How - direita


One

A garota jogou-se sobre o rapaz após cavalgar sobre ele por quase uma hora. Ambos suados e cansados. Ela saiu da cama e foi até o banheiro. Ele foi procurar seu cigarro. O último da caixinha. "Droga" disse a si mesmo.
A tal garota que ele não se lembrava o nome saiu do banheiro e se deparou com o rapaz vestido, pronto para sair. "Está tudo bem?" O homem não tirou a atenção de seu celular. Ele tragou o final de seu último cigarro sem encará-la.
"Você já pode se trocar e ir embora." A garota pegou as roupas dela no chão e parou novamente na frente dele.
"Mas eu... Eu achei.,." Ele olhou para ela, bravo.
"O que? Que iríamos nos casar? Você me pareceu mais inteligente. É simples, eu como, jogo o resto fora e durmo. Você é só mais uma."
A garota deu um tapa na cara dele e saiu do pequeno quarto de motel. "Ótimo, agora vou ter que pagar essa espelunca também." Ele saiu do quarto pouco depois para comprar cigarros e dar uma volta pelas ruas de Los Angeles.
Há algumas semanas, aquelas ruas estavam cheias de pessoas que o vangloriavam. A ele e sua banda de sucesso. Mas ele acabou com tudo. Constantes brigas por estar drogado. foi preso por dois meses e agora estava em liberdade condicional.
Foi pego em vários aeroportos com drogas. Bateu o carro porque estava bêbado e muito drogado. Destruiu vários quartos dos hotéis mais caros pelo mundo. A banda não agüentou tudo isso.
O anúncio do tempo que a banda ia dar não foi bem visto pelos fãs, que na maioria culpou por isso. Nas primeiras semanas ele não conseguia sair de casa, pois havia fãs nas ruas querendo matá-lo. A banda dá uma força para ele, financeiramente, mas nunca dão o suficiente. Eles têm medo que o companheiro de banda gaste tudo com drogas e bebidas.
A mansão do músico foi leiloada e seus carros foram vendidos para pagar dívidas com traficantes. Sua mãe não atende mais suas ligações. Ele parou na frente de um grande anúncio de calça Jeans. Ela estava lá. Com a calça jeans justa e os seios sendo tampados pelas próprias mãos.
Desde que sua vida virou um inferno, tem ido ate aquele anúncio para observá-la na grande fotografia. Imagina-a o abraçando e dizendo que tudo ficará bem. A voz dela o deixava mais calmo e feliz. Quando ia embora, ficava decepcionado por tudo ter sido só sua imaginação.
Ele virou-se e viu um posto de gasolina meio vazio. Seguiu naquela direção para comprar seus cigarros. Quando chegou mais perto, pôde ver um carro incrível. Preto, do jeito que ele sempre gostou. sentiu saudades dos tempos que quando via um carro legal na rua, comprava só por diversão.
O sininho da porta fez barulho quando ele adentrou a loja de conveniências. O lugar tinha um cheiro estranho de refrigerante de laranja, cigarro e pão de queijo velho. A lojinha era pequena e tudo estava junto e misturado. Ele foi até o balcão onde a balconista estava com um gibi na cara.
"Malboro Black." A menina abaixou o gibi, pegou o cigarro e entregou de modo grosseiro para o rapaz à sua frente. jogou o dinheiro no balcão e caminhou para a saída.
"O cigarro é três dólares e vinte e cinco." Ele virou-se para encarar a mulher e teve pena. A garota era baixinha, cheinha e fedorenta. Ele se aproximou um pouco dela, controlando-se para não bater nela.
"Se eu tivesse, já teria entregado, não acha?" Ele riu de sua piada.
"Se não tem dinheiro, não tem cigarro!" A mulher tentou tirar o cigarro das mãos dele, mas foi mais rápido, rindo e se vangloriando. "Fred!" A menina gritou e um cara muito grande apareceu logo depois. "Esse homem está tentando me roubar. Você pode ajudá-lo a entender que não é uma boa idéia?" O tal Fred olhou para com uma expressão muito zangada.
O menor foi indo para trás enquanto o maior ia em sua direção. Fred tomou o cigarro das mãos de e jogou para a mulher baixinha de trás do balcão. Depois estendeu o braço direito para pegar impulso e dar um soco forte.
"Espera!" Fred olhou para trás. "Eu vou pagar o dele." olhou e viu . Sorriu por vê-la tão desesperada com a hipótese de ele apanhar em sua frente. Ela se aproximou. "Vamos, Fred. Por favor."
"Me deve uma, ." O rapaz grande abaixou o braço e encarou o menor. olhou estranho para os presentes e se sentiu em uma pegadinha de TV, onde todos se conhecem. Será que é isso? Ele estava em uma pegadinha onde vai apanhar, aí começa a chorar e contar seus problemas até que o grandão começa a rir e diz "Parabéns, , você esta na pegadinha do canal 7. Manda um tchau para o apresentador." Aí ele mostra o dedo do meio e vai embora? Será que desistiu de ser comparsa? Quanto ele iria receber por essa breve participação? Com certeza a audiência vai subir se o programa contar que talvez tenha apanhado.
"Vem aqui, !" O rapaz passou pelo gigante, ainda com receio de apanhar desprevenido. Foi até ela e pôde sentir o maravilhoso cheiro que ela tinha.
"Isso é tudo, ?" A balconista perguntou. olhou para as coisas no balcão. Um cigarro, duas garrafas de vinho e cinco barras de chocolates. confirmou com a cabeça e entregou para a mulher uma nota de cem dólares. "Pode ficar com o troco hoje, Bety. Obrigada, Fred, te devo uma!" O Fred resmungou algo e depois piscou para ela.
A garota saiu da loja, sendo seguida pelo rapaz que quase apanhara.
"Obrigado por isso e..." parou ao lado dela, perto do carro preto que admirou tanto antes de entrar na loja de conveniência. "E por aquilo também."
"Relaxa, acontece." Ela sorriu e ele perdeu a noção de tempo, espaço e tudo mais. A voz dela estava cortando todos os ruídos que viviam na cabeça dele. Os ruídos que o faziam recair e procurar por drogas pela cidade, o que não era difícil de achar. "Então..." Ele se perguntou quanto tempo passou enquanto ele estava perdido naquele sorriso. "Eu preciso ir."
"Não quero parecer chato, mas posso ir contigo?" ele se aproximou dela, encurralando-a no carro. Ela fechou os olhos e negou com a cabeça.
"Vou encontrar uma pessoa."
Ele saiu de cima dela imediatamente e encostou no carro.
"Parece que você me superou rápido." Ela abriu a porta do carro, colocou a sacola de compras no banco do passageiro e voltou sua atenção para ele.
"Isso foi há dois anos, garanhão. Querendo ou não, eu tinha que superar." Ela piscou para ele e entrou no carro.
Deu uma acelerada sem sair do lugar. O barulho assustou o rapaz e o fez desencostar do carro. Ela abriu a janela. "Precisa de mais alguma coisa?" Ele negou. Ela piscou de novo e deu partida em seu carro, sumindo minutos depois.
‘Sem despedidas?’ ele pensou. ‘Quer dizer que você quer me ver de novo? Seu pedido é uma ordem.’

