais de . Eric postou-se ao lado dela, deixando-a alguns centímetros para trás de seu corpo, num gesto protetor e ambos esperaram.
Não demorou para que Eric sentisse a presença de Pam, Bill e muitos guarda-costas humanos. Um amontoado de pontinhos vermelhos apareceu sobre o peito de Eric e em segundos, Bill entrou no campo de visão de . Ela viu Pam presa com as algemas de prata, que a machucavam profundamente, exatamente como tinham se mostrado em sua visão.
- Pam. – Eric disse baixo, lamentando a dor de sua cria.
- Boa noite, meus caros. – disse Bill. – Pontuais. Gostei disso.
As presas de Eric ficaram à mostra, revelando que a paciência do vampiro estava em seu limite. Pam estava claramente puta da vida com o que estava acontecendo, pois colocara seu criador numa posição na qual ele não gostava de estar: chantageado.
- Eu confiei em você. – disse. Bill desviou seu olhar da garota, não conseguindo encará-la.
- Que tal irmos direto ao assunto? – ele disse. – Eu tenho uma coisa que você quer; você tem uma que eu quero.
Eric já sabia que esse era o acordo de Bill: por Pam. Ele só não estava disposto a abrir mão de nenhuma das duas. Um rosnado saiu do fundo do peito de Eric e ele ameaçou partir para cima de Bill, mas a delicada mão de o impediu.
- Não, Eric. – ela disse e se colocou em sua frente. – Eu vou.
- Não. – ele disse. – Ele não colocará as mãos em você. Não vou permitir.
- Você vai. – ela disse e ergueu sua mão até tocar o rosto de Eric. Suas presas se retraíram no mesmo momento. – Ele não vai me fazer mal. Ele me quer viva.
- Eu prometi mantê-la a salvo. – ele argumentou.
- Eu sei. – ela disse com a voz doce e afagou o rosto do vampiro. – E você vai cumprir sua promessa, mas não agora.
- ... – ele disse num sussurro e sua mão também subiu até encontrar o rosto da garota. – Eu...
sentia seu coração descompassado. Ali, diante de um futuro incerto, o que ela mais temia nem era o que a aguardava ao lado de Bill Compton, mas sim nunca ter a chance de provar os lábios de Eric. O vampiro sentia o pulsar do coração de e era quase como se ele pudesse sentir o seu próprio pulso. irradiava vida para dentro de si e ele não queria perdê-la. Ele não podia perdê-la.
- Eu sou sua, Eric. – ela disse bem baixinho e lentamente subiu seus lábios até encontrar os dele.
Eric não esperava aquela atitude de , as palavras ressoaram em sua mente e ele simplesmente se entregou àquele sentimento. Finalmente seus lábios encontraram os de e ele os saboreou como se fossem a iguaria mais rara e delicada do mundo.
sentiu o gelado dos lábios de Eric e surpreendeu-se ao gostar da sensação. Tinham um gosto suave e doce, eram macios e moldavam-se perfeitamente aos seus. Eric acariciou sua bochecha enquanto se beijavam e ela sabia que guardaria aquele momento para sempre em seu coração.
- Hãrrãm. – fez Bill quebrando aquele clima e chamando a atenção dos dois. – Tic-tac, crianças.
e Eric se afastaram apenas para que pudessem olhar um nos olhos do outro. Uma lágrima descia pelo rosto dela, e Eric a secou com o polegar.
- Eu vou te tirar daí. – ele disse apenas para que ela escutasse.
- Eu sei. – ela disse e se afastou.
encarou os olhos traidores de Bill, os vários homens de preto que estavam na retaguarda e então chegou a Pam. Ela estava comovida com o que tinha visto, e apenas lhe disse um “sinto muito” sem emitir som algum. Pam esboçou um imperceptível sorriso de agradecimento.
Quando chegou perto o suficiente de Bill, um dos homens segurou fortemente em seu braço, mantendo-a ali, longe de Eric. O vampiro rosnou alto com aquilo, mas sabia que não podia fazer nada ou poderia se ferir. Bill ordenou que outro guarda levasse Pam até perto de Eric e ela caminhou até seu criador, ainda com as algemas de prata em volta dos seus pulsos.
Bill foi se afastando lentamente com seus homens e ainda fez força para se virar e dar uma última olhada para Eric. Ela encontrou os olhos azulados de Eric e viu o grande dilema em que ele se encontrava. Eric poderia destruir aqueles humanos com facilidade, mas estaria colocando-a em perigo. Ela apenas sorriu tristemente e foi forçada a sumir entre as sombras do cemitério.
Eric estava furioso por estar numa posição tão ruim. Ele nunca se sentira impotente antes. Assim que se afastou mais, Bill jogou-lhe as chaves das algemas e ele pode finalmente liberar Pam daquela tortura. As presas da vampira estavam à mostra e ela não sabia realmente o que fazer.
- Eu sinto muito, Eric. – ela disse. – Não consegui me livrar de todos eles.
- Eu sei. – ele disse e olhou ternamente para sua cria. – A culpa não foi sua.
- vai ficar bem. – ela disse tentando confortá-lo. – Ele não vai machucá-la. Ele a queria desde o começo.
- Ela não ficará nas mãos dele por muito tempo. – Eric disse e seu tom era de uma promessa velada.
Após sentir o gosto dos lábios de nos seus, ele soube que ela era ainda mais especial do que qualquer outro ser do mundo. Ela era dele. Ela tinha dito isso. E Eric faria qualquer coisa para tê-la de volta em seus braços, para amá-la e protegê-la para sempre.
No outro lado do cemitério, Bill finalmente chegava com até sua casa. Eles não haviam trocado nenhuma palavra desde que ela havia se entregado e, por ela, ficaram sem se falar para sempre.
A mansão de Bill era muito bonita, ela tinha que confessar. Toda em madeira, pintada com tons claros e sóbrios. O grande gramado estava bem cuidado e havia muitos guardas fazendo a vigilância da residência. Aquilo não se parecia em nada com a casa de um vampiro comum, como Bill havia lhe dito. Mas, não era de se surpreender, já que ele havia mentido sobre tudo antes.
- Soltem-na. – ele disse e imediatamente o grandalhão soltou seu braço. A mão de correu até o local, que estava vermelho, e ela massageou a região, a fim de fazer o sangue voltar a circular por ali. – Desculpe por isso. – disse Bill quando estavam apenas os dois, ainda fora da grande casa.
ia falar alguma coisa, mas a raiva que sentia era tamanha que as palavras simplesmente não conseguiam ultrapassar o bolo de ódio que estava formado em sua garganta.
- Apenas veja. – ele disse quase num sussurro depois de olhar ao redor. E então olhou fixamente para , como se fosse induzi-la.
Mesmo sem querer, Bill meio que a forçou a olhar em seus profundos olhos azuis. Ele parecia querer lhe mostrar alguma coisa de seu passado. então se deixou levar e percebeu quando o mundo ao redor dos dois se desfocou, entrando em seu campo de visão uma nova realidade.
Após alguns momentos ela voltou ao presente e seus olhos agora estavam completamente alarmados. Toda a raiva havia dado lugar à surpresa e a revolta que ela sentia. Ambos permaneceram calados, se encarando, enquanto entendia o que tinha visto.
- Sinto muito. – foi a única coisa que Bill disse antes de levar para dentro da grande mansão branca.


Capítulo 15


09 de Setembro, Bon Temps, 00:15h
Pam já estava quase completamente curada dos machucados provocados pela prata e começou a andar para fora do cemitério, mas logo viu que Eric permanecia imóvel. Ele estava parado sozinho no cemitério e ele se recordou da visão que tinha tido. O ódio por não poder fazer nada naquele momento consumia-o por dentro.
- Vamos, Eric. – disse Pam num tom comovido. – Não podemos fazer mais nada hoje.
- Tenho que dar um jeito de resgatá-la. – ele disse.
Ela apenas o encarou e percebeu que o que existia ali era muito maior do que preocupação. Pam percebeu que Eric estava apaixonado por . Aquilo doeu um pouco em seu coração gelado, mas o que ela mais queria, no fundo, era ver seu criador feliz.
Eric finalmente se mexeu e ambos seguiram rumo ao grande gramado da casa de . O belo SV9 continuava no mesmo lugar, mas havia algo mais ali. Alguém com quem Eric realmente não estava com paciência para discutir.
- Onde ela está? – Sam perguntou num tom ameaçador.
- Com Bill Compton.
- E por quê?
- Tínhamos alguns negócios para resolver. – Eric disse. – Agora saia do meu caminho.
- E você a deixou lá, com ele? – Sam estava perdendo o controle. – O que está acontecendo afinal?
- foi usada como moeda de troca. – disse Pam. – Bill a sequestrou, digamos assim.
- O QUÊ? – Sam meio que se desesperou. – E você não fez nada para ajudá-la, para protegê-la?
- Não é bem assim que as coisas funcionam. – disse Eric. – Assim que for possível, eu a resgatarei.
- Sem essa. – disse Sam. – Eu vou lá resolver isso de uma vez por todas.
- NÃO! – Eric ordenou e Sam estagnou. – Você vai morrer se for até lá. Não que eu me importe realmente... mas se importa.
- Você não pode...
- Posso. – disse Eric autoritariamente. – Ela se entregou porque quis. Então não se intrometa, metamorfo.
E sem mais, Eric e Pam desapareceram estrada afora deixando Sam com mais perguntas do que respostas. Ele encarou o bosque à sua frente e cogitou ir até a mansão de Bill para saber o que estava acontecendo, mas as palavras de Eric voltaram em sua mente – você vai morrer se for até lá – e ele pensou melhor. Com certeza, sob a proteção da luz do Sol, ele conseguiria falar com e entender o que estava acontecendo.

ainda estava com as imagens das lembranças de Bill quando atravessou a grande porta de carvalho entalhado. Tudo era muito iluminado e decorado num estilo clássico com toques de modernidade.
Mal a porta havia se fechado atrás dela e uma figura peculiar saiu de uma sala. Era baixo, cabelos castanhos com entradas salientes, a pele muito pálida e um toque de crueldade requintada em seus olhos verdes.
- Ora, ora, o que temos aqui, Mr. Compton? – disse o vampiro. – Ela me cheira a vidente.
- Sim, majestade. – disse Bill. – Tenho certeza de que é uma vidente.
- Uma vidente real? – ele perguntou.
- Ainda não sei. – Bill disse. – Mas creio que possamos descobrir.
olhava para o vampiro com cuidado, analisando-o. Não parecia ser muito perigoso, dado sua baixa estatura e tipo físico, mas Eric havia lhe dito que as aparências enganavam e quanto mais velhos, mais fortes os vampiros ficavam.
- Não vai fazer as honras para essa jovem e assustada criatura? – ele olhou para Bill, soltando um tsc-tsc baixo e divertido. – Meu nome é Russell Edgington. Sou o rei do estado do Mississipi e também do estado de Louisiana.
o encarou por alguns segundos. Apesar de parecer inofensivo, ela sabia que aquele vampiro era muito mais perigoso do que Bill, ou até mesmo Eric. Seus instintos gritavam isso em sua mente e ela não sabia ao certo o que fazer.
- Tragam-me a telepata. – ele ordenou. – E minha adorável esposa. – e então virou-se para . – Você vai adorar minha querida Sophie Anne.
percebeu Bill ficar tenso ao falarem em telepata, e ela entendia o motivo. Na visão que Bill meio que a obrigara a ter, ela tinha visto uma jovem loira com os olhos assustados. Era a namorada de Bill, que estava sendo mantida refém pelo rei, por causa de seus poderes.
Um outro vampiro entrou na sala ao perceber toda a movimentação e logo se colocou ao lado de Russell. Era um pouco mais alto que ele, cabelos negros e a fisionomia lhe lembrava as estátuas gregas e sua busca pela perfeição anatômica. Ele apoiou gentilmente a mão no ombro de Russell e inclinou-se para lhe falar algo no ouvido.
- Oh, sim, meu amado. – disse Russell num tom quase meloso. – Essa é nossa vidente. – e olhou para , que ainda permanecia muda. – E esse é Talbot, meu magnífico amante e amor eterno.
estava começando a se assustar com a quantidade de vampiros que se faziam presentes naquele pequeno hall de entrada e então a jovem loira apareceu. Os olhos de Bill brilharam ao vê-la, assim como os dela para ele.
- Finalmente, senhorita Stackhouse. – disse Russell. – Olha só, arrumamos uma amiga para você. Amiga humana... ou quase. – ele disse se divertindo. – Acho que agora não se sentirá tão sozinha.
Sookie, a jovem loira não disse nada, mas seus olhos fuzilavam Russell com um ódio quase mortal. Seus olhos se encontraram com os de e ela pareceu entender alguma coisa, sorrindo de lado timidamente.
- Muito bem. – disse Russell assumindo um tom menos amistoso. – Vamos ver o que temos realmente aqui. – e se encaminhou para . – Leia os pensamentos dela. – ele ordenou a Sookie e fixou seu olhar em . – Diga-me a verdade, o que você vê em meu futuro?
Aparentemente o rei não sabia que não podia induzi-la e foi exatamente o que tentou fazer. sentiu a força de atração dos olhos de Russell e em instantes estava em seu passado, numa época muito distante dos dias atuais. encarou o vampiro quando sua visão voltou ao normal, aparentemente incrédula.
- Três mil anos? – ela o questionou, falando pela primeira vez. – Você tem três mil anos?
Mas ao invés de se surpreender com a visão do passado, como tinha acontecido com Bill e com Eric, Russell soltou uma gargalhada divertidíssima. Uma luz passou por seus olhos, como se ele tivesse entendido alguma coisa.
- Maravilhoso. – ele disse. – Você vê o passado ao ser induzida. – e sorriu abertamente. – E quanto ao futuro?
ainda estava se recuperando da descoberta da idade de Russell. Três mil anos? Era muito tempo de vida. Ela viu quando Russell encarou Sookie e a garota confirmou o que tinha lido em sua mente.
- Temos visitas? – disse uma voz feminina no alto da escada. – Oh, ela é adorável.
- Conheça a rainha Sophie Anne. – disse Russell. – Querida, você ainda tem suas raspadinhas da sorte?
A rainha era realmente muito bonita: ruiva, olhos esverdeados e corpo delgado. percebeu logo a olhada que ela lhe deu e um arrepio percorreu seu corpo. Apesar da face quase angelical, a rainha emanava um alerta de perigo em cada gesto que realizava.
- Perdoe a chatice dos testes. – disse Russell. – Mas temos que ter certeza de que o nosso Bill aqui nos trouxe uma vidente legítima.
- E o que aconteceria se ele tivesse se enganado? – arriscou perguntar.
- Oh. – ele disse. – Creio que Mr. Compton e a bela Srta. Stackhouse receberiam a punição adequada por terem me traído. A morte.
encarou os olhos de Bill por um momento e viu toda sua aflição. Ele amava Sookie. E a simples possibilidade de perdê-la era suficiente para que ele fizesse o que Russell mandasse, não importando o que fosse.
- E então, como isso funciona? – perguntou a rainha.
- Basta me dar a sua mão. – disse , lutando para não tremer e estendeu a mão para a vampira.
encarou os olhos da rainha e o mundo se desfocou para voltar ao normal alguns instantes depois. Ela olhou de lado para Sookie, que parecia impressionada com o que vira na mente de e então voltou-se para a rainha.
- Sete das dez raspadinhas estão premiadas. – a rainha ia começar a raspar, mas a interrompeu. – Os prêmios estão, nessa ordem, na primeira, segunda, terceira, sexta, oitava, nona e décima raspadinhas.
Todos os olhos presentes naquele hall estavam prestando atenção nos bilhetes que Sophie Anne tinha em mãos. Ela começou a raspar e, exatamente como havia descrito, os prêmios foram saindo na ordem em que ela havia dito.
Ao término daquela tarefa, todos olharam para em silêncio, como se ela fosse alguma aberração... ou divindade. Os olhos da rainha brilhavam de excitação, mas sabia que o único olhar que importava era o do rei. Lentamente ela o encarou e todos sentiram a tensão daquele momento. E novamente o rei deu aquela gargalhada divertida.
- Fantástico! – ele disse. – Bill Compton você realmente fez um trabalho maravilhoso. Ela É uma vidente! Temos a nossa própria vidente!
- Majestade. – disse Bill alguns segundos depois. – Agora que você comprovou a veracidade, gostaria de lhe pedir para deixar descansar. – todos voltaram seus olhares para ele. – Não podemos nos esquecer de que ela é humana e, normalmente, eles dormem à noite.
- Oh, sim. – disse Russell. – Teremos muito tempo para conversar amanhã.
Ele fez um sinal para um de seus guardas e logo ele já estava levando e Sookie para os fundos da mansão. Ela lançou um olhar curioso para Bill, mas ele tinha olhos apenas para a mulher loira ao seu lado.
- Elas vão ficar juntas? – escutou a rainha perguntando. – Não pode ser perigoso?
- Oh, não. – respondeu o rei. – Tenho certeza de que a Srta. Stackhouse elucidará as condições de sobrevivência nesta casa à nossa adorável vidente.
Um arrepio de medo percorreu a espinha de e ela, instintivamente, olhou para Sookie, que lhe lançou aquele olhar “depois te conto”. Ambas seguiram por uma longa escada e finalmente chegaram ao que se parecia com um grande quarto. Havia duas camas, um pequeno banheiro e ao invés de portas, barras de aço garantiam a certeza de que elas não escapariam.
- Uma prisão. – disse ao ouvir a grade ser fechada.
- Isso foi meio que minha culpa. – disse Sookie. – Aconteceu depois que eu tentei fugir, quando estávamos em Jackson.
- Há sistema de segurança também? – questionou ao olhar para as câmeras.
- Apenas vídeo, sem áudio. – respondeu a loira. – Como eu não tinha com quem conversar, não acharam necessário colocar um sistema de áudio.
olhou para a garota e um suspiro pesaroso saiu de seus lábios. Ela se sentou em uma das camas e ficou se perguntando como Sookie ainda não tinha enlouquecido. Dois dias trancada ali e ela, com certeza, já estaria surtando.
- Eu surtei no começo. – ela disse em resposta aos pensamentos de . – Mas depois da minha fuga fracassada, do castigo aplicado em Bill e das minhas cicatrizes, eu apenas aceitei.
- Castigo? Cicatrizes?
- Bill passou dois dias sendo torturado com prata. – ela disse com um olhar aterrorizado e então levantou um pedaço da sua blusa, para mostrar a as cicatrizes em seu abdômen. – Lobisomens.
- Lobisomens? – assustou-se. – Eles têm lobisomens?
- Sim. – disse Sookie. – Fazem a vigilância durante o dia, enquanto os vampiros estão descansando. À noite eles fazem a troca e os vampiros assumem, para os lobos descansarem.
estava atordoada com as informações que aquela garota estava lhe dando. Então não havia um jeito de escapar. De dia lobos, durante a noite vampiros. Em que momento ela conseguiria fugir dali e voltar para Eric?
- Não há como fugir. – disse Sookie. – Nem perca seu tempo tentando ou acabará como eu, ou então, morta.
- Desculpe. – disse à garota. – Mas eu não posso aceitar isso. E eu não vou.
Sookie nada disse, apenas olhou de lado para e se ajeitou para dormir. Na mente da garota voltaram os gritos de Bill ao ser torturado e a dor dos machucados, já que não permitiram que Bill a curasse. Ela não passaria por aquilo novamente.
, vendo que não tinha tido muito apoio, arrumou-se para dormir também. Ela se deitou na cama estranha e lutou contra o desespero. Seu desejo era estar nos braços de Eric, sendo protegida por ele e sentindo novamente o gosto de seus lábios. Ela tinha que arrumar um jeito de sair dali.
- Eu sei que você está decepcionada com Bill. – disse Sookie. – Mas ele não teve alternativa. Ou ele te trazia, ou eles me matariam.
- Eu vi suas memórias. – disse. – E até posso entender, mas... eu confiei nele e ele mentiu para mim. Isso dói.
- Eu sei. – disse Sookie. – Ele só queria me proteger.E a você também. Ele sempre arrumava um jeito de não te trazer até Russell. Ele teve várias oportunidades de te pegar, mas relutou até o limite. Ele esperava que você fosse embora da cidade... infelizmente isso não aconteceu.
- Eu sei. – disse tristemente. – Mas, como vocês vieram parar nessa história? - ela tentou mudar o foco da conversa.
E então Sookie contou que quando descobriram que ela era uma meio-fada, Russell a seqüestrou e Bill não teve outra saída a não ser se juntar a ele. Era a única maneira de ficarem juntos. Ou, ao menos, de saberem que ambos estavam bem. Além disso, Russell tinha destruído sua família, e a ela restava apenas Bill.
- Sinto muito. – disse ao final do relato. – Eles fizeram o mesmo comigo.
- Bill me contou. – ela disse. – E acredite em mim, aquilo partiu o coração dele.
- Por que Bill não pediu ajuda a outros vampiros? Ao Eric? Se mais vampiros estivessem contra Russell então...
- Eric Northman não é confiável. – disse Sookie com um ar duro. – Aquele vampiro tem o pior caráter que eu já vi.
- Desculpe. – a interrompeu. – Mas até agora Eric foi o único que não mentiu para mim. Eu confio nele.
- Seu coração a engana. – ela disparou. – Não se iluda, ele não virá salvá-la. Eric Northman está muito confortável na posição em que se encontra e não fará nada para se comprometer.
- Bom. O Eric que eu conheço fará qualquer coisa para me resgatar.
- Você tem certeza disso?
- Absoluta. – respondeu encerrando aquela conversa.
Ela sabia o que tinha sido despertado entre ela e Eric e sabia que ele não a trairia. A ligação que eles tinham era forte demais para ele simplesmente esquecê-la. Ela não sabia quanto tempo levaria, mas tinha certeza absoluta de que ele não a deixaria sozinha.

