Meus pés andavam rapidamente pelo caminho que eu já sabia de trás para frente. Eu estava atrasada como de costume. Mas dessa vez não fora minha culpa. Eu até tinha acordado na hora certa, o problema era a greve. O lado bom era que o tempo estava fresco então não chegaria toda desarrumada e isso evitaria um bom esporro. Dei de ombros e suspirei, colocando o aparelho celular na orelha.
- Você está atrasada. – Nem pra ser atendida com um bom dia.
- Caraca! Como eu não percebi isso? Nossa muito obrigada. – falei sarcástica a secretária do outro lado da linha. Eu podia ouvir o som da lixa em contato com a falsa unha de Paige e podia também ver que ela fazia um bico. Tudo isso sem eu nem estar ao menos perto. – Avisa ao seu docinho que eu me atrasei por causa da greve de transporte, mas que já estou a caminho. – segurei o aparelho com o ombro para que não caísse e esfreguei as têmporas com as pontas dos dedos.
- Só isso? – perguntou com desdém. Respirei fundo e afastei o pensamento de passar com um trator por cima de sua cabeça.
- Sim, é só... – e a linha caiu. Fechei os olhos em um ato de me controlar, mas isso já não ajudava mais. – Deus, me abençoe com paciência, hoje, por favor. – falei olhando para o céu. Eu esperava seriamente que meu pedido fosse atendido, caso contrário, meus pais iriam me buscar em uma cadeia, provavelmente, por agressão a animal em extinção.
Cambaleei para trás ao olhar o arranha-céu de ponta a ponta. Eu me preparava mentalmente para ouvir como eu era irresponsável e blá blá blá. Toda aquela história de sempre que eu também sabia de trás para frente. Aliás, acho que todos ali sabiam. Mas eu não ligava nem um pouco. Entrava por uma orelha e saia pela outra.
Empurrei a pesada porta giratória e o vento cortante do ar-condicionado do lugar me atingiu. Cumprimentei Billy, um dos armários que faziam a segurança do lugar e caminhei calmamente até os elevadores. Apertei o número 22 e virei-me para trás, me olhando no espelho. Passei as mãos pelo meu longo cabelo, ajeitando os fios bagunçados pelo vento, retoquei o batom e dei uma piscadela para mim mesma. Tirei os fones do ouvido e os embolei no meu iPod Nano. Ajeitei a saia e a porta se abriu.
Cumprimentei mais alguns conhecidos enquanto passava por suas mesas, indo em direção a minha. Deixei minha pasta sobre a mesa e fui pegar um café para aguentar a encheção de saco. Parei em frente à mesa de Paige e lancei o meu melhor sorriso.
- Bom dia, querida. – fui o mais falsa que poderia e sai antes mesmo de receber qualquer palavra de volta. Segui caminho até a minha próxima parada obrigatória. A mesa de Hollie.
- Bom dia, gostosa. – a cumprimentei com um beijo no rosto e recebi um girar de olhos. – Juro que não foi minha culpa o atraso de hoje. Juro de dedinho. – me defendi.
- Isso é o que você diz toda vez. – ri baixinho, concordando.
- É sério. Tá rolando greve de transporte. Eu até me orgulhei de mim mesma por que eu acordei na hora certinho. – fiz um bico. Hollie me olhou desconfiada e balançou a cabeça. Encostei-me na quina da mesa, ficando de frente.
- É isso que dá ser burra e não conseguir tirar carta de habilitação. – a dei um tapa no ombro, indignada com o que me falara. Eu não era burra eu só... Não conseguia aprender a trocar de marchas... E usar os pés...
- Mas... Como tá o campo minado hoje? – cocei a cabeça.
- Você nem imagina. O bom humor que a criatura tá exalando. – deixei meu queixo cair e Hollie deu tapa no lugar, me fazendo fechar a boca. Ri debochada depois de sair do meio transe.
- Acho que alguém perdeu a virgindade, ontem. – sussurrei e pus o indicador na frente da minha boca. A garota na minha frente ria tanto que se abaixou no chão para disfarçar. Tomei um gole do meu café para engolir o riso. Até que funcionou.
Puxei Hollie para cima rapidamente, assim que avistei o não-mais-virgem sair de sua sala. Com aquela camisa lilás estupidamente bem passada, a calça social preta perfeitamente lisa e o seu sapato. Tão lustrado que podia cegar alguém. Engoli tão rápido o ultimo gole que café que quase morri afogada. Despedi-me da minha amiga o mais rápido que pude e dei um passo para voltar a minha mesa.
