Lego House
Autora: Laura M | Beta: Laura

If you're broken I will mend you,
and I’ll keep you sheltered from the storm that's raging on, now…


As malas já descansavam no porta-malas do carro de null e ao ouvir o barulho do bater da porta traseira indicando que já estava fechada, o aperto no peito de null se transformou em um arame banhado em ácido abraçando seu coração.
- Você tem certeza que ela vai ficar bem? - choramingou, seus olhinhos angustiados foram de null a Summer, que estava no colo de Alex, sua babá.
- Quer parar com isso? Ela está com a Alex, null! Ela vai sobreviver a um final de semana longe de nós. - null revirou os olhos, cruzando os braços em seu peito, encostando-se à dianteira do carro, sabendo que aquilo perduraria por alguns minutos.
- Mas ela nunca passou mais de um dia longe de mim! - passou as mãos delicadamente pelos cabelinhos de Summer, e a garotinha a acompanhou com os olhos, ficando um pouco vesga. null deu um risinho de lado contemplando a cena.
- O máximo que vai acontecer é ela chorar de saudades do pai dela, relaxa, null… Será que podemos? - o rapaz fez menção para entrarem no carro indicando-o com a cabeça, enquanto Alex e null o fitavam com a tão conhecida cara de tédio de quando ele dizia algo extremamente egocêntrico.
- null! - Alex e null o repreenderam, balançando a cabeça em negação.
- É sério, minha linda, ela vai ficar bem… - null foi de encontro à null, rindo, enquanto nos olhos dela formavam-se algumas lágrimas. E, então, o rapaz tomou-lhe o rosto com as mãos e depositou um beijo em sua testa. - Será que você pode repetir a lista enorme de coisas importantes que a Alex não pode esquecer e então entrar na porcaria do carro pra gente ir viajar para a praia?
Enquanto Alex ouvia a algumas das recomendações, entregou Summer a Zayn, e a garotinha passou seus pequenos bracinhos ao redor do pescoço do pai, abraçando-o ternamente.
- Por favor, antes que eu mesma amarre vocês dois e não os deixem ir. - Alex disse, brincando com Summs, antes de terminar de ouvir as recomendações.
- Você vai ser uma menininha grandinha né, Summs? – null afagou o seu cabelo, abraçando-a mais forte, mas tentando não esmaga-la. A garotinha murmurou algo como resposta que fora abafado devido seu rostinho ter afundado no pescoço do pai.
- Isso, você é corajosa igual o papai. E vai deixar a mamãe menos preocupada...
- Pai! – Summs apoiou as mãos no colo de null, o fitando nos olhos. – A outra mamãe também vai cuidar de mim! – ela levou uma das mãozinhas e acariciou o rosto do pai, fazendo careta quando a barba arranhava sua pele macia.
Havia algumas semanas que null não aparecia para null ou até mesmo para null. O céu deveria estar em festa após as semanas consecutivas às quais o casal estava em perfeita harmonia. Ou talvez a vida corrida em que estavam levando no trabalho estivesse a afastando, vendo que toda vez que ela aparecia um fato do passado ressurgia causando anarquia geral entre os três; principalmente entre null e null. Então fora uma surpresa para o rapaz, após fitar os olhinhos de Summs vidrados em algum ponto atrás dele, e levar seu olhar até onde ela olhava e encontrar null parada angelicalmente, literalmente, sorrindo-lhes como quem dizia: “Eu sempre estarei aqui quando vocês precisarem”. E como ela queria que aquilo fosse verdade.
null deu uma piscadela singela à mulher por quem ainda possuía um dos sentimentos mais puros que já sentira, e então se virou para Summs.
- Tenho certeza que ela vai, pequena. Agora vai lá dar um abração na mamãe para ela parar de chorar. – Summs soltou-se dos braços de null, correndo em direção à null, que já estava se debulhando em lágrimas por passar apenas três dias longe da filha.
Após Summs jurar juradinho por três vezes à null que iria ser uma boa garotinha, a mulher entrou no carro onde null já a esperava, impaciente, batucando os dedos no volante.
- Por um instante pensei que você fosse desistir. – null a fitou com seus olhos null, que estavam uns tons mais claros naquele dia, e null lhe lançou um sorriso confiante.
- Eu não iria desperdiçar um feriado com você sabendo que null vai estar lá cuidando dela. – null estava com a mão na chave para ligar o carro, mas a retraiu. Então ela também a vira.
- Estou ofendido, quer dizer que desperdiçaria um feriado comigo se null não aparecesse? – null hesitou por alguns instantes, mas deu partida enquanto tentava afastar o assunto minha ex-namorada que virou um anjo e está entre nós há um bom tempo. A mulher levou a mão direita até sua coxa, apertando-a de leve, e sussurrou próxima a seu ouvido:
- Eu nunca desperdiçaria nenhuma oportunidade que envolvesse você, eu e um quarto em frente à praia deserta só para nós.
O sorriso que desenhou os lábios de null ultrapassou os limites do libidinoso, mas conteve-se em apenas a responder:
- Esperta, null. Mal posso esperar pra ficar realmente sozinho com você.
null soltou uma gargalhada maliciosa, e depositou um beijo em sua bochecha. Por alguns minutos ela ficou ponderando a possibilidade da ênfase no “sozinho” fora apenas uma indireta para null – que fora recebida com sucesso, diga-se de passagem – ou fora apenas a ansiedade em chegar a praia, mesmo. Deu de ombros, após perceber os olhares rápidos que null lhe lançava de vez em quando, e após lhe lançar um sorriso, continuou a carícia em sua coxa até pegar no sono e somente acordar no aeroporto.
