Fic by: Sarah B. | Beta: Flávia C.

- A gente já vai, está ficando tarde – Greg disse e Deb concordou.
- Ah, poderiam ficar mais! – eu disse, tentando ser a anfitriã simpática, mas, na verdade, eu também achava que eles já iam tarde.
- Muito obrigada pela noite, – Cindy disse e eu a respondi educadamente também.
Ó céus, parem de falsidade e vão embora logo.
- Eu também já vou, foi bom te reencontrar – disse, pegando as chaves de seu carro que estavam em cima da mesa.
Eu, discretamente, coloquei minha mão sobre a sua, impedindo-o.
Os outros não perceberam, mas entendeu o que meu gesto quis dizer. Ele então tirou sua mão de debaixo da minha e se despediu dos outros. Ninguém perguntou por que ele não saiu naquele momento e eu agradeci aos céus por isso. Eu não queria mentir. A porta se fechou e ele me olhou com curiosidade.
- Por que você não me deixou ir embora? – ele falou, se referindo ao meu gesto anterior
- Porque você era o único que deveria ter vindo.
Ele não entendeu minha resposta. Eu apenas coloquei um pouco mais de vinho em minha taça e dei um gole. Eu já havia bebido demais naquela noite, mas não o suficiente.
- Eu era o único que deveria ter vindo? – ele perguntou com uma voz fraca.
- Por acaso você viria se fosse o único convidado? – eu arqueei a sobrancelha e o encarei por cima da taça que estava em meus lábios – Eu te conheço, . Eu sei muito bem que você iria arranjar uma desculpa. E eu sei muito bem que, antes de vir, você confirmou se Greg viria ou não para não ser o único a aparecer.
Ele abriu um pouco os olhos, assustado. Eu o conhecia até bem demais.
- E por que você queria me ver? Faz anos desde que nos falamos pela última vez.
Ele estava assustado, com medo do que estava por vir, eu podia sentir isso. Ele continuava o mesmo medroso de sempre.
- Exatamente por isso. Faz muito tempo – foi tudo o que eu disse, numa voz baixa, quase num suspiro.
Ele não havia notado que eu estava muito perto dele naquela hora. Coloquei meus braços ao redor de seus ombros e o olhei através daqueles óculos. Seu corpo tremeu e ele fez distância entre nossos rostos, distância que eu fiz questão de extinguir em segundos. Meus lábios se encostaram ao deles de leve, quase não se tocando, e isso fez com que ele desse um passo para trás. Contudo, eu já esperava essa reação.
- , eu realmente preciso ir, está tarde – ele estava com medo.
- Não, vamos dançar.
Eu o puxei pelos braços, fazendo-o desfazer o passo que ele havia dado para trás. Coloquei seus braços em minha cintura e vi sua língua passar de leve por seus próprios lábios. Eu adorava o fato dele estar nervoso com aquela situação. Minhas mãos foram às hastes de seus óculos de grau e os tiraram devagar de seu rosto. Deixei seus óculos de armação preta em cima do balcão da cozinha, que estava ao nosso lado. Eu finalmente consegui ver seus olhos sem o reflexo que o vidro fazia. Achei completamente adorável a marca vermelha que a armação grossa havia deixado debaixo de seus olhos e em cima de seu nariz. Ele sorriu e agora fui eu quem ficou um pouco assustada. Um sorriso? sorrindo? Para mim? Tudo o que eu consegui foi acompanhar seu sorriso e encostar meu queixo em seu ombro. Nossos pés moviam-se de um lado para o outro sem se importar com o ritmo da música. Eu senti seu peito se inflar e depois se esvaziar perto de mim. Ele estava tentando manter sua respiração controlada.
Eu, discretamente, encostei meu nariz na lateral de seu pescoço, sentindo seu perfume. Se eu já gostava de seu cheiro anos atrás, agora, sentindo-o assim tão perto, eu havia criado uma obsessão. Quando abri meus olhos, depois de sentir seu aroma, vi que os poucos pêlos que ele tinha em sua nuca estavam levantados. Aquilo tirou um sorriso da minha boca. Contudo, ele ainda estava um pouco distante, pensativo, como sempre foi. Suas mãos estavam frouxas na minha cintura e aquilo estava me irritando.
- Você não sentiu falta de mim? – eu perguntei ao pé de seu ouvido.
- Você sentiu de mim? – ele rebateu.
Sim. Eu havia sentido, mas meu orgulho me impediu de correr atrás dele. E sua covardia provavelmente o impediu de correr atrás de mim.
- Eu sinto falta daqueles anos, de nós cantando músicas cafonas às quatro da manhã no dormitório, de acordar ao seu lado depois de festas – eu disse.
- Nunca aconteceu nada entre a gente, – ele fez questão de me lembrar disso.
Apesar de tudo, nada havia realmente acontecido. Talvez por medo, orgulho, falta de palavras.
- Você não acha que desperdiçamos tempo demais? – eu disse, agora olhando seus olhos.
Ele suspirou e sua mão foi até minha cabeça, fazendo-a voltar para seu ombro. Aquilo era um sim? Eu entendi como um sim. Ele nunca falava nada e isso sempre me irritou, seja na faculdade, seja agora. Ele não havia mudado.
Seu pescoço se inclinou sobre meus ombros. Seus dedos haviam chegado as alças de minha camiseta para o lado e ele beijou minha pele descoberta. havia me surpreendido com aquele ato.
Nessa hora, eu senti que talvez ele não fosse se afastar se eu tentasse de novo. Então eu tirei meu queixo de cima de seu ombro e encarei seus olhos de novo. Ele tinha olhos tão bonitos, não sei por que sempre os escondeu atrás de óculos grandes e pesados, até mesmo quando não precisava dos óculos. Suas mãos finalmente se firmaram em minha cintura quando tirei a distância entre nossas bocas. Porém, ele ainda estava receoso.
Puxei seus lábios para mim, finalmente sentindo além de sua pele exterior. Quando os puxei mais uma vez, senti que ele estava se deixando ser beijado aos poucos. Nossos lábios começaram a ficar úmidos e, com isso, imploraram pelo o próximo passo.
