Eu esperava, ansiosamente, na Cafeteria, que tanto significava para nós. A qualquer momento ela poderia entrar e não sei qual vai ser a minha reação, se a reação dela, não for a que eu espero, apesar de ser totalmente imprevisível. E ela entrou, assim como na primeira vez que a vi, há quase seis anos, quando eu ainda era um adolescente, aspirante a jogador. Se sentou no mesmo lugar de sempre, e eu pude ver tudo que aconteceu conosco naquele dia, tudo passou de novo em minha mente.
Flashback – Dortmund, Agosto de 2008
Havia acabado de sair das categorias de base do FC Saarbrucken, havia acabado de chegar à cidade de Dortmund para começar a jogar na base do Borussia Dortmund, clube que sonhava em jogar desde menino. Não que fosse muito maduro, tinha apenas 16 anos, mas já estava tendo minhas experiências sozinhas. Havia acabado de me instalar e havia achado uma cafeteria próxima ao meu novo apartamento, o qual iria dividir com alguns caras que, como eu, estavam correndo atrás de seus sonhos. Confesso que, apesar de estar na “ nova cidade” há apenas três dias, já sentia falta do clima de Pirmasens, minha cidade natal, mas tudo pelos sonhos. Sentei-me numa mesa um pouco mais afastada e vi um grupo de meninas aparecerem na porta e sentarem em uma das mesas do outro lado. Elas estavam animadas e se espremeram para caberem as seis no banco.
- EU NÂO ACREDITO! – disse uma loira com um estilo meio gótico, daquele tipo que se veste toda de preto mesmo, cor que entrava em grande contraste com seus fios loiros e com sua pele claríssima.
- Abençoado seja o Borussia Dortmund! – disse outra loira, enquanto tirava seu cachecol. Estávamos no final do outono, e o clima estava mais ameno, mas, mesmo assim, caia uma chuva melancólica lá fora.
- Mesmo que não possamos ver todos os treinos, pelo menos podemos ver os garotos da base! CADA GATO! – outra disse, e elas começaram a rir. Estava tão absorto em saber sobre o que exatamente elas falavam, que nem ao menos agradeci a moça que trouxe meu café e um jornal.
- Eu odeio ter que dizer isso, mas concordo com a Kirsten! Eles são umas beldades! – a tal da Kirsten se levantou e agradeceu, como as misses geralmente fazem, e se sentou de novo. Assim que ela o fez, vi que uma das garotas provavelmente não era alemã. Sua pele era de um bronzeado natural, como se ela morasse em um lugar onde se fazia muito sol. Na Alemanha é raro lugares assim, se é que eles existem.
- Nós vamos indo, porque mamãe está nos esperando, até mais – saíram duas garotas, que nem ao menos tinham falado. Ficaram só as quatro. Kirsten, a loira gótica, uma morena e garota que mais me chamava à atenção. Elas usavam o uniforme de alguma escola, provavelmente estavam cursando os últimos anos da escola. Felizmente, eu tinha adiantado meus estudos, e já tinha terminado.
- Vocês são totalmente malucas! – ela apontou para as meninas e, pelo seu sotaque, eu tive certeza que ela não era alemã.
- Você é a mais maluca de todas, só que às vezes é mais comportada... – a morena disse e ela abriu o sorriso mais encantador de todos. Ela estava com uma touca vermelha e com um batom no mesmo tom, o que destacava seus olhos claros. Lindos.
- Bom, o papo está bom, mas eu vou ver os garotos! E vocês? Kirsten? Anne? ? – a morena se levantou, esperando uma resposta delas.
- Eu vou! - a loira gótica, agora Anne, se levantou e agarrou o braço da amiga que estava em pé. Kirsten se levantou e a acompanhou no mesmo jeito. Todas olharam para .
- Desculpa, meninas, o programa parece ser muito legal, mas eu vou ficar aqui e ler um livro, e esperar a chuva passar! – elas não protestaram, apenas jogaram beijos no ar e saíram.
Ela tirou um livro da mochila e o abriu, relaxando mais na cadeira. Ela colocou os óculos, que não eram dos mais comuns, mas que ficavam muito bem nela. Tentei identificar o livro que ela lia, mas tudo nela me chamava mais a atenção. O jeito como ela se sentava, o modo como ela arrumava a franja e a tirava do rosto, as suas unhas pintadas de um verde oliva, o modo como ela mordia os lábios.