Two

entrou em seu apartamento escuro. Tirou as sapatilhas rosas que usava e deixou perto da porta. Acendeu a luz da sala e foi até a cozinha, deixando as coisas sobre a mesa. Voltou à sala e pegou um dos vários controles que havia na mesinha de centro, apertou o botão para ligar e as cortinas se fecharam. Ela não entendia por que tinha que ficar em um apartamento tão moderno.
Pegou o outro controle e ligou o ventilador. Ela estava se sentindo no filme "Clic". Riu com a idéia e tentou o último controle. A televisão ligou, porém baixa. "Por que sempre é o último que tentamos?" se encaminhou até a cozinha e arrumou seu vinho em um balde para gelar bebidas que tinha, com um pouco de gelo.
Colocou o balde com o vinho dentro na mesinha de centro da sala, junto com uma taça e uma barra de chocolate. Foi para seu quarto, entrou direto no banho para relaxar. Ela não esperava vê-lo. Fazia mais de dois anos que não se viam. Logo depois, a garçonete do subúrbio de Los Angeles virou modelo e agora estava tentando a carreira como atriz.
As críticas têm sido boas a respeito da nova atriz. Ela estava na gravação de seu segundo filme, junto com Robert Down Jr. e Johnny Depp, seus grandes ídolos. Ela realmente estava feliz. Mas aí o encontrou naquela lojinha. Não conseguia entender por que ainda ficava mexida quando o via.
Deixou a água quente esquentar seu corpo e se sentiu mais confortável. Desde que os dois se separaram, tinha se dedicado totalmente ao seu trabalho. O médico vivia falando que isso não fazia bem. Que ela deveria sair, rir, se divertir e transar. Mas ela não queria isso. Queria ficar quietinha em casa.
Saiu do banheiro enrolada na toalha, colocou a calcinha e um roupão vermelho de seda, que fora presente de sua melhor amiga na estréia do seu primeiro filme. Voltou para a sala e sentou-se no sofá maior.
Depois de encher a taça com o vinho, aumentou o volume da TV e colocou em qualquer filme. Passava Sempre ao seu lado. "Eu não quero chorar hoje", pensou e mudou de canal, onde passava Um amor para recordar. Mudou de novo e passava um programa de comédia.
Assistiu a todo o programa e acabou com o vinho. Levantou-se rápido e foi até a cozinha, pegando a outra garrafa que havia comprado. Tomou mais metade daquela até que o telefone tocou.
"Alô?" Ela se sentia um pouco alta, mas precisava de algo para esquecer de . ", me diz que é mentira e que você não trombou com aquele drogado do ." A empresária de , Rose, parecia um pouco nervosa.
"O quê?" A garota soltou a taça na mesinha, apoiando a cabeça na mão que acabara de desocupar. "Eu o achei em uma loja de conveniências, ajudei-o e fui embora." A empresária bufou.
"Eu sei, está em todos os canais e sites de fofocas." colocou em um canal onde passava as últimas fofocas. Na TV tinha fotos dela sendo prensada no carro pelo e de olhos fechados. A legenda dizia que aquela foto fora depois de um beijo ardente e apaixonado.
"São apenas fofocas."
"Espero mesmo. Escuta, você não tem gravação amanhã? Trate de dormir logo." O apartamento de Rose era logo abaixo do de .
"Mas a gravação é só à noite e eu to terminando um filme."
"Tudo bem, mas não demore. Beijos e até amanhã." Rose estralou um beijo para mostrar que aquilo era verdadeiro. "Almoço amanhã? Le Cardep? Às 11h30?" pensou um pouco a respeito. Enquanto pensava, o silêncio tomou conta do telefone.
"Tudo bem. Sim, e prefiro às 12h30." Ela levantou-se e foi até a cozinha, onde começou a lavar a taça.
"Ok, te vejo amanhã. Vá linda." A ligação foi desligada. deixou o telefone na mesa da cozinha e começou a organizar as coisas. Terminou e se deu por vencida do sono.
Desligou a TV, abaixando o volume da mesma antes. Depositou o controle remoto junto com os outros, na mesinha do centro, e se encaminhou até o quarto. A campainha tocou antes que chegasse ao corredor.
Ela pensou em fingir que estava dormindo, mas Rose sabia que não pelos barulhos vindos de seu apartamento. Ela abriu a porta já sabendo da bronca que levaria de sua empresaria por ainda não ter ido dormir.
"Juro que já estou indo dormir."
"Que ótimo." entrou no apartamento e beijou a garota com vontade. Ela o empurrou duas vezes, mas aquele toque na nuca a fez parar e pedir por mais. Eles se separaram e ela percebeu o que aconteceu. "O que você faz aqui?"
"Pensei em fazer uma visita." Ele foi até a cozinha e encontrou uma taça escorrendo na pia e duas garrafas de vinho vazias. "Encontro? Com a TV ou a almofada do seu sofá?" o pegou pelo braço e puxou até a porta, mas se soltou dela e sentou-se no sofá.
"..."
", ou se preferir Srta. ." Ela falou ríspida, ainda de pé, olhando-o com cara de ódio.
"Nossa, você tem mesmo mágoas de mim." Ele pegou o controle e ligou a TV.
"Você queria que eu tivesse o que? Amor e saudades?"
"Você ainda abaixa o som da TV antes de desligá-la?" concordou com a cabeça e fez uma cara do tipo que dizia "Não é obvio?" a puxou para sentar-se ao seu lado. Eles se arrumaram até ficarem de frente um para o outro. "Amor e saudades? Vai me dizer que você não sente?"
Ele depositou uma mão sobre a coxa descoberta dela e a outra segurava seu queixo com força, mostrando autoridade e a forçando a olhá-lo.
"Não mais." Ela sussurrou. "Por que está aqui?"
"Eu não tenho onde dormir. Por favor, não me abandone agora." ficou surpresa. nunca falava de seus problemas com ninguém. Ele sempre odiou a cara de pena e compaixão das pessoas.
"..." Ele parou e esperou que ela o corrigisse, mandando-o chamá-la de , ou . Mas ela não o fez. Ficou quieta, com seus olhos brilhantes o encarando. "Todos me abandonaram. Eu não tenho nada nem ninguém." Ela encarou o chão, pensativa.
"E por que você veio até aqui?" Ele fez carinho com a mão que estava na coxa dela, fazendo-a fechar os olhos.
"Porque eu acho que a única coisa que pode me salvar é sua voz. Por favor, fale comigo." Ele apertou a coxa dela e viu que sua respiração falhou.
As últimas palavras que ele falou para ela dois anos atrás voltaram a sua cabeça. "Você achou o quê? Que íamos nos casar? Eu durmo com você duas noites – "quatro noites" a garota disse a si mesma. – E você queria um noivado? Você é uma tola, ."
Ela tirou a mão dele de sua coxa e entrou no corredor escuro. esperou um pouco. Queria deixá-la louca antes de deitar-se com ela. Quando ele ia levantar para ir atrás dela, voltou com lençóis e um travesseiro. "Uma noite. Apenas uma noite. Está ouvindo?" O rapaz concordou com a cabeça, meio decepcionado. Ela deixou aquelas coisas no sofá e sumiu no corredor, mas, dessa vez, ela não voltou.

