História por Mi Freitas | Revisão por That


"A arte de desvendar um mistério alheio, definitivamente não é a mesma de viver um"


’s voice.
Invasão.
Eu não sei bem em quantos sentidos posso aplicar essa palavra à minha história. Suas mensagens e avisos são invasivos, seus toques são invasivos e cheios de raiva e desejo, sua ousadia é invasiva e por mais que essa palavra seja essencialmente negativa, cada dia eu ansiava mais por suas invasões que tinham um efeito, claramente, positivo sobre a minha pessoa.
O grande mistério? Quem era ele.
É... Eu não sabia quem ele era, e antes que você pense que eu gosto da dor e de coisas mais sacanas como feitiches de homens com máscaras e tarados, está enganado, o que me instiga são os mistérios e o fato dele precisar conhecer cada pedacinho meu.
Touché.

Started.

Eu estava completamente agarrada em , aquele filme de terror estava me matando. Meu sangue estava quente e a tensão não me largava de jeito nenhum.
- Calma, , relaxa!
- Cala a boca, acho que ela vai morrer agora! – Me envolvi mais em seu peito agora escondendo o rosto em sua camisa quase prevendo o susto que o filme me daria.
riu do meu envolvimento com o filme, porém estranhamente não largava minha cintura, parecia igualmente envolvido, a grande questão é se o envolvimento estava em meu corpo ou no suspense do filme. Ah, ele era meu melhor amigo, o garoto mais safado que já tinha passado por Credence High School. O que nos tornava amigos? Confiança, lealdade... ok, ok, eu terei que ser sincera. O sexo nos fez amigos, a falta de cobrança que um tinha com o outro e a liberdade de contar tudo é o que nos tornava mais próximos. Quer dizer, sempre tem aquela “Cheerleader” que o adora agarrar na porta do banheiro feminino e sim, eu sou mulher ok? Tenho ciúmes. Mas se eu pudesse explicar o quanto esse relacionamento amoroso com ele não me fazia falta, talvez fosse mais fácil de entender que eu não suportaria caso a nossa amizade, enfim, se esvaísse.
Eu não estava nem mais prestando atenção no filme quando ele começou a alisar minha cintura, sorri ao perceber que ele estava fazendo naturalmente, sem segundas intenções. Ele estava ali, só prestando atenção no filme com alguns espasmos pelo susto que o filme dava. Meu corpo, já farto dos sustos estava, claramente, correspondendo aos carinhos. Já fazia algumas semanas em que eu não me aproveitada um pouquinho de , até porque, convenhamos, sua amizade era mais do que suficiente.
Pena que não sou de ferro.
- Ei, , vamos preparar alguma coisa pra comer? Estou morta de fome. – Ele desviou o olhar do filme e parou no meu olhar, seus olhos sempre tão tentando me decifrar, mas ele raramente me entendia de primeira, sempre parava um pouco pra raciocinar. O que me desconcertava é que ele sempre fazia aquilo com os olhos fixados em mim, o que me restava sorrir inocentemente.
Ele se levantou e foi até a cozinha e o nosso prato típico? Derreter uma barra enorme de chocolate ao creme de leite e um spray de chantilly. Fui correndo até a geladeira e peguei o spray.
- Abre a boca! – Disse para poder despejar o chantilly na boca dele, ele levantou a cabeça pra trás e abriu. – Droga , você fica muito alto! – Tive que passar para o balcão da cozinha e encher a boca dele de creme e ri vendo que ao fechar a boca, tinha chantilly por toda a parte da boca.
Infelizmente, ou não, eu estava morta de desejo. E nenhum homem deixaria passar o olhar que eu estava transmitindo agora. Passei o dedo pela boca dele e peguei um pouco do creme apenas para sentir o gostinho que ele tinha na minha boca. Ele já me olhava do mesmo jeito, só que a atitude estava demorando demais dessa vez.
- Eu quero provar. – Eu disse sem nem pensar, o puxei pela barra da camisa e ficamos apenas poucos centímetros um do outro. Passei minhas mãos por debaixo da camisa arranhando levemente seu abdômen. Senti que ficou tenso e sorri, encostei meu nariz em seu pescoço e fui subindo vagarosamente até sua boca e quase sem encostar, quase que como numa tortura, peguei um pouco do chantilly que estava em seus lábios. Rapidamente o senti agarrando minha coxa e me envolvendo minhas pernas na sua cintura para demonstrar o que eu estava conseguindo fazer com ele nessa pequena provocação, porém realizei que ele não estava reagindo e ele finalmente falou:
- , para... – Ele parecia bem inseguro e eu, finalmente, me preocupei.
- O que houve, ? Você, claramente, não quer que eu pare. – sussurrei perto de seu ouvido e mordi o lóbulo da sua orelha. Eu queria o sentir também, o que estava acontecendo?
- A Michelle, eu estou com ela agora. – Ah ta, claro, desde quando Poynter está com alguém? E DESDE QUANDO esse alguém é uma líder de torcida superficial? Abaixei minhas pernas no mesmo instante, perdendo a vontade de continuar com aquilo.
Não sei bem se ciúmes ou frustração me dominaram naquele momento e eu queria saber o porquê. Sabia muito bem que aquele não era meu amigo e ele sabe que se ele gostasse de Michelle mesmo, eu saberia. Tinha alguma coisa errada.
- – Olhei séria dentro de seus olhos tentando não perder o foco do assunto naqueles olhos . – Por quê?
- – Odeio quando ele me chama pelo nome, nunca é coisa boa – Sei o que combinamos, mas não está... Eu não estou conseguindo...
Silêncio.
E então, um grande baque na porta da frente e um bêbado – o babaca do – entrou escancarado derrubando tudo que tinha direito, ou melhor, não tinha o direito de derrubar. Corremos para a sala para verificar o que estava acontecendo com ele, já que o Hall da sala era um caso perdido.
- PORRA! , sua idiota, quantas vezes eu falei que não é pra você entrar no meu quarto, ainda mais com o MEU amigo . Sua vadiazinha, esse moleque nem sai mais comigo pra ficar vendo filmezinho com você. O que tá acontecendo, hein?- Apesar do escândalo ridículo de perto da escada, provavelmente ele ainda estava irritado com o último acontecimento... Eu não poderia culpá-lo, mesmo que esse fosse meu hobbie preferido. Obviamente, tenho meu próprio quarto, mas por um acaso do destino chegamos ao quarto de duas semanas atrás e ao voltar de uma festa, ele nos encontrou enroscados em sua cama.
Merda.
O pior é que seu envolvimento com Michelle estava ficando cada vez mais suspeito. Será que deu um ultimato ou será que o se envolveu demais? Não preciso e não quero pensar nisso agora.
foi ajudá-lo. Levou-o no quarto e quando voltou, eu já estava jogada no sofá sobrecarregada de pensamentos e achei melhor dispensá-lo.
- Ei, acho melhor descansarmos. Quem sabe continuamos a conversa depois. – Enfatizei o “quem sabe” na minha própria mente, pois claramente estava com medo daquela conversa. se aproximou e deu um beijo demorado em minha testa e saiu sem dar uma palavra.
Estávamos os dois com medo das palavras e isso não era bom.

