Autora: Fernanda Tribbiani || Beta-Reader: Paah Souza



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Grã-Bretanha, 22 de setembro de 2013, 16h00min:
– Pessoal, chegamos à Reserva! – A voz do Sr. Bishop despertou-me de meus devaneios. – Esperem-me do lado de fora, porque vou dar algumas instruções.
Olhei para o lado e vi com uma mão sobre minha perna e com a cabeça para trás, dormindo. Ao fundo, os outros alunos saíam animadamente do ônibus, conversando e gesticulando.
Fiquei com pena de acordar . Ele estava dormindo tão profundamente. A boca vermelhinha entreaberta, a pele ainda com o bronzeado do verão, o nariz arrebitado vermelho de sol, seus cílios emoldurando os olhos, um verde e o outro verde e castanho, fechados.
– Está encarando-me de novo? – disse, ainda de olhos fechados, e eu me sobressaltei.
Ele sempre sabia quando alguém estava o encarando e eu nunca soube como ele fazia isso.
Sorri para ele, mesmo que ele não pudesse me ver. Eu me sentia bem perto de , feliz, segura. De repente, percebi que seus olhos verdes fitavam-me com divertimento.
– Vamos, temos que sair do ônibus, senão eles vão nos levar de volta. – Ele disse e puxou-me pela mão, ajudando-me a levantar.
Saímos do ônibus por último, com o Sr. Bishop praticamente nos empurrando. riu e passou um braço por meu ombro, dando-me um beijo na têmpora.
Ao sair do ônibus, um vento frio brincou com os meus cabelos, jogando alguns fios em meu rosto. Coloquei-os atrás da orelha esquerda e olhei ao redor.
O lugar era lindo.
Em volta da reserva, havia vários chalés espalhados, que pareciam ter sido construídos do século XIX, vários museus e outros atrativos culturais.
A reserva em si era a mistura de uma floresta temperada com um parque. Altas árvores com folhas alaranjadas por causa do outono cresciam como uma cortina de seda sobre as trilhas. Suas folhas, que caíam gradativamente, formando montinhos no chão, brilhavam em contato com os raios solares, cintilando as cores do arco-íris.
Todos os alunos encontravam-se em pé do lado de fora do ônibus, com as mochilas e malas penduradas nos ombros. Eu estava ao lado de , Nicole e Charlie, meus melhores amigos. Os cabelos louros de Nicole estavam presos em uma trança e seus olhos castanhos claros brilhavam ao ver aquele lugar. Charlie, que era o irmão gêmeo de , estava com as mãos nos bolsos; seus cabelos castanhos mais claros do que os de voavam em seu rosto e seus olhos verdes (ele não tinha heterocromia como o irmão) estavam apertados devido ao sol.
O Sr. Bishop, o professor de Biologia, com cabelo castanho grisalho, olhos castanhos quase pretos rodeados por sardas e pequenas rugas, abriu um largo sorriso animado, seus olhos brilhando de excitação.
– Finalmente estamos aqui! – Ele praticamente jogou a mochila no chão – Como vocês já se dividiram em grupos, vão para o prédio principal do hotel e lá receberão a chave de seus chalés. Hoje vocês têm o dia livre, então, aproveitem, pois amanhã temos milhares de coisas para fazer! – Ele terminou de dizer e todos nós nos dirigimos ao hotel.
Depois de pegar nossas chaves, eu, , Nicole e Charlie nos dirigimos ao chalé 8, que seria o nosso. Ele era de pedras brancas e as janelas eram de vidro branco, com cortinas brancas do lado de dentro. Havia quatro quartos e dois banheiros, do mesmo tamanho.
Eu me sentia exausta, mas não sabia por que. Joguei minha mala de qualquer jeito no chão e joguei-me em uma cama de casal. Alguns segundos depois, sentou-se ao meu lado.
– Você está bem? – Ele perguntou e olhou-me, preocupado.
– Sim – Eu assenti – Só estou um pouco cansada.
Ele se abaixou e me beijou. O contato entre seus lábios quentes e meus lábios frios arrepiaram-me. Ou talvez tenha sido apenas sua presença ali, que sempre me deixava desnorteada. deitou-se ao meu lado e apoiei minha cabeça em seu ombro.
– Então, durma um pouco. – Ele disse e eu assenti, já sentindo meus olhos pesarem.
Adormeci quase instantaneamente, mas ainda pude ouvir sussurrando:
– Eu te amo. Sempre amarei.

’s POV:
A respiração de era regular, mas sua pele naturalmente bronzeada estava cada dia mais pálida. Seus cabelos normalmente brilhantes estavam foscos e sem vida, sua pele normalmente macia estava mais áspera. E ela havia emagrecido.
Eu sabia de sua doença há algum tempo, mas imaginei que fosse demorar mais para se manifestar. O diagnóstico permanecia um mistério; nenhum médico parecia capaz de identificar o que a atacava. Eles sabiam apenas que era rápido. E fatal.
Eu não fazia a menor ideia de quanto tempo de vida ela ainda tinha. E também não, pois não sabia que estava doente. Ela imaginava que havia alguma coisa errada, mas não sabia que era tão grave assim. Seus pais preferiram não contar a ela, para não fazer do fim de sua vida miserável e deprimente. Entretanto, acharam justo contar a mim; disseram que entenderiam se eu quisesse deixá-la, pois sabiam que eu sofreria quando ela se fosse. Mas eu não conseguia deixá-la e não queria. Eu queria cuidar dela, ficar próximo a ela pelo máximo de tempo que conseguisse, independente do que fosse acontecer depois. Eu não ia deixá-la; sei que eu sofreria mais quando isso acabasse, mas preferia minha dor à dela.
Puxei-a para mais perto de mim e abracei-a. tinha cheiro de outono. Eu não sabia explicar o que era cheiro de outono, mas ela tinha. Era um cheiro bom, agradável, do qual eu nunca me esqueceria.
mexeu-se e abriu os olhos cor de âmbar. Abriu o sorriso que eu amava, o mais puro e sincero e do qual eu sentiria imensa falta.
Olhei pela janela, as folhas alaranjadas caíam das árvores como a neve caía do céu, formando um imenso tapete laranja na terra. Olhei novamente para ela.
– Quer dar um passeio? – Perguntei e ela assentiu.
Levantei-me e ajudei-a a se levantar. Segurei sua mão e, juntos, nós saímos do chalé, deixando um Charlie jogado no sofá e uma Nicole tentando acordá-lo.
End of ’s POV:


