Seus olhos cinzentos a observavam profundamente por cima dos mapas e estratégias. Seu marido, seu líder, seu rei . Na maior parte do tempo ele parecia tão distante, sempre pensando em um futuro temível e indecifrável ou em um passado longíquo que nunca mais se repetiria. Jon Snow era um homem denso e de muitos meandros. Aliás, Snow não... Desde que a carta de Robb Stark fora encontrada Jon não era mais um bastardo. O Rei do Norte tinha feito dele um filho legítimo de Eddard, tinha feito dele o herdeiro de todo o Norte. E debaixo do manto de medo que cobria todo o mundo conhecido, Jon Stark era um sinal de esperança. Ele já tinha estado lá, no frio Além da Muralha. Tinha conhecido o inimigo, tinha enfrentado o inimigo... tinha matado o inimigo.
Por tempo demais as pessoas tinham achado que os selvagens eram o problema. Mas eles eram apenas pessoas que tinha ficado do lado errado quando a Muralha foi construída. Não... o verdadeiro perigo eram eles, os outros, os Caminhantes Brancos e as aparições que traziam junto com frio e gelo.
não mentia para si mesma. Jon tinha se casado com ela por conveniência, por aliança, por vassalos, por homens e por moedas de ouro. Nada mais. Não havia amor. Nunca houve. Ela tentava não se corroer com detalhes. Seu marido teve uma vida antes dela, mas agora ele era seu. Agarrou-se às peles em cima da cama e puxou-as mais para perto de si em uma tentativa de espantar o frio, enquanto mantinha seus olhos fixos nos do seu rei. Ele continuava a observá-la, sentado ali, em silêncio.
Seu olhar era delicado, gentil e... indecifrável. Algo tinha acontecido mais cedo. Algo horrível que ia mudar o rumo da história de todos os povos de Westeros. conseguia perceber isso no acampamento, nos diálogos abafados dos Lords e agora, no olhar de seu marido. Ninguém ainda tinha confidenciado para ela o que seria, mas ela sentia o frio apossando-lhe a espinha. E o frio sempre era uma má notícia.
- O que foi, meu senhor? Algo aconteceu, eu sei... – finalmente conseguiu murmurar. Ele se levantou e veio sentar-se ao seu lado, tocou sua mão com delicadeza e ela sentiu os pêlos de seu braço arrepiarem-se ao seu mero toque. Ele não precisava amá-la, ela tinha em si amor suficiente para um casamento feliz pelo resto de suas vidas. Olhou fundo nos olhos do homem que tanto admirava, seus traços longos, sua barba por fazer, seus cabelos negros e cacheados. Não estava acostumada com esse tipo de sensação no sul. Os sulistas eram lords elegantes e bem vestidos. Cavaleiros com suas armaduras reluzentes e cheirando a sabão e prostitutas. Mas os nortenhos eram diferentes: exalavam masculinidade em seu jeito rude, suas armaduras eram trincadas e sujas e eles cheiravam a suor e guerra. Algumas mulheres sentiriam nojo ou repulsa, mas não ... gostava de homens, não de moleque ensaboados que fingiam ser homens.
Tocou o braço de seu marido com muito cuidado. Não queria afastá-lo. Jon tinha uma noção de honra que era quase inatingível para a maioria das pessoas e sabia como ele se sentia: sentia como se tivesse obrigado ela a se casar, como se ele fosse seu algoz. Depois da noite de núpcias ele sequer voltou a tocá-la, e a acreditava que, não fossem as núpcias obrigatórias para consumar o casamento, Jon não a teria tocado em momento algum. Mal sabia ele que ela o desejava, ardente e apaixonadamente a cada segundo. Quando os rumores de seus feitos eram ainda lendas distantes para ela, a jovem garota já se via deslumbrada com os feitos de coragem e perspicácia do herdeiro Stark. E ao vê-lo esperando por ela embaixo dos ramos brancos da árvore-coração no dia da sua união, ela soube imediatamente que seria dele e de mais ninguém. E pelo pouco tempo em que estiveram juntos, mal tinha tido tempo para compartilhar refeições com seu marido, quem dirá para convencê-lo de que o amava desesperadamente.
Mas naquela noite, Jon aceitou de bom grado o toque de sua esposa e havia algo diferente em seus olhos.
- São tantas desgraças acometendo nosso povo, minha senhora, que acho difícil colocar em palavras qual me afilnge mais.
Sua voz tinha um pesar tão profundo que sentiu seu coração doer. Jon ainda tinha a cabeça baixa e os olhos no chão. Vagarosamente, ela levou as mãos delicadas as mãos de seu marido e as puxou para si. Ele levantou os olhos e ela tomou seu rosto nas mãos.
- Diga-me o que é que o aflinge, meu rei. Encontre as palavras para definir qual é o mal e eu vou afastá-lo de nossas vidas.
Jon sorriu. Era óbvio que ela não poderia simplesmente destruir todos os Caminhantes Brancos e expulsar o Frio de suas vidas, mas suas palavras eram tão fortes, que Jon quase se viu colocando uma espada de aço valiriano nas mãos de sua esposa e mandando-a para o fronte de batalha. Pelo jeito determinado com que falava, sentia que nem dragões teriam chance contra ela. O seu sorriso esquentou o coração de e ela se viu sorrindo com ele. Tirou uma das mãos de seu rosto e passou a delinear os lábios finos e rachados de frio escondidos dentro da barba. Como desejava aqueles lábios.
