Good Memories


Escrita por: Cherry
Betada por: Laura Bertão


aproveitou que não havia ninguém na casa e foi para seu quarto descansar, mas antes se lembrou de uma mulher que conhecera no passado e desde então nunca mais a esqueceu. Seu nome é , ele a conheceu quando veio morar em Copacabana no Rio de Janeiro na sua juventude. Mexeu em seu armário e em uma gaveta com fundo falso, retirou um álbum de fotos.
Sentou-se em sua cama o mais confortável possível e iniciou sua seção saudosa. Na primeira página havia uma foto de uma morena de olhos claros e logo abaixo seu nome, Fernanda. Ele sorriu ao se lembrar dela, uma louca que vivia a vida como se fosse o último dia de sua vida. Passou a página e na próxima era uma ruiva de pele clara chamada Camila, essa era mais calma, mas na cama era um furacão, ela sugava todas as suas energias. Ao se lembrar disso, involuntariamente colocou a mão livre em seu membro. Ele sofria na mão dela. Sim, o que ele tinha nas mãos era um álbum de fotos das mulheres que teve na vida, ao menos as que ele ficara mais vezes e se sentira bem com elas. Passou as outras páginas com mais velocidade, lembrando-se de todas, hoje não era o objetivo, ele queria se lembrar dela.
Em outra página estava ela, a que mexeu com ele. Ela sorria, era uma foto que ele tirara quando eles estavam em seu apartamento curtindo mais um fim de tarde juntos. Essa foi a única que ele tirou dela. Das outras ele apenas roubava dos álbuns de fotografias das garotas e colocava em seu álbum. Olhando aquele sorriso lembrou-se de quando a conheceu e quis relembrar tudo o que vivera.

Flashback On

Havia alguns meses que se mudara para o Rio de Janeiro, o que para ele era muito tempo. Ficava pouco em cada cidade, era músico, tinha viajado por vários países quando precisou vir para o Rio fazer um trabalho e foi ficando. Arranjou um emprego em uma escola de idiomas como professor de inglês e em algumas horas vagas do dia dava aulas particulares para estrangeiros. Finalmente tivera tempo para sair, não que ele não tenha curtido ainda as noites cariocas, mas aquele dia ele realmente precisava sair. Trabalhara por dias com dedicação precisava deste descanso. Aquela noite ele não queria pensar em trabalho, ele queria curtir. Beber e beijar na boca. Ah, como ele precisava disso!
Na boate ele ria com os amigos e seus olhos rodeava o lugar à procura de sua presa da noite. Estava com uma cerveja na mão e essa já devia ser sua terceira garrafa. Seus amigos já o tinham abandonado algumas vezes para beijar algumas bocas, o que o deixou um pouco irritado, pois ele ainda não tinha beijado nenhuma. Não que fosse beijoqueiro, mas gostava de escolher uma para passar sua noite. Ele ainda não havia encontrado a sortuda que o teria por algumas horas.
Decidiu dar uma volta para olhar melhor suas opções, ficar parado no mesmo lugar não era com ele. Enquanto olhava para as mulheres que dançavam na pista esbarrou em uma , próximo ao bar. “Ah, que coisa mais clichê” pensou, ela se assustou, mas sorriu ao olhar para ele. sorriu de volta sabendo que acabara de se dar bem, seria ela a escolhida.
- Oi! Meu nome é , se incomoda de me dizer o seu nome? – ele tentou se aproximar e a mulher franziu a testa. – Ah, me desculpe pelo esbarrão, estava totalmente distraído...
- Caçando... – a mulher o interrompeu, concluindo sua frase, debochando dele.
- Ah é... Acho que sim. – sorriu sem graça, não queria estragar sua chance com ela.
- Tudo bem, está perdoado, mas vai ter que pagar uma dose de vodka pra mim. – Ela sorriu – isso se não eu não atrapalhar sua caça. – ela estendeu a mão para ele e o olhou nos olhos – meu nome é . – ele apertou sua mão e a conduziu até o balcão do bar.
Conversaram bastante e riam muito, estava um pouco zonza por causa das doses que bebeu, mas ele estava sóbrio, mesmo depois de mais algumas cervejas. Ela era linda aos seus olhos e ele realmente a queria. Não falou gracinhas para ela como costumava fazer com as outras e ela também não se ofereceu a ele, não era de seu feitio. Mas ele via em seus olhos que se ele quisesse ela seria dele, gostava de mulheres assim, dispostas a ter uma noite de prazer, mas que não demonstrava isso para todos, só para seus escolhidos. Era assim que ele agia. Ele não entendia o porquê dos homens gostarem tanto de ter várias mulheres em uma mesma noite se podiam ter o melhor de uma, a noite toda.

