Ela ainda estava parada na frente do estacionamento, completamente imovél. Ele a pegou de surpresa, tinha que adimitir. O policial, detetive, ou seja lá o que fosse -ela não sabia e também não importava- estava parado também. A diferença era a arma em suas mãos, que até poucos segundos estava apontada para a outra. Em volta dela, joiás, colares e pulseiras de ouro, até mesmo um pequeno pedaço de diamante em um anel se encontravam jogados ao chão, com um descuido que ela normalmente não teria.
- Venha até aqui. - sua voz era suave. Por que ele estava falando assim? Ela sabia a resposta, por isso o obedeceu.
- Esta é a minha ideia de diversão. - responde. Com a mesma suavidade que o homem, mas com um tom provocativo na voz.
- , você está brincando com o perigo. - ela bem sabia disso também e de que ele era o seu maior perigo, seu maior desafio. Mas aquilo era muito melhor do que ela havia imaginado para desistir naquele momento.
- Esqueceu-se de que gosto de quebrar regras? - eles estavam a menos de trinta centímetros de distância, o que era perigoso para ambos; sabiam que não resistiriam a apenas olhares por muito tempo. foi o primeiro a ceder, logo suas mãos puxavam a cintura da mulher para mais perto.
- Tsc, tsc, tsc. Você está brincando com o perigo, . - disse, depositando sua mão direita sobre o peito do homem enquanto lhe lançava um sorriso malícioso.
- Eu sei.
O toque de seus lábios era tão delicado, mas tão selvagem. Ela sempre se perguntaria que feitiço ele a havia lançado, quando na verdade teria de ser ao contrário. Mas quando ele a tocava, era simplesmente surreal, ela era levada ao paraíso com o simples toque de suas mãos.
- Você sabe... - ele começa, pausando os beijos sem querer isso realmente. - que eu deveria prende-lá.
- Prenda-me em seus grandes braços. - sussura, mordendo os lábios dele em seguida. Ele a puxa ainda mais, como se fosse possível juntar seus corpos em um só.
- Diga-me todas as coisas que você quer fazer. - diz, alisando as costas dela com as pontas dos dedos.
- Jogar video game. - a mulher ri e o deixa para poder voltar a pegar seus mais novos pertences. A loja que ela havia visitado já estava muito distante para correr algum risco. logo desaparece, tão rapidamente como se nunca estivesse estado ali. sabia exatamente para onde deveria ir.
Rivers Casino, 7:16pm
Não foi difícil encontrá-la. Nunca fora na verdade, mesmo se tratando de uma criminosa de alto nível, como a chamavam. sempre esteve em baixo do nariz de todos, para ela onde fosse mais óbvio seria o local menos provável de ser checado. Eles sempre se encontravam no Rivers, por sugestão dela.
- Um dia ainda nos pegam aqui. - ele disse, sentando-se ao seu lado e passando o braço sobre seus ombros.
- Depois de tanto tempo? Acho que não. - sorri, olhando em seus lindos olhos , porém, estes estavam voltados para o seus lábios. Ele sempre dissera ela que tinha o sorriso mais bonito na Terra.
Os dois não conversaram por um longo tempo, esperavam para que todos fossem embora. o observava enquanto abria uma cerveja e de vez em quando assobiava seu nome como se fosse uma daquelas canções chiclete. Observavam as pessoas caírem dentro e fora do clube, dançarem com velhos artistas que viviam pela fama que só tinham ali.
O lugar demorou a se esvaziar naquela noite, o que significava que eles teriam menos tempo do que gostariam. Mal esperaram o cúmplice de chegar para dizer que estavam liberados e seus corpos já estavam tentando se unir em um só novamente. O policial a carregou até os fundos sem querer desgrudar os lábios de seu pescoço. Ela estava ocupada o suficiente desabotoando sua camisa e seu cinto em seguida, sem se preocupar em deixar as vestes pelo chão. Ao mesmo tempo que uma das mãos de alisava a parte inferior das coxas da mulher, a outra tateava o caminho. Às vezes eles quase caíam, mas levantavam rapidamente querendo chegar logo ao destino e aproveitar cada mísero segundo que tivessem juntos.
[...]
"Polícia de Chicago. Vocês estão presos."
Aquela voz pareceria até vinda de um sonho ou para ela, um pesadelo. Se não tivesse acordado antes com o barulho ensurdecedor de quando a porta foi derrubada e aqueles vinte homens invadiram o quarto. Ela procurou por , sentiu seus braços quando deslizou a mão para o lado, o encarou e seus olhos estavam tão assustados quanto os dela deveriam estar.
Polícia. O termo que era proíbido entre os dois desde que começaram a se conhecer de verdade. Não tinha como escapar do que era, mas ela conseguia viver com isso do mesmo modo que ele convivia com o que era. Por amor.