Uncomfortable

Flashback ON
Sim, eu era uma adolescente boba, fanática pelos caras de banda, assim como as “Cheerleaders”. Das meninas que andavam comigo, 100% era do grupo e eu só não entrei porque achava aquilo fútil demais. Infelizmente, naquela idade não tinha muito que eu pudesse fazer, a convivência me influenciava em muitos aspectos, os amassos, a 2ª e a 3º base de uma relação já estavam sendo muito cobradas entre nós. Apaixonada por livros, eu os abandonei naquela fase da minha vida, grande arrependimento, aliás. Eu não queria dançar como elas, eu só queria ser aceita por elas. Sim, elas eram minhas melhores amigas e deveriam me entender sob qualquer circunstância, mas a questão era que eu também me cobrava.
Ao completar 16 anos, não demorou muito para que eu descobrisse o bom da vida. Jerry, meu ex-namorado foi quem tive minha primeira vez. Ele era um dos meninos mais simpáticos do time de basquete e o toque de intelectual foi o que mais me agradou. Não posso negar que curtimos o nosso relacionamento. Ele era um bom garoto, mas talvez esse fosse todo o meu problema. Ele era, apenas, um bom garoto. E eu, como num choque de realidade, vi que não precisava mais daquilo e não precisava provar nada para as meninas. Eu continuaria com elas, mas com um acréscimo de orgulho e, claro, meus livros de volta.
Estávamos no show de talentos da CHS e foi onde conheci pela primeira vez – e infelizmente onde nossos pais se conheceram. participava de uma banda que estava no começo do sucesso, tocavam em bares e faziam shows improvisados, mas o público mais animado era o da escola, com certeza.
Nós éramos mais novos e inconsequentes e, fala sério, quem não quer dizer que já teve um envolvimento com um integrante da banda?
já tinha sua “fã”, se é que podemos dizer assim e além do mais, não ele que mais me chamava atenção. tinha o carisma e a presença de palco que eu não enxergava em nenhum, peguei a mão das minhas amigas e fomos até o palco conversar com os meninos. Eu e não nos apresentamos. Apenas engatamos uma conversa sobre o show com os meninos. Os olhares e os sorrisos eram claramente indiscretos entre nós e a atração inevitável. Clichê demais dizer que era diferente de tudo que eu já tinha sentido? Claro.
Contudo, seu olhar não era único, também me olhava insaciável, porém seu olhar não me sustentava como o de , não era uma intensidade mútua, não era o que eu queria naquele momento.
A conversa com a banda rolou por uns 15 minutos, até que resolvi ir ao banheiro antes do show começar, a troca de olhares já estava me deixando constrangida e resolvi desistir, temporariamente, do desafio de sustentar seu olhar por mais tempo.
Parei no bebedouro e senti um leve arrepio ao sentir uma respiração atrás de mim. Ao me virar, dei cara a cara com .
- Achou mesmo que você ia se safar depois de tanto me comer com os olhos? – Me senti ofendida primeiramente, mas eu não podia negar, não poderia ter sido mais indiscreto. Rolei os olhos para ele e tentei sair da zona de alcance, o que não foi bem sucedido, pois rapidamente ele virou meu corpo e me prendeu na parede. Ele me analisou por um tempo, passando as costas da mão pelo meu rosto, descendo lentamente pelo meu pescoço e fala sério, pra que eu ia tentar sair dali, não tive o menor senso de superioridade. Ele segurou minha perna e colocou em volta de sua cintura, deslizou a mão pelas minhas coxas até chegar por baixo na minha saia do colégio, um pouco curta do que os padrões normais. Fiquei vermelha e revirei os olhos de novo, só que dessa vez demonstrando falta de resistência ao que estava ocorrendo. Joguei a cabeça pra trás dando espaço para que ele explorasse meu pescoço e subisse até meus lábios, porém não beijou. “Ah, por quê?” Minha mente exclamou tão alto que eu soltei um gemido. Ao tentar beijá-lo, ele afastou um pouco a cabeça sorrindo com o meu desespero. Ele me pressionou mais na parede para sustentar minha perna e subiu a mão até minha cintura, pude sentir claramente o que o contato de nossos corpos ocasionou não só a mim, ele estava excitado e eu, droga, eu involuntariamente estava me esfregando no tecido firme da calça Jeans de . Aquela provocação parecia ter dado certo, pois ele finalmente pediu permissão para que sua língua explorasse minha boca com intensidade, suas mãos foram descendo da minha nuca, por debaixo na minha blusa arrepiando cada centímetro do meu corpo. Nossos movimentos se intensificaram e o corredor estava deserto, mas ainda dava pra ouvir a afobação vinda do auditório. O primeiro alarme do auditório tocou. Espera, o que? Ele me segurou firme para que os movimentos parassem e eu gemi em contestação.
- Merda, . – Ele sussurrou no meu ouvido e parecia frustrado. Deslizou a mão pela minha perna novamente até chegar à minha intimidade e então percebi que o incômodo era grande e eu sentia uma leve dor que precisava ser aliviada de uma única maneira e por uma única pessoa.
– Droga, pequena, como posso te deixar assim? – Ele me deu um beijo leve, mordendo de leve o lábio inferior e puxando para si. Em silêncio ele se afastou e foi assim que ele se virou e foi embora.
Ah, meu deus, como eu tinha raiva, talvez em alguns minutos ele pudesse resolver o meu problema. Argh, mas como eu era promíscua de pensar assim... Mas quem liga? Olha o jeito que esse menino me deixou. Ele até... Espera, ? Como ele sabia meu nome e mais, como ele sabia meu apelido? Talvez devesse ter ouvido falar pelo colégio, não é tão difícil certo?
Cheguei a minha casa e fui direto para o meu quarto, estava exausta e não conseguia parar de pensar no ocorrido. Até tentei acompanhar o show, mas não dava pra ver aquele menino e não sentir uma imensa raiva, frustração... Desejo. Minhas amigas ainda me ligariam com broncas insanas pelo meu sumiço. Mas quem liga?
Perdida em pensamentos entrei no banheiro e logo vi um envelope preto e pequeno preso ao espelho. Atrás tinha escrito meu nome e dentro um pequeno cartão branco escrito de vermelho:

“I’m watching you”

Flashback OFF

Bem, depois de ficar bem assustada e mal conseguir dormir por alguns dias, eu fui obrigada a esquecer daquela brincadeirinha de mau gosto. Não tinha ideia de quem poderia ter entrado na minha casa e tão cuidadosamente prender um envelope no espelho do meu banheiro. Nem ousei perguntar aos meus pais, se não tivesse sido ninguém da família, eu só poderia causar tumulto, ou pior, ser acusada de inventar historinhas sem graça.
Um pouco tempo depois minha mãe começou a sair com o pai de , o desejo foi reprimido, aliás, qualquer tipo de simpatia foi reprimida também, educação nunca foi bem exercida por nós dois. A única coisa útil que esse canalha fez depois de virar “parte da minha família” foi me apresentar que hoje em dia é um grande pedaço da minha vida.
Nunca mais recebi nenhuma mensagem anônima. Quer dizer...
Até hoje.

My Wooden Box

Entrei cansada no meu quarto e eu precisava da minha leitura para relaxar e finalmente dormir. Abri meu livro na página marcada e um pequeno envelope preto, exatamente como o da primeira vez, caiu da página do livro. A caligrafia estava meio turva, mas era legível e eis o que me dizia:
“Saudades, minha pequena? Bem, logo, logo você me encontrará. Eu te garanto.”
Não foram poucos os xingamentos que me vieram à cabeça naquele momento, já haviam passado dois anos, pra mim aquele sentimento de medo já tinha acabado, eu achava que era algo que eu nunca sentiria de novo. Quem era aquele psicopata maluco? O que ele queria de mim?
Sai correndo e abri o fundo falso do meu armário, abri minha caixa de madeira que eu já não via faz um tempo, lá o que restavam eram cartas das minhas amigas, de Jerry, desenhos de infância e bem lá no fundo, bem escondido, residia o envelope preto, já meio empoeirado. Não sei por que o guardei. Talvez pra tentar desvendar quem me mandou e partir pra cima de quem fez aquela brincadeira idiota. Mas a verdade é que eu nunca quis retomar o assunto. Retirei-o e confirmei que a caligrafia tinha mudado, mas já havia passado tanto tempo, o que o fez retornar? Ou melhor, o que o fez me mandar aquele primeiro envelope pra começo de conversa. Eu já me sentia tonta de tanto pensar. Foi quando percebi que não ficaria sozinha naquele quarto, nossos pais iam passar a noite fora e a única pessoa que restava naquela casa: .
Meu quarto era devidamente trancado desde aquela noite, meus pais tinham acesso e só quando eu permitia – quase nunca. tinha passado a noite fora com os amigos, bebendo e não entrou no meu quarto. Andei vagarosamente pelo corredor escuro, não tinha percebido como a noite estava fria. Corri até o quarto de e o abri.
- , você está dormindo? – sussurrei, esperando que ele me acolhesse. Brigávamos todos os dias, porque raios ele faria isso? Ele não respondeu e segui até sua cama, deitando ao seu lado como se fosse uma criancinha indo de fininho até o quarto dos pais com medo do bicho papão.
- O que você quer ? – Merda.
- Posso ficar aqui essa noite? – Eu choraminguei que nem criança. Sem nem se mover, ele respondeu:
- Não.
- MERDA , foi você que colocou aquele envelope no meu livro? – Eu poderia ver seu sorriso malicioso caso ele não estivesse de costas, mas ele estava apenas dormindo. Finalmente se virou pra mim e abriu os olhos, estava acabado.
- ... Sai do meu quarto. Você não está vendo a puta ressaca que eu to passando?- Foi quando ele encontrou meu olhar e suspirou. Senti seu toque pela pele da minha bochecha, fechei os olhos e estremeci, sabendo que ansiava por esse toque por muito tempo. Quando abri os olhos ele estava a poucos centímetros de mim. Mordi meu lábio inferior. Estávamos nos olhando pelo que parecia um bom tempo e ele apenas disse:
- SAI. – E virou-se de costas para voltar a dormir. Levantei com raiva de sua cama, como ele poderia fazer isso comigo? Eu estava com medo. Mas ele nem devia saber o motivo. Um pouco antes de bater a porta dele, pude ouvi-lo baixinho dizendo “Eu sabia...”. Não pude ouvir o resto e foda-se, eu não estava interessada. Fui correndo para o meu quarto com medo daquele corredor escuro e me enfiei debaixo das cobertas.
Acho que dormi por no máximo 3 horas aquela noite, acordei de manhã cedo para preparar o café da manhã. Eu nunca faria isso em condições normais. Estava com um shortinho de malha e uma blusa básica esperando que ninguém acordasse cedo. Nossos pais já tinham chegado, pois estava bem atenta à porta lá pelas 5 da manhã. Porém, quando cheguei à cozinha, lá estava com uma garrafa de 2 litros d’água e a cabeça jogada na mesa.
- O que está fazendo acordado? – Eu disse adentrando pela cozinha e indo direto para geladeira. envolveu os braços na cabeça e perturbado retrucou:
- Por que está gritando ? Meu Deus... É só isso que você sabe fazer? – Resolvi ignorá-lo.
- Vou fazer panquecas, quer? – Peguei no ponto fraco, ele provavelmente estava morrendo de fome depois da noite anterior. Ele apenas concordou sem poder me insultar mais, já que ele não tinha a mínima condição de preparar uma refeição descente. Senti seus olhos me acompanharem enquanto ia da geladeira ao fogão diversas vezes. Ele estava me analisando e eu senti meu rosto quente ao perceber que ele não estava sendo discreto. Nós nunca nos olhávamos nos olhos, a não ser quando estávamos brigando e queríamos convencer de que os absurdos que estávamos falando eram a verdade.
- Vai ao bale de máscaras? – Eu disse para que ele se distraísse com outra coisa, provavelmente a dor de cabeça não estava deixando-o pensar direito. Ele saiu do transe e respondeu gélido, assim como ontem de madrugada:
- Não. – Com raiva joguei a panqueca em um prato e dei pra ele. Ele se levantou e foi para o quarto, minha companhia para comer não era das melhores, eu acho.