***


As horas se passaram e eles ainda conversavam, o homem tinha tomado a liberdade de colocar sua mão em sua cintura e ela já se sentia a vontade para acariciar sua nuca. Ela não sabia, mas ele queria devorá-la ali mesmo se pudesse, era só ela dar o sinal. Ela o faria.
- Nossa! Já está bem tarde, acho que devo ir.
- Você vai pra casa? – ela o olhou, apreensiva.
- Por que quer saber? – fingiu ser durona, mas o que mais queria era ir para casa dele.
- Eu quero te convidar para ir comigo até meu apartamento, a gente pode continuar nossa noite lá com mais privacidade. – chegou mais perto da mulher que estava sentada em um banco alto e apoiava um braço no balcão.
- Eu gostei da ideia. Vou ao banheiro e na volta podemos ir. – ela desceu do banco que estava sentada, apoiando-se em que aproveitou pra aproximar-se mais dela. Eles quase se beijaram, mas ela fugiu, de propósito.

***


Ao chegarem a seu apartamento, abriu um vinho, mesmo que tivesse bebido na boate, ele gostava de vinhos e queria compartilhar com ela. Via em seus olhos que estava tensa, e tímida. Não parecia ter o costume de ir à casa de desconhecidos.
- Beba. Um vinho pra te relaxar... – entregou a taça na mão dela, que estava sentada no sofá da sala acoplada à cozinha americana.
- Não estou tensa, e você quer me embebedar? Eu prefiro fazer as coisas de cara limpa! – riu antes de bebericar sua bebida. O homem sentou ao seu lado e a olhava intensamente. Ela não tinha o costume de sair para a balada e muito menos de ir para o apartamento do cara sem mal o conhecer. Mas o clima que rondava os dois a instigava e ela simplesmente deixou as coisas acontecerem. Ele podia ser um maníaco, um tarado ou qualquer coisa dessas que aparece na TV, mas ela confiava nele.
- Não quero te embebedar. Quero você sabendo exatamente o que está fazendo... – tirou a taça da mão de e colocou no balcão da cozinha sem ter o trabalho de se levantar do sofá. – E acho melhor começarmos já, eu não consigo mais me segurar. – O rapaz segurou na nuca de e aproximou-se devagar, ela fechou seus olhos e deixou seus lábios tocarem os dele.
O beijo se intensificou em poucos segundos e quando se deram conta, ele estava sentado no colo dela, beijando-a com toda intensidade. As línguas exploravam cada canto da boca um do outro e não demorou a ficarem sem ar. Ele se levantou a segurando pela mão a levando para seu quarto. em um momento de loucura como ela acabara de constatar, começou a tirar a roupa e antes de chegar à cama estava apenas de calcinha e sutiã. Sorriu tímida e adorou a cena, pois por mais que parecesse tímida e envergonhada pelo o que fizera, ela emanava desejo. E ele saciaria todo o desejo dela.
Voltou a segurá-la pela nuca beijando sua boca outra vez, enquanto sentia seu corpo arder e acariciar suas costas e chegar em seu cabelo. Deitou-a na cama e mesmo de lingerie, beijou os seios dela. Ela apertou mais sua nuca e contorceu-se sutilmente.

***


Deitados na cama exaustos, ria por causa do prazer que tivera e a olhava feliz, pois conhecia aquele sorriso. Ele tinha a satisfeito, da mesma forma que ela fizera com ele. De repente sentiu vergonha por ter seu corpo exposto e cobriu-se com o lençol.
- Ah! Eu sou uma louca! – riu consigo mesma, não acreditando no que fizera.
- Você não é louca, só aproveita as oportunidades. – beijou sua bochecha e fez carinho nela, retirando lençol do seu rosto.
- Verdade. – eles se olharam nos olhos. – eu só não tenho o costume de... – não conseguiu terminar a frase, a olhava com tanta vontade de repetir a dose que não conseguiu completar a frase, queria beijá-lo. Ela sorria entre um beijo e outro e se rendeu aos desejos dele assim que o sentiu apertar seu corpo demonstrando todo o seu desejo.

