I don't drink coffee I'll take tea my dear,
I like my toast done on one side
As you can hear it in my accent when I talk
I'm an Englishman in New York
The Police tocava alto em meus ouvidos, com certeza não havia outra música que se encaixasse melhor em minha situação. , 23 anos, membro da banda mais famosa do momento, mais inglês impossível, dentro de um avião de primeira classe, com destino a New York.
Folhando uma revista de fofocas qualquer, onde eu e meus companheiros de banda estivéssemos na capa, eu só conseguia pensar em chegar logo no hotel, estávamos quase no fim da turnê e eu já não aguentava mais, o cansaço dominava cada parte do meu corpo. Nem esperei a aeromoça terminar de avisar que poderíamos desembarcar, muito menos os outros garotos levantarem de seus assentos, já havia guardado os fones em meu bolso e me dirigido para a saída do avião.
- Oow ow, apressadinho! Tá com tanto sono assim? - disse, me dando dois tapinhas nós ombros, eu apenas dei um sorriso sincero pra ele, é bom ter alguém que te entenda, principalmente quando se é famoso. Por sorte nossas malas já estavam separadas fora da esteira, só precisei pegar a minha e ir em direção à saída do aeroporto para fazer a revisão do passaporte, logo depois já iria para o hotel.
Me aproximando da porta de saída, já conseguia escutar os gritos femininos vindos de lá. Claro, nada melhor como sair cansado de um voo e ter que ter seus ouvidos estourados por causa de gritos de fãs. Tudo bem, , um sorriso, alguns acenos e pronto. Os gritos ficaram ainda mais altos quando passamos pela porta, milhares de garotas com cartazes e celulares tirando fotos, além, claro, de três ou quatro papparazzis infiltrados no meio delas, como se não conseguíssemos vê-los ali, claro. Acenamos algumas vezes e logo fomos para a fila do check-out, que por sorte não estava tão comprida.
- Vocês ficam aqui na fila, e tentem não arranjar problema, eu vou chamar o motorista do hotel. - Frank, nosso empresário nos avisou, me abraçou de lado e respondeu:
- Qual é, Frank, já arranjamos confusão em uma fila de check-out? - Frank apenas deu um olhar feio para e saiu. Eu ri alto com a lembrança de que na Itália, havia flertado com uma modelo na fila, que era casada e ele não sabia, no outro dia isso já era primeira página em todos os jornais italianos, então podemos dizer que sim, conseguimos arranjar problemas em uma fila de check-out.
Havia três belas atendentes verificando o passaporte dos passageiros, e me sinto no deleite de dizer que a da minha fila era a mais linda. Ela aparentava uns 22 anos, tinha cabelos bem loiros que caíam em ondas perfeitas pelos ombros, olhos escuros e um sorriso que já jurei ter visto, mas não. Nunca vi uma garota loira com esse sorriso. Ao lado dela, tinha uma pequenina, uma garotinha brincando com um ursinho de pelúcia, ela tinha o mesmo sorriso, mas seus cabelos eram escuros e lisos, e seus olhos eram . Tive um estranho e curto devaneio, eu já havia visto aquela garotinha em algum lugar, mas não conseguia me lembrar de onde. Resolvi parar de pensar nisso, devia ser o sono. Logo chegou a minha vez, me aproximei do balcão já tirando meu passaporte do bolso.
- Calma, querida, só mais meia hora e a gente já vai pra casa tá bom? - a atendente disse para a menor, que confirmou com a cabeça.
- Irmã caçula? - perguntei com a voz mais fina do que pretendia.
- Filha, na verdade - ela respondeu, ainda sem se virar para mim, mexia distraidamente nos cabelos da pequena. Me surpreendi.
- Filha? Sério? Ela já é grandinha e você é tão nova... - eu disse rindo
- Mesmo? - riu - Nossa obriga... - ela se virou pra mim e travou a fala. A garota arregalou levemente os olhos e pareceu perder o ar por um momento. Parecia que tinha acabado de ver um zumbi ou algo parecido. Ficou assim por alguns segundos, até soltar o ar que estava preso e colocar uma mecha da franja clara atrás da orelha, olhava para mim apreensiva.
