O tempo estava nublado e a capital da Inglaterra mergulhada em uma onda de frio intenso típico da época do ano, mas não havia a presença da costumeira neve. O dia estava perfeito para se ficar em casa aconchegado perto da lareira e tomando chocolate quente. Muitas pessoas, de fato, deveriam estar fazendo aquilo ou simplesmente dormindo, apesar de passar das dez da manhã, uma vez que não havia muitas pessoas na rua e os poucos que se aventuravam a fazê-lo eram em sua maioria turistas.
Havia um senhor que caminhava solitário pelas ruas e parecia não se importar com as rajadas de frio cortante. Estava de gorro, luvas, cachecol e um casaco fechado para se proteger do frio. Em sua mão direita havia um buque simples de . Aparentava ter cinquenta ou sessenta anos. Haviam poucos fios s que se misturavam com os cabelos brancos. Não havia nada de especial nele, ele aparentava ser apenas mais um cidadão de Londres. Porém, é nele que essa história se concentra.
O homem caminhava pacientemente pelas ruas e desviava de pessoas, placas e alguns animais que vagavam sem caminho. Após cruzar uma das avenidas, atravessou um grande portão de ferro. Do lado de fora podia-se ver uma placa que indicava que ali era o cemitério.
O senhor andava despreocupadamente entre as lápides, até chegar à qual ele queria. Respirou fundo e sentou-se de frente aquele bloco de mármore onde podia-se ler umas poucas informações sobre a pessoa que ali estava enterrada.
– Olá, querida. Eu lhe trouxe flores. As suas favoritas. – O senhor disse e abriu um pequeno sorriso. Depositou as flores sobre o túmulo e ficou encarando a foto da lápide.
– As coisas não são e nunca serão as mesmas sem você aqui. – Ele suspirou. – Sabe, eu conheci uma garota. Conversei sobre você com ela. – Houve uma pequena pausa enquanto o visitante pensava em algo para falar. Haviam tantas coisas não ditas e ele simplesmente não sabia por onde começar. Talvez ninguém soubesse. – O cabelo de vocês é parecido, mas o dela é mais claro e... Só que depois de todo esse tempo sem você aqui, você continua significando algo pra mim, entende? Eu só... Não consigo te esquecer, . Na verdade, não tenho certeza se tentei. Nunca consegui imaginar a minha vida sem você. – Soltou um breve suspiro e deixou-se levar por suas lembranças.
Flashback
O casal se encontrava debruçado sobre o capô do carro. Eles riam de alguma piada que o garoto havia feito. Estava amanhecendo e, por estarem em um local relativamente alto e longe de , tinham uma visão privilegiada do primeiro grande espetáculo do dia: o nascer do Sol.
O rádio do carro estava ligado, sintonizado em uma emissora qualquer, e os vidros do automóvel abaixados para que o casal pudesse ouvir a música que tocava. Mas não era como se eles estivessem realmente prestando atenção no que tocava. Os barulhos produzidos pelo rádio eram apenas para preencher o silêncio reconfortante que vez ou outra se instalava entre eles. Servia apenas como trilha sonora daquele momento, que ambos julgavam perfeito, entre eles.
Após as risadas, os dois ficaram em silêncio, uma música qualquer tocando ao fundo. Eles se encaravam com sorrisos no rosto. Foi com certa lentidão que o garoto se aproximou da amiga. Ele a olhava dentro dos olhos e somente desviou o seu olhar para os lábios da garota e logo voltou a olhá-la nos olhos. Continuou nisso por alguns segundos, até que encostou seus lábios no dela.
Os dois fecharam os olhos e logo um beijo calmo teve início. Ao fundo tocava uma música desconhecida, mas isso não importava. Estavam ocupados em apreciar o beijo um tanto quanto repentino entre eles.
Após um tempo que passou despercebido, finalizaram o beijo aos poucos, com alguns selinhos. A garota aconchegou-se melhor no peitoral do maior e logo suspirou.
