Última atualização: 10/04/2019



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Capítulo XI

- O que faz aqui? Pensei que estivesse em Londres... – indagou, obviamente confuso. Por um momento, pensei em dar uma resposta mal educada, mas logo mudei de ideia. Eu não daria esse gostinho para Katarina.
- Estou de férias – disse, simplesmente.
- É bom te ver depois de tanto tempo, – Katarina sorriu, descaradamente, me puxando para um abraço.
- Pena que não posso dizer o mesmo – devolvi o sorriso e me soltei de seu abraço, eu não era falsa a esse ponto.
- Está tudo bem por aqui? – aparece de repente. Pela primeira vez, me sentia feliz com a presença dele.
- Está tudo ótimo – dei um sorriso forçado. – e a namorada dele já estavam indo embora – disse, deixando claro que a presença dos dois não era bem-vinda.
- Hã... Claro – limpou a garganta, antes de continuar a falar. – Até mais, a gente se esbarra por aí – assenti, ainda com um sorriso forçado no rosto, e ele saiu arrastando a namorada que ainda sorria descaradamente para mim. Filha de uma puta. Não dava para acreditar que me trocou por ela. Dentre tantas outras mulheres, tinha que ser logo ela. Minha vida não tem como ficar melhor.
- Você está bem?
- Uhum... – sentei-me novamente na cadeira enquanto meu cérebro ainda processava o que tinha acabado de conhecer.
- Tem certeza? Se quiser, eu vou pegar um copo de água pra você – ele insistiu. Olhei para ele, com o cenho franzido, me perguntando o motivo de tanta preocupação, porém não disse nada. Ele estava sendo educado comigo, então eu também iria ser, pelo menos dessa vez.
- Obrigada, mas não precisa, estou bem.
- Ok, então eu... – ele não conseguiu terminar, pois apareceu e grudou no braço dele.
- Vem, , vamos voltar pra água – ela pediu, fazendo um bico ridículo. Desde quando tinha se tornado tão tosca dessa forma? olhou para mim uma última vez, antes de ser arrastado por minha ex-amiga de volta para o mar.
Sentei-me na cadeira novamente, pensando em como a vida gostava de ser cruel comigo. A pessoa que eu mais odiava agora era namorada o meu ex; minha melhor amiga tinha se tornado uma vadia e agora eu não tinha mais certeza se a nossa amizade um dia iria voltar a ser a mesma, se é que um dia foi verdadeira. Em pensar que tudo isso aconteceu por causa de um menino que eu sequer gostava. Se sentir atraida não significa gostar, não é? Pena que minhas amigas não pareciam entender isso.

De repente gotas de água caíram sobre o meu corpo, me assustando.
- MAS QUE MERDA É ESS... – braços levantaram o meu corpo. Eu me virei em busca do rosto do sujeito, dando de cara com Jake. - Jake, me põe no chão.
- Nada disso. Está na hora de se divertir também.
- Quê? O que você vai faz... – minha voz morreu quando notei que ele estava indo em direção ao mar. – Não se atreva – ameacei, mas ele apenas riu e continuou se aproximando do mar. – Não, me põe no chão – esperneei, mas nada adiantou. Ele entrou no mar comigo nos braços. Me agarrei em seu pescoço como se aquilo fosse impedi-lo de me jogar na água.
- Estou gostando de te ver agarrada assim em mim, mas isso não vai me impedir de fazer o que eu quero.
- Por favor – pedi uma última vez. Ele negou e, com um sorriso sapeca no rosto, mergulhou comigo em seus braços. O meu grito foi abafado pela água, e eu me soltei dele para que pudesse me equilibrar e emergir. – Idiota – ri e bati na água, fazendo com que espirrasse em sua cara. Ele fez uma cara chocada, mas logo um sorriso astuto preencheu sua feição. No minuto seguinte, um monte de água foi espirrada na minha cara.
- GUERRA D'ÁGUA! – ouvi berrar atrás de mim. E mais água era jogada em mim, agora por duas pessoas. Ri feliz e comecei jogar água para todo lado, como uma criancinha. Estava me divertindo, e eu não sabia o que era isso há um bom tempo.
- NICK! Defenda sua melhor amiga – berrei para meu melhor amigo, que só ria de toda a situação.
- Defender de quê? Disso? – e jogou água na minha cara também. Grunhei, frustrada, mas ao mesmo tempo feliz.
- Ta bom, ta bom, eu me rendo! – levantei os braços, ainda rindo.
- Olha só o e a ! – exclamou, e todos nós olhamos para onde minha amiga estava olhando.
- ESSE É MEU AMIGO! – gritou, atraindo a atenção não só deles, como a de alguns curiosos que estavam ali por perto. - ! – ralhei.
- Quê? Não fiz nada...
- Vamos deixar o e a amiga da em paz – disse. – Na verdade, acho que eu e você devíamos estar fazendo o mesmo – ela disse para , que apenas riu e a puxou para um beijo.
- Eu vou voltar para a areia.
- Não, fica aqui – Jake me puxou de forma que acabei ficando bem próxima a ele. Até tentei me afastar, mas ele passou o braço por minha cintura, me mantendo presa a ele. O ar me faltou com tamanha proximidade. Não vou dizer que não gostei, Jake tinha os braços fortes e a pegada dele era de deixar as pernas de qualquer uma bambas.
Por um momento, enquanto olhava para aqueles maravilhosos olhos, tentei arduamente me lembrar de que não devia e nem podia envolver Jake na minha lista de problemas amorosos, além de que ele era irmão de . Porém, estava difícil.
Em certo momento, desviei o olhar do dele apenas para encontrar o e minha amiga aos beijos mais à frente. Não aguentaria ver aquilo, era demais para mim. Então, me vendo sem escolha, voltei a fitar aqueles belos olhos azuis, e eles eram tão intensos, que eu era capaz de me perder neles, mesmo que não quisesse. E foi exatamente isso que aconteceu, me perdi naquele olhar. Quando fui perceber o que estava acontecendo, era tarde demais, os lábios de Jake já estavam junto dos meus.
"Ah, que se dane", pensei ao fechar os olhos e passar minhas mãos ao redor de seu pescoço. Lidaria com as consequências disso mais tarde.
Uma onda atingiu nossos corpos, fazendo com que a gente se separasse e o beijo fosse terminado. Automaticamente olhei para o lado e encontrei o olhar fulminante de . Merda, o que eu tinha acabado de fazer? Minha bochecha esquentou, podia apostar que estavam vermelhas. Não consegui olhar para Jake, apenas murmurei um "desculpe" e saí do mar o mais rápido que consegui. Vesti meu vestido que estava em cima da cadeira e, após pegar minha bolsa, segui para casa sem ao menos olhar para trás. Eu só faço burrada.
- O que foi aquilo? – entrou atrás de mim, questionando.
- Me desculpe, , eu não... – ela não me deixou terminar.
- Não conseguiu resistir? Caralho, , é o meu irmão, eu pedi pra você ficar longe!
- Sou tão ruim assim pra você não me querer perto do seu irmão?
- Quê? Não! Não é isso. Você é ótima, sério, mas você gosta do , nem tente negar. Tenho medo de que vocês se envolvam, meu irmão se apaixone e acabe sofrendo.
- , só foi um beijo.
- Tudo bem, eu posso estar exagerando, mas, por favor, se for se envolver com meu irmão, não o machuque.
- Eu não vou – garanti.
- E, por favor, não fique chateada comigo.
- Relaxa, eu entendo.
- Ah, que bom – ela sorriu, aliviada. – Vou voltar pra lá, você vem?
- Não, vou procurar outra coisa pra fazer.
Ela assentiu e foi embora.
Fui até o quintal para que pudesse me lavar e tirar a areia do corpo. Tirei o vestido, liguei o chuveiro e me pus debaixo d'água, molhando primeiro os meus cabelos. Depois de tirar quase todo vestígio de água salgada dos meus cabelos, passei a tirar toda a areia do meu corpo com cuidado. Assim que toda areia foi eliminada, desliguei o chuveiro, peguei a toalha e me enxuguei o suficiente. Fui até a minha bolsa e tirei de lá um short seco, vestindo-o, a fim de não ficar andando apenas de biquíni pela casa. Já que não voltaria para praia, cuidaria do almoço. É, isso... Iria preparar a comida e evitaria pensar em outras coisas, como o namorando a menina que eu odeio, ou aquele beijo ridículo do e da , ou no beijo que aconteceu entre mim e Jake... Ah, droga! O que eu tinha na cabeça? Tinha que consertar isso. estava completamente certa, não podia fazer isso com o Jake.
Adentrei a cozinha, tentando me decidir se deveria cuidar primeiro do almoço ou se deveria ir atrás de Jake e consertar a minha burrada. Não foi preciso decidir, pois, assim que cruzei a porta da cozinha, dei de cara com Jake.
- Ah, você está aí! – ele se aproximou sorridente.
- É, estou – sorri sem graça. Como faria aquilo?
- Pensei que estivesse fugindo de mim, depois do que aconteceu... – ele pôs as mãos em minha cintura e me puxou para perto dele. Para muito perto.
- Er... Eu... – não pude continuar. Os lábios dele tocaram os meus novamente, e um beijo automático foi iniciado. Meus olhos arregalaram em desespero. Um sinal de alerta vermelho soava em minha cabeça, eu tinha que fazer alguma coisa a respeito. Delicadamente pus minhas mãos em seu peito e o empurrei de leve. Jake, parecendo entender, partiu o beijo e me olhou confuso. – Jake... Eu não posso fazer isso. O que aconteceu no mar foi um erro.
- Um erro? – ele me soltou.
- Sim, um erro – dei um passo para trás, apenas para garantir que ele ficaria longe. – Eu não posso ficar com você.
- Por quê? Não me diga que isso tem a ver com , porque eu...
- Não – o interrompi – Não tem nada a ver com sua irmã, tem a ver comigo. Não quero me envolver com você ou com qualquer outra pessoa. Acabei de sair de um relacionamento, minha vida é cheia de problemas e confusões. Não quero te meter no meio delas, não quero te magoar.
- Eu posso cuidar de mim mesmo.
- Eu sei que sim. É justamente por isso que sou eu que estou pondo fim em algo que não começou e nem vai começar. Não quero te dar falsas esperanças.
- Eu sei que você está passando por problemas e nós mal nos conhecemos, mas eu gosto de você, . Posso te ajudar a passar por esses problemas.
- Eu gosto de você também, Jake, mas não dessa forma. E, sinceramente, acho que estou mais precisando de um amigo do que de um relacionamento nesse momento. Você pode me ajudar com a sua amizade. – ele ficou em silêncio, me encarando em dúvida. Respirei fundo e me aproximei, pegando suas mãos. – Por favor, tente me entender.
- É o , não é? Você ainda gosta dele?
- Quê? – ri, incrédula com tamanho absurdo.
- O , ele é o cara que partiu seu coração, não é? Tenho notado que você está distante desde que chegou aqui e ele está com uma moça...
- O não tem nada a ver com isso. Ele não era meu namorado.
- Agora eu estou confuso...
- Não tenta entender, ok? Te falei que minha vida é confusa – disse, querendo encerrar o assunto. Até o Jake vem com essa história de que eu gosto do ... Pff, me poupe!
- Tudo bem, não quero te aborrecer – suspirou. – Melhor eu voltar para a praia. - Isso, vá se divertir um pouco – soltei sua mão, e ele se afastou em direção à porta.
- Ei, – ele parou e se virou para me olhar.
- Sim?
- Quando quiser desabafar ou, sei lá, precisar de um amigo, pode contar comigo. – sorri abertamente ao ouvir aquilo. Jake era mesmo um anjo.
- Obrigada – ele apenas piscou para mim antes de sair.
Aliviada por ter resolvido pelo menos uma coisa na minha vida, olhei ao redor, agora ocupando minha mente com o almoço. Abri os armários e me surpreendi ao ver que estavam lotados. Pelo menos eu não teria que sair e ir ao supermercado, meus pais eram mesmo os melhores.
Peguei alguns condimentos no armário e outros na geladeira, pondo todos em cima do balcão. Pronto, tinha tudo o que precisava para fazer uma lasanha. Esfreguei uma mão na outra antes de colocar a mão na massa, agora era só esperar que nada desse errado.

Algum tempo depois, a lasanha estava no forno e os pratos lavados. Olhei ao redor, procurando algo para fazer e lembrando que ainda faltava por os pratos na mesa. Abri a porta do armário onde estavam as louças e retirei de lá todos os pratos, copos e talheres que iria precisar.
- Então é aqui que você ta se escondendo? – disse, me assustando. Ele riu.
- Não estou me escondendo – peguei parte da louça que tinha separado e levei até a mesa. me seguiu.
- É o que está parecendo, já que todos estão lá fora e você está aqui.
- Só quis vir preparar algo pra comermos – me virei para pegar o restante das coisas, mas já estava com elas nas mãos, facilitando meu trabalho. – Obrigada – peguei as coisas das mãos dele e voltei a arrumar a mesa.
- Você está distante de todo mundo. Você mal fala comigo em semanas e eu nem fiz nada contra você – ele murmurou baixo. Fechei os olhos com força, me sentindo a pior das criaturas. não merecia isso.
- Estou sendo uma péssima amiga, não é? – o olhei, arrependida. Ele assentiu. – Me desculpe. Eu estive tão presa nos meus próprios problemas, que acabei esquecendo do resto.
- Olhe, eu entendo, sua amiga traiu sua confiança, traiu sua confiança e você resolveu se afastar e ter um tempo pra pensar. Eu respeito isso, mas pareceu que você esqueceu que tem amigos em quem pode confiar e que se preocupam com você.
- Eu sei, me desculpe.
- Você está bem?
- Uhum.
- Tem certeza? Eu vi quando o e a nova namorada se aproximaram de você lá na praia.
- Está tudo bem. é passado – sorri para ele, tentando passar confiança. Ele estreitou os olhos e me analisou por um momento, mas logo pareceu se convencer.
- Então, o que temos pro almoço?
- Lasanha – caminhei de volta para a cozinha, com ele em meu encalço.
- O cheiro está maravilhoso. Não sabia que cozinhava.
- Tem muitas coisas que você não sabe sobre mim. – coloquei as luvas, abri o forno e tirei a travessa quente, colocando-a sobre no balcão.
- Verdade, mas nunca é tarde pra descobrir, não é? – ele me olhou de forma sugestiva. Aquilo foi uma cantada?
- Hum... Por que você não vai chamar os outros pra almoçar? Eu termino de arrumar tudo aqui.
- Ah... Claro. Já volto.
- Pede pra eles se lavarem antes de entrar na casa! – gritei e ouvi um "pode deixar" de .
Enquanto meu amigo foi chamar os outros na praia, peguei a travessa, coloquei na mesa e comecei a me servir. Eu estava com muita fome para esperar. No momento em que me sentei na cadeira, adentrou a cozinha com .
- Mas já ia começar sem a gente? – brincou.
- Foi ela quem cozinhou, amor, então ela tem todo o direito de começar antes. - Obrigada, – disse e dei língua para , que apenas riu.
- Eu ouvi e cozinhando na mesma frase? – entrou na cozinha. – Como isso é possível? – ele disse, fingindo choque.
- Engraçadinho – ri.
- É seguro comer? – continuou com a brincadeira ao se sentar à mesa.
- Acho que você vai ter que comer pra descobrir.
- A comida da é muito boa – apareceu e logo se sentou ao lado de .
- Se minha gata está dizendo, eu acredito.
- Minha gata? Desde quando você é tão brega, ?
- Esse é só o começo. Você ainda não viu nada, disse, rindo.
- Eu achei fofo – interveio.
- Você é suspeita pra falar – ri.
- Acho que estou com ciúmes. Antes o só dizia essas coisas pra mim – disse, causando gargalhada em todos nós.
- Vai se fuder, .
- Cadê o Jake? – perguntei, de repente, sentindo falta do irmão da minha amiga.
- Estou aqui – ele respondeu, entrando na cozinha juntamente com e . Me controlei para não revirar os olhos para os dois últimos, que estavam de mãos dadas, e me concentrei apenas em Jake. Sorri para ele quando se sentou ao meu lado, e o mesmo retribuiu.
- O que vocês vão fazer depois que terminarem de comer? – resolvi puxar assunto.
- Eu não sei vocês, mas eu vou dormir.
- Quer dizer que você, , já se cansou?
- Sim, praia cansa.
- Eu também vou dormir – se pronunciou. – Na verdade, acho que todos nós vamos dormir – todos assentiram, concordando.
- Imagino como vocês devem estar se sentindo, por causa do fuso horário.
- Sim, eu nunca almocei tão tarde em minha vida - Jake disse.
- Verdade. A propósito, isso aqui está uma delícia, disse com a boca cheia.
- Obrigada, – sorri para ele, antes de colocar outra porção em minha boca.

Depois da refeição, praticamente todos subiram para os seus quartos. Não pude deixar de notar que e ficaram calados durante todo o almoço, e, sinceramente, eu fiquei muito feliz com isso. Eu não estava nem um pouco a fim de provocações.
Retirei toda a louça da mesa e coloquei na pia, arrumando tudo para que eu lavasse mais tarde. Estava pensando em algo para fazer, já que não queria dormir, quando um par de mãos tocou minha cintura e um corpo se encostou no meu, assustando-me.
- Sou eu, calma – sussurou no meu ouvido, tentando me acalmar, mas ele só obteve o efeito contrário.
- Sai de perto de mim – me virei e o empurrei, mas ele era mais forte que eu, tudo o que consegui foi ficar presa entre ele e a pia.
- Eu te vi beijando aquele idiota.
- E o que você tem a ver com isso?
- Eu sei que você fez isso pra me fazer ciúmes.
- Como é?
- Você quis me fazer ciúmes, porque eu estou com a sua amiga.
- Não seja ridículo – ri com escárnio. – Por falar nisso, por que você não está com ela? Aposto que ela tá lá no seu quarto, te esperando e louca pra que você coma ela.
- Está vendo? Ciúmes.
- Você está ficando doido – revirei os olhos.
- Ah, estou? – um sorriso malicioso apareceu em seu rosto. Automaticamente o sorriso irônico que eu sustentava desapareceu do meu rosto.
- Me deixa em paz, – pedi, mas ele não respondeu. tirou uma das mãos que seguravam a pia e levou aos meus cabelos, enganchado os seus dedos por lá e puxando os fios, de modo que minha cabeça pendesse de lado. Nesse momento, o ar dos meus pulmões sumiu e um grunhido involuntário escapou dos meus lábios. Merda, eu não podia ceder.
- Sabe, eu adoro brincar esse seu joguinho... – ele aproximou o rosto do meu pescoço. – Você finge que não me quer e que não se importa, mas é só eu insistir e investir que você fica assim... Entregue pra mim – ele mordeu meu lóbulo da orelha ao terminar de falar. Fechei os olhos com força, já sentindo a sanidade se esvair e o desejo tomar conta do meu corpo. O que aquele homem tinha que me atraía tanto?
- ... – tentei dizer algo, mas perdi completamente a linha de raciocínio quando os lábios dele tocaram meu pescoço.
- Eu adoro quando você me chama pelo nome... É sexy – ele soltou a outra mão e a depositou na minha cintura nua, apertando-a delicadamente. – Você tem noção do quanto fiquei louco quando eu te vi de biquíni naquela praia? Tudo o que eu consegui pensar foi em como iria tirá-lo.
Eu não pude responder a nada daquilo, eu não consegui. Estava entregue, excitada. Muito excitada. Eu queria que ele me possuísse, ali mesmo, naquela cozinha.
A mão dele subiu por minhas costas e logo ele desfez o laço do meu biquíni, me deixando totalmente exposta. Mas não por muito tempo, pois os dedos dele traçaram o caminho até a parte da frente, logo sua mão acariciava meu seio. Arfei, sentindo minha intimidade ficar ainda mais molhada com o gesto.
- Ah, ...
- Me beija... – pedi. Sim, eu queria desesperadamente sentir o gosto dele.
Ele distribuiu beijos e mordidas por meu pescoço e queixo lentamente, como se quisesse mesmo me torturar. Não aguentando mais de ansiedade, levei minhas mãos até o seu cabelo e o puxei, na intenção de fazer com que ele me beijasse logo. Uma risada gutural escapou de sua garganta e ele mordeu meu lábio inferior, antes de, finalmente, iniciar um beijo.
Aquele beijo foi diferente de todos que eu e já tínhamos dado. Era um beijo cheio de ansiedade e desejo, mas também tinha algo que eu não conseguia identificar. E achei que era melhor que permanecesse assim, pelo menos por enquanto.
voltou a me apertar contra o seu corpo de forma que eu conseguisse sentir o volume que se formava no meio das suas pernas, me deixando louca de tesão.
Passei minha mão pela barra de sua camisa e puxei aquele pedaço de pano que me incomodava para cima, retirando-o, para que finalmente pudesse aproveitar daquela parte maravilhosa do corpo dele. Sem mais delongas, cravei minhas unhas em sua barriga, arrancando gemidos dele. Sorri entre o beijo e separei nossos lábios para que eu pudesse explorar outras partes daquele deus grego. Passei a distribuir beijos molhados por toda a extensão de seu pescoço ao mesmo tempo em que minhas unhas passavam por suas costas, arranhando com força.
- Marcando território? – ele perguntou, sarcástico.
- Não enche o saco – cravei as unhas em sua bunda em forma de repreensão. Ele não respondeu, apenas riu e voltou a pressionar os seus lábios contra os meus.
O beijo não durou muito, pois logo voltou a explorar meu corpo com os lábios. Ele puxou a parte de cima do biquíni, desprendendo a parte que ainda estava presa em meu pescoço, e jogou em algum lugar por ali, deixando meus seios totalmente livres para apreciação. O rosto dele se aproximou devagar daquela região, e eu prendi o ar em expectativa. Queria que ele me possuísse por inteira, que se fodessem as consequências.
Um gemido de completa satisfação saiu dos meus lábios quando os lábios dele tocaram o meu mamilo esquerdo e algum tipo de sucção foi iniciado. Ah, como aquilo era bom! Joguei a cabeça para trás, gemendo o nome dele em alto e bom som. Eu queria que aquela sensação nunca parasse, eu não queria que ele parasse. As mãos dele exploravam o meu corpo com sede, e não demorou muito para que meu short fosse parar no chão juntamente com parte do meu biquíni e a camisa dele.
- ... – gemi, totalmente enlouquecida, quando a mão dele invadiu minha calcinha e seus dedos ágeis tocaram o ponto sensível de minha intimidade. Ele me estimulava com os dedos e chupava os meus seios incansavelmente. Aquilo era demais para mim. Eu estava fervendo, meu corpo todo estava a ponto de explodir de desejo. Queria ele dentro de mim naquele exato momento.
Parecendo partilhar o mesmo pensamento, se afastou para que pudesse tirar os shorts e a cueca, enquanto eu me encarregava de tirar minha própria calcinha. Após retirar as roupas e se proteger, se aproximou de mim novamente, me puxando para perto, beijando-me avidamente. Cambaleamos pela cozinha por uns instantes, até que senti minhas costas bater em alguma parede fria. Em meio aos beijos, impulsionei meu corpo e cruzei as pernas ao redor de sua cintura, pronta para recebê-lo. E foi o que aconteceu. me penetrou forte, exatamente do jeito que eu gostava.
- – ele gemeu contra os meus lábios. O movimento de vai e vem era constante. Ele parava às vezes por alguns segundos, mas logo voltava a fazer aqueles movimentos maravilhosos.
- Ai... Isso... Vai mais rápido, ! Meu corpo tremia de prazer conforme eu chegava cada vez mais perto do orgasmo. gemia meu nome perto do meu ouvido, o que me deixava cada vez mais louca e excitada. Esse homem era um furacão.
- Goza pra mim, gostosa... – ele sussurrou roucamente para mim. E, como se meu corpo obedecesse a seus comandos, eu explodi, atingindo o melhor orgasmo da minha vida. Mordi os lábios para conter o gemido alto que queria escapar de minha garganta, e logo também atingiu o ápice.
Encostei a cabeça em seu ombro para que pudesse recuperar o fôlego. Quando me senti confiante o suficiente, soltei minhas pernas da cintura dele e me equilibrei no chão, mas não movi um músculo, continuei ali, com a cabeça encostada no ombro de , envolvida por seus braços.
Eu tinha, novamente, deixado me levar e feito sexo com o , mas dessa vez eu não iria surtar e jogar a culpa toda nele. Dessa vez eu não estava bêbada, eu também quis. Não iria fugir ou negar isso. Pela primeira vez, eu deixaria para pensar nos problemas depois.
Eu só queria esquecer os problemas por um tempo e viver em um mundo onde a palavra “problema” não existisse no meu dicionário. Por mais irônico que parecesse, era o único que poderia me proporcionar isso.
- Por favor, não foge de novo – disse, me tirando completamente dos meus pensamentos. Desencostei-me de seu ombro e me afastei o suficiente para que pudesse olhá-lo com clareza.
- Eu não vou.
- Não? – ele me olhou, surpreso. Definitivamente, não esperava por essa resposta.
- Não – suspirei. Me afastei dele e comecei a catar minhas roupas pelo chão. Pelo canto do olho, pude ver que fazia o mesmo, mas a confusão era explicita em seu rosto. Eu não esperava que ele entendesse minhas atitudes. Nem eu mesma entendia. – Vem comigo – peguei sua mão e comecei a puxá-lo para fora da cozinha.
- Para onde?
- Meu quarto – o olhei rapidamente, mas foi o suficiente para ver um sorriso malicioso surgir em seus lábios.
Subi as escadas o mais silenciosamente possível com o em meu encalço e o puxei para dentro do meu quarto, trancando a porta ao passar.
- O que...? – o puxei pela camisa e o beijei, não permitindo que ele continuasse a falar. , por sua vez, agarrou minha cintura e correspondeu o beijo a altura. Caminhamos pelo quarto entre beijos e, quando estávamos perto o suficiente da cama, o empurrei, fazendo com que ele caísse sentado. Sentei em seu colo, me desfazendo do sutiã no caminho.
- Não faça perguntas, ok? – ele assentiu, me olhando boquiaberto, mas logo pareceu voltar a si e atacou os meios seios de forma selvagem, mas deliciosa. Joguei a cabeça para trás e comecei a me mexer em seu colo, já começando a sentir a excitação tomar conta de minha intimidade.
Eu não sabia explicar o que eu estava fazendo, pois estava agindo por completo impulso, mas isso era algo que eu deixaria para pensar depois. No momento, estava adorando tudo o que eu estava fazendo.

Horas mais tarde, eu me encontrava na cama, deitada de bruços e me recuperando de mais uma transa sensacional. Não fazia a menor ideia das horas, só sabia que o quarto estava um completo breu e que a casa estava silenciosa, o que significava que todos ainda estavam dormindo.
se mexeu ao meu lado, e logo pude sentir as mãos dele passearem por minhas pernas.
- A sua pele é tão macia – ele disse. Não me mexi ou respondi, acho que não tinha o que responder. E acho que ele tomou o meu silêncio como uma forma de permissão para que continuasse, pois os lábios dele tocaram minha bunda, onde ele deu um chupão, que eu tinha certeza que iria ficar marcado.
- Você não se cansa?
- Aparentemente, não com você – minhas bochechas esquentaram de uma forma que agradeci mentalmente por ele não poder me ver.
- Aposto que você diz isso para todas – me virei para ele, e ele se deitou ao meu lado, ficando de frente para mim.
- Na verdade, não – disse, sinceramente. Wow, eu não sabia como responder essa. – Olha, eu sei que causei uma má impressão pra você, mas eu não sou tão ruim assim.
- Eu não quero falar sobre isso agora.
- Bem, nós vamos ter que falar sobre isso uma hora, porque, sinceramente, eu estou esperando pela hora em que você vai surtar e me expulsar daqui. – a maneira que ele falou foi tão engraçada, que eu não tive outra reação, a não ser rir.
- Você é um filho da puta irritante, , e você dormiu com minha melhor amiga. Eu deveria te manter bem longe de mim, mas você é bem insistente.
- Eu não dou a mínima pra , . Eu estava bêbado, ela me deu mole, aconteceu. Não quero nada com ela.
- Eu sei que não. Você só tava com ela pra me irritar, mas eu acho que ela gosta de você.
- Eu já percebi isso, ela não desgruda de mim, é irritante – ri, porque era verdade. Todo aquele grude me irritou também.
- Sinceramente, não sei como ela não quis te arrastar para dormir com ela.
- Quem disse que ela não quis? – ele riu. – Mas eu disse que preferia dormir sozinho.
- Hm...
Não pude deixar de me sentir aliviada ao saber daquilo. Saber que minha ex-amiga poderia dormir no mesmo quarto que o me incomodava.
- Eu não te entendo.
- Por quê?
- Um hora você me odeia, me ignora e diz que não quer nada comigo, mas olhe como estamos agora. Não tem como não se sentir confuso com isso.
Pensei por um momento antes de responder.
- Acho que estou cansada de fugir dos meus instintos e colocar problemas onde não existem – disse e, pela primeira vez, percebi que aquilo era verdade. Eu não queria mais fugir dos meus instintos porque achava que era errado ou ignorar os problemas como se isso fosse os fazer sumir.
- Então, você não vai me expulsar ou fingir que não me quer?
- Se você não ficar tão convencido, não, eu não vou fazer nada disso.
- Então você está assumindo que me quer? – um sorriso maroto brotou em seu rosto.
- Eu não disse isso – ri. – Mas acho que a nossa atual situação responde bem a sua pergunta.
- Isso significa que estamos juntos? – perguntou, meio hesitante.
- Não tecnicamente. Estamos mais para... Amigos com benefícios.
- Hm... Gostei – ele se aproximou para beijar meu pescoço. – É melhor do que nada.
- Eu também – acariciei o cabelo dele carinhosamente. – Mas tem um porém...
- Qual? – ele parou de beijar meu pescoço para me olhar.
- Eu não quero que ninguém saiba.
- Por que não?
- Por causa da . Ela gosta de você e os pais dela estão se separando. Acho que ela está sofrendo o suficiente, não quero causar mais problemas pra ela. Mesmo que ela não mereça minha consideração, já que não somos mais amigas, eu não quero fazer com que isso pareça que eu to dando o troco.
- Eu entendo, não contamos pra ninguém. Mas eu não vou ter que ficar com ela, não é?
- Se você não quiser, não. – dei de ombros.
- Ótimo! – ele suspirou, aliviado. – Agora que consegui você, não tenho motivos para continuar fingindo que quero pegar ela.
- Como você é cafajeste, – dei um tapinha em seu ombro, fingindo indignação.
- Você adora esse meu lado cafajeste, que eu sei – ele se gabou. Ri e o puxei para um beijo. No fundo, eu sabia que adorava mesmo.

***


No dia seguinte, acordei mais tarde que o planejado. Eu estava me sentindo bem comigo mesma, talvez o tenha sido importante para esse sentimento. O peso no meu peito não existia mais e, pela primeira vez, a palavra “problemas” pareciam não existir no meu vocabulário. Eu havia mesmo decido quebrar de vez a barreira entre mim e os meus instintos, entre mim e o . Eu era jovem, tinha muito para viver e ficar sofrendo por um ex-namorado que já tinha seguido em frente não estava nos meus planos. Fugir dos meus instintos também não.
Sabia que não era meu tipo. Sabia que ele era um cafajeste. Sabia que ele só usava as garotas e comigo não seria diferente. Mas eu não estava me importando com isso. Me sentia atraída por ele, não ia mais fugir desse sentimento, principalmente quando tudo parecia contribuir para que eu não fugisse. Que se fodessem minhas regras, meu orgulho e os meus princípios de “homem ideal”, eu iria aproveitar minha vida. De onde havia surgido toda essa determinação, não sei, mas estava bem feliz com a atitude que eu tinha tomado.
Enquanto me arrumava, olhei para minha cama, me lembrando de todos os momentos do dia anterior. havia implorado para dormir comigo, mas eu não deixei. Alguém poderia desconfiar ou vir me procurar durante a manhã. Sorri ao lembrar de seu semblante de cachorrinho abandonado ao sair do quarto. podia ser bem infantil quando queria.

O relógio marcava exatamente duas da tarde quando sai do quarto. Por um momento, estranhei que ninguém tivesse vindo ver se eu estava viva, mas logo espantei esses pensamentos quando vi aparecer na escada.
- Ai, ! Já estava indo ver se você estava viva! – exclamou ao se aproximar. – Você ta perdendo toda a diversão. Espero que esteja descansada, porque a partir de agora é só diversão – exclamou, jogando as mãos para o alto em comemoração.
- Com certeza – ri. De repente um barulho vindo do andar de baixo chamou minha atenção. – O que foi isso?
- Ah... É melhor você ver isso pessoalmente.
- Ok... – disse, meio confusa, e segui em direção as escadas.
- Mais uma coisa – ela parou subitamente, fazendo-me parar também. – Sua... Bem, a , ela está cheia de “não me toque” lá embaixo, então é melhor você nem falar com ela, porque é capaz de ela te matar com a faca da cozinha.
- Eu não tenho medo da ou dos ataques dela, . Além do mais, eu não tinha nenhuma intenção de falar com ela mesmo.
Começamos a descer as escadas, lado a lado.
- Sinceramente, eu nem sei por que você permitiu que ela ficasse aqui, já que vocês não estão se falando.
- Minha mãe pediu, então não pude negar. E a ainda tem a e o resto do pessoal pra conversar. Desde que ela não me cause problemas, está tudo bem.
- Se está tudo bem pra você, então está tudo bem pra mim também.
- Agora vamos ver o que estão aprontando na minha cozinha.
- Ah, você vai adorar – riu.
empurrou a porta que nos separava do barulho, e meu queixo se abriu ao ver a zona que aquele lugar tinha se tornado. No meio da cozinha estavam e tentando preparar algo que eu ainda não tinha identificado, enquanto e Jake tentavam varrer toda a farinha que estava espalhada pelo local. No canto da cozinha, pude ver mexendo em seu celular e tentando obriga-la a fazer algo. Do lado oposto, estava lavando a louça.
- Meu Deus do céu! O que vocês fizeram com a minha cozinha? – exclamei, chamando a atenção de todos. se levantou em um pulo e veio em minha direção, já se explicando.
- , eu tentei impedir, mas eu sou uma contra cinco homens!
- Mentirosa! Você foi a primeira a dizer que devíamos cozinhar – rebateu.
- Tudo bem! – intervi, antes que virasse uma discussão sem fim. – Vocês dois, parem o que estão fazendo, já deu pra perceber que vocês não sabem cozinhar – falei para e . – Vamos arrumar essa cozinha. Não consigo sequer pensar em comer com toda essa bagunça.
- Eu disse que esses meninos na cozinha eram sinal de bagunça – disse, rindo.
- Se eu tivesse demorado pra descer mais um pouquinho, era capaz deles explodirem minha casa.
- Ei! – os cinco exclamaram em protesto.
- Tudo bem, arrumem essa bagunça. Eu vou ligar para algum lugar e pedir o nosso almoço.
Saí da cozinha e fui procurar o telefone da casa na sala. Achei em cima de uma lista telefônica qualquer. Peguei o aparelho e abri a lista, procurando pelo número de algum restaurante que eu conhecia, logo achando. Liguei para o local, torcendo mentalmente para que ainda tivessem algo para comer a essa hora. Felizmente, eles tinham. Todo o processo de pedido e informações foi feito. Pronto, agora só restava esperar.
Virei-me na intenção de voltar para a cozinha, mas me assustei ao dar de cara com .
- Assustei a rainha da Inglaterra? – questionou, toda irônica.
- Eu não tenho tempo para suas ironias, . O que você quer?
- Você se acha a pessoa mais correta do mundo, não é?
- Do que você esta falando?
- De você! Você veio cheia de razão pra cima de mim, disse um monte, me fez sentir uma completa vadia por ter dormido com o , mesmo você dizendo que não sente nada por ele, sendo que, desde o começo, a vadia da história era você!
- Eu não vou ficar aqui escutando seus insultos – fiz menção de sair, mas ela segurou meu braço, me impedindo.
- Não, você vai escutar! Eu sei do seu joguinho. Você finge que não gosta do , quando, na verdade, você gosta. Agora ta usando o coitado do Jake pra fazer ciúmes nele.
- O quê? – ri, sem acreditar. Ela só podia estar ficando louca.
- Não adianta se fingir de sonsa pra mim, , eu te conheço. – disse, apontando o dedo no meu rosto. – No início, eu dormi com o por acidente, eu bebi e aconteceu. Depois eu fiquei com ele pra te provocar, mas acabei gostando dele de verdade. Só vou te dar um único aviso: se afasta do , porque agora ele é meu!
- Eu não sei que tipo de lavagem cerebral fizeram em você ou se todos os anos que nós fomos “amigas” fizeram com que você se sentisse confiante pra falar assim comigo, mas aqui vai uma novidade pra você: eu não tenho medo de você. Você não me assusta, . – puxei meu braço de seu aperto. – Eu ainda estou te aturando aqui na minha casa, porque minha mãe me pediu. Não pense que é porque eu ainda quero voltar com a nossa amizade, porque não é. Nossa amizade acabou, não existe mais e, depois de tudo, eu não dou a mínima pra o que você pensa de mim. Então não venha aqui achando que pode me dar ordens, porque você não é nada pra mim. Agora, se situa e não dirige mais a palavra a mim. – ela me olhou atônita, talvez processando tudo o que acabara de dizer, mas isso não importava. que fosse para o inferno com sua loucura.
Saí de lá o mais rápido que pude e entrei na cozinha passando por todos. Fui direto para o quintal. Eu estava precisando de um pouco de ar puro. Sentei-me em um dos bancos que tinha perto da piscina e respirei fundo, pensando em como eu e havíamos chegado naquele ponto. É incrível como uma pessoa pode mudar tanto de uma hora para a outra.
Uma mão tocou o meu ombro de leve. Olhei para cima, dando de cara com Jake. Ele tinha um sorriso amigável no rosto.
- Ei... Posso me sentar? – assenti, e ele sentou-se ao meu lado. – Está tudo bem?
- Não – dei um suspiro triste.
- Quer desabafar? – perguntou. O olhar dele expressava que estava preocupado comigo. Sorri, achando fofa a preocupação dele.
- É a . Eu não consigo me conformar com a pessoa que ela se tornou.
- Percebi que vocês não estão agindo como amigas... O que aconteceu?
- É complicado, mas nós costumávamos sermos melhores amigas, quase irmãs. De repente ela mudou, traiu minha confiança e tá agindo como uma completa estranha. Agora mesmo ela me disse coisas horríveis, veio me dar ordens... Foi como se ela fosse uma outra pessoa, aquela não era a minha amiga.
Ele ficou em silêncio por um minuto. Acho que estava procurando algo para falar.
- Olha, eu não sei exatamente o que aconteceu, mas, se a está agindo dessa forma com você, é porque ela nunca foi sua amiga de verdade. É normal se sentir assim, porque isso te machuca, mas não resta nada mais a fazer, só seguir em frente.
- Queria que fosse tão fácil assim.
- Eu não disse que é fácil. Você só tem que parar de lamentar pela perda de uma amiga que, pelo que você me contou, não vale a pena – ele segurou minha mão e a apertou carinhosamente. – Você tem tantos outros amigos que se importam com você... Eu estou incluso! – ele exclamou, fazendo-me rir. – Viu? O seu sorriso é tão lindo, devia sorrir mais vezes.
- Eu não tenho muitos motivos pra sorrir ultimamente.
- Então vamos te dar motivos – ele diz, decidido. – Não quero mais te ver triste. Você está de férias, devia estar comemorando! A casa está cheia de amigos que te amam e querem se divertir com você, então esqueça a , ela não merece sua atenção.
Ele estava certo. Eu não podia deixar que uma amizade perdida acabasse com as minhas férias. Não adiantava chorar pelo leite derramado. Eu achava que tinha perdido uma amiga, mas quem realmente perdeu foi ela.
- Você tem razão, ficar choramingando não adianta. Tenho que esquecer e me divertir.
- Isso! – levantou-se e estendeu a mão para mim. – Agora, coloca um sorriso no rosto e vamos voltar lá pra dentro?
- Com certeza – peguei sua mão e me levantei. Ele se virou para andar, mas o puxei firme, fazendo com que ele olhasse para mim com a sobrancelha arqueada. – Obrigada – ele sorriu para mim e me puxou para um abraço.
- Quando precisar. Somos amigos, certo?
- Aham – me afastei, e ele se inclinou para me dar um beijo no rosto. Pelo canto do olho, pude ver que nos observava da porta da cozinha com a feição séria. Ah, merda.
Ignorei o olhar fulminante do e tratei de puxar Jake para dentro de casa antes que resolvesse fazer alguma merda. Ao ver que nós íamos entrar, tratou de entrar rapidamente na cozinha, evitando contato comigo como o normal.
Quando entrei novamente na cozinha, que agora estava arrumada, meu olhar foi diretamente para pia. Quase que de imediato minha mente reviveu todas aquelas cenas do dia anterior. Felizmente – ou não –, a campainha tocou, trazendo-me de volta a realidade.
- O nosso almoço! – exclamei. – , vai atender a porta, que eu vou buscar o dinheiro lá em cima.
- Pode deixar.
Corri escada acima para o meu quarto, peguei o dinheiro que necessitava em minha carteira e voltei para a sala, onde estavam e o entregador. O rapaz parecia meio confuso. Só quando me aproximei que percebi que falava em inglês e o rapaz não estava entendendo nada. Bati na testa, tinha esquecido esse detalhe. Deveria ter pedido para abrir a porta.
- Desculpe, minha amiga não fala português – sorri para o rapaz, que era bem bonito por sinal.
- Eu percebi – ele riu, sem graça.
- Aqui está o dinheiro. Pode ficar com o troco – ele agradeceu, me entregou as sacolas e foi embora em seguida.
- Que saia justa, ! Já tava quase fazendo mímica pra ele entender! – exclamou , rindo. Ri, imaginando a cena.
- Vem, vamos comer.

O decorrer do almoço foi tranquilo. não quis se juntar a nós para o almoço e ainda levou um fora do quando ela quis arrastá-lo para comer com ela na sala, o que eu achei ótimo, diga-se de passagem. Por outro lado, eu e estávamos nos dando muito bem para o espanto de todos.
- Já se passaram vinte minutos e vocês dois ainda não se atacaram... Vocês estão doentes? – perguntou, meio assustado. Ah, se vocês soubessem.
- Desde que o não me provoque, está tudo bem – disse, fingindo descaso.
- Isso é um avanço, vamos manter assim – disse, e todos concordaram.
- O que vocês querem fazer depois que terminármos aqui? – perguntei, mudando de assunto.
- Os meninos eu não sei, mas nós vamos ao shopping!
- Eu geralmente ficaria ofendido por você me excluir dos seus passeios, mas, já que vocês vão ao shopping, eu passo – disse, fazendo-nos rir.
- Podemos ir à praia ou, sei lá, dar uma volta por aí, dudes... Conhecer gostosas brasileiras – deu a ideia, sorrindo maliciosamente.
- Nem ouse – e falaram ao mesmo tempo, uma apontando para o e a outra para o .
- Não se preocupem, garotas, eu tomo conta do homem de vocês – disse, e os meninos fizeram cara feia para ele.
- Ótimo, está decidido, então.

Depois que a cozinha estava limpa e não restava nenhuma louça suja, eu e as meninas subimos cada uma para o seu quarto, a fim de nos arrumarmos para irmos ao shopping.
Separei um par de roupas e deixei em cima da cama, entrando no banheiro logo em seguida. Durante o banho, não pude evitar pensar em tudo o que tinha me dito mais cedo. Ela gostava do ...
Apesar de tudo o que ela tinha feito para mim, eu entendia que, de certa forma, ela me pediu para ficar longe porque queria garantir que não iria perder mais ninguém. Isso, de certa forma, justifica os atos dela. Mas eu não estava disposta a abrir mão do por ela, não agora que eu tinha decidido seguir meus instintos. Ela não merecia essa consideração vinda de mim.
Desligue o chuveiro e peguei a toalha pendurada, enrolando-a em meu corpo após enxugá-lo com cuidado. Peguei outra toalha para enxugar meu cabelo e parei em frente ao espelho para que pudesse penteá-lo rapidamente. Quando terminei, peguei minha escova de dente e pasta, escovei meus dentes e enxaguei a boca antes de sair do banheiro.
- ! Que susto! – exclamei, colocando a mão no peito ao ver a figura de sentado em minha cama. – O que faz aqui?
- Vim matar a saudade... – ele se levantou e, em questão de segundos, estava perto de mim, enlaçando minha cintura e me puxando para perto de si.
- As meninas estão me esperando.
- Elas podem esperar mais um pouquinho... – murmurou, em seguida nossos lábios foram selados, me impedindo de protestar. Automaticamente, minha mão subiu para o seu cabelo, acariciando-o carinhosamente. Com a mão livre, apertei o ombro dele levemente, conforme o nosso beijo era aprofundado. Minha mente já tinha começado a projetar milhares de possibilidades de como aquilo iria terminar, e eu até que estava gostando de cada uma delas, mas algo em meu consciente que ainda não estava entorpecido pelo perfume natural daquele homem lembrou-me do compromisso com as meninas.
Contrariada e com muito esforço, consegui quebrar o beijo.
- É sério, daqui a pouco a bate na minha porta e me mata, se eu não estiver pronta – ele suspirou e se afastou contrariado.
- Argh, às vezes eu odeio a .
- Não é como se não tivéssemos muito tempo pra aproveitar – me aproximei da cama e comecei a vestir a roupa que tinha separado.
- O que aconteceu mais cedo? – ele perguntou, mudando de assunto.
- A me disse coisas horríveis e veio exigir para que eu me afastasse de você.
- Sério? – ele me olhou, surpreso.
- Sim – suspirei. – Você precisa acabar logo com isso, . Apesar de ela não merecer minha consideração, não quero que ela fique criando esperanças por algo que não existe.
- Eu sei, você tem razão – concordou. – Eu só não sei como fazer isso da maneira certa ainda, preciso de mais tempo.
- Tudo bem, tome o tempo que precisar... Só não demore ou pode magoar ela ainda mais – ele assentiu, concordando.
- Eu não gostei de ver aquele tal de Jake te confortando.
- Ciúmes, ? – o olhei através do espelho, com a sobrancelha arqueada.
- Pff, não – ele riu ironicamente. – Só não gosto de dividir o que é meu.
- E desde quando eu te pertenço?
- Desde ontem, quando eu te comi várias vezes nessa cama.
- Como você é cafajeste!
- Já disse, você adora que eu seja cafajeste.
Peguei meu celular, coloquei-o na bolsa e andei até ele.
- Não seja tão convencido – peguei seu queixo, puxando-o para um beijo. – Outra, eu não sou um objeto pra te pertencer. – pisquei para ele enquanto me afastava e saí do quarto, deixando um completamente atônito para trás.
No corredor, dei de cara com as meninas.
- Já ia te chamar – comentou, assim que me viu.
- Bem, aqui estou eu, vamos? – perguntei, querendo tirá-las dali antes que resolvesse sair do quarto e as meninas vissem.
- Nem precisa chamar duas vezes! – disse e praticamente correu em direção as escadas. Eu e a seguimos, rindo de todo entusiasmo de , e esse era só o começo.

's POV

- Dude, tem certeza que não quer vir com a gente? – perguntou, já na porta com o restante dos meninos.
- Tenho, cara. Não tô muito a fim de sair.
- Você que sabe – ele deu de ombros, antes de sair e bater a porta quando passou.
Peguei o controle da TV e zapeei os canais, colocando, por fim, em um canal de esporte qualquer, já que eu não entendia nada do que falavam nos outros canais.
Não demorou muito para que minha mente viajasse. Comecei a pensar em e em tudo o que estava acontecendo ultimamente. Ela tinha mudado e, sinceramente, eu estava feliz por ela ter decidido parar de fingir que não estava nem aí para mim. Só faltava me livrar da amiga dela, porém, estava sendo mais difícil do que imaginei. A menina já estava passando por poucas e boas com o lance dos pais se separarem, e eu sei que ela sofre por ter perdido a amizade de . Para piorar, ela gostava de mim, e eu não queria ser a pessoa a deixá-la ainda mais magoada, apesar de saber que é o certo a fazer. E eu vou, só que da maneira correta. Pelo menos, sei que concorda comigo.
Um par de mãos tocou meus ombros, massageando-os. Meu corpo enrijeceu no mesmo instante. Merda, ! Eu tinha esquecido que ela estava em casa.
- Você está tão tenso e sozinho aí... Quer compainha? – perguntou, bem próxima do meu ouvido.
- Estou bem, ... Só estou assistindo o jogo – disse e tirei suas mãos de meus ombros.
- Ah, mas podemos fazer algo bem melhor que assistir um jogo... – e então ela apareceu na minha frente, só de toalha. Merda, merda, merda!
- ... – alertei.
- O quê? Não tem ninguém em casa... Só eu e você... – ela deu um sorriso malicioso e, pronto, a toalha já não cobria mais seu corpo.
Abri a boca inúmeras vezes em busca de algo para dizer, mas nada saiu. , por sua vez, se aproveitando do meu silêncio, se aproximou e sentou em meu colo, começando a distribuir beijos por meu pescoço.
O que eu deveria fazer com uma mulher pelada no meu colo chupando meu pescoço? Em outros tempos, eu começaria a duvidar da minha masculinidade se eu não partisse para a ação, mas não foi o que eu fiz. Eu não estragaria as coisas com , logo agora que ela finalmente tinha cedido. Não seria burro a esse ponto. Então, sem mais delongas, a empurrei para o lado delicadamente.
Pelo visto, não iria ter "um jeito certo" de terminar com ela.
- Não, .
- O que houve? Eu estou aqui, pelada, na sua frente e você me empurra? Você não me quer?
- Eu venho procurando o jeito certo de fazer isso, mas, pelo que eu to vendo, não existe jeito certo.
- O que você quer dizer com isso?
- Quero dizer que eu não quero nada com você, , acabou.
- Acabou? – ela me lançou um olhar incrédulo. – Há dois segundos atrás você me queria! Eu vi no seu olhar!
- Eu sei que você tá apaixonada por mim, e eu não sou homem de uma garota só.
- Mas... Mas eu pensei que você gostasse de mim. Você ligou pra mim, me pedindo pra vir.
- Eu só queria alguém pra me divertir, , e você não pode me proporcionar isso.
- Posso... Eu posso! – ela segurou meu rosto, me olhando de modo desesperado. Droga, eu não queria que fosse desse jeito.
- Não, você não pode – tirei suas mãos do meu rosto. – Sinto muito, , mas você devia saber que não deveria se apaixonar por mim. É melhor acabar com isso agora ou você pode se machucar ainda mais depois. – me levantei, apanhei a toalha que estava no chão e joguei para ela. – É melhor você ir por uma roupa antes que alguém apareça e te veja assim. – ela enrolou a toalha no corpo e veio até mim.
- , eu posso fazer você se apaixonar por mim também, por favor, me deixa tentar – insistiu, passando as mãos por meus ombros e pescoço. Seus olhos imploravam para que eu cedesse, mas eu não iria. Por mais que eu não quisesse magoá-la, não tinha um outro jeito de acabar com isso.
Peguei suas mãos e as tirei de cima de mim, me afastando.
- Eu não quero me apaixonar por você e nem por ninguém – disse, impassível. – Eu sinto muito, , mas é o melhor pra mim e pra você.
Derrotada, ela se jogou no sofá e começou a chorar ali, na minha frente. Droga, eu não sabia lidar com mulher chorando e nem queria lidar, então, sem dizer uma palavra, caminhei em passos rápidos até a porta e deixei a casa sem ao menos olhar para trás.
Eu sentia muito por ela, não queria magoá-la, mas não tinha mais nada que eu pudesse fazer. Claro que eu me sentia culpado por ter colocado nessa situação, mas ela era grandinha e sabia o que estava fazendo. Além de que eu não poderia ficar com ela, sabendo que ela era apaixonada por mim... E ainda tinha a .
... Essa mulher era um mistério para mim. Eu nunca tinha insistido para ficar tanto com uma mulher, como insisti com ela. Agora que ela cedeu, quero aproveitar o máximo que eu puder, antes que eu também abuse dela, como sempre acontece com qualquer garota ou em qualquer relacionamento de amigos com benefícios. Talvez mantiver esse "relacionamento" às escondidas seja o melhor, pois eu não vou precisar agir como se nós fôssemos um casal e ainda poderia aproveitar com outras mulheres sem que ela soubesse. Afinal, amigos com benefícios é um tipo de relacionamento aberto, certo?

Depois de um bom tempo vagando pela praia, decidi que já era hora de voltar para casa. já deveria ter se acalmado ou ido embora. Sinceramente, eu torcia pela segunda opção.
Todas as luzes estavam apagadas quando cheguei. Não havia sinal de em nenhum lugar, o que me fez pensar que talvez ela tivesse ido embora. Fui até as escadas, na intenção de subir para o meu quarto, mas a porta da sala foi aberta, chamando minha atenção. Uma cheia de sacolas adentrou a casa.
- Ei, , não saiu com os meninos?
- Não. Quer ajuda com as sacolas?
- Por favor – fui até ela e peguei algumas sacolas de suas mãos.
- Onde estão as meninas? – questionei, notando que ela estava sozinha.
- Foram encontrar com os meninos numa boate aqui perto e deixaram todo o trabalho pra mim – ela riu, frustrada. – Vem, vamos deixar tudo no meu quarto.
Subimos as escadas em silêncio. Assim como lá embaixo, o primeiro andar também estava silencioso, o que aumentou minhas esperanças de que tivesse ido embora.
- Eu dispensei a – disse, assim que entramos no quarto dela. Ela me olhou, surpresa.
- E aí? Cadê ela?
- Não faço a menor ideia. Ela não reagiu muito bem.
- Não achei que ela reagiria. Espero que ela tenha ido embora. – ela disse, abrindo algumas sacolas. – Eu vou me encontrar com o pessoal, você quer ir?
- Claro, mas... Achei que quisesse ficar aqui e, sei lá, fazer outras coisas comigo... – dei um sorriso safado. Ela olhou para mim com um sorriso no canto dos lábios.
- Você não cansa mesmo, não é?
- Eu sei que você também não.
- Vá logo se trocar, – ordenou em tom de brincadeira. Revirei os olhos, mas decidi obedecer, eu estava querendo mesmo sair.
- Sim, senhora – falei, sarcasticamente, e saí do quarto em seguida.

's POV

Depois que saiu, decidi sair e verificar se ainda estava na casa. Agora que ele tinha dado um fora nela, ela não tinha mais motivos para ficar na casa. Fui diretamente para o quarto, que eu sabia que era o dela, e coloquei a orelha na porta para ver se escutava algo. Nada. Dei algumas batidas na porta e nada. Por fim, abri a porta do quarto devagar e acendi a luz. Bem, ela não está ali. Entrei no cômodo de uma vez e segui diretamente para o armário para ver se tinha alguma coisa dela ali. Assim como o quarto, estava vazio.
Com um sorriso no rosto, voltei para o meu quarto feliz da vida. Ela tinha, finalmente, ido embora. Nunca pensei que fosse ficar tão feliz e aliviada com a ida dela. Se eu soubesse que seria tão fácil mandá-la embora assim, eu teria ficado com o no avião, daí eu não teria passado por tudo isso.
Alguns minutos depois, bateu na porta e entrou no quarto, completamente arrumado.
- Você ainda não está pronta?
- Só mais um minuto e... Pronto, podemos ir – coloquei o delineador em cima da mesa e me virei para ele.
- Wow, você está linda – disse, boquiaberto.
- Obrigada, acho que vou me dar bem essa noite – o olhei sugestiva.
- Você pode se dar bem agora, se você quiser – disse, se aproximando.
- Hum... Eu passo. – passei por ele, peguei meu celular e algum dinheiro em minha carteira e andei até a porta. – Você não vem? – parei ao ver que ele ainda estava parado no meio do quarto.
Ele não respondeu, apenas me seguiu para fora do quarto.

***


- foi embora – anunciei, feliz, assim que cheguei ao local. Meus amigos ainda se encontravam na fila, na entrada da boate. Certeza de que iria demorar um pouco para entrarmos.
- Sério? Por quê? – perguntou, curiosa. - O aqui – apontei para ele – terminou com ela.
- Eu sabia que essa pegação de vocês não ia durar – disse, dando tapinhas nas costas de . – Bem-vindo de volta, já estava me sentindo encalhado no meio de tantos casais... Quer dizer, eu e a , né? – completou, fazendo todos rirem.
- Como você é engraçado, – dei um soquinho em seu braço. – Eu vou dar um jeito da gente entrar logo.
Saí da fila e caminhei o curto espaço entre meus amigos e a entrada. Já tinha vindo a essa boate algumas vezes. Se eu tivesse sorte, o segurança talvez me reconhecesse... Se é que ele ainda trabalhava aqui.
- Hey, Srta. ! – o segurança exclamou, assim que me viu. Sorri, aliviada e agradecida por ele ainda trabalhar aqui. – Faz um tempo que não a vejo.
- Olá, José – disse, sorridente. Simpatia nesses momentos era tudo. – Estou morando fora do país... Estou aqui de passagem.
- Fora do país, han? Chique.
- Que é isso, não é grande coisa – abanei as mãos com descaso, e ele riu. – Então... – me aproximei e toquei seu braço de leve – Eu acabei de chegar com uns amigos, e essa fila tá enorme... Será que você conseguiria fazer com que entrássemos? – pedi, usando um pouco do meu charme. Não que fosse grande coisa, mas sempre me ajudava quando eu precisava.
- Hum... – ele disse, parecendo pensar.
- Por favor... – me aproximei ainda mais dele, e o olhar dele desviou para o meu decote. Foi rápido, mas eu percebi. Homens são tão previsíveis.
- Ok, você e seus amigos podem entrar.
- Yay! Tô te devendo uma, José – pisquei para ele e me virei na direção dos meus amigos, acenando. Eles se aproximaram, e logo José nos deu passagem para entrarmos, sobre os protestos de alguns que estavam do lado de fora.
Apesar de ainda ser cedo, o local estava lotado. Várias pessoas circulavam com bebida nas mãos e dançavam de acordo com a batida da música. apertou meu braço, animada, e gritou algo como “você é demais”, antes de sair puxando para algum lugar, provavelmente o bar. Olhei para os demais e apontei com a cabeça na direção que fora, em seguida segui o mesmo caminho.
Assim como todo o local, o bar estava lotado.
gritava alguma coisa para o barman, mas o coitado não estava entendendo nada, o que só dificultava no atendimento do restante, que estavam ficando impacientes. Toquei o braço de , chamando sua atenção, e fiz alguns gestos, dizendo que eu cuidaria da situação.
- Você sabe que bebida eu quero – ela gritou perto do meu ouvido. Assenti, e ela apontou para onde tinha algumas mesas. – Vou conseguir uma mesa pra gente! - Ta certo. Leve a ! – gritei de volta. Ela assentiu, concordando, depois saiu levando minha amiga junto. Voltei minha atenção para o barman e tratei de fazer os pedidos. – Oi! Eu quero cinco cervejas e uma garrafa de tequila.
- Uma garrafa? – ele perguntou, parecendo assustado.
- Sim, não quero ter que ficar voltando aqui – ele assentiu e saiu. – Ah, e traz três copos! – gritei.
Não demorou, ele voltou com os pedidos.
- Aqui, senhorita.
- Obrigada – tirei qualquer valor do decote e entreguei-lhe. Percebi que ele ficou olhando feito um babaca para os meus seios, mas não dei importância, apenas peguei as bebidas e copos com um pouco de dificuldade e virei-me, dando de cara com Jake. – Ah, Jake! Cadê o resto do pessoal?
- Foram pra mesa – ele pegou alguma das bebidas que estava em minhas mãos. Sorri agradecida, e seguimos para a mesa.
- Woooow! – gritou, quando viu a garrafa em minhas mãos. Coloquei a bebida em cima da mesa, e ela logo atacou a garrafa. Minha amiga era mesmo louca.
Sentei-me entre e . Peguei um copo, que logo foi preenchido com a bebida.
- Tem certeza que vai beber? – questionou.
- Vou – dei de ombros. Pela primeira vez, eu poderia beber sem medo de ser atacada pelo . Queria mesmo era beber e comemorar! Eu tinha muitos motivos para isso.
gritou um “vamos brindar”, imediatamente eu e batemos os copos no dela em um brinde, em seguida viramos o shot de uma vez.
Ficamos ali, sentados por um bom tempo, rindo e bebendo. Eu estava feliz. Pela primeira vez, senti que talvez tudo pudesse começar a dar certo. Nem , nem poderiam estragar minha felicidade.


Capítulo XII

Abri os olhos, mas a claridade estava provando ser minha inimiga, como sempre. Fechei os olhos por uns segundos e, quando achei que estava pronta, abri os olhos novamente, agora conseguindo não ser cega pela luz do dia.
Apoiei-me nos cotovelos e olhei ao redor, tentando me lembrar aonde eu me encontrava, mas bastou olhar para o corpo deitado ao meu lado, que soube exatamente onde estava: em um possível quarto de motel com .
Como vim parar aqui? Essa parte eu ainda estou tentando lembrar. Isso é o que acontece quando se bebe demais.
Joguei-me na cama novamente e respirei fundo, pensando em como isso me dava uma sensação de déjà vu. Só que, dessa vez, era diferente, apesar da circunstância ser a mesma. Eu ter transado com ele bêbada, quero dizer.

O relógio na parede marcava exatamente sete e meia da manhã. Eu sabia que deveria me levantar, mas a preguiça tinha tomado conta do meu corpo, então, apenas me limitei a fechar os olhos e deixei minha mente ser invadida por lembranças da noite anterior.

Flashback

A garrafa de tequila se encontrava vazia em cima da mesa. Queria eu dizer que tinha sido a culpada por beber todo o líquido, mas esse feito se devia a minha amiga, que, nesse momento, se encontrava no maior amasso com no meio da pista. Eu estava quase indo mandar eles procurarem um quarto, sem brincadeira. era outra que estava no maior amasso com , mas não era na pista de dança e, sim, bem aqui do meu lado.
Troquei olhares com Jake, que estava à minha frente e revirei os olhos, rindo logo em seguida junto com ele. Éramos os únicos na mesa, além do casal grude ao meu lado. havia seguido o primeiro rabo de saia que passou por ele e ... bem, ele estava por aí, se agarrando com uma qualquer, mas eu não deveria me importar com isso, certo? Nós éramos algum tipo de amigos com benefícios, ou seja, não éramos exclusivos.
Contanto que ele não estivesse pegando a ou qualquer uma das minhas amigas estava tudo bem. Pelo menos era o que eu continuava repetindo para mim mesma.
- Quer sair daqui? – Jake gritou em meio a música, estendendo a mão para mim. Não respondi, apenas me levantei e peguei sua mão, me deixando ser guiada por ele para algum lugar. Ele me levou direto para o bar. Uh, gostei. – Quer alguma coisa? – Assenti e logo ele fez os pedidos ao barman. Minutos depois, ele me entregou uma bebida colorida. Não me preocupei em perguntar o que era, apenas bebi de uma vez, pedindo por mais em seguida. Jake me olhou parecendo estar impressionado, mas não fez nenhum comentário.
Me virei de costas pro balcão, encostando no mesmo, enquanto esperava o barman trazer minha bebida. Jake, por sua vez, se colocou na minha frente, ficando bem perto de mim. Perto demais.
- Está gostando daqui? – Perguntei, apenas para puxar assunto.
- Sim, estou gostando de tudo que estou vendo até agora – ele disse, ao mesmo tempo em que dava uma bela olhada em meu corpo. Ele dá um passo à frente, encostando seu corpo no meu e aproxima os lábios em minha orelha. – Você está linda, sabia?
Engulo em seco e olho para a pista de dança, em busca de , na esperança de que ela me visse e viesse ao meu socorro. Digamos que eu não era uma pessoa confiável com um certo nível de álcool circulando no meu corpo e eu não queria cometer mais nenhum erro. Mas, é claro que eu não a encontrei. Nem ela e nem . Que ótimo!
- Você está muito cheirosa... é impossível me controlar perto de você – ele continuou a me elogiar perto do meu ouvido. Fechei os olhos, tentando me concentrar, mas era difícil. Me chame do que quiser, mas eu era humana e Jake era um homem completamente irresistível. Era incrível que eu ainda não tivesse cedido completamente aos seus encantos.
Fraca. Era isso mesmo que eu era, ainda mais com aquele sotaque maravilhoso no pé do meu ouvido.
"Você é uma mulher livre e desimpedida, o que te impede?" – disse uma voz em minha mente. Essa era fácil de responder.
era um dos motivos que me impedia de avançar o sinal com Jake, fora que eu também não queria magoá-lo. E, mesmo que meu "relacionamento" com fosse aberto, eu não costumava ser o tipo de pessoa que fica com mais de um de uma vez.
Relacionamento e na mesma frase... não pude evitar pensar no quanto aquilo era irônico.
- O gato comeu a sua língua? – Jake perguntou, tirando-me dos meus pensamentos.
- Não – limitei-me a responder. Jake sorriu e pôs as mãos em minha cintura, puxando meu corpo para mais perto do dele firmemente. Puta que pariu, ele tava excitado.
- Viu o que você faz comigo? – Sussurrou em meu ouvido e, em seguida, os lábios dele tocaram meu pescoço. Ah, não, no pescoço não.
Arregalei os olhos, procurando uma forma de sair dali. Do jeito em que me encontrava eu não iria resistir muito tempo. Pus as mãos nos ombros dele, o empurrando, mas ele sequer se moveu, apenas continuou ali, saboreando do meu pescoço.
Arfei, quando ele deu uma mordida na pele de meu pescoço e a mão dele foi para minha bunda, apertando-a de forma que pressionasse ainda mais meu corpo contra o seu membro ereto. “Merda, eu estava ficando excitada”. Jake começou a trilhar os beijos pela minha mandíbula, queixo e por fim, seus lábios tocaram os meus. "Já era", pensei, antes passar os braços por seu pescoço e me entregar a aquele beijo. A língua de Jake invadiu minha boca de forma obscena, transformando aquele beijo um tanto quanto erótico. A mão dele ainda apertava minha bunda, o que causava alguns gemidos por minha parte durante o beijo. Quando já se era necessário respirar, ele voltou a beijar meu pescoço, enquanto eu jogava a cabeça para trás, buscando o ar necessário.