Three

Aos dez anos, se viu apaixonado por sua vizinha. A garota morena de olhos verdes e dois anos mais velha ia todas as tarde a casa do pequeno garoto apaixonado para lhe dar aulas de matemática.
Já fazia um ano e meio que ela o ensinava a matéria. E por isso ele sempre inventava dúvidas bizarras que não tinha para tê-la ao seu lado. Na verdade, sempre fora muito bom em matemática, mas quando ouviu sua mãe falando com a mãe da vizinha sobre ela ser muito inteligente e estar disposta a ensinar o irmão mais velho de , o garoto não viu o porquê de não testar.
Desde então, depois da escola, ele passava na casa da garota para chamá-la e os dois iam juntos para a casa dele. E lá passavam a tarde toda, estudando e conversando.
Porém, uma coisa mudou tudo. Em uma tarde que teve dentista à tarde, logo depois de voltar, foi até a casa da garota e a mãe dela disse que a menina já tinha ido para a casa dele. foi para casa todo sorridente.
Chegou na sala de sua casa e seu sorriso desapareceu por completo. O primeiro amor do garotinho californiano estava beijando o irmão dele. sabia que era para ser ele ali. Ficou muito triste. Saiu correndo, subiu na casinha de árvore que tinha no quintal do fundo e não saiu de lá por dias.
A única coisa que o fez descer de lá foi uma proposta indecente do tio mais garanhão dele. O irmão mais novo da mãe de sempre aparecia com uma mulher diferente a cada festa. Natal, aniversário da irmã, do sobrinho ou de qualquer outra pessoa.
O lema do homem era ‘Existem vários cardápios no mundo, nunca repita um prato.’ Esse tio de o levou pra passar um tempo consigo em sua mansão. E em sete anos, o garotinho apaixonado mudou drasticamente, virando um canalha pior que o tio.
nunca se esqueceu da primeira mulher que conquistou. O novo canalha do pedaço havia saído para testar tudo o que aprendera com seu mestre. A garota loira devia ter uns vinte e três anos. Sem dúvida era muito velha para um rapazinho de dezessete anos, mas não se intimidou.
Foi até a garota com atitude, encostou-se no balcão e pediu uma cerveja. Olhou nos olhos da garota e, com muita naturalidade, disse "Oh, Maggie, você por aqui? Desculpa por não ter telefonado, perdi seu número. Como posso te recompensar?"
A loira olhou com uma cara de desconfiança, sem entender. Ele pegou a cerveja que o barman, amigo de e de seu tio, havia lhe trazido. "Meu nome não é Maggie." a olhou com uma cara de quem não entendia.
"Tem certeza? Você tem os mesmos olhos que ela."
"Desculpa, meu nome é Jennifer." Em menos de dez minutos a loira estava tentando mostrar mais ainda seus seios fartos através do grande decote. perdeu sua primeira vez assim. E desde então virou esse grande cafajeste.
Era muito pequeno para ter vontade própria e gostava do seu tio. Confiava nele. Mas agora ele percebia todos os seus erros claramente. Confiou na pessoa errada.
Quando conheceu , viu que era diferente de tudo. Apaixonou-se. Quebrou o lema de seu tio ao dormir quatro vezes com a mesma garota. No dia em que decidiu pedir a garota em namoro, seu tio telefonou. Queria encontrar com ele porque estava na cidade a negócios e queria ver seu sobrinho preferido.
No almoço, deixou escapar sobre ; na verdade, contou tudo. Que estava apaixonado e que iria namorá-la. Seu tio o olhou com aquela cara de desaprovação que todos olhavam para ele.
", você não aprendeu nada?" o tio dele parecia muito calmo para aquela situação. "Você quer ficar igual a anos atrás? Com o coração partido? Triste por aí?" negou com a cabeça. "Então termine com isso. Antes que acabe muito mal."
No outro dia, foi até a cafeteria que trabalhava com um jornalista que iria entrevistá-lo. O cafajeste fingiu que não conhecia a garçonete e, para a surpresa dele, ela fez o mesmo, chamando-o de Sr. e não o encarando no olho.
Foi que apresentou um novo baterista para a banda. Foi que conseguiu um empresário a gravadora para o primeiro CD da banda e agora ele a tratava assim.
No final da entrevista, o jornalista foi embora e sentou-se na frente de para tirar satisfação. Provavelmente a garota nunca esqueceu as palavras dele. "Nós dormimos duas vezes juntos" ele e ela sabiam que na verdade eram quatro vezes, mas disse duas de propósito. "E você achou que eu iria te pedir em casamento? , não seja tola. Você é uma simples garçonete e eu serei um músico mundialmente conhecido. Não posso namorar qualquer garçonete de qualquer cafeteria de merda. Você não serve para mim!"
A garota não disse nada, mas sabia que ela queria chorar, xingá-lo e mandá-lo para um lugar nada agradável, mas, ao invés disso, a garota negou com a cabeça e foi embora, deixando para trás.
O rapaz estava tão acostumado com todas as outras mulheres que ainda ficava surpreso por ser diferente. Depois daquilo, ele e sua banda gravaram um CD, fizeram sucesso com ele e entraram em uma turnê mundial.
Após três meses e meio longe de casa, quando voltaram, era a mulher dos Outdoors. Todos da cidade de Los Angeles tinham uma foto da mais nova modelo da Victoria Secrets. ficou feliz por ela, mas nunca mandou um cartão ou telefonou.