As meninas chegaram cedo, lá pelas 10horas para planejar tudo para o baile de hoje. Não tinha falado sobre isso, não é mesmo? Todo ano o CHS faz um baile e a comissão decide o tema, bem, decidimos o baile de máscaras e a ideia de não reconhecer as pessoas ao longo da festa estava me animando e muito. Nós passamos a tarde fazendo nossas máscaras, saímos para ver os vestidos e fomos para casa de Jenny para nos maquiarmos e, obviamente, para ficarmos impecáveis aos olhos de qualquer um.
Estávamos todas rindo até que meu celular mandou um alerta de mensagem, me afastei um pouco das meninas esperando que fosse minha mãe para saber que horas eu voltaria para casa. Meu coração disparou quando reconheci que era meu anônimo que me enviava uma mensagem.
“Minha pequena, será você aguenta esse mistério?”

My Masked Man

Droga. Meu coração estava disparado e eu logo mudei de um comportamento positivo e extrovertido para uma pessoa tensa e antissocial.
- , meu amor, o que tá acontecendo com você querida? – Jenny foi a primeira a perceber, não que ela fosse a mais inteligente do mundo, sinal de que estava realmente na cara. Eu sorri e fiz uma careta desentendida.
- Nada “querida”, que tal começarmos a festa desde já? – Tirei da minha mochila o melhor amigo de qualquer mulher, o José.
- TEQUILA! – Todas gritaram ao mesmo tempo e o que eu fiz foi gargalhar. Apenas para esquecer a onda de temor que eu senti ao pegar meu celular. Coloquei no silencioso e não o veria para o resto da noite. Estava decidido.
Eu ia ter que encher a cara.
Acho que exagerei nos “shots”. Droga. Não era pra eu estar cambaleando até a limousine era? Reunimo-nos todas, e colocamos a música no máximo, apenas para cantarmos alto até o baile. Ao chegarmos, sorrimos umas para as outras e colocamos as máscaras delicadamente feitas à mão. Adentramos o lugar e nos separamos, cumprimentamos os convidados e fomos verificar o funcionamento do lugar. Tudo tinha que estar perfeito. Em pouco tempo, CHS já estava toda aglomerada na pista de dança, estávamos todos bêbados e o Open Bar não parava! A batida estava alta e eu, claramente já estava fora de mim, dançando sensualmente entre minhas amigas e atraindo os olhares alheios. Mesmo com toda aquela distração, eu ainda não tinha esquecido a mensagem que eu recebera antes, ou seja, preciso de mais uma caipirinha. Eu preciso... Esquecer. Fui até o bar e esperei até que alguém me atendesse e imediatamente o garçom trouxe minha bebida com um bilhete em baixo.
“Me encontre no corredor dos armários, você sabe quem”
Eu sorri, estava me esperando no corredor dos armários, sem mais, me lembro da última vez que ele me mandou um bilhete desses, estávamos num teatro e a peça era, simplesmente, insuportável. Tenho certeza de que é ele, pois as palavras eram exatamente essas, a diferença era que tivemos que nos encontrar debaixo das escadas principais e eu diria que foi um encontro bem caloroso.
Terminei minha bebida e fui confiante até o corredor dos armários. Tudo com era mais fácil, eu sabia exatamente o que fazer e como fazer, não, eu não perdia a respiração e não ficava pra trás em questão de provocar. Eu não precisava “perder o ar”, quanta baboseira. A mulher hoje em dia tem tanto poder quantos os homens.
Fui pensando e quando me dei conta já estava no corredor dos armários. Senti alguém me puxar rapidamente para dentro do almoxarifado. Ele me agarrou com força, eu estava de costas para ele e sorri.
- Estava com saudades? – Senti-o concordar. Ele estava me abraçando por trás e logo seu toque foi descendo pela minha barriga. Tentei me virar, porém fui pressionada na parede desse jeito mesmo. Eu queria fazer alguma coisa, queria tocá-lo, mas minhas mãos estavam presas pelo meu próprio corpo na parede. Senti suas mãos pela minha coxa e rapidamente minha liga foi solta. Com a outra ele adentrou por dentro da minha blusa, pelas minhas costas e com pouco esforço, meu sutiã pulou. nunca foi tão rápido e tão... Intenso. Eu queria pará-lo, queria olhar em seus olhos, mas tinha medo que ele parasse, eu tinha um pressentimento que aquilo era proibido e que qualquer movimento brusco o fizesse fugir, talvez pela máscara ou por Michelle, e do nada percebi que precisava daquilo assim como precisei há dois anos. Nessa mesma escola. Alguns corredores de distância. Só percebi que sua mão tinha deslizado todo meu corpo e chegado aos meus seios quando meu pensamento se esvaiu, ele estava estimulando-os como nunca tinha feito antes, como se ele procurasse minha voz e, ah, ele escutaria. Eu gemia baixo e logo precisei do seu toque em outro lugar. Livrei uma de minhas mãos e o guiei para a minha intimidade, ele apenas afastou minha calcinha, mas não me penetrou. Seus dedos brincavam por ali me torturando e eu gemi em protesto.
- , por favor. – E era como se eu tivesse falado uma palavra proibida, ele me penetrou com uma força sem igual e na mesma hora tampou minha boca para abafar o grito que escapou de meu corpo assustado. Suas mãos estavam mais fortes, talvez pela intensidade a qual ele estivesse me penetrando, minhas pernas vacilaram, mas a parede e suas mãos firmes em minha cintura me seguravam. Droga, eu estava completamente sem ar e mesmo assim cada vez eu ansiava por mais, eu estava perto do clímax, meus gemidos ficaram mais frequentes. “Por favor, não pare”, minha mente dizia sem parar sem que eu pudesse gesticular nada. E foi quando ele pareceu ouvir exatamente o contrário, ele parou. Eu soquei a parede com uma raiva sem igual, mas que porra...
- Isso é pra você aprender, minha linda – Ele sussurrou no meu ouvido bem baixinho e saiu. Meus olhos estavam arregalados e lágrimas se formavam intensamente nos meus olhos com uma frustração enorme. A voz de parecia rouca, mas era o que pouco importava, eu ia matar esse canalha, que tipo de “melhor amigo” faz isso?
Ajeitei minha roupa de qualquer forma e sai porta afora procurando aquele filho da puta. Assim que entrei no salão o vi perto de uma parede. Meu coração disparou, ele estava agarrado em Michelle, sorrindo e foi então que eu, finalmente, me toquei. Não era que estava lá, era um homem desconhecido, sua mão era mais forte, sua voz mais rouca, seu jeito de me pegar era diferente. Mas eu estava fora de mim, bêbada, eu nem tinha reparado em suas palavras. Aprender o quê? O que eu tinha feito? Ai meu Deus, eu estou me perguntando o que EU tinha feito, sendo que eu senti prazer com alguém que eu nem tinha olhado. Mas como aquilo era bom. Argh! Eu preciso ficar sóbria, sai correndo para o banheiro para lavar o meu rosto e comecei a chorar intensamente.
- AMIGA! O QUE HOUVE? – Gritou Hayley assim que entrou no banheiro e me viu jogada em cima da pia chorando sem parar.
- Estou me sentindo mal, acho que bebi demais, por favor, me leve para casa.
- O cara da limousine está ai fora , pode ir, é só depois pedir para ele voltar para nos buscar mais tarde. – Eu assenti e agradeci, fui para a porta da festa e pedi para que o motorista me levasse. Uma sensação horrível de que alguém ainda me observava estava tomando conta de mim. Eu não ousaria procurar. Eu só queria chegar em casa.

