
Escrita por: Letícia Black
Betada por: Caroline Cahill
Dados
Eu estava tentando distrair null, mas ela era muito mais distrativa que eu. E parecia entender exatamente o que eu estava fazendo.
Era óbvio que ela não estava nem um pouco no clima para beijos e amassos, então eu apenas achei que a gente devia fazer qualquer coisa interessante. Zapeei os canais e coloquei um de comédia, enquanto a gente almoçava — no quarto mesmo, embora null não tivesse pedido, achei que seria melhor.
Acabei de almoçar, concentrado no programa, para apenas perceber que null não me acompanhava nas risadas. Virei meu rosto para ela no segundo que eu notei e encontrei-a olhando para o nada, com os olhos lacrimejados. Ela percebeu que eu estava olhando-a no mesmo segundo e escorregou os lábios em um sorriso triste.
— null... — chamei-a.
Ela suspirou e olhou para o outro lado, passando o dedo pelo canto do olho para conter as lágrimas. Empurrei minha mesinha para mais longe e passei meus braços ao redor dela, puxando-a para mim.
— Sério, gata, você ainda nem falou com o seu pai. — murmurei. — Ele vai entender quando você explicar que não sabia o que ele estava fazendo aqui...
Eu sabia que não era bem dessa forma. Ele entendesse ou não, simplesmente não havia a esperança que ela tinha dele voltar para a vida dela. Na verdade, aquelas cartas enfiadas no fundo da minha mala me informavam que ele não tinha interesse nenhum em mantê-la por perto, era a verdade.
Era exatamente como Gabriela havia dito. Como se ela o coordenasse; como null parecia, também, conseguir me coordenar ao seu bel-prazer.
— Ele pode entender, null — ela murmurou, com a voz fraquinha. — Mas... É que você... — ela ésuspirou. — É esse lance de imagem, sabe? Ele vai gritar comigo que alguém pode ter visto e se conectarem ele ao Renan e descobrirem o que ele faz ou então mexerem na história antiga minha e lembrarem dele...
Ela continuou murmurando sobre possibilidades altamente improváveis e eu ouvi-a, com um sorriso debochado no rosto. Quando percebeu, ela pareceu chocada e foi diminuindo a velocidade das palavras até que:
— O que foi? — perguntou.
— Não vai acontecer — eu disse, por fim. — Seu pai pode ficar zangado, eu realmente não duvido, mas não vai acontecer. Ninguém se importa com que visitas o ministro da agricultura está recebendo. Tá todo mundo seguindo, sei lá, o Neymar.
Ela estalou os lábios e negou com a cabeça veementemente, respirando fundo, como se procurasse palavras que me fizesse entender.
— Não tô falando da mídia, cabeção. A mídia só começa a se importar quando a cova tá cavada. Isso quase aconteceu quando eu fui parar no hospital e meu pai quase pirou até conseguir abafar... — ela mordeu o lábio de leve, parecendo altamente desconfortável — Tô falando da oposição. Eles perdem tempo fazendo isso. Muito tempo.
Entortei o lábio, entendendo o que ela estava falando — porque fazia muito mais sentido e eu sabia que ela tinha razão. Se a oposição descobrisse, era uma cova a ser cavada e seria culpa dela, de novo.
— Improvável — eu disse, embora eu achasse mais provável que antes. — Vamos deixar para nos preocupar com isso se acontecer?
Ela deu umas três piscadinhas seguidas, como se estivesse absorvendo as palavras que eu havia dito, e acabou por concordar com a cabeça. Da posição que eu estava, podia ver as gotículas de chuva batendo na janela do quarto e o barulho singelo dela ecoando pelo cômodo. Sorri de lado e ela logo reagiu, levantando uma sobrancelha, percebendo minhas intenções nada puritanas.
— Sabe uma das melhores coisas pra se fazer quando está chovendo? — perguntei.
Ela virou de costas para mim, seu olhar se voltando para a janela rapidamente. Com o corpo naquela posição, seus seios saltaram à frente e eu deixei minha boca abrir um pouquinho, em admiração àquela parte de seu corpo que eu tanto adorava.
— Está chovendo? — ela exclamou, admirada.
E, então, simplesmente desapareceu de meus braços.
Quando eu me mexi, ela já tinha saído do quarto. Até eu sair do quarto, ela já estava na porta do apartamento. Saí correndo atrás dela e tudo o que eu encontrei foi uma portinha corta fogo se fechando. Abri e encontrei uma escada, consegui ouvi-la subindo os degraus acima de mim e corri para alcançá-la.
Cheguei no mesmo lance de escada que ela no último. Sem notar que eu estava tão próximo, ela abriu a porta e saiu. Quando alcancei a porta, percebi que estávamos na cobertura do prédio e ela estava girando e girando na chuva, com as gotas caindo em seu corpo, na roupinha larga que ela estava usando, deixando-a colada e transparente.
Peguei-me parado à porta, encarando-a, completamente admirado. null parou de girar com um sorriso bobo no rosto e abriu os olhos, me vendo parado à porta. Seu sorriso abriu-se um pouquinho mais e ela me chamou com o dedo. Gargalhei e neguei com a cabeça. Ela revirou os olhos e veio andando em minha direção, seus pés descalços tais como os meus, espalhando água das pequenas poças já formadas pelo caminho.
Ela me puxou pela borda da camisa com seus dedos úmidos e eu me deixei ser arrastado para o meio da chuva, nem me importando em me molhar quase instantaneamente, meus olhos grudados em seus lábios moldados em um sorriso quase que infantil, mas com uma pitada a mais, uma pitada de malícia de mulher que conseguia me levar a loucura em só três segundos.
Passou os braços ao meu redor, na ponta dos pés para ficar da minha altura, ainda sorrindo daquela forma inebriante.
— Você não pode perder a primeira chuva do ano — ela disse. — Ela dá sorte.
Eu ri, mas meio embasbacado com a visão, minha mente embaralhada quase não conseguiu compreender o que ela estava dizendo.
— É? — murmurei, por fim. Minhas mãos foram até sua bunda e eu as encaixei em ambas as bandas, por cima do seu shortinho de algodão, espalmando-as. — Será que dá sorte beijar na primeira chuva, também, então?
Ela deu de ombros, sorrindo, e eu a beijei.
Senti seu corpo estremecer ao meu toque, nossas línguas em uma fervorosidade só. Seu pé escorregou para baixo e eu segui o movimento, abaixando um pouco a cabeça para continuar beijando-a, sem interrupções.
A chuva caía ao redor, mas era inteiramente desimportante e só nos afetava quando ela, gelada, se metia entre nossas línguas, deixando o beijo mais interessante; levei uma de minhas mãos até sua nuca, reparando mais uma diferença. Entranhei meus dedos em seu cabelo molhado, puxando seu rosto e guiando-o em nosso beijo, deixando ainda mais intenso e delicioso.
Mordidas eram comuns; minhas ou dela, na língua ou nos lábios, os próprios dentes acabaram se encontrando, por vez, nos fazendo rir, sem desgrudar os lábios. Era formidável, memoriável.
Dava sorte sim.
Depois de uns dez minutos, a chuva já havia cessado e null basicamente pediu arrego. Ela encerrou o beijo, respirando profundamente e afundou a testa em meu pescoço, já mordendo o lábio inferior, mania que eu aprovava bastante. Tirei minha mão de sua bunda e passei por sua cintura em um abraço, a outra ainda na nuca, acariciando-a.
Era tudo por causa da noite anterior, do limite cruzado, sem ter se completado. Eu conseguia ver, claramente, que ela estava no limite, subindo pelas paredes, doida para a gente finalmente concretizar aquilo que havia começado naquela noite, na primeira corrida minha que ela fora, e eu lhe ofereci uma bebida após minha vitória. E ela disse não.
Franzi a testa para a memória, ainda com ela tentando se recuperar em meus braços, vendo a história em uma nova perspectiva.
Eu havia lhe oferecido uma bebida... Semanas depois dela sair da reabilitação. Talvez não tivesse nem um mês. Ela não havia dito não, não quero conversar com você. Eu tinha perguntado se eu podia lhe pagar uma bebida e ela disse não. E desatou a falar sobre violência no país, o tipo de estatísticas que só alguém muito ligado em política deveria saber.
— null... — chamei-a, incapaz de me conter. Ela não se moveu, mas murmurou uma concordância para informar que estava atenta. — Quando a gente se conheceu... Há quanto tempo você tinha voltado da reabilitação?
Ela escorregou para fora da curva do meu pescoço e afastou-se o suficiente para me encarar com as sobrancelhas franzidas.
— Como assim? — perguntou. — Por quê?
— Eu te ofereci uma bebida...
Ela gargalhou, jogando a cabeça para trás, parecendo achar bastante graça do assunto trazido à tona daquela forma.
— É, não foi muito sensível da sua parte — ela disse, ainda rindo. — Tinha, sei lá, uma semana e meia, duas semanas. Por aí.
Estalei os lábios, não muito satisfeito com a resposta. Isso me levava a crer que ela não tinha dito não, mas não fazia muito sentido. Resolvi continuar sondando.
— Quando eu te ofereci a bebida, você disse não. — continuei. Ela concordou com a cabeça, ainda divertida. — Você estava dizendo não para mim ou para a bebida?
Ela levantou a sobrancelha, o sorriso divertido se transformando uma expressão de surpresa que me indicava que agora ela entendida aonde eu estava indo com aquele papo esquisito.
— Para a bebida — ela confirmou minhas teorias. Senti a unha do seu indicador passeando por cima da minha camiseta molhada, fazendo uma parte da minha atenção se perder na movimentação — Se é o que você quer saber, eu fiquei interessada em você, sim.
Ela sorriu, meio encabulada, e eu repassei a memória, mentalmente. Ela tinha começado a falar sobre umas estatísticas estranhas e eu só achei que ela queria me julgar por causa das corridas, dei uma desculpa qualquer e saí.
— Você começou a falar de violência — eu disse. Ela franziu as sobrancelhas, como se tentasse se lembrar, mas concordou com a cabeça — Eu achei que você estava me dizendo que me achava um idiota por correr...
— Quê? — ela pareceu realmente admirada. — Não, eu só... estava meio obcecada por aquelas estatísticas. — ela levou uma mão, a que não estava passeando pelo meu peito, até sua cabeça e coçou-a, ligeiramente, antes de colocá-la sobre meu ombro. — Você sabe o quão assustador é ir morar sozinha em uma cidade estranha, sem nenhum segurança por perto, sabendo tudo daquilo? Eu estava tentando puxar papo...
Levantei uma sobrancelha para ela. Fazia menos sentido ainda, agora. Se ela estava interessada...
— Te chamei pra sair outra vez, uns dias depois — completei. — Você me xingou de todos os nomes da face da Terra.
Ela riu, concordando com a cabeça. Deu de ombros, por fim.
— Se você chama E aí, baby, quer uma carona pra minha casa? de chamar para sair... — ela continuou rindo, ao me ver expressar que eu achava sim. — Bom, aí eu já tinha descoberto que você é um idiota. — mostrei-me ofendido e ela revirou os olhos à minha pergunta muda. — Eu nem tinha pegado seu telefone... Te procurei na segunda pra tentar conversar com você de novo e quando eu te encontrei, você estava batendo num cara porque ele tinha esbarrado em você — isso parecia deixá-la realmente impressionada. — Eu tinha acabado de sair de uma fria, não ia me meter com outro cara problema, ia?
— Eu sou um cara problema? — perguntei, achando graça ao vê-la confirmar. — E, então, o que mudou?
Ela desviou o olhar de mim, olhando meio que para os lados, claramente na defensiva. Cerrei os olhos em sua direção.
— Como assim? — perguntou.
— Eu bati no seu amigo e você aceitou ir lá pra casa... — expliquei. — E ainda me trouxe pra casa do seu pai e, agora, a gente tá ficando.
E o e, agora, a gente está ficando soou tão brega que eu fiz uma careta, mas null não pareceu perceber, soltando um suspiro quase aliviado.
— Eu tava de saco cheio, ué — ela disse, como se fosse óbvio. — De ficar em casa, do null. Achei que a aposta ia ser interessante; ou eu tirava umas férias menos tediosas, ou você parava de ser um idiota a força e talvez a gente saísse, sei lá. — ela corou, levemente. — Te trouxe aqui porque meu pai estava obcecado com a ideia de eu ter um namorado — ela deu de ombros e eu entendi, agora, que o pai dela queria passar a responsabilidade de cuidar dela para alguém, de qualquer forma — E, então, ele pareceu gostar de você com toda essa história da sua faculdade e tudo mais. Acho que você pode parecer um não-cara-problema quando quer.
Soltei uma gargalhada e, subitamente, me senti um pouco mais leve com toda aquela conversa, afinal.
— Eu acho que isso mudou um pouquinho... — murmurei, voltando a prestar a atenção nos seus lábios vermelhos e nos seus seios, quase descobertos pela blusa grudada e meio transparente em seu corpo. Ela franziu a testa e eu a puxei mais para perto de novo, levando meus lábios em seu ouvido — Agora não é você que vai se meter comigo. Sou eu que vou meter em você.
Senti-a estremecer inteira ao mordiscar o lóbulo da orelha e sorri, vitorioso ao notar seus braços ao redor do meu ombro e as unhas apertando minhas costas.
— Não faz isso... — ela pediu, em um sussurro perdido.
— O quê? — eu perguntei, ainda em sua orelha, com o mesmo tom anterior. — Dizer que eu vou meter em você? Porque eu vou, baby, e eu vou te deixar maluquinha, você vai pedir por mais e, então, vai pedir pra parar e eu vou continuar metendo em você até você não aguentar mais.
Ela quase desmanchou em meus braços, enquanto eu beijava o entorno da sua orelha, descendo os beijos para o seu pescoço. Soltou, então, um longo suspiro, quase que rendido.
— Eu acho melhor a gente entrar agora — ela sussurrou — Tirar essa roupa molhada...
— Acho uma ótima ideia, baby — concordei, passando a mão para dentro da sua blusa e posicionando-a em sua cintura.
— ... Ou vamos pegar uma gripe.
Ela desvencilhou-se do meu abraço e, lançando um olhar zangado em minha direção, correu de volta para as escadas. Segurei uma gargalhada antes de segui-la.
null já estava trancada dentro do banheiro quando eu cheguei no quarto. Resolvi que eu não queria tomar banho porque só de pensar em esperá-la sair do banheiro para, então, pegar minha roupa e ir... Nossa, bateu uma preguiça!
Troquei de roupa bem rápido, deixando a pilha de panos molhados jogada em um cantinho do quarto.
Peguei um celular e mandei uma mensagem para null, em algo que eu estava pensando desde manhã cedo.
Preciso que você vá à fazenda amanhã, umas três da tarde, pode ser?
Se era para esperar para transarmos, eu queria que a minha primeira vez com a null — e talvez a primeira vez dela — fosse algo épico, algo que, se a gente não desse certo e ela tivesse outros caras, nunca, nunca, ninguém chegasse aos pés do que eu havia sido.
Pô, amanhã não dá. É aniversário da minha mãe... Pode ser depois de amanhã? Pra que é que é?
Afundei um pouco na cama, entortando o lábio por ter que esperar mais um dia, mas a perspectiva do cenário valia a pena, então concordei.
Tá, mas tem que ser na primeira hora do dia. É pra me ajudar com a null. Preciso que você leve sua câmera.
Enquanto eu esperava sua resposta, mandei uma pra null, para deixá-la ainda mais nervosa quando visse:
Você está nervosa no outro cômodo e a imagem mental que eu tenho é estupenda. Só queria estar aí com você, enfiado no meio das suas pernas, os seus gemidos ecoando pelo apê inteiro...
O celular dela apitou, logo ao meu lado, e eu olhei para a cômoda, reparando nela pela primeira vez. Havia uma gaveta e eu abri-a rapidamente, sem conseguir me conter. A resposta de null chegou e eu apenas passei o olho por ela.
Beleza, cara. Se é pra te ajudar com a mina, eu acordo de madruga. Mas você vai ficar me devendo essa, maluco.
Joguei o celular de qualquer jeito na cama e enfiei minhas mãos no meio dos papéis da cômoda. Muita tralha, muita coisa amarelada e eu ainda achava que era da sua época de escola. Mas uma coisa me chamou a atenção.
Tirei um dadinho de dentro da gaveta. Ele certamente tinha um par, mas mexi por todos os cantos, sem encontrá-lo. Neste, porém, estavam escritas partes do corpo. Sorri, a ideia se passando pela minha mente de forma agradável.
Girei-o em meus dedos, voltando a me deitar na cama, analisando todas as possibilidades por um longo momento, sentindo meu interior se revirar. Ouvi a tranca do banheiro se abrir e null saiu de lá apenas de calcinha e sutiã. Assustou-se ao me encontrar na cama, provavelmente pensando que eu estava ocupando o banheiro comum.
Desta vez, o conjunto não combinava: era uma calcinha verde florescente e um sutiã preto de bojo, que deixava seus seios ainda mais bonitos, juntos, formando um decote perfeito. Peguei-me admirando-a por um longo segundo, enquanto ela tentava se forçar a relaxar; não era nada que eu não tivesse visto e tocado antes.
— Nem precisa se vestir não, baby — murmurei. — Tenho uma ideia.
Ela revirou os olhos, ignorando o meu pedido e indo se abaixar ao lado da mala. Levantei uma sobrancelha, admirando suas nádegas naquela posição.
— Uma ideia, sei — ela debochou.
— É sério — chamei.
Ela virou apenas o rosto em minha direção e eu levantei o dado, segurando-o entre meu polegar e o indicador.
— O que você acha de passar a tarde jogando os dados?
Sujeira
— Você estava mexendo nas minhas coisas? — ela perguntou, meio admirada, caminhando decidida em minha direção.
Ela ainda avançou para tentar tirar o dado de minha mão, mas tudo o que conseguiu foi com que eu a fizesse girar, caindo de costas na cama.
— Só abri uma gaveta — eu disse — Dei sorte, mas só achei um.
Ela riu, presa nos meus braços, suas costas sobre a minha barriga, meu braço prendendo-a um pouco abaixo do sutiã.
— Eu só tenho um mesmo — ela disse.
Entortei a expressão e declarei a mim mesmo que eu não ia querer saber. Preferi me concentrar no jogo que eu havia acabado de inventar.
— Então, eu tenho uma ideia. — continuei — Mas preciso de leite condensado, então põe um roupão e vá buscar pra mim, sim?
Ela revirou os olhos quando eu a soltei e ainda tentou arrancar o dado da minha mão. Ele girou e eu vi que um dos nomes estava riscado. Peguei-o de volta rapidamente e vi que havia outro riscado. Pé e bunda. Interessante.
— O que você quer com leite condensado, seu doido? — ela perguntou, sentada sobre as pernas, na beirada da cama.
— Pensei que, já que não temos o outro dado, usar apenas lamber — respondi. — Por que você riscou pé e bunda?
Ela girou os olhos, mas tinha um sorriso discreto no rosto que parecia me informar que ela havia gostado da ideia. Se levantou e caminhou até o armário, onde o roupão estava pendurado no puxador.
— Eu, obviamente, não vou lamber seu pé, nem sua bunda.
Acompanhei-a vestindo o roupão lentamente, como se quisesse me provocar. Fechou-o na cintura e puxou o cabelo, jogando por cima do felpudo branco.
— Hm... Eu faria isso, viu? — pensei. Olhei o dado, avaliando. — Mas então, essas duas, quando caírem, a pessoa que jogou tem que fazer uma pergunta pra outra e se cair uma parte do corpo, ela lambe o leite condensado.
null coçou levemente a cabeça e sumiu porta afora rapidamente. Eu tinha certeza de que ela queria contestar sobre algo, mas acabou não fazendo nenhuma objeção e eu sabia que o motivo era que ela queria.
Queria ir além. Queria perder o controle. E eu mal podia esperar para perder o controle dentro dela.
Respirei fundo, sabendo que eu teria que me contentar em só brincar com ela. Aliás, o que eram dois dias pra quem estava desejando aquilo há, sei lá, dois anos e meio? Eu podia esperar e deixar apenas acontecer exatamente como minha mente estava propondo, épico e insano, inesquecível.
null voltou com uma latinha de Leite Moça e um furador e se jogou sentada no chão entre a cama e o armário. Meneei a cabeça para ela, sem entender bulhufas do seu comportamento esquisito.
— Se você tá achando que vai sujar minha cama, hoje... — ela disse, apenas.
Ri, levantando-me e me arrastando até o chão, em frente a ela. Sorri em sua direção, mas meu olhar estava no nó de seu roupão, meus dedos coçando para desfazê-lo e eu voltar a ter a visão dos céus que eu tinha anteriormente.
— Eu começo? — não deixei nem null responder e joguei o dado. Caiu em pé, rabiscado. Entortei a cara e ela riu. — Hm... Me conte um segredo vergonhoso que você nunca contou pra ninguém.
— Isso não é uma pergunta — ela retrucou.
— Qual é o segredo mais vergonhoso que você tem e que você nunca contou pra ninguém? — perguntei, revirando os olhos.
Ela riu, estalou os lábios e pôs-se a pensar. Peguei-a concentrada, avaliando mentalmente causos e corando pouco a pouco, quase imperceptivelmente.