Seus dedos apertaram mais minha pele quando ele me surpreendeu sendo o primeiro a dar profundidade àquele beijo. Se eu soubesse o quão bom era aquilo, nunca teria desperdiçado todos esses anos. Ele não estava mais se segurando, estava completamente livre e deixando sua língua envolver a minha sem receio. Minha mão parou em seu rosto ao longo do beijo e uma de suas mãos subiu minhas costas ao encontro da minha nuca. Eu sentia a ponta de seus dedos apertando a pele por debaixo de meus cabelos e eu nunca imaginei que ele fosse tão forte. Era um beijo firme, sincronizado, doce, com gosto de vinho. Ele diminuiu a velocidade do beijo e eu implorei mentalmente para aquilo não parar, mas parou. Nossos lábios úmidos se afastaram, formando um estalo. Eu não consegui abrir os olhos de primeira. Não havia alguém mais surpresa com sua condução do que eu.
- Eu... Eu acho melhor eu ir agora – ele disse, dando um passo para trás e pegando as chaves de seu carro de novo.
Ah, a covardia havia voltado àquele corpo. E ele ainda achava que eu o deixaria ir embora daquele beijo? Estava bem enganado.
- Tudo bem, vá – foi tudo o que eu falei
Acho que ele não estava esperando que eu concordasse tão fácil, então ficou parado tentando descobrir se eu estava falando sério.
- Já que você já vai, não se importa se eu colocar minhas roupas de dormir, certo? – eu falei, descendo o zíper da saia que eu vestia e deixando-a cair pelas minhas pernas, enquanto eu tirava minha sapatilha.
Ele ainda estava parado na mesma posição. Eu queria rir, mas isso ia acabar com a minha cena. Podia ser apelação da minha parte, mas havia funcionado, afinal, ele ainda estava ali.
- ! – ele me repreendeu quando eu quis subir a barra da minha camiseta.
Chegou rapidamente à minha frente e me impediu. Eu segurei minha risada mais uma vez. - Ué? Você não ia embora? – eu sorri.
- Você continua a mesma inconseqüente, caramba! Por acaso você sempre troca de roupa aqui na sala? Nunca percebeu que tem praticamente uma parede feita de vidro como janela?
- Se eu continuo inconseqüente, você continua o mesmo chato de sempre. Estamos no décimo segundo andar, quase não há outros prédios nessa região, não tem ninguém olhando. E, se tiver, qual o problema?
- Qual o problema? Qual o problema?! – ele falou como se eu houvesse proferido uma ofensa.
Eu, dessa vez, não segurei meu riso.
- Você continua a mesma! Você faz tudo por impulso, não pensa antes!
- E você pensa demais e acaba não fazendo! – eu rebati seu argumento.
- Você não me conhece mais, . Eu mal sei por que ainda estou aqui, por que eu vim para esse reencontro. Muita coisa mudou desde a faculdade.
- Você continua o mesmo covarde assustado de sempre, isso eu sei que não mudou.
- E você a mesma inconseqüente e imatura que pensa que tudo o que fizer vai dar certo! Ugh. Naquele momento eu me lembrei de nossas constantes discussões na faculdade e pensei se não foi um erro tê-lo convidado para hoje.
- Desculpa, não foi isso que eu quis dizer – ele se desculpou.
- Não, você tem razão. Você tem toda a razão – eu falei, tirando a minha camiseta e a jogando no chão – Você me conhece muito bem, parabéns.
Ele ficou paralisado à minha frente. Acho que ele estava esperando que eu estivesse vestindo um sutiã.
- Mas eu te conheço muito bem também, e você não passa de um covarde.
Ele mal me deixou respirar depois de falar isso. Ao invés disso, me levou até a parede e minhas costas se chocaram com ela.
- Você está louca? – ele disse entre os dentes.
- Não foi disso que você acabou de me chamar?
Ele rangeu os dentes, com raiva de toda a minha provocação. Eu estava de novo segurando meu riso, pois percebi que ele estava louco para olhar para o meu corpo, mas não achava o jeito.
- Nós somos praticamente estranhos depois desses anos, . Você não pode me provocar assim.
- Eu te provocava todo o tempo na faculdade e você nunca se rendeu.
- Porque eu não queria estragar tudo o que a gente tinha, todos os momentos bons e as risadas e nossa amizade.
- Porque você pensa demais. Porque você ficava pensando "e se der errado?" ao invés de pensar que podia dar certo.
- Eu tinha que pensar por nós dois, já que alguém nessa história nunca pensou em nada. Eu o fitei com raiva, ele estava conseguindo me irritar.
- Você não tem mais o que estragar agora. Como você disse, somos praticamente estranhos – tentei reverter a história a meu favor.
- Você um dia me enlouquece, garota – ele falou entre os dentes.
- Então acho que esse dia chegou... – minha mão passou pelo seu rosto devagar, e seu pescoço se inclinou para baixo.
Eu sabia que ele estava se segurando para não deixar sua visão pousar em meu busto. Eu sabia! Brinquei com o lóbulo de sua orelha enquanto o observava olhar para meu corpo, sem dizer nem uma palavra. Ele mal conseguia desviar os olhos.
Eu encostei sua testa na minha e depois encostei nossos narizes. Ele subiu o olhar e encontrei seus olhos no mesmo horizonte que eu. Tinha uma certa eletricidade entre nossos olhares que eu não conseguiria descrever em palavras.
Senti sua mão direita, que se encontrava na curva de minha cintura, subir pelo meu corpo até estar na lateral do meu pescoço. Eu fechei meus olhos, antecipando o beijo, porém ele apenas me deu beijos de esquimó. Às vezes eu sentia seus lábios extremamente perto dos meus, mas eles mal se encostavam direito. Era apenas pequenos pontos de atrito que me causavam arrepios. Céus, ele estava fazendo meu corpo tremer de ansiedade.