Heartless?

Sai correndo do carro para entrar no Hall de casa, eu ansiava por segurança e pensei, por um momento, que talvez minha casa fosse um lugar seguro. Subi correndo as escadas e de relance vi jogado no sofá vendo televisão. Assim que entrei no quarto, eu queria morrer, o envelope preto estava cuidadosamente preso junto ao meu mural de fotos. Eu queria rasgá-lo, mas algo dentro de mim me dizia que eu deveria lê-lo.
“Desculpe-me, minha pequena, eu te recompensarei. Não se assuste, por favor, eu te quero tanto.”
COMO ELE OUSAVA – quem quer que ele fosse – SER CARINHOSO COMIGO? Sei que tem mil e uma maneiras de conquistar uma mulher e pode ter certeza que assustá-la não é uma delas. Ajoelhei-me no chão e chorei, cheguei a soluçar, eu estava com medo, eu estava assustada por querer tanto aquele toque. Meu corpo todo o queria também, mas minha mente estava confusa. Ele era um psicopata ou quem sabe até um pedófilo. “Por favor”, minha mente gritava para mim, eu queria apagar tudo. Aquele sentimento de que alguém estava me observando tomou conta de mim novamente, mas quando olhei para cima. estava lá de braços cruzados, encostado em minha porta, como se nada tivesse acontecendo e o pior? Sorrindo.
- O que aquele idiota do te fez ?
- Cale a boca, , me deixa em paz.
- Hmm, deixa eu pensar bem... Não.
- MEU DEUS DO CÉU, você não vê que eu estou acabada?
- Ah sim, eu vejo... Meu maior prazer. – Ele disse soltando um sorriso malicioso e eu queria matá-lo. Levantei com o intuito de dar-lhe um belo tapa na cara, porém com um ágil reflexo ele logo segurou a minha mão que se fechou em punho.
- ME SOLTA! – Eu gritei me debatendo. Como eu tinha raiva dele, de , do homem misterioso, como eu estava frustrada.
- Parece que tem alguma coisa te incomodando, – Ele estava jogando com as palavras só pra me provocar, será que ele não parava nunca? Eu respirei fundo e ele se aproximou. – O que está acontecendo com a minha pequena “irmãzinha”? – Seu tom foi claramente sarcástico e meu sangue estava fervendo, porém minhas mãos ainda estavam presas.
- , por favor. – Ele sorriu vitorioso. Eu queria tanto entendê-lo, o que ele estava fazendo? Ele afrouxou minhas mãos esperando que eu estivesse mais calma e alisou meu rosto com um toque suave. Eu estava tão confusa, mas eu queria tanto um conforto. Sem pensar, eu dei um tapa na cara dele e ele segurou o rosto, confuso e assustado.
- Mas que porra é essa ?
- Isso é por tudo que você já me fez , desde aquela primeira noite no show de talentos, por todas as brigas e as humilhações e por todas as coisas que você ainda fará comigo. Eu não aguento mais conviver com você. Você só me importuna, minha vida está de cabeça pra baixo e você fica ai parado na minha porta sorrindo, quem você pensa que é afinal, “irmãozinho”? Eu queria jamais ter te conhecido. – Aquilo era uma puta de uma mentira, deslavada, a única coisa que eu não queria é que ele fosse da minha família, eu o queria desde aquela noite, mas cada vez que eu o encontrava eu ficava com mais raiva, era como se ele quisesse tanto quanto eu, porém ele só me maltratava.
Ele se recompôs e saiu porta a fora como se nada tivesse acontecido, achei que ele me bateria de volta que era o que eu merecia, mas é claro que ele me deixaria com mais um remorso. Deitei na minha cama e chorei até pegar no sono.
Despertei no meio da noite com uma dor de cabeça infernal, resolvi criar coragem e descer as escadas para pegar um copo d’água. Assim que parei no último degrau, eu gelei. Eu sabia que tinha alguém na cozinha que estava olhando diretamente pra mim. Pensei em subir as escadas correndo, pensei em correr para fora de casa, mas algo me dizia que não importa o caminho, ele me alcançaria. Liguei as luzes, esperançosa que fosse apenas uma sombra, uma ilusão da minha cabeça que afinal, estava em constante paranóia de uns dias pra cá. Quando levantei a cabeça, era e eu respirei fundo, mas não completamente aliviada. Seus olhos eram intensos e me olhavam com atenção, cheguei a estremecer. Andei em sua direção para entrar na cozinha e me saciar com um copo de água, minha cabeça ia explodir.
Ele me bloqueou.
- , eu não estou com paciência pra isso. – Eu revirei os olhos. Ele me rodeou e pude vê-lo de perfil, seu rosto ainda estava avermelhado pela intensidade do tapa que eu lhe dei mais cedo. Por um momento me senti arrependida, mas logo esse sentimento foi embora ao ouvi-lo dizer:
- Talvez você precise de uma lição . – Ele me analisou de cima a baixo. E um sorriso maníaco saiu de seus lábios.
Ele me puxou pelos punhos e os levou para as minhas costas. Eu sentia dor, mas não tinha forças para reagir. Ele me arrastou até a mesa como se eu fosse uma presidiária e amarrou meus pulsos com sua blusa social que estava em cima da cadeira. Ele havia planejado isso? Quando o encontrei mais cedo ele estava de pijama, não estava? Eu estava assustada demais, será que ele me bateria? O que ele queria que eu fizesse?
- , me solte. Por favor, me desculpe. Eu não quis te bater e... – Minha voz saiu mais fraca do que eu esperava.
- Cala a boca . – Ele me virou novamente com tanta agilidade que me senti tonta pela dor de cabeça que ainda sentia – Você vai ficar quietinha está me ouvindo? Ou terei que parar.
- Mas parar... O que...? – Ele tapou minha boca com a sua mão e repetiu.
- Fique quieta. – Ele me levou até a parede fria da cozinha e logo me arrepiei. Fechei meus olhos para que aquilo terminasse logo, não importa quantos tapas ele me daria, eu não gritaria. Eu só esperaria terminar e que fosse rápido. O que eu não sabia é que ele tinha algo muito mais cruel em mente. Encostei minha cabeça na parede, fechei os olhos e esperei. Nada veio. Nenhuma dor, nenhum impacto. O que senti foi a ponta de seu nariz pelo meu decote, subindo pela lateral do meu pescoço até parar em baixo de meu ouvido.