- Tá... tá tudo bem? - perguntei fracamente, vai ver ela só teve essa reação por ter que verificar o passaporte de .
Mas parecia mais do que isso.
- E-es-está, tudo bem. - ela dizia pausadamente, mais para si mesma do que para mim. - . . - a loira disse de repente, como se lembrasse de mim.
- Eu mesmo. - afinal, sou membro de uma banda famosa, posso ser reconhecido em qualquer lugar.
- Seu cabelo cresceu... - ela disse rindo fracamente - Está mais alto também.
Eu não sabia o que responder, seria uma fã? Que já foi a um show de minha antiga tour? Se não fosse isso o que mais podia ser?
- Desde quando? - perguntei, não fui indelicado fui?
O sorriso da garota aumentou, como se se lembrasse de algum momento alegre.
- Desde a última vez que te vi...
Isso deixou minha mente mais confusa ainda, ela já tinha me visto? Onde? Claro que era uma fã, mas... desde quando eu tinha fãs com 22 anos?
- Você deve ter ido no nosso primeiro meet & greet, né? Ou algum show da antiga tour?
O sorriso da garota se desfez lentamente. E ela soltou um olhar incrédulo pra mim.
- Não! - disse ironicamente - Eu não fui a ''nenhum de seus shows''. - fez aspas com as mãos.
- Então, quando você me viu? - ''porque eu não me lembro de ter te visto'' segurei o resto da frase na minha cabeça, não vou ofender a garota também não é?
Mas ela pareceu se ofender, já que não respondeu.
- Qual seu nome? - resolvi perguntar, a maioria das vezes saber o nome das pessoas ajuda a lembrar delas.
Ela suspirou e disse: '' "
, eu já ouvi esse nome com certeza. Com TODA certeza, mas não lembro de estar relacionado a uma garota de cabelos longos loiros e ondulados, por mais que eu tentasse, não conseguia relacionar essas duas informações.
- Você não lembra, não é? - ela disse fracamente.
Tudo o que pude fazer foi suspirar e negar com a cabeça.
Já não havia mais resquício algum de sorriso nos lábios dela, então apenas carimbou meu passaporte com força e chamou o próximo da fila.
- Obrigado. - eu quase sussurrei, desde quando deixo fãs assim por não lembrar delas?
Acenei rapidamente para a pequenina ao seu lado, que correspondeu animadamente e saí da frente do balcão, até que escutei um "hey'' infantil. Me virei e vi a garotinha de cabelos escuros me entregando um folheto qualquer, com um sorriso gigante.
- Pra você! - ela disse
- Pra mim? Oh, muito obrigado! - falei em um tom infantil - Tchau!
- Até mais! - a pequena respondeu. Percebi rir fracamente, enquanto carimbava outro passaporte.
FLASHBACK ON caminhava desajeitadamente pelo aeroporto com suas duas malas gigantes em direção ao portão de embarque, não precisava de ajuda, pelo menos foram suas palavras. Logo atrás vinha um garoto de cabelos bagunçados, cabeça baixa e mãos nos bolsos.
.
Ao chegar na frente do portão, parou de andar, suspirou e virou-se para o garoto logo atrás. a olhou atentamente, estudou todos os seus traços, para guardá-los em sua mente e gastar suas noites pensando neles. As longas noites que seguiriam sem ao seu lado.
- E se eu te pedir para ficar? - perguntou com a voz falha.
- De novo?
- De novo.
suspirou.
- Você sabe que eu não posso, , é meu futuro, minha faculdade, minha vida.
- , você é meu futuro e minha vida. - suplicava.
- Eu volto, . - segurou as mãos do garoto. - Um dia eu volto.
- E se eu não aguentar? - ele lhe questionou.