O beijo veio forte ao meu encontro, logo após uma longa busca por ar da parte dele. Seus pulmões se inflaram e ele encostou seus lábios nos meus com violência, tanto que minha cabeça se chocou com a parede. Não só minha cabeça, meu corpo se grudou à parede, pois ele estava me pressionando. Eu, no começo, não soube reagir. No fundo eu esperava que ele se afastasse e me acusasse de novo, mas parece que não o conhecia tão a fundo assim como eu pensava. Eu não conseguia nem pensar sobre aquilo, eu seguia seus movimentos, tentando acompanhá-lo. Onde foi que ele aprendeu isso? Sua mão ainda estava apertando meu pescoço enquanto a outra segurava minha cintura, a apertando. Seu quadril pressionava os meu contra a parede e tudo o que eu consegui fazer foi me agarrar à sua nuca. Gemidos baixos e respirações falhas ecoavam pelo cômodo durante aquele ato. Ele partiu o beijo, mas não a distância entre nossas bocas. Agarrou meu lábio inferior com seus dentes e o soltou devagar. Fez o mesmo com meu lábio superior, que eu já esperava estar vermelho depois daquilo tudo.
Abri meus olhos ao sentir sua respiração pesada em meu rosto e ele me olhava. Quando nossos olhos se encontraram de novo, sua boca formou um sorriso de lado e eu tentei não derreter com aquilo, mas meu coração quis explodir.
- Somos praticamente estranhos então... – ele soltou, com um sorriso.
- Estranhos que se conhecem até bem demais – eu disse – Pelo menos eu achava que nos conhecíamos até cinco minutos atrás.
- Surpresa? – arqueou uma sobrancelha.
- Arrependida.
Ele ficou sem entender.
- Arrependida de não ter feito isso assim que te conheci – falei, rindo.
Ele acompanhou minha risada com um suspiro de alívio.
- Já que não temos nada o que estragar... Acho que devíamos fazer o que eu quis fazer com você assim que te conheci.
Eu arregalei meus olhos. Espera, ele estava confessando que quis transar comigo assim que me conheceu? Uau, o que fizeram com o que eu conheci?
Ele puxou minha cintura para o lado, fazendo menção em me levar para o corredor que levava ao meu quarto, porém eu o impedi.
- Não - falei.
- Não?
- Não no quarto.
Ele estranhou.
- Onde então?
Indiquei o lugar com meus olhos e ele olhou para onde eu indiquei.
- Isso é alguma fantasia sua?
Não falei nada depois disso, apenas soltei um riso e o puxei para perto da janela. Eu tinha indicado o chão. E eu queria que fosse ali, bem em frente à janela de vidro que cobria quase toda a extensão da parede. Eu queria provar se ele realmente não era mais tão covarde e medroso como antes. Pelo menos o que eu conhecia nunca iria aceitar se expor assim, por mais que eu soubesse que provavelmente ninguém estaria espiando, já que eu morava no décimo segundo andar e não havia prédios altos ali por perto. Além de tudo isso, a iluminação da sala estava baixa, o que dificultaria a visão de qualquer um. Só que ele aceitou, sem dizer nenhuma palavra, mas aceitou.

Eu já estava deitada de frente ao vidro da janela, encarando o reflexo. Aquilo me fez sorrir. A imagem dele beijando meu pescoço se confundia com as luzes pequenas da cidade. Ele colocou suas mãos em minha nuca, fazendo com que meu pescoço virasse e meus olhos encontrassem os deles. Seus dedos passaram delicadamente pelas minhas bochechas e eu fechei os olhos para sentir aquilo melhor. Senti a ponta de seus dedos se encostarem aos meus cílios, parece que os contando. Eu não pude esconder meu sorriso.
Depois desse ato, a ponta de sua língua passou de leve pelos meus lábios, me causando arrepios. Depois sua língua desceu por meu queixo e contornou minha mandíbula, só que mais pesada em minha pele dessa vez. Mas sua língua não se satisfez só com isso. Ao descer de novo pelo meu pescoço, ela chegou à minha clavícula e ombros e depois desceu pelos meus braços. Ele beijou minha mão e voltou a subir com a língua varrendo minha pele. Posso dizer que senti o que a Mortícia da Família Addams sente, só que de modo mais caloroso. Sua língua subiu por meu braço à medida que um arrepio desceu pela minha espinha. Eu preciso de aulas com a Mortícia, já que achei impossível conter um gemido com aquele gesto. Ele percebeu minha excitação e, só para me provocar ainda mais, fez o mesmo com o outro braço, mordendo meu ombro de leve no final. Sua língua ficou um pouco no meu pescoço até arriscar outro movimento. Desceu ao meu colo como quem não quer nada e escorregou de leve para o meio de meus seios. Contornou-os, fazendo oitos, mas deixando o ponto central dos círculos intocáveis. Sim, era tudo para me provocar, e eu não vou mentir: eu estava adorando, só que ele não podia saber.
Depois sua língua desceu pelo meu abdômen, chegando no umbigo e se concentrou a baixo dele, perto do elástico de minha roupa íntima. Meu desejo era que ele arrancasse aquela peça de roupa logo de mim, já que, nas devidas circunstâncias, ela estava sendo um obstáculo a ser vencido. Mas ele não o fez. Apenas pulou a área do tecido e desceu pelas minhas pernas, quase repetindo o que fez com meus braços. Ao pular de uma perna para outra, nem se importou com a parte coberta pelo tecido, apenas a ignorou. Quando voltou de sua descida pela perna esquerda, seus lábios se concentraram na parte interna de minha coxa, perto de minha virilha, intercalando beijos, lambidas e mordidas. Céus, aquilo era tortura. Será que não dava para atravessar a linha de chegada logo? Tinha que ficar dando voltas pela pista?
Quando pensei que seria a hora, ele simplesmente parou e me olhou. Passou suas mãos pelo meu cabelo e me beijou de leve nos lábios, me causando mais arrepios. Eu estava corada, eu pude ver no reflexo do vidro depois. Meu corpo estava quente demais e úmido demais, tanto pelo rastro de sua língua em mim quanto pelo motivo mais óbvio: toda a excitação daquilo tudo.
Suas pernas ainda estavam cada uma de um lado de meu quadril, mas ele se afastou para trás para pôr os dedos em minha roupa íntima e a puxar devagar para baixo, a enrolando pelas minhas coxas. Quando o tecido passou por meu pé, ele o deixou de lado e juntou meus pés, fazendo meus joelhos se dobrarem para cima. Logo após isso, afastou minhas pernas o máximo que minha elasticidade permitiu. Até eu sentia que estava úmida demais naquela região, já que afastar minha perna uma da outra me deu certo alívio e eu senti o contraste na temperatura.
