Escrita por: Sasá
Betada por: Natacha Mendes




[Parte 1]


" Who are you gonna be when I'm lost and I'm scared?
Who are you gonna be when there's nobody there?. "
Who Are You - Fifth Harmony


Chegamos ao ápice juntos, recebo um beijo na testa, tão rápido que quase não o sinto. se levanta e vai em direção ao banheiro, o chuveiro é ligado. Me reviro na cama me cobrindo com o lençol branco, tento me manter acordada para que, quando ele voltar, lhe desejar boa noite, mas o sono me domina e eu só acordo no dia seguinte, sozinha na cama. 28 de outubro, um dia comum para a maioria das pessoas, mas não para mim, esse foi o melhor dia da minha vida, o dia em que dei meu sobrenome para o homem da minha vida. As fãs não aceitaram muito no começo, mas com o passar do tempo elas foram se conformando e me aceitando.

Suspirei me levantando. Ainda era cedo, tomei um banho rápido e desci para tomar café. Esperava encontrá-lo na cozinha, eu não precisava de presentes, buquê de flores, nem um diamante, só queria poder ver aquele sorriso e saber que eu era o motivo dele, o abraçar forte e comemorar nem que seja por um minuto nosso um ano de casamento.

Algumas lágrimas escaparam quando me vi ali sozinha naquela casa. Me sentei sob a mesa pegando meu celular, iria mandar uma mensagem para , ainda não sabia bem o que sentir, o que escrever a ele, se o xingava ou perdoava mais um de seus deslizes. Mas, de repente, uma enorme ânsia de vômito me fez deixar o aparelho de lado e correr em disparada ao banheiro, colocando o jantar de ontem para fora.

(...)


Sabe aquela sensação de vazio? Como se todo mundo que você considera importante tivessem simplesmente desaparecido? Tentei ligar milhões de vezes para Abby, mas ela não atendia o celular. Eu precisava tanto desabafar.

Mesmo com todas aquelas pessoas ao meu redor indo e vindo pelo shopping lotado, eu nunca me senti tão só. Meu coração batia rápido enquanto eu lutava contra a vontade de chorar em plena praça de alimentação. Não queria que me vissem chorar, não que chorar fosse vergonha, mas derramar uma lágrima sequer por ele agora parecia um desperdício. Me irrita ver o quanto eu sempre corro atrás de tudo, enquanto não dá um passo por mim, saber que eu amo por nós dois. Dói ver que já não consigo amar sem ser amada de volta e me sentir feliz só por estar ao lado dele.

"23:30... É, ele não vem."

sempre esqueceu as datas importantes. Em alguns casos eu até relevava, mas o dia de hoje era impossível de se esquecer. Um soluço escapou de meus lábios enquanto me levantava e recolhia minha bolsa da cadeira ao meu lado, saindo depressa dali, procurando um lugar menos movimentado para chorar.

Eu, , recebo-te por minha esposa, prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias das nossas vidas - seus olhos estavam vidrados nos meus, era como se estivéssemos conectados. Seu sorriso ainda me causava arrepios como na primeira vez que o vi. Sonhei tanto com esse dia, a igreja estava cheia de amigos e familiares, ele todo arrumadinho e fingindo estar calmo ao meu lado. O padre a nossa frente oficializava nosso amor, mas estava praticamente falado sozinho já que eu não conseguia assimilar o que ele dizia, não conseguia pensar em mais nada. Era como se estivéssemos sozinhos ali, nenhum som era ouvido e ninguém era enxergado, não havia nada naquela igreja, somente e eu.

Meus olhos se encheram de lágrimas ao vê-lo deslizar a aliança em meu dedo, levantei a cabeça o olhando nos olhos, ele ria da minha cara ao notar que eu já estava chorando. Ao lado do altar, Abby, minha melhor amiga e madrinha de casamento, gesticulava freneticamente pedindo para eu não chorar por conta da maquiagem. Era impossível não me emocionar ao ver um sonho meu se realizando ali, com todas as pessoas importantes em minha vida presentes.

- Quero dizer algumas palavras.. - murmurou, nervoso, vendo o padre assentir calmamente. - Uau, não acredito que chegamos até aqui. Eu fugia de relacionamentos mais sérios e tinha uma certa alergia a palavra casamento. - soltou uma risadinha - Ai, conheci uma garota incrível, que me fez mudar meu jeito de agir e me fez mudar minha opinião sobre o amor, me mostrou como é amar alguém mais do que a própria vida. Se lembra? - se dirigiu a mim ainda segurando minhas mãos, como se estivesse com medo de que eu fugisse. Eu não iria a lugar algum sem ele. - Na festa de ano novo na casa do , você ali no meio da pista com todas as suas amigas dançando em sua volta e sua timidez não te deixava se soltar. Nessa hora, sabia que teria que tomar coragem e ir atrás de você, que naquele momento parecia ser tudo o que eu precisava. Depois de um drink para tirar minha vergonha, eu finalmente cheguei em você...

- ... Eu te dei um fora - completei, rindo baixinho, enquanto ele sorria relembrando aquela noite.

- Você mentiu descaradamente me fazendo acreditar que era comprometida, não sabia se era possível sentir inveja de alguém que não existe, mas naquela hora eu invejei quem quer que fosse o dono do seu coração. - minhas pernas estavam bambas por debaixo do vestido, meu coração parecia querer sair pela boca. mal sabia, mas desde que meus olhos encontraram com os dele, meu coração já o pertencia.

- Eu tinha medo do que poderia acontecer se eu me entregasse, medo de me apaixonar e não ser correspondida. Medo de que aquilo tudo que estávamos vivendo acabasse no dia seguinte, durasse apenas uma noite.

