Autora: Gisele Castro || Beta-reader: Brille


Jingle bell, jingle bell, jingle bell rock
Jingle bells swing and jingle bells ring
Snowin’ and blowin’ up of fun
Now, the jingle hop has begun

Os meninos batucavam em algum lugar da casa de uma maneira tão alta que era impossível dormir. Com as tão queridas férias e sem nada pra fazer, eu e passávamos o dia todo com eles. One Direction fez um grande show no dia três de dezembro em New York no MSG, mas como nós estávamos com os exames finais, foi praticamente impossível desmarcar ou arranjar pra outro dia. Perdemos o show, perdemos a reunião de fãs e eu perdi a chance de ir pra NYC. ficou tão puto com tudo isso que resolveu dar um fora em uma entrevista quando perguntaram pra ele “quando você vai ter a intenção de ficar solteiro novamente?”, a resposta do meu lindo foi “quando a vontade de dar um soco na tua cara passar, ou seja, nunca”, e agora nós abafamos o caso.

A culpa da fúria de parou no jornal, as fãs falaram que a culpa de tudo era minha porque eu o deixava estressado, que eu estava atrapalhando a vida dele, que ele deu uma pequena desafinada ontem e a culpa era minha, ou seja, tudo de ruim que acontece na vida dele a culpa É minha! E eu tô no clima de mandar todo mundo ir se foder. Ando com muita coisa na cabeça, com essa proposta de voltar pro Brasil, abandonar a carreira por aqui e terminar o curso por lá, e eu nem conversei a respeito disso com ou com a própria . A única parte boa disso é que minha família foi bem compreensiva e me deixaram passar o Natal em Londres ao lado do pessoal, eles sabem muito bem que se eu voltasse pro Brasil, a probabilidade de eu voltar seria mínima, então... Melhor aproveitar cada momento. E esquecer desse detalhe e curtir o Natal... Natal!

Jingle bell, jingle bell, jingle bell rock
Jingle bells chime in jingle bell time
Dancing and prancing in jingle bell square
In the frosty air.
What a bright time, it’s the right time
To rock the night away
Jingle bell time is a swell time
To go gliding in a one-horse sleigh
Giddy-up jingle horse, pick up your feet
Jingle around the clock
Mix and a-mingle in the jingling feet
That’s the jingle bell rock.

- Eu vou MATAR essas desgraças! – bufou ao meu lado na cama se enrolando mais nos edredons e colocando o travesseiro de em cima da cabeça. – Ele me prometeu que ia cantar baixo, mas nããoo! Tem que cantar como se estivesse em plena arena de Wembley!
- Deixa de ser mal humorada, é Natal! – Cocei meus olhos pra encarar um quarto escuro, gelado e só habitado por mim e pela . – Natal em Londres, não tire essa minha felicidade.
- Pra sua informação, sua lesada, estamos no dia 23 de dezembro. AINDA não é Natal, então segura sua vontade de querer abrir os presentes – ela surgiu debaixo das cobertas e eu comecei a rir. – Segundo, fiquei acordada ontem com o seu namorado e o resto da banda até as três da manhã empacotando os presentes, enquanto a sua pessoa dormia lindamente no sofá!
- Você viu minha crise de espirros ontem? Não estou acostumada com esse frio londrino, não – cocei o nariz. – Tava a fim de querer os papéis de presente cheios de meleca?
- Não, – ela riu. – Escuta, o que você vai...
- THAT’S THE JINGLE BELL ROOOOOOOOOOOOOOOOCK!!!!

Cinco garotos abriram a porta do quarto e gritaram o final do refrão da música mais clichê natalina dos últimos séculos. , e pularam em cima de mim enquanto que e foram direto para . Eu gritei porque colocou as duas pernas em volta do meu corpo e tentava me roubar um beijo de qualquer jeito, e estavam em cima de , eu tinha três pessoas em cima DE MIM e eu acabei de acordar. tentava sair do meio de e , mas quanto mais ela se mexia, mais embolada ela ficava no meio dos meninos. Catástrofe!

- Ok, eu te amo, mas sai de cima de mim! – Falei empurrando pro lado e me engatinhando pra fora da cama, passando pelos outros meninos. – Que é isso? Tomaram quantas doses de energéticos essa manhã?
- Suficientes para ficarmos acordados até o Natal – respondeu, caindo na cama e agarrando por trás. – Vem cá, coração!
- ME LARGA, PORRA! – ria tentando se soltar de .
- Aposto que as fãs não sabem o quão inconvenientes e chatos vocês são pela manhã, especialmente você, ! – bufou.
- Aposto como tem muita fã querendo acordar do nosso lado, babe – ele piscou pra namorada e levou uma onda de travesseiros na cara. Merecido, merecido!
- Estamos já sem nada pra fazer, porém preparamos um café da manhã para nossas donzelas – levantou-se da cama e fez uma reverência para nós duas. – Escuta...
- NÃO! – já o bloqueou.
- Mas você nem sabe o que ele vai falar ainda.
- Cala a boca, , claro que eu sei! Nada de chamar a Lary pra passar o Natal com a gente, NADA! – ela olhou brava pra . – Não tô certa?
- Hmmm...
- EU SABIA!
- Qual o problema da Lary passar o Natal com a gente? – Perguntei.
- O que você ia achar se a Bells fotógafa gata parisiense fosse passar o Natal aqui, hein, ? – provocou. – Não ia te incomodar.
- Ehr – levantou a mão, ele ainda estava na cama com . – Que eu saiba eu não dormi com a Bells.
- Se você é um namorado fiel e bonitinho não vem ao caso, balbuciou fazendo muitos gestos com as mãos.
- Nesse caso, eu vou pra casa da Lary ficar com ela no Natal – disse por fim.
- Ah não, cara! Esse é meu primeiro Natal em Londres, eu quero passar com todos vocês! Ninguém sai dessa casa, é todo mundo junto – bufei. – , supera essa fase negra, pelo amor de Deus!
- Superar? – Ela arregalou os olhos pra mim. – Ela...
- THAT’S THE JINGLE BELL ROOOOOCK! – Eu cantei algo e os meninos começaram a rir, todos eles. – Vamos, , sorria e aproveita! Se o der alguma escapulida com a Lary eu juro que o presente que eu vou dar pra ele de Natal é uma vaginoplastia’, porque eu vou tirar essa porcaria que ele chama de ‘pinto’ do meio das pernas.
- EEEEIIII!!! – Os meninos começaram a rir mais ainda e se alterou. – Porra, !
- Se comporta, – pisquei pra ele. – Bom, agora que todo mundo já tá acordado, , tira o pé da minha câmera!
- Desculpa – ele riu.
- Enfim, eu tô com fome, o que vocês fizeram pra comer?
- PANQUECAS! – e responderam felizes. – Vamos?
- Vamos – falei e puxei pelo braço. – Vamos, irritadinha de Londres, vamos comer as panquecas dos meninos.
- Pensei merda – ela riu baixo.
- Você sempre pensa merda – respondi a abraçando e indo pra cozinha, ouvindo os cinco atrás de nós cantarem de novo Jingle Bell Rock.

Realmente, os meninos fizeram um belo de um banquete para nós naquela manhã gelada e ensolarada de dezembro. Houve uma guerra de panquecas na mesa, o que resultou em massa e maple syrup nos cabelos de e pijamas de todo mundo. Só pra constar, não era nem meio-dia...

