Liquid State


Escrita e betada por: Cocó




“Take me for a ride, break me up, and steal what’s left inside.
And hope and pray iniquity has died inside, and left a scar.”


França, 1790.

A chuva torrencial caía desesperadamente naquela manhã de melancolia. Os mais importantes nomes da corte francesa se juntavam, em perfeita união e em uníssono de solidariedade e tristeza. A imagem dos caixões marrom-mármore sendo enxotados terra à baixo ficaria encrustada na memória do Duque de Versalhes até o fim de seus dias. Nenhuma dor se equiparava que o homem em frente às covas, trajando seu elegante fraque grafite e calças na altura dos joelhos, sentia em seu peito. Todo e qualquer tipo de esperança que alguma vez fizeram parte de seus sentimentos, esvaiavam-se a cada segundo ante aos caixões que, agora, ocupavam as duas covas assimétricas. A maior era preenchida com o corpo de sua mulher, Marie, que morrera devido a complicações no parto de seu primogênito e único filho, Pierre, que ocupava a segunda cova, em um caixão forrado por coroas de lírios.
As lágrimas escorriam de seus olhos e as bolsas côncavas ao redor destes, entregavam o fato de que chorava desde o fático dia do falecimento de sua razão de viver. Apertos de mãos foram dados, abraços apertados e impregnados de colônias nauseantes. Mulheres em seus longos vestidos negros e espalhafatosos balbuciando palavras de carinho e afeto, dizendo o quanto sentiriam falta da companhia de Marie em seus piqueniques nos campos, como sem sua presença os bailes excêntricos na capital não seriam os mesmos. Nada o afetava mais como aquelas palavras vazias e sem o mínimo de consideração. Oras, sua esposa e filho agora jaziam a sete palmos do chão!
Ele sabia que ninguém ali realmente se importava. E a dor intrínseca aumentava gradualmente. Sermões foram lidos, palavras de compaixões foram proferidas e os caixões começaram a desaparecer, sendo cobertos por camadas e mais camadas de terra. Uma lágrima teimosa escorreu por sua pele, queimando a região, e um sôfrego escapou de sua garganta. Lorde Loumiè repousou a mão nos ombros de e deu-lhe suas condolências, afastando-se.
Os presentes começaram a desvair, mas o corpo do Duque congelara naquela posição, recusando-se a mover qualquer músculo de seus membros. Em minutos, o jardim de sua falecida mulher estava vazio; a chuva cessara antes mesmo que a terra se transformasse em lama. Sobraram apenas os dois túmulos recém-mexidos e o som onipotente e fraco das batidas do coração de .

Passaram-se meses. A mansão de Versalhes nunca aparentara tão sombria quanto naquela noite de Abril. Os empregados se recolhiam em suas insignificâncias, preocupados, nos cômodos mais distantes da casa. Afastados, mas não o suficiente para que não pudessem ouvir os gritos eufóricos de seu senhorio ao acordar em prantos durante todas as noites. Os móveis, antes brilhantes e coloridos, ganharam uma nova tonalidade. As paredes, as pratarias e até a comida. Tudo virara cinza e nebuloso, assim como o céu do domingo anterior. O Duque andava pelo quarto, em círculos, de ceroulas e os cabelos compridos despenteados em um ninho grotesco de pássaros. As bolsas ao redor dos olhos continuavam as mesmas, ainda piores. Não dormia havia semanas! Os pesadelos não o deixavam e todas as vezes que suas pálpebras, cansadas, fechavam-se, as lembranças de Marie o assombravam. Desde o dia em que se conheceram e do casamento fantástico, dos convidados mais importantes de toda a monarquia francesa. Lembrava-se até mesmo do dia em que seu pai, que Deus o tenha, fizera o acordo com a família d’Anjou. Nem todos os casamentos arranjados tinham a mesma sorte que aquele casal em especial tivera. Ou seria azar?
exalava um odor grotesco, sua pele ganhara uma cor amarelada e seus ossos estavam aparentes. A depressão estava o desgastando por inteiro, devorando-o de dentro para fora. Aquilo não podia continuar mais. Parou de andar e sentou na cama, os cotovelos apoiados nos joelhos e as palmas das mãos cobrindo o rosto. Ele tinha que dar um fim naquele looping de devaneios, era impossível, porém, pois o cheiro do perfume cítrico e levemente adocicado de sua esposa parecia estar impregnado em suas narinas.


“I’m on red alert. Bring me peace and wash away my dirt.
Spin me round and help me to divert and walk into the light.”