- Senhorita . – merda! Virei-me com um sorriso nos lábios, fazendo minha melhor cara de inocente. Holli percebeu e soltou uma risadinha. Tentei chutá-la, mas estava longe demais para tal.
- Senhorito . - caçoei. Se eu já estava na corda bamba por todos os meus atrasos, agora é que eu já não tinha mais corda nenhuma.
- Senhorita Hollie. – agora cumprimentara minha amiga, que sorriu toda boba para o homem. Eu não podia negar o fato de que era muito bonito. Bonito até demais. Ele não devia passar dos vinte e poucos anos. retribuiu o sorriso e voltou sua atenção para mim, novamente.
- A senhorita pode passar em minha sala em 10 minutos? – tchau Hollie, adeus Paige boneca de vodu. Em 10 minutos eu assinaria minha demissão sem carta de recomendação. Esse era o meu fim. Cocei por de trás da minha orelha. O meu óbvio sinal de nervosismo. Mas não por causa da demissão e sim pelos meus pais que comeriam meu fígado, rim, pâncreas, qualquer coisa.
- Estarei lá em 10 minutos, senhorito . – balancei a cabeça e ele saiu, indo até a boneca de vodu. A garota na minha frente soltou a respiração e se abanou. - Bem, acho melhor eu ir arrumar minha mesa, já que em menos de 10 minutos estarei assinando minha demissão. – bufei.
- Calma. Se você fizer essa sua cara de que caiu da mudança ele talvez repense e te deixe ficar. – Holli sempre tão positiva.
- Já tá manjado esse truque. Melhor eu ir com a cara e coragem mesmo.
- Ou então fala que você tá gravida, o homem te largou e você precisa de um emprego pra sustentar seu filho. – ri debochada e me despedi, indo para a minha mesa.
Eu trabalhava nessa agência de publicidade há três anos. E há dois suportava Paige e . Apesar de eu chegar só às vezes atrasada eu gostava de trabalhar aqui.
Deixei minha bolsa do mesmo jeito que estava quando a joguei na mesa, apenas arrumei as canetas jogadas, joguei uns papéis fora e organizei os portfólios. Olhei em meu relógio de mesa e constei que estava atrasada 5 minutos. Bufei levantando-me e ajeitei a saia mais uma vez. Tirei o blazer, já que o calor da demissão estava por todo o meu corpo. Eu já estava atrasada mesmo, não iria ser agora que eu ia correr. Ao passar pelo cão chupando limão com sal a ouvi rir, me controlei para não mostrar o meu lindo dedo do meio. Já Hollie fazia figas com os dedos, sorrindo para mim. Sorri de volta e mandei um beijo no ar.
Parei em frente à porta com uma placa dourada reluzente com o nome pendurada. Respirei fundo e dei duas batidas leves. Um “entra” esganiçado foi berrado e eu quase ri, se não fosse pelo motivo de minha vinda até aquela sala.
- Até pra isso a senhorita se atrasa. Pode sentar. – sentei-me rapidamente, a fim de ir logo aos finais.
- Eu só queria reforçar que o meu atraso foi por conta da greve de transporte. Se não fosse por isso eu teria chegado na hora. – acho que falei rápido demais, agitando as mãos rápido demais, por que estava com uma cara confusa.
- Greve? Mas que greve? – franziu o cenho. Um estalo veio a minha mente. Que filha de uma bela mãe.
- Não acredito que sua queridinha não tenha dado meu recado. – balancei a cabeça. Era de se esperar isso de uma pessoa como ela. – Eu liguei no meio do caminho avisando o motivo do meu atraso e pedi para que o recado fosse repassado até o senhorito, mas vejo que sua queridinha não foi profissional o bastante. – falei com um desdém evidente em minha voz.
- Primeiro; ela não é minha queridinha. Segundo; não, ela não me passou seu recado. – e eu só ouvia blá blá blá. Só prestei atenção quando foi dito algo interessante. – Pode deixar que eu cuidarei da senhorita Paige.
- Vai na fé. – fiz um joinha. – O senhorito tem mais alguma coisa para me falar ou eu já posso recolher minhas coisas da mesa? – me pus de pé. O homem andou, se encostando à mesa como eu fizera mais cedo e ficou em minha frente me fitando.