Eu tinha a leve sensação de que estava sendo observada e, como um imã, meu olhar se encontrou com o de , que se encontrava sentado em uma das poltronas, com uma mulher sentada em seu colo, beijando seu pescoço. O olhar dele queimava em minha direção e, se eu o conhecia bem, ele estava odiando me ver aos amassos com Jake. Dei um sorriso malicioso para ele e coloquei a mão dentro da camisa de Jake, apenas para provocá-lo. Porém, o sorriso desapareceu do meu rosto, quando se levantou e veio em minha direção, deixando a menina de lado com uma cara de paisagem.
Arregalei os olhos, sentindo meu sangue gelar devido ao choque e ao presente estado de nervosismo que eu me encontrava. Nem em um milhão de anos eu iria imaginar que ele teria essa reação.
Desesperada para sair dali antes que ele chegasse e fizesse alguma burrada, empurrei Jake, tirando-o de cima de mim. Eu nem devia estar com ele grudado em mim assim para começo de história.
- O que foi? – Perguntou confuso.
- Não devemos – disse. – Eu... eu tenho que ir. – Saí andando, sem ao menos esperar resposta. Ele ainda tentou segurar meu braço, mas o puxei com certa brutalidade, me livrando de seu toque e segui caminho por entre as pessoas. O que eu estava fazendo da minha vida? Eu não podia usar Jake daquela maneira; me mataria se soubesse.
Quando estava quase perto da saída, uma mão segurou meu braço, me puxando e me prensando contra a parede.
- Vai a algum lugar? – Pude reconhecer a voz de . Eu deveria saber que ele viria atrás de mim. As mãos dele apertavam minha cintura com vigor, o que fez com que eu demorasse mais do que necessário para responder.
- Não te interessa – respondi, falhando completamente na minha tentativa de ser grossa.
- Você parecia está se divertindo.
- Você também – rebati.
- Eu não gosto daquele cara. Não quero você com ele.
- Não somos exclusivos, – tentei afastá-lo, mas a única coisa que eu consegui fazer foi com que ele pressionasse mais o corpo dele no meu. Abri a boca, sentindo todo ar se esvair do meu corpo. Maldita atração, maldito sotaque.
- É, não somos... mas eu não quero que você fique com ele, não quando você pode ficar comigo.
- Eu fico com quem eu quiser, , quer você goste ou não. – Quem ele achava que era? Meu dono? – , me solta. Alguém pode chegar e nos ver – tentei empurrá-lo novamente, sem sucesso.
- Você está muito rebelde, ... talvez eu tenha que dar um jeito nisso – um sorriso malicioso brotou em seus lábios e eu soube exatamente o que viria a seguir.
Ele subiu a mão para o meu pescoço e puxou minha cabeça, me beijando fortemente. Pousei meus braços ao redor de seu pescoço e retribui a carícia de muito bom grado. As mãos dele, por outro lado, seguiram caminho contrário e desceram, até que conseguiram entrar por baixo do meu vestido. apertou minha coxa e puxou minha perna para cima, encaixando-a em sua cintura.
Arfei e ele mordeu meu lábio inferior, antes de passar seus beijos quentes e molhados para o meu pescoço. Eu já sabia aonde isso iria dar se continuássemos dessa forma e, eu sei que já tinha feito muita loucura, mas transar em meio a uma boate não estava incluso nessa lista.
- ... – puxei o cabelo dele devagar, em um pedido para que parasse, mas ele apenas resmungou e continuou se aproveitando de minha pele, alheio ao que acontecia ao seu redor. – É sério, me escuta – tentei empurrá-lo, dessa vez, com sucesso.
- Qual é o problema? – Questionou, se afastando.
- Vem, vamos sair daqui – estiquei a mão para ele. Ele me olhou por um instante, mas logo um sorriso sapeca surgiu em seus lábios e ele pegou minha mão, deixando que eu o conduzisse para fora do pub.
- Para onde estamos indo? – Perguntou, quando o puxei para a direção oposta da qual tínhamos tomado ao vir para cá.
- Pra um motel – respondi, simplesmente.
Ele começou a rir escandalosamente, e eu o olhei com a sobrancelha arqueada.
- Ta aí, eu nunca imaginei essa frase saindo da sua boca.
- Por que não?
- Motel não combina muito com uma garota como você.
- Eu espero que isso seja um elogio – adverti.
- Talvez seja – ele riu.
- Bem, tem muita coisa que você não sabe sobre mim – ri, me apoiando nele, quando me senti meio tonta.
- Você está bêbada, tem certeza que quer ir pra um motel e não pra casa?
- Eu estou ótima, . Deixa de ser chato e vamos logo.
O puxei e seguimos para o motel, rindo de qualquer besteira que falávamos.

/Flashback

O peso do braço de em cima de mim despertou minha atenção e eu olhei em sua direção, encontrando seus olhos castanhos me encarando.
- Bom dia – murmurou com a voz rouca de sono.
- Há quanto tempo você está me olhando? – Virei-me, ficando de frente pra ele e encaixando nossas pernas.
- Não muito – respondeu ele. – No que estava pensando?
- Só estava me lembrando de como vim parar aqui ontem.
- Você estava bem bêbada – ele riu e fez uma cara estranha, como se lembrasse de algo engraçado.
- Ah, não... O que eu fiz?
- Hã? Nada, nada – respondeu rápido e encostou seus lábios no meu, em um selinho.
- Desembucha, – pedi mais uma vez.
- Não foi nada, eu juro – cerrei os olhos, mas logo fui distraída por sua mão acariciando minha perna. Minha pele se arrepiou e eu acabei esquecendo o assunto, quando ele me beijou.
- Você não presta mesmo – murmurei, quando separamos os lábios.
- O que eu fiz? – Perguntou, fingindo uma inocência que ele não tinha.
- Você acha que eu não percebi que você estava me distraindo? – Cerrei os olhos e ele riu.
- Funcionou?
- Temporariamente. – Suspirei e dei um selinho nele, antes de, finalmente, criar coragem pra levantar. – Está ficando tarde, melhor a gente se apressar... não quero chegar em casa e dar de cara com todo mundo acordado.
- Ah, não... Volta aqui – ele se apoiou no cotovelo e tentou me puxar pelo lençol.
- Sai, – ri, e puxei o lençol da mão dele. – Tava tudo mundo bom, mas a festa acabou. Nós temos que ir.
Ele bufou e se jogou na cama novamente. Revirei os olhos e andei para o banheiro para tomar um bom banho. Joguei o lençol no chão e entrei no Box, ligando o chuveiro em seguida. Alguns minutos depois, um par de braços me abraçou por trás e o corpo de foi encostado ao meu.
- Eu sabia que a sua birra não iria durar – sorri vitoriosa.
- Eu não pude ficar lá, enquanto você estava aqui, tão gostosa e sozinha. – Ele depositou um beijo em meu ombro e suas mãos subiram de minha barriga para meus seios. Arfei, sentindo meu mamilo ficar duro sobre o toque de seus dedos. Chegava a ser ridículo a maneira que meu corpo reagia diante do toque dele, como se ele fosse o dono do meu corpo e que, por mais que eu tentasse, eu não conseguia controlar.
- Safado. – Ele empurrou meu corpo, fazendo com que eu encostasse à parede fria e pressionou seu membro duro em minha bunda. Gemi, em resposta.
- Eu sei que você gosta – disse e deu uma tapa em minha bunda, antes de me virar para ele e me beijar selvagemente.
A água jorrava nas nossas cabeças, mas não ligávamos para isso. Eu só conseguia pensar no toque de em meu corpo, nos lábios dele chupando a pele do meu pescoço e em minhas mãos arranhando com vigor as costas dele.
- Cafajeste – sussurrei em seu ouvido, antes de morder o lóbulo de sua orelha, bem devagar e ele deu uma mordida em meu ombro, em resposta.
Com um impulso, cruzei as pernas ao redor de sua cintura e gemi ao sentir o membro dele entrar em contato com a minha intimidade. Eu o queria e queria agora.
Movi o meu quadril em direção ao seu pênis, causando uma fricção entre nossas intimidades. Parecendo entender o que eu queria, passou seu membro pela extensão de minha intimidade e colocou a glande em minha entrada, retirando logo em seguida. Ele repetiu o mesmo processo por três vezes até que eu me irritei e cravei as unhas em seus ombros com força. Não estava com paciência para jogos.
- Está com pressa? – Riu sarcasticamente.
- Cala a boca e me fode logo – resmunguei.
- Você que manda, gostosa – disse e, finalmente me penetrou. O membro dele entrava e saia de minha intimidade, a cada momento em uma velocidade diferente. O meu nome saia da boca de frequentemente, às vezes acompanhado de alguma palavra suja, o que me deixava ainda mais excitada.
Meu quadril seguia o ritmo do dele com uma sincronia surpreendente. Às vezes nos beijamos, mas não conseguimos ficar muito tempo com os lábios grudados.
- ... – sussurrei, entre gemidos.
passou as unhas curtas por minha coxa e aumentou a velocidade de suas estocadas. Revirei os olhos, já sentindo que estava perto do orgasmo. , por sua vez, soltou um gemido rouco e jogou a cabeça para trás, se derramando dentro de mim. Cravei as unhas em seus ombros e após mais duas estocadas cheguei ao meu clímax.

Minutos depois, já com a respiração e fôlego normalizados, terminamos o nosso banho tranquilamente.

***


- Você sente saudade de morar aqui? – perguntou, de repente. Tínhamos acabado de sair do motel e agora nos encontrávamos vagando pelas ruas do Rio de Janeiro. Ele segurou minha mão, entrelaçando nossos dedos. Olhei para as nossas mãos entrelaçadas, mas não disse nada. Eu estava confortável assim.
- Sim – assenti. – Mas, morar em Londres foi sempre meu sonho. Se bem que, não é como se eu nunca mais fosse morar aqui, não é?
- Você vai voltar, então?
- Infelizmente – suspirei, pensando em como seria triste quando o dia que eu tivesse que voltar pro Brasil definitivamente chegasse. – O meu visto só é válido por 4 anos, o tempo do curso.
- Tenho certeza que você vai dar um jeito nisso. Você tem muito tempo pra isso – ele tentou me confortar.
- Talvez sim – concordei.
- Ei, você não quer pegar um táxi? – Perguntou, mudando de assunto.
- Tá com preguiça de andar, ? – Ele assentiu. – Então, pode deixar a preguiça de lado, porque vamos andando! Já estamos perto...
- São exatamente oito e meia da manhã e você está me obrigando a andar... você é maldosa – reclamou.
- E é pra andar rápido, se quiser chegar em casa antes que alguém acorde.
- Podíamos pegar um táxi pra chegar mais rápido... – comentou ele, como quem não quer nada. - Cala a boca, – ri e dei um leve empurrão dele com o meu corpo. – Nós vamos a pé e pronto – disse, decidida.
- Tá bom, sua chata – ele me deu língua e passou o braço por meus ombros, fazendo com que assim, andássemos abraçados.
Ok, talvez isso fosse contato demais e com certeza, quem olhasse de fora, achariam que éramos um casal, coisa que não éramos. Porém, eu não sabia como falar que não devíamos andar daquela forma, sem ser mal interpretada e, as coisas estavam tão boas entre a gente, que acabei deixando por isso mesmo.
- Já pensou que esse é o primeiro natal que passamos juntos? Digo... Todos nós... – ele falou, de repente, me trazendo de volta a realidade. Arregalei os olhos, ao lembrar esse detalhe. Eu tinha esquecido completamente do natal!
- Puta que pariu! – Exclamei, colocando a mão na cabeça. – Eu me esqueci completamente.
- Você esqueceu algo? – Ele me olhou, meio chocado. – Essa é novidade – riu.
- Isso é sério, – disse, tentando manter a seriedade. – Hoje já é 20 de dezembro e eu sequer pensei em comprar algo pra decorar a casa. Eu devia ter feito isso assim que cheguei... – me lamentei.
- Calma, vamos dar um jeito – ele tentou me acalmar, sem sucesso.
- Que calma o quê! Você não tem ideia do tanto de coisa que tem que fazer em tão pouco tempo – reclamei. – E pior, meus pais vêm para o jantar de véspera de natal!
- Nós vamos dar um jeito nisso – ele parou em minha frente, fazendo com que eu parasse de surtar no meio da rua. – Tenho certeza que todos vão se disponibilizar pra ajudar.
- Ah, mas você pode ter certeza que vão... deixa só eu pedir a ajuda de .
- Fodeu – arregalou os olhos. Ele sabia muito bem como minha amiga era quando se tratava de decoração. – Já posso ver ela nos arrastando por um monte de lojas.
- Não seja dramático, não vai ser tão ruim assim – ri. – Vem, vamos logo, temos muito a fazer – disse e saí puxando ele, sem esperar resposta.

Quando chegamos a casa, todos ainda dormiam, mas não por muito tempo. Mandei ir para o quarto dele e trocar de roupa para que ninguém desconfiasse de nada e segui direto para o quarto de , abrindo a porta sem ao menos bater antes.
- , eu espero que v... – parei de falar, ao ver a cena de totalmente nu no meio do quarto, enquanto minha amiga ainda estava na cama. – Ai que horror! – Tampei os olhos com a mão. – Se cobre , pelo amor de Deus!
- Ninguém te ensinou a bater, ? – perguntou, histérica.
- Ninguém te ensinou a trancar a porta, ? – Rebati e tirei a mão do olho, quando disse que era seguro. – Não tenho tempo pra esse histerismo agora, levanta, temos muito que fazer.
- Temos exatamente o que pra fazer? – Ela ergueu as sobrancelhas.
- Compras de natal! Só temos três dias para decorar isso aqui e planejar um jantar perfeito.
- Puta que pariu, o natal! – Ela deu um pulo da cama. Sorte que ela estava vestida, se não eu teria visto mais coisas que não queria ver. – Eu vou tomar banho e depois que comemos algo descente, vamos todos fazer compras... vai chamar os outros – ela disse, totalmente enérgica e entrou no banheiro em disparada.
- O que? – Esganiçou , entrando no banheiro atrás dela. Ri e saí do quarto, eu sabia que era a pessoa certa para pedir ajuda em uma hora dessas. Eu só tinha pena dos meninos, que teriam que comer um dobrado na mão dela.
Ok, talvez eu não sentisse tanta pena assim.
Antes de ir acordar o restante do pessoal, entrei em meu quarto para trocar de roupa. Eu tinha dado sorte que não tinha notado que eu ainda estava usando a roupa da noite anterior e, talvez fosse melhor assim, pois não queria ter que ficar sendo interrogada por ela. Eu não era uma boa mentirosa e ela iria sacar na hora.
Vesti um short jeans curtos, uma blusa um pouco longa e soltinha branca e, por fim minha sandália rasteira preferida. Dei uma melhorada na minha aparência e saí do quarto em seguida. Dei de cara com no corredor.
- Falou com ela? – Perguntou.
- Sim, e ainda vi o pelado de bônus – fiz careta, ao lembrar a cena. Não que fosse feio, pelo contrário, ele era bonito pra caralho, só que... Bem, ele era meu melhor amigo e eu não o via de outra forma. – Enfim, vai chamar o , que eu vou chamar a , o e o Jake – ele fechou a cara, quando ouviu do último.
- Não, deixe que eu chamo esse aí. Não quero você no quarto sozinha com ele. Não depois de ontem.
Revirei os olhos, mas não disse nada. Talvez fosse melhor que o fosse no meu lugar.
- Vai logo e vê se não faz besteira – disse e segui para o quarto de . Ele, por sua vez, deu um tapa em minha bunda, quando passei por ele.
– Gostosa.
- Vai te ferrar, – mostrei o dedo do meio para ele e segui meu caminho, deixando um risonho para trás.
Parei em frente à porta do quarto de e bati na mesma. Dessa vez eu não queria ter nenhuma surpresa ao entrar no quarto. Esperei alguns segundos e bati novamente quando não obtive resposta. Nada.
Desistindo de esperar que ela me responda, girei a maçaneta e abri a porta devagar, encontrando o quarto escuro e o casal de pombinhos dormindo de conchinha. Não pude deixar de sorrir diante de tal cena. Minha amiga mantinha um sorriso no rosto, mesmo dormindo e foi impossível não me sentir feliz por ela... e de sentir uma pontada de inveja também.
Eles estavam apaixonados e felizes e, de certa forma, eu queria isso pra mim também. Porém, eu sabia que isso era uma coisa distante pra mim e dado ao meu status de relacionamento com o , eu sabia que isso não iria acontecer nem tão cedo. Não que eu quisesse um relacionamento sério com ele, longe disso, eu sequer estava apaixonada. não era o tipo de cara pelo qual eu deveria me apaixonar, sabia disso e só porque estávamos nos, huh, divertindo, não significava que iríamos ser algo a mais do que “amigos com benefícios”; eu não permitiria. Quer dizer, até dois dias atrás sequer queria contato com o , então, eu estava perfeitamente segura no quesito “me apaixonar”.
Voltei à realidade quando se mexeu na cama, se aconchegando ainda mais nos braços de . Balancei a cabeça para afastar os pensamentos indevidos e me aproximei da cama sorrateiramente, o que não fez sentido, já que eu queria mesmo acordar os dois e não mantê-los dormindo.
- - toquei seu braço de leve, a sacudindo a maneira mais delicada que consegui. – , acorda! – Chamei novamente, sacudindo-a com um pouco mais de força.
- Hã? O que? – Ela resmungou e se mexeu, resmungando também.
- Acordem, os dois – disse, agora sacudindo também.
- Só mais cinco minutinhos, mãe – resmungou, ainda dormindo. Segurei a vontade de rir e voltei a sacudir os dois.
- Se os dois não se levantarem agora, eu vou buscar água gelada pra jogar nos dois! – Disse, colocando o máximo de convicção em minha voz.
- Deixa de ser chata, . Ainda está de madrugada – reclamou.
- Madrugada? – Andei até as cortinas do quarto e as abri, fazendo com que a claridade entrasse no quarto. – Já está de manhã, louca.
- Fecha isso, pelo amor de Deus – agora foi a vez de reclamar.
- Vocês dois são uns chatos – retruquei. – Vão levantar ou não?
- Não! – Responderam, em uníssono.
Bufei. Aquilo estava sendo mais difícil do que eu imaginava. Eu tinha que fazer com que eles se levantassem e descessem antes que , ou ela iria surtar... E eu também.
... Era isso! Sorri maldosamente com a ideia que passou por minha cabeça. Se eles não levantassem depois disso, eles não se levantariam nunca mais.
- Sabe... – comecei a falar, enquanto andava devagar até a porta aberta do quarto. – Talvez seja melhor que eu deixe vir acordar vocês.
Pelo canto do olho, pude ver arregalar os olhos e se sentar na cama rapidamente. Bingo!
- ESPERA! – Exclamou, alarmado. – Eu já estou acordado, já estou acordado! – Disse repetidamente e se levantou da cama. Ainda bem que ele estava vestido.
Caí na gargalhada diante tal situação. Só mesmo pra manter esses meninos na linha; Eu precisava que ela me desse umas dicas de como fazer isso.
- Nossa, calma – disse, assustada. – Por que tanto medo de ? Ela não é nenhum monstro de sete cabeças.
- Você que pensa – disse. – Aquela ali é doida – ele rodopiou o dedo em volta da orelha, fazendo-nos ir.
olhou para mim, em busca de uma explicação.
- Não olha pra mim – ergui as mãos, demonstrando inocência. – Eu gostaria muito de saber como ela tem esse poder sobre eles.
- Basta você conhecer eles bem o suficiente pra saber usar as coisas certas contra eles, cara apareceu na porta, de repente.
- Você já está pronta? – A olhei, um pouco impressionada.
- Não só eu, os demais estão prontos também, só falta vocês dois – ela disse, se referindo a e . – Se arrumem e vão lá pra sala, temos muito que fazer hoje. , vem comigo, preciso da sua ajuda para fazer um café da manhã decente.
Assenti e, em seguida, deixamos o quarto e seguimos para a cozinha. Quando adentramos a cozinha, , Jake, e , já se encontravam lá e também uma menina não tão desconhecida por mim. Ela estava ao lado de e eu pude perceber o olhar de em cima do decote dela. Aquilo me incomodou, mas resolvi deixar pra lá.
- O que ela ainda tá fazendo aqui? – perguntou, se referindo à menina ao lado de . A menina que estava de cabeça baixa, levantou o olhar e sorriu ao me ver.
- ! – Ela se levantou e veio até mim, me abraçando. Retribuí o abraço meio sem jeito e todos os olhares se voltaram para mim. – Não sabia que estava aqui.
- Ah, vim só para curtir as férias com os meus amigos – dei um sorriso forçado, mas ela não percebeu.
- Natalie? – surgiu atrás de mim, olhando para a menina, com uma mistura de surpresa e de raiva. tinha ódio de Natalie e o sentimento era reciproco.
- , há quanto tempo – ela deu um sorriso um tanto quanto falso, mas não ousou abraçar minha amiga.
- Espera aí, vocês se conhecem? – se aproximou, suas feições demonstrando claramente o quanto ele tinha ficado surpreso.
- Natalie é prima de disse com desgosto, e se engasgou ao ouvir o nome de .
- Você está bem, dude? – perguntou, batendo as mãos nas costas do amigo.
- Estou – ele disse entre as tossidas e olhou para mim de relance.
- A propósito, onde está a minha prima? – Ela perguntou, olhando ao redor.
- Em casa – respondi.
- E você já está de saída, não é mesmo? – se pronunciou e ela a olhou de uma forma tão ameaçadora, que até eu teria medo.
- Hum... É... Já vou indo... Tchau pra vocês – Natalie gaguejou e saiu da cozinha em disparada.
- Quem foi que trouxe aquele projeto de piranha pra cá? – Ela olhou de forma ameaçadora para os meninos.
- Eu trouxe – disse, voltando a se sentar no banco em frente ao balcão.
- , não traga mais nenhuma menina pra cá, tá bom? Ainda mais se for a Natalie – intervi, antes que falasse algo. Ela ficava possessa toda vez que via a Natalie.
- Tudo bem, agora podemos focar no café da manhã, por favor? – interrompeu. – Ou você esqueceu tudo o que temos que fazer?
Revirei os olhos e segui para a geladeira, atrás de algo para comer. Ter como ajudante tinha seu lado negativo e a prova dela é a sua pressa compulsiva para fazer as coisas, ainda mais quando tem pouco tempo para fazer. Eu era assim também, mas de uma forma bem mais controlada que ela.

Depois do café da manhã, nós fomos para a sala, onde nos sentamos no sofá para que fosse discutido o que cada um faria.
- Como vocês sabem a véspera de natal é daqui a quatro dias – comecei a falar.
- E nós vamos decorar a casa – continuou, me interrompendo.
- Pra isso, precisamos da ajuda de todo mundo, incluindo nas compras.
- Ah, não – os meninos falaram ao mesmo tempo e começaram a falar entre si.
- Quietos! – exclamou, com a voz firme e os meninos se calaram na mesma hora. Sério, como ela fazia aquilo?
- Gente, meus pais vêm jantar com a gente no dia. Precisamos mesmo nos unir para fazer isso dar certo.
- Nós vamos ajudar – se pronunciou. – Não vai fazer mal fazer umas comprinhas de natal, não é? – Sorri para ele agradecida. Ele sabia o quanto organizar a casa para o natal era importante para mim.
- Ótimo! – comemorou. – Eu vou fazer a lista de tudo o que devemos comprar, já volto! – E subiu correndo as escadas.

***


Uma hora mais tarde, paramos em frente ao shopping. Suspirei e olhei para os meus amigos. Entramos no local logo em seguida.
A partir daí cada um foi para um lado diferente. saiu puxando para dentro da primeira loja que encontrou; revirou os olhos e seguiu as duas sem ao menos olhar para trás. e seguiram em frente, concentrados demais em uma conversa para prestar atenção em quem haviam ficado para trás e, assim se seguiu até que eles sumiram de vista. Olhei para o lado, percebendo que Jake ainda estava ali e me olhava de uma maneira estranha, como se estivesse me analisando. Ficar perto dele trouxe as memórias da noite anterior e, eu não pude deixar de me sentir culpada por tê-lo usado daquela forma. De repente, o clima ficou tenso, o silêncio incômodo e eu não sabia bem o que fazer ou o que falar. Felizmente ou não, foi ele que falou primeiro.
- Então, parece que ficou só nós dois, huh? – Comentou, de forma descontraída. Bem forçada, por sinal.
- Pois é – dei um sorriso contido e decidi que não iria deixar que aquele clima estranho afetasse o meu objetivo ali. Meus problemas pessoais eu poderia resolver depois. – Bem, vamos as compras – dei alguns passos à frente, mas parei ao ver que ele ainda continuava parado no mesmo lugar. – Você vem? – Perguntei. Ele pareceu considerar se deveria ou não vir comigo e, por fim, assentiu e me seguiu pelo shopping.
- Aonde vamos primeiro? – Perguntou ele.
Pensei por um momento, mas logo me decidi.
- Ao supermercado. – Ele ergueu a sobrancelha, como se perguntasse por qual motivo íamos ao supermercado, se o que queríamos comprar era decoração. – No supermercado daqui tem uma seção com coisas de natal e além do mais, precisamos comprar mantimentos para fazer o jantar. – Expliquei-me.
- Na casa já não tem coisa suficiente?
- Não. O que tem lá é só o básico.
- Ah... – disse e o silêncio voltou a reinar entre nós. Não me importei; Eu tinha outras prioridades no momento.
Assim que entramos no supermercado, peguei um dos carrinhos disponíveis, coloquei minha bolsa dentro e segui por entre as prateleiras, com Jake em meu encalço. Não sei por quanto tempo o silêncio entre nós se seguiu, o carrinho estava quase cheio, quando Jake resolveu se pronunciar novamente.
- ... – chamou ele. Desviei minha atenção da prateleira de bebidas e olhei para ele.
- Sim?
Ele abriu a boca meio hesitante, talvez considerando se deveria falar ou não.
- Desculpe por ontem – disse por fim. Deixei o vinho que segurava de lado e me virei para ele.
- Não tem nada para desculpar, Jake – respondi, sorrindo fracamente. Jake correspondeu o sorriso, ainda meio relutante.
- Tem sim – insistiu. – Eu sei que passei dos limites.
- Bem, você realmente passou dos limites.
- Desculpe – ele coçou a nuca, parecendo envergonhado.
- Tudo bem, já passou... Só, por favor, não faça mais isso.
- Não irei – concordou. – Eu já entendi que não tenho chance.
- Desculpe se te passei a impressão errada – meu sorriso agora era triste. Eu me sentia mal por ter dado algum tipo de esperança a ele. – Quero que você saiba que isso não tem nada a ver com a sua irmã. Minha vida pessoal e amorosa é uma bagunça e eu não quero te colocar no meio dela. Você merece alguém que não seja tão complicada. Sinto muito não poder ser essa pessoa pra você, mas no momento, eu não quero me envolver com ninguém – disse, e aquilo não era completamente mentira. Eu estava sendo sincera com ele e, apesar de já estar envolvida até o pescoço com o , eu não queria envolver mais ninguém no meio da minha confusão amorosa e eu sabia que não seria afetado por esse meu lado, o que talvez o tornasse o único que eu poderia ter disponível pra mim e que, não sairia magoado de alguma forma. Até que não era uma opção tão ruim, afinal.
- Tudo bem – Jake falou, interrompendo o meu devaneio. Sorri para ele e o abracei, agradecida por ele ter compreendido.
- Bem, vamos pagar essas compras, sim? Ainda temos muito que comprar – falei assim que o soltei. Jake, por sua vez, assentiu e seguimos para o caixa com um clima bem melhor do que quando entramos.

Era exatamente meio-dia, quando encontrei com e o resto do pessoal na praça de alimentação do shopping. Assim como eu, todos estavam cheios de sacolas, o que foi preciso mais de uma mesa para que pudéssemos sentar com todas essas compras. não parava de lançar olhares furtivos em minha direção, o que me fez pensar que ele não tinha gostado nada de me ver com Jake, mas eu não me importei. tinha que entender de uma vez por todas que não era meu dono e que eu não tinha culpa se ele tinha implicância com Jake, sem um motivo aparente.
- Acho melhor ligar para o meu pai. Precisamos de um carro pra levar todas essas compras e ainda tem mais coisa pra comprar.
- É uma ótima ideia, . Faça isso – falou, entre uma garfada e outra.
- Vou ligar agora – peguei meu celular da bolsa e me levantei. – Nada de roubar minhas batatas fritas, – apontei pra ele acusadoramente e ele ergueu as mãos, rindo.
Me afastei da mesa, em direção aos banheiros e disquei o numero do meu pai. Ele atendeu no segundo toque.
- Oi, filha!
- Pai, estou precisando da sua ajuda – fui direta.
- O que houve? – Ele perguntou, com o tom de voz preocupado. Meu pai se preocupava muito fácil.
- Eu estou no shopping com o pessoal, fazendo compras de natal e estou precisando de um carro pra colocar as compras. Tinha como você vir?
- Claro, é só me dizer em que shopping você está e eu vou agora mesmo.
Meu pai era um amor, não era?
- É o que tem perto da praia. A gente tá almoçando na praça de alimentação.
- Ok, chego em vinte minutos – e desligou. Coloquei o celular no bolso e segui em direção ao banheiro.
O banheiro estava vazio, o que era uma surpresa, já que sempre tinha gente circulando por ali. Entrei em uma das cabines e minutos depois saí, apenas para encontrar um encostado a pia, com os olhos queimando em minha direção.
- Você está maluco? – Perguntei, histérica. – Se alguém te pega aqui você está frito.
- Ninguém vai me pegar aqui – ele deu de ombros, como se não se importasse se iria ou não aparecer alguém ali.
- O que você quer, ? – Perguntei e segui para a pia, abrindo a torneira para que pudesse lavar as mãos.
- Eu vi você de risinho com Jake – disse de forma acusatória, como se eu tivesse cometido algum tipo de crime.
- Nós conversamos e nos acertamos. Não vejo nada demais nisso.
- Eu vejo. Não quero você com ele. – Revirei os olhos, já me irritando com aquela situação. Aquela implicância dele com o Jake já estava indo longe demais.
- ... – me virei para ele, demonstrando toda a minha irritação em minha voz. – Eu não sou propriedade sua e nem um prêmio pra você disputar com o Jake. Aliás, pra você disputar sozinho, porque Jake nem liga pra sua presença.
- Eu só quero deixar claro que você é minha e eu não aceito te dividir com ninguém.
- Você não tem que aceitar nada, . Será que você não entende? Eu não sou sua exclusividade, assim como você não é meu. Não temos compromisso. Então, por favor, pare de agir como se tivéssemos! – Disse dando um ponto final a conversa e sai do banheiro a passos rápidos. estava passando dos limites e a obsessão dele por mim estava começando a me sufocar. E olha que não tinha nem dois dias direito, que eu tinha permitido que ele me tocasse com segundas intenções, sem que eu quisesse mata-lo por isso.
Sentei-me a mesa com um sorriso no rosto, a fim de que ninguém notasse o meu estresse. Minutos depois, sentou em seu lugar e os nossos olhares se encontraram por um breve momento. Contudo, voltei a prestar atenção em minha comida e em dizer a todos que meu pai já estava a caminho.

Enquanto terminava a minha refeição, me permiti pensar na montanha russa que era . Eu não o entendia, ele era difícil de decifrar e quanto mais eu tentava entendê-lo, mais confusa eu ficava. Porém, eu continuava tentando buscar uma explicação lógica pra toda aquela possessividade dele em relação a eu chegar perto de qualquer outro homem. Porque eu tinha certeza que o problema não era só com Jake e, por mais que eu dissesse que podia me relacionar com quem eu quisesse, que não era da conta dele, não adiantava; Ele parecia não entender isso.
Por um momento, minha mente achou que a única resposta clara para tudo aquilo era que ele gostava de mim, mas eu logo descartei essa possibilidade. não era do tipo que se apaixonava. Ele era um cafajeste sem coração, que não sabia o que era amor. Eu conhecia muito bem o tipo dele.
- ! – Dedos estalaram em frente ao meu rosto, chamando minha atenção. – Você esta ouvindo o que eu estou dizendo? – perguntou, claramente irritada. Balancei a cabeça para clarear a mente e voltei minha atenção para ela.
- Não, desculpe – sorri amarelo.
- Você estava no mundo da lua – reclamou. – Seu pai chegou – ela apontou para um lugar atrás de mim e eu me virei, encontrando meu pai e minha mãe vindo em nossa direção. Levantei-me, assim que eles se aproximaram.
- Nossa, quanta sacola! – Minha mãe disse, olhando para todas as sacolas que tinha na mesa ou no chão.
- São só umas comprinhas pro natal – dei de ombros.
- Sr. e Sra. , sentem-se com a gente – disse, cumprimentando os meus pais.
- Não será necessário querido, nós estamos com um pouco de pressa – minha mãe respondeu.
- Tome, – ele me entregou a chave do carro. – Você pode ficar com ele o tempo que estiver aqui.
- Sério? – O olhei, chocada. – Meu pai nunca tinha me emprestado o carro dele, por mais que eu pedisse.
- Sim, só tome cuidado.
Soltei um gritinho e corri pra abraçá-lo. Meu pai era mesmo o melhor do mundo.
- Obrigada!
Ele depositou um beijo em meu rosto, acenou para os meus amigos e, em seguida, saiu de mãos dadas com a minha mão. Virei para os meus amigos, sorrindo abertamente e balançando as chaves do carro em minhas mãos.
- Seu pai tá doente? – perguntou, incrédula.
- Não sei, só sei que estou amando! – Ri. – Vamos colocar todas as compras no carro, depois voltamos pra comprar o que falta.
- Eu e vamos pagar a conta – disse e concordou. Estreitei os olhos para as duas.
- Olha que eu to começando a ficar com ciúme de toda essa amizade. – Elas riram.
- Deixa de ser besta – balançou a mão no ar, como se o que eu tinha acabado de falar fosse besteira.
- Eu vou com você, – Jake pronunciou, levantando da cadeira.
- Eu também vou – disse rapidamente. Controlei o impulso de revirar os olhos e me virei para meu melhor amigo.
- , vem comigo? – Pedi. - Mas... – ele começou a falar, mas parou assim que viu o meu olhar. – Tudo bem – levantou derrotado e seguimos em direção ao estacionamento com as milhares de sacolas. – O que foi aquilo? – Perguntou ele, quando estávamos longe o suficiente.
- Aquilo o que? – Franzi o cenho. Ele tinha percebido?
- Não se faça de desentendida, .
- Não estou. Eu realmente não sei do que você está falando – menti. Eu sabia muito bem do que ele estava falando.
- Aquele clima tenso entre você, Jake e o .
- Não tem clima tenso nenhum – neguei prontamente.
- Você mente muito mal – ele riu. – Mas tudo bem, se você não quer contar, eu respeito.
- Não tem nada pra contar, – retruquei. – Eu não tenho nada com Jake e nem muito menos com o .
Abri a mala do carro e começou a colocar as sacolas dentro.
- Mas ambos estão em uma briga interna por você, isso deu pra perceber – ele pegou as sacolas da minha mão e coloco-as na mala do carro.
- Briga interna? Por mim? – Forcei uma risada. – Fala sério!
- Pelo menos é o que tá dando pra perceber, ué.
- Você tá imaginando coisas – revirei os olhos. – Esquece esse assunto. Eu nunca vou ter nada com ou com Jake.
Fechei o porta-malas e travei o carro.
- Ué, você e Jake se beijaram outro dia na praia.
- Aquilo foi um deslize. Eu já me resolvi com ele – disse. – Além de que, não quer que eu me envolva com o irmão dela.
- Ela comentou comigo algo do tipo.
- Mas ela ta certa e eu não quero me envolver com ninguém agora.
- Se você diz... – o tom de voz que ele usou indicava que ele não acreditava muito na minha história, mas eu preferi ignorar e não me estender muito nesse assunto ou ira me complicar. Claro que eu me sentia mal por mentir para o meu amigo, mas eu não podia contar nada a ninguém sem pré-julgamentos ou um “eu tinha razão”.
Juntamo-nos aos nossos amigos e, logo, voltamos as compras. O resto da tarde eu evitei contato com ou Jake e, assim, evitei que ou mais alguém ficasse com a pulga atrás da orelha em relação à competitividade que pareceu desenvolver toda vez que Jake se aproximava de mim.
- Nunca pensei que um dia fosse fazer isso, mas fazer compras cansa! – disse, ao se jogar no sofá horas mais tarde.
- Concordo – e eu dissemos juntas e nos jogamos no sofá ao lado dela.
- Eu não tenho condições de fazer mais nada hoje – disse.
- Nem eu. Vamos ter que começar a decorar a casa amanhã. – Disse e eu e concordamos.
- Tô com fome – se pronunciou.
- Eu vou pedir alguma coisa uma pizza pra gente – se ofereceu, já com o telefone em mãos. – Que sabor vocês querem?
- Calabresa!
- Frango com catupiry!
- Ok, vai ser metade calabresa e metade frango com catupiry, então – decidiu, já discando o número da pizzaria.

Enquanto ela fazia o pedido, me levantei, peguei algumas das sacolas e segui para a cozinha. Coloquei-as em cima do balcão e comecei a tirar os produtos de dentro, para que pudesse guardá-los no armário em seguida.

De repente, um par de mãos tocou minha cintura, assustando-me. Virei rapidamente, dando de cara com .
- Aí, que susto, ! – Coloquei a mão no coração e ele riu.
- Desculpe, não foi minha intenção – ele se afastou e começou a mexer nas sacolas. – Achei que deveria vir te ajudar.
- Ah, é? – Ergui a sobrancelha.
Ele deu de ombros e continuou tirando os mantimentos na sacola sem me responder. O olhei por um segundo, tentando decifrá-lo, mas era impossível decifrar , então, voltei a me concentrar em apenas guardar os objetos que eram tirados da sacola.

- ... – ele tocou meu braço, chamado minha atenção para si. – Desculpe por ter te irritado mais cedo... – O olhei um pouco chocada. me pedindo desculpa? Era algum tipo de piada? – Por quê está me olhando assim? – Questionou, quando percebeu que eu estava chocada demais pra responder.
- Hum... – pigarreei, antes de continuar – Eu só fiquei surpresa, não estava esperando por isso – admiti.
- Eu não quero que você fique com a mesma impressão que você tinha de mim quando nos conhecemos, por isso estou me desculpando – explicou.
- , se você está preocupado com a possibilidade de eu voltar atrás, então, não se preocupe, porque eu não vou. – fechei o armário, após colocar o último pacote e comecei a juntar as sacolas.
- Não é isso – ele me seguia pela cozinha. – Me escuta – ele segurou meu braço, me virando para ele. – Eu sei que o que temos não é sério, que não somos exclusivos, mas eu não quero que me veja como um cafajeste ou algo do tipo o tempo todo.
- O que você quer dizer com isso? – Perguntei curiosa.
- Quero dizer que eu quero te mostrar que eu também sou um cara legal e que eu sei tratar uma garota direito.
- E como você vai fazer isso? – Cruzei os braços, levemente interessada.
- Depois que todos dormirem, venha me encontrar em frente a porta dos fundos que dá pra praia, que eu te conto – disse e sorriu misteriosamente, o que só instigou minha curiosidade.
- Tudo bem – concordei. – Espero que valha a pena.
- Vai valer – disse e deu um passo em minha direção. Por reflexo, dou um passo pra trás, mas meu corpo bate do balcão e se aproveita para encostar seu corpo no meu, não me deixando saída.
- ... Alguém pode chegar e ver – disse, alarmada.
- Shhh... – ele aproximou o rosto do meu e, eu fechei meus olhos automaticamente, ao sentir sua respiração bater em meu rosto. O cheiro amadeirado dele invadiu minhas narinas, me adormecendo como uma droga. As mãos dele foram para minha cintura, puxando-me para perto e eu passei meus braços ao redor do pescoço dele, ao mesmo tempo em que nossos lábios se tocaram. Naquele momento eu já não me importava se alguém chegaria e nos veria assim. Na verdade, nada importava pra mim toda vez que ele chegava perto demais ou quando ele me tocava. Acho que eu poderia me acostumar com isso.
A campainha tocou, despertando o meu bom senso. Empurrei com um pouco de força e ele se afastou, confuso.
- Você tem que parar com isso. Não pode chegar assim, todo gostoso, e me beijar sem pensar nas consequências – reclamei. Um sorriso maroto apareceu em seu rosto e ele me puxou para mais um beijo, mas eu o empurrei novamente. – !
- Tá bom, parei, estressadinha – ergueu as mãos, se rendendo. Porém, aquele sorriso irritante que eu tanto odiava, permaneceu em seu rosto. O fuzilei com o olhar e andei até o armário, para que pudesse tirar os talheres e copos que iríamos usar.
- , a pizza chegou – avisou, entrando na cozinha, mas parou ao ver e franziu o cenho sem entender.
- Eu já tô indo, . Só estou pegando alguns pratos e copos.
- Eu perguntaria se você precisa de ajuda, mas vejo que você já tem alguém pra te ajudar. – O tom de voz dele era sarcástico. Olhei para ele a tempo de vê-lo olhando de mim para como se tivesse descoberto o algo muito interessante.
- Quem? O ? Pff – ri, com descaso. – A única função dele aqui é me atazanar, como sempre.
- Atazanar? Eu só estou tentando abrir seus olhos... – retrucou ele, entrando no meu joguinho. Ponto pra você, .
- Abrir meus olhos para que exatamente? – Olhei para ele e ergui a sobrancelha. – Porque se for para o que eu tô pensando, você está perdendo seu tempo. – Dei uma risada irônica. – Eu nunca vou ter nada com você, . Será que da pra você entender, ou quer que eu desenhe?
- Não foi o que pareceu minutos atrás. Pelo contrário, você pareceu gostar da minha presença bem pertinho de você.
- Chegue perto de mim novamente e eu arranco suas bolas! – Apontei o dedo para ele, fingindo estar irritada.
- Tá bom vocês dois! – interveio, entrando no meio. – , deixa a em paz e vai pra sala. – Ordenou. Ele, por sua vez, ergueu as mãos e caminhou pra fora da cozinha. Pelo canto do olho, pude vê-lo piscar para mim e contive a vontade de sorrir, pois agora olhava para mim com os olhos cerrados.
- Vocês dois não mudam mesmo – disse , por fim.
- Ah, não é minha culpa – retruquei. – Eu estava aqui, quieta na minha e ele veio me encher o saco! Não tenho sangue de barata!
- Eu pensei que vocês estavam se dando bem, não tinham brigado até agora.
- Eu também. Mas, pelo visto, não da pra ficar numa boa com ele – dei de ombros. Eu estava impressionada com a minha atuação. Talvez eu devesse largar a faculdade e investir em uma carreira de atriz. Hollywood estava me perdendo.
- , , CADÊ OS COPOS? – gritou da sala.
- Vamos, deixa eu te ajudar – ele pegou alguns copos e, em seguida, saímos da sala.

***


Era exatamente meia-noite, quando eu saí do meu quarto. Meus amigos demoraram mais tempo de que o previsto para dormir e, considerando que eu devia ter cuidado com agora, o melhor a fazer foi esperar até que fosse realmente seguro sair do quarto.
Desci as escadas o mais devagar que consegui e com cuidado para não tropeçar em nada. A casa estava totalmente escura e eu achei melhor não acender nenhuma luz para evitar chamar atenção indesejada. Segui caminhando o mais silenciosa que consegui até a porta dos fundos. Como prevista, ela estava aberta em sinal de que já estava me esperando. Do lado de fora, respirei fundo, só percebendo naquele momento que tinha prendido minha respiração durante todo o percurso. Fechei a porta com cuidado e caminhei pela areia, procurando por . Por fim, acabei encontrando-o sentado na areia, encarando o mar. Andei até ele, atraindo o seu olhar quando sentei ao seu lado na areia.
- Desculpa a demora – disse.
- Não tem problema, o que importa que você está aqui. – Sorrimos um pro outro e ele pegou minha mão.
- Você me deixou curiosa.
- E você me impressionou com aquela atuação mais cedo.
- Eu também fiquei impressionada – ri. – Ainda bem que você entrou no papel direitinho.
- Não foi tão difícil – respondeu, se gabando. - Bem... você pode me beijar. É um ótimo motivo – um sorriso maroto brotou em seus lábios e ele aproximou o rosto do meu, dando-me um selinho demorado.
- Hmm... não é o suficiente – disse, sorrindo também.
- Ah não? – Neguei com a cabeça. – Precisamos dar um jeito nisso então. – As mãos dele foram para o meu pescoço, me puxando para um beijo. Correspondi a carícia e não pude deixar de pensar no quanto o beijo de era maravilhoso. Acho que não tem nada naquele homem que não seja maravilhoso... tirando a parte em que ele tem o ego do tamanho do mundo. Apesar de que aquela poderia ser considerado uma característica sexy dele.
- , foco – tentei chamar sua atenção, quando os lábios dele passaram a beijar meu pescoço. – Eu ainda quero saber o que viemos fazer aqui tão tarde.
- Você gosta de estragar toda a minha diversão – retrucou, fazendo um bico que eu achei adorável.
- Você atiçou minha curiosidade, agora aguenta. – Ele riu e me deu mais um selinho antes de levantar.
- Vem comigo – ele estendeu a mão para mim e eu a peguei sem pensar duas vezes.
- Pra onde vamos? – Questionei, quando ele começou a me puxar para uma direção oposta pela qual viemos.
- Caminhar – respondeu simplesmente.
- Ah, ok...
– Eu te chamei aqui, porque quero passar mais tempo com você. Te conhecer melhor e, como não podemos fazer isso com todos acordados, por que não fazermos agora?
- Você quer me conhecer melhor?
- Sim – respondeu. – Já se passou um ano desde que você chegou à Londres e eu percebi que não sei quase nada sobre você. Seria legal saber um pouco.
Ok, aquilo me pegou de surpresa. querendo me conhecer melhor? Isso, definitivamente, não soava com , mas quando é que eu iria entender aquele homem mesmo? - Certo, você tem um ponto. Então, como vamos fazer isso?
- Eu te faço algumas perguntas e, se você quiser, me responde.
- Tudo bem, mas eu também vou poder fazer perguntas a você – impus. Se ele ia ter o direito de me fazer perguntas, eu também queria fazer o mesmo que ele.
- Justo – concordou.
- Então... Pergunte... – o incentivei.
- Hmm... Porquê você ficou com tanta raiva da ? – Ele perguntou.
- Wow, sempre direto, hein? – Ri nervosamente. Não estava esperando por essa pergunta.
- Você me conhece – deu de ombros.
- Bem, eu não sei explicar bem. Eu acho que eu me sentia um pouco... – parei para pensar na palavra correta. – Traída.
- Traída, porquê? Nós nem tínhamos nada... na verdade, você até me odiava.
- Eu não te odiava, . Eu só não gostava das suas provocações – me expliquei. – Mas esse não é o ponto. sabia de algumas coisas, ela sabia o que eu pensava de você e, isso era o suficiente para que ela não fizesse o que fez.
- E o que você pensava de mim? – Perguntou, curioso.
- Você sabe bem o que eu pensava de você – disse, como se fosse óbvio. – Posso fazer uma pergunta agora? – Perguntei, antes que ele insistisse naquele assunto.
- Claro, madame.
- Babaca – ri.
- Assim você fere meus sentimentos – disse, colocando a mão no coração e fazendo uma carinha de cachorrinho abandonado.
- Ah, cala a boca e me deixa pensar em algo pra perguntar – reclamei. Ele ergueu as mãos em sinal de rendição e ficou me olhando, enquanto eu pensava em algo. – Ah, já sei! – Exclamei. – Quantos relacionamentos sérios você já teve?
- Dois.
– Contando com a ?
- Sim, contando com ela.
- E você traiu as duas? – Perguntei em um impulso e ele olhou para mim surpreso.
- Eu não sou tão cafajeste como você pensa, . Eu traí a porque eu estava de saco cheio dela e não sabia como terminar.
- Então, foi tudo pensado? Você queria que ela descobrisse?
- Sim. Foi a única forma que eu consegui de terminar com ela.
- Hmm... E o outro relacionamento?
- O que tem?
- O que deu errado?
- Ela se mudou. Até tentamos fazer com que desse certo à distância, mas não adiantou.
- Entendo bem – dei um sorriso compreensivo. Eu sabia muito bem que relacionamentos à distância não dão certo.
- Qual é a sua cor preferida? – Perguntou, mudando de assunto.
– Vermelho, ou preto. Nunca consigo me decidir entre as duas... E a sua?
- Verde. E a sua comida preferida, qual é?
- Lasanha e para sobremesa, brigadeiro.
- Brigadeiro? – Ele repetiu com certa dificuldade. Sorri, achando a pronuncia bonitinho.
- É um doce muito bom que tem aqui no Brasil. Quem sabe um dia eu faça pra você provar...
- Hm... Certo – ele fez uma cara engraçada.
- O que foi? – Ri sem entender.
- Você.
- O que tem eu?
- É engraçado pensar que há uns dias você me odiava e agora estamos assim, aparentemente nos dando bem e com você me prometendo fazer um doce brasileiro – explicou. – O que um bom sexo na cozinha não faz, huh? – Disse e um sorriso totalmente cafajeste apareceu em seus lábios.
- Safado – ri e o empurrei de leve com os ombros.
- Gostosa – rebateu.
- Cafajeste.
- Seus elogios inflam o meu ego, .
- E a água também infla o seu ego? – Disse, chutando a água do mar na direção dele. Ele, por sua vez, abriu a boca, me olhando como se não acreditasse no que tinha acabado de fazer.
- Você vai ver, – ameaçou. Um sorriso malicioso tomou conta de seus lábios; soltei um gritinho e comecei a correr o mais rápido que consegui, mas as risadas que escapavam por meus lábios acabavam com quase todo o meu fôlego. corria atrás de mim, eu podia ouvir a voz dele cada vez mais perto de mim e, não demorou para que ele me alcançasse e nós dois caíssemos na areia, com ele por cima de mim. – Eu disse que iria te pegar.
Gargalhei, tentando me soltar, mas meu esforço foi totalmente em vão. se levantou, me puxando junto com ele e, em um ato rápido, ele me colocou nos braços e correu em direção ao mar.
- Você não... – não tive tempo de terminar a minha frase. mergulhou no mar comigo os braços e eu tive que me segurar em seu pescoço e fechar a boca para não engolir água salgada. – Eu não acredito que você fez isso! – Exclamei, assim que era seguro respirar novamente.
- Você que começou... – ele disse, ainda com aquele maldito sorriso no canto dos lábios.
- Eu te odeio – estapeei seu peito, mas ele segurou meus braços e os colocou ao redor do pescoço dele.
- Odeia nada – murmurou e, em seguida, me puxou pela cintura e selou os nossos lábios. Golpe baixo, .
- A água está fria – reclamei, assim que separamos os nossos lábios.
- Vem, que eu te esquento – ele me puxou para fora do mar. Nos sentamos na areia e ele me abraçou, me puxando para perto dele. Deitei a cabeça em seu peito, me sentindo totalmente confortável.
Não pude deixar de pensar no quanto àquela situação era irônica. Para quem dizia que nunca ia cair na conversa de , que nunca iria ficar com ele, até que eu não estava cumprindo isso bem direitinho. O mais intrigante de tudo era que, pela primeira vez, eu estava com ele sem segundas intenções. Ele não queria apenas transar comigo; naquele momento ele queria que eu conhecesse um lado totalmente diferente do que eu conhecia e, apesar de isso não ser um encontro romântico, eu estava feliz por conhecer um lado que não seja tão cafajeste de .
- Eu não acredito que perdemos a noção do tempo.
Já estava amanhecendo e eu e ainda nos encontrávamos parados na cozinha. Ambos tínhamos nos distraído em meio aos beijos e conversas e não vimos o tempo passar até o sol dar os primeiros sinais de vida.
- Bem, o tempo passa rápido quando estamos nos divertindo.
- É... – Sorri, concordando. – Bem, obrigada pela madrugada. Eu gostei muito.
- Era essa a intenção – ele me puxou pela cintura, colando nossos corpos. – Eu também gostei muito de passar esse tempo com você.
- Eu sei... Eu posso ser uma companhia muito agradável – sussurrei, com ar convencido.
- Convencida – murmurou, antes de tomar meus lábios com os seus. Fechei os olhos, me entregando ao beijo. Beijar era indescritível e, apesar de eu já ter feito muito isso essa madrugada, a sensação era sempre diferente, como se estivéssemos nos beijando pela primeira vez.
De repente, um barulho de vidro quebrando chamou a nossa atenção e ambos nos separamos, olhando assustados em direção ao barulho. Arregalei ainda mais os olhos, quando percebi que não estávamos sozinhos. estava parado na porta da cozinha, nos olhando sem acreditar e o copo quebrado aos seus pés. O silêncio que se seguiu foi praticamente mortal de tão tenso e, então se pronunciou.
- Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui?

Capítulo XIII

- ... – comecei a falar, mas ele não me deu oportunidade.
- Vocês estavam juntos esse tempo todo? É por isso que Márcia foi embora? – Ele disparou. Olhei para sem saber o que fazer, agora não adiantaria mentir.
- Não estávamos juntos esse tempo todo – falei, sem interrupções.
- E Márcia foi embora porque eu dei um fora nela – terminou.
- Só estamos juntos há dois dias.
- Bem que eu desconfiei! – Um sorriso de pura malícia surgiu em seu rosto. Não sei se fiquei aliviada por ele não ter ficado bravo comigo por eu ter escondido algo dele ou preocupada por ele saber da verdade. – Eu sabia que tinha algo errado mais cedo. Vocês aqui sozinhos na cozinha... agora faz todo sentido! – Continuou falando como se nem eu, nem o estivéssemos presente. – Espere só até Saber disso!
- Não! – Quase gritei em pânico e ele me olhou assustado. – não pode saber – neguei com a cabeça e andei até ele, segurando em seus ombros. – Me prometa que você não vai contar nada a ninguém, por favor, me prometa!
- Ei, , calma! – Ele riu, meio confuso. – O que tem demais nisso?
- É complicado, mas isso foi uma decisão minha e do . Eu não quero que ninguém saiba sobre nós, pelo menos por enquanto. Então, por favor, me diga que você não vai contar nada para ninguém, nem mesmo pra – pedi aflita.
- Tudo bem, eu não conto. Prometo. – Disse. Soltei seus braços, suspirando aliviada. – Mas eu quero saber de uma coisa.
- O que? – Revirei os olhos. O interrogatório iria começar.
- Até onde eu me lembro, você estava bastante empenhada em ficar o mais longe possível do . Então... como isso aconteceu? – Ele disse, apontando de mim para .
- Ela não conseguiu resistir ao meu charme – respondeu, me abraçando pelos ombros.
- Convencido – o empurrei de leve. ergueu a sobrancelha, como se achasse tudo muito bizarro. – Eu só decidi dar uma chance ao e parar de ser um pé no saco. E também não é como se ele fosse parar de me infernizar até conseguir o que queria, não é?
- Certo. Acho que consigo me acostumar com isso – ele disse, por fim. – Mas, se vocês querem manter isso em segredo, precisam ser mais discretos. Já pensou se tivesse sido a e não eu?
- Não quero nem imaginar, ela faria um escândalo – arregalei os olhos, assustada só de imaginar. Tudo o que eu não precisava era de um escândalo da minha amiga.
- Então, sejam mais cuidadosos.
- Seremos – concordei. se virou para , o olhando sério.
- E , se você machucar minha amiga, você vai se ver comigo – ameaçou. Pude ver engolir em seco ao meu lado.
- Pode deixar, cara. Não quero magoar ninguém.
- Acho bom – disse. Pigarreei, me sentindo um pouco desconfortável com aquela conversa.
- Bem, eu vou subir – declarei. – Boa noite para vocês.
- Eu vou também – disse.
Dei um beijo na bochecha do meu amigo e segui em direção as escadas com em meu encalço. Quando cheguei em frente ao quarto e fiz menção de abrir a porta, me puxou pelo braço e meu corpo foi de encontro com o dele.
- Você está louco? – Sussurrei.
- Vem dormir comigo – pediu.
- Nem pensar! Já pensou se alguém vem me procurar mais tarde e não me encontrar no quarto?
- É só trancar a porta e levar a chave com você – disse e se aproximou ainda mais de mim. Pisquei algumas vezes, já me sentindo afetada com tamanha proximidade. – Por favor... – pediu com a voz rouca, bem próximo ao meu ouvido. Minha pele se arrepiou imediatamente. Golpe baixo, . Golpe baixo.
- Te encontro em cinco minutos – cedi e um sorriso malandro se abriu em seus lábios.
- Ok, não demora – ele me deu um selinho rápido, me soltou e seguiu para o seu quarto.
Entrei em meu quarto com um sorriso nos lábios. Sorrir já era algo constante para mim desde que eu tinha começado a ficar com o . Não pude deixar de notar que nesses dois dias, ele tinha me mostrado que havia outra pessoa por debaixo daquele convencido que eu odiava e achava irritante. Minha opinião sobre ele estava começando a mudar, ainda mais depois do nosso momento nessa madrugada.
Vesti a primeira coisa que encontrei e me certifiquei de trancar a porta do quarto depois de sair do quarto. Os raios de sol já davam sinal de vida, assim como o meu sono e eu atravessei o corredor até o quarto de o mais rápido que pude.
- Como eu posso pensar em dormir, quando você me aparecesse vestida assim? – disse, assim que me viu entrar.
Fechei a porta do quarto, caminhei até a cama e me enfiei em baixo dos lençóis.
- Bem, eu estou com sono, então trate de pensar em dormir ou eu vou embora. – Ele me puxou para perto dele.
- Como você é má! – Ri e me aconcheguei em seu peito, já sentindo meus olhos pesarem.
- Boa noite, – murmurei.
- Sonhe comigo, gata.
Foi a última coisa que escutei antes de adormecer.

***


- , você está me enlouquecendo – levei as duas mãos à cabeça e fechei os olhos.
- Você pediu minha ajuda; agora não adianta reclamar – ela cruzou os braços.
começou a procurar feito louca por mim logo cedo, o que quase me fez ser pega dormindo no quarto do . A minha sorte foi que conseguiu contornar a situação e isso fez com que eu ficasse um pouco feliz por ele saber da verdade ou eu estaria em sérios problemas. Porém, ao contrário do que eu desejaria, eu não pude dormir mais e isso se devia ao fato de que minha amiga praticamente me arrastou para fora de casa, assim que pôs os olhos em mim e, agora, aqui estávamos nós, perambulando pela sala.
- Não entendo o motivo de você não ter chamado os outros.
- Não precisamos dos garotos para o que vamos comprar.
- Comprar? – Franzi o cenho. – Achei que tivéssemos comprado tudo ontem.
- Compramos tudo para enfeitar a sua casa, – ela revirou os olhos, impaciente. – Agora precisamos comprar roupas e presentes.
- Isso não podia esperar até amanhã? Estou cansada! – Resmunguei.
- Como você está chata hoje! – Exclamou.
- Eu estou com sono! Então, não reclame se eu estiver de mau humor por não estar na minha cama.
- , já são quase duas da tarde! Que horas você foi dormir ontem?
- Eu... cedo ué! Vamos fazer as compras ou não? – Desconversei.
- Vamos, tenho certeza que umas comprinhas vão acabar com esse seu mau humor. – Revirei os olhos e a segui para dentro de uma loja qualquer.

- deve estar muito puta por você não ter a chamado para vir com a gente – disse, logo após checar meu celular e ver que tinha cinco chamadas perdidas da minha amiga.
- Ela e o vivem grudados, não é minha culpa – ergueu as mãos. – Além do mais, tenho certeza que a raiva dela vai passa quando ela ver o presente que eu comprei para ela! – Ela me mostrou a sacola com um sorriso presunçoso brincando nos lábios.
- Realmente, é um bom presente – concordei –, mas ainda acho que devíamos ter chamado os outros.
- Nada disso – ela disse, balançando a cabeça. – Eu detesto fazer compras com os garotos, é muito estressante.
Olhei as horas pela primeira vez desde que tinha posto os pés naquele shopping. Arregalei os olhos ao constatar que já era quase oito da noite; eu não acreditava que eu tinha passado tanto tempo fazendo compras; aquilo era, definitivamente, um recorde.
Limpei a boca com o guardanapo, jogando-o no prato em seguida e me levantei da cadeira. olhou para mim sem entender a minha pressa repentina.
- Você já olhou as horas? – Ainda confusa, ela olhou para o relógio do celular, mas, logo sua expressão mudou para uma tão assustada quanto a minha.
- Caralho! – Xingou. – Eu tinha combinado de sair para jantar com o ! Ele deve estar puto comigo. – Ela se levantou desesperada, agarrou as sacolas de qualquer maneira e seguiu para fora da praça de alimentação do shopping. Corri atrás dela, tentando acompanhar seus passos apressados, mas eu estava com bem mais sacolas que ela, o que dificultou o processo.
- , espera! – Gritei, em vão. Algumas pessoas olhavam para nós com a cara feia, mas eu não ligava. Quando ela chegou no elevador foi que eu consegui alcança-la.
- Ele vai me matar – ela continuava repetindo para si mesma. As portas do elevador se abriram e nós entramos. – , eu vou perder meu namorado.
- Não seja tão exagerada, – revirei os olhos. – não vai terminar com você por causa disso, ele te ama.
- Aí, eu me odeio – choramingou.
- Calma, você perdeu a hora, vai dar tudo certo.
As portas do elevador se abriram. Saímos do cubículo e caminhamos apressadamente em direção ao meu carro. foi direto para o lado do passageiro, enquanto eu joguei as sacolas de qualquer jeito no banco traseiro do carro, antes de entrar do lado do motorista.
- Vamos logo, por favor – pediu. Preferi não responder; nada que eu dissesse a acalmaria naquele momento.
O caminho de volta foi curto e silencioso, o que foi bom. Pelo menos minha amiga não ficou se lamentando durante todo o percurso.

Quando chegamos em casa, nos deparamos com os nossos amigos em frente à TV, assistindo algum filme que eu não fiz questão de prestar atenção. , por sua vez, subiu as escadas correndo atrás de , já que ele não estava na sala com os demais, que sequer repararam a nossa chegada. Aproveitando que não tinha sido notada, fui em direção às escadas, já imaginando o quanto eu queria minha cama naquele momento.
- Pode parar aí mesmo mocinha – congelei o pé no primeiro degrau, quando ouvi a voz de soar por cima do volume da TV. Fechei os olhos, praguejando mentalmente a minha falta de sorte e me virei em sua direção com um sorriso contido nos lábios. Eu só queria dormir, era pedir muito?
- Sim?
deu a volta no sofá e caminhou em minha direção, até ficarmos frente a frente.
- Você e são duas traíras! – Acusou. – Como é que vocês saem e me deixam aqui? – Ela cruzou os braços, visivelmente magoada.
- Em minha defensa, eu não queria ir, que me arrastou.
- Não justifica! Eu queria ter ido fazer compras também – ela fez bico, demonstrando o quão chateada ela havia ficado. Soltei um risinho divertido. Apesar de não ter sido minha culpa, a reação de não deixava de ser hilária.
- Eu também queria ir! – surgiu ao seu lado, também fazendo bico.
- Por que vocês não vão culpar a ? – Questionei, me sentindo cansada. – A ideia foi dela!
- E você compactuou – surgiu ao lado de , também com a feição emburrada.
- O que é isso? Um complô?
- Deixem a em paz, gente - olhei para trás, vendo descer com . Eu disse que tudo ia ficar bem. – Eu não quis chamar ninguém e você – ela apontou pra –, se não ficasse o tempo todo grudada no , eu te chamaria.
Minha amiga cruzou os braços, obviamente chateada com toda aquela situação. Bem, eu não estava em posição de me importar com isso agora, não enquanto eu estivesse desejando desesperadamente dormir. Então, aproveitando-me que ninguém estava prestando atenção em mim, subi as escadas silenciosamente, respirando fundo quando consegui chegar ao topo sem que alguém me impedisse.
- Eu vou sair com , quando eu voltar, independente da hora que eu chegue, nós vamos arrumar essa casa e essa bagunça que vocês fizeram enquanto estivemos a tarde toda! – Ouvi dizer autoritária, antes de bater à porta do quarto e me jogar na cama, apagando logo em seguida.

Respirei fundo, me sentindo em paz e feliz como não acontecia há muito tempo. Abri os olhos e franzi a testa, quando não reconheci o local que me encontrava, mas, logo a confusão foi substituída por serenidade e eu podia ter certeza de que estava sorrindo para uma das paisagens mais lindas que já tinha visto na vida.
Eu estava em uma praia, mas não era nada parecido com as praias que eu já tinha ido. Tinha algo naquele lugar. Algo... mágico. Eu não sabia explicar.
De repente, um par de mãos segurou minha cintura por trás, me abraçando. Eu não precisava virar para saber quem era, o seu cheiro o denunciava antes mesmo que ele encostasse em mim e o arrepio que percorreu meu corpo, seguido de um formigamento onde ele estava me tocando era estranhamente familiar. Só ele tinha aquele efeito sobre o meu corpo, mesmo que eu tentasse negar, aquela era a verdade.
- Eu disse que você seria minha – sua voz soou rouca no meu ouvido, fazendo-me arrepiar ainda mais. – Minha e de mais ninguém.
Ao contrário de todas as vezes que neguei veemente quando escutava essas mesmas palavras, naquele momento eu não me irritei. Pelo contrário, me senti completamente feliz com aquela constatação, como se fosse a melhor coisa que eu poderia ouvir vinda dele. Virei-me em sua direção com um sorriso brincando nos lábios e passei os braços ao redor do seu pescoço, sentindo meu estômago afundar, enquanto olhava naqueles olhos azuis e intensos.
- Sua, – sussurrei, antes de cobrir seus lábios com os seus.