Ela levantou os olhos e os seus foram de encontro aos meus, que estavam a encarando descaradamente. Eu peguei rapidamente o jornal que estava sobre minha mesa e comecei a tomar o café, que já tinha esfriado. Olhei novamente, enquanto virava a página do jornal e ela continuava a ler o livro, mas estava com o livro sobre a mesa e com as mãos apoiando a cabeça. Abaixei o jornal por um segundo e ela tornou a olhar para mim. Provavelmente eu já estava vermelho, isso acontecia com frequência. “ Pare, , tome alguma atitude!“ pensei. Abaixei o jornal e o dobrei colocando em cima da mesa, ainda sem olhar para ela. Quando o fiz ela estava na mesma posição de antes, porém agora ela me encarava. Ela levantou as sobrancelhas e sussurrou um “Olá” e eu fiz o mesmo, ou tentei fazer.
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Today
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Ela ainda não tinha notado minha presença. Fez o pedido e sorriu para a nova atendente do café. Abriu a mochila, pegou seu notebook e seus inseparáveis óculos e começou a digitar algo, nem ao menos notou a minha presença, ou sentiu alguém a observando, como foi com ela aquele dia. Senti meu celular vibrar com a mensagem do grupo dos meninos.
“E aí, , conseguiu? Ela tá aí?“ – de Lucasz. “, você tá aí Conta para a gente como tá indo” – de Reus. “Ué, empacou? Igual quando você a conheceu? Hahahaha” – de Sven.
Bloqueei o celular e olhei para a chuva que caia lá fora, igual aquele dia...
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Flashback – Dortmund, Agosto de 2008
Já se passava uma semana desde o dia em que vi pela primeira vez. Sempre do mesmo jeito e no mesmo horário, a única coisa que não tinha acontecido era uma conversa. Nossas “conversas” eram apenas olhares e sorrisinhos, mas nenhuma palavra. Contei aos meninos sobre ela e eles fizeram questão de vir ver ela. Sven Bender veio comigo, segundo ele, representando os outros garotos.
- É ela alí... – apontei ela discretamente, que hoje não estava com o uniforme da escola, mas sim com um vestido verde curto e com o cabelo preso. Já era minha rotina ir até a cafeteria e aprecia-la.
- Quem? Aquela ali? – Sven apontou para ela e eu abaixei a mão dele bruscamente, o que chamou a atenção de . – Ela é linda, ! Vai logo falar com ela! - eu não tinha tanta experiência com garotas, toda vez que tentava falar com uma, eu, literalmente, empacava, ficava sem reação.
- Você acha que eu não tô pensando nisso desde o dia em que a vi pela primeira vez?
- Ainda não entendi o motivo pelo qual você está esperando para ir falar com ela! Se você não for, eu vou - assim que ele disse isso eu me levantei. Sven era bom de conversar com as meninas, se ele quisesse, ele conquistava ela. Fui me aproximando, mas ela estava tão concentrada na leitura e em tomar seu café, que nem ao menos notou minha presença em frente a sua mesa.
- Olá... – foi tudo que consegui dizer, mas a fez tirar os olhos do livro e me olhar surpresa.
- Olá... - ela respondeu, sorrindo.
- Tudo bem? – ela balançou a cabeça e continuou sorrindo. Olhou por trás de mim e provavelmente Sven estava assistindo a cena descaradamente. Fechei os olhos por um segundo e decidi ser sincero – Olha... Eu não sou muito bom com isso, e eu tô criando coragem, há uma semana, para vir falar com você...
- Eu estou esperando há uma semana você vir falar comigo... – ela disse e dessa vez fui eu que sorri. Ela apontou para o banco a frente dela e eu me sentei. Ali foi o início de tudo.
E você joga sua cabeça para trás
Rindo feito uma criança
Eu acho estranho o fato de você me achar engraçada porque
Ele não achava
Eu tenho passado os últimos oito meses
Pensando que tudo o que o amor faz
É quebrar, queimar e acabar
Mas em uma quarta-feira, em um café
Eu vi começar de novo
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Today
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Naquele dia soube que ela era brasileira, mas que estava na Alemanha devido aos estudos, que iria para a pré-faculdade no próximo semestre, que tinha a mesma idade que eu, que morava ali perto e que amava futebol. Mas, além de tudo isso, soube que ela faria parte da minha vida, até mesmo se ela não quisesse. Conversamos por tanto tempo, que só fui ver mesmo a hora, quando reparei que tinha escurecido e ela disse que precisava ir.
Os anos tinham se passado, muitas coisas tinham acontecido, mas eu ainda estava nervoso e criando coragem para ir falar com ela. Sua aparência não tinha mudado muito, mas ela parecia outra pessoa, talvez pelo jeito que ela se arrumava... Calça jeans rasgada, regata de uma banda que eu não faço a mínima ideia de quem seja, salto alto, batom vermelho... Mas ainda parecia com aquela garota daquele dia...