— Teve uma vez... — ela murmurou, as bochechas já bem avermelhadas. — Viajei pra minha tia e nós estávamos passando as férias na casa de praia que ela tinha alugado. A casa era super simples e só tinha um banheiro... — ela levou uma mão ao rosto, rindo, envergonhada. — Acordei cedo, um dia. Na verdade, eu e minha prima havíamos ficado acordadas até tarde, conversando. Eu tinha uns treze anos e ela, uns nove, por aí, e nós tínhamos roubado refrigerante na geladeira, achando que era a coisa mais radical do momento. E aí eu acordei porque estava morrendo de vontade de fazer xixi. Eram umas cinco da manhã e o marido da minha tia estava trancado no banheiro e eu não conseguia segurar. — eu estava com uma sobrancelha levantada, tentando entender onde aquela história ia. — E aí eu ainda esperei uma meia hora e não deu mais. Então eu fiz xixi num copo na cozinha e... foi isso.
Ela escondeu os olhos com as mãos, parecendo genuinamente envergonhada por aquilo. Eu mordi os lábios, achando graça.
— É só isso? — perguntei. — Estava esperando algo como fui presa e eu estava tão bêbada que vomitei em um policial.
Ela escorregou as mãos para os lados do rosto e soltou uma gargalhada, balançando com a cabeça de forma a negativar a minha sentença anterior.
— Você disse algo que ninguém saiba — ela relembrou. — E eu nunca fui presa. — sorri para ela, de forma maliciosa. Ela logo entendeu — Você foi?
— É sua vez de perguntar? — questionei.
Ela me deu língua e pegou o dadinho do chão, jogando-o logo em seguida e fazendo careta para ele. Mordi os lábios ao ver o resultado e null não fez pouco caso. Prática como só ela, já estava furando a lata quando eu levantei o olhar para ela. Tendo feito, ela se arrastou em minha direção e eu ofereci o pescoço à ela, deixando que ela lambuzasse a região bem como quisesse, sorrindo de lado pela perspectiva.
Senti sua língua suave e quente deslizando pela minha pele logo em seguida; minha mão foi automaticamente até sua cintura, tentando fazê-la escorregar de suas pernas e sentar-se em meu colo, mas ela se recusou, provavelmente ainda zangada com o fato de eu ter me recusado a responder sua pergunta e o dado não ter-lhe oferecido uma resposta para que ela pudesse ter sua curiosidade sanada.
— É bom você lamber esse leitinho bem direitinho — eu disse.
Acabei sentindo seus dentes em meu pescoço, a resposta direta à minha piada de duplo sentido, e isso levou arrepios em todo o meu corpo. Fechei os olhos, sentindo seus beijos, suas lambidas e, por vezes, seus dentes, soltando um longo suspiro quando ela se afastou, passando a mão pela boca, como se estivesse se limpando.
— Satisfeito, baby? — ela perguntou, os olhos desafiadores e o sorriso de lado, me fazendo identificar que ela estava gostando da brincadeira porque eu que estava me desmanchando primeiro.
Joguei o dadinho rapidamente e sorri, encarando null. Ela ainda estava em posse da lata de leite condensado e não pestanejou em abrir a boca e enchê-la com ele, deixando sujar os lábios — e até o queixo — quando parou de se sujar.
Comecei lambendo-a pelo que escorregou para o queixo, deixando meus dentes logo encontrarem-se com seus lábios, mordendo-os antes da minha língua se enfiar dentro de sua boca, beijando-a com um gosto ainda melhor que antes.
Minhas mãos, arteiras que eram, desmancharam o nó de seu roupão e encaixaram-se em cada lado do seu corpo, empurrando-a cada vez mais para baixo, tentando obrigá-la a se deitar, mas ela acabou encerrando o beijo antes disso, seus olhos cerrados em minha direção, sabendo o que eu estava fazendo.
— Minha vez — murmurou.
null espalmou a mão em meu peito, me empurrando até que eu estivesse sentado em meu lugar e ela pudesse pegar o dado e jogá-lo.
— Você viciou o dado? — questionou.
Neguei com a cabeça, um sorriso leve no rosto. Ela nem se preocupou em pegar a lata e apenas beijou meus lábios; desta vez, sentou por si mesma em meu colo e eu tenho certeza de que pôde sentir minha ereção crescendo contra a sua bunda — devo comentar que ela já devia estar acostumada com isso?
Ela se afastou antes que eu pudesse tomar as rédeas da situação e apontou o dado, entre nós dois, para que eu continuasse.
— Você vai ter que tirar o sutiã... — murmurei.
Ela negou com a cabeça, as bochechas ligeiramente coradas e olhou para a porta do quarto, antes de voltar o olhar para mim. Eu entendi. Gabriela havia explodido antes, podia fazer de novo — podia ser o pai dela desta vez, mas que diferença ia fazer eu estar com a cara no peito dela, com ou sem sutiã?
Deixei-a jogar o leite condensado da maneira que queria, só por cima do decote, em áreas quase neutras, porém, mesmo assim, ela estremeceu ao toque da minha língua e da minha boca. Ouvi-a soltar um suspiro e suguei uma pequena área, sabendo que deixaria uma marca ali — e muito feliz com isso.
Vendo-a arrepiada e distraída, puxei o bojo do seu sutiã para baixo e abocanhei o bico do seu seio, sugando-o e mordiscando-o.
— null... — era para soar como uma represália, mas saiu como um suspiro e não parecia, nem perto, isso.
Mesmo assim, deixei-me soltar a boca de seu seio e cobri-o novamente, levando meu rosto até ficar de frente para o seu. Mordi seu lábio e ela quase se desmanchou, no limite. Ela estava quase explodindo de tesão e não ia aguentar a brincadeira por muito mais tempo, mas eu precisava continuar. Eu queria.
Afastei-me e ela respirou profundamente. Demorou longos segundos até avançar ao dado, me deixando sorrir de forma presunçosa.
— Você já foi preso? — a pergunta saiu tão rápido que eu quase não identifiquei o resultado do dado antes de ela ser feita.
— Já, uma vez — respondi. — Briga de bar. Peguei a mulher de outro cara. Bati nele com uma garrafa de 51. Ele foi pro hospital levar pontos e eu passei a noite na cadeia.
Ela fez cara feia para mim, provavelmente esperando uma história mais interessante que essa, e eu ri porque eu tinha feito ela acreditar que era. Peguei os dados e joguei-os.
— Com quantos caras você já dormiu? — perguntei, sem conseguir me conter. Precisava saber, precisava me preparar...
— Três — null respondeu, séria. Meneou a cabeça para mim e franziu as sobrancelhas à minha expressão. — Algum problema?
Neguei com a cabeça, absorvendo a informação, e apontei para o dado. Ela jogou-o e se aproximou com um sorriso, as mãos na barra da minha camiseta.
Tirei-a, auxiliando null e suas mãos apressadas. Eu não podia nem piscar enquanto ela derramava o leite condensado sobre minha barriga, com medo de perder algum detalhe importante.
E, então, não consegui mantê-los mais abertos. Sua língua passeou por toda a minha barriga, se demorando infinitamente abaixo do meu umbigo, me fazendo estremecer. Se ela descesse mais um pouquinho só...
Minha ereção estava à pino e, por vezes, ela deixava a bochecha roçar no monte sob a minha bermuda. Assim que eu soltei um gemido um pouco mais nervoso, ela subiu a língua pelo meu peito e beijou-me os lábios, a mão escorregando para cima do meu membro. Encerrou o beijo, sorrindo para mim como se estivesse dizendo estou devolvendo na mesma moeda e sua mão desapareceu, me fazendo suspirar fundo para manter a cabeça no lugar.
Foi a minha vez de demorar quase uma eternidade para conseguir me lembrar que estávamos em um jogo, quando finalmente consegui jogar o dado, ao ver o resultado, apenas curvei-me sobre null, puxando-a pela nuca e grudando nossos lábios em um beijo desesperado, que ela correspondeu em igual tom.
— Puta merda, garota — murmurei, assim que soltei seus lábios.
— Precisa parar? — ela perguntou, encarando-me com os olhos quase arregalados, medo do sim e medo do não.
— Nem pensar — respondi-lhe.
null suspirou e aguardou que eu me afastasse, meio que contrariado, para pegar o dado e jogá-lo. Deu pergunta e ela entortou a boca.
— Com quantas garotas você já dormiu? — perguntou.
Levantei uma sobrancelha, incapaz de reconhecer que essa pergunta era minha culpa — e eu nem me dera o trabalho de perceber que isso viria a seguir. Era uma curiosidade comum; se eu tinha, por que ela não teria também?
— Ah... Eu não contei... — respondi, mas null apenas balançou a cabeça, sabendo que eu estava mentindo. Mordi o lábio e resolvi não mentir mais, suspirei, antes de dizer: — Oitenta e cinco.
Ela tentou disfarçar a surpresa por um momento, mas não conseguiu. Fiquei um bocado envergonhado, o que era estranho; eu já havia me gabado do meu número várias vezes, inclusive para garotas com quem eu havia saído. Mas null era...
Diferente.
— Eu sou a oitenta e cinco? — ela perguntou, curiosa.
— Não — respondi. — Você vai ser a oitenta e seis.
Ouvi-a estalar os lábios, tentando parecer confortável com a situação, sem muito sucesso. Tentei entender e pensei ao contrário — se ela tivesse um número alto e eu, um quase inexistente, mesmo que a ideia me fizesse estremecer (mesmo o seu número pequeno já me deixava nervoso) — e consegui. Era insegurança.
— É um bom número, oitenta e seis — ela disse, por fim, tentando brincar. — Se você somar os números, dá catorze. E, de novo, dá cinco. E aí é quase igual ao meu.
Eu ri pelo seu bom humor e resolvemos ignorar aquilo, comigo jogando o dado outra vez. Mordi o lábio para ela e ela riu, balançando a cabeça em negativa.
Derramei o líquido em seu pescoço, com uma das mãos em sua cintura. Minha boca alcançou sua pele antes da lata chegar ao chão. Beijei-a, lambi-a, senti-a desmanchar-se inteira em meus braços, deliciosa como era. Sentia sua respiração falhar todas as vezes que eu escorregava um pouco mais em direção à sua orelha. Acabei indo mesmo.
— Cada segundo mais que eu passo com a sua pele na minha boca... — murmurei. — Mais meu pau lateja de vontade de ter você.
Com isso, afastei-me, vendo-a de olhos fechados e soltando um suspiro longo e delicioso para se controlar. Abriu os olhos e a recebi com um sorriso de lado. Ela balançou a cabeça negativamente para mim, séria, nervosa.
Jogou o dado e lhe deu outra pergunta. Ela encarou-o por um longo momento, processando a informação.
— Qual a parte do meu corpo que você mais gosta? — perguntou.
Levantei a sobrancelha para ela e meu sorriso se abriu um pouco mais. Minha mão foi ao seu seio e eu o apertei-o, levemente, meu polegar passando pela linha do seu sutiã, apenas marcando.
— Adoro-os — eu disse. — São perfeitos.
Ela prendeu ambos os lábios nos dentes e me encarou, a respiração ainda falhada, reconhecendo que aquela pergunta não havia sido exatamente uma boa ideia.
Eu poderia ter ficado naquela posição para o resto do dia, mas resolvi jogar o dado mais uma vez, antes que ela me pedisse para parar. Deu barriga.
null me olhou ligeiramente assustada e eu beijei-lhe os lábios de forma casta, tentando fazê-la relaxar. Ela se apoiou nos braços e eu derramei o resto do leite condensado em sua barriga, deixando bem claro que aquela era a nossa última rodada, o que a fez fechar os olhos e suspirar.
Porém, quando minha língua tocou sua pele, ela soltou um gemidinho descontrolado. Parei, esperando-a se acalmar e repeti a dose até que sua barriga estivesse limpa.
Ela apertava as pernas uma contra a outra, respirando pesadamente. Procurei por seus lábios e ela me beijou de forma tão fervorosa que foi impossível não me empolgar; logo senti sua mão restritiva em meu peito.
null se levantou, parecendo meio tonta, passando a mão pelos cabelos. Caminhou incerta até a cama e se sentou na borda dela, totalmente perdida. Eu sabia o que era isso, eu tinha sentido diversas vezes, em vários momentos da minha vida, e null era quem mais havia provocado aquilo em mim.
E, não, eu não iria permitir que ela tivesse outra noite de frustração.
— Baby, deixa eu ajudar você — cheguei perto dela, já envolvendo-a pela cintura, sentando-me ao seu lado.
— null, nã... ah!
Tarde demais.
Encostei minha boca na dela, deixando-a se acostumar com minha mão posicionada, por cima da sua calcinha, em seu clitóris, fazendo movimentos circulares. Assim que percebi que a surpresa havia se ido, soltei seus lábios e passei a observar toda a tensão abandonando seu corpo.
Com a mão livre, levei seu braço para envolver meu pescoço e logo senti suas unhas em minha nuca. O outro braço foi sozinho, enquanto eu puxava uma de suas pernas para colocar em cima das minhas, afastando-a o suficiente da outra para não me atrapalhar.
Voltei a olhar em seu rosto, sem parar os movimentos, certeiros e rápidos. Ela estava com os olhos apertados, a boca aberta, a respiração saía completamente apressada, misturando-se com gemidos contidos soprados, às vezes escapados de alguma forma, bem baixinhos, enquanto ela tentava manter o descontrole em suas mãos e unhas, em minha nuca.
— null, olha pra mim — pedi, sentindo meu corpo de revirar à visão — Quero ver você, baby.
Ela abriu os olhos vagarosamente e me encarou com eles totalmente fora de foco, soltando um muxoxo de indignação por eu estar provocando-a, exigindo coisas, enquanto eu a masturbava.
Puta merda, eu estava a masturbando!
Ao passo que eu descobri isso e me distrai, null jogou a cabeça para trás, fechando os olhos.
— null... — chamei-a.
Ela pareceu respirar mais pesadamente e levantou a cabeça, apertando os braços ainda mais em meu pescoço e abriu os olhos. Perdidos, sem focos, afundados em prazer.
— Boa menina — murmurei.
Ela levantou a sobrancelha, os olhos se demorando um pouco mais em uma piscada, mas abriu-os em seguida, mordendo o lábio para conter o gemido. Simplesmente deliciosa.
Afastei sua calcinha, levei meus dedos até sua entrada e a penetrei-a com dois dedos, grudando minha boca na dela, sentindo seu gemido surpreso explodir em minha língua. Ela nem ao menos conseguia me beijar de volta, era apenas demais.
Pouco demorou, também, tão acumulada que estava, explodiu em prazer em meus dedos pouco mais de um minuto depois — ou será que eu que não havia visto a hora passar? Tirei meus dedos de dentro dela e levei-os a boca, provando o seu gosto, sobre seu olhar admirado e surpreso. Abriu, então, um sorriso satisfeito e eu ofereci meu dedo médio à ela, que não pestanejou em enfiá-lo na boca, enviando choques ao meu ventre, me fazendo fechar os olhos e respirar profundamente.
Beijei seus lábios de forma tranquila e distrativa, mole como ela estava, nem era bom que eu a ativasse de novo, se eu queria mesmo concretizar meu plano; ela se afastou dos meus lábios e sussurrou:
— Deixa eu ajudar você, baby.
Meu corpo inteiro gritou que sim, embora nada tivesse saído dos meus lábios. Ela me empurrou até que eu estivesse sentado direito na cama e escorregou para fora dela, posicionando-se entre meus joelhos, jogando o cabelo para um lado só.
Sua mão foi direto à minha ereção, por cima da bermuda que eu usava e eu grunhi, segurando o gemido, mordendo minha língua. Ela continuou acariciando-me por cima da calça por um longo momento, apertando meu pau, esfregando sua mão, para cima e para baixo, até que eu comecei a me movimentar contra ela.
E ela simplesmente puxou minha bermuda para baixo, meu pau pulando para fora da cueca, ereto, e cuspiu nele, levando a mão até a cabeça, acariciando-o lenta e torturosamente, em toda a sua extensão.
Aí eu me perdi em seus movimentos e nas sensações, deixando tudo se acumular em meu corpo até que eu explodi, apenas para notar que ela tinha acabado de envolver a cabeça do meu pau em sua boca e eu havia gozado dentro dela.
Encarei-a meio embasbacado. null empurrou minha bermuda sobre o meu pau e correu para o banheiro, cuspindo minha porra na pia. Voltou para o quarto passando o polegar ao redor dos lábios, sentando-se ao lado de onde eu havia deitado, afundado em prazeres.
— Você me deixou gozar na sua boca? — era metade pergunta, metade uma afirmação admirada.
Ela apenas sorriu de lado e disse:
— Eu te falei que não ia deixar você sujar minha cama, não foi?
E eu não encontrei mais nada para rebater àquilo, por isso, puxei-a para meus lábios, beijando-a e fazendo meu gosto se misturar com um seu de uma forma altamente recomendada.
Resistente
Não existe lógica para a forma que caímos no sono; null ainda deu sorte, dormiu sobre o peito, bem mais confortável que eu. Nem me atrevi a buscar um travesseiro — já havia feito o suficiente, empurrando meu corpo para colocá-lo inteiro na cama —, dormi com a cabeça reta na cama mesmo, em meio à uma conversa com null.
Não devia nem ser nove da noite quando apagamos. Depois da nossa sessão intensa de amassos, null resolveu tomar outro banho e me convenceu a tomar um também, no banheiro comum. Quando ela voltou, eu estava com os nossos jantares.
Comemos sem muita demora e começamos a nos beijar de novo, aparentemente sem necessitar de um motivo ou razão para isso acontecer agora (não estou reclamando). E aí, ela deitou sobre meu peito, cansada, e ficamos conversando, até que eu provavelmente dormi primeiro.
Remexi-me na cama, procurando por null em todos os cantos, mas acabei coçando a cabeça e escorregando até a cabeceira da cama, procurando um travesseio que amenizasse a torcicolo que havia me abatido naquela manhã.
— null? — chamei.
Aparentemente, também havia sido o último a acordar, porque ela não estava em lugar nenhum. Soltei um muxoxo por isso e resolvi que eu deveria tomar coragem e levantar da cama para procurá-la; a lembrança de que ela estava esperando um confronto com o pai me voltou a mente e eu fiquei assustado com a ideia de que tivesse acontecido enquanto eu estava apagado em sua cama.
Minha mão escorregou para a cômoda, onde eu havia deixado o celular anteriormente e eu puxei-o, para ver as horas. Passava um pouco das onze, o que significava que eu tinha dormido umas quinze horas, por aí. Sorri, preguiçoso, e desbloqueei a tela para ler as mensagens que ele estava anunciando que tinha.
Eram de null.
Hm... Da próxima vez que eu entrar no banho, você vai ser meu convidado de honra. Dizia a primeira. A expectativa revoltou minhas entranhas e me fez sorrir feito um babacão.
Tô indo no shopping, não vou demorar, umas onze e meia já devo estar em casa. Leva as malas pro carro e VEJA SE TÁ TUDO CERTO. A gente almoça na estrada? Beijos.
Sorri, coçando a cabeça, e resolvi que era melhor eu levantar e começar a carregar as coisas. As duas malas de null estavam prontas ao lado da porta e minha mochila tinha sido arrastada até lá também. Minhas roupas, que estiveram espalhadas pelo quarto, pareciam ter entrado ali magicamente.
Abri-a só para checar se a carta de recomendação continuava no mesmo local — e, por Deus, sim. null não havia mexido.
Arrastei as malas para o lado de fora do quarto e um dos seguranças estava por ali e fez um legal para mim.
— Bom dia, chefe — ele me cumprimentou. — É pra levar pro carro?
— Bom dia, é sim, obrigado.
Fiquei desconcertado por ele conseguir carregar as três malas de uma vez só e sem se embolar. Eu provavelmente derrubaria alguma coisa no caminho.
Fazendo cara feia, voltei ao quarto para me arrumar para descer. Em três minutos, estava pronto. Saí do quarto silenciosamente, na esperança de encontrar mais ninguém, mas claro que Carlos estava me esperando no hall.
— Indo hoje? — perguntou, sem rodeios.
Parei no meio do caminho e encarei-o, procurando por qualquer vestígio que demonstrasse que null estava encrencada por causa na manhã anterior, mas, se estivesse, ele não transpareceu.
— É — eu disse. — Obrigado por nos receber e essas coisas.
Não ia gastar minha educação com um cara daqueles, não mesmo. Se ele quisesse que eu fosse legal, ele que fizesse alguma coisa para agradar a filha dele.
— null, acho que você entendeu errado a nossa conversa... — ele disse.
— Eu entendi muito bem — cortei-o. — Vou cuidar dela. Boa sorte aí.
Passei por ele e lhe dei uma tapinha no ombro, antes de sair do apartamento o mais rápido que pude. Logo estava no elevador para a garagem. Passei uns quinze minutos debruçado sobre o motor do carro, com o capô aberto, tentando me lembrar das minhas poucas e vagas memórias sobre mecânica e o que eu precisava fazer, quando um carro chegou e estacionou ao meu lado. O motorista desceu, abriu a porta, e null saiu do carro com um sorriso.
Ela caminhou em minha direção enquanto o cara transportava as sacolas. Passei o braço pela sua cintura quando ela se aproximou e grudei nossos lábios por um momento; queria aprofundar o beijo, mas null logo se afastou com um sorriso.
— Vou só lá em cima porque eu acho que eu esqueci de pegar as coisas do banheiro, tá? — ela disse.
— Hm... Seu pai tá lá — eu disse.
Ela mordeu o lábio e confirmou com a cabeça, mas foi assim mesmo. Na sua expressão decidida, eu li que ela precisava enfrentar aquilo, nem que fosse nos quarenta e oito do segundo tempo.
— Ajuda aí? — o motorista que trouxera null havia terminado de colocar as bolsas dela na mala e me assustara com sua pergunta.
Eu ri e concordei com a cabeça. Não era bom com aquela merda mesmo.
