CAPÍTULOS: [I] [II] [III] [IV] [V]





Gypsy






I


null! Volte aqui! – Maryse gritava furiosa, subindo as escadas atrás dela.
– Deixe-me em paz! – gritou ela de volta, batendo as portas do quarto quase na cara da mãe. Naquele momento, a menina não estava se importando. Queria mais que tudo desaparecesse. – Eu não aguento mais você!
– Eu que deveria dizer isso! Você não se cansa de envergonhar a sua família? – Maryse estava com espasmos de raiva. Os olhos arregalados, as bochechas ruborizadas de fúria, puxando os cabelos, descontando a raiva ali para não jogar logo tudo na filha.
Fez-se silêncio por alguns minutos, até null abrir a porta com uma mala em mãos e passar pela mãe como se ela não estivesse ali, voltando às escadas.
– Aonde você pensa que vai? – Maryse parou no começo da escada, olhando para null que virou para encarar a mais velha.
– Eu estou saindo de casa, mamãe.
A boca de Maryse abriu e fechou. Ela não emitiu nem um som e ficou olhando para null com uma expressão fria, como se toda a raiva de antes tivesse sido transformada em frieza. Olhou para ela como se visse uma coisa indesejada e não tivesse coragem de fazer alguma coisa para acabá-la.
– Você está brincando, não é? – disse Maryse, soltando uma risada exagerada, como se ouvisse a melhor piada do século.
– Não, não estou! Eu sou uma vergonha para família, sou a ovelha negra, sou um fardo para você! – null cuspiu as palavras, relembrando tudo o que a mãe a obrigara fazer: ter que falar com gente que ela particularmente detestava, ter que interagir com gente escrota e sempre os suportando. Porque um passo em falso, uma única palavra errada seria mais uma ruga que Maryse esconderia. A vida toda de null foi assim: pessoas que achavam que tinham algum direito sobre ela a controlavam como se essa fosse uma marionete.
Isso iria mudar a partir de agora. Naquele momento, null estava disposta a controlar a própria vida.
– Admita! Admita que só já não me expulsou daqui por medo do que os outros iriam falar de você .
– Eu não tenho nada para admitir para você, null – disse ela ríspida. – Agora suba, esqueça isso e repense tudo. Quando seu pai chegar, iremos ter uma conversa séria em família.
– Repensar? Eu não tenho absolutamente nada para repensar. Já estou cansada de ter que medir minhas palavras, quando estou na presença de algumas das suas amigas egocêntricas ou de qualquer pessoa que seja, nunca poder ser quem eu sou. Já estou cansada de não poder fazer o que quero, ser e viver como eu quero! – disse ela por fim, olhando nos olhos da mãe, antes de virar e descer as escadas. Atravessando o hall, abriu a porta e se virou, olhando para dentro e guardando cada detalhe em sua mente. null começou a caminhar. Minutos depois, sentou-se no meio-fio para esfriar a cabeça e pensar com calma.
O fato de a menina ter dado a palavra final, saído de casa e Maryse nem sequer protestar, não a surpreendia. Sabia que a mãe não a suportava mais. Maryse queria uma filha perfeita e null se recusava fazer esse papel. Ela até imaginou a mãe inventando histórias para cada um que perguntasse onde a filha estava. “Ela foi passar uma temporada com a tia Madeleine na Euroupa” ou “decidiu fazer intercâmbio”. Sorriu pela primeira vez no dia com os pensamentos sobre a mãe inventando histórias. A mulher sempre fizera isso para esconder as “rebeldias” da menina para que ninguém da alta sociedade soubesse da filha imperfeita que tinha. E agora não seria diferente.
Talvez até fosse, com a diferença de que null não voltaria. E, se voltasse, não seria tão cedo.
Meia hora depois, null se forçou a levantar e ficar andando sem rumo pela rua. Não faltava muito para o sol se pôr e a noite chegar, trazendo junto com ela a sensação que null mais odiava sentir: medo. Ela não tinha para onde ir. Estava andando há meia hora sem a menor noção de que caminho tomar, sozinha, com pouco dinheiro, e indefesa a qualquer mal intencionado que resolvesse se “aproveitar.” A situação era, no mínimo, desesperadora. Porém, null era o tipo de garota que sempre tinha ou arrumava uma solução para qualquer situação que fosse e, para ela, desespero, medo ou nervosismo é melhor ignorar e procurar agir. Afinal, uma garota com um mundo inteiro pela frente não iria ficar sozinha para sempre.
Com a emoção e a adrenalina pulsando em suas veias, ela correu, correu e correu. A ideia era correr até um aeroporto, mas não seria nada fácil correr de onde estava, no Brooklyn, até algum aeroporto de Nova York. Parando no meio da rua, ela agachou e começou a vasculhar a bolsa atrás de dólares. As pessoas olhavam para a garota agachada no meio da rua, descabelada, ansiosa, e cochichavam, mas null não estava prestando atenção aos cochichos. Estava conferindo dinheiro. Vinte dólares. Pouco, mas devia dar para pagar um táxi.