Flashback Off

riu do dia que se conheceram, porque por mais que ele gostasse de ficar com uma mulher por noite, ele não demorava tanto para investir como fizera com ela. Naquele dia passaram o restante da noite matando o desejo de seus corpos. No dia seguinte pela manhã, ao contrário do que estava acostumado, preparou o café para os dois. Se fosse outra com certeza já teria dado uma desculpa para ela ir embora, mas com foi diferente. Ele queria que ela ficasse. Trocaram número de telefone, ele a queria outras vezes, e não ia perder a oportunidade, sentia-se à vontade com ele.
O homem virou a página do álbum encontrando mais uma foto de . Ela era muito encantadora e gostosa. Uma mulher sem tabus na cama, que adorava ter e dar prazer. Como combinava neste quesito, ela mexeu de verdade com ele, não só por satisfazê-lo na cama, mas sua companhia era agradável e ela era tão leve! Não forçava nada com ele, apenas aproveitava as oportunidades que tinha, e naquela foto ela já tinha ido algumas vezes a seu apartamento, quase todos os dias na verdade.
Na época não conseguia entender o porquê de quase todos os dias a convidar para uma visita a casa dele, e ela sempre sorridente, aceitava. Tentou ficar com outras mulheres, mas no fim dava preferência a ela. Mas olhando aquela foto lembrou exatamente daquele dia e do que descobrira.

Flashback On

Depois de um mês as visitas eram praticamente diárias, conversavam sobre a vida do outro, vez ou outra cozinhava para ele, e chegou a dormir algumas noites por lá. Ela, por mais que gostasse das visitas não queria apenas ficar em sua cama. Tinha passado por vários relacionamentos ruins e ela não queria transformar o que tinha com em mais um, não queria forçar nada, mas queria mostrar que ela era mais que isso. Se ele achara que só ia ficar na cama, ele estava enganado, ela queria curti-lo e o queria em outros momentos em sua vida. Não que sonhasse em casar-se com , mas não era mulher só para sexo. Era mulher para vida toda.
Após um sexo delicioso, tomou banho e quando voltou para o quarto, a esperava com uma bandeja cheia de guloseimas. Ela sorriu pra ele, estava realmente com fome, saíra do trabalho correndo e não teve tempo de comer algo antes de ir pra lá. Colocou apenas sua camisa e a calcinha pra não se sentir tão exposta e sentou-se ao seu lado para comer. Assistiam TV enquanto comiam, e ao olhar para a janela, reparou que ainda era dia, o lado bom do horário de verão era esse: O dia demorava mais para acabar.
- Vamos ao arpoador ver o pôr do sol? – ela virou-se para ele parecendo uma menina pedindo doce ao pai. Ele sorriu, estava cansado e queria ficar deitado na cama com ela recostada em seu peito, apenas a sentindo ao seu lado.
- Você quer mesmo ir? – deitou-se na cama – eu prefiro ficar aqui com você. – levantava da cama enquanto tentava convencê-la a ficar ali. Não deu certo. Ela vestia sua roupa que estava jogada pelo chão e o homem sentiu desespero. – Você vai embora?
- Vou assistir ao pôr do sol, você não quer ir comigo, eu vou sozinha! – pegou sua saia no chão e a vestiu o olhando. – Tá calor, é verão. Vamos aproveitar? - Ela caminhou até a porta para calçar seus sapatos e ficou sem saída. Talvez essa independência que ela tinha fosse o que o conquistara e ele nem sabia. Todas as mulheres que ele ficou e costumavam frequentar seu apartamento grudavam nele, queriam ele só para elas. era o oposto, ao menos demonstrava isso. - Eu vou com você! – correu para o banheiro para tomar banho, se aprontou em quinze minutos. E saíram. apenas sorria.