Aguardei null por quase vinte minutos quando ela finalmente passou pela porta do elevador, carregando uma sacolinha. Entrou no carro sem dizer uma palavra e ficou olhando para a janela, sem me encarar.
— Tá tudo bem? — perguntei, ligando o carro. Seja lá o que fosse, eu achava melhor levá-la para longe daquele lugar o mais rápido que eu pudesse.
Ela negou com a cabeça e eu ouvi uma fungada. Bufei, irritado e frustrado por ela gostar tanto do idiota do pai dela. Dei a marcha, saindo do estacionamento do prédio e deixei minha mão em cima da sua coxa e apertei-a levemente, ouvindo seu suspiro.
— Ele brigou com você? — perguntei.
Ela balançou a cabeça de leve, olhando para frente e, então, timidamente em minha direção. Era um mais ou menos.
— Acho que isso foi uma despedida — ela murmurou. — Acho que ele não tem nenhuma intenção de voltar a me procurar.
Ela estava chorando e eu não tinha como fazer nada dirigindo. Apertei o volante com mais força em minhas mãos, frustrado, e me peguei olhando na rua, ao redor, procurando um lugar para estacionar.
Eu sabia que ela estava certa, Carlos havia deixado isso bem claro para mim com seu pedido. Eu, agora, via como ajudar null; nós estando juntos, eu tinha como oferecer sem ficar parecendo uma espécie de maluco ou que parecesse esmola.
Mas tinha uma coisa, em especial, que eu nunca poderia oferecer, e eu sabia que era por isso que ela estava chorando. Como eu mesmo havia dito em frente à ele, ela não queria dinheiro. Ela só queria uns minutinhos de atenção e algumas palavras de carinho, e isso ele não lhe oferecia.
— Eu acho que você vem se virando muito bem sem ele, pra ser honesto — eu disse.
Arrisquei uma olhada para ela e encontrei-a com um sorriso leve em seu rosto. Seus olhos se demoraram um pouco mais em mim, antes de voltarem para frente de novo e, então, para a sua janela.
— Obrigada — disse.
E eu tive que trocar a marcha e tirar minha mão de sua coxa, o que foi uma coisa bem difícil de se fazer.
O resto da viagem foi tranquilo. Nós almoçamos em um McDonalds e o humor de null foi voltando aos poucos. Até deixei-a se divertir com o meu rádio, o que não foi uma boa ideia, porque ela ficou cantando umas músicas que tinham tantos sentidos que eu morreria antes de entender se ela estava fazendo propositalmente ou não.
Ela ainda estava cantarolando uma música qualquer quando eu estacionei em frente ao meu carro e desceu quando eu ainda estava puxando o freio de mão, cantando. Balancei a cabeça rindo, desligando o carro e ela já estava recolhendo suas bolsas na mala.
— O que você tem aí, hein? — perguntei, tentando tirar as bolsas de suas mãos.
Ela puxou as bolsas para o outro lado e me ignorou. Abri a porta, rindo, e ela passou direto para o quarto e colocou todas elas na parte do armário que havia reservado para si. Arrastei nossas malas para dentro do quarto, deixando-as do lado dela, que encostou as costas na porta fechado do mesmo, puxando alguns fios de cabelo do montante que estava em seu ombro. Levantei a cabeça para aquela visão dos céus e ergui meu corpo.
Ela mordeu os lábios e me puxou pelo cós da calça que eu usava, grudando nossos corpos antes de tocar meus lábios por um segundo, me provocando para continuar o beijo, os olhos semiabertos esperando pela minha reação.
E, embora eu estivesse gritando por dentro, eu apenas sorri de lado e dei uma mordidinha em seu lábio inferior.
— Estava pensando em tomar um banho agora... — ela sussurrou.
Estremeci, seu lábio roçando no meu ao falar, a promessa escrita em mensagem no meu celular parecia ecoar em todo o ambiente.
— É? — foi tudo o que eu consegui dizer.
Ela levantou uma sobrancelha, grudando nossos lábios, tentando fazer a crosta de gelo, que eu estava exibindo, desaparecer. Convidado de honra estava dançando em letras garrafais em minha mente.
— Você vem? — perguntou.
Puta merda.
A forma com que ela havia dito aquelas duas palavras, sussurradas como uma promessa de ter todo o seu corpo, seus gemidos ecoando por todo o ambiente, quase explodiu todo o meu autocontrole. Abri os olhos e desviei-os dela, tentando não cair, tentando manter a ideia magnífica que eu tinha para o dia seguinte em mente; foi o gancho em minha parede, o que eu usava para pendurar uma rede uns anos atrás, que me fez voltar ao foco.
— Hm... não — foi tudo o que eu consegui responder.
Mais urgentes e mais ansiosas, senti suas mãos em meus ombros, escorregando pelos meus braços até alcançarem as minhas, em sua cintura. Voltei a olhar para ela e encontrei-a meneando a cabeça, em dúvida, tentando entender o que estava acontecendo.
— Você quer fazer alguma outra coisa? — ela ofereceu.
Com você? Qualquer coisa.
Porém, não foi isso que eu disse.
— Hm... Acho que eu só vou ver um pouco de TV, ok?
Ela concordou com a cabeça, mas eu podia ver claramente que não estava. Sorri por dentro, mas deixei um beijinho casto em seus lábios, apenas tentando reafirmar que nada tinha mudado, antes de sair do quarto, sentindo o seu olhar resignado me acompanhando.
Frustração, rejeição. Por mais que fosse difícil e eu estivesse me doendo de vontade de mandar tudo para puta que pariu, voltar lá e fodê-la contra o armário mesmo, eu podia sorrir à ironia. null merecia sentir um pouco dessa dupla, por todas as vezes que ela já havia me tirado o sono.
E aquele era o jogo que eu iria jogar.
Minha ideia de assistir TV não estava funcionando muito bem; não havia nada interessante passando e boa parte era interrompida sobre fofocas ou apresentação dos novos Brothers.
Eu estava entediado e ouvir o barulho de água caindo dentro do chuveiro não estava me ajudando muito não. Estiquei o pescoço apenas para conseguir ver que a porra da porta não estava nem encostada — estava entreaberta.
Puta merda.
Voltei a me sentar rapidamente, os olhos arregalados, fixos na televisão, tentando voltar a não pensar na possibilidade que eu estava perdendo, apenas porque eu queria...
Ah, o que eu queria valia mesmo a pena.
Respirei fundo e resolvi que a melhor coisa que eu poderia fazer naquele momento era ligar o videogame. Coloquei uma corrida no modo hard porque quanto mais difícil fosse, mais fácil seria manter meus pensamentos na tela e não na água escorregando pelo corpo nu de null. Balancei a cabeça, derrapando demais em uma curva relativamente fácil.
Foi mais ou menos por aí que minha cabeça quase explodiu.
Estava em uma batalha acirrada para conseguir ultrapassar o segundo lugar e já era. Pernas entraram na frente da TV.
Pernas longas, torneadas, perfeitas e totalmente à mostra.
Eu fui subindo o olhar, pegando cada milímetro de sua perfeição e desejando-a mais a cada segundo. Ela estava usando uma peça tão pequena que eu estava em dúvidas se era um short super curto ou uma calcinha um pouco grande demais, o sutiã vermelho aparecia por debaixo da blusinha transparente que ela usava.
null, decidida, passou uma perna para cada lado do meu corpo e sentou-se em cima do meu pau pulsante, suas unhas em minha nuca, a mão me puxando para seus lábios revoltosos, a outra escorregando pelo meu peito.
Soltei um gemido quase rendido, sentindo-a rebolar em cima do meu pau. Mesmo de jeans grosso, as sensações eram ferrenhas — imagina sem roupa alguma, sem nada nos impedindo.
Ela gemeu, soltando sua boca da minha e a escorregando pelo meu tronco, enquanto eu afundava nas almofadas do sofá. Senti-a em meu peito, seus dentes me mordendo por cima da camiseta, sua mão abrindo a porra do botão da minha calça, apressada em me convencer, antes que eu a parasse.
Fechei meus olhos, sentindo sua boca abaixo do meu umbigo, este que ela já havia descoberto que eu gostava. Minha mente vagou, insana, tentando manter o foco.
Fotografar null comigo, estarrecida de prazer. Amarrá-la. Fazê-la gozar infinitas vezes. Meter nela em todas as posições que eu conseguisse. Fazê-la pagar por ter se recusado tanto tempo a ser minha.
O prêmio era alto demais para ser jogado fora daquele jeito; por uma foda qualquer em um sofá, por mais dolorosa que a ideia de parar me parecesse.
E se eu fizesse da maneira certa, ainda a deixaria molhada e sem sono, na expectativa certa para o que nos aguardava.
Segurando-a pela cintura, joguei-a deitada no sofá e ela soltou um gemidinho de entrega delicioso. Imobilizei-a de uma forma sensual e perigosa, que a fez arfar de expectativa e, sua resposta positiva arrepiou todos os pelos de meu corpo.
Feita para ser minha ecoava nas paredes da minha mente.
Beijei-a, incapaz de me recusar ao menos isso, e ela correspondeu de maneira surrealmente intensa, então encerrei antes que fosse tarde demais, levando minha boca até seu ouvido.
— Eu vou comer você — sussurrei, em promessa. — Mas não hoje.
Puxei-a pela cintura, deixando meu pau roçar em sua boceta e ela apertou os olhos, balançando a cabeça negativamente, como se não pudesse acreditar que aquilo era sério.
— Agora, eu só quero que você pense no quanto você quer que eu te foda — murmurei. Senti suas unhas em minha pele e um gemido escapou de seus lábios. — Muito assim, é? — chupei o lóbulo de sua orelha com ela se contorcendo embaixo de mim. — Tá sentindo esse puxão desesperado na virilha? Aposto que meu nome está tatuado em todas as partes do meu corpo e nada, nem ninguém além de mim vai te satisfazer.
Ela estava apertando tanto suas unhas em mim que não iria demorar muito para que elas cortassem minha pele, com seu corpo todo se afundando ao meu redor; eu estava maravilhado e não me importava.
Minha mão que estava em seu colo, mantendo-a presa pelo tronco, foi à sua nuca e eu me levantei, puxando-a pelo cabelo até o quarto, enquanto ela soltava gemidinhos e tropeçava nas próprias pernas, moles demais em conseguir se manter caminhando direito.
— Me dê a chave — exigi, empurrando-a para dentro do quarto e mantendo-me do lado de fora. Ela demorou a compreender o que eu estava dizendo, mas não hesitou em fazer o que eu mandava, a boca escancarada, a respiração entrecortada e os olhos confusos. — Passe a noite pensando em mim e em como você quer que eu te foda, mas, só pra te adiantar, nada do que você imaginar vai chegar perto do que eu tenho planejado pra você. — ela mordeu os lábios. Eu segurei a maçaneta, já preparado para fechá-la lá dentro, antes que eu mudasse de ideia. — E não se masturbe. Se você fizer, eu vou saber. Então eu vou entrar aí dentro e vou te amarrar como uma vaca e não vou te comer até seus músculos estiverem todos moídos pela posição, você entendeu?
Ela concordou com a cabeça, chocada demais para que sua mente propusesse uma resposta mais desafiadora.
— Ótimo.
Então, a tranquei dentro do quarto, sentindo meu corpo inteiro gritando sobre como ele a queria.
Provocações
Meu telefone apitou às seis da manhã. Eu estava deitado no sofá, pensando em botões (sendo arrancados violentamente da roupa de null), com a cabeça deitada em minhas mãos, encarando o teto, enquanto na TV passava uma penca de filmes de ação que não me distraíram e nem me convenceram a dormir.
null também passara a noite acordada; a luz do meu quarto não se apagou e, virava e mexia, eu via sua sombra próxima da porta, provavelmente tentando ver o que eu estava fazendo pelo buraco da fechadura.
Exatamente como agora, movida pelo toque indiscreto do meu celular, àquela hora da manhã.
Soltei um suspiro, sabendo que estava sendo observado e sentei, esticando meu braço para alcançar o celular na outra ponta do sofá, carregando. Desbloqueei a tela e, antes mesmo de ler a mensagem, eu já estava sorrindo de lado, apenas para provocar null ainda mais com o meu mistério.
Eu odeio você. null havia me mandado.
Já saiu de casa? Respondi rapidamente, desejando que ele já estivesse estacionando na frente da minha.
Olhei para a televisão, distraído, pensando que aquele seria um dia longo e prazeroso se tudo ocorresse da maneira que eu queria. E iria. Não havia outra opção.
O celular apitou novamente e eu voltei à minha atenção ao aparelho. Não era de null, a mensagem, e sim de null.
Se você abrir essa porta agora, eu engulo seu gozo.
Tentei não deixar meu queixo cair, mas foi quase um trabalho impossível. Eu sabia que ela estava me observando naquele momento e eu queria ter aquela vantagem em seu lugar. Respirei fundo, tentando não transparecer em meu rosto, a vontade de realizar sua sugestão enquanto a respondia e sentia o celular vibrando com a mensagem de null.
Eu ainda posso entrar aí e te amarrar, se você se comportar mal. Enviei para ela.
Tô pegando a estrada agora. null me mandou.
O filho da puta estava dirigindo e mandando mensagens ao mesmo tempo. Resolvi não conversar mais com ele para não correr o risco de ele morrer no caminho e eu perder todos os meus planos para a foda de hoje.
Gostaria de ver você tentar. null respondeu.
Ah, porra, aquela garota era uma perdição fodida.
É uma aposta?
Eu estava gostando da brincadeira, mas odiava que ela pudesse ler minhas expressões de surpresa ao ver suas mensagens impuras. Aproveitando que o dia estava amanhecendo e null chegaria em mais ou menos uma hora, levantei e saí de casa. Mal havia pisado na grama quando meu celular apitou.
Aonde você está indo? Volte aqui e venha me foder!
Soltei uma gargalhada gostosa porque o desespero dela era latente nas palavras e na forma com que a frase havia sido escrita.
Estou indo pegar algumas coisas que eu preciso para te foder como você merece... Pronta pra ficar doída de tanto sentir meu pau batendo dentro de você?
Ela demorou um pouco para responder dessa vez e eu comecei a cerrar os olhos, alcançando o celeiro, começando a achar que ela estava aproveitando que eu havia saído para se aliviar.
Prontíssima. Pode vir agora mesmo. Estou toda molhada só pra você.
Puta merda!
Parei, na entrada do celeiro, cogitando a hipótese em me afundar no feno, enquanto eu me aliviava um pouquinho, lendo suas palavras quentes pelo meu celular. Respirei fundo e caminhei até a área das ferramentas e achei logo o que eu queria: uma corda grossa e bruta, que iria cortar seus pulsos se ela tentasse se soltar. Sorri com a ideia.
Tirei uma foto da corda e anexei na mensagem:
Estou aí indo te amarrar. Acha que eu não sei o que você está fazendo?
Comecei a enrolar a corda em meu braço para que ela não arrastasse no chão pelo caminho, sorrindo inteiramente. Eu não sabia porque o universo demorara tanto para conspirar ao meu favor, mas estava valendo totalmente a pena.
Não estou fazendo nada... É sua mão, seu pau, sua boca que eu quero. Vem aqui me ajudar, vem? Não aguento nem mais um segundo...
Se eu estivesse dentro de casa, eu provavelmente tinha ido. Naquela perspectiva, sentei sobre os cubos de feno, a corda abandonada aos meus pés.
Aguenta mais um pouquinho, baby. Vai valer a pena. Vou te fazer gozar tão loucamente que você não vai nem ficar de pé.
Apertei meus olhos, segurando o celular com as duas mãos, sorrindo feito um babaca, esperando por uma resposta dela.
Isso é uma aposta?
Levantei uma sobrancelha. A garota simplesmente estava inspirada de todas as formas naquela manhã.
Você quer apostar isso?
Mordi o lábio, esperando que ela quisesse. Comecei a repassar mentalmente todas as possibilidades que eu poderia exigir se ela perdesse aquela aposta — e ela perderia. Só por ela cogitar a ideia de apostar aquilo, já me informava que sua experiência era limitada; eu duvidava que qualquer um dos três filhos da puta que a comeram tivesse se preocupado com aquele detalhe, chamado de orgasmo.
Eu tinha que confessar que eu também raramente me importava, mas era bom para caralho fazer uma mulher ficar tão doida pelo seu pau que mal conseguisse pronunciar uma frase.
null seria um espetáculo.
Hm... quero. Se eu ficar em pé, você vai ter que me levar pra jantar...
Nossa, que esforço. Um jantar, uma coisa íntima. Porém, ao encarar a mensagem, ela parecia ter algo que eu não estava notando. Algo como...
Ah. Ela queria um encontro. Parecia justo.
E se não ficar, você vai me dar essa bunda linda que você tem.
Passou um minuto inteiro sem resposta de null, antes que eu caísse na gargalhada. Ela estava dando para trás, com medo de eu estourar as pregas do cu dela? Ótimo. Devia ser tão apertada que ia esfolar meu pau inteiro.
Medo de perder? Enviei, depois de mais um minuto de silêncio.
Encarei a tela do celular e a resposta, como esperado, não demorou tanto. Ela era previsível, em sua imprevisibilidade. Eu nunca imaginaria que seria ela a tomar uma iniciativa daquela, de trocar aquelas mensagens quentes; muito menos que diria as coisas que estava dizendo. Era estarrecedor.
Porém, eu sabia que era só duvidar dela que ela ficava esquentadinha e começava a agir como se não se importasse com o medo de perder.
Não. Tá apostado. Agora vem aqui, senão eu vou ter que me resolver sozinha e você não vai poder me impedir.
Sorri, meu pau latejando dentro da calça. Eu já estava tão excitado que eu provavelmente gozaria só de olhar para ela. Suspirei, tentando manter a calma; eu precisava fazer aquilo durar o máximo possível.
Faz isso, faz. Você não sabe o prazer que vai me dar te ver amarrada na cama, implorando para que eu te solte e te foda...
Que fizesse. Aí dava tempo de gozar e comê-la depois. Gostosa como ela ficaria, naquela posição, meu pau não ia demorar muito para subir outra vez.
Pode ser, também. Só vem aqui logo ou eu vou transar com o seu travesseiro.
Pode ser dançou na minha mente. Pode ser, ela estava aceitando a proposta. Pode ser, tudo bem ela ser amarrada de qualquer jeito, como uma vaca, como eu havia dito. Ela não se importava. Contando que eu a fodesse.
Caralho.
Minha mente se embaralhou inteira e tudo o que eu consegui digitar foi um:
Hm... Que sortudo.
Eu tinha certeza de que eu estava falando de mim mesmo.
Duas imagens mentais estavam se formando na minha cabeça ao mesmo tempo, ambas dividindo a minha atenção. A primeira era null fodendo com o meu travesseiro; a segunda era ela com as mãos amarradas para trás, os pés amarrados juntos e eu brincando com o meu pau em sua entrada, ouvindo-a choramingar para fodê-la logo.
Suspirei, abrindo minha calça e deixando o pau escorregar para fora da cueca e comecei a massageá-lo, na esperança que isso melhorasse aquela dor de não tê-la logo, com toda aquela provocação.
Entendi o que ela falara anteriormente, me sentindo frustrado. Era a boca dela, sua boceta e suas mãos que eu queria. Aquilo não estava adiantando de nada.
Podia ser você brilhou na tela do meu celular com uma foto de suas coxas totalmente exibidas com o shortinho que ela usava, meu travesseiro encaixado no meio de suas pernas.
Ah, merda. Eu quase gemi só de olhar.
Se ela ia jogar baixo assim, mandando fotos, eu também podia. Bati uma da minha mão acariciando meu pau e mandei para ela.
Olha como eu estou duro por causa dessa sua foto abusada.
A resposta dela veio rápido demais e eu já estava suspirando, sentindo-a exalar excitação, mesmo de tão longe.
Ah, gato, vem aqui. Esse travesseiro não chega nem perto do que é me esfregar em você. Quero esse seu pau gostoso metido dentro de mim, vem me comer, eu sou toda sua.
Meu interior inteiro se revirou com suas palavras. Eu estava quase desistindo, null ia chegar e ficar batendo na porta enquanto eu me enfiava no meio das pernas dela, se continuasse assim. A necessidade estava gritando por todos os poros do meu corpo, pedindo por ela, só por ela — e eu nem ia precisar continuar me masturbando para gozar, se ela continuasse falando daquela maneira.
Se você continuar falando assim, eu vou gozar antes da brincadeira começar, sua gostosa.
Fiquei esperando ansioso por sua resposta, por suas palavras sujas, que me levassem para a porra do inferno que eu estava esperando me enfiar, que me fizessem gozar logo. Qualquer coisa, mas que fosse rápido.
Voltamos ao começo, então? Se você abrir a porta, eu engulo você todo.
Levantei, guardando o pau dentro da calça, pronto para aceitar a proposta e acabar logo com aquele sofrimento, quando meu celular apitou mais uma vez.
Tô entrando na fazenda, maluco. Vê se acorda e vem abrir a porta pra mim.
Demorei cerca de dez segundos, encarando a tela do celular, antes de perceber que aquela era uma mensagem de null e que eu tinha que me acalmar e me envolver pela ideia maluca que eu tivera. Respirei fundo e mandei mais uma mensagem para null, enquanto já andava de volta à casa:
Você tem dez minutos pra se vestir decentemente. Nós temos visita.
Mas que merda, null! Quando é que você vai me comer, então?
Sua resposta me fez gargalhar e eu digitei uma promessa:
Mais cedo do que você imagina.