- Ainda bem que eu insisti, né! - risos encoaram pela igreja. Assenti prontamente, concordando. - Bom, vamos pular algumas partes, até porque, se fosse para eu falar o quanto essa garota é maravilhosa, seja na aparência ou na cama, vamos ficar aqui por dias! - , e deram gritos afetados enquanto ria da minha cara, gargalhei completamente vermelha. Virei o rosto vendo meu pai sibilar com os lábios "quero netos". Era só o que me faltava. - Se eu não tivesse ido atrás de você, nada disso estaria acontecendo.


As lágrimas já escorriam feito cachoeira pelo meu rosto. Acho que simplesmente não consegui mais segurar e tenho certeza de que não consigo mais viver assim. não para mais em casa, está sempre entre uma viagem e outra, um show e outro, quando está em casa simplesmente não me dá a mínima atenção. Como se não bastasse isso, ele às vezes sai e só retorna no outro dia. Comportamento bem diferente do começo do casamento, mas é como dizem, no começo tudo são rosas, o problema é que toda rosa tem seus espinhos. A indiferença dele em relação a nós dois é um deles, é o que mais me machuca. Acho que está na hora de mostrar que eu também tenho os meus e agora pretendo usa-los para machuca-lo, doa a quem doer. Sai do shopping e fiquei ali parada, esperando um táxi.

"00:15"

Bufei ao dar sinal á um táxi e ser ignorada, droga! Decidi ir embora de ônibus mesmo, o problema é que ponto ficava a alguns quarteirões de onde eu estava. Apertei a bolsa contra mim enquanto caminhava em passos rápidos. Os poucos postes de iluminação que haviam ali estavam com as luzes fracas e a rua estava completamente deserta. Passei ao lado de um carro preto estacionado no meio fio e continuei me caminho. Um estalo me assustou, olhei para trás disfarçadamente e pude ver o homem que havia saído do veículo caminhando calmamente pela calçada com as mãos no bolso da jaqueta que usava. Por conta da pouca luz não consegui ver seu rosto, mas também não me importei com esse detalhe, só queria chegar logo em casa, tomar um banho quente e dormir. Que amanhã seja melhor do que hoje, se bem que eu duvido que exista dia pior que esse. Dei de ombros e continuei a andar. Soltei um grito ao sentir um par de mãos grandes envolverem minha cintura com força. Me debati nos braços do desconhecido enquanto gritava por socorro.

- Shi, gracinha... Ninguém vai te ouvir - sussurrou em meu ouvido, fazendo-me retrair minha vontade de vomitar. Sua mão subiu de minha cintura, passou com uma certa força pela minha barriga e seios parando em meu pescoço. - Agora sem gritar, ouviu? Se gritar tem punição - puxei o ar, mas não conseguia respirar. Cai no chão tossindo quando ele soltou meu pescoço, me empurrando. Entre empurrões, fui levada para um quintal de uma das casas que ali haviam, o imóvel parecia estar vazio, já que tinha todas as janelas e portas fechadas e luzes ascesas. Para o aumento do meu desespero o homem me jogou no chão, curvado-se sobre mim. Seus dedos trêmulos foram desabotoando minha calça e, enquanto eu esperneava, ele tentava desce-la. - Estou vendo que gosta de uma punição - sorriu, safado, desferindo um tapa em meu rosto.
Eu olhava em seus olhos e só havia frieza, nenhum resquício de arrependimento. Essa era uma cena que eu jamais esqueceria em toda a minha vida, mas eu não poderia deixar que ele fizesse o que queria, ele poderia querer me matar depois! Suas mãos foram até minha blusa rasgando-a e deixando a mostra meus seios cobertos apenas pelo sutiã. Com apenas uma das mãos livre, consegui arranhar o braço dele, que apenas soltou um gemido de dor. Sem muita dificuldade, devido a minha fraqueza, o homem juntou meus pulsos segurando-os acima de minha cabeça, me imobilizando por completo. Suas tentativas de me despir pararam de repente, seu olhar parou em minhas mãos e ele abriu um sorriso malicioso.
- É casada? Que aliança bonita, hum, ela deve valer muito - arregalei os olhos pensando em algo que o detesse. Aquela aliança sempre fora importantíssima para mim, não só pelo valor dela, e sim porque era o simbolo do meu amor pelo . Isso era uma coisa que nada, nem ninguém, tiraria de mim. Consegui levantar uma das pernas e, após juntar todas as minhas forças, o chutei. O homem caiu para o lado gritando de dor com as mãos sob o membro. Me levantei cambaleando e corri, o mais rápido que pude. Consegui parar um carro que passava por ali, a mulher que dirigia me amparou e levou-me até a delegacia mais próxima.

Meus dedos trêmulos discaram o número tão conhecido por mim, levei o telefone ao ouvido desejando ansiosamente ouvir a voz dele. Nesse momento, toda a raiva que eu estava sentindo anteriormente havia se esvaido.

- Alô, Abby? Achou ela? - indagou, exasperado. Tentei controlar minha vontade de chorar em vão. - ? É você?

- S-sim - soluçei - Ve-em me buscar, eu quero você - disse, chorosa.

- Está chorando? Espera, onde você se meteu?

- Na delegacia - minha voz saiu falha.

Tu, tu, tu...

Coloquei o telefone no gancho e me sentei novamente, abraçando meu próprio corpo, agora coberto pela jaqueta de um dos policias, que me deram todo suporte e atenção. Mas tudo aquilo era inútil, porque a única pessoa que poderia me acalmar ainda estava a caminho. Ele pode ser tudo! O idiota que esquece o primeiro aniversário de casamento, ou o imbecil que não liga para a esposa, mas também era o homem que eu amo e eu simplesmente precisava dele.