- Quando vamos abrir os presentes? – Perguntei me jogando no sofá da casa de e vendo se deitar ao meu lado. – Tem mesmo que ser dia 24?
- Na verdade abrimos os presentes na manhã de Natal - respondeu fazendo carinho no meu cabelo. – Não é assim no Brasil?
- Sem neve, sem bonecos de neve e muito menos sem abrir os presentes na manhã de Natal, sempre abrimos na noite da ceia. E como é geralmente muito calor nessa época do ano, passamos o dia seguinte em um bar bebendo cerveja ou na praia ou até mesmo na piscina. Fazemos churrascos com a família – suspirei e sorri. – Nossa, que saudade da família .
- Hey, babe – me aninhou um pouco mais ao seu peito. – Sua mãe autorizou você passar o Natal conosco, somos sua família também.
- Não a considero parte da família – disse e começou a rir. – O dia que vocês terminarem eu vou dar em cima da , se ela for família vai ser incesto.
- CALA A BOCA! – Comecei a rir e joguei uma almofada em cima dele. – De todos os meninos da sala, eu pegaria – olhei pra ele e pisquei. Na mesma hora os meninos gritaram em protesto. – Quê?
- Tom Fletcher eu aceito, agora o ? – me olhou assustado e eu ainda ria. – Oi, prazer, sou seu namorado! Lembra de mim?
- Ai, – me levantei. – Olha, com o não rola porque seria uma coisa muito óbvia, sabe? Tipo, todo mundo acha que eu vou te trair com ele, eu até já li isso em algum lugar no tumblr – cocei a nuca, os meninos só sabiam rir.
- Podemos ter um caso em particular...
- EI!
- , cala a boca – eu ri. – Bom, com o você ia ficar aí todo mordido de ciúme já que ele gostou de mim e essas coisas... – eu disse de forma leviana e vi se encolher no sofá de vergonha, como se fosse uma concha. – não posso nem chegar perto, caso contrário a me mata.
- Aham – ela agarrou o pescoço do namorado.
- E me sobrou o , que acabou levando um chifre e não ganhou nada com isso.
- E O MEU CHIFRE? – também levantou e me encarava e também fazia isso com os meninos. – Eu sei que é brincadeira, eu sei, mas me dá uma coisa ruim aqui – ele massageva o peito e fazia caretas, prato cheio pra piada!
- vai ter infarto porque a namorada tá declaradamente falando que quer pegar outro membro da banda? É isso mesmo, produção? – ria e quase dava cambalhotas no sofá.
- E não apenas isso, ela explicou com detalhes o motivo pelo qual ela quer ficar com aquele outro membro – acrescentou. – Vai que é sua, .
- Tô aceitando – disse de forma tímida, mas me olhou da cabeça aos pés e eu sorri, também tímida. – , Papai Noel te trouxe uma surpresa, e das grandes.
- AHHHHHHHH – gritei e tapei meus olhos, apontou para os países baixos. A sala toda começou a gargalhar. – , me respeita, moleque.
- Faz propaganda e agora foge, nem pensar! – disse. – Vai sentar no colo do Papai, vai, .
- Senta, senta, senta, senta – , e batiam palmas e agitavam o clima.
- Senta o caralho – me pegou pela cintura, levantando-me e fazendo nós dois cairmos no sofá e eu sentando em seu colo. – É aqui seu lugar, só aqui.
- Me solta, – eu ria enquanto segurava mais em seus braços, não queria sair dali.
- Solta ela, ! – falou. – Ela é minha, ela mesma quer isso – começou a rir e vir na nossa direção, acabou se jogando em cima de mim.
- PARA COM ISSO, SAI DAQUI! – tentava empurrar de cima de mim, mas a única coisa que acontecia era ficar me prensando mais e eu acabava ficando sem ar de tanto rir.
- , vou dar em cima de você – ouvi dizer e uma gritaria de e acabar poluindo o ambiente. – Fala sério, não posso dar em cima de ninguém?
- Vem aqui que eu tô sozinho – disse e agora foi a vez de gritar e sair correndo.

Ficamos nessa bagunça por um bom tempo; saiu de cima de mim para pegar , veio pra cima de mim e acabou desisistindo e foi pra cima de . estava proibido de ir pra cima de qualquer pessoa que não fosse a devido aos últimos acontecimentos recentes. E assim ficamos correndo um atrás do outro, a mesma bagunça de sempre. Nossa bagunça, nosso mundo.

Londres, na época natalina, era exatamente do jeito que eu sempre imaginei. Neve, frio e com luzes piscando para todos os lugares. Quando eu cheguei aqui, depois do dia dos namorados, eu já cheguei reclamando que queria ver neve! Nunca vi nada nem parecido, e minha mãe sempre dizia “Quer ver gelo? Abre a geladeira”. Eu, óbvio, emburrava. Eu vi o tempo ficar cinza, escuro, chuvoso, denso, deprimente, calor, ensolarado, vi a primavera, as flores, o outono com as ruas lotadas de folhas marrons, mas faltava o principal: os grandes floquinhos brancos gelados de algodão caindo do céu. riu quando eu acordei algumas semanas atrás e me joguei, de pijama, no quintal em frente a casa dele. Fiz o que sempre quis fazer – um anjinho – e fiquei ali parada sentindo os flocos gelados e úmidos baterem em minha pele fazendo cócegas deliciosas, misturando-se com as lágrimas infantis que molhavam meu rosto. Foi uma emoção criança chorar com neve, mas fazer o quê? Fico feliz com as poucas coisas que a vida me proporciona, e se naquele dia ela me proporcionou neve, vou chorar com isso! Meu namorado foi completamente compreensível e ainda disse “Acho que no dia em que eu pisar na areia de Copacabana, também vou chorar”, e devo acrescentar que foi fofo ver ele tentando falar Copacabana sem sotaque, mas saiu algo mais parecido com ‘Côpacabána’ com acentuação gráfica e oral em todas as vogais erradas.

Nós dois saímos no final da tarde do dia 23 para comprar alguns enfeites para a casa. Decidimos passar o Natal no nosso apartamento – quando digo nosso, quero dizer meu e de – por ser mais aconchegante e bem a nossa cara. O campus estaria vazio nessa época e era um bom jeito de não chamarmos a atenção dos fãs – no dia de Ação de Graças algumas delas resolveram acampar na frente da casa dos meninos e tivemos que dividir o peru com quarenta meninas que passaram três dias sem comer, sem tomar banho e ser fazer xixi – era uma boa oportunidade para ficarmos sozinhos e comemorarmos o Natal em paz.

Enquanto caminhávamos pelas ruas vazias de Londres, já que escolhemos um bairro alternativo para comprarmos os últimos presentes – na verdade, os meus presentes porque eu deixo tudo pra cima da hora – um silêncio incômodo se instaurou entre nós dois. Eu sentia que queria falar alguma coisa, mas eu também queria falar alguma coisa. A carta de admissão para trabalhar com a Miriam Rezende – fotógrafa paulista de muito renome – chegou uns dias atrás, e eu não tinha conseguido falar com ninguém a respeito disso. Sem falar que isso consistia em eu voltar pro Brasil, fazer um estudo mais aprofundado da fotografia no meu país, estudar Arte Moderna, a semana da Arte Moderna, o impacto que a fotografia teve na pintura, em artistas como Tarsila do Amaral e até mesmo em autores... Em resumo, estou ficando louca. Vim pra Londres porque sei que aqui é um dos polos intelectos mundiais, mas não posso também deixar de pensar que no Brasil há várias maneiras de explorar a história e as oportunidades. Meu país é muito rico em ideias, em genialidade, criatividades, cores, dança, musicalidade! Tenho muito orgulho em ser brasileira e de certa forma estou com saudade do meu país; porém, só de pensar em deixar , os meninos, a ... Deixar Londres!

- Você tá quieta demais – apertou minha mão quando paramos em frente a uma loja vintage. – Que foi?
- Perdida em pensamentos – ri sem humor. – Acho que ando com saudades da minha família, do meu país.
- Não é a primeira vez que você fala isso – ele suspirou. – , se você quiser passar o Ano Novo lá com seus pais não tem problema.
- , não é isso – suspirei e abaixei a cabeça. – É que eu acho que se eu voltar pro Brasil eu não volto mais pra cá, entende?
- Por causa da proposta?

O quê? Ele... Ele...

- , não tem como você esconder as coisas de mim, e eu juro que dessa vez eu não abri correspondência nenhuma ou fui fuçar suas coisas – estava de frente pra mim segurando minhas duas mãos e sorrindo. – E eu imagino que você deve estar se perguntando como eu descobri isso.
- ÓBVIO!
- Você deixou a carta em cima da sua cama, a leu e começou a chorar. Eu perguntei o que era e ela me disse.
- E desde quando aquela pessoa sabe alguma coisa de português? A carta estava em português – acho que estava ficando histérica.
- A traduziu.
- O QUÊ?
- Quer parar de gritar? – Ele riu. – Vamos dizer que a palavra “proposta” não é tão difícil assim de ser entendida em português, e nem fotografia, estúdio e Brasil sorriu de lado com um ‘quê’ de culpa, ele também tinha participado da tradução clandestina, tenho certeza. – Eu só acho que você poderia ter sido sincera e falado com a gente antes, qual o problema?
- ! – Gemi. – Eu não contei nem pros meus pais quando me inscrevi no programa de bolsas para estudar em Londres, você acha que eu ia contar pra vocês da proposta de voltar pro Brasil? Tá doido?
- Por quê? – Ele sorria, mas não era um sorriso totalmente sincero. – , meu amor, é sua carreira! É a sua vida, o que você ama...
- Eu amo você – respondi já com a voz pesada. – Eu acho que amo você mais do que amo...
- NÃO! – me bloqueou. – Você não pode me amar mais do que outra coisa, tá me entendendo – ele segurou meu rosto e selou meus lábios. – Essa não é a minha , não é a garota por qual eu sou louco! Ela não tem sentimentos com as outras pessoas, ela pensa sempre primeiro nela e é por isso que eu te amo.
- Era pra eu me sentir melhor? – Funguei e comecei a rir. – Porque não estou.
- É pra você se lembrar de quem você é – disse. – Se há uma proposta pra você melhorar o seu profissional no seu país, você vai! Não importa se você vai deixar a , os meninos e a mim. Eu não vou ficar feliz sabendo que você ficou em Londres por um relacionamento, tá me entendendo?
- Mas eu vou me culpar muito se eu tiver que ir embora e deixar você – falei mordendo os lábios. – Eu sei que eu não sou assim, mas se sou uma bocó apaixonada a culpa é completamente sua, .
- Sei que sou irresistível – ele riu e me beijou rápido. – Porém aprenda a viver um pouco longe de mim e fazer sua carreira. Isso não significa que vamos deixar de nos amar, que eu vou parar de sentir o que eu sinto por você. Eu te amo, e mesmo se você não volte mais ou não dê para te ver no Brasil, esse amor aqui não vai mudar. Você vai conhecer outra pessoa, eu também vou, mas isso – ele apontou pra nós dois e eu quase chorei. – É nosso, é pra sempre, único.
- Eu não... Eu...
- Não chora – ele sorriu e me abraçou forte. – É Natal, não vou deixar você chorar e nem se preocupar com essas coisas. Só saiba que, não importa o que você decidir, vai dar certo e eu vou te apoiar, combinado?
- Amo você – murmurei com os lábios encostados em seus ombros. – Não me deixa desamparada, por favor?
- Nunca – senti o peso do corpo de soltar um pouco no abraço.