Destranquei a porta do quarto para encontrar null de bruços na cama, o rosto escondido no travesseiro e a bunda empinada, uma clara e óbvia bandeira de provocação, já que eu havia pedido por aquele território. Havia trocado de roupa, sim, mas não tinha vestido nada decente, ao contrário do meu pedido.
E eu estava incomodado que null estivesse vendo-a assim, mas não havia nada do que eu pudesse fazer. Ele estava ali para ajudar a criar um ambiente erótico e excitante que a fizesse delirar e era possível que ele visse muito mais do que uma bundinha empinada de raiva.
Comecei a empurrar a cama enquanto null montava o tripé no meio do espaço livre que eu estava prestes a abrir. null levantou o travesseiro, franzindo a testa para mim ao se sentir escorregando pelo quarto e arregalou os olhos ao identificar null montando o tripé em frente a porta.
— O que estamos fazendo? — ela perguntou, parecendo bastante assustada.
Em um último esforço, consegui colocar a cama encostada na parede e sentei na beirada da mesma, escorregando a mão para a bunda dela e apertando, demarcando o território. Ela escorregou para o lado, se afastando, os olhos assustados, sem compreender. Tentando parecer com a imagem santinha que vinha representando nos últimos anos, embora eu já soubesse que ela estava longe disso.
— Uma brincadeira — eu disse. Ela balançou a cabeça, negando veementemente.
— null, não — murmurou. — Nem a pau. Não vai acontecer.
Levantei a sobrancelha para ela, tentando entender o porquê de ela estar negando tanto uma situação, sendo que, segundos antes, estava mandando e recebendo fotos eróticas comigo. E, então, eu percebi...
— Só são fotos — murmurei para ela. — Fotos sensuais. Eu e você. Pra esquentar.
Ela soltou um suspiro, olhando ao redor, ainda parecendo levemente assustada. Levei minha mão à sua cintura e beijei seus lábios levemente, sentindo-a derreter.
— Mais? — perguntou.
— O quanto você aguentar — murmurei, em seu ouvido. — Prepare-se, baby. Ninguém nunca mais vai te deixar excitada como eu vou.
Ela fechou os olhos e respirou fundo estremecendo. Sorri, meu pau ainda latejando dentro da calça e deixei um beijinho atrás de sua orelha, antes de me levantar, oferecendo a mão à ela.
— Prontos? — null nos perguntou, ao nos ver entrando no ângulo da câmera.
Concordei com a cabeça, puxando null pela cintura e tascando um beijo nela, ao qual ela correspondeu quase implorando por mais. Soltei-a antes do que ela esperava e virei-a de costas para mim, com uma mão espalmada em sua barriga, encaixando meu pau em sua bunda, fazendo-a se desmanchar.
— Olha pra câmera, baby — sussurrei em seu ouvido. Eu mesmo segui o meu conselho, encarando-a. Ela se esforçou em, ao menos, abrir os olhos. — Olha pra ela como se fosse eu. Foda comigo através dela. Pense em mim olhando essas fotos depois, me faça desejar você. Me faça pirar por não poder te foder nesse exato segundo.
Ela nem precisava se esforçar; se remexeu em minha bunda, roçando-a em meu pau, a mão livre passando em seu cabelo escorrido, como se puxar seus fios fosse fazer alguma coisa em seu autocontrole.
null finalmente conseguiu abrir os olhos, encarando a câmera. Pude ver a expressão surpresa de null ao perceber a mudança em seu rosto; era a null sedutora que tentara me beijar na noite de Ano Novo, a mesma que estivera me convencendo a tomar banho com ela na noite anterior e trocando mensagens naquela manhã.
Mordi a linha de sua mandíbula levemente, contente em identificar a mudança e ainda mais contente em poder lidar com aquela livre e desimpedida null. Aquela das festas, das drogas, das bebidas e do sexo. Sem pensar muito, sem se arrepender, apenas se divertindo e descobrindo como encontrar novas maneiras de se satisfazer.
Era o que eu queria.
Minha
Minhas mãos estavam na barra de sua blusa e eu puxei-a para cima, esperando alguma espécie de reclamação, que não veio. Por dentro, meu corpo inteiro estava dançando o sucesso do experimento e o sinal verde que eu recebia para continuar com todas as outras ideias que eu havia desenvolvido em minha mente insana.
— Vou passar minha língua inteira por essa pele deliciosa já, já — murmurei, em seu ouvido, deslizando meus dedos por sua barriga exposta.
Ela estava só de sutiã, um modelo preto de bojo e renda, que deixava seus seios ainda mais redondos e ainda mais volumosos. Sua barriga se contraiu ao meu toque e ela jogou a cabeça para trás, apoiando-a em meu ombro.
Eu nem sentia mais os flashes, embora eu soubesse que null estava ali, a coisa toda era null e eu e a maneira com que ela esfregava sua bunda em meu pau, pedindo para que ele se entranhasse mais fundo nela.
— Me come logo, gato — ela sussurrou, perto da minha orelha. — Me come, me come...
Ela continuou sussurrando aquela cantiga, que terminou com um gemido surpreso ao sentir eu morder a pontinha da sua orelha. Ela estremeceu, sentindo eu movimentar meu pau contra sua bunda algumas vezes.
— Implora, baby — sussurrei de volta, segurando seu short pelos quadris, ameaçando abaixá-lo, naquele instante mesmo — Implora pelo meu pau e talvez eu seja bonzinho com você...
Senti-a se contorcer e soltar um suspiro quase gemido. Eu ia arrancar a roupa dela naquela hora, mas um flash estourou em minha cara, me fazendo manter o foco na realidade.
Ela merecia sofrer mais um pouquinho.
Subi minhas mãos para seus seios, encaixando-os com perfeição na minha palma, ouvindo o suspiro de null cada vez mais afetado. Ela se remexeu e tentou virar de frente para mim e eu a contive, grudando os lábios nos dela e aceitando seu beijo desesperado, quase implorando por mais de mim.
— Se comporta, baby — eu disse, assim que afastei meus lábios dos dela e ela soltou um gemidinho decepcionado — Temos visitas.
null riu ao ser mencionado, mas eu o vi engolir a seco quando null pareceu voltar a notar ele e a câmera, e sua tarefa original.
— Isso — eu lhe disse, ao perceber aquela expressão deliciosa de volta ao seu rosto. — Eu vou ver essas fotos depois, e como você quer que eu me sinta?
Ela respirou fundo e seus seios pareceram aumentar de tamanho em minhas mãos. Passei os polegares ao redor de seus bicos, sem muito tato, porque o bojo não permitia, e resmunguei de frustração.
Levei minha mão direita ao seu seio esquerdo, entranhando-a dentro do sutiã, meu indicador e o polegar encaixando o bico do peito entre eles automaticamente. Torci-o um pouco e ela se contorceu, apertando as coxas uma contra a outra e soltando mais um gemido, que arrepiou os cabelos da minha nuca.
— Segure-os pra mim, baby — sussurrei em seu ouvido.
Ela demorou um pouco para se tocar que eu estava lhe fazendo um pedido e ainda mais um pouco para entender que eu queria que ela segurasse seus seios. Acabou por fazer, meio enrolada. Soltei seu sutiã e ela deu um pulo, sentindo as alças caírem pelos seus braços e o bojo querer escorregar dos seus dedos.
— Se você deixá-lo ver seu peito, eu vou te castigar, entendeu? — perguntei. null suspirou e concordou com a cabeça. — Vamos devagar, então.
Com os lábios apenas a um milímetro do pescoço dela, comecei a puxar o bojo de um dos lados do sutiã para baixo, a alça escorregando junto. Éramos os dois, concentrados naquele pedaço de pano descobrindo uma parte de seu corpo, tão especial.
Quando ele quase estava saindo, a mão de null escorregou e, por três segundos, eu prendi a respiração, achando que ela tinha descoberto algo, mas ela só encostou o punho na pele e encaixou no seio assim que o sutiã saiu inteiro. Suspirei e deixei um beijo leve em seu pescoço, nervoso em confirmar que sua mão cobria apenas um terço do seio — e só o entorno do bico.
Puxei o outro lado e foi de forma parecida que se ocorreu. Ela se estremeceu e se remexeu com a bunda rebolando no meu pau e eu tomei uma lufada de ar para me concentrar em continuar provocando-a.
Incapaz de me conter, levei minhas mãos e as posicionei em cima das suas, em seus seios, apertando-os sob as suas mãos e quase erguendo-a do chão com a força com que eu a puxei contra meu corpo. null reclamou com um gemidinho, mas eu apenas ri em seu ouvido, sabendo que ela já estava no ponto que ia aceitar qualquer coisa que eu lhe propusesse.
E ia gostar.
— Te excita? — perguntei. Ela só soltou um gemido em resposta. — Te excita que ele esteja tirando fotos nossas? Te excita se exibir, não é? Não é isso que você tem feito comigo todo o verão? Usando aqueles shortinhos? Aposto que estava molhadinha todas as vezes que eu olhei pra você, querendo te comer.
A resposta veio fraca, mas devido à nossa proximidade, que quase desafiava as leis da física, eu consegui ouvir:
— Sim.
Simples e puro, capaz de levantar todos os restos dos pelos do meu corpo que ainda não estavam de pé.
Com aquela resposta, eu sabia que ela estava confortável com a câmera e com null ali, o que me dava permissão de continuar com a brincadeira mais um pouquinho além do que estava.
— Só fotos — eu lhe sussurrei, apenas para confirmar que eu não deixaria ele nem sequer ver um pedacinho a mais de null — Não encrenca. Ninguém além de mim vai ter você hoje.
— Só sua — ela sussurrou de volta, em meio a um suspiro, enquanto meus dedos desciam por sua barriga.
A dupla de palavras ecoou e se ricocheteou por todo o meu corpo, sendo repetida por todos os meus poros, quase como se nada dentro de mim acreditasse naquilo. O choque de delicioso prazer dentro do meu ventre impulsionou minha mão para dentro do seu short e de sua calcinha, encaixando meus dedos entre seus lábios molhados pelas minhas palavras e toques, fazendo-a soltar um gemido desesperado.
— Minha — repeti, deliciado. — Minha null.
Escorreguei dois de meus dedos para dentro dela e ela se curvou um pouco para frente, gemendo enquanto eu os movimentava da mesma forma que havia feito duas noites atrás e lhe dava um bônus, roçando meu pau, para lá de rígido, em sua bunda.
Era quase demais para ela.
— Se você soltar o seu peito e deixá-lo ver ou fotografar... — sussurrei a ameaça em seu ouvido. — Não só vou amarrar você, como vou ter que te dar umas palmadas também.
Ela gemeu e se remexeu descontrolada, e eu sorri, sentindo seu corpo me informar que ela estava prestes a gozar. Parei de mexer meus dedos dentro dela e ela arfou, reclamando, pedindo por mais. Chegou até a tentar se mover contra meus dedos, mas eu a segurei firme, com o outro braço, pela cintura, deixando o quase orgasmo se diluir, enquanto ela rangia os dentes em frustração.
Assim que eu vi que estávamos sem o perigo de acabar com a brincadeira, voltei a penetrá-la com os dedos mais uma vez, ao que ela reagiu quase instantaneamente. Mordi o lóbulo de sua orelha e respirei fundo, os seus gemidos enchendo o ambiente e ecoando em mim de uma forma estarrecedora.
Foi o movimento de null que me fez recordar que ele ainda estava ali. De pau duro. Passando a mão por cima da calça. Olhando para a minha null.
Antes que ela pudesse perceber, eu já tinha girado o corpo com ela e arrastei-a por três passos, empurrando-a contra a parede, de frente para ela.
— Não se mexa — eu disse.
null concordou com a cabeça, mesmo que essa não fosse uma ameaça ou uma ordem sensual, a qual eu já havia lhe dado anteriormente. Tão presa em suas sensações, ela nem deve ter reparado que eu havia mudado totalmente.
Agarrei o braço de null e o arrastei para fora do quarto.
— Fora — falei.
— Ah, qual é? — ele resmungou — Você me fez acordar às quatro da manhã pra não deixar eu olhar nem um pouquinho?
— Isso — respondi.
Cruzei os braços para ele saber que eu não estava de brincadeira e que era melhor ele meter o pé mesmo.
— Idiota — disse. — Vou só pegar minha câmera.
Ele fez que ia voltar para o quarto, mas eu espalmei minha mão em seu peito, impedindo-o. A ideia de deixar as fotos de null com ele — deixá-lo se masturbar olhando para ela — fazia meu estômago inteiro se revirar em pavor.
— Não — falei — Te devolvo depois.
Em vez de se zangar por eu estar em posse do objeto que, depois de seu carro, era o que ele mais gostava no mundo, ele apenas riu e me deu uma tapinha no ombro, complacente.
— Eu vou te cobrar essa, cara — riu — E vai sair caro, escuta só.
Levantei uma sobrancelha para ele, que apenas negou com a cabeça à minha pergunta silenciosa. Nada de null? Não, nada da sua garota.
Sem dizer mais nada, ele saiu de casa sobre o meu olhar restritivo. Assim que a porta se fechou, eu voltei para o quarto, trancando a porta apenas por precaução — nada que não fizesse o som sair, mas que impedisse null de voltar, se ele fosse maluco de tentar. Eu sabia que eu seria.
null estava exatamente na mesma posição, exceto que ela estava empinando a bunda em minha direção, sabendo exatamente que eu estava ali, mesmo sem me olhar. Mordi o interior do lábio e caminhei até ela, encaixando minhas mãos nas bandas da sua bunda e apertando-a contra a parede. Ela rebolou em minhas mãos e eu mordi sua orelha. Uma das minhas mãos foi ao seu cabelo e puxei um bom montante, fazendo sua cabeça ir para trás, em minha direção.
— Agora estamos sozinhos — sussurrei.
Senti todos os pelos de seu corpo se arrepiarem e eu ri da maneira que eu mexia com ela.
Beijei, lambi e mordi seu pescoço, empurrando-a contra a parede outra vez. Afastei-me dela para pegar a corda que eu havia deixado ao chão, uns dois passos de onde estava, e ela virou o rosto, me procurando, mordendo o lábio inferior, os olhos em brasa. A expressão em seu rosto era aquela que me dava arrepios, a mesma que eu a convencera exibir para ser fotografada.
— Vira pra mim — exigi, em pé, de frente à ela. Ela nem pestanejou e era assim mesmo que eu gostava — Você me desobedeceu e tentou transar com meu travesseiro, então vou te amarrar.
Ela grunhiu, mas não se afastou um centímetro sequer quando eu puxei suas mãos para a frente de seu corpo e comecei a traçar a corda ao redor de seus pulsos. Ela continuou me encarando e, embora eu estivesse concentrado — e excitado — no nó que eu fazia, exibi o melhor de meus sorrisos safados para ela.
Finalizando o nó, levantei meu olhar para ela e aproximei nossos rostos. Ela praticamente se jogou, vindo em minha direção para grudar nossos lábios, mas eu me afastei, mantendo o sorriso. null me encarou, quase sem saber o que fazer e em seus olhos, vi o medo da minha ameaça de mais cedo se concretizar.
E, com deleite, eu concluí que ela não aguentaria.
— Mas eu vou te foder agora — tranquilizei-a. — Porque você não gozou.
Ela suspirou em alívio e eu ri, fechando o nó em seus pulsos. Dei dois palmos de corda e fechei um nó ali, mantendo as pontas juntas. Com a mão livre, levei-a em seu queixo e levantei seu rosto, deixando sua boca na altura da minha. Ela fechou os olhos e eu deixei apenas milímetros de distância entre nossos lábios, quase soprando em usa boca entreaberta.
null se desmanchou por inteira; abriu os olhos para me encarar de forma desesperada. Com um sorriso de quem sabia o que estava fazendo e com todos os motivos certos, puxei-a pela corda com força e seu tronco se bateu com o meu, enquanto eu levantava a mão que segurava a corda ao alto.
Fiquei na ponta dos pés e ela me acompanhou, seus lábios seguindo os meus, e prendi o nó superior no gancho da rede, finalmente grudando os lábios nos dela. Com as mãos livres, empurrei-a contra a parede, mantendo-a ali com uma mão em sua barriga; a outra foi sedenta a um de seus seios, que, naquela posição, empinado quase em oferenda por seus braços esticados acima da cabeça, era um deleite aos olhos e ao tato.
Desgrudei nossos lábios e deixei os narizes juntos. null me encarava completamente rendida, com seus olhos, por detrás dos cílios quase que juntos, em um tom implorativo, para que eu acabasse com a tortura e me colocasse dentro dela logo, mas tudo o que eu fiz foi enfiar meu indicador dentro da boca.
Ela me encarou, os olhos abrindo em total surpresa, para então se desmanchar mais uma vez quando sentiu meu dedo molhado passeando ao redor do bico do seu seio, já rígido. Ela mordeu os lábios e eu puxei sua boca para a minha, empurrando-a novamente contra parede e abrindo o botão do seu short.
null que encerrou o beijo, com dificuldade de respirar, meus dedos muito perto de onde ela queria que eles estivessem. Sorrindo ao seu descontrole, corri o zíper para baixo com uma vagareza repreensível. Ela se contorceu, sentindo meus dedos por suas coxas, o que ajudou o short a chegar com mais rapidez ao chão.
A calcinha que ela usava era uma delícia. Preta também, como o sutiã, de renda, toda delicada. Beijei-lhe os lábios, procurando o meu controle em meio ao gosto da sua boca e os seus suspiros desesperados.
— Você gosta muito dessa calcinha? — perguntei, minhas mãos agarrando, em cada lado, as barras daquele pedaço de pano.
null respondeu com um gemido e jogando a cabeça para trás, então eu rasguei o tecido, deslizando minha mão esquerda, automaticamente, para entre suas pernas, esfregando seu clitóris encharcado de forma lenta e tortuosa. Levei minha boca ao bico do seu seio, abocanhando-o e chupando-o, sentido o gemido alto de null ecoando pelas paredes do quarto e seus joelhos falharem pela primeira vez.
Eu disse que ela não ia conseguir ficar em pé. E eu não estava nem começando.
Passei meu braço livre pela sua cintura e a segurei firme do outro lado, impedindo-a de se mover muito contra a minha mão e deixando todo o seu prazer limitado ao que eu decidia lhe dar; minha mão começou a se mover com mais pressa ao redor dela, sem penetrá-la, meu dedo chegava até sua entrada, ameaçava escorregar, mas só isso. null já estava ficando louca e eu deixei-a rebolar um pouquinho em minha mão, beijando-lhe os lábios e sentindo seus gemidos ecoarem dentro da minha boca.
Tirei minha mão do meio de suas pernas, desabotoando as mangas da minha camisa. Eu não me trocara desde a manhã do dia anterior, onde eu ainda estava me vestindo como um engomadinho por causa do pai dela. Sorri ao vê-la acompanhar todos os meus movimentos como se dependesse disso.
Levei uma mão à sua bunda, encaixando-a embaixo, entre as bandas, e puxei sua virilha desnuda contra a minha ereção, a outra mão foi, restritiva, à sua nuca, puxando seus lábios aos meus. Acabei soltando as duas áreas logo em seguida e quase ao mesmo tempo. A mão que estava na nuca foi ao seu seio e a que estava em sua bunda voltou à virilha.
Minha língua foi ao bico do seu seio ao mesmo tempo em que penetrei-a com meu dedo médio. Só um, desta vez. Só um pouquinho.
A boca pouco ficou em seu seio, sua expressão era tão deliciosa que eu precisei ver de perto. Os movimentos foram ficando mais rápidos e mais intensos e ela não conseguia se manter parada também, rebolando contra minha mão. Deixei meus lábios a milímetros de seu queixo enquanto ela se revirava, apoiando-se em mim e na parede, os gemidos altos estourando quase que em minha orelha.
Eu estava embasbacado. Minha boca quase não conseguia ficar fechada e eu salivava de vontade de sentir seu gosto mais uma vez.
Enfiei meu dedo inteiro dentro dela e o mantive ali, sacudindo minha mão e toda a sua virilha junto com ela, enquanto ela gemia. A outra mão foi até sua bunda, molhei meu mindinho em seu suco que escorria para a coxa e comecei a brincar, só um pouquinho, com a entrada do seu ânus. Ela se apertou ao redor do dedo, tensa, mas eu consegui enfiar a cabeça do dedo toda antes que ela conseguisse empurrar o corpo para frente, desconfortável, e ele escorregasse para fora.
Ao que seu corpo foi para frente, ela se jogou contra o meu dedo médio, que ainda estava todo enfiado dentro dela, e gemeu deliciosamente; talvez também porque relaxara, depois que conseguira tirar meu dedo de seu cu e, por isso, eu não continuei brincando com sua bundinha, mas mantive minha mão nela, a ponta do dedo médio posicionada em cima da sua entrada, só para lembrá-la que eu podia.
null quase não conseguia concentração para me beijar. Acabava que eu apenas chupava seus lábios ou enfiava minha língua em sua boca enquanto ela gemia.
Deixei o anelar entrar dentro dela junto com o indicador e a mão que estava em sua bunda foi um pouco mais para baixo, apertando um montante da área e eu quase a levantei do chão, meus dedos voltando a se movimentar dentro dela.
Ela estava revirando os olhos e, com um sorriso, tirei uma mão de cada vez, antes que ela gozasse. Primeiro a de sua bunda, devolvendo a posse de seus movimentos para ela, depois a que estava em sua virilha, sentindo-a reclamar e se jogar em minha direção.
Dei um passo para trás e ela me seguiu, dando um passo para frente. Mais dois e a corda a impediu de me alcançar, então tudo o que eu fiz foi sorrir maliciosamente para a expressão desolada que ela exibia.
