Last Goodbye
História por Victoria | Revisão por Taaci
- , por favor, me desculpe. O que eu te fiz? - dizia visivelmente chateado, olhando para a menina ao seu lado. Ela não olhou para ele um minuto sequer, mas ele acreditava – ou pelo menos queria – que o motivo era por ela dirigir. Só obteve silêncio como resposta, então, virou-se novamente para janela e ficou observando as gotas da chuva dançarem no vidro.
- Você não cansa de me magoar, ! – ela respondeu alguns minutos depois. Ele pareceu despertar e voltou a olhar para ela. Ele sabia que tinha dado mancada em sair com até aquela hora da noite, mas ia ser tão difícil assim pra ela perdoá-lo?
Aquele dia, 17 de fevereiro, era aniversário de namoro deles. Três anos.
Porém, ele tinha esquecido, simples assim. Tinha ficado sobrecarregado com alguns projetos da faculdade e uma luz no fim do túnel apareceu quando seu amigo o convidou para sair, tomar uma cerveja. Mas um copo vai, um copo vem, ele nem se preocupou com a hora, esquecendo-se completamente de , a mesma que estava em casa preparando um jantar para os dois. A mesma que também tinha seus próprios problemas, assim como ele.
Era isso. Ele havia esquecido.
Ela passou o dia apenas acreditando que ele estava fingindo o esquecimento, que ele logo chegaria em casa para comemorar. Mas a única coisa que recebeu dele fora uma mensagem avisando que sairia um pouco com seu amigo, que voltaria em breve. nunca foi ciumenta, sempre preservou a liberdade de ambos, portanto nunca, em hipótese alguma, ficaria brava com indo se divertir um pouco. Em hipótese alguma, exceto no dia do aniversário deles.
Mas, apesar de muitas qualidades que a garota tinha, o orgulho era um de seus principais defeitos e ela não relembraria o namorado da data, não mesmo! Ele que lembrasse sozinho.
Depois de ter tirado a mesa e guardado o jantar – sem ter tido a mínima vontade de comer – ficou assistindo televisão, mas sem ao menos absorver o que a telinha mostrava. Ela só pensava em quão magoada estava. Algumas horas depois – e um breve cochilo – ela ouviu seu celular tocar e o um um pouco acima do normal falar do outro lado, pedindo para buscá-lo em um pub qualquer.
E apesar do orgulho todo que inflava seu peito, apesar de esse ser o seu principal defeito, ela tinha outro que competia acirradamente pelo primeiro lugar: o de não conseguir negar algo a alguém. Ainda mais pra , principalmente em um dia chuvoso e frio como aquele.
- O que eu fiz agora? Eu sei que é tarde e tudo mais, mas nunca tev...
- Hoje é nosso aniversário, ! – a menina explodiu em palavras e lágrimas, olhando rapidamente para o garoto ao seu lado – Ou era, pelo menos, já que passou da meia-noite.
Ele olhou frustrado para ela, toda concentrada na rua à sua frente. Puta que pariu, como foi esquecer aquele dia? Como poderia? Percebeu que qualquer desculpa que ele pedisse seria em vão. Ele não vinha sendo o melhor namorado do mundo, e ainda tinha feito uma merda daquelas. Pensou em diversas maneiras de uma desculpa, mas nada parecia digno, nada conseguiria tornar aquele momento um pouco menos horrível do que já era - Poxa, , você já está todo ocupado com as suas coisas, eu não te julgo por isso! Mas você tinha que esquecer a única data que eu faço questão que você se lembre, que você passe comigo?
- , me desculpe por isso, eu...
- Não tenta consertar, , por favor...
- Me desculpe – ele disse novamente.
- PARE DE SE DESCULPAR! - a garota gritou, tirando seus olhos da rua e olhando para ele. A imagem que ele tinha era de uma garota muito triste e com muitas lágrimas escorrendo pelo seu rosto.
