“Este Romeu está sangrando
Mas você não pode ver o seu sangue
São apenas alguns sentimentos
Que este velho sujeito jogou fora”
Vê-la tão perto dele lhe dava nojo, enjoo, ver a mão dele agarrando a cintura fina dela lhe deixava doente, mas ele não poderia fazer nada. Ou poderia? Foi ele que fez com que fosse assim, por um descuido, uma pequena tentação que lhe custou a coisa que mais amava no mundo. Ela, Grace. Tão linda, tão sensível, tão... Perfeita.
A festa estava boa, a inauguração de um restaurante de um amigo muito próximo, se não fosse por isso ele não estaria ali. Mas... Ele gostava da tortura, ao menos poderia vê-la. Vamos encarar a realidade, Tom era um protótipo de masoquista filho da mãe e já fazia tanto tempo.
A chuva caia forte, com raiva, força, igual a como ele estava nos últimos meses. Mas agora ele estava cansado, já bastava de tanto sofrer, iria reconquista-la ou morrer tentando. O que vier primeiro. Iria lutar, mesmo quase desistindo.
“Tem chovido desde que você me deixou
Agora estou me afogando no dilúvio
Você sabe que sempre fui um lutador
Mas sem você, eu desisto”
Desencostou da parede cinza perto da parede e foi em direção ao bar, onde ela estava junto com seu novo “namorado”. Com semblante confiante, mas por dentro desabando chegou perto deles e a encarou.
-Preciso falar com você - disse com uma voz grave.
-Tom! Que surpresa! Eu... Não sabia que tinha vindo? Veio acompanhado? A Joanna está? - Grace tinha veneno na voz, uma animação artificial, mas por dentro estava nervosa. Sabia que ele estaria aqui, por isso veio com o Ryan, o seu “Namorado”, gato, sarado e completamente... Gay! Mais ninguém sabia é claro, ele só era um amigo que ajudava a farsa de garota “terminei-com-meu-namorado-mas-estou-legal”! Ainda era apaixonada pelo crápula que estava ali na frente, mesmo ele sendo um canalha traidor.
- Preciso falar com você - repetiu e não deu tempo dela responder, agarrando seu braço e puxando, deixando seu namorado sem entender nada.
-Ai! – gritou.
“Agora não posso cantar uma canção de amor
Como deve ser cantada
Bem, acho que não sou mais tão bom
Mas querida, sou apenas eu”
-Venha!
Jogando-a na parede ao lado da porta do banheiro, tentava ser um pouco mais forte do que se sentia. Raiva, rancor e culpa o rondava. Porque fizera isso?
- Como ousa fazer isso comigo seu estúpido? Já não basta o que fez antes, a destruição que causou na minha vida? A vergonha? Ainda por cima, me arrasta no meio de uma festa, na frente do meu namorado? – gritou Grace, fervendo de raiva. Como ele ousa mais uma humilhação dessas?
- Ele não fez objeção nenhuma, fez?
-Você é ridículo!
E virou para ir embora daquele lugar, longe dele, mas ele não ia deixou pegando seu cotovelo e virando-a com força, empurrando de novo ela para a parede.
- Me solta! Eu te odeio!
- Você vai me ouvir! Porque nunca me ouve? - Tom estava com olhos marejados, ela nunca o ouviu. E esse foi o motivo número um, a Joanna sempre o ouvia, era compreensiva, amável, já Grace era agressiva tanto na vida como na cama. E ele amava isso nela, mas às vezes só precisamos é de um abraço e um “eu te entendo”.
- Por que você não pede pra ela te ouvir? Eu já ouvi o suficiente! - Grace estava chorando, isso não podia estar acontecendo! Aqueles braços nos dela eram firmes, tão firmes quanto quando estavam em Joanna.
- Porque eu te amo, merda!!!
“Sim, e eu te amarei, querida, sempre
E estarei ao seu lado por toda a eternidade sempre
Eu estarei lá até as estrelas deixarem de brilhar
Até os céus explodirem e as palavras não rimarem
E sei que quando morrer, você estará em meu pensamento
E eu te amarei, sempre”
- Cala a boca! - gritou Grace, tampando os ouvidos, não, não aguentaria. Ainda chorando se deixou cair no chão e ele foi junto. Agora os dois estavam chorando livremente.
- Eu te amo- sussurrou. – E vou te amar para toda a eternidade.
- Mentira, eu te vi com ela, vocês dois. Na nossa cama, nos nossos lençóis.