Sentei bruscamente na cama com os olhos arregalados. Olhei ao redor e não pude deixar de suspirar aliviada quando olhei ao redor. Que sonho foi aquele?
Joguei meu corpo na cama novamente, enquanto acalmava minha respiração descompassada devido ao susto. Era a primeira vez que eu tinha sonhado com e aquele sonhou tinha sido tão profundo que eu não sabia o que pensar. Meus lábios e meu corpo formigavam, como se ele tivesse mesmo me tocado e, por um momento desejei sentir toda aquela felicidade que eu senti no sonho. Eu só podia está ficando louca, era a única explicação.
Batidas brutas na porta soaram pelo quarto silencioso, obrigando-me a levantar e me arrastar até a porta, resmungando um “já vai” mal-humorado. Quem ousava interromper os meus pensamentos confusos?
Abri a porta de uma vez, dando de cara com um impaciente.
Ah, ele.
Nada mais irônico do que o cara dos meus pensamentos, atrapalhar os meus pensamentos sobre ele.
Que? Uma vozinha soou na minha cabeça e eu balancei a cabeça, tentando reorganizar os meus pensamentos e prestar atenção no que ele estava dizendo.
- Desculpe, mas me pediu para te chamar.
- Ah... Claro – respondi, um pouco aérea. A verdade é que eu não tinha sequer assimilado o que ele tinha dito, não quando eu encarei aqueles olhos e os flashes do sonho vieram à tona, sendo repassados nitidamente em minha cabeça.
Parecendo notar que havia algo errado, estreitou os olhos, tentando ler minha expressão e imediatamente senti meu rosto esquentar, desviando o olhar em seguida.
Que merda era aquela?
- ? – Ele se aproximou e colocou a mão em meu queixo, me forçando a olhar para ele. – Está tudo bem? – Perguntou, parecendo preocupado. Pisquei algumas vezes, enquanto tentava assimilar toda aquela situação, mas estava difícil quando o olhar dele estava me hipnotizando naquele momento. – ? – Me chamou mais uma vez, trazendo-me de volta a realidade. Pigarrei e dei um passo para trás, recuperando um pouco do controle, antes de respondê-lo.
- Sim, está tudo bem – assenti repetidamente e desviei o olhar, quando ele estreitou os olhos novamente, sem acreditar em uma palavra. – Eu só... estou um pouco cansada.
Ele ainda ficou mais alguns minutos me analisando, antes de respirar fundo e me responder.
- Se você quiser, eu posso pedir pra te deixar em paz por hoje.
- Não, está tudo bem – sorri minimamente por sua preocupação. – Eu já vou descer.
Ele deu um sorriso fechado e se retirou, sumindo pelo corredor. Fechei a porta do quarto e me encostei na mesma, suspirando aliviada.
Desde quando me afetava daquela maneira? Um simples sonho mudou tanto minha perspectiva em relação a ? Ou será que foi a madrugada que passamos juntos? Aquilo foi completamente diferente de tudo o que eu pensei sobre ele um dia, me mostrou um lado completamente diferente do que eu conheci e odiei.
Soltei mais um suspiro pesado, resolvendo deixar aquele assunto para pensar depois e segui para o armário, em busca de algo mais confortável para vestir.

- , não mexe nisso! – Ouvi a voz de exclamar, enquanto descia as escadas em direção à sala.
- , controle a sua mulher, por favor – rebateu, recebendo um olhar mortal de , fazendo-o se encolher na mesma hora.
- Pra que tanto estresse minha gente? – Me pronunciei, chamando a atenção de todos. Meu olhar se encontrou com o de por uns segundos, mas foi o suficiente para me fazer corar e olhar para o outro lado. Aquele sonho definitivamente estava mexendo com a minha cabeça.
- Até que fim a Bela Adormecida resolveu se levantar e nos ajudar – disse, exasperada. Revirei os olhos. Ela sempre ficava assim quando se trava de organizar alguma coisa.
- Deixa de ser chata e vamos logo arrumar isso – resmunguei, já pegando as primeiras coisas necessárias para montar a árvore de natal.

- E pronto! – Exclamei feliz, quando coloquei o último enfeite na árvore.
Olhei sorridente para minhas amigas, enquanto elas olhavam a árvore iluminada no meio da sala. Nós três tínhamos decidido montar a enorme árvore, enquanto os meninos enfeitavam o resto da sala.
Corri meus olhos por todo o cômodo até a escada, satisfeita com toda a decoração. Eu tinha feito uma boa escolha em pedir ajuda para , todo o estresse tinha valido a pena. Ela parecia se sentir da mesma forma pois se jogou no sofá com um sorriso de puro êxtase no rosto.
- Ah, que alívio – se jogou ao seu lado, sorrindo da mesma forma.
- Estou feliz de ter terminado isso sem ter minha cabeça arrancada – murmurou, mas ao contrário do que ele esperava apenas riu, feliz demais para reclamar por algo.
- Ficou tudo lindo – disse .
- O que vamos fazer agora? – Perguntou , bocejando.
- Dormir – e responderam, se levantando do sofá logo em seguida e seguiram para as escadas abraçados.
- Boa noite – gritei para eles. resmungou alguma coisa que eu não entendi, mas também não pedi para que repetisse.
Não demorou muito para que os outros também fossem para seus quartos, sobrando apenas eu e na sala.
Eu sabia que ele estava me olhando, apesar de não olhar especificamente em sua direção. Eu também sabia que ele devia estar se perguntando o que estava acontecendo comigo e, o motivo pelo qual eu o estava evitando de uma hora para outra. Bem, eu não planejava contar a ele também.
Por mais que eu lutasse contra, os flashes dos sonhos vinham a minha cabeça e eu sabia que eles ficariam mais fortes se eu o olhasse e, enquanto eu não soubesse o que aquilo tudo significava, era melhor que eu me afastasse. Não queria mais confusão para minha cabeça.
- Er... Bem... Boa noite – murmurei, sem olhar na sua direção e me virei para a escada, pronta para subir, mas é claro que se tratando de , ele não iria facilitar para mim. Eu deveria saber.
- Vai continuar fugindo?
Paralisei ao ouvir a sua acusação e fechei os olhos fortemente. Merda.
- Eu não estou fugindo. – Respondi, ainda de costas.
- Não é o que ta parecendo... – pude o ouvir dar um passo hesitante em minha direção. – Eu... eu fiz algo de errado?
Não, não, não. Ele não podia estar se sentindo culpado com o meu distanciamento, não quando a culpada era eu mesma e aquele sonho maldito. Respirei fundo e me virei para ele. Não podia deixar que ele se sentisse culpado dessa forma.
- Você não fez nada – garanti.
Ele suspirou, aparentemente aliviado e se aproximou de mim.
- Então, qual é o problema? – Ergueu as mãos até o meu rosto, acariciando minhas bochechas, enquanto seus olhos percorriam por minhas feições.
- Nada. Eu só ando um pouco cansada – menti, ainda sem olhar diretamente em seus olhos.
- Tem certeza que é só isso?
Assenti, desejando que aquela conversa acabasse logo.
- Olha para mim – pediu. – Por favor... – Mordi o lábio inferior, relutante, mas acabei cedendo. Não custaria nada, não é?
Lentamente, ergui os olhos, me deparando com aqueles globos azuis que sempre me hipnotizavam e dessa vez não foi diferente. O sonho sequer passou pela minha cabeça e eu me senti estupida por deixar que algo que nem era real influenciasse nas minhas ações.
- Está tudo bem – repeti.
Ele continuou me analisando por mais uns segundos, seu olhar escorregando por meus traços, procurando algo de errado ou alguma hesitação que contradissesse minhas palavras.
- Eu não acredito – soprou.
Seus olhos brilharam em minha direção e ele sorriu como se tivesse descoberto tudo o que eu estava escondendo. Droga, eu odiava ser praticamente um livro aberto para ele.
Pisquei os olhos, desnorteada e abri a boca para falar algo, mas nada veio. Isso só pareceu dar a certeza de que eu estava escondendo algo dele.
- Você está repensando? – Perguntou baixo. Franzi o cenho sem entender, mas ele logo tratou de esclarecer. – Sobre nós.
- Que? Não!
- Então, qual é o problema? – Insistiu.
Respirei fundo e me joguei no sofá, me sentindo mentalmente cansada.
- Não sei – confessei. – Acho que só estou tentando me sabotar antes que algo dê errado.
Em parte, aquilo era verdade. Eu não iria mentir e dizer que não tinha medo de me envolver com ele sentimentalmente, porque eu tinha. O sonho servia de prova e talvez esse tivesse sido o motivo disso ter me assustado tanto.
- Nos sabotar, você quer dizer – disse, se sentando ao meu lado.
- É.
- Não faça isso – pediu. – Eu sei que tenho passado dos limites em relação ao irmão de e eu sei que somos apenas “amigos com benefícios”, mas eu não quero perder isso que temos. Apesar de querer ter você só para mim e não ter que te dividir com ninguém, eu prometo que não vou forçar a barra ou ser tão possessivo com você. Se ser amigos com benefícios é o suficiente para você, é o suficiente para mim também.
O olhei surpresa com a sua declaração. Nem em mil anos eu imaginaria me pedindo para não nos sabotar. E eu que achava que ele só queria transar comigo e me descartar como ele fez com todas as outras. Talvez, realmente existisse um que se importa no fim das contas.
Abri a boca para responder algo, mas eu estava surpresa demais para formular alguma frase, então, apenas me aproximei dele e juntei nossas bocas, iniciando um beijo. automaticamente passou o braço por minha cintura, me trazendo para perto de seu corpo e aprofundou o beijo.
Naquele momento aquilo pareceu certo. As formas como nossas bocas se encaixavam perfeitamente, mostrava o quanto aquele beijo era certo e o quanto eu estava errada por pensar em nos sabotar. Eu não tinha esse direito, não quando eu estava me sentindo feliz, ali, com ele. As batidas frenéticas do meu coração não me deixava mentir. Não importava o rótulo que demos a nossa relação, não importava que eu tinha medo de criar sentimentos por ele. Nada importava desde que eu tivesse aqueles lábios me beijando e aquele toque em minha pele.
- ... – repreendi, quando ele passou a beijar o meu pescoço avidamente. Eu sabia perfeitamente onde aquilo daria e a sala não era o melhor lugar.
- Que? – Murmurou, ainda com os lábios percorrendo o meu pescoço.
- Alguém pode chegar.
- Então vamos para o quarto – disse e voltou a me beijar, não me dando tempo para responder.
- ! – Exclamei contra os seus lábios e o empurrei de leve, conseguindo o afastar dessa vez.
- Você passou o dia todo fora, estou com saudade!
- Exagerado – revirei os olhos.
- Linda – sussurrou e, no segundo seguinte, seus lábios tomaram os meus novamente.
inclinou o corpo sobre o meu, fazendo com que eu deitasse no sofá e ele se ajeitasse sobre mim, sem quebrar o beijo. Eu não o empurrei ou o afastei para longe dessa vez, eu não tinha mais forças; eu só queria ficar ali, o beijando a noite toda sem me importar com as consequências caso alguém visse o que estava acontecendo ali. sugava meus lábios com sede, como se a vida dele dependesse daquilo, de sentir o meu gosto. Coloquei minhas mãos por dentro de sua camisa, arrastando-as por suas costas e trazendo o pano junto, enquanto sentia os seus músculos sob o toque de meus dedos. , por sua vez, separou nossos lábios e se afastou apenas para tirar a camisa e logo voltou a sugar meus lábios com vontade.
- Eu tô viciado em você, – soprou contra meus lábios, antes de descer seus beijos molhados pela pele do meu pescoço. – O seu cheiro é o melhor dos perfumes.
- ... – embrenhei minhas mãos nos seus fios e os puxei com força, arrancando um grunhido daqueles lábios macios e gostosos de beijar.
- Escutar você gemer meu nome é como música para os meus ouvidos – ele escorregou a mão para dentro da minha blusa e, logo, sua mão preencheu o meu seio descoberto. – Hmm... Sem sutiã... que maravilha.
Ele levantou o rosto para me olhar, seus olhos brilhando em malícia, me deixando saber as intenções dele comigo; tudo o que ele queria fazer comigo ali mesmo, naquele sofá. E eu queria que ele fizesse, queria que ele cumprisse todas as promessas silenciosas que ele estava me fazendo com aquele olhar.
Quando ele puxou a minha blusa para cima, eu não pensei duas vezes antes de me apoiar e ajudá-lo a tirar aquela peça do meu corpo. correu os olhos por meu tronco descoberto e molhou os lábios com a língua, antes de abocanhar um dos meus seios com fome. Ergui meu corpo contra o seu e cruzei as pernas ao redor de sua cintura, fazendo com que nossas intimidades se encostassem e eu sentisse o seu membro duro.
Ah, Deus, eu estava molhada.
sugava e mordia o meu mamilo, enquanto sua mão passeava por meu corpo, descendo em direção ao caminho da felicidade, se é que vocês me entendem. Cravei as unhas em seus ombros, implorando por mais contato.
- Ah, ... tão gostosa... – soprou contra a minha pele. – Eu quero tanto comer essa sua bocetinha gostosa, sentir seu gosto... – mordeu meu lábio inferior, antes de enfiar a língua na minha boca novamente, ao mesmo tempo em que sua mão invadiu meu short e minha calcinha, me tocando no meu pontinho inchado e, logo, escorregando o dedo para dentro de mim. – Tão molhada para mim... – gemi na sua boca e rebolei inconscientemente sobre o seu dedo. Não dava para me controlar quando ele me tocava daquela forma precisa, quando ele sussurrava aquelas palavras sujas para mim com aquele sotaque maravilhoso.
Mordi o lábio, contendo os gemidos que queria escapar da minha garganta. No fundo da minha consciência, eu ainda tinha noção de que estávamos na sala e, de certa forma, toda aquela adrenalina e medo de ser pega deixava tudo ainda mais excitante. Quando ele colocou o segundo dentro de mim, eu quase vi estrelas. Aquilo estava bom demais e eu não queria que ele parasse nunca.
Eu estava quase lá, eu podia sentir o puxão abaixo do meu umbigo, o prazer se acumulando e pronto para explodir por todo o meu corpo. Mas, então, ele parou. Grunhi em reprovação e ergui a cabeça, pronta para ordenar que ele me fizesse gozar, mas a visão dele retirando as calças e liberando o seu pau avantajado, fez minha intimidade latejas, louca para que ele estivesse dentro das minhas pernas, me estocando com força.
não esperou que eu tomasse uma atitude e tirasse as peças que restavam em meu corpo. Ele mesmo levou as mãos a barra do meu shorts, retirando-o juntamente com a calcinha e os jogando em algum lugar que eu não prestei atenção e se posicionou entre minhas pernas, com um sorriso malicioso brincando nos lábios.
- Você quer, ? – Perguntou e arrastou seu pênis em minha intimidade. Mordi os lábios com força, contendo um gemido e mexi o quadril, tentando conseguir mais contato. Ele soltou um risinho sujo e colocou a cabecinha de seu pau em minha entrada, me provocando. – Você quer que eu coma essa bocetinha gostosa e molhada?
- ... – cravei as unhas em seu braço, praticamente implorando para que ele me fodesse de uma vez.
- Ah, ... como dizer não quando você geme meu nome dessa maneira?
Disse e, no minuto seguinte, me penetra de uma vez e com força.
Eu tentei, mas eu não consegui conter o gemido alto que saiu por minha garganta. estava por todo canto. Dentro de mim, nos meus lábios, nos meus seios. Meu corpo formigava em cada pedaço de pele que ele beijava, que ele tocava. Ele me possuía com maestria. Seu pau saia de dentro de mim com suavidade, apenas para que ele pudesse me penetrar mais forte em seguida.
Ele sussurrava palavras sujas para mim enquanto me comia, quase me levando à loucura. despertava um lado em mim que ninguém nunca havia conseguido. Eu já sabia que era uma safada, mas nunca tinha tido oportunidade de demonstrar isso até ir pra Londres.
Eu devia imaginar que um britânico seria minha perdição. Primeiro tinha sido , agora . Porém, com era diferente. Ele tinha um poder sobre mim, que nem mesmo possuía e ali, enquanto ele me possuía, eu me perguntei pela primeira vez em como foi que eu consegui fugir dele por tanto tempo. Agora, a ideia de que ele não era o cara certo para mim por ser um cafajeste, só fazia com que ele parecesse ainda mais tentador para mim e me senti estupida por não ter transado com ele nas inúmeras oportunidades que tive durante todo esse tempo. Talvez todos aqueles pensamentos fossem culpa do tesão que eu estava sentindo, mas eu não ligava. Estava tudo muito bom para que eu me importasse.
Abri os olhos, tendo a visão maravilhosa da expressão de prazer de , enquanto ele me olhava com os olhos nublados e a boca aberta, deixando escapar meu nome dentre os gemidos que escapavam de sua boca. E foi com aquela visão que eu gozei. Arqueei as costas, arfando e gemendo, enquanto o prazer explodia por todo o meu corpo, me dando uma completa sensação de satisfação. não demorou para atingir seu ápice também, se derramando em mim, enquanto ainda me fitava com os olhos cerrados e a expressão torcida em prazer.
Com a respiração pesada, ele saiu de mim e rolou, caindo de costas no chão e me puxando junto com ele. Soltei um gritinho, pega de surpresa e me ajeitei em seus braços, passando minha perna entre as dele.
- Isso foi...
- Maravilhoso – me interrompeu.
- Loucura – ri divertida. – Já pensou se alguém nos pega aqui?
- Bem, eu diria que a pessoa seria sortuda por presenciar uma cena dessa.
- ! – Dei um tapinha em seu peito, chocada.
- Ah, vai me dizer que a sensação de perigo não foi mais excitante?
- Foi – admiti. – Você é um safado.
- E você também – riu malicioso.
Revirei os olhos, dei um selinho nele e fiz menção de me levantar, mas ao perceber o que pretendia, ele segurou meu braço, me puxando de volta.
- Aonde pensa que vai?
- Vestir minha roupa. Não quero correr o risco de alguém aparecer aqui e me ver sem roupa. Você devia vestir suas roupas também – disse, me levantando.
Ambos vestimos nossas roupas e voltamos a nos sentar no chão. encostou-se ao sofá e eu preferi deitar a cabeça em sua perna, de modo que desse para ver o rosto dele perfeitamente e de perto.
Ficamos nos encarando em silêncio. Não era um silêncio incomodo, era um momento onde nós estávamos ali, juntos e nos encarando, mas a nossa mente estava tão longe, que era quase impossível de se alcançar. Minha mente estava tão embaralhada e com uma mistura de sentimentos, que dava dor de cabeça só de pensar em resolver algum problema, então, deixei de pensar nos meus problemas e me foquei na feição perdida de . Por um momento, me peguei tentando descobrir o quer que estivesse passando por aquela cabeça, mas não demorou para que eu desistisse. Ele era extremamente difícil de ler, ao contrário de mim, que chegava a ser estupido a forma como ele me lia facilmente. No entanto, a minha curiosidade não é algo que eu consiga controlar e quando percebi, minha boca já tinha sido aberta e a pergunta feita.
- O que está pensando? – Mordi o lábio hesitante. demorou a focar o seu olhar em mim, parecendo ter um conflito interno sobre algo. Continuei o olhando curiosa demais para deixar aquilo de lado e ele deu um riso inconformado, antes de começar a falar.
- Nada demais – cerrei os olhos, não acreditando nele. – Eu não quero que se sinta pressionada ou algo do tipo, a última coisa que eu quero é te afastar.
Franzi o cenho, não entendendo onde ele estava querendo chegar e me sentei, para que pudesse olhá-lo melhor.
- Me conta, eu quero saber – insisti.
Ele fez uma careta engraçada e fechou os olhos fortemente, provavelmente se xingando mentalmente por ter aberto a boca. Ah, isso eu conseguia ler claramente.
- É só que... eu não entendo o porquê de você ter tanto medo de que nossos amigos descubram sobre a gente. – Ergui as sobrancelhas, enquanto eu começava a entender aonde ele queria chegar. Ele não queria... né? – Não que eu esteja reclamando! – Se explicou, ao ver minha expressão. – Eu só não vejo tanto problema quanto você vê, entende?
- Um pouco.
- Eu só quero entender. Do que você tem tanto medo?
- É complicado – fiz careta, praticamente implorando mentalmente para que ele deixasse aquele assunto para lá.
- Por favor, , me deixa entender – implorou.
Fechei os olhos por um momento, enquanto reorganizava os pensamentos para que eu pudesse explicar algo que eu sequer sabia explicar para mim mesma.
- Tudo bem. – Suspirei. – Eu só não quero ninguém se metendo e criando esperanças.
- Criando esperanças? – Ele franziu o cenho, sem entender.
- É... Esperanças sobre nós... nos tornando algo a mais do que amigos.
- Com benefícios – completou.
- Isso. E bem... eu passei meses me recusando a ter algo com você, não quero nem imaginar ter a no meu ouvido por dias caso ela descubra.
- É só isso? – Questionou, sua feição denunciando que ele não acreditava que aquele era o único motivo que eu tinha para continuar nos escondendo dos outros.
- É. Que outro motivo eu teria?
- Não sei... – um sorriso sapeca surgiu em seu rosto, me deixando saber que ele iria dizer alguma gracinha. – Talvez medo de se apaixonar por mim.
- Idiota – levantei a mão para dar um tapinha em seu peito, mas ele segurou meu braço e me puxou para um beijo, me pegando de surpresa.
- Nunca diga nunca, princesa. Eu sou um cara adorável e apaixonante.
- Eu não vou me apaixonar por você, . Você não é meu tipo – desdenhei. – E eu daria outros adjetivos a você, menos adorável e apaixonante.
- Ah é? Que adjetivos? – Soprou, enquanto me olhava com um sorriso desafiador.
- Hm... – Me aproximei significantemente dos seus lábios e quase dei um sorriso vitorioso quando o seu olhar desceu para a minha boca e sua respiração se tornou descompassada. Ah, então eu não era a única que me sentia afetada com a sua presença? – Talvez um dia eu te conte – prendi os lábios dele com meus dentes, puxando-o devagar, meus olhos não deixando de encarar a sua íris azul por nenhum segundo.
Dei um sorriso vitorioso quando ele arfou e embrenhou a mão em meus cabelos, me puxando para um beijo. Pousei a mão em sua nuca, apertando-a levemente enquanto retribuía a carícia de muito bom grado.
- Sai comigo? – Sussurrou, se afastando um pouco para me olhar.
- Que? – O olhei, surpresa.
- Sai comigo? – Repetiu.
- Sair tipo... um encontro?
- É, um encontro – confirmou.
Mordi a boca, enquanto pensava se aquilo era uma boa ideia. Eu queria sair com ele, mas, isso não seria um passo muito grande?
- Não sei, ...
- Não pense nas consequências, . Você pensa demais.
- Eu não... – ia começar a me defender, mas ele não me deixou falar.
- Por favor. Eu não quero que nossa relação se resuma só a sexo – declarou. – Só... Diga sim.
Um sorriso bobo surgiu em meus lábios. estava me surpreendendo mais uma vez. Talvez ele não fosse tão cafajeste sem coração como eu pensei e, talvez ele estivesse certo. Eu deveria parar de pensar demais nas consequências. Eu tinha que viver, certo? Afinal, ninguém é perfeito.
- Sim.
Ele abriu um sorriso largo, me aquecendo por dentro. Ele tinha um sorriso lindo; Ele era lindo.
Oh, céus. Eu estava perdida.
- Depois do natal?
- Depois do natal – concordei. – E temos que arrumar uma boa desculpa para sair sem muitos questionamentos dos nossos amigos.
- Tenho certeza que vamos arranjar uma solução. – Respondeu sorrindo e ergueu a mão para acariciar minha bochecha. – Agora vem cá, que eu quero te beijar.
- É?
- É.
- Safado. – Murmurei antes de seus lábios tocarem mais uma vez naquela noite.

***


Me olhei no espelho pela milionésima vez em menos de dez minutos, tentando me decidir se tinha ou não feito a escolha certa. tinha tomado todo o meu tempo durante todo o dia – e me estressado também –, e, quando finalmente acabamos tudo o que tinha que ser feito para a ceia de natal, tive que correr contra o tempo para escolher uma roupa decente e me arrumar antes dos meus pais chegarem. Agora, parada em frente ao espelho, eu começava a duvidar que o vestido vermelho colado a meu corpo estava longe de perfeito. Porém, antes que eu sequer pensasse em me trocar, a campainha tocou, me deixando saber que eu não tinha mais tempo. Meus pais tinham chegado. Borrifei mais um pouco de perfume em minha pele e retoquei o batom do mesmo tom de vermelho que o meu vestido e caminhei para fora do quarto, tendo que me conformar que seria com aquela roupa que eu iria passar o primeiro natal com os meus amigos.
O barulho no andar debaixo me deixava saber que meus pais tinham mesmo chegado e conversavam animadamente com meus amigos. Enquanto descia as escadas, não pude deixar de sorrir ao ver o quanto meus pais tinham gostado deles. Era muito importante para mim que todos gostassem um dos outros ali.
- Wow – apareceu a minha frente e estendeu a mão para mim, me ajudando a descer os últimos degraus da escada. – Você está maravilhosa, .
- Obrigada, – sorri, agradecida. Talvez eu não estivesse tão mal quanto imaginava então. – Você está muito charmoso. – Era verdade. tinha o verdadeiro charme britânico, às vezes era até difícil de acreditar que eu tinha... vocês sabem.
- Acho que fazemos o casal perfeito, então? – Ele riu, divertido. – Se quiser fugir para dar uns amassos, estou à disposição, gata – piscou para mim, antes de se afastar.
- Babaca – falei alto o suficiente para que ele ouvisse. Ele riu e se sentou ao lado de , começando alguma conversa da qual não pude ouvir.
- Minha menininha – minha mãe apareceu na minha frente, me abraçando de surpresa. – Feliz natal! Você está tão linda.
- Feliz natal, mamãe. – Afastei de seu abraço e me virei para meu pai, que se aproximava. – Papai, feliz natal – o abracei.
- Estamos tão felizes de passar o natal com você querida – papai disse, me soltando.
- É, achamos que não ia dar certo, por causa da universidade.
- Eu não iria deixar de passar o natal com vocês. É tradição, lembra? – Eles assentiram e eu os abracei.
- QUE VESTIDO MARAVILHOSO É ESSE? – gritou ao meu lado.
Revirei os olhos, antes de virar para a escandalosa da minha amiga. Ela estava linda com era de imaginar. O cabelo dela preso em um coque combinava perfeitamente com o vestido longo verde-limão que ela usava. Às vezes eu até que sentia uma pontada de inveja por ela ser tão linda assim e eu ser tão... Normal.
- Feliz natal para você também, .
- Amiga, eu vou querer esse vestido emprestado qualquer dia e nem se atreva a dizer que não.
- Não. – Falei só de pirraça.
- Não tem problema. Quando você menos esperar, ele vai estar no meu lindo corpinho – ela deu de ombros e saiu em direção à cozinha. Meus pais riram de toda aquela cena e voltaram a se sentar no sofá, conversando sobre algum problema no trabalho.
Suspirei, ansiosa e corri os olhos pelo cômodo. Eu estava procurando por ele, mas ele não se encontrava em canto nenhum no meu campo de visão.
- Sua bunda está espetacular nesse vestido.
Meu corpo paralisou e todos os poros de minha pele se arrepiaram. Ele tinha um poder de transformar a mais simples das frases pervertidas o suficiente para me tirar dos eixos. Eu sabia que ele estava apenas alguns passos atrás de mim, mas o cheiro dele se fez tão forte e presente que parecia estar impregnado na minha pele. Um sorriso surgiu em meu rosto e eu me virei lentamente, tendo a visão dos céus. Ele estava tão lindo que chegava a ser uma ofensa a qualquer outro homem da terra. Um sorriso enviesado estava estampado em seus lábios, enquanto ele escorria os olhos por meu corpo de maneira descarada. Geralmente, eu me sentiria envergonhada com o poder do seu olhar, mas hoje, eu deixei isso de lado e aproveitei para fazer o mesmo que ele. Meus olhos encararam seus lábios cheios, praticamente implorando para que fossem beijados. Ele sorriu ainda mais ao perceber que eu estava o analisando tanto quanto ele e meu coração acelerou e minha boca secou, enquanto eu o imaginava me beijando inteira com aqueles lábios. Molhei os lábios com a língua e continuei minha análise, escorregando meus lábios por seu torso musculoso e coberto com uma camisa social preta e, logo, me peguei encarando suas partes viris e que me levavam ao paraíso. Engoli seco e voltei a olhar para ele, me deparando com um sorriso sujo brincando nos lábios dele, seus olhos azuis brilhando em excitação, enquanto ele parecia ler todos os meus pensamentos pervertidos.
Ele deu dois passos à frente, chegando perigosamente perto e eu arfei nervosamente, enquanto olhava para os lados com medo de que alguém percebesse, mas todos pareciam entretidos e não estava presente. Eu estava segura.
- Você não sabe a vontade que eu estou de te carregar lá para cima e te comer de quatro a noite inteira, sem parar.
Arfei, sentindo minha pele arrepiar mais uma vez. Era errado se eu dissesse que aquilo tinha me deixado molhada?
- ... – murmurei, tentando encontrar palavras para lhe responder, mas nada me vinha a cabeça.
- E ouvir você gemer meu nome desse jeito, me pedindo para te foder mais e mais.
Oh, céus. Eu estava mesmo perdida.
era o demônio; A minha perdição.
- Talvez, mais tarde eu cumpra todas essas promessas – concluiu, enquanto descia os olhos novamente por meu corpo, olhando demoradamente para o meu decote. – Você está tão gostosa nesse vestido, que é quase um crime. Talvez mais tarde eu o rasgue também – disse safado.
- Oh... – murmurei desnorteada com aquela declaração. Hm... Rasgar... foder... parecia ser uma ótima ideia desde que ele estivesse comigo. “Para de agir como uma virgem e fale alguma coisa uma voz soou em minha cabeça, me trazendo de volta para a realidade. mexia com a minha cabeça mais do que eu imaginava. – Talvez rasgar não seja uma boa ideia, gostou muito desse vestido.
Ele riu debochado e deu mais um passo em minha direção. Prendi a respiração, me sentindo tonta demais com toda aquela proximidade.
- Ah, princesa, eu não me responsabilizo pelos meus atos. Ninguém mandou você ficar tão gostosa assim na minha frente – mordi os lábios, contendo um sorriso.
- Cafajeste.
- Gostosa.
- Safado.
- Eu não me importo de continuar com isso o resto da noite, princesa.
- Você não presta mesmo – neguei a cabeça, rindo.
- E eu já disse que você gosta que eu seja assim.
- Eu até diria que você está super gostoso nessa roupa, mas seu ego já está alimentado o suficiente.
- Ah, mas é sempre bom ouvir um elogio vindo de você.
- Talvez mais tarde – pisquei para ele e saí rebolando, com a certeza de que seus olhos acompanhavam o movimento de minha bunda.
Eu me sentia mais confiante agora e, talvez vestir esse vestido não tivesse sido de fato um erro. Definitivamente, os elogios de haviam alimentado o meu ego e agora ele estava transbordando confiança e felicidade.
- Que sorrisinho é esse? – perguntou, assim que entrei na sala de jantar.
- Estou só feliz por meus pais estarem aqui, por estarmos passando o primeiro natal juntas.
- Isso era um sorrisinho de apaixonada, . Te conheço – acusou.
- Que? Você está imaginando coisas, – desconversei, enquanto a ajudava a distribuir os pratos, copos e talheres na mesa.
- Pode falar. Você ta saindo com meu irmão pelas minhas costas?
- Claro que não, . Eu nunca faria isso!
Ela parou para me analisar, os olhos cerrados, deixando bem claro que ela não estava acreditando em mim.
- Se você não quer me contar, tudo bem. Uma hora eu descubro – deu de ombros e voltou a organizar a mesa.
Não insisti em contradizê-la e falar que ela estava errada, porque eu sabia que aquilo só pioraria a situação. tinha faro para descobrir quando algo estava errado e eu não era nem louca de subestimá-la. Apesar de que ela estava mesmo errada em falar que eu estava apaixonada. Eu não corria esse risco. não é o tipo de cara pelo qual eu deveria me apaixonar e ambos sabemos disso. Me apaixonar por ele seria pedir para que meu coração fosse quebrado e eu não estava nenhum pouco a fim de deixar isso acontecer. Eu tinha acabado de juntar os cacos do meu coração destruído por ; não iria colocar tudo a perder. Eu estava segura, tinha certeza.

As conversas e risos entre meus amigos e meus pais, demonstravam o quanto aquele jantar estava sendo um sucesso. A felicidade não cabia dentro de mim ao ver todos reunidos, comendo e se divertindo. Eu estava grata pelos amigos que tinha e, principalmente por ter , pois se não fosse ela, eu provavelmente arruinaria tudo. Coloquei minha mão por cima da dela, chamando sua atenção para mim.
- Obrigada – disse, simplesmente. Não foi preciso dizer mais nada, ela sabia do que eu estava falando.
- Por nada. Amigos são para isso, certo? – Sorrimos uma para outra, antes de voltarmos a nos concentrar nas conversas que rolavam por ali.
Minha mãe levantou da cadeira com uma taça, chamando a atenção de todos.
- Eu queria falar umas coisinhas. – Disse e todos se calaram para escutá-la. – Primeiramente, eu queria agradecer a nossa filhar por vir passar o natal com a gente e também queria falar que eu te amo, filha e você é o meu maior orgulho. – Sorri emocionada e me levantei para abraça-la.
- Também te amo, mãe – falei e logo voltei a me sentar no meu canto.
- E, eu também queria agradecer a cada um de vocês que estão aqui. Vocês são os melhores amigos que eu poderia desejar para minha filha e eu estou muito feliz de ter todos vocês conosco. Cheers!
- Cheers! – brindamos e demos um gole na bebida. se levantou e foi até a minha mãe a abraçando e, não demorou para que todos se levantassem dos seus lugares e fossem a abraçar também.
Sorri largamente, achando que não poderia me sentir mais feliz que aquilo.
A campainha tocou e eu me prontifiquei a abrir a porta, para não atrapalhar aquele momento lindo. Eu devia ter tirado uma foto.
A campainha tocou novamente e eu apressei os passos, tentando imaginar quem poderia ser. Eu não estava esperando mais ninguém.
- Já vai – disse ao chegar à porta, ainda sorrindo com o momento de segundos atrás. Porém, meu sorriso sumiu assim que identifiquei a pessoa que eu menos desejaria ver naquele dia.
Uma Márcia toda molhada devido à chuva e com o rosto todo inchado de chorar, estava ali, na minha frente.
- Me deixa entrar, por favor. Eu não tenho nenhum lugar para onde ir.

Até aqui betada por: Fabi Paravatti

Capítulo XIV

O choque estava estampado no meu rosto, eu tinha certeza. Eu poderia ter ficado parado na porta com cara de nada e sem me mexer por horas, devido a minha surpresa. Não dava pra acreditar que a pessoa que um dia eu já considerei como minha irmã, estava ali, parada na porta, no meio da chuva e me pedindo abrigo. Vendo-a ali, parecia que fazia meses desde a última vez que eu a vira; que tínhamos brigado por ; que ela tinha ido embora sem explicação. Mas, apenas fazia alguns dias. Minha cabeça estava embaralhada com um misto de emoções. Eu sentia raiva de ; pelo que ela tinha se tornado; por ela ter brigado comigo por um motivo completamente irrelevante; por ela ter destruído a nossa amizade por um garoto. Mas outra parte de mim, a que sentia algum afeto por ela, não podia evitar se sentir mal pela situação que ela estava passando. Enquanto a observava, pude perceber o quanto sua aparência estava cansada, os olhos inchados de tanto chorar e, eu sabia que grande parte daquilo tudo se devia a atual situação de seus pais.
- Meu Deus, ! – minha mãe apareceu atrás de mim, me trazendo de volta a realidade. – Você está encharcada. Entre, por favor! – disse, já a puxando para dentro da casa.
Meus olhos acompanharam todo o trajeto que ela fez da porta até o sofá mais próximo. Eu não conseguia ter uma reação, eu só conseguia observar, como se tudo aquilo fosse surreal demais para ser verdade. também me olhava. Seus olhos não se desviaram do meu rosto nenhum momento, nem mesmo quando a encheu de toalha e todos ao seu redor começaram a disparar perguntas. Eu sabia bem o que ela buscava. Ela queria minha aprovação para ela estar ali, isso estava estampado em seu olhar, mas, eu não sabia se eu estava pronto para dá-lo. Eu sequer tinha digerido o fato dela ter aparecido aqui, do nada.
Só consegui desviar meu olhar de toda aquela cena, quando um par de mãos envolveram meus ombros. Eu não precisei olhar para saber quem era; Aquele cheiro que só ele tinha já se fazia presente, o denunciando.
- Quer sair daqui? – sussurrou. Levantei a cabeça, encontrando o seu olhar cheio de cumplicidade. Apesar de tudo, ele sabia que eu precisava de tempo para digerir aquilo. - Por favor... – minha voz saiu como um sussurro sofrido, mas aquilo era irrelevante naquele momento.
deu um sorriso compreensivo e olhou rapidamente ao redor, antes de entrelaçar os nossos dedos. Enquanto o deixava me arrastar escada acima, não ousei olhar ao redor. Não queria ter que olhar para de novo, apesar de saber que ela ainda estava me observando, eu podia sentir seu olhar queimando em minhas costas, me observando até que eu não estivesse mais ao alcance de sua vista.
Enquanto andava pelo corredor, sendo arrastada por , não pude evitar sentir raiva de minha ex melhor amiga. Ela não tinha nada que aparecer aqui do nada, não depois de tudo o que ela fez, depois das coisas que ela me disse. Se ela queria arruinar Natal para mim, ela conseguiu.
Conseguindo, finalmente ter algum tipo de reação, soltei a mão da de bruscamente e marchei até o meu quarto, abrindo a porta violentamente. Eu podia está sendo egoísta, mas eu estava fervendo de raiva por ela conseguir estragar um dia que estava sendo particularmente agradável depois de tudo o que venho passando há meses.
- Mily... Tá tudo bem? – virei para , o vendo me olhar apreensivo.
- Não. Não está! – esbravejei. – Eu não acredito que ela veio aqui depois de tudo! Ela não tinha esse direito.
Olhei ao redor em busca de algo que pudesse descontar minha frustação, mas não havia nada no meu caminho. Bufei, frustrada e passei as mãos no cabelo nervosamente. Minha vontade era de ir lá embaixo e expulsar aquela... aquela destruidora de natais felizes! - Calma, Mily. – ele se aproximou hesitante. – Eu entendo sua raiva, mas, talvez ela... – ele parou de falar quando viu meu olhar mortal.
- Não diga nada, eu sei o que você vai falar e eu não quero saber!
- Mas... – ele tentou novamente, porém eu não permiti. O empurrei pelo peito até que seu corpo chocasse contra a porta fechada do quarto e embrenhei meus dedos em seus fios, o puxando para um beijo violento. Eu estava com raiva, mas, acima de tudo também estava excitada com todos aqueles jogos que ele vinha jogando comigo desde o momento em que me disse aquelas coisas antes do jantar e, agora que eu me via trancada em um quarto com ele, por que não aproveitar? Ainda mais quando todos pareciam estar ocupados demais com e seus problemas.
demorou um pouco para tomar uma atitude, mas quando o fez, eu quase derreti em seus braços. Se não fossem os braços dele ali, segurando minha cintura firmemente, eu tinha certeza de que teria desabado no chão, sem forças. Os lábios dele percorriam meu corpo com destreza e luxúria e as mãos dele tocavam minha pele em todas as partes em que ele podia alcançar. A camisa dele jogada ao chão, juntamente com o meu vestido, mostrava o quanto estávamos pegando fogo naquela noite e, isso me fez pensar em como raiva era um ótimo combustível para o tesão, mesmo que não fosse à ele que esse sentimento estivesse direcionado.
- Ah, Mily... Tão deliciosa... – soprou ele, enquanto se deliciava de minha intimidade.
Arqueei meu corpo e agarrei os lençóis da cama, enquanto gemia seu nome arrastado. Eu me encontrava em minha cama, totalmente nua, assim como , que estava ajoelhado, sugando meu clitóris com vontade. Sua mão direita estava em meu seio, apertando-o deliciosamente. Sua língua vez ou outra adentrava em minha entrada, me dando uma sensação de formigamento gostosa. O puxão constante em minha barriga me deixava saber que eu estava perto do orgasmo. Levei minha mão ao cabelo dele e o empurrei ainda mais contra minha intimidade, ao mesmo tempo em que rebolava contra a sua língua veloz. Apertei os lençóis a minha volta com força, pronta para deixar que o orgasmo tomasse conta de meu corpo, porém, não foi isso que aconteceu. parou os movimentos e a sucção e subiu o rosto até que estivesse na altura do meu. Ele tinha um sorriso travesso nos lábios, como se ele tivesse acabado de negar um doce a uma criança e estivesse gostando muito disso. Bufei, frustrada e ele soltou um risinho malicioso.
- Dá pra acabar logo com isso? – resmunguei. – Ou eu vou ter que terminar isso sozinha?
- Ah, princesa, por mais que eu fique tentado com a possibilidade de te ver se tocando, eu não posso deixar que isso aconteça.
- Então, por que você não me fode logo? – ele não me respondeu imediatamente. Suas mãos desceram por minhas pernas, afastando-as e, ele passou seu membro ereto em minha intimidade, me provocando. Cravei as unhas em seu abdômen definido e ele riu novamente.
- Porque eu gosto de ver você pedir, . – disse e encaixou a cabecinha em minha entrada, logo tirando novamente. – Eu gosto de jogar com você...
Grunhi, enraivecida. Eu não aguentava mais jogos, pelo menos não hoje.
- Péssimo dia para querer fazer joguinhos comigo, . – Girei nossos corpos, de modo que eu fiquei por cima, minha intimidade roçando na dele. – Vamos pular a parte em que você finge que não quer me foder, para a ação. – disse e em seguida encaixei nossas intimidades. Joguei a cabeça para trás, gemendo e comecei a me movimentar em cima dele, enquanto ele me guiava com as mãos em minha cintura. Inclinei meu corpo em cima do dele e mordi seu lábio inferior, arrancando um suspiro do mesmo. agarrou minhas coxas e levantou o tronco, de modo que eu ficasse sentada em seu colo. Ele abocanhou meu pescoço, sugando e mordendo minha pele de modo que definitivamente deixaria marcas, mas eu não estava ligando para aquilo naquele momento; Minha mente e corpo estavam focados no membro dele entrando e saindo de minha intimidade com virilidade. Eu, mais uma vez estava perto do orgasmo, muito perto e, dessa vez, eu ditaria o ritmo daquilo até o fim, até que eu estivasse completamente extasiada.
O gemido rouco de indicava que ele tinha chegado ao ápice. Ele se derramou dentro de mim e, aquilo foi o suficiente para que eu também chegasse ao meu limite. Meu corpo foi envolvido por espasmos e eu deixei que me puxasse para deitar ao seu lado. Quando os espasmos passaram, ele se retirou de mim, mas eu continuei deitada em cima dele com a cabeça em seu peito. , por sua vez, fazia um carinho gostoso em minhas costas. As batidas fortes de seu coração refletiam nas minhas próprias e, eu me peguei sorrindo, ainda extasiada com aquele momento.
- Mais calma? – ele perguntou depois de um tempo. Sua voz tinha um toque de divertimento. O sorriso em meus lábios se alargou e eu levantei a cabeça, encontrando seus olhos divertidos.
- Bem... Nada melhor que um bom sexo para melhorar meu humor... – dedilhei seu peito descoberto, o olhando com uma falsa inocência. - Não fazer o quê? – pisquei os olhos, fingindo confusão. Ele grunhiu e girou o corpo, ficando por cima de mim.
- Você acaba comigo, garota. – soprou, antes de me beijar. Ri entre o beijo, e cruzei os braços ao redor de sua cintura, o puxando para mais perto.
- É essa a intenção. – murmurei contra os seus lábios. Ele riu mais uma vez e me deu um selinho, antes de voltar a se deitar ao meu lado.
- Definitivamente você está mais calma.
Suspirei e olhei para ele, percebendo que não teria mais como fugir do assunto “”.
- Não quero ter que falar sobre ela.
- Não quero que fale sobre ela. Quero que fale como se sente sobre isso.
Isso não era uma boa ideia. Eu não era boa em me expressar emocionalmente. Porém, eu parei para realmente pensar em tudo o que eu estava sentindo em relação aquilo, mas, como já era de se esperar, eu não consegui definir nada.
- Eu não sei o que eu sinto. – admiti. – Eu sinto raiva por ela estar aqui, mas também, sinto pena dela e de tudo o que ela está passando. Apesar de ela ter arruinado parte da noite pra mim, eu não vou expulsá-la quando ela precisa de ajuda. Não sou tão egoísta.
- Eu sei que você não é, mas não foi isso que eu quis dizer.
- E o que você quis dizer? – franzi o cenho, sem entender aonde ele queria chegar com aquela conversa.
- é sua melhor amiga, eu sei que você a considera como tal, mesmo que não admita pra si mesma, e, eu sei que você se importa com ela.
- Ela não merece que eu me importe com ela.
- Todo mundo merece uma segunda chance. Ela precisa da sua ajuda e foi pra você que ela correu quando tudo deu errado, e ela não teve mais nenhum lugar pra ir.
- está aqui também. – lembrei. Eu não queria que precisasse de mim, nós não éramos amigas como antes e, mesmo que isso ainda me doesse, era a mais pura verdade. Além do mais, eu não estava pronta para retribuir qualquer sentimento por , eu me recusava a sentir.
- Você não quer dar o braço a torcer, mas o pouco que eu conheço , eu sei que ela vai te procurar e você sabe disso também.
- Eu sei...
- Você precisa estar preparada por isso, não vai dar pra se esconder aqui no quarto pra sempre.
- Bem, eu posso dar um jeito nisso, desde que você esteja aqui comigo. – ele sorriu e eu soube que ele não tinha caído na minha falha tentativa de mudar de assunto.
- Você sabe que eu adoraria isso, mas eu não vou te ajudar a fugir disso. – bufei e ele acariciou meu rosto, atraindo meus olhos para os seus. – Como eu disse antes, eu não quero que o nosso relacionamento seja só sexo. Da nossa maneira torta, nós estamos juntos e eu quero te ajudar a passar por isso.
O sorriso bobo que apareceu em meus lábios foi completamente espontâneo. Esse que eu estava conhecendo era totalmente diferente daquele babaca que me provocava e que queria me levar pra cama a todo custo. Eu sabia que ainda era um cafajeste, que ele não era o cara certo para uma garota como eu, mas eu não pude deixar de me sentir encantada com todo aquele carinho e atenção que ele estava me dando. Ele estava me deixando entrar e conhecer alguém que eu sequer tinha ideia que existia; Alguém que tinha um coração e que se importava com as pessoas ao seu redor, mesmo que esse alguém seja um simples “fica” como eu era. Nesses momentos, eu me perguntava se ele agia assim com todas as garotas que ele ficava. Bem no fundo eu esperava que não, que ele só agisse assim comigo.
- Obrigada. Isso significa muito pra mim.
- Eu posso ser um cafajeste, Mily, mas, eu me importo com você, de verdade.
- Eu sei – sorrimos um pro outro e ele aproximou o rosto para me beijar mais uma vez.
- Detesto quebrar o clima, mas já passamos tempo demais aqui. É melhor eu ir antes que alguém apareça.
- Ah, não. – grunhi, abraçando-o pela cintura.
- Eu também não quero ir, princesa. – ele me afastou carinhosamente e se levantou, começando a catar suas roupas pelo chão enquanto falava. – Mas daqui a pouco seus pais podem aparecer aqui e não queremos dar explicações, certo?
- É verdade. – concordei, derrotada. – Não sei como ainda não sentiu nossa falta.
- Ela deve saber que você precisa de espaço.
- Talvez, mas isso não vai durar muito tempo. Daqui a pouco ela bate na porta.
- Então é melhor que eu não esteja aqui quando isso acontecer. – concordei silenciosamente. Não queria nem imaginar o que aconteceria se encontrasse aqui no meu quarto, com as roupas toda amassada. Ela com certeza surtaria e eu não estava preparada para mais aquilo. se aproximou, apoiando-se na cama e se inclinando sobre mim, selando nossos lábios por alguns segundos. – Se precisar de qualquer coisa, estarei em meu quarto. – assenti mais uma vez e ele se levantou, pronto para ir embora.
- ... – chamei. Ele virou para mim, esperando que eu falasse. – Obrigada.
- Não precisa me agradecer por nada, princesa. – ele sorriu ternamente. – Estarei aqui sempre que você precisar.
Sorri largamente ao ouvir aquelas palavras. Talvez ainda fosse cedo para dizer que ele tinha mudado completamente, mas, definitivamente, ele tinha se mostrado uma pessoa completamente diferente da pessoa que eu já estava acostumada a “odiar”. saiu do quarto, deixando-me sozinha com meus pensamentos. Apesar dos fatos que arruinaram minha noite, eu me sentia feliz e eu sabia que aquela felicidade toda tinha sido causada por ele, por . Era bom saber que ele me fazia bem. Eu não me sentia dessa forma desde... Bem, desde . Eu sentia que minha vida estava começando a entrar nos trilhos, que estava voltando a ser normal e eu esperava que continuasse assim.
No entanto, não demorou muito para que batidas na porta se fizessem ouvir. Levantei apressadamente, vestindo minhas roupas de qualquer jeito, enquanto pedia para que a pessoa do lado de fora esperasse. Não houve resposta, então quem quer que fosse não era ; Minha amiga era impaciente demais para ficar me esperando abrir a porta. Caminhei até a porta, arrumando os cabelos e abri a porta, apenas para dar de cara com a pessoa que eu menos queria ver naquele momento.
agora estava totalmente seca e com uma roupa que identifiquei ser de . Apesar de ela parecer mais calma, os olhos ainda estavam vermelhos e a aparência um tanto quanto abatida. Ficamos nos olhando por um bom tempo, contanto, ela foi a primeira a se pronunciar.
- Posso falar com você?
Por um momento, pensei em dar uma resposta malcriada e fechar a porta na cara dela, mas logo mudei de ideia. Iria enfrentar aquilo de forma madura e, também tinha certa curiosidade sobre o que ela tanto queria falar. Assenti lentamente e dei espaço para que ela entrasse. Assim que ela adentrou o quarto, fechei a porta e me encaminhei para minha cama, sentando na mesma. permaneceu de pé, me fitando com uma expressão de dor no rosto.
- Então... – comecei, incitando-a a começar a falar.
Ela abriu e fechou a boca algumas vezes, provavelmente pensando em como iria começar o quer que ela quisesse falar. Franzi o cenho, confusa e impaciente com toda aquela demora. Por que ela não falava logo?
- Eu... – ela começou, hesitante. – Eu... Me desculpe. – Os olhos dela marejaram. Ela iria começar a chorar de novo. – Me desculpe por estragar tudo, por estragar a nossa amizade. Eu não sei o que deu em mim pra fazer todas aquelas coisas, eu não queria te magoar.
No primeiro momento, não acreditei que ela estivesse me falando todas aquelas coisas, que ela estivesse de fato me pedindo desculpas. Me levantei, ciente de que não iria conseguir ficar sentada diante daquela situação.
- Você realmente estragou a nossa amizade, , mas não foi por que você ficou com . Foi por causa das suas mentiras, das suas ações, e principalmente, por todas aquelas coisas que você me disse. – falei, me lembrando de suas palavras. – Você realmente pensa tudo aquilo de mim?
- Não. – disse, balançando a cabeça negativamente. – Eu só queria te magoar como você me magoou e eu achava que estava gostando do ...
- Achava? – ergui a sobrancelha diante de tal informação.
- Sim... – respondeu baixo. – Meus pais se separando, o fim da nossa amizade... Tudo estava acontecendo ao mesmo tempo e ele estava sendo tão legal comigo, que eu acabei confundindo os sentimentos.
- Isso é loucura. – ri amargamente. – Você fez tudo aquilo baseado em um sentimento que nem existe? Você está se ouvindo?
- Eu sei que te magoei, assim como você também me magoou. – ela deu um passo vacilante em minha direção. Me afastei; Eu não queria nenhum tipo de contato, era demais pra mim.
- Você não só me magoou, . Você traiu a minha confiança. Você jogou a nossa amizade no lixo. E a troco de quê? Isso mesmo, a troco de nada.
- Me desculpa... – a voz dela falhou e lágrimas começaram a escorrer de seus olhos. Fechei os olhos, sentindo meu coração se quebrar em milhares de pedacinhos. Toda aquela situação me machucava. Eu nunca tenha imaginado que um dia estaria naquela situação com . A nossa amizade era tão forte e agora eu simplesmente não sabia o que nós éramos ou se eu queria que nós duas ainda fôssemos algo. Meus pais costumavam me dizer que amizade era algo que era pra sempre, mas, depois de tudo, eu duvidava muito que isso fosse verdade. Imagens de vários momentos nossos passavam por minha cabeça e aquilo era uma tortura. Eu não aguentava mais passar por momentos difíceis, não aguentava mais ser magoada e ter meu coração estraçalhado por pessoas que eu amo. Primeiro tinha sido e agora .
Quem seria o próximo?
Não. Era hora de começar a proteger a mim e os meus sentimentos.
- Não dá. – balancei a cabeça, já sentindo meus olhos marejarem. – Eu não consigo te perdoar pelo que aconteceu.
O choro dela só pareceu aumentar com a minha declaração. Uma solitária lágrima escorreu pelo rosto, mas eu tratei de enxugar. Eu não choraria na frente dela, não seria tão fraca a esse ponto.
- Por favor... Eu preciso do seu perdão. – ela tentou se aproximar novamente, mas eu não permiti.
- Sinto muito. – e eu sentia mesmo. Por mais que no fundo eu quisesse que as coisas voltassem ao normal, eu sabia que aquilo não era possível. A mágoa estava bem viva dentro de mim. – Se você não se importa, eu gostaria de ficar sozinha agora.
Ela assentiu e caminhou até a porta, secando as lágrimas. Abaixei a cabeça e fechei os olhos, reprimindo as lágrimas que insistiam em se formar em meus olhos.
- Eu queria perguntar mais uma coisa. – franzi o cenho e levantei a cabeça, a olhando com curiosidade. – Vocês estão juntos?
- Esse não é um assunto que eu quero tratar com você.
- Você não negou, então significa que sim.
- Olha, eu realm...
- Eu quero que você seja feliz, Mily. Estou feliz por você, de verdade.
Por essa eu não esperava, confesso.
- Obrigada. Apesar de tudo, não te desejo nenhum mal. – disse, sinceramente. – Você pode ficar aqui o tempo que precisar se quiser.
Ela sorriu minimamente em agradecimento e, em seguida, abriu a porta do quarto e saiu do mesmo, fechando a porta ao passar.
Joguei-me na cama, sentindo o coração pesado. Não era fácil ver uma amizade de anos acabar dessa forma triste, mas infelizmente não tinha como consertar o que foi quebrado. Sozinha na cama, me permiti chorar pela primeira vez na noite. Eu precisava colocar aquela dor pra fora. Eu não havia perdido só uma amiga, eu também havia perdido uma irmã, alguém que eu considerava como parte da minha família e aquilo doía pra caralho.

Pisquei os olhos algumas vezes, antes de os abri-los totalmente, sentindo um par de mãos acariciarem meu cabelo. No meio de tanto choro e lágrimas, eu devo ter cochilado. Virei à cabeça lentamente, encontrando com os olhos preocupados de minha mãe.
- Desculpe, não queria te acordar.
- Não tem problema, eu não deveria ter dormido.
- Você está bem? me contou que veio falar com você...
Droga. A última coisa que eu queria era preocupar minha mãe com os dramas da novela mexicana que era a minha vida. Sentei-me para observá-la melhor.
- Está tudo bem, mamãe.
- Tem certeza? – ela me olhou em dúvida. - Tenho – sorri, apenas pra convencê-la.
- Você sabe que pode falar comigo sobre qualquer coisa. – insistiu.
- Eu sei. – curvei os lábios em um sorriso de agradecimento. Eu sabia que podia contar com minha mãe para qualquer coisa.
- Eu e seu pai já estamos indo. Obrigada pelo jantar. – deu um beijo na minha testa e se levantou para ir embora.
E a culpa me atingiu em cheio. Sequer chegamos a terminar o jantar, pois eu sumi logo depois que chegou, sem pensar nos meus pais e que todo o meu esforço e o de para que esse jantar saísse perfeito estava indo por água abaixo.
- Mãe. – a chamei, segurando sua mão e ela voltou a olhar pra mim. – Eu estraguei o jantar; Não devia ter desaparecido daquela forma, me desculpe...
- Você não estragou nada, meu bem. O jantar estava maravilhoso e nós nos divertimos muito!
- Se divertiram?
- Claro! – ela sorriu. – Você tem amigos de ouro e eles gostam muito de você.
Sorri, porque aquilo era verdade. Eu tinha os melhores amigos do mundo.
- É, eles são os melhores.
- Então não se culpe por nada, porque foi tudo perfeito.
Duas batidas na porta chamaram a nossa atenção e logo, a cabeça do meu pai apareceu na porta.
- Está na hora de ir. – disse ele. Minha mãe depositou outro beijo em minha testa e se levantou.
- Se precisar de alguma coisa, pode ligar pra gente. – ela disse.
- Qualquer coisa. – meu pai reforçou. – Como eu já tinha dito, o carro fica com você enquanto você estiver aqui.
- Obrigada, pai. Amo vocês.
- Também amamos você, filha. – os dois responderam juntos, acenaram e saíram do quarto.
Afundei-me em minha cama, a culpa por ter estragado o jantar ainda presente, mas em menores proporções. A vida sempre achava um jeito de me dar uma rasteira, mas dessa vez eu estava mais preparada. Claro que eu não esperava bater na minha porta pedindo por abrigo, aquilo ainda foi uma surpresa, mas, depois da conversa que tivermos e da minha crise de choro, decidi que era hora de tomar as rédeas da situação. Eu não lamentaria mais pelo leite derramado, estava cansada de ser aquela que sempre lamenta por tudo. Estava na hora de começar a aceitar o fato de que nada era pra sempre, inclusive amizade de longa data. Claro que a dor da perda ainda estava ali, mas eu daria um jeito de lidar com aquilo e eu tinha certeza que me ajudaria a passar por aquilo. A companhia dele tinha sido de grande ajuda ultimamente e aparentava que ele se importava comigo, então, não me importava que ele fosse um galinha, cafajeste metido a garanhão. Eu estava em um relacionamento aberto e aquilo não estava me magoando, então, enquanto estivesse tudo bem, eu o manteria por perto.

Já tinha perdido as contas de quantas vezes eu tinha rolado na cama em uma tentativa falha de conseguir dormir. Depois que minha mãe foi embora, eu ainda tive que aguentar um sermão de por ter desaparecido antes do jantar terminar. Com muito custo e com a ajuda de , eu consegui expulsá-la do meu quarto antes que ela me agredisse ou algo assim. Não era atoa que os meninos tinham medo dela; Ela podia ser bem perigosa, se quisesse.
Eu até tinha conseguido dormir depois disso, mas acabei acordando novamente no meio da madrugada e, aqui estava eu, em plena seis da manhã, rolando na cama pela milésima vez em menos de meia hora. Bufei, tirei os lençóis de cima de mim e me levantei, desistindo de tentar dormir. Já que a insônia resolveu ficar, eu iria fazer algo que há tempos não fazia: correr na praia.
Quinze minutos depois eu estava pronta. Peguei o celular e os fones de ouvido e saí do quarto, tomando cuidado ao fechar a porta para que não acordasse ninguém. Saí pela porta dos fundos, que dava conexão a praia e, logo, estava correndo. O ar puro e fresco batia no meu rosto e o cheio de mar me tranquilizava. Não existia problemas ali, tudo era deixado pra trás juntamente com as minhas pegadas. Eu me sentia livre e feliz e, não existia melhor sentimento que esse e, para completar a minha paz, eu tinha as minhas músicas favoritas tocando em meu ouvido. Estava tudo perfeito... Até eu tombar em alguém e cair sentada no chão.
- Ei, olha por onde an... ? – tirei os fones de ouvido e levantei a cabeça, dando de cara com . Oh, Deus, o que eu fiz de tão ruim pra merecer isso? – Distraída como sempre. – ele abriu um sorriso zombeteiro e estendeu a mão para mim. Olhei para sua mão, pensando se deveria ou não aceitar aquele gesto. Por fim, optei por ser educada e peguei sua mão e ele me ajudou a levantar.
- O que está fazendo aqui a essa hora?
- Eu moro aqui perto, esqueceu? – ergueu a sobrancelha.
- Ah, claro. Que cabeça a minha. – bati a mão na testa. Como eu pude esquecer aquilo?
- Eu te machuquei? – perguntou, parecendo preocupado.
- Não, está tudo bem. – garanti. Ele assentiu e ficou me encarando de uma maneira incomoda. Eu costumava a gostar quando me encarava, até porque ele sabia que eu tinha vergonha e sempre corava, mas agora era no mínimo estranho. De repente, senti uma vontade louca de sair correndo dali. – Er... Eu vou indo... – disse, já me afastando, contanto não consegui dar mais do que dois passos, pois pegou meu braço, me impedido de sair. Virei à cabeça e olhei dele para a sua mão em meu braço, com a sobrancelha erguida. Ele logo soltou o meu braço e olhou para o lado, parecendo sem jeito.
- Er... Desculpe. – ele pigarreou antes de continuar. – É que depois daquele dia que a gente se esbarrou aqui na praia, eu não tive uma oportunidade de me explicar...
- Você não tem que me dar explicação nenhuma – balancei a cabeça e dei um passo para trás. Tudo o que eu não precisava era do meu ex querendo se explicar.
- Não tem muito o que explicar, na verdade. Eu e Katarina nos aproximamos e... Aconteceu. Nunca foi minha intenção de machucar, Mily...
Ah, não, pelo amor de Deus! Eu não saí cedo para escutar meu ex falando em como ele se apaixonou pela atual!
- Sem querer ser grossa, mas esse não é o tipo de conversa que eu quero ter. Não estou interessada em saber em como você e Katarina se apaixonaram perdidamente.
- Ah, claro... – ele coçou a nuca, parecendo nervoso. – Enfim, só me desculpa por tudo o que eu te fiz passar, nunca foi minha intenção te magoar, ainda mais depois de tudo o que passamos.
Você quer dizer, depois de você ter ido atrás de mim, ter me convencido a manter um relacionamento a distancia e depois simplesmente dar um pé na bunda, né? Pensei.
Era muita hipocrisia da parte dele vir me falar essas coisas, como se tudo o que aconteceu não tivesse sido nada. Eu devia dizer umas boas verdades a ele, mas não queria me estressar, além de que eu estava de saco cheio de drama. Eu não era mais a pessoa que só se lamentava e fazia drama, não tinha me esquecido dessa promessa.
- Tudo bem, . A vida segue – sorri forçadamente. – Eu realmente tenho que ir.
- Claro. A gente se ver por aí.
Passei por ele e segui caminho de volta para casa. Chega de corrida por hoje.

Bati o pé no tapete e segui direto para geladeira. Toda aquela corrida e mais o caminho de volta tinham me deixado com sede. Enchi o copo e bebi, sentindo o liquido gelado refrescar a minha pele ao descer por minha garganta. Deixei o copo na pia e subi para o quarto, a fim de tomar um longo e relaxante banho.
Durante os longos minutos em que passei na banheira, fiquei imaginando o quanto seria bom passar um dia no spa e receber uma ótima massagem. Talvez eu desse a ideia a e o resto seria providenciado rapidamente. Ri com esse pensamento. Ter uma amiga com tinha seu lado positivo e, o fato de que gostávamos das mesmas coisas era um enorme fator para nossa amizade. Além de que, sempre que eu quisesse fazer algo, eu só precisava mencionar isso casualmente para ela e, em um piscar de olhos, ela providenciava tudo. Isso meio que tinha feito eu me tornar uma exploradora de amiga, mas eu não iria para o inferno por causa disso, não é?
Definitivamente não.
Se eu fosse para o inferno, não seria por causa de , e sim, por causa de . Aquele homem era quente como o demônio e, ele era minha completa perdição. Antes dele, eu não tinha a completa noção do quanto eu poderia ser pervertida. Ele despertava esse lado de mim e eu gostava... Na verdade, eu gostava da pessoa que eu me tornava quando eu estava com ele. Gostava da despreocupada, a que não pensa no que é certo ou errado, a que não se importa de ter um relacionamento aberto, mas, acima de tudo, eu gostava da forma que eu sorria quando estava com ele. A forma que ele se importava comigo era tão... Tão... Fofa! E ele não cansava de me surpreender. Era bom conhecer um lado dele que eu não conhecia e eu mal podia esperar para conhecer ainda mais.
O meu celular vibrou e eu sequei a mão, antes de me esticar e pegar o aparelho. Sorri ao ler o nome de piscando na tela e, logo abaixo a mensagem:

“Bom dia, princesa. Dormiu bem?”
“Não muito. Fiquei revirando a cama a noite toda, sem sono.” – Respondi e, não demorou muito para o aparelho vibrar novamente.
“Deveria ter me chamado e eu daria um jeito nessa insônia.”

Eu podia imaginá-lo sorrindo maliciosamente ao escrever aquela mensagem. era mesmo um pervertido. De repente, uma ideia se passou por minha cabeça e eu abri a câmera do celular, tirando uma foto de mim mesma na banheira. Sorri maldosamente, enquanto tentava imaginar a sua reação. Anexei a foto e digitei:

“Quer vir dar um jeito na minha insônia agora?”