- Por que? Acha que vou mandá-la embora?
- Seria o que qualquer outro supervisor faria. – dei de ombros e cruzei os braços.
- É por isso que não sou qualquer supervisor. Não irei mandá-la embora. Não sou tolo de abrir mão de uma publicitária como você. – posso chorar? Dois motivos: meus pais não iriam me comer viva e ainda recebi um elogio (ou quase isso) do meu querido chefe.
- Olha, estou muito lisonjeada. – fingi secar uma lágrima no canto do olho e fiz uma pequena reverencia. riu discretamente. – Bem, já que o senhorito não vai me mandar embora, eu posso ir ou quer que eu vá buscar um cafezinho? Pelo que me parece sua secretária não tem muita competência. – ironizei. Eu realmente deveria tomar tino na vida.
- A senhorita poderia parar de chamar-me de senhorito? – pediu.
- Claro... – senhorito. Completei mentalmente.
- Pois bem. Queria dizer que fará hora extra. – meu queixo devia ter cavado um buraco tão fundo que possivelmente encontrou a China lá em baixo. – E terá que comparecer aos sábados. Só pra repor as horas de atraso. – sorriu. Cínico. Que ódio. Mas eu sabia que um dia isso aconteceria.
- Como quiser... Senhorito. – recompus minha postura e andei até a porta.
- A hora extra começa hoje. E eu aceito, sim, o cafezinho. – bufei desacreditada. Eu mesma tinha me metido nesse buraco. Esse era o pior.
Depois de sair da sala, procurei Hollie com os olhos e mexi na orelha. Um sinal de que era para me encontrar no banheiro. Segui até lá e tomei impulso, sentando-me na pia. Arregacei as mangas da camisa branca e abri um botão.
- Contornou a situação, né? – Holli disse risonha.
- Mais ou menos. Ele não queria me demitir. Só queria encher os pacovas mesmo e falar que vou ter que fazer hora extra e vir aos sábados. – bufei mais uma vez.
- Só isso?
- Como só isso? Tá louca, criatura?
- Oras. Você chega atrasada todo dia desde que começara a trabalhar aqui. Ninguém nunca fez nada e agora esse é o seu castigo? Querida, vou começar a chegar atrasada também. E fazer hora extra não seria má ideia. fica aqui até mais tarde... – Holli sorriu maliciosa e eu ri alto.
- Se quiser pode ficar no meu lugar.
- Você fala como se fosse um sacrifício ficar no mesmo lugar que . O cara é gato demais. Eu acho que você sente atração por ele, mas é chata demais para confessar.
- Eu já disse que ele é bonito, só não o idolatro como você. – agitei minhas pernas. Minha barriga roncou e eu coloquei as mãos sobre ela. – Mudando de saco pra mala, vamos comer? Tudo isso me deu uma fome tremenda... – saltei da pia e abri a porta, sendo seguida pela minha companhia.
- Isso é gravidez... – insinuou.
- Só não te bato por que isso seria agressão aos animais em extinção. – sorri vitoriosa com a cara feia que minha amiga fizera.
- Você sabe que o horário do almoço já está quase aí, né? – Holli perguntou, enquanto eu engolia um croissant de chocolate. Balancei a cabeça, concordando. – E tá comendo tudo isso sem nem se preocupar com o trabalho em cima da mesa... – revirei os olhos. Hollie parecia minha mãe, só que mais jovem e sem pelanca.
- Sim, mamãe. Você sabe que eu não atraso nenhum trabalho. Até porque com você e o docinho em cima de mim, não tem como isso acontecer.
- É meu dever de amiga responsável. – Hollie levantou os ombros. – E também é meu dever reafirmar que, você e o docinho, vão se pegar. Na sala dele. – a olhei com os olhos esbugalhados – Que foi? Há dois anos ele te come com os olhos e mentalmente, uma hora isso vai acontecer. Só você que nunca percebeu isso. Por que você acha que Paige te atormenta?
- Porque talvez ela seja encalhada e desconta em mim. Ou não tem o que fazer. Ou é mal amada. Ou levou um pé no traseiro e ficou amargurada. – dei de ombros, terminando meu milk shake.
- Porque talvez ela tenha inveja de você. – Hollie falou óbvia. Franzi o cenho. – Olha o que você come, sem culpa nenhuma e é gata assim.