Demoramos duas horas nas ruas londrinas. Voltei pra casa com lembrancinhas toscas para os meninos, uma coisa mais caprichada para e – óbvio – algo bem lindo para Tom Fletcher. É, eu sei que por um momento alguém pode ter achado que eu ia falar , mas o presente de está pronto desde nossa primeira semana de namoro, eu sempre soube que íamos passar o Natal juntos. Agora para Tom, achar uma Estrela-da-Morte (Lego) não foi assim, tão fácil, e eu tive que chorar muito pra vendedora fazer um preço bacana – ela gostava de enfatizar o fato de que meu namorado era rico, e eu gostava de enfatizar o fato de que ele não ia pagar meu presente. perguntou qual era a criança que ia ganhar Lego de Natal, e quando eu disse que seria Tom, ele começou a rir mais ainda, seguido de ‘você conhece demais Tom Fletcher’, como se isso fosse alguma novidade.

Ele teve que parar algumas vezes para tirar fotos com as fãs, algumas eu até já conhecia. Geralmente, na vizinhança, as fãs sabiam que horas os meninos saíam, era assustador, mas fazer o quê? Até mesmo já sabia o nome das meninas, era bem engraçado. Elas deram presentes de Natal para ele e os meninos, eu ganhei algumas coisinhas também – fiquei surpresa – e depois conseguimos voltar pra casa. Sempre que eu via com as fãs, meu coração inflava e eu sentia meu peito doer com a sensção de nunca mais estar perto dele para vê-lo sendo lindo com essas meninas. Elas não querem nada em troca, apenas um momento com o ídolo, e ele sempre muito atencioso, fazia com que esse momento fosse o melhor da vida delas. E para mim, era o momento onde eu percebia que havia ali descoberto um amor que, se não fosse pra vida inteira, pelo menos marcaria metade dela.

Enquanto estava ainda com as fãs, me afastei um pouco e fui para o outro lado da rua, me encostando em uma ponte e vendo Londres ao longe; brilhante, cheia, linda. Olhei pro céu e não consegui ver nenhuma estrela, estava muito nublado, mas mesmo assim a cidade ainda brilhava com as luzes artificiais. Suspirei vendo toda aquela cidade apenas para mim, com todos os meus desejos e sonhos a poucos metros. Eu não podia abandonar tudo e voltar pro Brasil, não agora que, pela primeira vez, estava fazendo sentido, onde eu finalmente tinha me encontrado. Estava sim, com uma oportunidade de primeira nas mãos, mas tenho certeza de que algo bom iria acontecer pra mim na Europa, tinha que acontecer! Eu batalhei tanto, pra que isso agora? Abandonar tudo na primeira oportunidade?

“Mãe, eu não vou voltar. Te ligo depois do Natal, por favor não surte até lá e desculpa estragar a ceia. Te amo – x”

Essa foi a mensagem mais difícil que eu já escrevi desde que vim pra cá.


- Tom ligou – foi a primeira coisa que disse quando eu e atravessamos a porta da casa dele, cada hora estávamos na casa de um dos meninos.
- Jura? – Respondi tentando conter minha animação, mas deu um tapa na minha bunda meio que me incentivando. – Ai caralho, vai dizer que ele nos chamou pro Natal?
- Porra – riu. – Não pra ceia, mas ele disse que quer nos ver.
- AI MEU DEEEUS! – Derrubei as sacolas no chão e comecei a pular feito uma idiota, os meninso riram. – Isso é sério, ?
- Claro que é! Não tem por que eu mentir pra você, tem?
- Não, porque você é minha primeira opção se o me deixar – falei rindo e vi-o gargalhar de forma fofa na minha frente.
- Não me esqueci disso, – ele sorriu de forma malandra e saiu na direção à cozinha.
- Bom, Tom ligou... E aí? – Sentei ao lado de e peguei um pouco da pipoca que ele estava comendo. – Que você tá assistindo?
- Grinch – ele respondeu com a boca cheia. – Digno de Natal.
- Não gosta dessa época do ano? – Eu ri.
- Gosto, mas torço pro Grinch, ele é genial.
- Você é estranho, , bem estranho – eu ri. – Cadê o resto do povo?
- vai sair daqui a pouco pra dar o presente de Natal pra Lary, pelo que eu vi é alguma coisa com ‘trinta minutos de amor comigo’.
- SÓ TRINTA? – Agora quem engasgou fui eu, se matou de rir no sofá. – Que é isso, ela merece mais!
- É o que o aguenta – respondeu e eu quase engasguei de novo, comecei a tossir como uma doida.
- EU TÔ OUVINDO, CARA! – gritou de algum lugar da casa.
- Foda-se – disse baixinho, foi estranho porque não estou acostumada a vê-lo falar palavrão.
- Ok, e os outros meninos?
- e foram pra casa dele se pegar, ouvi alguma coisa de ‘fantasia de Mamãe Noel sentando no colo do papai’...
- Eca! – Eu fiz careta, que cena ridícula!
- É, eu sei, eca – riu. – foi pra casa dele tomar banho, eu tô aqui sem fazer nada comendo pipoca e o seu namorado entrou e não voltou ainda – ele olhou pra mim e sorriu. – E você está aqui.
- E eu estou aqui – sorri. – , posso te perguntar uma coisa?
- Sempre – ele abaixou o volume da TV e se virou pra mim. – Que foi?
- Você ainda... Gosta de mim? – Mordi os lábios. – Se não quiser responder não precisa, eu só... É curiosidade.
- Eita, – ele riu e coçou a nuca.
- Desculpa se eu te deixei desconfortável...
- É claro que sim – ele sorriu e ficou vermelho. – É meio difícil não gostar de você te vendo todo dia, mas eu aprendi lidar com isso. É uma sensação boa gostar de você, isso aqui já está de bom tamanho pra mim.
- Você é tão fofo – sorri e começou a rir. – Mas desapega, sério! Você precisa de uma garota que te ame o dia todo, você é tão especial.
- Obrigado – ele fez careta, sempre fazia careta quando ficava tímido. – Eu vou encontrar, enquanto não acho fico te amando por tabela, e tem o que insiste que iniciar um relacionamento homossexual comigo – nós dois rimos. – Mas não é exatamente isso o que você tem pra me contar, estou certo? – Ele deu um peteleco no meu nariz e eu sorri. – Tenho a vantagem de saber o que se passa na sua cabeça, .
- Sei disso, por isso te nomeei de melhor amigo – eu ri. – Eu tô bem ferrada, .
- Por quê? – Ele pareceu preocupado.

Contei pra ele toda a história do Brasil, de voltar pra lá, do curso, da oportunidade e, especialmente, de como reagiu a essa história toda. prestava atenção em casa detalhe, e quando eu parava no meio achando que estava sendo chata demais, ele pedia para eu prosseguir, como se quisesse que eu terminasse logo para ele dar uma opinião a respeito. Vi ir embora para a casa da Lary, vi ir na cozinha pegar algo, olhar pra nós e voltar pro quarto, vi voltar cheiroso e dizer que ia estar assisitindo um filme com meu namorado no quarto (debaixo das cobertas, agarradinho) e não vi voltar com da sessão amassos. Terminei de contar, acabei chorando no meio das palavras e depois me recompus.