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Flashback – Dortmund, Dezembro de 2008
Já fazia quatro meses que eu e estávamos conversando, ainda não havia acontecido nada, o que, segundo os meninos, era inadmissível, mas eu gostava de conversar com ela e, em pouco tempo, nos tornamos amigos de verdade, do tipo que conta tudo para o outro. Eu havia convidado ela para assistir um jogo importante e ela foi. Jogava na época como atacante e fiz um gol e apontei para ela, que estava na torcida.
- Não acredito que você fez aquilo, , você quase me matou de vergonha! – estávamos saindo do campo e nos sentamos de frente para o estacionamento. Não estava nevando ainda, mas fazia muito frio, o que fez segurar em meu braço, procurando abrigo.
- Eu só fiz! Você mesma disse que tem coisas que não precisam de explicação! – disse e ela beliscou minha perna. Ela se soltou de mim e se endireitou, parecia nervosa.
- Tem coisas que não precisam de explicação, né? – ela disse e olhou para frente e eu fiz que sim. Senti as mãos frias dela no meu rosto e seus lábios tocando os meus. O primeiro beijo é sempre inesquecível.
Mas esse sou eu engolindo meu orgulho
Em pé, na sua frente, dizendo que sinto muito por aquela noite
E eu volto para dezembro todo o tempo
Acontece que a liberdade não é nada além de sentir sua falta
Desejando ter percebido o que eu tinha, quando você era minha
E eu volto para dezembro, dou meia volta
E faço tudo ficar bem
E eu volto a dezembro, dou meia volta
E mudo de ideia
Eu volto para dezembro todo o tempo
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Today
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As coisas eram tão simples. Depois daquele dia, eu queria beijá-la toda hora, até que criei coragem e pedi ela em namoro. A partir daquele dia, eu não parava de falar dela, de como eu amava o som da risada dela, de como eu amava o cheiro do cabelo castanho dela, de como eu amava o sotaque dela, de como eu amava tudo nela. Estávamos indo bem, nosso primeiro ano de namoro foi incrível, e o nosso aniversario de namoro foi mais incrível ainda...
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Flashback – Dortmund, Janeiro de 2010
- Você gostou do seu presente? – ela me perguntou, se jogando em meu colo. Estávamos na frente da lareira da sala da república, onde ela morava com as outras meninas que faziam intercambio. Ela tinha me dado um chaveiro com nossas iniciais gravadas.
- Eu adorei, muito obrigado! – dei um beijo nela e ela sentou em meu colo.
- Eu te amo, esse é o só o primeiro de muitos aniversários... - ela disse com o rosto em meu pescoço, com sua respiração quente contra meu corpo.
- Eu te amo! – falei a puxando para mais um beijo. Coloquei a mão em meu bolso, procurando algo e, assim que o encontrei, parei o beijo. Não tinha ninguém na república e eu precisava disso. Me levantei e dei a mão para ela. pareceu hesitar, mas logo se levantou e veio comigo. A melhor noite de muitas que ainda iriam vir.
Lembro-me do cheiro da sua pele
Lembro-me de tudo
Lembro-me de todos os seus movimentos
Lembro-me de você, sim...
Lembro-me da noite
Você sabe que eu ainda lembro!
Então, se você estiver se sentindo sozinha, não se sinta!
Você é a única que eu sempre quis!
Só quero continuar assim
Então, se eu te amo
Um pouco mais do que eu deveria
Por favor, perdoe-me
Não sei o que faço
Por favor, perdoe-me
Não posso parar de amá-la
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Today
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A partir daquela noite, as coisas se tornaram cada vez mais intimas, como se nós pertencêssemos um ao outro completamente.
Mais um ano se passou e, apesar de eu continuar amando ela loucamente, parecia que havia algo diferente entre nós e, apesar de eu perguntar sempre, ela dizia que estava tudo bem. Sabia que não estava. Eu já havia sido convocado para a seleção Sub19 naquela época, e logo iria subir para o profissional, as viagens para campeonatos estavam se tornando cada vez mais frequentes, talvez tenha sido esse o problema. Ela ter aberto mão de coisas para ficarmos juntos, e eu não ter feito nada.
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Flashback – Dortmund, Julho de 2012
- O que você vai fazer no final de semana? – ela me perguntava, enquanto estávamos tomando café da manhã, no apartamento que, agora, dividíamos.
