A chuva torrencial caía desesperadamente naquela manhã de melancolia. Os mais importantes nomes da corte francesa se juntavam, em perfeita união e em uníssono de solidariedade e tristeza. A imagem dos caixões marrom-mármore sendo enxotados terra à baixo ficaria encrustada na memória do Duque de Versalhes até o fim de seus dias. Nenhuma dor se equiparava que o homem em frente às covas, trajando seu elegante fraque grafite e calças na altura dos joelhos, sentia em seu peito. Todo e qualquer tipo de esperança que alguma vez fizeram parte de seus sentimentos, esvaiavam-se a cada segundo ante aos caixões que, agora, ocupavam as duas covas assimétricas. A maior era preenchida com o corpo de sua mulher, Marie, que morrera devido a complicações no parto de seu primogênito e único filho, Pierre, que ocupava a segunda cova, em um caixão forrado por coroas de lírios.
As lágrimas escorriam de seus olhos e as bolsas côncavas ao redor destes, entregavam o fato de que chorava desde o fático dia do falecimento de sua razão de viver. Apertos de mãos foram dados, abraços apertados e impregnados de colônias nauseantes. Mulheres em seus longos vestidos negros e espalhafatosos balbuciando palavras de carinho e afeto, dizendo o quanto sentiriam falta da companhia de Marie em seus piqueniques nos campos, como sem sua presença os bailes excêntricos na capital não seriam os mesmos. Nada o afetava mais como aquelas palavras vazias e sem o mínimo de consideração. Oras, sua esposa e filho agora jaziam a sete palmos do chão!
Ele sabia que ninguém ali realmente se importava. E a dor intrínseca aumentava gradualmente. Sermões foram lidos, palavras de compaixões foram proferidas e os caixões começaram a desaparecer, sendo cobertos por camadas e mais camadas de terra. Uma lágrima teimosa escorreu por sua pele, queimando a região, e um sôfrego escapou de sua garganta. Lorde Loumiè repousou a mão nos ombros de e deu-lhe suas condolências, afastando-se.
Os presentes começaram a desvair, mas o corpo do Duque congelara naquela posição, recusando-se a mover qualquer músculo de seus membros. Em minutos, o jardim de sua falecida mulher estava vazio; a chuva cessara antes mesmo que a terra se transformasse em lama. Sobraram apenas os dois túmulos recém-mexidos e o som onipotente e fraco das batidas do coração de .
Passaram-se meses. A mansão de Versalhes nunca aparentara tão sombria quanto naquela noite de Abril. Os empregados se recolhiam em suas insignificâncias, preocupados, nos cômodos mais distantes da casa. Afastados, mas não o suficiente para que não pudessem ouvir os gritos eufóricos de seu senhorio ao acordar em prantos durante todas as noites. Os móveis, antes brilhantes e coloridos, ganharam uma nova tonalidade. As paredes, as pratarias e até a comida. Tudo virara cinza e nebuloso, assim como o céu do domingo anterior. O Duque andava pelo quarto, em círculos, de ceroulas e os cabelos compridos despenteados em um ninho grotesco de pássaros. As bolsas ao redor dos olhos continuavam as mesmas, ainda piores. Não dormia havia semanas! Os pesadelos não o deixavam e todas as vezes que suas pálpebras, cansadas, fechavam-se, as lembranças de Marie o assombravam. Desde o dia em que se conheceram e do casamento fantástico, dos convidados mais importantes de toda a monarquia francesa. Lembrava-se até mesmo do dia em que seu pai, que Deus o tenha, fizera o acordo com a família d’Anjou. Nem todos os casamentos arranjados tinham a mesma sorte que aquele casal em especial tivera. Ou seria azar?
exalava um odor grotesco, sua pele ganhara uma cor amarelada e seus ossos estavam aparentes. A depressão estava o desgastando por inteiro, devorando-o de dentro para fora. Aquilo não podia continuar mais. Parou de andar e sentou na cama, os cotovelos apoiados nos joelhos e as palmas das mãos cobrindo o rosto. Ele tinha que dar um fim naquele looping de devaneios, era impossível, porém, pois o cheiro do perfume cítrico e levemente adocicado de sua esposa parecia estar impregnado em suas narinas.
Era essencial que ele fugisse, que corresse, que ele se perdesse. Não importava onde, nem como, nem o quê. Ele precisava sair dali, não aguentava mais a dor latente em seu peito.
vestiu-se apenas com a calça caqui, da altura dos joelhos, o colete mais vagabundo que achara jogado no piso e calçou as botas de couro. Estava decidido. Sairia dali, encontraria paz em algum lugar. Pensava em formas alternativas e lugares nos quais não o lembrariam da mulher.