Ele, contudo, me deixou sem entender. Após aquele ato, ele se levantou, olhando para mim. Jogou mais vinho em sua taça e encostou-se ao sofá, que estava de costas ao seu corpo. Ele olhou para mim com um sorriso de lado, tomando um gole de vinho, me observando por cima da borda dourada da taça. Eu fiquei ali, imóvel, esperando algo.
- Sabe, eu não sabia que sonhos podiam virar realidade - ele comentou.
Eu ri, jogando meu pescoço para trás, ainda na mesma posição que ele me deixara.
- Então quer dizer que tinha sonhos quentes comigo... - eu falei rindo.
- Você exatamente nessa posição. Com o pescoço para trás, as costas meio arqueadas, seus seios apontando para cima, as pernas levantadas assim, de modo que também consigo ver de leve o contorno das suas nádegas.
- Conte-me mais.
- É claro, eu de frente à você, no meio, tocando seu quadril e vendo sua boca aberta em um suspiro contido. Foram os sonhos mais quentes seguidos dos banhos mais gelados.
Eu ri de novo, ficando na mesma posição.
- Ainda bem que não lavávamos nossos lençóis na mesma lavanderia - comentei e ele também riu.
- Uma noite, depois de um sonho desses, eu fui ao seu quarto. Eu entrei devagar, com cuidado para não pisar em nada já que você sempre foi bagunceira e estava tudo espalhado. Cindy estava em alguma festa, eu acho, então só você estava ali. Na minha cabeça, eu esperava te encontrar como você está agora, fantasia minha. Você estava dormindo como um anjo, isto é, se anjos dormissem. Era inocente, agarrada ao travesseiro, sonhando com algo bem diferente do que eu havia sonhado anteriormente. Eu não podia te tocar, eu simplesmente não podia te violar.
Eu me intriguei com a confissão inesperada. Fechei minhas pernas e levantei meu tronco, ficando sentada e o observei.
- Você nunca me falou disso...
- E por que falaria? Eu mal sei por que estou falando isso agora. Talvez se você não houvesse me provocado e se despido. Talvez se eu não tivesse bebido tanto vinho...
- Eu já vi você bêbado uma vez e você não me confessou esse tipo de coisa.
- Você nunca vai saber se eu estava fingindo estar bêbado ou não. Talvez foi outro tipo de bebida, algo que me fez passar mal e não contar meus segredos.
- Segredos? - eu me levantei, indo até ele.
- Por que esse reencontro, afinal? O que fez você me querer tanto assim depois de anos?
- Eu te vi. Eu te vi um dia desses na rua, andando apressado, preocupado. E me deu saudade, me fez pensar em nós ou em tudo o que poderíamos ter feito. E, bom, como você sempre diz, eu não penso muito nas consequências então no mesmo dia tratei de mandar uma mensagem para todo mundo marcando um reencontro. Eu não iria descansar até te ter assim, aqui.
- Então é assim que você me queria?
- Talvez com um pouco menos de roupa - eu disse, tirando a taça de suas mãos, bebendo um pouco e depois a deixando de lado.
Ele riu, mas era verdade. A falta de roupa em mim e sobra de roupas nele estava começando a me incomodar.
Lancei meus braços sobre seus ombros, fechando-os em seu pescoço. Senti o gosto de vinho em sua boca mais uma vez e o toque de suas mãos no fim de minha coluna nua. Após isso, meus dedos se encarregaram de desabotoar o primeiro botão de sua camisa. Depois o segundo, terceiro e assim por diante. Quando abri sua camisa por completo, a puxando para o lado, encontrei algo que não esperava. Ele reparou minha expressão. Uma tatuagem?
tinha uma tatuagem. Eu não apostaria um centavo no fato se não estivesse vendo com meus próprios olhos e tocando com meus próprios dedos.
- Vejo que você tem mesmo segredos - eu falei, esperando uma explicação.
Era um escrito em preto, com letras geométricas e simples. "Ser humano" dividido em duas linhas, bem em cima de onde seu coração se localiza.
- É para que eu nunca me esqueça - ele falou - Apesar de passar praticamente meu dia todo programando máquinas, vendo códigos e mais códigos, eu tenho que me lembrar no final do dia que eu sou humano, não um robô. Que eu não posso ser programado, que nada precisa ser precisamente calculado, medido e pensado na minha vida.
Eu ainda estava surpresa, agora ainda mais com essa confissão. Ele reconheceu que pensava demais e reconheceu que precisava se lembrar quem era todos os dias. Passei minhas mãos sobre aquela tatuagem de novo, sem falar nada. Ele estava um pouco envergonhado, um pouco receoso, esperando um mau julgamento. Era típico dele: se preocupar muito com o que os outros vão pensar.
Eu não falei nada. Quando vi, meus dedos já não estavam sobre a tatuagem e sim estava minha boca. Eu a beijei, assim como fiz com outras partes de sua barriga. Ele nunca teve um corpo completamente definido, o que eu sinceramente acho desnecessário, mas também nunca foi de ter pneuzinhos. Havia uma sutil marca da divisão de seus músculos, o suficiente para me tirar um sorriso de lado da boca.
Meus lábios contornaram a região abaixo do seu umbigo enquanto minhas mãos puxavam seu cinto para baixo.
Lancei meus dedos à fivela do cinto preto que usava e o tirei dos suportes da calça. O primeiro botão desta foi desabotoado aos poucos e, dessa mesma forma, o abaixei o zíper, que estava à altura de meus olhos. A calça social preta não muito justa caiu por suas pernas, deixando à vista uma boxer branca. Ele não tinha mudado em tudo, já que eu lembrava que ele detestava cuecas na faculdade. Eram boxers ou nada, ele dizia. Pelo menos as cuecas temáticas eram coisa do passado. Eu ia ficar decepcionada se encontrasse sua cueca de ficção cientifica naquela hora.