Deixei meu rosto apenas alguns milímetros do limite do seu alcance, encarando-a avidamente. Ela tentou me oferecer os lábios para que eu a beijasse, mordeu-os para me provocar e eu levei uma mão em sua nuca, fazendo-a fechar os olhos e esperar, mas nem cheguei a roçar os lábios nos dela. Quando ela percebeu, soltou um muxoxo frustrado e meneou a cabeça, a expressão quase zangada que só não me fez rir porque não era hora para risadas.
Dei um passo para trás e ela tentou me acompanhar, mas a corda não a permitia. Comecei a abrir os botões da minha camisa, olhando para ela, que desviou o olhar para o meu corpo, à medida que eu o revelava. Sorri, me desfazendo da camisa. Peguei-a pela bunda e grudei nossos corpos, beijando-lhe a boca rapidamente.
Antes que ela percebesse, eu havia envolvido minha mão ao redor de sua coxa, por trás, e estava com a boca enfiada em sua virilha. Meus dedos voltaram a penetrá-la enquanto a língua brincava com o encontro entre os lábios grandes.
null não fez a recatada, abriu as pernas até mais do que o necessário e rebolou em minha boca e em meus dedos. Empurrei-a contra a parede e a mantive firme, impedindo-a de se movimentar. Pude vê-la remexer-se inteira, a barriga se contorcendo, o tronco sendo jogado para trás e eu não parei até ver que era seu limite, que se eu continuasse, ela iria gozar.
E não deixei, mais uma vez.
Soltei-a abruptamente e ela escorregou inteira, os joelhos dobrados, e só permaneceu ereta porque os pulsos sustentaram-na pela corda presa no gancho. Abri um sorriso imenso ao qual ela não percebeu porque estava de olhos fechados, tentando recuperar a respiração.
Abri a braguilha da calça e empurrei-a para baixo, junto com a cueca.
— Parece que alguém perdeu uma aposta... — murmurei em sua orelha.
Empurrei-a contra a parede e a penetrei, sentindo as paredes de sua boceta se contraírem e se apertarem contra o meu pau. Apertei seu seio com uma mão, enquanto a outra estava em sua bunda, mantendo-a firme e apertada contra mim, e eu me movimentando firmemente contra ela, a boca em sua orelha, deixando-a ouvir meus gemidos e o prazer que ela tinha se negado por tanto tempo.
Vi-a morder os lábios, tentando conter os gemidos descontrolados, e levei a mão que estava em seu seio ao seu pescoço, apertando levemente, ao que ela gemeu mais um bocado. Continuei metendo dentro dela, sentindo-a se contorcer em meus braços e a sensação exacerbada em meu ventre crescer ainda mais, pouco a pouco.
E antes que ela gozasse, mais uma vez, eu me tirei de dentro dela, ao que ela tentou puxar as amarras do gancho para, provavelmente, me bater ou me obrigar.
Dessa vez eu ri, virando-a de costas para mim e dei um passo para atrás para admirar sua bunda, que eu ainda não tivera a oportunidade. Aquela bunda deliciosa que ficara me provocando durante aquele mês inteiro. E ela ainda fez o favor de empiná-la para me provocar e começou a se balançar de um lado para o outro.
Puta merda, ela era simplesmente deliciosa. E não conseguia parar de ser.
Enfiei-me dentro dela novamente, segurando-a pelas ancas, apertando os olhos e de boca entreaberta, gemendo. null rebolou ao meu redor e pouco se demorou para gozar, finalmente aliviada, gritando enquanto eu me metia e me movimentava cada vez mais rápido dentro dela, sentindo o meu próprio gozo sendo alcançado.
Antes que eu pudesse, tirei-me de dentro dela e meti a cabeça do meu pau em sua bunda, que escorregou para dentro sem muitas dificuldades, exceto o grito surpreso e doloroso que ela soltou. Gozei dentro da sua bunda, sentindo-a apertar meu pau com força ao redor de suas pregas e choramingar, me empurrando.
— Você... é um idiota — ela sussurrou, assim que eu escorreguei para fora dela, admirando minha porra saindo e escorrendo por sua bunda e perna.
— Foi você que quis apostar a bunda — eu lhe lembrei. — Primeira vez?
Eu sabia que sim, mas deixei-a confirmar, enquanto a puxava pela cintura, encaixando minha mão em sua barriga e erguendo meu outro braço para desencaixar a corda do gancho. Ela, meio molenga, depositou todo o peso em mim e concordou com a cabeça.
— Bom... — murmurei. — Minha null, minha bunda — declarei, fazendo-a rir, ainda meio devagar. — Vou com calma da próxima vez, prometo. Agora vem. Vou deixar você descansar um pouquinho. Depois voltamos.
Ela não reclamou, apesar de soltar uma risada nervosa. Então a arrastei até a cama, ainda com os pulsos amarrados, e a deixei se ajeitar nos travesseiros, deitando-me ao seu lado com um sorriso satisfeito no rosto.
Jantar
Eu me levantei da cama quando já devia ser umas seis da tarde. O sol ainda estava explodindo nas janelas, mas ficava cada vez mais alaranjado, se despedindo aos poucos do seu momento de glória enquanto eu revirava a geladeira atrás de alguma coisa para comer e acalmar meu estômago, que não havia se alimentado o dia inteiro.
Por um bom motivo, é claro.
Era só me lembrar como eu havia gastado o meu dia e meu corpo inteiro se arrepiava de vontade de gastar mais um bom tempo assim: dentro de null.
Foram quatro vezes, cada uma com um pouco de cochilo para colocar o sono da noite anterior em dia. Eu ainda transei com ela mais uma vez com os pulsos amarrados — esta, eu filmei com permissão dela e ela pareceu realmente gostar. Soltei-a antes da terceira, apenas para descobrir que ela arranhava muito; minhas costas deviam estar todas marcadas por suas unhas, mas nada que eu me incomodasse.
Na quarta, ela estava tão cansada que eu não podia nem dizer se ela realmente acordou. Não a vi de olhos abertos, embora ela estivesse gemendo baixinho enquanto eu a comia de forma lenta, porque eu também estava cansado, e eu gozei nela, mais uma vez.
Não sei se foi o sono ou se foi porque a tensão se esvaeceu um pouco, mas eu me empurrei para fora da cama duas horas mais tarde, incomodado com algo que eu havia esquecido e não conseguia me lembrar.
Até que eu estava mexendo nos congelados do freezer e separando algo que não fosse demorar muito para ficar pronto para comer quando eu finalmente percebi: eu não havia usado a merda da camisinha em nenhuma das vezes.
E eu provavelmente estava muito fodido.
Os hambúrgueres estavam na chapa, mas eu tinha perdido a fome. Pensei em dar uma passada na farmácia mais próxima e comprar uma pílula para null tomar assim que acordasse, mas os hambúrgueres iriam queimar e ela podia acordar enquanto eu estivesse fora e tudo mais. Mas eu não sabia se o farmacêutico e o médico da cidade iriam me dar o que eu precisava. Os dois eram amigos — e eu continuava ferrado.
Depois de uma pesquisa na internet e descobrir que ainda tínhamos umas sessenta horas para resolver o problema, resolvi que eu podia comer primeiro. Tirei os hambúrgueres da chapa e tasquei maionese, ketchup e o que mais eu encontrei (queijo, presunto, ovo) na geladeira dentro de um pão.
null surgiu na porta no momento em que eu acabei de preparar o hambúrguer, vestida com a minha camiseta e mais nada. Parei com a mão em cima do pão, encarando-a e sentindo todo o meu ventre se revoltar, me dizendo (na verdade, exigindo) que queria comê-la outra vez, naquele mesmo instante.
Ela me lançou um sorriso quase que sem jeito e começou a andar em minha direção de forma desajeitada e eu soltei um suspiro, contemplando o fato de que ela estava dolorida, provavelmente na bunda, tirando as marcas avermelhadas em seu pulso, fruto do aperto da corda e a força que ela usara para tentar escorregá-los de dentro dos anéis que eu montara, provavelmente sem nem perceber.
— Bom dia — ela sussurrou.
Eu ri, todo o nervoso que eu sentia antes se esvaiu e eu tinha apenas uma breve consciência da fome. Ela parou a minha frente, mas não se sentou no banco ao meu lado, me fazendo rir mais ainda.
— Dolorida, é? — perguntei.
Ela revirou os olhos, mas percebi suas bochechas ganhando um pouquinho da cor rosada.
— Um pouco... — respondeu, por fim, dando de ombros.
Puxei-a pela cintura, os dois braços se cruzando atrás dela, acima de sua bunda, com uma das mãos espalmada no meio entre as suas bandas.
— Tem um creminho na minha gaveta que deve te ajudar — sussurrei. Beijei-lhe os lábios, sentindo o seu sorriso. O beijo foi na velocidade dela, calmo e relaxado, e mesmo assim fez meu estômago revirar. Eu já tinha ganhado alguns desse, dela, durante o dia. Era um beijo de agradecimento e me fez sorrir também. — Achei que você não ia acordar nunca. Te cansei, foi?
Ela gargalhou e se virou de lado, de frente para a bancada, roubando um pedaço do meu hambúrguer. Mordi-lhe no pescoço para mostrar que eu não tinha gostado muito daquilo.
— Claro — disse, lambendo os dedos sujos com maionese. — E alguma mulher no mundo já conseguiu te acompanhar, por acaso?
A pergunta era legítima, tal como sua curiosidade, mas tudo o que eu fiz foi dar um sorriso amarelo.
Como eu lhe diria que mulher nenhuma no mundo tinha me feito ficar com aquela vontade irredutível de transar o tempo todo? Vontade que simplesmente não tinha acabado depois que eu gozara; parecia que só aumentava e eu queria comê-la e, depois, comer mais uma vez. Inclusive naquele momento, mesmo que eu estivesse esgotado ao extremo, eu mal podia olhá-la sem sentir meu corpo exigir o seu mais uma vez.
Eu não podia. Então, mudei de assunto.
— Escuta... — murmurei. Ao constatar que eu queria fodê-la, acabei levando meus pensamentos de volta ao drama da camisinha. — Estava pensando em ir à cidade agora. Acho que precisamos comprar uma pílula pra você, eu simplesmente esqueci de usar proteção e... Hm...
Sua despreocupação me desconcertou. Ela virou-se de frente para mim novamente e uma de suas mãos foi ao meu rosto. O polegar e o indicador apertaram minha bochecha entre eles, enquanto ela fazia um biquinho adorável.
— Você se preocupou, que fofo — disse, rindo. Soltou minhas bochechas e beijou-me nos lábios. — Eu uso anticoncepcionais desde os quinze pra controlar meu ciclo, então, se você não tiver nenhuma doença, tudo bem.
Eu demorei para notar que ela estava basicamente me fazendo uma pergunta, porque fiquei muito concentrado no fato que eu estava ganhando permissão para gozar nela sempre que eu quisesse.
— Ãhn... É, sem doenças — confirmei.
Ela sorriu e me beijou os lábios brevemente, se soltando do meu abraço para preparar seu próprio hambúrguer.
— Então tudo bem — repetiu. — Mas acho que ainda temos que ir à cidade, o que você chama de cidade, eu não sei. Afinal, você está me devendo um jantar.
Levantei a sobrancelha ao vê-la apenas pegar o pão, um pouco de maionese e o hambúrguer e montar seu sanduíche.
— Você não ganhou a aposta — eu disse.
Ela riu, enquanto eu mastigava.
— Ainda. — falou, apenas.
Eu me engasguei com a comida e tossi enquanto ela comia, tentando disfarçar o sorrisinho convencido em seu rosto. Resolvi deixá-la em paz, mas minha mente continuava passeando em todas as possibilidades.
null acabou de comer antes que eu e me deu mais um selinho. Segurei-a pela cintura, tentando impedi-la de sair de perto de mim, mas ela apenas gargalhou e me deu um tapa no ombro, se desvencilhando e anunciando que ia tomar banho.
— Não vai me chamar não? — perguntei, quase ofendido.
— Te chamei ontem, você que não quis. Você vai depois. — disse. — Se formos juntos, eu não vou ter o meu jantar, vou?
Deixei-a ir porque eu estava realmente interessado em saber o que ela faria para me deixar de queixo caído.
Durante a tarde, eu tinha me atentado ao fato que ela estava toda jogada, suada, marcada e rendida na minha cama e eu podia ter feito alguma piadinha sobre ela estar toda maluquinha e minha, ao que ela respondeu dizendo que conseguiria fazer isso comigo sem nem encostar em mim — fato que eu não duvidava, mas estava ansioso para vê-la tentar, então concordei. Ela ainda queria o jantar e eu, para fodê-la no riacho.
Eu estava ok com ambas as perspectivas.
Ela também parecia ok com as duas.
Terminei de comer o meu hambúrguer e fui para o quarto. null havia deixado uma pilha de roupas para mim, no pé da cama, e eu entortei a cara ao ver que eram roupas engomadinhas — onde diabos ela estava achando que eu ia levá-la?
A cidade só tinha uns três restaurantes, dois eram pensões e um era mais afastado do centro, mais próximo da estrada e... Bom, teria que servir. Mas a cidade toda ia naquele lugar e às vezes era meio infrequentável, mas tinha certeza de que nada que um pouquinho de dinheiro na mão do garçom não nos conseguisse uma mesa mais tranquila.
Fiquei ali deitado, pensando em todas as coisas que null poderia fazer no pequeno espaço de tempo em que ela estava propondo o desafio.
Ela podia sair pelada do banho. Eu aprovaria.
Mas não foi isso que aconteceu. Ela saiu enrolada em toalhas, uma ao redor do corpo e outra em sua cabeça e gritou comigo até que eu me arrastasse para o chuveiro, embora eu estivesse reclamando o direito que eu tinha de comê-la naquele momento, o que só me rendeu alguns tapas ardidos no peito.
Fiquei esperando-na invadir o banheiro e me atacar de surpresa, mas também não aconteceu. Acabei me vestindo, mas já estava saindo do banheiro para reclamar sobre onde estava a minha surpresa e que não haveria jantar se eu não tivesse surpresa. E foi quando a surpresa me aconteceu.
Eu mal consegui sair do banheiro ao admirar a cena. Ela estava fingindo-se de distraída, encaixando uma liga preta no corpete vermelho, apertado, marcando a cintura e fazendo seus seios ressaltarem, quase não cabendo dentro deles, uma fita preta trançada à frente, um laço amarrado sobre os seios e uma meia três quartos preta escondendo-lhe a perna, menos a parte mais deliciosa, a coxa, apenas marcada pela cinta-liga.
— Jantar, huh? — ela me disse, sem sequer levantar os olhos para mim. O que mais eu iria fazer ou dizer sobre aquilo? Ela ganhara.
— A... agora? — foi o que pateticamente saiu da minha boca.
Ela riu e passou as pernas por um vestido vermelho, subindo-o e correndo o zíper pelas costas. Eu ainda estava parado, embasbacado, olhando para ela, indo ao espelho do guarda-roupa e se maquiando como se eu nem estivesse ali.
E só para completar o meu desespero, seu vestido era um tomara-que-caia.
— Algum problema? — perguntou.
Eu caminhei até ela e a segurei pelas ancas, pressionando minha virilha em seu quadril, minha ereção crescendo contra o tecido da calça.
— Tenho esse — disse.
Ela fechou os olhos com leveza, um sorriso estampado no rosto, e deixou a cabeça cair em seu ombro esquerdo. Pelo espelho, pude acompanhar sua expressão tranquila; a trança esquisita que ela usava caía em só um lado, deixando todo o pescoço livre para mim. Beijei-o, demorando meus lábios em sua pele, puxando seu perfume para minhas narinas, desejando-a mais uma vez.
Quando aquilo ia passar?
— Resolvemos isso depois — ela disse, voltando a passar batom. Bateu com a mão em minha coxa, me apressando. — Vá pegar o carro, sim? Não vou andar na grama de saltos.
Merda.
Soltei um suspiro vencido e dei um passo para trás, revoltado da vida porque ela havia recuperado o controle que perdera depois que as fotos começaram a ser tiradas. E eu estava doido para ver como seria aquela dinâmica na cama, ainda mais com aquela lingerie sensacional que ela estava usando... Seria como desembrulhar um presente de Natal.
Quase perdi o fôlego inteiro quando percebi qual eram seus saltos: um sapato fechado vermelho de salto agulha.
Achei melhor ir buscar o carro mesmo.
Até que o restaurante não estava tão cheio assim quando chegamos, por volta das nove horas. Podia ser porque era o horário do jornal nacional e ele normalmente enchia logo que começava a novela das nove.
Todos os caras do local deram uma olhada em null ao passarmos até a mesa que o garçom nos oferecera, e eu apertei meu braço ao redor dela com força, mostrando que ela era minha, só minha, e cheguei a encarar alguns com olhares zangados — quem eles pensavam que eram para ficar olhando para ela assim?
Quando null abriu o menu, ela estava sorrindo daquela forma enigmática que me deixava com os pelos arrepiados. Pela movimentação, ela cruzara as pernas e parecia distraída, passando os olhos pelo cardápio, procurando algo que lhe agradasse.
— Vinho — eu disse para o garçom. Ela levantou o olhar em minha direção e cerrou-o, deixando eu saber que tinha feito algo de errado. O quê? Ah... — Por favor — completei.
Ele concordou com a cabeça e null pareceu satisfeita, voltando o olhar para o menu. Abri o primeiro botão da minha camiseta, sentindo calor demais.
— O que você quer pedir? — perguntei.
Eu tinha acabado de comer um hamburgão e tudo o que eu queria comer era ela. Foda-se qualquer coisa que ela pedisse, contando que isso acabasse logo e eu pudesse desembrulhar a minha surpresa.
— Eu não sei — falou, sem levantar os olhos. — Parece que tem muita coisa legal. O que você sugere?
Meu pai odiava aquele restaurante e eu só fora algumas vezes durante meu último ano da escola, às vezes com alguma garota, mas normalmente com os meus amigos, atrás de uma garota sozinha, dando um perdido por ali. Quase não me recordava da comida, em minhas memórias.
— Ãhn... — forcei minha cabeça a se recordar de algo. — O churrasco misto é muito bom, a picanha... O salmão com molho de camarão também.
Ela finalmente levantou o olhar e me encarou avidamente, parecendo analisar minha expressão com uma espécie de orgulho contido. Deixou um sorriso de lado ser mostrado em seus lábios e todo o meu interior se contorceu.
— E o que você quer comer? — perguntou.
Tomei uma lufada de ar, tentando me concentrar em qualquer coisa que não fosse aquela vontade de virar a mesa e transar com ela em qualquer superfície daquele lugar. Eu conseguia ouvi-la gemendo e ver todos os outros caras do lugar me invejando.
Ela queria que eu dissesse. Em sua expressão, eu sabia que a brincadeira era me deixar fora de controle, perder a noite falando sacanagem e voltar para casa para mais uma intensa sessão de sexo descontrolado.
— Você — soprei.
Ela sorriu, satisfeita e o seu olhar se levantou para atrás de mim. Antes que eu pudesse me virar para ver o que podia estar tomando sua atenção, o garçom voltou com a taça de vinho e depositou o líquido em taças à nossa frente.
null pegou a taça ao mesmo tempo que eu e ofereceu-a a mim, para brindarmos. O garçom ficou esperando para ver se aprovávamos a garrafa — e eu nunca vira ninguém negar, mas eles sempre ficavam, e levamos nossos vinhos à boca.
Foi nesse momento que eu senti o pé de null subindo por minha perna e tossi, me engasgando com o líquido. Ela continuou subindo o pé coberto apenas pela meia enquanto eu tossia e ela me encarava através de sua taça, com um sorriso determinado e totalmente satisfeito no rosto.
— Algum problema, senhor? — o garçom me perguntou, no momento em que seu pé alcançou minha ereção e ela começou a esfregar a sola no meu pau. — Quer que eu troque a garrafa?
— Não, não — eu pontuei rapidamente. — Está ótimo — lhe disse. E, então, voltei meu olhar para null. — Está ótimo.
E não pare, por favor. Completei, mentalmente, enquanto ela continuava a me encarar com aquela expressão deliciosa de quem sabia exatamente o que estava fazendo.
Fodido
null tentou, mas não conseguiu disfarçar o sorriso satisfeito à minha declaração disfarçada; e agradeceu empurrando mais o pé em minha ereção e esfregando-a com o máximo de velocidade que ela conseguia disfarçar. Ainda sorriu distraidamente para o garçom enquanto eu parecia ter perdido a capacidade de argumentar.
— Os senhores vão querer fazer o pedido agora? — ele perguntou.
null não respondeu nada e olhou para mim. Eu apertei os lábios e os olhos ao senti-la levando o outro pé até meu pau e balancei a cabeça negativamente, informando que eu estava sem condições.
— Eu acho que eu vou querer o salmão com molho de camarão — ela disse, sorrindo, parecendo nem se afetar com a minha situação. — E você?
Levantei a sobrancelha, tentando entender como é que ela queria que eu formasse uma frase naquelas condições. null sorriu de lado quando seu segundo pé chegou ao meu pau e ela o encaixou entre os dois. Respirei fundo.
— Qualquer coisa que você queira — eu sussurrei, pateticamente.
Ela mordeu o lábio, contendo o sorriso satisfeito. Cerrou os olhos para mim, com aquela expressão estarrecedora que me fazia perder o fôlego.
— Tem certeza? — perguntou, atiçando. — Se você quer outra coisa, é melhor colocar pra fora agora.
Tive que prender a respiração com sua insinuação descarada, enquanto ela sorria abertamente da minha expressão chocada. Demorei meio segundo para absorver tudo o que estava acontecendo e me voltar para o garçom.
— Acho que vou ficar com isso mesmo, obrigado.