Já acomodados em suas poltronas no avião, null encostou sua cabeça no ombro de null e adormeceu novamente. null aproveitou as pequenas horas de viagem para aprecisar null enquanto dormia e tirar algumas fotos suas.

[...]

O dia estava amanhecendo, os raios de Sol começavam a lamber as límpidas águas do mar e refletiam nos vidros da varanda do quarto do chalé de null e null, quando o casal adentrou o quarto. Estavam exaustos da viagem, embora ao chegarem ao avião tivessem dormido por todas as longas horas de viagem. null fora a primeira a se jogar na espaçosa cama de casal, após o carregador de bagagem se retirar desejando-lhes uma boa estadia.
- Pode ter certeza que será uma ótima estadia... - null deu uma risadinha encharcada de malícia e se jogou em cima de null que deu um grito ao sentir o baque do corpo pesado dele em seu corpo.
- Você é pesado, sabia? - perguntou, enquanto ele deitava a cabeça em sua barriga, friccionando a barba na pele que estava exposta já que a blusa levantara ao se jogar na cama.
- Você também é e nem por isso saio reclamando que você me usa como colchão todos os dias... - o hálito quente do homem entrou em contato com a pele quase naturalmente fria de null e seus músculos se contraíram. null deixou um risinho esperto brincar em seus lábios.
- Está me chamando de gorda, null null? - a voz de null se endureceu numa falsa irritação, arrancando lhes risadas bastante sonoras.
- Obvio que não. Estou dizendo que você é bem gostosinha, null...
E dito isso, o rapaz se levantou rapidamente da cama, aos risos, deixando-a com as bochechas em chamas e um gritinho de indignação entalado em sua garganta. Os elogios de null já eram constantes, mas ela nunca aprenderia como agir diante deles. A mulher se sentou rapidamente na cama, pensando em uma resposta que fosse a altura, mas null não estava colaborando já que começara a tirar a camiseta, deixando suas costas nuas viradas para ela. O olhar de null se prendeu no tronco dele, e os pensamentos se embaralharam em sua mente. Já não sabia o que tinha de responder ou se havia algo para responder a ele.
- Assim que você parar de babar em mim, a gente pode ir andar de barco e fazer um mergulho para ver os corais... A gente já perdeu o horário do café da manhã, mesmo.
null a olhou de rabo de olho, e null estava com os braços cruzados e a testa franzida, visualmente atordoada por ter sido pega no flagra.
- Não estava t... - à medida que começava a falar um sorriso convencido surgia nos lábios de null. null bufou, girando os olhos para cima e continuou: - Você é um ridículo! Vamos logo, porque eu to com fome e você vai ter que me pagar um café porque me fez perder o café aqui.
A mulher deu um pulo da cama e correu em direção a null, que ainda estava de costas, e pulou em suas costas. Envolveu sua cintura com as pernas, e o abraçou pelo pescoço.
- E eu quem sou o gordo folgado, né? - null a segurou pelas pernas, espalmando as mãos em suas coxas e caminhou pelo quarto para pegar os seus pertences.
- Não reclama, você será meu escravo esse feriado. - null deu uma risadinha ao pé do ouvido dele, arrepiando lhe de imediato.
- Só aceito se for sexual. - respondeu, com a voz encharcada de malícia.
- Você não tem que aceitar nada, null. É ESCRAVO, não empregado. - sua boca estava próxima à orelha de null, fazendo com que o seu hálito quente o fizesse fechar os olhos e mordesse os lábios, contendo mais um sorriso bobo.
Ele soltou as pernas de null, inclinando o corpo de modo que a fizesse escorregar para frente de seu corpo e ele a segurasse em seus braços. No desespero, a mulher o agarrou pelo pescoço, e quando ele a segurou pela cintura, seus rostos ficaram tão próximos que seus narizes se roçavam.
Inconscientemente, null buscou os olhos de null com os seus e quando as amêndoas null entram em seu campo de visão, seu corpo inteiro estremeceu. Dentre todas as suas fraquezas nele, seus olhos eram a mais arrebatadora de todas; Talvez fosse porque fora a primeira coisa em que null reparara a primeira vez em que se conheceram e desde então a sensação estranha que lhe dava formigamentos e calores inapropriados sempre voltava com mais força quando perdia-se nos olhos de null.
E era extremamente fácil de se perder nas variações de null daqueles olhos, e após null ter se permitido, finalmente, a se entregar aos encantos que eles possuíam, não notava quando estava preste a mergulhar neles.
null se aproveitou da distração dela e a encaixou em seus braços, colando seus corpos de modo que ficassem eretos, mas ainda conseguissem manter o contato visual que mais parecia um elo intocável naquele instante. Um sorriso esperto começou a desenhar os lábios de null à medida que se aproximava mais do rosto dela, alternando seus olhares entre seus olhos e sua boca. Assim que seu lábio roçou nos lábios de null, ambos fecharam os olhos, tentando absorver todas as sensações que ainda eram novas para eles. O casal ainda não se acostumara com tamanha carga de sentimentos que trocavam toda vez que suas peles se tocavam; cada toque de lábios triplicava o carinho que sentiam um pelo outro e, a cada segundo, aqueles toques, aquele beijo, só aumentava a certeza de que estavam no lugar certo: pertencendo um ao outro.
null roçava seus lábios lentamente, puxando o lábio de null vez ou outra, e mordendo-o com delicadeza, enquanto as mãos do rapaz percorriam toda a extensão de suas costas desnudas. Era um carinho extremamente torturante, e quando null puxou seu lábio para aprofundar o beijo, null se afastou.