Eu pude ver seu coração batendo forte em seu peito devido à tatuagem que descia e subia em movimentos rápidos. Sua mão direita foi ao meu rosto, me fazendo fechar os olhos com seu toque. Seu polegar brincou de novo com meus cílios enquanto seus outros dedos estavam em minha bochecha. Com o dedo indicador, ele chamou minha atenção para si, levantando meu queixo e me fazendo olhar para cima, para seu rosto.
- Você não precisa, sabe... Isso não tem muita classe.
- Classe? Tem um vinho caro em cima do balcão da cozinha, o rádio está tocando blues e eu estou usando somente meus brincos de diamante. O que poderia ser mais elegante que isso? - falei, rindo.
Ele acompanhou minha risada, apreensivo e depois voltou suas mãos ao sofá atrás de si. Não pensem que eu estava desesperada para fazer aquilo, eu não sou esse tipo de garota. Aquilo não era minha coisa favorita de se fazer e eu não havia feito aquilo a ninguém, só que eu tinha minhas razões. Eu queria visualizar seu rosto enquanto ele estivesse perdido em sensações causadas por mim, já que eu sabia que, se eu também estivesse sentindo aquilo junto com ele, eu não conseguiria manter meus olhos abertos para ver toda a sua reação. Eu queria vê-lo rangendo os dentes, com os olhos fechados com força, com o abdômen contraindo. Eu queria estar com o controle e queria vê-lo sem nenhum. E eu tinha outro motivo, mas ele só saberia depois. Na verdade, ele estava prestes a descobrir.
Abaixei sua roupa íntima aos poucos, descobrindo cada parte devagar. Eu não estava surpresa. Eu sabia que ele estava excitado, eu havia provocado aquilo. E eu já o tinha visto nu antes. As imagens daquela noite voltaram à minha mente em questão de segundos. Todos os nossos amigos pulando no lago que havia no campus da faculdade. Eram quase três da manhã e havíamos acabado de sair de uma festa. Se alguém me perguntasse hoje se a ideia foi minha, eu negaria, mas é a verdade. Eu fui a primeira a jogar minhas roupas para o alto e me jogar na água. estava um pouco bêbado e talvez por isso ou por não querer ser o único a ficar de fora da brincadeira também se jogou na água. E eu agradeço por ser mulher e não ter ereções, porque, se tivesse, todos iriam saber o que sentia por ele quase toda hora, especialmente naquele lago. Todavia, a água cobriu e não nos deixou descobrir quem havia ficado animadinho com aquilo ou não e, com a água gelada acalmando o ânimo deles, nunca iríamos descobrir. Porém não ficou muito tempo na água. Ele era assustado demais, medroso demais e estava se borrando de medo de alguém aparecer e o expulsar da faculdade. Exagerado que só ele. Ninguém nos pegou, nós é que pegamos um belo resfriado.
Eu estava pensando nisso tudo e nem tinha percebido que minha boca já estava começando o trabalho. Decidi me concentrar em sua expressão facial, que eu via debaixo para cima. Meus dedos foram à área atrás de seus testículos, tocando de leve sua pele sensível ali, arranhando de leve com minha unha. Eu vi seus olhos se fecharem fortemente e seus dentes se cerraram. Suas mãos agarraram o tecido do sofá com tanta força que pensei que iam se abrir buracos. Então aquilo realmente funcionava! Agradeço a todas as horas que passei esperando para ser atendida em clinicas médicas, pois, se não fossem aquelas revistas fúteis sobre moda, dietas milagrosas e regras sobre sexo, eu nunca saberia que tocar essa parte do corpo de um homem teria esse resultado imediato. Continuei com minhas unhas ali e movia a boca de trás para frente, girando minha língua em sua pele. Ele não estava mais se agüentando, ou seja, estava perfeitamente como eu queria que estivesse: em minhas mãos. Sua boca ora abria, ora se fechava com os dentes fincados aos lábios. E os suspiros se tornaram mais audíveis e formaram palavras enquanto eu o tocava com a ponta de minha língua e o arranhava de leve com meus dentes. Eu o ouvi suspirar meu nome algumas vezes e depois tudo se resumia em "mais". Ele estava pedindo por mais, ou seja, ele estava quase chegando ao seu máximo. Na terceira vez que eu o ouvi dizer "mais" entre os dentes, eu o abandonei, esticando minhas pernas e voltando a estar com os olhos ao mesmo nível que os seus. Ele não entendeu muita coisa, mas não tinha fôlego para dizer nada.
- Isso é o que eu chamo de revanche. Revanche por ter me deixado deitada, nua e de pernas abertas em vão minutos atrás - eu disse ao pé de seu ouvido, falando em sussurros.
Ele parecia não acreditar que eu havia parado. Agarrou meu pulso com força, fechando sua mão, ainda com o peito subindo e descendo e a voz ofegante. Aquela tatuagem descendo e subindo estava me deixando confusa, eu só conseguia olhar para ela e mais nada.

- Chão - ele ordenou, me olhando firme, porém com a voz um pouco roca, se esforçando demais - Agora.
Eu atendi seu pedido, antes pegando a taça de vinho do chão ao nosso lado e bebendo um gole. Fui andando para trás com a taça, vendo-o ainda agarrado ao sofá. Mergulhei meu dedo indicador na bebida e depois o levei a minha boca, o arrastando pela minha língua. Aquele ato fez com que ele viesse ao meu encontro na mesma hora, de modo agressivo, como um caçador tentando atacar sua presa. Eu estava completamente atraída por esse que não fugia de mim, e sim corria atrás de mim. Ele tirou a taça de minhas mãos, colocando-a de lado e me beijou, segurando meu rosto com as duas mãos. Acabei encostando ao vidro da janela e não pude deixar de pensar: se tivesse mesmo uma pessoa nos observando, essa pessoa estaria no mínimo assustada com a imagem da minha bunda prensada no vidro. Contudo, isso não era hora de pensar. Se ele não estava pensando, quem era eu para pensar em algo? Logo eu, "a inconsequente"? Decidi me concentrar em sua boca na minha. Caramba! Eu nunca vou ser apta a descrever quão boa era a sensação de sua língua se arrastando pela minha, suas mãos firmes em meu braço, suas pernas livres do sapato e da calça, que agora estavam jogados perto do sofá junto à sua boxer, se roçando e se intercalando às minhas pernas. É como tentar explicar a sensação de pular de pára-quedas para alguém que nunca pulou: era impossível de descrever. É uma daquelas coisas que você só entende se experimentar.