II


– Você está dizendo que a nossa filha saiu de casa? – Robert perguntou exasperado a Maryse. Estavam na cozinha há horas conversando sobre null e os últimos acontecimentos. – E você não impediu?
– Não grite! Os vizinhos podem ouvir! – disse ela entre dentes, massageando as têmporas, sem nunca perder a elegância.
O rosto de Robert se contraiu e, em um estalo, ele se levantou de onde estava sentado e ficou em pé, à frente de Maryse que estava de braços cruzados, despreocupa. Disse:
– Que se danem os vizinhos! Pelo amor de Deus, Maryse! A null só tem dezessete anos. Como você acha que ela vai se virar? Sozinha, sem dinheiro... Você não se preocupa com a sua própria filha?
– Robert, a null saiu de casa por livre e espontânea vontade! Não podemos fazer nada. E pare de gritar. O que você quer? Que a vizinhança toda saiba que nossa filha delinquente saiu de casa?
– Pela milésima vez, você se preocupa mais com o que os outros irão falar de você e da imagem que tenta manter do que com a própria filha – disse ele ríspido. Robert virou e, segundos depois, não estava mais na cozinha e, sim, pegando um casaco no cabide e as chaves do carro dentro do bolso. Continuou a andar até o hall, antes de ouvir a voz de Maryse atrás de si.
– Aonde você vai?
– Procurar nossa filha. Talvez ela esteja na casa de alguma amiga. Vou à casa da Rachel e de Emily – respondeu ele, girando a maçaneta da porta da frente e se assustando ao ver duas garotas paradas lá.
– Não precisa, tio Robert. Estamos aqui – disse a primeira, uma garota baixa, ruivinha, com um vestido azul e All Star, que Robert logo reconheceu como sendo Rachel, uma das melhores amigas de null. – Suponho que vocês estejam querendo saber onde a null está, não é?