- O que foi? – null enrugou a testa, encarando-a enquanto ela o olhava veementemente.
- O que foi, seu idiota? O que foi é que você está ficando louco! –ela bateu em seu peitoral, sem conseguir conter uma gargalhada ao ver a cara de frustração de null. – Eu poderia ter caído, quebrado a bacia e você ia estragar a nossa viagem! – finalizou, empurrando-o pelo peito, e virando-se de costas e pondo-se a andar até a mala de viagem.
- Porque a culpa é sempre minha, né? Você é a Miss Perfeição. – apesar de toda a seriedade em suas palavras, null sabia que ele estava brincando. O sorriso tímido em seus lábios não negava, também.
- Dá pra falar menos e fazer mais, null? Vai se trocar pra gente ir nesse passeio de barco aí. – antes de terminar a frase, seu estômago roncou, e null fizera uma cara engraçada. – É, e comer porque perdi o café da manhã por sua culpa!
- Foi bem eu que quis parar umas três vezes pra mijar, né.
null rolou os olhos.
- Não tente jogar a culpa em mim. Você que é uma garota dirigindo. – a garota deu de ombros, e null mostrou a língua para ela.
- Vai, se arruma logo. – mandou um beijo no ar para ele, que revirou os olhos.
null terminou de retirar as infinitas roupas – para apenas escolher um short jeans e uma regata -, enquanto null trocava a calça jeans por uma bermuda preta e pegava todos os documentos, dinheiro e tudo o que fosse necessário para o passeio.

[...]

O casal estava discutindo na fila para entrar no barco que os levariam até o meio do nada, como dissera null, onde fariam o mergulho para ver os corais. A mulher gesticulava ferozmente enquanto null estava com os braços cruzados em seu peitoral desnudo, olhando para cima e fingindo que null era apenas uma mosca zumbindo em seu ouvido, nada mais. Seguiram assim durante todo o trajeto: desde o fiscal, o instrutor e o responsável pela roupa de mergulho até sentarem em seus devidos lugares na ponta do barco.
- Eu acho que vou enjoar se ficar aqui. – null resmugou, olhando para a água calma e límpida do mar, enquanto ela bufava por, pelo menos, a sexta vez em um intervalo de cinco minutos.
- null, já sabemos que você é uma marica. Agora me responde por que infernos você não me contou que sabia que a null tinha uma missão? – null estava furiosa por estar sendo, de novo, a última a descobrir as informações divinas privilegiadas. Suas mãos apertavam fortemente as bochechas de null, fazendo-o franzir o cenho.
- Eu não falei de missão nenhuma, idiota. Disse que eu acho que ela está tentando nos juntar a todo custo por intervenções divinas. – tentou responder, ainda com a boca sendo amassada pelos dedos compridos dela, sob seu olhar desconfiado.
- Resumindo: VOCÊ SABIA QUE A HOLLY TINHA UMA MISSÃO! – ela praticamente berrou, e em questão de segundos, null colocou a mão em sua boca e a puxou para perto de si. null olhou ao redor, mas todos estavam ocupados demais em observar o barco dando partida e tirando foto de um monte água jorrado para todos os lados.
- Tá louca, null? Você não precisar gritar pros quatro cantos desse barco que eu sei da missão da minha ex-namorada morta que virou um anjo. – null lambeu sua mão e num ato reflexo, ele a tirou de sua boca e a limpou na coxa dela. – Até porque com esse comportamento vão te mandar pra um manicômio. – finalizou, encostando-se ao banco tentando evitar as náuseas.
- Isso não muda o fato de que você sabia e não me contou. Eu tinha o direito de saber! – null realmente se emburrou como Summer fazia, cruzando os braços e fazendo um bico enorme. null pensou o quanto as duas estavam pegando as manias uma da outra e o quanto aquilo era fofo, mas nem mesmo isso fez a irritação passar. null sabia ser insuportável quando queria. O homem respirou fundo antes de respondê-la com o máximo de educação que conseguiria no momento.
- Será que pelo menos por um minuto você pode esquecer essa coisa estranha que é ver a null e toda essa loucura? Será que você pode? Eu quero aproveitar essa viagem, e quero fazer isso com você. Então, será que dá pra fazer isso por mim? – enquanto falava, null se aproximava lentamente do rosto de null, finalizando o pedido – quase uma súplica – depositando um selinho demorado nos lábios dela.
O arrependimento de estar sendo uma chata irritante caiu sobre os ombros de null. Ela estava realmente surtando por estar longe de Summer e descobrir que todas as tramoias da descarada da null eram para juntá-la com null fora apenas um meio de descarregar toda a sua preocupação. Mas quase ser mandada embora por implorar ao chefe para null tirar folga junto dela deveria valer a pena e não seria por uma melhor amiga morta que virou anjo e estava tentando juntá-la com o ex dela que ela desperdiçaria aquela viagem incrível.
- Desculpa. – disse, finalmente, lhe dando mais um selinho. null sorriu esperto, abraçando-a pelos ombros.
- Repete.
null o fitou séria. Ele apenas ergueu as sobrancelhas.
- Vai, repete.
- Desculpa, null, não vai se repetir.
Murmurou, sorrindo cínica para ele, antes de lhe dar um selinho, puxando seu lábio e o mordendo com força. null soltou um gemido de dor, e só então ela soltou seu lábio.
- Guarda essa selvageria pra mais tarde...