– Quem você pensa que é pra me deixar assim? – Ele sussurrou e por um momento eu pensei em retrucar sua pergunta, mas permaneci quieta. Ele mordeu o lóbulo da minha orelha com cuidado e desceu beijos pelo meu queixo até o canto da minha boca, involuntariamente eu a abri, esperando que ele me beijasse com ferocidade, mas assim como meu tão merecido soco não veio... O beijo também me foi negado. Sua boca estava a poucos centímetros da minha, pois eu conseguia sentir sua respiração perto de meu rosto e logo sentiria o calor de seu sussurro.
- Você quer não é? Você me quer como eu te quero não é, minha linda? Por favor, não se mexa ou terei que parar. – Quis concordar, mas tive medo. Senti os botões voarem de minha blusa sendo arrancada, a única coisa que me cobria era aquela blusa social que eu amava dormir, mas eu não me importava. Ele abriu minha blusa expondo meus seios e eu sabia que ele não tinha feito nada ainda, pois estava me analisando. Pouco tempo depois, senti sua boca faminta em meus seios, estimulando-os e me fazendo morder os lábios de excitação. Ah, sim, sabia exatamente como me tocar, assim como da primeira vez quando ele me comia com os olhos e naquele momento eu tinha certeza que ele faria com o resto de seu corpo também. Eu sorri involuntariamente. Ele subiu a boca pelo meu pescoço e parou em meus lábios novamente, passou levemente o nariz pelo meu e pediu permissão para que o beijo se concretizasse. Eu correspondi e o começo foi suave, mas logo nossos beijos se intensificaram e a vontade de explorar um ao outro era cada vez maior. Eu queria que ele me soltasse, eu precisava tocá-lo, mas sabia que ele não faria agora, ele estava me castigando. Ele subiu a mão pelos meus ombros para que pudesse tirar minha blusa completamente, porém ela parou em minhas mãos amarradas. O que não o impediu de deslizar as mãos pelas minhas costas nuas e parar na parte inferior de minha coxa. Ele as levantou e me colocou em seu colo, sua ereção já era evidente dentro de sua calça Jeans. Droga, em que momento ele tinha colocado aquela roupa? Eu queria senti-lo, porém meus pensamentos não faziam mais sentido, uma onda de temor tomou conta de mim, não sei se por medo de mais uma frustração ou pelo trauma que eu havia passado mais cedo, mas meu corpo se enrijeceu assim que seus dedos chegaram em minha intimidade.
- O que houve? – Eu resolvi olhá-lo, porém o que vi não foi confusão e sim culpa. Uma culpa que me deixou confusa, afinal, já tinham se passado dois anos desde que fui deixada pela primeira vez.
– Calma, se comporte e eu terminarei dessa vez. – Ele disse sério e colocou seus dedos perto de minha boca para que eu pudesse chupá-los, sabendo que eu ainda não tinha relaxado. Ele afastou minha calcinha com cuidado e me penetrou com seus dedos firmes, porém o que senti não foi raiva e sim delicadeza, ele estava me dando prazer. Fui relaxando aos poucos para que ele pudesse intensificar os movimentos. Soltei minhas mãos amarrada com um pouco de esforço e eu agarrei sua nuca para que pudesse movimentar meu corpo junto de seus dedos.
- Droga , o que eu disse sobre se comportar? – Eu quis me matar, não, ele não podia parar agora. Eu estava ofegante, meus olhos estavam prestes a lacrimejar novamente, comecei a beijá-lo várias vezes, parando apenas para puxar seus lábios para mim. Aproveitei que suas mãos estavam firmes em minha cintura, pois sabia que sua coragem de se afastar não era das maiores, ele queria tanto quanto eu, eu não deixaria meu pequeno deslize afastá-lo. Desabotoei sua calça ansiando por um toque mais forte, deixei-a cair, abaixei sua boxer para baixo e envolvi minhas pernas com mais força em sua cintura, trazendo o para mim, comecei a me movimentar, apenas para senti-lo em minha entrada, sem forçar a penetração, eu sabia que estava provocando-o e sabia que ele não aguentaria muito tempo. Ele me penetrou com força e me beijou imediatamente para abafar meu grito, os movimentos eram intensos e ele o retirava completamente, apenas para retornar com a mesma força anterior. Eu sabia que não demoraria muito tempo pra mim, porém enrijecia a cada instante para poder adiar o clímax.
- , por favor, para! Eu não vou parar, eu prometo, eu vou te recompensar. – Nossos quadris batiam numa velocidade inacreditável e ao relaxar, eu gozei. Porém ainda se movimentava, tentando realmente me recompensar pelo tempo perdido. Ele havia se segurado, apenas para me dar mais um momento de prazer
- Fica acordada, minha pequena, dessa vez vamos juntos. – Ele mudou um pouco a posição só para me tocar em ponto mais específico, ah, ninguém nunca tinha me deixado dessa maneira, nem , nem Jerry, nem ninguém. Não demoramos muito para que chegássemos ao orgasmo e dessa vez foi quem gritou mais alto. Eu deslizei pela parede junto de sentando em seu colo. Meu sorriso era bobo e involuntário. Eu não entendia como podia desejá-lo tanto. Quem sabe se tivéssemos terminado aquilo lá naquele corredor do auditório, não estaríamos com todo esse fogo agora. Quem sabe não valeu a pena?
Ele distribuía beijos pelo meu pescoço e eu finalmente tive coragem de olhá-lo nos olhos por mais tempo. Tão . Tão perdidos em pensamentos. O que será que ele pensava? Eu quis perguntar, porém o silencio era mais seguro. Agarrei seus cabelos perto da nuca e trouxe seu rosto para perto de mim, apenas para tocar em seus lábios novamente. Nossos beijos eram curtos, mas eram calorosos. Ele me levantou ainda em seu colo e me levou para a cama. Ele soprou algo em meus ouvidos que eu não pude traduzir para palavras antes de ir embora, estava muito cansada para reclamar e soltei um gemido baixo, sorri ao ouvir uma leve risada e finalmente um baque na porta antes que eu pudesse apagar.