“Ok. E agora o que iria fazer ali?”, pensou null. O que ela iria falar para os guardas, no embarque? “Oi, er... Eu gostaria de uma passagem de avião para lugar nenhum e de graça. Seria possível?” – sorriu com a própria estupidez. null caminhou até a entrada do aeroporto, adentrou o local com pessoas indo e vindo, andando de um lado para o outro, entrando e saindo. Ela avistava pessoas cansadas, com o cansaço das viagens evidente, mas tinha certeza de que, apesar de toda a fadiga e ansiedade para sair dali, aquelas pessoas... Elas iriam para casa ou para qualquer outro lugar que fosse delas. Um lugar que lhes pertencesse. E ela? A garota não tinha um lugar para chamar de meu. Naquele momento e por muitos outros que se seguiriam, iria continuar não tendo.
Sentou-se em um dos assentos em frente ao ponto de embarque e colocou o rosto entre as mãos. Poucos minutos depois, a garota ouviu uma voz familiar ao seu lado. Familiar... Familiar até demais.
– Dia ruim? – perguntou o garoto alto, esguio, com um rosto fino e quase angelical, os olhos brilhando como estrelas no céu, os cabelos cascateando na testa. Trajava uma calça com alguns rasgos, blusa xadrez, sapatos e um casaco, sentando-se ao lado da garota que estava levantando o rosto para encará-lo.
– É, digamos que não seja um dos melhores dias da minha vida – disse null, olhando disfarçadamente para a testa dele onde havia uma coisa brilhante que ela não sabia dizer o que era exatamente. Tirando a atenção do objeto, calou os pensamentos, que estavam a mil, e ouviu o que o garoto dizia...
– O que você está fazendo aqui? – perguntou. – Não parece muito bem.
– Eu saí de casa, null – respondeu sem emoção, puxando os fiapos soltos do casaco e se surpreendendo ao pronunciar o nome dele, depois de tanto tempo. – Então fiz minhas malas e disse adeus para minha família e amigos. E peguei a “estrada” para lugar nenhum por conta própria, como a Dorothy na estrada de tijolos amarelos.

Digam-me logo onde a minha filha está, por favor! –exclamou Robert, tirando Rachel e Emily de um diálogo desnecessário para o clima tenso que estava na sala de estar. Robert havia convidado as duas garotas para entrar. Maryse serviu um chá para as duas, dizendo que era um tipo de calmante, e ofereceu para Robert que recusou. O homem estava cada vez mais preocupado com o estado da filha e só ele parecia estar assim. Maryse e as garotas, todas estavam calmas.
– A null está bem – disse Emily. – Semana passada, ela nos deixou duas cartas. A primeira se despedindo de todos os amigos. E a segunda para vocês dois.
A garota tirou de dentro da bolsa um envelope rosa e o entregou a Robert. Ele abriu silenciosamente, lendo o conteúdo dentro dele em silêncio.
– Ela já planejava isso... – disse quase em um sussurro, largando a carta por lá com uma expressão tensa. Sua garotinha, a única filha, a pessoa que mais amava no mundo, havia saído de casa sem ao menos se despedir de verdade dele.
– Robert... – começou Maryse, mas ele já havia subido. Ela levou Rachel e Emily até a porta da frente e elas foram embora, deixando Maryse sozinha lendo e relendo a carta de despedida da filha, sentindo... Remorso.

– E você acha que isso faz sentido, quando se tem um mundo inteiro pela frente? – disse ele, olhando nos olhos de null. A garota estremeceu por dentro, sem saber por quê.
– Isso é uma coisa que irei descobrir. Mas não quero ficar só para sempre.
– Talvez possamos ver o mundo juntos – disse o rapaz, relembrando-se dos velhos tempos com null. Palavras fáceis, juras de amor sopradas ao vento, lembranças e lembranças que talvez tivessem sido engaioladas, prontas para serem libertas e atingi-los com força total, como o furacão Katrina.
– Espero que seus sapatos de rubi nos tirem daqui rápido, pois deixei tudo que amo em casa.