Ela continuava com aquele sorriso convencido mesmo depois do garçom se afastar da mesa, me encarando como se ela fosse a caçadora e eu, a caça. Isso tinha sido extremamente ao contrário em pouco menos de doze horas atrás.
— Tem certeza? — ela questionou.
Engoli a seco e peguei minha taça de vinho para engolir mais um pouco de álcool para ver se minha mente relaxava o suficiente para lidar com aquela mulher provocantemente louca.
— O que você quer que eu faça? — perguntei.
Ela riu e balançou a cabeça, pegando sua taça de vinho e tomando um gole longo, prolongando o momento. Recostou-se, então, na cadeira e começou a movimentar ambos os pés, com meu pau entre eles.
— Eu não acho que a gente funcione assim — ela murmurou. — Estou te dando às possibilidades, mas... o que você quer que eu faça?
Eu quase gemi com a oferenda clara de null. Ah, puta merda. Ela estava me dizendo, com todas as letras, que queria que eu dominasse o tempo todo e eu estava além do lisonjeio. Eu estava estarrecido, excitado e incontrolável.
Sem tentar pensar muito, abri o zíper da calça e deixei meu pau escorregar, duro e ereto, para fora dela e para o meio entre os pés de null. Ela sorriu, quase doce, e começou a movimentar os pés pela extensão da minha ereção.
Apoiei meus cotovelos na mesa e escondi meu rosto entre as mãos, respirando fundo para manter o controle e não soltar um gemido desesperado no meio do restaurante. Por sorte, ele estava completamente deserto na nossa área, um pequeno corredor ao lado do caixa e o caminho até o banheiro, e a única pessoa que poderia nos ouvir era a funcionária responsável nele, que estava de fones de ouvido e lixando as unhas, distraída.
— Ah, puta merda — eu soltei, entre as minhas mãos. — Você consegue ser mais louca que eu, null.
Ela riu, apoiou meu pau em um pé e, com o outro, acariciou-o em sua extensão. Caralho, xinguei mentalmente. Seu sorriso era satisfeito e ela não tirava os olhos de meu rosto, como se quisesse se embeber de minhas expressões tal como eu queria as suas.
Parecia justo e, por isso, eu escorreguei minhas mãos para baixo, tirando meu rosto de seu esconderijo e esticando umas bochechas, fazendo a pálpebra inferior de meus olhos irem juntos, quase como uma careta.
— Eu acho que isso pega — ela disse, por fim.
Balancei a cabeça negativamente, vendo seus lábios cor de carmim se moverem, deliciosamente inchados, me provocando para beijá-la. Ela já tinha certeza de que ela só podia ser tão linda de propósito, só para me deixar cada vez mais louco.
E só eu sabia a vontade que eu estava de cruzar aquela mesa, beijar-lhe os lábios, virá-la sobre a mesa e fodê-la por trás, aos gritos, para toda a cidade ouvir.
Seríamos presos, obviamente, mas como eu poderia me importar com esse detalhe tão ínfimo diante à expectativa?
Aprendi a palavra.
— Deve ser porque eu peguei você — eu sussurrei, incerto de que aquela frase fazia algum sentido na conversa.
Deve ter feito, porque null riu levemente e teve a audácia de fazer uma coisa comum como mexer no cabelo. Como se me masturbar em público não a fizesse ficar com a calcinha molhada — o que eu tinha certeza de que fazia.
Subitamente, fiquei com vontade de tocá-la também, só para sentir seu gozo em meus dedos, mas minhas mãos não chegavam até lá, embora eu tivesse me esforçado, tanto por debaixo da mesa como por cima dela. Acabou que null envolveu sua mão na minha, com um sorriso de lado incrível.
— De jeito — ela disse.
Eu não tinha mais certeza do que aquilo significada quando eu apertei meus olhos e sua mão ao mesmo tempo. Eu ia gozar e não ia demorar muito, iria sujar tudo de porra, a cadeira, a mesa, a toalha, minha calça e as meias pretas de null. E como que eu conseguia sequer me importar com esse fato?
Ela escorregou os pés para longe de mim e fez uma expressão chocada, levando as mãos ao cabelo. Eu quase reclamei: ei, não gozei ainda, volte agora, mas eu não consegui proferir uma palavra sequer, embasbacado demais com a situação.
— Acho que meu brinco caiu — foi tudo o que ela disse.
E, em uma piscada de olhos, desapareceu.
Eu estava zangado, frustrado e ainda olhei para os lados para ver se eu conseguia identificar para onde ela tinha ido, apenas para poder ir atrás, jogá-la contra qualquer parede e meter dentro dela com força até que aquela vontade irritante se cessasse e eu pudesse jantar em paz.
Estava guardando meu pau dentro da calça para me levantar e ir atrás dela mesmo que eu não tivesse nenhuma ideia de para onde ela havia ido, quando senti suas mãos delicadas sobre as minhas, afastando-as de meu intento.
E, então, suas mãos em meu pau.
E a cabeça do meu pau em sua boca.
Puta merda.
O gemido saiu de mim antes que eu pudesse contê-lo e ela meteu a unha em minha coxa, através da calça, me alertando, mas só me deu vontade de gemer ainda mais alto. Levei minha mão ao rosto, incapaz de compreender o que estava acontecendo, e ela logo deslizou para meus cabelos, puxando os fios, porque eu sabia que era isso que ela estaria fazendo se eu estivesse dentro dela e era isso o que eu mais queria fazer naquele momento.
Senti que o gozo estava vindo e null tirou o pau de sua boca e eu apenas senti sua respiração batendo nele, informando que ela estava por perto, aguardando.
Suas mãos acariciavam minhas coxas e minha barriga, as unhas mostrando sua presença hora ou outra e assim ficamos por alguns minutos, o que rendeu uma eternidade, enquanto ela esperava que eu me acalmasse.
Era o mesmo jogo que jogáramos na noite passada, só que eu estivera do outro lado e sabia que ele era tão ou mais excitante quanto.
Eu queria, muito, sentir sua boceta molhada em minhas mãos.
Ela voltou com tudo, enfiando o meu pau inteiro em sua boca e eu senti a cabeça dele em sua garganta e quase gozei ali mesmo, com ela mexendo em minhas bolas com suas mãos. Escorregou o pau para fora da boca e abocanhou minhas bolas, quase fazendo com que eu pulasse na cadeira de susto, mas ela foi delicada e deliciosa em todo o lugar.
Eu estava pateticamente revirando os olhos, meio mole em minha cadeira e a cabeça quase pendendo como se nada fosse, sem concentração nenhuma a não ser nos lábios e mãos de null, e onde eles encostavam. Então, quando eu ouvi o barulho de passos, eu pulei na cadeira e null acabou batendo com os dentes no meu pau, o que não foi muito legal.
Felizmente, ela percebeu e tirou-o inteiro da boca para checar exatamente no mesmo instante em que o garçom alcançou nossa mesa e colocou as travessas com arroz, feijão, fritas, o salmão e o molho no meio da mesa e os nossos pratos.
— Posso servir ou devo esperar sua acompanhante? — ele perguntou.
Quando null ouviu a voz do garçom, ela pareceu decidir que aquele era o momento certo para voltar a me masturbar. Moveu suas mãos rapidamente pela extensão do meu pau enquanto sua língua rodeava a cabeça dele, de forma deliciosa e lenta.
— Ah... — eu não conseguia formar uma frase, mas precisava tentar, então respirei fundo e... Porra. — Ela só... Hm... Foi ao banheiro... É, isso aí.
Senti a risada de null sendo abafada ao redor do meu pau, os lábios tremendo levemente e provocando arrepios por todo o meu corpo.
— Claro — o garçom respondeu.
Se ele reparou alguma coisa, nada disse. Serviu ambos os pratos e se retirou com uma discrição impressionante. E o gozo que eu estava segurando saiu no segundo em que ele virou a esquina do caixa, na garganta de null, que estava com meu pau todo enfiado em sua boca. Abafei o gemido mordendo minha mão, enquanto ela lambia todo o redor da minha ereção e a guardava cuidadosamente de volta na calça.
Saiu de debaixo da mesa olhando para os lados e sentou-se em sua cadeira, passando a mão pelos lábios, o batom um bocado borrado no rosto. Sem nem se abalar, ela limpou o resto dele com um guardanapo, vendo seu reflexo pelo copo de vinho, enquanto eu ainda tentava me recuperar.
Sério. O que tinha sido aquilo?
— Aposto que esse salmão vai ficar com um gosto bem melhor agora — ela disse, tentando quebrar o meu silêncio.
Ela se serviu com mais um pouco de fritas e eu fiquei encarando-a, totalmente embasbacado. Aquela mulher valia cada segundo que eu tinha gastado esperando-a ceder para mim.
— Você tinha planejado tudo isso, o tempo todo? — eu perguntei. Ela apenas sorriu, cortando um pedaço do salmão. Eu sabia que ela tinha. — Vamos para o banheiro agora. Eu tô com uma vontade louca de te beijar inteira e te chupar.
null fingiu não se abalar, até bem, mas eu já estava conhecendo os trejeitos de seu corpo o suficiente para saber que era só fachada.
Ela tomou um gole de vinho com o sorriso estampado nos lábios.
— Sempre com pressa... — murmurou. — Sem contar que isso aqui — ela apontou para o salmão. — Com certeza já vale um orgasmo.
Eu apertei os olhos e ri, finalmente tomando um gole do meu vinho e me movimentando para jantar, um pouco decepcionado em não conseguir convencê-la a me deixar devolver aquilo logo.
— Eu só queria saber... — eu sussurrei, cortando minha comida — Onde diabos você esteve a bosta da minha vida toda, que ainda não tinha vindo me fazer um boquete desses?
Ela riu e acabou engasgando um pouquinho com a comida, o que me fez rir. Depois de um gole do vinho, ela estava de volta à postura séria e controlada de antes. Deliciosa.
— Por que você precisa falar sacanagem pra tentar me excitar? — ela perguntou. A pergunta, tão clara, me fez arregalar um pouco os olhos. — Você consegue fazer a mesma coisa sem usar essas palavras. E, às vezes, é ainda mais gostoso.
Pisquei demoradamente, tentando absorver todas as coisas que estavam acontecendo ao mesmo tempo:
1 — Ela estava me ensinando o que eu tinha que fazer para seduzi-la;
2 — Ela estava dizendo que eu a excitava normalmente;
3 — Ela estava falando que tudo o que eu fazia era gostoso.
— Então você está dizendo que eu não devo te chamar de putinha e dizer que eu vou te comer e de que forma, mesmo que você esteja gritando tanto que pareça que vai explodir as paredes com o seu orgasmo? — perguntei.
Ela pareceu ligeiramente chocada e tampou a boca com o guardanapo, rindo da minha frase. Ponto para mim.
— Entre quatro paredes, null — ela murmurou, fazendo o meu nome soar como uma coisa mística — Vale muitas coisas que em um jantar... — ela passou a mão por cima da mesa, ilustrando o que dizia — Não vale.
— Mas me chupar vale? — perguntei.
Ela pegou um camarão do prato com o indicador e o polegar e levou-o a boca, chupando o molho ao redor dele. Ai, cacete.
— Acho que sim — disse, por fim.
O arrepio correu por toda a minha coluna e eu tomei uma lufada de ar, balançando a cabeça negativamente para ela.
— Não sei o que eu faço com você — eu confessei.
— Tudo bem — ela falou, o sorriso de lado, convencido, estampado em seu rosto. — Eu gosto de você assim, meio rude, mesmo.
Eu abri o maior dos sorrisos e apertei meus lábios, segurando-os em meus dentes. Ela riu da minha expressão sacana, um pouco contida porque o restaurante começava a encher, junto com os minutos iniciais da novela, como de costume.
— Então eu ainda posso dizer que eu tô morrendo de vontade de te arrastar pelos cabelos até o banheiro, rasgar toda essa lingerie deliciosa que você tá vestindo e foder você, toda aberta pra mim, só com esses sapatos?
Ela demorou quase um minuto inteiro tentando se recuperar do engasgo que minha frase a causou. Achei ótimo saber que era fácil recuperar o controle da situação.
Embora eu precisasse confessar que deixá-la solta tinha sido... estupendo.
— Você tem fetiche com sapatos? — ela questionou, olhando ao redor, aparentemente não muito feliz em ver uma mesa próxima ser ocupada. Eu também não estava.
— Tenho com os seus — eu disse.
— Você quer fodê-los? — perguntou.
— Não, eu quero foder você com eles.
— Então cale a boca.
Foi como levar uma bofetada na cara, mas eu podia ver o motivo. null ainda precisava se soltar um pouco mais para ser o tipo de garota que não gostava só de correr o risco de ser pega em uma foda pública, mas de não se importar que isso acontecesse realmente.
Achei que, com o pai dela, isso não deveria acontecer muito rápido.
Só que eu não me importava.
Comemos em silêncio por algum tempo, antes que eu soltasse algum comentário qualquer sobre a novela e como o jantar estava delicioso. null, que estivera tensa, pareceu relaxar ao ver o papo fluir para aqueles assuntos.
Nossas mãos acabaram se procurando por cima da mesa, enquanto conversávamos amenidades e era piegas, mas tinha sido legal.
— Vou ao banheiro e aí eu pago e vamos pra casa pra eu poder tirar essa sua roupa gostosa — eu disse, me levantando.
Ela riu e balançou a cabeça negativamente. Fui até ela e lhe dei um beijo nos lábios, um selinho em que nós dois apertamos nossas bocas uma contra a outra, desejando que fosse mais do que era.
Ela mordeu o lábio assim que eu me afastei.
— Volta logo — disse.
E eu fui, me tremendo por dentro.
Fiz o que eu tinha que fazer o mais rápido que eu pude, lavei minhas mãos e saí, já tencionando ir ao caixa, pagar e arrastar null para dentro do carro e, se ela não ficasse de frescurinha, ia comê-la ali mesmo.
Porém, me admirei ao ver null passar por mim como uma bala, quase não me dando tempo de puxá-la pelo braço para pará-la.
— Ei, vem aqui! — eu comemorei a iniciativa dela. — O banheiro tá vazio...
À díspar do que eu achava, ela arrancou o braço do meu aperto com força e me encarou com os olhos marejados, me deixando com dúvidas se era de mágoa ou de raiva.
Talvez fosse os dois.
— Você é um idiota — ela cuspiu.
Estava ardendo em ódio e ainda conseguia fazer a graça de sussurrar o xingamento para não chamar a atenção.
— O que eu fiz agora? — perguntei, ainda olhando ao redor, vendo se havia alguém ouvindo a conversa ou algo parecido.
Um lampejo de cabelos dourados me fez gelar em meu lugar. Ah, não.
— O que você fez? — ela riu, nervosa. — Eu acabei de conhecer uma garota bem desagradável chamada Kamille. Ela veio me perguntar o que eu estava fazendo beijando o noivo dela.
Puta merda.
Eu estava muito fodido.
Verdade
Ela se aproveitou do tempo em que eu fiquei estarrecido, parado e encarando o nada para fugir de mim e sair do restaurante batendo os pés de raiva. Assim que me recuperei, eu saí correndo atrás dela; ela passou por onde o carro estava estacionado e seguiu para a pista sem nem parar para pensar.
— null, espera — eu gritei, correndo para alcançá-la — Onde você está indo? — ela nem pestanejou à minha pergunta — O carro tá aqui!
Ao ouvir minha voz mais próxima dela, ela pareceu apertar o passo e quase correr para longe de mim. Eu logo percebi para onde ela estava indo: estava seguindo a rua até onde ela encontrava com a autoestrada que cortava o caminho entre Goiânia e Brasília.
— Eu vou pegar um ônibus! Deve ter algum desses aqui nesse fim de mundo. Vou pra Jataí, pra Brasília, pra qualquer lugar que seja longe de você!
Era cerca de nove da noite. Até ela chegar lá, já deveria estar passando das dez horas e ela planejava pegar um ônibus.
Tudo o que ela conseguiria pegar com aquele vestido seria algum caminhoneiro tarado querendo fazer um programa com uma prostituta gata.
Decidi que, mesmo que eu não conseguisse pará-la, eu a seguiria para qualquer lugar que fosse. E foda-se.
— Você é doida? — eu joguei a pergunta e tudo o que ela fez foi apertar as mãos em punho, com raiva — Essa hora, na estrada? E suas coisas estão todas na fazenda, seus documentos, sua carteira... — eu precisava tentar fazer alguma coisa para impedi-la ou ao menos parar para me ouvir.
Nem pestanejou; continuou batendo seus saltos vermelhos contra o asfalto escuro. Naquele momento, passou um carro e buzinou para ela, apenas para ilustrar o que eu estava dizendo. null e eu demos dedos do meio ao mesmo tempo para o motorista.
Eu ri. Ela apenas me olhou com muita raiva e voltou a andar em direção à autoestrada como se nada tivesse acontecido.
— Posso pagar boquetes por uma passagem, provavelmente vou me sentir menos imunda do que pagar um pra você. — me respondeu mesmo assim e eu senti uma porrada no estômago como se eu tivesse acabado de levar um soco. Ela não podia falar assim do melhor boquete da minha vida, era totalmente injusto. Se ao menos ela me escutasse... — Vai valer alguma coisa, pelo menos.
Eu não sabia o que fazer. Tudo o que eu queria era que ela parasse um segundo sequer para que eu pudesse explicar para ela que eu não tinha nada a ver com aquela merda, que toda aquela história tinha sido inventada sem o meu consentimento e, que se fosse importante, ela teria sabido.
Mas não era.
O importante da história toda era que ela estava escorregando dos meus dedos em menos de vinte e quatro horas de sexo intenso e eu não queria. Eu queria mais tempo dentro dela, muito mais.
— Não fala assim, baby — eu quase choraminguei, sem saber o que fazer. — Deixa eu te explicar!
Ela parou, como se eu tivesse dito palavras mágicas, e então soltou uma gargalhada que arrepiou os pelos do meu corpo.
De medo.
— Explicar? — ela girou, ficando de frente para mim, os olhos ardendo em chamas de ódio. — O que você vai me dizer? Não é nada disso que você está pensando, baby — ela tentou imitar a minha voz e seria cômico se não fosse trágico. — É sempre a mesma maldita frase! E sabe o que é o pior? Você me fez de idiota! Aliás, você fez nós duas de idiotas, mas ela... ela deve ter a floresta Amazônica inteira na cabeça, mas eu não tenho nada a ver com isso!
Ela estava completamente irada e, como antes, quando ela parecera desconfortável quando eu lhe disse meu número, tentei me colocar no lugar dela.
Se, em uma realidade alternativa, null tivesse ficado com null depois daquele presente patético que ele dera para ela; se eu tivesse me levantado para dar uma volta e eles tivessem ficado juntos e, depois da gente transar e estar naquela montanha russa maravilhosa que éramos nós dois conectados como estávamos, eu encontrasse null casualmente na rua e ele me dissesse que null e ele iriam casar.
Em uma realidade bem alternativa mesmo.
Eu provavelmente teria perdido muito mais a cabeça do que null, batendo seus pezinhos deliciosamente calçados pelo asfalto duro, cismada em me fazer pagar pela minha mentira.
Que nem havia sido uma mentira, na realidade.
— null, se você se acalmar... — eu tentei dizer.
Ela passou a mão pela bochecha — estava chorando? — e olhou para o alto, balançando a cabeça negativamente, como se não acreditasse que isso estava acontecendo. Mas era uma espécie de deboche como se ela estivesse dizendo, com todo o seu corpo Eu não acredito que eu não pude prever essa, que estava me doendo.
— Se eu me acalmar o quê, null? — ela questionou, a voz em um meio do caminho entre o choro e o riso — Você vai dizer meia dúzia de palavras quentes e achar que pode me levar pra cama por causa disso? — ela soltou uma risada nervosa; nós havíamos acabado de conversar sobre isso e eu me sentia muito mal em estar no extremo oposto do proposto no jantar — Eu não sou idiota! — ela quase gritou.
Eu já estava entrando em desespero. O que mais eu podia dizer para null para ela parar com aquele draminha e me escutar de uma vez?
Resolvi tentar o básico do básico:
— Só vamos conversar, está bem?
Ela passou as duas mãos pelo rosto e ambas foram ao cabelo, mostrando que ela estava tão desesperada quanto eu. Ela devia querer entender, encontrar alguma versão lógica que a fizesse acreditar em mim.
E eu tinha uma. Só precisava conseguir sua atenção.
— Nós não temos nada pra conversar, nada! — null aumentou a voz, me fazendo levantar uma sobrancelha. Todo aquele jantar tinha sido aos sussurros, sem nenhum berro, e aí estava ela, perdendo a cabeça comigo outra vez — Ela é sua noiva! — ela exclamou, perdendo-se em uma risada nervosa que acabou com um soluço que ela logo segurou, tapando a boca por alguns segundos antes de continuar — O que se teria que conversar sobre isso?
Ela não queria entender? Okay. Ela estava com raiva? Okay. Realmente, tudo certo, era uma reação lógica, até. Mas não querer ouvir a minha explicação era a coisa mais imatura do mundo e foi isso que me irritou.
— Ela não é minha noiva, cacete! — eu urrei para ela. null se assustou e deu dois passos para trás, me encarando cheia de dúvidas e de perguntas. Respirei fundo e tentei continuar, mais calmo e pacifico, antes que sua resposta não me fosse favorável — Quero dizer... Ela até é, mas eu nunca quis que ela fosse.
Agora eu tinha toda a sua atenção. Ela meneou a cabeça e apertou os olhos para mim, avaliando, em minha expressão, a verdade ou a mentira, como se conhecesse todos os meus trejeitos. Eu não duvidava.