Em um evento da Victoria Secrets, a banda do californiano iria se apresentar, enquanto desfilaria, porém, a nova namorada loira do vocalista que entrou com ele no palco. Quando entrou em um biquíni rosinha com asas de borboleta percebeu, pela primeira vez de muitas, o grande erro que havia cometido.
O tio do rapaz morreu três dias depois daquele evento. não estava com seu tio no momento da morte e ficou triste por isso. Se tio era o único que o entendia. Quer dizer, ele e , e conseguiu perder os dois. deu uma festa em sua mansão para comemorar sua nova casa. Sua namorada chamou algumas amigas modelos. Não foi surpresa para ver lá, mas nenhum dos dois fez questão de conversar. Cada um ficou no seu canto.
Três meses depois, levou sua namorada para um jogo de basquete, onde, algumas cadeiras para o lado, estava com uma camisa dos Lakers e acompanhada por algum amigo. percebeu novamente seu grande erro quando sua namorada comemorou a cesta do adversário e perguntou por que ninguém estava comemorando também.
Com todos esses encontros e desencontros e com a forte pressão sobre ele, experimentou maconha em uma festa. Depois disso, nunca mais foi o mesmo. A namorada, que virou noiva, terminou o longo relacionamento dizendo à imprensa que não conseguiria ir adiante. afundou ainda mais com isso. Sentia que não tinha mais ninguém ao seu lado. Depois de vários escândalos, a banda tomou a decisão de dar um tempo.
Esperariam as coisas se acalmarem e se recuperar de tudo, mas parecia que nada dava certo. Sem dinheiro, vendeu a casa e todas as suas coisas em meses para comprar mais drogas e pagar alguns traficantes.
Agora estava assim. Sozinho, sem ninguém, e percebendo o grande erro que cometeu ao dispensar a única pessoa que realmente se importava com ele. A única pessoa que estava disposta a ajudá-lo.
O encontro naquele posto de gasolina não foi por acaso. sabia que a única coisa que podia salvar sua vida era a voz dela. O cheiro, a pele. Nem que ele continuasse dormindo no sofá da sala. Enquanto ele afundava na fama que fez, aumentava sua fama, seu dinheiro e prestígio. Talvez, se ela se envolvesse com , o drogado, isso prejudicasse sua carreira, mas ela parecia não se preocupar com isso. E ficava feliz com isso.
Ele acordou dos devaneios e tirou o olhar do teto. Quando ele era pequeno, repassava as reviravoltas que sua vida tinha e sempre sentia que estava prestes a morrer, ou que sua vida era um filme e ele estava apenas apreciando o filme com uma boa pipoca.
Todos os seus erros estavam bem claros agora e a única coisa que ele precisava e queria, era . E ele a teria.

Four

Ao abrir os olhos, uma dor muito forte atingiu a garota. Uma dor que ia de sua testa até a nuca. Latejava e insistia em aumentar. Ela sentou-se na cama e encarou o despertador. Quase dez horas da manhã.
Saiu da cama com certa dificuldade e entrou no banheiro. Tirou o roupão e a calcinha e foi para debaixo do chuveiro. Mudou a temperatura do mesmo e o ligou. A água gelada sobre as costas dela quase a fizeram soltar um berro. Colocou a cabeça e sentiu sua respiração começar a falhar.
Sempre que podia, tomava um bom banho gelado após acordar, mas nunca conseguiu se acostumar direito com isso. Tomou seu banho normalmente e saiu minutos depois.
Voltou para seu quarto, enrolada na toalha e com os cabelos tão encharcados a ponto de pingarem no chão. Após colocar a calcinha, passou o creme corporal e se vestiu. Uma saia longa e branca, uma regata também branca e uma blusinha laranja que cobria um pouco mais que o cotovelo e aberta. Colocou uma rasteirinha e arrumou suas coisas na bolsa.
Destrancou a porta do quarto e saiu. Antes de chegar à sala, respirou fundo e tentou dar um jeito na franja molhada. Ela dizia a si mesma que deveria ser forte. Chegou na sala e encontrou jogando vídeo game.
"Quando você pretende ir embora?" Ela passou reto e foi até a cozinha.
"Bom dia para você também." Ele deu pausa no jogo e foi atrás dela. "Eu fiz seu café da manhã."
", eu não tomo café da manhã." Ela pegou o prato de cima da mesa e colocou na geladeira. a analisava. "Vamos sair. Onde estão suas coisas?"
"Que coisas?"
"Onde você está morando?" Ela parou o que fazia e o olhava com certa pena e comoção.
"Cada dia em um lugar diferente." Ela voltou-se para a cafeteira em sua frente e apertou o botão para preparar o café rápido. ", me ajuda. Sinto que só posso contar com você."
"Vai se lavar. No meu banheiro tem uma escova de dente azul, pode usá-la. Pode tomar um banho, acho que eu ainda tenho uma cueca sua nas minhas coisas. Tem creme de barba e gilete na segunda gaveta da pia. Demore o quanto precisar."
O rapaz a abraçou por trás e deu um beijo no pescoço descoberto dela. "Obrigado, ." Ele saiu da cozinha, sumindo no corredor. pegou o café que acabou de fazer e desligou o vídeo game, fazendo a televisão voltar à programação normal. Ela colocou no jornal.
Ouviu o chuveiro sendo ligado. Ficou imaginando se ele continuava com o mesmo físico de antes. Ele tinha os músculos bem definidos e não muito grandes. Ficou imaginando as tatuagens que viu apenas uma parte ou outra pelo excesso de roupa, ou a falta delas. O celular dela apitou e ela o pegou. Uma mensagem de sua melhor amiga, .