09 de Setembro, Shreveport, 02:45h
Eric andava de um lado para o outro de seu escritório, impaciente, furioso, angustiado. Ele não sabia o que estava acontecendo com e simplesmente não suportava a ideia de não poder fazer nada.
Pam estava ao seu lado, solidária, também pensando em um jeito de ajudar a vidente. Ela tinha ficado chocada com a atitude de de se entregar para salvá-la e, mesmo sentindo ciúmes pelo que ela provocava em Eric, ela reconhecia que a garota era uma guerreira.
Eric voltou a folhear o livro de Isabel à procura de qualquer pista, mas não havia nada de novo ali. Ele já tinha decorado as passagens que falavam sobre os videntes e tudo continuava obscuro do mesmo jeito.
Num ímpeto de raiva ele jogou o livro longe, fazendo-o voar pelo escritório. Pam foi pegá-lo do chão e o depositou sobre a mesa. Ela não gostava de como as coisas estavam e, muito menos, de ver seu criador desesperado como estava. Eles tinham que fazer alguma coisa, e ela ajudaria seu criador, independente de qualquer coisa.


Capítulo 16


09 de Setembro, Bon Temps, 09h

No grande gramado, plantado diante de mansão de Bill, Sam tinha tido seu caminho interrompido por um homem. Ele já estava se preparando para usar de violência, se fosse preciso, mas não sairia dali sem falar com .
- Perdeu alguma coisa aqui, docinho? – disse o homem.
- Saia da minha frente. – pediu Sam, sem se intimidar. – Vim ver uma pessoa e não saio daqui sem falar com ela.
- Talvez você queira repensar. – disse outro homem, que surgiu do nada, acompanhado de mais dois. – Metamorfo.
Sam inspirou e logo foi capaz de distinguir o cheiro ameaçador: lobisomem. Apesar do receio que o invadiu, ele avançou mais um passo em direção a casa, mas o homem a sua frente se transformou em um lobo e ameaçadoramente mostrou seus caninos a Sam. Ele sabia que mesmo que se transformasse em um lobo, não teria chance contra aquele lobisomem e os seus amigos.
- Ok, essa vocês venceram, mas não vou desistir. Não mesmo. – e lentamente ele foi se afastando em direção ao seu jipe, já arquitetando o que faria em seguida.
Sam não queria realmente admitir, mas sozinhos, nem ele e nem Eric seriam capazes de tirar daquele lugar.

tinha passado a noite em claro tentando descobrir um jeito de sair daquela casa. Seus olhos ardiam pela falta de sono e sua cabeça doía um pouco, mas ela não desistiria. Tinha que ter um modo. E foi quando ela ouviu a movimentação fora da casa.
Ela correu até a grade de seu “quarto” e tentou abri-la, mas estava trancada com um cadeado. Ela então chamou por um dos guardas, mas ele nada fez além de olhá-la para depois ignorá-la.
- Um homem se aproximou da casa. – disse Sookie. – Moreno, estatura mediana, olhos acinzentados, um ar...
- Sam. – disse baixo. – Ele é o dono do Merlotte’s, você não conhece?
- Fui apenas uma vez lá. – disse Sookie. – Eu não morava aqui em Bon Temps. Conheci Bill em Shreveport três anos atrás, e já fazem dois que estamos sob o poder de Russell, então...
- E o que aconteceu com Sam?
- Um dos lobisomens o espantou. – ela disse.
- Mas ele está bem, não está?
- Sim. Não precisa se preocupar.
sentiu um alívio percorrer seu corpo. Para Sam ter ido até lá, ele devia ter falado com Eric em algum momento. O que ele pretendia? Saber se ela ainda estava viva? Tentar resgatá-la sob a proteção da luz?
- Seu cérebro nunca para, não? – perguntou Sookie com um ar um pouco rabugento.
- Definitivamente não. – ela respondeu e sentou-se na cama, impotente.

09 de Setembro, Shreveport, 10:30h
Sam batia incessantemente na porta do Fangtasia. Ele sabia que Eric estaria dormindo, mas sua descoberta não podia esperar até o anoitecer. A porta foi aberta com um estalo mecânico e Sam entrou rapidamente.
- Você está arriscando sua sorte, metamorfo. – disse Eric, com uma cara nada amigável.
- Eles têm lobisomens. – disse Sam.
- O quê?
- Lobisomens. – ele repetiu. – Estão fazendo a segurança da mansão.
- Você tem certeza? – Eric o questionou.
- Sim. – ele disse. – Três me impediram de chegar até a mansão e eu pude sentir o cheiro de, pelo menos, mais cinco ou seis.
- Lobisomens... Interessante. – disse Eric, agora totalmente envolvido em seus pensamentos. – Lobisomens e vampiros são inimigos naturais. Acho muito difícil Bill Compton ser capaz de dominar tais criaturas. – e ele, novamente, encarou Sam. – Você notou algo nesses lobisomens, alguma coisa diferente?
- Agora que você mencionou, eles tinham uma espécie de cicatriz no pescoço, todos eles. Parecia uma suástica, um Z estilizado ou coisa assim.
Imediatamente Eric ficou tenso e raivoso. Suas lembranças voltaram até os tempos antigos, quando ele ainda era humano, para uma noite fria quando sua família foi dizimada por um vampiro e seus lobos obedientes.
- Você notou mais alguma coisa, metamorfo? Algo que pudesse identificar alguém, algum adorno, qualquer coisa?
- Além do grande brasão na porta principal, não havia mais nada de diferente. Bem extravagante, aliás, e...
- Brasão? – Eric ficou extremamente ansioso. – Como esse aqui? – e mostrou uma gravura (Foto-06) a Sam.
- Sim. – ele respondeu. – Exatamente esse. Você o reconhece?
Eric não respondeu de imediato. Seus olhos se estreitaram quando ele fez a conexão. Depois de séculos procurando pelo vampiro responsável pelo assassinato de sua família, ele finalmente o encontrara e, mais uma vez, ele estava tentando destruir o que Eric tinha de melhor.
- Russell Edgington. – ele disse, pausadamente, com raiva na voz. – Rei do Mississipi e da Louisiana.
- Quem?
- Bill Compton foi só uma distração. – ele rosnou atirando uma cadeira através do bar. – O verdadeiro vampiro por trás dos ataques a é o vampiro que eu mais odeio no mundo.
Sam não disse nada. Ele pôde sentir a gravidade das palavras de Eric e a raiva que o inundava. Um vampiro protegido por lobisomens não era nada comum e agora, mais do que nunca, Sam sentia que tinha que tirar daquela mansão o mais rápido possível.
- Você pôde senti-la? – perguntou Eric.
- Sim. Seu cheiro estava longe, mas eu consegui senti-lo. Ela está viva. E temos que tirá-la de lá antes que...
- Deixe comigo, metamorfo. – disse Eric. – Tenho uma ideia.
Eric seguiu direto para o telefone e ligou para alguém. Pediu que o encontrasse o quanto antes no cluscript, pois tinha instruções a lhe passar. Sam ficou pensando se era algum outro tipo de criatura cúmplice, mas não conseguiu absorver nada da conversa de Eric.
- Obrigado pela informação. – Eric disse. – Foi muito útil. Agora volte para Bon Temps e cuide da sua vida.
- Espera aí. – disse Sam. – é minha amiga. Não vou simplesmente ficar de fora de uma possível tentativa de resgate.
- Você é importante para ela. – disse Eric. – Então me faça o favor de não se meter e acabar morto.
- Não. – disse Sam, decidido. – Se não for te ajudando, eu darei um jeito, mas de braços cruzados eu não vou ficar.
Os dois se encararam por um longo tempo. Sam e Eric tinham um interesse em comum: resgatar . Eric percebeu que Sam não ficaria quieto em seu canto e, antes que ele pudesse realmente acabar morto, decidiu que compartilharia com ele o seu plano.
- E você acha que vai dar certo? Você confia nele? – perguntou Sam, depois de ouvir a ideia de Eric.
- Eu não confio em ninguém, mas ele vai nos ajudar. – disse Eric. – Ele é uma daquelas pessoas que honram com sua palavra, não gostam de injustiças, blábláblá...
- Bem diferente de você. – disse Sam.
- Ao contrário do que possa parecer, Sam Merlotte, quando eu me preocupo com alguém, faço com que minha palavra seja cumprida.
- E é uma dessas pessoas?
- Definitivamente.
A campainha do cluscript foi tocada, interrompendo aquela conversa e logo o corpo de Eric atravessava o vazio salão do Fangtasia encarando o vampiro e o metamorfo com ar desconfiado.

09 de Setembro, Bon Temps, 15:30h.

estava quase enlouquecendo em ficar sem fazer nada naquela cela. Ela e Sookie já tinham conversado sobre várias coisas e agora ambas estavam deitadas em suas camas, olhando para o teto.
- Brian vem vindo. – disse Sookie, e se sentou na cama. – Está trazendo um lanche.
- E os vampiros? Todos dormindo? – questionou.
- Não sei. Provavelmente sim.
- Não sabe? Mas você não pode ouvir seus pensamentos?
- Não. – disse Sookie. – Foi um dos motivos que fez com que me aproximasse de Bill. É sempre silencioso quando estou com ele.
- E como isso acontece? Quer dizer, vocês estão presos e...
- Às vezes os outros saem para óperas ou coisas do gênero e nós ficamos a sós. – ela suspirou. – Claro que os guardas também ficam, mas eles não se importam.
- Então eles saem daqui? – perguntou com um brilho nos olhos.
- Nem pense nisso. – disse Sookie. – Quando eles estão fora, a segurança fica redobrada com os lobos.
- E as pessoas não percebem nada? – parecia inconformada.
- Não faz muito tempo que viemos para cá. De fato essa mansão pertence ao Bill. Russell mora em Jackson, no Mississipi, com a rainha e Talbot. Só viemos para cá... Bom...
- Por minha causa. – disse, entristecida.
- É. – disse Sookie, e fez um sinal sútil para ficar quieta. – O que temos para o café, Brian?
- O de sempre, Srta. Stackhouse. O de sempre. – o guarda disse, e passou a bandeja por uma abertura na grade.
observou a refeição, mas não estava realmente com fome. A informação que Sookie havia lhe dito ainda reverberava em sua mente: “... Os outros saem para óperas ou coisas do gênero...”, e a garota via ali uma oportunidade de fuga. Sookie encarou-a silenciosamente, reprovando-a e indicando que ela deveria comer, assim o guarda voltaria logo para seu posto.
O lanche foi feito em total silêncio e este predominou ao longo do restante da tarde. já estava entrando quase em desespero quando ambas perceberam uma movimentação na casa e logo um dos guardas apareceu para levá-las até a sala.
- O que é, Sookie? – sussurrou.
- Não sei. – ela disse. – Parece que Russell quer nos ver.
Ambas se entreolharam e seguiram – como se tivessem outra opção – até o escritório do rei. Assim que chegaram, Russell estava conversando com um homem, acompanhado de Talbot.
- Oh, minhas preciosidades chegaram. – o rei disse, quase ironicamente. – Tenho um serviço para vocês. Ambas. – e ordenou que sentassem em um pequeno sofá de couro branco.
Enquanto observava o homem, que estava de costas, ela percebeu que Sookie se esforçava para ler sua mente, mesmo sem a ordem direta de Russell. O homem era alto, moreno, musculoso e vestia calças jeans e uma camisa flanelada xadrez vermelho e preto.
- Em que podemos ser útil, majestade? – se pronunciou, arrancando um suspiro assustado de Sookie.
- Oh, sim. – ele disse e se sentou. – Este é Alcide Herveaux, um lobisomem que veio oferecer seus serviços a mim.
O homem então se virou e encarou as duas mulheres sentadas. esperava alguém com um ar repudiável, mas ao ver o rosto do tal Alcide, ela quase pode ver bondade em seus olhos. Ao seu lado, Sookie teve praticamente a mesma reação.
- Ele diz que ouviu rumores de que eu tenho certa estima pelas habilidades de segurança que os lobos podem oferecer. – disse Russell.
- E o que vossa majestade gostaria que fizéssemos? – continuava, destemida.
- Ora, que vejam se isso é verdade. Que me digam se posso confiar nele. – e encarou Sookie.
- Ele diz a verdade. – disse Sookie. – Esse homem realmente acredita no que lhe oferece. E se me permite... – a continuação de Sookie surpreendeu Russell. - Com sua nova aquisição sendo de estima do xerife da área 5, talvez haja a necessidade...
- Eric Northman? – o homem se pronunciou pela primeira vez, exibindo uma voz grave e profunda. – Desculpe, Sr. Edgindton, mas se o senhor tem assuntos com aquele vampiro, eu retiro minha oferta e...
- Acalme-se. – disse Russell, em sua voz acidamente autoritária. – Eu nem conheço esse xerife, não temos assuntos em comum. Exceto, ao que parece, nossa linda vidente. – e Alcide olhou para , analisando-a dos pés à cabeça.
- Eu tenho uma rixa pessoal com esse vampiro. – disse Alcide, quase bufando. – Se me permitir, eu o enfrentarei e darei um fim a esse assunto.
- Hmm... O que você acha, Talbot?
- Meu querido, se na forma humana ele já é esse monumento todo, imagine na forma de lobo. Ainda mais com todo esse ressentimento.
- Veja seu futuro. – disse Russell dirigindo-se a . – Veja o que acontecerá.

respirou fundo. O que aquele homem falava não condizia com o que seus olhos diziam, mas não seria ela a levantar essa dúvida para Russell. levantou-se e seguiu até onde o homem estava e pediu que ele lhe desse a sua mão.
Alcide obedeceu e a vidente encarou seus negros olhos fixamente. O mundo ao seu redor saiu de foco e pôde observar um futuro encontro entre Eric e ele. Ela avaliou o que estava presenciando e então sua visão se desfez.
Com os olhos arregalados de pânico ela encarou o homem a sua frente e então olhou para o rei. Uma lágrima escorreu de seus olhos e ela olhou novamente para o lobisomem diante de si. - E então? – Russell a questionou. – O que você viu?
- Esse... Esse cachorro pretende cumprir sua promessa. – ela disse tentando segurar as lágrimas. – Ele e Eric se encontrarão em breve e... E... – virou o rosto.
- Ela está dizendo a verdade? – o rei perguntou a Sookie.
- Sim. – a telepata respondeu. – Eu vi o confronto. O vampiro não sobreviverá.
- Excelente. – disse Russell, com uma alegria sádica. – Sr. Herveaux, o senhor é o novo guarda da Srta. Seerswood. O senhor começa pela manhã, mas não antes de uma pequena degustação de sangue. - e olhou para Talbot de modo descontraído. - Apenas uma garantia de obediência, se é que você me entende. - e encarou o lobisomem.
- Apesar de não ser necessário... - disse Alcide. - Não vou me opor ao seu comando.
- Excelente! - disse Russell. - E quanto a vocês... – ele disse, dirigindo-se às garotas. – Podem voltar aos seus aposentos.
Antes de sair deu uma longa olhada para o novo lobisomem e seguiu rumo á porta. Sookie também o encarou, seguindo a nova amiga. Ambas já estavam na porta quando ouviram a voz do rei.
- Vocês têm certeza de que não estão de complô contra mim, não é?
- Não, majestade. – disse Sookie, prontamente.
- Não, majestade. – disse .
- Imagino que a Srta. Stackhose tenha lhe contado o que acontece caso haja traição. – ele disse encarando .
- Sim, majestade. – disse . – Eu jamais arriscaria a segurança de alguém.
- Ótimo! – ele disse, e ambas voltaram a ser levadas para a cela.
- Você confia nelas? – questionou Talbot.
- Os humanos são muito apegados aos seus semelhantes. – disse Russell. – Além de serem covardes. Não creio que elas estejam armando nada.
- Assim espero. – disse o vampiro grego, e ambos seguiram para a sala de jantar.
e Sookie ficaram caladas durante todo o trajeto até sua cela e esperaram até que Sookie tivesse certeza de que estavam sozinhas. Ela olhou para com os olhos arregalados.
- Você vai nos matar. – ela disse, sem levantar o tom de voz. – Não foi nada daquilo que você viu.
- O que você leu na mente do lobo?
- O Northman o mandou. – disse Sookie, derrotada. – Parece que eles têm um plano ou algo assim.
- Eu te falei. – disse, tentando esconder a alegria. – Ele vai nos tirar daqui.

09 de Setembro, Shreveport, 21h.

Eric estava em seu escritório à espera de notícias. Não demorou muito para que Pam surgisse à porta, seguida por um alto homem moreno. Eric o encarou e em segundos estava diante dele.
- Como foram as coisas?
- O vampiro caiu. – disse Alcide. – Começo como segurança amanhã.
- E você a viu? Ela está bem?
- Sim. – disse o lobo. – Sua garota é muito corajosa. E a telepata também.
- Telepata? – Pam pronunciou-se pela primeira vez. – Por acaso não seria uma linda jovem loira, seria?
- Essa mesma. – ele respondeu.
- Interessante. – disse Pam, arqueando a sobrancelha. – Agora sabemos onde e por que Bill Compton se encaixa nessa história.
- Conte o que aconteceu. – ordenou Eric.
- Eu contei a história que combinamos. Então o vampiro chamou as duas garotas e mandou a loira ler meus pensamentos. Eu pude sentir o seu medo, então pensei em nosso acordo. Mas a garota mentiu claramente, dizendo o que o vampiro queria ouvir. – ele fez uma pausa, enquanto Eric e Pam se entreolhavam. – E então foi à vez da sua garota. O vampiro pediu que ela lesse meu futuro e ela disse alguma coisa como vendo uma luta nossa e eu o matando. Ela até chorou.
- Ela percebeu tudo. – disse Eric, orgulhoso. – E atuou. Fingiu ver o que Russell queria que ela visse e o convenceu disso.
- Ela está se arriscando bastante. – disse Alcide. – O vampiro questionou se elas não estariam mentindo para ele e ela disse que não, na cara dura. Se ele descobrir...
- Ele não terá tempo para perceber. – disse Eric em um tom mais sério. – Vamos tirá-la de lá antes disso.
Eric, Alcide e Pam conversaram por mais algum tempo e então o lobisomem deixou o bar com as instruções de Eric em mente. Pam voltou-se para seu criador e viu a expressão de preocupação em seus olhos.
- Ela vai se sair bem. – ela disse. – Sua vidente é bem mais esperta que a maioria dos humanos.
- Ela está se arriscando muito. – disse Eric. – Se alguma coisa acontecer a ela eu...
- Nada vai acontecer, Eric. – ela disse. Ele encarou sua cria com surpresa pelo otimismo dela. – Oh, please! – Pam bufou. – Está nítido que ela também quer reencontrá-lo.