- null! – o repreendeu, levando o dedo indicador a sua boca e olhando ao redor para verificar se alguém havia escutado as perversidades do rapaz. null deu de ombros, fazendo cara de inocente, e era impossível para null segurar o riso quando ele era tão extremamente fofo com aquela cara de criança sapeca.
Por um instante, todas as brigas entre ela e null começaram a passar por sua cabeça: desde as mais simples – como a de quando se conheceram – até as fatídicas e doloridas discussões onde ele acabava a xingando de vaca frígida ou ela usava de toda a sua arrogância e insensibilidade para mantê-lo afastado. Fato era que Summer estava amolecendo seu coração e todas as vezes que se sujeitava a uma discussão com null pensava no quanto aquilo faria mal a ela e se arrependia; Óbvio, não somente pela filha, mas por ela mesma, também. Tinha que confessar: (quase) todas as tentativas de null em fazer dela e de null um casal estavam sendo concluídas com sucesso. E ela estava, aos poucos, rendendo-se ao sentimento trancafiado a setenta chaves. Então, toda vez que palavras ásperas e rudes eram trocadas com o objeto de suas aflições e inseguranças, sentia-se numa tristeza plena. Outro fato era que estava deliberadamente apaixonada por null null.
- Você vem ou não? – a voz de null a tirou de seus devaneios, e o rapaz a fitava, uma sobrancelha arqueada e as mãos estendidas em sua direção. Abriu um sorriso satisfeito. Ela estava onde queria.
- Claro, não vejo a hora de ver peixes estranhos e correr o risco de ser queimada por águas vivas! – disse, pegando sua mão e o seguindo enquanto o rapaz rolava os olhos com as ironias de null com os passeios que fariam durante a viagem.
Colocaram a roupa e os equipamentos para respirarem em baixo d’água enquanto escutavam as instruções atentamente. null se vestiu primeiro e um dos instrutores a guiou até a água, tentando a todo custo puxar assunto com ela. Perguntou de onde era, se estava gostando da viagem, se era a primeira vez que vinha... Já estava começando a achar que o rapaz estava tentando flertar com ela quando percebeu que null demorara porque estava conversando com o outro instrutor. null assentia e sorria para o primeiro instrutor, observando null chegar até eles.
- Que demora. – disse, desconfiada, o fitando seria. null deu de ombros.
- Só estava tirando algumas dúvidas com o instrutor. Vamos? – null abriu sorriso largo, pegando nas mãos de null e a puxando para submergir na água.
Quando mergulharam com o segundo instrutor – o qual null conversara antes -, null encantou-se com o quão colorido o fundo do mar poderia ser. Havia várias espécies de peixes das mais variadas cores e eles nadavam perto do casal como se eles não estivessem ali. null entrelaçou seus dedos ao de null, chamando sua atenção e fazendo-o olhar para onde ela estava observando já que o rapaz parecia alheio às maravilhas dos corais ao redor deles. Ele lhe sorriu, acanhado, e então começou a nadar em direção aos outros corais, vez ou outra parando para ver quando null apontava um peixe lá ou aqui. Embora ela estivesse deslumbrada com a perfeição submarina, notou que null estava inquieto, olhando toda hora para trás e dando acenos de cabeça para o instrutor como se perguntasse “está tudo bem? Não iremos morrer agora, iremos?”. Era certo que o rapaz nunca tivera uma paixão pelo mar mas, também, não era necessária a apreensão. E quando null parou, pela sexta vez em menos de dez minutos, null já estava pronta para lhe lançar seu olhar repreensivo, porém null se soltou de sua mão, nadando até uma pedra onde se encontrava uma ostra; Ele tentou abri-la, enfrentando um pouco de dificuldade, e quando finalmente a abriu, estava vazia. null deu de ombros, fazendo um bico com a boca e null lhe sorriu. Um sorriso extremamente largo (considerando o tubo em sua boca) e... sincero. E então, o instrutor apareceu, entregando-lhe outra ostra. Em um flash, tudo se encaixou na mente de null. Ela levou ambas as mãos ao peito, e null nadou até ela, tentando ficar parado o máximo que conseguia. null, finalmente, abriu a ostra e duas alianças começaram a flutuar lentamente pelo mar. A reação de null fora ficar sem reação, assistindo a null pegar os objetos de ouro e buscar por sua mão esquerda. Pegou-a, elevando o dedo anelar, mas não sem antes lançar um olhar como se pedisse permissão à mulher. Ainda sem reação, ela apenas assentiu com a cabeça.
null deslizou o anel em seu dedo, sem tirar o sorriso nem por um segundo de seu rosto, e finalizou depositando um beijo em sua mão. Entregou a outra aliança para null, que tremia ao pegá-la. Era uma loucura, e ela estava se deixando levar pela insanidade de null. Assim como ele, pegou sua mão esquerda, elevando seu dedo anelar... Pensou em tudo o que aquele deslizar de anel mudaria em suas vidas. Ou melhor, dentro dela mesma... Hesitou por um instante, mas, antes que ficassem sem oxigênio embaixo d’água, respirou fundo e o fez.
null deslizou a aliança de ouro pelo dedo anelar de null rapidamente como se o fizesse logo não tivesse como se arrepender...
Seus corações espancavam seus peitos, competindo qual dos dois batia mais alto. null estava louco, era a única coisa que null conseguia pensar. Muito embora os seu tremor e a sua arritmia fossem única e somente porque ela não estava se sentindo pressionada ou com a sensação de que se arrependeria. Estava feliz. Tudo o que sentia era felicidade pura e plena. Um espelho perfeito de como null estava.
null tirou seu snorkel e entendendo o que ele queria com aquilo, null tirou o seu também, e não fora preciso mais do que dois segundos para ele grudar seus lábios aos dela. Antes que morressem sufocados por falta de oxigênio pelo beijo e por estarem em baixo d’água, nadaram até emergirem da água.