"Por favor, me diga que você não se esqueceu que vamos fazer compras à tarde."

Era claro que havia se esquecido. Olhou para o corredor vazio e não era mais possível ouvir o chuveiro. Voltou sua atenção para o celular. Talvez os três pudessem fazer umas compras juntos, ou melhor, não.

"É claro que não esqueci. Ainda vamos fazer compras, só me manda o endereço do shopping e o horário. Primeiro tenho que almoçar com a Rose."

Ela soltou o celular assim que o aviso de mensagem enviada chegou no visor do aparelho e voltou a sua atenção para a televisão. Sentiu-se sendo observada e olhou o corredor. estava encostado na parede, olhando-a com um brilho nos olhos.
A toalha estava enrolada logo abaixo das entradas do paraíso. O corpo dele estava até melhor do que ela lembrava. As tatuagens pretas o deixavam mais bonito e sexy. Ele sorriu de lado.
", onde está a cueca?" A garota acordou de seus devaneios e limpou a baba que quase caiu do canto da boca. Ela levantou e passou por ele como um furacão, já que estava com medo dele pegá-la de jeito e fazer o que ela tanto queria que ele fizesse.
Entrou no quarto e abriu o closet. Sentiu atrás dela, mas tentou se concentrar. Achou uma mala velha e verde, meio escondida e trouxe consigo. jogou a bolsa na cama e abriu.
"São coisas minhas?" Ele estava surpreso.
"Você foi embora meio apressado e deixou isso aqui." Ela pegou qualquer calça jeans e uma camisa preta. Continuou procurando uma cueca.
"E por que você não se livrou dessas coisas?" Ele sentou-se do lado dela na cama.
"Não sei." tentava se concentrar no que fazia, mas o fato de estar ao lado dela só de toalha e todo tatuado a fazia ter pensamentos inapropriados. colocou uma mão junto com a dela e tirou uma boxer preta. Ela sorriu e fechou a mala.
Levou a mala até o closet e, quando saiu, teve uma visão do paraíso. já tinha colocado a boxer e, agora, parecia mais perfeito do que nunca.
"Vou te esperar lá fora." Ela saiu. riu consigo mesmo. As provocações dele estavam dando certo. Ele mataria para tê-la de novo e parecia que estava conseguindo. Vestiu-se rápido e saiu do quarto.
estava bebendo o sétimo copo de água gelada, mas o calor não passava. chegou até ela e lhe entregou a toalha, ela a pendurou na lavanderia e pegou a bolsa.
"Vamos, eu preciso ir." concordou e se encaminhou para a saída, sendo seguido por . A garota saiu e trancou a porta. Os dois pegaram o elevador em silêncio, depois um táxi.
"Vou pagar um lugar para você ficar por enquanto. Se você quiser ou precisar de alguma coisa, me manda uma mensagem."
", eu estou quebrado. Preciso de tudo." Ela engoliu em seco. O automóvel parou e eles desceram em um hotel três estrelas.
O casal entrou e fez tudo que era preciso. Os dois subiram no quarto 222 para avaliá-lo. O quarto não era pequeno, mas era muito melhor que os últimos motéis que tinha freqüentado. A cama era de casal, tinha uma mesinha para afazeres que exigissem uma mesa. Tinha também uma poltrona e uma televisão. O banheiro tinha uma banheira. As paredes eram beges e sem vida alguma.
Após avaliarem e aprovar, caminhou até a porta e abriu a mesma, mas sentiu algo a puxando e virando-a. Quando se deu conta, a prensava na porta.
", me solta, eu preciso ir."
"." Ele deu um selinho nela. "Você também quer isso."
"Não, eu não quero!" ela o empurrou e ele foi para trás, um pouco chocado.
"Por quê?"
"Você sabe o que me fez. Você quebrou meu coração. Eu nunca vou conseguir esquecer o que você me disse aquele dia. Você é um idiota que conseguiu acabar com a própria vida depois de acabar com a de todos a sua volta." apenas a olhava. Sabia que ela tinha raiva guardada e ela precisava soltar essa raiva.
"A única coisa que você consegue fazer é se drogar e machucar as pessoas que querem o seu bem. Por que você acha que ninguém está ao seu lado? Por que eles não eram amigos de verdade? Eles são tão amigos de verdade a ponto de agüentar suas infantilidades além do limite."
"..."
"Cala a boca." Ela tentou secar as lágrimas que saíam de seus olhos, mas não conseguia. "Olha o estado que você me deixa. Por que você faz isso com as pessoas?"
", me dá uma chance... Eu..."
"O quê? Se arrependeu do que fez? Você é idiota e prepotente demais. Você quebrou meu coração. Você não ama ninguém, só a si próprio, mas você tem que perceber que tudo que você conseguiu foi com a ajuda dos outros e tudo que perdeu, foi por conta própria. Você é a pior pessoa que eu conheço."
Ela já soluçava por conta do choro. correu até ela e a abraçou. Em um primeiro momento ela o empurrou, mas como ele era mais forte, conseguiu controlá-la e a abraçou forte.
", por favor, não pense isso de mim. Eu só faço as coisas de um modo errado. Me desculpa."
"Por que a pessoa que amamos é a única capaz de fazer com que tenhamos vontade e motivos para chorar?" Aquilo doeu nele. nunca esperava que tivesse feito tão mal a ela. Nunca foi a intenção dele.
"Por que temos que ser tão feios?" Ela desgrudou o rosto do peitoral dele e o olhou nos olhos. Como ele amava olhá-la nos olhos. Sem perceber, ele foi se aproximando dela até colar lábio com lábio. se arrumou, passando os braços para cima dos ombros dele. As mãos grandes dele apertavam a cintura fina dela.
cortou o beijo para respirar, desceu os beijos ate o pescoço, tirando a blusinha da garota, deixando-a apenas de regata e saia. tirou a camisa dele com calma, para poder ver aquele corpo no tempo certo. desceu até agachar para ela e segurou o final da saia dela. "Não podia ser mais curta?" Ela sorriu.
"Gosto de me fazer de difícil." puxou a saia e o pano foi descendo aos poucos. Primeiro revelou a calcinha branca de renda. Depois as coxas bem definidas, os joelhos magros de modelo e as canelas. ajudou-a a tirar a saia de vez e levantou-se de novo.
tirou o cinto dele com certa dificuldade, afinal, ela esperava por isso há dois anos. jogou a regata dela para longe e os dois deitaram-se na cama. Suor e muito balanço na cama. Os lençóis foram puxados e desarrumados. Os movimentos gloriosos que fizeram com que ambos chegassem lá.
Foi o momento que, no mundo todo, apenas os dois existiam. Não havia problema lá fora e, se existiam, ambos estavam ignorando, deixando tudo bem e perfeito. Após um grito, os dois, mais suados ainda, ofegavam e procuravam por ar.
saiu de cima dela e foi até o banheiro. Estava alegre. Finalmente havia conseguido o que mais queria. Ficou a noite inteira, passada na casa dela, pensando em como ele a teria de volta. Ao sair do banheiro, o sorriso desapareceu de seu rosto. havia sumido. Apenas um papel sobre a cama.
", vou deixar pago na recepção a diária de três semanas. Acho que é o suficiente. E também depositarei uma quantia razoável na sua conta. Assim você pode se virar um pouco.
."
deitou-se na cama, decepcionado. Mas ainda teria chances de tê-la de volta. Ele só precisa pensar em como. Pegou o telefone da mesinha ao lado da cama e discou o numero rápido. No terceiro toque a pessoa atendeu.
"Alô?"
", sou eu. Vamos tomar um café?" sentou-se na cama, procurando por sua cueca.
"Claro, . Agora?"
"Tudo bem. Na Cafeteria que a trabalhava. Te encontro lá daqui a meia hora."
"Tudo bem. Até." desligou o telefone, foi para o banheiro e ligou o chuveiro. "Você vai ser minha para sempre , mas como?"