09 de Setembro, Bon Temps, 23:45h.

estava deitada em sua cama, mas não conseguia dormir. Eric estava bolando alguma coisa para tirá-la de lá e isso encheu seu coração de esperança. Russell parecia ter caído na encenação que ela e Sookie armaram de última hora, mas sabia que tinha que ter muito cuidado com aquele vampiro. Três mil anos de experiência não podiam ser subestimados.
Ela tinha que dar um jeito de falar com o tal Alcide, descobrir o que Eric queria, sem levantar muitas suspeitas, mas como? Ela tinha visto que ele era uma boa pessoa. Tinha cometido o erro de ficar devendo um favor a Eric, mas graças a isso, eles tinham um aliado na mansão.
fechou os olhos e lamentou por não poder ver o seu futuro. Não poder ver quando estaria nos braços de Eric novamente, quando sentiria seu hálito gelado e seus lábios moldados para os dela.
Sookie se mexeu na cama ao lado, como se resmungasse dos pensamentos de e ela se solidarizou com a garota. Durante dois anos ela ficou em total silêncio e, então, ela tinha alguém que não conseguia fechar a matraca nem em pensamento.
entendia pelo que Sookie e Bill tinham passado e não queria deixar as coisas mais complicadas, mas ela tinha que dar um jeito de sair daquela mansão e voltar para Eric.
O fluxo de pensamentos finalmente foi ficando mais lento e logo se embrenhou nas profundezas do sono, que foi atribulado por sonhos em que ela tentava escapar, mas nunca era o suficiente e ela continuava longe do seu vampiro.

10 de Setembro, Shreveport, 05:30h.

A noite correu normalmente no Fangtasia, mas Eric não estava realmente interessado nos turistas, nos vampirófilos e nem nos próprios vampiros. Ele só tinha pensamentos para .
Saber que ela estava bem tinha sido um alívio, mas ele não suportava a ideia de tê-la sob os olhos de Russell Edgington. Aquele era um dos vampiros mais antigos de que se tinha conhecimento e também um dos mais perigosos.
Eric seguiu para seu quarto quando o dia começou a dar seus primeiros sinais e se jogou em sua cama. Uma ideia já percorria sua mente há algum tempo, mas agora ele tinha se decidido. Ele tinha que construir um refúgio para si mais perto de e já sabia onde.

Capítulo betado por Cherye Louise




Capítulo 17


10 de Setembro, Bon Temps, 10h

O sol já estava alto do lado de fora da mansão de Bill e sentia a necessidade de sair daquela cela. Sookie encarou-a com espanto, mas viu em seus olhos que o desejo era recíproco.
- Dê-me sua mão. – disse a sua companheira de cela.
- O que você vai fazer? – Sookie perguntou curiosa.
- Ver se conseguimos um banho de sol. – disse quase sorrindo.
Sookie logo lhe estendeu a mão e, em instantes, viu o mundo sair de foco. Logo ela já estava de volta de sua viagem ao futuro e Sookie olhava-a quase com encantamento.
- Esse seu dom é muito legal. – ela disse. – O que você vê, como as coisas acontecem...
- Mas ler a mente das pessoas também tem suas vantagens. – disse.
- É, não posso negar isso. – e então o futuro das garotas começou a se realizar.
- Brian? – chamou o guarda que viera buscar as bandejas do café da manhã das garotas. – Será que você pode nos fazer um imenso favor?
- O quê? – ele perguntou carrancudo.
- Nos deixar tomar um pouco de sol? – e ambas fizeram carinhas de cachorro abandonado.
- Não posso. – ele disse, já sem aquela certeza dura. – É contra as regras deixá-las sair e...
- Por favor, Brian! – reforçou seu olhar pidão. – Há lobos espalhados por todo o lugar. Sabemos disso. E nem somos loucas de tentar fugir, seria suicídio.
- Mas... – ele estava quase caindo.
- Sem contar que o rei colocou um lobo especialmente para tomar conta de mim. – insistiu mais um pouco. – Não vamos fugir. Só precisamos respirar um pouco de ar fresco. Só isso. Por favor!?
O guarda não aguentou o apelo e acabou cedendo. Afinal, não havia mal algum em deixar as meninas tomarem um pouco de sol. A mansão estava bem protegida e a garota tinha razão ao falar do tal lobo. Não tinha como elas fugirem e ninguém seria louco de arriscar salvar aquelas duas.
e Sookie caminharam calmamente até a porta da frente e seus olhos arderam ao entrar em contato com a luz solar. fechou seus olhos e sorriu levemente. A liberdade parecia tão perto!
Logo um enorme e branco-acinzentado lobo apareceu ao lado das duas. e Sookie olharam-se e em seguida olharam para o guarda que as seguia. Ele observou o lobo por alguns segundos e então fechou a porta, colocando-se em posição de observador.
e Sookie desceram os degraus da varanda e caminharam até se afastarem um pouco da casa, ficando longe dos ouvidos humanos. olhou ao redor e avistou outros lobos embrenhados nas sombras e ficou em dúvida se eles seriam capazes de ouví-los.
- Alcide, é você? – sussurrou. O lobo chacoalhou a cabeça para baixo. – Você pode ler a mente dele, Sookie?
- Sim. – ela respondeu.
- Tudo bem, só preciso que ele escute. – e então as duas se deitaram na grama verde.
- Os outros lobos podem nos ouvir? – ela perguntou como se falasse sobre a brisa.
- Não. A audição deles é aguçada, mas eles não estão perto o suficiente. – disse Sookie. – Foi o que o Alcide disse.
Quando ela leu o futuro de Sookie alguns momentos antes, sua intenção era apenas confirmar o banho de sol, mas ela também teve a visão daquela bela surpresa que aconteceria dentro de alguns dias, e então um plano inundou sua mente. Se tudo desse certo, dentro de dois dias ela estaria livre das garras de Russell.
- Imagino que tenha estado com Eric ontem. – ela disse ainda sussurrando na direção do lobo.
- Sim, eles se encontraram. – traduziu Sookie.
- Eu sei que ele deve estar pensando em um plano, mas eu também estou. – assustada, Sookie olhou-a ao ler o plano de em sua mente. – Eu preciso apenas de uma coisa: que alguém que Russell admire ou respeite esteja naquela festa. – Sookie a encarou, espantada com a mente de .
- ! – a telepata a repreendeu.
- Ora, você viu o que eu vi do seu futuro. Eu a vi junto de Bill e da rainha numa grande festa de gala que está para acontecer, mas não vi Russell. – e então ela inclinou ligeiramente a cabeça para o lobo. – Preciso que ele seja compelido a ir. Eric tem que descobrir uma forma de fazer Russell ir a essa festa providencial.
- Isso é loucura. – disse Sookie. – E o Alcide acha a mesma coisa.
ouviu o lobo soltar um grunhido de curiosidade e questionamento. Sookie traduzia o som do lobo em seus olhos arregalados, mas permanecia com um sorriso bobo nos lábios.
- Às vezes, temos que criar o nosso próprio futuro. – ela disse e inspirou profundamente, olhando o céu azul sobre eles.
- Brian, vem vindo. – Sookie disse, desfazendo a cara de assustada.
- Senhoritas? Não acham que já está bom por hoje? Quero dizer...
- Claro, Brian. – disse e se sentou. – Muito obrigada por nos deixar sair um pouco. Não queremos complicar a sua vida.
e Sookie se levantaram e seguiram diretamente para a cela no porão da mansão. O guarda trancou a cela com o cadeado e só então respirou aliviado. As duas esperaram que ele se afastasse e então Sookie se voltou para .
- Você perdeu o juízo? – ela sussurrou. – Você quer inventar um motivo para que Russell e os outros saiam e Eric possa vir salvá-la?
- Exatamente. – ela disse. – Se ele for a tal festa será nossa chance. E eu darei um jeito de Russell nos deixar aqui.
- E quanto aos lobos? E aos vampiros que ficarão de guarda?
- É aí que o Eric e o Alcide entram. – ela respondeu. – Ele dará um jeito.
- Não sei. – disse Sookie. – Pode até ser lógico nessa sua cabeça, mas como saber que vai funcionar?
- Por que eu posso ver o futuro. – ela respondeu. – O futuro se baseia nas escolhas que as pessoas fazem. Posso ver o que irá acontecer. E se alguém mudar de ideia, o futuro também muda e eu estarei atenta.
- Ainda acho muito arriscado. – a telepata disse.
- Você quer sair daqui, não quer? – a encarou.

Do outro lado da cidade, Sam Merlotte recebeu a ligação mais estranha da sua vida. Eric o havia convencido a ajudá-lo numa empreitada na casa de . Sam não gostava da ideia, mas o argumento de Eric foi convincente: ela estaria protegida se Eric pudesse ficar na casa. Nenhum outro vampiro tinha permissão para entrar e a cripta seria, além de à prova de luz solar, também à prova de incêndios.
O metamorfo deixou o bar aos cuidados de Arlene e Tara e foi até o sobrado de . Analisou a estrutura e encontrou o lugar perfeito para a construção daquele ambiente.
Com os fundos que Eric lhe forneceu, Sam sabia que a cripta estaria pronta em dois dias. Ele conversou com os trabalhadores, passando todas as instruções e disse que voltava no fim do dia para ver os progressos.
Mesmo achando a ideia absurda, Sam sabia que era o melhor para . Assim que ela fosse resgatada ela voltaria para sua casa e, bom, melhor ter um vampiro milenar protegendo-a 24h do que ninguém.
E agora havia um lobisomem aliado, infiltrado na mansão de Bill. Eric disse que à noite teria novidades e que mandaria o lobo ao bar, para atualizá-lo. Era melhor assim, um aliado, mesmo sendo um lobisomem, era melhor do que nada. Se as coisas ficassem feias, não estaria completamente desprotegida.

estava tão empolgada com seu plano que a tarde até que passou rápida. Quando a noite caiu, ela e Sookie perceberam a movimentação na casa e logo Bill apareceu no porão.
- Vocês enlouqueceram? – ele disse irritado. – Russell acabou de saber que vocês saíram para um passeio e...
- E ele vai entender. – disse. – Fiz com que ele confiasse na gente. Ao sairmos e não tentarmos fugir, ele viu que pode nos dar um pouco mais de liberdade.
- Não é assim que as coisas funcionam, . – ele disse, ainda irritado.
- O rei quer lhe ver, Srta. Seerswood. – disse o guarda que substituiu Brian. – Sozinha.
Bill a encarou quase com pena, imaginando o que Russell poderia fazer com ela, e depois com Sookie. A telepata lhe mandou um olhar de boa sorte, mas não se deixou intimidar. Russell não faria nada contra ela. Ela seguiu o guarda e logo já estava no escritório do rei.
- Fiquei sabendo que deu uma voltinha essa manhã. – ele disse de costas para ela.
- Sim, majestade. – ela disse quase ingenuamente. – Não vi nenhum problema em sair para tomar um pouco de sol.
- Não viu problema? – ele se virou, olhando-a ameaçadoramente. – Descumprir uma ordem minha não é problema para você?
- Majestade, eu não tenho a intenção de fugir. – disse controlando o tom da sua voz. – E ao ver o futuro do lobisomem ontem à noite, vi esse pequeno passeio. Ele não saiu do meu lado um segundo sequer.
- Oh. É mesmo? – ele não acreditou muito.
- Sim. – ela disse. – Eu nunca arriscaria a segurança de outra pessoa. Sookie deixou muito claro para mim as conseqüências de uma tentativa de fuga e eu, nem em pesadelo, quero passar pelo que ela e Bill passaram.
- Tem certeza? – ele se aproximou como um felino espreitando sua presa. – Suas atitudes não me parecem tão responsáveis assim.
- Com todo o respeito, majestade. – ela disse, procurando não se intimidar. – Eu não sou burra ao ponto de desafiá-lo. Minha intenção foi mostrar ao senhor que pode confiar em nós.
- Confiar? – ele parou. – Eu não confio em ninguém além de Talbot. – ele disse rindo ironicamente. – Por que deveria confiar numa vidente?
- Por que o senhor deseja o meu poder. – ela disse, arriscando-se.
- Não brinque comigo, sua... – Russell se irritou novamente. – Eu não desejo o seu poder, eu TENHO o seu poder. – ele disse.
- Desde que ninguém se machuque e tenhamos um pouco de liberdade...
- Você está impondo condições a mim, criatura inferior?
- Só estou dizendo que um pouco de confiança seria bem vinda, majestade.
O vampiro chegou muito perto de , olhando-a fixamente nos olhos, procurando por sinais de medo, de blefe, de mentira. Mas não encontrou nada. dizia a verdade: ela só queria um pouco mais de liberdade. Um passeio ao ar livre, as grades da cela abertas.
- Eu tenho outros meios de conseguir sua colaboração. – ele disse. – Seus amiguinhos podem sofrer algumas penas.
- Eu não quero que ninguém se machuque, majestade, mas tudo o que eu tinha foi tirado de mim. As pessoas que eu realmente amava. – e ela encarou firmemente o vampiro.
- Ora, por favor! – Russell disse depois de uma gargalhada. – O que você acha que sou, um bárbaro? – e ele se largou numa poltrona. – Pode relaxar, criança. Pode relaxar. Não farei mal a ninguém.
ainda se manteve de pé, a respiração controlada. Ele riu mais uma vez, mostrando-lhe a outra poltrona e sentou-se. Ela não sabia se Russell estava mesmo cedendo, então tinha que se manter atenta a qualquer sinal.
- Você tem muita fibra. – ele disse num tom casual. – São raras as pessoas que me desobedecem e continuam vivas para contar.
- Como eu já disse, não foi minha intenção desrespeitá-lo.
- Oh, sim, eu ouvi. – ele disse. – Tudo bem, nada de grades fechadas, vocês podem passear pelo gramado, tomar seu sol. Mas lembre-se de que os lobos estarão sempre de prontidão.
- É só isso que eu peço. – disse. – Um voto de confiança.
- O que temos aqui, meu querido. – disse Talbot entrando no escritório e quebrando o clima ameaçador da conversa. – Mais previsões do futuro?
- Ainda não. – disse Russell. – Apenas uma conversa, certo, minha querida?
- Claro, majestade. – disse e então se levantou. – Se isso for tudo...
- Só mais uma coisa. – disse Talbot. – O que teremos de excitante para essa noite? – e esticou a mão para . Ela olhou para o rei e, após ter seu consentimento, pegou na mão do vampiro grego.
- Oh, a rainha está enlouquecida escolhendo um vestido para o baile de daqui a dois dias. – disse. – Ela virá perguntar qual dos dois vossa majestade mais gosta.
- E qual devo escolher? – Russell parecia distante.
- Bom, se quiser evitar uma crise na realeza, o vermelho. Não é o que mais lhe agradará, mas é o que ela mais gosta.
- Russell! – a rainha gritou do alto da escada. – Qual você gosta mais? Hadley já disse, mas ela é suspeita, então preciso de uma opinião imparcial. Oh, nossa vidente está por aqui.
Russell olhou para , reconhecendo o que ela quis dizer a respeito do vestido, e então olhou para Talbot, que não gostava realmente de Sophie Anne. Ele deu um sorriso de lado e olhou para sua esposa.
- O vermelho é lindo, minha querida. – e sorriu falsamente. – Realça seus olhos.
- Oh, ótimo! – ela deu um gritinho e começou a subir as escadas, mas parou no meio do caminho. – Quem estará lá de interessante? – e olhou para . A vidente respirou fundo e segurou na mão da rainha para ver o seu futuro.
- Humm. – fez para criar expectativa na rainha. – Sei que seu gosto particular é por mulheres, mas um certo cantor chamado Marilyn Manson vai chamar a sua atenção.
- Humm...interessante. – disse a rainha. – Adoro quando me surpreendem.
- Desculpe, majestade, mas não o vi nessa festa. – disse , querendo arrancar alguma informação.
- Oh, por Deus, essas festas me cansam muito. Sempre muita gente e ninguém de interesse real.
- Claro. – disse. – Com sua licença.
E então voltou à cela, que dessa vez permaneceu aberta. Bill e Sookie a encararam e a telepata quase engasgou depois de ver flashes das lembranças de sobre aquela conversa com Russell.
- Eu realmente não sei como você ainda está viva. – ela disse espantada.
- Confie em mim. – disse. – Já perdi muita coisa na minha vida. Não vou perder mais nada, nem ninguém. – e em seus olhos havia uma convicção nunca antes experimentada por ela.

10 de Setembro, Shreveport, 22h

Alcide entrou no Fangtasia, atravessou a multidão de pessoas e seguiu diretamente para o escritório de Eric, onde era aguardado ansiosamente. Pam foi logo atrás, apenas para garantir que as coisas correriam tranquilamente.
- O que descobriu? – Eric perguntou sem rodeios.
- Nos encontramos pela manhã. Ela e a telepata deram uma volta pelo gramado, afastando-se da casa e ficando livre para falar comigo. Ela tem um plano.
- E qual é esse plano?
- Ela pretende fazer com que os vampiros saiam da casa para ir a uma festa. Ela está armando uma oportunidade para que você vá resgatá-la.
- Uma festa? – Pam se pronunciou. – Ela não está falando da festa de gala que a AVL está organizando, está?
- Ela não deu esses detalhes. – disse Alcide pouco à vontade. – Ela só disse que você precisa descobrir um jeito de fazer com que Russell vá a essa festa. Alguma coisa tem que motivá-lo, ou alguém. – e olhou para Eric.
- O que ela está pensando? – Eric bufou. – Russell é conhecido por desprezar esses eventos sociais, além de praticamente todos os vampiros, já que é um dos mais antigos e... – ele olhou para Pam, que imediatamente entendeu aquele olhar.
- Mas como faremos para que ELE vá à festa? – ela o questionou.
- Aí é que está. – Eric teve que conter sua animação para não perder a pose de durão. – ELE não precisa ir. Só precisamos de um rumor. Aliás, só Russell precisa acreditar que ELE irá.
- Claro. – disse Pam alcançando o pensamento de Eric. – Se Russell achar que ELE estará lá, não irá perder a chance de... confraternizar.
Eric e Pam então contaram a Alcide quem era a tal figura que faria com que o rei do Mississipi fosse a tal festa. Ele ficou intrigado, naturalmente, duvidando um pouco de que aquele plano pudesse realmente funcionar.
- Você acha que vai funcionar? – Pam encarou Eric após a saída do lobo.
- Tem que funcionar. – ele disse. – Com toda aquela escolta armada, se não formos precavidos, corre o risco de...
- Ela realmente está me surpreendendo. – disse Pam.
- E a mim? – ele olhou para sua cria. – Definitivamente essa menina não é normal.
- Eric? – ela o chamou depois de um tempo. – Você sabe que Russell ficará possesso depois que descobrir que foi enganado, não sabe? Nenhum de nós estará a salvo.
- Eu sei. – ele disse. – Mas tenho que pensar em uma coisa de cada vez. A prioridade é tirar de lá. Depois vemos o resto.