E enviei. Mordi o lábio, enquanto esperava a resposta, mas ela não veio. Soltei um risinho, imaginando que ele devia ter ficado surpreso e sem reação com a minha atitude. Eu também estava surpresa comigo mesma, pois nunca tinha feito algo assim antes. Como disse uma vez, eu era mesmo uma santa.
De repente, a porta do banheiro foi aberta abruptamente e um eufórico passou por ela, se livrando de suas roupas no caminho. Arregalei os olhos, surpresa. Eu deveria te imaginado que ele viria até aqui. C’mon, era de que estávamos falando.
- O que está fazendo aqui? – perguntei, fingindo que a presença dele não me afetava. Levantei uma perna e passei a mão por ela, apenas para provocar.
- Ah, . Você tá brincando com fogo! – ele tirou a cueca, revelando seu pau complemente ereto. Talvez eu tivesse mais efeito sobre ele do que pensei.
Ele entrou na banheira e se aproximou, embrenhando os dedos nos fios de meu cabelo e os puxando com força, ao mesmo tempo em que sua língua invadia minha boca. Com a mão livre, ele agarrou minha cintura, me puxando para sentar em seu colo e eu agarrei sua nuca, arranhando-a levemente, enquanto me derramava em sua boca. Seu pau invadiu minha intimidade, completamente pronta pra recebê-lo. Ter dentro de mim era indescritível, os nossos corpos se encaixavam perfeitamente e se moviam em uma sintonia surreal. Era quase como se os nossos corpos tivessem sido feitos um para o outro.
Gemidos ecoavam pelo banheiro e vez ou outra, sussurrava meu nome, se enterrando ainda mais em mim. E orgasmo veio. Forte e poderoso, se alastrando pelo meu corpo molhado e suado. atingiu o ápice logo em seguida, enterrando a cabeça na curva do meu pescoço, enquanto gemia meu nome arrastado. Continuei enroscada em enquanto recuperava a respiração. Aquela sensação de ter o corpo dele junto ao meu após o sexo era maravilhoso. era a oitava maravilha do mundo.
- Não acredito que você veio até aqui! – levantei a cabeça para olhar em seus olhos.
- Não podia deixar você aqui, toda gostosa e sozinha nessa banheira. – disse com um sorriso enviesado nos lábios.
- Você é louco!
- Você que me deixa louco.
inclinou a cabeça, capturando meu lábio inferior com o dente e o puxando devagar. Apertei sua nuca e pressionei nossos lábios, iniciando um beijo calmo e diferente de todos os que tínhamos dado minutos atrás.
- O que está fazendo acordado a essa hora? Achei que fosse acordar mais tarde...
- Ainda não estou acostumado com o fuso horário – deu de ombros. Sorri compreensiva, eu também não tinha me acostumado com um fuso horário tão diferente do de Londres. Saí de cima do colo dele e me levantei, pegando a toalha pendurada e enrolando no meu corpo antes de sair da banheira. Caminhei até a porta, mas parei, ao ver que não tinha mexido um musculo.
- Você não vem?
- Hã? Vou. – respondeu de maneira confusa e se levantou. Gargalhei de sua cara de paisagem. Era óbvio que ele estava olhando para o meu corpo e, ao invés de me sentir invadida, eu me sentia lisonjeada. Era sempre bom saber que era desejada. Joguei uma toalha para ele e segui diretamente para o meu closet. Vesti um dos meus biquínis favoritos e um shortinho por cima, pois sabia que assim que os outros acordassem eles iam querer ir à praia. Penteei meu cabelo, deixando-os soltos e separei o protetor para que eu pudesse levar comigo. Através do espelho, pude ver se aproximar de mim já vestido. Os braços dele arrodearam minha cintura e ele beijou meu ombro descoberto, antes de olhar para mim pelo espelho.
- Hoje à noite? – ele disse, de repente.
- O quê? – franzi o cenho, sem entender.
- O nosso encontro.
- Ah...
A mera menção daquela palavra foi o suficiente para fazer meu estômago revirar de nervosismo. Não que eu tivesse esquecido isso, porque eu não tinha, mas, confesso que achei que ele esqueceria; Que tinha sido apenas algo de momento. Parece que eu estava enganada.
- E então? – me olhou de forma ansiosa.
- Pra onde vamos? – virei-me para ele e cruzei os braços ao redor de seu pescoço.
- Podemos ir ao cinema e, depois, jantar em algum lugar.
- E como iremos enganar todos os outros?
- Deixe comigo, eu tenho tudo sobre controle.
Cerrei os olhos, desconfiada. O que ele ia fazer?
- ...
- Confia em mim, ninguém vai nos descobrir.
- Tudo bem. – encostei nossas bocas em um selinho. – Vamos descer, antes que alguém venha bater na minha porta e te veja aqui.
Ele assentiu e seguimos até a porta do quarto. Verifiquei o corredor, antes de sair e, assim que achei que era seguro, puxei para fora e fechei a porta devagar. Soltei sua mão assim que chegamos à escada, pois não queria ter alguma surpresa lá embaixo.
Assim como a sala, a cozinha estava vazia. Segui até a geladeira, em buscas de coisas para preparar um café para todos. Depois daquele desastre naquele dia, eu queria evitar que qualquer um dos meninos preparasse algum tipo de comida na minha cozinha. Não era seguro.
- Quer ajuda? – se pronunciou pela primeira vez desde que descemos.
- Sim, você pode arrumar a mesa.
Ele cerrou os olhos, parecendo ler os meus pensamentos.
- Eu não vou colocar fogo na sua cozinha – cruzou os braços, parecendo ofendido.
- Claro que não vai, eu não vou deixar você chegar perto do fogão.
- Eu sei cozinhar muito bem, tá! Quem fez aquela bagunça da outra vez foi ... E .
- Eu não acredito. – soprei, rindo debochada.
- Ah, então é um desafio? – ele ergueu a sobrancelha, se desfazendo da pose de ofendido. – Pois, eu vou te provar. – e marchou em direção aos armários.
Ri baixinho de toda aquela determinação. Não pude deixar de notar que eu e éramos parecidos nesse quesito. Eu amava ser desafiada, só pra poder provar para a pessoa que ela estava errada.
Não parei para ver o que ele estava fazendo. Coloquei a jarra de suco pronta na geladeira e comecei a fazer alguns sanduíches, enquanto escutava apenas ele mexendo nas panelas. Só vim saber o que ele estava fazendo, quando senti o cheiro de panqueca no ar. E não era cheiro de queimado, era um cheiro muito bom.
Olhei para ele, notando que ele tava sem camisa e com um avental. Ele colocou a panqueca pronta em cima de outra montanha de panquecas e desligou o fogo, se virando para mim com um sorriso vitorioso estampado nos lábios.
- Eu disse que sabia cozinhar – ele falou, mas eu não prestei atenção. Meu olhos estavam vidrados naquele torso maravilhoso coberto pelo avental. O filho da puta ficava sexy até vestido daquela forma. Despertei com a risada maliciosa dele é só então percebi que estava mordendo o lábio inferior. Levantei o rosto, percebendo que ele estava perto, muito perto. colocou as mãos em minha cintura e me puxou, grudando os nossos corpos. Prendi a respiração e meu coração acelerou, me deixando tonta com a sua presença e seu cheiro. O sorriso malicioso ainda estava em seus lábios, quando ele sussurrou em meu ouvido: – Pode tocar, eu sei que você quer...
Fechei os olhos, sabendo exatamente que ele estava se referindo ao que eu encarava antes. Minhas mãos subiram automaticamente para o seu torso, apertando e arranhando o local como estava imaginando minutos atrás.
Abri os olhos, encontrando os seus brilhando em luxuria. Em seus lábios estava estampado aquele sorrisinho irritante e convencido que eu tanto amava. De repente, me senti envergonhada por deixar tão transparente a forma que me afetava. Eu odiava não ter controle do meu corpo e das reações involuntárias que eu tinha ele tava por perto.
- Eu te odeio. – soprei e o sorriso dele só pareceu aumentar. Engoli em seco e meus olhos desceram para os seus lábios. Parecendo ler meus pensamentos, aproximou o rosto do meu e, logo, seus lábios pressionaram o meu, iniciando um beijo. Minhas mãos escorregaram para suas costas e cravei minhas unhas naquela região, enquanto o beijo era aprofundado e a língua de adentrava minha boca. Eu não consegui descrever aquele beijo. Foi uma coisa única e diferente de todos os olhos que já demos. Dessa vez tinha uma cumplicidade diferente e, apesar de ter um pouco de luxuria na forma que nós nos beijávamos, no meu interior, eu soube que não era só isso. Tinha algo a mais, algo que não fui capaz de identificar.
Em meio aos beijos, impulsionou meu corpo para cima, me colocando sentada em cima da bancada de modo que ele ficasse entre minhas pernas. Cruzei as pernas ao seu redor e, ele passou a beijar meu pescoço avidamente. Arfei, sentindo seus dentes passarem por minha pele, deixando mordidas deliciosas. Eu nunca enjoaria de , era impossível.
- Arrumem um quarto, pelo amor de Deus!
Arregalei os olhos e empurrei no susto. estava encostado na soleira da porta da cozinha, com os braços cruzados e um sorriso divertido no rosto.
- Você quer me matar, ? – desci da bancada com a mão no peito. Ao meu lado, tentava recuperar a respiração, a boca vermelha e, eu tinha certeza que a minha também estava da mesma forma.
- Agradeça por não ser . Vocês parecem que não tem juízo, querem mesmo ser pegos?
- Estávamos preparando o café e acabamos nos distraindo. – explicou.
- Eu percebi. – ironizou. Senti meu rosto queimar de vergonha. Não tinha nada mais embaraçoso do que seu melhor amigo pegar você aos amassos.
- Eu... Eu vou arrumar a mesa. – disse, e saí, levando alguns pratos e talheres comigo. No caminho, me deparei com Jake.
- Bom dia. – cumprimentou, pegando a louça de minhas mãos. – Deixe-me te ajudar.
- Obrigada.
Distribui os pratos e talheres em cima da mesa, enquanto Jake foi pegar alguns copos na cozinha.
- Então, como você tá? – perguntou, quebrando o silêncio.
- Bem. – murmurei. – Me desculpe por sumir ontem. Sua irmã me deu uns bons gritos por causa disso.
Ele riu.
- pode ser bem assustadora às vezes, mas ela não morde.
- Eu não duvido de nada quando se trata dela.
- Acho bom não duvidar mesmo. – disse, atrás de mim. Dei um pulo de susto.
- Viu? Ela surge quando a gente menos espera!
Os dois riram da minha cara. Revirei os olhos, mas acabei rindo junto. Logo, todos se reuniram e comemos em meio a conversas e risadas.
só apareceu quando já tinha terminado de comer. Ela parecia receosa ao se aproximar, mas meus amigos a chamaram para se juntar a nós e ela pareceu um pouco relaxada. Ao se sentar, notei que o olhar dela pousou em ao meu lado, e em seguida, ela olhou para mim. Eu sabia o que ela estava pensando, mas procurei não me importar com aquilo. Ela não falaria nada a ninguém, ainda mais se não tinha como provar.
O restante do dia e da tarde passamos na praia e na piscina. e inventaram de fazer um churrasco e ficou encarregado de comprar o necessário. Então, basicamente não precisei fazer nada além de pensar no encontro que teria com à noite.
De longe, pude ver e Jake conversando, e no fundo, fiquei feliz por ela ter alguma distração dentro daquela casa e, desde que ela ficasse longe de mim e de , estava tudo bem. e não se desgrudavam um minuto sequer. Toda vez que eu os olhava, eles estavam se beijando e aquilo já estava me dando nos nervos.
- Arrumem um quarto! – gritei.
- Deixa de ser invejosa, Mily – ela gritou de volta.
Grunhi e nadei até eles.
- Não estou com inveja. – revirei os olhos. – Mas, eu quero meu melhor amigo um pouquinho pra mim, dá licença?
Ela olhou para o e então bufou, finalmente o soltando.
- Tá, mas só um pouquinho. – e se afastou, nos deixando a sós. Impulsionei meu corpo, me sentando na beira da piscina. continuou na água.
- Não me leve a mal. Gosto muito de você e juntos, mas você quase não tem mais tempo pra sua melhor amiga aqui.
- Nem vem. Você passa o tempo todo se agarrando com o por aí! – acusou.
- Ei, isso não é verdade!
- Claro que é! Você que não percebe.
- Tá, tá. Nós dois nos distraímos com outras coisas e acabamos nos esquecendo de ser sociáveis.
- Isso eu posso concordar.
saiu da piscina e sentou ao meu lado.
- Você e , huh? Depois de todas aquelas brigas, vocês estão finalmente juntos.
- Não estamos juntos – fiz careta.
- Como não? Vocês vivem se agarrando pelos cantos da casa.
- Sim, eu sei. Mas não estamos juntos, juntos, entende? Ele pode ficar com outras garotas se quiser...
Ele olhou pra mim, parecendo surpreso com a minha declaração.
- Essa é nova. Tem certeza do que está fazendo? – perguntou preocupado. – Eu não quero que você se machuque mais uma vez...
- Está tudo bem – garanti. – Aliás, fui eu que quis assim.
- Tudo bem. Só... Tome cuidado, eu não quero mais te ver triste pelos cantos.
- Não se preocupe, isso não vai acontecer – sorri, o confortando.
- Ele me falou do encontro de vocês. – disse, de repente. – Veio me pedir ajuda. – se explicou. Ah, então era por isso que disse que tinha tudo sobre controle?
- O que você vai fazer? – perguntei, curiosa para saber do plano dos dois.
- Não se preocupe com isso, eu já combinei todos os detalhes com .
Cerrei os olhos, mas não insisti. Talvez fosse melhor que eu não soubesse o plano dos dois. Desviei o olhar de e olhei para frente, encontrando mais a frente com e perto da churrasqueira. Ele estava acendendo a churrasqueira, enquanto e apenas observavam e riam da falta de jeito dele. Sorri, achando graça. Já era de se esperar que não soubesse acender uma churrasqueira, não é como se churrascos na Inglaterra fossem algo comum e frequente. Como se soubesse que eu estava o observando, olhou para mim e deu uma piscadela, junto um sorriso que seria o suficiente pra tirar o meu folego.
- Ele mudou. – comentou, atraindo minha atenção. Ele também observava .
- Sim. – concordei. – Achei que só eu tinha percebido.
- Não, todo mundo percebeu, mas só eu e você sabemos a verdadeira razão por trás disso.
- Espera... – franzi o cenho. – Você acha eu sou a razão dessa mudança?
- Você não?
- Não... Quer dizer, sempre achei que ele fosse assim. Só estava escondendo quem ele realmente era por trás de toda aquela babaquice.
- Pode ser. – deu de ombros.
- Ele me faz bem. – desabafei. – Digo, depois de tudo o que eu passei com e , não achei que fosse conseguir ficar bem de novo. Mas quando tô com , a dor se vai e eu esqueço os problemas.
- Fico feliz que se sinta assim, de verdade – ele pôs sua mão sobre a minha, apertando-a carinhosamente. – Você merece ser feliz, Mily.
- Obrigada. Você é o melhor amigo do mundo.
- Eu sei. – ele sorriu, convencido.
- Babaca. – o empurrei com o ombro e ele riu.

A noite chegou mais rápido do que eu esperava e com ela o momento que eu vinha esperando a tarde toda: o meu encontro com .
Me olhei no espelho pela terceira vez em menos de dez minutos. Eu quase sempre estava satisfeita com o meu estilo ou com as minhas escolhas de roupa, mas, naquele momento, estava duvidando sinceramente do meu senso de moda. Talvez fosse só o nervosismo afetando o meu discernimento ou talvez eu só devesse mesmo vestir outra roupa.
Duas batidas na porta me deixaram saber que já estava aqui e não tinha mais tempo pra trocar de roupa. Respirei fundo, esquecendo as roupas por um momento, enquanto o nervosismo voltava com força. Peguei a bolsa em cima da porta e caminhei até a porta, respirando fundo antes de girar a maçaneta.
estava estonteante. Ele vestia uma camisa social e uma calça preta, os cabelos penteados... Ele estava simplesmente lindo. Como eu tinha conseguido que aquele homem se interessasse por mim? Essa era uma ótima pergunta.
Ele, por sua vez, também me analisava. Os seus olhos desceram pelo meu corpo, quase que me despindo apenas com o olhar. Em outro momento, eu me sentiria envergonhada, mas naquele momento eu estava lisonjeada.
- Wow .– ele finalmente disse. – Estou me segurando pra não te pegar e te arrastar pra cama agora mesmo. – Minha pele se arrepiou, foi inevitável. A voz de tinha um poder inimaginável sobre o meu corpo, chegava até ser vergonhoso.
- Por mais que a ideia seja tentadora, acho que podemos deixar isso pra mais tarde.
- Tem razão. – ele sorriu e esticou a mão direita para mim. – Vamos?
Ergui a mão para pegar a dele, mas hesitei ao lembrar que não éramos os únicos na casa.
- Eles não estão aqui. – disse, ao perceber minha hesitação. – saiu com eles pra algum parque.
- Ah, sério? – murmurei, desapontada. Eu queria ter ido ao parque também.
- Se você quiser, nós podemos ir encontrar com eles.
- Não! – disse rapidamente e peguei sua mão. – Prefiro sair com você.
Ele sorriu lindamente e começou a me puxar em direção às escadas. Ao chegarmos ao carro tivemos uma longa discussão sobre quem iria desistir e acabei que por deixar que ele fosse o motorista.
Apesar de não morar no Brasil, eu não precisei dar muitas coordenadas e ele parecia saber exatamente para onde estava indo, o que me deixou pensar que ele tinha feito esse trajeto antes. Não conversamos durante o caminho, eu, particularmente, preferi observá-lo dirigindo. Era incrível como ele conseguia ser charmoso de qualquer maneira.
- É estranho dirigir desse lado. Tenho a sensação que estou fazendo algo errado. – ele comentou em certo momento. Não fui capaz de responder, estava abobada demais o observando, para conseguir formular alguma resposta em minha mente.
Eu não deveria fazer isso, observá-lo feito uma virgem que nunca tinha visto um homem bonito na vida, mas não era algo que eu conseguia controlar e, ao que eu inflava o ego dele, eu podia sentir meu orgulho encolhendo e eu não sabia se isso era bom.
Estava tão perdida em pensamentos, que só vim perceber que tínhamos chegado ao cinema, quando a porta ao meu lado foi aberta por . Aceitei a mão que ele me oferecia e de mãos dadas caminhamos em direção ao cinema.
- Batman vs Superman? – ele perguntou, olhando os cartazes, parecendo perdido. - Você realmente não quer assistir esse filme. Só falou, porque é o único que dá pra entender – ri.
- É, você me pegou – ele coçou a nuca, parecendo sem jeito.
- Não se preocupe, vamos escolher um juntos. – disse e o puxei para olhar os outros cartazes.
Acabamos por escolher um filme de terror que eu estava louca para assistir. E eu consegui assistir... Os primeiros dez minutos. Depois disso, me distraiu e eu só consegui voltar à realidade quando os créditos subiram na tela e as luzes acenderam. Saímos da sala sob olhares julgadores, mas eu realmente não me importava com aquilo. Na verdade, eu e ele estávamos até rindo de alguns comentários que eu ouvi durante o nosso amasso e agora estava o contando.
- Eu não falo português, mas a maioria dos sussurros que ouvi era xingamento, certeza. – ele falou entre risadas.
- E eram! Mas é melhor você não saber, é feio até pra uma dama pronunciar. – respondi e ele riu.
Entramos no carro e, logo seguimos em direção ao nosso próximo destino. Liguei o rádio do carro e estava tocando "Cool For The Summer" da Demi Lovato. Não pensei duas vezes e aumentei o volume.
- Take me down into your paradise, don’t be scared cause I’m your body type… – fiz uma mão de microfone, enquanto mexia o corpo de acordo com a música. – Just something that we wanna try…
- Cuz’ you and I… We’re cool for the summer. – ele cantou perfeitamente. O observei, impressionada. E por acaso tinha alguma coisa em que não fosse perfeito? – Quê? – perguntou.
Balancei a cabeça, voltando à realidade. Eu precisava urgentemente parar com essa minha mania de encarar.
- Nada. Só estava observando o quanto você canta bem.
- E você canta super mal. – caçoou.
- Ei! – exclamei. – É assim que você trata as garotas que você sai? – coloquei as mãos na cintura, fingindo indignação.
- Oh, desculpe, madame. Não quis ofendê-la – respondeu, a voz extremamente irônica. Cerrei os olhos, mas acabei rindo com ele.
Logo chegamos ao restaurante e, assim como mais cedo, abriu a porta pra mim, como um perfeito cavalheiro e permaneceu com a mão grudada na minha enquanto adentrávamos o local.
- Eu me sinto impotente. – ele disse, enquanto entregava o cardápio ao garçom. Ele não tinha conseguido entender nada, assim como não tinha entendido no cinema e eu tive que pedir tudo para ele.
Ri, achando aquela situação toda engraçada.
- Eu estou me matando pra saber o que você faria, caso tivesse que fazer uma reserva antes.
- Na verdade, eu nem tinha pensado nisso. – ele fez careta. – Teria sido um péssimo encontro e nesse momento você me odiaria. – Ele arregalou os olhos, parecendo bem assustado com a ideia. Sorri, achando aquilo bonitinho. Aquele encontro significava tanto assim para ele? Era bom saber.
- Você deveria ter perguntado ao sobre o restaurante que ele levou a no outro dia. – disse, simplesmente.
- É verdade! Como eu pude me esquecer disso? – ele bateu a mão na testa, provavelmente se xingando de todos os palavrões existentes.
- Ei, não se preocupe com isso agora. – alcancei a sua mão por cima da mesa e ele a apertou.
- Me desculpe, é que, faz tanto tempo que eu fiz isso, que acho que esqueci. – se explicou.
- Está tudo perfeito, você não tem que se desculpar por nada. – sorrimos um pro outro e ele se inclinou para me beijar. Infelizmente, o beijo não durou muito, pois o garçom apareceu com as nossas comidas.
- Eu não acredito que você fez isso. – ele perguntou, impressionado.
- Fiz. Não é algo que eu me orgulhe, mas foi a primeira vez que eu fiquei com raiva de alguém.
- Eu nunca quero conhecer esse seu lado. – disse, com os olhos arregalados.
- Acho bom mesmo – ri.
Já havíamos terminado a comida e agora nos deliciávamos da sobremesa, enquanto eu o contava de uma vez eu que eu briguei com uma prima dentro da igreja. Tipo, briga mesmo. Foi o assunto do mês, se não do ano. - Aposto que as meninas nem chegavam perto dos seus namorados, com medo de apanhar. - Na verdade não. – ri timidamente.
- O que? Vai me dizer que os meninos não caiam aos seus pés?
Abaixei a cabeça, de repente me sentindo envergonhada.
- Só tive o , mais ninguém – disse baixo, mas ele escutou.
- Você tá falando sério?
Levantei a cabeça, encarando seus olhos azuis surpresos.
- Estou. – disse simplesmente. – Mas não foi porque outros homens não me queriam – esclareci. – O problema é que eu sempre tive olhos somente pro .
Ele suspirou, parecendo aliviado.
- Ufa. Eu já estava começando a pensar que os meninos daqui tinham algum tipo de problema.
- Ah, claro, falou o cara que provavelmente era o rei da escola e que não pode ver um rabo de saia passar.
- Ah, eu era mesmo o rei da escola. – um sorrisinho convencido surgiu em seus lábios – e, era sempre bom observar um rabo de saia, ainda mais quando o rabo de saia queria conhecer o superman
. Eu tive que colocar a mão na boca pra abafar a gargalhada que escapou de minha garganta. Me curvei sobre a mesa, tentando me controlar, pois estava em um ambiente público e as pessoas já estavam encarando. Ele tinha mesmo acabado de nomear o pênis dele de superman?
- Superman? – questionei, me segurando para não voltar a rir. me encarava com um sorriso divertido no rosto.
- O nome faz jus ao tamanho, pode confessar. – ele piscou maroto.
Meu Deus! Nada afetava o ego daquele garoto?
- Não vou confessar nada. – neguei com a cabeça.
- Ah é? Então, talvez eu te faça confessar depois...
- Isso é um desafio, seu safado?
- De jeito nenhum, senhorita . – os pelos do meu braço se arrepiaram ao ouvir meu nome, naquela voz com aquele sotaque britânico maravilhoso.
- Diz de novo. – me inclinei na mesa.
- O quê?
- Meu sobrenome. Eu acho incrivelmente sexy na sua voz.
- Ah, é? – ele se inclinou também, a boca dele ficando apenas milímetros da minha. Olhei para aquele pedaço de carne tão atrativa em tempo de vê-lo pronunciar meu sobrenome pausadamente. – ...
Não aguentei. Embrenhei minha mão em seus cabelos e o puxei para um beijo, sem me importar que estava em público e que, talvez, aquele beijo não fosse apropriado. Nada importava, o mundo que se explodisse, tudo que eu queria era beijar aquela boca maravilhosa.
Depois daquele beijo que deve ter deixado muita gente excitada naquele restaurante, o garçom nos expulsou da maneira mais educada possível. Eu e dividimos a conta – eu não aceitei que ele pagasse tudo sozinho – e, voltamos para casa comigo dirigindo.
- Cuidado, Mily. – exclamou, quando passei propositalmente no sinal vermelho. Ele segurava o banco fortemente, a expressão assustada no rosto.
- Deixa de ser medroso, . – caçoei. – Não tem quase ninguém na rua a essa hora. - Se eu soubesse que você dirigia feito uma louca, não tinha deixado você pegar no volante. Eu sou muito novo pra morrer!
Gargalhei, achando graça. Mas era um bunda mole mesmo.
- É claro que eu sei dirigir, . Só queria me divertir um pouquinho. – pisquei para ele.
- Olha pra frente, pelo amor de Deus! – exclamou, desesperado. Revirei os olhos. Não precisava daquele exagero.
Quando estacionei o carro em casa, pude escutá-lo suspirar de alivio. Em qualquer outro dia, eu me sentiria profundamente ofendida, pois eu dirigia muito bem. Mas, naquele dia em particular, o meu bom humor estava inabalável.
- Será que tem alguém em casa? – perguntei, enquanto nos aproximávamos da porta. - Provavelmente não – respondeu, notando as luzes ainda apagadas.
- É uma pena. Queria muito compartilhar com o seu ataque de minutos atrás. - Não foi ataque – se defendeu. – Você dirige mal.
- Mentira, eu dirijo muito bem – rebati. – Não tenho culpa se você gritou feito mulherzinha só porque eu atravessei uns sinais vermelhos.
Ele parou subitamente, me encarando com os olhos cerrados. Parei também sem entender, mas, assim que analisei a expressão dele, pude ver o meu erro.
- Eu gritei feito mulherzinha? – corei violentamente e ele deu um passo ameaçador em minha direção.
Droga. Nunca pôr a masculinidade de um homem no meio das conversas, ! Esses anos todos, e você ainda não aprendeu?
- Não, não. – me apressei em dizer, enquanto girava a maçaneta, ainda de costas. – Você é muito homem, foi um grito de macho.
Um lampejo de um sorriso surgiu no canto dos lábios dele, mas foi só por um instante. Eu sabia que ele estava se divertindo com o meu embaraço.
- Acho melhor você correr...
E eu corri. E gritei. E gargalhei. Não perdi tempo olhando se ele tava me seguindo e muito menos prestei atenção pra onde eu estava indo. Só sei que eu corri, enquanto ria e gritava ao mesmo tempo. Eu podia o escutar falando um pouco atrás de mim, mas não ousei olhar pra trás.
- Eu vou te pegar, .
E ele só não me pegou, como se jogou na piscina comigo nos braços. Agarrei seu pescoço e gritei, até a água abafar meu grito e eu ter que fechar a boca pra não engasgar. Não acreditava que ele tinha me jogado na piscina. Hoje eu iria cometer um homicídio.
Eu ia matar . Me soltei dele e emergi na água, escutando a risada dele. Tirei o cabelo do rosto e nadei até ele, furiosa.
- Não acredito que você fez isso. – grunhi, batendo nele sem me importar se ia doer ou não. – A água tá fria, seu idiota.
Ele segurou meus braços e me imprensou contra a beira da piscina, a respiração batendo no meu rosto. Prendi a minha respiração e virei o rosto, antes que eu fosse dominada por sua presença forte e seu cheiro impregnasse em minha pele.
- Não se preocupe... Eu te esquento... – devagar, ele passou o nariz na curva do meu pescoço e, em seguida, seus lábios tocaram minha pele já arrepiada pelo seu toque. Fechei os olhos fortemente, sabendo que não seria capaz de resistir. Meu orgulho era ferido diariamente por ele, mas meu consciente não parecia se importar com aquilo. Pelo contrário, meu orgulho amava ser dominado por ele e eu já não sabia dizer se aquilo era bom ou era ruim.
- Cachorro, cafajeste... – sussurrei e, em resposta, ele mordeu minha pele. Mordi o lábio inferior, desejando que fosse os dentes dele ali, mordendo meu lábio. – Eu odeio você.
Com a ponta dos dedos, ele puxou meu rosto para o seu e, eu pude ver seu sorriso, antes de seus lábios pressionarem os meus. Abri a boca, dando espaço para que sua língua entrasse e o beijo fosse aprofundado, subi a mão direita por seu ombro até a sua nuca e arranhei a pele, enquanto saboreava aquele beijo molhado e maravilhoso. Quando eu estava com , eu perdia a noção do tempo e do espaço, era como se nada ao redor existisse e era por isso que eu dizia que ele me fazia bem. Ele me fazia esquecer os problemas, de mim mesma, do mundo. Eu só não esquecia meu próprio nome, porque ele fazia questão de pronunciar com aquela voz grossa, rouca e com aquele sotaque britânico, bem no pé do meu ouvido.
Estava tão distraída, beijando aquela boca dos deuses, que não ouvi as vozes dos meus amigos quando eles chegaram e, muito menos os passos deles se aproximando da piscina e, quando vim perceber, era tarde demais.
- NÃO ACREDITO! E SE PEGANDO NA PISCINA, É ISSO MESMO PRODUÇÃO? – ouvi o grito histérico de e me afastei com os olhos arregalados. Bem atrás dela, estava , , , , Jake e . Olhei para e a sua expressão era tão assustada quanto a minha, então olhei pra pedindo socorro, mesmo sabendo que ele não tinha nada que ele pudesse fazer.
Eles tinham descoberto e agora eu ia ter que escutar o histerismo de no meu ouvido.
Eu tava completamente fodida.

Capítulo XV

Sabe quando você é uma criança e sua mãe te pega fazendo algo que não devia? Era exatamente como eu estava me sentindo naquele momento. Eu não sabia quantos minutos tinham passado desde que me pegara no flagra com , só sabia que minha expressão ainda era a mesma e, mesmo que eu tivesse aberto a boca mais de uma vez, nada tinha conseguido falar. O fato era que não dava pra acreditar no quão burra eu havia sido por ter permitido que aquilo acontecesse. Eu não tinha nada que tá me agarrando com na piscina daquela forma, sendo que qualquer um poderia chegar a qualquer momento. Eu merecia o prêmio de garota mais burra do ano.
- Vocês vão ficar aí com essas caras de quem viu um fantasma? – questionou de braços cruzados. – Vamos, eu quero uma explicação.
Olhei para mais uma vez e ele deu de ombros. Não tinha mais o que se fazer, eu teria que contar a verdade.
- Eu e estamos ficando.
- EU SABIA QUE ISSO IA ACONTECER. – ela gritou, pulando feito criança. Naquele momento era difícil distinguir se ela tava feliz por mim e ou se era por ela tá certa durante todo aquele tempo. – Espera... Há quanto tempo vocês tão se pegando? – perguntou, de repente.
Saí da piscina com a ajuda de e me entregou uma toalha qualquer para que eu pudesse me enxugar. Olhei para , que estava olhando de mim para , ainda esperando a resposta. Mordi o lábio inferior, me decidindo se deveria falar a verdade, pois sabia que ela ficaria puta comigo. Porém, eu também sabia que não deveria mentir pra ela. Minha amiga tinha faro pra saber quando eu estava mentindo ou falando a verdade.
- Já faz alguns dias... – falei baixo, mas ela escutou. Ela arregalou os olhos e, pela expressão de indignação que ela fez, eu sabia que ia escutar reclamações pelo resto da noite.
- COMO É QUE VOCÊ NÃO ME CONTA ISSO?
Fechei os olhos, sentindo meu ouvido doer com toda aquela gritaria. Era exatamente por esse motivo que eu não queria que ela soubesse.
- Será que dá pra parar de gritar? – reclamei.
- Amor, deixa a em paz. – interveio, e eu quase o abracei por isso.
- Não, não dá! Eu quero saber por que ela não me contou antes!
- É, e eu também quero saber por que não me contou nada. – falou, fazendo bico.
Revirei os olhos. Será que eu não podia ter minha vida privada sem ninguém querendo se meter e tomar explicações?
- Eu não vou contar nada pra ninguém. – falei, acabando com todo aquele papo chato e constrangedor. – Boa noite pra vocês.
E dito isso, marchei para dentro de casa e pra longe de todo mundo.
- , VOLTA AQUI! VOCÊ NÃO VAI DORMIR ANTES DE ME EXPLICAR ISSO.
Suspirei. É claro que ela viria atrás de mim, era de que estávamos falando. Apressei os passos, mas quando estava prestes a fechar a porta do quarto, ela apareceu e empurrou a porta, entrando de uma vez. Nossa, educação mandou lembrança!
- , eu não tenho nada pra explicar.
- Tem sim! – retrucou, cruzando os braços. – Eu sabia que você tava escondendo algo, só não sabia que era isso! Por que você não me contou nada?
- Por causa da sua reação! – joguei as mãos pra cima, exasperada. – Eu e não temos nada serio e eu não queria ninguém pegando no meu pé com isso.
- Nada sério? Vocês estavam se pegando minutos atrás na piscina e já faz dias que você esconde isso de mim e dos outros e agora você vem dizer que não é nada sério?
- Porque não é nada sério! – exclamei, exasperada. – Somos apenas amigos que se pegam casualmente.
Inesperadamente, ela riu. Melhor, gargalhou da minha cara. Fechei a cara e cruzei os braços, esperando por uma explicação.
- Você e amigos? – falou, rindo mais um pouco. – A partir daí já dá pra perceber que tem algo muito errado.
- Não tem nada errado! – retruquei. – A gente só se resolveu.
Um sorriso maldoso surgiu em seu rosto.
- Sei bem como vocês se resolveram.
Olhei para baixo, me sentindo constrangida e aquilo só fez com que risse mais ainda.
- Já terminou de tirar sarro da minha cara? – perguntei, começando a ficar irritada. – Porque eu quero muito tirar essa roupa molhada, antes que eu pegue um resfriado. Segundos depois eu percebi o erro que foi mencionar as minhas roupas molhadas. me olhou de cima à baixo e um lampejo de esclarecimento apareceu em sua expressão.
- Espera um pouco... – começou e eu sabia que ela iria surtar novamente. – Se você estava vestida assim, mas não estava no parque com a gente e, obviamente o também não estava então, onde é que vocês estavam? – perguntou, me fitando com curiosidade. Fechei os olhos, me xingando mentalmente por ser tão burra.
- A gente foi ao cinema.
- Tipo, um encontro? – perguntou. Assenti, não adiantaria mentir mais. – E você ainda diz que não é nada sério?
Suspirei. Ela não desistia? - Sinceramente, a gente pode falar sobre isso amanhã? – pedi. – Estou cansada e morrendo de frio.
Ela cerrou os olhos, desconfiada.
- Tudo bem, mas não pense que se safou dessa. Amanhã a gente termina essa conversa.
Assenti. Ela caminhou até a porta e saiu do quarto, finalmente me deixando sozinha. Calmamente, tirei a roupa que vestia e deixei jogada no chão mesmo, daria um jeito nelas no dia seguinte. Tomei um banho rápido, apenas para esquentar o corpo, vesti um pijama e me deitei na cama.
Encarei o teto, pensando em tudo o que tinha acontecido hoje. Agora não adiantava mais chorar por ter sido pega. Uma hora ou outra aquilo ia acontecer, mas poderia ter demorado mais um pouco se eu não fosse tão descuidada.
Não me demorei pensando naquilo, no entanto, meus pensamentos logo foram desviados para a maravilhosa noite que eu tinha tido ao lado de . Já fazia alguns dias que eu vinha conhecendo um completamente diferente, mas era inevitável ficar cada vez mais encantada com ele a cada momento que passávamos juntos. Me peguei rindo ao lembrar de seu momento atrapalhado no restaurante e, depois, do seu ataque histérico por causa da forma que eu dirigia. Eu imaginava o quanto poderia ser difícil pra ele planejar um encontro em um país no qual ele sequer entendia a língua, mas o esforço dele foi o que fez tudo valer a pena.
Estiquei-me para apagar a única luz que vinha do abajur e me ajeitei na cama, cobrindo o corpo com o lençol fino. Fechei os olhos, me sentindo completamente em paz e, em poucos minutos, adormeci.
- Bom dia. – cumprimentei meus amigos, assim que adentrei a cozinha. Todos estavam sentados à mesa, tomando café da manhã. Sentei-me na única cadeira vazia, de frente para , que, quando percebeu minha presença, me encarou com um sorriso discreto que somente eu percebi.
- Bom dia, . – respondeu.
- É, , bom dia... Dormiu bem? – se intrometeu, a voz um tanto quanto amarga. Revirei os olhos. Ela ia me encher o saco pelo resto das férias.
- Amor... O que nós conversamos? – a repreendeu. bufou em resposta e enfiou uma grande quantidade de torrada na boca. Só pra controlar a namorada implicante dele.
- Quais são os planos pra hoje? – perguntou. Conhecendo minha amiga, eu diria que ela estava desesperada pra mudar de assunto.
- Não tenho ideia. – murmurei, antes de colocar uma torrada na boca.
- Que tal a gente decidir o que a gente vai fazer pra comemorar o ano novo? – deu a ideia.
- Nós podemos dar uma festa na praia! – sugeriu.
- Uma festa com apenas nove pessoas?
- Por que não? Nós podíamos armar algumas barracas, acender uma fogueira, cantar algumas músicas, beber... Vai ser legal.
- Pensando por esse lado, é mesmo uma boa ideia – se animou.
- É, tirando o fato de que não temos nada dos equipamentos necessários aqui.
- Podemos comprar. Eu conheço um lugar que tem tudo e é super barato. – falou, de repente. Todos olharam pra ela, provavelmente surpresos por ser a primeira vez que ela falava.
- É uma boa ideia. pode ir com você. – ofereceu, de repente. Olhei para ela, desejando que ela morresse naquele momento. Ela estava ficando louca?
Ela retribuiu o meu olhar e um sorrisinho vitorioso surgiu em seus lábios. Sério que ela tava querendo me punir por não ter contado a ela sobre ?
- Não, eu vou com ela. – Jake interveio e eu contive um suspiro de alívio. A última coisa que eu queria era ter que passar algumas horas no mesmo lugar que .
- Eu e podemos ir comprar as bebidas e as comidas – disse e foi a vez dela me olhar e me fuzilar com os olhos. Quem iria ter uma conversinha com ela agora era eu.
- Por que você não vai com ? – retrucou.
- Porque eu quero ir com você.
- Já chega vocês duas. – nos repreendeu.
- Foi ela que começou. – falamos ao mesmo tempo, cruzando os braços. A situação seria bem cômica se eu não estivesse tão irritada.

Depois do café, saiu com e eu com , mas para direções opostas. Entramos no meu carro em silencio e assim se seguiu por boa parte do caminho, até que eu não aguentei mais.
- Qual é o seu problema? – questionei, assim que parei no sinal.
- Como? – ela retribuiu o olhar.
- Qual é o seu problema? – repeti. – Você me empurrando pra sair com a mais cedo. Tem noção do quanto aquilo foi ridículo?
- E você escondendo o seu relacionamento de mim não foi ridículo? Eu pensei que éramos amigas.
- É sério isso? Você ta tentando me punir por não ter contado sobre ? – ergui a sobrancelha, sem acreditar.
- Você tinha que ter me contado.
- Não, eu não tinha e eu não me arrependo de não ter contado.
Ela me olhou por um instante e, em seguida, virou a cara, me ignorando completamente. Suspirei. O que custava entender que eu não queria ninguém se metendo na minha vida amorosa?
- Olhe, eu e não temos nada sério. Eu não contei nada, porque eu já sei da sua opinião sobre o assunto e eu não queria ficar escutando um “eu sabia que vocês iam acabar ficando” vindo de você ou dos outros. Eu também não queria especulações sobre nós, por que nós não vamos namorar.
- Para com isso. – retrucou de forma indignada. – Você disse que nunca ia se envolver com ele e olha o que você tá fazendo. Então, para de dizer que não vai fazer algo que você não tem certeza.
- Eu e não estamos envolvidos emocionalmente. É isso que quero dizer. Ficamos de vez em quando, nos tornamos bons amigos, nos divertimos juntos, mas é só isso. – suspirei.
- Então por que não contou nada? Não dá pra entender isso.
- Eu já disse! Porque não é nada sério e eu não queria ninguém se metendo. Isso não é tão difícil de entender.
não respondeu. O sinal ficou verde e eu voltei a me concentrar no trânsito, desistindo completamente de continuar aquela conversa. Não iria ficar tentando me explicar pra ela. Se ela não queria entender, o problema era dela, não meu.
- Eu consigo entender o que você quis dizer – ela disse de repente. – Eu só não gosto que minhas amigas escondam as coisas de mim.
- E eu sinto muito por isso. Você sabe que eu te conto tudo, mas, dessa vez, eu preferi guardar pra mim.
- Eu entendo. Me desculpe por ter sido uma estupida com você.
- Tudo bem. Eu também ficaria chateada comigo se estivesse no seu lugar.
Ela colocou a mão por cima da minha, apertando-a em um gesto de desculpas. Olhei para ela de relance e sorri, me sentindo aliviada por ter me acertado com ela.
- Me desculpa também por ter te empurrado pra sair com a .
- Eu quis te matar por isso – disse e ela riu. – Sorte sua que o Jake se ofereceu para ir no meu lugar.
- É... Eu acho que ele gosta dela.
- Sério?
Estacionei o carro no estacionamento do supermercado e saí do veículo; fez o mesmo.
- Sim. Eles ficaram bem próximos desde que ela voltou.
- Eu acho isso ótimo – peguei um carrinho e o empurrei para dentro do supermercado. – Sério. Jake merece uma garota legal e é perfeita pra ele.
Ela cerrou os olhos pra mim.
- Você só tá dizendo isso porque se ficar com meu irmão, isso significa que ela vai ficar longe de .
- Não mesmo – neguei com a cabeça. – Só porque eu e tivemos problemas, não significa que eu vou desejar que ela não seja feliz.
- Eu sei disso, mas... Não negue que você vai se sentir aliviada caso eles fiquem juntos. - Prefiro não pensar nisso como alívio, até porque eu sei que não queria nada com ela e além do mais, seu irmão estava sendo insistente e eu não aguentava mais dar fora no coitado.
- É, meu irmão pode ser bem insistente quando ele quer, mas, ainda bem que você resistiu, porque agora seria pior e eu não queria vê-lo machucado.
- Eu nunca magoaria seu irmão, Beck. Se eu não estivesse enrolada com , quem sabe, talvez eu e ele pudéssemos dar certo, mas eu sei que seu irmão não é o tipo que se envolve com uma garota que já está enrolada com outro então mantive distância.
- E eu te agradeço por isso, de verdade e peço desculpa também porque sei que algumas vezes agi de forma que deu a entender que eu achava que você não era boa o suficiente pro meu irmão.
- Não, eu entendo perfeitamente. Você só estava protegendo-o – a abracei de lado. – Agora vamos terminar essas compras, que eu estou louca pra voltar para casa.
Ela assentiu e empurramos o carrinho para a próxima seção.

Xxx


Os dias passaram em total paz. Pela primeira vez desde que viajei pra Londres, minha vida não estava tão bagunçada. Eu e voltamos a viver em paz, sem alfinetar uma a outra e parte disso eu agradecia a Jake. Eu estava plenamente satisfeita por ver o quanto os dois estavam felizes juntos. Chegamos até a trocar algumas palavras enquanto fazíamos a limpeza da casa antes de irmos acampar na praia. Todos estavam bastante animados e eu não estava muito diferente deles.
- Amor, solta isso um pouquinho e me dá atenção – Jake pediu de forma manhosa, abraçando por trás. Ela abriu um sorriso e olhou para mim, antes de responder o namorado.
- Tenho que terminar isso aqui antes de ir. Você não devia estar armando as barracas com os outros?
- Já terminamos e vocês ainda estão aqui nessa cozinha.
- Então, já que terminaram, venha nos ajudar – joguei o pano para ele.
- Nada disso, senhorita – ele balançou a cabeça e jogou o pano de volta pra mim. – Pede para o seu namorado aí que ele não ajudou em quase nada – respondeu e antes que eu olhasse para trás, os braços de me envolveram, me abraçando por trás.
- Ele não é meu namorado.
- E eu ajudei em muita coisa – se defendeu. – Agora, se vocês não se importarem, eu vou sequestrar a minha não-namorada – disse, já me puxando para fora da cozinha. - Ei! Quem é que vai me ajudar aqui? – protestou.
pegou o pano que eu ainda segurava e jogou para Jake.
- Tenho certeza que meu amigo Jake não vai se importar de te ajudar – ele piscou e voltou a me puxar sob protesto dos dois e risadas de minha parte.
Não prestei atenção para onde ele estava me levando, mas a minha risada se desfez quando ele me empurrou contra uma parede e avançou, me beijando com um pouco de pressa. Envolvi meus braços ao redor de seu pescoço e deixei que ele me beijasse de maneira apropriada enquanto minha mão bagunçava o seu cabelo da maneira que eu sabia que ele gostava. Ele apertava o meu corpo com veracidade e me beijava como se não o fizesse a muito tempo. Eu gostava, tinha que admitir.
- Tudo isso era saudade? – perguntei quando ele passou a beijar o meu pescoço, me dando tempo para respirar.
- Você não faz ideia. Esses dias quase não ficamos juntos, você não imagina o quanto eu me segurava para não te agarrar toda vez que eu te via.
- E porque não fez isso? Todo mundo já sabe mesmo...
- Porque eu sabia que se te pegasse, não iria ficar só nos beijos.
Soltei uma risada.
- E quem disse que eu iria querer que ficasse só nos beijos? – provoquei. Ele mordeu meu ombro descoberto em resposta.
- Droga, agora eu quero te comer aqui mesmo. Você me deixa maluco, .
Ri mais uma vez e o puxei para mais um beijo. era mesmo um safado, mas eu adorava e ele sabia disso. Eu sempre estrava entregue à ele em momentos como esse, não tinha pra onde fugir. Eu faria tudo o que ele quisesse e, se ele quisesse me comer aqui, ele teria carta branca pra isso. A verdade pura e simples é que eu não conseguia me controlar ou me conter quando o assunto era , porque meu corpo parecia ter vida própria e respondia por si só.
- Arrumem um quarto pelo amor de Deus! – ouvi a voz de . parou de me beijar e olhou para minha amiga, que estava acompanhada de .
- Está com inveja, ? – sorriu maliciosamente. – Talvez eu possa ensinar algumas coisas para o te pegar de jeito.
ficou vermelha como um tomate, assim como .
- Vai se foder, – retrucou e saiu acompanhada pelo namorado.
- Você não presta mesmo, – disse, rindo.
- Que foi? Eu estava quieto – respondeu, fingindo inocência.
Cerrei os olhos, mas acabei rindo. era mesmo impossível.
- Vamos. Vou ver se a precisa de ajuda e vou me arrumar para mais tarde – tentei sair, mas ele me manteve presa.
- A essa altura ela deve estar no maior amasso com Jake na cozinha, não precisa de ajuda. Fica aqui...
- Não faz isso. – pedi, quando ele voltou a beijar meu pescoço. – Você sabe que esse é meu ponto fraco.
- Estou conseguindo te convencer?
- Não, nenhum pouquinho – murmurei. – Eu realmente tenho ajudar a Máah.
Ele suspirou e finalmente me soltou.
- Tudo bem, mas mais tarde eu te pego de jeito.
- Mal posso esperar por isso, senhor – mandei beijos no ar e voltei para cozinha, deixando-o boquiaberto.

O fim da tarde chegou e, com isso, nos reunimos em volta a uma fogueira na praia. O sorriso no rosto dos meus amigos refletia o meu próprio. Eu estava ansiosa e animada pra celebrar a chegada de um novo ano pela primeira vez, porque significava que seria mais um ano com eles, as pessoas que agora fazem parte da minha nova vida.
apareceu com um violão em mãos e se sentou ao lado de . Minha amiga imediatamente deu um pulo e pegou o instrumento dele com um sorriso largo no rosto.
- Eu estou tão animada hoje que faço questão de tocar pra vocês.
- E desde quando você toca? – perguntou , demonstrando surpresa.
- Desde sempre – ela deu de ombros. – Só nunca contei pra ninguém.
- Eu trouxe as bebidas – apareceu segurando uma caixa térmica. – E, por favor, não deixem cantar e prejudicar a minha preciosa audição.
- Muito engraçado, – ela retrucou. – Mas eu disse que iria tocar e não cantar.
abriu a boca para responder, mas nada saiu, o que fez com que um monte de vaias partisse de , e enquanto eu e os outros só fazíamos rir.
- Depois dessa você que vai cantar pra gente, . – disse Máah, ainda rindo assim como o restante de nós.
- Eu? – ele arregalou os olhos. – De jeito nenhum.
- Por que não? Você canta bem – intervi. Ele realmente tinha uma voz muito bonita.
- Não vou cantar – afirmou, balançando a cabeça negativamente.
- Vai sim – disse em forma de ordem. – Fim da discussão.
bufou, mas não reclamou mais. Sério, eu tinha inveja da por ter tamanho poder sobre esses garotos. Um dia eu ainda descobriria como ela fazia isso.

Endireitei-me no tronco quando ouvi os primeiros acordes de uma música bastante conhecida por mim. Depois de alguns segundos, começou a cantar e quase que de imediato senti-me presa a ele, o observando. A voz dele era realmente linda e, mesmo que ele não estivesse olhando diretamente pra mim, eu me sentia hipnotizada e não conseguia tirar os olhos dele por nada nesse mundo.
Na verdade, era assim que eu me sentia toda vez que olhava pra ele: hipnotizada e incapaz de prestar atenção a qualquer coisa a meu redor que não fosse ele. E então ele olhou pra mim e eu senti o chão aos meus pés desaparecerem e meu coração acelerar, assim como aquelas malditas borboletas que insistiam em fazer festa na minha barriga. Era incrível o quão patético aquilo soava, mas eu não ligava por que de certa forma aquele sentimento era bom e eu não queria que aquilo desaparecesse.
A música terminou, mas nenhum de nós dois desviamos o olhar, ambos estávamos presos na nossa própria bolha e, se não fosse nossos amigos chamando a nossa atenção, iriamos permanecer naquela posição nos encarando pelo resto da noite.

- O que foi aquilo na fogueira? – me abordou antes mesmo que eu chegasse perto da beira do mar.
- Aquilo o quê? – perguntei, sem entender.
- A troca de olhares entre você e o !
- Ah...
- ! Você tá apaixonada?! – tinha certeza que aquilo era pra ter sido uma pergunta, mas soou mais como uma afirmação.
- Que? Não! Tá louca?
- Eu não estava perguntando e sim afirmando. – viu?
- Minha resposta continua sendo a mesma. Eu não estou apaixonada!
- Tá sim! E ele também tá apaixonado por você!
- Não seja ridícula, . Não tem ninguém apaixonado aqui.
Ela suspirou.
- Se você tá dizendo, não vou insistir.
- Não tem no que insistir. – dei de ombros e ela saiu de perto de mim revoltada. Ri, achando aquela atitude engraçada. Eu? Apaixonada pelo ? Pff, até parece.
Aproximei-me da beira do mar e molhei meus pés. Atrás de mim, perto da fogueira meus amigos faziam a festa, bebendo e rindo alto provando o quanto eles já estavam super bêbados. Apesar de ter bebido algumas cervejas e algumas doses de algo que eles me deram, minha sobriedade ainda estava comigo e eu queria que se mantivesse assim, pelo menos até a contagem regressiva começar.
Senti sua presença antes mesmo que ele envolvesse seus braços ao meu redor e puxasse meu corpo para perto do seu. Inspirei fundo, sentindo o cheiro maravilhoso dele entrar por minhas narinas. Eu nunca me cansaria do cheiro de .
- Um beijo pelos seus pensamentos – ele murmurou perto de minha orelha.
- Estava pensando no quão vocês todos já estão super bêbados e eu sou a única parcialmente sóbria.
- Estou desapontado. Pensei que você estava pensando no quanto eu sou gostoso, lindo e maravilhoso.
Ri antes de me virar para ele e passar os braços ao redor do seu pescoço.
- Você é muito convencido.
- Ué, eu falei alguma mentira? – arqueou uma sobrancelha, como se me desafiasse a negar que ele era todas aquelas qualidades. Eu, por outro lado, não respondi; ele não precisava que eu confirmasse algo que ele já sabia. Com um sorriso esperto nos lábios, enterrei meu rosto em seu pescoço e inalei seu cheiro mais uma vez, antes de começar a distribuir alguns beijos por ali. Ele apertou levemente minha cintura em resposta e eu sabia que ele estava gostando do carinho.
- Essa é sua forma de responder que eu não falei nenhuma mentira? – Sorri contra sua pele e suguei-a, deixando um belo chupão naquela parte em específico. – Vou entender isso como um sim.
Me afastei um pouco, apenas pra olhá-lo nos olhos.
- Por que você não cala a boca logo e me beija? – ele me olhou parecendo surpreso com a pergunta, mas logo um sorriso surgiu em seus lábios.
- Seu pedido é uma or... – não deixei que ele terminasse. Colidi nossos lábios de uma vez, iniciando um beijo prontamente correspondido por ele. Era incrível porque mesmo que tivesse tido um momento juntos durante a tarde, não tinha sido o suficiente para que eu matasse a saudade daqueles lábios. Eu me encontrava totalmente dependente dos beijos e toques de e, em alguns momentos eu considerava se aquilo era saudável ou não, mas todos aqueles questionamentos sumiam quando ele me tocava e sua língua entrava em contato com a minha. Nossos lábios se separaram e eu afundei o rosto em seu peito, mantendo-me abraçada a ele. O vento frio batia em minha pele, mas não causava o efeito que faria caso eu não estivesse envolvida pelos braços de . Da posição que eu estava, dava perfeitamente para ouvir as batidas do coração dele e, por um momento, senti vontade de saber o que ele estava pensando, se eu era a razão pelo qual os batimentos de seu coração estavam frenéticos.
- Você está muito calada hoje – ele quebrou o silêncio que tinha se instalado entre nós. – Está tudo bem?
Me afastei para olhá-lo, encontrando sua feição ligeiramente preocupada. Sorri, achando fofo o fato dele se preocupar comigo.
- Estou bem. Só não estou muito falante hoje. Acontece.
Ele me analisou por um momento e suas feições relaxaram.
- Quer dar uma volta?
- Por favor.
Ele entrelaçou nossos dedos e me puxou na direção oposta da qual os meus amigos continuavam rindo e bebendo. De longe pude ouvir a voz de gritando "usem camisinha", seguido de alguns gritinhos dos outros. riu, mas não disse nada. Bem, eu não era a única que estava calada essa noite. Além de que ele ainda não tinha dito nenhuma frase de duplo sentido nesses últimos minutos isso era completamente anormal.
- O que está pensando? – resolvi perguntar, quando percebi que ele não falaria nada. Ele não respondeu de imediato. Olhei para o seu rosto e ele comprimiu os lábios, como se estivesse ponderando se deveria me responder ou não. Resolvi não o pressionar por uma resposta, quando ele quisesse falar, ele falaria.
- Estou pensando na confusão de sentimentos que você me causa – ele sussurrou como se estivesse confessando algo muito secreto. Arregalei os olhos surpresa, e meu coração acelerou em expectativa.
- Sentimentos?
- Não vou dizer que estou apaixonado por você, não me entenda mal. – "claro que não", pensei. – Não sei explicar também, só sei que você me faz sentir algumas coisas que nunca senti antes e isso meio que me assusta.
Desviei o olhar sem saber o que responder. Por um lado, estava aliviada por saber que aquela não era uma declaração, mas por outro, no fundo do meu ser, um pedacinho de mim gostaria que ele sentisse algo por mim, mesmo que eu não me sentisse da mesma forma. Aquilo me fazia uma pessoa egoísta? Talvez.
- Você também me faz sentir coisas que eu nunca senti antes por alguém – resolvi confessar. Eu realmente sentia algo por ele, apesar de não achar que fosse amor ou algo do tipo. – Você acha que a gente devia...
- Não! – ele respondeu rapidamente, antes que eu concluísse meu pensamento. – Eu não quero voltar a estaca zero com você. Não importa como eu me sinta, eu quero poder te ter e te tocar quando eu quiser.
Olhei para ele sem saber o que responder. Eu não queria contrariá-lo e, apesar de uma vozinha em minha mente insistir que era isso que eu deveria fazer, optei por ignorar e deixar aquele assunto de lado. deveria estar pensando a mesma coisa que eu, pois ele deu de ombros e continuou a andar, ainda segurando minha mão.

xXx


- Temos que voltar. Os nossos amigos devem estar... – os lábios de voltaram a tocar os meus, me impedindo de terminar a frase. Seu corpo prensava o meu urgentemente contra o troço da árvore, seus lábios praticamente devorando os meus e frustrando a minha terceira tentativa de falar que deveríamos voltar para junto dos nossos amigos. Eu não tinha nenhum relógio comigo, mas era quase certo de que só faltavam alguns minutos para que a contagem regressiva começasse. Quando ele voltou a concentrar seus beijos em meu pescoço, forcei minha mente a pensar claramente e espalmei minhas mãos em seu tórax, o empurrando levemente. – ...
- Tá bom... – ele suspirou, derrotado e se afastou, me deixando respirar novamente. – Mas depois da contagem regressiva você é minha. – ele tocou meu rosto enquanto me encarava profundamente. – Eu preciso de você.
Ele falou aquilo com tamanha precisão que todos os pelos do meu corpo arrepiaram. Assenti abobadamente e deixei que ele me arrastasse pelo caminho do qual tínhamos vindo.
- ATÉ QUE FIM OS POMBINHOS VOLTARAM. – gritou, assim que me viu. Ela estava visivelmente alterada, ainda mais do que quando saímos para dar uma volta.
- Vocês chegaram bem na hora – disse Jake, enquanto entregava uma lata de cerveja a mim e a . – Já vamos começar a contagem regressiva.
Uma música eletrônica e super dançante tocava e não tentei identificar de onde ela vinha, só me juntei a meus amigos e me pus a dançar enquanto contávamos os segundos para o início do próximo ano.
- CINCO... QUATRO... TRÊS... DOIS... UM – gritamos em conjunto, sendo acompanhados pelos barulhos dos fogos que vinha de algum lugar ali perto. Meus amigos começaram a se abraçar e me juntei a eles, os abraçando e me sentindo imensamente feliz por tê-los ali comigo.
- Silêncio, por favor. – gritou e olhamos para ela em conjunto. – Eu queria agradecer a nossa amiga , por ter nos trazido pra esse lugar maravilhoso e por ter entrado na nossa vida – ela falou meio embolado devido ao alto nível de álcool que ela tinha no sangue. Os outros gritaram em concordância e eu ri, me sentindo mais feliz que nunca.
- E, claro, não podemos nos esquecer dessa bebida que ela nos comprou. – completou, fazendo-me rir.
- Eu quero agradecer por ela ter me apresentado essa menina incrível. – disse, apontando para .
Sorri, assim como minha amiga. Meus amigos mesmo bêbados, não perdiam a sua essência e era isso que os faziam tão especiais.
Logo que os agradecimentos passaram, voltamos a dançar e beber como se não houvesse amanhã. O sorriso não saia dos meus lábios um minuto sequer e mesmo que estivesse somente eu e meus oito amigos ali, aquilo era o suficiente pra mim. Eu não precisava de mais nada.

Não sei quanto tempo passou até eu sentir os braços de me envolver minha cintura. Seu corpo colou ao meu, acompanhando meus movimentos de acordo com o ritmo da música. Fechei os olhos ao sentir os dedos dele dedilharem minha cintura por cima do vestido. Foi questão de tempo até que os lábios dele tocassem meu pescoço.
Arfei e joguei a cabeça pra trás, dando mais espaço para que os lábios dele explorassem minha pele.
- Eu disse que você seria minha depois da contagem regressiva. – ele murmurou contra minha pele. – E já se passaram horas depois disso... – segurei a gola de sua camisa, o puxando para mais perto. – Ah, ... O que eu faço com você?
- Eu acho que você sabe. – soprei, sentindo a excitação tomar conta do meu corpo. Eu precisava de da mesma forma que ele precisava de mim. Não havia dúvida disso.
- Boa resposta. – ele me olhou sorrindo maliciosamente e começou a me puxar em direção as barracas.
Nossa barraca era um pouco afastada das outras e eu não sei se foi de propósito, mas eu sabia que aquilo nos daria um pouco mais de privacidade para fazer o barulho que quiséssemos sem chamar atenção. abriu o zíper e se afastou para que eu entrasse, entrando logo em seguida. Não esperei para ver se ele tinha fechado o zíper completamente, o puxei para mim, chocando nossas bocas com veracidade. Enquanto nos beijávamos, meu corpo foi repousado no chão, fazendo com que ficasse por cima de mim. Minhas mãos foram diretamente para sua camisa, puxando a peça para cima e ele parou o beijo apenas para que a peça fosse arrancada completamente e jogada em algum canto da barraca. Os dedos ágeis dele engancharam em cada lado das alças do meu vestido e a peça foi puxada pra baixo lentamente ao mesmo tempo em que ele cobria cada parte exposta com beijos. Logo, seus lábios tocaram a parte sensível de meus mamilos e eu arqueei o corpo em resposta, gemendo de prazer. sabia exatamente cada ponto fraco meu, ele sabia exatamente como me deixar molhada fazendo pouco e aquilo era algo completamente indescritível e bom...
Muito bom.
- ... – embrenhei meus dedos nos fios de seu cabelo, puxando-os levemente. Seus lábios deixaram de tocar meus mamilos e ele avançou em meus lábios, sugando-o antes de iniciar um beijo cheio de desejo. Aproveitei o ato para deslizar minhas mãos por seu corpo até suas calças, adentrando a mesma e apertando suas nádegas precisão. Meu gesto fez com que nossas intimidades ainda cobertas se tocassem e gemeu contra meus lábios, o membro dele parcialmente duro.
As mãos de voltaram a percorrer meu corpo, descendo pela minha cintura até onde se encontrava o meu vestido parcialmente tirado e a única peça que cobria minha intimidade. Os lábios dele escorreram por meu corpo, parando demoradamente nos meus seios e depois descendo cada vez mais para baixo. Remexi-me em expectativa, quando ele começou a abaixar o restante de minhas roupas. Eu sabia onde aquilo iria dar e só com o mero pensamento minha intimidade pulsava de desejo. Assim que estava livre das roupas, subiu as mãos lentamente por minhas pernas, afastando-as e deixando-as bem abertas para que ele pudesse ter total acesso. O observei em completo êxtase, enquanto ele retirava as próprias roupas com um sorriso sacana nos lábios e se protegia devidamente antes de se aproximar de mim novamente. agarrou minhas coxas e se encaixou entre minhas pernas e seu membro duro encostou em minha intimidade. Joguei a cabeça para trás e mordi os lábios, reprimindo o gemido e aproveitou aquele momento para me penetrar rápido e prazeroso. Sua voz rouca gemeu meu nome e ele se curvou para que pudesse me beijar e explorar mais meu corpo com seus lábios e mãos.
- ... Você é tão... Gostosa. – resmungou ele. O pênis dele entrava e saia em um delicioso vai e vem e nossos gemidos ecoavam dentro da barraca, onde ninguém além de nós dois poderia escutar.
foi o primeiro a chegar ao ápice. Um gemido rouco escapou de sua garganta e ele investiu mais rápido, até que eu atingisse meu máximo da forma mais extraordinária possível. O sentimento de prazer se alastrou por todo o meu corpo e meu coração batia fortemente. enterrou o rosto em meu pescoço, a respiração tão pesada quanto a minha e ficamos nessa mesma posição por incontáveis minutos. Os primeiros sinais de claridade começaram a aparecer fora da barraca e eu pude ouvir meus amigos conversando enquanto eles provavelmente decidiam que era hora de dormir. O silêncio logo voltou a se instalar dentro e ao redor da minha barraca e finalmente saiu de cima de mim e se deitou ao meu lado.
- Achei que estivesse tentando me matar sufocada. – brinquei. Ele riu pelo nariz e envolveu minha cintura, me puxando para perto de si.
- Eu só gosto de sentir seu cheiro depois do sexo. – Aquilo me pegou desprevenida. Meu rosto esquentou e ele riu, se divertindo com o meu embaraço. – E certamente também gosto de te ver sem palavras.
- Já percebi isso. – aconcheguei minha cabeça em seu peito e suspirei, já sentindo os primeiros sinais de sono. – Vamos encerrar a sessão "deixando a com vergonha e sem palavras" por hoje e ir dormir.
- Geralmente eu tentaria te convencer do contrário, mas estou começando a ficar com sono – ele puxou um lençol de algum lugar e nos cobriu.
- Boa noite. – murmurei. Senti seus lábios encostarem no topo da minha cabeça e sorri involuntariamente.
- Boa noite, princesa.
Fechei os olhos e me entreguei ao sono, sentindo que esse ano as coisas seriam diferentes e, que eu finalmente teria a paz que merecia.

Alguns dias depois...

- Não dá pra acreditar que as férias já acabaram e amanhã começa tudo de novo. – falou ao sentar na mesa carregando um pacote com batatas fritas em suas mãos.
Tínhamos voltado do Brasil há exatamente dois dias e, agora estávamos sentadas em uma das mesas que tinha ao redor do campus.
- Tudo que é bom, dura pouco, você sabe... – disse. – Mas apesar de tudo, estou ansiosa pra o começo das aulas.
- Você só pode estar louca. – disse indignada.
- Estou falando sério. Pra mim é muito empolgante o começo de um novo período.
- , acho que você bateu a cabeça ou tanto sexo com o tá te fazendo mal. - Que nada a ver! – não acreditava que se quer considerava aquela opção como válida. Sexo era uma coisa extremamente saudável.
- Por falar no ... Onde ele está?
- Não sei – dei de ombros. – Não o vejo desde que voltamos.
- Talvez ele esteja por aí com alguma menina, você sabe...
Revirei os olhos. Desde que ela afirmou que o estava apaixonada por na praia no réveillon, vem dando indiretas que estava com outra garota sempre que ele não estava por perto. Era mais que óbvio que ela estava tentando fazer com que eu sentisse ciúmes e assumisse algo, mas eu não era tão idiota assim e me recusava a cair nos joguinhos dela. Abri a boca pra respondê-la com o mesmo discurso e sempre, mas fui interrompida pelo toque do meu telefone. Arqueei a sobrancelha em confusão quando vi um número desconhecido brilhar na tela. Levantei-me da mesa e me afastei, para que pudesse atender a ligação.
- Alô?
- Senhorita ?
- Sim, é ela. Quem fala?
- Aqui é Sarah da loja Dress & Shine. Você deixou um currículo há algumas semanas e gostaríamos de saber se a senhorita ainda está interessada no emprego.
Abri um sorriso surpreso. Eu sequer lembrava que tinha procurado por emprego antes de viajar.
- Claro! Estou muito interessada.
- Ótimo! Preciso que você compareça aqui na loja amanhã às duas da tarde com os seus documentos; iremos fazer uma entrevista com você, ok?
- Sim, sim, mal posso esperar!
- Estaremos te esperando amanhã. Tenha uma boa tarde.
- Igualmente. – respondi e, logo, a ligação foi encerrada.
Voltei para a mesa super contente. Se tudo desse certo, amanhã eu seria uma universitária com emprego.
- Quem era? – perguntou curiosamente.
- Consegui uma entrevista de emprego!
Minha amiga soltou um gritinho e me abraçou.
- Isso é ótimo! Estou feliz por você.
- Obrigada.
Tudo parecia estar se encaminhando e eu sentia que pela primeira vez em muito tempo o destino estava em meu favor. E essa sensação era maravilhosa.