Five

pediu seu terceiro café expresso. Enquanto terminava o segundo, viu o cara de cabelos loiros até o ombro passar pela porta. O rapaz deu uma olhada no lugar. Não parecia estar procurando o amigo, e sim tendo lembranças de tempos bons naquele lugar.
Depois de alguns minutos, ele caminhou com paciência até o amigo e sentou-se na sua frente. A garçonete, uma menina de dezesseis anos, no máximo, aproximou-se trazendo o café que já tinha pedido e anotou o pedido do homem que acabara de chegar. Ao terminar, saiu de perto da mesa para deixar os amigos à vontade.
"Como está?" brincava com o copo vazio de café que deixou de lado para pegar o copo cheio.
"Quero voltar." deu um gole em seu café extremamente quente.
"Você já está pronto? Tem certeza?" parecia preocupado e surpreso. É lógico que já tinha tomado essa decisão inúmeras vezes e sempre que tentavam, encontravam o vocalista drogado no banheiro antes de entrar no palco.
"Eu me encontrei com a ." A garçonete se aproximou novamente, entregou o grande hambúrguer com fritas que o loiro pediu e a coca-cola também. Saiu rapidamente assim que pegou o copo de café vazio que havia deixado de lado.
"Que saudades desse hamburger. O melhor da cidade!" falou, com a boca cheia e meio torto, direcionado ao cozinheiro que veio até o balcão para pegar alguma coisa. O homem fez um agradecimento em silêncio e voltou para a cozinha. "Sério? E como ela está? Eu assisti ao filme dela esses dias. Ela está linda. Nunca entendi por que você terminou com ela." jogava as palavras.
"Acredite, nem eu entendo por que terminei com ela." olhou para a janela ao seu lado. O cheiro de bacon dominava o lugar quase vazio. Além de e , havia um casal a umas quatro mesas para frente e um senhor lendo um jornal no balcão.
"Mas e aí? Como ela está?
"Absolutamente linda." suspirou. ", você já amou alguém?" olhou para o amigo e notou que este estava com a boca cheia e todo sujo de catchup. Sem conseguir se conter, riu muito alto.
"Para, !" disse, sem conseguir ser compreendido. riu mais ainda. A cena já havia acontecido várias vezes quando a banda ficava muito tempo sem comer nas turnês. sentia falta disso.
"Minha mãe serve?" perguntou, enquanto pegava um guardanapo e se limpava. negou com a cabeça, respondendo a pergunta do amigo. negou com a cabeça, também respondendo a pergunta do amigo. Os dois riram mais.
"É serio, eu estou pronto e vou conquistar de novo."
"Vou ligar para nosso empresário e falar com ele." levantou-se, pegando o celular e se afastando um pouco de . O que ficou sentado na mesa também pegou o celular e digitou rápido o número. No terceiro toque a pessoa atendeu.
"Alô?" Ele sorriu só de ouvir a voz dela.
"..."
", eu estou ocupada agora, depois a gente se fala." Ela o interrompeu.
"Não me patronize com as suas mentiras. Eu sou um homem, seja uma mulher agora. "
"Com quantas mulheres você dormiu pra falar isso?" Ela disse, sarcástica. Depois de uns segundos de silêncio, a voz dela mudou totalmente. "O que você quer?"
"Não sei." realmente estava sendo franco. Ele observou voltar e sentar-se em silêncio.
"Eu vou desligar." ameaçou.
"Não, espera..." ficou meio envergonhado de estar sendo observado pelo amigo. Sentia que ele o avaliava. "Eu preciso ouvir sua voz." Ele abaixou o rosto e encarou a mesa, porém pôde ouvir uma risadinha do amigo em sua frente.
", eu não consigo mais acreditar em nada que você diz." Ela bufou e pôde ouvir falar que era para ela dar outra chance a ele e depois rir. Provavelmente mostrou o dedo do meio para a amiga. "Eu to ocupada, então vou desligar.."
"Tudo bem, mas não vou desistir." terminou a frase e ouviu a linha cair. Tirou o telefone da orelha e travou a tela touch. Depositou o aparelho na mesa e tomou um gole longo do seu café quase frio.
"... Eu preciso ouvir sua voz..." O rapaz olhou para o amigo a sua frente. Ele imitava até sua voz. Depois caiu na gargalhada. "Quem diria que a ‘simples garçonete’ levaria seu coração..."
"Como é?" fingiu não entender, mas sabia que era tudo verdade.
"Não se faça de sonso, você está apaixonado por ela."
"E não sei como fazer para tê-la de volta."
"Talvez eu possa te ajudar, nosso empresário disse que vamos tocar em uma premiação onde com toda a certeza será premiada como atriz revelação. Não é certeza ainda, mas podemos escrever uma música especial para a noite. Mostrando que você se importa." Ao terminar, deu uma piscadela para o amigo. sorriu.
É isso. Mesmo sendo cafajeste, sempre soube expressar o que sentia escrevendo músicas ou simples anotações. A jovem garçonete se aproximou novamente e entregou a mais um hamburger, pegando o prato vazio.
"Você consegue me arrumar uma caneta e papel?" perguntou, olhando para a jovem pela primeira vez.
"Claro. Mais alguma coisa?"
"Café." respondeu, colocando capchup no seu lanche. "Muito café."

