Escrita por: Mell
Betada por: Adriele Cavalcante


Eu andava em círculos pela sala, também, com tudo que passava pela minha cabeça naquele momento. Fazia muito frio em Londres, ótimo para assistir um filme embaixo de um cobertor com o namorado. Ri do meu pensamento, eu estou prestes a acabar um relacionamento e ainda fico pensando nessas bobagens. Balancei minha cabeça e tirei do bolso da minha jaqueta de couro um maço de cigarros.
Fui criada em uma família que cultivava a ideia de que eu deveria casar, ter filhos e apoiar todas as decisões do meu marido. Minha família era considerada a família tradicional de Oxford, na escola, eu só era considerada uma patricinha medíocre infiltrada no clã dos nerds. Na verdade, eu gostava de ser do grupo nerd, eles eram simples, não ligavam para o meu dinheiro. Eu frequentemente era alvo de piadas na escola, riam do meu cabelo, das minhas roupas. Mas eu não dava a mínima, só queria passar de ano para agradar minha querida família.
Quando conclui o high school, decidi ir embora para Londres, longe dos meus pais e de suas influências. Me mudar para Londres foi a melhor coisa que eu já fiz, aqui eu poderia ser eu mesma. Estou cursando Arquitetura e faço estágio em uma empresa grande aqui em Londres. Foi aí que eu encontrei o maior pesadelo da minha vida, . Ele era filho de um amigo do meu pai e contratou os serviços da nossa empresa. era mais velho do que eu, devia ter uns trinta enquanto eu tinha meus vinte recém completados. Até que um dia nos encontramos em uma festa que meu pai deu em minha antiga casa. Acabamos ficando durante ela, e, depois daquele dia, os encontros e as ficadas foram constantes, até que começamos a namorar. Minha família deu apoio total, afinal, ele era um homem bem sucedido e filho de um dos maiores empresários de Sheffield, era o homem certo para domar a garota rebelde. Eu realmente gostava dele, não o via como um homem de negócios bem sucedido, mas sim como meu namorado e amigo, eu o amava, ainda amo, e é este o problema.
Nosso namoro era maravilhoso, porém começou a controlar todas as minhas atitudes. Por ele, larguei meu emprego e meus poucos amigos. Eu era obrigada a aturar as traições dele, pois, afinal, qual homem não erra algumas vezes na vida? É o que diziam meus pais.
Eu sempre quis ser forte, prezava muito pela liberdade. Mas eu o amava não queria ficar sem ele, por isso que eu me submetia a algumas coisas. Não pense que eu me orgulho do que me tornei. Muito pelo contrário, eu odiava ser submissa e foi por essas razões que eu estou prestes a terminar com .