- Que faço? – Falei ao fim, fungando pela última vez e vendo um embaçado na minha frente. – Você é a única pessoa que vai ser sincero comigo, porque vai falar que é importante pra minha carreira e eu preciso ir, mas tenho absoluta certeza de que não é exatamente isso o que ele está pensando.
- – ele suspirou e sorriu. – O que você quer?
- Como assim? – Assustei-me.
- Simples – ele riu. – O que é mais importante pra você? , você tem que ir pra sua direção, para o que vai fazer diferença na sua vida e não ir pela opinião dos outros. Então, o que a quer da vida?
- Ai... – eu ri nervosa, na verdade eu queria chorar. – Eu não... Eu não pensei nisso ainda.
- Então acho que seria bom você começar a pensar, porque não é sempre que surge uma oportunidade dessas na vida. Eu e os meninos vamos estar aqui pra sempre, o próprio disse que vai continuar te amando. Mas se você der as costas pra essa chance, pode se arrepender pro resto da vida, e quando eu digo ‘resto da vida’ não é de uma maneira exagerada, acredite.
- Mas e se o esquecer de mim? Eu não posso dar as costas pra um relacionamento e muito menos dar as costas pra você.
- Meu amor – se aproximou mais de mim e segurou minha mão. – Há quase um ano nós nem existíamos na sua vida, porém há quantos anos você quer ser uma fotógrafa profissional? – Era uma pergunta retórica, seu sorriso misterioso já dizia isso, ele não esperava uma resposta porque ele já a sabia. – Essa é sua prioridade.
- Eu não me vejo sem vocês, não me vejo sem ele – e de novo, eu chorava. Desde quando chorar virou uma rotina?
- E nós não te vemos sem uma câmera em mãos – sorriu. – Vamos estar aqui pra sempre, ou até um de nós ser atingido por um ônibus ou nosso avião cair em algum lugar do Pacífico...
- CALA A BOCA! – Bati nele com um travesseiro e gargalhou. – Nunca mais diga isso, nunca mais!

Era perto da meia-noite. estava embolado em um edredom com a perna em cima da minha, estava estava deitado em um colchão no chão perto da TV meio acordado e meio dormindo. e Lary deitados meio conchinha em uma das camas de casal do quarto, comportando-se como duas pessoas que já estavam em um relacionamento duradouro, e também estavam deitados em uma cama de casal, mas quase toda hora eu ouvia uns estalos de beijos, estava encostado na cabeceira da cama e eu em seu peitoral, sentindo sua respiração em cima dos meus cabelos enquanto terminávamos de assistir “Esqueceram de Mim 2”. Não passávamos muito tempo na casa de , já que ele tinha uma certa frescura com bagunça e nós não éramos exatamente o esquadrão mais organizado do mundo. Mas devo confessar que a casa dele, de todos os meninos, era uma das mais bonitas; quem tem um quarto enorme desse jeito com duas camas de casal e capacidade para aguentar oito pessoas bagunceiras que se comportam como crianças de seis anos? e eu estávamos na mesma cama de casal que e Lary, porém, como as duas camas estavam juntas, eu acho que nós estávamos mais ou menos no meio entre uma e outra – se eu escolhesse de livre e espontânea vontade ficar na mesma cama que a Lorelai, ia aguentar uma chata e reclamona o resto do Natal.

Oficialmente era véspera de Natal, olhei no relógio e já apontava 00:01 e a moça das pombas estava novamente me assustando. Eu tenho um medo infantil dela desde a primeira vez que vi o filme, talvez essa seja uma das razões pelas quais eu nunca tive vontade de visitar NYC, medo de encontrar a velha das pombas – eu sei que ela é boa, assim como eu sei que nem todos os palhaços são assassinos, mas meu subconsciente criança ainda não sabe disso. Eu podia ouvir claramente roncar no colchão abaixo de nós, Lorelai e e as respirações profundas de quem estava dormindo, me dar chutes de uma pessoa inconsciente, e de conchinha dormindo como dois bebês. Acho que eu era a única acordada, porque a respiração de também estava bem pesada atrás de mim. Tirei o braço dele, que estava ao redor de minha cintura, e afastei o pé de , com cuidado levantei em silêncio e fui saindo do quarto. Antes de sair, vi minha polaroid em cima da estante – nós passamos um bom tempo tirando fotos e fazendo um álbum do nosso primeiro Natal – e resolvi tirar uma foto daquele momento, caso eu fosse embora pro Brasil, queria uma lembrança de todos. Bati duas vezes, uma ficou mais fofa e linda que a outra, deixei uma em cima da estante e a outra coloquei na minha bolsa que estava jogada em um canto do quarto. Eu não estava com sono, na verdade eu estava era com muitos pensamentos e sabia que não ia conseguir dormir, e, de uma forma bem estranha, aquele quarto estava me deixando sufocada.

Fui pra cozinha, tomei dois goles de água bem gelada a fim de despertar meu corpo e minha mente, comi uma panqueca com xarope – cozinha muito bem – e me joguei no sofá da sala. Meu celular estava na mesinha ao centro e piscava a cada dois segundos... Mensagem. Sabia de quem era, minha mãe devia estar bem puta comigo ou no mínimo desesperada, não sei se estava pronta para ler as mensagens agora. Ignorei a luz que aparecia e me virei pro outro lado, mas o reflexo do meu celular piscante ainda me incomodava na parede. Ah, que se dane!

, como você me dá uma notícia dessas por mensagem? – Mãe”

“Acho bom você largar esse seu namoradinho por cinco minutos e ligar para sua mãe, estamos preocupados com você. Não faça nenhuma besteira! – Pai”

“LIGA PRA MIM AGORA!” – Mãe”

“Sua mãe tomou calmantes, liga pra cá assim que você ver essa mensagem. Não estamos bravos, apenas preocupados com seu futuro – Pai”

“EU ESTOU BRAVA! – Mãe”

“Hey star girl, não sei se o te deu o recado. Vamos fazer uma bagunça aqui em casa no dia 25, vocês vão vir. Não é um convite, é uma intimação – Tom”

“Geralmente você responde as minhas mensagens de maneira mais rápida, tá tudo bem? – Tom”

“To pelado – Dougie”

“Nem o Dougie pelado funcionou, devo mandar o Judd pelado? – Tom”

“Ok, nos ligue quando der – Tom”

E no Twitter:

@tommcfly @stargirl tá viva?

@dougiemcfly @stargirl continuo com a mesma ideia: estou pelado x

@mcflyharry pronto, ela não vai mais responder RT @dougiemcfly @stargirl continuo com a mesma ideia: estou pelado x

Ai Deus!

- ? – surgiu com a cara toda amassada na sala enquanto eu ria baixo dos últimos tweets dos meninos e das mensagens desesperadas da minha mãe e do meu pai. – Que horas você saiu do quarto?
- Uns vinte minutos atrás, não queria acordar ninguém – sorri. – Só não estava conseguindo dormir.
- Você sabe que eu não durmo sem você – ele bocejou, meu coração inflou como se eu tivesse doença de chagas. Comparação ridícula.
- Ai que neném – ri. – Vem aqui, deita comigo, não vou pra cama tão cedo.
- Ok – veio e deitou no meu colo em posição fetal, ele de verdade estava com sono e manhoso. Combinação perfeita pra ele ficar mais apaixonante. – Você tá bem?
- Só aguentando surtos da minha mãe, meu pai e dos meninos do McFly – falei enquanto fazia carinho em seus cabelos e rolava o celular vendo as mensagens novamente. – Tom ficou meio desesperado porque não conseguiu falar comigo.
- Ele tem uma queda por você, bizarro – disse num tom grave e depois começou a rir. – Não o culpo.
- Também tenho uma queda por ele, acho que poderíamos ser felizes juntos.
- Tô com sono, mas não tô morto e muito menos surdo – ele deu um beliscão de leve na minha perna, nós dois rimos. – O que seus pais queriam?
- Saber como eu estou – menti.
- E como você está?
- Bem.

Silêncio.

- ?
- Hm?
- Eu não vou voltar pro Brasil.

Silêncio, parte dois.

- ?
- Vamos conversar disso amanhã – ele se virou de barriga pra cima e abriu os olhos, um pouco vermelhos devido ao sono.
- Não há nada o que conversar, eu não volto.
- Hm... – ele resmungou. – Deita aqui comigo?
- Quê?
- Coloca o celular na mesa e deita comigo? Não consigo dormir com você assim, acordada, inquieta e falando besteira.
- Não é besteira!
- ?
- Humpf! – Resmunguei colocando o celular na mesinha do centro.

deu espaço para mim no sofá, me deitei ao seu lado e ele me abraçou pela cintura, ficando na forma conchinha comigo. Sua respiração quente batia em meu pescoço, já que sua cabeça estava enterrada naquela curva. Ele depositou um beijo preguiçoso ali e me apertou mais ao seu corpo, como se quisesse falar algo que com palavras não estava conseguindo. Senti-o relaxar e colocar uma das pernas em cima das minhas, eu fiquei ali parada com esse misto de sensações gostosas que só ele conseguia proporcionar. Entrelacei nossos dedos e encaixei meu corpo no seu, relaxando minha musculatura e começando a fechar meus olhos. A única coisa que lembro dele ter falado foi “conversamos disso depois”, e depois nós dois apagamos.