Era essencial que ele fugisse, que corresse, que ele se perdesse. Não importava onde, nem como, nem o quê. Ele precisava sair dali, não aguentava mais a dor latente em seu peito.
vestiu-se apenas com a calça caqui, da altura dos joelhos, o colete mais vagabundo que achara jogado no piso e calçou as botas de couro. Estava decidido. Sairia dali, encontraria paz em algum lugar. Pensava em formas alternativas e lugares nos quais não o lembrariam da mulher.
Seus subordinados não o ouviram sair, muito menos notaram sua presença no estábulo. Montou seu cavalo preferido e rumou em direção à cidade pela estrada de terra. Carruagem era o mínimo, senão o pior, luxo que ele poderia ter. Vagou distraído; os pensamentos desalinhados. Ao chegar, nem mesmo o cheiro dos croissants frescos o animou. E, com um instinto machista e completamente desesperado, um lugar tomou conta de sua mente.
A taberna Cazeneuve localizava-se na parte mais precária e imunda da cidade. Sua posição ali não surgiria efeito qualquer, contanto que tivesse câmbio a pagar. O que diabos estava fazendo, afinal? Antes que pudesse responder-lhe a própria pergunta, seu cavalo já estava amarrado junto a um tronco de madeira perto da porta marrom caindo aos pedaços. A resposta engasgou dentro da garganta e sua presença não se fez percebida por nenhum moribundo bêbado que engolia canecas e mais canecas de rum goela a baixo. Sentou-se à mesa mais afastada. O delicado odor do perfume de Marie, que antes se infiltrava em sua narina, era ocupado por um novo, como o cheiro de decomposição e vômito. Pediu uma garrafa de vinho, e o homem atrás do balcão de madeira a trouxe, depois de ter tido sua vida ameaçada de morte, no mínimo, três vezes. Encheu o copo e deu goles grandes no líquido vermelho-sangue. O gosto era tão ruim que viu-se obrigado a segurar aquela aguardente do diabo na garganta, engolindo com dificuldade, pois queimava e o deixava aflito.
Algumas garotas da vida – moças de famílias de níveis tão inferiores do seu –, meretrizes dançavam nos colos de seus respectivos acompanhantes, ao som apenas dos copos e risadas escandalosas cheias de malícia. Ao seu redor, só existia a escória. Pessoas indecentes, fedorentas e repletas de dentes podres. As mulheres também, era capaz de contar nos dedos o número de moças que não aparentavam terem tomado um banho de lama. Ah, se sua família o visse naquelas condições...
Ali, entre o cheiro de álcool, das mulheres em vestimentas de terceira mão e diante a realidade no qual estava vivendo, ele tinha certeza e convicção de que se continuasse a respirar, seria um erro.


“Warm my heart tonight. Hold my head up high.
Help me to survive.”