- Isso se chama aproveitar o que de melhor à vida pode oferecer. Comer e depois ficar com peso na consciência não é pra mim, você sabe.
- ! Você é modesta demais, e isso acaba te cegando. Abre o olho. – recebi um tapa na cabeça, me fazendo engasgar com o liquido congelado. entrou na pequena sala em que estávamos e veio até nós.
- Está tudo bem? – perguntou. Eu não tinha condições de responder devido ao engasgo que acabara de sofrer. Wain olhou maliciosa e respondeu.
- Sim, sim. Ela só engasgou porque falávamos de você e olha que coincidência. Você está aqui. – a chutei fortemente com meu scarpin preto de bico fino e ela fez uma careta, abaixando a cabeça e praguejando palavrões em todas as línguas.
- Falando de mim? – tinha um pequeno sorriso em seus lábios. Mordi os meus, num ato de repelir aquela imagem da minha cabeça.
- Falávamos do quanto você é um ótimo supervisor e que precisava de um aumento. – falei a primeira coisa que me veio à mente. Merda!
- Principalmente por aguentar os atrasos diários da . – a olhei feio e ela riu. Cadela.
- Pensando assim, é uma boa justificativa. – riu, discretamente, como mais cedo.
- Agora, se o docinho e a minha querida amiga me permitem, vou terminar meu trabalho. – me levantei, bati continência ao chefinho e caminhei até o lixo mais próximo para jogar o copo no mesmo.
- O meu horário já acabou, mas o seu está só começando. – Hollie riu ao passar por mim e jogou um beijo, entrando no elevador. Girei os olhos e me concentrei no trabalho em minha frente.
Concentrei-me tanto que não vi a hora passar e nem reparei que só tinha eu e mais duas pessoas ali. Olhei em meu relógio de pulso e arrumei minha mesa recolhendo meu material que levaria para casa. Puxei minha bolsa para o meu ombro e segurei os portfólios firmes em meu braço. Andei firme e calmamente até a sala que eu entrara mais cedo e bati na porta, abrindo-a e colocando metade do corpo para dentro, avistando meu chefe com uns papéis em mãos e inclinado levemente para trás naquela cadeira que parecia incrivelmente macia.
- Meu horário já acabou.
- Seu horário acabou há uns 40 minutos atrás... – falou ao olhar o relógio com uma sobrancelha levemente arqueada.
- Não pense que fiquei além do meu horário para que você retire meu castigo. Eu simplesmente perdi a hora. – entrei por completo na sala, ficando frente a frente.
- Não pensei nada... Até agora. – o homem levantou-se e fechou a porta, voltando segundos depois. Parou a minha frente e me olhou. Agora quem arqueou a sobrancelha fui eu. – Você acha que isso é um castigo?
- De alguma maneira, sim. – dei de ombros.
- E pelo que?
- Talvez pelos meus atrasos... Ou por sempre te responder ironicamente... Ou...
- É, talvez seja por isso. – me interrompeu. Cruzou os braços frente ao peitoral e eu me perguntei se era definido. Chacoalhei a cabeça espantando o pensamento.
- Posso ir embora agora?
- Por quê? Ficar comigo em uma sala fechada a incomoda? – não, que isso.
- Confesso que é estranho. Mas, se eu consigo aturar Paige sem envolver meus dedos naquele fino pescoço, eu consigo ficar numa sala fechada com você. – sorri marotamente.
- Você não desce do salto, não é mesmo? – deu um passo, acabando com qualquer vestígio de distância entre nós. Fechei os olhos ao sentir seu perfume inebriante me entorpecer.
- Eu gosto da sensação que a altitude proporciona. – respondi, abrindo os olhos e encarando as íris brilhantes de meu chefe. me olhou de cima, já que ele era estupidamente mais alto que eu, com os olhos mais escurecidos que antes. Um arrepio passou por minha espinha. Apertei as pastas em meus braços e dei um passo para trás. – Tenho que ir embora. – sai em disparada a porta. Girei a maçaneta roliça, mas a porta não abriu. Tentei uma, duas, três vezes e nada.
- Algum problema, docinho? – virei-me ao escutá-lo me chamar pelo apelido que eu o chamava, me deparando com próximo de mais, pela segunda vez no dia.
- Si-sim. – me amaldiçoei por ter gaguejado. – A porta está trancada.
- Oh, sério? Como isso foi acontecer? – xinguei-o em todas as línguas que eu sabia mentalmente. O filho da puta tinha armado.