P.O.V'S

Sai do ensaio e fui para um barzinho com os garotos, na volta, peguei meu carro e dirigi tranquilamente para casa. Logo quando cheguei, estranhei as luzes apagadas, afinal já devia ter saído da faculdade. Após destrancar a porta, procurei pelo interruptor e ascendi as luzes da sala, berrei pelo nome dela já prevendo ela descendo brava por eu ter gritado, mas ela não o fez. Olhei no relógio vendo o quão tarde estava, porém não me importei muito, não é como se ela tivesse por aí me traindo ou caindo de bêbada, sempre foi certinha demais, deveria estar na casa de Abby. Às vezes acho que deveria ter casado com ela de tão grudadas que são.

Conectei meu celular desligado ao carregador e fui tomar um banho, estava cansado, trabalhamos demais hoje. Demorei um pouco no banho aproveitando que não estava em casa falando no meu ouvido o quanto a água é importante, que devemos economizar e blá, blá, blá... Quando sai do banheiro com os dedos já enrrugados e ouvi o telefone tocar no andar debaixo, corri pelo quarto pegando uma das peças do closet, vesti a camisa enquanto descia as escadas.

- Alô?

- Oi, imbecil, passa pra , preciso falar com ela. Liguei pro celular, mas está desligado - fiquei estático ao ouvir a voz animada de Abby.

- Não está com ela? - sussurei, começando a ficar preocupado.

- Mas é claro que não, se estou perguntando dela! - disse, como se fosse óbvio - Espera... Ela não está em casa?

- Ela não voltou pra casa Abby. - minha voz saiu trêmula, demonstrando meu nervosismo.

- Calma, vou tentar falar com o pessoal da faculdade, quem sabe ela não resolveu ouvir os meus sábios conselhos e te trocou por um universitário gatinho? - bufei de raiva e a ouvi rir. Eu sabia que ela realmente fazia aquilo, só não precisava jogar na minha cara.- Relaxa, não é louca de sair por ai uma hora dessas sozinha, deve estar no trânsito.

- Tudo bem, qualquer notícia me liga.

- Combinado. E se ela chegar me avisa.

- Ok. Tchau. - finalizei a chamada me sentando inquieto no sofá. Onde essa garota se meteu? Passei as mãos pelos meus cabelos bagunçando-os num claro sinal de nervosismo. Peguei meu celular que ainda carregava sob a mesa de centro e pressionei o botão para liga-lo, o visor se ascendeu e, logo depois, apareceram 7 notificações, haviam 5 chamadas perdidas e 2 mensagens de . Fui ler o que diziam, mas fui interrompido pelo telefone tocando novamente.

Atendi rapidamente esperando ouvir a voz de Abby, mas só podia ouvir ao fundo uma sirene, logo o silêncio foi quebrado com alguns soluços. Ela ela, sua voz estava estranha, trêmula, gageijava me deixando cada vez mais preocupado. Quando ouvi a palavra ''delegacia'', senti me coração acelerar. Não é esse o lugar para onde vão as vítimas de ladrões, estupradores? Não conseguia raciocinar direito, eu só precisava vê-la para, ai sim, conseguir acalmar meu coração.

Finalizei a chamada indo atordoado atrás das minhas calças e da chave do carro, saindo em disparada ao encontro de . Ela precisava de mim e eu dela, nenhuma palavra serviria para descrever a angústia que eu sentia a cada minuto longe dela naquele momento.

Entrei como um furacão na delegacia, ao chegar pela porta da frente, pude ver o estado em que minha mulher se encontrava, seus cabelos estavam desgranhados e ela se encontrava encolhida num dos bancos. Dei alguns passos em sua direção me perguntando aonde havia ido parar a blusa que ela devia ter saído de casa vestida, franzi a testa ao identificar a farda de algum policial a cobrindo. Assim que percebeu minha presença, levantou o rosto, me dando a visão de seus olhos castanhos inchados e vermelhos, ela mantinha os braços em volta de si, como se estivesse tentando se proteger de algo. Me abaixei na frente dela, que ainda me olhava atentamente.
- O que... Aconteceu? - perguntei num sussurro a vendo baixar a cabeça e começar a chorar. A envolvi em meus braços a acolhendo, se agarrava a mim enquanto encaixava a cabeça na curva de meu pescoço.

- Sua mulher sofreu uma tentativa de estupro - um policial se aproximou de nós.

- Meu Deus... - a abracei mais forte, passando as mãos por suas costas a acalmando.

- Ela conseguiu bater no homem e fugiu, ainda não o localizamos, mas vamos procura-lo. - assenti.

- Onde estão as coisas dela? - franzi a testa.

- Encontramos os pertences dela no local do ataque. - me estendeu a bolsa preta de .

- M-me leva pra casa - pediu, chorosa. Me levantei a puxando. Ela se soltou de mim e caminhou até um dos policiais o agradecendo, um dos homens sorriu, fazendo-me bufar ao perceber a ausência de seu casaco, que agora estava em .

- Vem, vamos pra casa - meus olhos se mantinham fixos no cara e, num ato possessivo, envolvi meus braços envolta da cintura de e a puxei para um beijo.

O caminho de volta para casa foi silencioso, não tive coragem de pedir para que ela me dissesse com detalhes o que aconteceu, pra falar a verdade, nem sei se quero saber. Só de imaginar alguém querendo fazer mal a já me deixa possesso. Ela foi no banco detrás, deitada de barriga pra cima, encarando o teto do carro. Preferi deixa-la quieta.