- Você é forte, . Vai ter uma banda famosa! É lindo, pode conseguir qualquer garota! Você supera, eu sei que você consegue...
- Sem você vai ser difícil, , e você sabe disso, você sabe que é a única que me importa.
tocou levemente seus lábios nos do garoto. Ele desesperado. Ela apressada.
- Você consegue. Eu sei que sim. Tchau, .- e dizendo isso se afastou lentamente até desaparecer da vista do garoto, que tinha lágrimas nos olhos.
- Tchau, minha pequena. FLASHBACK OFF
penteava delicadamente os cabelos castanhos da filha, a pequenina cantarolava uma música qualquer, enquanto brincava com a barra da camisola amarela que vestia. pensava em seu dia de trabalho, especificamente em um cliente. Como ele não lembrara dela? Como? Como não lembrava-se das músicas que cantaram juntos? Dos beijos que trocaram? Das risadas que deram? Da despedida? Como?
Talvez fosse seus cabelos, agora loiros, ou os anos que passaram foram suficiente para apagá-la de sua mente.
Pensava na pequena à sua frente, Chloe. Chloe . Havia ocultado o sobrenome do pai de sua filha, por ser um sobrenome conhecido, e por ele nem saber da existência de uma filha. não sabia que era pai. não sabia que tinha uma bela menina com seus olhos, filha dele, e de .
Ela precisou se mudar para os Estados Unidos aos 19 anos, para ingressar na faculdade de medicina tão esperada, e para se manter, e ao bebê, que descobriu que teria logo, acabou arranjando emprego no aeroporto de New York. Sempre se dava conta de estar pensando em , quando o veria de novo, quando se encontrariam, qual seria a reação dele, imaginava a cena todos os dias, e esperava ansiosamente que esse dia chegasse, pois ele e a banda agora eram famosos, sabia que mais cedo ou mais tarde eles fariam shows na grande New York.
Mas esse momento já havia passado, e ele simplesmente não lembrou dela.
Então todas a sua ansiedade evaporou, e frustração era o que definia no momento.
- Mamãe. - uma voz infantil a despertou de seus pensamentos.
- Diga, meu amor.
- Quem era aquele homem que conversou com você hoje?
- Qual deles, Chloe? - perguntou, mas sabia exatamente a qual homem a pequena se referia.
- Aquele que perguntou se eu era sua irmã.
A mãe riu fraco.
- Era... só.... um antigo amigo da mamãe. - disse pausadamente, não gostava de mentir para a filha, mas como diria que ele era simplesmente seu pai, se nem ele sabia disso?
- Ele era seu namorado? - Chloe disse subitamente, se virando para , que arregalou os olhos.
- Por...Por que você acha isso Chloe? - perguntou num tom incrédulo.
A pequena suspirou.
- Hm, não sei, você pareceu gostar dele, e quando você gosta de alguém, ele é seu namorado... - riu, para uma criança de três anos, Chloe pensava rápido.
- Talvez... pode ser né? - “se ele ao menos lembrasse de mim” completou em sua cabeça.
- Ele poderia ser meu pai, né? - a pequena completou animadamente, como?
arregalou os olhos, como ela diz isso?
- Co..c...como? - gaguejou um pouco, como a filha poderia ter percebido que ele poderia ser seu pai? Sabia que eles tinham algum tipo de conexão estranha, pois Chloe nunca fora tão simpática com algum cliente antes, apenas com . Coincidentemente seu pai. E nenhum dos dois sabia disso.
- Ué, ele é um menino bonito! E é seu namorado! Ele poderia ser meu papai! – não conseguiu segurar a risada, às vezes crianças poderiam ser mais espertas do que aparentam.
- Não sei, filha, você gosta dele?
