Finalmente, Campinas! Depois de duas horas e meia de viagem de ônibus, pude sentir o ar (quase) puro da cidade. Não estava mais aguentando aquele velho barrigudo ao meu lado roncando, sem falar que o seu cheiro, ou melhor, odor, era um tanto desagradável. Sentei-me no banco mais próximo da rodoviária, esperando um táxi. Finalmente minha vida iria partir para outro rumo, e nada melhor do que fazer isso ao lado de sua amiga.
Conheci a no colegial, foi engraçado o modo que a conheci. Era terça-feira, aula de artes. Éramos da mesma série, porém de turmas diferentes, a professora havia pedido para o diretor juntar as turmas nesse dia, para ajudar com a feira de ciências que haveria no sábado. Estava tudo tranquilo, cada turma com seu devido trabalho e projeto, bem, eu não estava muito satisfeita, pois odiava maquete (era complicado montar aquelas coisinhas miúdas), então pedi para que ficasse na organização, sorte que tenho um mérito com a professora! De repente, só ouvi gritos e todos que estavam na quadra correram para o canto, na tentativa de ver o que estava ocorrendo, e foi ai que tudo começou. , sem querer, havia derramado tinta na calça nova da menina mais barraqueira da minha sala, a Vitória. A menina ficou puta, mas tão puta, que começou a berrar, alegando que havia feito de propósito. , nada santa, rebateu e começou uma discussão. Sem paciência alguma, ela pegou um pote de tinta e derramou inteirinho em Vitória. Não poderia ficar sem fazer nada, afinal, eu estava organizando aquilo e, no momento, a professora não estava em sala. Resumindo, tentei ajudar, a professora chegou, Vitória, por algum motivo, disse que eu havia ajudado a com aquilo, (EU!) e a professora nem quis ouvir ambas as partes, nos mandou direto para diretoria, que resultou em três semanas de ajuda comunitária na escola, e foi assim que passei a falar mais com a .
- Casa 05. – Apetei o botão do interfone.
- Quem é? – Ela perguntava do outro lado.
- Papai Noel!
- Nossa, chegou cedo, nem é natal ainda! – O portão foi acionado, abrindo-se. A casa dela não era tão grande, mas também não tão pequena. Era perfeita. Um breve gramado verde, com algumas plantas. E ao lado havia um caminho, que dava para o fundo, que era onde, provavelmente, ficava a piscina que ela havia tanto mencionado.
- Não creio que você veio! – Fui recebida com seu forte abraço. – Fiquei tão feliz quando me disse que seus pais haviam permitido.
- E eu incrédula, jamais pensaria que um dia eles deixariam eu morar com minha melhor amiga. – Sorri. logo apareceu na porta.
Ah, havia me esquecido dele. era o irmão mais velho de , e ele foi um dos problemas que meus pais acharam quando avisei do convite. Minha mãe foi logo falando que eu poderia ter um caso com ele e que não poderia ser o certo e blá blá blá. Hello?! Eu? Com o ? Irmão de minha amiga? Jamais! Tenho 20 anos, sei me cuidar sozinha.
- ! – Ele veio me recebendo, também com um abraço, que educadamente retribuí. – Como mudou! – Porque as pessoas tem tanta mania de falar isso?
- Você também! E muito.
- Eu? Que nada. Continuo o mesmo. – Mas ele havia mudado. Seu corpo estava definido, e seu cabelo não havia mais aquela franjona, agora tinha um belo topete arrumado.
Coloquei minhas coisas em meu quarto, mandei uma mensagem aos meus pais avisando que havia chegado e desci para a sala, onde ambos me esperavam. O papo foi longo e muito agradável, realmente posso dizer que colocamos os papos em dia.
Nas primeiras semanas, era só curtição. De dia, aproveitávamos para “turistar” pela cidade, á noite, ou estávamos na boate, ou em algum lugar badalado. Eu realmente estava amando aquela cidade, os ambientes, as pessoas... Ô pessoas, principalmente do sexo masculino.
A carne é fraca, senhor!
~~
Mal percebi que haviam se passado três meses. Nos fins de semana costumava visitar meus pais (parte do contrato). Já sabia andar corretamente pela cidade, porque, mês passado, pediu para que eu fosse ao shopping pegar uma encomenda a ela, e sem querer fui parar do outro lado da cidade. Digamos que o desespero bateu, e o dinheiro que ela me deu para pagar sua encomenda, foi usado como meu transporte de volta em um táxi. Também, teria que me acostumar, já que toda manhã teria que ir a faculdade (táxi todo dia nem rola).
E foi no início do mês que as coisas começaram a mudar.
- , você viu minha carteira? – Perguntei, indo a sua direção na sala.
- Não. – Ele falou, sem olhar em minha cara.
- Hm, vou ver se deixei no quarto da .
- Ok. – Ele falou e rapidamente passou cabisbaixo em direção ao seu quarto. Ok, né?!