III


– Para onde estamos indo? – perguntou null, no banco do carona, enquanto null dirigia. Olhando pela janela, ela via as figuras do lado de fora passarem como em um flash.
Ao invés de responder, o garoto parou o carro em frente a um píer e desceu, deixando null com cara de interrogação. A menina, por sua vez, não pensou duas vezes antes de sair e ir até ele, sentando-se ao seu lado, sem dizer uma palavra. Só observando a expressão pensativa e conturbada de null.
– Às vezes, uma história não tem fim... – null se pronunciou, depois de longos minutos de silêncio, fazendo null quase saltar de surpresa ao ouvir a voz baixa e suave que ela tanto amava.
null... Eu... – ia dizendo.
– Deixe-me continuar – cortou-a sem parecer rude e, sim, gentil. – Isso faz sentido? Na verdade, é mais uma afirmação. Oh, Droga! Isso faz sentido! – exclamou. Antes que null protestasse, o garoto continuou. – Eu sempre tive um tipo paixonite por você, null. E achava que você também tinha. Até que você disse que seria melhor sermos apenas amigos e...
– Não! Minha mãe achava que poderíamos ser apenas amigos...
– “Porque sou um nômade”, ela me disse.
null gelou por dentro, sentindo os olhos arderem por causa do vento forte. Ela sabia que o que null estava dizendo era verdade. A sua mãe nunca aprovou o relacionamento dos dois no passado. Ele, um nômade, um cigano. Sem chances de Maryse aprovar qualquer tipo de envolvimento, a culpa agora a dominava. Será que null sofreu como ela sofreu?
– Só que agora quem manda na minha vida sou eu! E eu decido ficar com você! – disse null, completamente decidida, sentindo as bochechas ruborizarem contra sua vontade. Os olhos de null ganharam um brilho intenso e um sorriso alegre surgiu em seus lábios.
– Pensei que ficaria só para sempre – disse, olhando nos olhos dela. A lua e as estrelas davam um brilho dourado nos olhos null de null. – Mas não ficarei esta noite. Sou um garoto, um homem sem lar, porém acho que com você eu poderia passar o resto da minha vida. E você será minha princesinha cigana.
– Arrume o retrovisor e abasteça, porque somos eu e você – proferiu, sem cortar o contato visual com o garoto. null sentia como se estivesse sendo puxada para mais perto dele, como em uma hipnose. Já estava perto o suficiente para que seus narizes se tocassem e suas bocas se encontrassem, formando um beijo calmo e ao mesmo tempo cheio de desejo reprimido.


IV


– Bem, como funciona essa coisa de cigana? – null perguntou, quebrando o silêncio dentro do carro, enquanto null dirigia concentrado na estrada, como se a qualquer momento fosse ver um duende com um pote de ouro no fim do arco-íris surgindo.
– Primeiro, que não é “essa coisa.” É como ser cigano – disse null simplesmente, desviando a atenção da estrada para olhá-la. null se arrependeu instantaneamente de ter feito uma pergunta tão idiota. Poderia ter formulado uma pergunta muito mais... Sutil. Talvez. Aquela era a cultura dele, era a vida dele. Tudo o que ele conhecia e respeitava. E ela a chama de “coisa.” O sorriso da garota desapareceu e a menina assumiu uma expressão culposa, como se estivesse pedindo desculpas a ele. null pareceu perceber, pois continuou: – Tudo bem – sorriu singelo. – Estamos quase chegando a um lugar que quero muito que você conheça.
– Onde? – perguntou, voltando sua atenção para a estrada, olhando de um lado para o outro, mas tudo o que via era uma mata cerrada nos lados e estrada de terra à frente.
– Aqui – disse, freando no meio do nada e saindo do carro, fazendo sinal para que null também saísse. Ela saiu, pronta para começar a protestar e enchê-lo de perguntas, quando null pegou em sua mão e a conduziu até o meio da mata um pouco densa e avistou uma trilha de cascalhos. Começaram a andar pela trilha em silêncio. null estava mais centrada em olhar cada coisa ao seu redor. As grandes árvores com enormes galhos fazendo as nuvens aparecerem em cubinhos, a pouca luz solar refletida sobre eles, flores de todos os tipos aparentando muito bem cultivadas. A garota pensou se alguém vinha ali para cuidar delas. Aparentemente, sim. Ao longe ou perto, não sabia ao certo. Escutava vozes. E escutava a voz de null a chamando.
null? – chamou pela segunda vez, até null olhá-lo. –Chegamos.
Ele se colocou ao lado da garota para que ela pudesse ver o que estava por trás. Um acampamento? Isso também ela não sabia ao certo. A trilha acabava ali e a menina nem percebera. As grandes árvores e a mata pouco densa já estavam para trás, assim como a trilha de cascalhos. Agora, à sua frente, ela via barracas com alguns utensílios para lá e para cá, uma fogueira apagada, bagagens, como se ali fosse só mais um local, um lar de muitos outros. Avistou também pessoas, muitas, passando por ali. Elas se pareciam um pouco com null. Tinham a mesma coisa brilhante que ela não sabia o que era na testa.
null desviou sua atenção para a mulher parada à frente deles. Baixa, com um vestido rosa florido e os cabelos presos em um coque, ela tinha os olhos brilhantes parecidos com os de null e bochechas gordas. A mulher aparentava ter uns trinta anos, deduziu null.
– Oi. Sou tia do null. Prazer. Sou Amatis! – Amatis cumprimentou null, abraçando-a.
– Olá. Sou null, mas pode me chamar de null.
– Pois bem, null. Pelo que percebo pela sua expressão, você deve estar confusa, não é? Em relação à cultura de null?
null se perguntou se ela era adivinha ou se saber o que a pessoa estava pensando ou sentindo estava no pacote de ser cigana.
– Sim. Um pouco.
Ser cigano é respeitar a liberdade, a natureza e, acima de tudo, a vida. É viver e deixar viver. É ter a lucidez de saber esperar. É não esgotar todos os recursos. É preferir morrer com honra a viver desonrado. É ter como lema ser feliz – dizia Amatis com os olhos brilhando. Ela devia sentir muito orgulho.
null pensou em dizer mais alguma coisa parecida, antes de sentir uma coisa vibrando em seu bolso: seu celular. Ela mal lembrava que ainda tinha um até que ele começasse a vibrar desesperadamente. Ela se afastou de null e Amatis, murmurando um “já volto” e se afastando um pouco dos dois que ainda estavam conversando e talvez nem percebessem a ausência dela por alguns minutos. Tentando achar sinal para poder ouvir o que a outra pessoa do outro lado da linha falava, ela andou um pouco até para perto de algumas barracas, ficando atrás delas e atendendo à nova chamada.