24 de dezembro. Temperatura: CONGELANTE! Roupas: todas possíveis. Local onde me encontro: Jardim da casa do . Fazendo o quê? Aguentando minha mãe gritar no telefone comigo.

- Eu já disse mil vezes que você vai voltar pro Brasil, . Que palhaçada é essa? Vai ficar aí por causa de um namorado? E sua carreira?
- Mãe, o não é apenas meu namorado!
- Se você falar que o ama de novo eu quebro sua cara por telefone – acho que agora dá pra entender por que eu tinha tanta dificuldade em dizer isso pro . – Não existe amor antes dos trinta!
- MÃE!
- Eu não amei seu pai antes de me casar, fui amá-lo só depois! Mas ele era uma boa pessoa, por isso nos casamos.
- Muito obrigada por me avisar que seu casamento é um fracasso – bufei. – Não quero saber se você amava o papai antes ou depois, eu amo o e não vou deixar um trabalho atrapalhar nosso relacionamento.
- TRABALHO? É SUA CARREIRA! Você bateu tanto o pé pra essa porcaria de curso, agora que surge a oportunidade da sua vida...
- Porcaria? – Lá vamos nós com essa discussão de novo. – Incrível! Eu pensei que já tivéssemos superado essa fase, mãe.
- Eu permitir que você siga essa carreira é uma coisa, aceitar é outra. Acredito muito mais no seu potencial como advogada do que como uma simples fotógrafa. E você sabe disso, não há porque eu falar tudo de novo.
- Simples fotógrafa?
- Para de ficar prestando atenção em palavras separadas e presta atenção no contexto todo?
- Então faça o mesmo, mãe. Qual a parte do eu não vou voltar pro Brasil e eu estou apaixonada por a senhora não entendeu?
- Não seja grossa comigo.
- Não se faça de tonta comigo!
- Se o seu namorado tem condição de se sustentar sozinho porque ele é um novo popstar, o problema é dele! Você não tem, e se você não voltar pra casa, não vamos mais te enviar dinheiro todo mês.
- O QUÊ?
- Exatamente, ! Ou você volta pra casa ou começa a catar lixo nas ruas de Londres. E então?
- Você não faria isso comigo.
- Não simplesmente faria como vou fazer. Ou você prefere ficar sendo sustentada pelo seu namorado?
- não me sustentaria, eu pelo menos nunca permitiria isso.
- Então...
- Eu não acredito que você está fazendo isso comigo.
- A escolha é sua, mas você não me deixa outra opção.

Desliguei o telefone na cara da minha mãe. Ah, ótimo dia pra começar a véspera do Natal! Quando entrei, os meninos estavam esparramados na sala vestindo típicas roupas natalinas e gorrinhos vermelhos. Assim que passei pela porta, veio correndo até mim com um visco em mãos, segurando-o em cima de nossas cabeças com aquele sorriso sapeca no rosto.

- Sabem o que dizem sobre viscos, não sabe?
- Esse é de plástico – respondi olhando pra cima e rindo. – Desde quando você precisa de uma plantinha pra me beijar?
- Entra no clima do Natal, por favor? – Ele fez bico.
- Ain... – resmunguei de pirraça e dei um selinho nele. – Tá feliz?
- Bem melhor – nós rimos.
- , acabou de passar uma propaganda do Natal pelo mundo e passou o Brasil – Lary disse apontando pra TV de uma forma animada. – Nossa, seu país é muito lindo.
- Obrigada – falei me jogando no sofá ao lado de e roubando uma de suas bolachas amanteigadas. – Ensolarado, né?
- É daquele jeito o ano todo?
- Bom, não o ano todo, mas a maior parte.
- Quando vamos pro Brasiiiiiiiiiiiil? – disse batendo as pernas no sofá como uma criança mimada. – Sol, praia, surf...
- Biquínis – comentou e levou um tapa de Lary. – Que foi?
- Menos, .
- Se o pumpkin for pro Brasil, vai precisar passar protetor solar fator 500! Olha a brancura desse moleque – levantou a camiseta de e mostrou a sua translúcida pele, todos gargalharam.
- Falou a rainha da cor do pecado, né? Já se olhou no espelho, meu amor? – disse rindo tentando levantar a blusa da namorada, em vão.
- Não gosto de praia, vou passar o dia todo debaixo do guarda-sol.
- São praias brasileiras, , não são qualquer praia – apareceu se jogando no meu colo e derrubando algumas bolachas de no chão. – Foi mal – o olhou feio e eu abracei pela cintura, protegendo-o.
- O negócio é o seguinte: vocês têm milhões de fãs no Brasil, acho digno irem logo pra lá fazer uma mega tour e deixar as ‘directioners’ felizes da vida.
- Ela tá falando o nome do fandom – colocou a mão no coração fazendo drama.
- É um milagre de Natal – disse rindo.
- Bando de babaca – joguei uma almofada em cada um enquanto ouvia o resto do pessoal zoar da minha cara só porque disse o nome do fandom. Idiotas.

Depois de passarmos a manhã fazendo nada e a tarde comendo e terminando de embrulhar os presentes, finalmente chegou a hora de irmos para a casa de Tom. Véspera de Natal é sempre uma delícia, mas digo que passar a véspera com neve e bonequinhos é muito mais interessante. O que tínhamos em mente na verdade era ficarmos em casa de pijamas natalinos, vendo filmes a madrugada toda e comendo porcarias, os meninos iriam cantar aquelas canções chatas, um deles ia se fantasiar de Papai Noel – provavelmente – alguma de nós ia ser a Mamãe Noel – provavelmente – e, no fim, papai e mamãe iam copular – com certeza e . Por mais que eu ame o Fletcher e amo a paixão desse menino por Natal, eu queria passar esse dia com , por mim até os outros meninos podiam desaparecer, eu só queria ficar com . Oficialmente virei uma idiota apaixonada, mas o que posso fazer?

- Tom ligou – entrou no quarto onde eu estava. – Disse que está vindo pra cá.
- O QUÊ? – Eu engasguei no meu próprio susto. – Como assim?
- Alguma coisa sobre “melhor aí do que aqui” e sei lá. Como você entende o que o Fletcher diz?
- Quase dez anos amando a banda, alguma coisa eu tinha que aprender – eu ri.
- O que temos aí em cima da cama? – falou quando viu o vestido que eu havia reservado para o Natal. – Nossa!
- É, eu ia com ele pra casa do Fletcher, mas já que ele está vindo pra cá vou ficar de pijamas mesmo – dei de ombros. – Que achou? – Perguntei levantando o vestido. - E lindo – vi o sorriso de abrir. – Quando comprou?
- É da minha mãe – eu ri sem graça. – Nós duas temos praticamente o mesmo tipo de corpo, e eu sempre fui apaixonada por esse vestido.
- Dá pra imaginar porque o seu pai se apaixonou pela sua mãe, se você têm o mesmo tipo de corpo e saem por aí com esse vestido – chegou mais perto com um sorriso nos lábios e pegou o vestido. – É muito bonito.
- Pena que não vou poder usá-lo – suspirei. – Não hoje.
- Pode usar no nosso jantar depois do Natal – ele sorriu de lado, esbanjando charme.
- Jantar, ?
- Sim, como não vamos passar o Natal sozinhos, pensei em te sequestrar por um dia. Se não tiver problemas pra você, óbvio.
- Sabe – joguei meu vestido em cima da cama. – Estava pensando a mesma coisa.
- Ótimo – ele riu e me segurou pela cintura.

encostou de leve os lábios nos meus só para dar tempo de nós dois sorrirmos ao mesmo tempo, depois fomos abrindo-os e iniciando o nosso tão famoso beijo. Suas mãos se apertaram mais ao redor da minha cintura e me ergueram do chão, jogando-me na cama e se jogando por cima de mim no instante seguinte. Eu comecei a rir quando ele iniciou beijos desastrosos pelo meu pescoço, me faziam cócegas. Abri minhas pernas deixando se encaixar em mim e ficar mais confortável, os beijos desastrosos começaram a criar formas e ficarem mais concretos e gostosos. Sua boca encontrou-se novamente com a minha,eu tinha um desejo de beijá-lo o tempo todo, ainda mais nesse tipo de situação. Enterrei minhas duas mãos em seus cabelos e apertei mais minhas pernas ao redor do seu corpo, sentindo dar sinais que estava gostando do que acontecia. Ele gemeu alto contra minha boca e senti seu corpo se afastar de leve, mas ainda ficar por cima de mim.