Chloe confirmou animadamente com a cabeça e deu um abraço apertado na mãe. Ela já gostava de e o queria com seu pai, mesmo sem saber que ele realmente era. Já poderia até ver os dois brincando na sala de estar e cantando desafinadamente os sucessos da banda do pai. Mas desanimou ao lembrar das palavras duras de em seus ouvidos, ”então quando você me viu?” Soava dolorosamente em seus pensamentos.
- Mamãe. - Chloe se manifestou novamente – Por que você não vai falar com ele?
se surpreendeu mais uma vez, será que a filha não se dava conta de que tudo o que estava falando a atingia mais do que pensava?
respirou fundo e respondeu:
- Porque, porque... Porque ele não se lembra da mamãe, querida.
Chloe deu um olhar confuso à mãe e franziu a testa, como se pensasse em uma solução.
- E por que ele não lembrou? Você já sabe? - negou com a cabeça - Então é melhor você descobrir, né?
E então riu, como se a filha tivesse contado uma de suas piadas de criança.
- Eu vou pensar, tá bom, meu amor? - e deu um beijo na testa de Chloe, que concordou animada.
- Eu te amo, mamãe! Muito!- disse enquanto, corria para fora do quarto
- Também te amo, querida! - gritou alto para que ela escutasse do corredor.
se levantou da cama onde estava e foi até seu quarto, decidiu que por mais nova que fosse, Chloe estava certa. Começaria a pensar porque não havia lembrado dela, já que já estava decidida a não deixá-lo partir, não de novo. era uma parte dela, uma parte importante, uma parte de sua vida, sua vida. Ela precisava dele mais do que de qualquer outra coisa, e só agora havia notado isso. Ficar tão perto do amor de sua vida e não poder tocá-lo ou dizer que o ama havia sido torturante demais, iria atrás dele na manhã seguinte, mas sabia que ele não se lembraria dela novamente. Por quê?
Abriu a segunda gaveta de seu criado-mudo branco e tirou dali um montinho de fotos que não via a meses, para o próprio bem. Todas dela e de .
Na primeira, estava com um longo vestido azul e de smooking, sorriam abraçados. Era a foto do baile de formatura, ela tinha os longos cabelos morenos presos em um penteado de salão totalmente produzido.
Na segunda, estavam sentados em uma toalha verde, na areia da praia, gargalhava, enquanto tentava aparecer em meio aos cabelos morenos dela que batiam no rosto dele devido ao forte vento.
A garota continuou a olhar todas as fotos calmamente, tentando achar alguma diferença, algo que explicasse o porquê de não se lembrar dela.
Foi olhando uma foto onde ele a abraçava por trás que a ficha caiu.
tinha seus longos cabelos lisos e morenos bem penteados jogados para frente. Longos cabelos.
Lisos e morenos.
A garota se levantou e foi até a frente de seu espelho, se olhou calmamente enquanto passava a mão levemente por seus cabelos.
Seus cabelos enrolados e loiros.
tinha pintado seus cabelos da cor mais clara possível assim que chegara em New York, pois começaria uma nova vida, e queria que tudo fosse diferente. Só não imaginava que um dia teria que voltar a ficar morena porque não lembraria dela.
Mas era isso o que iria fazer.
Seus cabelos loiros, sua voz levemente mais grossa, uma filha, o sono de e provavelmente as garotas que vieram depois de contribuíram para que ele não a reconhecesse.
Mas tudo bem, tintas pra cabelo existiam para isso. Era a hora de ter seu amor de volta.
***
A janela estava um tanto embaçada, indicando que estava frio do lado de fora, eu observava o avião subir, e com ele meu coração.
Era isso, tinha ido embora e me deixado aqui, foi seguir sua vida, e me deixado com a minha. Só que ela não sabia que ela era minha vida. Agora eu teria de continuar minha vida sem ela, sem minha pequena por perto, sem seu doce cheiro nos meus lençóis, sem seu suave timbre me dando bom dia, sem seu sorriso para me dizer '' essa música ficou linda, ''.
Mas como eu não podia fazer mais nada, só me restou sair cabisbaixo do aeroporto e ir para casa.