E então tudo aconteceu muito rápido. Uma luz os cegou momentaneamente e a última coisa que ela ouviu fora o cantar dos pneus, gritando seu nome e uma batida muito forte.
–
A garota caminhava um pouco perdida pela praia estranhamente vazia, não sabendo exatamente para onde estava indo. Apenas guiava o que seu coração parecia mandar. Não muito tempo depois, avistou alguém sentado na areia e, ao se aproximar, percebeu ser .
O vento batia de leve em seus cabelos, fazendo com que eles ficassem bagunçados, mas não tirando a simples beleza que estampava seu rosto. Ao sentir a presença da menina, ele não conseguiu conter o sorriso.
- Olá, ! – ele disse sem se levantar. Ela achou aquilo estranho, ele normalmente levantaria para abraçá-la, mas ele apenas voltou a encarar o mar à sua frente.
- Olá, – ela respondeu e sentou ao seu lado, sentindo sua pele tocar a areia fofa e quente. – O que estamos fazendo aqui?
- Não importa o que estamos fazendo aqui, mas sim porque estamos aqui! – ele disse olhando para ela, que devolveu um olhar confuso. – Eu to aqui para te pedir desculpas pela última vez.
- Ih, , do que você tá falando? – ela perguntou ainda mais confusa, e ele sorriu de lado.
- Só me fala que você me perdoa, é apenas isso que eu gostaria de ouvir – ele pediu. A menina sentiu seu coração apertar, e uma vontade súbita de vomitar assentou em seu estômago. Era assim que se sentia quando algo não estava certo.
- Como eu vou te perdoar por algo que não sei? Me diz, o que você aprontou, ein? Não estou gostando disso.
- Olha... - ele virou o corpo, sentando de frente para ela. Ele segurou sua mão, mas ela mal pode sentir seu toque. Era como se a sua capacidade de sentir estivesse diminuindo. – Eu apenas quero que você me desculpe por qualquer coisa que eu tenha feito pra você nesses três anos.
Ela olhou para seu namorado, parado ali na sua frente, com um sorriso triste. Sabia que, apesar dos milhares momentos felizes entre eles, tiveram alguns tristes, principalmente por causa dele. Mas ela prometera esquecer todos eles, pois ele sempre dizia que não se repetiria. Algo que não era verdade.
- Nós já conversamos sobre isso, eu já te desculpei... Várias vezes, aliás.
- Eu sei, mas... Eu quero que você diga agora, com todo seu coração, por favor! Pelas vezes que eu descontei alguma frustração em você, que eu dormi assistindo algum filme que você queria tanto que eu assistisse. Ou pelas vezes que eu deixei você me esperando mais do que devia. Por qualquer momento que te fiz chorar, te magoei, qualquer momento que você sentiu qualquer coisa, menos felicidade. Eu preciso, , por favor! - ele disse fechando os olhos e abaixando a cabeça. Ela não entendia por que ele estava pedindo aquilo, não fazia sentido!
- Eu te amo, – foi apenas o que ela disse.
- Não é isso que eu quero ouvir, , por favor... - ele disse baixinho, ainda com a cabeça baixa, e ela viu algumas lágrimas escaparem dos olhos dele.
- Eu não sei porque você está me pedindo isso. Eu não consigo ficar brava com você por mais de cinco minutos, ... Além disso, todos os momentos que você me fez sorrir valeram muito mais a pena, importam muito mais, eu não quero ficar me preocupando com essas coisas bobas... - ele levantou a cabeça, olhando para a menina à sua frente. Tão linda, tão sua... Ela era uma menina muito doce, aliás. Era difícil fazer com que ela guardasse qualquer magoa dentro de si, ela não via necessidade para aquilo, por mais que, no momento que as coisas acontecessem, sempre se sentira triste.
- Você reconhece essa praia? - ele perguntou subitamente, fazendo com que a menina olhasse em volta. Claro que reconhecia, apesar de ainda achar estranho não ter outras pessoas naquele lugar, sabia qual era – A gente se conheceu aqui. Você estava tomando sol com suas amigas e eu passei correndo por você, todo molhado... - começou a lembrar.