- Você... você é... louc... – null tentou falar, mas o rapaz levou o dedo indicador aos seus lábios.
- Só cala a boca e me beija, null. – sentenciou e não fora preciso pedir duas vezes.
null aproximou seus rostos, roçando seus narizes carinhosamente, moldando perfeitamente seus lábios e trocando o beijo mais apaixonado em todo o tempo em que estavam juntos. null levou a mão até a nuca de null, agarrando firmemente seus cabelos molhados, puxando-os conforme a língua dele acariciava a sua com destreza. As mãos do rapaz não sabiam se decidir entre a curva da cintura dela ou a sua bunda, deslizando-as pela região conforme o beijo aumentava o seu ritmo.
Quando seus pulmões começaram a gritar por ar, null puxou firmemente os lábios de null, finalizando um uma mordida leve. Encostaram suas testas, roçando levemente seus narizes...
- Isso é um namoro ou um casamento, null? – perguntou divertida, sorrindo ainda perto de seu lábio.
- Nem um e nem outro, null. Somos você e eu e esse sentimento louco que me faz não querer desgrudar de você nem por um minuto. – piscou para ela, lhe dando um selinho rápido.
- Acho que estou em dúvida... – null olhou para cima, fazendo um biquinho como se estivesse pensando. null franziu o cenho, já concluindo que o arrependimento de null viera mais cedo do que pensara.
- Dúvida? – perguntou receoso.
- É, se prefiro o null ridículo e egocêntrico, mas que sabe me tirar do sério, ou o fofo e romântico que surge às vezes, raramente... – deu de ombros, apertando ainda mais seus braços em volta do pescoço do rapaz, e lhe dando vários selinhos seguidos, após ele bufar e rolar os olhos em indignação.
Estava apaixonado por uma mulher extremamente imprevisível. E talvez fosse exatamente por isso.


[...]

Now I’ll surrender up my heart and swap it for yours.



O dia havia sido extremamente exaustivo para o casal, então quando o Sol começara a se pôr o cansaço os atingiu, decidiram que já haviam feito muita coisa para o primeiro dia ali. Então null se lembrou do píer que Alex havia comentado com ele antes de irem viajar, e foram visitar o lugar.
Era lindo, como esperado, a ponte do píer permitia assistir perfeitamente o por do Sol e observar as luzes alaranjadas e amareladas serem sugadas pelas águas escuras do lago. O casal se sentou na ponta do píer, null acomodada no meio das pernas de null, envolvida em seus braços, e recebendo beijos nos ombros hora ou outra.
null não conseguia se lembrar de quando fora a última vez que se sentira tão leve, feliz e com uma paz extremamente grande dentro de si, como estava aquele momento. Era verdade que a morte de null o fizera se afundar em um poço sem fim de tristeza e quando ela reapareceu como anjo fora única e exclusivamente para dizer que não o amava mais e ficar fazendo joguinhos com ele fora ainda pior para suas faculdades mentais continuarem perfeitas. Porém, por outro lado, lidar com aquela situação e ainda cuidar de Summer o fizera mudar em tantos aspectos de sua vida e de si mesmo que quase não se reconhecia. Era bom ver aquela mudança, ver que ele não seria o galinha infiel que não estava nem aí para as suas responsabilidades, para sempre. Mas um pensamento lhe ocorreu: null poderia, sim, tê-lo ajudado com a sua loucura angelical (isso era realmente possível, Deus?), porém quem o motivava a ser alguém melhor era null.
O mesmo pensamento havia iniciado a viagem pelas memórias dos últimos muitos meses da vida de null. Nunca se sentira tão plena de felicidade como estava se sentindo naquele instante. Não havia motivos para negar que estar nos braços de null, no fundo, fora exatamente tudo o que sonhou desde o dia que seus olhos null encontraram os seus. E só Deus sabe – talvez null também soubesse agora – o quanto fora doloroso ter que soterrar esses sentimentos e colocar a felicidade de null a frente da sua. Era reconfortante poder respirar fundo e perceber que tudo estava entrado nos eixos: Estava conseguindo conciliar faculdade, trabalho e Summer, null estava lá por tempo indeterminado e, finalmente, havia se acertado com null.
De repente, null se deu conta de como realmente estava a sua vida, ou melhor, como estava a vida que null deveria estar levando se não estivesse morta, e virado um anjo com a missão de juntar o ex-namorado e pai de sua filha com a melhor amiga individualista e egoísta.
Um sentimento de culpa começou a invadi-lá.
- É estranho, null. Eu sinto como se estivesse roubando o lugar dela. - null se pronunciou de repente, como se continuasse um assunto previamente iniciado em sua cabeça. null encaixou sua cabeça em seu ombro, falando baixinho em seu ouvido:
- Ei, não fala isso... O lugar dela ainda continua sendo dela. Ela foi meu primeiro amor, é a mãe da minha filha, mas... Mas, você, null, é o amor da minha vida. Sempre foi. – enquanto sussurrava, distribuía beijos desde seu ombro até a volta de seu pescoço, finalizando, sem aviso, com um beijo lânguido ao pé do seu ouvido. Ela encolheu os ombros, numa tentativa falha de evitar os arrepios, e fechou os olhos, respirando fundo para afastar a vontade incontrolável de chorar. Vendo que ela não se pronunciaria, null continuou:
- Quando eu percebi que o que a null estava fazendo, e eu acho que ainda esteja fazendo, eu entendi que era uma confirmação. Você nasceu pra mim, e eu pra você. Você é pra ser e é minha, a gente só descobriu isso na hora errada... – ele fora impedido de continuar pelos braços de null que havia virado um pouco o corpo para trás, permitindo que o abraçasse de um modo um pouco incômodo, embora ela não estivesse se importando.