***


O homem morava perto do melhor lugar para ver o pôr do sol da cidade, o local ficava cheio, todos queriam ver o espetáculo que era o sol se pondo. Os dois foram caminhando e em vinte minutos já estavam andando pela orla de Ipanema. Ela ia a frente dele e ele praticamente se rastejava próximo a ela. Mas algo mexeu com ele quando uma brisa forte passou por ele e olhando para mulher que andara em sua frente com alguns últimos raios de sol sobre ela, sentiu-se apaixonado e logo depois um idiota por se sentir assim. Os cabelos dela voavam em favor do vento, e seu andar era calmo. Ela andava pela orla olhando o mar e sorria admirando a beleza que Deus criara. Ele também admirava essa beleza, porém para ele era a criatura mais bela.
Parou para pensar nas vezes que ela frequentara o seu lar e o quão feliz ele ficava quando ela estava lá. Ela fazia jantares pelo simples fato de gostar de cozinhar. De repente sentiu-se cansado de ser solteiro, de ter sempre que encontrar alguém para se divertir, o trabalho que dava caçar. Sentiu-se confortável com ao seu lado e pensou seriamente em não deixá-la mais sair de sua vida.
Percebendo que estava sendo observada, a mulher olhou para trás e viu a olhando. Riu, parou para esperá-lo e ficar ao seu lado. Quando ele chegou ela pegou em sua mão e eles caminharam lado a lado até a pedra. Para subir, ele foi a frente e a ajudou. Em cima tiveram um pouco de dificuldade para encontrar um bom lugar, já que estava quase na hora do sol se pôr. Ele sentou na pedra e pediu para que ela se sentasse a sua frente, entre suas pernas. Ela aninhou-se a ele e acariciava sua mão com os dedos. olhava aquilo abobado, não estava acostumado com o carinho gratuito que costumava dar. Ela sabia o que fazer em cada momento juntos. A brisa do mar passou por eles fazendo com que a menina se encolhesse. Ele beijou seu rosto, estava feliz.
- Você é linda. – beijou seu pescoço.
- Obrigada. Você é cego, mas eu aceito o elogio. – riu olhando para ele. Ela adorava olhar em seus olhos.
- Você quer namorar comigo? – perguntou inesperadamente, pegando o próprio de surpresa. A mulher o olhou, espantada, também não esperava por essa pergunta, mas sentiu-se feliz. Ele também a queria não só na cama. sorriu virando-se para frente e o homem se amaldiçoou em pensamento por ter feito essa pergunta. Ficou nervoso, pois não sabia o que fazer. O silencio foi a campainha dos dois até o sol terminar seu show. Quando finalmente o respondeu.
- Eu aceito.

Flashback Off

Fechou seus olhos e sorriu faceiro. Ele adorava ter essas lembranças, principalmente dela. Quando sentia saudade de sua juventude ele sempre recorria ao álbum, lembrar-se das mulheres, de sua vida boêmia, do quão conquistador ele fora. O fazia sentir mais jovem, mesmo que seu corpo e saúde o dissessem que não era. Voltou a olhar o álbum e ficou vagando em pensamentos a cada foto que via. Sorria sozinho e se sentia um maluco por sorrir dessa forma. Em uma das fotos viu a mulher de sua vida vestida de branco, sorridente para a câmera e lembrou-se mais uma vez do pedido que fizera a ela.

Flashback On

Ele trabalhava em um hotel cantando no restaurante pra os hóspedes, quando sua amada foi vê-lo cantar. Ele estava completamente apaixonado, já não queria mais sair do Rio de Janeiro, comprou com muito esforço o apartamento que alugara anos atrás e mal saía de lá. Faltava apenas o convite certo para ela morar com ele. E o faria nesta noite.
Com apenas seu violão começou a dedilhá-lo e começou sua canção. Era a primeira da noite e ainda viriam muitas. chegou atrasada, mas conseguiu um bom lugar para vê-lo, sorriu sem graça para ele recebendo um sorriso largo de volta. Ele já estava na metade de seu repertório e a essa altura já se sentia nervoso, estava prestes a mudar a sua vida para sempre. Estavam juntos há mais de dois anos, desde o dia que se conheceram e a cada dia ele tinha mais certeza de que a queria por perto. Entrou em sua vida tão sutilmente, que hoje já não sabia mais como viver sem ela. Não acreditava neste tipo de amor, mas veio pra quebrar todas as suas certezas e a única que tinha no momento era que queria se casar com ela.
No fim da noite, depois da última musica, ele finalmente fez o pedido, surpreendendo-a e a todos que ali estavam. Ela ria descontroladamente sem acreditar no que ouvira, ele a chamou para o palco, ainda com medo de sua resposta. Sentiu-se como na vez que a pediu em namoro, mas lembrou de sua resposta na época e sua esperança se renovou. Ela caminhou até ele, olhou para todos que os assistiam, respirou fundo e o respondeu.
- Acho que apanharia de todos se minha resposta fosse não. Eu aceito! - o abraçou forte sussurrando em seu ouvido mais uma vez que o aceitava como esposo, não por todos estarem ali a pressionando, mas porque era o que ela queria. Todos aplaudiam de pé. Foi uma noite inesquecível para todos.