Six

prendeu a respiração quando a apresentadora estava prestes a dizer quem ganharia o prêmio de melhor ator do ano. Todas as vezes que a apresentadora iria falar o ganhador, prendia a respiração e repetia o nome de quem ela queria que ganhasse inúmeras vezes mentalmente.
"Johnny Depp." A apresentadora disse, depois de um sorriso verdadeiro. É lógico que ficou muito feliz. Sua inspiração de vida sempre fora aquele homem. Quando era pequena, falava para sua mãe que Johnny Depp era o único homem que ela casaria, e continua sendo.
Além de ser uma mulher independente, cresceu cercada por vários exemplos que casamento não é uma escolha inteligente. Sua mãe se separou quando tinha dez anos. Depois disso, a garotinha nunca mais viu o pai. E parecia que ele não fazia muito questão de saber se a filha estava viva ou não.
Por conta de tudo isso, a mãe da garota começou a trabalhar muito e teve que deixá-la com os avós. Acontece que o casamento dos dois sempre foi infeliz. Apenas brigas e insultos de ambas as partes. Nenhum carinho, demonstração de amor ou afeto. Na adolescência, via filmes de romance com as amigas e sempre falava que aquilo era ridículo. Que ninguém envelhece gostando tanto de uma pessoa.
Perdera várias amizades com isso, mas sabia que estava certa. Foi nessa época também que ela decidiu que nunca se casaria. Iria namorar, morar junto, ter filhos e, se não desse certo, seguiria sua vida. Sem trabalho na justiça, sem arrependimentos e sem anos perdidos. Sempre pensou em seguir uma boa carreira, ganhar dinheiro e não ser dependente de ninguém.
Johnny Depp terminou seu discurso e saiu com a estatueta na mão. A apresentadora sorriu e esperou que os aplausos cessassem para que pudesse falar. Depois de alguns minutos, o salão ficou em silêncio e todos prestaram atenção na loira do meio do palco.
"E hoje, temos uma surpresa para todos." O sorriso que estava nos lábios dela estava começando a ficar cansado, dando a impressão de que era falso. "A banda Maroon 5 voltou, gente. E com nos vocais. Sim, aquele lindo vai cantar para gente hoje. Então pode vir, banda Maroon 5, só pra vocês."
observou curiosa. Fazia semanas que não o via. E não sabia que ele havia voltado para a banda. Os integrantes se posicionaram no palco. Todos os mesmos integrantes de anos atrás. tirou o microfone do suporte.
"Boa noite. Essa música é nova e, com ela, está meu pedido de desculpas." Matt bateu uma baqueta na outra e a música começou.

I have been searching for your touch
Unlike any touch I’ve ever known
And I never thought about you much ‘til I’m broken down and all alone


congelou. A última parte fazia ela pensar que aquela música era para ela, e talvez a primeira fosse apenas uma declaração. Além do mais, ele disse que seria uma espécie de desculpa.

I’m asking for your help
I am going through hell
Afraid nothing can save me but the sound of your voice
You cut out the noise
And now that I can see mistakes so clearly now
I’d kill if I could take you back
But how?


Rose puxou ao seu lado. "Essa música é para você?" Ela parecia meio brava. É lógico que a empresária da modelo e atriz sabia sobre o passado dela com , mas não havia motivos para ela achar aquilo.
"Não."
", estou te perguntando como amiga, não como sua empresária."
"Talvez."