- Pra mulher é sempre mais fácil – ele disse com dificuldade.
- Esqueci desse detalhe – gargalhei. – Desculpa.
- Tudo bem.
- Mas... Já?
- Já, já ainda não! Mas eu sei que o “jááá” vai aparecer “jááá” se você continuar me beijando desse jeito – ele riu e fez careta.
- e pelados na banheira...
- Ok... – ele riu. – Porra! Para!
- Pra mim é excitante.
- Jura? – Ele arregalou os olhos. – Que tosco.
- Homens – revirei os olhos, dei dois tapinhas em seu ombro e o senti escorregar de cima de mim.
- Depois terminamos – ele riu mordendo os lábios.
- Vou cobrar – disse dando um beijo no seu nariz e me levantando. – Quer cinco minutos sozinho?
- A imagem do com o na banheira ainda está bem clara pra mim - riu fazendo um careta pior ainda. – Apelou demais, demais!
- Isso porque eu não quis fazer você imaginar eu com o ou eu com os dois na banheira – ri de forma sapeca e vi ficar vermelho.
- SAI DAQUI, SAI! – Ele jogou dois travesseiros em cima de mim e eu saí correndo do quarto. Deixa a criança se acalmar um pouco.

- Tá tudo bem lá dentro? – me perguntou assim que saí do quarto. – Ouvi gritos.
- tendo um piripaque, nada demais – dei de ombros. – Então, Tom está vindo pra cá.
- Sim, está – ele riu. – Vai ficar de pijama mesmo?
- Resolvi seduzir Tom Fletcher com meu estilo ao natural – joguei meus cabelos pra trás e fiz charme, gargalhou. – Brincadeira.
- Acho que ele não vai ficar muito tempo por aqui – ele riu. – Comprou presente pra ele?
- ÓBVIO! – Falei animada. – Um presente bem infantil, mas a cara do Fletcher.
- Comprou pra mim? – Ele sorriu.
- Acho que deve ter alguma coisa pra você debaixo da árvore – eu pisquei. – Você só vai saber amanhã de manhã, já que aqui vocês comemoram o Natal só no dia seguinte da ceia.
- Quem sabe você não se surpreende hoje a noite? – mordeu os lábios e deu um peteleco no meu nariz. Meu estômago embrulhou, pessoas bonitas não podiam fazer isso!

Depois de três tentativas, eu e conseguimos fazer um boneco de neve que não se parecesse com um E.T. Eu disse que alguém ia ter que ficar comigo na neve tentando quantas vezes fosse necessário, e como não estava mais a fim de ficar na cozinha com Lary e e , ela se prontificou a ficar comigo na neve. Mas até que foi engraçado, entre guerrinhas e anjinhos, finalmente o boneco saiu e estava pronto para ficar na frente da casa durante o resto da noite. Colocamos até aquelas luzes no bonequinho pra ele ficar mais alegre e com menos cara de maníaco, definitivamente nós não tínhamos talento para construir um boneco de neve.

- E então? – perguntou se jogando na neve e fazendo outro anjinho. Depois a retardada era eu. – Não vai brigar comigo?
- Pelo que dessa vez? – Eu ri me sentando ao seu lado. – Sua implicância com a Lary ou tem outra coisa no meio?
- Eu ter lido sua carta?
- A... A carta – bufei. – Vocês iam ter que saber mais cedo ou mais tarde, era questão de tempo.
- Te conhecendo, nós iríamos saber bem mais tarde, por exemplo, quando você estivesse embarcando.
- Eu não vou, – respondi meio triste. – Hey, não me olha com essa cara.
- Cara de quê? De quem acha que você tá fazendo a coisa mais absurda da sua vida?
- Por que todo mundo tem que falar isso pra mim? Quando eu acho que tô fazendo uma coisa radical, querendo ficar aqui porque eu amo vocês e amo o e tô meio que mandando minha carreira pro espaço, vocês ficam contra mim.
- Porque essa não é você, ! Me desculpe amiga, mas você não é nada radical – ela riu pelo nariz e eu taquei uma bolinha de neve nela.
- Eu já fiz coisas radicais, eu mudei pra Londres!
- Por causa do seu curso – deu de ombros. – Escuta! Eu sei que seu namoro com o tá a coisa mais lindinha do mundo e que você está toda ‘sparks fly’ por ele no momento...
- Tá citando Taylor Swift?
- Tô citando Taylor Swift.
- Você odeia a Taylor.
- Cala a boca – ela riu. – O que eu quero dizer é, alguém precisa ser a pessoa responsável aqui, e pelo visto você não está sendo essa pessoa.
- foi – resmunguei. – E foi e você está sendo.
- Olha aí que coisa linda! – Ela bateu palmas e sentou. – Ouça seus amigos uma vez na vida e vai atrás disso! Nós vamos estar aqui quando você voltar.
- E se eu não voltar? – Mordi os lábios e fiz careta segurando o choro.
- Se você não voltar – ela me abraçou e encostou a cabeça no meu ombro – vou ter que aprender a escrever cartas – ela riu e me deu um beijo carinho na bochecha.
- Ai – eu reclamei e nós duas começamos a rir, um riso que eu sei carregava uma certa tristeza.

Quando nós duas estávamos levantando para entrar, ouvimos um carro parando e logo uma pessoa muito bem conhecida por mim desceu. Tom estava ali com Dougie, os dois com aqueles gorros natalinos, segurando sacolas vermelhas com desenhos de Natal. Dougie com aquelas calças apertadas que vão até o calcanhar, sapato roxo e camiseta Saint Kidd. Tom usava um suéter de Natal que me lembrava Ronald Wesley, fofo ao extremo. Não aguentei quando vi aquelas duas pessoas, talvez fosse a emoção natalina do ambiente, ou o fato de que eu podia estar voltando pro Brasil a qualquer momento e que eu nunca mais teria a oportunidade de abraçar o McFly a hora que eu quisesse, só sei que não pensei duas vezes e fui correndo na direção dos meninos me atirando em Tom em um abraço que, pra mim, podia durar uma eternidade.

Tom era mais que um ídolo e um crush agora não tão secreto. Ele havia se tornado um amigo, e nem em meus sonhos mais doidos eu iria imaginar que Tom Fletcher era alguém que eu podia ligar a qualquer hora do dia e pedir ajuda, conselho ou simplesmente avisar que estava indo para sua casa porque estava entediada demais e meu namorado estava em uma turnê nos Estados Unidos. E saber que eu não ia mais poder fazer isso a qualquer hora do dia me dava uma angústia muito grande, voltar para o Brasil significava perder muito mais do que apenas um namorado e melhores amigos; era perder uma vida que eu construí em um ano, algo que eu planejei durante todos os anos de minha existência. Valia assim tanto a pena?

- Mas é só eu virar as costas por um segundo e você já está se agarrando com outro? Que é isso, ? – Ouvi a voz brincalhona de ao fundo e larguei Tom, abaixei logo a cabeça para esconder minha cara de choro, mas isso acabou não passando desapercebido.
- Você tá bem, ? – Tom ergueu meu rosto e analisou-me. – Tá chorando?
- É o Natal – brinquei disfarçando o nervosismo. – Fico emotiva demais nessa época do ano, deve ser isso.
- Ok – ele me abraçou de lado e foi caminhando comigo até a porta, Dougie já estava dentro com o resto do pessoal. – Hey, .
- Valeu por passar aqui, cara – os dois deram aquele abraço meio moleque e eu senti de novo mais vontade de chorar, eu estava perdendo tudo isso.
- Sua mulher – Tom me pegou pela mão e “me entregou” para , foi bem engraçado. – Como vocês estão?
- Tudo bem – eu e falamos juntos.
- Entra aí, tem comida em cima da mesa da cozinha, nada saudável porque ninguém aqui cozinha direito – ele riu.
- Mentira, eles fazem panquecas maravilhosas – falei abraçando pela cintura.
- Não vamos ficar muito tempo, mas valeu o convite – Fletcher sorriu. – Onde posso colocar os presentes?
- Ganhamos presentes? – Meus olhos brilharam, começou a rir.
- Claro que sim, é Natal – Tom respondeu de maneira animada, primeira vez na vida que de verdade eu vejo a empolgação dele pessoalmente. Gravei essa imagem para nunca mais esquecer.
- Ok – eu ri. – Desde já, obrigada! E você não pode sair daqui sem uma foto comigo e com o resto do pessoal, por favor!
- Hm – Tom colocou a mão no queixo. – Estou passando o Natal com uma fotógrafa e estou sendo cogitado a tirar uma foto, que coisa!
- Clichê, eu sei - dei de ombros.
- Vai ser o maior prazer, – ele sorriu e entrou. Fiquei suspirando igual uma babaca do lado de fora.
- Hey – me cutucou na cintura e me olhou sorrindo. – Tá legal?
- Já disse que é o espírito natalino – suspirei.
- Ok – ele beijou o topo dos meus cabelos. – Vamos entrar, a noite vai ser longa.
- Por quê?
- Só... Vai ser – ele me apertou um pouco mais, mas eu sentia seu corpo um pouco duro. Tinha alguma coisa estranha no ar, de todos os ângulos possíveis.