– O que foi? – Ele perguntou.
– É só que... Você vai embora daqui uns dias. – O rapaz ficou um tanto tenso ao ouvir aquelas palavras. – Eu não tenho certeza se quero que você vá, . Não tenho certeza se quero ficar sem você. – Ela murmurou e se sentou sobre o capô.
– , eu... – Ele suspirou e repetiu o movimento dela. Nenhum deles notou a presença da nova música, era Airplanes, que preenchia aquele silêncio que se instalou entre eles. olhou para o céu e viu um avião cortar o horizonte.
– Volta comigo.
– O que? – perguntou, sem entender o pedido. pegou em suas mãos e repetiu o seu pedido, olhando dentro dos olhos dela.
– Volta comigo pra Londres, .
– , eu...
– Por favor, . Eu não sei o que faria da minha vida sem você. Você é... Tudo. Simplesmente tudo para mim.
Fim do Flashback
– Obrigado, querida. Obrigado por ter aceitado voltar comigo. Nada seria o mesmo sem você ao meu lado. – agradeceu para a lápide que estava em sua frente enquanto desejava com todas as suas forças que ela estivesse lá, o ouvindo. Fechou os olhos e mesmo sabendo que não era possível, ainda havia uma fagulha de esperança em seu coração. Por isso desejou que tudo aquilo não passasse de um sonho ruim e que logo acordaria, com sua amada ao seu lado sussurrando em seu ouvido que tudo aquilo não passou de um sonho ruim. Um pesadelo.
Flashback
estava nervoso e qualquer pessoa presente ali poderia confirmar isso. Suas mãos suavam e ele estalava os dedos a toda hora. Seus amigos – e padrinhos – que no começo acharam graça daquilo, começaram a se sentir incomodados.
– Calma, cara. Daqui a pouco começa. Relaxe. – disse, tentando fazer com que o amigo relaxasse um pouco.
– Eu estou relaxado. – arqueou uma das sobrancelhas e murmurou sarcasticamente um “jura? Nem deu pra notar” que foi ouvido e ignorado pelo de olhos .
– E se ela desistiu? E se ela disser que não e... – foi interrompido pelo único que não havia dito nada até o momento.
– . Se acalme. Ela vai entrar a qualquer momento. Ela ama você mais do que tudo e jamais vai te deixar no altar. Agora keep calm. – suspirou e segundos após a falar do amigo as portas da igreja se abriram e a música de entrada da noiva começou. Os padrinhos rapidamente foram para os lugares e abriu um enorme sorriso ao ser sua noiva caminhando em sua direção. Sua noiva. Sua futura mulher. Apenas sua.
Logo estavam de mãos dadas, de frente para o padre que iniciava o seu sermão sobre o casamento.
– . – O padre começou, após um tempo. – Você aceita como sua legítima esposa?
– Aceito. – Ele sorriu.
– , você aceita como seu legítimo esposo?
– Sim. – Ela respondeu com um grande sorriso no rosto e tentando controlar as lágrimas.
– E com o poder concebido a mim, eu vos declaro marido e mulher. – O padre finalizou a união entre os dois e olhou para , dando a palavra final. – Você já pode beijar a noiva.
E então eles se beijaram, o senhor e senhora .
Fim do Flashback
– Pode parecer besteira, mas você realmente me fez feliz ao dizer sim naquela noite. Eu me senti o cara mais sortudo do mundo por te ter como minha mulher. E as coisas só melhoraram a partir daí.
Flashback
A garota levou uma das mãos à boca, sem acreditar no que via. Após a ficha cair, começou a sorrir uma boba e passou a acariciar a barriga.
observava a cena do quarto, uma vez que a porta do banheiro estava aberta, sem entender absolutamente nada do que a esposa fazia. Havia chegado a pouco tempo do estúdio e encontrado a mulher na frente do espelho do banheiro, olhando pra um palitinho em sua mão e sorrindo.