- Eu fiquei muito brava! Eu lembro muito bem desse dia – ela sorriu – E, em vez de você vir se desculpar, falou para eu não ser uma menina mimada...
- E que já que você estava na praia, não tinha problema nenhum se molhar.
- Acho que eu nunca te agradeci por ser tão idiota! - ela disse e ele olhou totalmente indignado. - Mas isso não vem ao caso... Eu desejei profundamente nunca mais te encontrar, mas não teve jeito...
- Nós estávamos na mesma faculdade e ainda tínhamos um amigo em comum!
- ! - os dois disseram juntos e deram risadas, lembrando do amigo.
- Acho que o destino fez um bom trabalho para nós – ela comentou, voltando seu olhar para o mar. O sol começava a se aproximar da linha do horizonte, em breve aquele seria seu momento favorito do dia.
- Você não resistiu ao meu charme – ele comentou tentando fazer uma cara sexy. voltou a olhar pra ele, virando os olhos.
- Aqui também foi o lugar que você me pediu em namoro – ela disse.
- Eu sei! - ele falou como se fosse óbvio – Nem tem como esquecer! E o colar que você usa desde então me faz lembrar sempre – ele comentou, e ela levou a mão até a corretinha em seu pescoço – E eu quase desisti de te pedir qualquer coisa quando você começou a falar de casamento, filhos...
- Ai, ! Você é insensível... Você perguntou qual era meu sonho e eu apenas respondi – ela disse indignada, e riu da cara que ela fez.
- E depois eu te contei que o meu sonho era viajar o mundo.
- Sim, e nós combinamos de fazer os dois. Mas primeiro realizar o seu, depois o meu – ele apenas concordou com a cabeça, sentindo um mal estar tomar conta dele.
- Eu quero te ver realizando seu sonho, mocinha!
- Mas você não vai ver, , você vai participar dele! – ela piscou para ele e ele voltou a concordar com a cabeça, sem falar nada – Não é? – ela voltou a perguntar, vendo a expressão que o rosto dele tomou. Um silêncio tomou conta do lugar, fazendo com que o barulho das ondas ganhasse mais destaque.
- Eu também te amo – ele disse de repente. Primeiramente ela estranhou, mas depois lembrou que ela tinha dito a mesma coisa anteriormente. se aproximou devagar do garoto, fazendo suas bocas se encontrarem. Começaram a se beijar de uma forma delicada, mas, novamente, ela parecia não conseguir sentir as coisas direito. Parou o beijo, abrindo os olhos e encontrando o menino a encarado. - Eu sempre vou te amar. Sempre! - ele comentou, vendo a menina sentar-se de volta no lugar em que ela estava.
Sorriu subitamente, estava gostando de toda essa declaração de , sabia que ele não era muito bom em expressar seus sentimentos.
- O que acha de irmos pra casa? - ela sugeriu.
- Por que não espera o pôr do sol? Ele está quase lá e eu sei que é seu momento favorito do dia! - ele comentou e a menina concordou, sentando mais perto dele e encostando sua cabeça em seu ombro. passou o braço por detrás das costas dela, a abraçando.
Ficaram observando a água do mar ir e vir, enquanto o sol ia de encontro com o mar, como se eles fossem se beijar. O céu já adquirira uma colocação diferente, meio alaranjada.
Tinha cena mais bonita? Na opinião dela, não. Queria ter uma máquina para fotografar aquele momento. Ficou prestando atenção naquela linda obra da natureza, mas foi despertada ao ouvir fungar. Olhou de volta para o garoto e viu que ele estava chorando. De novo.
- O que houve, ? O que tem de errado? – ela saiu do conforto dos braços dele, voltando a ficar de frente.
- Nada... Não é nada, – ele disse, enxugando as lágrimas.
- Como nada? Você não é de chorar à toa. Vamos, me conte.