- Abre. Agora. – minha voz saiu firme e forte como eu queria. soltou uma risada baixa e rouca perto do meu ouvido, me fazendo arrepiar.
- Se eu não abrir, o que você vai fazer? – trinquei minha mandíbula, olhando-o seriamente. Eu corria sérios riscos se eu não saísse desse local.
- Eu vou gri... – fui incapaz de completar a frase, já que roçou seu nariz no meu, me pegando de surpresa.
- Não vai mandar eu me afastar? – perguntou, sussurrando contra minha pele. Pronto. Eu não tinha mais o meu autocontrole em mãos.
- Não. - tudo o que eu reprimi durante esses anos talvez fosse despejado ali mesmo.
- Porra, ! – exaltou um pouco mais a voz. – Eu não consigo mais esconder o desejo que eu tenho de beijar você.
- Então porque não sacia esse seu desejo? – cadê o óleo de peroba pra passar nessa minha cara de pau? Eu já tinha feito à merda toda.
O toque suave de seus lábios macios sobre minha bochecha me fez soltar um muxoxo de frustração. Pude senti-lo sorrir enquanto fazia um caminho lento de minha bochecha até o canto da minha boca. Joguei meu material no chão e soltei minha bolsa, o pegando pela nuca e grudando nossos lábios sem calma alguma. Explorávamos um ao outro. Nossas línguas brigavam em silêncio.
Mas quando ele sugou meu lábio inferior... Eu perdi. Perdi completamente o meu controle. Perdi a sanidade que me restava.
O puxei pela gola da camisa estupidamente bem passada, nos girando e o prensando na porta. O desejo falava mais alto. A necessidade de senti-lo crescia dentro de mim a cada segundo. A fúria com que nos beijávamos era algo surpreendedor para mim.
não perdeu tempo ao puxar-me pela cintura e encaixar uma perna no meio das minhas, não deixando qualquer distancia mínima entre nós. Sabia exatamente onde me tocar, o que me deixava trêmula. Passeava com as mãos pelo meu corpo, como se tentasse registrar cada centímetro. Parou-as em minha cintura e começou a puxar lentamente o tecido sedoso de minha camisa para fora da minha saia e, assim que conseguiu a abriu, estourando alguns botões que a mantinham fechada. Afastou o tecido do meu ombro com beijos, fazendo-o se deslizar por completo, deixando-me apenas com o meu sutiã preto.
Eu não ficaria em desvantagem. Desfivelei o cinto de couro que segurava sua calça social, sentindo seu membro pedir para ficar livre daqueles panos que o prendia. chutou os sapatos e tirou as meias assim que sua calça escorregou por suas pernas. Virou-me de costas, abrindo tão lentamente meu fecho éclair da saia quanto distribuía mordidas por meu ombro e pescoço. Arfei, sentindo o contato de suas mãos quentes em minha cintura, já sem a saia, fazendo-o soltar uma risada rouca e descer devagar uma mão até o interior de minha coxa, apertando-a. Virei para frente novamente e arranquei da mesma maneira a sua camisa como ele fez com a minha e arfei de novo durante o beijo ao tocar seu tronco nu e definido como eu pensei há pouco. Aproximou seus lábios da minha orelha, soltando um gemido excitante ao tocar minha calcinha e começar a me estimular ainda por cima do pano fino. Soltei um gemido em aprovação contra a pele de seu pescoço, sentindo-o arrepiar.
Meu corpo todo tremia enquanto deslizava dois dedos para dentro de mim. Se não fosse por suas mãos me segurando com firmeza eu já estaria no chão. Gemi de novo, só que em sinal de frustração ao sentir falta de seus dedos em mim. Se ele iria me torturar e achar que ia ficar por isso mesmo, ele está enganado. Escorreguei minhas mãos e puxei sua cueca para baixo, tirando rapidamente e fechando meus dedos ao redor de seu membro, começando a estimula-lo. Se ele era bom em me torturar, eu era mil vezes melhor. Fazia movimentos de vai e vem sem pressa alguma, me deliciando com os gemidos que saiam de sua boca, alternando com meu nome, que caiam deliciosamente bem com ele.
- ... – se ouvi-lo gemer meu nome era delicioso, eu não sabia descrever quando era meu apelido que escapa de seus lábios. – Mais... – jogou a cabeça para trás e depois de urrar a apoiou em meu ombro.