Foi só então, que em seu momento de dúvidas sobre sua existência e qual era seu propósito como um filho de Deus na Terra, que a vira. Os cabelos, diferentes dos das demais, brilhava e aparentava ter sido lavado há pouco tempo. Ou talvez fosse apenas o sebo, ele não saberia dizer. Seus olhos clamavam por atenção e até suas roupas, mais ousadas e deselegantes, atraiam olhares curiosos de todos os homens da taberna, mesmo os que já estavam acompanhados. Ela não o viu, de primeira. Caminhou entre as mesas, tocando os ombros da classe baixa e o Duque podia vê-los tremer ao contato. Ela sorria, e ao contrário do restante da plebe no local, seus dentes não estavam sujos ou podres. Limpos e brancos como a neve. bebericou o conteúdo de seu copo e observou, com os olhos vidrados, a mulher que passava. Seus olhares se encontraram e sentiu um leve rubor subir-lhe às bochechas. Ela riu, parecendo divertida com a ocasião. Talvez ela o conhecesse, talvez ela apenas o achasse interessante ou talvez, ela só quisesse brincar um pouco.
A mulher mudou seu trajeto; agora, caminhava em sua direção. O Duque engoliu em seco.
– É possível que minha visão esteja um pouco turva, pois não posso crer no que meus olhos veem – falou, arrastando ela mesma o banco de madeira para se sentar. – Este não é o lugar apropriado para alguém como vossa senhoria, Duque.
– Nem para uma dama como vós – retrucou, levando mais uma vez o copo até a boca.
– Ora, Duque, não se deixe enganar pelas aparências. Não sou uma dama – seus lábios carnudos se contorceram em um sorriso. Os cabelos negros como a noite estavam presos no topo da cabeça, mas algumas mechas pendiam, soltas, em frente aos seus olhos.
– O que é, então? – perguntou o Duque, esquecendo-se do motivo do porque estava ali, e deixando-se entrar no flerte. Ela gargalhou.
– Meu querido Duque, se estás aqui, sabes muito bem o que sou. Afinal, não foi para isso que veio? – ela inclinou o corpo em cima da mesa e esticou o braço na direção de , espalmando o copo e o trazendo para si, dando goles longos do vinho amargo, como se o líquido que escorria para dentro de sua garganta fosse a mais pura água.
– Queira desculpar-me, mas não posso acreditar que estejas falando a verdade. A senhorita não pertence a este lugar.
– Nem vossa senhoria, mas aqui estamos. O Duque busca algo que apenas alguém como eu posso oferecer. Esta é a realidade – ela largou o copo sobre a mesa, vazio. Seus olhos se encontraram; os de fixos nos dela.
– Como podes estar tão certa de que estou em busca de algo? – ele desafiou, arqueando as sobrancelhas e se ajeitando no assento; um breve sorriso – algo que não ocorria há muito, muito tempo –, surgiu em seu rosto.
– Olhe ao seu redor – ela fez um gesto com as mãos e o Duque acompanhou com o olhar. O lugar estava cheio de homens infelizes e mulheres de todos os tipos, formatos e gostos. – Todos aqui estão em busca de algo. Uma distração, um ombro para chorar. Prazer, satisfação. Amor.
– E o que achas que eu procuro, senhorita...?
. Delacroix.
– Então, o que achas que eu procuro, senhorita Delacroix? – o Duque inclinou-se sobre a mesa, o mesmo movimento que havia feito minutos antes. A distância entre ambos era curta, o suficiente para que pudesse sentir a fragrância de seu perfume: amadeirado, como tudo naquele lugar.
– Tens certeza que queres ouvir o que tenho a dizer? – ela indagou, os lábios convidativos e os olhos vidrados nos do Duque.
– Absoluta – ergueu o torso, aproximando-se, principalmente seus rostos. Seus olhos fitaram, primeiramente, os lábios finos do Duque, que apesar do tempo e da desidratação, continuavam rosados. Depois, passaram a encarar nítida e profundamente os olhos do homem em sua frente. Como uma fita de cetim, formando um laço na cabeça de uma pequena criança da corte.
– Apesar de já saberes a resposta, atrevo-me a dizer. O Duque busca algo que somente eu posso lhe dar – seus rostos se encontravam, perigosamente próximos. podia ouvir a respiração ofegante do Duque e, ele podia ver as veias saltitantes do pescoço alvo da mulher. Ela hesitou, por um momento, mas assim que falou, o Duque sabia que havia encontrado exatamente o que precisava.
– Viver.


“Kick me when I’m down. Feed me poison, fill me till I drown.
Wake me up before I get pushed out and fall into the night.”