Capítulo XVI

Entrei no estabelecimento com os passos mais firmes e confiantes que eu consegui dar. Se eu quisesse aquele emprego, teria que mostrar confiança, mesmo que por dentro eu estive me sentindo tão nervosa que mal conseguia respirar. Definitivamente, eu não devia ter comido tanto no almoço.
- Boa tarde. – uma das atendentes se aproximou.
- Boa tarde. – coloquei meu melhor sorriso no rosto ao falar. – Eu sou e vim para a entrevista de emprego. – As feições da mulher mudaram para total compreensão.
- Ah, sou Sarah. Eu que te liguei ontem. – ela sorriu largamente. – Venha comigo, a gerente está te esperando.
Assenti e a segui pela loja, até uma porta, que provavelmente era o escritório da gerente. Sarah bateu na porta duas vezes, antes de abrir a mesma e falar que eu havia chegado para a mulher lá dentro.
- Você pode entrar – Sarah disse e se retirou, me deixando sozinha.
Entrei na sala e fechei a porta, antes de me virar para a mulher a minha frente.
- Boa tarde – disse, colocando um sorriso que demonstrava confiança no rosto.
- Boa tarde – a mulher se levantou, conforme eu me aproximava. – Você deve ser . É um prazer conhece-la; sou Normani Adams – ela me estendeu a mão e, eu imediatamente a segurei, a cumprimentando devidamente.
- Igualmente, senhora Adams.
- Por favor, sente-se – ela apontou para a cadeira ao meu lado e se sentou na própria cadeira. Fiz o que ela pediu. – Então, me fale um pouco sobre você.
- Bem, eu tenho 22 anos, sou Brasileira e vim para cá por intercambio para estudar Nutrição na Kingston. Eu gosto de novos desafios e, apesar de ser um pouco tímida, estou disposta a enfrentar isso tanto na minha vida profissional, como a de estudante, porque esse é um defeito que eu não gosto e pretendo extinguir da minha vida – Normani sorriu, aprovando o que eu disse e isso só me motivou a continuar. – Como qualidade, eu gosto de aprender aquilo que não sei e transmitir meu conhecimento para quem não sabe. Sei trabalhar em grupo e, tenho certeza de que se eu conseguir esse emprego, eu vou dar o melhor de mim e vou me dar muito bem com as minhas colegas de trabalho.
- Vejo que você é bem determinada – ela disse em aprovação. – Gosto disso e, certamente é algo que procuro em alguém para trabalhar nessa loja. – ela começou a mexer em alguns papéis que tinha a sua frente. – Vejo aqui que você estuda pela manhã, certo?
- Sim, senhora – concordei.
- O salário para um emprego de meio período não é um dos melhores. Você aceita mesmo assim?
- Sim – respondi sem nem pestanejar. – É o suficiente pra mim – ela assentiu.
- O emprego é seu – abri um sorriso enorme. Senti vontade de pular e abraça-la, mas me contive. Teria que ser profissional ali.
- Quando eu começo?
- Amanhã mesmo. – ela disse. – Durante a tarde, de uma hora até fim o expediente.
- Muito obrigada, senhora Adams. Você não vai se arrepender da sua decisão.
- Espero que não, – ela se levantou novamente e eu fiz o mesmo. Trocamos um aperto de mãos. – E, pode me chamar de Normani.
- Claro, Normani – concordei.
- Te vejo amanhã, . Pode ir.
- Certo. Até amanhã, senh... Normani.
Ela sorriu e me acompanhou até a porta.
- E aí? – Sarah perguntou, assim que me viu.
- Consegui a vaga – ela sorriu largamente.
- Parabéns!
- Obrigada. A gente se vê amanhã.
- Até amanhã, então.
Saí do estabelecimento mais feliz que pinto no lixo. Mal podia esperar para contar aquela novidade para ... E para . Mesmo que ele estivesse sumido e ainda não tenha o visto desde que voltamos, eu ainda ansiava por vê-lo e contar as novidades. Não importava se ele estivesse com um rabo de saia qualquer, como insinuava, eu só queria vê-lo e beijá-lo para que meu dia continuasse perfeito. E, como se ele estivesse lendo meus pensamentos, assim que cruzei os portões da Kingston eu o vi. Ele estava sentado em um dos bancos no meio do Campus conversando com uma garota que eu nunca tinha visto na vida. Eles estavam bem próximos, mas eu me senti aliviada por ver que eles não estavam se atracando pra todo mundo ver. Em outros momentos, eu iria embora e deixaria ele em paz para pegar quem quisesse com a desculpa de que o nosso relacionamento era aberto e ele podia ficar com quem quisesse, porém, uma força desconhecida levou meus pés a caminhar em direção aos dois de forma decidida. Eu tinha o direito de saber o motivo pra ele ter sumido, certo? Certo.
- Oi. – disse ao chegar perto dos dois e a garota deu um pulo e se afastou dele rapidamente. Controlei a vontade de rolar os olhos e olhei para , que me olhava de forma curiosa.
- – ele me olhou de cima abaixo e ergueu a sobrancelha. – Vai sair?
- Não. Acabei de chegar – olhei para a garota e ela me encarava de forma esquisita. – Podemos conversar?
- Pode falar. – ele disse. Olhei novamente para a garota e ela pareceu se tocar.
- Er... Eu vou indo – ela se levantou meio atrapalhada. – A gente se fala outra hora, – ela se aproximou dele e deu um selinho nele. Virei o rosto, sentindo meu estômago embrulhar com aquela cena.
- Pode dizer, . – olhei novamente para ele. Ele me encarava com um sorriso esperto no rosto.
- Você sumiu – disse. – Onde esteve?
- Por aí – disse com descaso, ainda com aquele mesmo sorriso irritante no rosto. – E você? Pra onde foi?
- Não que você se importe, mas fui pra uma entrevista de emprego.
Ele se levantou e se aproximou de mim.
- Eu me importo com tudo que acontece com você, . – Ele tocou minha cintura levemente ao falar. – Por que diz isso?
- Porque é o que parece – fui sincera. – Você desapareceu e quando eu te pergunto por onde esteve, tudo o que você diz é “por aí”.
- Achei que estivéssemos em um relacionamento aberto e eu não te devesse explicações.
Aquelas palavras me atingiram como uma tapa na cara. Dei um passo pra trás, me livrando de seu toque.
- Tem razão, você não me deve explicações. – murmurei. – Desculpa atrapalhar o seu momento com a ruivinha.
Me virei pronta para sair dali e voltar para o meu quarto, mas ele me impediu. segurou meu braço e me girou para que eu voltasse a olhá-lo.
- Você não atrapalhou nada – disse ele. – Eu sempre gosto de te ver.
- E porque você sumiu?
- Achei que deveria te dar espaço... Você sabe, por causa das coisas que eu disse no ano novo.
- Dar espaço a mim ou pra você mesmo?
- Pra nós dois. Eu... Precisava entender os sentimentos que você estava me causando.
- E você entendeu? – o olhei interessada. Eu precisava saber o que você estava pensando.
- Estou tentando descobrir ainda, mas não vamos focar nisso – ele voltou a tocar minha cintura conforme se aproximava. – Desculpa por desaparecer assim, do nada.
- Você parecia estar muito bem sem mim.
Ele sorriu misteriosamente.
- Está com ciúme da Kimberly? – questionou.
Ah, então aquele era o nome da ruiva água com açúcar?
- Não estou com ciúmes de ninguém.
- Não é o que parece.
Revirei os olhos, já começando a ficar irritada. Por que aquele homem conseguia me deixar irritada tão facilmente, Deus?
- Eu não tenho que me explicar pra você. Pense o que quiser, .
Ele riu abertamente, despertando ainda mais a minha ira.
- Senti falta de te ver assim irritadinha.
- Vai te ferrar, – fechei os punhos, pronta pra esmurrar o seu peito, mas ele segurou meus braços antes que eu conseguisse atingi-lo e me puxou, selando os nos lábios logo em seguida. Tentei resistir e me desvencilhar dos seus braços, mas o aperto de suas mãos era firme e, logo, minha resistência diminuiu e cedi aos seus beijos. Não podia negar que estava com saudade daqueles lábios. – Você é muito babaca – sussurrei quando nos separamos.
- E você é linda.
- Você não pode fazer isso – balancei a cabeça negativamente.
- O quê? – perguntou confuso
- Me elogiar quando estou brigando com você. Estou tentando provar um ponto aqui. – Ele gargalhou e envolveu minha cintura com os dois braços. Permaneci o encarando séria, mas não demorou muito para que um sorriso aparecesse em meus lábios. – Você é muito bipolar.
- Olha quem fala – debochou ele. Encostei a cabeça em seu ombro e, de longe, pude ver a ruivinha que estava com ele nos encarando com cara de poucos amigos.
- Sua amiga está nos encarando – disse pra ele. Ele virou o rosto e olhou na mesma direção que eu.
- Vamos dar um show pra ela então. – murmurou maliciosamente e, em um movimento brusco, me deito no banco onde ele estava sentado minutos atrás e se debruçou sobre mim, beijando-me novamente. Abracei-o pelo pescoço, puxando-o ainda mais pra mim enquanto retribuída a carícia com veemência. Quando os lábios dele foram para o meu pescoço, permitindo que eu respirasse novamente, arrisquei olhar para onde a garota se encontrava minutos atrás, apenas para encontra-la andando apressadamente para algum lugar que não me interessava.
- Você não presta, .
- Você também não, . – retrucou, me olhando.
- Você gosta mesmo de iludir as meninas dessa universidade, né? Coitada da garota.
- Coitado de mim! – respondeu ele. – Essa garota não desgrudou de mim desde que cheguei e eu tinha que mostrar pra ela que eu não queria nada com ela, porque falar não estava resolvendo.
- Ah, então era com ela que você estava esse tempo todo?
- Foi só isso que você absorveu de tudo o que eu falei? – ele arregalou os olhos assustado.
O empurrei pelo ombro e ele se afastou, dando espaço para que eu sentasse.
- Não desconversa, . A sua definição de “dar espaço” pra nós dois é sair pegando outra menina?
Ele suspirou.
- Não vamos começar a brigar novamente. Estávamos nos dando tão bem lá no Brasil.
- Parece que a mágica acabou assim que saímos de lá. – respondi. – Estamos de volta a vida real.
- Lá também era realidade, . O que tivemos é algo que quero continuar e, até onde me lembre, você disse que não somos exclusivos.
- E não somos mesmo.
- Então por que você tá fazendo uma tempestade no copo d’água só porque eu passei os últimos dias com outra garota?
Abri a boca, mas nada saiu. Tá aí uma pergunta que eu não sabia responder. No fundo sabia que não tinha o menor direito de questionar essas coisas ou exigir algo dele, mas não dava pra evitar. Algo dentro de mim fervia só com o pensamento de que ele estava com outra garota quando podia estar comigo e, mesmo que eu tentasse mentir pra mim mesma e dizer que não era nada, o sentimento continuava dentro de mim. Perceber aquilo me assustou pra caralho.
- Eu... E-Eu preciso ir – me levantei. – A gente se vê depois.
Saí de lá praticamente correndo. Não olhei pra trás pra ver se iria me seguir ou não, apesar de ouvi-lo gritar meu nome algumas vezes. Entrei no prédio dos dormitórios as pressas e, logo, entrei no meu quarto. Felizmente o mesmo estava vazio e eu não teria que lidar com e suas perguntas infundadas.
Deitei em minha cama e tentei processar tudo o que estava sentindo. Tudo era complicado de entender quando se tratava de , sempre foi desde o início e, só de pensar que, talvez, esses sentimentos tivesse um significado maior do que eu queria e esperava, já era o suficiente pra me deixar louca. Eu não poderia estar apaixonada por , poderia? Não, aquilo era um erro. não é o tipo de garoto pelo qual eu deva me dar o luxo de nutrir sentimentos; ele não é do tipo que namora e isso já ficou bem claro inúmeras vezes. Ele mesmo disse que não estava apaixonado por fim no ano novo; isso deveria ser o suficiente pra eu saber que me apaixonar por ele não era seguro, nunca foi.
Ainda assim, minha parte emotiva insistia em trair minha razão. Em minha mente se passada cada um dos momentos nos quais eu e ficamos juntos durante as férias; cada gesto de carinho, cada momento em que ele demonstrou algum sentimento por mim. Esses momentos deveriam significar algo, não é?
entrou no quarto e me olhou, a expressão confusa.
- O que aconteceu? – ela perguntou.
- Acho que estou apaixonada – disse baixo, mas foi o suficiente pra que ela escutasse. Se pensar aquilo era assustador, imagine falar em voz alta.
arregalou os olhos e se sentou na minha cama, de frente pra mim.
- Como é que é?
- Não me faça repetir, por favor – fiz careta.
- É por ? – ela bateu a mão na testa. – Que pergunta idiota, claro que é!
- , isso é muito assustador. Eu não deveria estar apaixonada por ele.
- Por que não?
- Não é óbvio? Ele não é o tipo de garoto por quem eu devia me apaixonar.
- Mas ele também está apaixonado por você, .
- Tá brincando, ? Ele já deixou bem claro que não está apaixonado por mim e, além do mais, ele passou os últimos dois dias com uma garota qualquer.
- Ele só está com medo. Ele sabe que estar apaixonado, só não quer admitir, assim como você não admitia.
- Não importa. Eu e ele nunca iríamos dar certo, a gente briga muito agora, imagina se a gente fosse um casal.
- Você não vai contar a ele?
- Está louca? Claro que não! – respondi exasperada. – E nem você vai contar nada pra ninguém. Nem pro !
- Eu não vou contar, mas você tem que decidir o que vai fazer em relação ao que está sentindo.
- Eu sei – suspirei. Pensar naquilo estava me dando dor de cabeça. Mas era isso que se resumia a se apaixonar: muita dor de cabeça. – Não quero pensar nisso agora – decidi. Eu lidaria com esse sentimento mais tarde.
- Tudo bem... – concordou. – E quanto ao emprego? Conseguiu? – perguntou, mudando de assunto.
- Sim! Começo amanha mesmo.
Ela soltou um gritinho e me abraçou. Retribui o abraço, sentindo-me animada novamente.
- Isso é ótimo! Parabéns! – ela me soltou. – A gente tem que comemorar.
- Concordo, mas nada que envolva álcool ou chegar em casa tarde; amanhã temos aula e eu tenho que me sentir bem pra meu primeiro dia de trabalho.
- Ah, é verdade – seu sorriso murchou por uns segundos, mas logo ela voltou a sorrir abertamente. – Que tal se fomos uma sorveteria aqui perto? Chamamos a galera toda e comemoramos com estilo e sorvete.
- É uma boa ideia.
- Ótimo. Vou deixar a galera saber e já volto pra me arrumar. – ela se levantou e saiu do quarto saltitante.
Os minutos que se seguiram foquei em procurar uma boa roupa para sair com meus amigos e em me arrumar. Todo e qualquer pensamento relacionado a e meus sentimentos em relação a ele foram bloqueados e eu apenas me permitir pensar na minha mais nova conquista. não demorou muito pra voltar e, logo que nós duas nos arrumamos devidamente, descemos para encontrar nossos amigos que, de acordo com ela, já estavam nos esperando.
- Você está linda. Aposto que vai babar em você – disse, enquanto caminhávamos em direção à saída dos dormitórios. “Muito obrigada, ”, pensei. Agora que ela falou, minha mente voltou a pensar em e no que ele acharia quando me visse. Seria muito estúpido e clichê se eu dissesse que meu estomago revirou em expectativa e meu coração acelerou assim que pus meus olhos nele? Acho que seria, mas naquele momento eu não ligava. estava simples, mas lindo como sempre. Ele exalava um charme que pra mim era completamente natural, mas talvez pudesse ser coisas de minha mente apaixonada.
Apaixonada...
Ri internamente com tal pensamento. Era inacreditável pensar que eu me sentia dessa forma justamente pelo , ainda mais de eu ter lutado com todas as forças contra esse sentimento depois do que eu passei com . Fico me perguntando quando foi que tudo mudou. Quando foi que eu me apaixonei por ele sem perceber? Não dava pra saber a resposta.
Meu coração é tão burro... E estúpido.
- Até que fim vocês chegaram. Já não aguentava mais ouvir o reclamando da demora – disse, assim que nos aproximamos. Afastei meus pensamentos e foquei nos meus amigos.
- Ele está muito rabugento depois que voltou do Brasil sem a disse.
- O que a falta de sexo não faz, meus amigos. – disse, fazendo-nos rir. deu um soquinho no braço dele em resposta.
- Cala a boca, idiota. Você fala isso, mas não tem namorada. – retrucou, causando mais risadas.
- Só não tenho namorada porque a não me quer. – disse ele, fazendo bico.
- Até onde me lembro, já tem alguém.
- Ah, o ? Tomo ela dele fácil, fácil – se gabou.
- Só pra lembrar pra vocês, eu estou bem aqui – disse, rindo.
- Venha cá, meu amor – me puxou para um abraço. – Parabéns pelo emprego e, caso você enjoe do aí, lembre-se que estou aqui.
- Muito engraçado, disse, me puxando para ele. Ignorei as batidas de meu coração e me soltei do aperto de ambos.
- Meninos, eu preciso respirar – disse e eles me soltaram. – Não briguem por mim, por favor.
- Já sabemos o quanto é disputada. Agora podemos ir, por favor? – disse, encerrando aquela conversa bizarra.
- Claro, senhor fez uma reverencia exagerada, arrancando mais risadas minhas e dos meus amigos.
- Você é muito palhaço, .
- É um dom. – ele piscou para o meu amigo e saiu em direção aos portões da Kingston, seguido por todos nós. Ao meu lado, escorregou a mão por meu braço até minha mão e entrelaçou nossos dedos. Olhei para ele, que já me encarava e o sorriso que ele me deu foi o suficiente para que meu coração desse um salto. Merda. Eu estava mesmo apaixonada por ele.
- Vai me explicar porque fugiu mais cedo? – ele perguntou baixinho para que apenas eu escutasse.
- Ah, não foi nada. Só queria evitar que a gente brigasse novamente – menti. Claro que eu não diria a verdade. Não queria assustá-lo e fazer com que ele se afastasse de mim por causa de sentimentos bobos. Não queria voltar a estaca zero com ele.
- Não se preocupe com isso. A gente briga, a gente se resolve na cama – ele disse esperto. – Você sabe que sexo de reconciliação é uma delícia.
Soltei um risinho e o empurrei levemente com o ombro.
- Você não tem jeito mesmo, . - Ué, falei alguma mentira?
- Não. Sexo de reconciliação é uma delícia mesmo – concordei.
- Tá vendo? Olhe só o que você tirou de mim – ele fez biquinho.
- Talvez você deva me punir por isso – sussurrei safada.
Ele cerrou os olhos e mordeu o lábio lentamente. Assistir aquilo foi uma tortura.
- Não fale essas coisas. Você não quer me ver pau duro aqui no meio da rua.
- Ah, aposto que seria interessante – pisquei para ele.
- Ah, , o que faço com você?
- Tenho muitas ideias – disse pensativa. – E todas me parecem ótimas opções.
- Tenho certeza que sim – sorriu maliciosamente.
- O que o casal está cochichando aí? – perguntou, chamando nossa atenção.
- Você não vai querer saber – disse, o sorriso malicioso permanente em seu rosto.
arregalou os olhos ao entender o que se tratava.
- É, não vou querer saber mesmo – disse e voltou a olhar pra frente. e eu rimos, assim como e .
Não demoramos a chegar à sorveteria. Escolhemos uma mesa um pouco afastada e fizemos o nosso pedido. Suspirei, me sentindo feliz por mais uma vez estar rodeada por meus amigos e agora pra celebrar uma conquista importante. Eu nunca fui uma pessoa de ter muitos amigos, no Brasil eu só tinha a e a , o resto eram apenas colegas de classe. Mas aqui, as coisas mudaram e eu consegui ser amiga das melhores pessoas do mundo. Todo mundo costuma dizer que as pessoas de Londres não são simpáticas e, fico bastante feliz em dizer que não tenho motivo pra reclamar, porque todas as pessoas que eu conheci até agora são simpáticas... Bem, todas menos a .
- Pessoal, alguém tem visto a ? – perguntei, lembrando da ex namorada de . – A última vez que a vi foi antes da viagem.
- Eu a vi – disse. – Ela chegou hoje de viagem.
- Como ela está? – perguntou.
- Muito bem. Ela não guarda mais rancor de você, se é o que quer saber, – ela respondeu.
- O que uma viagem não pode fazer, não é? – comentei.
- Mas até onde conversamos, ela continua não sendo muito sua fã, .
- Isso não me surpreende – ri. “Ela vai me odiar mais ainda quando me ver com ”, pensei, mas não comentei nada, se queria me odiar, o problema era dela.
- Vamos focar no que realmente interessa aqui? – se intrometeu na conversa. – Ainda não sei onde irá trabalhar.
- É mesmo, ela ainda não disse – concordou.
- Na Dress & Shine – falei. – É uma loja de roupa masculina.
- Sério? Lá tem as melhores roupas de toda Londres – disse .
- Pelo que eu vi as roupas de lá são bem bonitas mesmo – concordei.
- Sem falar nas vendedoras de lá – completou, sorrindo maliciosamente.
- Porque vocês sempre colocam mulheres no meio de tudo? – revirou os olhos.
- Só fiz uma observação, ué – se defendeu.
O atendente da sorveteria interrompeu a conversa e colocou nossos pedidos na mesa. Aquilo serviu pra encerrar aquela conversa e iniciar outro assunto aleatório qualquer. Ficamos horas naquele lugar, apenas conversando e enchendo a barriga de sorvete. Admito que senti falta de momentos como esse, porque mesmo que estivéssemos na mesma casa lá no Brasil, estávamos sempre cada um em sua própria bolha, ainda mais com todas as confusões que tiveram envolvendo eu e . Percebi que tinha sido uma péssima amiga para eles nessas ultimas semanas; fiquei tão focada nos meus próprios problemas e drama que sequer dei a devida atenção que meus melhores amigos mereciam. Eu tinha sido completamente egoísta ao pensar só em mim enquanto eles estavam comigo sempre que eu precisava e aquilo me fez sentir imensamente culpada. Então decidi que aquilo iria mudar, não importa o que acontecesse, eu passaria a dar mais atenção aos meus amigos e fazer programas simples como esse de vir à sorveteria só para passar o tempo e jogar conversa fora.
- Fiquei sabendo que sábado vai ter uma festa na casa do Dylan e todo mundo da Kingston está convidado. – começou a falar, chamando minha atenção. – O que vocês acham?
- Estou dentro – respondeu quase que de imediato.
- Eu também – e falaram ao mesmo tempo.
- ?
- Pode contar comigo.
- É disso que eu gosto – comemorou.
- Combinado então. Não furem, por favor – pediu. Se tratando de festa, até parece que alguém ali iria furar.
Decidimos ir embora quando a sorveteria começou a encher. Já se passava das sete da noite e eu teria que me aprontar tanto para o retorno das aulas, quanto para o primeiro dia de trabalho. Assim que pisamos no Campus nos despedimos e cada um seguiu para um lado. Caminhei com em direção ao nosso dormitório, mas antes que eu subisse os degraus do prédio, uma voz fez com que eu parasse.
- Ei, ! Espera – virei-me em direção da voz, deparando-me com . Ignorei os batimentos frenéticos do meu coração e tentei agir normalmente.
- Aproveita e conta pra ele – sussurrou para mim e antes que eu retrucasse, ela entrou no prédio, sumindo de minha vista.
- O que houve?
Ele sorriu. O tipo de sorriso que dizia claramente o que aconteceria em seguida.
- Você não me deu um boa noite apropriado – murmurou e me puxou, encaixando-me entre seus braços.
- E como seria esse boa noite? – perguntei, mesmo que já soubesse a resposta. - Assim... – e seus lábios tocaram os meus, encaixando-os perfeitamente. Desde a minha recente descoberta, os beijos de passaram a representar algo diferente pra mim. Cada toque, cada vez que sua língua massageava a minha resultava em milhares de borboletas fazendo festa no meu estomago. E aquela sensação era boa; era algo que eu já não sentia há muito tempo e, por um momento, desejei que ele se sentisse da mesma forma que eu, apesar de achar pouco provável que aquilo acontecesse.
- Pensei que você só quisesse um beijo – murmurei, quando meu corpo foi encostado em alguma parede e ele passou a beijar meu pescoço.
- É difícil me controlar com você – respondeu ele, me beijando uma ultima vez antes de se afastar.
- É muito bom saber disso – selei nossos lábios em um selinho. – Estou liberada?
- Ainda não – ele voltou a me prensar na parede.
- O que mais você quer de mim, – toquei seus braços, acariciando-os levemente.
- Quero que saia comigo novamente – ele foi direto.
Arregalei os olhos surpresa. Meu coração deu um salto, que achei que ele fosse sair pela boca.

- Como?
- Sai comigo? – repetiu. – Podemos fazer algo diferente, sei lá... – ele se afastou e colocou as mãos no bolso, parecendo tímido de repente.
- Eu aceito.
Ele abriu um sorriso lindo, o que me fez sorrir também.
- Pra onde você quer ir?
- Me surpreenda, – pisquei pra ele.
- Prometo que dessa vez tudo vai sair como o planejado e não vou correr o risco de não entender nada – ri, me lembrando do nosso primeiro encontro.
- E eu prometo não dirigir e te matar de medo.
- Ah, eu vou garantir que isso não aconteça, pode apostar.
- Ah, é? – envolvi seu pescoço e fiquei na ponta dos pés, aproximando nossos rostos.
- Uhum... – ele murmurou e acabou com a distância dos nossos lábios.
- Boa noite, – disse e me afastei dele, segurando apenas sua mão.
- Boa noite, – soltamos as mãos e eu segui caminho para meu próprio quarto. O sorriso não saia dos meus lábios e eu não tentei escondê-lo, queria mais que todo mundo visse que eu estava plenamente feliz, mesmo sem saber onde esses sentimentos iriam me levar ou se eu iria me machucar ou não. Chega de ser racional, estava na hora de deixar que meu coração me guiasse.
- Olha só esse sorriso! – exclamou, assim que eu entrei no quarto. – O que aconteceu? Contou pra ele?
- Não e nem vou contar.
- Oras, não seja tola, . merece saber.
- E arriscar de levar um pé na bunda? Não obrigada, estou muito bem com ele dessa forma.
- Tá bom, tá bom! Vamos focar no que aconteceu.
- Ele me chamou pra sair.
- MENTIRAAAA! – ela gritou. – E você não acredita quando eu falo que ele gosta de você.
- Isso não importa agora, não quero ficar focando nisso.
- Você ainda não me contou como foi o primeiro encontro de vocês.
- Você nem imagina o que aconteceu – ri, me lembrando dos detalhes.
- Pode começar a contar – ela se sentou na cama animada.
E eu contei cada detalhe, enquanto arrumava meus pertences e separava as roupas que usaria amanha. riu na maior parte e me parou algumas vezes para fazer comentários relevantes. Era bom dividir aquilo com alguém, pois além dela eu não tinha contado pra mais ninguém.
- nunca se deu ao trabalho de fazer algo do tipo por nenhuma garota – ela comentou. Já estávamos deitadas cada uma em sua cama e prontas pra dormir. – Acredite, você é especial pra ele e, se ele já não estiver apaixonado por você, o que eu acho que está, não vai demorar muito pra isso acontecer.
Sorri, permitindo-me sonhar por um momento com se apaixonando por mim. Era algo bom demais pra se tornar realidade.
- Boa noite, – virei-me na cama, cobrindo-me com o cobertor.
- Boa noite, – ela respondeu.
Fechei os olhos, deixando-me levar para o mundo de sonhos, onde tudo o que eu desejava se tornava realidade.


Capítulo XVII

Parei em frente ao espelho, observando o meu reflexo pela milésima vez em menos de dez minutos. Eu havia passado exatamente uma hora me arrumando e agora não tinha tanta certeza se tinha escolhido a roupa certa para a ocasião. não tinha me dito para onde íamos ou o que iríamos fazer, e o fato de ser um encontro durante o dia me deixava ainda mais apreensiva sobre a minha escolha de roupa.
Encarei-me mais uma vez, avaliando se o vestido e o par de saltos eram necessários, se eu não tinha me arrumado demais. Batidas na porta indicaram que era tarde demais para mudar de ideia e trocar de roupa. havia chegado. Me afastei do espelho e me aproximei da porta. Antes de abri-la, parei, encarando a madeira e respirei fundo, tentando controlar a ansiedade e ignorar a festa que aquelas malditas borboletas faziam em meu estômago. Contei até três e por fim, girei a maçaneta e abri a porta, visualizando a figura de parada com um sorriso no rosto. Seria mentira dizer que meu coração não acelerou ao vê-lo ali, lindo de morrer. Esqueci meu nome, o que estava prestes a fazer e até mesmo como se respirava. Aquilo me assustou, pois eu nunca tinha me sentido daquela forma, nem mesmo com e agora estava despertando tais sentimentos em mim e eu não sabia o que fazer com tanta informação ao mesmo tempo.
- Oi... – ele se pronunciou, o sorriso ainda fixo em seu rosto.
Forcei meu cérebro a voltar a pensar e responder ele sem parecer uma retardada.
- Oi. – retribui o sorriso. escorregou os olhos por meu corpo, me medindo de cima a baixo. Senti minhas bochechas esquentarem, me sentindo tímida de repente. Seria cômico se eu não estivesse me sentindo totalmente patética e apaixonada.
- Você está linda.
- Não estou arrumada demais? – fiz careta e ele riu.
- Não, está perfeita.
- Você também não está nada mal.
- Ah, eu sei que estou gostoso. – respondeu ele, convencido. Revirei os olhos, rindo. Era perda de tempo discutir com o ego enorme de . – Podemos ir?
Fechei a porta do quarto e começamos a caminhar para fora do prédio e da Kingston.
- O que você planejou para hoje? – perguntei curiosa.
Ele sorriu, esperto e eu soube que ele não me contaria nada.
- Ainda é surpresa, princesa. Em breve você descobrirá.
Paramos em frente ao carro de e ele abriu a porta para que eu entrasse, antes de arrodear o carro e sentar no seu lugar no banco do motorista. Logo, saímos da Kingston com destino a um lugar que eu não tinha a menor ideia do qual seria.
Nos primeiros dez minutos, me mantive de boca fechada, apesar de estar me corroendo por dentro de curiosidade, mas depois disso, minha inquietação se tornou bastante óbvia. parecia estar se divertindo com a situação, porque vez ou outra ele soltava uma risadinha irritante e quando eu o questionava, ele apenas dava de ombros e dava um daqueles sorrisos irritantes que eu tanto amava e odiava ao mesmo tempo.
- Vamos demorar muito para chegar? – finalmente tomei coragem para perguntar.
Ele deu uma risada, como se soubesse que eu faria aquela pergunta eventualmente. Ele sabia bem o quanto eu era curiosa.
- Estamos chegando. – respondeu simplesmente, sem ao menos dar mais detalhes de quanto tempo faltava ou até mesmo para onde estávamos indo. Bufei impaciente e olhei para a janela. Estávamos em uma parte na qual eu nunca tinha ido antes; não que eu tivesse tido muitas oportunidades de explorar Londres completamente, mas tinha noção suficiente para saber que aquele lugar era o mais distante que tinha ido. Só então quando passamos por uma placa, foi que me toquei para onde ele estava me levando.
- Estamos indo para o Richmond Park?
Ele olhou para mim e sorriu largamente.
- Sim – confirmou.
- Não acredito que você vai me levar pra lá – eu ainda estava em choque.
- Por que? Você não gosta de lá? – ele me encarou com o cenho franzido. – Eu... Eu posso te levar pra outro lugar...
- Não, bobinho – ri, achando graça. – Eu amo aquele lugar, sempre quis ir, mas ainda não tinha tido a oportunidade.
Ele suspirou, claramente aliviado.
- Não me assuste dessa forma mulher! – exclamou ele, me fazendo rir mais uma vez.
Não demorou pra que chegássemos ao local. estacionou o carro e desceu do mesmo, deu a volta e abriu a porta para mim em um ato de cavalheirismo. Aquilo não era surpresa pra mim, mas me fez sentir especial de qualquer forma. Aceitei a mão que ele me estendia e me impulsionei para fora do carro, ficando do lado dele. Enquanto ele pegava alguma coisa dentro da mala, aproveitei para observar o lugar. Tudo era lindo. As árvores, a cor da grama, até as pessoas que estavam sentadas na grama ou que vagavam por ali. Era incrível pensar que mesmo estando morando em Londres há um ano, eu nunca tinha tido tempo pra vir aqui, mas agora, devido às circunstancias e a companhia, eu sabia que os momentos que eu teria nesse lugar serão melhores do que seriam se eu tivesse vindo sozinha.
O toque da mão de na minha me despertou e eu desviei o olhar da paisagem para ele. sorria e foi impossível não sorrir com ele. Pela primeira vez em muito tempo eu me sentia feliz e eu iria aproveitar isso o máximo possível.
Em silêncio andamos por entre as pessoas até um local um pouco afastado. O parque não estava lotado, mas tinha um número considerável de pessoas então um pouco de privacidade em um lugar afastado não iria fazer mal.
- Planeja se aproveitar de mim, senhor ? – brinquei quando paramos em um ponto estratégico do parque.
- Depende... – ele soltou a cesta que tava em sua mão – e que eu só tinha notado agora – e se aproximou de mim. Dei um passo para trás, mas um tronco de árvore impediu que eu me movesse mais. se aproveitou disso e eliminou qualquer possível distância entre a gente. – Você quer que eu me aproveite de você?
Ele mantinha um sorriso cafajeste no rosto e aquilo só me instigava mais para provoca-lo. Aproximei meu rosto do seu e sorri safada quando notei o efeito que aquela ação tinha causado nele. Encostei meus lábios no seu e devagar puxei seu lábio inferior com o dente.
- O que você acha? – sussurrei perto de seu ouvido.
não respondeu de imediato. Me afastei para ver a sua reação e ele estava com os olhos fechados, a expressão de puro sofrimento. Sorri vitoriosa por ter conseguido deixa-lo daquela forma.
- Você gosta mesmo de me torturar, né? – ele prensou seu corpo no meu e só então percebi o volume que se formava no meio de suas pernas.
- É o meu passatempo favorito, babe – murmurei próximo aos seus lábios e então o beijei. agarrou minha cintura e retribuiu o beijo sedento.
Eu amava os nossos jogos e mais ainda amava quando o conseguia deixar louco daquela forma. Demonstrava que eu também tinha efeito sobre ele e não tinha nada mais compensador que aquilo. Porque eu iria querer destruir aquilo falando dos meus sentimentos? Não tinha sentido algum.
Depois de longos minutos nos beijando, foi que se afastou. Encostei-me no tronco da árvore tentando recuperar a minha respiração e passei a observar aquele homem maravilhoso estender uma toalha quadriculada no chão e tirar alguns alimentos da cesta. Minha barriga roncou, me lembrando que eu ainda não tinha comido nada hoje.
- Isso tudo foi sua barriga? – ele perguntou e me puxou para sentar ao seu lado em cima da toalha.
- Deu pra escutar? – ele assentiu. – É que eu não comi nada ainda hoje – fiz careta e ele arregalou os olhos.
- Vamos mudar isso agora mesmo – respondeu ele, pegando um sanduíche e me entregando. Ele não precisou nem dizer duas vezes; rasguei o plástico que envolvia o sanduíche e dei uma mordida.
- Isso tá uma delícia! – falei com a mão em frente à boca.
- É minha especialidade – ele riu também comendo um de seus sanduíches. - Vou querer desses mais vezes, pode apostar.
Ele riu em resposta.
- Da próxima vez você que vai trazer os alimentos.
Olhei para ele surpresa com sua declaração.
- Ah, então vai ter uma próxima vez? – arqueei a sobrancelha.
- Hmm... Sim... Q-Quer dizer... Se você quiser, né – ele se embolou todo na resposta e aquilo foi no mínimo adorável.
- Vou pensar no caso – pisquei pra ele, que sorriu, obviamente desconcertado. Tive vontade de apertar as bochechas dele, mas me contive.
- Como anda as coisas no trabalho? – perguntou ele, mudando de assunto.
- Ah, até agora tudo bem. Os clientes parecem gostar de mim e isso faz minha patroa feliz, então não corro risco de demissão – ri.
- Claro que gostam. Uma atendente gata e gostosa dessa em uma loja que homens frequentam, como é que não vão gostar?
Revirei os olhos.
- Que pensamento machista! Eles gostam de mim porque sou uma boa atendente, não por causa da minha aparência.
- Eu não disse que você não era uma boa atendente – ele se defendeu.
- É, mas você supôs que os clientes só gostavam de mim por causa da minha aparência.
- Não foi minha intenção, me desculpe – pediu ele.
Cruzei os braços e virei o rosto, realmente chateada com a situação. Era horrível não ser reconhecida pelo meu próprio esforço.
- Ei – ele se aproximou. – Olha pra mim – ele segurou meu queixo e virou meu rosto para o dele gentilmente. – É sério, me desculpa. Eu sei que foi uma coisa estúpida a se falar, me desculpa.
Seus olhos estavam presos aos meus e eu pude ver que ele estava sendo sincero, que não era uma atitude só de momento. Ele estava mesmo arrependido.
- Tudo bem – respondi finalmente.
- Eu sou mesmo um idiota – resmungou. – Não quero estragar o nosso encontro por causa das besteiras que eu falo sem pensar. Me desculpa, princesa.
- Está tudo bem – garanti. – O importante é que você se arrependeu do que disse e se desculpou.
- Não quero te magoar.
- Eu sei, eu sei – sorri minimamente e me ajoelhei, ficando de frente pra ele. – Esquece isso, está bem? – pedi, e aproximei meu rosto do dele, selando nossos lábios. O beijo não durou muito, mas foi o suficiente para que meu coração idiota acelerasse.
Oh, céus! Quando é que vou me acostumar com essas sensações? Acho que nunca.

Horas mais tarde, eu e nos encontrávamos sentados no mesmo canto. Agora, ele estava encostado na árvore e eu sentada entre suas pernas e encostada em seu peito de costas. Seus braços me envolviam gentilmente, fazendo-me sentir estranhamente protegida. Eu sentia como se nada pudesse me atingir, desde que eu estivesse ali com ele.
- O que está pensando? – ele perguntou próximo ao meu ouvido. Um arrepio gostoso subiu pela minha pele e eu sorri, mesmo sabendo que ele não podia me ver.
- Só no quanto é bom estar aqui com você – respondi.
- Ah, eu sei que minha companhia é o máximo – se gabou.
- Você não perde uma, né? – retruquei, rindo.
- É um dom – respondeu ele, rindo também.
- Idiota.
- Sempre – disse ele, antes de me beijar pela milésima vez naquele dia. Não importava quantos beijos ele me desse, na minha concepção todos eles eram diferentes, mas poderia ser apenas minha mente apaixonada brincando comigo.
Aproveitei-me da situação e me sentei em seu colo, sem cortar o beijo. pareceu apreciar a minha atitude, pois ele agarrou minhas coxas e aprofundou o beijo. Os lábios de eram viciantes e, se dependesse de mim, eu nunca pararia de beijá-lo.
Em um movimento rápido, ele mudou nossas posições, deitando-me na toalha e ficando por cima de mim. O beijo não foi cortado e continuamos nos beijando por longos minutos. As mãos dele, no entanto, não paravam quietas; ele intercalava suas caricias entre minhas coxas parcialmente descobertas por causa do vestido e minha cintura por cima do pano. Ele estava se contendo, eu sabia disso. O local não era o mais apropriado para fazer as coisas que ele tinha em mente, ambos sabíamos disso.
- Se controlando, ? – soprei, quando ele finalmente deixou minha boca livre e passou a distribuir beijos por meu pescoço. Cravei minhas unhas em sua nuca e senti sua pele se arrepiar.
- Não me provoca garota – seus dentes agora se arrastaram em minha pele e ele deu uma mordida de leve. Fiz questão de gemer o nome dele baixinho em resposta. me olhou, seus olhos ardiam de prazer. – Ah, ... O que eu faço com você, huh?
Abri o sorriso mais safado que consegui e inverti nossas posições, ficando por cima dele. Inclinei-me até ficar na altura dos seus lábios e sussurrei sem deixar de encarar seus olhos:
- Você sabe muito bem...
Movi meu quadril bem em cima do seu membro parcialmente duro e ele mordeu o lábio, provavelmente segurando o gemido que queria escapar por seus lábios.
- Não brinca, , ou eu vou comer você aqui mesmo sem me importar se alguém vai ver.
Não sei se eu era louca ou se eu gostava mesmo de adrenalina, mas só de ouvir aquelas palavras, fiquei ainda mais molhada só de imaginar e eu transando no meio do Richmond Park. Movi mais uma vez meu quadril antes de sussurrar pra ele:
- Tá esperando o quê?
O olhar de estava pegando fogo e eu sabia que naquele momento ele tinha perdido completamente o controle sobre suas ações. Ele se sentou, comigo ainda em seu colo e seus lábios se chocaram com os meus bruscamente, beijando-os sedentos e com desejo. Retribui a caricia com fervor e deslizei minha mão por seu tronco, até o zíper da sua calça. Com um pouco de dificuldade, colocou seu membro duro para fora e eu levantei o suficiente para que minha calcinha fosse afastada e o pau de se encaixasse na minha intimidade.
Gememos juntos quando ele me penetrou. Comecei a cavalgar devagar, a adrenalina por causa do risco de ser pega corria pro meu corpo. e eu tentávamos abafar os nossos gemidos com beijos, mas um ou outro acabava escapando. Ele entrava e saia conforme eu me movimentava em cima dele, causando-me ainda mais prazer e não demorou muito para que eu gozasse. Cheguei ao ápice com louvor e após mais algumas estocadas, gozou dentro de mim.
Apoiei a cabeça no seu ombro, enquanto esperava que minha respiração voltasse ao normal. Ele me abraçou, sua respiração tão descompassada quanto a minha e, só então caí na realidade do que a gente tinha feito publicamente. Comecei a rir de nervoso, olhando para os lados, mas felizmente não tinha ninguém por perto ou olhando.
- O que foi? – perguntou ele, me olhando.
- Nós somos loucos! Acabamos de fazer coisas inapropriadas publicamente!
- Você quer dizer transar?
- Fala baixo – tapei a boca dele por instinto.
começou a rir quase que de forma escandalosa.
- Você é tão engraçada – disse ele em meio às risadas.
- Isso não é nenhum pouco engraçado – fechei a cara, mas isso só fez com que ele risse mais. – Eu não teria feito isso se você não fosse uma má influência.
- Eu? Má influência? Mas foi você que me provocou – retrucou ele.
- Eu não teria feito isso se você não fosse tão... Tão... Gostoso!
Ele arregalou os olhos e voltou a rir alto.
- Então a culpa é minha? – balancei a cabeça afirmativamente. – Se esse for o motivo, eu deixo você me culpar por ser irresistível.
O encarei de olhos cerrados e ele abriu um sorriso completamente convencido. A verdade é que era impossível e um pedaço de mau caminho que eu adorava me perder.
- Seu...
- Gostoso? Lindo? Irresistível? – ele me interrompeu.
- Ah, cala a boca vai – o empurrei e ele voltou a deitar na grama.
- Só se você me beijar – ele me puxou, fazendo com que eu ficasse deitada em cima dele e nossos rostos ficassem próximos.
Ele não precisou pedir duas vezes. Encostei meus lábios nos seus e deixei que ele conduzisse o beijo da forma que quisesse.

A tarde estava chegando ao fim e o nosso encontro também. Quando o céu começou a escurecer, e eu decidimos que seria melhor voltar para Kingston já que teríamos um longo caminho de volta para percorrer.
Dei uma última olhada naquele local lindo e entrei no carro, me sentindo extremamente realizada. Era mais um local que eu conhecia em Londres, mas aquele tinha sido bastante especial e que eu nunca iria esquecer.
O caminho de volta foi silencioso e eu aproveitei para repassar aquela tarde em minha mente. Fiquei tão distraída e distante que só percebi que tinha chegado à faculdade quando a porta do meu lado foi aberta.
- Então... Você gostou? – perguntou, se encostando ao próprio carro e me encarando com curiosidade.
Me aproximei dele e ele envolveu minha cintura, colando nossos corpos.
- Eu amei cada minuto – sussurrei próximo dos lábios dele.
Ele abriu um sorriso lindo que refletiu em seus olhos, agora brilhantes. Sorri também e acabei com a mínima distância, o beijando mais uma vez. Eu estava apaixonada por e era tarde demais para voltar atrás. Eu estava perdida e sabia disso, mas a sensação era tão boa que eu não me importava.
- Boa noite, – murmurou ele assim que nos separamos.
- Boa noite, – ele me deu mais um selinho e eu me afastei. Observei ele dar a volta no carro e entrar no mesmo, antes de virar de costas e andar em direção ao meu dormitório.

O final de semana chegou ao fim e com ele veio o início de uma semana que seria no mínimo a pior de todas. Logo na segunda feira, meus professores não mediram esforços e passaram vários trabalhos para serem entregues na outra semana. Em alguns, eu consegui fazer dupla com , mas tive que me juntar com uma garota que nunca tinha falado antes em dois trabalhos, graças a um maldito sorteio.
- Quando podemos nos juntar para começar o trabalho? – ela me interceptou no corredor.
- Hm... Que tal hoje à noite? – perguntei, rezando para que ela pudesse ou senão as coisas se complicariam para o meu lado.
- Pode ser – ela deu ombros, depois de pensar um pouco.
- Então nos vemos mais tarde às cinco – me despedi dela e andei em passos apressados para fora do prédio. Teria que estar na loja às uma em ponto e já estava atrasada o suficiente, o que significaria que teria que correr contra o relógio e sequer teria tempo para parar e almoçar.
Entrei no meu quarto praticamente feito um furacão, arrancando minhas roupas e correndo para tomar uma ducha rápida. Devido ao atraso não demorei muito e, após vestir o uniforme da loja e me arrumar completamente, peguei minha bolsa e o celular e corri para fora do quarto, andando o mais rápido que conseguia. Porque tinha que ter arrumado um emprego tão longe da Kingston?
- Ei, – ouvi uma voz conhecida me chamar e me virei dando de cara com .
- Oi, – o abracei rapidamente.
- Pra onde vai com tanta pressa?
- Trabalhar. Estou completamente atrasada e se eu demorar, minha chefe vai arrancar minha cabeça.
- Eu posso te dar uma carona – ele se prontificou.
- Obrigada, mas não quero te dar trabalho.
- Não é trabalho nenhum, . Eu estou de saída e vou passar perto, então não custa nada te levar.
- Tem certeza? – perguntei receosa.
- Tenho – ele assentiu. – Além do mais, podemos conversar um pouco.
Assenti e o segui pelo estacionamento. Pelo canto de olho pude observar um pouco como não fazia há algum tempo. Ele tinha sido o primeiro cara que eu havia ficado sem ter nenhum compromisso. Ele era engraçado, atencioso e tudo que uma garota pode desejar em um garoto, mas mesmo assim, eu não quis ficar com ele, não quis levar aquele nosso rolo adiante e preferi acabar. Talvez eu preferisse mesmo caras como , talvez meu coração gostasse de sofrer, aquela era a resposta mais lógica quando eu me perguntava o motivo de não ter dado uma chance a . Suspirei, pensando mais uma vez em como minha vida tinha virado de cabeça pra baixo desde o momento que coloquei meus pés em Londres. Eu sequer me lembrava mais como era minha vida antes de vir pra cá e, se me perguntarem qual vida eu preferia, sem sombra de dúvida eu responderia que gosto da minha vida como ela está agora.
- Você está bem? – perguntou, tirando-me dos meus devaneios.
Estava tão distraída que sequer percebi que entrei no carro e agora olhava para frente. Eu era tão estranha às vezes.
- Estou sim – respondi, finalmente o olhando. – Às vezes minha mente me leva pra longe daqui.
- Eu percebi – ele riu levemente. – Estava pensando em quê?
- Em como tudo mudou pra mim desde que cheguei aqui.
- Espero que tenha sido pra melhor.
- Ah, foi sim – afirmei sorrindo. me olhou rapidamente e um sorriso lindo se abriu em seu rosto.
- Sinto sua falta – ele confessou. – Faz tempo que não conversamos.
- Eu também, . Desculpe se me afastei um pouco, é que tem tanta coisa acontecendo.
- Você e , huh? – ele me olhou com a sobrancelha erguida. Desviei o olhar, sentindo meu rosto esquentar. Desde quando eu corava só por ouvir o nome dele? – Vocês estão sérios?
- Er... Não. Estamos... Indo devagar.
- Você gosta dele? – ele perguntou e seu tom de voz era curioso.
- é um cara legal e a gente se diverte – falei, tentando não falar demais. e eram melhores amigos e dividiam o quarto; a última coisa que eu queria era que ele soubesse dos meus sentimentos verdadeiros.
- Ele gosta de você – ele falou de repente e eu o olhei com os olhos arregalados. Como assim?
- Ele te disse isso?
- Não, mas não preciso que ele me diga pra saber. Você fisgou ele de uma forma que nenhuma outra garota fez antes e olhe que conheço há anos.
- Não fale besteiras, . não é do tipo que se apaixona.
- Bem, as pessoas mudam. Talvez ele tenha mudado também.
Balancei a cabeça, me recusando a acreditar naquilo assim como tentava ignorar as batidas rápidas de meu coração. Aquilo era impossível. não se apegava a ninguém, daquilo eu tinha certeza. Eu estava apaixonada por ele e não tentava mais negar isso, mas não era por isso que ia ser burra ao ponto de me iludir. No final, a única machucada da história seria eu.
- Me fale sobre você. Namorando alguém? Alguma garota em vista?
- Estou saindo com uma garota que conheci em uma festa.
Sorri com a informação. Se tem alguém que merecia ser feliz, esse era o .
- Está gostando dela?
Ele sorriu de uma forma que eu soube da resposta antes que ele me respondesse.
- Pra caralho.
- Isso é ótimo! – sorri abertamente. – Ela é uma garota de sorte. Você merece ser feliz.
- Obrigado, mas o sortudo sou eu. Ela é incrível.
- Tenho certeza que sim – concordei, ainda sorrindo.
estacionou o carro em frente ao estabelecimento. Olhei para o relógio, vendo que não estava mais tão atrasada assim graças ao meu amigo.
- Está entregue madame.
- Obrigada, – me inclinei para depositar um beijo em sua bochecha. – Você salvou minha vida.
Ele sorriu e eu abri a porta pronta para sair, mas a voz de me impediu que eu completasse o ato.
- ?
- Sim? – Olhei para ele, esperando que ele falasse.
- gosta mesmo de você e eu sei que você gosta dele. Então, pensa mais sobre isso, ok? Uma hora um de vocês vai ter que dar o braço a torcer.
- Porque está me dizendo essas coisas, ?
Ele deu de ombros.
- Eu só quero ajudar, porque vocês dois merecem ser felizes assim como eu estou sendo. Pensei nisso.
Assenti e saí do carro. deu partida logo em seguida, me deixando com a cabeça fervilhando e cheia de pensamentos.

’s POV

- E aí, cara – me cumprimentou e se sentou à minha frente.
- Você demorou; estava quase indo embora.
- Desculpe. Tive que dar uma carona pra .
- Pra ? – perguntei, estranhando. – Pra onde ela foi?
deu uma risadinha como se soubesse de algo que eu não sabia.
- Relaxa, man, a deixei no trabalho.
Assenti e chequei as horas, vendo que já se passava mesmo do horário de trabalho dela. Ela devia estar atrasada, mas isso não era uma novidade.
- Vamos pedir, estou faminto – falei, mudando de assunto.
chamou o garçom mais próximo e, logo, fizemos o nosso pedido. Enquanto esperava o almoço chegar, e eu conversávamos sobre o como a faculdade mal tinha começado e nós já tínhamos uma pilha de trabalhos para fazer.
- estava pirando quando a vi mais cedo – comentei, rindo. já era meio pirada normalmente, imagina quando tinha milhares de coisas pra fazer.
- Eu até imagino – ele falou, rindo também. – Eu só tenho pena do que vai ter que aguentar o mau humor dela.
- Nossa, nem me fala – concordei, já começando a sentir pena pelo meu amigo. Não era fácil namorar uma garota como a .
- Com tantas coisas pra fazer, não sei como vou ter tempo para sair com a gata – lamentou.
- Opa, que gata? – perguntei, curioso. Não estava sabendo que ele estava saindo com alguém.
- Uma gata que estou saindo enquanto a não me dá bola.
Fechei a cara. tinha a mania de falar que era a fim da e eu nunca sabia se ele falava sério ou se estava só brincando. De uma forma ou de outra, não era engraçado, pelo menos não pra mim.
- Você sabe que ela nunca vai te dar bola, né? – alfinetei.
- Porquê não? Você está ficando confiante demais, – ele zombou, o que me deixou ainda mais irritado.
- Você não ousaria ficar com ela de novo, mano.
- Ué, achei que o relacionamento de vocês fosse aberto.
- E é, mas isso não significa que você tem que ficar com ela também.
- Bem, se não for eu, vai ser outro cara.
Ele abriu um sorriso irritante no rosto e eu tive vontade de soca-lo, mas me contive. Ao invés disso, cerrei os olhos e o encarei, enquanto tentava entender aonde ele queria chegar.
- O que você quer dizer com isso? Você tá sabendo de alguma coisa?
- Não, nada – ele deu de ombros. – Mas você sabe como é, né? A é gata, gostosa e boa de cama. Conheço muitos caras que morrem para ter uma chance por ela.
Mas que merda era aquela? Quem eram os imbecis que queriam ficar com a minha ? Estava prestes a perguntar, mas ele continuou falando com aquele mesmo sorriso imbecil no rosto:
- Mas, ei, não é como se você tivesse como se preocupar, né? Vocês não são namorados, você não está apaixonado por ela, nem nada, certo?
Franzi o cenho. Eu? Apaixonado pela ?
Meu estômago embrulhou só com aquele pensamento, mas eu não soube dizer se aquilo era um bom ou um péssimo sinal.
- Claro que não, idiota. Se ela quiser ficar com outros caras, eu que não vou impedir – dei de ombros.
me analisou como se duvidasse do que eu falava, mas logo, o garçom chegou com as nossas comidas, e o papo foi dado por encerrado.

XxX


Já se passava das sete da noite quando resolvi deixar os trabalhos de lado e sair para espairecer. Depois do almoço, eu e voltamos para o nosso dormitório e eu achei que seria uma boa ideia começar a fazer os trabalhos, o que eu não imaginava era que eles seriam tão complexos.
Assim que coloquei os pés para fora do prédio, respirei o ar puro e me pus a caminhar pela grama, enquanto pensava em uma solução para o maldito trabalho. Estava tão distraído que acabei esbarrando em alguém.
- Anh, desculpa… – olhei para a pessoa à minha frente e arregalei os olhos quando conheci a figura à minha frente. – ?
- ? – ela parecia tão surpresa quanto eu. – Já tem um tempo, né?
- Pois é – cocei a nuca. e eu éramos amigos desde que entrei na Kingston, mas depois de tudo o que aconteceu as coisas entre nós ficaram estranhas.
- Fiquei sabendo que você e a estão namorando… – ela foi direta.
- Nós não estamos namorando – disse no automático.
- Ah, não? – ela sorriu maliciosamente, totalmente interessada. – Não é a informação que estão passando por aí.
- Eu e somos apenas amigos – declarei.
- Então ela não vai se importar se você ficar com outras pessoas?
Cerrei os olhos, entendendo exatamente aonde ela queria chegar. Então quer dizer que ela ainda queria ficar comigo? Aquilo não deveria me surpreender.
- Não… Está interessada? – ela sorriu ainda mais e eu sabia que ela já estava no papo.
se aproximou, envolveu meu pescoço e encostou seus lábios nos meus por uns segundos.
- Isso responde sua pergunta?
Sorri em resposta, agarrei sua e cintura e girei o corpo, a encostando em um galho de árvore qualquer antes de beijá-la.

’s POV

- Acho que já chega por hoje – fechei o livro com força e o empurrei para longe de mim. Eu e Amber – finalmente descobri o nome dela – tínhamos feito mais da metade do primeiro trabalho e eu já estava ficando com dor de cabeça. Se eu soubesse que nutrição ia ser tão complicado, teria escolhido outro curso.
- É. Fizemos a maior parte hoje – ela concordou.
- Podemos continuar amanhã no mesmo horário – sugeri.
- Está ótimo pra mim.
Assenti e me levantei. Peguei alguns livros em cima da mesa e caminhei até a estante da biblioteca para colocá-los em seus devidos lugares. Amber também fez a mesma coisa e logo, saímos do local em direção ao prédio do nosso dormitório.
- Então você trabalha no período da tarde? – ela perguntou.
- Sim – afirmei.
- Como você consegue? – ela parecia impressionada. – Quero dizer… Conciliar a universidade com o trabalho deve ser bem difícil.
- Bem… Eu comecei a pouco tempo, então ainda vou descobrir se vou conseguir manter as duas coisas e continuar sã – ela riu.
- Você é inteligente, tenho certeza que vai conseguir.
- Ah, obrigada.
Amber era uma garota legal. Fico me perguntando o motivo de nunca ter falado com ela antes.
- Anh… Aquele ali não é o com a ? Achei que eles tinham terminado…
Olhei em direção ao lugar que ela observava, mas desejei que não tivesse visto. e estavam embaixo de uma árvore no maior amasso e pelo andar da carruagem, aquilo iria parar ou na cama dela ou na dele. Meu coração acelerou no peito e eu desviei o olhar, não conseguindo olhar aquela cena por muito mais tempo. Senti vontade de chorar, mas me segurei. Naquele momento me arrependi por ter escutado e e ter tido o mínimo de esperança. não estava e nem nunca vai estar apaixonado por mim. E o pior disso tudo? Eu estava apaixonada por ele e, mesmo sabendo que não devia, a dor em meu peito me dizia que eu me importava sim que ele ficasse com outras garotas. Ainda mais quando aquela garota era a ex dele.
- Pelo visto eles voltaram… E-Eu vou andando, acabei de me lembrar de uma coisa que tenho pra fazer. A gente se vê amanhã – falei rapidamente e sai andando sem ao menos deixar a garota responder. Eu não queria ter que ficar ali mais nenhum momento e respirar o mesmo ar que eles.
Corri para dentro do prédio e subi as escadas às pressas, abrindo a porta do quarto e batendo a mesma com força. , que estava concentrada lendo um livro, se assustou e soltou um grito.
- Céus, ! Pra que tanta agressividade?
- Eu odeio o – comecei a andar de um lado para outro, bufando de raiva. A vontade de chorar ainda estava presente, mas eu me recusava a derramar uma lágrima sequer por ele. – Aliás, eu odeio você e o também – a fuzilei com o olhar.
- Credo, o que aconteceu? – ela arregalou os olhos e se levantou, vindo em minha direção.
- Eu vi o se agarrando com a lá embaixo – cuspi as palavras com nojo. arregalou ainda mais os olhos e colocou a mão na boca, em uma atitude completamente chocada.
- Não…
- SIM! E sabe o que é pior? Eu estava com esperança de que vocês estavam certo e ele talvez estivesse gostando de mim também e agora eu odeio vocês dois por me fazerem de trouxa!
- , calma. Você tem certeza do que viu?
- VOCÊ ACHA QUE EU SOU CEGA? – respirei fundo, tentando me acalmar. – Nossa, eu estou com tanto ódio dele agora.
- Mas , vocês não estão em um relacionamento aberto? Tecnicamente ele é livre pra ficar com quem quiser.
Olhei para ela querendo matá-la apenas com o olhar. se encolheu.
- Você acha que eu não sei? Não acredito que fui tão burra.
- Não. Não vou deixar que você faça isso consigo mesma – ela falou, segurando meus ombros e me sacudindo. – Você é forte e pode resolver isso na conversa, ou, pode aceitar o fato de que o que vocês tem não é sério e passar agir de acordo com isso.
A encarei seriamente enquanto considerava o argumento dela. Cheguei à conclusão de que ela estava certa. Eu sabia muito bem no que estava me metendo quando comecei a sair com e eu tinha prometido a mim mesma que não iria mais fazer drama por cada problema que eu tivesse.
- Tem razão – disse, por fim. – Me desculpa por ter gritado com você.
- Já estou acostumada com seus ataques – soltei uma risada fraca e ela sorriu.
- Obrigada – disse e a abracei. soltou um grunhido surpreso com o meu gesto, mas logo retribuiu meu abraço.
- Não precisa me agradecer por nada, você sabe – ela respondeu, quando nos afastamos. – Agora vai tomar um banho que você tá fedendo.
Abri a boca chocada com aquela ousadia, o que só arrancou risadas da parte dela. Me limitei a revirar os olhos e calada fui para o banheiro tomar um banho quente e relaxante; não duvidava que estivesse mesmo fedendo.
Pendurei minha toalha e, após tirar a roupa, entrei no box e liguei o chuveiro, ajustando a temperatura da água antes de colocar meu corpo embaixo d’água. Fechei os olhos e suspirei, pensando em como iria fazer aquilo. Eu não tinha ideia de como iria fazer para agir como se não me importasse que fodia com outras garotas além de mim. Cenas dos nossos últimos dois encontros vieram à mente e eu me perguntei se ele também fazia aquilo para elas. Eu seria muito estúpida se acreditasse que sim, que eu era especial, porque o oposto estava mais que óbvio. Eu não era e nunca fui especial.
Chegar aquela conclusão machucou, mas não fiquei presa a isso. Estava disposta a seguir o conselho de . Se era assim que iria ser as coisas entre eu e ele, então eu passaria a agir de acordo.

XxX


- Nossa, estou morta – declarei, me jogando em uma das cadeiras. Hoje em especial a loja tinha lotado. Parecia que toda Londres tinha decidido comprar roupas para seus respectivos filhos ou namorados e, desde do momento que tinha posto os pés na loja àquela tarde, não tinha parado um minuto sequer.
- Somos duas – Sarah falou, sentando na cadeira ao meu lado. – Se mais alguém entrar por aquela porta, eu me jogo no chão e começo a chorar.
Foi só ela terminar de falar que o sininho tocou, indicando que alguém tinha entrado. Olhei risonha para minha colega de trabalho que espalmou a mão no rosto, praguejando por tamanha falta de sorte.
- Deixa que eu vou – falei, já me levantando e ela só faltou se jogar aos meus pés para me agradecer. Me aproximei do cliente que, ao notar minha presença, me avaliou de cima abaixo e deu um sorriso de canto; um dos mais lindos que já tinha visto. – Boa tarde. Em que posso ajudá-lo? – perguntei educadamente.
Ele mordeu o lábio inferior e olhou ao redor rapidamente, antes de finalmente me responder.
- Eu não sei exatamente o que estou procurando – fez careta. – Eu tenho que ir para um evento importante da minha família e minha mãe foi bem clara quando disse que eu não podia ir vestido assim – ele apontou para as roupas que vestia.
- Então você está procurando uma roupa social?
- Bem, acho que sim – respondeu incerto. – Será que você pode me dar uma opinião feminina? Eu realmente não entendo muito dessas coisas.
- Claro – sorri compreensiva. – Vem comigo.
Segui em direção a seção de roupas sociais com o rapaz desconhecido ao meu encalço. Mostrei algumas peças para ele e, após escolher algumas, ele seguiu em direção aos provadores.
- O que achou? – perguntou-me, enquanto se olhava no grande espelho.
Avaliei a roupa que o rapaz vestia e foi impossível não admirar o belo corpo que ele aparentava ter e aquela bunda... Minha nossa! Nem o tinha uma bunda daquelas e olha que a dele era bem sexy. Subi o olhar para o rapaz, torcendo para que ele não tivesse percebido, mas pelo olhar e o sorriso de canto que ele me lançava pelo reflexo do espelho, deixou-me saber que havia sido pega no flagra. Desviei o olhar dele, claramente envergonhada e forcei-me a respondê-lo.
- Hm... Acho que ficou bom, mas ainda está faltando alguma coisa. Coloca a outra que você escolheu.
Ele assentiu e entrou no provador.
- Minha nossa, estou arrependida de ter deixado você atender ele – Sarah se aproximou.
- Ele é mesmo gato, não é? – ela assentiu, concordando.
- Como é o nome dele?
- Não perguntei.
- Como não, ? Meu Deus, como você é lenta!
- Estou trabalhando. Não posso ficar paquerando com os clientes.
- Meu amor, não é todo dia que se tem uma chance dessas – ela falou como se fosse obvio. – Então não desperdiça.
Abri a boca para responder, mas no segundo seguinte o rapaz saiu do provador e eu perdi totalmente minha fala e folego. Ere estava simplesmente perfeito. O terno preto enfatizava ainda mais o charme que ele já possuía, o deixando completamente lindo... e gostoso. Sarah murmurou alguma coisa ao meu lado, mas não dei atenção. Meus olhos estavam cravados no deus grego à minha frente.
- E então? – questionou-me e eu levei um minuto para perceber que ele estava falando comigo.
- Perfeito – respondi e ele abriu um largo sorriso, os dentes brancos e perfeitos, assim como ele aparentava ser. Céus, porque os britânicos tinham que ser tão charmosos? E aquele sotaque? Nossa senhora.
- Tem certeza? – assenti e ele se olhou no espelho uma vez, antes de se virar para mim novamente. – Acredito no seu julgamento... Hm... Qual é o seu nome?
- .
- – ele repetiu, como se tivesse experimentando meu nome e aquilo teve um efeito completamente inapropriado em mim. – Nome bonito.
- Obrigada – sorri timidamente.
- Sou Jonathan – ele esticou a mão e a peguei para cumprimenta-lo, mas ele me surpreendeu quando levou minha mão aos seus lábios, os beijando delicadamente. – É um prazer conhece-la.
Nem preciso dizer que quase derreti, né?
Quando ele se afastou para tirar a roupa escolhida, Sarah praticamente surtou ao meu lado.
- Ele está completamente na sua! – ela murmurou.
- Cala a boca sua maluca – retruquei entre dentes. - Deixa de imaginar coisas.
- Você é muito lerda. Eu não deixaria essa chance passar.
- Não tem chance nenhuma, para com isso!
A empurrei pelo ombro e Jonathan apareceu, agora segurando a roupa escolhida. Sarah que estava no caixa, recebeu a roupa dele enquanto eu tentava inutilmente não olhar para a figura a minha frente, ainda mais com os constantes e nada discretos olhares vindo dele, que desviou o olhar apenas para entregar o cartão de crédito para minha amiga, voltando a olhar para mim em seguida. Logo, a sacola foi entregue a ele e eu já estava me lamentando pela sua partida, quando ele veio em minha direção.
- , não é? – assenti, boba. Meu Deus, como eu era idiota. – Muito obrigado pela sua ajuda.
- Que isso, só estava fazendo meu trabalho – respondi, modesta.
- Hm... Eu estaria sendo muito inconveniente se pedisse o seu número? – ele foi direto.
Pelo canto de olho, percebi que Sarah estava se controlando para não surtar e me forçar a passar meu número para o cara desconhecido. Ignorando minha amiga ao meu lado, sorri para Jonathan, que esperava pacientemente pela minha resposta.
- Claro que não – disse por fim e peguei um pedaço de papel, anotando número rapidamente e entregando ao rapaz em seguida. Ele pegou o papel e olhou para o que estava escrito, antes de me olhar novamente com um sorriso no rosto.
- A gente se fala então, – disse, e deu as costas, caminhando para fora do estabelecimento. Fiquei observando sua figura completamente encantada. Ele era realmente muito bonito.
- EU FALEI – Sarah explodiu ao meu lado e eu ri sem graça com aquela situação.
- Não precisa fazer tanto alarde. Eu nem sei se ele vai me ligar.
- Ah, para com isso. Ele pediu seu número, então ele vai ligar sim.
- Não vou criar expectativas sobre isso – declarei. – Então, assunto encerrado.
- Tá bom, sua chata – ela deu língua, em uma atitude completamente infantil. – Vamos fechar a loja antes que mais alguém apareça.
Olhei para o relógio, constatando que já se passava da cinco da tarde. O tempo tinha passado tão rápido, que sequer percebi. Peguei meu celular em minha bolsa e digitei uma mensagem para Amber, informando que me atrasaria um pouco antes ir ajudar minha colega de trabalho a fechar a loja.