10 de Setembro, Bon Temps, 23h

se revirava na cama sem saber se Alcide tinha conseguido alguma informação que a ajudaria a enganar Russell. Eric tinha que ter pensado em alguma coisa, caso contrário, ela permaneceria para sempre trancafiada ali, longe dele, e isso ela não suportava.
Sookie se remexeu na cama, bufando um pouco impaciente com os pensamentos da garota. Ela sabia que queria sair de lá, assim como ela, mas bolar um plano maluco para enganar um vampiro de três mil anos era suicídio.
E foi quando uma voz grave invadiu seus pensamentos. Ela reconheceu imediatamente o tom de Alcide, que se aproximava da casa. Ele praticamente gritava em sua mente um nome, o que fez a telepata se sentar na cama, assustada demais com a magnitude do que estavam prestes a fazer.
- O que foi? – sentou-se também.
- Recebi um recado do Alcide. Ele conseguiu um nome com Eric. – ela disse e encarou os olhos da vidente. – Você não vai acreditar nisso. Nem EU acredito nisso.
- Fala logo. – disse impaciente. – Qual é o nome?
parecia chocada após ouvir o nome que salvaria suas vidas. Por duas vezes ela ameaçou dizer alguma coisa, mas as palavras simplesmente não saiam de sua boca. Sookie a encarava apreensiva, enquanto em sua mente, começava a encaixar aquele precioso nome no seu plano maluco.
- Isso tem que dar certo. Se ISSO não funcionar, não sei mais como lidar com Russell e nos tirar daqui.
- Se ISSO não funcionar. – disse Sookie. – Estaremos todos mortos.
O peso das palavras de Sookie recaiu sobre . Ela tinha que organizar muito bem todos os passos daquele plano, pois não queria que ninguém saísse ferido daquela história.
As duas voltaram a se deitar, mas sabia que não conseguiria dormir tão cedo, não depois da informação que Eric lhe enviou. Mais uma vez o vampiro não a tinha decepcionado e mostrava que estava de acordo com suas ideias. Ela mal podia esperar a hora em que estaria novamente em seus braços. Para ser completamente sua, como ela lhe havia prometido.


Capítulo 18


11 de Setembro, Bon Temps, 09:20h
mal tinha dormido aquela noite. Seus pensamentos fervilhando na elaboração do seu plano de fuga. Ela tinha que convencer um vampiro de três mil anos a ir a um evento que ele não queria, além de fazer com que ele deixasse Sookie, Bill e ela na mansão. O barulho de Brian vindo com a bandeja de café da manhã a tirou de seus pensamentos.
- Vocês darão uma volta pelo gramado hoje? – ele perguntou com alívio na voz. – As ordens são de apenas não perdê-las de vista.
- Oh, sim. – respondeu animada. – Conversei com o rei na noite passada. Ele concordou em nos deixar dar algumas voltas ao ar livre.
e Sookie fizeram a refeição em silêncio e logo já estavam plantadas na porta da mansão, olhando para o grande gramado. Logo o lobo Alcide apareceu e ambas começaram a caminhar para uma área mais ensolarada.
- Recebi seu recado. – disse em voz baixa. – Obrigada, Alcide.
O lobo virou sua cabeça para cima, olhando-a, e depois voltou a olhar para frente. As duas garotas pararam numa área longe das matas e da varanda da mansão e se deitaram no chão, como se fossem apenas tomar um pouco de sol.
- Essa noite eu falarei com o rei. – ela disse e o lobo grunhiu. – Não se preocupe, darei um jeito para que ele nos deixe aqui.
- Eu ainda não sei como você consegue ter todo esse sangue frio. – disse Sookie.
- Eu preciso ter. – disse. – Nosso plano não pode falhar e eu não quero passar o resto dos meus dias tendo que ver qual celebridade estará em que festa para satisfazer a curiosidade fútil da rainha.
Ambas permaneceram em silêncio depois dessa declaração de . Ela não suportaria fazer aquele tipo de coisa para aquelas pessoas, sempre ameaçada, sempre com medo de fazer algo errado e acabar morta.
O lobo Alcide notou uma movimentação nas árvores ao longe e percebeu que alguns lobos estavam ouriçados. e Sookie perceberam a reação do lobo amigo e ambas se sentaram na relva. E foi quando avistou ao longe um cachorro malhado de branco e marrom.
- Sam... – sussurrou e Alcide fez um grunhido. Ela sabia que ele estava se arriscando ao ir até tão perto da mansão, e disse baixo, implorando para que ele a escutasse, mesmo de longe. – Estou bem, não se preocupe.
O cão pareceu levantar as orelhas e abanar o rabo, fazendo com que acreditasse que ele tinha ouvido sua mensagem, e então ele desapareceu, sabendo que o tempo de segurança já tinha se acabado.
Com os olhos mareados, olhou para Sookie e se levantou. Ela bateu a grama seca que tinha ficado em seu vestido, olhou para o lugar onde Sam estivera e sorriu de lado, a saudade de seu “irmão” apertando em seu coração.
- É por isso que as coisas têm que dar certo. – ela disse e seguiram em silêncio de volta para a mansão.
Sam estava de volta à casa de , acompanhando a obra solicitada por Eric. Ele tinha se arriscado, ele sabia, mas ver que estava bem, viva, inteira, sem nenhum arranhão fez com que ele se sentisse mais tranqüilo. Ele não via a hora daquele pesadelo acabar e ter sua amiga de volta.
A obra estava andando bem rápida e, segundo os construtores, estaria pronta até o anoitecer do dia seguinte. Ele ficou satisfeito com a resposta, pois se tudo saísse como eles estavam planejando, precisaria daquele refúgio pronto na noite seguinte.

11 de Setembro, Shreveport, 15h
Apesar de saber que precisava dormir para manter suas energias, Eric não conseguia se desligar da mansão dos Compton. Será que Alcide teria conseguido transmitir as informações para ? Como ela faria para inserir aquele novo participante naquele jogo insano?
Eric revirou-se mais uma vez em sua cama, furioso por estar de mãos atadas enquanto a mulher pela qual ele estava apaixonado corria perigo só por estar viva. Seu telefone o interrompeu de seus pensamentos.
- Eu a vi hoje. – disse Sam. – Ela estava deitada na grama junto com a outra garota e um lobo, que julguei ser Alcide.
- Ela está bem?
- Sim. – disse Sam. Houve um silêncio de ambas as partes, como se respirassem aliviados com a notícia. – E sua cripta ficará pronta amanhã ao anoitecer.
- Ótima informação. – disse Eric. – Precisaremos dela amanhã à noite.
- É bom que esse plano maluco dê certo. – Sam esbravejou.
- De um jeito, ou de outro, amanhã sairá daquela mansão. – Eric disse e desligou o telefone.
Ele confiava nela, mas estava preparando um segundo plano, caso o dela não desse certo. Russell tendo três mil anos ou não, aquela seria a última noite que passaria naquela casa, sob as garras de Russell. Nem que para isso ele tivesse que sacrificar sua existência.

11 de Setembro, Bon Temps, 19h
Assim que o sol se escondeu, Bill apareceu no “quarto” das garotas para ver Sookie. podia ver o quanto ele a amava e tinha certeza de que ele faria qualquer coisa para protegê-la, até mentir para o rei.
- Bill, quero que você diga ao rei que preciso vê-lo. – disse .
- O que você quer com ele? – Bill ficou apreensivo.
- Apenas faça isso, por favor.
- Tudo bem, Bill. – disse Sookie. – Confie nela.
Bill encarou os olhos da telepata e finalmente concordou. Ele sumiu por alguns minutos, enquanto mandava mensagens em sua mente para Sookie. A garota novamente arregalou os olhos, mas sabia que não conseguiria fazer com que mudasse de ideia. Sua única opção era apoiá-la e rezar para tudo dar certo.
- O rei vai recebê-la. – disse Bill aparecendo pelo corredor. – Ele está curioso e a espera no escritório. Ben irá acompanhá-la.
- Obrigada, Bill. – ela disse e seguiu escadas acima acompanhada pelo humano.
- O que ela pretende? – Bill sussurrou para Sookie.
- Ela só quer sair daqui. – ela disse muito baixo. – Você não?
No escritório, foi anunciada pelo guarda que a conduziu para dentro e então encostou a porta, deixando-a a sós com o rei. Russell, que estava acomodado atrás da grande mesa a olhou de cima a baixo.
- Então, o que a traz aqui, Srta. Seerswood?
- Majestade. – disse com reverência. – Um pouco mais cedo eu tive uma visão muito perturbadora e precisava lhe informar.
- Prossiga. – ele disse oferecendo a uma cadeira.
- Sookie pediu que eu visse quando ela teria uma oportunidade de ficar a sós com Bill para... bom... namorarem um pouco e então eu li seu futuro. Mas ao invés de ver alguma cena romântica, vi uma tremenda confusão.
- Explique. – ele disse começando a ficar curioso.
- Minha visão era sobre a festa de amanhã. – fez uma pausa dramática. – Pelo que entendi, a criadora de Bill Compton, uma vampira chamada Lorena, aparecerá na festa e tentará matar Sookie. Para protegê-la, Bill entrará em confronto com essa vampira e acabará morto. Sem ter quem a proteja, Sookie também será morta.
- Não! – ele disse. – Nem pensar! Não vou perder minha telepata por causa de Bill Compton. Eles não irão a essa festa. – ele disse enfático. sorriu por dentro sem demonstrar isso a Russell.
- Com sua permissão, majestade, posso ver seu futuro? Para saber se Sookie e Bill ficarão bem?
- Como assim? – ele questionou, completamente envolvido pelo poder de .
- Ao eu ler o seu futuro, e ver a presença de Bill e Sookie nele, saberemos que sua atitude de não mandá-los à festa dará resultados. – Russell a encarou como se não tivesse entendido realmente o alcance do seu dom. – O futuro é baseado nas escolhas das pessoas. Não é algo pré-determinado. Sua escolha de não mandar Bill e Sookie à festa, deve alterar o futuro deles.
- Oh, entendo. – ele disse finalmente assimilando as palavras de . – Claro, claro.
Russell deu sua mão a e logo ela já via que Bill e Sookie ficariam na mansão na noite seguinte. Agora era a hora de ela dar um jeito de jogar a isca ao rei, para fazer com que ele fosse à festa.
- E então? – o rei perguntou.
- Eles ficarão bem. – disse com alívio. – Mas eu vi outra coisa em seu futuro agora. Algo que vossa majestade não gostará muito.
- O que foi agora?
- Vi vossa majestade e a rainha discutindo quando ela voltou da festa. Ela disse que tinha encontrado uma pessoa em especial, e isso o deixou extremamente irritado, pois você gostaria de tê-lo encontrado.
- É mesmo? – ele duvidou um pouco. – E quem seria essa pessoa?
- O Conde Drácula. – disse quase num sussurro.
Os verdes olhos de Russell quase saltaram de suas órbitas. teve a impressão de que ele ficara mais pálido do que já era. A simples menção ao nome do vampiro mais famoso de toda a história fez com que Russell quase voltasse a ser uma criança.
- O Conde irá a essa festa? – ele quase gaguejou. – O Conde Drácula, em pessoa?
- Bom, ao menos foi o que a rainha disse ao senhor na minha visão. Para que eu tenha certeza, seria necessário ver o futuro da própria rainha e...
- Não. – ele disse enfático. – Você disse que o futuro muda de acordo com nossas escolhas, certo? Eu acabei de fazer uma escolha. Vou a essa festa e você vai comigo. – ele disse rapidamente. – Agora veja se eu me encontrarei com o Conde. – e estendeu novamente a mão a .
A garota fez-se de espantada e segurou na mão de Russell, mas por dentro, ela estava radiante vendo que seu plano estava funcionando. Eric tinha sido perfeito ao passar-lhe aquele nome. Russell saiu do eixo só de ouvir sobre Drácula. Em sua visão, ela tinha a nítida imagem de Russell na tal festa, procurando incessantemente pelo conde.
- E então? Eu o encontrarei? – Russell perguntou com ansiedade.
- Oh, sim. – ela respondeu. – Ele vai se revelar apenas perto do final da festa, mas vocês terão uma agradável conversa e, ao que tudo indica, ele lhe fará uma espécie de convite.
- Um convite? Que convite? – o rei estava empolgadíssimo.
- Não sei dizer. – disse. – O conde mudou de assunto quando vossa majestade me apresentou a ele.
- Explique melhor. – Russell usou um tom sério.
- O conde perceberá que eu não sou uma simples humana e fará uma proposta, à qual vossa majestade não poderá recusar. – Russell fez sinal para que prosseguisse. – Ele deseja ter a mim. – disse. – E por ser O conde Drácula, vossa majestade não poderá negar o pedido.
- NÃO! – Russell gritou. – Não, não e não! – ele fez como uma criança contrariada. – Ele pode ser quem é, mas você é minha! MINHA! – e derrubou alguns papéis que estavam sobre a mesa.
- Sinto muito, majestade. – disse num tom baixo. – Mas foi o que eu vi.
- Você não entendeu! – ele disse. – Seu poder é maravilhoso! Ficar sabendo das coisas antes que elas aconteçam, poder escolher qual decisão tomar e saber as conseqüências.... ninguém vai tirar isso de mim! NINGUÉM!
afastou-se um pouco, com a cabeça baixa, demonstrando pesar pelo o que ela supostamente tinha visto. Por dentro, ela estava radiante por saber que estava conseguindo ter sucesso com seu plano. Contar com o destempero de Russell tinha sido uma grande sacada.
E foi então que ele a fitou. Seus olhos quase demoníacos brilharam quando ele teve o insight no meio da crise de fúria. Ele se aproximou de com olhos de lince, observando atentamente as reações da garota.
- Nós podemos mudar isso, não podemos? – ele perguntou. – Se eu mudar meus planos, eu não a perderei.
Um arrepio de medo percorreu a espinha de . Ela queria que ele mudasse o plano, mas depois daquela encarada de Russell, já não tinha mais tanta certeza de que ele seguiria pelo caminho que ela trilhara.
- Sim, majestade. – ela disse finalmente. – Qualquer mudança que o senhor faça mudará o futuro.
- Então eu acho que me encontrarei com o conde em outra ocasião. – ele disse e soltou um suspiro, que a Russell pareceu de alívio, mas era de pura frustração.
- Encontrar-se com o conde? Que conde? – disse Talbot entrando no escritório. – Oh, nossa vidente está aqui! – e ele sorriu para . – Quando você irá se encontrar com um conde, e que conde é esse, meu querido? – e ele encarou Russell. – Oh, vocês não estariam falando DO conde, estariam?
- Sim. – disse Russell finalmente. – Srta. Seerswood viu que o conde Drácula estará na festa de amanhã.
- Magnífico! – disse Talbot. – Temos que nos preparar para esse encontro. Faz alguns séculos que não temos o prazer de conversar com ele e...
- E nós não iremos! – o rei o interrompeu.
- Como não? Russell, querido...
- Ele vai ver e roubá-la de mim.
- Oh, entendo. – ele disse, absorvendo as palavras de seu amante. – Mas isso é fácil de resolvermos.
- Como? – Russell o encarou e implorou para que ele dissesse o que ela queria ouvir.
- É só a deixarmos aqui. – ele disse calmamente. – Não há necessidade de ficarmos divulgando nossas riquezas para todos os vampiros poderosos, meu bem.
- Não. – disse Russell. – Não quero deixá-la sozinha. Aquele xerifezinho pode tentar resgatá-la. Ela já até viu isso.
- Sim. – disse Talbot. – E também viu que o seu novo lobo o matará quando ele aparecer.
- Humm. Bem lembrado. – disse Russell com um tom mais suave e quase respirou aliviada. – Tragam o lobo aqui. – ele ordenou.
Russell não se dirigiu a até que o guarda apareceu na porta do escritório anunciando Alcide. Ele e trocaram um rápido olhar, sem significado algum para os vampiros, mas extremamente importante entre eles.
- Leia o futuro dele. – Russell ordenou e era pelo que esperava.
Ela aproximou-se de Alcide mostrando certo receio e então pediu que ele estendesse a mão. Ele então a esticou até as mãos de e ela pode ver a noite seguinte. Eric surgindo entre as árvores e ela finalmente em seus braços. Controlando as suas emoções, deu um longo e pesado suspiro.
- Nada mudou. – ela disse. – Eric Northman virá até a mansão sim, mas os seus... cachorros... cuidarão dele.
- Muito bem. – disse Russell. – Veja novamente minha noite de amanhã. – e lhe deu a mão. – Vejamos o que mudou.
obedeceu e logo a noite de Russell entrou em foco. Ela podia ver sua ansiedade à espera de um conde que nunca apareceria, assim como sua ira ao descobrir que havia sido enganado.
- Ao que tudo indica, majestade, sua noite será muito agradável, sem pedidos extravagantes e nem confusões resultantes em mortes. – ela disse.
- Maravilhoso! – ele exclamou satisfeito. – Incrível, simplesmente incrível o poder de prever o futuro!
- Só há um detalhe, majestade. – disse, jogando sua última carta.
- Não me venha com mais más notícias. – ele resmungou.
- Não, senhor. – ela se adiantou. – É que o conde só aparecerá no final da noite, um pouco antes de amanhecer. – ela fez uma pausa. – Ele quer fazer uma entrada triunfal e inesperada. É por isso que ninguém sabe sobre sua presença na festa. Ninguém o espera, mas ele aparecerá.
- Oh, muito bom saber disso. – ele disse. – Preciosas informações você me dá. Preciosas informações. – e então se virou para Alcide. – E quanto a você, haverá trabalho extra amanhã à noite. Você e os outros lobos ficarão de guarda junto com os vampiros. Não quero saber de problemas com a segurança da mansão... e nem das minhas preciosidades.
- Sim senhor. – disse Alcide em sua voz grave. – Estaremos preparados.
- Ótimo! – disse Talbot. – Podem ir, crianças. Eu e o rei temos que acertar os detalhes para uma festa. – Russell apenas sorriu.
- Com sua licença, majestade. – disse e então ela e Alcide deixaram o cômodo.
O guarda colocou-se atrás de , mas não percebeu o sutil sorriso que ela lançou em direção a Alcide. Ele retribuiu o sorriso, também sem ser notado e então ambos seguiram seus caminhos.
Na cela, Sookie encarava com os olhos incrédulos. Ela tinha ouvido toda a conversa através dos pensamentos de e sabia que a garota tinha conseguido dar a volta no rei. Bill a olhava com certa admiração.
- O rei gostou das notícias. – ela disse para despistar o guarda.
- Fico feliz em ouvir isso. – disse Bill.
- Será uma noite maravilhosa. – ela disse e sorriu de lado.

11 de Setembro, Shreveport, 23h
Eric estava em seu escritório esperando por notícias quando seu celular apitou avisando que havia uma nova mensagem. Ele pegou o aparelho e sorriu ao ver o conteúdo do sms:

Ela conseguiu. Amanhã será o dia. Esteja pronto.

- Eric, eu preciso que você... que sorriso é esse? – disse Pam ao entrar no recinto.
- Ela conseguiu. – ele disse. – conseguiu deixar o caminho livre para nós. – e mostrou a mensagem a sua cria.
- Sua vidente enganou um vampiro de três mil anos? – ela disse espantada. – Inacreditável.
- Amanhã, Pam. – ele disse com uma alegria que ela desconhecia. – Amanhã ela estará a salvo em meus braços.
- Ok. – ela disse com sua voz derrotada. – Já vi que quando estiver na jogada, o velho Eric, mau e arrogante, estará de folga.
- Ela salvou sua vida. – ele disse num tom quase ameaçador.
- Oh, eu sei. – ela disse. – E é só por isso que eu não vou me importar com esse Eric bonzinho e preocupado em que você se transforma quando está com ela. – e então ela seguiu para a porta. – Mas só quando você estiver com ela. Fora isso, exijo meu criador impiedoso e cruel de sempre.
Eric não respondeu; apenas deu um sorriso para sua cria e a viu sair pela porta. Ele sabia que ele realmente mudava quando o assunto era . Ele não queria ser um monstro para ela, mas seria se fosse necessário para protegê-la. E ela deveria se acostumar com a sua real natureza, se ela o amasse como parecia amar.
Vinte e quatro horas. Só mais vinte e quatro horas e eles estariam juntos novamente. Dessa vez, para sempre.