Em cima da pia da cozinha nós tínhamos pizza, cerveja, latas e mais latas de Dr. Pepper, salgados estranhos, panetone, chocolate, energéticos, M&M’s, amendoins... Tudo o que não era saudável no mundo estava ali. Sinos de chocolate, balas, guloseimas, refrigerante e uma garrafa de cerveja amanteigada – Dougie e Tom viram no Youtube como preparar uma e resolveram dar de presente para nós. Eles disseram que iam ficar por lá até perto da meia-noite, depois tinham que voltar pra casa e passar o Natal com a família, nas palavras de Tom ‘esse é o primeiro Natal da aqui em Londres, precisei marcar presença’, isso pra mim foi o melhor presente de Natal.

, Tom e estavam no sofá da sala tocando algumas músicas no violão como Let it Snow, Chills in the Evening, Jingle Bells e algumas de Peter Pan (essa última eu também não entendi). , Lary e - pasmem – – estavam na cozinha dando uma organizada nas coisas, já que todo mundo comeu como se fosse a última refeição das vidas ( dizia que o fim do mundo ainda estava próximo, que precisávamos acreditar nos maias) e eles também cantavam. Atrevo-me a dizer que vi e Lary trocando brincadeiras com um uma pitada de sarcasmo, mas é melhor que nada, pelo menos agora elas estavam no mesmo ambiente, conversando e sem tapas ou cabelos voando para os lados (ainda tenho trauma da briga das duas). estava debaixo da árvore de Natal arrumando os presentes por tamanhos e cores como se ele fosse uma criança especial. Às vezes eu simplesmente parava de fazer o que quer que eu estivesse fazendo e ficava olhando , aquela criança linda que veio de Nárnia e está perdida no nosso mundo. Só espero que ele encontre alguém que o faça muito feliz, porque ele merece, quem não ama ? E ... Bom, estava distante. Estranhamente... Distante. E do nada!

- E aí? – Ele estava encostado na parede vendo , e Tom estragarem alguma música do Busted. – Tudo bem?
- Tudo – ele suspirou sem me olhar.
- – dei um tapa em seu ombro. – Que eu fiz?
- Nada, – ele não me olhava, ainda.
- Você tá bravo por causa das brincadeiras com o Fletcher? Porque acho que você sabe que ele é casado e... – eu ri nervosa. – Tipo, não tem nada a ver.
- É claro que não – ele riu e olhou pra baixo. – Escuta, os presentes de Natal no Brasil são dados à meia-noite, certo?
- Sim – meu estômago embrulhou. – Você trocar presentes agora?
- Vem comigo – finalmente seu olhar captou o meu, e não era um olhar reconfortante.

Saímos de mãos dadas para o quarto de . Não via pacote nenhum ali, nem no quarto nem nas mãos de . Olhei para o relógio e ainda eram 23:28h, faltava ainda um certo tempo pro Natal, e nem era costume deles darem os presentes antes da meia-noite ou após esse horário. fechou a porta e ligou a luz, seu olhar era perdido e ele estralava todos os dedos de uma só vez, ISSO estava me deixando muito nervosa. Ele andava de um lado pro outro no quarto sem me olhar, apenas batendo no bolso da calça a cada cinco segundos, e depois voltava a estralar os dedos, passar as mãos nos cabelos, morder os lábios. Ok, o que estava acontecendo?

- , fala comigo, pelo amor de Deus! – Eu disse por fim. – Sério, se você está querendo me deixar nervosa, você está conseguindo.
- É o seu presente – ele parou de andar e me encarou. – Eu preciso dá-lo agora antes que eu me arrependa depois e volte nessa decisão.
- Nossa – eu ri, mas era de nervoso. – O que é? Uma carta bomba?
- ... – ele não riu.
- Eu tô brincando, o que foi? – Tentei ir até ele, mas ele deu dois passos pra trás. Aquela simples atitude acabou comigo. – ?
- Pega – ele tirou um envelope de dentro do bolso e me entregou. Algo em mim não queria abrir aquilo, devia ser algo horrendo para estar tão ansioso desse jeito, e se ele estava assim, imagina como eu ia ficar.

Sem olhá-lo, eu abri o envelope.

Data e Hora Prevista da SAÍDA
Data: 30/12/2012
Horário: 06:00am
Roteiro: Saída do Aeroporto Heathrow / Sem Escala / Chegada Aeroporto Guarulhos

- O que é isso? – Minhas mãos tremiam, nem ao menos olhava para mim. – Pelo amor de Deus, o que é isso?
- Sua passagem pro Brasil – ele respondeu sério e com a voz amargurada. – Você vai voltar.
- NÃO VOU! – Berrei. – EU JÁ DISSE MIL VEZES QUE EU NÃO VOU, QUE PALHAÇADA É ESSA?
- VOCÊ VAI! – Ele me segurou pelos braços, e foi aí então que eu vi o estado de .

Seus olhos estavam brilhantes e cheios de lágrimas, seus lábios mais vermelhos que o normal e tremiam como se ele estivesse com frio. Sua mão suava gelada e tremia junto ao meu corpo, eu via como se ele estivesse sentindo uma dor física grande, porque a cada palavra, a cada respiração, ele fazia careta como se mil agulhas estivesse perfurando seu corpo. sofria, eu não aguentava isso.

- Nós somos um casal, essa é uma decisão que precisa ser tomada por nós dois, você não pode simplesmente decidir que eu vou voltar pro Brasil e comprar a passagem pra mim, – joguei a passagem no chão e coloquei meus braços ao redor do seu pescoço, ele estava gelado. – Para de tremer, por favor.
- Você sabe quem é Miriam Rezende? – Seus olhos me focaram. – Tem noção de quem é essa mulher no seu país? Ela segue a mesma linha de trabalho da Olivia e por você ser a melhor aluna da escola aqui em Londres ela está pessoalmente te chamando pra você fazer parte da equipe dela. Como que você pode jogar essa chance NO LIXO?
- Eu não quero, eu não... – já soluçava. – Não me importo, eu não quero ir! Não quero voltar, não quero deixar você...
- Por favor, para! – chorava tanto quanto eu. – Essa oportunidade vai fazer você crescer, você já tem um reconhecimento enorme aqui, agora é sua chance de brilhar no seu país! Construir o seu nome como fotógrafa, e em um ramo que eu sei que pra você sempre foi um desafio...
- Infantil – falamos juntos. sempre soube do meu desejo de fotografar crianças e bebês, Olivia e Miriam seguiam essa linha.
- Você sabe tanto sobre mim.
- Porque eu te amo – ele encostou os lábios nos meus. – Eu te amo demais, e por isso eu não posso permitir que você acabe com sua carreira por mim ou pelos seus amigos, por um capricho de não querer ir embora.
- , não... Não...
- Eu tô... – ele apertou meus braços, soluçou, virou o rosto para o lado e chorou mais alto. – Eu estou terminando com você – ele encostou a cabeça na minha e nós dois começamos a chorar como se fôssemos um só.
- NÃO! – Berrei. – NÃO, NÃO! NÃO!
- Por favor, ...
- NÃO! – Eu apertava seu braço quase encravando minha unha nele, as agulhas que antes pareciam estar em seu corpo agora estavam nos meus. – Não faz isso comigo, por favor, não faz...
- Eu te amo demais pra te prender aqui, pra deixar a oportunidade da sua vida escapar das suas mãos, eu simplemente não posso fazer isso com você!
- E NÓS?
- Não existe mais nós – escorreu suas mãos pelos meus braços e caiu de joelho no chão, colocando as mãos no rosto e chorando. Eu via seus ombros subindo e descendo e aquele barulho rouco que saía de sua garganta. – PORQUE EU TÔ TERMINANDO COM TUDO!
- EU NÃO ACEITO ISSO! – Ajoelhei-me no chão de frente pra ele, tirei suas mãos de seus olhos e o fiz me encarar. – Eu não aceito o fim desse namoro, você está me entendendo? Eu não aceito você terminar comigo! Diz que você não me ama, que não dá pra ficar do meu lado, que eu sou irritante demais...
- Como dizer tudo isso sendo que eu te amo mais do que qualquer coisa que eu já amei nessa vida? – Ele me encarou. – Para de se humilhar, não há culpado nesse término! Sou eu te deixando livre pra você viver sua vida.
- A minha vida é aqui com você – coloquei sua mão em meu coração. – Eu nunca vou achar lugar algum, pessoa alguma que me faça tão viva como você faz, como esse lugar faz.
- Você não pode ficar aqui com a dúvida de que “e se você voltasse”?
- EU NÃO QUERO VOLTAR!
- MAS VOCÊ VAI! – Ele levantou. – Você vai, eu não quero saber, nem que eu tenha que te ignorar que arrancar você da minha vida, EU VOU! PORQUE EU NÃO VOU DEIXAR VOCÊ PERDER ESSA CHANCE POR MIM!
- POR NÓS!
- NÃO EXISTE MAIS NÓS! – Ele berrou com toda a força que restava.