- Preciso falar com você - Fui direta, não poderia enrolar, porque eu sabia que tinha grandes chances de eu acabar desistindo.
- Boa noite, amor! Isso são maneiras de tratar seu namorado? - chegou perto e me deu um beijo rápido, porém o suficiente para minhas pernas vacilarem. Eu gostava dele, pensar em perdê-lo era muito triste, porém precisava de liberdade.
- Sem provocações, ok? Eu preciso conversar e quero que você aja como o adulto que é. - Falei séria. deu alguns passos e sentou no sofá olhando para tv e tragando meu cigarro que estava no cinzeiro ao seu lado.
- Certo, , pode falar, estou te ouvindo - Falou ainda olhando para tv. Bufei, estava cansada de nunca ser levada a sério por ele. Caminhei rapidamente até à frente da tv e me posicionei ali.
- Olha só, , eu simplesmente não posso mais continuar com isso - Gesticulei diante de nós dois.
- Isso...? - Me incentivou a continuar.
- Isso... Nosso relacionamento, se é que posso chamá-lo assim. - Falei tentando manter a calma. Porém foi difícil mantê-la quando começou a rir. Rir não, gargalhar.
- Tá bom, , essa piada está ficando velha. Acho melhor você achar outra mais convincente - Debochou.
- O único que está fazendo piada aqui é você. Eu estou terminando com você, espero que entenda e me deixe em paz. - Falei tudo que estava trancado há tempos.
Está doendo muito ter que terminar com , mas eu não posso continuar sendo tão submissa a ele. Eu queria ser forte, queria poder tomar minhas próprias decisões e ter os amigos que eu quisesse. Para isso teria que me afastar dele, apesar de ter certeza que não será tão fácil assim.
deu um soco tão forte na mesinha de centro que me fez dar um pulo. Suas veias estavam saltadas e seus olhos estavam em uma coloração avermelhada que me causava arrepios.
- Caralho, , eu sabia que seus amiguinhos idiotas iriam colocar essas merdas na sua cabeça - Ele puxou os próprios cabelos como uma forma de descontar momentaneamente a raiva que estava sentindo. - Eu já falei para você parar de andar com eles, porra. - Gritou .
- , calma, ok? Não foram eles, foi uma decisão minha. E, além do mais, esse é um dos motivos pelo qual eu estou terminando com você. Eu ando com quem eu quiser! - Falei irritada. Apesar de estar com medo de suas reações.
nunca fez o tipo agressivo, ele nunca me bateu e duvido que algum dia ele cometesse tamanha atrocidade. Porém sua possessão as vezes me assusta, ele seria capaz de fazer uma guerra para me "proteger", como ele tanto gostava de dizer.
- , entenda que eu só quero seu bem. Eu sei o que é melhor para você porque eu te amo - Falou se aproximando, enquanto eu cada vez mais dava passos para trás.
- Por que você me trai afinal? Diz tanto que me ama, mas você está sempre flertando com as filhas dos seus sócios. - Falei com toda coragem que eu tinha.
- Você sabe, no mundo dos negócios as coisas acontecem assim, as vezes é necessário fazer sacrifícios. É tudo por você e pelo seu bem. - O olhei incrédula, eu não acredito. Ela realmente pensa que eu sou idiota. - Mas eu te amo, , você me pertence, faço isso porque eu tenho que cuidar do que é meu. - Falou chegando bem próximo a mim. Passou a mão pelo meu rosto carinhosamente e me beijou. Sua língua explorava cada cantinho da minha boca, e eu já estava completamente entregue a aquele homem. Senti seus lábios sugarem os meus de uma maneira extremamente erótica. Ele estava tentando transar comigo. Droga! Eu não posso cair no papinho cafajeste do .
- Para, , mas que merda! Me deixa em paz - o empurrei com os olhos ardendo, eu iria chorar. - Eu não sou sua, eu não te pertenço, eu não quero você! - Ele gargalhou na minha cara, já esperava por isso.
- Não tente bancar a mulherzinha forte, você sabe que não é. - Aquilo me atingiu como uma faca, doeu, doeu tanto porque eu sabia que era verdade. Eu tentava ser forte, eu tentava ser independente, mas ele simplesmente me derrubava. Ele tinha um poder de persuasão tão forte, que até o Diabo se dobraria diante dele.
Ele me puxou para perto, intensificando o beijo e desceu as mãos pelo meu corpo até chagar na minha bunda e apertá-la com gosto. Gemi e, claro, foi um prato cheio para ele.
- Lamento, amor, mas se você continuar insistindo nessa ideia ridícula, eu vou ter que te deixar de castigo. E isso inclui greve de sexo. - Brincou ele.
Caralho, ele nunca me leva a sério! Tô cansada de ser o brinquedinho. A garotinha que cede a qualquer ordem. Não aguentei por muito tempo, chorei ali mesmo no seu ombro.
- , por favor, me deixa em paz, eu não quero viver isso. - Minha voz saiu abafada por estar abraçada a ele. - Eu não quero depender de você para tudo.
puxou meus cabelos carinhosamente, para poder olhar nos olhos dele.
- Não tente fugir, eu sou seu e você é minha, tão simples. Você é parte de mim, não posso a deixar ir. Eu te amo, . - Abaixei a cabeça novamente, sabia que eu tinha perdido mais uma vez. Eu era dele e eu sempre soube disso.
- Eu também te amo - Falei baixinho limpando as lágrimas que teimavam em sair com as costas da mão.
Então me beijou, me beijou de uma forma inusitada, era carinhoso e calmo. Eu segurei seus cabelos para aprofundar ainda mais o beijo. Ele agarrou minhas coxas e eu entrelacei elas na sua cintura. nos conduziu até o sofá e me deitou ali. Nos beijamos e as roupas entre nós começou a ficar desnecessárias.
Eu comecei a despi-lo, ele tinha um corpo perfeito para mim. Era forte, porém não era forte a ponto de ser comparado a um cara que fica horas na academia.