12 de Setembro, Bon Temps, 02:30h
Sookie dormia calmamente na cama ao lado, mas não conseguia pregar o olho. Ela repassava aquela conversa com Russell e admirava-se por ter conseguido convencê-lo a fazer exatamente o que ela queria. Ele seria assim tão inocente?
Não. Ela sabia que ele não era inocente, e a fúria que ele sentiria ao saber que tinha sido enganado seria absurda. Eles teriam que estar preparados para ela, mas se ela estivesse ao lado de Eric, ela enfrentaria o que quer que fosse.
Eric! O vampiro loiro dançou em seus pensamentos e ela mal podia esperar para estar com ele novamente. Após o resgate, ela sabia que eles teriam cerca de um dia até terem que enfrentar a tempestade. Seria tempo suficiente para ela viver tudo aquilo que se enraizava em seu coração?


Capítulo 19


12 de Setembro, Bon Temps, 10h
Apesar de não ter dormido quase nada naquela noite, não parecia sentir o cansaço. Como nos outros dias, Brian apareceu com o café da manhã e em seguida acompanhou e Sookie até a varanda. Lá o lobo branco assumiu o posto e acompanhou-as até o gramado.
- Hoje será a noite. – disse controlando sua ansiedade. – Não sei como você e Eric se arranjarão, mas tenham cuidado. Esses guardas, lobos ou vampiros, não serão fácies de lidar.
Alcide sentou-se ao seu lado. Ela inspirou profundamente o ar refrescante da manhã e lhe parecia que o sol brilhava ainda mais forte naquele dia. Sookie ajeitou-se ao seu lado, sem dizer nada.
- E não se esqueçam de arrumarem abrigos seguros. – ela continuou. – Bill e Sookie precisarão de uma casa humana para ficar, assim estarão protegidos da invasão de vampiros, assim como Pam. – ela olhou para a telepata. – E quanto a você e ao Sam, fujam para o mais longe possível. A fúria de Russell será homérica. Quem estiver no seu caminho...
- E quanto a você? – Sookie a interrompeu. – Acha que estará segura só com a proteção de Eric Northman? – Alcide fez um grunhido concordando com a preocupação da telepata.
- Sim. – respondeu. – Nós podemos enfrentá-lo.
- Aham. – disse Sookie sem acreditar nas palavras da vidente.
Houve mais um momento de silêncio, e então Brian apareceu para acompanhá-las de volta à mansão. Enquanto caminhavam pelo gramado, deu uma longa olhada para o bosque ao lado da mansão, o bosque que abrigava o cemitério de Bon Temps onde seus pais e amigos jaziam tranquilamente. Ela sabia que eles estariam ao seu lado naquela noite.

Sam chegou cedo à casa de para saber como estava o andamento da obra requisitada por Eric. Ficou satisfeito ao ver que faltavam apenas alguns detalhes de acabamento e que ao final do dia tudo estaria pronto. Ele deu uma longa olhada para o bosque ao lado da casa, vendo a cerca divisória entre o terreno e o cemitério e quase implorou aos seus ancestrais que permitissem que o plano maluco da sua grande amiga desse certo.

12 de Setembro, Shreveport, 15h
Eric tinha acabado de colocar o telefone no gancho quando Pam entrou em seu escritório. Ela encarou seu criador por alguns instantes, ele a olhou de volta.
- Ao menos você descansou um pouco? – ela questionou. – Precisará de toda a sua energia essa noite.
- Sim, eu sei. – ele disse. – Dormi algumas horas, mas não pude ficar mais na cama.
- Eu entendo sua aflição. – ela disse. – Também quero que tudo saia bem. Não só por , mas principalmente por sua sanidade caso algo dê errado.
- Não vai dar nada errado. – ele bradou um tom acima de um sussurro. – Russell caiu na armadilha.
- Só teremos certeza disso depois que eles saírem da mansão. – ela disse relutante. – Até lá, tudo pode mudar.
- Você está torcendo contra, Pam? – ele a encarou um pouco irritado.
- Oh, por favor! – ela disse com sarcasmo. – Apenas não estou tão envolvida emocionalmente. Ao contrário de você que não anda pensando muito ultimamente.
- Pam... – ele disse num silvo baixo.
- Ok, ok. – ela o fitou. – Vai dar tudo certo e só amanhã à noite é que seremos exterminados.
Eric a encarou pronto para mandá-la sair da sala, mas seu lado milenar o refreou. Ele sabia que a vampira estava certa e que, dando certo o plano, a noite seguinte prometia um massacre na Terra.
- Você precisa achar uma residência humana para se esconder. – ele disse. – Que tal Ginger? – e arqueou uma sobrancelha.
- Não tenho muita escolha. – ela disse relutante.
- Proteja-se depois dessa noite. – ele disse. – Não quero perdê-la.
Pam viu a verdade nas palavras de Eric e sentiu-se um pouco menos enciumada por ver que ele continuava a se preocupar com ela. Claro que aquela humana tinha roubado a atenção de Eric, mas as palavras dele fizeram com que ela se sentisse mais segura em relação ao seu criador. Seus laços eram fortes demais para simplesmente serem quebrados por uma humana. Mesmo ela sendo o que prometia ser.
Durante o resto da tarde ambos os vampiros concentraram-se em seus preparativos e assim que o Sol se escondeu, eles partiram em direção ao campo de batalha.

12 de Setembro, Bon Temps, 19h
A tarde demorou a passar para , mas finalmente os vampiros estavam em movimento, preparando-se para seguirem ao (falso) encontro com o tão famoso Conde Drácula.
e Sookie foram chamadas até o escritório e novamente Russell pediu à vidente que confirmasse o encontro tão aguardado. Sookie confirmou a visão de e todos os vampiros ali presentes ficaram extremamente ouriçados. A rainha fazia questão de levar sua humana, Hadley, o que se encaixava convenientemente no plano de .
Por volta de 18:30h, Russell, Talbot, Sophie Anne e Hadley entraram no luxuoso carro protegido por blindagem a luz solar e seguiram rumo à estrada que os levaria até um campo de pouso de onde sairia o jatinho que os levaria a Dallas, local da festa.
- Cuidem-se, crianças. – disse Russell antes de entrar no carro. – Quero todos em casa quando eu voltar. - e essa última frase foi dirigida aos seus vampiros e lobos, enquanto dava uma olhada enfática para Alcide.
- Como desejar, majestade. – disse . – Aproveite a festa. – e sorriu graciosamente. Russell a olhou uma última vez e então o carro partiu deixando um rastro de poeira pelo caminho.
, Sookie e Bill voltaram para dentro da casa, como de costume e seguiram para o porão. Eles perceberam que Alcide, em sua forma humana, se colocou a postos no lado de dentro da casa e foram seguidos de perto por um dos seguranças humanos.
- Vamos esperar alguns minutos, o tempo que eles precisam para levantar vôo. – disse em um tom mais baixo.
- Isso é loucura. – disse Bill abraçando Sookie.
- Seguinte, Bill. – disse . – Ou tentamos isso, ou seremos reféns eternamente. – e ela olhou para a telepata. – Com ou sem a sua ajuda, daqui a pouco eu saio dessa casa definitivamente. E então, como vai ser?
- Estamos com você. – ele disse finalmente e olhou para o relógio.

Do outro lado do bosque Sam estava parado na varanda da casa de olhando para a estrada. Os operários tinham acabado de sair, deixando a estranha construção pronta para receber seu peculiar novo habitante.
Fazia apenas alguns minutos que o sol tinha se posto e quase no mesmo momento em que ele captou o cheiro de vampiros, Eric e Pam aparecerem em seu campo de visão, saídos do meio do bosque.
- Como estão as coisas? – Eric perguntou.
- Há alguns minutos ouvi um carro deixando a mansão. Imagino que deva ser Russell e os outros vampiros. – Sam respondeu. – E sua caverna está pronta.
- Excelente. – ele disse e então encarou os olhos acinzentados de Sam. – Tem certeza de que vai enfrentar aqueles lobos?
- é tão importante para mim quanto para você. – ele respondeu secamente. – Vou fazer minha parte.
- Ótimo! – disse Pam pronunciando-se pela primeira vez. – Mais um admirador da vidente! Se aparecer mais alguém, eu acho que vou chorar.
- Pam! – ralhou Eric, mas ela não se abalou. – Muito bem, vamos nos posicionar.

No porão da mansão, sentiu seu coração acelerar minimamente e ela soube que havia chegado o momento. Ela olhou para Bill e Sookie e ambos acenaram, confirmando que estavam com ela.
Bill saiu da cela e foi em direção ao guarda, induzindo-o e ordenando que fugisse da mansão. Imediatamente o guarda o obedeceu deixando o caminho livre. O vampiro fez o mesmo com os outros dois guardas que apareceram e então Sookie confirmou que eles estavam livres de humanos na casa. Num átimo eles chegaram ao hall da mansão e encontraram Alcide.
- Os lobos estão ouriçados por causa dos vampiros. – ele disse. – Consegue lidar com alguns deles, Bill Compton?
- Definitivamente. – disse o vampiro.
- Muito bem. – disse o lobo. – Northman, sua cria e Sam estarão de tocaia no bosque. Temos que abrir espaço para que você corra até sua casa. – ele disse encarando .
- Vocês vão precisar de ajuda aqui. – disse .
- E o que você pode fazer? – ele ironizou. – Prever pra que lado eles correrão?
- Não, eu... – tentou argumentar.
- Northman disse para você ficar escondida até a coisa estar mais tranquila, então você escapa e corre pelo bosque. Entendeu?
- Eu não vou deixar vocês sozinhos aqui. – ela disse revoltada.
- Você vai, ou então ele jurou arrancar meu couro fora. – disse Alcide em tom grave. – E, honestamente, não estou muito afim de um confronto com ele. – e encarou . – Você vai cooperar?
- Ok. – disse depois de bufar. – E quanto a Sookie?
- Oh, não se preocupe comigo. – ela disse. – Ser meio fada tem suas vantagens além de ler mentes.
- Ok então. – disse . – Tomem cuidado e... obrigada.
Sookie deu um longo abraço em e, em seu ouvido, agradeceu a oportunidade de poder escapar das garras de Russell. sorriu e então olhou para Bill, que lhe mandava um olhar de desculpas e agradecimento. Alcide, apesar de ter entrado de gaiato na história, via que ali se encontravam pessoas de bem.
A porta da mansão foi aberta, deixando que uma rajada de ar fresco da noite invadisse o hall e então os três saíram para a varanda, deixando protegida dentro da enorme construção.
Por estarem distraídos com os cheiros dos vampiros guardas, os cinco lobos não perceberam a aproximação de Eric e Pam, que agora tinham uma visão total da mansão e da localização de seus inimigos. Eles viram quando Alcide abriu a porta da frente e apareceu na varanda com Bill e a telepata. Aquele era o sinal.
Os lobos e vampiros ficaram confusos por um momento e deixaram suas posições, seguindo mais para perto do grande gramado ficando extremamente vulneráveis, exatamente como Eric queria.
Ao perceberem que Bill e Sookie estavam com Alcide, os outros lobos e vampiros perceberam que estavam diante de uma rebelião e preparam-se para atacar. Sam, em forma de cachorro apareceu também, desnorteando-os enquanto Eric e Pam saíam das sombras das árvores. No céu, a lua cheia começava a nascer.
Alcide, Bill e Sookie viram o bando de guardas de Russell no meio do gramado e logo atrás deles Eric Northman e sua cria, Pam, além de um cachorro malhado de branco e marrom. A hora tinha chegado. Os três respiraram profundamente enquanto lobos e vampiros agitavam-se.
- Eles estão livres para sair. – disse Alcide. – Não há necessidade de lutar.
- Russell deixou instruções claras. – disse um dos vampiros. – Ninguém sai daqui essa noite.
- Uma pena para você. – disse Eric.
E então a batalha começou.
Um pouco assustados com aquela situação, lobos e vampiros se dividiram para atacar em diferentes frentes: um dos lobos partiu atrás de Sam e ambos sumiram no bosque enquanto os outros quatro lobos partiram na direção da varanda e Alcide foi obrigado a se transformar e brigar. Bill bateu de frente com um deles enquanto Sookie jogava outro lobo longe com raios de luz que saíam por seus dedos.
Para Eric e Pam sobraram os vampiros. Cinco no total. Criador e cria se olharam e apenas sorriram um para o outro. Os vampiros de Russell mostraram as presas livres, rosnando na tentativa de intimidar seus adversários, mas Eric tinha uma vasta experiência em combates e aqueles vampiros não o assustavam.
Percebendo que os dois vampiros não estavam intimidados, os cinco avançaram de uma só vez. Eric e Pam, ambos com as presas à mostra e em posição de batalha, apenas esperaram que seus oponentes chegassem até eles.

De dentro da mansão, podia ouvir a luta que acontecia no gramado. Ela se sentia inútil ali sem poder ajudar, mas sabia que se aparecesse por lá, provavelmente mais atrapalharia do que ajudaria. Constantemente ela ouvia latidos estridentes e rezava para que não fosse Alcide ou Sam se machucando.
Aliás, Sam tinha sido completamente irresponsável por se meter nessa briga. Como um metamorfo poderia enfrentar lobisomens e vampiros? nunca se perdoaria se acontecesse alguma coisa com seu “irmão mais velho”.
Na verdade, ela não queria que ninguém se machucasse, mas eles não haviam lhes dado outra opção, então era algo inevitável. Vez ou outra ela via um clarão cortar a noite e imaginava que devia ser a tal vantagem da qual Sookie havia lhe dito.

No gramado, a única que permanecia livre de sangue era Sookie, que afastava os seus atacantes usando seus poderes de fada. Os outros estavam todos manchados de sangue, mas nenhum deles ferido realmente. Eram manchas de sangue dos seus oponentes.
Apesar de não ser um lobo violento, Alcide tinha escolhido o seu lado, o lado certo, então tinha que arcar com sua decisão e se defender dos lobos que o atacavam. Bill não se importava realmente em lutar com os lobos, principalmente quando eles tentavam seguir para o lado da sua amada.
Eric e Pam sabiam que era contra as regras da Autoridade matar outro vampiro sem uma causa muito justa e sem um julgamento adequado, mas naquele momento eles não estavam realmente interessados na Autoridade. Eles tinham que confessar que os vampiros estavam dando um pouco mais de trabalho do que eles imaginavam, mas era só uma questão de demorarem um pouco mais do que tinham previsto.
Quando dois vampiros partiram juntos para cima de Eric, ele não teve dúvidas e facilmente arrancou o braço de um deles, que fugiu para o bosque como um rato amedrontado, enquanto segurava o segundo pelo pescoço, erguendo-o do chão. Assim que eles terminassem com os que tinham sobrado, ele iria atrás do quinto elemento e daria cabo dele também.

Um pouco mais longe dali, Sam corria o mais rápido que podia tendo um dos lobos em seu encalço. Perto do lugar que ele tinha preparado para aquela noite, ele parou e encarou seu perseguidor. O lobo o encarou com os olhos amarelados, e deu um passo na direção de Sam.
Foi seu erro, pois uma de suas patas da frente foi pega por uma armadilha para ursos e em seguida foi amputada, fazendo com que o lobo voltasse a sua forma humana. Gritando de dor e de raiva, ele partiu novamente para cima de Sam, mas tropeçou em seus próprios pés e acabou caindo de cara sobre uma segunda armadilha que Sam tinha deixado preparada.
O sangue espirrou sobre o pelo mesclado de Sam quando a cabeça do lobisomem foi esmagada pelos dentes da armadilha. Sam não tinha gostado daquilo, ele era uma pessoa de bem, mas entre o lobisomem associado a vampiros e salvar e sua própria pele, ele ficava com a segunda opção. Livre de seu perseguidor, ele decidiu voltar ao gramado.

Eric e Pam ouviram o grito doloroso vindo dos fundos do bosque e Eric pensou, por um momento, se seria Sam o combatente ferido, mas logo ele sentiu o cheiro do metamorfo e, inevitavelmente, um ligeiro alívio o percorreu. ficaria triste se perdesse aquela criatura, então era bom saber que ele estava bem.
Pam não havia se deixado distrair pelo acontecido e dava cabo de mais um vampiro, enfiando um pedaço de madeira em seu coração. A gosma vermelha espalhou-se pelo gramado e ela franziu a testa quando viu que estava coberta de sangue.
- Já disse que detesto essa sujeira toda? – ela fez uma expressão de nojo. Eric sorriu de lado.
Próximos à varanda, Bill, Sookie e Alcide também já estavam terminando com os últimos lobos. A telepata agora se encontrava suja de sangue, pois foi praticamente impossível escapar dos esguichos vindos dos lobos sendo destrinchados por Bill e Alcide. Assim como Pam, ela olhava para seus braços com certa repulsa pela sujeira sanguinolenta que a cobria.

De dentro da mansão, percebeu que a luta encaminhava-se para o fim, pois os rugidos e grunhidos ficavam cada vez mais espaçados. Ela olhou para a porta lateral e decidiu que era a hora de finalmente sair daquela mansão de uma vez por todas. Seguindo na ponta dos pés, ela se esgueirou pela lateral da casa até que tivesse acesso a uma área erma do bosque e rapidamente se embrenhou entre os arbustos.
sabia que tinha que correr o mais rápido possível para sua casa, só que ela não contava com uma coisa: pra que lado ficava sua casa? Ela não conhecia tão bem assim o bosque e ele lhe parecia terrivelmente confuso e assustador à noite.
Depois de correr por alguns minutos sem obter êxito algum, ela parou e respirou profundamente. Tentou prestar atenção para ver se conseguia ouvir os sons que vinham do gramado, mas havia apenas o silêncio ensurdecedor da mata. O sangue pulsava em seus ouvidos tão alto que ela achava que seu coração pularia boca afora a qualquer momento. E então, um barulho fez com que seu sangue congelasse imediatamente.