Quando pareceu suficientemente satisfeita para me dar o benefício da dúvida, ela deu um passo à frente e eu dei todos os possíveis até que eu pudesse enlaçar sua cintura e segurá-la para ela não fugir nunca mais.
— Como assim? — perguntou, baixinho, quase sem saber se estava fazendo a coisa certa ou não.
Coloquei meu nariz no dela e senti-a estremecer, sem se afastar. Tentei levar meus lábios aos dela, mas ela virou o rosto, soltando um suspiro e respirando fundo.
Certo. Eu ainda não estava perdoado.
— Será que... será que a gente pode só conversar? — perguntei.
Ela apoiou a testa em meu ombro e continuou respirando profundamente até que eu entendi que ela estava tentando se acalmar.
— Tá — disse, por fim.
Dedilhei meus dedos pela cintura dela, sentindo a base de seu corpete por cima do pano do vestido — e só de pensar que eu estava correndo o risco de não conseguir aproveitar a minha surpresa...
Escorreguei meu nariz por seu pescoço de arrastei meus lábios até sua orelha, sentindo-a estremecer. Todos os efeitos que eu causava nela estavam ali, eu só precisava que ela se rendesse.
— Em casa? — eu sugeri.
Ela suspirou mais uma vez e senti a movimentação da sua cabeça antes que a voz me chegasse ao ouvido:
— Tá.
Eu tinha certeza de que esse monossilabismo dificilmente era um bom sinal, mas ainda era melhor do que gritando ou fugindo de mim para passar a noite pagando um boquete para um caminhoneiro qualquer.
Sem dizer mais nada, eu soltei um braço do entorno dela e deixei-me ficar ao seu lado, guiando-a calmamente no caminho de volta até o carro, sem dizer uma palavra sequer. null me acompanhou, parecendo um bocado nervosa e contrariada, mas não pareceu que fosse me soltar e sair correndo, então não me alertei.
Abri a porta do carro para ela e ela me lançou um olhar meio duvidoso, meio magoado, antes de aceitar e entrar. Soltei um longo suspiro quando ela negou meu beijo mais uma vez, mas tentei não me chatear tanto.
— Me espera aqui, eu vou pagar a conta do restaurante e já volto, tudo bem? — eu disse, antes que ela pensasse que eu a estava abandonando por nada.
— Tá — ela disse, mais uma vez.
Eu devia estar muito, muito ferrado mesmo, para ela não ter nada a mais para me falar. Silêncio demais nunca, nunca era bom.
Eu ainda estava perdido em como eu iria explicar tudo aquilo, mais como eu pretendia me livrar daquilo, com calma, sem magoá-la e deixando-a entender tudo, mesmo estando irada comigo.
Eu estava indo ao caixa, fingindo não notar a expressão aliviada do garçom quando eu passei por ele com meu cartão na mão, quando meus olhos bateram na figura loira que abrira os portões do inferno.
Preferi ir ao caixa antes que todos os funcionários do local enfartassem ao mesmo tempo comigo ignorando totalmente a minha conta. Assim que paguei, eu atravessei todo o recinto até ela, encostada em uma pilastra externa do restaurante, esperando por mim, sabendo que eu iria.
— Que merda você pensa que está fazendo? — eu inquiri, revoltado — Se a porra da sua vida tá uma merda, é um problema seu, não se meta na minha!
— Seu pai sabe que você está transando com ela? — ela perguntou. — Porque meu pai não vai gostar nem um pouco.
— Que se foda você e o seu pai e todo esse caralho junto! — eu berrei — Não se meta com ela! Entendeu?
Não esperei sua resposta porque sabia que, se eu ficasse ali, a discussão só ia aumentar — e eu já tinha null, irritada, me esperando no carro para mais uma discussão que eu sabia que não seria muito fácil.
Abri a porta do carro e entrei, colocando o cinto e girando a chave na ignição. null nem pareceu notar que eu estava ali, não esboçou qualquer reação à minha presença. Resolvi que era melhor resolver tudo de uma vez.
— Ei — eu chamei. — Resumindo a história... Meu pai e o pai dela tentaram comprar um a fazenda do outro, sem sucesso. Então eles acharam por bem que nós devíamos nos casar para as fazendas se fundirem sem problemas. — eu soltei uma risada nervosa. — É bem idiota, na verdade. Nós nos odiamos.
— Ela é linda — foi tudo o que ela conseguiu dizer.
— Você é mais — eu lhe disse.
Arrisquei colocar a mão sobre a sua coxa e ela não a afastou. Virou o rosto para mim, novamente, os olhos molhados de lágrimas derramadas e nervosas. Eu sorri, triste, e deixei um beijo rápido em sua boca, sabendo que não havia terminado.
— null... — eu chamei-a, quase que como um alerta. Ela apertou os olhos, entendendo rapidamente que tinha mais e voltou a sua posição original, sem me encarar. — Eu recentemente... recebi uma coisa que... Hum... Pode me tirar dessa situação.
Ela me encarou e eu entendi que ela sabia. No fundo, ela sabia o que tinha acontecido, mesmo que ninguém lhe tivesse dito nada. Todas as pontas soltas estavam ali, a despedida do pai dela, o irmão, Gabriela e a incrível obsessão de seu pai sobre ela ter um namorado e como eu agi esquisito com ele nos nossos últimos dias de viagem.
— O que meu pai te deu? — ela perguntou.
Eu cocei a cabeça e passei meus dedos pelos olhos. Eu sabia que ela ficaria arrasada — se já não estava — por nós dois. Ela, por ter lhe trocado por alguns pedaços de papel e eu, por ter aceitado.
— Cartas de recomendação pras prefeituras comprarem nossa mercadoria — eu disse e acrescentei, rapidamente — null, eu não usei. Eu não sabia como te falar sobre isso e o seu pai me pediu pra não dizer, mas eu não teria usado sem falar com você...
Ela agora estava olhando para a janela do seu lado, não me deixando ter nenhum vislumbre de seu rosto. Mas eu não precisava ver para saber que ela estava chorando.
— Tudo bem — ela disse, com a voz arrastada.
Eu não fazia ideia do que tudo bem podia significar naquelas condições. Abaixei o freio do carro e resolvi começar a andar com ele para ter algo em que me concentrar que não me deixasse maluco, desovando todas as possibilidades em minha mente.
— Tudo bem? — eu perguntei, ainda em dúvida sobre o que isso significava.
Consegui sair do estacionamento do restaurante e pegar a rua de volta para a fazenda. O farol estava no máximo e, mesmo assim, com tanar luzes queimadas, era difícil ver muito à frente. Não consegui deixar de pensar em que aquele era, com certeza, um bom lugar para transar ao ar livre.
— Tudo bem, faz o que você quiser com elas — ela explicou. — Usar ou não, não vai mudar minha situação com ele, vai? E se vai ajudar você... Tudo bem.
— Tem certeza? — perguntei.
Ela riu, nervosa, e concordou com a cabeça. Vi-a encostar a testa no vidro da janela e respirar fundo, os olhos fechados e as lágrimas descendo pela bochecha sem que ela as conseguisse controlar.
— Tenho. — disse.
O silêncio de perpetuou no carro, sendo interrompido algumas vezes pelo choro nervoso de null, enquanto ela tentava se controlar. Nós já estávamos passando pela entrada com a fazenda quando eu me incomodei.
— Está tudo bem mesmo? — perguntei.
— Não estou mais zangada com você — ela disse, direta como era.
— Não?
— Não.
Soltei um suspiro quase aliviado, mas ainda estava nervoso; o motivo era óbvio, o problema não ser comigo não significava que não havia um problema.
— Mas você está chorando... — eu disse.
null soltou um grande suspiro, ainda encarando a janela ao seu lado. Demorou um longo minuto antes de responder.
— Pode ser.
— null... — eu chamei-a, alerta.
— É ele — ela disse, rapidamente.
Eu estava tão zangado quanto no momento em que Carlos me entregara os papéis. É ele, se repetiu na minha mente, enquanto eu gritava comigo mesmo por não ter metido a porrada nele enquanto pude; por que ele tinha que ser tão ridículo com null?
Apertei minhas mãos ao redor do volante, querendo voltar no tempo e dar um jeito nisso tudo só para evitar as lágrimas dela.
— Não vou usar essa bosta desses papéis. — anunciei, porque era a única coisa que eu podia fazer agora.
null soltou um longo suspiro e virou o rosto em minha direção, parecendo zangada. E era comigo, agora.
— Eu agora quero que você use e, se você não usar, eu vou fazer greve de sexo com você. — disse.
— Greve de sexo? — achei graça.
Ela cerrou os olhos em minha direção e eu engoli a seco, me arrependendo de tirar sarro dela quando ela estava tão séria e aquém de brincadeiras como naquele momento.
— É. — afirmou.
— Você não consegue fazer greve de sexo. — eu ainda disse.
Fala sério, um soprinho em sua orelha e ela era toda minha. Eu sabia seu ponto fraco agora, em meio segundo e ela estava na minha.
— Você está duvidando, null? Quanto tempo você demorou pra conseguir me convencer a ir pra sua cama?
Revirei os olhos, estacionando na porta de casa. Eu não podia duvidar da força de vontade dela de forma alguma; ao menos, não se eu não quisesse me ferrar.
— Você está certa. — eu disse, saindo do carro — Não falei nada.
— Isso mesmo. — ela riu.
Ela riu.
Soltei um suspiro aliviado e logo estava ao lado dela, em frente à porta, com a mão em sua cintura.
Testei seu humor com um beijo, que me foi respondido com um de seus doces beijos de agradecimento. Deixei-a dominar a situação porque eu gostava daquele tom — e porque eu não tentaria nenhum tom mais intenso com ela naquela fragilidade.
E, naquela noite, eu deixei-me experimentar algo ao qual eu nunca me interessara antes: nós fizéramos um sexo calmo, tranquilo, cheio de beijos e sussurros apreciativos.
E tinha sido muito bom.
Confuso
Eu não estava satisfeito.
null e eu tínhamos transado cerca de sete vezes no dia anterior e eu simplesmente não estava satisfeito.
Eu tinha me mexido demais, desconfortável e nervoso na cama, como se estivesse muito calor — mas não estava, o ar condicionado estava ligado na temperatura mais baixa —, e null havia se desvencilhado de mim com um resmungo, indo dormir na sua ponta da cama.
E aí ficou frio demais, sem ela por perto.
Meu ventre estava se revirando de vontade. Já era de manhã, talvez fosse umas nove horas, e tudo o que eu queria era ter um pouquinho de sexo com ela, de preferência do meu jeito, porque, do dela, só me deixava com mais vontade.
Nós tínhamos transado duas vezes à noite, de um jeito tranquilo e delicioso que me revirava inteiro por dentro. Era bom, mas, quando acabava, eu só queria mais dela, mais daquilo, mais de tudo.
Talvez se eu a pegasse pelos cabelos e a fodesse de quatro, aquele comichão insuportável iria parar. Um pouco.
Respirei fundo e virei o rosto para ela, que dormia confortável e encolhida do meu lado na cama. Seus cabelos estavam caídos sobre o rosto e havia um sorriso leve e despreocupado em sua face, indicando que estava tendo um sonho bom. Estava nua, suas curvas deliciosas escondidas pelo edredom, que a envolvia dos ombros até os calcanhares, deixando os pés de fora — detalhe que eu já havia reparado e achava bastante graça.
Rolei meu corpo até ela e passei meus braços por sua cintura, puxando-a para mim. Ela resmungou algo em apreciação, mas apenas suspirou, sem demonstrar nenhuma vontade de acordar.
Comecei a beijar seu pescoço.
— null... — chamei — Acorda, baby.
Ela soltou um murmúrio dividido entre a excitação e a preguiça. Soltou um suspiro longo, enquanto eu a encarava, esperando os efeitos dos meus beijos e da minha frase aparecerem em sua face adormecida.
Senti seus braços em meu pescoço e as mãos se entranhando em meu cabelo, fazendo carícias leves e doces, o que me fez sorrir feito um bobo, vendo-a entreabrir os olhos para me olhar.
— De novo, é? — ela questionou.
Ela mordeu o lábio inferior e eu concordei com a cabeça, ainda sorrindo de forma idiota. null bocejou, fechando os olhos novamente e soltando um suspiro.
Levei meus lábios aos dela e ela aceitou o beijo na minha velocidade, mais intenso e nervoso, só que colocou uma pitada da leveza do seu beijo de agradecimento, o que arrepiou os pelos da minha nuca, em que seus dedos dedilhavam, meio sem muita concentração.
Estranhamente, aquele beijo me pareceu familiar.
— Vamos, baby — eu pedi — Por favor.
Ela fez um bico engraçado e balançou levemente com a cabeça, dizendo não, o que me murchou por inteiro. Ela forçou o braço ao meu redor e tentou envolver minha cintura com sua perna.
Eu ri porque ela estava, claramente e sem nenhum sucesso, tentando me aplicar um golpe de luta. Como se fosse conseguir.
— Não, eu tô... — bocejou — Muito cansada. Mas deite aqui...
Meio contrariado e ainda um pouco grilado, eu me deitei ao seu lado e ela girou para cima de mim, descansando a cabeça em meu peito. A comichão diminuiu um pouco.
— Não vai nem levantar pra correr hoje? — perguntei.
Vê-la em roupa de malhar sempre era muito bom, mas eu ainda não tinha tido a oportunidade de arrancá-la com minhas próprias mãos. Talvez pudéssemos ter, finalmente, o banho que ela me prometera ainda em Brasília.
— Ah, baby, eu perdi calorias o suficiente por umas seis horas de caminhada, ontem — ela riu e abriu os olhos, levantando a cabeça para me olhar. Senti sua mão em meu peito, dedilhando-o como se o conhecesse como ninguém — Acho que você me levou a nocaute — disse, por fim.
Eu levantei a sobrancelha para sua sentença e ela sorriu, levando os lábios até os meus. Beijou-me daquele jeitinho doce que eu estava aprendendo a gostar, mas meu desespero por ter mais me fez tentar avançar o beijo para algo mais intenso e nós ficamos presos no meio do ardor e da doçura, ao que ela encerrou com uma risadinha, deitando-se ao meu lado e dormindo rapidamente.
Entortei o lábio e fiquei encarando-a dormir, tentando entender por que eu estava tão incomodado com aqueles dois beijos. Haviam sido só beijos, não? Beijos legais, nos quais eu estava querendo-a e ela, muito cansada, sem conseguir me acompanhar.
Eu quase ouvi um estalo quando finalmente a memória me acometeu. Aquele beijo tinha sido igualzinho quando eu a beijei, meio que a força, brigando pelo controle remoto. Igualzinho, sem tirar nem pôr.
Mas não fazia sentido.
Ela não podia estar agradecendo por eu ter a impedido de mudar de canal, podia?
Encarei-a por um longo momento, avaliando sua expressão e pensando o que é que podia estar passando naquela sua cabecinha explosiva e nervosa. Sua reação exagerada, na noite anterior, quase tinha me provocado um enfarte. Ela estava tão irada com a possibilidade de eu ter uma noiva que mal me dera chance de explicar, mas quando eu lhe mostrara que podia haver alguma lógica, ela aceitou tudo instantaneamente.
Por quê?
Passei a mão pelo seu cabelo e ela soltou um suspiro, me informando que ainda estava desperta.
— Você fez algo no cabelo? — perguntei.
— null, me deixa dormir! — ela murmurou, a voz saindo meio estranha. Estalei os lábios, contrariado, e ela suspirou. — Eu alisei quando fui ao shopping.
— Eu gostava dos cachos — eu disse.
— Tá bom.
Irritada, ela virou para o outro lado e jogou o travesseiro sobre a cabeça. Sorri, achando graça, e me levantei da cama, sabendo que, se eu ficasse ali, minha cabeça não ia me deixar permitir que ela dormisse; e, se ela não dormisse, eu não teria sexo tão cedo.
Preparei um sanduíche pra mim e fiquei meia hora sentado na bancada da cozinha, tomando leite quente e pensando no que estava de errado com null e o beijo dela, que eu não conseguia entender.
Depois eu comecei a listar todos os beijos parecidos que eu já havia levado que foram parecidos com aquele que ela me dava.
Samanta, Bianca, Andressa, Lorena, Mônica...
Todas essas garotas eram apaixonadas por mim.
Eu pensei que eu deveria trocar o leite por vodka. Eu precisava beber um pouco se era mesmo isso que estava acontecendo.
O que mudava?
Eu já tinha quebrado o coração de tantas garotas, o que mudaria se null estivesse apaixonada por mim? E, se estava, o que eu havia feito? O que tinha mudado?
Eram muitas perguntas na minha cabeça e eu não estava acostumado com isso. E com aquela vontade imensa de ter que saber o que se passava com ela...
O que mudava?
Bati com minha testa na bancada e tomei um longo suspiro, tentando colocar meus pensamentos em ordem. Eu não queria magoá-la. null era gente boa, gostosa aos extremos, tinha uma boca nervosa tanto para sexo quanto para palavras e curtia facilmente um desafio. Ela era um bom achado e eu não queria que ela se magoasse por minha causa quando aquilo tudo acabasse.
— Você podia ter dormido na cama, era só não me pentelhar — levantei a cabeça para encontrar null caminhando lentamente em minha direção, vestida com a minha camisa, como eu já adorava.
Ela sorriu e me deu um selinho, procurando rapidamente o que comer. Deu uma olhada na minha xícara e achou por bem roubar o resto do meu leite para si.
— Estou só pensando... — eu murmurei.
Ela pegou o pote de torradas e se serviu, jogando uma no meu prato vazio, à minha frente. Franzi a testa em sua direção.
— Uma torrada pelos seus pensamentos — disse, rindo.
Eu ri e balancei negativamente a cabeça. Era isso que eu estava pensando antes, essa coisa espontânea e descolada que ela tinha, sincera e sempre direta. Era o tipo de garota que não se importava em tomar a dianteira e nem em esconder o que sentia.
Achei que era melhor eu perguntar antes que minha cabeça explodisse. E, então, eu descobriria o que eu ia fazer.
— null, você gosta de mim?
Ela estava segurando uma torrada e levando-a até a boca, quando parou instantaneamente e jogou todo o corpo para trás em uma gargalhada. Continuei encarando-a, esperando, e ela olhou para mim e juntou nossas bocas em um selinho rápido.
— Claro, baby — ela disse. — Já te falei, não estou zangada.
A mão dela ficou um longo segundo na minha coxa, por cima da bermuda, antes de ela se levantar com a caneca nas mãos, parando à geladeira para encher com mais leite.
— Não foi isso que eu quis dizer... — eu sussurrei. Ela se levantou, de costas para mim, mas eu sabia que ela agora estava alerta. — Estou perguntando se você está apaixonada por mim.
null permaneceu com a geladeira aberta por um longo momento, antes de fechá-la e colocar a caneca com o leite no micro-ondas e programá-lo para um minuto. Virou-se, então, de frente para mim, e ela não exibia mais sua expressão despreocupada e brincalhona; estava compenetradamente séria.
— Sim — respondeu, simplesmente. — Algum problema pra você?
Algum problema para mim?
Tinha algum problema para mim?
Eu fiquei encarando o nada, pensando no ponto inicial, que me incitara a fazer aquela pergunta. Alguma coisa mudava?
E se eu sentisse o mesmo?
Respirei fundo, os pensamentos todos embaralhados na minha mente. null havia dito que eu estava caído por ela e ele previra que eu não ia me satisfazer com o que eu tinha em mente. Cê vai topar qualquer coisa com ela, ele havia dito.
Eu nunca havia me apaixonado antes, mas nunca tinha ficado tão obcecado com uma garota quanto estava por null. Nunca tinha sentido aquelas coisas malucas quando alguém me beijava, e eu sentia com ela.
E se eu estivesse mesmo apaixonado?
— Não — eu respondi para ela, que parecia quase me engolir com o olhar, esperando pela resposta.
O problema é que eu acho que eu sinto o mesmo e não sei o que fazer com isso.
O micro-ondas apitou e ela virou-se para tirar o leite, mas voltou-se para mim rapidamente, franzindo as sobrancelhas.
— O que você disse? — perguntou.
Quê? Eu tinha dito aquilo em voz alta?
— Ah... Nada — eu disfarcei. Ela colocou a caneca sobre a pia e começou a procurar o açúcar e o nescau. — E isso foi... tipo assim... agora?
Ela riu, colocando uma colher cheia de açúcar na caneca. Parecia não estar muito incomodada em falar sobre os próprios sentimentos e era mais um ponto que eu admirava nela. Eu não conseguiria.
— Você quer saber desde quando? — ela perguntou, olhando-me por cima do ombro. Concordei com a cabeça. — Ah, bom, basicamente... Desde que a gente se conheceu.
Deixei meu queixo cair e ela riu mais uma vez, e ela riu, voltando a prestar atenção no seu leite.
— Sério? — perguntei, impressionado. Ela concordou com a cabeça — Por que você demorou tanto tempo para deixar eu te comer, então?
Ela soltou um longo suspiro, batendo com a colher para misturar o açúcar e o nescau com o leite. Virou-se para mim, segurando a caneca com cuidado.
— Porque você é um idiota — ela repetiu seu xingamento favorito para me definir, caminhando de volta ao banquinho ao meu lado — E eu ainda não acredito que eu aceitei um relacionamento com data de validade com você, então cale sua boca antes que eu mude de ideia.
— Desculpe — eu disse, imediatamente.
Ela riu, despreocupada, e só então eu percebi que ela estava brincando com a minha cara. Passei meu braço pela cintura dela e apoiei-o no banco, puxando-a para mais perto, enquanto ela ria e apoiava o leite na bancada para não derramar.