Deitei em minha cama, segurando minha foto preferida de e a analisando atentamente.
Ela estava debruçada na sacada de meu apartamento, com os cabelos bagunçados pelo vento, e sorrindo abertamente para a câmera. Dei um suspiro pesado, pensando em qual seria a primeira coisa que faria quando encontrasse essa garota perfeita de novo. Certamente um abraço não poderia expressar minha saudade e necessidade de tê-la em meus braços.
Foi ai que comecei a contar os dias para que ficássemos famosos o suficiente para irmos fazer um show em New York.
E então eu poderia ver novamente, aqueles olhos escuros e aqueles cabelos lisos e morenos.
- ! - me sentei rapidamente na cama, ofegando e bagunçando meus cabelos. O que houve? Tinha parado de ter esses sonhos há alguns anos, ou deveria dizer, flashbacks.
As lembranças do dia em que foi embora nunca me pareceram tão nítidas, eu já deveria ter superado. Mas aqueles cabelos escuros, que depois de tantos anos se tornaram os únicos detalhes que eu lembrava dela, voltaram à minha mente naquela noite. Talvez fosse a atendente loira que levava o mesmo nome de minha ex-namorada. Já era o suficiente para que nossos dias juntos voltassem a aparecer nos meus pensamentos. Mas como eu iria achá-la em uma cidade tão grande quanto New York? Eu poderia ir ate a universidade de medicina da cidade procurar por ela, se não fosse por minha agenda lotada. Além do mais, ela deveria estar muito bem sem mim, sendo uma ótima aluna e futura médica, eu não tinha o direito de atrapalhar a construção da vida dela. Era melhor deixar tudo como estava, doía, mas era o melhor a fazer.
O toque estridente de meu celular me despertou dos pensamentos, era Frank.
- , ainda estava dormindo? - apenas resmunguei em resposta - Levante-se logo e se arrume, surgiu uma entrevista de repente, tomamos café no caminho, até logo.
Eu suspirei.
É nessas horas que eu queria poder desejar não ser famoso, eu só queria sair nas ruas gritando o nome dela, até que ela aparecesse e me abraçasse. E ficasse comigo para sempre.
Mas como isso não era possível, eu apenas me levantei e fiz tudo no automático. Quando me dei conta, já estava no elevador, descendo em direção ao saguão, acompanhado de meus colegas de banda e de Frank.
- Parece que alguém dormiu do lado errado da cama hoje... - me deu tapinhas nas costas. Eu sorri fraco, eu estava com a cara tão ruim assim?
- Na verdade, , eu estava do lado certo, o problema é que não tinha ninguém do outro lado.
- Relaxa, isso passa. - ele tentou me consolar, mas nada podia me consolar agora, a não ser e seus braços quentes.
Mas quando as portas do elevador se abriram então uma ponta de esperança surgiu em meu coração. E o mundo inteiro desapareceu a minha volta. Era ela.
Impossível não reconhecer.
.
Com seus cabelos lisos e castanhos.
Debruçada sobre o balcão.
Só comecei a andar quando percebi que os outros garotos fizeram o mesmo, e escutei lá no fundo Frank resmungar algo como ''corram o mais rápido possível pelo saguão porque já estamos atrasados para a entrevista''. Mas não conseguia controlar minhas pernas, tudo o que precisava era da doce voz de em meus ouvidos.
Me aproximei lentamente dela, e vi que ela segurava uma pequena garota em seu colo, que dormia em seu ombro, me impedindo de ver seu rosto, a única coisa que percebi foi que seus cabelos eram iguais aos da mãe.
- Tenta ligar de novo, por favor, eu preciso falar com ele. - ela dizia para a recepcionista do hotel. E eu não precisava perguntar para quem ela tentava ligar.
Simplesmente coloquei minha mão suavemente em seu ombro, fazendo-a se virar para mim. E pude ver sua expressão confusa se transformar em aliviada.