Capítulo 20


12 de Setembro, Bon Temps, 19:20h

O som gutural vinha de algum lugar atrás dela e, lentamente, se virou, temerosa do que pudesse ser – vampiro ou lobisomem – e então encontrou a figura humanóide parada há alguns metros dela. O braço esquerdo havia sido arrancado e o vampiro a encarava com o olhar mais mortal que ela já tinha visto em toda a sua vida.
ameaçou correr, mas o vampiro foi na mesma direção, insinuando que ela não tinha escapatória. A garota engoliu seco e seu coração voltou a acelerar. Ela encarou os olhos vidrados de seu agressor e, antes mesmo que ela pudesse perceber, ele já estava a menos de um passo de distância, segurando-a pelo pescoço e erguendo-a do chão com facilidade.
Ela sentiu sua garganta sendo esmagada, aos poucos o ar lhe faltando e, em vão, tentou gritar por ajuda, mas o som que saiu foi mais baixo que um sussurro. O vampiro riu de lado, gostando do desespero que via nos olhos da garota.
- Tudo isso é culpa sua. – ele disse e apertou mais um pouco a mão em torno do pescoço dela.
Com o aperto, sentiu a gargantilha de prata machucar sua pele e estranhou o fato do vampiro não urrar de dor, e só então percebeu que ele usava uma luva de proteção. Mas que merda! Ela pensou e começou a sentir os primeiros sinais da falta de oxigenação em seu cérebro quando uma forte tontura lhe invadiu. Ela tinha que fazer alguma coisa, aparentemente ninguém apareceria para ajudá-la e se ela não fizesse nada, sua vida terminaria ali, no meio daquele bosque.
NÃO! Ela não se entregaria assim tão facilmente. Usando as últimas reservas de energia que tinha, ela forçou-se a se concentrar no vampiro a sua frente. Fisicamente ela não era forte o bastante, mas sua mente já tinha sido capaz de jogar um vampiro longe e ela faria isso novamente.
Um estalo de galhos se fez ouvir a poucos metros de onde eles estavam e a figura imponente de Eric apareceu por entre as sombras. Seus olhos encontraram os de e por um segundo ela soube que tudo ficaria bem.
- Solte-a. – ordenou Eric numa voz grave e séria. – Agora.
O vampiro que segurava tremeu um pouco ao ouvir a voz autoritária do xerife, mas não estava realmente disposto a obedecê-lo. Ainda segurando o pescoço de fortemente, ele voltou sua cabeça em direção ao xerife e o encarou com desdém. Ele sabia que estaria morto de qualquer maneira, mas levaria a humana consigo.
Eric olhou mais uma vez para , que começava a ficar desnorteada com a falta de ar e seus instintos gritavam para que ele a salvasse, mas o xerife sabia que se desse um passo que fosse, o vampiro poderia quebrar de vez o pescoço dela.
viu o dilema nos olhos azuis de Eric e soube que era ela quem teria que se safar daquela situação. Novamente ela voltou a se concentrar no vampiro que a segurava, fechou os olhos e, em sua mente, visualizou o vampiro sendo empalado por um galho de uma das árvores próximas. Seu desejo foi ficando cada vez mais forte, conforme ela se concentrava ainda mais e, então, subitamente ela abriu os olhos e sentiu seu corpo batendo de volta ao chão.
O grito espantado do vampiro durou apenas um segundo antes dele ser prensado contra uma grande árvore centenária, sendo perfurado por vários galhos ao mesmo tempo. Em seguida uma bolha de gosma vermelha explodiu e despencou no chão formando uma poça nojenta.
Eric observou abismado o que acontecia diante de seus olhos, mas mal o vampiro virou gosma, ele já estava ao lado de , que tossia enquanto respirava profundamente, inundando seus pulmões com o ar fresco da noite.
- Você está bem? – ele disse segurando em seus ombros.
- Sim. – ela disse massageando a garganta. – Ele era um pouco maior que uma banqueta. Só isso. – e riu de lado.
Música 06
Eric segurou o queixo de e gentilmente foi erguendo seu rosto até que estivessem na mesma altura. E então seus olhos se encontraram outra vez. Havia uma felicidade inebriante nos olhos dela, havia uma ansiedade desconhecida nos olhos azuis dele.
- Eric...
- ...
E não foi possível resistir ao apelo dos seus sentimentos. e Eric jogaram-se um contra o outro, os lábios se encontrando num desejo sufocante, numa necessidade extrema de saberem que ambos estavam bem e a salvo e juntos finalmente.
Aquele beijo foi intenso, quase desesperado, as temperaturas – quente e frio – se misturando, as mãos fortes dele embrenhando-se nos cabelos dela e segurando-a pela cintura, as mãos delicadas dela deslizando pela nuca dele. E então ela se afastou minimamente.
- Eu preciso respirar. – ela disse sorrindo ao ler a expressão interrogativa nos olhos azuis.
Eric sorriu de lado e delineou o rosto de com a ponta dos dedos, acariciando-o suavemente, como se só daquela maneira, tocando-a, ele pudesse acreditar que ela estava diante de si.
O toque gélido de Eric em sua pele fez com que sentisse uma onda intensa de desejo pelo homem a sua frente. Ela sonhara tantas vezes com aquele momento que, agora que ele tinha chegado, ela queria aproveitá-lo completamente.
- Vamos sair daqui. – ela disse num sussurro e forçou-se a levantar, mas suas pernas falharam por um momento.
Em menos de meio segundo Eric já a amparava e logo ele já tinha passado um dos braços pro trás dos joelhos de segurando-a protetoramente em seus braços de aço.
- Você ainda está fraca. – ele disse e, num átimo, corria com ela pela mata.
Quando atravessaram a divisa entre o bosque e o gramado de , ela deu um suspiro de alívio por estar em sua casa novamente. Num piscar de olhos Eric já estava dentro da casa e delicadamente a colocou no sofá, como se ela fosse feita de porcelana.
- Você tem certeza de que está bem, não está ferida? – Eric a olhou procurando por alguma evidência de que estivesse mentindo.
- Nunca estive tão bem em toda a minha vida. – ela disse observando-o. – Estou com você. – e esticou a mão até alcançar o rosto do vampiro.
- Você não sabe como eu estava com... medo... – ele relutou, pois nunca sequer passou por sua cabeça vivenciar aquele sentimento. – ...de nunca mais te ver. De nunca mais...
- Acabou, Eric. – disse e se aproximou ainda mais do vampiro. – Não há mais nada a temer. Estamos juntos, finalmente.
Eric olhou fundo nos olhos que já faziam parte de sua existência e, finalmente, seus temores desapareceram. Apesar de seu desejo ser simplesmente se jogar contra os lábios da mulher à sua frente, ele não queria assustá-la. Lentamente, ele foi se aproximando dela, assim como ela tinha feito segundos atrás.
O coração de pulsava fortemente em seu peito, ansioso pelo que viria. Ela afagou o rosto másculo do vampiro e ele repetiu o gesto dela docemente. E finalmente se beijaram. Um beijo doce, quase como o da noite no cemitério, mas com muito mais significado.
Afastaram-se minimamente para que ela pudesse respirar e olharam-se. Ambos sabiam que queriam mais. E então Eric jogou-se novamente contra os lábios de , agora com um pouco mais de intensidade. Ela abriu ligeiramente seus lábios, convidando Eric e em seguida suas línguas se tocaram. Era um beijo quente, necessário, mas ainda cuidadoso.
sentiu seu corpo queimar pelo desejo latente, enquanto Eric apreciava o turbilhão de sentimentos que o invadiam. Sentimentos que o vampiro milenar nunca havia experimentado. Ela deslizou suas mãos pela nuca de Eric, enroscando os dedos nos cabelos dele enquanto ele deslizava sua mão pela nuca de .
E foi nesse momento que o vampiro se afastou, rosnando, presas à mostra, um olhar quase assassino, quando seus dedos encontraram a correntinha de prata que adornava o pescoço de . Ela se assustou um pouco com a reação do vampiro. Imediatamente ela levou a mão até seu pescoço, segurando a correntinha entre os dedos.
- Desculpe. – ela disse instantaneamente. – Havia me esquecido dela.
- Eu também. – ele disse, sem saber como se comportar exatamente.
então levou as duas mãos até a parte de trás de seu pescoço, buscando o fecho da correntinha e o soltou, colocando a mesma numa mesinha. Eric a observava calado, presas ainda à mostra, mas sua atitude já não era mais de ataque.
Ela observava o vampiro diante de si, e apesar do susto, Eric não lhe parecia aterrorizante. Lentamente ela se mexeu no sofá, indo em direção a ele, e gentilmente ergueu sua mão em direção às presas do vampiro.
Tudo aquilo era novo para Eric. Aquelas sensações estranhas invadindo seu corpo milenar, a mulher a sua frente, a magia daquele momento. finalmente alcançou a mandíbula de Eric e delicadamente foi deslizando seus dedos pela sua pele, até chegar ao canto dos lábios do vampiro.
Ele podia ouvir o coração descompassado de , mas sabia, pelo olhar dela, que não era medo que ele anunciava. Ela fixou seus olhos nos de Eric e lentamente seus dedos encontraram as presas do vampiro.
Um frenesi inundou o corpo de Eric e ele se aproximou de , desejando-a como nunca antes havia desejado alguém. umedeceu seus lábios com a própria língua, denotando todo o desejo e curiosidade que estava sentindo naquele momento.
Ambos foram se aproximando e cuidadosamente ele a beijou, com as presas liberadas. estremeceu com a sensação diferente e não resistiu em acariciar as presas com a ponta de sua língua. Eric não conteve um gemido grave e baixo.
sorriu em seus lábios e se afastou minimamente para olhar para o vampiro. Os olhos de Eric faiscavam.
Ele leu nos olhos de que ela queria o mesmo que ele e em meio segundo a pegou em seus braços e a levou para dentro de sua cripta recém construída. Ela apenas sentiu o ar voando ao seu redor e em seguida Eric a deitava em uma cama enorme e macia. Ela sabia exatamente o que aconteceria em seguida, e ansiava por aquilo.
sentou-se na cama, encarando os azuis olhos de Eric e sem cerimônia foi direto para seus lábios. Eric apertou-a em seus braços enquanto se beijavam e imediatamente começou a descer o zíper do vestido azul que ela usava.
Um arrepio quente percorreu o corpo de enquanto ela sentia os dedos frios de Eric percorrerem suas costas. Sua respiração ficou ofegante e ela se afastou novamente para olhar para o vampiro.
- Eric... eu nunca... – ela começou a dizer.
- Não se preocupe. – ele disse compreendendo a extensão de suas palavras. – Não farei nada que você não queira.
Lendo a sinceridade nos olhos dele, sentiu-se mais segura e em seguida tirou a jaqueta que Eric vestia. Ele desceu as alças do vestido dela pelos seus ombros, revelando a lingerie delicada e inocente.
então escorregou suas mãos até a barra da regata preta que Eric vestia e a tirou rapidamente. Ela não conseguiu não notar a beldade daquele corpo escultural a sua frente, o que fez Eric rir de lado. Mas ele também não conseguia desviar seus olhos do corpo descoberto de , a pele aveludada, seu cheiro doce e feminino, o tom rosado.
- Você é linda. – ele disse quase num sussurro.
- Eu quero você, Eric. – ela respondeu com a voz um pouco falha.
E ao ouvir aquelas palavras, Eric quase não se controlou. Retraiu suas presas e atacou os lábios de com uma necessidade gritante. Suas línguas logo se encontraram e enquanto se beijavam, ele terminou de tirar o vestido dela, livrando-se também de suas calças.
Ele se deitou sobre ela e ela ofegou com o gelado da pele do vampiro. Apesar da luxúria correndo em suas veias, Eric sabia que tinha que ser delicado com . Mas ela não facilitava as coisas quando gemia baixinho nos lábios dele.
Eric deixou os lábios dela enquanto ela respirava e foi descendo seus beijos pelo pescoço e colo. arfou uma vez mais. Seu corpo sentia leves espasmos toda vez que Eric a beijava e ela já não sabia como controlar os seus desejos.
Ele continuou o caminho de beijos, passando pelos seios dela e seguindo, até encontrar o cós de sua calcinha. soltou outro gemido, um pouco mais alto, fazendo Eric sorrir em sua pele. Ele desceu mais um pouco e então encontrou a parte interna da coxa de .
Ela arfou mais uma vez quando ele passou a beijá-la naquela região, fazendo-a se lembrar do sonho que teve com ele na noite em que ela foi ao Fangtasia pela primeira vez. Instintivamente ela olhou para o vampiro e ele sorriu de lado.
- Eric... meu sangue... – ela começou a dizer.
- Não tema. – ele disse. – Eu só vou prová-la quando for seguro. – e no instante seguinte ele já estava em seus lábios novamente. – Confie em mim.
- Eu confio. – ela disse. – Eu te amo.
E diante daquela declaração, Eric soube em seu coração morto que também a amava. Com um simples e rápido movimento, ele se livrou da calcinha dela e de sua boxer.
Colocando-a sentada, ele a beijou profundamente enquanto se livrava de seu sutien. dividia seus carinhos entre as costas e os cabelos de Eric. Então ele a colocou novamente deitada e leu em seus olhos que era o momento certo.
sentiu o membro de Eric encostado em sua pele e outra onda de frenesi invadiu seu corpo. E então, com todo o cuidado, Eric a foi possuindo. sentia seu corpo tremendo com o prazer que estava sentindo enquanto se acostumava com o ritmo lento e cuidadoso de Eric.
Ele estava apoiado em seus antebraços e o puxava para baixo, para que pudessem se beijar. Ela o incitava com a língua, arrancando gemidos cada vez mais altos do vampiro.
Aos poucos ela foi sentindo a necessidade de aumentar o ritmo e jogou suas pernas ao redor do quadril de Eric, prendendo-o com mais força em seu corpo. Eric desceu seus beijos para o pescoço de e, embora a vontade de beber seu sangue estivesse muito alta, ele sabia que não podia, então apenas se concentrava em beijá-la e arriscava umas leves chupadas.
estava quase atingindo o máximo do prazer quando Eric diminuiu seu ritmo, controlando-se ao máximo para não machucá-la com sua força. Ele também estava muito perto do clímax.
- Eric.... mais.... – ela quase implorou quando sentiu que seu corpo estava prestes a explodir.
Então Eric voltou a acelerar seus movimentos, com estocadas mais rápidas e profundas até que ambos atingiram o ponto máximo do prazer.
As presas de Eric ficaram à mostra novamente enquanto ele urrava de prazer e cravou suas unhas na pele fria do vampiro enquanto sentia um misto de felicidade, prazer, leveza e liberdade. Tudo ao mesmo tempo.
Eles se encararam e Eric viu seu reflexo nas íris transparentes de . Ele já havia perdido as contas de quantas vezes havia se divertido com humanos e vampiros, mas aquela era a primeira vez que ele sentia algo que ele ainda não sabia definir, mas era muito maior do que apenas prazer. E ele soube que era por causa dela. . A mulher que havia virado seu mundo de cabeça para baixo.
- Eu amo você, Eric. – ela disse num sussurro, enquanto o beijava delicadamente.
- Eu amo você, . – ele disse do modo mais sincero que conseguiu.
Ambos sorriram levemente e então Eric saiu de , largando-se em seguida na cama e puxando para seus braços. Fez-se um silêncio calmo na cripta enquanto brincava de delinear a musculatura perfeita do tórax de Eric e ele subia e descia seus dedos frios pelas costas da garota.
Ficaram ali, se curtindo por alguns momentos, até que começou a observar o lugar onde estava. Eric percebeu a mudança de espírito de .
- O que foi? – ele perguntou delicadamente.
Ela ergueu a cabeça, olhou ao redor observando o espaço atentamente: um “quarto” com paredes de metal, algumas luminárias, a cama grande e extremamente confortável e uma escada que subia pela parede.
- Onde é que nós estamos afinal? – e sua voz continha um misto de diversão, surpresa e curiosidade.
- Oh... – ele relutou um pouco. – Estamos na sua casa.
- Na minha casa? – ela ainda questionou. – Não me lembro desse quarto.
- Bom... Eu o construí. Para mim. Ou melhor, para nós. – ele disse em tom quase de desculpas.
- Você construiu uma cripta... na minha casa? – e o espanto dela deixou Eric alarmado.
- Tínhamos que ter um lugar protegido para quando você fosse resgatada. – ele disse.
- Mas eu fiquei fora só por quatro dias! Como você...?
- Eu tenho meus recursos. – ele respondeu. – Você não está... chateada comigo...?
- Talvez eu devesse... – ela disse, mas logo voltou a se deitar sobre o peito de Eric. – Mas tenho certeza de que esse é o lugar mais seguro do mundo agora.
- Eu farei qualquer coisa para protegê-la. – ele disse.
- Eu sei. – ela respondeu e beijou-lhe os lábios delicadamente. – Mas não precisamos pensar nisso nesse exato momento. Vamos lidar com as coisas conforme forem aparecendo.
Eric ia dizer alguma coisa, mas o impediu beijando-o novamente. Ela sabia muito bem o que teriam que enfrentar, mas queria aproveitar cada minuto de paz que ainda lhe restava.
- Você sabe ser uma distração. – ele disse quando ela se afastou para respirar.
- Deve ser mais um dos meus dons de vidente. – ela disse e riu de lado.
Mas então um involuntário bocejo a tomou de surpresa. fez cara de quem não estava muito feliz, mas Eric apenas riu de lado, puxando-a novamente para seu corpo.
- Foi um longo dia. – ele disse. – Descanse.
- Só preciso de um cochilo. – ela respondeu lentamente, caindo no sono em seguida.
Eric apenas continuou o carinho que fazia em suas costas, deixando a frustração de mais uma sessão de prazer para depois. Aquela realmente tinha sido uma longa noite.

13 de Setembro, Bon Temps, 05:15h

A cripta escura de repente se inundou com uma luz branca e tranquila. abriu os olhos por causa da claridade e, ao olhar para o lado, percebeu que Eric dormia profundamente.
Um ponto foi ficando mais intenso e então, de dentro dele, uma figura humana apareceu. demorou apenas alguns segundos para reconhecer o rosto familiar.
- Anjo... – ela sussurrou espantada.
- Olá, minha criança. – ele disse em seu tom mais calmo.
- Você não vem me visitar a tanto tempo! – ela suspirou.
- Sim, eu sei. – ele disse. – Há uma razão para eu estar aqui essa noite.
- O que é?
- Muito em breve você terá que fazer uma escolha, . – ele disse sério. – Uma escolha muito séria.
- Sobre o quê? – e instintivamente ela olhou para o vampiro adormecido ao seu lado. – Sobre Eric?
- Também. – ele disse. – Sua decisão afetará a muitos.
- O que terei que enfrentar, meu anjo? – ela perguntou preocupada. – Como saberei qual a decisão certa, qual a melhor escolha?
- Siga sempre seu coração. – ele respondeu. – Ele saberá o melhor caminho.
E então a imagem começou a se desfazer. Ela ainda tentou falar com seu anjo, mas assim como veio, a luz desapareceu. Ela sentia seu coração apertado com as palavras de seu amigo anjo, mas não conseguia entender sobre o que ele falava. Ela começou a ouvir seu nome, ao longe, e finalmente despertou.
- ? O que houve? – Eric parecia quase desesperado.
- O que foi? – ela finalmente acordou e encarou os olhos azuis do vampiro.
- Você estava agitada, sonhando. Mas eu não conseguia fazê-la acordar. – ele respondeu. – Você está bem?
- Estou. – ela disse. – O meu anjo veio me visitar. E disse uma coisa que me deixou preocupada.
- Anjo? – Eric parecia incrédulo.
- É. – e ela se ajeitou na cama. – Ele apareceu pra mim pela primeira vez quando eu tinha uns cinco anos. – e sorriu levemente. – Foi quando eu comecei a ter as minhas visões. No começo ele aparecia com mais frequência, mas com o passar dos anos ele apenas não veio mais.
- Tudo bem. – Eric disse complacente. – Volte a descansar.
voltou para seu novo lugar favorito para dormir – o peito de Eric – e sorriu de lado ao relembrar a face gentil de seu anjo protetor.
- Apesar dessa angústia, foi bom vê-lo novamente. – ela disse quase num sussurro. – Eu estava com saudade do Godric.
- Quem? – Eric rosnou se levantando de supetão e encarando de modo ameaçador.