Flashback Off

Neste momento caiam lágrimas de seus olhos, lembrar-se dela o fazia tão bem. Achava-se um idiota por estar chorando. Mas sua vida ao lado dela fora tão boa, que suas lágrimas eram de alegria. Sua vida não fora ruim, pelo contrário, sempre fora boa, lutava pelo o que queria e conseguia por seus méritos. Não se deixava abater por nada. Depois que se casou, sua vida melhorou muito mais, estava ao lado da mulher que amava, teve os filhos que tanto sonhou em segredo, pois quando se é jovem, filhos é o assunto em que menos se fala, mas no fundo ser pai era tudo o que ele queria, e fora a mãe de seus filhos. Dois. Hoje maiores de idades, formados e com suas famílias. Ele estava realizado.
Decidiu fechar o álbum e quando ia sair da cama para guardá-lo, eram lembranças demais para seu fraco coração. Percebeu alguém o observar e já imaginava quem seria, sorriu ao olhar em seus olhos e a encontrar encostada na porta com um olhar de uma mãe quando pega o filho fazendo arte. Ela tinha seus cabelos totalmente brancos aumentando seu charme, ele nunca ia achá-la feia. Nunca.
- De novo mexendo nesse álbum, amor? – se rendeu e voltou a sentar-se na cama com dificuldade, sua idade já não o permitia tanta agilidade. Bateu na cama para que ela sentasse ao seu lado. Ela andou com calma até ele.
- Você sabe que minha vida está neste álbum! – ela beijou sua testa, acariciando seus cabelos seguindo de um selinho carinhoso.
- Suas mulheres estão aí, isso sim! – sempre ciumenta. Ele gostava quando ela tinha pequenos ataques de ciúmes, nada exagerado. Todo aquele fingimento de independência sumira com os anos juntos, mas sua personalidade ainda era forte.
- Que mentira! – foi cínico. – Tem outros momentos marcantes aqui, você sabe. E mais, você sabe que é a única, né? Depois que encontrei você, não quis mais ninguém. – Ele a olhava como um cão arrependido fazendo-a rir de sua expressão. – Me deixe cantar uma canção pra você! – tentou desviar o assunto. levantou-se da cama e caminhou até seu guarda roupa e pegou seu violão, o mesmo do dia do pedido de seu casamento. Voltou para a cama, ajeitou-se com ele em sua mão e quando estava pronto começou a dedilhar uma música que conhecia muito bem. Ele a cantara naquele dia em seu repertório antes de pedi-la em casamento e tornou-se a música dos dois.

Música

Settle down with me
(Acalme-se comigo)

Cover me up, cuddle me in
(Me cubra, me abrace)

Lie down with me, yeah
(Deite-se comigo)

And hold me in your arms
(E me segure em seus braços)


Ela pegou o álbum de fotos que ainda estava na cama e o folheou, pulando as fotos das ex que ele insistia em ter. Dizia que eram as lembranças de sua vida e que sem elas ele não a teria encontrado e tudo não seria tão perfeito. Viu todas as suas fotos ali, viu a foto dela vestida de noiva e sorriu. Ouvindo a música que precedeu seu pedido, ela sentiu seus olhos cheios de lágrimas, a voz de ainda era encantadora, linda e ele cantava com a alma, isso ele sempre o fizera. Viu a foto dela na mesa de parto com seu primeiro filho e o olhou sorrindo, ele sorria enquanto cantava, de forma mais lenta, parecia fazer uma trilha sonora pra o momento, mas nada que o atrapalhasse no andamento da música.

And your heart’s against my chest
(E o seu coração está contra o meu peito)

Your lips pressed to my neck
(Seus lábios pressionados no meu pescoço)

I’m falling for your eyes but they don’t know me yet
(Eu estou mergulhando dentro dos seus olhos, mas eles ainda não me conhecem)

And with a feeling I’ll forget, I’m in love now
(E com um pressentimento que vou desprezar, eu estou me apaixonando agora)


passou o dedo no rosto de seu filho na fotografia saudosa, lembrou-se da dor que sentira, mas também da alegria que foi ver seu rosto pela primeira vez, de ver ali registrando o momento mais feliz de suas vidas. Virou a página e encontrou outras fotos da infância de seu filho e em outra mais uma vez na mesa de parto para seu segundo filho. Uma menina.