Entrei na grande biblioteca da Kingston, procurando pelo rosto conhecido de Amber. A encontrei sentada à uma mesa escondida e com bocado de livros aberto ao redor dela.
- Nossa, a gente vai precisar de todos esses livros? – perguntei, me sentando à frente dela.
- Ainda bem que você chegou, estava ficando louca já.
- Calma, nem falta tanto para acabarmos.
- É, mas esse pouco que falta é o demônio.
Ri do desespero dela. Pelo visto drama não era apenas o meu departamento. Deixando a conversa de lado, me pus a procurar pelo conteúdo em um dos livros e, não demorou muito para que eu o encontrasse. O que um pouco de calma e paciência não fazia, certo?
Ficamos incontáveis minutos trabalhando naquele trabalho e realmente aquela era a parte mais complicada de se fazer, mas conseguimos.
- Nem acredito que terminamos – falei, salvando o trabalho e fechando o notebook. Já se passava das nove da noite e eu estava mais exausta que nunca.
- Menos dois trabalhos para fazer – Amber disse, tão aliviada quanto eu.
- Nem me fale. Ainda tenho outros para fazer com , mas isso é o de menos; tudo que quero fazer agora é deitar e dormir.
- Você leu meus pensamentos – ela riu.
Juntamos os livros e colocamos de volta em suas prateleiras. Guardei meu notebook em minha bolsa e a pendurei no ombro, antes de caminhar em direção a saída com Amber em meu encalço. De repente, meu telefone começou a tocar e eu tive que parar para procurá-lo em minha bolsa.
- Eu vou andando. Até amanhã – Amber disse e foi embora, sem esperar qualquer resposta de minha parte.
Um número desconhecido piscava em minha tela. Deslizei o dedo e coloquei o aparelho no ouvido, atendendo a ligação.
- Alô?
- ? – não precisou de muito para que eu reconhecesse aquela voz.
- Jonathan?
- Ah, que susto. Por um momento achei que tivesse me dado o número errado.
Soltei uma risadinha. Isso era algo que eu faria, mas não nesse caso.
- Não sou tão malvada assim – ele riu também.
- Que bom... – ele ficou em silencio e eu também. Eu geralmente sabia o que queria dizer, mas esse não era o caso. Talvez o fato de que eu ainda não o conhecia ou possuía intimidade com ele, fosse o suficiente para que eu empacasse e não soubesse o que falar ou fazer. – Vou ser direto. Eu gostei muito de você, e quero muito te conhecer – ele quebrou o silêncio, para minha felicidade.
- Você parece ser um cara bem legal, Jonathan – encostei-me a uma parede qualquer do prédio.
- Pode me chamar de Jace – ele falou. – Você quer me conhecer também?
- Eu adoraria – mordi o lábio, contendo o sorriso que queria escapar.
- Lembra do evento que te falei mais cedo? – perguntou e eu fiz um barulho com a boca em confirmação. – Quer ir comigo? É uma ótima oportunidade para nos conhecermos melhor.
Fiquei em silencio, ponderando se deveria aceitar aquele convite, afinal, a família dele vai estar lá e aquilo não é comum para um primeiro encontro.
- Eu sei que minha família vai estar lá – ele falou, parecendo adivinhar meus pensamentos. – Mas você nem vai perceber a presença deles e podemos sair logo, ir para outro lugar... O que acha?
Sorri com todo aquele esforço para me convencer. Ele queria mesmo sair comigo.
- Tudo bem, eu topo.
- Ai, que ótimo! – ele parecia aliviado. – Eu passo para te pegar amanhã às sete, combinado?
- Tudo bem.
- Mal posso esperar – falou ele e eu sorri, completamente derretida. Eu mal o conhecia, mas não tinha como se encantar por aquela voz.
- Vou te enviar meu endereço – disse e ele concordou. – Te vejo amanhã.
- Até amanhã, – se despediu e desligou.
Joguei o celular dentro da bolsa e caminhei, finalmente saindo do prédio e indo em direção aos dormitórios. Tinha acabado de conhecer um cara e já tinha um encontro marcado com ele, dá pra imaginar o tamanho da loucura que minha vida tinha se tornado?
Subi as escadas do dormitório com um sorriso no rosto. Seguir os conselhos de tinha sido a melhor coisa que eu tinha feito; essa era a única certeza que eu tinha.


Capítulo XVIII

O céu nublado indicava que a qualquer momento poderia chover. Apertei meu casaco contra o corpo com uma mão, enquanto a outra segurava os livros que tinha usado naquele dia. Entrei no prédio e segui até a biblioteca, onde tinha marcado de me encontrar com aquela tarde. Aquele dia em especial era a minha folga e nada mais justo do que aproveitá-lo para fazer o trabalho que deveria entregar semana que vem. não tinha ficado muito feliz com a ideia, já que parecia que ele tinha planos, mas bem, também não era como se ele tivesse escolha.
- Mil desculpas pela demora – falei, depositando os livros em cima da mesa e me sentando de frente para ele.
- Tudo bem – deu de ombros. – Se não se importa, eu aproveitei o tempo para dar início ao trabalho – ele virou a tela do notebook para que eu pudesse ver o que ele já tinha feito.
- De jeito nenhum – falei, analisando o conteúdo escrito no word. – Está ótimo – sorri para ele. Afastei o aparelho e puxei meu caderno, tirando de lá uma folha com as minhas anotações. – Eu fiz uma pesquisa, e aqui estão minhas notas, veja se são úteis – ele pegou a minha folha e a observou por um tempo.
- Podemos usar muitas coisas daqui – ele aprovou.
- Que bom – suspirei aliviada. – Vai escrevendo, enquanto eu pesquiso mais coisas. Ele assentiu e eu puxei um livro, começando a minha pesquisa.
- Como estão as coisas? – perguntou-me sem tirar os olhos da tela. – A gente não conversa mais.
Fechei os olhos e suspirei, me sentindo a pior pessoa do mundo. Eu sei que aquilo provavelmente tinha sido só um comentário, mas não dava para eu não me sentir de outra forma. Afinal, não dava para esconder a quão péssima amiga eu estava sendo para aqueles que ficaram comigo e me apoiaram durante esse último ano.
- Eu sei que tenho sido uma péssima amiga. Me desculpe – fui sincera.
- Ei, não tem que se desculpar – ele desviou o olhar da tela, agora me dando completa atenção. – Eu não disse isso pra te fazer se sentir culpada. Eu só queria saber como você está – falou ele.
- Eu sei – respondi –, mas eu realmente me sinto mal porque sei que me afastei de vocês nesses últimos tempos.
- Não posso dizer que te culpo, afinal, tem te mantido bastante ocupada – ele deu um sorriso malicioso e meu rosto esquentou imediatamente.
- ! – repreendi e ele riu.
- Só estou dizendo a verdade.
- Foco no trabalho, por favor.
Ele riu mais novamente, mas voltou a olhar para tela do laptop. Voltando a encarar o livro diante de mim, folheei mais algumas páginas, sem realmente encontrar mais nada para adicionar no trabalho, então fechei o livro e puxei o próximo, passando a folheá-lo.
- Tem falado com a ? – perguntou de repente, chamando minha atenção.
- Er… – parei para pensar. – Acho que falei com ela na terça.
- Ah…
Franzi o cenho sem entender.
- Por que? Está tudo bem entre vocês?
- Sinceramente, eu não sei. Quase não conversamos e, quando conseguimos nos falar, ela está sempre ocupada – ele suspirou e continuou. – Estou começando a achar que ela não quer mais nada comigo e está me evitando de propósito.
- Relacionamento à distância é um saco – comentei, recordando do que passei com . Eu não desejava aquilo pra ninguém. – Tenho certeza que ela deve estar só ocupada mesmo. Tudo vai se resolver, você não precisa se preocupar.
- Não sei não. Parece que tenho muito o que me preocupar sim.
- Não, você não tem – rebati. – De uma coisa pode ter certeza: se não quiser mais ficar com você, ela vai te dizer; então, se ela ainda não te falou isso, é porque ela ainda quer você.
- Será?
- Tenho certeza – garanti. – Agora foco no trabalho que a bibliotecária tá olhando feio pra cá.
Ele desviou o olhar para a mulher sentada atrás do balcão e que nos olhava de cara feia de cinco em cinco segundos e, com a maior cara de pau, acenou e mandou um beijo pra ela. Tive vontade de gargalhar, mas me contive, pois não queria correr o risco de ser proibida de entrar lá até o fim do curso.

Fechei o livro e ergui os olhos até o relógio pendurado na parede do outro lado a biblioteca. Arregalei os olhos ao constatar que já se passava das cinco e meia e que eu teria apenas uma hora e meia para ficar pronta, caso ainda quisesse sair com o Jonathan.
- Eu tenho que ir, – disse, já me levantando.
- Mas estamos quase acabando – protestou.
- Eu sei, mas eu vou precisar sair. Podemos terminar amanhã?
Ele cerrou os olhos e me analisou, provavelmente querendo mais detalhes sobre toda aquela minha pressa pra sair.
- Vai sair com o ? – chutou, um sorriso extremamente malicioso se abriu em seus lábios. Controlei-me para não revirar os olhos. Meu mundo não girava apenas ao redor do que, só pra constar, eu não o tinha visto mais desde daquela noite que o vi com a . Obviamente, ele estava ocupado demais para perder tempo comigo.
- Não – respondi, por fim. – Podemos ou não terminar isso amanhã?
- Sim, podemos.
- Obrigada – me aproximei dele e depositei um beijo em seu rosto, antes de me afastar e sair daquele lugar.

A primeira coisa que fiz quando entrei no meu quarto foi correr para o meu closet. Vasculhei por entre as roupas penduradas, tentando achar um vestido apropriado para a ocasião, mas nada parecia me agradar. Bufei impaciente, desejando que estivesse ali para me ajudar na escolha, mas no fundo eu estava agradecida por ela não estar ali, pois eu não tinha contado sobre Jonathan e queria evitar perguntas que não queria responder.
Estava quase considerando chama-la quando olhei para o lado e avistei o vestido. Ele era simplesmente perfeito e era justamente o que eu estava precisando, mas... Ele era de . Mordi o lábio, pensando no que fazer. Acho que ela não ia se importar se eu pegasse emprestado, não é? Eu cuidaria bem do vestido e, bem, eu precisava causar uma boa impressão, não podia ir com qualquer coisa.
Decidindo que usaria o vestido, me aproximei da parte de e tirei a peça de lá, levando-a de volta para o quarto e estirando em cima da minha cama. Logo em seguida, corri para o banheiro, tendo em mente que meu tempo para me arrumar tinha diminuído consideravelmente. Tomei um banho consideravelmente rápido e, sem perder tempo, vesti o roupão e parei em frente a pia, onde começaria todo o trabalho e maquiagem e cabelo. Começando pelo cabelo, liguei o secador e comecei a secar meu cabelo, para depois finalizar com o modelador, deixando algumas ondas nas mexas. Com a primeira parte pronta, peguei meu estojo de maquiagem e coloquei tudo em cima da pia, abrindo um por um até escolher o que queria. Decidi destacar meus olhos, então passei uma sobra escura e delineador, e na boca, deixei uma cor nude. Guardei tudo de volta na bolsinha e saí do banheiro para executar a segunda parte: vestir a roupa. Aquele vestido não foi fácil colocar sozinha, mas ele serviu direitinho. Felizmente eu tinha um par de salto da cor prata que combinaria perfeitamente com o vestido e foi eles mesmo que calcei. De frente para o espelho, coloquei meu par de brincos preferido e uma gargantilha que eu tinha comprado recentemente. Sorri para o meu próprio reflexo, completamente satisfeita com o resultado. Modéstia à parte, eu estava muito gostosa.

Meu celular vibrou em cima da cama, indicando que uma mensagem havia chegado. Peguei o aparelho e desbloqueei, vendo que Jonathan havia me mandado uma mensagem, avisando que estava me esperando lá embaixo. Respondi, e corri até o closet para pegar a minha bolsa e aproveitar e passar mais um pouco de perfume. Com tudo pronto, saí do quarto, apagando a luz e fechando a porta ao passar. Desci as escadas devagar, sentindo meu estômago revirar de ansiedade. Naquele momento, o fato de que eu estaria indo para o evento dos pais de Jonathan não me incomodava, o que estava me deixando tão nervosa, era o fato de que eu estava, pela primeira vez, saindo para um encontro com alguém que não era .
Um carro estava estacionado em frente ao prédio – coisa que eu nem sabia se era permitido – e, logo identifiquei Jonathan, quando o mesmo saiu do carro e veio em minha direção. Pisquei algumas vezes para me certificar de que não estava sonhando, que aquilo era real. Ele estava incrivelmente lindo. Foi tudo o que consegui pensar. Se eu achava que ele estava perfeito quando provou a roupa, agora que ele estava perfeitamente arrumando, todos os elogios do mundo não faziam jus ao tamanho de sua beleza.
- Wow, você está... Incrível – ele falou, enquanto me analisava de cima a baixo. Sorri largamente, completamente satisfeita com o elogio. Hoje, não daria espaço para timidez.
- Obrigada, você também não está nada mal.
Ele também sorriu e segurou minha mão, depositando um beijo nela sem tirar os olhos de mim. Um arrepio subiu pela minha espinha e eu tive que me controlar para não parecer uma idiota encantada.
- Vamos? – apontou para o carro e eu assenti, o seguindo até o veículo. Em um gesto de cavalheirismo, Jonathan abriu a porta pra mim e, depois que eu estava acomodada no banco do passageiro, ele deu a volta no carro e se sentou ao meu lado, do lado do motorista. Ele olhou para mim rapidamente, antes de girar a chave na ignição e dar partida.
- Então, quer me dizer qual é o propósito desse evento?
- É um evento de caridade. Minha mãe sempre que pode faz um desses – contou ele. – Eu particularmente não gosto de frequentar, porque é sempre um bando de gente velha e rica, comprando as coisas que minha mãe coloca à leilão pelo olho da cara. A parte boa é que o dinheiro todo é doado para alguma instituição que esteja precisando muito, mas tirando isso, é um saco estar lá.
- Se você não gosta, por que não vamos para outro lugar? – perguntei curiosa.
- Minha mãe me mata se eu fizer isso. Ela força a família toda a ir.
- Entendi – mordi o lábio, começando a ficar mais nervosa do que já estava antes. Toda a família dele estaria lá. Não era pressão nenhuma para um primeiro encontro; imagina.
- Não se preocupe com a minha família – ele falou, parecendo ler meus pensamentos. – Você nem vai perceber que eles estão lá – garantiu. – Além do mais, a única coisa que eles podem pensar quando te ver, é no quanto eu sou um cara sortudo por estar com uma mulher linda ao meu lado.
Sorri para ele, completamente sem jeito. Jonathan era um galanteador, isso era fato e pelo que estava parecendo, ele gostava de me deixar sem palavras.
- Eu sei que minha presença é única e causa esse efeito nas pessoas – me gabei. Ele riu, divertido.
- Viu? Uma mulher linda e confiante, gosto disso – ele piscou para mim.
Confiante? Eu não era nenhum pouco, mas estava tentando mudar.
Meu celular vibrou dentro da bolsa e eu peguei o mesmo, vendo que era uma mensagem de .

“Pra onde você foi? E quem era aquele gato?”

Franzi o cenho. Como ela sabia que eu tinha saído com um cara? Ela tinha visto tudo?

“Como você sabe que eu saí com alguém?”

A mensagem foi visualizada imediatamente e, logo, ela começou a digitar.

“Nós vimos tudo, .”

Nós? Será que o viu também?

“Nós quem?”

“Todo mundo. Estávamos conversando perto dos dormitórios quando você saiu. Pensei em te chamar, mas fiquei muito chocada na hora. Desembucha, quem é o gato?”

“Alguém que conheci. Não vou entrar em detalhes agora.”

“O ficou puto. Ele tentou disfarçar, mas todo mundo percebeu.”


Revirei os olhos. Ele não tinha direito nenhum de ficar puto comigo porque estava saindo com outra pessoa. Mas não tinha mesmo.

“Que ele vá pra puta que pariu. Não devo nada a ele.”

Enviei e desliguei o aparelho, jogando-o de volta dentro da bolsa. Eu iria aproveitar minha noite ao lado de Jace, sem ter que me importar com o pensa.
- Alguém importante? – Jace perguntou, chamando minha atenção.
- Desculpe – sorri sem graça. – Era minha colega de quarto querendo saber para onde fui.
Ele assentiu, indicando que não havia problema.
- Você não é daqui, não é?
- Não, sou brasileira.
Ele olhou para mim, surpreso.
- Sério? – assenti. – Já estive no Brasil algumas vezes. É um belo lugar.
- É sim, mas não me vejo mais morando lá.
- Por que? – perguntou, interessado.
- Não sei. Acho que... Não sinto como se pertencesse mais, entende?
- Entendo sim – disse, compreensivo.
- Eu preciso achar meu lugar e acho que Londres é local perfeito pra mim.
- É uma boa escolha – concordou – e, se você quiser, eu vou ficar mais que feliz em te ajudar a descobrir isso.
Sorri, sem saber o que dizer. Ele já havia me deixado sem palavras duas vezes em menos de meia hora. Felizmente, o clima não ficou estranho, pois minha atenção foi desviada para o local iluminado à nossa frente. O carro parou em frente ao grande portão e Jace se identificou, antes que pudéssemos adentrar o local. Vários carros já estavam estacionados ali e não precisei de muito para saber que Jace era podre de rico. Não que isso importasse, mas ainda assim, era tão surpreendente, que me encontrei de boca aberta enquanto observava o local que deveria custar uma fortuna. Não duvidava que o interior fosse muito diferente do luxo que o exterior apresentava.
O carro parou e Jace saiu do carro. A porta ao meu lado foi aberta por um senhor que devia ser um funcionário e, logo Jonathan apareceu ao seu lado, esticando a mão para mim. Aceitei o gesto e impulsionei meu corpo para fora do carro, não deixando de agradecer ao senhor que tinha aberto a porta para mim. Me virei para a grande escada e, antes que eu pudesse apreciá-la, Jace entrelaçou meu braço no dele e nos encaramos brevemente antes de seguirmos escada acima. Agradeci mentalmente por ter ele ali como apoio, ou, com certeza, não duraria muito em cima daqueles saltos.
Quando alcançamos o topo da escada, a grande porta foi aberta e vários flashes vieram no meu rosto, antes mesmo que eu pudesse ver qualquer coisa no interior. Jace acenou para algumas pessoas e posamos para algumas fotos. O tempo todo me mantive calada, pois não havia nada que eu pudesse falar. Eu sequer conhecia aquelas pessoas.
- Me desculpe por todos aqueles flashes. Eu devia ter avisado – se desculpou, depois que nos afastamos de todas aquelas câmeras.
- Me senti como uma daquelas estrelas de Hollywood – falei e ele riu.
- É exatamente como me sinto toda vez. O sentimento nunca muda – concordou ele.
- Jace! Até que fim você chegou – uma morena que aparentava ser um pouco mais nova que eu, se aproximou. Seus olhos se encontraram com os meus e ela me analisou de cima a baixo. – Quem é essa?
- Essa é a – Jace me abraçou pela cintura, me puxando para mais perto. Gesto que não foi passado por despercebido pela morena. – , essa é a Jacqueline, minha irmã.
Ótimo, mal cheguei e já fui abordada por um membro da família.
- É um prazer conhecê-la – ela sorriu e esticou a mão para mim. Sorri de volta, e apertei a mão que ela me estendia.
- Igualmente.
- Uma menina linda e simpática. Espero que você desencalhe dessa vez, irmão – alfinetou.
- Jacqueline! – ele repreendeu a irmã e eu segurei a vontade de rir.
- Que? – falou, piscando inocentemente. Eu tinha gostado dela. Se o resto da família for assim, tudo bem para mim. – Vem, mamãe e papai estão te esperando.
Ela se virou, seguindo por entre as pessoas e eu e Jonathan a seguimos até uma rodinha com algumas pessoas. De longe eu pude identificar a mãe de Jace. Não que eu a conhecesse, mas a semelhança entre os dois era inconfundível; não tinha como eu estar errada.
- Meu filho, até que fim você chegou – a mulher exclamou assim que o avistou.
Jace se afastou de mim para cumprimentar cada um dos seus familiares e eu encarei o chão, me sentindo uma intrusa no meio daquela rodinha. Onde eu estava com a cabeça quando aceitei vir com ele?
- Quem é essa, filho? – a voz de um homem chamou minha atenção e eu levantei a cabeça, percebendo todos os olhares em mim. Meu rosto esquentou imediatamente.
- É a namorada dele, papai – Jacqueline falou imediatamente e eu senti vontade de cavar um buraco no chão e nunca mais sair de lá.
- Jacqueline! – ele a repreendeu novamente e se pôs ao meu lado, voltando a me abraçar pela cintura. – Essa é a . Foi ela que me ajudou a escolher essa roupa.
- Vejo que é uma moça de muito bom gosto – a mãe dele elogiou.
- E linda – foi a vez o pai dele.
- Sim, sou muito sortudo por tê-la como minha companhia hoje – Jace disse, sorrindo. Sorri também, o resquício de vergonha dentro de mim, mas eu sabia que precisava falar alguma coisa.
- É um prazer conhece-los – disse. – O evento está lindo, Sra... – parei, me tocando que não sabia o sobrenome deles.
- Mônica Herondale.
- Está tudo lindo, Sra. Herondale.
- Obrigada, querida. É um prazer conhece-la.
Ficamos conversando ali por alguns minutos, até que um por um se afastaram para cumprimentar outras pessoas e sobrou apenas eu e Jace.
- Eu amei sua família – falei.
- Tá vendo, eu disse que não tinha com o que se preocupar.
Um garçom passou por nós e ele pegou duas taças da bandeja, entregando uma a mim em seguida.
- Você não me contou o que faz da vida.
- Estudo direito e trabalho para o meu pai na empresa dele.
- Por que não estou surpresa? – ri e ele me encarou com a sobrancelha erguida. – Você tem cara de advogado – foi a vez dele rir. – Mas, o que realmente me surpreende, é você não saber escolher um terno, sendo que usa um para trabalhar.
- Quem disse que eu não sei escolher? – ele riu esperto.
- Mas... – abri a boca, sem acreditar que tinha sido enganada. – Você estava fingindo?
- Eu vi uma atendente gata e me aproveitei da situação – ele admitiu na maior cara de pau.
- Não acredito que você fez isso – cerrei os olhos, indignada.
- Fiz, e faria de novo, porque valeu totalmente a pena.
Abri a boca pra responder, mas nada saiu. Pela terceira vez em apenas uma noite, ele tinha me deixado sem saber o que dizer. Aquilo estava virando costume. Então, para disfarçar, bebi o resto do champanhe e coloquei a taça na bandeja do primeiro garçom que passou por mim. Jace fez o mesmo e se aproximou com um sorriso no rosto.
- Dança comigo? – pediu ele, esticando a mão para mim.
- Eu deveria não aceitar só pra te castigar, mas, já que estou aqui, por que não?
Aceitei sua mão e ele sorriu lindamente, antes de me puxar para mais perto do palco, onde algumas pessoas já estavam dançando. Uma música lenta e que eu não conhecia tocava, mas a melodia era suave e linda. Jonathan parou e me puxou para perto, segurando minha cintura levemente, enquanto eu o abraçava pelo pescoço, encostando nossos corpos. Começamos a nos balançar conforme a música e eu fechei os olhos, apreciando aquele momento.
- Já falei o quão linda você está hoje? – ele murmurou perto de meu ouvido. Um arrepio gostoso subiu pela minha espinha e eu sorri.
- É sempre bom ouvir de novo.
- Pois, senhorita, você está estonteante.
Não respondi. Me afastei o suficiente para que pudesse olhá-lo nos olhos. Sua íris azul me encarava com ternura, enquanto eu observava encantada o homem que eu mal conhecia, mas vinha se mostrando ser uma pessoa incrível. Por um momento, desejei sentir por ele o que eu sentia pelo . Mas quem eu estava querendo enganar? Eu amava aquele idiota que não me merecia e, embora a atração entre eu e Jace fosse totalmente visível; eu sabia bem que não passaria a ser mais que isso.
Os dedos dele tocaram meu rosto ao mesmo tempo que seus olhos encararam meus lábios. Eu sabia onde aquilo iria dar e, eu sabia que a partir do momento que eu deixasse aquilo acontecer, estaria concordando com os termos de relacionamento aberto com o . Mas... Eu já tinha concordado com aquilo, não tinha? E estava cumprindo a parte dele bem direitinho; eu havia visto com meus próprios olhos.
“Que se foda”, pensei antes que os lábios dele encostasse nos meus pela primeira vez. No primeiro momento, foi apenas isso que aconteceu, nossos lábios juntos enquanto um parecia esperar que o outro desse o próximo passo, até que ele pressionou minha cintura, puxando meu corpo para mais perto dos seus e sua língua tocou meus lábios em um pedido silencioso para que o beijo fosse aprofundado. Eu não sabia dizer o que estava sentindo; era algo completamente diferente isso era fato, mas ainda assim, era inovador. Eu me sentia diferente, como se estivesse embraçando algo completamente novo e, talvez, eu estivesse. Segurei sua nuca e arrastei minhas unhas levemente por sua pele e pude sentir sua pele se arrepiar sob meus dedos, sorri entre o beijo, mas não permiti que ele fosse quebrado; estava bom demais para que acabasse agora. Jace soltou uma de suas mãos de minha cintura e tocou meu rosto, acariciando-o levemente, enquanto diminuía o beijo aos poucos até se tornarem pequenos selinhos. Abri os olhos devagar, me deparando com aquela íris azul me observando. tinha os olhos daquela mesma cor, mas ainda assim, ele possuía um efeito completamente diferente em mim. Jonathan fazia com que eu me sentisse calma e segura de uma forma bem estranha, mas ... Um olhar dele era suficiente para me deixar louca e querer tirar as nossas roupas não importa onde estivéssemos.
- Wow... – Jace soprou, tirando-me de meus devaneios. – Eu queria fazer isso desde que te vi naquela loja.
Sorri completamente envergonhada e sem saber o que dizer. Eu nunca sabia o que dizer ou como reagir as investidas dele e isso fazia com que eu me sentisse uma idiota. Com eu sempre tinha a resposta na ponta da língua, sempre sabia como provoca-lo ou rebater as suas provocações... “Argh! Você vai mesmo ficar o resto da noite comparando os dois? Foco no cara lindo que está na sua frente, ! Esquece o pelo amor de Deus; ele não gosta de você da mesma forma que você gosta dele então segue em frente” minha consciência praticamente gritou para mim. Balancei a cabeça, espantando todos aqueles pensamentos; chega de pensar em por hoje.
- Quer ir para um lugar mais reservado? – ele perguntou assim que a música acabou. Assenti, concordando e ele me puxou por entre as pessoas, em direção a porta que entramos. Por um momento, achei que ele ia me levar embora para algum outro lugar, mas ele seguiu pelo caminho oposto do carro dele e logo percebi que ele estava me levando para o jardim. Um belo jardim, diga-se de passagem. Olhei ao redor, admirando algumas flores que haviam ali; o lugar era mesmo bonito. – É lindo, não é? – perguntou-me. Olhei para ele que estava sentado em um dos bancos e me aproximei, sentando-me ao seu lado.
- É sim – concordei.
- Não é mais do que você?
Nem preciso dizer que minhas bochechas esquentaram na hora, né? Aquilo era tão cliché, mas, de certa forma, eu gostava.
- Você gosta mesmo de me deixar sem palavras, né?
- Está se tornando um dos meus passatempos preferidos.
Revirei os olhos e ele riu. O lugar era mesmo reservado, não tinha ninguém por perto, além de nós dois e as flores. Jace se aproximou mais de mim, me encarando de forma profunda. Engoli seco, enquanto tentava me decidir se devia me afastar ou não. Acabei optando por deixarem as coisas rolarem naturalmente. Ele esticou a mão para pegar alguma coisa atrás da minha cabeça que logo percebi que era uma linda flor, pois ele esticou a pequena planta para mim logo em seguida. Sorri e recebi a flor, encostando-a no nariz em seguida para sentir seu perfume.
- Você é mesmo um galanteador, não é?
- Depende... Estou conseguindo te conquistar? – perguntou esperto.
- Ah, eu sou uma pessoa difícil. Vai ter que ralar muito pra me conquistar – brinquei.
- Não importa. Eu sei que vai valer a pena.
Oh, céus. Porque eu não me apaixonei por alguém como Jonathan? Ele sim parecia ser o tipo de cara que eu me apaixonaria. Odeio o meu coração por gostar de ser tão trouxa.
Ele aproximou nossos rostos mais uma vez, iniciando outro beijo. Dessa vez, o beijo não era tão calmo como havia sido o primeiro, mas também não era muito urgente. Jonathan tinha uma mão em minha cintura e a outra estava pousada em minha coxa descoberta – devido a fenda do vestido – onde ele dava leves apertões de vez em quando. Passei os dedos por sua barba por fazer, enquanto deixava que ele me beijasse da forma que quisesse. Ele beijava muito bem, não podia negar. Ele, por sua vez, tirou a mão da minha coxa apenas para embrenhá-la no meu cabelo e puxou meu lábio inferior com os dentes, antes de arrastar seus lábios para o lóbulo da minha orelha, onde ele deu um pequeno selinho e, assim, fez caminho até o meu pescoço. Fechei os olhos, completamente entregue. A sensação dos seus lábios no meu pescoço e a barba roçando na minha pele era maravilhoso e eu não queria que ele parasse, mesmo com uma vozinha dentro da minha cabeça gritando que era cedo demais para que eu deixasse aquilo acontecer.
Parecendo escutar a minha consciência, ele parou subitamente e se afastou completamente sem folego. Abri os olhos meio atônita e o encarei confusa.
- Desculpe-me, eu me empolguei um pouco – disse.
- Tudo bem – sorri levemente, ainda sem entender, mas ainda assim agradecida por ele ter se controlado. Não sabia o motivo, mas não queria passar uma impressão errada para ele.
- Quer ir embora? – perguntou.
- Quero sim. Está ficando tarde e amanhã tenho que acordar cedo.
- Então vamos – ele se levantou e eu o acompanhei.
Caminhamos lado a lado até o carro e, como das outras vezes, ele abriu a porta do carro para mim. Entrei no veículo e ele deu a volta no carro, fazendo o mesmo em seguida.
- Você não vai avisar a sua família que está indo embora? – me lembrei desse pequeno detalhe.
- Não. Depois eu mando mensagem, não se preocupe.
Assenti e ele deu partida.
Durante o caminho de volta, conversamos sobre várias coisas e eu acabei descobrindo que ele morava perto da Kingston. Durante toda a nossa conversa, Jace parecia realmente interessado em saber sobre a minha vida e os meus planos para o futuro. Fiquei feliz em saber que tínhamos algumas coisas em comum, principalmente na forma de pensar sobre alguns assuntos e eu o prometi que um dia o mostraria a minha cidade no Brasil – que ele ainda não tinha visitado nas suas viagens – e ele disse que me mostraria o lugar preferido dele em Londres. No entanto, não demorou muito para que chegássemos na universidade e o carro fosse estacionado em frente ao prédio dos dormitórios. Como o cavalheiro que ele é, Jace saiu do carro apenas para abrir a porta para mim.
- Obrigada – segurei sua mão e sai do automóvel. A porta foi fechada e caminhamos silenciosamente até a entrada do prédio. Parei e o encarei, sem realmente querer me despedir dele. – Obrigada pela noite.
- Você gostou?
- Eu amei, de verdade.
- Que bom. Mal posso esperar pela próxima vez...
- Ah, então vai ter próxima vez? – brinquei.
- Se você quiser... Sim.
- Vou esperar sua ligação, então – falei e ele sorriu abertamente.
Jace se aproximou e selou nossos lábios, em um beijo de despedida. Segurei sua cintura e aprofundei o beijo, sentindo o seu gosto mais uma vez naquela noite.
- Boa noite, – falou quando nos afastamos.
- Boa noite, Jace.
Ele se afastou e eu fiquei o observando entrar no carro. Ele acenou para mim uma última vez, antes de dar partida no carro e seguir em direção a saída da universidade. Mordi o lábio inferior e me virei para abrir a porta, mas fui impedida e meu corpo foi prensado na porta bruscamente.
- MAS QUE POR... – parei ao reconhecer a pessoa. – ! Mas que merda é essa?
- Quem era aquele engomadinho? – sua voz era dura e não precisava de muito para saber que ele estava com raiva.
- Me larga, ! – tentei me soltar, em vão.
- Me responde, ! Quem era aquele merda?
- Não te interessa, . Eu não te devo satisfação.
- Eu quero saber quem é, ? Você tá saindo com ele e mais quantos além de mim?
Abri a boca, sem acreditar que aquilo estava saindo da boca dele. Sem pensar muito, levantei minha mão e estalei com força em seu rosto. me soltou surpreso, mas logo suas feições se transformaram em puro ódio. Não importava, porque ele já tinha despertado a fúria em mim.
- Eu vou repetir. Não te interessa! Eu saio com quem eu quiser e a hora que eu quiser; não te devo nenhuma satisfação, afinal, não estamos tendo qualquer tipo de relacionamento sério, não é? Então para de dar ataque e vai embora. Você não me viu dando ataque ou querendo satisfação quando você praticamente comeu a no meio do campus pra todo mundo ver.
Ele arregalou os olhos, como se o fato de eu saber daquilo fosse um grande choque para ele.
- Como você sabe disso?
- Eu vi, ; com os meus próprios olhos, mas você não me viu fazendo escândalo por isso, viu?
- Ah, então é disso que se trata? Você saiu com esse playboyzinho pra se vingar de mim?
Eu, me vingar? Eu tive que rir depois dessa... Rir não, gargalhar.
- Me poupe, – retruquei com raiva. – Meu mundo não gira ao redor do seu umbigo. Agora, se me der licença, eu vou dormir – me virei para abrir a porta, mas ele me impediu mais uma vez.
- Você transou com ele? – me virei para encará-lo. Sua voz agora continha certo... Desespero.
- Isso realmente não te interessa, . Eu não fico te perguntando com quem você transa além de mim.
Ele me soltou, como se eu tivesse o dado choque.
- Então você transou com ele... – ele me encarou duramente e eu soube que agora ele estava com mais raiva do que antes. – Você é uma vadia, . Você é igual a todas as outras.
Em outro momento e devido as circunstancias, escutar aquilo dele teria me magoado, mas eu estava com tanta raiva, que só me importava em revidar.
- SOU. SOU SIM – me aproximei dele com ódio. – E sabe o que mais? Você gosta! Você gosta das vadias, gosta de foder com elas, não é? Eu só estou cumprindo o nosso acordo. Se isso é ser uma vadia pra você, então eu sou uma e foda-se o que você pensa.
Dessa vez, abri a porta do prédio e a fechei bruscamente, não permitindo que ele tivesse tempo de me impedir. Quem achava que era pra querer vir tirar satisfação comigo quando ele ficou com a pra todo mundo ver há algumas noites? Sinceramente, era nessas horas que eu me perguntava o motivo pelo qual eu tinha me apaixonado por ele. Tá certo que ele estava sendo super fofo, atencioso, e que tinha me levado pra sair duas vezes, mas isso não significava que eu era especial e que ele estava gostando de mim, eu já tinha chegado a essa conclusão, mas, porque era tão difícil esquecer e apagar esse sentimento de dentro de mim?
Merda. Eu odiava .
Mas eu também o amava.
Merda, merda, merda!
Entrei no quarto irada. A essa altura do campeonato eu não odiava só a , eu odiava a mim mesma por ter me permitido entrar nessa situação. Joguei a bolsa em cima da minha cama e, nesse exato momento, a porta do banheiro foi aberta e saiu dele.
- Ora, ora... Eu acho que conheço esse vestido – me virei para ela, esquecendo completamente que tinha pegado o vestido sem permissão. No entanto, assim viu minha expressão, o sorriso sumiu do seu rosto, substituindo por uma expressão preocupada. – O que aconteceu?
- O que você acha?
- ... – suspirou. – O que foi que ele fez dessa vez?
- Veio tirar satisfação, acredita nisso?
- Eu te falei que ele tinha ficado puto.
- Não me interessa, . Ele não tem esse direito; não quando ele próprio está ficando com várias por aí. Só estou seguindo o seu conselho e, quer saber, eu estou pouco me fodendo pra opinião do .
- E você faz muito bem, amiga. é meu amigo, mas ele está sendo um completo babaca – ela me apoiou. – Agora me conta. Quem é o gato?
Revirei os olhos, sorrindo levemente. sendo .
Sentei-me em minha cama para tirar os saltos e ela fez o mesmo, sentando-se na própria cama e me olhando curiosamente.
- Eu o conheci na loja e ele pediu meu número. No mesmo dia ele me ligou e me chamou pra sair.
- E como foi? – ela parecia super empolgada para escutar o que eu tinha a dizer.
- Foi muito bom. Nós ficamos e conversamos, ele é muito galanteador e atencioso... Diferentemente de outras pessoas – resmunguei amarga.
- Vocês transaram? – arregalei os olhos com a pergunta direta dela.
- ! – a repreendi.
- Anda, desembucha! – insistiu.
- Não transamos, sua curiosa!
Ela fez cara de decepção.
- Por que não?
- Porque não, oras. Não rolou.
- Mas você quer que role?
- Ah, cala a boca – joguei o meu travesseiro nela, que riu. – Eu vou trocar de roupa – falei, já caminhando para o closet.
- A propósito, esse vestido ficou maravilhoso em você! – a escutei gritar do quarto.
- Você bem que podia me dar ele de presente – gritei de volta.
- Só nos seus sonhos, querida!
Gargalhei. Uma hora ou outra eu pegaria esse vestido pra mim e ela não ia nem sentir falta. Tirei os acessórios e o vestido, colocando um pijama folgado e confortável logo em seguida. Por incrível que pareça, não estava fazendo frio, então não coloquei nada longo. Quando sai, já vestida, já estava debaixo das cobertas pronta pra dormir, então fiz o mesmo e apaguei a luz do abajur ao lado da minha cabeceira.
- Boa noite – murmurei, já fechando os olhos.
- Boa noite – ela respondeu e essa foi a última coisa que eu escutei antes de pegar no sono.

Dois meses depois

- , me dá uma ajudinha aqui – ouvi minha colega de trabalho pedir e corri até onde ela estava segurando uma pilha de roupas. – O que deu nas pessoas para todas quererem comprar roupas no mesmo dia? – resmungou, assim que peguei boa parte das roupas e coloquei em cima do balcão.
- Querer comprar não é o problema e, sim o tanto de roupa que provam para no final escolher apenas uma.
- Ou nenhuma – ela completou.
Era final de expediente e eu e Sarah estávamos dobrando as milhares de roupas que tinham sido provadas e mostradas aos clientes durante toda a tarde. Essas últimas semanas tinham sido bastante complicadas para mim e eu quase não tinha tido tempo para respirar, mas não poderia reclamar. Pelo menos o dinheiro que entrava dava pra pagar minhas despesas.
O sininho da porta tocou e eu levantei a cabeça pronta para dizer que a loja já estava fechando, mas reconheci a pessoa que entrava com um sorriso no rosto.
- Merda, esqueci completamente que tinha combinado de sair com ele – sussurrei para Sarah e ela olhou na mesma direção que eu.
- Eu já disse que é maldade o que você tá fazendo com ele, não é? Ele gosta de você – ela sussurrou de volta. No entanto, não deu tempo para que eu respondesse, pois ele parou ao lado de Sarah e me encarou.
- Olá – ele sorriu. – Vejo que o dia foi bastante produtivo para as moças.
- Você nem imagina – respondi e ele se inclinou para me dar um selinho.
- Oi, Jace. Tudo bem? – Sarah falou com um sorriso mais largo que a cara. Às vezes eu achava que ela era a fim dele, mas também, não tinha como não ficar encantada com aquele ser.
- Tudo ótimo e com você? – ela deu de ombros e apontou para a pilha de roupas. Ele riu e balançou a cabeça em sinal de compreensão.
- Desculpe, mas tem muita coisa pra fazer aqui ainda... Você importa se a gente remarcar? – fiz careta, já me sentindo culpada por colocá-lo naquela situação.
- Que? Não, ! – Sarah interveio. – Eu cuido disso aqui, não se preocupe.
- Mas, Sarah...
- Não se preocupe, vá se divertir com o seu namorado.
“Ele não é meu namorado.”, pensei, mas não disse nada.
- Tem certeza?
- Tenho sim – ela insistiu. – Agora vai logo antes que eu mude de ideia.
Eu sabia que ela não mudaria. Ela torcia para que eu ficasse com Jace até a morte, mas não era assim que as coisas funcionavam.
- Tudo bem. Vou só pegar minha bolsa e já volto – falei para Jace, que assentiu.
Aproveitei para tirar a blusa da loja e coloquei a que eu tinha trazido na bolsa. Jace conversava alguma coisa com Sarah quando eu voltei, mas não me importei em saber o que era, só sabia que ela estava muito animada com seja lá o que eles conversavam.
Logo, me despedi dela e saímos da loja. Jace segurou minha mão, entrelaçando nossos dedos.
- Para onde vamos hoje?
- Como eu sei que você tá cansada, pensei em irmos tomar um sorvete aqui perto e depois eu te deixo em casa, pode ser?
- Claro.
Como a sorveteria era mesmo perto, fomos a pé. O local era aconchegante e tinha uma decoração bem bonita. Eu já tinha vindo aqui algumas vezes, porém era a primeira vez que eu vinha aqui com Jace. Nos sentamos à uma mesa que tinha no canto da parede e, logo, fizemos o pedido.
- Como foi o seu dia? – perguntou ele.
Contei a ele brevemente como tinha sido o dia na faculdade e a tarde no trabalho. Não tinha muita coisa para contar, minha vida sempre se resumia a trabalho e estudo; me admirava que ele não tivesse enjoado de sempre me escutar falar sobre as mesmas coisas.
- E o seu? – perguntei. Os dias dele sempre eram bem mais interessantes que os meus.
Ele desatou a falar sobre o seu trabalho e alguns problemas que ele estava tendo com um novo caso. A maioria dos termos que ele usava eu não entendia, mas era um assunto que eu me interessava então não importava se eu não entendia quase tudo.
De repente, uma sensação de estar sendo observada tomou conta de mim e, institivamente, olhei para os lados, procurando alguém conhecido. Porém, no momento em que meus olhos se conectaram com os olhos dele, eu desejei que não tivesse feito aquilo. Minha pele se arrepiou, meu coração acelerou e toda a concentração e interesse que eu tinha em Jace tinha ido pro espaço; do outro lado do salão, lá estava ele, , lindo de morrer e me encarando de uma forma tão intensa que fazia minha pele queimar e meu estômago revirar de ansiedade.
Sim, eu ainda era apaixonada por ele.
Aquilo parecia uma maldição, mas nem mesmo saindo com Jace nesses últimos dois meses, eu consegui esquecer aquele maldito.
O restante dos meus amigos estava com eles, assim como a , mas nenhum deles pareceu perceber a minha presença além do . Desviei meu olhar e voltei a encarar Jace, mas eu não conseguia mais me concentrar no que ele estava me dizendo e vez ou outra eu pegava encarando a mesa dele.
- ? Você está me ouvindo? – Jace chamou minha atenção.
- Hã? Não... Desculpe. É só o cansaço – menti.
- Tudo bem, eu entendo.
- Eu vou ao banheiro, já volto – falei, já me levantando.
Caminhei apressadamente até o banheiro e, graças a Deus, estava completamente vazio. Me aproximei da pia, liguei a torneira e me curvei para que pudesse jogar um pouco de água no rosto e pescoço. Quando é que aquele garoto ia parar de mexer com a minha cabeça daquela forma?
A porta do banheiro foi aberta e eu não precisei olhar para saber quem era; o perfume dele o denunciou completamente. Não demorou para que suas mãos tocassem minha cintura e seu corpo encostasse no meu, fazendo com que um arrepio gostoso subisse por minha espinha.
- Com ele de novo, ? – ele sussurrou perto do meu ouvido. Fechei os olhos, contendo um gemido. De uma forma louca, minha intimidade pulsava, implorando por ele.
- Com ela de novo, ? – repeti sua pergunta na mesma altura. me virou bruscamente, me prensando contra a pia de mármore. Sua mão desceu até o meu quadril e ele o apertou com força. Um gemido meu foi o suficiente para que ele selasse nossos lábios em fúria, iniciando um beijo desesperado.
Sim, eu ainda estava ficando com ele.
Talvez seja por isso que minha paixão por ele não tivesse passado. Eu estava saindo com Jonathan, ele estava saindo com a e, de certa forma, isso tinha virado uma competição entre nós dois. Enquanto ele estivesse com ela, eu estava com ele e vice-versa. Às vezes eu me sentia mal por fazer aquilo com Jace, mas eu realmente gostava dele então não estava mentindo completamente. Não dava pra evitar, o que eu tinha com , o que eu sentia por ele, era mais forte e impossível de controlar.
Em um impulso, sentei na pia e puxei de modo que ele ficasse entre minhas pernas. Seus lábios deixaram os meus e passaram a beijar meu pescoço avidamente. Minhas mãos escorregaram por dentro da camisa dele, onde finquei minhas unhas no seu abdômen definido, arrancando um gemido rouco e que me deixava ainda mais louca de tesão. voltou a me beijar suas mãos agora passeavam por entre minhas pernas por debaixo da minha saia. Soltei um gemido quando seu dedo pressionou o meu clitóris ainda por cima da calcinha. Nossos lábios voltaram a tocar, nossas línguas explorando a boca um do outro, cheias de desejo e tesão. Eu queria muito ele, queria ele dentro de mim, entrando e saindo enquanto chamava meu nome. Foi com esse pensamento que eu levei minhas mãos até o botão de sua calça e a abri, empurrando a peça com os pés logo em seguida, fazendo com que seu membro duro pulasse para fora.
- Safada – ele sussurrou de forma suja no meu ouvido. – Eu vou te comer aqui, nesse banheiro enquanto seu namoradinho te espera lá fora e, quando eu terminar, você não vai querer outro além de mim – revirei os olhos, louca de tesão. Eu não me importava com mais nada, não me importava que Jace estava lá fora, não me importava que meus amigos estavam lá fora, não me importava que estava no banheiro de uma sorveteria, eu só queria que ele acabasse com aquilo, que ele me tomasse para si, porque eu era dele, mesmo que ele não tivesse a menor ideia daquilo. Eu, , pertencia a .
Percebendo que eu não iria responder a provocação, pressionou o membro contra minha intimidade que ainda estava coberta com a calcinha, arrancando mais um grunhido meu. Seus dedos ágeis seguraram a peça que cobria minha intimidade e ele a puxou com brutalidade, rasgando a calcinha fina. Não tive tempo para protestar, pois, no minuto seguinte, ele estava dentro de mim, estocando com força. Joguei a cabeça para trás, tentando reprimir os grunhidos que queriam escapar por minha garganta, muitas vezes sem sucesso. agarrou minha cintura e me suspendeu, caminhando em direção a parede, para que o contato ficasse melhor para nós duas. Uma de suas mãos invadiram minha blusa e seus dedos foram diretamente para o meu seio, apertando-o por cima do sutiã. entrava e saia com agilidade, enquanto falava obscenidades e as vezes gemia meu nome no meu ouvido. Eu me limitava a movimentar meu quadril no ritmo e apertar seus ombros com força, conforme o prazer dominava mais e mais o meu corpo.
O orgasmo veio com força e eu pressionei meus lábios contra o pescoço dele para evitar que meus gemidos fossem ouvidos por todos daquela sorveteria. Praticamente desfaleci nos braços dele, que me segurou com firmeza, enquanto gozava dentro de mim. Com cuidado, coloquei os pés no chão, me firmando, mas me mantive abraçada a ele enquanto recuperava minha respiração.
Quantos minutos tinha se passado desde que eu tinha entrado naquele banheiro?
Droga. Jace estava me esperando lá fora.
Me xinguei mentalmente e me afastei de , abaixando minha saia. Me encarei no espelho e me desesperei mais ainda. Minha pele estava suada, os cabelos bagunçados e os lábios vermelhos. Que ótimo! Como eu ia sair agora e encarar Jace daquela forma? Liguei a torneira e molhei o rosto, a fim de tirar parte do suor e daquela vermelhidão. A mão de escorregou pela minha cintura, enquanto ele encostava seu corpo em mim novamente. Ergui o corpo imediatamente, o encarando através do espelho.
- Eu vou ficar com isso – ele ergueu a mão livre, mostrando-me o que sobrou da minha calcinha.
- Canalha – murmurei e ele abriu um sorriso safado.
- Sou, e você gosta – mordeu o lóbulo de minha orelha, antes de se afastar e ir embora, me deixando sozinha.
Suspirei, voltando a me encarar no espelho. Um sorriso escapou pelos meus lábios e eu tratei de arrumar meus cabelos enquanto pensava em uma boa desculpa pela minha demora.
- Você está bem? – foi a primeira coisa que Jace me perguntou quando sentei no meu lugar.
- Estou sim – “mais que ótima, na verdade”, pensei. – Me desculpe pela demora. Você sabe... Problemas de garotas.
- Tudo bem, eu entendo – ele disse compreensivo. Aquilo fez com que eu me sentisse mal por mentir para ele, mas eu não podia dizer que estava no banheiro transando com outro, certo? Certo. – Pelo menos você não fugiu – ele brincou.
Ri meio que forçado. Se ele soubesse da verdade, não seria eu que estaria fugindo agora.
- Eu não faria isso – “embora devesse”, pensei novamente.
- Que bom, porque tem algo que eu preciso te falar.
Gelei.
- Pode falar – me acomodei na cadeira, prestando total atenção.
- Bem... – ele pigarreou antes de continuar. – Tem uns dias que eu venho querendo fazer isso, mas não sabia como fazer. Então percebi que não havia jeito certo de fazer e, quando o momento chegasse, eu saberia...
- Fala logo, você está me deixando nervosa – pedi.
- ... Nós já estamos ficando há algum tempo e eu nunca tinha conhecido uma garota como você. Você é engraçada, extrovertida, compreensiva, companheira, linda e eu não imagino ninguém mais perfeito para mim do que você... – eita porra. – Você quer namorar comigo?


Capítulo XIX

Eu já fui pega de surpresa muitas vezes durante toda a minha vida, mas em nenhum momento eu havia tido aquele tipo de surpresa. Sabe quando você fica completamente em choque e acaba fazendo algo que só pode resultar em arrependimento? Bem, queria dizer que aquilo não tinha acontecido comigo e que eu tinha completo controle da situação, mas aquilo não chega nem perto da verdade. Quando vim perceber, o maldito sim tinha saído da minha boca e era tarde demais para voltar atrás e dizer que tinha respondido no impulso, que na verdade, eu não queria nada sério com ele. Jonathan abriu um sorriso largo e me puxou para um beijo inesperado, trazendo-me uma sensação completamente diferente dessa vez: a culpa. Minutos atrás eu estava no banheiro daquela maldita sorveteria, transando com outro que não era o meu então namorado, e agora eu estava nessa situação praticamente impossível de sair. Sim, impossível, porque a verdade era que eu era uma completa covarde e não teria coragem de contar a verdade para Jace, ainda que soubesse que ele merecia completa sinceridade vinda de mim. Eu era uma pessoa horrível.
- Eu prometo que vou te fazer muito feliz, – ele encostou a testa na minha, o sorriso ainda presente em seus lábios.
Me amaldiçoei internamente por estar fazendo isso com ele. Eu não merecia aquele cara maravilhoso e ele definitivamente não merecia o que eu estava fazendo com ele.
Abri os olhos e encarei sua íris azul, me limitando a sorrir minimamente. Um sorriso completamente falso, na minha opinião.
- Você já me faz feliz, Jace – disse o que ele queria ouvir. Não era mentira. Apesar de todo o drama na minha vida e o meu dilema com , eu tinha sim ótimos momentos com Jace. Ele é o meu tipo de cara e nem em sonho eu quero machucá-lo de alguma forma, mesmo que eu já esteja fazendo isso ao me relacionar com . Suspirei, sentindo um grande peso em minhas costas. Quando foi que minha vida se tornou uma novela mexicana?
- Vamos sair daqui? – ele pediu, trazendo-me de volta a realidade.
Concordei com a cabeça e ele retirou algumas notas da carteira, deixando-as em cima da mesa antes de se levantar. Me levantei também e Jace entrelaçou nossos dedos antes de me puxar para a saída do local. Não pude evitar de olhar para mesa onde meus amigos, ainda alheios de minha presença, conversavam entre si. virou a cabeça em minha direção e um sorriso malicioso surgiu em seus lábios quando os nossos olhos se encontraram. Ele piscou o olho para mim discretamente e eu virei o rosto, me sentindo extremamente mal por causa de toda a situação que foi-me imposta naquela tarde.

A culpa era minha. Eu tinha decidido me envolver com os dois, tinha decidido ficar com Jace, mesmo sabendo que meus sentimentos e consequentemente meu coração pertencia a . Eu teria que consertar aquilo, mas eu não sabia se conseguiria acabar tudo com Jace. Eu gostava dele, ele era uma ótima companhia e me tratava bem, o contrário de , que estava sempre me irritando e me provocando.
Ao chegarmos ao seu carro, Jonathan abriu a porta do passageiro para mim e após eu me acomodar no banco, ele fechou a mesma e deu a volta, sentando no banco do motorista. Seus olhos cravaram em mim e eu o encarei com curiosidade. Ele se inclinou e abriu o porta luvas, tirando de lá uma caixinha de veludo. Arregalei os olhos em desespero; as surpresas não paravam de chegar e eu já não sabia mais o que fazer.
- Eu esperava fazer o pedido com isso aqui em mãos, mas acabei esquecendo isso aqui – se explicou e abriu a caixinha, revelando uma linda aliança dourada. – Esse é o nosso anel de compromisso – falou, já tirando o anel de dentro da caixinha. Jace segurou minha mão delicadamente e colocou o anel em meu dedo anelar. Eu só observava a cena, sem saber o que dizer. Quer dizer, eu queria dizer muitas coisas, queria dizer que ele estava cometendo um erro, que eu não era mulher para ele e que ele merecia alguém melhor, mas nada saiu. Eu não conseguia me expressar, estava travada como a boa covarde que eu era. Senti vontade de chorar, mas eu não podia; afinal, como eu explicaria meu choro de pura infelicidade, quando, na verdade, deveria estar chorando de felicidade?
- É linda – murmurei com a voz um pouco esganiçada. Jace pareceu não perceber, ou se percebeu, deduziu que era emoção de felicidade.
- Não mais que você – respondeu ele, galanteador. Ele se inclinou novamente e depositou um breve selinho em meus lábios antes de voltar a posição anterior e dar partida no carro.
Incomodada com o silêncio que se instalou, liguei o som do carro e uma música desconhecida preencheu o vazio. Jace observava a estrada atentamente e enquanto eu encarava sua feição concentrada, foi impossível não me perguntar o que tinha de errado comigo. Ali estava um homem maravilhoso e que gostava de mim. Porque diabos eu insistia em , que pelo que tudo indicava não iria ter futuro algum? Eu era mesmo muito idiota.
- Você tem planos agora? – perguntou ele de repente, interrompendo meus pensamentos.
- Não, por quê?
- Queria passar um tempo com você. Quer ir lá pra casa? – convidou.
Desviei meu olhar do seu e encarei minhas mãos sem saber o que fazer ou agir. Eu precisaria processar tudo aquilo que tinha acontecido e planejava fazer isso quando estivesse sozinha no meu quarto, mas agora eu já havia dito que não teria nada pra fazer e não podia mais voltar atrás. Droga! “Você só faz merda, .”, uma vozinha ecoou em minha cabeça. O encarei novamente e percebi que ele ainda esperava minha resposta, então coloquei o melhor sorriso que consegui nos lábios e respondi:
- Claro, por que não?
Seus lábios abriram em um sorriso e ele mudou o caminho, seguindo agora para seu apartamento. Não demorou muito para chegarmos e o carro logo foi estacionado na vaga da garagem. Assim como quando saímos da sorveteria, Jace abriu a porta do carro para mim. Segurei sua mão e sai do carro e meu corpo logo foi prensado contra a porta já fechada. Encarei seus olhos de perto, que por sua vez, encaravam os meus lábios atentamente. Suas mãos permaneciam em minha cintura, mantendo os nossos corpos juntos. Então ele me olhou nos olhos e eu me perdi neles por uns segundos. Minhas mãos subiram por seus braços, parando em seus ombros, nossos olhos ainda conectados de uma forma profunda. Não tinha como negar, Jace era tão lindo que chegava a me desconcertar.
- Você vai me beijar ou vai ficar só me olhando? – questionei. Jace sorriu e aproximou o rosto do meu.
- Como você desejar, namorada – e então seus lábios tomaram os meus em um beijo lento e cheio de carinho. Eu gostava quando ele me beijava assim… Fazia-me sentir amada de alguma forma. O abracei pelo pescoço e permiti que o beijo fosse aprofundado e nossas línguas se tocassem. Não existia possibilidade de eu conseguir terminar com ele, mesmo que aquilo fosse o certo a se fazer, eu não conseguiria. Pode me chamar de egoísta, mas como eu posso acabar com algo que está me fazendo bem?

xXx


Entrei em meu quarto e acendi a luz. Como de costume, não estava ali, o que só poderia significar que ela estava com em algum lugar. Coloquei minha bolsa em cima da cadeira e me joguei na poltrona que tinha ali, suspirando alto. Com o controle liguei a televisão e coloquei em um canal aleatório de notícias. Ainda tentei prestar atenção no que estava sendo dito, mas não estava conseguindo me concentrar, pois minha mente acabava voltando pra os acontecimentos daquele fim de tarde. Encarei minhas mãos, vendo a aliança brilhar em meu dedo e respirei fundo, mergulhada em confusão e culpa. Eu precisava conversar com alguém.
Como se fosse uma resposta mandada dos céus, a porta se abriu no segundo seguinte e entrou eufórica.
- Onde você estava? – perguntou, assim que me viu.
- Com Jace – limitei-me a responder desanimada.
Ela franziu o cenho ao perceber meu desânimo.
- O que aconteceu? Vocês brigaram?
- Quem dera se esse fosse o problema – bufei. – Ele me pediu em namoro.
- O QUÊ?! – ela gritou e colocou as mãos na boca em um gesto exagerado de surpresa. – Isso é maravilhos… Espera! Você não aceitou?
- Esse é o problema, . Eu aceitei! E não deveria ter feito isso.
- Por q… Ah! – exclamou ao compreender à que eu me referia. – Oh, … O que você vai fazer?
- Eu não sei – falei sincera. – Eu não tenho coragem de terminar com ele e contar toda a verdade. Mas ele também não merece o que eu to fazendo com ele.
Meus olhos voltaram a se encher de lágrimas, a vontade de chorar mais forte que antes.
- Ei, não fica assim – ela se ajoelhou na minha frente e segurou minhas mãos. A encarei desolada. Eu me sentia perdida. – Você vai achar um jeito.
- Eu transei com o minutos antes dele me pedir em namoro! – exclamei revoltada comigo mesma.
- Como assim? estava com a gente a tarde toda – ela disse, sem entender. Expliquei tudo para ela, do momento que entrei naquele banheiro até o momento do pedido do namoro. ouviu tudo calmamente e permaneceu em silêncio uns bons minutos depois que acabei de falar. Já estava ficando aflita e estava prestes a pedir que ela expressasse seus pensamentos, quando ela voltou a falar. – Você sabe o que tem que fazer, .
- O que? Me diga.
- Terminar seja lá o que você tem com . - O quê?!
- É isso mesmo que você ouviu, . Não dá mais pra você continuar nessa situação, e se você não consegue terminar com Jace, então vai ter que terminar com .
Ela falava como se fosse uma decisão fácil de se tomar. Bem, deveria ser, mas não era. Eu amava e já não negava isso há algum tempo. Eu gostava de Jace e tinha certeza que o sentimento era recíproco até demais. apenas gostava de fazer sexo comigo, mas isso ele também tinha com e qualquer outro rabo de saia que passasse por sua frente. Escolher entre um dos dois realmente não era pra ser tão difícil assim; a resposta deveria estar na ponta de minha língua sem que ao menos pensar mais sobre o assunto.
- Você tem razão – disse, por fim. – Irei terminar com .