- Só que agora, null, é a hora perfeita. Você se tornou a segunda mãe da minha filha, e eu não vejo mais motivos pra gente negar o quanto é certo estarmos juntos. Entende? – null sorriu, afagando os cabelos de null. Mas tudo o que ele estava falando parecia errado demais aos ouvidos dela. Não era certo estar roubando a vida de null. Simplesmente não era. E mais errado ainda era tomar conta de uma situação na qual você nunca seria boa o suficiente. Aquilo matava null das piores formas. Ela não era o bastante.
- Eu tenho medo, null, será que você não entende? – ela tomou seu rosto em suas mãos, fazendo seus olhos null se prenderem aos dela. A angústia era evidente nos olhos dele. Ou talvez só fossem o reflexo dos seus... – Eu vou viver na sombra da null pro resto da vida! – null fez menção para interrompê-la, mas ela levou o dedo indicador aos seus lábios. – Eu nunca vou conseguir fazer você sentir por mim o que sentia por ela... Nunca!
Ouvi-la dizer que nunca seria boa para ele doía como um inferno. Como ela podia se quer pensar uma barbaridade daquelas? null começou a pensar que, talvez, quem não fosse bom o suficiente para alguém ali era ele para ela já que não conseguia fazê-la se sentir segura em relação a ele e seus sentimentos... Limitou-se a fita-la, seu olhar penetrando a sua alma, tentando dizer que ela estava irremediavelmente errada.
- E.. e-eu tenho medo de não ser o suficiente como ela foi pra você. Porque você me tira do sério, me faz soltar fogo pelas ventas. Às vezes, se eu não me lembrasse de que você é pai da Summer, eu te matava com as minhas próprias mãos... E eu tenho medo de que em uma das minhas crises você deixe tudo pra trás, que você não me ache boa o bastante... – ela continuou, desviando o olhar dos olhos de null, olhando para cima, tentando evitar que o amontoado de lágrimas escorresse livremente por sua bochecha.
null fechou os olhos, afastando qualquer insegurança que pudesse afetar aquele relacionamento. null não iria sabotá-los outra vez. Muito menos ele.
- Quando for assim, você pode me bater. Me soca, tudo bem? Me xinga, me bate até a sua raiva passar. Qualquer dor vai ser menos dolorosa do que a te ver partindo...
- null, eu vou estragar tudo. Eu quero você, eu gosto de você e acho a nossa relação super saudável para a Summer, mas...
- ! Me escuta. – null fechou os olhos, como se buscasse coragem em seu âmago para finalizar, de uma vez por todas, aquela discussão.
- Se não der certo? Tudo bem! Ótimo! A gente recomeça quantas vezes for necessário.
- null, para... eu vou estragar tudo de novo e de novo e de novo...
- Eu posso terminar de falar, null? – ela assentiu com a cabeça, mordendo os lábios.
- Obrigado. Vou tentar milhares de vezes antes de desistir de você. Eu desisto de tudo, só pra tentar com você. E sabe por que eu estou disposto a tentar uma, duas, três, infinitas vezes com você? – null o fitava, apreensiva, enquanto null declarava-se olhando fixamente em seus olhos. Ela podia sentir nos null de seus olhos o que estava para acontecer e, Deus, como ela esperou por àquele momento.
- Porque eu te amo! Eu te amo, null null. Você é a segunda mulher da minha vida. E eu quero que seja a última.
Até que as palavras entrassem na mente de null e ela associasse a pessoa à palavra e ao momento levaram alguns longos segundos torturantes para null. Mas quando se deu conta de que aquelas três palavra era tudo o que precisava para mandar as suas inseguranças para o espaço, abriu um sorriso de orelha a orelha, fazendo null suspirar aliviado.
- Eu te amo, eu te amo, eu te amo... – null pulou em seu pescoço, beijando-lhe desde a bochecha até a nuca, e percorrendo o caminho de volta até chegar a seus lábios e enchê-lo de beijos, falando, entre um beijo e outro, infinitos “eu te amo”.
null sorria mais a cada beijo e a cada eu te amo que ouvia. Naquele instante, nada mais importava: nem as pessoas nadando a beira do lago, ou os casais do outro lado do píer os fitando com olhares apaixonados e... muito menos null parada há uma distância segura deles, deixando que as lágrimas de felicidade rolassem por seu rosto. Naquele momento null e null precisavam deixar que seus sentimentos se colidissem, se misturassem, criassem forma; Foram anos reprimindo e escondendo o amor que sentiam um pelo outro e ali, envolvidos em carícias, beijos e palavras de afeto, assinaram, lá no céu, um contrato sem volta de amor eterno.
null roçava carinhosamente seu nariz no de null, ainda sussurrando a bronca por ela ter lhe dado um susto, fazendo-o pensar que ela desistiria e o deixaria para trás. Uma risada alta e espalhafatosa escapou da garganta dela, mas null continuava com a cara amarrada.
- Não vejo graça, null. – resmungou, carrancudo.