– ? – A chamou e a esposa olhou em sua direção. – Aconteceu algo? – Perguntou tem tom preocupado enquanto se aproximava da mulher.
– We’re having a baby. – A senhora respondeu. O semblante preocupado de ia se suavizando enquanto seu cérebro absorvia a nova informação. Seus olhos focalizaram uma caixinha, que indicava ser um teste de gravidez, em cima da pia e um enorme sorriso tomou conta de seus lábios, acentuando a existência de uma covinha no seu rosto.
Quebrou a distância que existia entre a esposa e ele a beijou, tentando colocar tudo o que sentia por ela naquele beijo.
Fim do Flashback
– Foi uma das melhores coisas que aconteceram na minha vida. Está empatado com o dia em que nos conhecemos. E com o dia em que você disse sim. – sorriu, deixando-se levar pelas lembranças, por todos os momentos em que passou com a esposa, por todos os altos e baixos. Voltou a agradecê-la por sempre ter estado lá quando ele menos precisava e quando mais precisou dela, principalmente quando a banda teve fim.
Quando o homem ‘voltou’ de seus devaneios, notou que estava cantarolando . Era uma música triste. Mas era a música favorita dela. Musica que ele sempre cantava quando ela estava triste, apenas para animá-la.
– Eu queria voltar no tempo, sabe? Só pra te ter de volta. Só pra poder te segurar mais uma vez entre os meus braços. Sentir o seu perfume de novo, ouvir a sua voz. Fazer todas as coisas que não fizemos juntos e repetir as várias outras que fizemos. – limpou as lágrimas que caíam e desistiu ao notar que não adiantaria. – Eu só preciso de você, . Sempre precisei e vou continuar precisando. Só consegui chegar até aqui por causa dos guys e do nosso filho. Se não fosse por eles... – Suspirou.
– Eu não estaria aqui. É só que... É você. É você quem eu preciso. Sempre foi e sempre será. É tudo sobre você, lembra? – O homem fungou e passou um tempo quieto, tentando controlar as lágrimas que desciam sem pudor por seu rosto marcado pela idade.
– Ninguém é feliz sozinho, . Sei que tenho os guys e nosso filho, mas não é a mesma coisa. Não me sinto completo. Não há como estar completo sem você, que sempre me completou. Me fazia feliz simplesmente por existir, por estar comigo, por sorrir. E agora que você foi, só há um grande vazio no meu peito e não há nada que o preencha. Só você o fazia. Sinto sua falta. Mas agora você está presente apenas em fotografias e nas minhas memórias. As mais belas e doces lembranças de nós dois que eu sempre irei carregar comigo. Espero lhe encontrar em breve, querida.
E foram com essas palavras de despedida que se foi. Ninguém sabia, mas de algum modo podia sentir que em breve veria de novo sua amada. Oh, céus, quem dera ele estivesse errado.
Mas lá estava, um mês depois, várias pessoas reunidas ao redor de uma nova lápide, do lado da de .
Algumas pessoas falaram algumas palavras, homenageando aquele que já não estava mais entre eles. Umas confortavam as outras com palavras amigas.
Após o término do rito fúnebre, as pessoas iam ao pouco se dispersando. Ao lado da tão conhecida lápide da Mrs. havia uma nova com os dizeres:
N/A: Simplesmente não sei como finalizar com essa nota... Bem, acho melhor eu começar me desculpando por ter (mais uma vez) matado um dos membros do McFly. Queria agradecer o grande apoio da Gabi por sempre ler minhas histórias e me apoiar. E um obrigada especial a você, leitor(a). Espero que tenha gostado. E se não gostou, pode reclamar ali na caixinha de comentários. Para finalizar os agradecimentos (e a nota): obrigada, That, por aceitar betar Lembrança de Nós Dois.
Qualquer erro nessa atualização é meu, só meu. Reclamações por e-mail ou pelo twitter.