Subi as escadas do dormitório masculino lentamente, desejando poder correr dali e ir pra bem longe. Depois de ter falado com , ela me encheu de coragem e me obrigou a ir ao encontro de e terminar tudo o mais rápido possível. No início eu relutei, é claro, mas bem, agora, estando parada em frente a porta do quarto que ele dividia com , deixava bem claro quem havia vencido a discussão. Em um surto de coração levantei a mão e dei três batidas leves na porta de madeira. Fechei os olhos e respirei fundo, torcendo para que ele não estivesse, mas minhas esperanças foram jogadas no lixo quando a porta se abriu e apareceu lindo de morrer e sem camisa. No primeiro momento, seu rosto tinha certa confusão por me ver ali naquele momento, mas logo sua expressão se contorceu e um sorriso malicioso surgiu em seus lábios.
- está aí?
- Não, ele saiu com a namorada. Veio repetir a cena do banheiro? – perguntou de forma suja, ao mesmo tempo que se aproximava de mim e me puxava pela cintura. Um arrepio subiu pela espinha ao sentir seu toque firme. Aquilo seria mais difícil do que imaginei.
- P-Precisamos c-conversar – gaguejei.
- Por que? Podemos fazer coisas mais divertidas – ele enfiou o rosto no meu pescoço, inspirando meu perfume e com uma força que não sei de onde o tirei, consegui o empurrar e o afastar. me encarou com a sobrancelha levantada, provavelmente estranhando o meu comportamento. – O que aconteceu? Você está bem?
- Estou bem – passei por ele entrando no quarto e fechou a porta, antes de se virar pra me encarar. – Precisamos mesmo conversar.
- O que aconteceu, ? Você está me deixando preocupado.
- Eu… – pigarreei, procurando as palavras certas pra acabar com aquilo sem que desencadeasse uma briga. – Eu não posso mais fazer isso.
Ele franziu o cenho, parecendo ainda mais confuso do que antes.
- Fazer o quê?
- Isso. Eu e você. Não dá mais.
- O que você quer dizer?
- Que isso – apontei pra nós dois –, seja lá o que isso for… Não pode mais acontecer.
Os segundos que se seguiram foram agonizantes. me olhava como se eu estivesse louca e eu o encarava esperando que ele explodisse a qualquer momento. No entanto, ele começou a rir de uma forma altamente irônica.
- Não… – balançou a cabeça negativamente. – Você não está terminando comigo.
- Por favor, não torne isso mais difícil do que já está sendo – passei a mão no rosto, me sentindo exausta emocionalmente.
- O que é isso? – questionou. Ele avançou em minha direção e pegou a minha mão; a mão da aliança. – Que merda é essa, ? Você não estava com isso mais cedo.
Engoli em seco.
- Jace me pediu em namoro e...
- Você aceitou – ele concluiu meu pensamento. soltou minha mão como se tivesse levado um choque e me olhou sem acreditar. – Eu não acredito que você aceitou namorar aquele babaca! – ele passou a mão nos cabelos em um claro sinal de nervosismo. – Não acredito que está terminando comigo pra ficar com ele.
- O que tínhamos não era sério – tentei ser racional. – Sabemos que não ia durar muito tempo. Além do mais, você tem a e…
- FODA-SE A TIFFANY – ele esbravejou, irado. Me encolhi, pela primeira vez com medo dele. As lágrimas escorriam livremente pelo meu rosto e eu não conseguia impedi-las dessa vez. – Você não pode me deixar pra ficar com aquele engomadinho de merda. Você é minha e de mais ninguém.
Ele se aproximou de me e segurou-me pelos ombros, seus olhos me encaravam de forma desesperada. Aquilo também não estava sendo fácil pra ele.
- Eu sinto muito.
- Eu não permito que você me deixe, tá me ouvindo? Eu não permito – ele segurou meu rosto com as duas mãos e chocou nossos lábios. Abri a boca, permitindo que sua língua adentrasse e se encontrasse com a minha. Meu coração batia forte no peito e eu tinha a certeza no fundo do meu ser de que eu amava aquele homem. Deixá-lo seria a coisa mais difícil a se fazer e eu não sabia se conseguiria, mas eu tinha que tentar. Pousei minhas mãos nas maçãs de seu rosto, encerrando o beijo para que pudesse olhá-lo. Encarei a íris dos seus olhos pela última vez, me despedindo silenciosamente e então me afastei.
- Eu sinto muito – falei uma última vez e me encaminhei a saída do quarto. Porém, antes que eu chegasse lá, me puxou pelo braço, fazendo com que meu corpo chocasse com o seu.
- Eu não posso deixar você fazer isso, não posso… – sussurrou ele tão baixo, que se eu não estivesse tão perto não teria escutado. não permitiu que eu respondesse ou me afastasse, seus lábios voltaram a tomar os meus de uma forma veroz, desesperada e eu não consegui ter outra reação que não fosse a de corresponder seu beijo veemente. As mãos dele apertaram minha cintura, puxando-me ainda mais pra perto, quase fundido os nossos corpos. Minhas mãos escorregaram por seus braços fortes até a bainha de sua camisa, que foi puxada para cima e retirada com a ajuda dele, que se afastou apenas para jogar a peça longe e logo voltou a colar seu corpo no meu. praticamente me possuía enquanto tirava as minhas roupas peça por peça, me deixando extasiada com o seu mínimo toque em minha pele fervendo. Seus lábios voltaram a me beijar e cambaleamos pelo quarto sem partir o beijo até que meu corpo foi jogado na cama com brutalidade e subiu em cima de mim, depois de tirar a calça e a cueca, mostrando o membro dele completamente duro para mim. Seus lábios voltaram a tocar os meus por uns instantes, mas logo passaram a explorar outras partes de meu corpo, como pescoço e seios. Arqueei o corpo arfando e gemendo de puro prazer, ansiando para tê-lo dentro de mim. era incrível e a cada momento que ele me possuía daquela forma, mais eu tinha certeza de que nenhum outro homem chegaria aos pés dele.
- Eu queria me aproveitar mais de você… Mas eu não aguento mais esperar… - ele sussurrou próximo a minha boca e tudo que eu consegui fazer foi gemer seu nome. se ajeitou em cima de mim e abriu minhas pernas, se encaixando entre elas e logo me penetrando devagar. Cruzei minhas pernas ao seu redor e um gemido arrastado saiu pelos meus lábios, assim como pelo os dele. Ele começou a se movimentar em um vai e vem delicioso, às vezes rápido, às vezes mais lento. – Porra… Gostosa – ele sibilou entre um gemido ou outro e eu revirei os olhos de prazer. Minhas mãos percorriam seu torso e suas costas, minhas unhas sem nenhuma pena da sua pele, o arranhavam com força. Em um giro rápido, trocou nossas posições, agora me deixando por cima. Tomei a rédea da situação, agora cavalgando em cima dele, enquanto ele passava as mãos por meu corpo e gemia meu nome da forma mais suja possível.
Quando o ápice veio, foi glorioso. Os espasmos tomaram conta do meu corpo e eu deixei escapar o nome de enquanto aquela sensação maravilhosa percorria por meus nervos, me deixando extasiada. saiu de dentro de mim e me puxou para deitar ao seu lado, abraçando-me pela cintura de forma protetora. Não precisava perguntar pra saber o que ele estava pensando. Deitei minha cabeça em seu peito e o abracei pela cintura, me sentindo mais perdida do que quando eu entrei ali. No entanto, eu permitiria ficar perdida só mais essa noite.

Abri os olhos assustada e olhei ao redor, constatando que ainda estava no quarto de . Olhei para o lado, constatando que ele estava dormindo profundamente e eu me levantei devagar, só para então começar a catar minhas roupas do chão e vesti-las o mais silenciosamente possível. Meu olhar vagava na direção dele a cada passo que eu dava e, quando terminei de vestir minha roupa, voltei a me aproximar da cama e me sentei ao seu lado, encarando a sua face serena adormecida.
Minha decisão estava tomada. Ficar com ele só iria resultar na ruína do meu coração. Ele nunca me amaria, nunca iria querer ser só meu como eu era só dele. Eu precisava seguir em frente e Jace poderia me ajudar com isso. Eu poderia passar a amá-lo eventualmente.
- Me desculpe… – sussurrei. Acariciei seu rosto com cuidado, o olhando uma última vez. – Eu te amo, mas não posso continuar me machucando dessa forma.
Com pesar, levantei-me da cama e segui até a porta do quarto. Parei para olhá-lo mais uma vez e suspirei, finalmente saindo e fechando a porta ao passar.

xXx


- Você fez a escolha certa – falou .
Estávamos sentados em uma das mesas espalhadas pelo Campus e eu tinha acabado de contar tudo que tinha acontecido no dia anterior.
- Se você continuasse isso, iria acabar se machucando e machucando Jace no processo – foi a vez de falar.
- Ou completou.
Respirei fundo. Minha cabeça ainda estava cheia de dúvidas; eu só queria esquecer tudo aquilo e seguir em frente. Já havia feito minha escolha e era tarde demais para voltar atrás.
- Bem, chega de chorar pelo leite derramado – disse decidida. – Eu vou indo, pois tenho um longo caminho a percorrer e não quero chegar atrasada.
Me levantei e coloquei a bolsa pendurada no ombro. Me despedi de e e segui em direção à saída da Kingston.
- Ei, ! – virei em direção a voz e me surpreendi ao ver Jace encostado ao seu carro. Caminhei até ele, que me recebeu com um selinho caloroso.
- Não esperava te ver hoje – comentei enquanto brincava com a gola de sua camisa. Ele mantinha os braços envoltos na minha cintura e o rosto perto do meu.
- Estava com saudades, então pensei em vir te dar uma carona pro trabalho.
- Você me viu ontem. Como já pode estar com saudades?
Ele deu de ombros e manteve o sorriso esperto nos lábios, fazendo com que eu acabasse sorrindo junto. Jace aproximou seu rosto do meu, selando nossos lábios em um beijo carinhoso e eu fechei os olhos, aproveitando aquela sensação boa que ele sempre me causava. Se eu fosse ficar com ele, faria o possível pra responder seus sentimentos a altura.
- Você está linda – elogiou quando nos separamos.
- Obrigada – sorri bobamente. – Você está… Bem, da pro gasto – brinquei. Jace riu e me deu mais um selinho antes de se afastar de vez. Entrei no carro e enquanto esperava ele entrar ao meu lado e dar partida, olhei ao redor, mas no minuto seguinte desejei que não tivesse feito. estava ali e nos encarava com uma expressão fria. Ele estava puto, dava pra perceber. Meu sorriso sumiu de imediato e eu virei o rosto, tentando ignorar aquela sensação ruim que se apossou de mim. Felizmente, Jonathan deu partida, deixando a Kingston e pra trás.

's POV

Eu simplesmente não acreditava no que tinha acabado de ver. Depois da noite de ontem, fui muito ingênuo em achar que iria dar um chute no engomadinho e ficar comigo. Otário, é isso que eu sou. Um sentimento de raiva e algo a mais que não consegui identificar se apossou de mim e eu soquei a parede com força, não me importando nenhum pouco com a dor que aquilo me causou. De repente, me lembrei da conversa que tive com dias atrás:

“- Você não ousaria ficar com ela de novo, mano.
- Ué, achei que o relacionamento de vocês fosse aberto.
- E é, mas isso não significa que você tem que ficar com ela também.
- Bem, se não for eu, vai ser outro cara.
- O que você quer dizer com isso? Você tá sabendo de alguma coisa?
- Não, nada – ele deu de ombros. – Mas você sabe como é, né? A é gata, gostosa e boa de cama. Conheço muitos caras que morrem para ter uma chance com ela.”


- PUTA QUE PARIU – esbravejei irritado. Aquele filho da puta do e a boca grande dele. Marchei até onde eu sabia que meu amigo estava e, quando o achei, avancei em cima dele e o puxei pela gola da camisa.
- Ei cara, calma! O que aconteceu?
- Você sabia, não sabia? – questionei irado.
- Sabia do quê?
- Que a tava sendo cercada por aquele engomadinho! Não minta pra mim !
- Ei, calma! Do que você está falando?
Suas feições demonstravam completa confusão e eu o soltei, bufando impaciente.
- A . Ela me largou pra ficar com um engomadinho.
- O que?! – exclamou espantado. – Me explica isso direito cara.
- Ela conheceu esse cara na loja que ela trabalha há alguns meses e eles estavam saindo, mas estava tudo bem sabe, porque eu também tava saindo com a e outras e, bem, o nosso relacionamento é aberto. Mas então aquele otário pediu pra namorar com ela, que aceitou e me largou! Ela terminou tudo comigo man.
- E agora? O que você vai fazer?
- Eu só consigo pensar em arrebentar o mauricinho por ter tirado ela de mim – falei andando de um lado para o outro.
- Sinto muito em te dizer, mas eu te avisei, man.
- Eu não preciso que você me diga o que eu já sei ! – passei as mãos nos cabelos nervosamente. – Não sei o que fazer.
- Se você gosta dela, só basta se declarar e ela vai voltar pra você.
O olhei como se ele estivesse ficando louco.
- Que porra de me declarar! Eu não estou apaixonado por ela.
- Então por que está nervosinho desse jeito?
- Porque ela é minha!
- Ela era sua , mas você nunca percebeu. Agora é um pouco tarde, não acha?
apareceu de repente e eu a encarei com o cenho franzido.
- De que merda você tá falando, ?
- Que a estava apaixonada por você.
Arregalei os olhos, surpreso com a nova informação.
- Como é?
- Isso mesmo que você ouviu. Ela estava apaixonada por você, mas decidiu cair fora antes que se machucasse.
- Sério que você nunca percebeu? – perguntou chocado. – Como você é lerdo!
- Isso não pode ser possível – balancei a cabeça, me recusando a acreditar naquilo. Ela não poderia estar apaixonada por mim, poderia?
- Mas é possível e é verdade. Então, se você não quer nada sério com ela e não sente o mesmo, sugiro que você se afaste. Não quero ver minha amiga machucada por sua causa – decretou e saiu juntamente com , me deixando sozinho para processar aquilo.
… Apaixonada por mim…

“Eu te amo, mas não posso continuar me machucando dessa forma”.

Então eu não estava sonhando?
Porra!
Ela estava mesmo apaixonada por mim!

Um sentimento que eu não consegui identificar se apossou de mim com aquela revelação. Eu estava… Feliz? Não podia ser. Ficar sabendo daquilo já era motivo suficiente pra eu me manter afastado dela com tinha pedido. Mas porque eu continuava sentindo a necessidade de tê-la perto de mim; de ir atrás dela aonde quer que ela estivesse e implorar para que ela fosse minha mais uma vez? Eu não podia…?
Não.
Não era possível.

Coloquei as mãos na cabeça, sentindo que poderia enlouquecer a qualquer momento. Porém, no meio de todo aquele conflito de pensamentos, eu só tinha um firme e constante.
Eu tinha que recuperar a .



Capítulo XX

Já era noite quando deixei a loja. Sarah precisou sair mais cedo e, em consequência disso, tive que ficar para o final do expediente e fechar a loja. O relógio de pulso marcava 6:50 p.m., o que resultou em uma corrida e tanta até a estação para que eu não perdesse o metrô das 7 horas. Por sorte, as ruas estavam praticamente vazias, então eu não tive que ficar esperando muito para atravessar a rua ou qualquer outra coisa que possivelmente me atrasaria e faria com que eu perdesse o bendito metrô.
Soltei um suspiro de alívio assim que me sentei em um dos bancos vazios. O caminho para casa não seria tão longo, mas eu não via a hora de chegar em meu quarto, tomar um banho quentinho e relaxante e me deitar em minha cama. Estava morta de cansada e somente uma boa noite de sono faria com que eu me sentisse melhor.... Ah! E um pouco de comida também não seria uma má ideia.
E foi exatamente isso que eu fiz. Assim que pus os pés em meu quarto vazio – como de costume -, corri para o banheiro e preparei a banheira para depois deixar-me relaxar por incontáveis minutos. Cheguei até a cochilar e teria realmente dormido ali se não as batidas na porta do quarto não tivessem me despertado. Franzi o cenho, tentando imaginar quem poderia ser a àquela hora da noite e saí da banheira, vesti o meu roupão e fui até a porta a passos largos.
- ? – murmurei completamente surpresa por vê-lo ali, afinal, eu tinha deixado bem claro que as coisas entre nós tinham acabado.
- Oi, ... – ele passou a mão pelo pescoço e me fitou de maneira desconcertada. Franzi o cenho, sem entender aquela reação. – Eu trouxe a janta – ele levantou a mão, me mostrando uma sacola que até então não tinha notado. – Imaginei que você pudesse estar com fome... – se explicou ao ver minha cara de completa confusão.
Abri a boca, mas não soube o que falar. Eu deveria agradecer? Isso seria o mais educado a se fazer, claro, mas o problema era que eu não estava entendendo bem o que estava acontecendo ali. Será que ele realmente ainda achava que eu iria ficar com ele, mesmo namorando com Jace? Meu coração acelerou com aquele pensamento e eu sabia bem que uma parte minha queria que eu ficasse com os dois ao mesmo tempo, mas aquilo não era certo e era a minha razão que eu estava seguindo dessa vez. Eu amava , mas ele não me amava. Eu não amava Jace, mas eu poderia aprender a gostar dele da mesma forma que ele gostava de mim. Simples assim.
- O que você está fazendo aqui, ? – perguntei, por fim. Se aquilo era mais um dos jogos dele, eu cortaria antes que se tornasse em uma situação que eu não conseguiria mais sair.
- Já disse... Te trouxe o jantar – respondeu ele. – Não vai me convidar para entrar?
- Não - rebati prontamente.
- Ouch! É assim que você trata quem te traz comida? – falou ele, adotando um tom sarcástico.
Dei um suspiro cansado. Não queria ter que brigar com ele.
- , por favor... Eu já disse tudo o que tinha para falar. Não vou mudar de ideia.
O sorriso que ele sustentava nos lábios sumiu e ele me encarou seriamente.
- Eu não consigo acreditar que você vai mesmo seguir com essa ideia maluca. Qual é, ? Você estava ficando com ele e a gente continuava fodendo. Qual é o problema agora?
Fodendo... Era só isso que eu era para ele. Uma simples foda.
- As coisas estão diferentes agora, ! Jace quer um relacionamento sério comigo. E, quer saber? Eu também quero. Então você vai ter que se conformar. A foda que você tinha comigo, você também tem com outras, então não vai fazer muita diferença para você – despejei a minha frustação em cima dele. Se não me levava a sério, eu iria atrás de alguém que me levasse e Jace era essa pessoa. – Muito obrigada pela janta – puxei o saco de sua mão. – Mas se você veio aqui achando que vai conseguir alguma coisa comigo, está muito enganado.
Dei um passo para trás e empurrei a porta na intenção de fechá-la, mas segurou a mesma e deu dois passos largos, entrando no quarto e consequentemente chegando bem perto de mim. Suas mãos firmes seguraram minha cintura, não permitindo que eu não me afastasse e seu rosto chegou bem perto do meu. Meu coração acelerou com toda aquela aproximação e eu prendi o ar, tentando me controlar e não agir feito uma idiota apaixonada em sua presença. Eu tinha que me manter indiferente e para isso, precisaria ser forte o suficiente para não cair no seu charme.
- Olhe para mim – ordenou ele e eu levantei meus olhos, focando nos seus. – Quero que me diga que não me quer mais por perto, que não quer mais sentir meu toque em sua pele – apertou minha cintura – que não quer mais sentir meus lábios nos seus – ele falava bem próximo ao meu rosto, seus lábios vez ou outra roçava nos meus. Fechei os olhos, tentando controlar os meus impulsos e mostrar que minha decisão era definitiva, que eu não o queria mais por perto, mas toda aquela proximidade estava dificultando bastante que minha mente pensasse em algo que não fosse os lábios dele no meu, o corpo dele no meu. – Diga, . Diga que não me quer mais e eu vou embora e te deixo em paz.
Abri a boca, mas nada saia, minha mente simplesmente não conseguia dar os comandos necessários para que eu falasse o que deveria. Era tão simples, eu só precisava falar, mas eu não conseguia.
- E-Eu... – gaguejei. Os lábios de se abriram em um sorriso vitorioso e ele apertou mais minha cintura, praticamente fundindo meu corpo no seu. Mordi o lábio inferior, impedindo que um gemido saísse por meus lábios. Eu precisava sair daquela situação. Oras, onde estava a minha força de vontade quando eu precisava? – P-Para... – tentei falar, quando seus lábios atrevidos tocaram a pele de meu pescoço. Ele não me deu ouvidos. Suspirei, buscando em algum lugar dentro de mim uma força praticamente inexistente para tirá-lo de perto de mim. – Para, ! – falei mais firme e o empurrei pelos ombros, finalmente o tirando de perto de mim. – Por que você tem que ser tão insistente? – questionei, brava. Sim, eu estava brava não só com ele, mas comigo também por quase cair no joguinho dele. – Eu já disse que acabou. Está tão difícil de entender assim? Você precisa que eu desenhe?
Ele me encarou em silêncio, provavelmente digerindo as minhas palavras. Não sabia que força tinha sido aquela que encontrei, mas estava feliz que tinha colocado para fora o necessário para afastá-lo de mim.
- É isso mesmo que você quer? Vai mesmo me trocar pelo mauricinho?
- É o que eu quero – disse firme. precisava entender de uma vez por todas que eu não queria ficar com ele. Ele não me levava a sério e nem eu iria esperar por algo que nunca ia acontecer. Eu merecia ser feliz com alguém que me valorizasse e não era essa pessoa. – Eu aceitei seus joguinhos até agora, mas não dá mais. Você não me leva a sério e nunca vai levar, então eu vou atrás da minha felicidade.
- Você quer dizer que não era feliz comigo?
- , não vem com esse papinho. Você não queria me fazer feliz, você só queria transar comigo e só.
- Você também! – Acusou ele. – A ideia de termos um relacionamento aberto foi sua! Você que ficava a todo instante falando que nós não tínhamos nada sério, que eu podia ficar com quantas garotas eu quisesse que você não ligaria e agora, que eu estou realmente fazendo o que você tanto aconselhou, você resolve que quer um relacionamento sério?
- Tem razão, eu tenho minha parcela de culpa, admito isso. O que nós tivemos foi bom enquanto durou . Mas eu quero algo a mais, eu preciso de algo a mais e você não pode e nem quer me dar isso.
- Quem disse a você que eu não quero? – Ele ergueu a sobrancelha, me desafiando a provar o meu ponto de vista.
- Suas atitudes já dizem tudo. Você não faz o tipo que se apaixona ou que namora alguém sério, apesar de ter me dito que já namorou uma vez. Qual é, . Vai me dizer que se eu te dissesse que estou apaixonada por você, a primeira coisa que faria não era me dar um pé na bunda?
Ele não respondeu de imediato. Seus olhos analisaram os meus meticulosamente, como se ele tivesse tentando descobrir algo através do meu olhar.
- Você está apaixonada por mim? – Meus olhos se arregalaram com aquela pergunta e meu coração acelerou tanto que eu achei que fosse sair pela boca.
- E-Eu... E-Eu... – gaguejei estupidamente sem realmente saber o que responder. Admitir para mim mesma que estava apaixonada por ele é uma coisa, agora admitir para ele, é outra coisa completamente diferente.
se aproximou novamente e segurou meus ombros, de maneira que meus olhos ficassem ligados completamente aos seus.
- Me responde, . Você está apaixonada por mim? – Repetiu a pergunta. Sua feição se contorceu e eu arriscaria dizer que ele estava ansioso pela minha resposta. Meu coração batia forte em meu peito e meus olhos se encheram de lágrimas.
Mas que merda. Como eu tinha me metido nessa situação? Me apaixonar pelo cara mais cafajeste de toda a Inglaterra era tão errado, mas ao mesmo tempo era uma coisa que eu sabia que aconteceria comigo. Minha vida tinha sido uma confusão desde o momento em que pus os pés nessa universidade. Desde o meu envolvimento com o , o meu relacionamento com , as provocações de , meu mini envolvimento com o irmão de e, agora, meu namoro com Jace. Tantos meninos já tinham passado por minha vida desde que cheguei em Londres, tantos que eu poderia ter me apaixonado, mas apenas um ficou e foi por ele que eu me apaixonei. Pelo cara errado, pelo cara que só brincava com as garotas e que tinha uma lista imensa de peguetes. Eu não sabia se eu era muito burra ou se era o meu coração que era estupido e gosta de sofrer.
- Por favor, me responde – ele pediu mais uma vez.
- Por que você quer tanto saber? – Indaguei, realmente curiosa com toda aquela insistência. – Isso vai fazer alguma diferença para você?
- Só responde, okay? Você está apaixonada por mim?
Fechei os olhos e suspirei, logo os abrindo novamente. Eu não iria mais mentir. A partir do momento que eu dissesse ele iria embora e se afastaria de mim de vez, então eu não tinha nada a perder, certo?
- Estou, . Eu estou apaixonada por você – despejei de uma vez a verdade. Ele paralisou e seus olhos se arregalaram demonstrando a sua surpresa com a minha revelação. Nada foi dito nos dois minutos que se passaram; ficamos apenas ali em silêncio e encarando um ao outro seriamente. Arriscaria dizer que ele sequer piscou os olhos, mas, conforme a ficha ia caindo, começou a demonstrar sinal de que ainda estava vivo. “É agora que ele vai embora”, pensei.
Ah, doce engano.
Para minha surpresa, ele abriu um sorriso e se aproximou ainda mais de mim, me encurralando contra a parede próximo à porta.
- Era tudo o que eu precisava ouvir – disse ele, antes de encostar seus lábios nos meus. Arregalei os olhos, sem entender o que estava acontecendo e procurando o motivo pelo qual a minha resposta não tinha afastado ele de vez como eu queria. Pelo o contrário, agora ele estava ali, colado a mim, seus lábios nos meus, me beijando, embora eu estivesse chocada e atordoada demais para retribuir.
Percebendo que eu não iria o beijar de volta, ele se afastou e me encarou com o cenho franzido. Tratei de me recompor e entender o que estava acontecendo.
- O que foi isso? – questionei.
- Isso foi eu tentando te beijar.
- , eu disse que estava apaixonada por você, mas isso não significa que eu mudei de ideia quanto ao meu relacionamento com Jace – deixei claro.
- Mas você disse...
- Eu sei o que eu disse. E também sei que você não sente o mesmo, então, por favor, me deixe em paz.
- Você não pode dizer o que eu sinto ou deixo de sentir por mim mesmo. Você está sempre tirando conclusões precipitadas ao meu respeito, . Mas a verdade é que você não sabe de nada.
- Ah, não sei? Agora você tá querendo dizer que tem sentimentos por mim?
- E se eu tiver? – questionou de forma desafiadora. – É tão difícil acreditar que eu possa ter sentimentos por você?
Dessa vez eu tive que rir. Rir de nervoso e incredulidade.
- Me poupe, . Você acha mesmo que eu vou acreditar que você agora tem sentimentos por mim? Assim, do nada? Você acha que eu sou burra? – disparei. Se achava que eu iria acreditar naquele papo para boi dormir, ele estava muito enganado.
Sua feição mudou e ele me encarou seriamente. Ele estava ficando irritado.
- Eu sei que você acha que sou o pior cafajeste da Inglaterra. E, sim, eu já fiquei com muitas mulheres, mas isso não me faz um monstro sem sentimentos ou coração como você acredita.
- , se você tivesse mesmo algum tipo de sentimento por mim, já teria demonstrado há muito tempo. Mas não, você preferiu continuar transando com todas as mulheres dessa universidade.
- Não me venha com essa. Você tem sentimentos por mim, mas isso não te impediu de ficar com aquele babaca do Jace! E também não venha pôr a culpa em mim, porque foi você que disse que eu podia ficar com quem eu quisesse!
- E VOCÊ ACEITOU! – elevei a voz, mas logo procurei me acalmar. O que eu menos queria era plateia. – , por favor, vai embora. Nós não temos mais nada para discutir.
- Eu não vou ficar correndo atrás de você, .
- Não estou pedindo pra você correr atrás de mim, . Vá viver a sua vida, que eu vou viver a minha.
- Você não acredita mesmo que eu tenho sentimentos por você?
- Não. E mesmo se acreditasse, eu aposto que você nem sabe que sentimentos são esses. Não vou deixar você brincar com os meus.
Caminhei até a porta, abrindo a mesma. Não encarei novamente e esperei que ele entendesse que eu queria que ele fosse embora de uma vez. Ouvi seus passos se aproximarem da porta e quando ele passou por mim, fechei a porta com força e girei a chave para garantir que ele não entrasse novamente. Encostei meu corpo na madeira fria e fechei os olhos, sentindo as famosas lágrimas virem. Eu queria tanto acreditar que ele pudesse ter algum tipo de sentimento por mim, mas eu sabia bem que ele não era do tipo que ficava com uma garota só e tudo que eu menos queria era sofrer. Eu estava bem com Jace e era assim que deveria permanecer.

xXx

O fim do mês chegou e com ele veio um feriado maravilhoso. As provas tinham acabado, assim como a primeira unidade e eu estava livre para aproveitar os próximos dias da maneira que pudesse. A loja não abriria também durante esses dias e para completar, e eu planejamos uma viagem para Paris. Nem precisava dizer que eu estava nas nuvens de tanta felicidade, né?
- Qual é o problema de vocês garotas com tanta bagagem? Só vamos passar cinco dias em Paris e aqui deve ter coisas o suficiente para um mês – reclamou, enquanto colocava as malas de dentro do carro.
- Não tente entender; eu já desisti – Jace falou, enquanto carregava duas de minhas malas para o carro dele.
Revirei os olhos para aquela cena. Garotos, por que gostam de reclamar de tudo?
- Cadê o restante do pessoal? – apareceu, carregando uma bolsa de mão. – Já era para todo mundo estar aqui.
- e vão nos encontrar no aeroporto. foi buscar a namorada e deve estar chegando por aí – informou.
- Cheguei – apareceu, arrastando duas malas enormes. – Uma ajudinha seria uma maravilha.
Bufei ao ouvir a voz daquela garota. Por que ela estava indo mesmo?
- Acho que vou na frente com Jace. A gente se encontra no aeroporto, tudo bem?
e assentiram e entrei no carro do meu namorado, sem ao menos me dar ao trabalho de olhar pra aquela garota detestável.
- Está tudo bem? – Jonathan perguntou, assim que o carro saiu da Kingston. – Você está quieta e não ansiosa como achei que estaria.
- Estou bem... Só um pouco cansada, mas bem.
Sua mão esquerda pousou no meu lho e ele apertou levemente.
- Você vai ter bastante tempo pra descansar quando chegarmos em Paris.
- Vou ganhar aquela massagem? – perguntei esperta e ele riu.
- Vai sim.
- Opa, já estou até mais animada.
- Interesseira – acusou.
- Se não for para aproveitar dos dons do meu namorado, eu nem namoro – dei de ombros. Jonathan balançou a cabeça, provavelmente pensando que eu não tinha jeito ou que estava namorando com uma louca. Ele ligou o som e eu relaxei no banco, fechando os olhos e aproveitando a melodia de uma das músicas do Ed Sheeran.
Duas músicas depois e um quase cochilo, chegamos no aeroporto. Após muita insistência, deixei que Jonathan carregasse minhas malas e fomos direto fazer o check-in. Eu detestava com todas as minhas forças toda essa burocracia para fazer uma simples viagem e a fila estava tão grande que , e chegaram e ainda estávamos esperando para sermos atendidos. Depois que saímos daquele bendito balcão, nos encaminhamos apressadamente para o portão de embarque. Tínhamos perdido tanto tempo na fila, que agora estávamos atrasados. Não encontramos , , ou a namorada dele nos esperando, então assumimos que eles já tivessem entrado, então entramos também.
O avião estava lotado, o que me fez pensar que éramos as últimas pessoas que entraram. foi a primeira a se sentar e eu dei graças a Deus que os nossos assentos seriam distantes e eu não teria que ouvir a voz irritante dela em nenhum momento durante o voo. e sentaram em seus lugares logo em seguida, quatro fileiras depois da de e duas antes da minha. Eu e Jace acabamos pegando os assentos do meio, o que significaria que teria mais pessoas tanto do meu lado, quanto do lado dele. Enquanto sentava no meu lugar, percebi que os pertences da pessoa que sentaria ao meu lado já estava ali, apesar da mesma não se encontrar sentado como o esperado.
- Detesto os assentos do meio – reclamei. – Não tenho onde me apoiar para dormir.
- Meu ombro está ao seu dispor, amor – respondeu Jace.
- Você é mesmo o melhor namorado do mundo – ele sorriu e aproximou o rosto do meu, selando os nossos lábios. Pousei minha mão em seu rosto, na intenção de aprofundar o beijo, mas alguém pigarreou, me impedindo de continuar. Me virei para ver quem era, me deparando com .
Puta que pariu. Tantos assentos e eu tinha que me sentar logo ao lado da cadeira dele.
- Desculpa... Eu atrapalhei algo? – perguntou ele, mais cínico impossível.
- Não, cara. Nem tínhamos visto que você estava aí, foi mal – Jace falou de forma educada. revirou os olhos, mas apenas eu vi. Suspirei e encostei a cabeça na poltrona, desejando estar em qualquer lugar, menos ali. Aquela viagem seria longa...
Quando o avião decolou, eu tentei de todas as formas fechar os olhos e dormir. Sabia que a viagem não seria longa, mas não queria correr o risco ou dar a oportunidade para soltar alguma de suas piadinhas, ou tentar alguma gracinha para cima de mim, porém, a sorte não estava do meu lado e quem acabou dormindo foi Jace e eu permaneci acordadíssima. Olhei para meu namorado, com os olhos fechados e com uma música tão alta que dava para ouvir através do fone de ouvido e o invejei, querendo estar naquela posição. Sua mão estava entrelaçada a minha e seu calor emanava me transmitindo todo tipo de sentimento, menos sono.
- Minha presença está te incomodando tanto assim? – a voz de soou ao meu lado e eu fechei os olhos, sentindo meu coração ir a mil em menos de um segundo. Isso acontecia toda vez que escutava sua voz e eu me odiava por isso em cada uma dessas vezes.
- Como? – me fiz de desentendida.
- Minha presença está te incomodando tanto assim? – ele repetiu. Virei meu rosto para ele, focando a sua imagem pela primeira vez desde que aquele avião tinha decolado. Sua expressão estava séria, mas eu o conhecia o suficiente para saber que aquela situação não o agradava.
- Eu só quero ter um pouquinho de paz.
- Não sei se você percebeu, mas eu não tenho feito nada para perturbar sua paz – defendeu-se. Aquilo era verdade. Desde aquele bendito dia, tinha me deixado em paz e não tinha mais insistido em ficar comigo. Era uma coisa boa, mas ainda assim, não podia deixar de pensar que ele estivesse só preparando o momento certo para dar o bote. Talvez fosse isso que a minha parte apaixonada por ele quisesse. – Por que você não me dá um voto de confiança? Eu mantive minha distância, mesmo contra minha vontade.
- Não sei, . Quem me garante que você não está esperando o momento certo para tirar vantagem de mim?
Ele suspirou de maneira cansada.
- Não quero mais discutir com você. Te falei que iria parar de correr atrás de você e é isso que estou fazendo. Não foi o que você me pediu?
- Foi, mas...
- Então – ele me interrompeu. – Estou respeitando sua vontade. Será que dá para me dar um voto de confiança por isso?
O encarei em buscas de resposta. Queria ver em seu rosto, sua expressão que eu podia confiar nele novamente; que ele merecia tal voto de confiança. Bem, parecia que eu podia.
- Tudo bem. Mas se você tentar qualquer coisa, eu quebro a sua cara.
Ele riu e eu quase ri junto. Já se fazia dias desde a última vez que tinha escutado aquela risada que eu tanto amava. Eu sentia falta de tudo nele e não adiantava negar. No entanto, mantive minha expressão neutra ou pelo menos tentei não demonstrar nenhum tipo de sentimento e acabar parecendo uma boba apaixonada.
- Amigos então? – ele estendeu a mão e eu a encarei, pensando se aquilo era aquilo que eu queria. Lembrava muito bem como as coisas tinham terminado da última vez que decidimos ser amigos.
- Somente amigos – enfatizei, antes de trocar um aperto de mãos com ele. revirou os olhos, mas manteve o sorriso no rosto. Preferi não pensar muito no que aquilo significava ou iria acabar ficando paranoica. Jace se remexeu ao meu lado e soltou a minha mão. Olhei para ele, vendo que ainda estava dormindo, o som ainda saia alto do fone de ouvido, deixando-me saber que ele continuava sem escutar nada ao seu redor. Encostei a cabeça em seu ombro, finalmente relaxada o suficiente para que o sono viesse e eu dormisse tranquila pelo resto da viagem.

Acordei horas mais tarde com sacodidas leves em meu ombro. Abri os olhos devagar e demorou um ou dois segundos para que eu focalizasse Jace.
- Já chegamos?
- Sim, amor.
Olhei para o lado, não encontrando mais ali. Me espreguicei na cadeira e me levantei, pegando minha bolsa de mão e o segui em direção à saída do avião. Assim que pus os pés no solo Parisiense tive uma sensação completamente diferente da qual tive quando cheguei à Londres. O ar era diferente de uma forma inexplicável e eu entendi o porquê de todo mundo falar tão bem daquela cidade e olha que eu sequer tinha saído do aeroporto.
- Mal vejo a hora de explorar todos os lugares dessa cidade – ouvi comentar. Apesar de ser nativa de Londres, ela nunca tinha visitado Paris.
- Eu também – compartilhei de sua ansiedade. Tínhamos passado os últimos dias planejando tudo, inclusive os lugares que queríamos visitar.
- Vamos ficar em qual hotel? – perguntou, acabando com qualquer conversa que eu e poderíamos continuar. No entanto, sua voz irritante e sua presença indesejada não me impediu de continuar animada com o lugar. Acho que nada poderia fazer com que eu ficasse desanimada agora.
- que fez as reservas, mas de acordo com ele, o lugar é bom.
- E é verdade. Minha família costumava a se hospedar lá sempre durante as férias.
- Se está falando que é bom, é porque é verdade mesmo – interveio.
Revirei os olhos. Aquela garota não cansava de passar vergonha não?
- Onde está ? – perguntei ao perceber que ele não estava ali.
- Ele está nos esperando na saída. Disse que tinha que pegar o veículo que alugou para a gente.
- como sempre pensando em tudo – comentou e eu concordei.
Pegamos nossas bagagens – incluindo a de – e seguimos para a entrada do aeroporto. Assim como o esperado, nos aguardava do lado de fora encostado em uma minivan preta. Aos poucos, um por um foi organizando as malas dentro do veículo e logo, todos estávamos acomodados em seus devidos bancos e a caminho do hotel.

Assim que entrei no quarto de hotel, a primeira coisa que eu fiz foi explorar cada canto. O lugar era enorme e sinceramente, parecia mais um apartamento do que apenas um quarto de hotel. O banheiro era enorme e possuía uma banheira de hidromassagem; já podia me ver passando horas e horas relaxando e tomando uma boa taça de champanhe que nem via nos filmes. Voltei para o quarto e um dos funcionários colocava minhas malas e a de Jace em cima da cama enorme de casal. Deixei que Jace cuidasse daquilo e segui até o closet que eu pouco iria usar e como já era de se esperar, também era enorme e continha tanto espaço, que acho que caberia roupas de uma família inteira. Às vezes eu me impressionava com a capacidade de exagero das pessoas.
- Já disse que suas malas estão bastante pesadas? – meu namorado falou, carregando duas das minhas bagagens e colocando no chão do closet.
- Já e eu falei que você é um exagerado.
- Eu? Exagerado? – ele riu. – Amor, você trouxe quatro malas e fora a sua bolsa de mão, para passar apenas cinco dias em Paris enquanto eu trouxe apenas uma.
- Eu trouxe o necessário. Não tenho culpa se você é menos prevenido que eu – dei de ombros em descaso. Ele balançou a cabeça e voltou para o quarto, sabendo que discutir comigo era um caso perdido.
O relógio marcava duas da tarde, então ainda tinha bastante tempo para pelo menos visitar alguns lugares de Paris. Passeios de barco, visitas a museus e afins, ficaria para os próximos dias, mas hoje uma volta aos arredores seria o suficiente e eu não poderia estar mais animada para isso. Com as malas abertas, escolhi uma roupa que se encaixava ao clima de Paris e corri para o banheiro, tomando um banho rápido e vestindo a roupa escolhida em menos de vinte minutos. Jace preferiu me esperar deitado em minha cama e quando voltei para o quarto, o encontrei cochilando. Balancei a cabeça, me perguntando se ele não cansava de dormir, visto que já tinha dormido durante a viagem. Sentei-me na cama e inclinei a mão na intenção de chama-lo para que pudéssemos ir logo, mas ele estava dormindo tão bonitinho que fiquei com pena de acordá-lo; então me limitei a me inclinar para dá-lo um selinho e me levantei, decidindo que chamaria para ir comigo.
Eu e meus amigos tínhamos ficados todos no mesmo andar, o que era bom, já que não teríamos que percorrer uma grande distância entre um quarto e outro e estava hospedada em frente ao meu, o que era melhor ainda. Bati na porta de seu quarto e, após alguns breves segundos, ela abriu a porta.
- Ei, . Não esperava te ver agora.
- É... Eu ia sair com Jace, mas ele adormeceu e fiquei com pena de acordá-lo então vim te chamar para ir comigo.
Ela fez uma careta e antes que ela dissesse algo, já sabia que teria que ir sozinha.
- Desculpa, , mas eu não estava planejando sair agora. Eu e queremos ficar um tempo sozinhos, entende?
Arregalei os olhos, entendendo exatamente aonde ela queria chegar. Minhas bochechas esquentaram e eu tinha certeza que estava tão vermelha quanto as da minha amiga.
- Entendo sim – disse rápido. – Desculpa se atrapalhei alguma coisa.
- Não atrapalhou. Te vejo depois, certo?
Assenti e ela fechou a porta. Frustrada, caminhei até o elevador no fim do corredor. Apertei o botão e, enquanto esperava o elevador chegar, escutei quando a porta do quarto próximo ao elevador se abriu e não precisei me virar para saber quem era; seu perfume denunciava sua presença. Prendi a respiração, mas já era tarde demais; meu coração já estava acelerado e meu estômago já tinha afundado de nervosismo. Nada novo quando se tratava de e sua presença que abalava meu coração.
- Oi – ele se aproximou.
- Oi – respondi.
- Não aguentou esperar até mais tarde para ir ver o que Paris tem a oferecer?
- Pois é. Não ia aguentar ficar o resto da tarde trancada no quarto quando se têm tantos lugares para explorar.
- E cadê seu namorado? – percebi que o tom de voz dele se tornou amarga ao pronunciar “namorado”. Optei por ignorar e fingir que não tinha percebido.
- Dormindo. Não quis acordá-lo – expliquei. assentiu em compreensão e a porta do elevador abriu. Os próximos minutos dentro daquele cubículo foram os mais agoniantes da minha vida. A tensão que existia entre mim e estava ali presente como sempre e parecia não querer ir embora. Evitei olhar para ele, fixando meu olhar na porta à minha frente, apesar de sentir seu olhar queimando sobre mim. O pensamento de que estava ali, me encarando fazia meu corpo borbulhar e minha mente se encher de coisas que não deveria pensar, coisas que estavam guardadas e que eu tinha evitado pensar durante todo esse tempo. O barulhinho da porta do elevador se abrindo, despertou-me de tais divagações – para minha felicidade – e eu voltei a me movimentar, caminhando direto para saída do hotel. , porém, me alcançou, o que me deixou saber de imediato que ele não pretendia me deixar em paz nem tão cedo.
- Se importa se eu te acompanhar? Andar sozinho nunca é legal...
Olhei para ele desconfiada, porém não encontrei nada que pudesse dizer que ele estava com segundas intenções. Além do mais, ele tinha pedido para que eu lhe desse um voto de confiança, certo? Esse momento era perfeito e bem, andar sozinha em uma cidade que eu não conhecia não era o aconselhável mesmo.
- Tudo bem – concordei, por fim. sorriu e passamos a andar lado a lado pelas ruas de Paris.
- Como estão as coisas no trabalho? – perguntou de repente.
- Bem, eu acho. As vendas estão um pouco paradas, mas acho que é porque ainda estamos no comecinho do ano.
- No início as vendas são meio paradas mesmo. Daqui a pouco melhora de novo.
- E você? Como estão as coisas com o curso?
- Digamos que estou feliz que não vamos ter aula nos próximos dias.
- Eu também! – rimos juntos.
- Olha, o Arco do Triunfo – segui o seu olhar, vendo o lugar com admiração. Era ainda mais bonito do que nas fotos, isso era fato.
- É lindo – disse. – Sempre sonhei em tirar uma foto aqui.
- E o que está esperando para tornar esse sonho realidade? – falou ele, já tirando o celular do bolso. – Vamos, faça uma pose.
Olhei ao redor, levemente embaraçada com olhares das pessoas que passavam, mas fiz o que ele pediu. Me posicionei em frente ao Arco e esperei que ele tirasse a foto. Aquela foi só a primeira dentre tantas outras. ficava ditando poses estranhas e até chegamos a tirar algumas fotos juntos fazendo poses engraçadas. As pessoas nos olhavam como se fossemos duas aberrações, mas já não me incomodava mais, pois estava me divertindo bastante.
- Acho que eles pensam que somos dois turistas malucos – falei rindo de um casal que passou e ficou nos olhando assustado.
- E quem não é maluco? – questionou ele.
- Tem razão. Todos nós temos um pouco de loucura dentro de nós – sentenciei e ele concordou, ainda rindo.
- Está com fome?
Como se aquela fosse uma palavra mágica, meu estômago roncou, respondendo à pergunta.
- Agora que você perguntou, estou sim.
- Vem, vamos sair daqui. Eu conheço um lugar. – Concordei e o segui pelas ruas até um restaurante. O lugar era simples, mas tinha certo conforto que me fez sentir em casa. – Eu venho aqui sempre que venho à Paris. Meus pais se conheceram aqui, então esse é um lugar bastante especial – ele falou assim que a comida foi posta à mesa. Era a primeira vez que ele falava desde que tínhamos entrado naquele restaurante.
- É a primeira vez que escuto você falar dos seus pais – observei.
- Minha mãe morreu quando eu tinha dez anos e meu pai... Bem, ele nunca mais foi o mesmo depois disso.
- Sinto muito – me xinguei internamente por ter tocado naquele assunto.
- Tudo bem, você não sabia. Além do mais, minha mãe está em um lugar melhor agora. – Balancei a cabeça, sem saber o que dizer. Nunca sabia o que dizer em momentos como esse. – Sabe, eu e você, andando por Paris e conhecendo um ponto turístico faz lembrar da primeira vez que a gente se conheceu, não é?
- Não tinha pensado nisso – disse, me tocando de que realmente aquele momento lembrava do meu primeiro dia em Londres. estava lá presente desde o primeiro momento; lindo, irresistível, incrivelmente inalcançável – emocionalmente falando – e um total cafajeste e ainda assim eu tinha dado um jeito de me apaixonar por ele. – Isso aconteceu há um pouco mais de um ano e, ainda sim, parece que foi ontem.
- O tempo passa rápido.
- Nem me fala. Daqui a pouco vão ter se passado cinco anos e eu vou ter que voltar para o Brasil.
- Não pretende ficar aqui permanentemente?
- Queria, mas não sei se vai ser possível e também não quero pensar muito no futuro.
- Entendo. Também prefiro viver o presente e deixar que o futuro me surpreenda.
- Melhor coisa que alguém pode fazer – comentei, voltando a focar no prato e no restante da minha comida.

Já era noite quando saímos do restaurante. Meu telefone não tinha tocado, o que significava que Jace deveria estar dormindo e sem nenhuma ideia de que tinha saído sem ele. O telefone de , por outro lado, não parava de tocar um segundo sequer.
- Não é importante? – questionei quando ele rejeitou a ligação pela quarta vez.
- Não. É só alguém me enchendo a paciência.
Não fiz mais perguntas. Até porque, se não era algo importante, é porque deveria ser alguma das muitas pobres garotas que ficavam correndo atrás dele. Fizemos o caminho de volta para o hotel a pé mesmo.
- Acho que quer ir à alguma boate hoje. Você vai? – perguntei quando já estávamos no elevador.
- Vou. Você vai? – ele devolveu a pergunta.
- Talvez. Ainda não me decidi.
A porta do elevador se abriu e ambos saímos em direção ao corredor.
- Te vejo depois então – falou, parando na porta do seu quarto.
- Nos vemos depois – disse, antes de virar e seguir o meu caminho com apenas um pensamento gritando em minha cabeça: não tinha como essa convivência ficar mais estranha.

Ao contrário do que tinha imaginado, Jace não estava dormindo. O barulho do chuveiro e a porta entreaberta, deixava-me saber que ele estava tomando um banho. Silenciosamente, fui até lá, livrando-me das roupas no meio do caminho. Jace estava de costas e por isso, não me viu entrar e só percebeu minha presença quando o abracei por trás e depositei um beijo em seu ombro nu. Sua mão tocou a minha e ele me puxou, fazendo com que eu ficasse de frente para ele. Encarei aqueles olhos lindos e sorri, me sentindo bastante sortuda por ter um namorado lindo daqueles.
- Me perdoa? – ele quebrou o silêncio.
Franzi o cenho sem entender.
- Perdoar pelo quê?
- Por ter dormido e não ter ido com você.
Sorri aliviada e surpresa ao mesmo tempo. Não acreditava que ele achava que eu iria ficar chateada por causa daquilo.
- Não tem o que perdoar, amor – falei e ele suspirou em alívio. – E eu não te acordei porque você tava tão bonitinho dormindo que fiquei com pena de acabar com seu sono.
- Mesmo assim. Não deveria ter dormido.
Ai meu Deus, eu tinha o namorado mais bobo do mundo.
- Deixe de ser bobo. Vamos ter vários dias pela frente para passear juntos.
- Eu tenho um lugar em especial que quero te levar, mas é surpresa.
- Ah, é? – passei a mão por seus braços, subindo até meus braços ficarem em volta do seu pescoço. Jace assentiu e me deu um selinho demorado. – Então me surpreenda.
- Prepare-se para ficar deslumbrada – murmurou, antes de selar nossos lábios.
Enquanto beijava Jace, minha mente divagou para um lugar completamente aleatório. Eu me questionava constantemente o motivo pelo qual eu ainda era apaixonada por quando eu tinha alguém como Jonathan. Quer dizer, é claro que eu gostava dele, pois se não gostasse, não estaria com ele, mas não sabia dizer se um dia ia conseguir amá-lo. Pelo menos, não quando o meu coração pertencia a outro.
Jace era meu porto seguro. Com ele eu me sentia segura, sabia que tinha alguém que me amava e que cuidava de mim; com ele eu não precisava me preocupar e ter medo de que ele fosse me machucar ou partir meu coração. Por outro lado, me causava todas aquelas sensações que nunca pensei que fosse sentir. Ele me deixava com as pernas bambas; sua presença me deixava nervosa e com o coração acelerado; só de ouvir sua voz meu estômago afundava e eu sentia como se várias borboletas estivessem fazendo festa; ele tirava minha concentração com o menor gesto e fazia meu mundo tremer com apenas um sorriso. Ele era tudo que eu queria e não podia ter, pois ele nunca foi meu e nem de ninguém. não era do tipo que era domado por uma mulher, ele não nasceu para se amarrar em um relacionamento só e era isso que fazia com que o que sentia por ele fosse tão errado.
Quando o beijo foi encerrado e Jace se afastou, forcei-me parar de pensar tais coisas. Me sentia culpada o suficiente por estar pensando em como eu me sentia sobre outro garoto quando estava o beijando, pois ele era maravilhoso demais para que eu fizesse tais coisas com ele.
- Vai querer sair com seus amigos hoje? – ele perguntou. – Se quiser, podemos ficar aqui no quarto fazendo coisas mais interessantes – sugeriu. Um sorriso sapeca brincava em seus lábios, o que me fez sorrir também. Não importava o tipo de sorriso que ele desse, era sempre encantador.
- Você sabe que eu adoraria ficar e fazer tudo que você quisesse – passei a distribuir beijos em seu pescoço enquanto falava –, mas eu quero mesmo aproveitar o máximo de Paris.
- Tem certeza? – ele apertou minha cintura levemente e eu resmunguei, já sentindo minha intimidade ficar molhada.
- Pare de ficar me tentando, Jonathan Christopher! – dei uma tapinha em seu braço e ele riu.
- Parei, parei – ele ergueu a mão, se fazendo de inocente – mas, mais tarde você não me escapa.
Me estiquei, ficando na ponta dos pés e aproximei meu rosto do dele, deixando nossos lábios próximos.
- Não pretendo fugir – sussurrei antes de selar seus lábios mais uma vez naquela noite. O beijo não durou muito e eu optei por me afastar, antes que acabássemos fazendo outras coisas e nos atrasando.
Assim que saí do banheiro, mandei uma mensagem para , perguntando do nosso destino. De acordo com ela iriamos para a boate Le Duplex, uma boate bastante conhecida da cidade. Já tinha escutado falar do lugar e imediatamente fiquei super ansiosa para ir até lá pessoalmente e a melhor parte é que ficaria próximo ao Arco do Triunfo, então não teríamos que pegar um taxi ou um metro, já que estávamos em um hotel próximo.
- Uau, que mulher gata – Jonathan falou. Finalizei o batom e o encarei através do espelho. – Desculpe-me perguntar, mas você tem namorado?
- Sim, tenho. – Virei-me para ele. – Um namorado alto, lindo, dos olhos azuis e que é bastante ciumento.
Ele se aproximou e envolveu minha cintura, colando nossos corpos.
- Me parece que ele é um homem de sorte.
- Pelo contrário – balancei a cabeça –, eu que tenho sorte.
Ao ouvir minhas palavras, ele abriu um sorriso estonteante e se aproximou apenas para me dar um selinho, pois não tivemos tempo de aprofundar o beijo, já que batidas na porta atrapalharam o nosso momento.
- O casal já está pronto? Não quero ter que enfrentar uma fila enorme.
Era , como sempre apressada. Peguei minha bolsa e saí do quarto, acompanhada de Jace. Meus outros amigos já estavam próximo ao elevador, apenas nos esperando. Isso explicava muito a impaciência de minha amiga, ao ponto de ela ir até o meu quarto me chamar. Não pude deixar de reparar que estava grudada em , porém, vendo sua expressão, dava para perceber que ele não estava confortável com a situação. Não me surpreendeu, já que era obvio que homem nenhum gostava de mulher que ficava no pé, ainda mais uma chata como a .
- Olha só como minha melhor amiga está linda – comentou.
- Você também não está nada mal, – pisquei para ele. De repente, me ocorreu que não tinha mais conversado tanto com ele e era isso que eu estava precisando: de um tempo com meu melhor amigo. – Ei, – o chamei quando saímos do elevador. Ele parou e esperou que eu me aproximasse. – O que acha de almoçarmos juntos amanhã? Só eu e você.
- Por mim tudo bem, . Aconteceu alguma coisa?
- Não, não. Só sinto falta do meu melhor amigo.
Ele sorriu e me abraçou de lado.
- Também sinto sua falta. Está marcado então. – Assenti e ele seguiu caminho atrás de . Jace entrelaçou nossas mãos e seguimos logo atrás.
O percurso até a boate foi rápido e bastante divertido. Adorava andar com meus amigos, todos juntos, pois sabia que iria me render altas risadas. Já não conseguia imaginar minha vida sem nenhum deles – tirando a , é claro – e, por mais que eu tentasse não pensar no futuro e viver apenas o presente, era quase impossível não pensar o que seria de mim se eu chegasse de fato a voltar para o Brasil. Aquele pensamento de ter que deixar todos os meus amigos para trás fazia meu coração se apertar e me trazia um sentimento de melancolia e naquele momento não era daquilo que eu precisava então tratei de afastar o pensamento o mais rápido possível.
- Está tudo bem? – ouvi a voz de Jace e o olhei, só então percebendo que estava apertando sua mão fortemente.
- Está sim – balancei a cabeça afirmativamente várias vezes, torcendo para que ele não insistisse. Por sorte, ele deixou para lá.
Quando chegamos a Le Duplex, a fila estava se formando, então, para felicidade de , não demoramos a entrar.
- Não acredito que eu tive que pagar 20 euros para entrar, enquanto vocês entraram de graça – reclamou. Uma coisa que só ficamos sabendo quando chegamos era que os homens pagavam e as mulheres não até meia noite. Nem preciso dizer que nós amamos aquilo, né?
- Deixa de chorar, Smith. 20 euros não é nada para você – rebati.
- Não importa – ele fez bico, o que arrancou risadas nossas.
- Vamos ou não vamos nos divertir? – perguntou o que todos estavam pensando.
- Qual ambiente vocês querem ir primeiro? – perguntou.
Outra coisa legal sobre aquela boate, é que ela possuía três ambientes: um com música eletrônica, outro com música latina e uma com hip hop, então se você quiser variedade, aquele é o lugar certo.
Optamos por música eletrônica. Estava me sentindo energizada e louca para dançar até meus pés doerem. A música estava bastante alta e eu sequer me importei em identificar o nome ou de que cantor era, só deixei meu corpo ser guiado pela batida. Jace estava próximo a mim, segurando minha cintura e dançando colado enquanto eu rebolava com todo o meu ser. Já não sabia onde meus amigos tinham se enfiado no meio de tanta gente, mas não quis parar para procurar. Ali estava muito bom.
- Você quer alguma coisa para beber? – Jace perguntou próximo ao meu ouvido.
O calor estava começando a se fazer presente e uma bebida não cairia mal.
- Quero – respondi e ele se virou para sair, mas eu segurei seu braço, chamando sua atenção. – Eu vou ao banheiro e te encontro no bar, ok? – ele assentiu e saiu, logo sumindo por entre as pessoas. Comecei a andar também, procurando por placas que indicasse aonde ficava o banheiro. A boate era enorme e eu andei por alguns minutos e subi uma escada, me encontrando em uma área completamente diferente. Pela música, eu diria que estava no ambiente latino. Atravessei o salão e finalmente encontrei o banheiro, que por sorte não estava tão lotado. Entrei em uma das cabines e levantei o vestido, me sentando no sanitário. Enquanto fazia minhas necessidades, acabei por escutar vozes conhecidas e fiquei mais atenta quando identifiquei e conversando. Levantei-me e me aproximei da porta, enxergando as duas através de uma brecha.
- Eu só vim para essa viagem por causa dele, ! – choramingava. – Nós estávamos ficando e estava tudo bem. Finalmente pensei que ele tava gostando de mim e tinha esquecido aquela vaca da . Mas então alguma coisa mudou e ele se distanciou. Não sei mais o que fazer.
- , já falamos sobre isso. não quer relacionamento com ninguém e se você ficar no pé dele, só vai afastá-lo ainda mais! Pensei que já soubesse disso.
- Dessa vez é diferente. Não importava se ele queria relacionamento ou não, nunca me recusava. Nunca! – continuou ela. Revirei os olhos, não suportando ouvir a voz daquela prepotente, mas curiosa demais para saber o que ela tinha a dizer. – Você viu lá fora. Ele não quis nada comigo ou nenhuma outra mulher e isso não é algo normal dele.
- Talvez ele só não esteja a fim de ficar com ninguém – falou e eu percebi que nem ela mesmo acreditava naquilo. nunca ficava sozinho ou dispensava mulher.
- Você tá escutando o que você está dizendo? – questionou, perplexa. – nunca fica sozinho, nunca! Eu já vinha percebendo ele diferente de uns dias pra cá, mas fiquei calada, pois pensei que fosse algum problema que ele estivesse passando, mas isso é diferente. Será que eu sou a única que estou vendo o que está acontecendo aqui?
- E o que você está vendo, ?
- está apaixonado, – ela falou e eu teria rido alto, mas fez isso por mim. permaneceu séria, encarando minha amiga e, aos poucos, ela foi parando de rir.
- Você está falando sério? Está falando a mesma pessoa que eu?
- Nunca estive falando tão sério em toda minha vida. Ele está apaixonado e não tem outra explicação. Só preste atenção nas atitudes dele e você vai ver que eu não estou louca.
- Tudo bem. Vamos dizer que eu acredito que ele está apaixonado por alguém. Quem seria?
- . Quem mais? Ele não é o mesmo desde que ela começou a namorar para valer com aquele gostoso.
Arregalei os olhos. acreditava mesmo que estava apaixonado por mim? Meu coração acelerou, mesmo que meu pensamento fosse incrédulo demais para acreditar naquilo. Eu sequer me importei com o fato que ela tinha chamado meu namorado de gostoso. Meus ouvidos se fecharam para aquela conversa e eu simplesmente travei no lugar.
De repente, me lembrei da conversa que tivemos semanas atrás:

“- Agora você tá querendo dizer que tem sentimentos por mim?
- E se eu tiver? – questionou de forma desafiadora. – É tão difícil acreditar que eu possa ter sentimentos por você?”

apaixonado por mim... Será?
Quais seriam as chances de aquilo realmente acontecer? Eu já não sabia mais.