- E-eu só não sei me despedir. Não sei e não quero! - ele disse, ficando de pé, vendo a menina fazer o mesmo que ele.
- O que você tá querendo dizer? Por que se despedir? Você está indo pra algum lugar?
- Eu to, . Eu to indo embora.
- Do que você tá falando, ? - e então a menina também sentiu que estava prestes a começar a chorar. Logo lágrimas começavam a sair de seus olhos. - Eu vou com você, não importa pra onde!
- Você não pode vir, não agora – ele respondeu, não conseguindo olhar para a menina que chorava na sua frente.
- Como não? Me explica direito, ! Por favor, pare com isso. Vamos pra casa... É pra lá que nós vamos! - ela disse com um tom de voz um pouco mais alto.
- É pra lá que você vai. Eu não posso ir com você – ele voltou a falar e ela negava fervorosamente com a cabeça. O que ele queria dizer com aquilo? Tinha acabado de pedir que ela desculpasse por qualquer magoa que a tinha feito passar, e lá estava ele fazendo de novo.
- Não, , você prometeu ficar ao meu lado. A gente ainda tem que realizar nossos sonhos. Nossa formatura na faculdade, nossa vida... Três filhos, lembra? Um casamento na praia, lua de mel na Itália... Por favor... - ela disse se aproximando dele, pegando em sua mão – Você disse que estaria lá. Comigo! - ela praticamente suplicava.
- Eu vou estar lá, eu não vou quebrar a nossa promessa. Eu estarei lá quando você casar na praia, tenho certeza que será a noiva mais linda que já existiu ou existirá. Também estarei lá na Itália te acompanhando em todos os passeios. E claro, quando você der à luz para seus três filhos. Alice, Patrick e Lucas, certo? Aposto que serão crianças lindas, se puxarem /á mãe – ele disse, sorrindo de lado. Ela odiou aquele sorriso. Por que ele tava dizendo aquelas coisas enquanto sorria? Qual era a graça de tudo aquilo?
- , se isso é uma brincadeira, pode ficar sabendo que não to gostando!
- Não é brincadeira, . Você acha que eu ia brincar com uma coisa dessas? Eu vou estar lá. Talvez você não seja capaz de me enxergar, mas eu estarei – ele olhou para o céu, vendo que o sol já tinha se posto por completo e o céu tomara um tom azulado bem bonito – Bom, agora eu tenho que ir. E você também. Ta todo mundo te esperando... Seus pais, , até o . Você tem que voltar pra eles, porque eles estão sentindo muito a sua falta. Eu também preciso que você seja ainda mais forte do que é, tudo bem? - ele disse se aproximando dela, tocando seu rosto. A menina queria relutar contra aquilo, mas sentiu que não deveria. - Me desculpe por te fazer passar por isso, imagino que vai ser difícil, mas você irá superar, ok? Saiba que eu estarei sempre com você. Eu nunca vou te abandonar, por mais que você ache que eu tenha feito. Eu não fiz. Certo? - ele perguntou, mas ela não respondeu nada – Certo, ? - ela apenas concordou com a cabeça, mesmo sem entender nada. A essa altura os dois choravam muito, e ela não se sentia capaz de soltar uma palavra que fosse. - Eu sei que te pedi pra me desculpar de tudo o que eu fiz, mas no final de tudo, falhei nessa parte. Se cuida. Te vejo em breve, . A gente sabe que o destino sempre trabalha bem com a gente, e ainda vamos nos ver de novo – passou o dedo pelas bochechas da menina, fazendo secar as lágrimas. fechou os olhos ao sentir o toque dele, que agora sim parecia muito forte, bem diferente de antes. Sentiu o menino depositar um beijo em sua testa, se desvencilhar aos poucos e começar a caminhar na direção contrária da dela.
Aos poucos ele foi se distanciando e ela ficou ali, parada, ao vento, sentindo a escuridão contemplá-la com um lindo céu estrelado.