- Pensei que não te encontraria de novo. - disse depois de me encarar por um tempo, suspirando e sorrindo fracamente. E eu abri o maior sorriso desde que havia chegado em New York.
- Se você não me encontrasse, eu daria um jeito de te encontrar. - toquei seu rosto suavemente como não fazia há anos, e observei seus lábios se curvarem em um sorriso sincero.
- ! ! Cadê você? - Um Frank desesperado apareceu no saguão gritando, mas eu continuei a observar a garota a minha frente, como se a qualquer momento pudesse desaparecer. Até que Frank me chacoalhou pelos ombros.
- Você ta louco, garoto? Eu falei pra passarmos voando pelo saguão e você me desaparece! Vamos pro carro agora! - E dizendo isso começou a me puxar pelo braço, em direção a porta de entrada.
- Times Square! Dez horas! Por favor, ! - foi a última coisa que gritei enquanto era arrastado para fora do hotel, e percebi que ela tinha entendido, já que sorriu e concordou com a cabeça.
***
As nuvens estavam cinzas, mas não havia sinal algum de chuva na grande New York. Nem em meu coração. Eu finalmente havia encontrado , ele finalmente tinha me reconhecido. Mas ele ainda não sabia disso, ainda não sabia que era eu quem havia o atendido no aeroporto, que havia voltado com a cor e o liso original de meus cabelos especialmente para ele. também não sabia que a filha que dormia em meu ombro esquerdo era dele.
não sabia de muita coisa, mas seus dedos em meu rosto me fizeram esquecer de tudo isso, e simplesmente sentir seu toque que me fazia falta todos os dias.
Mas ele disse ”Times Square, dez horas”, para que eu pudesse vê-lo novamente, sem empresários inconvenientes dando chiliques, apenas eu, ele e Chloe, finalmente vivendo os momentos que tanto precisamos.
Subi o elevador, segurando a mão de Chloe, que ainda terminava seu suco.
- Gostou do almoço, querida? - perguntei a ela que apenas resmungou um "hmmhm" por estar ocupada com o canudo, dei uma risada fraca.
Entrei em meu apartamento tipicamente bagunçado, e logo fui tomar banho, enquanto Chloe assistia a um desenho qualquer, precisava me preparar para encontrar na Times Square, e ainda precisava arrumar a pequenina, e apresentá-la para o pai. ”Apresentá-la para o pai” um tanto estranha essa frase não?
***
Me olhei uma última vez no espelho, e observei meu vestido branco até os joelhos, e meus cabelos presos em um meio rabo, o relógio marcava 21:47, era só pegar um táxi e eu estaria lá pontualmente.
Distraída, pensando em como seria reencontrar , nem notei quando Chloe abraçou uma de minhas pernas.
- Oi, meu amor! Vamos indo? - perguntei pegando-a no colo.
- Aonde nós vamos, mamãe?
- Nós vamos encontrar o papai! - falei a frase que estava presa em minha garganta desde que Chloe perguntou pela primeira vez há alguns anos. Ela soltou um gritinho animado e bateu palmas até que coloquei ela no chão, peguei minha bolsa e saí do apartamento. Era a hora.
***
O táxi parecia não andar. Acho que nunca odiei tanto o trânsito de New York como agora. Tudo o que eu queria era poder encontrar e tê-la em meus braços, dizer que ficaria tudo bem, e que não poderia viver sem ela. Havia se passado um dia de entrevistas, autógrafos e sessões de fotos, mas eu só consegui pensar nela o dia inteiro, em como estaria vestida, no que ela diria, nela, só nela.
Frank implicara durante cada segundo do dia, ''sorria mais, ", '' preste atenção, '', ''você escutou isso ?", enquanto apenas apertava meus ombros e dizia que quando eu menos percebesse, já estaria com . Definitivamente havia sido um longo dia, mas nada que a voz e os sorrisos dela não resolvessem.
Foi então que o táxi parou e escutei o motorista dizer que havíamos chegado.