Sua mão segurava meu pulso com força, o encostando à janela de vidro. A outra mão estava correndo pelo meu quadril, de modo desesperado.
Ele partiu o beijo com rapidez, mas continuou perto demais de mim.
- Eu disse pro chão - ele falou ofegante, jogando toda sua respiração quente à minha boca.
Eu o obedeci, ficando na mesma posição que ele havia me colocado anteriormente. Ele se sustentou em cima de mim com uma mão de cada lado da minha cintura e beijou a ponta de meus seios. Minhas pernas acabaram se fechando em suas costas, para pararem se tremer. Os beijos se transformaram em chupões, mordidas e só ia ficando menos e menos gentil. Tive a impressão, às vezes, de que ele queria arrancar meus seios de mim. Sua saliva molhava minha pele e eu estava arqueando as costas em resposta, fazendo com que meus ossos sofressem com o atrito ao chão.
Corri meus dedos por seus fios de cabelo, puxando-os, apertando-os. Minha boca deixava sair os sons mais frágeis e vulneráveis sem que eu pudesse controlar.
Ele voltou à minha boca, me calando por pouco tempo. Senti sua mão deixar meus seios e descer pela minha barriga, chegando ao umbigo e depois à minha intimidade.
Ele brincou com a pele sensível perto da minha virilha antes de finalmente colocar os dedos dentro de mim. Eu sabia que não estava sendo muito difícil para seus dedos, já que eu estava úmida até demais. Àquele ponto, qualquer toque simples que ele me desse já me fazia gemer. Sua mão parou de me excitar e guiou o seu órgão ao meu. Ao achar a entrada, ele puxou minhas coxas para cima, fazendo com que eu me encaixasse nele.
Os movimentos de seu quadril começaram de leve, cuidadosos. Porém isso foi só um breve começo. Eu conseguia ouvir o som de seu corpo deslizando e voltando dentro do meu enquanto mordia meus lábios. Suas idas e voltas começaram a se intensificar e suas mãos seguraram meu quadril mais forte, para cima. Eu sentia minhas costas se chocando com o chão, meu cabelo descendo e subindo por minha cabeça. Os gemidos e suspiros começaram a ficar audíveis e a velocidade de seus movimentos só aumentava. Percebi que ele mal tinha mais forcas para impulsionar o quadril e estava somente puxando minhas coxas para si. Suas mãos pararam e foi aí que eu o senti chegar ao seu ponto máximo dentro de mim. Eu fechei os olhos, sentindo aquela sensação de tempo parando, de espaço girando. Eu não sabia quem eu era nem onde eu estava por alguns segundos, parecia que eu havia sido teletransportada para um ambiente sem gravidade, sem preocupações, com o ar mais puro. Suspirei, jogando minhas mãos para os lados de minha cabeça, ao chão. Caramba. Eu nunca imaginaria que isso um dia aconteceria.
Ele por cima de mim, de frente à janela, com uma tatuagem no peito e ainda sem sequer lembrar de preservativos? Eu realmente estava abismada com aquele homem que eu pensava que conhecia muito bem.
Mas, calma, não se preocupe quanto ao preservativo. Eu sabia que nunca faria isso sem o uso dela, a situação é que foi inusitada. Eu sabia que ele nunca havia contraído nenhuma doença. E eu estava tomando anticoncepcionais, mais por causa das cólicas e da oleosidade da minha pele do que para não engravidar, mas eu estava tomando. E eu mal queria pensar nisso. Se eu engravidasse dele, e daí? Eu não iria me arrepender de ter um filho tão inteligente e bonito quanto ele e ainda resultado da noite que estávamos tendo. Eu nunca pensei em consequências, por que começaria a pensar logo agora?
Eu levantei meu tronco do chão, ficando de frente a ele e o beijei. Fui aos poucos inclinando meu corpo, fazendo com que suas costas se encostassem ao chão. Eu me sentei sobre seu abdômen, com uma perna de cada lado de seu corpo e não conseguia desfazer o beijo. Era mais importante que ar para meus pulmões, pelo menos parecia ser.
Ele passava as mãos pelas minhas coxas e eu tentava não me concentrar somente em seu toque. Seu tato era suave e me fez diminuir a velocidade do beijo, até separar nossas bocas. Eu o olhei enquanto uma de suas mãos colocou uma mecha de cabelo minha atrás da orelha e depois passeou por minhas bochechas. Eu mal podia crer que eu o tinha ali, naquele momento, como eu sempre o quis.
- Você devia saber que eu não gosto de ficar por baixo - eu sussurrei
Ele riu.
- ? Controladora, competitiva e teimosa? Gosta de ficar por cima? Nossa, eu nunca imaginaria isso - ele disse, rindo, em ironia.
- Já que você me conhece tão bem assim, deve saber que eu fiz balé a minha infância e adolescência inteira.
Seus olhos se encheram de curiosidade enquanto eu colocava minhas mãos ao chão e me sustentava com elas. Minhas pernas se abriram em um espacate lateral, um pouco desajeitado já que eu perdera a minha flexibilidade com o passar do tempo. Porém eu ainda conseguia abrir minhas pernas bem próximo de um angulo de 180 graus e ainda conseguia sustentar meu corpo assim usando os braços.
- Então foi isso que você aprendeu na faculdade de comunicação? - ele brincou.
Tinha essa mania: desprezar meu curso. Só porque não tínhamos muitas provas ou aulas de cálculo.
- Não. Ao contrário de você, eu aprendia sem precisar de números e códigos e programas chatos de computador, senhor mestre da tecnologia. Mas talvez isso eu tenha aprendido na faculdade.
Eu movi minhas mãos um pouco para trás e meu corpo me acompanhou. Eu estava bem acima de seu quadril. Flexionei meus braços um pouco, deixando meu quadril encostar-se em sua nova ereção de leve.
- Já ouviu falar de comunicação corporal? - eu o provoquei, vendo-o morder os lábios.
- O que o seu corpo está comunicando agora? - ele falou entre a respiração pesada.