- ? - ela ouviu
gritar seu nome, fazendo com que ela olhasse rapidamente para frente, o encarando ao longe. - Você enrolou, enrolou, mas não respondeu minha pergunta – ele disse alto para que ela pudesse ouvir, mas sem deixar o sorriso de lado – Você me desculpa? - ele perguntou novamente. Mas antes que ela pudesse responder de verdade, a figura dele desapareceu ao longe.
-
abriu os olhos devagar, pois a claridade era extremamente cortante para sua visão. Ao conseguir focalizar, avistou e sentados em um sofá próximos a ela, e eles pareciam bem alheios, como se estivessem em outro planeta. Sentia dificuldades em respirar. Tinha o sentimento que sua cabeça pesava mais do que devia e algo incomodava em sua testa. Uma ardência também vinha de um dos seus braços onde uma agulha havia sido colocada, um aparelho estupidamente irritante também media seus batimentos cardíacos. Onde estava afinal? Deveria ser um hospital. Mas qual? E por quê?
Tentou falar alguma coisa, mas parecia que sua voz não queria sair de sua garganta extremamente áspera. Forçou mais algumas vezes, até que um '' saísse de sua boca.
- Ai, meu Deus, ! - viu a amiga se aproximar, a abraçando de leve. também veio para perto. Os dois tinham olheiras debaixo dos olhos, olhos que apresentavam uma aparência cansada, triste, como se tivesse chorando por horas. - Amiga, não acredito que você acordou.
- Tudo bem com você, ? - perguntou, tocando o braço da amiga, que apenas concordou com a cabeça.
- O-onde... Está... ...? - ela perguntou com muita dificuldade, parecia que tinha ficado dias sem falar nada. e apenas se observaram, e ninguém parecia querer falar algo. Por sorte, foram interrompidos pela enfermeira.
- Olha quem acordou! Boa noite, ! - uma moça morena disse entrando e se aproximando - Vou chamar o doutor, avisar que você acordou para podermos fazer exames. Você é uma guerreira, garota! - sorriu, deixando uma pequena bandeja em uma mesa e saindo.
- O que aconteceu? Que dia é hoje? Por que to aqui? Cadê o ? – a menina perguntou, agora com menos dificuldade.
- Hoje é dia 22. Você sofreu um acidente, – Carolina disse após alguns minutos de silêncio – Quatro dias atrás... Um motorista bêbado bateu de frente com vocês. A pista estava escorregadia, imaginamos que você não conseguiu segurar o carro e...
- Onde está o ? - a menina insistiu.
- Você está em coma induzido desde então para diminuir o inchaço da sua cabeça e...
- Onde está o , ? - ela olhou para a amiga que retornou um olhar completamente aflito – ? - ela agora olhava pro amigo. Pela cara que eles faziam, alguma coisa estava errada. Sentiu seus olhos queimarem e lágrimas começarem a sair.
- – se pronunciou, pegando na mão da garota – Vamos esperar o médico chegar, fazer seus exames. Olha, temos que avisar seus pais que você acordou...
- , me diz onde está o – ela disse um pouco mais alto que o normal, fazendo sua garganta doer muito pelo esforço que fazia.
- Ele não aguentou, , sinto muito – voltou a falar, abaixando a cabeça e chorando novamente. sentiu como se o mundo tivesse desabado em sua cabeça. também começara a chorar. Como assim ele não aguentou? tinha morrido? O seu ? Não, aquilo definitivamente era um sonho. Ou melhor, um pesadelo. Aquilo não poderia ser verdade.
levou as mãos até alguns fios presos ao seu tórax tirando-os rapidamente dali, fazendo com que a máquina fizesse um barulho diferente agora. Puxou também, sem se importar, a agulha presa ao seu braço. Foda-se tudo. Ela iria procurar , porque ele não podia ter morrido. Não podia!
Tentou levantar da cama, mas sentiu uma tontura muito forte e várias pontadas em sua cabeça. e tentaram impedir a menina de levantar, segurando-a pelo braço, sentindo a mesma ceder e começar a chorar muito forte nos braços dos amigos. Os mesmos a abraçaram, liberando todo o choro pesado que tinham guardado. Ela chorava alto, sentindo como se alguém tivesse arrancado seu coração sem qualquer anestesia.