Capítulo 21


13 de Setembro, Bon Temps, 05:20h
- Eric? – assustou-se com a reação do vampiro.
- Você disse Godric? Como você o conhece? – ele ainda estava um tanto irritado.
- Eu acabei de te dizer. – ela respondeu assustada. – Ele aparece para mim desde quando eu era criança e... pera lá... como VOCÊ conhece o Godric??? – e ambos se encararam fixamente. – Aliás, como você sabe que estamos falando da mesma pess...
E então o universo de mudou ao seu redor. Imagens de Godric, o seu amigo anjo, apareciam juntamente com imagens de Eric em diferentes momentos. Um Eric humano, uma batalha, um estranho ser observando-o, um vampiro atacando-o.
Uma forte dor em seus pulmões fez com que voltasse à cripta ao lado de Eric que agora a olhava com preocupação. Só aí ela percebeu que estava segurando a própria respiração.
- Respira, ! Respira! – ele gritava. – Desculpe, não quis te assustar, mas esse nome tem muito significado para mim e...
- Godric é seu criador. – ela disse num sussurro. – O meu Godric e o seu Godric são a mesma pessoa.
- Como você pode saber? – Eric tentou parecer mais calmo.
- Eu vi. – ela disse. – Eu vi quando ele te transformou.
- Mas como? Eu não estava tentando induzi-la pra você conseguir ver o meu passado. – e então seus olhos azuis se arregalaram. – Eu só estava...
- Pensando nisso...? – ela indagou. – Eu acho que eu... que eu VI seus pensamentos...
- Você está me dizendo que leu meu pensamento, ?
- Não sei. Talvez... – ela disse reticente. – Ou talvez tenha acontecido a mesma coisa que aconteceu com Sam, antes. Talvez eu tenha tido uma visão sem contato. Talvez minha percepção esteja melhorando...
- Talvez... – ele disse. – Mas vamos tirar a dúvida, ok? O que estou pensando agora? – ele a desafiou.
fechou seus olhos, segurou as mãos de Eric e se concentrou. Ela teve um rápido deslumbre de uma vampira morena e um livro, mas logo a imagem desapareceu.
- Um livro e uma linda vampira morena. Mas apenas vislumbres. – ela disse espantada. Eric sorriu de lado, olhando-a com espanto e admiração.
- Acho que pode ser telepatia sim. – ele disse. – Vamos treinar isso.
- Não agora. – ela disse, sorriu de lado e seguiu para seus lábios gelados.
Eric aceitou o suave beijo, mas assim que seus lábios se tocaram, ela sentiu o pesar de Eric.
- O que houve entre você e Godric para que você ficasse tão alterado quando mencionei seu nome? – ela arriscou.
Eric afastou-se de e respirou pesadamente. Ele segurou nas mãos dela e ao invés de falar, Eric decidiu apenas mostrar seu passado a ela, encarando-a como se fosse hipnotizá-la.

Vídeo 01

Eric e Godric estavam no topo de um prédio. O dia estava quase amanhecendo e Eric tentava de todas as maneiras impedir que seu criador prosseguisse com seu plano.
- Dois mil anos é o suficiente. – disse Godric.
- Eu não posso aceitar isso. – disse Eric. – É uma insanidade.
- Nossa existência é insana. – disse Godric. – Nosso lugar não é aqui.
- Mas estamos aqui. – esbravejou Eric.
- Não é certo. Nós não somos certos. – completou Godric sem se abalar.
- Você me ensinou que não existe certo ou errado. É só sobrevivência ou morte. – retrucou Eric.
- O que eu disse se transformou em uma mentira. – disse Godric.
- Manterei você vivo à força! – respondeu Eric.
- Mesmo se você pudesse, porque faria tamanha crueldade? – perguntou Godric.
- Godric, não faça isso. – implorou Eric.
- Existem anos de fé e amor entre nós. – disse Godric.
- Por favor, por favor. – implorou mais uma vez Eric. – Por favor, Godric.
- Pai, irmão, filho. – Godric relembrou. – Deixe-me ir.
- Não o deixarei morrer sozinho. – decidiu-se Eric.
- Sim, você deixará. – confortou-o Godric. – Como seu criador, eu lhe ordeno.
Aquela foi a última vez que Eric viu seu criador.


Só quando voltou da sua visão do passado de Eric foi que percebeu as lágrimas banhando seu delicado rosto. Imediatamente ela encarou os olhos azuis de Eric, e encontrou ali uma dor profunda, uma tristeza eterna.
- Eu sinto muito, meu amor. – ela disse abraçando-o.
- Ele já não pensava mais como vampiro. – ele disse. – Após todos aqueles anos, Godric sentiu a necessidade de se redimir de todo o mal que fez. Ele acreditava nos humanos, e nos vampiros, e acreditava que não havia necessidade de nos destruirmos mutuamente. E depois de, em vão, tentar estabelecer algum tipo de paz, ele decidiu partir.
- Ele encontrou a paz que procurava. – disse .
- Como você pode ter certeza?
- Todas as vezes em que ele apareceu para mim, ele sempre estava envolto por uma linda e serena luz branca. – ela sorriu. – Sempre sorrindo, sempre feliz.
- Não consigo entender isso. – ele disse. – Essa conexão entre vocês dois. É quase tão estranha quanto a nossa conexão. E já se passaram tantos anos desde que...
- Quantos anos? – ela perguntou interrompendo-o, uma ideia invandindo sua mente.
- 25.
- 25 anos, Eric? – se sobressaltou.
- O que foi?
- Quando foi exatamente? Sei que é difícil pra você, mas em que dia tudo aconteceu?
- 25 de agosto. – ele disse e no mesmo instante o ar faltou a mais uma vez, e seu coração deu um pulo em seu peito. – ? – Eric preocupou-se.
- É meu aniversário. – ela sussurrou. – Godric morreu no dia em que eu nasci.
- O que isso significa?
- Que Godric é a nossa conexão. – ela disse.
- Mas porque só agora?
- Porque fazem exatos 25 anos da morte dele.... – ela esperou que ele absorvesse a informação. – ... e foi bem no dia do nosso aniversário, 25 de agosto, que eu tive a primeira visão com seus olhos azuis banhados em sangue; e você sonhou pela primeira vez com meus olhos .
Eric ficou em silêncio por alguns instantes, digerindo a teoria de . E foi quando ele se lembrou de uma pequena passagem no livro que Isabel havia lhe dado: um vidente real atinge a maturidade com 25 anos de vida, quando deverá decidir se permanecerá ou não no caminho que vem seguindo ao longo dos anos.
- As coisas começam a fazer algum sentido agora. – ele disse num tom baixo. – Essa nossa ligação, os sentimentos que você desperta em mim... são coisas que eu só senti por ele. Apenas ele foi capaz de me fazer sentir mais human...
- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOO!!!!! – e um grito gutural se fez ouvir.
No mesmo momento as presas de Eric apareceram e sentiu seu corpo inteiro se arrepiar.
- MISERÁVEIS! ESTÚPIDOS! DESGRAÇADOS! – e a cada palavra, o som ficava mais nítido e mais próximo.
- Eric... – sussurrou ao ser abraçada pelo vampiro. – Ele vai nos matar.
- Não vai. – disse o vampiro nórdico. – Construí essa cripta para nos proteger dele. Mesmo que ele incendeie a casa, ainda assim estaremos protegidos.
podia ouvir o vampiro milenar rondando a propriedade. Ela sabia que ele estava terrivelmente furioso, disposto a qualquer coisa para se vingar.
- Fique calma. – disse Eric. – O sol vai nascer em alguns segundos. Ele não poderá nos machucar agora. – apenas olhou para o vampiro que a abraçava.
- Não adianta se esconderem!!! – Russell esbravejou. – O sol pode me impedir agora, mas será só por hoje. Aproveitem. Vocês não passarão dessa noite!
E então se fez um silêncio ensurdecedor.

Russell Edgington voltou para sua casa descontrolado. Nunca ninguém em três mil anos havia conseguido lhe enganar e ele estava furioso com aquilo. Primeiro tinha sido sua adorável esposa que o havia abandonado pelo tal músico exótico, a festa tediosa, a não aparição do Conde e por fim, ao voltarem para casa – ele e Talbot – a descoberta de que havia sido enganado e seus guardas – lobisomens e vampiros – haviam sido exterminados.
- Ah, eles vão me pagar. – ele dizia andando de um lado para o outro, seguido por Talbot. – Ninguém me faz de idiota e permanece vivo pra contar.
- Russell...
- Eu vou achá-los... cada um deles... e vou torturá-los... e vou fazer com que se arrependam... vou fazer com que sofram muito... e vou matá-los... um por um... Video 02

13 de Setembro, Bon Temps, 06:00h
- Eu sabia que a fúria dele seria grande, mas... isso foi muito mais assustador do que o que eu vi. – disse tremendo levemente.
- Olhe para mim. – disse Eric puxando seu rosto para cima. – Ninguém vai lhe machucar, . Eu prometi isso a você.
- Não estou preocupada apenas comigo, Eric. – ela disse. – Todos nós estamos na mira de Russell. E ele não vai descansar até que todos nós sejamos destruídos. Eu nunca devia...
- Shiii. – ele a interrompeu. – Nós vamos nos livrar dessa. Vamos dar um jeito.
- Eu não quero te perder. – ela disse abraçando-o novamente.
- Eu não vou a lugar nenhum. – ele disse beijando o topo da sua cabeça. – Não agora que te achei, não agora que estamos juntos.
afastou seu rosto do peito de Eric e o encarou ternamente. Apesar do medo e do terror que lhe afligiam, eles estavam juntos, e era o que importava naquele momento.
Ela foi subindo seus lábios em direção aos do vampiro e, logo, quente e frio se encontraram. Eric a puxou para junto do seu corpo, prensando-a contra sua pele de mármore enquanto acariciava as costas nuas de .
Ambos começaram a sentir outras necessidades, o desejo de se amarem mais uma vez foi ficando cada vez mais intenso e não havia mais motivos para não se entregarem um ao outro.
Eric afastou-se minimamente, para que pudesse respirar, mas não saiu de sua pele. Seus lábios seguiram pelo seu delineado pescoço e perto do ombro ele depositou um suave beijo. tremeu com aquilo.
As mãos dela emaranhavam-se nos cabelos de Eric e desciam pelo torso perfeitamente desenhado. Ela beijou o canto da mandíbula máscula de Eric e em seguida subiu mais um pouco, mordiscando a pontinha de sua orelha. Foi a vez de Eric se deliciar.
Eric delicadamente puxou o rosto de para que se encarassem e ambos puderam perceber as chamas de desejo em seus olhares. Ele sorriu de lado, ela mordiscou o próprio lábio e, antes mesmo que pudesse perceber, Eric estava dentro dela.
Ela sentiu todo aquele volume em seu ventre e quase entrou em êxtase, mas Eric não pretendia deixar que o prazer de fosse tão rápido. Ele a sustentou sobre suas pernas, colocando-a sentada em seu colo e, sem esforço, começou a movimentá-la, para cima e para baixo.
- Oh, Eric... – gemeu em sua pele quando o membro do vampiro penetrou-a completamente.
Eric foi conduzindo o movimento de modo lento e delicado, para não machucá-la, deliciando-se com as sensações que aquela mulher lhe causava. estava com ambas as mãos apoiadas nos largos ombros de Eric e beijava-lhe ardentemente entre uma estocada e outra.
já podia sentir os espasmos chegando e fazendo com que seu corpo inteiro tremesse de prazer. Eles se encararam e ela sabia que o vampiro estava se controlando para dar-lhe prazer. Novamente, ela lhe beijou profundamente, as línguas se tocando, se saboreando, e em seguida ela foi arrastando seus lábios até encontrar novamente a orelha de Eric.
- ... – foi sua vez de gemer e nesse momento suas presas ficaram à mostra, salientando todo o seu desejo e prazer.
então passou a acelerar o ritmo dos seus movimentos, buscando quase que incontrolavelmente o prazer máximo. Com cuidado ela foi em direção aos lábios do vampiro e o beijo foi mais ardente ainda do que os anteriores.
- Eric eu....
O vampiro entendeu e fez sua última investida, forte e profunda. abraçou-o com força, deixando que o alto gemido escapasse por entre seus lábios, deixando que aquela onda máxima de prazer inebriante tomasse conta de seu corpo.
Eric também tinha chegado ao seu ápice, presas à mostra, olhos derramando desejo e satisfação. Ele possuía a mulher que amava em seus braços, apertando-a com força contra seu corpo, sentido a vida dela quase como se fosse uma extensão da sua própria.
- Uau... – disse alguns instantes depois, quando se afastou apenas o suficiente para olhar para Eric.
- Isso é só o começo, meu amor. – ele disse, num tom meio convencido.
riu de lado, beijou-o e então se aconchegaram novamente sob os lençóis. Eric soltou um longo suspiro e passou a fazer-lhe carinho delineando os músculos de seu abdômen.
- Eric....
- O que foi?
- Não, nada.... esquece.... – ela disse insegura de sua dúvida.
- O que foi? – ele ficou curioso.
- Não vá rir, ok? – ele apenas a encarou. – Não tem possibilidade de eu... bom... você sabe... ficar grávida, né???
E ele não se conteve. A gargalhada veio intensa e divertida em seus lábios. lhe encarou com a expressão fechada.
- Não, meu amor. – ele disse. – Não existe a menor possibilidade de isso acontecer. A única maneira de um vampiro ter um “filho” é criando outro vampiro. – e então ele a encarou curioso. – Por que a pergunta?
- Nada... só uma ideia maluca que me passou pela cabeça.
- Você anda lendo muita ficção. – ele disse de modo brincalhão.
- Bobo. – ela disse rindo de lado.
- Venha, minha linda. – ele disse puxando-a novamente para seu peito. – Vamos descansar um pouco.
Então se ajeitou novamente no peito nu de Eric e logo já havia adormecido, feliz por estar nos braços do homem que amava.

Contudo, apesar de estar cansada por todos os acontecimentos daquela noite, não tinha conseguido dormir realmente. Ela cochilou durante alguns momentos, mas a todo instante ela acabava acordando.
Até que, finalmente, no meio da manhã ela tomou a decisão. Ao sentar-se na cama percebeu que Eric estava num sono bastante profundo, então silenciosamente ela saiu da cripta e subiu para seu quarto. Colocou a primeira roupa que viu pela frente, escreveu um curto bilhete, colocou-o ao lado de Eric e saiu.


Capítulo 22


13 de Setembro, Bon Temps, 09:30h
Com cuidado ela observou os arredores de sua casa. Aparentemente não havia ninguém esperando por ela. subiu em sua scooter e em menos de 10 minutos estava no Merlotte’s.
- Sam? Sam? – ela batia na porta da casa do metamorfo.
- ! – ele apareceu saindo pela porta do fundo do bar. – Graças a Deus!
E ambos correram para um abraço apertado.
- Você está bem? Que loucura foi aquela de se meter na batalha, Sam? Você poderia ter se machucado e eu nunca me perdoaria e graças a Deus você está vivo! – ela soltou numa única rajada.
- Respira agora. – ele disse sentando-se ao lado dela nos degraus da varanda. – Até parece que eu não participaria do seu resgate. – e sorriu de lado. – Mas você está bem mesmo, né?
- Estou, não está vendo? – e deu-lhe um cutucão de leve.
Novamente Sam abraçou . Ele não podia imaginar ficar longe dela. Desde a primeira vez que se viram, um laço muito forte entre eles foi criado; um laço de amizade, de irmandade.
- Eu ouvi os gritos de Russell antes do sol nascer. Vocês precisam fugir, . Ele virá com tudo essa noite.
- Eu sei. – ela respondeu. – Mas fugir não vai adiantar nada. Na verdade, só vai piorar as coisas.
- Você e seu plano maluco... – ele a recriminou.
- O que você queria? Que eu ficasse eternamente nas mãos dele? Eu tinha que sair de lá, Sam.
- Eu sei, minha querida. – ambos encararam-se pesadamente.
- Você tem notícias dos outros? Alcide, Pam, Sookie, Bill?
- Após a batalha, todos nos encontramos no gramado central da mansão. Eric já tinha seguido em sua direção. Pam foi para a casa da funcionária humana do Fangtasia, Alcide está com o seu bando em Shreveport e o vampiro Bill e Sookie, até onde eu sei, simplesmente desapareceram.
- Tomara que estejam longe o suficiente. – disse baixo.
Tomara que nunca mais apareçam por essas bandas.
- Não fale assim, Sam. – encarou o amigo. – Sei que você não gosta muito do Bill, mas eles são do bem.
- Como é que é??? – Sam espantou-se com a pergunta da amiga.
- O que foi? – olhou espantada pro metamorfo.
- Não... não entendi o que você disse.
- Não entendeu o quê? Você disse que não queria que eles aparecessem mais por aqui, mas eles são legais e.... que cara é essa Sam? – não entendia o olhar espantado do amigo.
- Eu não disse nada disso, . – Sam respondeu.
- Não? Tem certeza? É que tenho a nítida impressão que te ouvi dizendo isso e... – e então ela entendeu o que tinha acontecido. – ...você pensou isso.
- Você pode ler mentes? – um espanto ainda maior cruzou sua bela face. – Desde quando?
- Descobri essa noite. – ela respondeu. – Ainda é muito vago, não é como se eu quisesse ler... eu apenas ouço alguma coisa. – fez-se uma pausa para que Sam absorvesse aquela novidade. – Eric acredita que eu posso desenvolver isso, assim como a telecinese.
- Uau!!! – ele exclamou abismado. – O que mais você pode fazer, heim?
- Não sei... – ela respondeu num tom preocupado e curioso ao mesmo tempo. – Não sei...
Depois de conversarem mais um pouco, decidiu dar uma mão para Sam no bar na hora do almoço. Ficar por lá ajudou-a a não pensar tanto nas consequências de seu plano de fuga, mas por várias vezes a imagem de Russell preenchia sua mente.
Ela sabia que, se quisesse, poderia simplesmente fugir e, dessa maneira, escapar do destino que a aguardava, mas ela não podia fazer aquilo. Não podia deixar seus amigos para trás, não podia deixar Eric para trás.
- O que foi, ? – Sam a surpreendeu.
- Eu... eu estou com medo, Sam. – ela disse e abraçou o amigo, deixando seu lado frágil transparecer. – A cada minuto a noite fica mais próxima e minha angústia só aumenta. Eu estou com medo... por mim, por você, por todos nós.
- Eu sei, querida. – ele disse. – Eu também estou. – houve uma pausa. – Quer ver meu futuro? Quer ver como será?
pensou por um momento. Ela poderia usar seu dom para saber o que estava planejado para eles, e talvez tentar reverter alguma coisa, mas por outro lado, ela já tinha visto o suficiente no futuro de Russell, e sabia que as coisas seriam muito feias.
- Não, meu amigo. – ela disse finalmente.
- Por quê?
- Porque infelizmente, nada do que fizermos mudará essa noite. – ela disse e uma lágrima de tristeza escorreu de seus olhos. – Podemos até adiar isso, mas só aumentará a fúria de Russell.
Fez-se um longo silêncio entre os dois. Ambos pensando que aquele poderia ser o último dia deles.
- Vá embora, Sam. – disse de repente. – Pegue Luna e vão embora daqui.
- Não posso fazer isso. – ele disse. – Você sabe disso. Não posso... não vou te abandonar.
- Ao menos a tire daqui, então. Russell ainda não sabe da existência dela, não poderá usá-la contra nós, contra você. Por favor.
- Está bem. – ele disse entendendo a magnitude do pedido da amiga. – Volte para sua casa. Fique com Eric. – ele disse. – Não nos resta muito tempo. Eu vou avisar Luna e depois, antes do anoitecer, sigo até lá. Vamos enfrentar isso juntos.
- Sam.... – e os olhos de estavam marejados. – Que pena que não posso retirar seu convite da minha casa...
- Nem se você pudesse....
Ele beijou-lhe o topo da testa e saiu, seguindo rumo a casa de Luna. olhou-o por alguns instantes, sabendo que mal ele tinha encontrado seu grande amor e a chance de perdê-lo era quase uma certeza. Ela enxugou seu rosto e fez o que o amigo tinha lhe sugerido: voltou para sua casa, para os braços do SEU verdadeiro amor.