Notando sua desvantagem ele também me despiu, ficamos só de roupas intimas. Sentei no colo dele e suguei o seu pescoço, enquanto ele fazia movimentos bem gostoso embaixo de mim. Eu estava gostando muito, aliás, sexo é uma das minhas atividades preferidas, seria hipocrisia da minha parte dizer que não era bom de cama. Na verdade, possuía muitas qualidades e uma delas era que ele sabia como fazer do jeito certo.
Beijou meu pescoço e tirou meu sutiã. Apertou meus seios, eu gemi e arranhei suas costas. Desceu os beijos pelos meus seios e me deitou no sofá. Fez uma trilha de beijos pela minha barriga e tirou lentamente minha calcinha, passou o dedo na minha intimidade e eu fui ao paraíso. Ele sabia como enlouquecer qualquer um. Sem aviso prévio penetrou dois dedos dentro de mim. Os movimentou devagar e eu comecei a me mexer embaixo dele para acabar com a agonia que eu estava sentindo. Porém parecia que nada me saciava naquele momento.
- Certo, amorzinho, vou acabar com a sua tortura - Falando isso ele pegou a carteira que estava dentro da sua calça e tirou de lá um pacote de preservativo, rasgou com os dentes e colocou. Depois disso ele tirou lentamente as roupas que ainda estavam no meu corpo e finalmente me penetrou de verdade.
fazia movimentos rápidos, porém era extremamente cuidadoso. Não parou de me beijar nenhum instante. Eu mordia seus lábios para descontar o tesão que eu estava sentindo e ele parecia adorar isso, já que me penetrava cada vez mais forte. Nossos corpos estavam em chamas. Eu estava quase lá, e, pelo visto, também. Porém ele nunca é cem por cento bonzinho. Com o intuito de me torturar mais um pouquinho, ele diminuiu o ritmo. Me penetrava bem devagarinho, eu estava beirando a insanidade.
- , por favor, não faz isso. - Falei, com certa dificuldade.
- Calma, amor, deixa vir devagar. Não quero sair de você, não agora. - Falou no meu ouvido e eu praticamente desmaiei de tesão.
Sem paciência eu tentei a todo custo aumentar a velocidade, porém ele era mais forte, continuou ditando o ritmo. Mais algumas lentas investidas eu cheguei ao ápice e, logo depois, ele também. Fazia tanto tempo que nós não fazíamos amor e era incrível a sensação. Eu me sentia viva novamente.
Acordei com uma luz forte em meus olhos. Já era manhã, e eu nem lembro de ter dormido tanto assim. Acordei com uma puta dor nas costas devido à noite mal dormida no sofá.
Virei para o lado e estava dormindo ainda, era tão lindo. Parecia uma criancinha indefesa que dá vontade de abraçar e levar para casa. Porém, enquanto eu o observava, as lembranças da noite passada vieram à tona na minha cabeça.
Eu precisava me libertar, eu precisava ser a , não a namorada do . Eu queria ter minha vida, ter meu emprego, porém também queria o . Eu sabia que seria difícil conciliar as duas coisas. Eu teria que fazer uma escolha, mas por que era tão difícil? Talvez porque eu estava destinada a me entregar completamente a alguém. Se apaixonar custa caro, temos que abrir mão de muita coisa, porém valeria a pena abrir mão de tudo pelo ?
- Não acha que está muito cedo para pensar? - Escutei aquela voz sonolenta e sexy do meu lado.
- Bom dia! É talvez seja, mas é necessário...- Falei pensativa.
- Ainda está pensando em terminar comigo? - Perguntou.
- , vou ser sincera, espero que me entenda. Eu te amo, e quero muito ficar com você, mas eu também quero ter minha própria vida. Quero ter minhas opiniões, meus amigos, meu emprego e quero você - suspirei - Quero muito que você seja só meu, de mais ninguém. Mas parece que isso é tão difícil. A minha vida inteira eu passei obedecendo as ordens machistas dos meus pais, fiz várias coisas que eu detestava para agradar eles e a sociedade, mas agora tô cansada, quero ser eu mesma. Não é apenas eu que tenho que decidir. Ou você muda, ou então nós vamos ter que ficar longe um do outro. - Falei fazendo carinho no cabelo dele.
- , te entendo e sei o quão possessivo eu sou. É minha forma torta de te proteger. Eu também quero você só para mim. Prometo que daqui em diante eu vou tentar respeitar suas opiniões, mas não pense que eu vou deixá-la fazer o que bem entender - riu - E quero que saiba que eu sou assim com você, pois sinto uma necessidade absurda de protegê-la, é como se eu fosse destinado a fazer isso. Eu sei que te sufoco, mas tudo isso é por medo, medo de te perder, porque você é única. Desculpa se te machuquei algumas vezes ou muitas vezes, eu sou humano e humanos erram. Porém você não, você é um anjo, , tudo o que você faz é o correto. E desculpa pelas vezes que eu falei que você não é forte, pura mentira, porque você, , é tão forte, tão radiante que faz as pessoas quererem guerrear só para tê-la por perto. E não pense que é mais um discursinho meu para tentar dobrá-la. Sinta, - encostou minha mão no seu peito - Sinta como bate por você, só por você. E acredite, meu anjo, você é a mulher mais forte que eu conheço. Você, apesar de tudo, sabe que eu morreria cinco milhões de vezes por você se for preciso.
E foi assim que eu percebi que valia a pena abrir mão de tudo pelo . Era ele quem eu amava. Não poderia simplesmente acabar tudo e seguir em frente. Eu não iria ser feliz sem o . Não existia sem , nem sem . Éramos um só. Nós só funcionávamos juntos. Entendi o real motivo por todo esse cuidado exacerbado. era sozinho, ele só não queria perder a única pessoa que se importava de verdade com ele. Como ele disse, eu era seu anjo da guarda e ele, de certa forma, também era o meu. Nós nos completávamos.
E foi a partir daquele dia que eu descobri que nunca abriria mão de viver estando com , pois ele quem me daria a forma mais preciosa de vida. Aquela que estava começando a se formar dentro de mim.



Fim



Nota da autora: 27/02/2015 (sem nota)

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