Agora tudo fazia sentido, se lembrava perfeitamente da noite do acidente até o momento que uma luz a cegou completamente. Ela e estavam brigando. Belo jeito de se despedir de alguém.
Sabia também que entre os acontecimentos daquela noite e o momento que despertou, havia encontrado . Sonho? Talvez. Mas ela sabia que tinha se encontrado com ele. Ele veio se despedir. Dar o seu adeus da forma como deve ser, não brigando dentro de um carro.
Sentiu os amigos se desvencilharem e, aos poucos, parar de chorar.
fez com que a menina se deitasse de novo. Sua aparência não era das melhores, mas nada que uma pessoa que acabara de sofrer acidente não parecesse. Seus cabelos estavam bem bagunçados e olheiras habitavam seu rosto. Se por fora as coisas não estavam tão agradáveis, por dentro elas estavam piores.
- Você podem me deixar sozinha um pouco? - ela pediu de repente, vendo os amigos a olharem estranhamente.
- Você tem certeza? O médico já deve estar vindo e...
- Por favor – ela olhou suplicando para eles. se aproximou, enxugando suas lágrimas e dando um beijo em sua testa. Sentiu uma sensação de deja vú tomar conta de sua mente. E a única pessoa que vinha em sua cabeça era ele.
Respirou fundo, vendo os dois amigos saírem. Logo seu quarto estaria cheio de gente, e ela não teria tanta oportunidade para fazer aquilo. Sentou de uma forma mais confortável em sua cama, respirou fundo novamente, tentando fazer com que as lágrimas não viessem mais. Não era forte que ela tinha que ser? Então era forte que ela seria.
Ficou olhando pro nada, esperando que aparecesse ali na sua frente. Mas sabia que aquilo não aconteceria. Não de uma forma que ela pudesse ver, mas quem sabe sentir.
“Eu estarei sempre com você” eram as palavras que vinham em sua cabeça, sabia que ouvira aquilo em algum momento. “Eu nunca vou te abandonar” também.
Fechou os olhos, levando a mão até o pescoço e sentindo a correntinha que havia dado a ela logo depois que começaram a namorar. Segurou forte aquele pingente em formato de asas. Talvez a melhor representação que teria para ela agora: um anjo com lindas asas.
- Eu te desculpo, – ela disse em voz alta – Você me ouviu? Eu te desculpo com todo o meu coração, com toda a sinceridade que eu possa ter, com todo a amor que meu coração tem por você. Eu te desculpo... - abaixou a cabeça, não conseguindo segurar as lágrimas novamente.
Se imaginou sendo abraçada por ele. Aquele abraço tão quentinho e reconfortante.
Mas talvez estivesse sendo abraçada por ele, afinal, tinha certeza que ele estava ali. De repente uma sensação de paz invadiu seu peito, e uma pontinha felicidade imensa tomou conta dela. Ela conhecia esse sentimento, era exatamente o que ela sentia quando ele estava perto. Sim, ele estava ali, sabia disso.
Ele prometera.
Fim
N/a: Eu tava assistindo Criminal Minds um dia desses e uma parte do episódio me deu uma ideia de fic. Eu nunca escrevi algo que fosse triste – uma pelo menos uma tentativa de algo triste. Mas tá ai o que deu pra juntar da minha cabeça doida. E se você chegou até aqui, obrigada por ler! Para contato, só me dar um oi lá no twitter. Beijo.
Outras fics:
Hot Addiction (Restritas/Finalizadas)
Give Love a Try (McFLY/Em andamento)
Nota da Beta e NÃO da Autora: Encontrou algum erro de script/html/português? Avise-me através deste e-mail ou pela ask. Não use a caixa de comentário com essa intenção. Obrigada.
Agradecimentos sobre a fiction? Somente com a autora!