Abri a porta de casa a observando passar por mim, subiu para o andar de cima, um tempo depois ouvi a porta do banheiro ranger. Subi para o quarto no momento em que saía do banheiro, enrolada na toalha.

- Amanhã leva isso na delegacia pra mim fazendo o favor? - sua voz saiu baixa, meu sangue subiu ao vê-la apontar para o maldito casaco do policial.

- Ah, claro. Quer que eu passe o seu número para ele também? - ri sarcástico, enquanto ela me encarava confusa.

- O que está querendo insinuar? - disse, incrédula.

- Não sei, me diz você - dei de ombros - Estava toda íntima dele, ele até te emprestou o casaco dele.

- E de onde é que você tirou essa idéia? Acha mesmo que eu estava em condições de dar em cima de alguém? - esbravejou, se aproximando.

- E por que não? Estava ali toda chorosa no meu ombro, o que me garante que ele não te consolou antes de mim? - senti minha bochecha direita arder, levei uma das mãos ao rosto massageando o local onde, com certeza, agora tinha o formato da mão de . Encarei seu rosto vermelho de raiva.

- Não sou como essas vadias que você vê nas boates. Sou sua mulher e exigo respeito. - disse, fria. - Nunca daria em cima de um homem casado.

- Seus argumentos não me convencem, principalmente agora que você mesma assume que ficou interessada. Perguntou se ele era solteiro, foi? - cruzei os braços a encarando. continuava de toalha, por mais que estivesse mais linda do que nunca, eu não deixava de ter ódio.

- Eu vi a aliança! Meu Deus, ! Eu nunca te dei motivos para duvidar da minha fidelidade! - sua voz foi ficando falha, seus olhos vacilavam e deixavam transparecer o quanto ela estava magoada. - Eu sempre deixei claro que só tenho olhos para você! Que te amo, aliás essa é a única coisa que eu tenho feito ultimamente, amar você! - bufei, pegado a merda da peça de roupa.

- Tá bom, você venceu, quer que eu leve? Eu levo! Não estou a fim de discutir hoje. - deixei o casaco sob a poltrona que havia ali perto da cama e fui em direção ao banheiro.

- Se isso o que tivemos não foi discussão, eu não sei mais o que é! - exclamou, exasperante. Respirei fundo tentando ignora-la. Tranquei a porta e comecei a cantarolar. Era só dar um tempo para ela extravasar a raiva aos berros, logo tudo voltava ao normal - Não, , você venceu. Sempre vence, não é mesmo? Sabe, estou ficando cansada disso. Se seu objetivo era casar-se comigo para depois me deixar de lado, você venceu. Se se casou só para ter uma idiota aqui, em casa, todos os dias te esperando chegar, você venceu! Mas agora chega! - ouvi alguns móveis batendo e me assustei. Isso era novidade. - Eu vou vencer pelo menos uma mísera vez! - ri do que ouvi, ligando o chuveiro, deixando com que a água quente que caia em abundância me acalmasse e desejando que algo acalmasse a fera que estava do outro lado da porta.

Me sequei com a toalha e a enrolei em minha cintura. Respirei fundo antes de destrancar a porta, não faria muito barulho. Pelo silêncio que estava a casa, já deveria estar dormindo. Quase cai para trás ao abrir a porta e me deparar com o closet escancarado. Faltava algo, as roupas de não estavam em seus lugares, tinham simplesmente desaparecido.

- ! Amor, para vai! Vem cá! - fui até o corredor e depois até o topo da escada - Tá bom, você quase me assustou, volte aqui. Isso não tem graça! - berrei, esperando ouvir a risada dela, mas, de repente, me vi sozinho, num profundo e angustiante silêncio. Corri de volta para o nosso quarto e abri minha parte do closet, cai sentado na cama ao dar falta de duas malas.

É, , você realmente venceu. Fui a nocaute e agora não sei nem o que fazer ou pensar para me recuperar desse soco.

Desci para a sala pegando meu celular, já recarregado. Liguei 10, 20, 30 vezes para e nada de ela me atender. Já estava ficando desesperado quanto percebi que haviam duas mensagens de , aqueles que nem sequer me interessei em ler. Abri a primeira.

Dormir ao seu lado, acordar ao seu lado, tudo ao seu lado tem sido maravilhoso nesse nosso primero ano de casados. Eu te amo, mas acho que você já sabe disso. xx'


Eu estava literalmente de boca aberta, chequei no calendário e constatei o maior deslize da minha vida, 28 de outubro. Cobri o rosto com as mãos me sentindo um completo idiota. Eu me odiava! Com olhos marejados, abri a outra deixando algumas lágrimas rolarem pelo meu rosto.

Amor? Temos que comemorar! Vou faltar na faculdade, te encontro na praça de alimentação do shopping! xx'


Arrependido, impotente. Era exatamente assim que eu me sentia. Se eu tivesse visto essa mensagem, eu estaria com ela. não teria que passar pelo que ela passou. Eu prometi ama-la e protege-la e ultimamente, não venho cumprindo o que prometi a ela no altar.

[Parte 2]


"Esqueça tudo o que dissemos aquela noite. Não, isso nem mesmo importa. Porque nós dois fomos partidos ao meio."


Half a Heart - One Direction.