- Como você é chato, null. – mostrou a língua para ele e, em seguida, levantou-se num pulo e saiu correndo pelo píer. null balançou a cabeça, pondo-se a correr atrás dela.
- Volta aqui, sua louca.
null começou a rir, restringindo a sua velocidade a quase zero e permitindo que null a alcançasse não muito tempo depois. Ele a abraçou por trás, fazendo cócegas em sua barriga, e quase deixando-a com falta de ar de tanto rir.
- Diz quem é o rei. – null exigiu, lembrando-se da última vez que fizera essa brincadeira com null.
- Você é o rei, null! – null cedeu mais rápido do que da primeira vez, rolando os olhos com tamanha bobeira do... namorado. – Você é o rei mais idiota que já vi. –o provocou, virando-se de frente para ele e o abraçando pela cintura.
- Idiota! Vai, vamos voltar para o chalé... – null a abraçou, também, caminhando lentamente até o chalé.

[...]

null tentava convencer null de que ela não precisava ligar para Alex para apenas dar uma “pequena checada” se Summer estava bem porque as últimas dez mensagens enviadas para o celular dela já haviam sido convincentes o suficiente de que ela estava preocupada, quando adentraram o chalé. null deu um grito agudo, levando as mãos aos peitos e no mesmo instante null fechou a cara.
- O que porra você ta fazendo aqui? – o tom grosseiro saiu pior do que o esperado, mas o sorriso angelical de null não parecer nem um pouco abalado com a incivilidade de null.
Limitou-se a rolar os olhos, apenas, e direcionou-se a null.
- Summer está ótima, quando a deixei estava dançado no Xbox com a pobre da Alex. – abriu aquele sorriso tranquilizador a amiga, e voltou o olhar desaprovador para null.
- E fico lisonjeada com essa felicidade evidente com a minha presença, null. Aliás, um tanto irônico essa situação...
null não tirou a marra, e null apenas a agradeceu pelas informações, mas ambos continuaram parados na porta do chalé. Se alguém passasse por ali pensariam que eram dois lunáticos conversando com a cama do chalé.
- Agora entrem antes que chamem o manicômio pra vocês... – pediu, indicando a cama. Os dois entraram e fecharam a porta, porém pararam em frente à cama, a observando.
- Agora sentem porque temos um assunto sério para tratar.
null se sentou na hora, perplexa e com a cabeça rodando com a ansiedade que a atingira. As feições de null mudaram de marrentas para preocupadas em questão de segundos e só se sentou porque ela o puxara pela mão.
null respirou fundo. Estava incerta quanto aquilo, mas, mais hora menos hora ela precisaria agir. Sua missão estava cumprida e não havia mais nada para ela ali.
- Primeiro: Eu não quero mais adiar isso e não quero, de jeito nenhum, estragar a viagem de vocês. Então quero que vejam isso como um pequeno obstáculo na viagem. Simples.
- null... Não, por favor. – null pediu, mas null respirou fundo, e respondeu, taxativa:
- Tem que ser feito. Agora me deixem falar e não me interrompam senão eu vou desistir, ok?
- Então desiste, desiste! – foi a vez de null se manifestar, mas null lançou um olhar fuzilante ao rapaz, e apenas prosseguiu com o seu plano perfeito de despejar tudo em cima deles.
- Sim, minha missão era juntar vocês dois e não, o null não havia “descoberto”, null. – ela rolou os olhos para o drama da amiga. – Eu intercalei entre você e Summer o dia inteiro e confesso que depois da cena do píer eu me senti com se não pertencesse mais aqui. E então foi que me dei conta: eu consegui. Juntei os dois babacas cabeças duras que me deixaram louca de arrancar os cabelos. E tudo o que você disse, null... – seus olhos brilharam na direção dele, e estavam mais orgulhosos do que machucados. – Eu já sabia cada palavra, só estava esperando que você criasse bolas e as dissesse logo para null. E foi lindo, parabéns. – ela bateu palminhas, fazendo-o rolar os olhos.
Sempre tivera bolas, oras. Que anjo mais impertinente.
- Eu ia esperar até vocês chegarem em Londres, mas eu não queria fazer isso perto da Summer, eu não teria coragem de ir embora. E eu quero que quando vocês cheguem lá, ela sinta a harmonia de uma família formada, porque a minha filha precisa disso.
- Então é isso? Você simplesmente aparece um dia dizendo que virou um anjo, completa a sua missão idiota e vai embora? – a voz machucada de null a cortou.
- Sim, null. Eu nunca disse que seria para sempre.
- Mas nunca disse que iria embora, também. Isso não é justo, null. – null argumentou, gesticulando ferozmente com as mãos.
O anjo suspirou pesadamente. Era difícil ser um anjo e sair em missão na Terra como se fosse a situação mais normal do mundo e quando a concluísse voltasse de volta para o mundo divino. Mas era como as coisas eram e ela nada podia fazer. Era fato que nunca deixara isso claro, mas, não esperava que precisasse explicar aquilo.
- Eu morri. Morri. Não posso ficar aqui, não pertenço aqui, tudo bem? – não estava brava, aliás, estava brava, sim. Mas não pela indignação deles, mas porque a vida era extremamente injusta e ela não havia percebido o quanto não queria embora até aquele momento. Nunca havia dito aquilo em voz alta com tanta convicção.
Silêncio.
- Eu não quero que você vá... – null disse baixinho, quebrando o silêncio.
- Não rola uma negociaçãozinha com Deus? – null ergueu as sobrancelhas, esperançoso, e null deu u riso triste.
- E Deus lá é divindade e negociaçãozinha, null? – o repreendeu, arrancando uma gargalhada do casal.