- O seu corpo está comunicando muito mais que o meu.
Eu abaixei meu quadril mais um pouco, tentando achar a posição certa.
- E o que ele está dizendo? - ele perguntou, quase sem conseguir falar.
- Que quer que eu faça isso logo.
Eu abaixei meu quadril, fazendo-o encaixar em mim por completo. Joguei minhas mãos sobre seu peito e me inclinei para frente, beijando seu pescoço. Enquanto minha boca se ocupava com sua pele, meu quadril se movimentava para cima e para baixo, para frente e para trás, em movimentos circulares. Sua mão alcançou minhas coxas e desceu até a parte de trás de meus joelhos, se encaixando ali, já que minha perna estava flexionada. Eu sentia os sons se sua boca saírem de seu pescoço com força. Eu movia meu corpo lentamente, atritando de leve seu peito ao meu, deixando com que a ponta de meus seios se arrastasse devagar por sua pele tatuada. Ele estava sem reação, querendo dizer algo, mas sem achar a força.
Eu sentia meu abdômen se contrair e a contração logo chegou à minha virilha, apertando-o dentro de mim.
- Espere por mim - eu sussurrei de leve, quando pude, em seu ouvido.
Eu comecei a dar velocidade em meus movimentos e vi seus dentes se fechando com força. Encostei nossas testas, me concentrando em sentir somente aquela sensação que estava por vir. Minha boca se abriu, sem dizer nenhuma palavra e seus dentes ainda rangiam. Suas mãos foram às minhas costas, me apertando contra ele. Suas pernas estavam inquietas e ele estava se segurando por mim.
- Agora - eu disse, fraco.
Seu corpo se relaxou e eu pude ouvir seu suspiro enquanto ele me invadia novamente. Eu suspirei até alto demais contra sua boca. Foram momentos em que parecia que eu estava desligada do mundo, como se eu estivesse morrido provisoriamente. Porém seu beijo desajeitado em minha boca, que estava aberta paralisada em um gemido, me ressuscitou.
Eu deixei meu corpo cair para o lado, ainda sentindo as consequências daqueles gestos em minha mente. O chão parecia estar mais frio que o comum pois meu corpo estava mais quente que o normal.
- Uau - foi tudo o que ele disse, olhando para o teto.
- Ah, se eu soubesse o quão bom é isso nos tempos da faculdade - falei.
Ele riu e virou seu corpo a mim.
- Não seria igual.
- Como assim?
- Não seria como hoje. Ou você acha que todo nosso desejo contido e toda a provocação de hoje não influenciou em nada?
- Se você queria isso tanto quanto eu, por que você nunca tentou nada comigo? Você sempre fugia.
- Eu já te disse, eu não podia arriscar te perder. Você era muito preciosa para mim. E também porque eu sou um covarde - ele brincou.
- Não sei por quê! Você nunca ia me perder com uma noite como essa - eu ri.
Ele acompanhou meu riso, passando a mão pelos meus cabelos, que estavam úmidos de suor e se grudavam às minhas bochechas. Ele estava prestes a falar algo quando seu celular começou a tocar. Olhou para a calça, de onde o barulho estava vindo, e resmungou.
- Deixa para lá - eu falei.
- Meu celular não vai parar de tocar até eu atender. Acredite. Eu conheço esse toque.
Ele se levantou, pegando o celular dentro da bolsa da calça e atendendo a ligação.
- E aí, Greg? - ele falou e eu ri, já deveria ter adivinhado.
- Sim, cara, eu vi quão gostosa ela estava - eu gargalhei quando ouvi isso e ele fez gestos para que eu risse mais baixo.
- O quê? Perdeu o quê? Ah, o casaco? Não, não está comigo não.
- O que aconteceu? - eu falei sussurrando, mas ele não me respondeu.
- Ah, você está voltando ao apartamento da para ver se não está lá? - ele falou alto e eu me levantei correndo do chão e comecei a vestir minhas roupas e ajeitar o cabelo
- Tudo bem, a gente se fala, Greg - assim que desligou o celular ele vestiu sua boxer e eu o mandei ir para o corredor enquanto tirava suas roupas do meio do caminho e ajeitava meu cabelo

Não demorou muito para minha campainha tocar.
- Anda, pro corredor - eu falei antes de abrir a porta e dar de cara com o Greg.
Ele com certeza estranhou o meu estado deplorável e minha maquiagem derretendo junto com meu cabelo suado, mas eu fingi naturalidade.
- Oi, Greg. O que aconteceu? Esqueceu algo? - eu disse sorrindo.
- Sim, queria ver se não deixei meu casaco aqui.
- Ah sim - eu disse, me virando e vendo o casaco em cima do sofá.
Fingi que já sabia que alguém havia esquecido algo ali, mas na verdade eu não tive tempo de reparar nesses detalhes insignificantes. Greg estava desconfiado, como sempre foi, olhando ao redor, procurando a solução de um mistério.
- Aqui está - eu disse, entregando o casaco em suas mãos.
- Obrigado - ele disse - ainda está aí?
Aquela pergunta me pegou de surpresa.
- Não. Não. Por que a pergunta?
- O carro dele continua parado lá fora.
- Talvez ele tenha saído para dar uma volta a pé pela cidade - eu disse a pior desculpa do mundo.
- Tudo bem. Obrigado pelo casaco, ele é meu favorito - ele falou, vestindo-o - E, , eu ligarei amanhã para saber os detalhes - ele falou alto e depois sorriu.
Eu arregalei os olhos e dei um tapa em seu ombro.
- A chave do carro dele continua em cima do balcão e o seu estado caótico pós-sexo não nega.
- Você não mudou nada! Sempre o mesmo idiota - eu ri - Anda, sai daqui.
Ele estava rindo e ainda me disse que sempre esperou por esse dia. Bom, eu também. Fechei a porta quase o chutando de meu apartamento e saiu do corredor, rindo.
- Me lembre de desligar o celular amanhã, ele vai querer saber tudo - falou rindo.
- Eca - eu disse.
- Como se você não fosse contar tudo amanhã para a Deb.
- Não os detalhes, porque senão ela ia ficar com vontade de fazer isso com você também e eu não sei dividir - eu disse, agarrando-o pela cintura - Mas anda! Tira essa roupa e vamos voltar de onde paramos.