Já havia se passado duas semanas, 15 noites mal dorminadas, dias que mais pareciam uma eternidade. Pelo menos eu estava despreocupado por saber onde ela estava, no apartamento de Abby. Ela sempre me esculachou, porém, quando eu a procurei desesperado atrás de notícias de , ela simplismente baixou a guarda me aconselhando dar um tempo a , deixa-la em paz por alguns dias. Mesmo morto de saudade, respeitei a decisão dela. Só que era tão difícil ficar naquela casa sozinho, vê-la apenas por fotos sem poder beija-la ou toca-la, sentir seu cheiro nos lençois. Amar alguém que você nem sabe se ainda te quer é frustante. Eu precisava reverter essa situação, precisava ir atrás dela, o meu maior medo agora é perde-la sem ao menos tentar te-la novamente.

Eu já tinha pensado em tudo. Arrumei um jeito de descobrir que horas Abby saía de casa para ir trabalhar e consequentemente deixava sozinha até a hora da faculdade. Era a única forma de chegar perto dela sem levar uns tapas de Stevens por não ter conseguido esperar. Mandei um SMS para dizendo que me atrasaria, mas não expliquei o motivo. Já sabia de cor o discurso dele e dos meninos, eles diziam que estava certa, que nunca dei valor a mulher que tinha em casa. Acho que só eu não havia percebido o quão frio eu era com minha esposa.

Apertei a campainha nervoso, minhas mãos soavam, meu coração acelerou ao ouvir a voz dela do outro lado da porta.

- Sabia que tinha esquecido algo, o que foi dessa vez, Abby?... - ela paralisou ao dar de cara comigo. Seu sorriso se desfez fazendo-me ficar inseguro. - Abby não está, foi trabalhar - disse, fria. Ia fechar a porta, mas eu a impedi, colocando o pé.

- Sabe que não vim falar com Abby. - ainda tentava forçar a porta, dessa vez estava mais fraca - Por favor, , vamos conversar. Você sabe que precisamos - ela, por fim, largou a porta, suspirou pesadamente e abriu me dando espaço para entrar.

saiu andando na frente, ia em direção à cozinha, a segui. Ela estava visivelmente nervosa e com algumas olheiras debaixo dos olhos, não muito diferente de mim, mas estava linda como sempre. Se sentou e fez sinal para que eu fizesse o mesmo. Puxei a cadeira para perto dela, sei que não deveria ser tão direto, mas a saudade era tanta que queria quebrar qualquer distância dela.

- Então - se remexeu desconfortável na cadeira - Fale logo o que quer - cruzou os braços me encarando séria.

- Você sabe o que eu quero. Te quero de volta, de volta pra mim, pra nossa casa. - olhei nos olhos e a vi desviar o olhar hesitante. - Olhe pra mim, veja o que me causa ficando longe de casa por tanto tempo! , eu não durmo direito há dias! - nem sentir o cheiro da blusa dela estava adiantando. O medo de ter que aprender a ficar sem ela era enorme. - É horrível acordar de manhã sem te ver na cozinha preparando o café ou passar uma semana sem te ouvir cantar no chuveiro. Tudo é horrível sem você - aproximei minha mão de seu rosto, acariciando levemente. fechou os olhos recebendo o carinho. Aproveitei que ela estava ali, tão perto e tão entregue a mim e cheguei mais perto, seus lábios entreabertos, finos e tão macios me convidavam a me aventurar e tentar um beijo. Me inclinei em sua direção sentindo seu cheiro, morto de saudades daquilo tudo, depositei um beijo em seu ombro e subi até seu pescoço, suspirou e, num ato quase que involuntario, levou uma das mãos ao meu cabelo, fazendo um carinho gostoso. Seu rosto veio de encontro ao meu e tratei de acabar com a distância de uma vez por todas, roçei meus lábios nos dela - Volta pra mim... - sussurei e finalmente a beijei, pedi passagem para aprofundar o beijo, mas de repente me vi sem o calor do corpo dela. Suspirei frustrado.

- Eu não sei, . Cansei de brigar. Talvez seja melhor pedir o divórcio, cada um ir para o seu lado - abri meus olhos rapidamente. Divórcio?

- O que? - exclamei, incrédulo - , você não pode fazer isso comigo, fazer isso com nós! Eu sei que fui um idiota, mas pedir divórcio? Desistir assim de nós dois? - me levantei num sobressalto a encarando. agora se encostava na pia, seus olhos marejados e seu nariz vermelho denunciavam, ela iria chorar. Senti meu coração apertar só de me dar conta de quantas vezes a fiz sofrer.

- Eu não sei o que fazer - sua voz saiu fraca, enquanto uma lágrima solitária descia pelo rosto dela.- Só... me dê mais um tempo para pensar.

- Não. Essas duas semanas já foram ruins demais sem você. - neguei veemente com a cabeça, indo até ela. Segurei seu rosto a olhando nos olhos - Olha, eu te amo e vou fazer de tudo pra mudar. Mas não posso te arrastar pra casa e te obrigar a ficar comigo. - sequei seu rosto. - abaixou a cabeça, minha esperança se esvaia a cada vez que ela se mostrava confusa. Eu estava entregando nosso casamento nas mãos dela, e essa confusão poderia acabar com tudo o que tivemos nesse um ano.

- , eu... - a voz falha demonstrava que ela não estava bem. Senti suas mãos se apoiarem em meus ombros e meu coração acelerou.

- , tá tudo bem? - ela balbuciou algo e suas pernas fraquejaram, fazendo-me a segurar pela cintura, tentando não deixa-la cair. - ? Fala comigo, amor? - seu rosto estava mais pálido que o normal. Assustado, a peguei no colo e corri até o elevador. Eu chamava por ela, que estava tonta demais para me responder, o desespero aumentou quando ela desmaiou por completo em meus braços. A coloquei com cuidado no carro e fui quase que voando para o hospital.