13 de Setembro, Bon Temps, 14h
- Você sabe como eu estava considerando sair dessa cripta e ir até aquele bar atrás de você? – esbravejou Eric assim que colocou os pés na escada que adentrava a cripta.
Ela não disse nada. Apenas o abraçou com força, como se quisesse fundir seu corpo ao do vampiro. Lentamente ela ergueu seu rosto e no segundo seguinte estava grudada aos lábios de Eric, num beijo quase desesperado.
- O que houve? – ele perguntou quando ela finalmente se afastou para respirar.
- Eu não sei se passaremos dessa noite. – ela disse respirando, largando-se na cama. – Eu não dimensionei o que aconteceria depois. Só queria sair daquela mansão, das garras de Russell. Não pensei direito no depois....
- Hei, fique calma. – ele disse. – Nós vamos dar um jeito.
- Vamos? – sussurrou descrente. Em seguida sorriu tristemente. Eric a encarou curioso. – Logo agora que nos encontramos, logo agora que eu estava começando a ser feliz... – e encarou os olhos azulados do vampiro. – Por outro lado, se todas essas tragédias não tivessem acontecido, eu nunca teria te encontrado e... não sei se posso me imaginar sem ter você ao meu lado.
- Eu também não sei se consigo mais imaginar minha existência sem você. – ele disse carinhosamente.
E mais uma vez ambos jogaram-se nos braços um do outro. Eric beijou o pescoço de e foi subindo os lábios até que suas bocas se encontraram para um beijo ardente.
- Eu não sei o que será de nós essa noite. – ela disse olhando profundamente para Eric. – Nada mais justo do que aproveitarmos o tempo que nos resta, não acha? – e seu tom de voz havia mudado completamente. Agora não era mais o medo que predominava e sim um desejo latente, uma vontade sufocante de ter seu vampiro para si, uma vez mais.
- Então vamos aproveitar. – disse Eric com os olhos ardentes de luxúria e em seguida beijou vorazmente.
Sem muita paciência para as roupas, ele simplesmente despedaçou os trajes que vestia, assim como fez com sua calça. Ela arfou com o tesão que a invadia e não deixou de apreciar a empolgação de Eric.
As mãos dela bagunçavam os cabelos loiros dele enquanto ele beijava-lhe os seios com firmeza, mas de modo delicado. Uma das mãos do vampiro desceu pela lateral do corpo de , provocando-lhe ondas de arrepio, até que encontrou a região da sua virilha.
- Oh... – ela soltou em um gemido grave.
Eric sorriu em seus lábios e no momento seguinte penetrava-a com os dedos, massageando-a com maestria. se contorceu de prazer, cravando suas unhas nas costas másculas de Eric.
Enquanto Eric acariciava-a com os dedos, a outra mão livre passeava pelo corpo de , ora afagando-lhe os seios, ora puxando-lhe delicadamente os cabelos. deliciava-se com os carinho de Eric, perdida em meio a tantas sensações misturadas. Os gemidos tornaram-se mais frequentes, o que fez com o que Eric acelerasse os movimentos de seus dedos, fazendo com que ela arfasse de prazer.
Não suportanto mais tanto prazer, o corpo dela começou a dar sinais de que ela explodiria em instantes, fazendo Eric seguir em direção aos seus lábios, sem deixar nunca de acariciá-la.
No momento do ápice de prazer dela, ele a beijou profundamente, todos os gostos e todas as sensações misturadas naquele mar de sentimentos. Afastaram-se minimamente, ela arfando e um pouco abobada, ele com aquele sorriso convencido nos lábios.
- Uau... – ela disse com o sorriso no olhar.
- Adoro te satisfazer. – ele disse todo presunçoso.
Ela ia dizer alguma coisa, mas ele não a deixou e novamente estava em seus lábios, beijando-a com intensidade e paixão. Ela mal havia se recuperado daquele primeiro orgasmo, e seu corpo já dava sinais de que queria mais. As mãos dela passeavam pelo corpo dele e em minutos ela já se sentia totalmente excitada novamente.
Eric sabia muito bem como despertar os desejos mais profundos e carnais nas pessoas, mas com era ainda melhor, pois com ela havia aquele algo mais, aquela vontade de proprocionar a ela todas as sensações possíveis.
Ele percebeu que estava pronta para ele outra vez e num átimo, levantou-se e a encostou contra a parede, prendendo-a ali, sustentando o peso de ambos sem dificuldades. mordiscou o próprio lábio, ansiando pelo que estava por vir. Atacou novamente os lábios de Eric embrenhando suas mãos nos fios loiros do vampiro, puxando-o ainda mais para si. O vampiro gemeu baixo na pele de enquanto ela o encarava uma vez mais, instigando os flamejantes olhos azuis de Eric e no momento seguinte, com um movimento rápido e seguro, ele estava completamente nela.
Ela não conteve o alto gemido de prazer, enquanto Eric rosnava gravemente. Dessa vez ele não estava sendo totalmente gentil, empregando um pouco mais de força em seus movimentos, mas sabia que estava longe de machucar sua amada.
apertou-se com toda a sua força ao redor da cintura de Eric no momento em que ele deu a última estocada, atingindo o máximo do prazer. As presas do vampiro estavam à mostra e ele fechou os olhos quando também atingiu o seu prazer extremo.
- Você me deixa maluco. – ele sussurrou no ouvido dela antes de beijá-la delicadamente.
- Você também. – ela disse e com todo o cuidado, suavemente lambeu as presas de Eric. Ambos tinham consciência de que era perigoso um provar o sangue do outro, por razões que eles ainda desconheciam, mas tinham que confessar que era extremamente difícil resistir.
Eric sorriu quando se afastou ligeiramente e os levou de volta à cama. Ele recostou sua cabeça sobre o peito dela e ficou em silêncio, apenas ouvindo as batidas rápidas de seu coração pulsante.
- Seja o que for que vier a acontecer essa noite... – ela disse acariciando os fios loiros do vampiro. – ...estou preparada. Com você ao meu lado, eu enfrento qualquer coisa.
Eric apenas a olhou. Sabia que ela dizia a verdade e sabia que também estava preparado para o que quer que fosse.

13 de Setembro, Bon Temps, 17:30h
Depois de descansarem um pouco, Eric e agora começavam a se preparar para o confronto com Russell.
- Tome, beba um pouco. – ela disse ao adentrar na cripta com algumas garrafas de tru blood. – Sei que não é a melhor opção, mas também sei que te deixará mais forte.
- Obrigado. – ele disse depois de ingerir a bebida insossa.
Foi quando aquela sensação angustiante e apavorante a invadiu. Mas dessa vez não foram os olhos azulados e ensanguentados de Eric que entraram em sua visão, e sim os olhares assustados de seus amigos. Um a um foi reconhecendo-os em sua visão: Sam, Alcide, Sookie, Bill e Pam. Em seguida viu os cruéis olhos de Russell e ouviu sua risada maquiavélica ao fundo.
- ? O que foi? – ele a segurou pelos braços quando os joelhos dela falharam e ela ameaçou cair.
Foi quando ele próprio foi invadido por aquele sentimento angustiante. Aquele sentimento que estava relacionado aos olhos de , mas não foi isso que ele viu. Ao invés disso, ele sentiu aquele arrepio que era uma das poucas coisas que ele mais temia:
- Pam... – ele sussurrou.
- Russell está com ela. – disse baixinho. – Está com todos eles. – e encarou, com terror, os olhos azulados do seu vampiro.


Capítulo 23


13 de Setembro, Bon Temps, 18:10h

e Eric deram uma última olhada para a casa da vidente, deram as mãos e caminharam em silêncio pelo cemitério. Ambos sabiam que Russell os estaria esperando no grande gramado em frente à mansão.
- Parece que estou tendo um déjà vu. – ela disse enquanto caminhavam por entre os túmulos. – Mas tenho a nítida sensação de que o final será um pouco diferente dessa vez.
Eric parou de andar, fazendo com que também parasse. Eles se olharam profundamente.
- Eu prometi protegê-la. – ele disse com a voz rouca. – E vou fazê-lo.
- Eu sei que vai. – ela disse.
então ergueu gentilmente sua mão até encontrar a pele macia e gélida do rosto de Eric e fez ali um delicado carinho. Ele fechou os olhos e sorriu minimamente. Era tão bom sentir o calor da pele dela na sua. Quando abriu os olhos, notou a singela lágrima que descia pelo rosto de .
- Eles precisam de nós. – ela disse enquanto ele secava a lágrima com as costas de seus dedos. Beijaram-se uma vez mais e seguiram até o grande gramado da mansão.

Quando finalmente atravessaram o bosque, depararam-se com uma cena cruelmente montada. Pam e Bill estavam presos em pilares de madeira, com correntes de prata por todo o corpo. Sam e Alcide estavam acorrentados também, cobertos por sangue e tinham grandes lobos inquietos à sua espreita, enquanto Sookie, também amarrada, era vigiada por vampiros prontos para drenarem-na até a morte ao menor comando.
segurou fortemente na mão de Eric enquanto olhava para cada uma daquelas pessoas. Viu o alívio de Pam ao avistar Eric, mas também o seu desespero pela vida de seu criador; viu a incredulidade nos olhos de Alcide, que não tinha certeza de que ela realmente se entregaria ao vampiro milenar; viu uma mistura de irritação e culpa nos olhos de Bill Compton; viu reconhecimento e medo nos olhos de Sookie e, finalmente, viu dor, carinho e preocupação nos olhos do seu grande amigo Sam.
- Ora, ora, ora... se não são meus convidados de honra. – disse Russell surgindo por trás de seus prisioneiros, acompanhado por Talbot, que aparentava não gostar do que via, mas que nunca sairia do lado de seu amado. – Bem a tempo de o espetáculo começar.
- Eles não têm que estar aqui, Russell. – disse bravamente . – É a mim que você quer.
- Tão corajosa.... e tão inocente. – ele riu debochado. – Todos têm que estar aqui! Todos vocês me traíram!
- Você se deixou trair. – disse Eric tentando tirar o foco de . – Três mil anos de existência e caiu num plano tão... ingênuo...
Russell encarou-o por alguns instantes. Um sorrisinho diabólico dançando em seus lábios. Ele fez um sinal de cabeça antes de voltar a falar.
- Eric Northman! – ele disse quase com reverência. – Até esse último dia, eu achava que não nos conhecíamos e que minha cisma era somente por causa da vidente. Achava que não passava de um reles xerifezinho – fez-se uma pausa. – Mas então decidi pesquisar um pouco, para conhecer melhor meu rival, entende; e descobri que já tínhamos nos encontrado no passado. Num passado bem distante. - e então fez um gesto de cabeça para alguém.
Um vampiro não identificado trouxe um objeto até as mãos de Russell. Imediatamente Eric enrijeceu-se, o rosnado preso em seu peito, os olhos inflamados pelo ódio.
- Lembrei-me da sua imagem patética... um humano patético... desolado pela morte de seus entes, tentando bancar o herói para honrar a memória da sua... patética família. – e pegou a reluzente coroa dourada que havia pertencido ao seu falecido pai. – Essa é só mais uma coroa, entre tantas que tenho em minha coleção.
- Tire suas patas da coroa do meu pai. – Eric disse num tom de voz ameaçador que nunca tinha ouvido antes.
Russell soltou a risada mais maquiavélica que já ouviu, apavorando-a por completo. Eric bufava ao seu lado. Novamente ela apertou forte a mão dele, na frágil tentativa de fazer com que ele se acalmasse um pouco.
- Você quer essa coisa sem valor? – Russell disse com desdém. – Venha pegá-la. – e jogou a coroa no meio do gramado.
Foi a gota d’água para Eric. Num átimo ele encarou a jóia de seu falecido pai largada no solo, sendo completamente desrespeitada, e no segundo seguinte ele estava ao seu lado, pegando-a com todo o carinho do mundo.
- ERIC NÃO! – e Pam gritaram ao mesmo tempo, mas foi inútil.
Os capangas de Russell aproveitaram o deslize dele e o cobriram com uma rede de prata. Imediatamente Eric ficou sem forças, percebendo a besteira que tinha feito.
Mais uma vez a risada sarcástica de Russell predominou em toda a cena. Ele caminhou para perto de Eric, que agora também estava acorrentado com prata, pegou a coroa e, solenemente, colocou-a em sua própria cabeça.
- Definitivamente agora ela tem muito mais valor para mim. – e ria, enquanto Eric urrava em sua impotência.
não sabia bem o que fazer diante daquela situação. Agora sim todos os seus entes mais queridos estavam em poder daquele sádico e maluco vampiro. E tudo por sua causa, afinal.
- Solte-os, Russell. – ela implorou. – Por favor!
- Oh, sim. Você ainda está aí. – ele disse e logo dois guardas seguiram em sua direção.
- Corre ! – gritou Sam. – Fuja, pelo amor de Deus!
Mas ela não se mexeu até que os guardas a alcançaram e a prenderam ali, cada um segurando-a por um braço.
- Não vou a lugar nenhum. – ela disse olhando sempre para Russell. – Solte-os, por favor!
- Claro. – ele disse andando calmamente na frente de cada um de seus prisioneiros. – Depois que todos estiverem devidamente castigados... e mortos... aí, então, eu os soltarei.
Pelo canto de olhos percebeu que Talbot não tinha gostado muito daquilo tudo. Pelo pouco que ela tinha percebido, o vampiro grego tinha total aversão à violência.
- Talbot? Por favor, fale com ele. – ela fez o pedido desesperado.
- Oh, por favor! – ele respondeu com desdém. – Vocês nos enganam dessa maneira e ainda quer que eu interceda por vocês? – e riu de lado. – Posso ser contra violência, mas traição é traição e deve ser paga de modo apropriado.
E enquanto Russell gargalhava debochado, as esperanças de iam cada vez diminuindo mais. Ela finalmente encontrou os olhos de Eric, que lutava desesperadamente para encontrar uma solução para aquela situação em que se encontravam e dar um jeito de manter sua promessa de protegê-la.
- Muito bem. – disse então Russell, dessa vez usando um tom mais sério. – Vamos ver por quem nós vamos começar. – e olhou para seus prisioneiros. O coração de batia descompassado. – Já sei! Vamos começar pelo metamorfo! Sabia que ele está coberto por sangue de vampiro??? E sabia que meus lobos são realmente viciados??? – Russell olhou novamente para a garota, saboreando o desespero dela. - Oh, sim, minha cara. Não vá me dizer que você realmente achou que eu só tivesse aqueles lobos e vampiros sob meu domínio? Não, não... tenho muitos informantes... e cada um fez seu trabalho direitinho ao encontrar todos vocês....
nem ouvia direito o que Russell dizia. Ela só conseguia olhar para Sam, que tentava ao máximo se fazer de forte.
- Podem ir, crianças. – disse Russell liberando o ataque a Sam.
- SAM!!!!! NÃO!!! – gritou, sendo contida pelas fortes mãos dos guardas.
Sam urrou quando dois lobos o morderam em busca do sangue de vampiro espalhado em seu corpo.
O desespero tomou conta não só de , mas dos outros também, vendo qual era o fim que os aguardava. Eric urrou ameaçadoramente, mas nada podia fazer para ajudar o ser que tanto adorava.
Ela tinha que fazer alguma coisa para ajudá-lo, então concentrou toda sua energia e sua raiva nos lobos. Ela já tinha feito isso anteriormente, e faria mais uma vez. Com toda a sua concentração, ela focalizou os dois lobos que atacavam Sam e pode sentir quando o ambiente ao seu redor começou a se modificar, a gravidade ficando diferente, mais “leve”.
Ela jogou essa energia na direção dos lobos e assim que os alcançou, ambos começaram a flutuar. O silêncio era geral. Até a mata e os animais noturnos estavam calados.
- Mas o quê...? – Russell sussurrou, abismado.
Foi quando entendeu como realmente esse poder funcionava: quanto mais sentimento ela pusesse, mais controle ela tinha. E como a raiva por eles terem machucado Sam era enorme, ela conseguia dominar completamente aquela levitação. Sem desviar seus olhos dos lobos, ela os arremessou contra as árvores, fazendo com que eles soltassem latidos de dor.
- Fantástico!!! – gritou Russell.
finalmente voltou seu olhar para o vampiro.
- Solte-os. – ela disse em tom de ordem.
Mas ele gargalhou mais uma vez, nem um pouco intimidado pela ameaça dela. Russell estava se divertindo com aquilo, sedento para saber até onde iria o poder daquela criatura.
Ele não precisou de muito; apenas alguns gestos de cabeça e então todos os seus amigos foram atacados ao mesmo tempo. Sam novamente foi mordido por lobos, assim como Alcide. Sookie foi atacada pelos dois vampiros que estavam ao seu lado e Bill, Pam e Eric foram atacados com estacas de prata, que rasgavam seus corpos debilitados.
Os gritos de dor eram gerais.
sabia que Russell a estava desafiando e, agora que ela já tinha conhecimento do funcionamento daquele seu dom, ela topou o desafio. Concentrando toda a sua raiva, toda a sua dor e todo o seu desespero, ela focalizou todos os agressores a sua frente e canalizou sua energia neles.
Um a um, lobos e vampiros torturadores foram atingidos pela força mental de e logo estavam todos flutuando no ar. Aquilo estava exigindo uma enorme quantidade de energia e concentração de , e ela não sabia exatamente quanto tempo poderia aguentar todos ao mesmo tempo.
Sua respiração estava começando a ofegar, seu coração batia forte com seu esforço e seu corpo começava a sentir uma fraqueza se abatendo sobre ele.
- Mais um pouco... – ela disse para si mesma e concentrou-se ainda mais naquelas criaturas.
- Impressionante. – disse Russell, o que na verdade, manifestava a opinião de todos os presentes. – Eu quero esse poder para mim. Eu NECESSITO desse poder para mim!!!
Então ele seguiu velozmente até , jogou os guardas para longe e cravou suas presas milenares no pescoço dela. No mesmo momento as criaturas que estavam flutuando caíram no chão.
- NÃO!!!! – gritou Eric em desespero.
Ele sabia que na ânsia tresloucada de conseguir aquele poder, Russell seria capaz de drená-la até a última gota do seu sangue.
sentia a vida se esvaindo de seu corpo. Com todo o esforço que ela fez para tentar salvar Eric e seus amigos, ela já não tinha mais forças para lutar contra Russell. Mas se ela morresse ali, naquela hora, de nada teria valido toda aquela luta. Ela tinha que cumprir o que tinha ido fazer lá, ela tinha que salvá-los.
Com o resto de energia que ainda tinha, ela olhou uma última vez para Eric, para Sam e para seus amigos, e então rompeu as correntes e cordas que os prendiam, fazendo com que todos eles ficassem livres de suas amarras.
- Eric... – ela soltou em seu último suspiro e então tudo ao seu redor se escureceu.
- NÃÃÃÕOO!!!!! – gritou Eric ao ver o corpo inerte de sua amada nos braços de Russell Edgington.
- ... – balbuciou tristemente Sam, também quase sem forças devido aos seus sérios machucados, lágrimas escorrendo de seus olhos acinzentados.
Pam, Alcide, Bill e Sookie não sabiam o que fazer. Apenas olhavam para a mulher que tinha dado sua vida para salvá-los.
- ISSO É MARAVILHOSO! – gritou Russell ao abandonar de vez o corpo de . – Posso sentir a vida correndo em minhas veias!!!
Mesmo ainda se recuperando dos ferimentos causados pela prata, Eric começou a andar em direção a Russell. Ele não deixaria aquilo impune. Não interessava se Russell tinha o triplo da sua idade, Russell Edigngton não sairia vivo daquele gramado.
Foi quando algo totalmente inesperado aconteceu: uma luz dourada começou a emanar do corpo de Russell enquanto ele flutuava pelos céus. Tão subitamente como apareceu, a luz se apagou e ele caiu com tudo no chão.
Novamente o silêncio tomava conta da cena. E então um novo som pode ser notado pelos ouvidos mais apurados: tum-tum, tum-tum, tum-tum...
Russell gritou alto e finalmente notou que precisava de ar para inflar os seus pulmões.


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