Ele não estava se afastando e entendeu sua permanência como um convite. O beijo, leve e apaixonadamente, durou poucos segundos e ele se afastou, ela se sentiu expirar um murmúrio de frustração.
- Não precisa fazer nada que não queria, minha senhora. – ele completou determinado. Ia se levantar. o segurou com firmeza pelo braço. Sentiu vontade de gritar, já bastava. Ele precisava entender.
- Não o beijo por uma obrigação de esposa, meu senhor. – seu olhos brilhavam e subitamente ela sentiu muita vergonha. Mas as palavras precisavam ser ditas – Eu quero você. Quero você na minha boca, quero você... dentro de mim.
Ele virou-se para ela com delicadeza. E então entendeu: ele precisava daquilo. Não era o rei, não era o senhor do Norte nem de Winterfell. Era só Jon. E Jon precisava da sua mulher para fazê-lo esquecer as “desgraças que acometiam seu povo”.
segurou seu rosto entre as mãos, os polegares daçando nos lábios finos de seu marido. Ele tinha a boca entreaberta de desejo. “Venha, meu Jon. Vou te fazer esquecer”. Deitou-se sobre as peles fofas e confortáveis de sua cama e sentiu Jon cobrindo-a com seu corpo. Ele a tocou, gentil demais, a beijou, leve demais, a acariciou devagar demais. queria mais, estava querendo aquilo por tanto tempo que seu corpo transpirava urgência. A cada toque ela se sentia grudar nas mãos grossas e calejadas, a cada beijo ela sentia um tremor delicioso em uma parte especialmente íntima de seu corpo.
E então, devagar não bastava para Jon. Envolveu seus braços na cintura delicada de sua esposa, a puxou para si com voracidade e suas mãos estavam em todos os lugares, nos cabelos longos, no pescoço fino que ela lhe oferecia como se implorasse por beijos e mais beijos. E ele obedeceu. Fez trilhas de delicados beijos do seu ombro até o queixo enquanto a despia. Começou a tentar despí-la com cuidado. Mas os panos estavam no seu caminho e o seu corpo queria o dela o mais rápido possível. As últimas partes de pano foram rasgadas e soube que aquele vestido estava perdido. Não que ela se importasse. Na verdade, não se importava nem um pouco. Muitas noites ela passou sonhando com seus vestidos rasgados aos pés de Jon.
tinha suas mãos aninhadas naqueles deliciosos cabelos e a boca fina de Jon entre seus dentes. Estava nua e suas coxas úmidas faziam sua cabeça girar. Seu coração latejava em peito como se gritasse para que Jon tirasse as roupas também. E mais uma vez, seu obediente marido seguiu as instruções do seu corpo como se elas estivessem sendo ordenadas em alto e bom som.
Mesmo que contratassem o melhor escultor de Westeros e o pagassem com todo o dinheiro de Casterly Rock, era difícil que ele conseguisse esculpir um corpo mais perfeito que o dele. O tórax forte, os ombros largos, o abdômen delineado, os braços imponentes. E ele era seu. Todo seu. passou a língua nos lábios secos e sentiu a garganta ardendo de um desejo que ela não conseguia mais suportar. Se não tivesse seu Jon dentro de si imediatamente, sentia que ia se debulhar em lágrimas.
Ele sentiu a urgência e a beijou como se fossem as últimas duas pessoas na terra. O vento rugia do lado de fora e o frio tentava entrar arrogante, mas eles não deixariam. “Hoje não.” pensou . Sentia seu corpo suado de prazer contorcer-se embaixo de Jon. “Por favor, por favor”. Suas mãos estavam entreleçadas e ela a beijou. A beijou no rosto, na boca, no pescoço. E então os lábios estavam em seus seios e se sentiu ir à loucura. Seus mamilos estavam rígidos como rocha enquanto Jon os mordia com uma delicadeza infinita. Primeiro o direito, depois o esquero e então o direito mais uma vez.
Queria mais. Queria muito mais. As mãos dele estavam em sua cintura, apertando seu traseiro, passeando entre suas coxas. E então estavam lá. E ele não abandonava seus seios, não abandonava nunca. Um de seus dedos longos encontrou um lugar molhado e particularmente sensível e ela gritou. Da Muralha a Dorne, todos deviam ter ouvido. Mas ela não se importou e apenas permaneceu lá derretida em cima das peles enquanto Jon abandonava seus seios para beijar seu estômago. A língua alcançou seu umbigo e continuou descendo e descendo. não teve tempo para se recompor e já estava gritando mais uma vez. Como podia ter passado uma noite sequer sem aquilo? Como?
Viu o rosto de Jon olhando para ela com um sorriso nos lábios. Tentou sorrir, mas não tinha forças para muito mais. Ele se abaixou contra ela e sentiu o tórax perfeito espremido contra seus seios.
- Ainda não acabei, minha rainha. – ele sussurrou contra seus lábios.
Dentro dela, ele assumiu um ritmo maravilhoso. Foi bom como nunca tinha imaginado que “bom” pudesse ser. Jon fechou os olhos e se perdeu dentro da mulher que ele logo aprenderia amar como nunca imaginou que pudesse.
E amanhã a realidade ia voltar. Amanhã ele ia ser obrigado a guiar seu povo e a enfrentar o Frio. Mas hoje ele estava protegido. Hoje, sua mulher o pegou nos braços e afastou todos os perigos. Mesmo que fosse apenas por um momento fugaz, Jon e estavam ali: suando um contra o outro dentro de uma tenda no meio de um acampamento de guerra. E naquela noite, o Frio não ousou entrar.
FIM
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