Capítulo XXI

Encarei a porta branca à minha frente. A música tocava distante, me dando uma vaga lembrança da festa que estava rolando lá fora, mas não conseguia me mover e sair daquele lugar de uma vez por todas, tamanho era o meu estado de choque. Sequer tinha escutado quando e saíram do banheiro, deixando-me livre para sair do local onde estava “escondida”.
Não dava para acreditar que o que tinha escutado era verdade. apaixonado já era algo duvidoso; agora apaixonado por mim, não era só duvidoso, era impossível.
Por um momento tive vontade de ir até ele e tirar satisfações, mas minha mente começou a me fazer perguntas que fez com que eu pensasse duas vezes antes de fazer algo que me arrependesse depois.
apaixonado por mim mudaria alguma coisa? Seria idiota da minha parte achar que não, afinal eu era apaixonada por aquele garoto e não adiantava negar. Porém, eu já tinha sofrido demais e agora estava em um relacionamento com um cara que se importava comigo e que gostava de mim de verdade. Seria loucura minha largar ele para ficar com alguém que nunca fez nada para conquistar minha confiança, não é? Eu não iria trocar o certo pelo duvidoso. Além de que Jace não merecia que eu fizesse isso com ele; eu gostava dele o suficiente para saber que ele era a escolha certa. Eu o amaria com o tempo, tinha certeza disso.
Ergui o corpo e saí da cabine, decidida a voltar a me divertir. Não iria ficar o resto da noite pensando nas possibilidades de estar apaixonado por mim. Eu preferia não saber; era melhor assim. Segui em direção à porta do banheiro e quando saí, dei de cara com Jace.
- Até que fim te achei! – ele exclamou. – Estava preocupado, achei que tivesse acontecido algo contigo.
Sorri e me aproximei dele, depositando um breve selinho em seus lábios.
- Minha mãe me ligou. Tive que atender – dei de ombros e ele assentiu em compreensão. Detestava mentir para ele, mas também não poderia contar que estava pensando nas possibilidades de outro cara estar ou não apaixonado por mim.
- Sua bebida – ele me entregou um copo e eu beberiquei um pouco do líquido vermelho. – Vem, vamos dançar um pouco.
Deixei que ele me conduzisse para a pista de dança. Uma música da Anitta estava tocando; puxei Jace para perto e comecei a mexer o corpo conforme o ritmo. Jonathan, por sua vez, era um ótimo dançarino, então mesmo esse não sendo um ritmo com o qual ele está acostumado a dançar, os passos fluíram tão facilmente que parecia que ele já era profissional.
- Ora, ora, Jonathan Christopher sempre me impressionando – falei perto de seu ouvido depois que a música acabou e outra começava.
- É sempre um prazer te impressionar – ele se curvou e eu ri do seu jeito.
- É bom saber que meu namorado é uma caixinha de surpresas.
- Você ainda não viu nada, meu bem – ele piscou e riu. Fiquei o encarando como uma boba, sem conseguir evitar de pensar que no meio do caos que é minha vida, eu ainda consegui ter uma sorte danada em arrumar um namorado tão lindo e que me fazia tão bem como ele. – O que foi? – perguntou ele, ao me ver o encarando com uma cara de paisagem.
- Você é lindo, sabia? – passei a mão em seu rosto e cabelo, acariciando-os. Jace abriu um sorriso largo e eu poderia ter certeza que aquele sorriso era capaz de iluminar o mundo todo. O meu mundo.
- Você que é linda – ele disse. – Cada momento que eu passo contigo, tenho mais certeza ainda que entrar naquela loja foi a melhor coisa que fiz na vida.
Selei nossos lábios, não deixando-o falar mais nada. Meu coração amolecia cada vez que ele me falava coisas como aquela. Definitivamente, me apaixonar por ele não seria difícil. Aliás, eu seria louca se achasse que amar aquele homem seria impossível, pois ele nem precisava fazer esforço para conseguir tal feitio. Fico me perguntando quantas mulheres existiam por aí só esperando uma oportunidade para entrar em ação e conquistar ele. Seja lá quantas forem, não estou disposta a largar ele nem tão cedo.
- Vão para um quarto! – nos separamos e olhei para o lado, encontrando .
- Você não devia estar se pegando com o seu namorado por aí? – questionei.
- E o que você acha que estava fazendo até agora? – ela riu e eu revirei os olhos. – Mas eu preciso de uma ajudinha sua. Se importa se eu roubar sua namorada um pouquinho? – ela perguntou, agora olhando para Jace.
- Não me importo se você prometer devolver ela logo – respondeu, brincando.
- Pode deixar – disse e sem esperar minha manifestação, ela pegou meu braço e saiu me puxando, deixando meu namorado pra trás.
- , o que aconteceu? – perguntei, mas não houve resposta. Ela continuou me puxando até uma enorme varanda que não fazia ideia que existia ali, só então parando e se virando para mim. Sua expressão estava afobada demais, o que me deixou um pouco preocupada no início.
- Eu preciso te contar uma coisa que descobri hoje – ela começou. – Mas você precisa se sentar por que o impacto vai ser forte.
Arregalei os olhos, minha mente trabalhando rapidamente, tentando achar um motivo para tamanho alvoroço.
- Você tá me assustando. Fala logo!
- Calma... Eu sei que provavelmente não deveria te contar isso, mas não seria sua amiga se te escondesse isso... – ela respirou fundo e então disparou: - está apaixonado por você!
Minha expressão que antes estava completa expectativa murchou e eu realmente sentei, mas não foi pelos motivos que minha amiga estava esperando.
- Eu já sei disso.
- Como assim? – perguntou, confusa.
- Eu ouvi você e conversando no banheiro.
- E então? – indagou, ansiosa.
- E nada. Não acredito nas suposições da , ela só não está acostumada a ser rejeitada por ele, mas aposto que isso só aconteceu para que ele pudesse ficar com outras.
- Não é bem assim, . dispensou todas que chegaram perto dele hoje. Quando me contou, também duvidei, mas então eu parei para observar as atitudes dele e percebi que ele não parava de olhar para você enquanto você dançava com Jace. Até senti pena dele.
- E o que você quer que eu faça?
- Não sei, . Mas essa informação muda as coisas, você querendo ou não. Isso não te dá nenhuma perspectiva?
- Eu não vou terminar meu relacionamento com Jace por causa do , . Você me fez terminar com e aquela foi a escolha certa. Cansei de sofrer por quem não tá nem aí para mim e os meus sentimentos. Eu gosto do Jace e estou feliz com ele.
- Mas você é apaixonada pele . Não acha que ele merece uma chance pra provar que mudou e que pode te fazer feliz?
- Ele te falou que quer uma chance?
- Não, mas...
- Então minha resposta é não – a interrompi. – Eu posso não amar o Jace agora, mas eu gosto dele o suficiente para tentar, porque ele merece meu amor.
Ela suspirou e ficou em silencio por uns segundos. Eu sabia que ainda não tinha acabado, sempre gosta de ter a palavra final em tudo.
- Você sabe que mais do que ninguém que eu só quero que seja feliz. Não quero que passe a vida toda tentando amar alguém, quando o seu coração já ama outra pessoa. Eu sei que Jace é a escolha fácil, mas ele merece ter você por inteiro e não pela metade e eu sei que isso vai acontecer quando você começar a questionar e pensar que se você tivesse investido, as coisas poderiam ter dado certo com o .
Ela até que tinha um bom argumento. Estava com tanto medo de me machucar novamente, que não queria ter que arriscar e quebrar a cara. Estava feliz porque estava segura com Jace, mas... E se a segurança não me trouxesse a felicidade que tanto almejava? Além do mais, meu namorado não merecia que eu fosse egoísta a esse ponto com ele.
- Eu só quero que minha vida pare de ser essa confusão.
- Então vá falar com ele e resolva isso de uma vez por todas – ela apontou para um lugar mais a frente e, pela primeira vez desde que chegamos ali, avistei encostado na mureta, observando as luzes da cidade. – Eu dou um jeito de distrair Jace, não se preocupe.
Assenti e ela se levantou, voltando para a festa. Fiquei uns minutinhos ali, pensando se deveria fazer aquilo que minha amiga falou. Talvez eu devesse acabar logo com aquela parte da minha história e realmente seguir em frente e aquilo só aconteceria se eu o encarasse uma última vez. Suspirei e levantei, finalmente criando a coragem que precisava. Caminhei lentamente até onde ele estava e parei ao seu lado, também observando a cidade à minha frente. não se moveu ou olhou em minha direção e eu me peguei tentando descobrir o que se passava por sua mente naquele momento.
- Quem diria que por trás dessa boate existia um lugar lindo e que dá pra apreciar a beleza da cidade – quebrei o silêncio agonizante. Se eu estava ali para conseguir respostas, não as conseguiria calada.
Virei o rosto em sua direção e ele, por sua vez, agora me encarava curiosamente. Senti um arrepio ao me deparar com aqueles olhos sondando meu rosto. Tive vontade de me aproximar e o beijar ali mesmo, mas uma parte mais sensata de mim sabia que não deveria fazer aquilo; que não era certo.
- O que está fazendo aqui, ? Você não deveria estar com seu namorado?
Pela primeira vez, o seu tom não era de ironia ou de deboche e, sim, de cansaço. Ele estava diferente e, se antes eu estava com o pé atrás em relação a essa conversa, agora eu queria saber exatamente o que ele estava sentindo.
- Deveria...
- E por que não está? – ele arqueou a sobrancelha, curioso.
- Te vi sozinho aqui e achei que estivesse precisando de companhia.
Ele riu, sua expressão demonstrava que ele não acreditava em mim nem por um segundo.
- Achei que você quisesse distância de mim – comentou amargamente. Engoli em seco, sentindo um nó estranho na boca do estômago.
- Eu sei que nossa convivência não tem sido uma das melhores – fiz uma pausa e ele continuou me encarando, esperando que concluísse minha fala –, mas cheguei a uma conclusão de que não podemos continuar assim, pois querendo ou não, temos o mesmo grupo de amigos.
Ele virou o corpo completamente para mim, parecendo interessado no que eu tinha a dizer.
- E o que você sugere?
Pigarreei e demorei uns segundos para responder, pois teria que ter muito cuidado com o que iria falar naquele momento, ou eu poderia complicar ainda mais as coisas para o meu lado.
- Poderíamos esquecer tudo que aconteceu e começar do zero, tentar ser amigos.... amigos – frisei.
olhou para mim com uma expressão completamente surpresa e por vários minutos ele nada disse. E então, ele deu uma risada desacreditada, deixando claro que ele achava aquela minha proposta um absurdo.
- Esse é o problema, . Eu não quero esquecer tudo e muito menos ser o seu amigo.
- Por que não?
- Porque eu... – ele parou de falar de repente e meu coração acelerou de uma forma que cheguei a pensar que ele poderia escutar os meus batimentos facilmente. respirou fundo e passou a mão no rosto nervosamente, desviando o olhar dos meus por alguns segundos, mas logo voltando a me encarar. Seu semblante parecia perturbado por alguma coisa e, de repente, me senti bastante ansiosa para escutar o que ele tinha para me falar. – Olha... Eu sei que posso ser um babaca quando quero e que a forma que te tratei não foi certa, agora eu vejo isso e sei que é tarde demais para te fazer acreditar que estou arrependido, porque eu só fui perceber algumas coisas quando já tinha te perdido para ele.
- ...
- Por favor, me deixa terminar – ele pediu e eu assenti lentamente. – Eu tive que te perder para perceber que você nunca foi somente uma foda. Me arrependo tanto por ter te feito achar que não tinha importância para mim, que você era só mais uma na minha vida, mas eu quero te dizer que isso não é verdade. Você sabe que eu não sou bom com sentimentos e nem relacionamentos e acho que mesmo sem realmente pensar sobre o assunto, eu fiquei assustado quando o nosso relacionamento começou a evoluir e eu precisei provar para mim mesmo que nada tinha mudado, que eu era indomável, pois eu nunca tinha me aberto para alguém e contado coisas da minha vida como fiz com você... – desviei o olhar do dele, confusa demais para assimilar tudo o que ele estava despejando em cima de mim. tinha me aconselhado a conseguir respostas e aqui estava eu, escutando tudo que desejava que ele tivesse dito antes e, sinceramente, eu estava mais perdida que nunca. , por sua vez, segurou meu queixo com a ponta dos dedos, fazendo-me olhar para seu rosto e olhos. – Desculpa por estar te falando tudo isso agora, mas eu preciso que você saiba o motivo pelo qual eu não irei conseguir ser seu amigo. Eu estou apaixonado por você, .
Naquela altura do campeonato, meu coração estava praticamente pulando pela boca. Inevitavelmente meus olhos se encheram de lágrimas e eu não aguentei mais olhá-lo nos olhos como antes. Virei o corpo de frente, voltando a observar a cidade que por ironia do destino era considerada ser a do amor. O silêncio se instalou por incontáveis minutos e, mesmo que eu não o olhasse, eu sabia que ele estava me observando, pois era impossível não sentir seu olhar sobre mim. Minha mente trabalhava rapidamente e eu tentava desesperadamente pensar em algo para falar, mas nada me vinha além do arrependimento de ter seguido o conselho da minha melhor amiga. A verdade é que em outro momento da minha vida, eu teria me jogado em seus braços sem nem pensar duas vezes, pois aquilo era tudo que a minha mente apaixonada fantasiou ele dizendo por muito tempo. Porém, a situação era outra e tudo que eu pensava era em como eu estava sendo egoísta por estar ali, enquanto meu namorado me esperava dentro daquela boate. Eu sabia muito bem que aquilo mudava várias coisas, mas eu me recusava a deixar que aquilo mudasse meu relacionamento, afinal, se tem uma coisa que eu não tinha em era confiança. Fechei os olhos e respirei fundo, finalmente criando a coragem que precisava para expressar meus pensamentos e sentimentos.
- Por muito tempo esperei ouvir isso sair da sua boca, você não imagina o quanto eu desejava que você me dissesse tais palavras – olhei para ele, não me importando que ele visse que eu estava prestes a chorar, porque francamente, não daria para segurar aquelas lágrimas por mais tempo. – Eu tentei ficar com você sem me envolver emocionalmente, afinal desde que te conheci eu sabia que você não era de se apaixonar ou se amarrar a uma só garota. A essa altura do campeonato, sei que você deve saber dos meus sentimentos por você, pois você pode ser tudo, menos burro. E, sim, esse foi o principal motivo por trás da minha decisão de terminar com você e ficar somente com Jace. Eu não queria mais ser tratada como só mais uma foda, e depois ter que ver você ficando com outras meninas pela Kinsgton. E antes que eu me magoasse mais, decidi me afastar. – Quando terminei de falar, as lágrimas já escorriam por minha bochecha livremente e eu senti vontade de correr para longe dali, longe dele, porém, se aproximou mais e segurou uma das minhas mãos, impedindo que eu colocasse a minha vontade em prática.
- Eu sinto muito por não ter percebido antes, não só os seus sentimentos, mas os meus também. Sinto muito pela forma que te tratei, por ter ficado com aquelas meninas na sua frente... Eu sei que não foi certo, mas eu estou aqui agora me redimindo. Eu estou apaixonado por você de verdade e tudo que eu quero é que você saiba a importância que tem pra mim. Eu a...
- Não conclui essa frase – o impedi antes que fosse tarde demais. franziu o cenho, sem entender.
- Por que não? É como eu me sinto e eu sei que você se sente assim também.
Soltei minha mão do seu toque e dei um passo para trás, abrindo uma distância considerável entre a gente.
- Como eu me sinto não importa mais – falei. – Tudo o que eu menos quero é me machucar ainda mais; o que nós tivemos ficou no passado. As coisas estão diferentes agora... Eu tenho um namorado...
- Mas você não o ama! Você e eu podemos dar certo, ... Tudo o que eu te falei, não muda as coisas para você?
- A questão não é essa, ! – disse, em meio as lágrimas. – Não existe relacionamento sem confiança e eu não confio em você! Você nunca deu motivos para que eu confiasse, então eu simplesmente não posso deixar meu relacionamento, independentemente de como me sinto por você.
Os braços dele caíram ao lado de seu corpo e ele se encostou na mureta, olhando para mim cansado.
- Então é isso? Não há esperança para nós?
Balancei a cabeça, soluçando e dei dois passos para trás. Eu tinha que sair dali.
- Eu sinto muito.
Foi a última coisa que eu disse, antes de sair correndo. Minha vista estava turva e eu mal enxergava o caminho, então acabei trombando com uma pessoa.
- ? Você está chorando? – Quando ouvi a voz da pessoa, só consegui chorar mais. – Ai, meu Deus! O que aconteceu, ? – Jonathan questionou preocupado e me abraçou. Envolvi meus braços em sua cintura e afundei meu rosto em seu peito, chorando copiosamente. Ele, por sua vez, retribuiu o meu abraço e ficou em silencio enquanto acariciava minhas costas, em um gesto de conforto. Aquilo só fez com que eu me sentisse pior, pois cheguei a um ponto em que estava chorando por outro nos braços do meu namorado. Nunca senti tanta raiva de mim, como naquele momento. – Quer ir para o hotel? – ele perguntou e eu somente assenti. Não tinha mais nenhum clima para festa.
Jace me abraçou de lado e voltamos andando para o hotel, já que estávamos perto. Caminhamos em silencio, e em nenhum momento ele perguntou o que tinha acontecido. Ele me conhecia o suficiente para saber que eu o diria assim que estivesse pronta. O problema era esse, estar pronta. Como é que eu diria para o meu namorado que estava chorando porque amava outro homem e tinha descoberto que ele se sentia da mesma forma por mim? Não sabia se teria a coragem de contar tudo, apesar de saber que ele merecia a verdade. Não aguentava mais mentir e esconder as coisas dele. Se quisesse que esse relacionamento desse certo, teria que abrir o jogo com ele e era isso que faria, mesmo que isso causasse o fim do nosso namoro. Afinal, era bem provável que ele não quisesse mais nada comigo após eu o contar toda a verdade.

Alguns minutos depois, chegamos ao hotel e consequentemente o nosso quarto. Jace abriu a porta e permitiu que eu entrasse primeiro. Segui diretamente para a cama e sentei na mesma, buscando a coragem que precisava para ter aquela conversa. Depois de trancar a porta, ele olhou para mim, sua expressão demonstrava sua preocupação comigo. Respirei fundo, sabendo que não teria escapatória; aquela conversa não poderia ser adiada.
- Senta aqui – bati no espaço vazio ao meu lado. – Tem algumas coisas que eu preciso te contar.
Ele fez o que pedi e se sentou no espaço indicado. Olhei para o chão, sem saber como começar, mas quando ele tocou minha mão, eu soube que teria que falar de uma vez antes que eu voltasse a chorar.
E eu contei. Tudo. Tudinho mesmo. Contei de como tinha conhecido , a primeira vez que nos envolvemos, quando decidimos ter um relacionamento aberto, quando descobri que estava apaixonada por , até o término quando eu e ele começamos a namorar e a conversa de momentos atrás. Jace me escutou sem silêncio, sem me interromper uma única vez. Sua expressão era neutra, o que me deixava completamente no escuro sobre o que ele estava pensando.
- E foi isso... – passei a mão nas bochechas, enxugando os resquícios de lágrimas. – Eu sei que depois disso tudo, você não vai querer nada comigo. E com razão. Você é bom demais pra mim, Jonathan, você merece alguém melhor que eu... – meus dedos brincavam com a aliança no meu dedo, e eu fiz menção de retirá-la, pois sabia bem que o futuro dela ali estava com os segundos contados, porém, Jonathan segurou minha mão, impedindo-me de continuar. Olhei para ele, buscando uma resposta.
- Uma parte de mim sempre soube que você tinha uma história com o tal do – ele começou. – Eu nunca falei nada, mas eu via a forma como você olhava para ele e sabia que você gostava dele. Mesmo sabendo disso, nunca desisti de te conquistar e quando você aceitou ser minha namorada, achei que tivesse feito você o esquecer... Nunca estive tão enganado.
- Eu sinto muito mesmo – falei, já sentindo meus olhos marejarem novamente. – Mas eu juro que depois que começamos a namorar, eu e não tivemos nada um com o outro.
- Eu acredito em você, – ele respondeu. – E é por isso que eu não permiti que você tirasse essa aliança. Não agora, pelo menos.
- O que quer dizer?
- Quero dizer que eu não vou abrir mão de você. Eu gosto de você de verdade e, se você escolheu ficar comigo, isso quer dizer alguma coisa. Eu sei que agora você deve estar confusa e, é por isso que eu vou te dar espaço para pensar e digerir tudo o que aconteceu hoje. Se depois disso, você quiser ficar comigo, só basta me dizer, se você decidir que quer ficar com o , sinta-se à vontade para tirar a aliança e tudo o que eu tenho para te desejar é que seja feliz.
Encarei Jonathan boquiaberta, não acreditando que ele realmente estava fazendo aquilo. Eu já sabia que ele era maravilhoso, mas aquilo só fez com que minha admiração por ele aumentasse. Me joguei em seus braços sem pensar duas vezes em agradecimento. Talvez eu precisasse mesmo de um espaço pra pensar e me decidir o que queria da minha vida. Mesmo que agora eu já soubesse que não precisava pensar, que Jace seria o meu escolhido, ele também precisava de tempo e eu podia ver isso agora. Não poderia ser egoísta e impor minha vontade, mesmo sabendo que tais vontades eram consequências do meu medo de me machucar. Não era justo com ele.
- Obrigada – falei, por fim, quando nos separamos.
- Amanhã cedo eu peço outro quarto para mim, certo?
- Você não precisa se mudar, Jace.
- Para te dar o espaço que você precisa, eu tenho que mudar de quarto, .
- Mas você não planeja ir embora de Paris, não né?
- Não... A não ser que você queira...
- Não! Por favor, não vá...
- Eu ficarei então.
Suspirei aliviada. Não o teria mais dividindo a cama comigo, mas pelo menos ele estaria por perto de alguma forma.
- Se importa de dividimos a cama por hoje? – ele perguntou depois de um tempo. Já estávamos nos arrumando para dormir.
- Mas é claro que não! – ele assentiu e se deitou no espaço vazio ao meu lado.
Fiquei encarado o teto por um tempo, o sono completamente ausente. De certa forma, era estranho estar deitada ao lado dele diante da situação que nos encontrávamos. Não parecia certo ter ele ali, mas seus braços não estarem me envolvendo como geralmente faziam. Me remexi inquieta, sentindo falta de seu toque.
- Jace? – indaguei baixo.
- Hum? – ele murmurou.
- Me abraça?
Silêncio. Não houve resposta e eu já estava começando a me arrepender por ter pedido, pois era obvio que o que ele menos queria era me abraçar naquele momento. Porém, contrariando os meus pensamentos, ele se remexeu e me puxou para perto dele, me abraçando como havia pedido. Me aconcheguei em seu peito e fechei os olhos, me sentindo um pouco melhor.
- Boa noite, .
- Boa noite, Jace.

Quando acordei na manhã seguinte, Jace não estava mais no quarto, assim como os pertences dele. Meu celular me despertou com uma mensagem de e eu tive que correr e me aprontar às pressas, pois estava atrasada para o almoço que tinha marcado com ele.
- Merda! – resmunguei, enquanto jogava minhas roupas para todo lado, enquanto procurava algo para vestir no armário. Meu celular vibrou, indicando mais uma mensagem do meu amigo. Era a terceira em menos de cinco minutos. Estava atrasada e tinha certeza que escutaria poucas e boas quando o encontrasse. detestava atrasos.
Acabei por vestir a primeira roupa apresentável que encontrei e que me manteria aquecida devido ao frio, e saí do quarto às pressas e corri diretamente para o elevador, que, por sorte, estava no andar, evitando que eu ficasse minutos esperando ele chegar o meu andar. Já dentro do cubículo, verifiquei minha aparência refletida no espelho, chegando a conclusão de que eu estava um caco. Pelo menos, era assim que eu me sentia por dentro.
Alguns segundos depois, a porta do elevador se abriu e eu avistei sentado em uma poltrona mexendo distraidamente em seu celular enquanto me esperava. Respirei fundo e tratei de abrir o meu melhor sorriso, pois eu não queria trazer meus problemas para o meu melhor amigo.
- Está atrasada – retrucou ele assim que me aproximei, sem desviar por um segundo o olhar do smartphone.
- Eu sei, desculpe. Acabei dormindo demais – me expliquei e só então ele pousou seus olhos em mim. Sua testa franziu e gelei, rezando internamente para que ele não percebesse que algo errado tinha acontecido.
- Está tudo bem?
- Sim, está tudo ótimo – respondi prontamente e ele cerrou os olhos, parecendo não acreditar muito nas minhas palavras, porém não insistiu no assunto para o meu completo alívio.
- Então vamos comer alguma coisa; estou faminto.
Assenti, e seguimos para o restaurante do hotel lado a lado. O local era bastante organizado e chique o bastante para que eu soubesse que provavelmente pagaria uma fortuna pelo almoço. pareceu pensar a mesma coisa, pois chegou a me perguntar se eu não gostaria de ir almoçar em outro lugar. Por fim, acabamos decidindo que ficaríamos ali mesmo, já que não tínhamos muito conhecimento da cidade.
- Fiquei bastante surpreso com o seu convite para almoçar – ele comentou, depois que fizemos os nossos pedidos. – Aconteceu alguma coisa?
Uma pontada de culpa me atingiu. Não queria que achasse que eu somente o procurava quando precisava falar dos meus problemas. Não era assim que amizade funcionava e eu não era esse tipo de pessoa.
- Sei que me afastei um pouco e sinto muito por isso – comecei. – Estou tentando mudar isso. Não quero que pense que só te procuro quando estou com problemas ou querendo desabafar.
- Ei, eu não disse isso, – protestou.
- Mas eu sei que é o que parece – dei de ombros e ele ficou em silencio. Não havia como se opor ao meu argumento e ele sabia disso. – Enfim, - comecei, mudando de assunto – como estão as coisas com .
Ele abriu um sorriso enorme e antes de começar eu sabia exatamente o que ele falaria.
- Estão cada vez melhores – disse. – Sério, . Ela me faz tão feliz que já não sei como era minha vida antes dela. Eu a amo demais.
Abri um sorriso enorme ao ouvir aquelas palavras. Amor verdadeiro era algo tão raro e precioso e me enchia de felicidade saber que meus dois melhores amigos o possuíam.
- tem muita sorte de te ter como namorado. Você é um cara incrível, .
- Se alguém tem sorte aqui, sou eu, – ele disse. – Inclusive, é muito bom que estamos só nós dois aqui, pois eu quero te pedir sua opinião sobre algo.
- O que? – perguntei, curiosa.
me encarou misteriosamente, apenas desviando o olhar para pegar algo em seu bolso. Ele estendeu a mão para mim, e abriu uma caixinha de veludo vermelha e um anel maravilhoso se fez presente diante dos meus olhos. Um anel de noivado. Levei a mão a boca, completamente chocada ao mesmo tempo que uma excitação começava a se agitar dentro de mim. Senti vontade de gritar de felicidade, mas minha mente me lembrou de que estávamos em um local público.
- Quero pedir ela em casamento. Você acha que ela vai aceitar?
Desviei o olhar do anel e o encarei, prestes a pergunta-lo que tipo de pergunta era aquela, mas mudei de ideia quando vi o nervosismo explicito em seu semblante. Sorri em compreensão, pois era normal ter dúvidas em momentos decisivos como esse e cabia apenas a mim dizer a ele que não havia motivo para ficar nervoso, que tudo daria certo.
- Sem sombra de dúvida. te ama, . Não precisa ficar nervoso, porque eu tenho certeza que o sim já está garantido.
- Você acha?
- Acredite em mim – segurei sua mão, fazendo com que ele fechasse a caixa ao fechar os dedos. – Estou muito feliz por vocês, de verdade. Vocês merecem a felicidade do mundo todo.
- Obrigado. Você é a melhor amiga do mundo.
- Eu sei – dei de ombros e ele riu, guardando a caixinha no bolso. – Depois eu quero saber de tudo.
- Você saberá – garantiu. – Agora eu quero saber de você.
- Agh. Duvido que você queira saber da confusão que é a minha vida.
- Achei que estivesse tudo bem entre você e Jace – ele franziu o cenho.
- E estava, mas agora eu não sei de mais nada.
- O que houve?
- . – Só bastou a menção do nome dele, para que o interrogatório começasse e arrancasse toda a história de mim. E eu contei, tudo o que tinha acontecido ontem durante aquela festa e depois a minha conversa com Jace. – Só me diz, eu estou cometendo um grande erro, não estou? – perguntei, frustrada. – Digo, o que eu tenho com Jace é tão pacífico e eu gosto dele o suficiente para querer tentar, mas...
- Você ama o – ele completou.
- Eu não queria amá-lo. Estava tudo tão bem sem essa droga de sentimento devorando a minha alma, e então quando eu acho que vou superar, descubro que ele sente o mesmo por mim. É obvio que isso iria me afetar.
escutou o meu desabafo com atenção. No fundo da minha mente, peguei-me pensando se ele não estava cansado dos meus dramas e toda essa confusão que havia começado desde o momento que me envolvi com pela primeira vez. A resposta provavelmente seria sim.
- Olha, eu não posso te dizer o que é bom ou ruim pra você. Isso é algo que você tem que descobrir sozinha. Jace te deu um tempo; ele te deixou livre para fazer sua escolha e testar suas possibilidades. Então, faça o que tiver que fazer e só decida algo que você tenha certeza que é a escolha certa. Esse é o conselho que te dou.
Suspirei pesadamente, pensando no quão ferrada eu estava. Às vezes eu não acreditava no que tinha me metido. Acho que estava pagando por um pecado que cometi no passado ou em outra vida, porque não era possível que tamanha provação era tudo fruto da minha má sorte. Me recusava a aceitar isso.
- Obrigada, .
- Estou sempre aqui pra você, . Conte comigo sempre e pra qualquer coisa.
Sorri agradecida. Continuamos o nosso almoço, discutindo sobre os possíveis lugares que ainda poderíamos visitar nos próximos dias. Queríamos aproveitar o máximo daquela viagem antes de voltarmos para a nossa rotina universitária em Londres e ainda nos restavam dois dias, então escolhemos os melhores lugares, inclusive o lugar perfeito para que ele fizesse o grande pedido a .
Momentos mais tarde, após uma mensagem e duas ligações perdidas, se despediu e foi ao encontro da sua futura noiva. Encontrei-me sem nada para fazer, pois não havia planejado nada para aquele dia e agora não tinha a presença de Jonathan para me manter distraída, então sentei-me em uma das poltronas no lobby e saquei o celular, zapeando pelos aplicativos, em busca de alguma distração. De repente, o aparelho vibrou em minha mão e uma notificação de mensagem surgiu na tela.

“Estava pensando sobre as coisas que me disse ontem à noite e acho que ainda há coisas que precisam ser ditas. Será que podemos conversar? Xx, .”

Mordi o lábio inferior. Uma parte de mim queria que eu ignorasse aquela mensagem e continuasse com a minha vida. Porém, outra parte de mim queria escutar o que ele tinha a dizer e talvez fosse o que eu precisasse para tomar uma decisão definitiva.

“Tudo bem. Meu quarto, daqui a cinco minutos. Xx”

Digitei e enviei. Levantei-me e segui para o elevador. Talvez o local de encontro não tenha sido uma das melhores ideias, pois eu conheço bem o caráter de , mas sabia que se ele tentasse algo, era porque ele estava interessado apenas no meu corpo, e não em um relacionamento, como havia dito na noite anterior.
Acabei encontrando com ele na porta do quarto, então apenas abri e ambos entramos no cômodo em silencio.
- Onde está o seu namorado? – ele perguntou.
- Jace saiu e não vai voltar agora – preferi omitir a parte em que estamos dando um tempo ou ele poderia interpretar tudo aquilo de maneira errada. – O que você tem para me dizer?
- Eu estava pensando sobre as coisas que você me disse e sei que não tenho dado motivos para que você confiasse em mim e nos meus sentimentos por você, mas eu te garanto que eles são reais, – abri a boca para falar, mas ele ergueu a mão em um claro sinal de que ainda não tinha terminado. – Eu sei que não tenho como fazer você acreditar em mim e esperar que você confie em minhas palavras é pedir demais, mas eu tive um tempo para pensar e tomei uma decisão.
- E que decisão seria essa?
- Eu sei dos meus sentimentos e sei que perdi a oportunidade com você por causa das minhas atitudes. Sei que não vai me dar uma chance e o que me resta é me conformar com essa ideia.
- O que quer dizer?
- Que estou disposto a tentar ser apenas seu amigo, como havia me proposto antes de eu despejar o que sinto na sua cabeça – o olhei desconfiada. – Eu juro que vou tentar. Você está feliz com Jace e eu vejo isso claramente. Todo mundo vê, na verdade. Então, não vou continuar enchendo sua cabeça com coisas e fazer você ficar confusa. Quero te ver feliz, mesmo que sua felicidade seja com ele e não comigo.
Fiquei parada o encarando feito uma otária. Se fosse possível, meu queixo estaria no chão devido ao choque que eu me encontrava. Nunca tinha visto ele ser tão altruísta, porque a partir do momento que ele me deixasse ir, era isso que ele se tornaria. Por outro lado, parte de mim permanecia cética e achava que aquele discurso era mais um plano dele para me deixar confusa de forma que eu acabasse caindo em seus braços novamente enquanto a outra metade achava que eu devesse dar crédito a ele, que talvez ele estivesse dizendo a verdade.
- Eu... Eu não sei o que dizer – falei, por fim.
- Não precisa dizer nada – ele segurou minha mão e a apertou firmemente, passando-me uma sensação de segurança. Olhei dentro dos seus olhos em busca de confirmação e percebi que sim, ele dizia a verdade. estava me deixando livre para ficar com Jace, mas... como eu me sentia sobre isso? Confusa, com certeza. – Se você está feliz, é isso que importa.
Mas estava eu realmente feliz? Se estivesse mesmo como ele achava, não teria deixado o meu relacionamento ir para o buraco quando aceitei aquele maldito tempo. Porém, não poderia dizer minhas dúvidas para ele. Aquilo era algo que eu teria que resolver sozinha antes de tomar qualquer decisão. Em um ato completamente impulsivo, me joguei em cima dele em um abraço. apertou seus braços ao meu redor, enfiando o rosto nos meus cabelos. Permanecemos daquela forma por vários minutos sem dizer uma única palavra, apenas sentindo a presença do outro. Aquele momento me dava uma sensação de despedida, o que apenas me deixava completamente angustiada. Pela centésima vez, me via duvidando das minhas decisões, mas sabia que não poderia ser impulsiva, pois poderia me arrepender. Se queria me libertar, não poderia fazer nada quanto aquilo e, talvez, aquela ação fosse tudo o que eu precisava para finalmente descobrir o que queria e quem eu queria.
- Eu sempre vou te querer – ele sussurrou, o rosto ainda enterrado nos meus cabelos. – Se um dia você achar que me quer também, sabe onde me encontrar. Enquanto isso não acontece, me contentarei em ser apenas seu amigo.
Ele voltou a me encarar quando terminou de falar e através de seus olhos, eu podia ter a confirmação de que ele estava falando a verdade. No fim das contas, aquilo era mesmo uma despedida.
Sem pensar muito, fiquei na ponta dos pés e alcancei seus lábios com os meus, iniciando um beijo. levou uma mão até o meu rosto, acariciando-o enquanto retribuía a carícia. Aquele beijo era totalmente diferente dos que já tínhamos compartilhado. Era lento e tinha um gosto de adeus; eu sabia que aquele era o último e meu coração se apertou com aquela ideia, assim como uma vontade de chorar que ficou travada em minha garganta. Meus olhos se encheram de lagrimas e eu os apertei, tentando de todas formas evitar que ele visse o quão vulnerável eu me encontrava. Deixaria para chorar quando ele não estivesse mais por perto; até lá, teria que ser forte.
Quando finalmente separamos nossas bocas, ficamos nos encarando sem dizer nada. Não havia mais nada a ser dito.
- Acho melhor eu ir embora – ele murmurou. Assenti, e então nos separamos. O acompanhei até a porta e ele saiu, parando para me olhar mais uma vez. – A gente se vê por aí, .
- Até mais, .
Assisti ele sumir pelo corredor e então entrei e fechei a porta do quarto, desabando completamente.


Capítulo XXII

As horas se passavam e tudo que eu escutava era o tique taque do relógio a cada segundo que o ponteiro se mexia. Ainda assim, o barulho era distante e muitas vezes eu me perguntava se estava escutando mesmo ou se aquilo tudo era fruto da imaginação. O quarto estava em um completo breu e eu me encontrava deitada em minha cama, os olhos fixos no teto cujo eu já tinha decorado todos os detalhes, devido ao tempo no qual passei o encarando. Horas, eu diria.
Depois que saiu, eu chorei. Sim, derramei todas as lágrimas que consegui, até que nada mais me restou. Uma dor incessante se alojou no meu peito e tudo que eu gostaria, era que ela fosse embora e me deixasse em paz. Porém, agora que o choro se foi, só me restou a dor, o silêncio e o teto para o qual eu encarava sem ao menos piscar. Suspirei lentamente e me mexi na cama, apenas para virar para o lado e agora encarar a cômoda onde meu celular repousava. Estendi a mão e alcancei o aparelho, desbloqueando a tela. Uma foto minha e de Jace se encontrava como papel de parede, e eu me perguntei o motivo de não ter tirado aquela foto dali antes. Era muito difícil saber que agora eu não o tinha mais por causa dos meus sentimentos por . Não que eu o culpasse inteiramente por ser uma completa bagunça, mas eu só queria ser feliz e achava que poderia tê-la com Jace... Até eu descobrir que o se sentia da mesma forma e conseguir estragar o relacionamento bom que eu tinha.
Eu me odiava profundamente. Como eu conseguia continuar indecisa sobre o que eu queria quando ambos os garotos haviam me deixado livre, eu não sabia. Bloqueei o celular e apertei o aparelho em meu peito, enquanto as lágrimas voltavam a jorrar dos meus olhos. Devia ser uma escolha fácil; havia dito que tentaria ser meu amigo, mas deixou a possibilidade de sermos algo a mais nas minhas mãos. Jace fez praticamente a mesma coisa. Eu amava e isso era inquestionável, mas eu não tinha confiança nele. Eu gostava de Jonathan o suficiente para querer tentar com ele.
Argh! Frustrada, enfiei a cara no colchão, como se isso fosse resolver todos os meus problemas. Meu celular vibrou embaixo de mim e eu o peguei. O nome de piscava no visor. Suspirei e deslizei o dedo, atendendo a ligação.
- ? – escutei a voz dela me chamar antes mesmo de aproximar o celular do ouvido.
- Oi, – tentei fazer com que minha voz soasse o mais natural possível, mas não funcionou. Minha voz ainda estava rouca por causa do choro.
- Você estava chorando? O que houve? – ela disparou, seu tom de voz era preocupado.
- Nada aconteceu. Não se preocupe.
- Não acredito que você está me pedindo isso – disse de forma alterada, como se o que eu tivesse pedido fosse um absurdo. Revirei os olhos, já me arrependendo de ter atendido a ligação. – Eu vi Jonathan vagando pelas ruas sozinho, mas ele não me disse nada e, sinceramente, ele não é um bom mentiroso. Vocês brigaram?
Me xinguei mentalmente, agora realmente arrependida de ter atendido o telefone. não iria descansar enquanto eu não contasse a verdade para ela e mentir sobre o assunto não adiantaria muita coisa.
- É complicado – disse, por fim.
- O que é complicado? – insistiu.
- A minha vida, . Mas isso não é nenhuma novidade pra você, não é?
Ela ficou em silêncio por exatos dois segundos, antes de soltar um “chego aí em dois minutos” e desligar na minha cara sem ao menos me dar tempo de protestar.
Joguei o telefone no colchão e me levantei contra a minha vontade, me odiando mortalmente por não ter simplesmente ignorado aquela ligação. Batidas na porta soaram pelo quarto e eu corri para abrir, não acreditando na rapidez da minha amiga.
- Desembucha – demandou ela, adentrando o meu quarto rapidamente. – O que houve entre você e Jace?
A encarei ultrajada com a sua invasão de privacidade, mas ela me fitou firmemente e eu soube que ela não sairia dali até que eu a contasse tudo.
- Eu contei para ele sobre – ela colocou a mão na boca em choque. – E ele me deu um tempo para pensar sobre o que quero.
- E o que você quer?
- Eu não sei! – me exasperei. – Para completar, também veio atrás de mim, falando que iria tentar ser apenas meu amigo.
- Você contou pra ele sobre Jonathan?
- Não – neguei prontamente. – Não quero dar falsas esperanças. – Sentei-me na cama e enterrei o rosto nas mãos. – Eu não sei o que fazer, . Queria tanto não estar envolvida nessa situação. Quando vim para Londres, meu objetivo era apenas focar no meu curso e viver meu sonho por cinco anos. Mas olha só para mim, só estou aqui há quase dois anos e minha vida está completamente virada pelo avesso. Nada disso era pra acontecer. O que eu faço? – a encarei desesperada.
me olhava com pena e eu não a recriminei por isso. Eu também sentia pena de mim mesma.
- Eu gostaria de poder te dizer que sei como te ajudar, . Infelizmente, essa é uma decisão que você vai ter que tomar sozinha. A única coisa que posso te dizer é que pense bastante e siga o seu coração. pode ser o amor da sua vida, mas Jace pode se tornar, caso você o escolha. Eu quero que você seja plenamente feliz e não que escolha alguém por ser mais seguro, emocionalmente falando. – Ela segurou minha mão e a apertou gentilmente. – Não é uma decisão fácil, mas sei que você vai escolher o caminho certo.
Joguei-me em seus braços, a abraçando fortemente. me envolveu, acariciando minhas costas de maneira confortante.
- Obrigada – sussurrei próximo ao seu ouvido.
- Disponha – respondeu e se afastou. – Agora, vá se ajeitar e vamos descer pra jantar, sim?
Concordei e me levantei, indo para o banheiro em seguida.

Depois da conversa com e de um banho relaxante, senti-me renovada. Conversar com alguém e ser aconselhada era o que eu precisava, e agora que minha mente estava leve, eu estava disposta a tentar sair do meu estado de miséria e deixar meu lado confiante aparecer mais uma vez. Enquanto caminhava em direção ao restaurante do hotel com minha amiga ao meu lado, fiquei me dizendo mentalmente que a presença dos dois homens que me colocaram nessa confusão não iria me afetar, que tudo daria certo e eu conseguiria agir normalmente, apesar do questionamento obvio que meus amigos fariam ao perceber que eu e Jonathan não estávamos mais agindo como um casal. Não queria nem imaginar como reagiria a isso, já que o mesmo não sabia do que tinha acontecido e para ele, eu e Jonathan estávamos juntos e felizes. No fundo, sabia que daria mais problema para o meu lado, porém estava tentando ser positiva e pensar que aquele jantar sairia como o esperado: calmo e sem muitos problemas.
Doce ilusão.
Assim que entramos no campo de visão dos meus amigos, todos se viraram para me olhar. Minhas bochechas esquentaram e eu segurei o braço de , ou iria dar meia volta e correr pra bem longe. Meu olhar se encontrou com Jace primeiro. Ele estava lindo, o cabelo louro bem penteado, o que lhe dava um ar mais charmoso, na minha opinião. Ele vestia uma camisa branca, coberta por uma jaqueta preta e o resto eu não consegui ver por causa da mesa, mas foi o suficiente para me fazer suspirar e me questionar o motivo de ter deixado ele se afastar. Para completar, ele abriu um sorriso de canto e eu quase desmaiei ali mesmo. Coloquei o cabelo atrás da orelha desconcertada e desviei o olhar, agora encontrando com dois globos azuis. também estava lindo. Ele vestia uma camisa social azul e provavelmente usava uma calça jeans preta e o tênis que ele tanto gostava. Eu o conhecia o suficiente para prever as roupas que ele usava e sempre acertava. Ele também sorriu para mim e meu coração deu um salto quase que de imediato. Eu estava mesmo muito ferrada naquele jantar.
- ! Até que fim deu sinal de vida – falou, chamando minha atenção para si.
- Eu não estava muito afim de sair, então passei a tarde no quarto – dei uma desculpa qualquer. Não poderia dizer o real motivo, né?
sentou ao lado de e, como se o destino quisesse me colocar em maus lençóis, a única vaga existente ali era justamente entre Jace e . Caminhei até lá contra a minha vontade e sentei-me, não sem antes fuzilar com os olhos, por ter me deixado em uma situação como aquela. Ela gesticulou um “desculpa” e um “boa sorte” e em seguida virou o rosto para o namorado, já que ele falava alguma coisa à ela.
Ao meu lado, Jace pigarreou e eu o encarei de perto pela primeira vez naquela noite.
- Como você está? – perguntou. Seu tom de voz era cuidadoso, e eu percebi que ele, assim como eu, não sabia como agir diante de todos.
- Estou bem, e você? – indaguei.
- Também – ele abriu a boca para falar algo mais, mas pareceu desistir.
- O que foi? – questionei, curiosa.
- Nada – abri a boca para insistir que ele falasse, mas começou a falar:
- Os pombinhos aí vão ficar de conversa? Não quero ser vela pra ninguém.
- Você só está com inveja porque não tem ninguém – rebateu e todos riram. fechou a cara e deu a língua para , gesto que mostrava o quanto meus amigos eram maduros. Sorri para a cena e desviei minha atenção de Jace, deixando para pressioná-lo sobre o que queria falar mais tarde.
- Não acredito que já vamos embora depois de amanhã – a namorada de se lamentou e vários murmúrios de concordância partiram de meus amigos. Eu, particularmente, não via a hora de voltar para Londres.
- O que temos planejado para amanhã? – perguntou. – Precisamos aproveitar ao máximo.
- Bem, eu e iremos almoçar em um restaurante perto da Torre Eiffel – expos seus planos e nós trocamos olhares rapidamente, mas o suficiente para saber que amanhã seria o grande dia. Contive um sorriso e desviei o olhar justamente na ora que começou a falar.
- Eu e minha garota aqui vamos dar uma volta por alguns dos lugares que ela sempre quis visitar – disse e bufou.
- Ótimo. Você e Jace também tem planos, ? – ele perguntou e toda atenção da mesa se voltou para mim.
Abri a boca, mas fechei novamente sem saber o que fazer. O que eu diria? Falar que estávamos dando um tempo não me parecia a melhor opção, até por que, não queria que aquele jantar ficasse com um clima esquisito. Olhei para Jace em buscas de respostas, mas ele se encontrava tão perdido quanto eu. Trocamos um olhar breve, mas o suficiente para decidir que não falaria nada que o colocasse em uma situação estranha. Afinal, aquele era o meu grupo de amigos e ele não tinha intimidade com eles como eu.
- Ainda não decidimos, mas provavelmente iremos dar uma volta por alguns dos lugares que não visitamos – disse, por fim. Por debaixo da mesa, Jace segurou minha mão, apertando-a delicadamente. Não precisava de palavras para saber que ele estava agradecendo. Olhei para ele e sorri, recebendo o mesmo gesto em retorno.
- Viajar com casais é um saco – reclamou, arrancando uma risada dos meus amigos. – Aliás, cadê a ? – e só então percebi que ela não estava ali. Não que ela fizesse falta; pelo menos não para mim.
- Deve estar por aí – foi que respondeu e, por sua atitude, percebi que ele não se importava também. Sorri internamente por isso.
- Nós três podemos fazer algo legal, já que os outros vão estar ocupados – propôs.
- Pode ser – deu de ombros, indiferente.
- Combinamos depois então – disse, encerrando o assunto.
O resto do jantar foi tranquilo. Conversamos sobre coisas aleatórias e até mesmo algumas coisas sobre a faculdade e o que nos esperava quando voltássemos. Esses dias têm sido incríveis e sem preocupações, mas não quero nem imaginar o tanto de coisas que terei que fazer, ainda mais com o trabalho que toma parte do meu dia. No fim, decidi deixar para me preocupar com isso depois, pois o presente é o que importava no momento e eu já me martirizava por coisas demais, não precisava de outro motivo.
Aos poucos, conforme a hora foi passando, meus amigos foram se despedindo e se direcionando para os seus quartos. e foram um dos últimos a sair, deixando apenas eu e Jace sozinhos.
- Boa sorte – sussurrei para quando ele me deu um abraço de boa noite. Ele sorriu para mim e murmurou um “obrigado”, logo se afastando e puxando minha amiga consigo em direção ao elevador.
Olhei para o homem sentado ao meu lado e ele me encava de uma maneira estranha. Franzi o cenho curiosa, mas antes que eu pudesse o questionar, o garçom apareceu com a nossa conta. O restaurante estava praticamente vazio, então tratei de pagar logo antes que nós dois fossemos expulsos dali. Jace também pagou a sua parte e saímos juntos do restaurante.
Enquanto seguíamos em direção ao elevador, peguei-me imaginando em que parte daquele hotel ele estaria hospedado.
- Obrigado – ele quebrou o silêncio, de repente. Olhei para ele de forma inquisitiva. – Por não ter me colocado em uma situação embaraçosa mais cedo – ele se explicou.
- Você não tem que me agradecer, Jace. Eu nunca faria isso com você – paramos em frente ao elevador e ele apertou o botão. – Eu que te coloquei nessa situação e sinto muito por isso.
- Não mandamos no que sentimos, – ele disse. – Essas coisas acontecem e sei que não é sua culpa.
O encarei sem saber o que dizer. Que Jace era maravilhoso eu já sabia, mas aquilo me surpreendeu. Era em momentos como esse que eu me perguntava o motivo de não ter o escolhido ou de não já ter me apaixonado por ele ainda.
A porta do elevador se abriu e entramos. Ele apertou o botão, que eu percebi ser o do meu andar.
- Conseguiu um quarto no mesmo andar? – questionei, curiosa.
- Sim, achei melhor. Se um de seus amigos estivesse comigo, não levantaria suspeitas.
- Ah, entendi – murmurei. Não o culpava por querer evitar perguntas, eu também queria.
Logo, chegamos ao nosso andar. Jace e eu caminhamos lado a lado, até que paramos na em frente ao meu quarto. Encarei a porta e depois o encarei, sem saber como agir diante daquela situação. Eu convidava ele para entrar? Desejava boa noite e entrava de uma vez? Era tudo tão estranho.
- Bem, está entregue – ele colocou a mão no bolso da calça, parecendo desconfortável.
Assenti e ele deu as costas, pronto para seguir caminho, então eu me lembrei de algo que queria perguntar a ele.
- Jace! – ele virou o rosto em minha direção, ainda de costas. – O que você queria dizer mais cedo? Não adianta dizer que não era nada, porque eu sei que era algo.
Ele suspirou e, por fim, falou:
- Eu sinto sua falta.
Naquele momento meu coração se apertou no peito e eu senti vontade de chorar.
- Eu também sinto – e era verdade, eu realmente sentia.
Como se minhas palavras fossem um tipo de combustível para ele, Jace voltou com tudo e segurou meu rosto, antes de chocar os nossos lábios. Um choque percorreu pelo meu corpo e eu envolvi meus braços ao redor dele, correspondendo veemente ao beijo. Abri um pouco a boca, permitindo que sua língua entrasse em contato com a minha e a sensação que aquele contato me causou demonstrava toda a saudade que o seu toque tinha me causado. Jace desceu a mão por meu braço e envolveu minha cintura me puxando mais ao seu encontro e acabamos cambaleando um pouco, mas a porta me aparou. Ele riu entre o beijo e voltou a chocar nossos lábios, como se precisasse disso para viver. Sem conseguir me conter, passei minhas unhas lentamente por seu pescoço e subi até seus cabelos, enterrando meus dedos em seus fios loiros. Apesar de saber que provavelmente estava brincando com os sentimentos dele, não consegui me conter, pois nós dois parecia tão certo, mesmo eu sabendo que era errado.
Por fim, o beijo foi diminuído aos poucos, até que separamos nossas bocas por completo. Ele encostou sua testa na minha, os olhos fechados e a respiração pesada. Encarei aquele rosto angelical, admirando a sua beleza e, me questionando pela milésima vez naquela noite o motivo de não ter o escolhido ainda. Por mais que eu não quisesse aceitar, a resposta era bem óbvia: eu não o amava.
- Boa noite, – ele desejou novamente e se separou de mim.
- Boa noite, Jonathan – murmurei e dessa vez ele foi embora. Fiquei parada por vários minutos, tentando processar o que tinha acabado de acontecer e o que aquele beijo tinha significado. Quando finalmente percebi que ainda estava parada no meio do corredor feito uma abestalhada, entrei no quarto e tranquei a porta, me sentindo mais confusa ainda. Muito obrigada, Jonathan Christopher.

Rolei na cama, incapaz de dormir. Minha cabeça pesava e não aguentava mais as diversas discussões que tive comigo mesma na última hora. Já se passava da uma da madrugada e apesar de querer dormir, minha mente continuava trabalhando em busca de uma decisão permanente. Eu sabia que no fim teria que me decidir, que não poderia enrolar nenhum dos dois por muito mais tempo, afinal, sabia bem que ainda mantinha a esperança, mesmo que tenha dito que se contentaria com a amizade. Por fim, joguei o lençol de lado e me levantei frustrada. Por que eu me metia nas piores situações? Será que cometi um pecado tão grande e agora estava pagando por ele?
Me aproximei da janela e olhei para o horizonte através do prédio. De longe, podia ver a Torre Eiffel. Pensei na ironia que era minha vida. Aqui estava eu, na cidade do amor, diante de um dilema desse. Acho que a minha história daria um belo de um filme de drama. Fico me perguntando se quando eu nasci, minha mãe desejou que minha vida fosse dramática como uma das novelas que ela gosta tanto de assistir.
Suspirei, dando conta de que sentia falta da minha família, das minhas amigas que não me contatavam em meses, aquelas vadias. De uma forma geral, eu sentia falta do Brasil e isso era algo que nunca achei que fosse sentir, para ser sincera. Pensei em ligar para minha família, mas não estava com condições de pagar por uma ligação internacional, então deixaria pra fazer uma chamada de vídeo quando retornasse à Londres.
Frustrada, vesti o robe e decidi dar uma volta pelos corredores do hotel até o sono chegar. Pelo menos eu não ficaria deitada sem fazer nada. Fechei a porta do quarto devagar e segui pelo corredor até o elevador. Se tivesse sorte, eu poderia comprar alguma coisa que me desse sono, tipo um copo de leite. Porém, quando a porta do elevador se abriu, dei de cara com um dos meus dilemas e meus planos foram por água abaixo.
- Sem sono? – perguntou.
- Sim. Estava indo lá embaixo ver se conseguia um copo de leite.
- Se você quiser, eu tenho um pouco no meu frigobar – ele ofereceu.
Mordi o lábio, considerando os prós e contras daquela proposta. Entrar no quarto dele não me parecia ser a melhor das decisões, mas ele disse que estava tentando ser meu amigo, certo? Não é como se ele fosse me atacar do nada.
- Eu vou aceitar um pouco – concordei, por fim.
voltou a andar pelo corredor e eu o segui, até o seu quarto. Ele abriu a porta e deu espaço para que eu entrasse primeiro, entrando logo em seguida. Olhei ao redor, sentindo-me um pouco insegura e me questionando internamente minha decisão de ter aceitado o convite dele.
foi até o frigobar e retirou a garrafa de leite, despejou um pouco em um copo e me entregou.
- Obrigada – agradeci, bebendo um pouco do liquido. – Achei que você estivesse dormindo a essa hora – falei a primeira coisa que se passou por minha cabeça.
- Ah, não. Fiquei fazendo um pouco de companhia ao , mas quando ele e começaram a se pegar na minha frente, achei que minha presença não era mais necessária – ele riu e eu arregalei os olhos. Aquela menina não tinha um pingo de escrúpulos.
- Achei que ela fosse afim de você – comentei.
- só gosta dela mesma – ele disse. – Além do mais, pouco me importa quem ela sai. Se ela estava tentando causar alguma reação em mim, perdeu o tempo – ele deu de ombros.
Ri, imaginando a raiva que ela deveria estar naquele momento. Ela até podia não gostar de ninguém, mas sabemos bem que ela quer o só pra ela.
Terminei de beber o leite e entreguei o copo a ele, que colocou em cima da cômoda próximo a cama. Olhei para o chão e mexi os pés inquietamente, sentindo-me altamente desconfortável.
- É... Você está cansado e eu aqui te importunando, acho que já vou indo.
- Não! – ele disse rapidamente e eu o olhei desconfiada. – Não estou com sono – ele se explicou e pigarreou. – Não quer ficar um pouco?
- Eu... não sei se é uma boa ideia, .
- Não vou fazer nada – ele levantou as mãos em rendição. – Juro.
Cerrei os olhos, desconfiada, mas resolvi dar uma chance. Aquela poderia ser a oportunidade de tentarmos desenvolver um laço de amizade.
- Tudo bem – relaxei os ombros. – O que tem em mente?
- Podemos jogar “uno” – ele deu a ideia. Ri, achando sua proposta engraçada.
- Sério? – ele deu de ombros e eu vi que ele realmente estava falando sério. – Não me lembro de ter te visto jogando “uno” antes – argumentei.
- Comprei recentemente – explicou. – Na verdade, comprei hoje cedo e pretendia chamar os meninos para jogar alguma hora, mas já que você está aqui... Por que não?
- Certo – dei uma risadinha. – Você sabe que vai perder, não é? Eu jogava bastante com minhas amigas no Brasil.
- Não julgue minhas habilidades com as cartas, . Eu posso te surpreender.
Soltei um riso debochado. Geralmente, não gostava de me gabar pelas coisas na qual era boa, mas senti-me desafiada, pois nunca havia perdido uma partida sequer. Segui até a mesa redonda que se encontrava perto da porta e sentei-me na cadeira, olhando para de maneira desafiadora.
- Que vença o melhor, – bati na mesa, chamando-o e ele riu, aceitando a provocação. sentou na cadeira à minha frente, a expressão debochada enquanto ele embaralhava as cartas e distribuía para nós dois. – Espero que você ao menos tenha lido as instruções.
- Não se preocupe comigo, – retrucou. – Alias, o que acha que fazermos uma aposta?
- Que tipo de aposta?
- Se você ganhar, eu pago todas as bebidas que você consumir na próxima vez que a gente sair com a galera.
- Ok, gostei – sorri de lado. – E o que acontece se eu perder? O que não vai acontecer, claro...
Ele riu, balançando a cabeça negativamente.
- Você está muito cheia de si, . Vou adorar tirar esse seu sorriso debochado dos lábios – ele disse.
- Eu sei que toda essa sua defesa é o medo de perder, mas desembucha logo.
Ele pigarreou e me olhou com um sorriso esperto.
- Se eu ganhar, você vai ter que assistir Grey’s Anatomy comigo.
Fiz careta. Se antes eu já queria mostrar para ele o quanto eu era boa naquele jogo, naquele momento minha vontade triplicou.
- Se prepare para perder, – pisquei e dei início ao jogo.
No início, apenas descartamos as cartas normais. Então jogou um +2 e eu sorri, já cantando vitória. Joguei um +4 e escolhi a cor vermelha. sorriu também e então jogou outro +4, mantendo a cor vermelha. Olhei para ele séria e ele alargou ainda mais o sorriso, crente de que eu teria que pegar aquela quantidade de cartas. E então eu joguei outro +2 e o sorriso dele desapareceu e sua cara se fechou em uma carranca. Enquanto ele pegava as cartas visivelmente contrariado, mantive o sorriso irônico no rosto.
- Não fique se achando, . O jogo ainda pode virar.
- Poderia, se você não tivesse 14 cartas em mãos enquanto eu só tenho duas – debochei. grunhiu e não respondeu mais nada. Continuei jogando, e dois minutos depois eu só estava com apenas uma carta em mãos. – Uno. Cuidado com a sua próxima jogada, – provoquei e ele me fuzilou com o olhar. Dessa vez, ele levou mais tempo do que o necessário analisando as cartas. chegou a escolher uma de seu leque duas vezes, porém desistiu. Batuquei os dedos na mesa, não porque estava impaciente, mas sim porque queria colocar um pouco de pressão em cima daquela jogada em específico. Sinceramente, não sabia o motivo de tanta demora, ele sabia que ia perder e a minha carta vermelha de número 7 estava ali, esperando o momento certo para ser descartada. – Você não vai poder prologar minha vitória por muito mais tempo, – ele franziu o cenho, mas não me olhou. Seus olhos se mantinham fixos nas cartas, e eu percebi o quanto ele queria ganhar aquele jogo. Quando ele finalmente escolheu uma carta e jogou em cima da mesa, seu olhar não se desviou da minha reação. Fiz uma careta, fingindo que não tinha gostado do que tinha visto, e abriu um sorrisinho de lado, apenas para ser destruído por mim pela segunda vez naquela noite. Joguei minha carta e murmurei um simples “ganhei”, dando o meu melhor sorriso vitorioso. bufou e jogou o resto das cartas na mesa, enquanto eu me preparava para debochar da sua cara. – Espero que você tenha mesmo o dinheiro para arcar com todas as minhas despesas, .
- Isso foi sorte, . Quero uma revanche.
- Um outro dia, quem sabe. O que importa é que ganhei e não vou precisar perder meu tempo assistindo aquela série de médicos que só você gosta.
- Eu e todos os nossos amigos – ele lembrou. Revirei os olhos, não dando o mínimo credito ao que ele falava. Não sabia como eles gostavam daquele seriado, mas não iria julgar pois cada um com o seu gosto, não é mesmo?
- Vamos outra partida? – perguntou, já juntando as cartas espalhadas.
- Nah, não quero te ver perder mais uma vez – pisquei para ele, que fechou a cara mostrando seu descontentamento. – Além do mais, já ganhei uma noite de bebidas grátis; posso quase dizer que ganhei na loteria.
Levantei da cadeira e ele fez o mesmo.
- Já vai?
- Está tarde e amanhã vai ser um longo dia – bocejei, já sentindo o sono vir à tona.
- Vai sair com Jace? – questionou e só então lembrei da existência do meu namorado – se é que ainda podia chama-lo dessa forma.
- Talvez. Nada foi decidido ainda.
- Hm... – seguimos até a porta lado a lado, e ele a abriu para mim, permitindo que eu saísse de seu quarto. – Obrigado pela companhia, .
- Obrigada pelo leite – falei e ele riu. Observei suas feições enquanto ele ria e não pude deixar de fazer o mesmo. O clima entre nós estava tão bom e parecíamos mesmo amigos. Eu gostava de como as coisas estavam entre a gente e esperava que continuasse assim. – Boa noite, – falei, por fim, me despedindo.
- Boa noite, .
Virei as costas e segui pelo corredor até o meu próprio quarto. Ao abrir a porta, olhei para trás e vi que ele ainda estava ali parado e me encarando. Acenei para ele, que retribui e entrei no quarto, trancando a porta e me encostando na mesma. Sem perceber abri um sorriso e encostei a cabeça na porta, de repente sentindo o coração aliviado e aquecido. Cenas dos últimos momentos passavam como um filme por minha cabeça e, mesmo que nada demais tenha acontecido, não pude deixar de ponderar se e eu daríamos certo como amigos apesar de tudo o que passamos e o que eu claramente ainda sentia por ele. Eu esperava que sim.

xXx


Quando acordei naquela manhã, era um pouco mais que meio dia. Revirei na cama preguiçosamente e agarrei o travesseiro que pertencia a Jace. Seu cheiro invadiu minhas narinas quase que de imediato, e fechei os olhos, aproveitando aquele aroma que para mim era dos deuses. Se tinha uma coisa que eu amava mais que um sotaque britânico, era o perfume que exalava de ambos homens que fazem da minha vida uma confusão. Como se quisesse me proteger de me afundar em pensamentos melancólicos àquela hora, minha barriga roncou, pedindo por comida. Levantei, então, e segui para o banheiro, onde tomei uma ducha rápida e fiz minha higiene matinal. Vesti uma calça jeans, uma blusa branca e um sobretudo preto, minhas botas favoritas e passei uma maquiagem leve. Não gostava muito de me maquiar durante o dia, então uma base e um batom de cor clara já era o suficiente para mim. Após passar um pouco de meu perfume e checar meu celular, constatando que não havia mensagens novas, saí em busca de algum restaurante para comer.
Devido a hora, o almoço do restaurante já havia sido servido, me restando apenas a opção de ir em busca de um estabelecimento perto do hotel. Acabei encontrando um restaurante a duas quadras do hotel, com uma estrutura simples comparado aos outros que tinham ali, mas que parecia ser aconchegante. Entrei no mesmo, e uma garçonete muito simpática veio me atender.
- Bon après-midi, mademoiselle. Comment puis-je vous aider? – disse a moça com um sotaque francês carregado. Franzi o cenho e sorri sem graça, pois não havia entendido uma palavra.
- Desculpe, mas eu não falo francês – falei em inglês. Por sorte, a moça entendeu e sorriu compreensiva.
- Ah, tudo bem. Boa tarde, senhorita. Como posso ajudá-la? – ela repetiu o que havia dito antes na outra língua.
- Hm... – Olhei o cardápio, mas não entendia nada do que estava escrito ali. – Qual é a especialidade da casa?
- Le gratin dauphinois – respondeu ela. Franzi o cenho e percebendo que não entendi, ela explicou. – É um prato de batatas fatiadas assadas com alho e creme. É uma delícia.
- Vou quere esse – falei, fechando o cardápio. – E vinho tinto para acompanhar.
Ela anotou no caderninho e se retirou em seguida. Enquanto esperava, peguei o celular e naveguei pelo Instagram, vendo algumas fotos de colegas e familiares que estavam no Brasil. Passei por uma foto e ao me tocar quem era a pessoa, desci a tela, voltando a visualizar a foto. Era e Katarina. Eles estavam no que parecia ser uma festa, ele abraçando-a por trás e dando um beijo em sua bochecha, enquanto ela olhava sorridente para câmera. A legenda da foto dizia: “Você é a luz que ilumina meu mundo todos os dias. Te amo, minha linda ♥”. Eles pareciam genuinamente felizes e, se eu olhasse para essa foto há uns meses, eu ficaria devastada. Mas não, tudo o que eu conseguia sentir era inveja, porque eu queria ter aquilo com alguém que eu realmente amasse, mas nada parecia ser fácil na minha vida. Suspirei e rolei a tela, decidida a não pensar muito sobre aquilo ou acabaria chorando ali mesmo.
Felizmente, a moça chegou com o meu almoço e me pus a comer. Estava delicioso, e me perguntei como é que não sabia da existência dessa belezura antes. Se um dia retornasse à Paris, com certeza viria aqui frequentemente. Almocei tranquilamente, aproveitando cada segundo de tranquilidade que aquele lugar me transmitia. Fiquei-me perguntando se meus amigos já tinham vindo nesse lugar e decidi que perguntaria mais tarde. Se eles não tivessem provado da comida daqui, os traria antes de voltarmos para Londres. O bipe do meu celular chamou minha atenção e olhei para tela, vendo a notificação de uma mensagem de Sarah. Peguei o aparelho e abri a conversa:

“E aí, . Como você tá? Essa loja sem você é um tédio. Volta logo, por favor.”

Sorri e comecei a digitar uma resposta.

“Estou bem e também estou com saudade de você e todos aí. Estarei de volta amanhã e logo voltarei a trabalhar. Aguenta só mais um pouquinho haha”

Enviei e não demorou muito para a resposta chegar.

“Não se esqueça de trazer o meu presente, hein?”

Ri, e respondi:

“Não lembro de ter prometido presente algum...”

Não se passou nem um segundo e a resposta chegou:

“Engraçadinha. Traga meu presente que eu mereço, viu?!”
“Tenho que ir, o dever me chama. Até depois. Beijão”

Enviei um emoji de beijo pra ela e bloqueei o celular. Agora teria que comprar um presente e não tinha a menor ideia por onde começar. Terminei o meu almoço e paguei a conta. Se iria procurar algo para Sarah, teria que começar agora ou não encontraria nada a tempo.
No entanto, assim que pus os pés fora do restaurante, meu celular voltou a tocar, dessa vez o bipe indicava que várias mensagens estavam chegando a cada segundo. Tirei o aparelho do bolso e assim que vi o nome de , não me restou dúvida sobre o que aquele toque constante se travada. A mensagem não era só para mim, e sim para o grupo com os nossos amigos e ela chamava todos para irmos ao bar do restaurante naquela noite, pois ela tinha uma coisa muito importante para anunciar. Imediatamente, várias mensagens começaram a chegar, o restante do pessoal querendo saber o que era, mas eu já tinha aquela informação. havia feito o pedido e ela havia aceitado. Um sorriso largo se formou em meus lábios. Estava feliz por aquele acontecimento. Acompanhei o relacionamento do início e ver que agora eles estavam dando o próximo passo, fez com que eu sentisse um pouco de esperança em relação ao amor. Talvez nem tudo estivesse perdido. Com esse pensamento, segui caminho pelas ruas de Paris, em busca de uma loja e um presente perfeito para minha colega de trabalho.

Horas mais tarde, entrei em meu quarto com algumas sacolas em mãos. Após comprar o presente de Sarah – acabei escolhendo comprar um globo de neve que tinha cidade em miniatura dentro –, acabei não resistindo e comprando algumas coisas para mim. Às vezes eu conseguia ser tão compulsiva nas compras quanto e . Ao lembrar de minhas amigas do Brasil, mandei mensagem para elas, marcando um vídeo conferência com as duas nos próximos dias. Fazia tanto tempo que falei com as duas, assim como qualquer outra pessoa do meu país – incluindo meus pais –, que chegava a me sentir mal, pois sabia que isso soava como um abandono, por mais que a realidade não fosse bem essa.
O relógio do quarto marcava seis horas da noite, então larguei o celular e as sacolas em cima da cama e segui para o banheiro. Não demorei muito embaixo d’água ou iria me atrasar e esse dia em especial não merecia um atraso da minha parte. Ao vasculhar minha mala por roupas, acabei pegando uma calça jeans cintura alta com alguns rasgos no Joelho e uma blusa cropped vermelha recém adquirida. Nós pés coloquei um salto preto. Passei uma maquiagem básica no rosto e um batom vermelho que combinava com a blusa e, por último, penteei os cabelos deixando-os soltos e passei um pouco de perfume. Verifiquei o celular para ver se tinha algumas mensagens e, como não tinha, joguei o smartphone dentro da bolsa e saí do quarto, antes que realmente me atrasasse.

O bar estava relativamente vazio. Algumas pessoas dançavam na pista de dança improvisada ao som de alguma música francesa. Por incrível que pareça, e ainda não estava ali, somente , a namorada, e se faziam presente e assim que me viram, acenaram, me chamando.
- Estou impressionado com a sua pontualidade – fez graça e eu ri.
- Eu nem sempre me atraso, nem começa – soltou uma risada irônica e eu o fuzilei com o olhar. – Nem começa, , nem começa – ameacei e ele levantou as mãos em sinal de rendição.
- Não fiz nada.
Revirei os olhos, e riu, atraindo minha atenção. Nem preciso dizer o tanto que ele estava lindo, não é? Quase fiquei sem fôlego ao constatar tamanha beleza. Ele estava com os cabelos penteados para trás, o que lhe dava um charme a mais. Era demais para mim.
- Você está linda, – falou, trazendo-me de volta para realidade. Pisquei os olhos e sorri para ele, agradecida. – Onde está seu namorado? – ele perguntou, olhando para os lados como se o procurasse. Gelei com aquele questionamento. Tinha esquecido completamente de Jace e, como ele não estava no nosso grupo de conversas, não tinha ideia do que estava acontecendo agora.
- Ele estava cansado e preferiu ficar no quarto.
assentiu e bebericou um pouco de sua bebida. Uma gota escorreu pelo canto de seus lábios e meus olhos foram automaticamente atraídos para lá. Ele levou o polegar até o local, enxugando o liquido e esse seria o momento em que eu desviava meu olhar, mas simplesmente não consegui. Uma enxurrada de lembranças me atingiu, lembrando-me de todos os momentos em que aqueles lábios me beijaram tão suavemente. Não sei quanto tempo fiquei parada feito boba e só vim me dar conta que mordia meus próprios lábios quando pigarreou, chamando minha atenção. Ele tinha um sorriso discreto nos lábios e eu sabia que ele havia percebido. Desviei meu olhar, sentindo-me completamente envergonhada. Eu devia ter algum problema, pois não era possível que eu continuasse me metendo em situações como essa.
Felizmente, e chegaram e com eles a última pessoa que faltava ali, . Meus olhos foram imediatamente para a mão direita e eu vi o anel que meu amigo tinha me mostrado no dia anterior. Sorri e observei minha amiga, que parecia radiante, assim como . Enquanto eles cumprimentavam a galera, segurei minha vontade de correr e abraçar os dois e limite-me a um cumprimento normal, quando eles se aproximaram de mim. , por sua vez, ao me abraçar sussurrou um “obrigado” e eu sorri, sentindo-me genuinamente feliz por ter tido um papel naquela história.
- Então – começou a falar –, você me deixou curioso a tarde toda. O que é tão importante que você tem que compartilhar com a gente.
sorriu e trocou um olhar rápido com . Eu conhecia bem aquele olhar, ele era repleto de cumplicidade e poucos casais que eu conhecia conseguia se comunicar através de um olhar.
- Bem, eu sei que já fiz muito suspense a tarde toda, então vou falar logo para que a gente comece a comemorar... Eu e o estamos noivos! – ela praticamente gritou, mostrando pra gente o seu anel de noivado.
Gritei, finalmente liberando toda a emoção que estava segurando e me joguei nos braços dos meus amigos, abraçando os dois ao mesmo tempo enquanto expressava a minha alegria pela união e os desejava toda felicidade do mundo. Os dois agradeceram e então abri espaço para que os outros fizessem o mesmo. Enquanto observava a alegria dos meus amigos, não pude deixar de me emocionar por aquele momento. Levei os dedos até o canto dos olhos, enxugando as lágrimas que queriam escapar e foquei no momento, me recusando a chorar mesmo que por motivos de felicidade e não tristeza.
- Tá bom, chega de abraços e vamos comemorar – falou e nós concordamos.
- Bebidas pra todo mundo por minha conta – disse e nós gritamos em resposta. O barman, ao o ouvir, passou a nos servir bebidas.
- A e – gritei, levantando meu copo.
- A e – todos responderam e nós brindamos antes de entornar o liquido.
Sorri pela milésima vez nos últimos minutos, desejando que momentos como aquele durassem para sempre.




Continua...



Nota da autora: Olá, meus amores.
Dessa vez, a att chegou mais rápido e prometo não demorar tanto para a próxima. Quero agradecer a cada uma de vocês por continuarem acompanhando a história, mesmo que às vezes eu demore tanto para atualizar.
Comentem, me digam o que estão achando, com quem vocês acham que a pp deve ficar, vamos bater um papo! O comentário de vocês significa tudo para mim e eu leio todos, além de que isso me motiva bastante a continuar escrevendo, pois é a única forma de saber se tem alguém lendo ou se estou escrevendo para fantasmas.
Venham fazer parte do grupo do facebook; lá o contato é mais direto e sempre posto um spoiler, entre outras coisas.
Enfim, já falei demais haha! Boa leitura e até o próximo capítulo! Xx






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Black Widow [Restrita – Jamie Dornan/EmAndamento]


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