“Agora as fotos que você deixou para trás
São apenas lembranças de uma vida diferente
Algumas que nos fizeram rir
Algumas que nos fizeram chorar
Uma que você fez ter que dizer adeus”
- Vejo nossas fotos e morro mil mortes, queria voltar no tempo. Eu sei que foi minha culpa, mas me perdoa - Tom a abraçou.
E os dois ficaram ali, abraçados, chorando. Particularmente uma cena, ridiculamente nostálgica.
“O que não daria para passar meus dedos por seus cabelos
Tocar em seus lábios, abraça-la apertado
Quando você disser suas preces, tente entender
que eu cometi erros, sou apenas um homem”
- Não. Pare! Agora! Eu te odeio! – ela gritava, mas continuava abraçada com ele.
Vamos encarar os fatos, eles se amavam apesar de tudo. E ninguém, nem mesmo a vadia da Joanna, podia fazer alguma coisa para impedir isso. Mas eram orgulhosos, isso eles eram, bem não muito ele, mas ela. É como dizem, o orgulho poderia ser muito bem o oitavo pecado capital.
- Eu sou apenas um homem, cometo erros! Por favor!
- Não generalize a culpa. Eu sou apenas uma mulher e nunca te trai! Seu estúpido, traidor de meia tigela! – com raiva, Grace saiu o abraço se levantando e o olhando no chão, chorando. E a raiva aumentou, quem ele pensava que era para dizer essas palavras? Dizer que a ama? Ele não sabia o que era amor.
- Você não merece nem que eu te ouça, Tom - enxugando o rosto borrado de maquiagem e lágrimas olhou a porta do banheiro e constatou que era feminino. Melhor.-Vou embora e espero nunca mais te ver. Não me procure, não me vá atrás de mim.
“Quando ele abraçar você
Quando ele puxar você para perto
Quando ele disser as palavras
Que você precisa ouvir
Eu queria ser ele porque aquelas palavras são minhas
Para dizer a você até o fim dos tempos”
E antes dela se virar para ir embora, ele falou a frase que mais se repetiria na mente de Grace.
- Sabe, quando ele te abraçar, te beijar ou fazer qualquer coisa assim com você, eu vou ter inveja dele porque ele esta com a pessoa mais maravilhosa do mundo, você. E eu vou querer ser ele e, sabe o pior, você também. Porque nos amamos e você sabe - Tom enxugou as lágrimas e olhou para cima para ela e falou com todo o coração:- Saiba que você vai ser a primeira e a última coisa que vou pensar num dia, e quando morrer, você vai estar na minha mente. Um amor desses quando não é vivido, vai te matando aos poucos.
“Sim, e eu te amarei, querida, sempre
E estarei ao seu lado por toda a eternidade sempre
Se você me dissesse para chorar por você, eu choraria
Se você me dissesse para morrer por você, eu morreria
Olhe para o meu rosto
Não há preço que eu não pagaria
Para dizer estas palavras a você”
- Mentira. Eu te odeio, sabe por quê? Porque você não sabe o que é amor. Mas mesmo se as estrelas e a lua colidirem, Nunca vou querer você de volta na minha vida, você pode pegar suas palavras e todas as suas mentiras.
- Mas eu te amo! - gritou Tom, desesperado.
“Bem, não há sorte nestes dados viciados
Mas querida, se você me der apenas mais uma chance
Podemos refazer nossos antigos sonhos e antigas vidas
Encontraremos um lugar onde o sol ainda brilha”
Grace riu, irônica.
- O que para você não significa muito, não é?
- Me dê mais uma chance, por favor! - implorou Tom, o que ele mais poderia fazer? Ela ia voltar para aquele namorado ridículo dela e ele não poderia deixar.
- Você teve a sua chance. E eu realmente não me importo.
E saiu, nem entrando mesmo no banheiro para arrumar sua maquiagem, deixando ali, sozinho, chorando. Mas não pense que ela não estava chorando também.
“Sim, e eu te amarei, querida, sempre
E estarei ao seu lado por toda a eternidade sempre
Eu estarei lá até as estrelas deixarem de brilhar
Até os céus explodirem e as palavras não rimarem
E sei que quando morrer, você estará em meu pensamento
E eu te amarei, sempre”
Nota da autora:Tem partes da música de Bom Jovi “Always” e uma pequena parte da música da minha diva linda Demi Lovato “Really Don't Care”