Grudei meus lábios nos dela; eu precisava sentir aquele beijo com aquela nova informação, notar, em mim, o que isso mudava.
O que mudava era que meu coração batia mais nervoso e o meu ventre pedia para derramar mais um monte de porra dentro dela.
— Posso tomar café agora? — perguntou, encerrando e beijo e ainda rindo. Concordei, girando seu banquinho, eu mesmo colocando-a virada para a bancada. — Então, já que estamos fazendo perguntas pessoais e sendo sinceros... — ela passou manteiga na torrada — Me diga, é desse tipo de coisa pesada que você gosta? — perguntou, mordiscando-a.
Coisas pesadas... Manteiga?
— Ãhn? — questionei — Que tipo de coisa pesada?
Ela girou os olhos e vi suas bochechas ganhando cor enquanto ela terminava de mastigar; antes mesmo de ela falar, eu já estava sorrindo, suntuoso, sabendo que o assunto estava de volta na área que eu dominava.
— Bom... Você me amarrou e... — ela levantou um dedo e foi seguindo, como se contasse. — Tentou me matar sem me deixar gozar logo, quase arrancou meus cabelos, me pegou pelo pescoço, meteu na minha bunda sem avisar... Está bom?
Eu estava rindo porque, embora ela parecesse falar com propriedade, suas bochechas ainda estavam coradas e ela resolveu se esconder, tomando um pouco do leite.
— Me parece um plano ótimo para o que devíamos fazer hoje — eu disse. Ela riu e me deu um tapa, mais um idiota saindo dos lábios dela — Sim. — eu pontuei. — Algum problema pra você?
Ela sorriu de forma doce e suspirou, revirando os olhos. Meu braço estava ao redor de seu corpo e eu coloquei minha mão em sua coxa, acariciando-a levemente, tentando encaixá-la no vão entre suas pernas.
— Não exatamente — ela disse. — Só é tudo novidade pra mim e, por favor, não me pegue mais de surpresa.
Soltei uma gargalhada eletrizante e arrisquei levar meus lábios até sua orelha. Ela já se remexeu inteira antes mesmo de sentir minha respiração batendo ali. Levei minha mão até sua bunda e apertei-a levemente.
— Doeu, foi? — questionei. Ela revirou os olhos e concordou com a cabeça. — Já disse que vou com calma da próxima vez.
Ela demorou um pouco para me responder, mastigando sua torrada tão pateticamente devagar que eu quase a sacudi para ver se a comida descia mais rápido.
— Não é disso que eu tô falando não — disse. — Quero que você me fale o que quer fazer pra eu poder... hm... absorver a ideia.
Caras limpas. null gostava de caras limpas e cartas na mesa. Eu estava compreendendo isso melhor, agora. Ser sincero com ela era o melhor jeito de conseguir tudo o que eu queria e, curiosa como ela era... iria aceitar.
— Quero comer sua bunda. — eu disse.
Minha mão escorregou para o meio entre as bandas de sua bunda, por debaixo da blusa e, muito contente em não encontrar nenhuma calcinha, tentei escorregar o dedo até a sua entrada, já sentindo meu pau crescendo dentro da cueca.
— Isso eu já entendi — ela disse. Sua mão segurou-me pelo pulso e tirou minha mão da área de perigo — Mas eu preciso de alguns dias.
Eu estava achando muita graça porque, mesmo que todos os pelos de seu corpo estivessem arrepiados com a ideia, ela continuava dizendo não. Novamente, se eu tivesse jogado limpo com ela e não tentado meter de qualquer jeito, talvez a bundinha dela já fosse toda minha.
— Minha culpa? — eu ri quando ela concordou com a cabeça. — Quero explorar as coisas que você gosta com as coisas que eu gosto.
null parou com a torrada na boca, em meio em uma mordida, franzindo a testa em minha direção.
— Como assim? — soou como mofo afim?, mas eu entendi.
Voltei a dedilhar minha mão pela sua coxa e ela me deixou puxar sua perna para o lado, para encaixar minha mão em cima da sua virilha. Ela soltou o ar com força e abandonou a torrada no prato na hora, então virei sua cadeira para ela estar de costas para mim e puxei-a, deixando-a encostar a cabeça em meu ombro, meio deitada.
— Você gosta de provocar e se exibir. Eu gosto de correr riscos. — expliquei para ela, com calma, porque eu já sabia que era algo que ela deveria querer, devido ao restaurante, mas que provavelmente tinha grilos por conta dos problemas que já havia causado para o pai por causa do seu mau comportamento. — Quero transar com você ao ar livre.
Ela já estava de olhos fechados e mordendo o lábio e eu nem tinha começado a esfregá-la. Estava com a mão por cima da virilha, insinuando que tentaria penetrá-la com o meu indicador em breve.
— Acho que tudo bem... — ela disse, em meio a um sussurro — Lá é... tranquilo.
Não estava nada bem, mas eu sentia sua boceta começando a ficar molhada o suficiente para ela aceitar.
Ela não estava totalmente confortável e iria pirar se alguém nos pegasse, mas se alguém nos pegasse... Era isso que fazia meu estômago revirar de vontade.
— Quero te prender, te amarrar, te foder de todas as maneiras. — continuei listando as coisas que eu queria fazer com ela, sentindo meus dedos se molharem cada vez mais na sua excitação.
— Hm — murmurou.
Suas mãos estavam em meu braço; uma em sua barriga, e ela passava a mão por todo o antebraço em um carinho um pouco esquisito, a outra estava apertando-se ao redor de meu pulso, pedindo que eu terminasse com aquela tortura e metesse meu dedo dentro dela o mais rápido possível.
— Tudo bem pra você? — perguntei.
Deixei meu indicador escorregar para dentro dela, finalmente. Seu corpo se curvou para frente e ela soltou um gemido delicioso que me arrepiou por inteiro. Mordi sua orelha com vontade e ela se contorceu em meus braços, deliciosamente.
— Até agora, está ótimo — disse.
Eu ri em sua orelha, sentindo-a se arrepiar. A ideia de que ela era minha por inteiro, de que ela estava apaixonada por mim e não desejava mais homem nenhum no mundo, fazia algo gostoso dentro de mim, como se houvesse algo se inflando.
Só minha.
— Mas já que você está nervosa, vamos começar com algo mais simples. — tirei meu dedo de dentro dela e ela soltou um suspiro, quase reclamando. — Eu tenho uns brinquedos no meu armário...
Brinquedos
— Que tipo de brinquedos? — questionou.
Eu ri, descendo do meu banco e ofereci a mão a ela, que aceitou, descendo do seu também. Puxei-a pela cintura, levantando a minha camisa que ela vestia para posicionar minhas mãos em sua bunda, apertando-a conforme a minha vontade. Ela riu e eu grudei meus lábios nos dela.
E pronto.
Lá estava, o meu tipo de beijo, arrasador, cheio de desejo e vontade e tudo mais delicioso impossível.
Embora eu sentisse falta do beijo gostoso que ela me dava quando acabávamos de transar, que agora eu sabia, era apenas o seu sentimento por mim saindo em ações — e era delicioso demais.
— Do tipo que você vai gostar muito — informei-a.
Ela riu, nossos lábios ainda meio grudados, o que me fez querer descer minha bermuda e meter nela ali mesmo, esquecendo de que havia um plano.
Ah, merda. A garota me tirava do sério e eu apenas desejava fodê-la o tempo todo. Como eu conseguia lidar com aquilo?
— E você já usou em alguém antes? — perguntou.
Deixei minhas mãos escorregarem para sua cintura e ela fechou os olhos à carícia que eu fazia na região, respirando fundo. Minha intenção era amolecê-la o suficiente para evitar algum tipo de ataque de ciúmes como havia tido na noite anterior.
— Eventualmente — foi a única resposta agradável que eu consegui lhe dar. — Mas tenho alguns brinquedos que nunca usei. Talvez você prefira... — ela riu e concordou com a cabeça, parecendo meio insegura com tudo, mas sem querer contestar, então eu continuei. — Vai ser gostoso, eu prometo.
Ela revirou os olhos, antes de fechar as pálpebras, e acabou por concordar com a cabeça. Soltei-lhe o maior dos sorrisos, o que a fez gargalhar, e a puxei pela mão para de volta ao quarto.
— Você é muito safado — ela disse, ainda rindo, enquanto eu a empurrava para se deitar na cama.
— Se você continuar falando, eu vou te amordaçar — caminhei até o meu armário, abrindo a parte que havia ficado comigo e indo ao fundo da minha gaveta de cuecas, tirando a caixa de sapatos, em que eu guardava meus brinquedos. — E eu vou adorar fazer isso...
Eu perdi o resto da frase ao me virar de frente para a cama e encontrar null passando os dedos pela boceta, já meio aberta, com a camiseta na altura da cintura, meio embolada, apenas tampando-lhe os seios.
— Pode fazer — estimulou.
Senti minhas entranhas se revirando de vontade porque null era, apenas, uma tentação. Sentei-me ao seu lado e deixei a caixa abandonada de qualquer jeito na cama para arrancar sua mão de onde estava e penetrá-la com dois dos meus dedos.
Como sempre, bem receptiva, ela jogou a cabeça para trás, fechando os olhos em meio a um montante de ar expirado e a boca entreaberta. Deixei meus lábios em sua orelha e ela se rebolou na minha mão.
— Não vou amordaçar você porque eu adoro os seus gemidos — informei-a. Como se só para me provocar, ela soltou um gemido para lá de delicioso. — Mas gostaria de deixar bem claro que você também é muito safada e que eu adoro isso em você. — empurrei-a para deitar na cama e tirei meus dedos de dentro dela. — Agora vamos tirar essa roupa pra eu poder ver seus seios, sim?
— Sim. — concordou, fazendo os pelos do meu corpo se arrepiarem inteiros, vendo-a levantar os braços e eu escorregar a camisa por ali.
Eu já adorava a forma com que ela simplesmente respondia às minhas ordens e provocações como se estivesse totalmente dentro daquilo, totalmente envolta na situação, sendo apenas guiada pela minha voz.
— Você gosta quando eu falo assim? — perguntei, minhas mãos em seus seios, apertando-os sem dó. — Digo exatamente o que eu vou fazer e então eu faço? — ela estava se contorcendo e eu já tinha a minha resposta, mas continuei provocando — É isso que você quer?
— Sim, por favor — gaguejou. — Fale sacanagens.
null me pediu por favor, fale sacanagens.
Céus!
— Hum... — murmurei, meio embasbacado com ela. — Quero que você feche os olhos agora, sim?
Ela me encarou nos olhos por um momento, antes de soltar um montante de ar e fechar os olhos, por fim. Sua expressão era nervosa; ela mordia o lábio inferior e o corpo inteiro estava meio travado, esperando o que quer que eu fosse fazer com ela.
— Relaxa, baby — sussurrei, os lábios em seu ouvido.
Ela soltou um suspiro e se esforçou em parecer tranquila, o que me fez rir. Rodeei o bico do seu seio, com a ponta do dedo, vendo-o se retrair cada vez mais. Quando me dei por satisfeito, peguei um pregador de dentro da caixa e prendi-o em seu bico.
Sua expressão foi estarrecedora; a surpresa foi exibida com clareza, seguida de uma leve expressão de dor, que logo mudou para prazer. Ri, em sua orelha, sentindo-a se arrepiar, enquanto posicionava minha mão das raízes de seus cabelos, na nuca, para puxá-los levemente por ali, do jeito que eu sabia que ela gostava.
— Bom, é? — exigi. Ela soltou um suspiro e abriu os olhos para me encarar, ainda mordendo os lábios.
Beijei-a longamente e troquei o pregador de seio, sentindo-a sobressaltar durante o beijo. Suas mãos passaram-se ao redor do meu pescoço e senti suas unhas em minha nuca, sempre ansiosas por mais.
— Agora, nem tanto — contestou, momentos depois, quando seus lábios se desgrudaram dos meus.
Soltei o pregador em meio ao riso. Eu, com certeza, conseguia arrumar algo mais intenso que aquilo, mas estava bom para uma principiante. Eu podia ser malvado de outro jeito com ela.
— Vamos fazer outra coisa, então — sugeri. Ela mordeu o lábio e encarou-me, enquanto eu tirava outra coisa de dentro da caixa. — Você sabe o que é isso?
Ela revirou os olhos e pareceu se divertir com a minha pergunta.
— Eu não sou tão estúpida assim, null — disse.
— E você já usou um desses? — perguntei.
Ela negou com a cabeça e eu vi suas bochechas corarem ligeiramente. Ajeitei-a melhor na cama, com uma de suas pernas sobre as minhas, bem afastada da outra. Passei uma mão ao redor da sua cintura, segurando-a firme contra meu corpo.
— Ele tem esses dentinhos aqui... — guiei sua mão até o vibrador, fazendo-a sentir as protuberâncias do mesmo. — Não sei como funciona dentro de você, mas parece que ele é mais gostoso. E isso aqui — levei sua mão para uma segunda protuberância, menor, afrente da primeira — Fica no seu clitóris. Vibrando também.
Ela engoliu a seco e concordou com a cabeça. Eu estava me divertindo simplesmente pelo fato de que estávamos abertos para fazer o que eu bem entendesse, contanto que eu lhe explicasse o que estava pretendendo fazer — não que isso fosse muito esforço; pelo contrário, estava me parecendo bastante excitante, na verdade.
— Vamos molhá-lo um pouco, então — sugeri.
Levei-o até a boca dela e ela percebeu o que eu queria alguns momentos antes que a ponta do vibrador tocasse seus lábios. Abriu-a e abocanhou-o quase por inteiro, se afastando e tossindo logo em seguida.
— Sem frescura. Eu sei que isso não é difícil para você — eu disse, dando-lhe uma piscadela de olho.
— É mais grosso que você — desculpou-se.
— Mas é menor — eu afirmei (e ai dela se ponderasse).
Suspirou e concordou com a cabeça, tentando novamente. Dessa vez, ela segurou minhas mãos e foi colocando-o na boca pouco a pouco, até que o estimulador de clitóris estivesse em seus lábios. Tirei-o de sua boca e ela fez uma careta, tossindo. Ri, beijando-lhe a boca de forma casta.
— Boa menina — suspirei. — Pronta?
Automaticamente, ela pareceu bastante ansiosa e excitada, mordendo os lábios, acompanhando todos os meus movimentos com avidez. Liguei o vibrador e ele respondeu intensamente, fazendo null se contorcer só de olhar. Meu pau, sob a coxa dela, pareceu responder a ambos os estímulos.
Levei meus dentes até sua orelha, sentindo-a respirar profundamente, e fui deslizando o vibrador nela pouco a pouco, ouvindo seus gemidinhos surpresos e intensos ecoarem por todo o meu quarto, arrepiando os pelos do meu corpo. Encaixei-o com cuidado, deixando o estimulador do clitóris encaixar-se com perfeição onde ele deveria estar.
Ela simplesmente explodiu em um espetáculo fenomenal. Seus quadris não conseguiam ficar parados, mexendo-se contra a firmeza da minha mão, que mantinha o vibrador dentro dela. Suas unhas procuraram minha pele, tal como seus lábios procuravam desesperadamente pelos meus, sussurrando meu nome.
— Hum... — murmurei, com os lábios dela a milímetros dos meus. — Acho que quero que você goze assim.
Ela gemeu em resposta, arfando em busca de ar. Tentei mantê-la parada, tal como quando eu amarrei-a, mas, daquela vez, não consegui. Parecia realmente intenso nela, de uma forma que eu não compreendia.
Bem. Talvez não a diferença.
— Goza pra mim, baby — murmurei em seu ouvido. — Antes que eu mude de ideia e resolva te torturar.
Ela grunhiu, respirando pesadamente. Suas mãos procuraram as minhas, agarrando meus braços e punhos, com se aquilo fosse ajudá-la a se sustentar. Ouvi as diferenças com cuidado, admirando todo o seu corpo se encaminhando para o orgasmo — e então ele veio, aos berros, às unhadas e seu gozo acabou em minhas mãos, deliciosamente.
Lambi meus dedos sob o olhar ainda meio descontrolado dela. Logo procurou minha boca, e eu a beijei da forma intensa como ela queria.
— Pronta para mais? — perguntei, com um sorriso.
— Mais? — questionou-me, quase sem fôlego.
Eu ri e, ainda com ela envolta em meus braços, procurei uma coisa que eu ainda não havia usado em mulher alguma, mas que parecia perfeito para null. Assim que eu o tirei de dentro da caixa, vi suas sobrancelhas se erguerem e ela pareceu entender instantaneamente do que se tratava.
— Pensei que poderíamos adiantar um pouco essa sua bundinha — eu disse.
Ela mordeu o lábio e eu sabia que não estava nem um pouco segura — e era culpa minha. Se eu não tivesse ido com tanta sede ao pote e a machucado, a curiosidade dela deveria me deixar completamente livre para tentar aquilo com facilidade.
— Eu não sei não, null — tentou dizer, mas saiu meio falhado. Compreendi, mesmo assim.
Ofereci-o a ela. Era nada mais, nada menos, que um penetrador duplo. Havia um maior, mais grosso — nada comparável ao que acabara de sair de dentro dela — que era para a vagina. O outro, menor e mais fino, com pequenas bolinhas em toda a sua extensão, ia na bunda. Era ótimo para uma primeira experiência e, embora provavelmente ainda devesse ser um pouco doloroso — ainda mais depois que eu colocara a cabeça dentro dela sem nenhuma preparação no dia anterior, era possível que ela começasse a se acostumar.
Ela aceitou, as mãos curiosas logo foram às bolinhas do penetrador anal, como se as avaliassem meticulosamente. Ri, beijando-lhe abaixo da orelha, as mãos ao redor do seu corpo, deixando-a avaliar o que queria com todo o cuidado.
— Ele é pra isso — eu lhe disse. — Pra quem não tem costume e pra quem tem curiosidade em experimentar dupla penetração, também. Ele é menor, delicado... Não deve machucar você muito. E vai ficar mais fácil pra quando nós quisermos fazer isso. Tenho outros brinquedos que podem ajudar, mas eu queria, especialmente, usar esse em você. Tudo bem?
Ela mordeu o lábio e não pareceu muito certa, mas concordou com a cabeça. Sorrindo, contente, peguei-a de surpresa, girando-a na cama e colocando-a de bunda para cima. Peguei um lubrificante que havia dentro da caixa e dei uma batidinha nele, para descer o creme melhor.
— Empina, baby. É melhor.
Ela nem pestanejou em me obedecer e, quando ela empinou a bunda em minha direção, eu quase joguei tudo longe e a comi daquela forma, ali mesmo. Porém, respirei fundo e segurei a onda.
Joguei o lubrificante em cima da entradinha da sua bunda e a vi se contorcer um pouco com a sensação. Eu achei delicioso, a visão, a perspectiva... Com o polegar, espalhei o gel ao redor e arrisquei massagear o entorno até que, em um suspiro, ela cedeu o suficiente para que a cabeça do dedo se acomodasse dentro.
Ouvi-a grunhir, não muito confortável, mas ainda arrisquei tirar e colocar o dedo algumas poucas vezes.
— Não muito ruim, hein? — perguntei.
Ela riu baixinho e isso me aliviou. Se ela estava tranquila o suficiente para rir, então estava tudo certo.
Sem aviso, comecei a colocar o mais grosso em sua boceta completamente encharcada da experiência anterior. Ela arranhou os lençóis como uma gata e suspirou, parecendo bastante contente com aquilo. Então, empurrei a primeira bolinha para dentro da sua bunda e a tranquilidade dela se foi.
— Relaxa, null — implorei. — Não quero machucar você.
Ela suspirou um montante de ar de uma vez e empinou a bunda um pouco mais, encaixando a segunda bolinha com o movimento. Empurrei mais um pouquinho, vendo suas mãos se fecharem ainda mais contra o lençol e sua respiração ficar um pouco mais pesada, conforme as bolinhas maiores, mais próximas da minha mão, entravam nela.
— Espera... — pediu.
Não parecia, porém, estar sentindo dor. Sorri ao vê-la morder o lábio, de perfil, daquela forma deliciosa que ela fazia. Estava apenas tentando se acostumar com a sensação.
Antes que ela liberasse, porém, comecei a puxar o brinquedo para fora, lentamente. Ela gemeu e eu a espelhei, vendo as bolinhas saírem de dentro dela, a entradinha da sua bunda dilatando e relaxando conforme elas passavam...
Empurrei para dentro mais uma vez e null arriscou uma reboladinha quase envergonhada. Queria beijar-lhe os lábios naquele mesmo momento, mas a posição não favorecia muito, então apenas acelerei um pouco mais os movimentos.
Logo, seus gemidos mudaram de apreciativos para incomodados. Ela chegou a esconder o rosto no lençol, quando eu finalmente desisti de forçar um pouco mais a barra ali e tirei tudo de dentro dela.
— Está tudo bem? — perguntei.
Ela, recuperando-se bem rápido, levantou o corpo e empurrou-se, em minha ereção. Sua boceta pareceu encontrar o caminho correto para se encaixar exatamente em cima do meu pau, me fazendo suspirar meio nervoso.
Eu estivera abdicando um pouco das minhas urgências para explorar o corpo dela, é claro. Não que tivesse sido um esforço tremendo, mas meu pau parecia que ia explodir de dentro da bermuda.
— Sim, e você? — inquiriu.
E a safada deu uma reboladinha nele.
Segurei-a pelas ancas e dei um tapa em sua bunda, antes de abaixar minha bermuda e minha cueca e meter meu pau no meio da sua boceta molhada.