Aquele tempo que ficou dentro daquela sala mais parecia uma eternidade. Quando fui autorizado a entrar no consultório, vi sentada numa das cadeiras que ali havia, andei até ela me abaixando em sua frente.

- Você está bem? O que te fez passar mal daquele jeito? - a analisava preocupado, parecia estar melhor, apesar de demonstrar confusão.

- Relaxe, papai! Assim como os enjoos, isso é normal! Acontece em toda gravidez. - a doutora Daves explicou, calmamente. Quase cai no chão quando escutei aquilo. Olhei para , que parecia que iria ter outro desmaio e estava tão assustada quanto eu.

- G-gravidez? - gaguejei.

- É! está de duas semanas, não sabiam? - ambos negaramos com a cabeça fazendo-a soltar um pequeno riso.

- Espera, tenho certeza que isso é um engano - riu, nervosa.

- Não, querida, parece que a família vai crescer.

(...)


- Grávida? Mas, como? - Abby exclamou, impressionada.

- Vou explicar, Abby, quando duas pessoas se amam muito, eles casam e fazem...

- ARGH! Cale a boca, ! Eu sei de onde vem os bebês! - esbravejou a ruiva.

- Ah, pensei que teria que te explicar - brinquei, vendo-a bufar.

- Parem vocês dois, eu é que deveria estar nervosa aqui, Stevens! A mãe de primeira viagem sou eu! - haviamos acabado de chegar, ligou pra Abby, que estava em seu horário de almoço. Ela, curiosa como é, deixou de comer só para saber o que estava acontecendo.

se levantou e chegou perto do espelho que havia ali, meio hesitante. Minha mulher levou as mãos a barriga, acariciando por cima da blusa. Sorri abertamente, era tudo tão novo pra mim! Poxa, daqui há algum tempo nós teríamos uma miniatura nossa engatinhando pela casa, um ser totalmente dependente de nós. Ainda estava preocupado com o divórcio, mas creio que essa não era uma boa hora para decidir aquilo. Fui tirado de meus devaneios pelo meu celular vibrando em meu bolso. Era .

- Ei, dude! quer te matar! Cadê você? - desci até a sala, deixando as duas no quarto.

- não pode fazer isso, meu filho precisa de um pai - sorri bobo.

- Filho? - indagou, confuso - , você bebeu de novo?

- Nunca estive tão lúcido em toda minha vida, . Nunca estive tão feliz, cara! EU VOU SER PAI!

- S-sério mesmo? Não está me trollando?

- Não! - exclamei, rindo. - Estou indo pra aí!

- Ok - disse, lentamente, talvez processando a novidade. - Hey! Guys! Vamos ter um baby direction! - gargalhei ao ouvi-lo berrar. - Cara... Parabéns.

Finalizei a chamada agradecendo. Ouvi um barulho atrás de mim, me virei encontrando descendo as escadas.
- Tenho que ir, o dever me chama - sorri fraco, vendo-a retribuir o sorriso e assentir rapidamente. - Posso? - apontei para a barriga ainda lisa dela, mais uma vez mexeu a cabeça.

Me aproximei abaixando-me, minha mão pousou em sua barriga enquanto a outra estava apoiada em sua cintura. Depositei um beijo ali, levantei-me procurando seu olhar, colei nossas testas e tentei um beijo de despedida, porém virou o rosto.
- Tudo bem... Até mais, mamãe - sussurei, beijando sua testa. Caminhei até a porta, mas fui impedido por dois braços me abraçando por trás.

- Até mais, papai.

(...)


Era sexta feira à noite e eu planejava ficar em casa novamente. não tocou mais no assunto do divórcio, mas também recusava meus beijos e se esquivava de qualquer aproximação minha. Estava magoada, e eu teria que entender o lado dela e esperá-la se acalmar.

Assistia um reality show bizarro, jogado no sofá e quase dormindo, dei um pulo ao ouvir meu celular apitar. Era um SMS de... Abby? Preocupado, tratei de abrir a mensagem pra ver do que se tratava.

, sua Cinderela perdeu o sapatinho de cristal e junto com ele a vergonha na cara! Sua esposa foi beber com um bando de mal intencionados naquele barzinho no centro! Eu tentei impedi-la, mas sabe como é teimosa. - Abby

Subi para o quarto trocando de roupas na velocidade da luz. Peguei as chaves do carro e dirigi até a famosa.

Cheguei no estabelecimento lotado, pessoas dançavam amontoados na enorme pista de dança e havia pessoas reunidas nas mesas que ali tinham. Reconheci os colegas de faculdade dela e senti meu sangue ferver. sabia que eu não ia com a cara daqueles garotos, todos eles a olhavam diferente, queriam te-la e parecia que só estavam esperando o caminho ficar livre para tentar ter algo com ela. Sinto decepciona-los, mas ainda é minha e já está mais do que na hora dela me aceitar de volta. Hoje terminaria o prazo que dei a ela para se decidir, só espero que esteja ciente disso, que ela faça a escolha certa.

Caminhei com dificuldade entre as pessoas e a avistei dançando sozinha num canto, o que já denunciava embriaguez, já que quase nunca dança, quanto menos só. Caminhei até ela que ainda dançava ao som de Mirrors, não resisti e cheguei por trás, para que ela não me reconhecesse, se movia de forma provocante atraindo olhares masculinos. Seu vestido preto, colado ao corpo ameaçava subir a qualquer movimento dela, coloquei uma das mãos na cintura de minha esposa, que pareceu não se importar, e a trouxe para perto de mim, colando nossos corpos. Tirei seus cabelos ) de seu ombro esquerdo e depositei beijos ali, se encolhia arrepiada enquanto eu ria baixo em seu ouvido. A virei para frente a encarando ali, já alegre por conta da bebida dançando de olhos fechados, aproximei nossos rostos, mas tentou se soltar de repente, pareceu se assustar com algo.