Eu tirei minha roupa e deitei no mesmo lugar de antes. Ele reclamou, mas fez o mesmo.
- O que você ia me dizer antes do seu celular tocar? - eu estava com essa curiosidade.
- Nada demais.
- Fala - eu disse entre os dentes e arranquei dele uma gargalhada.
- Je n'oublierai jamais cette nuit – "eu nunca vou esquecer essa noite", ele falou olhando em meus olhos, de um jeito suave, e eu observei o contorno de seus lábios enquanto ele falava aquelas palavras
Golpe baixo dele falar francês logo naquela hora. Ele sabia o quanto aquilo me agradava.
- Eu sabia que sua fluência em francês ia servir para alguma coisa um dia - eu falei.
- Sabe aquele dia em que todos nós pulamos no lago do campus?
- Sim, a ideia foi minha - eu ri.
- Você não tem noção do quanto você me provocou ficando nua ali. Ao mesmo tempo em que eu queria passar as mãos pelas suas pernas e te beijar e fazer tudo o que fizemos hoje eu também queria te colocar de castigo, te esconder, eu não queria que ninguém te visse nua.
- Então a preocupação com alguém nos flagrar era apenas uma desculpa?
- Eu tinha que sair dali antes de perder a cabeça. E a desculpa caiu bem já que eu sempre fui o preocupado e medroso.
- Eu não te acho tão medroso e preocupado. Pelo menos não depois de hoje.
- Você não percebe? Você é a única que me achava extremamente covarde, simplesmente porque eu agia como um com você.
- Então quer dizer que você era bem extrovertido com outras garotas? - eu arqueei minha sobrancelha.
- Quer dizer que eu sentia algo por você e não por elas.
- Você ainda sente?
- Eu não teria vindo até aqui ou feito tudo isso ou me rendido a você se eu não sentisse. Todo esse tempo sem te ver e toda vez que eu conhecia alguém com o mesmo nome que o seu ou ouvia uma das suas músicas favoritas, aquilo só me lembrava de que eu nunca deixaria de sentir algo por você. Só que, por favor, vamos para cama da próxima vez? Minhas costas estão doendo.
Ignorei o comentário sobre o chão, apesar de meus ossos dos ombros também estarem doloridos. Eu agarrei seus lábios com os meus depois de ouvir aquilo. Beijamo-nos até cair no sono e eu só esperava acordar amanhã e perceber que era tudo real e não um sonho. Porém, ironicamente, tudo o que eu sonhei aquela noite pareceu um flashback. Eu me lembrei de coisas que ele havia me falado e comecei a ficar extremamente insegura e apreensiva. Eu estava assustada e isso não era algo comum considerando a "inconseqüente" que eu era. Abri meus olhos rapidamente para tentar sair daquele estado de apreensão e percebi que já era manhã. O sol não havia aparecido, mas o céu estava claro. Eu estava deitada em minha cama, entre os lençóis. Eu mal sabia como eu havia chegado ali. Foi aí então que o meu medo se tornou real. Eu olhei para a cama e para mim, nua, deitada nela. E só eu estava ali.
O flashback com o qual sonhei veio à minha mente. Era um dia chuvoso e estávamos bebendo chocolate quente no hall principal do dormitório. Estávamos falando sobre tudo um pouco, até que, não sei como, o assunto chegou a "o que fazer depois de dormir com alguém". A voz dele ainda se repetia na minha mente. "Eu geralmente vou embora antes que ela acorde". Eu o repreendi, não acreditando naquilo. "Não, não é por maldade. É que eu tenho medo de que ela acorde chorando de arrependimento, ou com nojo, ou me batendo, pois não se lembra da noite anterior", ele completou.
Agora eu tinha medo de que ele tivesse ido embora. Levantei da cama e olhei pela janela de meu quarto. Seu carro continuava ali. Ou seria outro carro? Afinal, quantos carros prata não existem nessa cidade?
- Você acordada a essa hora da manhã? A que eu conhecia só acordava depois do meio dia no sábado! - ouvi sua voz e sorri, me virando
Ele estava na entrada de meu quarto, com cara de quem levantou para ir ao banheiro, mas queria continuar dormindo. Eu fui até ele e o abracei.
- Você continua aqui - foi tudo o que eu falei.
- Ei, você nunca seria só uma noite para mim - ele disse, beijando minha testa - E eu pensei em ir embora. Pensei se você não tivesse feito aquilo tudo só porque bebeu vinho demais. Mas eu queria ver sua reação, e esse sorriso e esse abraço me convenceram que foi a coisa certa a fazer.
Eu me afundei em seu peito ouvindo aquelas palavras, bem onde estava aquela tatuagem, bem em cima de seu coração. Ele beijou minha testa mais uma vez e seu celular tocou.
- Greg - reclamamos em uníssono e depois rimos.
- Eu vou desligar isso - falou.
- Deixe tocar até a bateria acabar - eu falei.
Ele me olhou intrigado enquanto eu o puxava para a cama. Minhas costas ainda doíam um pouco e eu devia estar com alguns hematomas por causa da noite passada, mas eu a repetiria sempre que pudesse. Isso soa pervertido, mas vê-lo corajoso era tudo o que eu sempre quis e, naquele momento, ele não tinha mais tanto cuidado e medo comigo, seja na cama ou no chão.
- Somos praticamente estranhos - eu disse e ele riu, me envolvendo em seus braços e beijando meu colo.
Na verdade, nos conhecíamos como ninguém.

FIM


Nota da Autora: (07/01/2014) E… acabou! Originalmente, essa short fic teria cinco partes, mas achei melhor finalizá-la logo! Feliz 2014 pra vocês e espero que tenham gostado de Floor! Tenho outras fics no site para quem estiver interessado: The Untouched, restrita em andamento, Freedom’s Last Bullet, também restrita em andamento, The Darkness Of Us, short restrita e finalizada e Lipstick On The Sheets, short restrita finalizada do especial de videoclipes! É isso, um beijo.


Nota da Beta: Qualquer erro de português e/ou html/script, me informe pelo e-mail.

comments powered by Disqus