A Times Square nunca parecera tão iluminada quanto naquela noite, as pessoas nunca pareceram tão despreocupadas, tudo nunca parecera tão tranquilo e perfeito. Dei meia volta, e bem à frente do letreiro mais iluminado, mostrava as luzes da cidade para uma garotinha de cabelos tão escuros quanto os dela. Afinal, quem era a pequenina que andava com ela? Reparei que ela estava em seu colo de manhã, mas não tive nem tempo de perguntar quem era a doce menininha de olhos .
- Mas, e se a luz da cidade acabar, mamãe? - a pequena perguntou. Mamãe? A garotinha era filha de ? Com assim? Ela era casada? Como eu não soube disso?
Mas também era impossível não notar, os cabelos da menina eram idênticos aos da mãe. Mas seus olhos eram , iguais aos... iguais aos... meus?
Não, não poderia ser.
Mas antes que eu pudesse formular mais algum pensamento sem sentido, se levantou e me encarou, sorrindo abertamente.
- Olá! - disse meio sem jeito, como se falasse comigo pela primeira vez, tudo bem, eu adoraria conquistá-la novamente.
- Desculpa pelo atraso - cocei a nuca - Sabe como é o trânsito de New York essa hora.
- Sem problema- ela respondeu, enquanto abaixava o olhar para a menina que abraçava desajeitadamente suas pernas. - Chloe, vai dizer oi.
Me agachei ficando da altura da garota, e sorrindo infantilmente para ela.
-Então, seu nome é Chloe? - ela confirmou timidamente com a cabeça - Eu sou o . - e estendi minha mão.
Chloe a apertou levemente, em seguida subiu o olhar para e sussurrou, esperando que eu não escutasse, mas isso não era possível, já que eu estava na frente dela.
- Papai?
deu um sorriso de orelha a orelha, e em seguida, olhando firmemente em meus olhos disse:
- Sim, Chloe, papai.
Eu não pude conter um enorme sorriso e um suspiro de emoção. Eu tinha... Eu tinha uma filha! E ainda com a mulher que mais amo, e ainda com a cor dos meus olhos!
Abri os braços ainda tomado pela emoção, e observei Chloe sair cuidadosamente de trás das pernas da mãe, e dar três curtos passos incertos até mim, ela estudava cada traço do meu rosto, e a cada passo sorria mais, até que a distância entre nós terminou, e ela me abraçou até onde seus bracinhos alcançavam.
- Eu te amo, papai! - disse abafado, pois estava com o rosto enterrado em minha camisa. Eu fiquei sem palavras, mas, mesmo que eu não a conhecesse, ela era minha filha, e eu já a amava mais do que a mim mesmo.
- Amo você, pequena.
Depois de alguns segundos, me levantei e olhei a linda garota que sorria à minha frente, ela não tinha mudado muito, apenas alguns efeitos do tempo, que só a favoreceram mais.
- Quantos anos?
- Três. Descobri que a teria logo que cheguei aqui.
Passei a mão pelos cabelos de Chloe.
- Ela é perfeita. Como você. - sorri.
- Como seus olhos... - percebi analisar meus olhos com cuidado. - Mas então - pareceu despertar de um devaneio - Agora me reconhece?
Eu ri levemente
- Como não te reconheceria? - perguntei, para mim era inigualável e totalmente notável. Ela suspirou.
- Loira de cabelos cacheados trabalhando no aeroporto...
Eu a olhei, ainda sem entender, mas quando baixei meu olhar para Chloe, então tudo fez sentido.
A do aeroporto era essa , minha , só que de cabelos claros. Eu suspirei impaciente comigo mesmo. Como não poderia ter reconhecido minha garota?
- Então era você - eu disse a encarando. - Eu sabia que a minha atendente era a mais linda. - e sorri. sorriu fraco olhando para o chão. Percebi que a tinha magoado ao não lembrar dela, é claro que sim. Como pude ser tão estúpido?