-Mais? – perguntei provocante. Ele assentiu, ainda apoiado em meu ombro e eu diminui meus movimentos, o fazendo grunhir em frustração. Ri baixinho, aumento gradativamente a velocidade.
- Eu sempre quis sentir o seu toque, tirar sua roupa... – a voz rouca e baixa dele fez com que meus pelos se eriçassem e minha pele arrepiasse.
- E... E como você se sente agora? Sentindo o meu toque e me despindo? – com a mão vaga, peguei a dele e levei de encontro ao meu seio, ainda coberto pelo sutiã, sem parar de estimula-lo. – E como se sente me tocando assim? Sentindo a minha pele...
- Em chamas. – desceu sua boca pela extensão de meu pescoço até chegar entre meus seios. Abriu o fecho frontal e deslizou a peça. Com a boca sugava um e com a mão, apertava o outro. Joguei minha cabeça para trás, encostando-a na porta, enquanto gemidos reverberavam em minha boca.
Parei de estimula-lo assim que ele começou a dar sinais de que seu ápice estava chegando. Olhei-o nos olhos e ele entendeu o recado, me pegando no colo. O agarrei pelo pescoço e enlacei minhas pernas ao redor de sua cintura, sentindo seu membro pulsar em minha intimidade. andou cegamente até a sua cadeira enquanto sugava a pele do meu pescoço, até finalmente conseguir se sentar. Abriu a gaveta da grande mesa de trabalho e pegou um pacotinho preto, rasgando-o em seguida. O tomei de sua mão e comecei a colocar lentamente, tocando ocasionalmente em seu membro com minha unha, o fazendo arfar.
Assim que terminei, segurou-me firme com as duas mãos em minha cintura, me invadindo por completo. Um grito de prazer saiu pelos meus lábios. Isso só o incentivou, fazendo com que investisse contra mim com mais força e rapidez. Escorreguei minhas mãos até os ombros másculos e finquei minhas unhas, rebolando em seu quadril alternando com cavalgadas. Quanto mais eu gemia em seu ouvido e arranhava seu tórax, mais aumentava a intensidade, me deixando trêmula. Gemidos fortes escapavam de sua boca quando não estavam ocupados em mordiscar e sugar qualquer lugar que lhe fosse alcançável do meu corpo.
- ... Isso... – não saia uma frase completa da minha boca. Eu não raciocinava. Estava entorpecida demais com o ritmo frenético com que nossos corpos se chocavam. Nosso beijo era voraz, agressivo, ferino, intenso e explorador. A língua quente e macia dele brigava com a minha, me causando choques por todo o corpo. – Me mostra do que você é capaz, docinho. – sussurrei em seu ouvido, mordendo seu lóbulo em seguida. olhou-me com labaredas nos olhos, apertando agressivamente meu seio esquerdo e estocando fundo em mim. Nossos corpos suados e flamejantes, chocando-se um contra o outro sem dó nem piedade e a possível chance de alguém nos ouvir só deixava tudo mais excitante, com um toque de luxúria.
Soltei uma mão de seu ombro fincando minhas unhas em sua coxa torneada e inclinei-me para trás, ainda cavalgando em seu colo. Eu sentia meu ápice chegar cada vez mais perto, me dominando por completo com as sensações maravilhosas que cursavam pelo meu corpo.
estocou uma, duas, três vezes com toda sua força e gemeu forte e roucamente no meu ouvido. Ele havia chegado a seu limite. Havia gozado. O som erótico que escapou dos lábios dele me incentivou a rebolar mais, me fazendo gozar. Uma leve tontura me atingiu, me fazendo morder os lábios com força. me beijou, agora com calma e carinho, me puxando pelos pulsos em seguida para que eu deitasse em seu peito, sem sair de dentro de mim. Deitou mais um pouco a cadeira e eu ri leve, devido ao susto e apoiei minha cabeça perto do seu pescoço, fazendo carinho em seu cabelo.
- Que sensação essa altitude te proporciona? – perguntou e eu sabia que ele se referia do fato de eu estar em cima dele.
- Talvez eu ainda não saiba descrever essa sensação.
- E, você pode se acostumar com ela? – levantei meu tronco o encarando nos olhos com um sorriso maroto nos lábios.
- Difícil... – respondi devagar – Mas eu acho que posso tentar. – sorri e devolveu um sorriso com todos os dentes, me apertando em seus braços. O efeito entorpecente da transa havia me esgotado por completa, minhas pernas estavam trêmulas e o sono começava a dar sinais.