O quarto ficou frio, escuro apesar da lâmpada estar brilhando em cima de nossas cabeças. Eu queria o abraço dele, queria que ele se virasse pra mim e disesse que isso tudo era uma brincadeira, que óbvio que não ia voltar pro Brasil e que nós ainda estávamos juntos. Ou, que ele mentisse. Dissesse que não me amava, não me queria, que sou chata, irritante, feia, nojenta! Terminar comigo dizendo que me ama torna tudo tão mais complicado, difícil. E dói, demais.

- Você me ama? – Perguntei, uma última tentativa de me humilhar. – Mente pra mim.
- Por que eu faria isso?
- Porque tornaria tudo mais fácil – suspirei. – Minha aceitação.
- Eu não posso fazer isso – ele riu sem humor. – Não me chamo Edward Cullen.
- Mente.Pra.Mim – eu disse entre os dentes. – Por favor.
- Eu te amo – caminhou dois passos até mim. – Eu te amo desde a primeira vez que te vi, desde que você encarava seus sapatos ao invés de me olhar nos olhos. Quando te vi machucada na enfermagem da SugarScape eu senti uma força de proteção ao meu redor, como se minha responsabilidade fosse te proteger pra sempre. Seu olhar quando conheceu McFly, quando você foi ao primeiro show. A nossa primeira vez, seu jeito tímido, sua voz de manhã, quando voltou de Paris, quando ganhou de melhor aluna revelação – agora ele já estava na minha frente passando as mãos por meus braços. – Como você pode pedir pra eu mentir a respeito do que sinto? Dizer que não te amo tornaria as coisas mais fáceis? Pra quem? Pra você?
- Eu não aceito o fim – solucei. – Não era pra ser assim, não era meu plano!
- Os planos mudaram – ele me abraçou. – Você vai ser feliz, você vai conseguir tudo o que sempre quis, vai fazer um nome, trabalhar com o que sempre quis...
- E você? – Eu o apertei contra meu corpo. – Estou perdendo você.
- Nunca vai me perder – segurou meu rosto entre suas mãos. – Eu vou sempre estar aqui pronto pra te receber, ser o primeiro a levantar e te aplaudir pelas suas realizações, suas conquistas. Mas, pra isso, você precisa se permitir.
- Eu não quero...
- Mas você vai – ele sorriu triste. – E vai voltar pra me dizer como foi.
- Não me deixa, ! Não me deixa.

Ele segurou-me pela nuca e com a outra mão me puxou pela cintura. O beijo era salgado, molhado pelas lágrimas e com um gosto que já era de saudade. Me aconcheguei mais ao seu corpo sabendo que aquela seria a última vez e não consegui segurar o choro, acabei separando nossas bocas para me encostar em seu peito e chorar, colocar pra fora a dor que estava em meu coração. Lembro de Renato Russo “disseste que se tua voz tivesse força igual a imensa dor que sentes, teu grito acordaria não só a tua casa, mas a vizinhança inteira”, e a dor que eu estava sentindo agora, tinha exatamente essa intensidade. Ele me apertou mais no abraço e acabou chorando junto comigo, eu não sabia mais qual choro era mais alto, o meu ou o dele.

Don’t try to make stay or ask if I’m okay
(Não tente fazer eu ficar, ou pergunte se está tudo bem)
I don’t have the answer
(Eu não tenho a resposta)
Don’t make me stay the night
(Não tente me fazer ficar a noite)
Or ask if I’m alright
(Ou pergunte se eu estou bem)
I don’t have the answer
(Eu não tenho a resposta)

cantava baixo enquanto me abraçava e balançava nossos corpos de um lado pro outro, como se fosse um gesto maternal de querer me acalmar, e, de uma certa forma, acalmá-lo

Heartache doesn’t last forever
(Um coração partido não dura pra sempre)
I’ll say I’m fine
(Eu vou dizer que estou bem)
Midnight ain’t no time for laughing
(Meia noite não é hora para risadas)
When you say goodbye
(Quando você diz adeus)

- Não canta o resto, por favor – me aninhei ao seu peito. – Não aguento.
- A dor passa, , para todos nós – ele suspirou. E como era de esperar, ele não me obedeceu.

It’s in your lips and in your kiss
(É em seus lábios e nos seus beijos)
It’s in your touch and your fingertips
(É em seu toque e na ponta dos seus dedos)
And it’s in all the things and other things

(E é em todas as coisas e nas outras coisas)
That make you who you are
(Que faz você ser quem você é)
And your eyes, irresistible
(E seus olhos, irresistíveis)

Nas últimas frases, já não conseguia cantar, porque sua voz saía embargada pelas lágrimas e pelo choro em sua garganta. Eu percebia o tanto que ele se segurava, mas conseguiu terminar a música e, depois, um silêncio instaurou-se no quarto. Só nos dois, apenas nós dois.

- Irresistible – murmurei e ouvi rir sobre meus cabelos. – McFly.
- Só sabe a música porque foi escrita pelos meninos.
- E porque eu chorei a primeira vez que você e o Danny cantaram.
- Eu lembro – ele riu. – E eu lembro da minha promessa...
- Que você nunca cantaria essa música pra mim de novo.
- Pelo visto quebrei minha promessa – ele fungou. – Desculpa.
- – ergui meu rosto e o encarei. – Obrigada por me amar.
- Não foi difícil – ele riu e me deu um selinho. – Eu não posso mais fazer isso.
- Não – ri sem humor. – Escuta, por que você pegou uma passagem antes do Ano Novo? Meu curso no Brasil só começa na terceira semana de janeiro, ainda tenho tempo suficiente pra passar aqui com vocês.
- – ele suspirou e passou a mão no meu rosto. – Não quero começar o ano com você ao meu lado sabendo que não vai estar comigo pelos próximos dias – sorriu de forma triste. – Este sou eu sendo o egoósta da relação.
- Essa foi a declaração mais triste e mais fofa que você já fez pra mim – sorri.
Me afastei de e olhei pra ele como se aquela fosse a última vez. Eu não aguentava nós dois juntos no mesmo cômodo e agora tão distantes, não éramos mais um casal. Comecei a chorar de novo, e acho que isso ia demorar muito pra passar, eu só me via chorando pelos próximos meses, até eu voltar novamente para Londres e arrumar tudo, deixar as coisas como elas deveriam ser. Isso tá errado, tá muito errado! A vida do Chandler e da Monica começou a dar certo em Londres, por que a minha tem que começar a dar errado? É por que eu gosto mais do Ross? Porque a vida do Ross começou a dar muito errado em Londres.

- Eu queria te pedir uma coisa – falei fazendo muita força para sair algum barulho de minha garganta.
- Qualquer coisa.
- Seja aqueles namorados idiotas e suma da minha vida – pedi chorosa. – Vai ser mais fácil eu ir embora se eu não te ver pelos próximos dias.
- Eu não...
- Por favor, ! É o último pedido que eu te faço. Não me ligue, não apareça, não pergunte de mim para os meninos, só, me deixe sozinha.

E agora ele me olhava como se estivesse perdendo a coisa mais importante da vida dele. Pelo menos eu gostava de pensar que era assim.

- Eu amo você.
- Sei disso.
- Feliz Natal.



n/a: é eu sei, contos de Natal deveriam ser felizes, alegres e contentes. Mas gosto de manter as coisas com aquele elemento surpresa, e com o especial de Natal da 500 days não podia ser diferente, certo? Bom, antes que os surtos comecem, esse é um capítulo ‘especial’ da fanfic, o que significa que, o que vocês estão lendo é um baita de um BIG spoiler do que vai acontecer no final de nossa história. Então é isso, tudo termina no Natal? Será? Não faço ideia, mas imagino que tem muita leitora agora com os lencinhos em mãos me mandando para todos os lugares possíveis e amaldiçoando minhas gerações futuras. Mas pensem, o seu baby deixou você livre para seguir sua carreira, quer prova de amor maior que essa? Enfim, vamos aos agradecimentos: Camila Sodré e Gabi por terem me chamado para o especial de fim de ano do FFOBS (que honra!), a “Máfia 500 days in London” que se encontra no facebook, as mil leitoras que me fazem mais feliz a cada dia, a beta, ao One Direction, ao cupcake (todo mundo sabe quem é o cupcake pra mim, né?), ao McFly e todos os meus elementos natalinos que me inspiram nessa época do ano. AMO Natal, sou muito Fletcher nesse aspecto. E se quiserem saber o que vai acontecer com nosso casal favorito, bom, aguentem as pontas porque o final desse capítulo está longe de acontecer; mas o especial do ano novo está chegando. Preparem-se!

Feliz Natal meninas. Obrigada pelo ano incrível de 2012, mas deixo os agradecimentos anuais para o próximo especial – vai estar mais alegre, eu juro. Um mega, blaster beijo para cada uma. Merry Jingle Bell Rock Christmas \o/

Gi x

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Nota da Beta: NÃO SOU A AUTORA DA FIC, mas em caso de erros, falem comigo pelo @AbbyCJ ou por email. xxo Abby


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