- Me perdoa. - disse levantando o rosto dela e segurando sua mão esquerda - Por favor.
apenas sorriu, aproximou seu rosto do meu, e tocou meus lábios delicadamente, como sempre fazia. Ainda não entendo como consegui sobreviver quatro anos sem o beijo de , era tudo o que eu precisava, era perfeito.
Eu acariciava seus cabelos com uma das mãos, enquanto ela apertava mais a outra.
- Promete que nunca mais vai me deixar? - perguntei me afastando.
- Prometo. Prometo. Prometo quantas vezes você quiser.- ela disse com a voz embargada - De agora em diante meu futuro é você, só você.
A beijei novamente, tentando guardar cada milésimo daquele momento, eu não poderia deixar ir. Nunca mais
- Por que você teve que ir? - minha voz falhava.
- Pra que pudéssemos ter esse momento. - ela sorriu - E eu ainda achava que poderia viver sem você do meu lado.
- E agora?
- Agora eu sei o quanto eu era iludida, - deu um riso fraco.
E então ela me abraçou. Forte e delicada, como sempre. Como se eu pudesse fugir a qualquer momento. Eu retribuí abraçando sua cintura mais forte ainda.
- Eu não vou a lugar algum, pequena. - falei como se conseguisse ler seus pensamentos.
- Eu não posso nem cogitar essa possibilidade. - e me apertou ainda mais.
Quando ela se afastou, olhei profundamente em seus olhos escuros.
- Eu amo você. - disse segurando seu rosto - Eu amo você. Amo você. Demais. - sorriu como nunca.
- Te amo muito. Mais do que você pode imaginar, mais do que você acha possível. - disse enquanto acariciava meus cabelos. - Não me deixe ir, por favor.
Eu a olhei incrédulo
- Nunca mais. Nunca. - senti que eu sorria também
Ficamos nos olhando até que senti Chloe cutucar minha perna. Me abaixei e a peguei no colo.
- Você ama o papai também, mamãe ? - ela perguntou alegre.
- Claro que sim, querida.- ela segurou uma das pequenas mãozinhas da menina.
- Mas vocês me amam mais, né? - ela alternava os olhares entre mim e . Nós gargalhamos alto.
- Mas é óbvio! Você ainda duvida, Chloe? - eu disse, fazendo-a nos puxar para um abraço desajeitado.
- Vocês são tudo pra mim - eu disse e beijei suavemente as bochechas de cada uma delas.
A Times Square nunca parecera tão iluminada quanto naquela noite, as pessoas nunca pareceram tão despreocupadas, tudo nunca parecera tão tranquilo e perfeito. Ainda mais para mim.
New York nunca fora uma cidade tão romântica.
Para alguns ela era a cidade que nunca dormia, campeã de poluição, tanto sonora quanto visual e ao meio ambiente, a cidade onde a maioria das pessoas se frustram, se estressam...
Mas para mim...
New York era perfeita.
"No matter what the people say
I know that we'll never break
Cause our love was made
Made in the USA"
FIM
N/A: Helloooo pessoas que amam fics! Espero que tenham gostado! Eu nunca escrevi uma short fic, só escrevo uma grande mesmo, mas quando vi que o tema do especial era New York, eu pirei e comecei a inventar uma história, simplesmente porque eu AMO New York. Escrevi a short praticamente inteira escutando " Made in The USA" da Demi porque eu amo demais essa música, e achei que ela combinou bastante, haha. Mas enfim, se gostaram comentem, se não gostaram comentem também. A outra fic que eu escrevo se chama "Dangerously Close", e tá em andamento, no quarto capitulo pra ser exata, o problema é q minha beta sumiu E o ffobs ta fora do ar, por isso pretendo criar um tumblr pra ela ainda essa semana. Se quiserem falar comigo, vão lá no twitter ( @t4kemerush_ ) e no ask que é vashappeninmaya ;) Mas é isso! Obrigada por lerem e espero que tenham gostado! xx