– A nossa relação de chefe e subordinada vai continuar a mesma, não é? – perguntei sem olha-lo. Estava cansada demais para tal.
- Só se você quis...
- Eu quero. – interrompi. – Quero que seja a mesma coisa de antes. Encher o seu saco te respondendo é o meu hobby preferido desde que você entrou.
- Eu acho que nem quem não trabalha aqui sabe disso. – beliscou de leve minha cintura, me fazendo rir.
- Eu acho que todas aquelas nossas farpas só deixou isso... – sussurrei em seu ouvido, rebolando em seu quadril lentamente – Mais interessante. – mordisquei levemente a pele de seu pescoço e, em resposta, apertou minha coxa. Segurou-me firme com um braço e se impulsionou para frente, levantando-se da cadeira. Ainda em seu colo, segurei-me nos ombros largos dele, e o encarei, mordendo meu lábio inferior.
- Agora sou eu quem vai experimentar o que a altitude pode proporcionar. – dito isso, passou a mão livre pela grande mesa, levando tudo o que ali havia para o chão. Deitou-me sobre a mesma e se pôs em cima de mim. Tirou alguns fios de cabelo que estavam em meus olhos e sorriu maroto, me analisando por completa, em baixo de si.
- E sem brincadeirinhas de tortura. Já somos adultos. – segurei-o pelo maxilar, olhando em seus olhos enquanto eu falava. – Eu quero você. E quero sem rodeios. – disse firme, ouvindo sua risada rouca em seguida. Juntei nossos lábios, iniciando um beijo intenso enquanto ele apertava minha cintura com uma mão e com a outra fazia carinho em minha bochecha, começando a se movimentar dentro de mim.
- Vem, eu te levo pra casa. – me ajudou a descer da mesa e selou nossos lábios.
- Mas é claro que você vai me levar pra casa. Olha a hora. – peguei meu sutiã do chão, o vestindo rapidamente. Ia me virar para procurar minha saia, mas uma mão segurou meu pulso, me fazendo voltar e espalmar minhas mãos em seu peitoral.
- Você é chata. – disse risonho, roçando seu nariz no meu. Estiquei-me, ficando nas pontas dos pés e lancei uma mão até sua nuca.
- E você gosta. Senão não teria dito que não consegue mais esconder seu desejo por mim. – pisquei e me desvencilhei de seus braços, procurando minha saia enquanto ouvia sua risada gostosa atrás de mim.
Puxei minha bolsa para o meu ombro e apertei minhas pastas em meu braço direito e com a mão segurei meus saltos. Abri a porta com a mão livre.
- Dá pra esperar?
- Eu sou mulher e me vesti primeiro que você. Anda logo. – eu o apressava enquanto esperava na porta e o vi girar os olhos e sorri, vendo-o se aproximar.
- Pronto, chatice. – andei a sua frente, chamando o elevador. me alcançou bem a tempo em que a porta se abria e cruzou nossos dedos, me puxando para dentro.
- Ai, seu ogro.
- Você está descalça e ainda sim tropeça. – me encostou na parede do cubículo com um sorriso ladino nos lábios. O olhei com uma sobrancelha arqueada, com cara de tédio.
- Fica quieto. – respondi simples.
- Eu fico. – e me beijou. Pelo menos ficou quieto. Ri entre o beijo.
- Para de me beijar, ogro.
- Minha filha, foram dois longos anos te vendo de perto e sem poder te beijar. Não vai ser agora que eu vou parar. – gargalhei do jeito que ele falou e me estiquei, dando um beijo rápido. A porta do elevador se abriu e cruzou novamente nossos dedos, indo em direção a sua vaga de estacionamento.
- Está entregue. Te mando a conta depois. – piscou e riu. Ri e descontei um soco em seu braço sem machucar. Até por que eu não conseguiria machucar esse brutamonte.
- Babaca. – abri a porta do carro, pronta para sair. Até o homem do meu lado apertar minha coxa. Virei meu rosto, esperando-o falar. A única coisa que ele fez foi apontar o dedo para o bico que fazia, pedindo beijo. Balancei a cabeça negativamente, achando graça da cena. – Você me cansa. – ri e finalmente dei o que ele queria, o beijando.
Entrei em casa com um sorriso que não cabia em mim de tão grande.