se afastou, sentando-se novamente ereta no banco. O Duque estava perplexo, sem ar.
– Vamos, venha comigo – se levantou, estendendo a mão para . Por minutos, ele observou aquele gesto, questionando-se se devia ou não acompanhá-la. – Não há pelo quê ficar com medo, Duque. Vamos, venha.
A mão de era quente e macia, ao contrário da de , fria e áspera. desvencilhou-se de algumas mesas e cadeiras vazias, seguindo até o fundo da taberna, onde uma pequena entrada sem porta dava para as escadas de mármore negro.
a acompanhou por todo o trajeto, degrau por degrau. A cada passo, o ambiente se tornava cada vez mais sombrio e grotesco, e vozes podiam ser ouvidas por detrás de cada porta trancada. Algumas declaravam choramingos, outras, no entanto, imploravam por algo mais. Os segundos pareciam minutos, e os minutos pareciam horas naquele isolamento, mas a presença de , estranhamente, deixava-o calmo e sereno. Isabelle parou, depois de ultrapassarem uma quantia de, mais ou menos, dez portas.
– Bem vindo à minha mansão, Duque – abriu uma portinha simples. O cômodo em si estava bem arrumado. Era um quarto comum, com uma cama grande o suficiente para duas pessoas dormirem, não aconchegadas, mas de bom grado. A janela estava coberta por uma cortina de retalhos e havia um pinico de pequeno porte no extremo inferior. Ao observar as condições nas quais aquela mulher era obrigada a viver, o fez sentir-se enojado. Enojado com o país, com a corte e até consigo mesmo.
– Entre, por favor – o convidou a entrar, e assim ele o fez. A porta atrás de si foi fechada e o barulho da chave virando na maçaneta foi de um clique fraco. andou até a cama, de costas. Girou o rosto ao parar ao pé da cama e olhou-o de soslaio; o sorriso gracioso e talvez malicioso, nos lábios. – Este vestido não vai sair sozinho.
Hipnotizado, tanto pelas curvas graciosas de , quanto por sua voz, o Duque foi ao seu encontro. Suas mãos foram institivamente aos ombros de , dedilhando a região.
– Desabotoe meu vestido – ela ordenou. O Duque nunca fora homem de receber ordens de mulher alguma, nem mesmo Marie. Mas, da mesma forma que a seguira até ali, seus dedos buscaram pelos botões. Um a um, ele desabotoou. estremeceu e fechou os olhos, mas o Duque não viu.
O vestido estava no chão e vestia apenas suas roupas de baixo. Antes mesmo que ela o instruísse, puxou os cordões do espartilho, deixando-a livre. Não imaginava que um dia fosse encontrar alguém que usasse uma camisola branca amarelada e continuasse tão bonita quanto antes.
se afastou, sentando-se na cama. Seus cabelos agora estavam soltos e ela espalmou no colchão, chamando-o. sentou-se, encarando o rosto de . Ela se inclinou sobre seu corpo, tirando o colete e desabotoando a camisa do Duque. Ela podia ver o peito de arfando, indo e vindo, assim que a peça de roupa encontrou o chão. roçou os dedos na pele de , dedilhando a região, do peito até o umbigo; o corpo do Duque tremia a cada toque.
Ela o empurrou, fazendo-o deitar sobre a cama. beijou-lhe o peitoril enquanto se ajeitava entre as pernas do Duque. O corpo de tremia, pois ele sabia exatamente o que estava preste a acontecer. Será que estava pronto? Será que podia?
era completamente diferente de Marie. era o fogo e Marie, água. era o preto e Marie, o branco. era selvagem e Marie, delicada. Diferentes, mas igualmente únicas.
– Não – se desvencilhou das mãos de , afastando-se da cama. – Eu não posso – disse-lhe, tampando o rosto com as palmas das mãos.
– Desculpe-me – sentou-se na cama, apoiando as costas na parede. O sorriso, antes malicioso, agora era meigo, compreensivo.
– Não. Eu quem devo me desculpar – disse o Duque, apoiando os cotovelos nos joelhos. – A culpa é minha.
– Não diga isso, senhor. Sua meretriz sabia que estavas frágil. Não te culpes, não há nada a ser desculpado. Venha, por que não me contas o que te afliges? – abriu os braços, estendendo-os ao Duque. virou-se e rastejou para os braços da mulher, apoiando a cabeça no colo de . – Abra-se para mim.
– Não posso acreditar no que me deixei fazer, deixei-me levar... Sabes que não sou homem de damas como a senhorita. Deitara-me com uma mulher, e apenas uma. Não seria capaz...
– O que falas não faz sentido algum para mim, senhor – ela sorriu, sincera, enquanto acariciava os cabelos longos de .
A dor do Duque não era a mesma de quando acordara naquele domingo, mas também não o havia deixado por completo. Havia, somente, sido controlada, guardada. Mas agora, seu peito arfante doía e lágrimas teimosas encharcaram seus olhos.
– Ora, não chores, meu caro senhor.
– Perdoe-me, não queria colocá-la em tal situação, mas sou fraco. Sempre fui um homem fraco, sendo tentado pelos pecados da carne. Estar aqui em seus braços é uma prova de minha fraqueza. O que irias querer com um ser humano tolo e sem forças como eu? Alguém cuja sorte fora traçada desde o dia em que nascera? Alguém cujo amor não é capaz nem mesmo de enganar a morte, nem mesmo vencê-la? – as lágrimas agora escorriam por todo o rosto do Duque. As lembranças voltaram como um turbilhão, machucando-o, quebrando-o. enxugou cada uma delas com a ponta dos dedos, acariciando a pele esbranquiçada de .