Amor não seria a resposta que aqueles policiais estariam esperando. Eles a queriam presa por todos os crimes, por todas as lojas que havia sutilmente roubado, quebrado vidros e até mesmo feito reféns. Todo seu cuidado estava indo por água abaixo, ela estava sendo presa. E com certeza porque alguém havia delatado, mas quem?
viu o rosto de Jeremy - seu antigo cúmplice -, ele estava parado na porta, os braços e pernas cruzadas e com uma carranca ou sorriso no rosto; não saberia dizer o que significava sua expressão. Ele era o único que sabia, o único além de que ela havia confiado algo em toda sua carreira de criminosa.
- Espero que o dinheiro que lhe darão por isso te deixe feliz, Judas. - disse, quando passou por Jeremy, encarando nos olhos. Queria que ele se sentisse mal, que quando se deitasse sua consciência pesasse, mas sabia que isso não aconteceria.
Procurou por , estava vestindo seus jeans ainda. Ela riu, mas quando viu a cara dos homens ao seu redor perdeu o humor. Não deveria haver humor nessa hora, de qualquer maneira.
Era o fim para os dois.
Delegacia de Chicago, 17 de agosto - 12:45pm
- Sabe às vezes se tem vantagens em trabalhar para a polícia. - reconhecia aquela voz, era justamente esse tom que estava esperando ouvir a dias.
- . - sua voz falhou, nunca fora tão difícil pronunciar algo em voz alta. Ela colocou as mãos trêmulas nas grades, esperando loucamente ver aquele rosto quase angelical.
- Olá, . - ela não pode evitar as batidas aceleradas quando seus olhares se cruzaram nem a faísca que provavelmente seus olhos produziram. Mas ele não parecia tão nervoso assim, na verdade, ele nunca demonstrara nervosismo em nenhum momento em que estiveram juntos. Ele parecia não se importar com o fato de ela ser uma criminosa e ele um policial que deveria estar caçando-a.
- Você finalmente va... - ela não completou a frase. lhe lançou um olhar de restrição e então ela viu os outros dois policiais que estavam ao lado dele. Seria arriscado demais pedir socorro agora. Apesar de que eles já deveriam saber sobre o relacionamento proíbido. - O que disse a eles? - perguntou, ao invés.
- A verdade. - deu de ombros. Como se fosse tão simples assim!
- Qual verdade, ? - estreitou os olhos, ele poderia tê-la traído? É claro que não, eles estavam juntos há tanto tempo e ele nunca havia dito nada, nunca a havia comprometido. Ele não poderia ter...
- Que foi tudo um plano para pegar você.
Seu desejo foi socá-lo e seu impulso quase foi esse também, mas ela se controlou. Sua situação já era delicada demais. Ela só não entendia como poderia ter sido tão burra! Era absolutamente óbvio no começo, mas ela se deixou levar pelo tom descontraído dele; pela promessa de que a adorava e de que nunca teria coragem para entrega-lá. Que garota estúpida.
Um policial e um bandida, era isso o que eram. Nunca daria certo e ela nunca deveria ter tentado. Agora estava ali naquela cela com cheiro de mofo, tendo que dormir no chão porque o colchão não fazia diferença. Enquanto ele deveria estar sendo parabenizado por finalmente ter capturado a maior procurada de todo os Estados Unidos, deveria ter recebido milhões, deveria estar com um carro novo e até uma mansão. Tudo o que era pra ser dela e que um dia fora. Como ele mesmo havia dito, deveriam haver grandes vantagens em trabalhar para as forças americanas.
- Eu sinto muito, querida. A brincadeira foi tão divertida. - ele passou as mãos sobre sua bochecha e se ela não estivesse com tanta raiva permitiria que aquela maravilhosa sensação de sempre a invadisse. Mas agora ela se sentia enjoada e mal era capaz de encará-lo, então simplesmente afastou a mão e se encolheu no canto mais escuro, o que não foi tão difícil de encontrar.
10 dias depois...
- Podem deixar comigo! Não, eu não preciso de ajuda... Já disse que não! Por acaso não fui eu quem a capturou? Quem a enrolou por tantos meses? Por favor! - ela escutou seus passos e sua voz enquanto ele se aproximava. O tom mais arrogante que já havia ouvido alguém usar. Não se levantou quando ele a chamou, não queria de forma alguma ficar perto dele outra vez.
- Venha logo, garota! Você será transferida de delegâcia, mas se prefere ficar nesse buraco fedoren...
- Cale-se. - interrompeu o outro homem. - O que está fazendo aqui, afinal? Eu, E-U, cuido disso.
- Tudo bem, desculpe senhor. - ela pode ver a sombra do policial gorducho abaixar a cabeça e se afastar, deixando-a sozinha ali com aquele mentiroso.
- Meu amor, vamos lá. - ele falava tranquilamente, como se fosse uma canção de ninar. Como podia ser tão ciníco? Percebeu quando as correntes foram soltas e as grades abertas e logo o homem estava ajoelhado ao seu lado fazendo menção de pegar em seus braços.
- Não me toque. - sibilou, recebendo um grande suspiro de volta.
- Você vai ter que confiar em mim. - a puxou com força. Ela já estava fraca o suficiente, aquele puxão fora simplesmente desnecessário.