Seus subordinados não o ouviram sair, muito menos notaram sua presença no estábulo. Montou seu cavalo preferido e rumou em direção à cidade pela estrada de terra. Carruagem era o mínimo, senão o pior, luxo que ele poderia ter. Vagou distraído; os pensamentos desalinhados. Ao chegar, nem mesmo o cheiro dos croissants frescos o animou. E, com um instinto machista e completamente desesperado, um lugar tomou conta de sua mente.
A taberna Cazeneuve localizava-se na parte mais precária e imunda da cidade. Sua posição ali não surgiria efeito qualquer, contanto que tivesse câmbio a pagar. O que diabos estava fazendo, afinal? Antes que pudesse responder-lhe a própria pergunta, seu cavalo já estava amarrado junto a um tronco de madeira perto da porta marrom caindo aos pedaços. A resposta engasgou dentro da garganta e sua presença não se fez percebida por nenhum moribundo bêbado que engolia canecas e mais canecas de rum goela a baixo. Sentou-se à mesa mais afastada. O delicado odor do perfume de Marie, que antes se infiltrava em sua narina, era ocupado por um novo, como o cheiro de decomposição e vômito. Pediu uma garrafa de vinho, e o homem atrás do balcão de madeira a trouxe, depois de ter tido sua vida ameaçada de morte, no mínimo, três vezes. Encheu o copo e deu goles grandes no líquido vermelho-sangue. O gosto era tão ruim que viu-se obrigado a segurar aquela aguardente do diabo na garganta, engolindo com dificuldade, pois queimava e o deixava aflito.
Algumas garotas da vida – moças de famílias de níveis tão inferiores do seu –, meretrizes dançavam nos colos de seus respectivos acompanhantes, ao som apenas dos copos e risadas escandalosas cheias de malícia. Ao seu redor, só existia a escória. Pessoas indecentes, fedorentas e repletas de dentes podres. As mulheres também, era capaz de contar nos dedos o número de moças que não aparentavam terem tomado um banho de lama. Ah, se sua família o visse naquelas condições...
Ali, entre o cheiro de álcool, das mulheres em vestimentas de terceira mão e diante a realidade no qual estava vivendo, ele tinha certeza e convicção de que se continuasse a respirar, seria um erro.
Foi só então, que em seu momento de dúvidas sobre sua existência e qual era seu propósito como um filho de Deus na Terra, que a vira. Os cabelos, diferentes dos das demais, brilhava e aparentava ter sido lavado há pouco tempo. Ou talvez fosse apenas o sebo, ele não saberia dizer. Seus olhos clamavam por atenção e até suas roupas, mais ousadas e deselegantes, atraiam olhares curiosos de todos os homens da taberna, mesmo os que já estavam acompanhados. Ela não o viu, de primeira. Caminhou entre as mesas, tocando os ombros da classe baixa e o Duque podia vê-los tremer ao contato. Ela sorria, e ao contrário do restante da plebe no local, seus dentes não estavam sujos ou podres. Limpos e brancos como a neve. bebericou o conteúdo de seu copo e observou, com os olhos vidrados, a mulher que passava. Seus olhares se encontraram e sentiu um leve rubor subir-lhe às bochechas. Ela riu, parecendo divertida com a ocasião. Talvez ela o conhecesse, talvez ela apenas o achasse interessante ou talvez, ela só quisesse brincar um pouco.
A mulher mudou seu trajeto; agora, caminhava em sua direção. O Duque engoliu em seco.
– É possível que minha visão esteja um pouco turva, pois não posso crer no que meus olhos veem – falou, arrastando ela mesma o banco de madeira para se sentar. – Este não é o lugar apropriado para alguém como vossa senhoria, Duque.
– Nem para uma dama como vós – retrucou, levando mais uma vez o copo até a boca.
– Ora, Duque, não se deixe enganar pelas aparências. Não sou uma dama – seus lábios carnudos se contorceram em um sorriso. Os cabelos negros como a noite estavam presos no topo da cabeça, mas algumas mechas pendiam, soltas, em frente aos seus olhos.
– O que é, então? – perguntou o Duque, esquecendo-se do motivo do porque estava ali, e deixando-se entrar no flerte. Ela gargalhou.