~ Ligação on ~

– Alô?
null? Filha! Você está bem?
null logo reconheceu aquela voz como sendo a de Robert, seu pai. Suspirou. Já sabia o que viria a seguir.
-Sim, papai. Estou bem.
– Por favor, diga-me que você vai voltar! null null! – disse ele em tom repreensivo, igual quando null tinha oito anos e fugiu da escola.
– Não. Se eu dissesse isso, estaria mentindo – suspirou cansada. null não queria ter uma discussão com o pai agora, mas ele não estava facilitando.
– Diga-me que você vai voltar... Um dia – soou derrotado.
– Eu vou voltar – disse calmamente. – Um dia.

~ Ligação off ~

– Querido, vá buscar uma garrafa d’água ali naquela barraca – pediu Amatis a null e ele foi. Chegando lá, o menino ouviu a voz de null perto, audível. Demorou para perceber que ela estava atrás da barraca em que sua tia mandou pegar água. O garoto chegou a tempo suficiente de ouvi-la falar: “Eu vou voltar”.
Um sentimento que ele não sabia o que era o dominou. Depois de chegar até aqui, ela iria voltar? Desistir dos dois? Aquilo não era justo.
Saiu da barraca, largando a garrafa d’água e correndo. Só correndo para longe dali. Não queria olhar para ela e se sentir fraco, vulnerável aos efeitos que o amor por null poderia causar. Já distante, ele ouvia a voz dela o chamando. null ficou se perguntando se era só ilusão da sua cabeça transtornada ou se a voz dela, ela, estava o seguindo.


V


Sometimes, a story has no end.
Sometimes, I think that we could just be friends.
"Because I'm a wandering man", he said to me.
"And what about our future plans? Does this thing we have even make sense?
When I got the whole world in front of me?"
So I said...