– Quais eram seus nomes, senhor?
– Como sabes do que falo, ? – como tal meretriz podia saber tanto de alguém como ele?
– Porque conheço sua dor, meu querido Duque – ele fixou o olhar, um pouco turvo, dentro dos olhos dela e algo ali o fez entender. Ela também havia perdido alguém.
– Diga-me seus segredos, senhorita. Como fizeste para superar a dor que sentiste? – ele choramingou. As lágrimas cediam e começavam a parar.
– Tempo, meu senhor. Só o tempo pode cicatrizar as feridas que a vida nos causou – os olhos de encheram-se de lágrimas, mas ela as engoliu antes que uma delas pudesse escapar. Ele percebeu, mesmo assim.
– Peço perdão por trazer-lhe lembranças tão miseráveis, minha querida. Minhas intenções jamais foram tais e por isso, peço perdão.
– Não te preocupes. Não há necessidade de perdão, pois não vejo essas lembranças como consequências ruins, muito pelo contrário. As carrego comigo, todos os dias, como um amuleto.
– Deves ter perdido alguém muitíssimo importante para a senhorita. Estou enganado? – o Duque estendeu seu próprio braço, a fim de pegar a mão de , que estava em seu rosto. Seus dedos se entrelaçaram e raspou a ponta do dedão na pele de , delicadamente.
– Não, não estás. Carreguei aquela que perdi em meu ventre, durante nove e felizes meses. E o dia em que ela se fora, achei que jamais poderia encontrar a felicidade novamente.
– E encontrastes? – ela deu de ombros. A mulher naquele quarto, não parecia nada com a que entrara na taberna naquela noite. não era tão diferente de Marie, no final das contas.
– Nas pequenas coisas, ações, palavras. Este momento, por exemplo. Meu senhor, traz-me uma profunda alegria saber que posso lhe ser útil, mesmo que não seja com algo que não estou habituada.
O Duque sentiu um leve aperto no peito, mas a sensação não era ruim. Era reconfortante. Ele abriu um sorriso, deveras sincero, inundado com alegria e serenidade.
– Devo lhe agradecer, . Jamais serei capaz de agradecer-lhe o suficiente pela paz que trouxeste a minha vida. Fez-me enxergar com novos olhos, com novas expectativas.
– Não me agradeça, meu senhor. O que fiz e disse nesta noite, vieram do fundo do meu coração. Fiz de bom grado, sem espera de recompensa. Agradeça-me sorrindo, vivendo. Não deixes que o que te feres o torne um homem amargo e infeliz – o Duque levou a mão de até seus lábios e depositou um beijo úmido na região. – Está na hora de ir. Vá para casa, tome um banho quente e sirva-se de comida boa. Seja feliz, só isso que lhe peço – imitou o gesto do Duque, levando a mão do mesmo junto a sua, até a boca e beijando-a três vezes.
O Duque se levantou e enquanto abotoava a camisa, o observava. Poderia ter passado a noite em luxúria e prazer, mas seu inconsciente não a perdoaria pelo resto da vida. Não podia tirar proveito de alguém nas condições que o Duque se encontrava. Não podia e nem queria. Se conversar fosse o meio mais propenso para ajudá-lo, ela o faria. E assim o fez.
Vestido, o Duque caminhou em direção a porta, mas antes que a abrisse, girou o quadril e encarou o rosto de .
– Concede-me a honra de recebê-la amanhã, em minha residência? – perguntou. Ela o ajudara de maneiras em que não achava que seria possível, por que não retribuir-lhe de alguma forma? Mesmo que fosse com um jantar no palácio de Versalhes.
– Não acho que minha companhia e presença sejam apropriadas ao Duque de Versalhes, meu senhor. Principalmente em vossa casa – ela riu, entortando os lábios e ajeitando os cabelos atrás da orelha.
– Quem deve considerar o que é apropriado sou eu, minha querida . Amanhã, às quatro horas, a carruagem estará a sua espera – ele abriu a porta, já colocando os pés no corredor.
– Mas...
– Eu insisto – ambos trocaram sorrisos e o Duque sumiu pela porta.
continuou deitada, em transe. Pensava que tudo aquilo havia sido um sonho. Um maluco e insano sonho. A mão que segurava a do Duque formigava e apertou-a, fortemente, para que a dormência não a deixasse. Não queria esquecer, e se fosse um sonho, não queria acordar.
A porta abriu, novamente, e o Duque entrou em disparada. Com passos largos, chegou até a cama sem esforço algum e, surpresa, não moveu um músculo sequer. O Duque beijou-lhe a bochecha, próximo demais de sua boca, e sussurrou.
– Obrigado.

A pele de borbulhava e o sorriso que se estendia em seus lábios ia até as orelhas. Talvez aquilo pudesse ir muito mais além do que uma simples e bela amizade.


Fim.



Nota da autora: Eu não ia postar essa fic, mas a Sam me disse que eu deveria, então cá está. Eu tentei o meu melhor pra interpretar essa música (que eu nunca nem tinha ouvido antes) do meu jeito, e bom, não saiu lá como eu queria, mas estou satisfeita. E aliás, essa história foi escrita pro amigo oculto do Fóbis, pra Isabella. Ainda não sei o que ela achou porque até hoje ela não me deu um aval (hue sos espero que não tenha odiado, pelo menos). E bom, é isso. Espero que tenham gostado.

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