– Meu querido Duque, se estás aqui, sabes muito bem o que sou. Afinal, não foi para isso que veio? – ela inclinou o corpo em cima da mesa e esticou o braço na direção de , espalmando o copo e o trazendo para si, dando goles longos do vinho amargo, como se o líquido que escorria para dentro de sua garganta fosse a mais pura água.
– Queira desculpar-me, mas não posso acreditar que estejas falando a verdade. A senhorita não pertence a este lugar.
– Nem vossa senhoria, mas aqui estamos. O Duque busca algo que apenas alguém como eu posso oferecer. Esta é a realidade – ela largou o copo sobre a mesa, vazio. Seus olhos se encontraram; os de fixos nos dela.
– Como podes estar tão certa de que estou em busca de algo? – ele desafiou, arqueando as sobrancelhas e se ajeitando no assento; um breve sorriso – algo que não ocorria há muito, muito tempo –, surgiu em seu rosto.
– Olhe ao seu redor – ela fez um gesto com as mãos e o Duque acompanhou com o olhar. O lugar estava cheio de homens infelizes e mulheres de todos os tipos, formatos e gostos. – Todos aqui estão em busca de algo. Uma distração, um ombro para chorar. Prazer, satisfação. Amor.
– E o que achas que eu procuro, senhorita...?
– . Delacroix.
– Então, o que achas que eu procuro, senhorita Delacroix? – o Duque inclinou-se sobre a mesa, o mesmo movimento que havia feito minutos antes. A distância entre ambos era curta, o suficiente para que pudesse sentir a fragrância de seu perfume: amadeirado, como tudo naquele lugar.
– Tens certeza que queres ouvir o que tenho a dizer? – ela indagou, os lábios convidativos e os olhos vidrados nos do Duque.
– Absoluta – ergueu o torso, aproximando-se, principalmente seus rostos. Seus olhos fitaram, primeiramente, os lábios finos do Duque, que apesar do tempo e da desidratação, continuavam rosados. Depois, passaram a encarar nítida e profundamente os olhos do homem em sua frente. Como uma fita de cetim, formando um laço na cabeça de uma pequena criança da corte.
– Apesar de já saberes a resposta, atrevo-me a dizer. O Duque busca algo que somente eu posso lhe dar – seus rostos se encontravam, perigosamente próximos.
podia ouvir a respiração ofegante do Duque e, ele podia ver as veias saltitantes do pescoço alvo da mulher. Ela hesitou, por um momento, mas assim que falou, o Duque sabia que havia encontrado exatamente o que precisava.
– Viver.
se afastou, sentando-se novamente ereta no banco. O Duque estava perplexo, sem ar.
– Vamos, venha comigo – se levantou, estendendo a mão para . Por minutos, ele observou aquele gesto, questionando-se se devia ou não acompanhá-la. – Não há pelo quê ficar com medo, Duque. Vamos, venha.
A mão de era quente e macia, ao contrário da de , fria e áspera. desvencilhou-se de algumas mesas e cadeiras vazias, seguindo até o fundo da taberna, onde uma pequena entrada sem porta dava para as escadas de mármore negro.
a acompanhou por todo o trajeto, degrau por degrau. A cada passo, o ambiente se tornava cada vez mais sombrio e grotesco, e vozes podiam ser ouvidas por detrás de cada porta trancada. Algumas declaravam choramingos, outras, no entanto, imploravam por algo mais. Os segundos pareciam minutos, e os minutos pareciam horas naquele isolamento, mas a presença de , estranhamente, deixava-o calmo e sereno. Isabelle parou, depois de ultrapassarem uma quantia de, mais ou menos, dez portas.
– Bem vindo à minha mansão, Duque – abriu uma portinha simples. O cômodo em si estava bem arrumado. Era um quarto comum, com uma cama grande o suficiente para duas pessoas dormirem, não aconchegadas, mas de bom grado. A janela estava coberta por uma cortina de retalhos e havia um pinico de pequeno porte no extremo inferior. Ao observar as condições nas quais aquela mulher era obrigada a viver, o fez sentir-se enojado. Enojado com o país, com a corte e até consigo mesmo.
– Entre, por favor – o convidou a entrar, e assim ele o fez. A porta atrás de si foi fechada e o barulho da chave virando na maçaneta foi de um clique fraco. andou até a cama, de costas. Girou o rosto ao parar ao pé da cama e olhou-o de soslaio; o sorriso gracioso e talvez malicioso, nos lábios. – Este vestido não vai sair sozinho.
Hipnotizado, tanto pelas curvas graciosas de , quanto por sua voz, o Duque foi ao seu encontro. Suas mãos foram institivamente aos ombros de , dedilhando a região.