- Eu tenho um jogo contra o Schalke 04 e vou precisar viajar... – eu disse, enquanto mexia no meu celular. Fazia uns três meses que estávamos morando juntos, e as coisas haviam mudado. Nos acomodamos, eu principalmente. Não fazia mais questão de sair, de ter os nossos momentos íntimos, para mim, tudo era o futebol.
- Você não tinha dito que estava de folga esse final de semana – ela bateu a xicara na mesa e fechei os olhos, vendo uma nova discussão começar. Elas tinham se tornado frequentes ultimamente. Ela reclamando da minha falta de atenção e eu dizendo que ela não estava entendendo que aquilo era meu trabalho.
- Eu sei, , mas é que eu vou assistir ao jogo, você sabe que isso vai contar, quando eles forem me contratar... Vai mostrar que eu estou realmente interessado no time. – ia colocar minha mão em cima da dela, mas ela a tirou rapidamente. Ela se levantou e passou a mão nos cabelos. Ela estava diferente, algo tinha mudado nela.
- Eu não acredito nisso... Que, no meu aniversário, você prefere assistir um jogo de futebol a ficar com sua namorada... Quer saber? Pra mim chega! – ela foi em direção ao nosso quarto. Eu tinha esquecido completamente do aniversário dela, mas simplesmente não podia desmarcar com o pessoal que ia ao jogo. Meu coração gelou quando vi ela com sua mochila e uma mala na mão.
Quem vai ser o primeiro a começar a briga?
Quem vai ser o primeiro a adormecer a noite?
Quem vai ser o último a ir embora?
Quem vai ser o último a esquecer desse lugar?
- , o que você tá fazendo? – eu disse, já com o coração acelerado. Eu achava a reação dela um pouco exagerada, mas preferi não comentar, isso só pioraria as coisas.
- , eu... Nós. Não tá dando mais... – ela olhou para cima e apertou os lábios. sempre parecia tão forte, mas ali ela estava totalmente frágil e fraca. Um sentimento de culpa começou a surgir dentro de mim.
- , meu amor, não fala isso, estamos bem... – menti, enquanto tentava a abraçar, mas não era retribuído. Me assustei com toda aquela frieza.
- Só me diz se você ainda vai naquele maldito jogo no sábado... – ela disse lentamente ainda sem olhar para mim.
- , eu não posso desmarcar assim, meu treinador vai me matar se fiz...
- MAS QUE DROGA, DURM! – ela me interrompeu e me empurrou contra a parede. Quando finalmente olhou em meus olhos, pude ver que ela chorava. Eu a tinha feito chorar. Nunca ia me perdoar por isso. – Mesmo eu dizendo que vou embora, você não muda. Eu estou cansada de só eu me esforçar para isso dar certo! Não aguento mais! Eu desisti da minha faculdade, para poder te acompanhar nos jogos, e eu não reclamo, quando você tem que ficar até mais tarde, mas eu quero um tempo pra mim também! Você não presta mais atenção em mim, nem sequer notou que já faz uma semana que essa mala está pronta no nosso quarto! Nem ao menos notou que eu mudei o jeito de usar meu cabelo, que eu fiz uma tatuagem! , não posso viver com alguém que nunca está presente quando eu preciso! Eu estou indo embora e, por favor, não venha atrás de mim! Me deixa sozinha!
Oh, os espaços entre nós
Continuam mais profundos
É difícil alcança-la
Mesmo que eu tente
Espaços entre nós
Guardam todos os nossos segredos
Nos deixando sem palavras
E eu não sei por que
Quem vai ser o primeiro a dizer adeus?
- , pelo amor de Deus! Isso não é necessário! Me desculpa, eu fico com você... – o medo de perder a melhor coisa que tinha acontecido na minha vida me consumia e eu não podia acreditar que isso estava realmente acontecendo. – Tem outra pessoa? É isso? Você não me ama mais?
- Droga, ... Você... Eu te amo, mas não posso desistir da minha vida por você e você não dar nada em troca... Eu cansei... Adeus... – antes que pudesse falar alguma coisa, a porta bateu.
tinha ido embora e eu já tinha me arrependido de tudo que fiz e, principalmente, do que não fiz. Entrei em nosso quarto e a foto que tiramos no dia do nosso primeiro beijo estava colada na parede, como sempre. Eu mal podia acreditar no que tinha acabado de acontecer.
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Today
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Uma lagrima escorreu pelo meu rosto ao me lembrar daquele dia. Não consegui nem ir treinar, minha cabeça parecia que iria explodir a qualquer momento. Até que decidi ir atrás dela.