Os dois saíram lentamente da delegâcia, enquanto todos os olhares os cercavam. Ela deveria estar horrível, o cabelo desgrenhado, as roupas largas; sentia-se suja. Quando colocaram os pés do lado de fora, ela viu um grande carro de polícia estacionado a uma distância significativa. Sabia que aquele seria seu transporte, então não precisou muito da ajuda de , ainda a segurando firmemente com a mão direita. Mas eles passaram direto pelo carro. o olhou confusa, porém, seu rosto continuava tranquilo.
- Para onde vamos? - perguntou, desacelerando o caminhar.
- Quieta. Quando eu disser para correr, me obedeça. - respondeu, olhando para trás.
- Mas, o que é que es... - ela só pôde sentir aquela mão forte em suas costas, a empurrando e forçando-a a correr.
- Vá, . Corra! - ele gritava. Ela tentou olhar pelo seu ombro e viu diversos homens fardados os seguindo, desesperadamente.
- Para onde? - podia ouvir as batidas de seu coração, nunca havia ficado tão nervosa ao fugir de policiais. Mas sabia porque seu coração estava tão acelerado, não era pela fuga em si e sim porque não a havia traído. Não importava as coisas que havia dito, eram mentiras. Ele estava ali agora, ajudando-a, correndo o risco por ela. Mais uma vez.
tirou um molho de chaves do bolso e ela ouviu o som de um alarme não tão longe, viu os faróis piscando. Em segundos eles estavam dentro do carro, não havia tempo nem mesmo para controlar a respiração. Girou as chaves e pisou no acelerador, deixando tudo para trás.
- É por você... - pausou, ofegante. - É tudo por você, ... Tudo o que eu faço - ela observou o canto dos lábios dele levantarem em um sorriso, observou o suor escorrendo por sua testa e como seu rosto estava vermelho. Ela queria beijá-lo. - Sei o que você está pensando, mas não vai demorar muito para que eles nos alcancem.
Ele dirigia rápido, sem tirar os olhos da estrada ou do retrovisor para se certificar de que estavam seguros. Não demoraram a chegar ao aeroporto, ele tirou os cintos agilmente e começou a procurar por algo nos acentos de trás.
- Já planejei tudo. Peguei seus documentos falsos e tudo o mais, as passagens também já estão aqui. Só temos que embarcar. - falava rapidamente, sem olha-lá.
- Mas, ... Olhe minha roupa - segurou seu braço para chamar sua atenção.
- Eu disse que planejei tudo, não disse? - sorriu convencido e lhe entregou um vestido florido. Ela se vestiu com pressa, finalmente se livrando daquelas roupas horríveis de presidiária e depois tentou ajeitar o cabelo penteando com os dedos. Logo parecia irreconhecível. - E agora os óculos.
- Obrigado. - sussurrou, embora odiasse agradecer as pessoas nesse caso era necessário. Ele a ajudara como ninguém nunca havia feito antes, se preocupara quando ninguém mais o faria.
- Shh... - O toque de seus dedos era suave e firme, como sempre. Era incrível como nunca perdia o controle. - Só vale a pena viver se alguém... está amando você.
- E agora você é amado. - Completou, inclinando-se em seguida para beijá-lo.
O casal fora da lei entrou no aeroporto, caminhando com um ar tranquilo, mas olhando para trás a cada segundo. Ninguém desconfiou deles, como deveria ser. dificilmente era reconhecida nas ruas, usava seus típicos e grandes óculos escuros e ninguém notava nada de diferente, a não ser sua beleza extraordinária.
- E então, para onde vamos? - Perguntou a ele. O avião já estava decolando, não havia mais perigo por algumas horas e por muito mais tempo se o lugar escolhido fosse longe.
- .
- O quê? Mas não acho que seja seguro eles com certeza vão procurar por nós e...
- Trabalhei por anos com esses caras, meu amor. Algum dia vão nos procurar sim, mas nós podemos fugir para outro país, qualquer um... Nós teremos que fugir até sermos esquecidos. - Suspirou pesadamente. Pensou que talvez pudesse desistir, mas quando a tocava ou quando se olhavam nos olhos, sabia que ele já estava envolvido demais para isso.
, 29 de agosto - 9:32pm
estava deitado na cama, apenas com as roupas íntimas. Fazia poucos dias que chegaram, mas já tinham aproveitado o tempo juntos. Só eles poderiam dizer o quão fora difícil ficar mais de dez dias sem sentirem o calor um do outro.
saía do banheiro, ele fez uma careta ao vê-la vestida.
- Não me olhe assim! Você já teve o suficiente por hoje e repare bem: estou com seu vestido preferido. - ela sorri e se inclina para lhe dar um grande beijo.
Quando seus lábios se encontram, seus corpos são invadidos pela sensação calorosa novamente. Quando se beijavam, aquilo era tudo o que conseguiam pensar.
- Você é o melhor. - diz ela, parando o beijo com selinhos leves.
O homem dá um impulso, ficando por cima dela. Ele a beija ferozmente logo em seguida. espalma suas mãos sobre as costas largas, arranhando-as.
- O paraíso é um lugar na Terra com você. - o ex-policial sussurra.
Fim.
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