– Desabotoe meu vestido – ela ordenou. O Duque nunca fora homem de receber ordens de mulher alguma, nem mesmo Marie. Mas, da mesma forma que a seguira até ali, seus dedos buscaram pelos botões. Um a um, ele desabotoou. estremeceu e fechou os olhos, mas o Duque não viu.
O vestido estava no chão e vestia apenas suas roupas de baixo. Antes mesmo que ela o instruísse, puxou os cordões do espartilho, deixando-a livre. Não imaginava que um dia fosse encontrar alguém que usasse uma camisola branca amarelada e continuasse tão bonita quanto antes.
se afastou, sentando-se na cama. Seus cabelos agora estavam soltos e ela espalmou no colchão, chamando-o. sentou-se, encarando o rosto de . Ela se inclinou sobre seu corpo, tirando o colete e desabotoando a camisa do Duque. Ela podia ver o peito de arfando, indo e vindo, assim que a peça de roupa encontrou o chão. roçou os dedos na pele de , dedilhando a região, do peito até o umbigo; o corpo do Duque tremia a cada toque.
Ela o empurrou, fazendo-o deitar sobre a cama. beijou-lhe o peitoril enquanto se ajeitava entre as pernas do Duque. O corpo de tremia, pois ele sabia exatamente o que estava preste a acontecer. Será que estava pronto? Será que podia?
era completamente diferente de Marie. era o fogo e Marie, água. era o preto e Marie, o branco. era selvagem e Marie, delicada. Diferentes, mas igualmente únicas.
– Não – se desvencilhou das mãos de , afastando-se da cama. – Eu não posso – disse-lhe, tampando o rosto com as palmas das mãos.
– Desculpe-me – sentou-se na cama, apoiando as costas na parede. O sorriso, antes malicioso, agora era meigo, compreensivo.
– Não. Eu quem devo me desculpar – disse o Duque, apoiando os cotovelos nos joelhos. – A culpa é minha.
– Não diga isso, senhor. Sua meretriz sabia que estavas frágil. Não te culpes, não há nada a ser desculpado. Venha, por que não me contas o que te afliges? – abriu os braços, estendendo-os ao Duque. virou-se e rastejou para os braços da mulher, apoiando a cabeça no colo de . – Abra-se para mim.
– Não posso acreditar no que me deixei fazer, deixei-me levar... Sabes que não sou homem de damas como a senhorita. Deitara-me com uma mulher, e apenas uma. Não seria capaz...
– O que falas não faz sentido algum para mim, senhor – ela sorriu, sincera, enquanto acariciava os cabelos longos de .
A dor do Duque não era a mesma de quando acordara naquele domingo, mas também não o havia deixado por completo. Havia, somente, sido controlada, guardada. Mas agora, seu peito arfante doía e lágrimas teimosas encharcaram seus olhos.
– Ora, não chores, meu caro senhor.
– Perdoe-me, não queria colocá-la em tal situação, mas sou fraco. Sempre fui um homem fraco, sendo tentado pelos pecados da carne. Estar aqui em seus braços é uma prova de minha fraqueza. O que irias querer com um ser humano tolo e sem forças como eu? Alguém cuja sorte fora traçada desde o dia em que nascera? Alguém cujo amor não é capaz nem mesmo de enganar a morte, nem mesmo vencê-la? – as lágrimas agora escorriam por todo o rosto do Duque. As lembranças voltaram como um turbilhão, machucando-o, quebrando-o. enxugou cada uma delas com a ponta dos dedos, acariciando a pele esbranquiçada de .
– Quais eram seus nomes, senhor?
– Como sabes do que falo, ? – como tal meretriz podia saber tanto de alguém como ele?
– Porque conheço sua dor, meu querido Duque – ele fixou o olhar, um pouco turvo, dentro dos olhos dela e algo ali o fez entender. Ela também havia perdido alguém.
– Diga-me seus segredos, senhorita. Como fizeste para superar a dor que sentiste? – ele choramingou. As lágrimas cediam e começavam a parar.
– Tempo, meu senhor. Só o tempo pode cicatrizar as feridas que a vida nos causou – os olhos de encheram-se de lágrimas, mas ela as engoliu antes que uma delas pudesse escapar. Ele percebeu, mesmo assim.
– Peço perdão por trazer-lhe lembranças tão miseráveis, minha querida. Minhas intenções jamais foram tais e por isso, peço perdão.