- Levantem, vai, venham se despedir antes que eu vá sem fazer isso e, olha, não vou voltar. É cansativa essa vida de viagem do céu até aqui, daqui até o céu... – tentou fazer uma graça, mas nada além de umas risadas tristes ressoaram pelo chalé.
Ela examinou a tristeza nos dois, e de repente, seus olhos estavam marejados.
- Só me promete uma coisa antes deu ir... – null comprimiu os lábios em uma linha fina, claramente travando uma luta contra as lágrimas angelicais e divinas dela; As de null e null já percorriam livremente por suas bochechas. – Prometam pra mim que nunca mais vão se lembrar de mim com essa tristeza de alguém que se foi. – a garota os abraçou, aproveitando-se da oportunidade e em meios aos soluços, finalizou: - Mas vão lembrar-se de mim como alguém que estará sempre cuidando de vocês, observando os seus passos e tentando guia-los para não se perderem no meio do caminho. Lembrem-se de mim como alguém que será a vozinha em seus ouvidos dizendo o quanto vocês estão sendo idiotas quando brigarem, também. Mas, o mais importante... Lembrem-se de mim como aquela pessoa, sim, pessoa, que escutará todos seus lamentos e choros e, por mais que não possa dizer nada ou abraçar vocês, estarei lado a lado, cuidando para que a paz nunca deixe o coração de vocês. Nunca. – ela apertou mais ainda o abraço em null e null. Em meio às fungadas e soluços, responderam em uníssono:
- Prometo! – os três trocaram uma troca significativa de olhares e deixaram um riso triste escaparem de seus lábios. Despedir-se pela primeira vez já fora difícil, despedir-se a segunda era quase como se arrancassem seus corações a sangue frio.
- E ah... Não deixem a Summer se esquecer de mim. E não preciso nem dizer para cuidarem dela porque eu sei o quanto vocês se esforçam pra isso, e estão sendo mil vezes melhores do que eu seria.
- null, não há cuidados como o da mãe biol...
- null, eu sei das coisas, tudo bem? – null cortou a chatice de null, e continuou: - Sou um anjo com informações privilegiadas. – disse, embora informação privilegiada passasse longe dela. – E uma mãe de coração como você nem em mil anos eu vou encontrar. Eu amo você. – sorriu para a amiga, abraçando-a forte uma última vez, e beijando-lhe a testa.
- Eu também te amo, null, pra sempre. – a amiga disse baixinho, quase como um sopro, e null assentiu, se direcionando a null em seguida.
- E você, null... Obrigada. Obrigada por ser esse pai incrível que eu sempre soube que você seria. Em momento algum o arrependimento de ter tido uma filha sua passou pela minha cabeça. Mas, mais do que isso, obrigada por amá-la ainda mais do que você me amou e por amar a mulher que ela tem como mãe melhor do que como você me amou. Estou orgulhosa de você e de quem você se tornou. – ele a puxou para um abraço, baqueando qualquer estrutura que ela tivesse.
- Grande parte do que me tornei eu devo a você... – null tentou buscar mais alguma coisa, qualquer palavra que fosse para dizer a null, mas, ele não tinha mais nada a oferecer além das três sinceras palavras: - Eu te amo! – apertou mais ainda o abraço, mas ela não deixou que a ação durasse muito. Não podia. Era doloroso demais.
- Eu vou cuidar de vocês.
- E um dia a gente se encontra... – null sorriu para null enquanto ela se afastava.
- Não arranje outra melhor amiga, null. Vamos te encontrar. – a amiga lhe lançou um olhar triste, vendo o espectro de null desaparecer bem diante de seus olhos.

null abraçou null, afundando o rosto em seu pescoço, enquanto ele afagava seus cabelos, esperando que o choro chegasse a qualquer momento. Mas, ele não viera. Por um lado, se sentiu aliviado porque vê-la chorar e não poder fazer nada, sentindo-se um merda impotente, porém, pelo outro lado, tinha medo de que a sensação de que aquele não era o fim talvez também estivesse a assolando.
Mal sabiam eles que aquele era apenas o fim de apenas um capítulo de suas vidas.


Nota da autora: Hey, cupcakes! :3 Só Deus sabe o quanto eu estou receosa, ansiosa e rolando com esse spin off. Estou com MUITO medo de ter invadido a história da Gio, e se eu fiz isso, podem me dar um puxão de orelha. hahahaha Bom, como deu pra notar, a história se passa algum tempo depois de onde ela parou e eu fiz os personagens a partir das minhas perspectivas bem ilusórias de como eles vão se tornar ao longo da fanfic após passarem pelas situações às quais EU SEI QUE A GI VAI FAZER ELES PASSAREM E SOFREREM ETERNAMENTE, porque Xiofanna é má. AHAUAHUAHUAHUA Mentira. Eu quero [vou ficar no querer] que eles tenham uma reviravolta geral no caráter, princípios e personalidade até porque encarar uma nenê e um anjo deve abalar as estruturas, né? HAUHUAHUHUA Bom, falei demais. Peço, por favorzinho, deixe seu humilde comentário ali embaixo dizendo o que achou. hihi E ah, queria agradecer especialmente a Giovanna Diva Suprema por permitir [aka intimar] que eu escrevesse esse pequeno devaneio que eu tive há um tempinho com SB, e também a Brubs e a Letlet que aguentaram meus surtos de “ninguém vai gostar”, “estou invadindo a história da Gio”. Hahaha Agora vou calar os dedos antes que isso fique maior que a fanfic. <3
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