Don’t patronize me with lies I’m a man, be woman now

Um frio invadiu o estômago de . Sabendo que Rose a encarava, a modelo apenas concordou com a cabeça. Não iria conseguir falar. Sentia suas pernas tremerem e uma certa dificuldade para respirar. Aquilo não pode ser normal.
"Acho que estou mudando de idéia a respeito dele." se surpreendeu. Achou que Rose faria um barraco com , mas agora dizia que o apoiava.
O celular dela vibrou e viu que era . O evento estava sendo transmitido para todo o mundo ao vivo. Atendeu o celular discretamente, mas se arrependeu assim que o fez.
"Essa música é para você! Meu Deus, como ele é fofo."
"Eu não sei se realmente é pra mim." parou para prestar atenção na música.

Why must we be so ugly?
Please do not think ill of me
Why does the one you love become the one who makes you want to cry?
Why?


"Ainda não é para você?" sempre foi a melhor amiga de . Assim que saiu do quarto de hotel de naquele dia, encontrou com a amiga para fazer compras e contou sobre tudo que havia acontecido. Cada palavra, cada movimento. Então ele ligou para ela e comprovou mais ainda para a amiga que ele estava apaixonado por , mas ela não queria aceitar.

Though I don’t understand the meaning of the love
I do not mind if I die trying


"Preciso desligar." desligou e as luzes do salão se acenderam. A apresentadora entrou no palco novamente enquanto todos da banda saiam do palco.
"Eu estava morrendo de saudades desses caras. Eles são demais!" Ela se aproximou de e lhe segurou o braço todo tatuado. se segurou na cadeira para não subir no palco e arrancar os cabelos daquela mulher. "Que tal você me ajudar a entregar o premio de atriz revelação do ano, hei,n gatão?" deu seu famoso sorriso de lado, de um jeito extremamente charmoso, e concordou com a cabeça.
Um pequeno vídeo com as indicadas apareceu no telão. Estava em ordem alfabética. Depois de umas quatro atrizes aparecerem, o nome de apareceu no telão e houve gritinhos de aprovação no salão. O vídeo acabou e a apresentadora já estava com o envelope que continha o nome da atriz que ganhou.
O sorriso dela estava grande. Ela abriu o envelope devagar.
"E a atriz revelação desse ano é..." Ela mostrou o nome para o homem ao seu lado e o mesmo deu um sorriso maior ao ler o nome.
" ." Uma luz forte atingiu a cadeira dela e todas as câmeras apontaram para ela. A garota levantou-se com cuidado. A galera gritava e aplaudia. Ela deu um tchauzinho e subiu no palco com um sorriso. Nunca havia ganhado nada na vida e estava feliz por ter conseguido um troféu de melhor atriz.
Chegou perto da apresentadora e lhe deu um abraço. Depois chegou até e lhe deu um abraço também. Quando se desgrudou dele para pegar sua estatueta e fazer seu discurso, segurou-a pelas costas de uma forma cavalheira e lhe beijou. Ela correspondeu o beijo, para a surpresa dele.
Não demoraram muito e ela pegou o troféu. e a apresentadora deixaram sozinha no palco. Ela olhou para a multidão a sua frente. Milhares de artistas da música, da dança, da TV e das telas de cinema, além de pessoas desconhecidas pela mídia que ganhavam ingressos sorteados.
"Hã..." Ela respirou fundo. Por mais que o beijo dos dois tivesse sido calmo, ela havia desaprendido a respirar. "Obrigada a Rose e por sempre estarem ao meu lado." Ela segurou a estatueta com a mãe esquerda e pegou do suporte com a direita. "Obrigada pelo apoio de todos e por me mostrarem que vocês gostam do meu trabalho." Ela desceu alguns degraus e ficou muito perto de uma câmera. ", você está quase perdoado." Ela deu uma piscadela, subiu o palco novamente e deixou o microfone no suporte.
Ela saiu do palco e pode ouvir a apresentadora falando algo sobre o beijo do novo casal de famosos. Ela desceu umas escadas e parou para tirar umas fotos. Depois de uns quinze minutos, entrou em um corredor e continuou a andar.
"Ei." Ela olhou para o lado direito. Era . "Podemos conversar?" Ela concordou com a cabeça e ele chegou mais perto dela. Andavam lado a lado e ele depositou a mão esquerda no meio das costas dela de forma cavalheira. Conduziu-a até um elevador, eles subiram até a cobertura e saíram no telhado do enorme arranha-céu.
", eu realmente preciso te agradecer e pedir desculpas." foi até o parapeito do telhado, que protegia qualquer um de cair por acidente e olhou para baixo.
"Por que você fez isso?" Ela ficou ao lado dele.
"Só quero você."
"Eu não consigo acreditar nisso." Ela virou-se e foi até a porta.
"..." Ela parou na porta, mas continuou de costas. "Tem que ser eu. Eu sei tudo sobre você. Sei que você não quer se casar por conta do que viu na infância. Sei que você estava mentindo sobre ter um namorado. Eu sei que você nunca me esqueceu. Eu sei que te machuquei muito depois de te fazer acreditar e confiar em mim, mas, por favor." Ela não disse nada. Uma brisa que veio da direção dele até ela trouxe o perfume embriagante dele.
"Tem que ser eu, , porque pra mim, é você!" Ela fechou os olhos quando sentiu novamente o perfume, mas dessa vez não sentiu nenhuma brisa. Segundos depois foi girada e ficou frente a frente com ele. "..."
"Cala a boca e me beija logo!" Ele riu e a beijou. estava jogando suas fichas de novo, mas dessa vez, diferente da outra, ela não achava que o jogo estava perdido. Provavelmente se a situação fosse contrária, não teria ajudado a garota no posto de gasolina, nem com um lugar para morar. Talvez os dois não tivessem um final feliz.
Mas é como dizem, nunca faça algo pensando em receber em troca. Aja segundo sua intuição e caráter, você, com certeza, terá recompensas depois. Pode demorar, mas a recompensa sempre vem.

The end, or not.


Nota da Beta: Qualquer erro nessa fanfic é meu, então me avise por email ou mesmo no twitter. Obrigada. Xx.

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