– Não te preocupes. Não há necessidade de perdão, pois não vejo essas lembranças como consequências ruins, muito pelo contrário. As carrego comigo, todos os dias, como um amuleto.
– Deves ter perdido alguém muitíssimo importante para a senhorita. Estou enganado? – o Duque estendeu seu próprio braço, a fim de pegar a mão de , que estava em seu rosto. Seus dedos se entrelaçaram e raspou a ponta do dedão na pele de , delicadamente.
– Não, não estás. Carreguei aquela que perdi em meu ventre, durante nove e felizes meses. E o dia em que ela se fora, achei que jamais poderia encontrar a felicidade novamente.
– E encontrastes? – ela deu de ombros. A mulher naquele quarto, não parecia nada com a que entrara na taberna naquela noite. não era tão diferente de Marie, no final das contas.
– Nas pequenas coisas, ações, palavras. Este momento, por exemplo. Meu senhor, traz-me uma profunda alegria saber que posso lhe ser útil, mesmo que não seja com algo que não estou habituada.
O Duque sentiu um leve aperto no peito, mas a sensação não era ruim. Era reconfortante. Ele abriu um sorriso, deveras sincero, inundado com alegria e serenidade.
– Devo lhe agradecer, . Jamais serei capaz de agradecer-lhe o suficiente pela paz que trouxeste a minha vida. Fez-me enxergar com novos olhos, com novas expectativas.
– Não me agradeça, meu senhor. O que fiz e disse nesta noite, vieram do fundo do meu coração. Fiz de bom grado, sem espera de recompensa. Agradeça-me sorrindo, vivendo. Não deixes que o que te feres o torne um homem amargo e infeliz – o Duque levou a mão de até seus lábios e depositou um beijo úmido na região. – Está na hora de ir. Vá para casa, tome um banho quente e sirva-se de comida boa. Seja feliz, só isso que lhe peço – imitou o gesto do Duque, levando a mão do mesmo junto a sua, até a boca e beijando-a três vezes.
O Duque se levantou e enquanto abotoava a camisa, o observava. Poderia ter passado a noite em luxúria e prazer, mas seu inconsciente não a perdoaria pelo resto da vida. Não podia tirar proveito de alguém nas condições que o Duque se encontrava. Não podia e nem queria. Se conversar fosse o meio mais propenso para ajudá-lo, ela o faria. E assim o fez.
Vestido, o Duque caminhou em direção a porta, mas antes que a abrisse, girou o quadril e encarou o rosto de .
– Concede-me a honra de recebê-la amanhã, em minha residência? – perguntou. Ela o ajudara de maneiras em que não achava que seria possível, por que não retribuir-lhe de alguma forma? Mesmo que fosse com um jantar no palácio de Versalhes.
– Não acho que minha companhia e presença sejam apropriadas ao Duque de Versalhes, meu senhor. Principalmente em vossa casa – ela riu, entortando os lábios e ajeitando os cabelos atrás da orelha.
– Quem deve considerar o que é apropriado sou eu, minha querida . Amanhã, às quatro horas, a carruagem estará a sua espera – ele abriu a porta, já colocando os pés no corredor.
– Mas...
– Eu insisto – ambos trocaram sorrisos e o Duque sumiu pela porta.
continuou deitada, em transe. Pensava que tudo aquilo havia sido um sonho. Um maluco e insano sonho. A mão que segurava a do Duque formigava e apertou-a, fortemente, para que a dormência não a deixasse. Não queria esquecer, e se fosse um sonho, não queria acordar.
A porta abriu, novamente, e o Duque entrou em disparada. Com passos largos, chegou até a cama sem esforço algum e, surpresa, não moveu um músculo sequer. O Duque beijou-lhe a bochecha, próximo demais de sua boca, e sussurrou.
– Obrigado.
A pele de borbulhava e o sorriso que se estendia em seus lábios ia até as orelhas. Talvez aquilo pudesse ir muito mais além do que uma simples e bela amizade.
Fim.
Nota da autora: Eu não ia postar essa fic, mas a Sam me disse que eu deveria, então cá está. Eu tentei o meu melhor pra interpretar essa música (que eu nunca nem tinha ouvido antes) do meu jeito, e bom, não saiu lá como eu queria, mas estou satisfeita. E aliás, essa história foi escrita pro amigo oculto do Fóbis, pra Isabella. Ainda não sei o que ela achou porque até hoje ela não me deu um aval (hue sos espero que não tenha odiado, pelo menos). E bom, é isso. Espero que tenham gostado.
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