End(less)

Acordei com um leve sorriso no rosto, não sabia exatamente o que pensar só sabia mesmo que eu me sentia bem. Virei de lado e gelei: uma pequena flor junto do famoso envelope preto estavam ao meu lado na cama. Eu queria ignorá-lo, aliás, porque deixar que alguém que eu nem conhecia estragasse o único dia que eu estava realmente feliz? Quem sabe se eu não me deixasse abater, ele desistiria. Ele poderia entrar na minha casa, mas não conseguiria entrar na minha vida. Não, não dessa vez.
Peguei o envelope e fui direto para a lixeira de meu quarto. Não. Tinha que ser algo mais dramático. Se ele estava sempre me observando, ele me veria jogar esse envelope no lixão. Desci as escadas correndo e preso à porta da frente, havia outro envelope só que dessa vez de cor branca.
- Ah meu Deus! – exclamei para mim mesma sem reação. – eu tenho que acabar com isso – sussurrei e abri o primeiro envelope.

“Acho que já está curiosa o suficiente, que tal seguir para a porta da frente?”

“Idiota”, pensei comigo mesma sabendo que era exatamente o que eu tinha feito e realmente, a curiosidade estava me matando e ele me levaria até ele. Um medo subitamente tomou conta de mim. O que ele queria comigo afinal? Por que não sai da minha cabeça conhecê-lo? Ele poderia querer me matar. “Não, , ele já teria feito à essa altura”. Minha mente gritava a resposta para minhas próprias perguntas, porém aquele sentimento insistia em me dominar. Finalmente, abri o segundo envelope.

“Muito bem, minha linda, agora faça o que você costuma fazer. Que tal passar na padaria para um café da manhã?”

Eu gargalhei. Sim. Alto. PADARIA? CAFÉ DA MANHÃ? Ele só poderia estar me sacaneando, me colocando dentro da minha própria rotina. Quem ele achava que era?
Pensei seriamente em não ir à padaria essa manhã, quer dizer, fazer o que ele queria? Fazer o que um psicopata está mandando? Só estando fora de si.
Pena que toda essa história era bem mais forte que eu, enquanto minha mente me perturbava gritando indignações, meu coração estava acelerado e eu já estava colocando meu casaco para andar até a padaria.
- ! Pensei que não viria! – Gritou Frank, dono da padaria e grande amigo de nossos pais. Logo me lembrei de . O que eu estava fazendo aqui? A única coisa que eu queria era acordá-lo com o meu carinho, meu rosto perto do dele, seus beijos, seus toques... – Mademoiselle! – Frank me acordou do transe e estava sorrindo apontando para uma mesa lotada de pequenas flores como as quais eu acordei perto, com doces e pães na minha mesa preferida, aquela em que eu lia enquanto batia o sol do fim da tarde, mas que agora eu estaria também apreciando o sol da manhã. Eu não conseguia entender. Será que estaria fazendo tudo isso pra mim? Ele me acompanhava as vezes, mas será que sabia tanto sobre mim?
Ali, bem em cima do prato, estava meu novo envelope, as cores estavam se alternando, agora ele era preto novamente. Sentei-me e logo abri o envelope.

“Sei que está ansiosa, porém quero que aprecie seu café da manhã antes que possa prosseguir o caminho. No final, quando estiver devidamente alimentada, Frank lhe dirá para onde ir.”