- Não posso.- sussurrou. - Sou casada e... não posso fazer isso com . Ele pode ser um completo idiota, mas não merece isso. Ele pode ser um imbecil, mas eu o amo com todas as minhas forças. E mesmo separados, eu não consigo esquecê-lo, nem um minuto sequer - confessou, ainda de olhos fechados. Engoli a seco a ouvido.

- Então por que não volta pra ele? Tenho certeza de que ele deve estar arrependido - disse, perto de seu ouvido.

- Porque estou machucada, magoada. Meu coração está dividido, parte dele me manda sair daqui feito louca e correr o mais rápido possível pra nossa casa e, quando vê-lo abrir a porta, me jogar nos braços dele, dizer o quanto o amo, talvez jantariamos comida chinesa na sala, talvez faríamos amor no sofá da sala - deu de ombros. Sorri abertamente relembrando tudo o que vivemos nesse um ano. Mas de repente meu sorriso se desfez, agora começava a soluçar baixinho - A outra parte me manda encontra-lo e socar aquele rosto lindo dele, bater tanto nele ao ponto de fazê-lo perder a consciência! - arregalei os olhos, assustado - Arrependido? Não! Ele me deixava sozinha pra sair com os amigos, e a idiota aqui ainda se preocupava com ele! - riu em meio a lágrimas. Senti como se tivessem arrancado meu coração e pisado em cima milhares de vezes, meus olhos marejaram ao ver o mal que fazia a ela.

- Ele é um filho da puta... - murmurei com a voz falha. assentiu ainda de cabeça baixa, secando as lágrimas.

- E-Eu preciso ir ao banheiro, eu...- colocou a mão sob a boca. Eu já previa o que iria acontecer a seguir e garanto, ninguém ali merecia ver aquela cena. A guiei ás pressas até o banheiro feminino entrando junto dela, é claro que me olharam estranho ao me verem no banheiro feminino. Não importava, só queria ficar ao lado de , levá-la pra casa e cuidar dela e do nosso filho.

Ela tinha a cabeça inclinada em direção ao vaso sanitário, colocando tudo pra fora. Eu segurava seus cabelos e acariciava suas costas descobertas pelo vestido.

- Você não precisava ver isso, me desculpa, eu... - murmurou, enquanto ia em direção à pia, se lavando.

- Na saúde e na doença, lembra? - ela levantou o rosto finalmente me encarando pelo espelho, se assustou instantaneamente.

- ? O que faz aqui?

- Vim te levar pra casa - disse, calmamente, afastando a franja de seus olhos.

- Eu não vou embora.

- Vai sim.

- Deixa só eu te explicar uma coisinha, eu vou voltar pra lá e você vai embora pra casa. Simples assim, você quis assim, agora aceite.

- Eu quis assim? Quem saiu de casa foi você, não eu.

- Claro, eu estava praticamente morando sozinha - cruzou os braços, sua voz começava a ficar embargada. - E agora, eu estou praticamente solteira. Então posso fazer o que eu quiser. Boa noite pra você - saiu andando porta a fora. Fui rapidamente atrás dela e, quando consegui ver onde ela se meteu, meu sangue ferveu.

- Vira, vira... - um grupo de GAROTOS fazia a idiota competição de quem bebe mais. estava ali também, incentivando-os a beber e posicionada na frente de um cara que quase a comia com os olhos. Cerrei meus punhos furioso, mas fiquei onde estava, apenas observando de longe. Desisti de manter distancia quando a vi se aproximar do balcão animada.

- Eu sou a próxima! - exclamou, fazendo os garotos a sua volta comemorarem felizes. Eles estavam adorando tudo aquilo, queriam embebeda-la para se aproveitar dela. Mais eu não iria deixar. Fui até a puxando pelo braço.

- Vamos logo embora.

- Eu não vou a lugar nenhum! - se soltou - Aliás, estou de próxima, não posso sair.

- Não vou deixar você se embebedar desse jeito. - peguei seu braço novamente, dessa vez apertando um pouco.

- Está me machucando. - reclamou.

- Solta ela, cara! - um dos amiguinhos dela interviu na nossa conversa. A soltei percendo a força que estava usado. - Ele está te incomodando? - assentiu, fazendo cara de coitada. A olhei incrédulo. - Deixe-a em paz, tem tanta mulher por aí, procure outra. - sorriu, ironica, enquanto ele, de costas pra ela, falava comigo.

- Ela é minha esposa e mãe do meu filho, não tem nenhuma outra mulher que eu queira nesse mundo. Só estava tentando leva-la para casa, mas ela é teimosa demais!

- Isso não justifica você querer machuca-la.

- Eu a machuquei sim, mas não fisicamente. E me arrependo muito disso, vim buscar ela, se me der licença - fiz menção de ir até , mas fui impedido pelo cara, que já estava me irritando.

- Ela não quer ir com você, eu a levo pra casa depois. - minha mão se fechava automaticamente e eu me controlava o quanto podia para não socar a cara dele.

- Não vou deixar ir a lugar nenhum com você.

- ... - ouvi a voz de , saiu abafada por conta do som alto e pela minha discussão com o garoto. O moreno segurou seu rosto fazendo-me ficar possesso de ciumes.

- Ela é minha esposa e vai pra casa comigo! - exclamei.