Seguir null correndo estava sendo uma tarefa extremamente difícil para null. Ela já estava ofegando, a camiseta azul e as calças jeans já sujos, os longos cabelos com alguns fios grudados na pele pela correria e pelo calor que há pouco tempo não estava a afetando. Parou de correr, para respirar e pensar no “porquê” null saíra correndo daquele jeito. Ela queria uma explicação válida para agora. Parando de correr, começou a andar, avistando null de longe sentado no alto de um morro, cabisbaixo, os cabelos assanhados e as roupas amassadas, iguais às dela. Percebeu que ele tinha uma aparência tão cansada quanto ela. Ambos estavam viajando por aí juntos sem a menor condição de luxo. Então a menina entendia muito bem. Se ela não estivesse igual a ele, estava pior. Foi até o rapaz e se sentou ao seu lado, como no píer, só que pronta para falar. Mas ele foi mais rápido.
– O que você está fazendo aqui? Não iria voltar?
null se assustou com o tom dele. Era carregado de arrogância e, ao mesmo tempo, outra coisa que ela tentava identificar.

I don't wanna be alone forever,
But I can be tonight.
I don't wanna be alone forever,
But I love a gypsy life.
I don't wanna be alone forever,
Maybe we could see the world together.
I don't wanna be alone forever,
But I can be
Tonight.
Tonight.


– Voltar? – perguntou, sem entender. – Não! Eu não vou a lugar nenhum que não seja com você, null! Você sabe disso. Não me faça repetir.
– Eu ouvi muito bem quando você disse que iria voltar para alguém no celular – disse, sem ousar olhá-la.
– Sim, eu disse – null pegou na mão dele e null recuou. –Mas disse isso para o meu pai e que um dia iria voltar. Não disse que seria hoje, nem amanhã e nem depois. Ainda temos muitas coisas para viver juntos... Isso se você ainda quiser.

So I just packed my baggage and
Said goodbye to family and friends.
And took a road to nowhere on my own,
Like Dorothy on a yellow brick.
Hope my ruby shoes get us there quick,
'Cause I left everyone I love at home.


– Desculpe-me – murmurou, olhando fixamente nos olhos dela. null se esticou e beijou o canto da boca dele. Deitou-se nos seus ombros, olhando para o horizonte à frente.
– Ah, eu estava pensando no que Amatis disse e as definições de ser um cigano são muito diferentes das minhas antes – disse, começando a relembrar os pensamentos. – Eu achava que, para ser cigana, só precisa ter um vestido bem rodado vermelho, brincos, anéis de ouro, pulseiras e começar a ouvir música cigana.

And then he asked me, he said:
"Baby, why do we love each other?"
I said: "Honey, it's simple.
It's the way that you love and treat your mother."


null soltou uma risada alta, gostosa de ouvir, o que só fez null se aninhar em seu peito.
– Pois é. Agora que você viu que suas definições estavam erradas, o que acha de perseguimos o pôr do sol juntos? –sugeriu quase como um pedido.
– Acho ótimo! – respondeu, voltando-se a ele, olhando-o nos olhos ao prosseguir. – Amor, para sempre você iria comigo?
– Para sempre, você iria ver o mundo comigo – afirmou com toda a certeza do mundo. Deram início a um beijo feroz, cheio de desejo. E, naquele momento, ambos estavam completos.

Baby, for life
Would you go with me?
For life,
See the world with me.


null e null seriam os lares um do outro enquanto o para sempre durasse.
Naquele mesmo dia, horas mais tarde, null recebeu outra ligação de Maryse. E todas as mágoas e ressentimentos foram esquecidos. A vida dela estava finalmente completa.

Be my home just for the day.
I'm a gypsy, gypsy, gypsy.
Hey!


The End



Nota da autora: Hey, vocês! Eu escrevo essa n/a agora, 04:50 da manhã, para dizer que foi um prazer escrever Gypsy e que estou muito feliz por ter acabado a tempo do prazo de entrega. Ouçam essa musica incrível da diva Gaga que, em minha opinião, é a melhor de todas e me inspirou muito. Não sei se essa short ficou tão boa quanto eu gostaria, porque é minha primeira e também porque fiz em cima da hora. Mas espero que vocês leiam, gostem e comentem M-U-I-T-O. HAHAHA. Bjoks. u.u :*


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