Desde esse dia, ele começou a mudar comigo. Não ficava no mesmo local que eu, não falava comigo e, se fosse para falar, nem na minha cara olhava. Eu já estava ficando incomodada com isso, será que ele não me quer aqui? Até que, em um certo domingo, aproveitei para arrumar meu guarda-roupa, e percebi sua presença na porta, olhando para mim. Regra número um: eu odeio, ODEIO, quando ficam me encarando. Tentei ignorar, mas parecia que havia um imã magnético que ficava me fazendo toda hora virar para ele. Merda, o que ele quer?!
- Perdeu algo? – O perguntei.
- Ah, eu acho que deixei minhas chaves aqui. – Ele falou, entrando no quarto e indo em direção à minha cama.
- Hm, acho que as vi na cozinha.
- Sério? Valeu. – E ele saiu. Eu hein. Voltei a minha atenção ao meu guarda-roupa, mas logo tive que desviar, já que ele entrara novamente no quarto. Oh, Jah, é hoje que não termino isso.
- Quer? – Ele falou, oferecendo-me um pirulito. Sério? Um pirulito? Recusei.
- Ah, vai. Não recusa. – Ele veio em minha direção, apontando aquele troço babado.
- Não. – Comecei a andar para trás, ele não parava de se aproximar. Até que, por um descuido, acabamos caindo na cama. O que ele pensa que está fazendo?? Ele estava sobre meu corpo, me fitando. Minhas mãos se encontravam em seu peitoral, fazendo a força reversa que ele fazia em mim. Tenho que começar a malhar!
De repente, senti seu rosto chegar mais perto, e mais perto... Ai meu Deus! Pude sentir sua respiração bem próxima de mim. Sim, ele ia me beijar! Mas por um impulso, virei meu rosto, fechando meus olhos. Seu corpo foi se distanciando aos poucos, e logo o perdi do meu campo de visão. Mas que merda ele tentou fazer? Peguei meu celular rapidamente.
“SOS, ele tentou me beijar!!”
Mandei uma mensagem para minha amiga.
“Quem?”
“Seu irmão!”
“Beija ele, ué!”
“Eu não! Porque faria isso?”
“Ah, você não vai perder nada se beijar ele.”
Escondi meu celular entre minhas pernas ao perceber que ele voltara pro quarto, agora sem aquele maldito pirulito. Aos poucos, ele foi se aproximando e sentou ao meu lado na cama.
- Você não quer ficar comigo, né? – Fui pega de surpresa com aquela pergunta. O máximo que eu fazia era abrir a boca e fechar atrás de uma resposta. Ficamos nos encarando mais ou menos por um minuto.
- Olha... Não acho certo... – Falei.
- Por quê? Só porque sou irmão de sua amiga? – Afirmei com a cabeça. Não fazia lógica! Eu não sentia nada por ele, nada, e outra, se eu o beijasse, era como se tivesse beijando meu irmão! MEU IRMÃO!
- Seria estranho, te considero como irmão e sempre soube que depois de um beijo as coisas mudam.
- Mas entre nós não vai mudar. – Ainda continuava com a mesma feição para ele. Ele me encarava com aquela cara de gato que caiu da mudança. Ah, cara, sério? Golpe baixo.
Percebi que ele se aproximava, até que me lembrei do que a disse, não iria perder nada mesmo e, afinal, era só um beijo. Sua respiração estava mais próxima e, por um impulso, acabei com aquele espaço entre nós e o beijei. Um beijo bom, calmo. MEU DEUS, como ele beijava bem! Suas mãos envolviam minha cintura, e as minhas se enroscavam em sua nuca. A cada momento íamos aprofundando mais o beijo. E ficamos ali durante horas, até que ouvimos o barulho do portão, indicando que havia voltado sabe-se lá de onde, e nós fomos apressados para nossos próprios quartos.
Os meses foram passando e, sempre que estávamos só nós dois em casa, a gente acabava ficando. Acabou virando um padrão e o nosso segredo, já que achamos melhor deixar no escuro quanto a nós. E as coisas estavam indo bem assim, até que a faculdade começou a cobrar mais de nós, o tempo que tínhamos sozinhos foi ficando cada vez mais raro e as ficadas foram diminuindo. E, infelizmente, eu estava certa. Depois de um beijo, tudo muda. E aconteceu o inevitável, eu me apaixonei pelo irmão da minha melhor amiga. Mas não podia simplesmente contar para ele, pois tinha medo que ele não sentisse o mesmo e isso deixasse as coisas ainda mais estranhas entre nós. E os meus medos foram todos confirmados quando ele chegou com a novidade que estava namorando. Já esperava por isso, e não fiquei me lamentando, tudo que eu podia fazer e venho fazendo, é me controlar ao máximo para não agarrar ele toda vez que o vejo andando sem camisa pela casa.
FIM
Nota da autora: Hey, primeira short (bem short) e de última hora!! Obrigada a minha amiga por ter liberado eu contar uma cena da vida amorosa dela haha e quero agradecer a minha diva beta por ter me dado um grande help com a história <3 Xx Mandie
Nota da beta: Foi um prazer te ajudar, Mandie! Essa história merece, viu? HAHAHA
Não deixem de comentar!
xx Ma
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