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Flashback – Dortmund, Dezembro de 2012
Sai de casa desesperado e fui direto para a casa de Kirsten. Tinha certeza que ela estava lá. Assim que cheguei, toquei a campainha e a dona da casa atendeu.
- O que você esta fazendo aqui? Ela não quer te ver...
- Por favor, Kirsten, me deixa falar com el... – parei de falar assim que vi atrás dela. Ela estava bem diferente. Os olhos fundos e uma expressão triste, cansada.
- Deixa, Kirsten... Eu falo com ele.
Quem vai ser o primeiro a se comprometer?
Quem vai ser o primeiro a colocar fogo em tudo?
Quem vai ser o último a ir embora?
Esquecendo cada promessa que já fizemos
- Amor, por favor, volta pra casa! Eu prometo que vou mudar, que vou tentar fazer dar certo dessa vez, me dá mais uma chance. – disse, já com os olhos cheios de lagrimas.
- ... Eu te amo, mas, desculpa, não dá. Não dá pra dar mais chances... Eu só... Você está vivendo seu sonho, eu só não quero atrapalhar tudo, quero ter uma vida também... Você precisa se organizar, tirar um tempo pra você, as coisas vão se acertar. Se for para acontecer, nós ainda vamos nos encontrar, mas, agora, eu quero que você vá embora e não me procure mais, pelo menos por agora... Quando estiver pronto, eu estarei no lugar de sempre...
- Você não vai me esquecer? Eu ... – ela calou-me com um beijo que eu queria que nunca terminasse. Ela se virou e fechou a porta. Foi ali que percebi o tamanho do meu erro.
Eu sinto falta da sua pele bronzeada, do seu doce sorriso
Tão boa para mim, tão certa
E como você me segurou em seus braços aquela noite de setembro
A primeira vez que você me viu chorar
Talvez isso seja apenas um pensamento bobo
Provavelmente um sonho estúpido
Mas se nos amássemos novamente, eu juro que te amaria certo
Eu voltaria no tempo e mudaria tudo, mas não posso
Então se a sua porta estiver trancada, eu entendo
Mas esse sou eu engolindo meu orgulho
Em pé, na sua frente, dizendo que sinto muito por aquela noite
E eu volto para dezembro
Acontece que a liberdade não é nada além de sentir sua falta
Desejando ter percebido o que eu tinha quando você era minha
E eu volto a dezembro e faço tudo ficar bem
E eu volto a dezembro, dou meia volta
E mudo de ideia
Eu volto para dezembro todo o tempo
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Today
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Não passou um dia sem que eu não pensasse nela. Sem que eu não sentisse falta do som da voz dela, do cheiro dela, da voz rouca que ela tinha quando acordava, do corpo dela, do sorriso dela, do sotaque dela, de como ela molhava os lábios antes de falar, do modo como ela reagia ao meu toque. Dela. Eu procurei ela de novo. Por dias, semanas e até meses, mas ela não respondia. Trocou o número de celular, não estava mais na casa de Kirsten, cheguei até a pensar que ela tinha voltado para o Brasil. Quando percebi que ela não voltava, comecei a colocar o conselho dela em pratica, tentar organizar minha vida.
Muita coisa tinha mudado. Havia assinado o contrato com o Borussia e já era titular, havia jogado a Copa do Mundo em que nos tornamos tetracampeões, havia mudado de casa. A única coisa que não tinha mudado era meu amor por ela, ao contrário, ele só tinha crescido. Não toquei em nenhuma mulher depois dela, mesmo saindo com Reus, com Gotze e Lewandowski, não consegui, eu sabia que ela estava esperando. E depois de quase dois anos, resolvi tomar coragem e ir atrás dela. Sabia onde ela estaria e me senti como se fosse naquele dia em que a vi pela primeira vez. Mas agora eu tinha várias certezas. Certeza de que ela era a mulher da minha vida e de que não poderia viver sem ela, já tinha passado muito tempo sem ela, quase dois anos, não aguentava mais. Estava pronto e ela estava no lugar de sempre. Levantei e fui na direção dela, que estava lendo um livro gigante. Assim que ela me viu seu sorriso se abriu. Como eu senti falta desse sorriso.
- Olá... – foi tudo que consegui dizer, mas a fez tirar os olhos do livro e me olhar surpresa.
- Olá...- ela respondeu, sorrindo.
- Tudo bem? Olha... Eu não sou muito bom com isso, e eu tô criando coragem há anos para vir falar com você...
- Eu estou esperando há anos você vir falar comigo...
Então, em uma quarta-feira, em um café
Eu vi começar de novo
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