Afobada do jeito que eu sou, eu realmente não ficaria para o café. Frank tinha que me dizer o que estava acontecendo, após o café é claro.
- Frank, quem te mandou você fazer isso? Por favor, estou completamente perdida! – Frank apenas sorriu e se observasse melhor, lá estava uma pontinha de malícia em seu sorriso.
- Mademoiselle, acalme-se, aproveite seu café. Os pães já foram enviados para sua casa e tudo já foi providenciado. Claire está te esperando na biblioteca da cidade, vá até ela e ela te indicará o caminho.
Levantei-me e fui direito para a biblioteca, ah meu deus, quanto tempo isso ainda vai durar? Será que, ao menos, Claire poderá me dizer o que está acontecendo?
- CLAIRE! – Gritei ao perceber que a biblioteca estava vazia, porém aberta. No balcão um livro conhecido estava no balcão. Meu livro preferido estava lá. “” estava aberto em minha página preferida com o meu famoso envelope branco.
- Bom dia, ! – Claire apareceu sorrindo e apenas completou – Minha querida parece que esse livro é seu agora! O compraram pra você. – Eu nem sabia que livros da biblioteca da cidade poderiam ser comprados, eu só sabia que eu o pegava sempre e devolvia quase no dia seguinte de tão rápido que eu conseguia devorá-lo. Algumas palavras estavam gravadas em minha mente. Eu não sei bem o que me faz gostar tanto desse livro, mas mexe comigo de um jeito que nenhum outro conseguiu e sempre que posso quero lê-lo novamente. Nessa nova mensagem, ele citava uma passagem do livro que sempre me fazia sorrir. Por fim, dizia para encontrá-lo no velho galpão aos arredores da cidade.
Entrei no ônibus e estava prestes a desistir. Mesmo com tudo que esse dia me proporcionou, eu tinha medo de conhecê-lo. Tinha medo de ter que encará-lo. Tinha medo de quem ele era. Mas eu tinha que ir até o final.
Fazia anos que eu não vinha ao galpão, adorava vir aqui para brincar, descobrir “tesouros perdidos”, mas essa fase simplesmente passou... O tempo passou. Abri a grande porta e o que era pra ser apenas um espaço empoeirado com cheiro de mofo, tinha se tornado como se fosse uma estufa. Havia flores de todos os tipos, desde lírios a rosas compondo uma chuva de cores. Por todo o chão havia envelopes pretos e brancos que formavam uma grande seta para seguir adiante, antes que pudesse dar um passo ouvi o toque de um violão. Eu sorri com a melodia. Andei entre algumas plantas e finalmente o vi.
Ele vestia uma máscara e eu apenas sorri. Ele se levantou e veio até mim. Colocou uma das mãos em minha cintura, subiu a outra e me puxou para uma dança no silêncio. Levantei sua máscara com uma das mãos exclamando apenas o que eu já sabia:
- ! – Ele estava sorrindo e seus olhos brilhavam. Passamos algum tempo em silêncio, apenas dançando, mergulhados no olhar um do outro.
- Oi, ! – Ele sussurrou em meu ouvido. Minha cabeça rodou e eu sabia que precisava de explicações. Virei-me rapidamente com a mão em minha testa.
- Por que ? Por que me assustou? Por que quis me perturbar por tanto tempo? Por que fingiu que não era você quando eu perguntei? Por que não fez nada quando me viu chorando de desespero? – Eu estava ofegante e algumas lágrimas escaparam, tinha cuspido todas essas perguntas de uma vez só. Por incrível que pareça ele permanecia calmo.
Puxou-me gentilmente para seus braços novamente e encostou a testa da minha. Passou o nariz pelo meu, respirou fundo e soltou as palavras como num desabafo:
- Ah , se você soubesse o quanto eu te desejava. Eu queria estar lá pra você que nem o sempre esteve, porém eu não me contentaria só com a sua amizade, eu precisava de você. Tentei tantas vezes me desvencilhar desse sentimento, dessa angustia, mas todos os dias você estava lá novamente, andando de lá pra cá, me esnobando, mas ao mesmo tempo olhando pra mim com aquele olhar triste. Eu sempre soube, minha pequena, que você me queria também. Nós nos desejamos tanto. Eu queria te afastar, pensei em tantos meios, mas não podia fazer nada radical, por incrível que pareça, eu amo meu pai e sua mãe. Queria que com aquele primeiro bilhete você precisasse ir embora, queria que você tivesse se assustado a ponto de pedir pra sair de casa, queria que você contasse à sua mãe o que estava acontecendo pra que ela pudesse tomar providências. Alguém tinha que te afastar de mim. Mas você escolheu sofrer sozinha, encarar sozinha, ignorar. Você sabia que podia estar em perigo e quis se envolver mesmo assim. Depois de ontem sabia que isso não podia continuar e que você tentaria descobrir o autor das mensagens de qualquer maneira. Eu sabia que me procuraria. Mas a única coisa que posso lhe dizer é que te amo. Eu te amo e não vou deixar você ir embora. Nós lidaremos com os nossos pais. Nós nunca fomos irmãos. Nunca seremos. Mas não podemos culpá-los de se apaixonarem, assim como eles não poderão nos culpar por sentirmos o mesmo um pelo outro. Por favor, não chore. Fica comigo.
As lágrimas corriam sem parar pelo meu rosto, mas eu estava feliz. Eu o amava e o queria tanto, envolvi meus braços em sua nuca e o beijei, um beijo caloroso que demonstrava o que palavras não poderiam falar. Ele me pegou no colo e deslizou suas mãos por dentro do meu casaco, subindo até o meu pequeno shortinho de pijama. Sorrimos ao mesmo tempo. Em pouco tempo eu já estava fora de mim e a única coisa que eu queria é que ele estivesse dentro. Ele se sentou na cadeira e me colocou no colo. Rapidamente desabotoei sua calça. Nosso beijo a essa altura estava intenso, nossas bocas já se conheciam, mas parecia que havia um mundo sem fim para explorar. Movimentávamos-nos em sincronia e eu soltei um gemido baixo. Ele passou a mão lentamente pela minha coxa e seguiu os dedos para a minha calcinha. Eu segurei sua mão com força.
- Não... – Eu estava ofegante e de repente ele parecia confuso – Eu preciso de você. – Eu disse, apenas, para que ele entendesse, afastasse minha calcinha e me penetrasse com cuidado. Eu gemi de prazer me lembrando da noite passada e de como eu já sentia falta do contato entre nossos corpos. Tirei sua camisa e ele fez o mesmo com a minha e logo depois o meu sutiã. Os movimentos passaram de leves e cuidadosos para intensos e desesperadores. Eu cavalgava em seu colo enquanto ele estimulava meus seios, em pouco tempo chegamos ao clímax juntos. Sem nos separamos, ele encostou a testa na minha ofegante, o sol agora quente batendo em nossos corpos cansados.
Eu finalmente pude falar com firmeza:
- Eu amo você também.

The End



N/A: Oi queridinhos! Eu já fiz uma shortfic por site apenas para teste. Quem quiser ler o nome é "Revealed", mas não está tão desenvolvida quanto essa. Considero essa minha primeira mesmo. Pra quem quiser, meu Tumblr e meu Twitter estão disponíveis aqui em baixo. Quero muito ouvir os comentários de vocês: críticas ruins, elogios, o que quiserem falar. Xoxo.

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