(n.a: Dê play no vídeo.)

As folhas de outono dançavam ao meu redor.
O sobretudo que eu usava protegia-me do vento gelado, mas eu não me importaria se não o estivesse usando. A sensação do vento frio contra meu rosto contrastava com o Sol penetrando meus poros.
Eu e estávamos no meio da floresta da reserva. Os arbustos formavam um grande palco e as folhas das árvores caíam como confetes e serpentinas de carnaval. Fechei os olhos e abri os braços, deixando o ambiente tomar-me completamente. A sensação de liberdade que a natureza me dava era indescritível. Olhei para trás e vi parado em pé, olhando-me com um sorriso no rosto. Eu amava aquele sorriso, eu amava tudo nele. Eu amava seu jeito protetor, amava o jeito que ele me irritava às vezes, amava o jeito que ele me olhava, o jeito que ele fazia eu me sentir: amada, feliz.
Caminhei até ele, com as folhas voando ao redor de nós dois, como se quisessem tornar aquele momento mágico e especial. Pássaros voavam acima e ao nosso redor, cantando belas músicas, como se aquele fosse um momento que deveria ser lembrado e aproveitado ao máximo. Passei os braços por seus ombros e beijei do jeito mais puro e sincero, com amor. Era assim que eu me sentia quando estava perto dele. Meu coração era inteiramente dele; eu era inteiramente dele.
– Eu amo você – Ele disse, com os olhos fechados.
– Eu também amo você – Respondi.
Depois, percebi que brilhantes lágrimas escorriam de seus olhos, molhando suas bochechas e pingando na terra. Ele os abriu, os quais estavam cobertos por uma cortina de lágrimas que se recusavam a cair. Seus olhos pareciam ainda mais verdes, fazendo com que a mancha castanha em seu olho direito ficasse mais destacada, mostrando uma dor que eu não conseguia entender. Passei os dedões em suas bochechas quando as lágrimas escorreram de uma vez só, como se estivessem libertando todo aquele sofrimento de seu coração.
– O que houve? Por que está chorando, ?
Ele olhou fundo em meus olhos e sussurrou:
– Eu sempre vou te amar, . Nunca irei esquecê-la. Não importa o que aconteça. Eu sempre ficarei ao seu lado.
Franzi o cenho, não entendendo completamente o sentido daquelas palavras. Antes que eu pudesse responder, ele me beijou de um jeito diferente. Um beijo ao mesmo tempo mais intenso e mais doce, mas que parecia um beijo de despedida.
Puxei-o para baixo e nós dois nos deitamos em um monte de folhas que haviam caído na terra. Segurei sua mão e olhei para o céu. Ele já estava escurecendo, o Sol já se punha, mas não havia uma nuvem para cobrir-lhe, deixando as folhas que voavam emoldurar o majestoso pôr-do-sol como se fosse uma tela em branco.
Olhei para , sentindo lágrimas escorrendo por meu rosto. Eu não sabia por que estava chorando, mas aquilo aliviava uma dor em meu coração que eu já quase não percebia, pois ela já fazia parte de mim.
E então eu entendi.
Entendi o porquê de suas lágrimas, entendi o porquê da dor que eu sentia, entendi o porquê do cansaço.
Olhei fundo em seus olhos, querendo que aquela imagem ficasse gravada em minha mente para sempre.
Eu iluminaria suas noites mais escuras, como as estrelas o iluminavam agora. Eu o amava da forma mais pura e estaria com ele em seu coração para sempre, assim como ele estaria no meu, independente de onde estivéssemos.
– Eu também te amo.
Sussurrei enquanto fechava os olhos, ao mesmo tempo em que os pássaros paravam de cantar, em que as folhas paravam de dançar no ar e caíam ao meu redor, ao mesmo tempo em que o Sol desaparecia no horizonte, deixando o mundo de na escuridão da noite e levando-me consigo para o mundo infinito dos sonhos.
“Do you ever wonder if the stars still shine out for you?”





Fim.

nota da autora:Olá, Chuchuzinhos. Como estão?
Ok, eu confesso que chorei um pouquinho (lê-se muito) ao escrever essa fic. Eu espero que tenha conseguido passar para vocês tudo o que eu senti ao escrever essa fic. Eu sei que essa short fic ficou bem short, sorry. :(
Mas o que vocês acharam dela? Gostaram? Espero que sim.
Deixem um comentário lindinho aqui embaixo, please.
Beijinhos :**

nota da beta: E aí, galerinha? Fic nova no pedaço :)
Erros? Avisem-me por aqui e eu corrijo. Ok?
Beijinhos, Paah Souza.

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