- Acho que ela precisa de um médico... - havia caído no chão e se contorcia de dor, me abaixei a amparando. Naquela hora, tudo parou, a música estava abafada em meus ouvidos, eu só podia ouvir seus gemidos agonizantes. Ao pega-la no colo pude sentir seu vestido molhado, mas não liguei muito para esse detalhe, eu só queria parar a dor dela. O garoto que antes a defendia agora me acompanhava ajudando a abrir caminho entre as pessoas.

- Meu carro está perto da saída, venha! - o segui ainda desesperado. O caminho até o hospital foi rápido para o meu alívio. Corremos para dentro chamando atenção das pessoas que ali estavam.

- Alguém socorre minha mulher! Por favor! - berrei exasperado, um grupo de médicos chegou com uma maca a arrancando de meus braços. A angústia me consumiu quando olhei para minhas próprIas mãos e as vi sujas de sangue.

Me joguei num dos bancos da sala de espera e chorei em desespero, não podia perder meu filho, já quase não tinha .

(...)


Os aparelhos piscavam freneticamente e alguns reproduziam um irritante barulho, mas nada que pudesse fazer despertar. Ela havia passado a noite ali, e eu estava ao lado dela. A observei dormir por horas pensando o quão burro eu era, sempre a tive ali, dormindo ao meu lado, mas nunca parei para observa-la, reparar o quanto ela era linda mesmo sem maquiagem e até roncando. Sorri acariciando de leve sua pele branca, se remexeu na cama com dificuldade por conta de alguns aparelhos ligados a ela. Abriu seus olhos castanhos olhando diretamente para mim, ela sorriu sem mostrar os dentes e eu retribui, me inclinando e beijando sua testa. Seu olhar vagou pelo quarto e pude ver o desespero e a agonia estampados em seu rosto. Os olhos de se encheram de lágrimas e ela começou a se mexer rapidamente, tentando se soltar do que a prendia na cama.

- Ei, amor, calma - a segurei pelos ombros.

- M-Meu bebê, ele... - algumas lágrimas molhavam seu rosto.

- Shi... Calma, está tudo bem, vocês estão à salvo. - se acalmou aos poucos respirando ofegante. - O doutor disse que você teve um sangramento, quase perdeu o bebê.

- Graças a Deus - levou uma das mãos até a barriga acariciando devagar - Prometo cuidar melhor de você, meu anjo. - dizia quase que num sussurro, me fazendo sorrir bobo observando tudo aquilo.

- Eu também quero cuidar dele, cuidar de você da mesma maneira que você cuidou de mim durante esse um ano. Não quero perder nenhum momento ao lado de vocês dois. Quero ver sua barriga crescer, estar junto quando voce sentir os primeiros chutes, sair no meio da madrugada para satisfazer seus desejos loucos de grávida. - ela riu fraco - Quero dormir e acordar novamente ao seu lado, tomar banhos demorados com você, te quero de volta em casa e na minha vida.

Seus lábios vieram de encontro aos meus, aquele beijo era como uma droga para mim e eu estava mais do que pronto para sair daquela torturante abstinência. Suas unhas arranhavam de leve minha nuca, causando-me arrepios inimagináveis. A porta foi aberta nos obrigando a nos separarmos. Logo a risada de Abby preencheu o quarto.

- Seus safados, o bebê nem nasceu e vocês já querem dar um irmão a ele? - gargalhou com a cabeça enterrada na curva de meu pescoço. Sorri enquanto beijava o topo de sua cabeça.

Meses depois...

A barriguinha de quatro meses já era visível debaixo do roupão branco que vestia, ela andava reclamando que estava enorme, mas vibrava a cada dia em que a barriga crescia, postando fotos e mais fotos dos momentos importantes, as fãs acompanhavam a gravidez de perto e até sugeriram nomes para minha princesa que estava a caminho. Diante tantas opções, escolhemos Lindsay.

havia acabado de chegar depois de uma tarde de compras com Abby, madrinha da bebê juntamente com . Voltou cheia de sacolas com roupas e acessórios para bebês. Cansada, ela disse que precisava de um banho, e claro, eu a acompanhei.

Após se despir, se sentou com cuidado na banheira, entre as minhas pernas. Se deitou em meu peito aproveitando o calor da água quente.

- Com dor? - a observei assistir. Minhas mãos entraram em contato com a pele macia dela descendo por toda extensão da coluna dela, massageando devagar, subi retirando toda a tensão dos ombros de , que gemia de dor a cada vez que eu a apertava em algum local dolorido. Ela mantinha os olhos fechados, apenas aproveitando o carinho que recebia.

- Obrigado. - murmurou, quando a puxei de volta para meu peito. Tombou a cabeça pra trás me encarando de canto de olho. Beijei sua testa antes dela começar a falar - Nem comemoramos direito nosso primeiro ano de casados. - comentou, cabisbaixa.

- Como não?! Ganhamos um presente maravilhoso. - passei levemente as mãos pela barriga de , que colocou a mão por cima da minha acariciando.

- Eu te amo. - sussurrou, sorrindo, como se estivesse contando algo secreto.

- Eu te amo mais. - respondi no mesmo tom, porém não era segredo para ninguém que eu a amava.



FIM



Nota da autora: 28/10/2014 - Hey amores! Bom, essa é minha primeira shortfic e espero realmente que vocês gostem, peguem leve comigo!A data 28 de outubro foi escolhida por causa do meu aniversário hehe, então... O que acham de comentar como forma de presente hun? kkkk' Suas opinioes são muito importantes para mim! Beijos da tia Saah

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