Kiss me like you wanna be loved
(Me beije como se quisesse ser amada)

You wanna be loved, you wanna be loved
(Você quer ser amada, você quer ser amada)

This feels like falling in love
(Isso é como se apaixonar)

Falling in love, we're falling in love
(É como se apaixonar, nós estamos nos apaixonando)


Kiss Me – Ed Sheeran

Fechou o álbum com os olhos cheios de lágrimas. parou de cantar colocando seu violão ao seu lado e enxugou as lágrimas de sua mulher, a que esteve ao seu lado para o que desse e viesse, a que o fez sossegar e querer ter uma família e deu a ele a família que tanto quis.
- Foram os melhores dias da minha vida. – ela olhou para o álbum e voltou a olhar para o homem a sua frente.
- Foram os melhores dias da minha vida, graças a você! – aproximou-se mais dela e a beijou nos lábios. Ela segurou em sua nuca para que não parasse por ali. Ele sorriu entre o beijo, não tinha mais idade para o sexo vigoroso que tinham quando jovens, mas o que tinha era algo só deles. Ele cortou o beijo.
- Obrigado por tudo, . – olhava em seus olhos marejados.
- Obrigada por tudo, . – Ela sorria olhando em seus olhos. – Mas eu não vim aqui pra isso, apesar de estar gostando deste clima saudoso.
- Ué. Veio pra que então? – o homem ficou curioso.
- Nossa! Ficou tão entretido em suas lembranças que nem percebeu o burburinho na casa? – ele negou com a cabeça – Seus filhos e netos vieram almoçar conosco!
- Por isso a senhorita saiu logo pela manhã? E já está na hora do almoço? Eu me perdi mesmo em meus pensamentos.
- Sim, seu velhinho. E já está na hora de irmos comer. Levante-se desta cama, guarde seu violão e vamos para a sala que o almoço já está quase servido. Seus netos estão com saudades.

***


Na sala de jantar, todos em volta da mesa, um falatório, uma bagunça deliciosa, o fazia prestar atenção em tudo e todos. Seus netos já andavam pela casa, bagunçando tudo e deixando suas mães loucas atrás deles. Mal conseguiam comer, todos riam felizes. Conversavam entre si e se alimentavam da comida deliciosa que fora feita pelas mulheres. E não podia sentir-se mais feliz. Quando já estavam na sala à tarde vendo TV, o velho pensou em pegar sua câmera para tirar uma foto para seu álbum de lembranças quando seu filho mais velho deu a ideia primeiro, e com o próprio celular tirou a foto e com um dispositivo já o revelou ali mesmo dando a fotografia para seu pai.
- Toma papai, de presente para seu álbum de fotografias. – ele o olhou assustado, achou que só sua esposa sabia de seu álbum.
- Como sabe do álbum? – perguntou, olhando a fotografia.
- Todos nós sabemos, papai. – a menina, sua filha, respondeu. – Já o vimos o olhando e mamãe nos disse o que era certa vez. – foi a vez o rapaz o responder. O homem olhou para sua mulher e ela apenas deu de ombros.
O velho voltou a olhar para a fotografia e todos voltaram a conversar entre si. Na foto estavam o progenitor e progenitora da família, os filhos com seus respectivos cônjuges e seus filhos. Todos sorrindo. Certamente uma ótima fotografia para seu álbum. Certamente uma ótima lembrança para ser revivida.


FIM



Nota da autora: Bem, aí está mais uma shortfic que graças a minha beta linda (que ficou me cobrando para que eu a terminasse) eu consegui escreve-la até o fim, era pra ser para o especial de verão mas acabei me perdendo e achando a história sem graça e sem sentido pra o especial e deixei para depois, a história não ia seguir este caminho, mas quando voltei para escreve-la, meus dedos me trouxeram até este final. (Um pouco de culpa para a música do Ed Sheeran que eu fiquei ouvindo enquanto escrevia) Espero que tenha gostado, eu a achei bem fofa. Deixem seus comentários, por favor. Me façam feliz, please! (muitos risos).
Bem é isso. Estarei de volta em breve. Beijos da Cherry <3

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